Esse é meu caçula, momentos depois do sepultamento do avô. Meu compadre tirou essa foto no cemitério e me enviou esses dias. Curioso como um momento de tanta dor também pode carregar beleza… O sol descia devagar, tingindo o céu de um laranja tão intenso que parecia pulsar. Pequeno diante da imensidão do entardecer, meu filho sentiu que aquele pôr do sol era diferente. Era um sol de coração, que se punha não para acabar o dia, mas pra guardar dentro de si um pedaço de amor. Jamais vou me esquecer daquele sol. Tenho vivido dias tão intensos aqui em casa, desde então. Nesse momento de luto, confesso que pensei duas vezes antes de voltar a escrever por aqui, após a morte de meu pai. Dizer o quê na rede? Falei pra mim mesma, num tempo de catar os cacos, me vestir de fé e seguir vivendo. Bom, mas já que comecei, agora vou até o final. Foram muitas etapas e aprendizados nas últimas semanas. Primeiro uma gripe que virou pneumonia: a emergência. Depois, os 12 longos dias nos cuidados paliativos no hospital: a espera. Por fim, o desfecho que eu mais temia: a separação. Agora, a lista interminável de certidões, averbações em cartório, protocolos e petições: a documentação. Cada etapa dessa, seguramente, vai valer um post em outro momento. Por agora, quero apenas escrever sobre algo que meu menino, no auge de seus 12 anos e diante daquele sol de coração, já entendeu muito bem: aproveitar o tempo. Afinal, ele é um visitante que não volta mais. Meu pai adoeceu há quatro anos. Nesse período, eu cuidei em vida, honrei em vida, amei em vida. Eu não deixei pra depois. Não arrumei uma desculpa. Não me queixei. Apenas fiz. Me adaptei e segui em frente. Sorvi os minutos, como quem se delicia com o último gole de uma bebida gelada no verão. Troquei razão por presença, lazer por cuidado, deliberadamente. Claro que eu sabia que cada momento poderia ser o último. E que a chance de cuidar de quem cuidou de mim é um presente de Deus. Acho que, no fundo, funciona como um acerto de contas, mas sem dívidas, sabe… Só gratidão mesmo. Então, meu lembrete aqui, 18 dias após sepultar alguém muito amado, é só um: Aproveite todas as oportunidades que a vida te oferecer ao lado de quem ama. Todas elas, sem deixar nenhuma pra trás. Um dia - juro - você vai presenciar o céu desenhar um coração e entender o quanto valeu a pena 🥹🧡🙌🏻
Cynthia Dalvia linda e reflexiva foto! Sei bem seus sentimentos, vivi exatamente tudo isso há 3 anos com a partida de meu pai amado, meu mentor, meu guia...aprendi nesta jornada que a morte é só a passagem, precisamos é viver o caminho até lá! Com carinho(mesmo de que não a conhece)!
Que lindo. Te devou um texto exclusiv por enquanto, aproveita o sol por mim e recebe um abraco forte!
Uau, o céu te deu a resposta mais linda, de que o amor sempre vai prevalecer e te confirmou o quanto valeu a pena cada momento na presença do seu pai. Que você passe essa fase dessa mesma maneira! Que Deus console seu coração e de toda a família!!! 🙏🏼🥹😍❤️
Enquanto lidamos com a dor e com a burocracia que a morte nos traz, somos lembrados de que tudo o que realmente fica são os instantes de presença. Fique bem!
Não é fácil amiga @Cynthia Dalvia sinto sua dor aqui, não é fácil mesmo, mas a dor nunca passa, só diminui com o tempo.
A minha amiga , você tem o dom de tocar meu coração, não imagino sua dor, estou todo dia em contato com meus pais aproveitando cada segundo desta fase, e que bom que aproveitamos este tempo acredito que isso nos confortará mais neste momento de falta , por tantas memórias felizes.
Cynthia Dalvia Enfermeira especialista em RN, bebês, idosos... Disponibilidade total para mudança de cidade estado...🩺 Desculpe se já enviei. Gratidão.
Cynthia Dalvia te abraço nessa etapa tão singular ainda que muitas vezes coletiva.
Economist; PhD
1 semCynthia, meu abraço de solidariedade diante da sua perda e a certeza de que seu pai está melhor que nós, em seu novo plano.