O fenômeno dos overemployed: Qual o entendimento sobre a natureza do trabalho e a lealdade às empresas?
Desde o início da pandemia de COVID-19, milhões de profissionais adotaram o trabalho remoto como forma de enfrentar as restrições impostas pelo distanciamento social. No entanto, à medida que essa nova realidade se estabelecia, um fenômeno intrigante surgiu: alguns trabalhadores começaram a assumir secretamente dois ou mais empregos, multiplicando seus salários sem aumentar significativamente sua carga horária. Esses "overemployed" nos levantam uma importante questão: o que eles entendem sobre a natureza do trabalho e a lealdade às empresas?
Em um cenário de trabalho flexível, onde a supervisão física é limitada, esses profissionais encontraram uma oportunidade única para explorar diferentes fontes de renda. Alguns podem argumentar que essa prática é motivada pela busca por estabilidade financeira e melhores condições econômicas em meio à crise, enquanto outros podem ver esses trabalhadores como prestadores de serviços que buscam maximizar sua renda pessoal sem se prenderem a uma única organização.
Esse comportamento levanta questionamentos sobre a compreensão da lealdade às empresas por parte desses "overemployed". Enquanto a lealdade tradicionalmente era valorizada e priorizada, eles podem ver o trabalho como um meio para atingir fins pessoais, sem necessariamente se comprometerem com uma empresa específica. A perspectiva de uma carreira linear, com poucas perspectivas de crescimento, pode ter levado alguns profissionais a buscar alternativas além de suas ocupações principais.
Essa mudança de paradigma acende um alerta para as empresas, que se veem diante do desafio de lidar com a proliferação de "overemployed". A falta de conhecimento por parte dos empregadores sobre essa prática pode dificultar a gestão do desempenho, a distribuição eficiente de tarefas e impactar negativamente a qualidade do trabalho entregue. Questões éticas e legais também podem surgir se essa prática for considerada ilegal ou não autorizada por contrato.
Diante desse fenômeno, é necessário repensar a forma como as empresas abordam a lealdade e a natureza do trabalho. Será que a tradicional lealdade corporativa ainda é um valor importante para esses profissionais? Ou eles estão buscando um equilíbrio entre melhores remunerações, satisfação pessoal e flexibilidade financeira? As empresas precisam estar atentas e adaptar suas estratégias de gestão de recursos humanos para lidar com esse novo cenário, assegurando a qualidade do trabalho, mantendo a ética e incentivando uma relação saudável entre empregador e empregado.
Em suma, o surgimento dos "overemployed" após a pandemia do COVID-19 levanta questões fundamentais sobre a natureza do trabalho e a lealdade às empresas. Essa mudança de paradigma exige uma reflexão sobre como as organizações podem se adaptar adequadamente a essa nova realidade, buscando formas de oferecer estímulo profissional, oportunidades de crescimento e flexibilidade financeira, enquanto mantêm a qualidade e a ética em seus processos de trabalho.
Parabéns pelo artigo Marcelo Palhares Festa 👏🏻