Calculo Numérico
Calculo Numérico
Waldir L. Roque
Instituto de Matemtica
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Waldir L.
Assinado de forma digital por
Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque, o, ou,
[email protected],
Roque c=BR
Dados: 2013.03.27 10:23:45
-03'00'
Assinado de forma digital
Roque
[email protected],
c=BR
Dados: 2013.03.28 10:21:15
-03'00'
Sumrio
Prefcio 9
1 ERROS COMPUTACIONAIS 11
1.1 Sistemas de numerao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1.1 Sistema mtrico versus sistema de numerao . . . . . . . 13
1.1.2 Base de numerao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1.3 Sistema decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1.4 Sistema binrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Converso de decimal para binrio . . . . . . . . . . . . . 16
Parte inteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Parte fracionria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Algoritmo de converso binrio-decimal . . . . . . . . . . . 19
Algoritmo de converso decimal-binrio . . . . . . . . . . . 20
1.1.5 Outros sistemas de numerao . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Sistema octal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Sistema hexadecimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2 Sistema de ponto utuante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.1 Representao em ponto utuante . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2.2 Representao compacta de um nmero . . . . . . . . . . . 24
1.2.3 Operaes aritmticas com ponto utuante . . . . . . . . . 27
Adio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Multiplicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Diviso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2.4 Distributividade e associatividade . . . . . . . . . . . . . . 30
1.2.5 Preciso e exatido de mquina . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3 Tipos de erros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3.1 Erros de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.2 Erros do modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.3 Erros por truncamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.4 Erros por arredondamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.3.5 Erros absoluto e relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3
4
5 INTERPOLAO 111
5.1 Interpolao linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
5.2 Interpolao quadrtica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
5.3 Existncia e unicidade do polinmio interpolador . . . . . . 116
5.4 Interpolao de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
5.5 Erros de truncamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
5.5.1 Erro de truncamento na interpolao linear . . . . . . . . . 120
5.5.2 Erro de truncamento na interpolao quadrtica . . . . . . 121
5.5.3 Erro de truncamento na interpolao de Lagrange . . . . . 122
5.6 Interpolao de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
5.6.1 Frmula de Newton para interpolao com diferenas
divididas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
5.6.2 Comparao dos mtodos de Newton e Lagrange . . . . . . 127
5.7 Interpolao com diferenas nitas . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.8 Interpolao por Splines . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
5.8.1 Spline linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5.8.2 Spline cbica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
5.9 Exerccios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
6
Bibliograa 215
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque, o,
ou,
Roque
[email protected]
, c=BR
Dados: 2013.03.28 15:08:00
-03'00'
Prefcio
9
10
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque, o,
ou,
Roque
[email protected]
m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:09:34 -03'00'
Captulo 1
ERROS COMPUTACIONAIS
sistema fsico, o modelo pode ser de tal forma que a equao do movimento
dada por:
1
S = s0 + v0 t + at2 ,
2
onde S o espao percorrido pelo corpo, partindo de uma posio inicial s0 com
velocidade v0 e acelerao a, e t indica o tempo de movimento do objeto.
Suponha que desejamos determinar a altura de um penhasco, utilizando esse
modelo. Se largarmos uma esfera de ao do alto do penhasco, sua velocidade
inicial nula, v0 = 0. Observando que a esfera levou um tempo t = 5 segundos
para atingir o solo, e que a acelerao que atua sobre a esfera a da gravidade,
que podemos considerar como g = 9, 8 m/s2 , usando a equao anterior, tem-se:
1
S =0+05+ 9.8 52 = 122, 5 m.
2
primeira vista, podemos achar que esse resultado convel. De certa
forma, razovel, dependendo da exatido exigida. No entanto, o modelo ado-
erros computacionais 13
tado pode ser muito mais renado, se considerarmos alguns aspectos importantes
que interferem sobre o sistema, como: (i) resistncia do ar sobre a esfera, (ii)
velocidade e direo do vento, e (iii) constante gravitacional. Assim, um novo
modelo, mais sosticado, pode ser construdo, resultando em um modelo mais
prximo da realidade do problema fsico.
Muitas vezes, os modelos conduzem a um conjunto de equaes (algbricas,
diferenciais ordinrias ou parciais no lineares, tensoriais, etc.) cuja soluo
obtida quando tais equaes so resolvidas. Na fase de resoluo, as equaes
que descrevem o modelo do sistema fsico nem sempre podem ser resolvidas de
forma exata, e, portanto, h a necessidade da utilizao de mtodos numricos e
aproximaes de funes, o que conduz a erros.
Por m, a prpria medida realizada com aparelhos mecnicos ou eletrnicos
apresenta erros em suas medies. Dessa forma, vemos que h muitas etapas no
processo de investigao de um problema fsico que so passveis de gerar erros.
Neste captulo, estaremos interessados particularmente nos erros que surgem
na fase de resoluo do problema. Vamos considerar inicialmente os erros que
surgem devido ao sistema de numerao adotado. Para isso, apresentaremos
algumas noes sobre os principais sistemas de numerao.
dn n + dn1 n1 + + d1 1 + d0 0
+d1 1 + d2 2 + + dm m . (1.2)
an 2n + + a2 22 + a1 21 + a0 20 + a1 21 + a2 22 + + am 2m ,
fcil vermos que os nmeros binrios {0, 1, 10, 11, 100, 101, 110} correspon-
dem, respectivamente, em decimal aos nmeros {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. O nmero bi-
nrio 1101, 01 corresponde ao valor em decimal dado por:
1 23 + 1 22 + 0 21 + 1 20 + 0 21 + 1 22 ,
que equivale a 13, 25.
16 clculo numrico
0 + 0 = 0, 0 0 = 0,
0 + 1 = 1, 0 1 = 0,
1 + 0 = 1, 1 0 = 0,
1 + 1 = 10, 1 1 = 1.
1. Parte inteira;
2. Parte fracionria.
Parte inteira
O mtodo das divises sucessivas utilizado para obteno do correspondente
valor em binrio, partindo-se da parte inteira de um nmero escrito em decimal.
Considerando a parte inteira de um nmero N em decimal, dividimos este nmero
por dois; em seguida, o resultado da diviso novamente dividido por dois, se-
guindo esse procedimento sucessivas vezes at que o quociente 1 seja encontrado.
O nmero expresso em binrio obtido tomando-se a concatenao do ltimo
quociente com os restos das divises, lendo-se no sentido inverso ao que foram
obtidos. Esse procedimento ilustrado na Figura 1.2.
erros computacionais 17
18=10 = 10010=2 .
Parte fracionria
A parte fracionria de um nmero em decimal obtida em binrio por meio
da aplicao do mtodo das multiplicaes sucessivas. Nesse caso, devemos con-
siderar a parte fracionria do nmero; ento:
0, 1875 2 = 0, 3750,
0, 3750 2 = 0, 7500,
0, 7500 2 = 1, 5000,
0, 5000 2 = 1, 0000.
0, 1875=10 = 0, 0011=2 .
Vejamos agora o seguinte caso. O nmero fracionrio em decimal dado por
0, 6. Aplicando o mtodo, temos:
0, 6 2 = 1, 2,
0, 2 2 = 0, 4,
0, 4 2 = 0, 8,
0, 8 2 = 1, 6,
0, 6 2 = 1, 2,
..
.
Vemos que o processo possui um ciclo. A representao em binrio dada por:
Exerccio 1.3 Determine a representao binria para o nmero 13, 25=10 . Su-
gesto: considere as partes inteira e fracionrias separadamente e, no nal, a re-
presentao ser dada pela parte inteira, em binrio,seguida da parte fracionria
em binrio, separadas por uma vrgula.
erros computacionais 19
b0 = N,
b0 a0
b1 = ,
2
b1 a1
b2 = ,
2
.. ..
. .
bk1 ak1
bk = ,
2
onde ak = 1, se bk um nmero mpar; ou ak = 0, se bk um nmero par. O
procedimento termina quando obtemos bk = 0. O valor em binrio obtido pela
concatenao retroativa dos valores obtidos para os ak .
Sistema octal
O sistema de numeraco octal possui a base formada pelos oito dgitos inteiros
8 = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}.
A converso do sistema octal para o sistema decimal ocorre de forma seme-
lhante apresentada para os binrios. Portanto, um nmero em octal convertido
para decimal usando a relao:
an 8n + + a2 82 + a1 81 + a0 80 + a1 81 + a2 82 + + am 8m ,
Octal 0 1 2 3 4 5 6 7
Binario 000 001 010 011 100 101 110 111
Utilizando essa relao de grupo para converso dos algarismos na base octal
pelos correspondentes na base binria, a converso torna-se bastante simples.
O octal 7634, 152=8 111 110 011 100, 001 101 010=2 , pois, lembrando que os
sistemas so posicionais, podemos substituir para cada posio do algarismo octal
seu correspondente agrupamento em binrio. Assim, no caso do algarismo 7,
temos:
7 7 83 7 29 (1 22 + 1 21 + 1 20 ) 29
1 211 + 1 210 + 1 29 111
A converso de binrio para octal ocorre de maneira inversa. Basta consi-
derarmos agrupamentos de trs dgitos binrios, a partir da vrgula, e substituir
pelo correspondente algarismo da base octal.
Exemplo 1.7 Converso do binrio 11011, 10111 para octal. Formando os gru-
pos, temos:
011 |{z}
|{z} 011 , |{z}
101 |{z}
110
3 3 , 5 6
Assim, 11011, 10111=2 = 33, 56=8 .
Sistema hexadecimal
O sistema hexadecimal formado por uma base que contm 16 elementos, os
quais so:
16 = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F }.
A converso entre hexadecimal e decimal imediata, usando
Exemplo 1.8 Converta o nmero 6AC, E9=16 para decimal. Tomando a relao
de converso, obtemos:
r = 0, d1 d2 . . . dt e
( )
d1 d2 dt
= + + + t e, (1.4)
1 2
onde a base do sistema de numerao adotado, e o expoente da base, tal
que I e S, e Z , com I o limite inferior e S o limite superior para a variao
do expoente.
F (, t, I, S) t I S
Padro IEEE 2 23 126 127
IBM 3090 16 5 65 62
CRAY X-MP 2 47 16385 8190
1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Os 10 primeiros algarismos correspondem mantissa do nmero e os quatro
ltimos, aps as duas barras, correspondem aos bites necessrios para a repre-
sentao binria dos nmeros do expoente, que esto no intervalo I e S.
Vemos que essa notao suciente para expressar um nmero positivo cujo
expoente tambm positivo. Para podermos representar, por intermdio dessa
mesma notao, qualquer nmero nesse sistema de ponto utuante, devemos
incluir ainda duas caixas, ou dois bites, para incluirmos os sinais do nmero e
do expoente. Dessa forma, teremos:
0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1
10
1
0, 1111111111 2 1111
= k
215 = 32736=10 .
k=1
2
0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1
1
0, 1 21111 = 215 = 0, 0000152587=10 .
2
26 clculo numrico
0, 0000152587=10 .
m = 0, 1 I , (1.5)
M = 0, ( 1)( 1) . . . ( 1) S . (1.6)
Para nosso estudo de caso, F (2, 10, 15, 15), temos N = 31745. Com uma cal-
culadora programvel ou um sistema de computao algbrica fcil declararmos
uma funo para a equao (1.7).
Exerccio 1.5 Verique que a distribuio dos nmeros representados pelo sis-
tema de ponto utuante no igualmente espaada.
Exerccio 1.6 Dado o sistema de ponto utuante F(2, 3, 1, 2), determine quan-
tos e quais so os nmeros representados por esse sistema.
erros computacionais 27
x = 0, d1 d2 . . . dt e ,
y = 0, l1 l2 . . . lt f .
Adio
A operao de adio entre dois nmeros realizada em uma seqncia de
passos.
1. Os registros dos nmeros so dispostos da forma a seguir, admitindo-se que
x y.
x d1 d2 dt 0 0 0
y l1 l2 lt 0 0 0
y 0 0 l1 l2 | lt 0 0
a b0 ... b1 b2 bt bt+1
a 0 ... b1 b2 .
bt .. bt+1
28 clculo numrico
a 0 b1 b2 bt bt+1
a = x + y = 0, b1 b2 bt g .
x 1 5 4 7 0 0
y 2 7 4 8 0 0
y 0 0 0 0 0 0 2 7 4 8
a = x + y = x.
Multiplicao
Sejam dois nmeros x e y em ponto utuante e seja p = x y seu produto. A
operao de multiplicao realiza-se por meio dos passos:
1. Dispor os nmeros em seus registros
x d1 d2 dt 0 0 0
y l1 l2 lt 0 0 0
erros computacionais 29
p b1 b2 bt bt+1
p b1 b2 bt bt+1
p b1 b2 bt 0 0
Logo, o produto dado por
p = 0, b1 b2 bt g .
Diviso
A operao de diviso de dois nmeros em ponto utuante realiza-se por meio
das seguintes etapas. Dados x e y , obtenha o valor q = xy .
x d1 d2 dt 0 0 0
y l1 l2 lt 0 0 0
q b0 b1 b2 bt bt+1 0
q 0 ... b1 b2 bt bt+1
q 0 ... b1 b2 bt bt+1
a1 = (x2 + x1 ) x1
= (0, 2345 100 + 0, 3491 104 ) 0, 3491 104
= 0, 0000
Agora, tomando-se
a2 = x2 + (x1 x1 )
= 0, 2345 100 + (0, 3491 104 0, 3491 104 )
= 0, 2345 100
t ln
t = 10p p = . (1.8)
ln 10
Denio 1.7 A exatido de uma mquina medida por , que o menor n-
mero em ponto utuante, tal que temos
1 + > 1.
Este valor conhecido como de mquina.
p5 (x) = x x3 /3 + x5 /120.
Se considerarmos a aproximao sen x p5 (x), temos que o erro de trun-
camento dado por: ET =| sen x p5 (x) |. Tomando o valor de x = /4 na
expresso do erro de truncamento, temos
erros computacionais 33
f (x) = ex , em torno de x = 0,
g(x) = cos x, em torno de x = 0,
h(x) = ln x, em torno de x = 1.
De uma forma geral, se x um nmero real, este pode ser escrito, em uma
base , da forma
1
|q q| t , (1.16)
2
e o limite do erro entre os valores dado por:
1
|x x| et . (1.17)
2
|x x| 1 et
t
ER = 2
= . (1.21)
|x| |q| e 2|q|
|x x| 1
ER = 1t . (1.22)
|x| 2
EA 0, 2 105
ER = = = 0, 25
|x| 0, 8 105
|x x| 5, 85 107
ER = = = 0, 134237 102 ,
|x| 0, 435795 103
erros computacionais 37
ER < 0, 5 102 = t = 3.
[ ( )]
|x x|
m = 0, 3 + log10 + , (1.25)
|x|
1
= 101t . (1.26)
2
Na prtica, no sabemos o valor exato da grandeza x. Assim, o que fazemos,
ao tomar duas medidas consecutivas de x calcular a grandeza
[ ( )]
|xi+1 xi |
D(xi , xi+1 ) = 0, 3 + log10 + , (1.27)
|xi |
que nos d o nmero de dgitos signicativos exatos de xi+1 com relao ao valor
xi .
1.4.1 Adio
Sejam x e y os valores aproximados de duas grandezas x e y , respectivamente.
Sejam Ex e Ey os erros em x e y . Temos ento que:
S = x + y, (1.28)
S = x + y, (1.29)
Es = S S = (x + y) (x y) = (x x) + (y y). (1.30)
Isto , o valor absoluto da soma dos erros absolutos menor que a soma individual
do valor absoluto dos erros.
Exerccio 1.10 Mostre que, para o erro relativo, a operao de adio resulta
em:
1.4.2 Subtrao
O procedimento para subtrao similar ao da adio; temos que:
Exy = Ex Ey = (1.33)
Exerccio 1.11 Mostre que, para o erro relativo, a operao de subtrao resulta
em:
ER (x) + ER (y)
ER (x y) = , (1.35)
|x y|
para quaisquer valores de x, y.
erros computacionais 39
1.4.3 Multiplicao
Seguindo a mesma construo anterior, vemos que:
Exy x Ey + y Ex = (1.36)
ER (x y) ER (x) + ER (y),
1.4.4 Diviso
Finalmente, seguindo o mesmo procedimento, temos para a diviso:
Exerccio 1.13 Mostre que para o erro relativo, a operao de diviso resulta
em:
x = x + Ex ,
y = y + Ey ,
x y x y = (x y x y) + (x y x y). (1.39)
Assim, observando a equao (1.39), podemos interpretar o primeiro termo do
lado direito da equao como correspondendo a um erro introduzido pelos valores
numricos e o segundo termo como correspondendo a um erro introduzido pela
mquina.
x y x y
, (1.40)
xy
x y = (x y)(1 + ), (1.41)
Exemplo 1.21 Na Seo 2.3 mostraremos que o algoritmo direto para determi-
nar o valor numrico de um polinmio de grau n precisa realizar um nmero total
de n +3n operaes, o que corresponde a uma complexidade quadrtica, O(n2 ).
2
2
Por outro lado, o algoritmo de Horner necessita apenas de um nmero total de
2n operaes, isto , a sua complexidade linear O(n).
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
Roque
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m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:16:29 -03'00'
Captulo 2
RESOLUO DE EQUAES
ALGBRICAS E
TRANSCENDENTAIS
Isolamento: Achar um intervalo [a, b], o menor possvel, tal que este contenha
uma e somente uma raiz da equao f (x) = 0.
Teorema 2.1 Seja f uma funo contnua que assume valores de sinais opostos
nos extremos do intervalo [a, b], isto , temos que f(a)f(b) < 0. Ento, o intervalo
[a, b] conter no mnimo uma raiz da equao f(x) = 0. Haver no mnimo um
nmero x0 (a, b), tal que f(x0 ) = 0.
O Teorema 2.1 pode ser interpretado gracamente, conforme ilustra a Figura
2.1.
Pm (x0 ) = 0,
di P(x)
onde Pi (x0 ) = dxi
|x=x0 , i = 1, 2, . . . , m.
Exemplo 2.2 Seja a equao polinomial P(x) = x4 5x3 + 6x2 + 4x 8 = 0 e
considere a raiz x0 = 2. Temos que: P(2) = 0.
P (x) = 4x3 15x2 + 12x + 4 P (2) = 0,
P (x) = 12x2 30x + 12 P (2) = 0,
P (x) = 24x 30 P (2) = 18 = 0.
Portanto, a multiplicidade da raiz x0 = 2 m = 3. De fato, fatorando a equao,
podemos ver que P(x) = (x + 1)(x 2)3 .
O problema do exemplo 2.2 pode ser facilmente resolvido com a utilizao de
um sistema de computao algbrica.
Teorema 2.3 Se os coecientes da equao algbrica P(x) = 0 so todos reais,
ento as razes complexas dessa equao so complexos conjugados em pares. Isto
, se a + b i uma raiz de P(x) = 0, com multiplicidade m, ento o complexo
conjugado a b i tambm uma raiz de P(x) = 0 com multiplicidade m.
Exemplo 2.3 Seja a equao P(x) = x2 6x + 10 = 0. Temos como razes
z = 3 + i e o conjugado z = 3 i.
Corolrio 2.1 Uma equao algbrica de grau mpar com coecientes reais tem,
no mnimo, uma raiz real.
A armao desse corolrio bastante intuitiva, pois as razes complexas
ocorrem sempre ao pares, e, assim, para uma ordem mpar do polinmio, pelo
menos uma raiz dever ser real.
46 clculo numrico
Pn (x) = a0 + a1 x + + an xn ,
Pn (x0 ) = a0 + a1 x0 + + an xn0 ,
Pn (x0 ) = a0 + a1 x0 + a2 x0 x0 + + an x0 . . . x0 . (2.2)
Assim, de (2.2) vemos que o clculo do valor numrico P (x0 ) requer o seguinte
nmero de operaes:
Nmero de adies: n;
O nmero total de operaes para obteno de Pn (x0 ) dado pela soma das
operaes de adio e multiplicao. Temos, portanto,
n(n + 1) n2 + 3n
#Op = n + = . (2.3)
2 2
O custo computacional para clculo do valor numrico de um polinmio da
ordem de O(n2 ), onde n da reete o tamanho do problema a ser resolvido.
P (x) = a0 + a1 x + + an xn ,
Q(x) = b1 + b2 + + bn xn1 .
a0 + a1 x + + an xn =
[ ]
(x c) bn xn1 + bn1 xn2 + + b2 x + b1 + r.
an = bn ,
an1 = bn1 cbn bn1 = an1 + cbn ,
.. ..
. .
a0 = r cb1 r = a0 + cb1 .
an an1 an2 a1 a0
c cbn cbn1 cb2 cb1 (2.6)
bn bn1 bn2 b1 r = b0
Exemplo 2.5 Seja P(x) = x3 7x2 + 16x 10. Determine o valor de P(2).
Usando o esquema para o clculo, temos:
1 7 16 10
2 2 10 12 (2.7)
1 5 6 2 = P(2)
Pelo algoritmo, temos:
bn = an , n = 3 b3 = a3 = 1,
c bn 2 1 = 2,
bn1 = c bn + an1 b2 = 2 + (7) = 5,
c bn1 2 (5) = 10,
bn2 = c bn1 + an2 b1 = 2 (5) + 16 = 6.
Exerccio 2.1 Verique que, se zermos o mesmo clculo para x = 1(c = 1),
teremos P(1) = 0, e portanto c = 1 uma raiz do polinmio P(x).
B
L=1+ nk
, (2.12)
an
k = 3, B = | 7| = 7, L = 1 + 43
7/1 = 1 + 7 = 8.
teremos:
1 1
L 1 p . (2.16)
p L1
an (x 1 )(x 2 ) (x n ) = 0,
an (x 1 )(x 2 ) (x n ) = 0,
an (x + 1 )(x + 2 ) (x + n ) = 0. (2.17)
q L2 q L2 . (2.18)
Portanto, L2 o limite inferior das razes negativas de Pn (x) = 0.
Considerando agora a construo Q3 (x) = xn Pn (1/x) = 0, obtemos
1 1 1
an xn ( 1 )( 2 ) ( n ) = 0. (2.19)
x x x
As razes desta equao so 1 , 1 , , 1
1 2 n
. Assim, considerando 1
q
(q < 0)
a maior raiz positiva de Q3 (x) e L3 o limite superior das razes de P3 (x) = 0,
temos:
1 1
L 3 q . (2.20)
q L3
Logo, o valor 1/L3 o limite superior das razes negativas de Pn (x) = 0.
Podemos nalmente concluir que:
Todas as razes positivas, p , de Pn (x) = 0, se existirem, devero satisfazer
relao:
1
p L; (2.21)
L1
Todas as razes negativas, n , de Pn (x) = 0, se existirem, devero satisfazer
relao:
1
L2 n . (2.22)
L3
Figura 2.2: Ilustrao do Teorema de Bolzano, f(1) f(6) > 0 nmero par de
razes.
Exemplo 2.9 Seja P(x) = x4 5x3 7x2 + 29x + 30 = 0. Para essa equao,
vemos que o nmero de variaes de sinais igual a 2. Assim, (+) = 2 2k,
onde os valores de k = 0 ou k = 1. Logo, de acordo com a regra, teremos (+) = 0
ou (+) = 2. Isto , ou no teremos razes reais positivas, ou teremos duas razes
reais positivas.
Exemplo 2.10 Seja P(x) = x4 5x3 7x2 + 29x + 30 = 0. Para essa equao,
vemos que o nmero de permanncia de sinais igual a 2. Assim, () = 2 2k,
onde os valores de k = 0 ou k = 1. Logo, podemos ter () = 0 ou () = 2. Isto
, ou no teremos razes reais negativas, ou teremos duas razes reais negativas.
De fato, usando uma calculadora ou computador, podemos obter as razes do
polinmio P(x), x1 = 5, x2 = 3, x3 = 2, x4 = 1.
Exerccio 2.3 Dado o polinmio P(x) = x5 9x4 + 7x3 + 185x2 792x + 1040,
faa um estudo detalhado sobre quantas razes reais positivas e negativas podem
existir para P(x) = 0. Usando uma calculadora ou computador, determine as
razes deste polinmio.
Exemplo 2.11 Seja P(x) = 2x5 + 3x4 + x3 + 2x2 5x 3, ento como temos
que a23 a4 a2 , pois 12 3 2, pela regra de Du Gua a equao P(x) = 0 possui
razes complexas. De fato, para esta equao temos: duas razes complexas, duas
razes reais negativas e uma raiz real positiva dadas por
Exemplo 2.12 Seja P(x) = 2x6 3x5 2x3 + x2 x 1 = 0, ento, pela regra
da lacuna, temos a4 = 0, a5 = 3, a3 = 2 a3 a5 = 6 > 0, ento o polinmio
possui razes complexas. De fato, temos 4 razes complexas, uma raiz real positiva
e uma raiz real negativa
an (x 1 ) (x n ) = 0, (2.24)
+ an (1 2 + 1 3 + + 1 n + 2 3 + + n1 n )xn2
an (1 2 3 + + 1 2 n + 1 3 4 + + n2 n1 n )xn3
..
.
(1)n an (1 2 3 n ) = 0.
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 55
an1
1 + 2 + + n =
an
an2
1 2 + 1 3 + + 1 n + 2 3 + + n1 n =
an
an3
1 2 3 + + 1 2 n + 1 3 4 + + n2 n1 n =
an
..
.
a0
1 2 3 n = (1)n .
an
As relaes acima so conhecidas como relaes de Girard, entre os coecientes
e as razes de um polinmio. Embora elegantes, as relaes de Girard no so
prticas para determinar as razes de um polinmio.
Teorema 2.8 Seja uma raiz isolada exata e xn uma raiz aproximada da equa-
o f(x) = 0, com e xn [a, b] e tal que |f (x)| m > 0 para a x b, em
que m = minaxb |f (x)|. Ento, |xn | |f(xmn )| .
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 57
|f(xn )|
|xn | . (2.31)
m
Exemplo 2.14 Seja f(x) = x2 8, determine o erro cometido por xn = 2, 827
no intervalo [2, 3].
Soluo: calculando a derivada da funo, temos: f (x) = 2x e m =
min2x3 |2x| = 4, e assim:
f(2, 827)
|2, 827 | 0, 002.
4
Logo,
= 2, 827 0, 002.
Observe que o clculo direto da raiz resulta em x = 8 2, 828.
A determinao do valor de m muitas vezes trabalhosa, por essa razo a
tolerncia , em geral, avaliada mediante um dos seguintes critrios:
O valor absoluto da funo na raiz deve ser menor que a tolerncia:
|f (xn )| ; (2.32)
u(x, y) = 0,
v(x, y) = 0.
Exerccio 2.5 Utilize uma calculadora ou computador para obter as solues das
equaes u(x, y) = 0, v(x, y) = 0 do exemplo 2.15.
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 59
ba
= x0 . (2.37)
2
O valor da coordenada x ca ento dado por x0 = x0 + a. Se f (x0 ) = 0, ento
x0 a raiz. Caso contrrio, vericamos se
ou
b1 a1
= x1 . (2.40)
2
Calculamos novamente a condio f (a1 ) f (x1 ), onde x1 = x1 + a1 , para
vericarmos, por meio do sinal, onde a raiz est localizada.
O processo repetido at que seja obtida uma raiz aproximada para a raiz
exata , satizfazendo a condio |xn+1 xn | , onde indica a tolerncia
desejada.
A Figura 2.4 ilustra a aplicao do mtodo da bisseo.
Critrio da convergncia
Vemos que, em algum passo do processo, obtemos a raiz exata , ou uma
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 61
ba
bn an = , (2.41)
2n
ou, de outra forma, podemos express-lo como:
ba
|xn xn1 | = , n = 1, 2, . . . (2.42)
2n+1
Se desejarmos uma tolerncia para o valor da raiz, temos
b a
|xn xn1 | n+1 . (2.43)
2
Ento, podemos obter:
ba
2n+1
ba
(n + 1) ln 2 ln( )
ln( ba )
n+1
ln 2
ln( ba )
n
1. (2.44)
ln 2
Da equao (2.44), vemos que o nmero mximo de iteraes necessrias para
obtermos uma tolerncia da ordem de o nmero inteiro n. Em outras palavras,
no mtodo da bisseo o nmero mximo de iteraes necessrias para alcanar-
mos uma tolerncia desejada conhecido a priori.
As seqncias de pontos a1 , a2 , , an e b1 , b2 , , bn possuem limites quando
n tende a innito, e esses limites coincidem com o valor da raiz exata , pois:
Contudo:
Ento, temos:
Exemplo 2.16 Seja f(x) = x3 10, a raiz exata [2, 3] e a tolerncia desejada
< 0, 1. Encontre o valor da raiz aproximada e quantas iteraes, no mximo,
devero ser realizadas para alcanarmos a tolerncia desejada.
O nmero mximo de iteraes necessrias para obtermos a raiz aproxima,
dentro da tolerncia desejada, obtido calculando-se n, da relao (2.44). Assim,
temos n = 2, 32, que nos indica um mximo de trs iteraes.
Exerccio 2.6 Seja a equao x3 10 = 0 com raiz no intervalo [2, 3]. Determine
a raiz dessa equao para quatro iteraes.
Exerccio 2.7 Implemente o mtodo da bisseo e utilize-o para determinar a
raiz da equao f(x) = x2 cos(x) no intervalo [0, 1] para cinco iteraes.
y y0 = m(x x0 ), (2.48)
onde
f (b) f (a)
m= . (2.49)
ba
No ponto onde a secante corta o eixo Ox, temos: x = x1 y = 0, logo:
y0 f (a) f (a)
x1 = x0 =a =a (b a). (2.51)
m f (b)f (a) f (b) f (a)
ba
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 63
f (x1 )
x2 = x1 (x1 b), (2.52)
f (x1 ) f (b)
f (xn )
xn+1 = xn (xn b), n = 0, 1, . . . . (2.53)
f (xn ) f (b)
Ao aplicarmos o mesmo procedimento para o novo intervalo ([a, x1 ] ou [x1 , b]),
obtemos a nova aproximao x2 .
Esse mtodo equivale a substituir o arco pela corda, ou reta secante, por isso
o nome mtodo das cordas.
Veja que, dependendo do comportamento da funo f (x) no intervalo onde
est localizada a raiz, podemos ter quatro situaes distintas:
Caso II:
f (xn )
xn+1 = xn (xn a). (2.58)
f (xn ) f (a)
Caso III:
f (xn )
xn+1 = xn (xn a). (2.59)
f (xn ) f (a)
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 65
Caso IV:
f (xn )
xn+1 = xn (xn b). (2.60)
f (xn ) f (b)
Vemos que nas equaes de cada caso o que muda apenas o valor do ponto
a ou b nas equaes. Assim, podemos escrever uma frmula nica:
f (xn )
xn+1 = xn (xn c), (2.61)
f (xn ) f (c)
onde denimos o valor de c como o ponto extremo do intervalo [a, b] para o qual
a funo f (x) apresenta o mesmo sinal da derivada segunda f (x). Em outras
palavras, devemos vericar se o seguinte teste vlido para a escolha do valor de
c:
Critrio da convergncia
Como a seqncia xn montona e limitada, temos:
f (xn )
lim xn+1 = lim xn lim (xn c)
n n n f (xn ) f (c)
f ()
= ( c)
f () f (c)
f () = 0.
Logo, temos que = a raiz exata da equao no intervalo [a, b].
A tolerncia pode ser considerada tomando-se:
f (x0 )
x1 = x0 . (2.66)
f (x0 )
Fazendo o mesmo procedimento, para uma iterao de ordem n, obtemos:
f (xn )
xn+1 = xn , (2.68)
f (xn )
com n = 0, 1, 2, . . . e xn+1 a aproximao da raiz para a iterao de ordem n.
Geometricamente, o processo de Newton-Raphson parece com o mtodo das
cordas, s que ao invs das retas secantes, temos as retas tangentes, conforme
podemos vericar na ilustrao da Figura 2.7.
Veja que a tangente do ngulo dada por:
f (x0 )
tg = = f (x0 )
x0 x1
f (x0 )
x0 x1 =
f (x0 )
f (x0 )
x1 = x0 . (2.69)
f (x0 )
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 67
f (x1 )
tg = = f (x1 )
x1 x2
f (x1 )
x1 x2 =
f (x1 )
f (x1 )
x2 = x1 . (2.70)
f (x1 )
f (xn )
xn+1 = xn . (2.71)
f (xn )
Critrio da convergncia
Para podermos aplicar o mtodo de Newton-Raphson, devemos, portanto,
observar a seguinte regra para convergncia:
ii) A escolha do ponto x0 deve ser tal que f (x0 ) f (x0 ) > 0.
f (xn )
lim xn+1 = lim xn lim
n n n f (xn )
f ()
= f () = 0.
f ()
Exerccio 2.10 Seja a funo f(x) = 2x3 + ln x 5 com raiz localizada no inter-
valo [1, 2]. Determinar a raiz aproximada para 10 iteraes, usando as funes
denidas acima.
x1 = F (x0 )
x2 = F (x1 )
.. ..
. .
xn+1 = F (xn ), n = 0, 1, 2, . . . . (2.74)
A partir deste mecanismo de iterao, geramos uma seqncia de aproxima-
es S = {x0 , x1 , . . . , xn }. A interpretao geomtrica desse mtodo simples e
est ilustrada na Figura 2.8:
lim xn = .
n
Critrio da convergncia
A escolha da funo F (x) deve satisfazer ao seguinte teorema.
Teorema 2.9 Seja I uma raiz da equao f(x) = 0 e F(x) uma funo
contnua e derivvel no intervalo I. Se |F (x)| k < 1 para todos os pontos do
intervalo I e x0 I, ento os valores dados pela equao xn+1 = F(xn ) convergem
para a raiz exata .
x + x2 sen x = x. (2.76)
x2 = sen x x = sen x, (2.77)
e, portanto, podemos considerar a funo F2 (x) = sen x como candidata fun-
o de iterao.
3. Da funo original, podemos considerar:
sen x gera uma seqncia convergente para qualquer valor da estimativa inicial
no intervalo I , e por conseguinte para x0 = 0, 9.
Usando a funo de iterao F2 (x), obtemos a seguinte seqncia de razes
aproximadas para 8 iteraes
2. Supondo que duas locomotivas viajem no mesmo sentido e trilho com equa-
es de movimento dadas por: x1 (t) = 110 80e(t/2) e x2 (t) = 50t, respec-
tivamente. Utilizando argumentos grcos, verique se essas locomotivas
se chocam. Se isso acontecer, em quanto tempo o acidente ocorreria?
11. Resolva as equaes abaixo usando o mtodo das cordas, com uma preciso
t = 10, utilizando intervalos diferentes de inicializao.
a) 10cos(x) = x
3
b) xx = 9
resoluo de equaes algbricas e transcendentais 73
15. A equao de Kepler da mecnica celeste dada por y = x sen (x), onde
corresponde excentricidade da rbita. Considerando y = 1 e = 0, 5,
determine a raiz para a equao de Kepler no intervalo [0, ]. Utilize os
mtodos estudados neste captulo.
74 clculo numrico
Assinado de forma digital
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
Roque
[email protected]
m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:18:00 -03'00'
Captulo 3
RESOLUO DE SISTEMAS DE
EQUAES ALGBRICAS
n
S= aij xj = bi , i = 1, 2, . . . , m. (3.2)
j=1
Ax = B.
A matriz A, de ordem m n, a matriz dos coecientes, dada por:
a11 a12 a1n
.. .. .. .
A= . . . (3.3)
am1 am2 amn
Ax = 0 xi = 0.
Essa soluo chamada de soluo trivial, x = 0.
Suponha agora o seguinte sistema:
x1 + x2 = 0,
x1 + x2 = 2.
Da primeira equao podemos escrever que x1 = x2 , e da segunda, substi-
tuindo-se este resultado, temos:
x2 = 2 x1 x2 = 2 + x2 0 = 2? Absurdo!
Portanto, vemos que o sistema apresentado no possui soluo, incompatvel.
Geometricamente, visto como formado por duas retas paralelas, onde cada
equao corresponde a equao de uma reta e, por isso, elas no se cruzam,
gerando um sistema incompatvel.
x1 + x2 = 0,
x1 x2 = 0.
Ele homogneo e tem soluo trivial x1 = x2 = 0. Portanto, um sistema
determinado.
78 clculo numrico
a11 x1 = b1
a21 x1 + a22 x2 = b2
.. ..
. .
an1 x1 + an2 x2 + + ann xn = bn
Mtodos diretos;
Mtodos iterativos.
2x1 + 3x2 x3 = 5,
4x1 + 4x2 3x3 = 3, (3.7)
2x1 3x2 + x3 = 1.
(0)
(0) a21 4
m21 = (0)
= = 2,
a11 2
(0)
(0) a31 2
m31 = (0)
= = 1.
a11 2
(0) (1)
L1 L1 ,
(0) (0) (0) (1)
m21 L1 + L2 L2 ,
(0) (0) (0) (1)
m31 L1 + L3 L3 ,
(1) (1) (1)
determinamos as novas equaes do sistema, ou seja, L1 , L2 e L3 so as novas
linhas da matriz B1 do sistema. Fazendo os clculos, temos:
2 3 1 5
B1 = 0 2 1 7 .
0 6 2 6
resoluo de sistemas de equaes algbricas 81
(1) (2)
L1 L1 ,
(1) (2)
L2 L2 ,
(1) (1) (1) (2)
m32 L2 + L3 L3 .
Portanto, a nova matriz ampliada :
2 3 1 5
B2 = 0 2 1 7 .
0 0 5 15
Vemos que o sistema original foi reduzido a um sistema triangular equivalente
dado por:
2x1 + 3x2 x3 = 5,
2x2 x3 = 7,
5x3 = 15.
Resolvendo o sistema equivalente por substituio retroativa, temos a soluo:
1
x = 2 .
3
Genericamente, observe que os multiplicadores so construdos de tal forma
a gerar elementos nulos na nova matriz ampliada equivalente do sistema. Os
elementos da nova matriz ampliada podem ser obtidos para um certo piv akk = 0,
da forma:
bi = bi mik bk , i = k + 1, . . . , n.
82 clculo numrico
mi Lp + Li Li , i = p,
o resultado dessa operao gera uma nova matriz cuja q -sima coluna formada
por zeros, exceto o termo que o piv.
Com essa nova matriz M , podemos gerar outra matriz M1 , onde a p-sima
linha e a q -sima coluna so retiradas, gerando M1 , cuja ordem (n 1) n.
Considerando a matriz M1 e fazendo o mesmo procedimento de transformao
elementar e depois a retirada da linha e coluna, obtemos uma nova matriz, M2 .
Esse procedimento ser realizado sucessivas vezes at obtermos a matriz Mn1 .
Podemos notar que esta ltima matriz formada por uma nica linha que contm
apenas dois elementos.
Para obter a soluo do sistema, construmos as equaes geradas por todas as
linhas pivotais. Ento, por meio da tcnica da substituio retroativa, a soluo
nalmente determinada.
importante observar a ordem em que foram realizadas as eliminaes para
cada incgnita, pois esta deve ser preservada, para que o novo sistema gerado
seja equivalente ao sistema original.
resoluo de sistemas de equaes algbricas 83
a11 2 1
m1 = = =
a21 4 2
a31 2 1
m3 = = =
a21 4 2
1 1 7
m1 L2 + L1 = (4, 4, 3, 3) + (2, 3, 1, 5) = (0, 1, , )
2 2 2
1 5 5
m3 L2 + L3 = (4, 4, 3, 3) + (2, 3, 1, 1) = (0, 5, , )
2 2 2
E1 = 4x1 + 4x2 3x3 = 3
( 1 7
)
1 2 2
M2 = .
5 5
2
52
Tomando o novo piv a21 = | 5| = 5, temos:
a11 1 1
m1 = = =
a21 5 5
1 5 5 1 7
m1 L2 + L1 = (5, , ) + (1, , ) = (0, 1, 3)
5 2 2 2 2
5 5
E2 = 5x2 + x3 =
2 2
E3 = x3 = 3
Mtodo de Jordan
O mtodo de Jordan consiste em realizar operaes elementares para trans-
formar o sistema original em um sistema diagonal equivalente. Nesse caso, esco-
lhemos sempre o piv como um elemento da diagonal e executamos o mtodo da
pivotizao completa.
Vejamos o seguinte exemplo.
1 1 2 4 1 1 2 4
M = 2 1 1 0 0 3 5 8
1 1 1 1 0 2 3 5
1 0 1/3 4/3 1 0 0 1
0 3 5 8 0 3 0 3 .
0 0 1/3 1/3 0 0 1/3 1/3
r = B Ax.
Supondo que a soluo aproximada para o sistema Ax = B seja x(0) , obtemos
a soluo melhorada x(1) fazendo a correo
resoluo de sistemas de equaes algbricas 85
Ax(1) = B.
Ento, substituindo, teremos:
A(x(0) + (0) ) = B
A (0) = B Ax(0)
A (0) = r(0) .
Devemos resolver agora o sistema linear apresentado para obtermos (0) , que
o termo de correo. Assim, x(1) = x(0) + (0) .
Para obter melhor aproximao da soluo, o mesmo procedimento pode ser
adotado para o novo sistema:
A (1) = r(1) ,
onde (1) a parcela de correo de x(1) e r(1) o resduo produzido por x(1) . Isto
:
Mtodo de Jacobi
No mtodo de Jacobi, os valores das incgnitas so obtidos de forma iterativa,
partindo das equaes geradas para cada uma das incgnitas individualmente.
Considerando o sistema linear Sn , podemos extrair as variveis da forma:
(k) (k)
(k+1) b1 (a12 x2 + + a1n xn )
x1 = ,
a11
(k) (k)
(k+1) b2 (a21 x1 + + a2n xn )
x2 = ,
a22
.. ..
. .
(k) (k)
bn (an1 x1 + + an n1 xn1 )
x(k+1)
n = .
ann
onde k = 0, 1, 2, . . .
O sistema acima pode ser reescrito da seguinte forma:
x = Fx + C,
onde temos:
x1 b1 /a11
x2 b2 /a22
x= .. , C = ..
. .
xn bn /ann
0 a12 /a11 a13 /a11 a1n /a11
a21 /a22 0 a23 /a22 a2n /a22
F= .. .. .. .. .
. . . .
an1 /ann an2 /ann 0
x(k+1) = Fx(k) + C, k = 0, 1, 2, . . .
c) tolerncia,
(k+1) (k)
xi xi < , 1 i n.
max
resoluo de sistemas de equaes algbricas 87
2x1 x2 = 1,
x1 2x2 = 3.
Considerando uma tolerncia 102 , determine a soluo do sistema.
Soluo: Pelo mtodo de Jacobi, temos:
(k+1) 1 (k)
x1 = (1 + x2 )
2
(k+1) 1 (k)
x2 = (3 + x1 ), k = 0, 1, 2, . . .
2
Tomando a soluo inicial arbitrria x(0) = (x1 = 0, x2 = 0) e considerando
k = 0, temos:
(1) 1 (0) 1 1
x1 = (1 + x2 ) = (1 + 0) = ,
2 2 2
(1) 1 (0) 1 3
x2 = (3 + x1 ) = (3 0) = .
2 2 2
Vericamos se o critrio de parada com base na tolerncia satisfeito; se no
for, prosseguimos, para determinar a nova iterao, k = 1.
importante que os mtodos iterativos sejam convergentes na direo da
soluo exata, pois, caso contrrio, no teremos garantia de que para uma nova
iterao a soluo aproximada melhor que a anterior.
Mtodo de Gauss-Seidel
Nesse mtodo, as solues so obtidas da forma:
i) partindo de uma estimativa inicial:
( )
(0) (0)
x(0) = x1 , x2 , , x(0)
n ,
onde a tolerncia.
x = B r r = B Ab
Ab x.
b for uma boa soluo, esperamos que o resduo r seja pequeno. Em outras
Se x
palavras, que os elementos de r possuam valores pequenos. No entanto, valores
pequenos para a matriz dos resduos nem sempre garantem que a aproximao x b
seja boa. Vejamos o exemplo que ilustra tal situao.
Seja o sistema dado pelas equaes:
x1 + 1, 001x2 = 2, 001,
0, 999x1 + x2 = 1, 999. (3.9)
90 clculo numrico
( )
1
A soluo exata desse sistema x = . Suponha que a soluo aproxi-
( ) 1
2, 0
b=
mada seja x . Ento,
0, 001
( ) ( )( )
2, 001 1, 000 1, 001 2, 000
r =
1, 999 0, 999 1, 000, 0, 001
( )
0, 000001
= .
0, 000000
Det(Norm A) = 5 107 1,
que conrma que o sistema mal-condicionado.
fi (x1 , x2 , . . . , xn ) = 0, i = 1, 2, . . . , n, (3.10)
f1 (x, y) = x2 2x y + 0, 5 = 0, (3.11)
f2 (x, y) = x2 + 4y 2 4 = 0. (3.12)
x2 y + 0, 5
x= .
2
92 clculo numrico
x2 4y 2 + 8y + 4
x2 + 4y 2 8y 4 = 8y y = .
8
Logo, essas duas novas equaes geram um sistema equivalente ao original.
Usando essas novas equaes, para escrever as relaes de iterao, temos:
x2k yk + 0.5
xk+1 = u1 (xk , yk ) = , (3.13)
2
x2k 4yk2 + 8yk + 4
yk+1 = u2 (xk , yk ) = , (3.14)
8
com k = 0, 1, . . .
Observando os grcos da Figura 3.1, vemos que uma das razes est prxima
do ponto (0, 2; 1) e a outra de (1, 8; 0, 3).
Se iniciarmos a iterao com a raiz inicial (x0 , y0 ) = (0, 1), vemos na Figura
3.2 a soluo para as iteraes k = 0, 1, 10. O leitor poder fazer a seqncia
completa e vericar que ela convergente para o valor de uma das razes que est
nessa vizinhana.
resoluo de sistemas de equaes algbricas 93
pk+1 = g1 (pk , qk , rk , . . .)
qk+1 = g2 (pk , qk , rk , . . .) (3.15)
rk+1 = g3 (pk , qk , rk , . . .)
.. ..
. . (3.16)
94 clculo numrico
com k = 0, 1, 2, . . .
g1 (p, q) g1 (p, q)
x + y < 1,
g2 (p, q) g2 (p, q)
x + y < 1,
g1 (p, q, r) g1 (p, q, r) g1 (p, q, r)
+ + < 1,
x y z
g2 (p, q, r)
+ g2 (p, q, r) + g2 (p, q, r) < 1,
x y z
g3 (p, q, r)
+ g3 (p, q, r) + g3 (p, q, r) < 1,
x y z
f1 (x, y) = x2 + y2 1,
f2 (x, y) = x3 y.
x2k yk + 0.5
xk+1 = u1 (xk , yk ) = , (3.17)
2
x2k+1 4yk2 + 8yk + 4
yk+1 = u2 (xk , yk ) = , (3.18)
8
com k = 0, 1, . . .
O mtodo de Seidel facilmente estendido para sistemas de ordem superior.
x3 + 4x + y
u1 (x, y) = ,
4
4y y2 x2
u2 (x, y) = + 1,
4 9
partindo do ponto inicial (1, 2; 1, 8). Em seguida, desenhe os grcos das cur-
vas e verique o valor da inteseco. Observe que deve vericar o critrio de
convergncia.
f1 (x, y) = 0,
f2 (x, y) = 0.
f1 f1
f1 (x , y ) = f1 (xi , yi ) + (x xi )
(xi ,yi ) + (y yi ) (x ,y ) + (3.19)
x y i i
f2 f2
f2 (x , y ) = f2 (xi , yi ) + (x xi )
(xi ,yi ) + (y yi ) (x ,y ) + (3.20)
x y i i
f1 f1
(xi ,yi ) xi + (x ,y ) yi = f1 (xi , yi ) (3.21)
x y i i
f2 f2
(xi ,yi ) xi + (x ,y ) yi = f2 (xi , yi ), (3.22)
x y i i
98 clculo numrico
f1 (xi , yi ) f2 (x
y
i ,yi )
+ f2 (xi , yi ) f1 (x
y
i ,yi )
xi = , (3.25)
J(f1 (xi , yi ), f2 (xi , yi ))
yi = x x
, (3.26)
J(f1 (xi , yi ), f2 (xi , yi ))
onde J(f1 (xi , yi ), f2 (xi , yi )) o determinante da matriz Jacobiano.
Uma vez obtida a soluo desse sistema podemos obter a nova soluo apro-
ximada
xi+1 = xi + xi , (3.27)
yi+1 = yi + yi . (3.28)
f1 (x1 , x2 , , xn ) = 0,
f2 (x1 , x2 , , xn ) = 0,
..
.
fn (x1 , x2 , , xn ) = 0,
f (x) = 0. (3.29)
(k) (k) (k)
Para isso, seja x(k) = (x1 , x2 , . . . , xn ) uma aproximao da soluo do
sistema. Ento, seguindo analogamente a expanso em srie de Taylor para vrias
variveis, teremos:
x2 2x y + 0, 5 = 0
x2 + 4y2 4 = 0.
n corresponde ordem
do sistema. Sugesto: verique com o Derive o
resultado da soma nk=1 k .
2x + 4y 6z = 4
x + 5y + 3z = 10
x + 3y + 2z = 5
b)
5x + 2y z = 1
x + 3z = 5
3x + y + 6z = 17
resoluo de sistemas de equaes algbricas 101
c)
0, 8x + 1, 4y + 3z = 12, 6
0, 6x + 0, 9y + 2, 8z = 10, 8
2x + y = 4
d)
x + 4y 2z + 2w = 8
2x + 3y + z + 3w = 8
x + 5y 5z 3w = 18
2x + 4y 4z = 12
aij = ij1 , 1 i, j 6.
x1 5x2 = 9
4x1 x2 = 15
b)
2x1 + 8x2 x3 = 11
5x1 x2 + x3 = 10
x1 + x2 + 4x3 = 3
102 clculo numrico
12x1 2x2 + x3 = 5
2x1 + 12x2 2x3 + x4 = 5
x1 2x2 + 12x3 2x4 + x5 = 5
x2 2x3 + 12x4 2x5 + x6 = 5
.. ..
. .
x46 2x47 + 12x48 2x49 + x50 = 5
x47 2x48 + 12x49 2x50 = 5
x48 2x49 + 12x50 = 5
sen (xy) y = x
y cos (xy) = 1,
partindo do ponto (1, 2).
c)
y 2 + x2 2 = 0
x2 y = 0
partindo de (0, 8; 0, 8) e de (1, 3; 0, 8).
2y 2 3x2 + 1 = 0
x2 + 2x 2y + 8 = 0
resoluo de sistemas de equaes algbricas 103
x + ey = 68, 0742
sen x y = 3, 5942
4x21 + 2x22 + x3 = 16
(x1 1)2 + x2 x3 = 0
(x1 + 1)2 + (x2 + 1)2 x3 = 0
sen x + ln x + ln y ez = 1, 87
cos x + sen y + ez = 39, 94
ln x ey + sen z = 13, 10
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
Roque
[email protected]
m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:18:36 -03'00'
Captulo 4
APROXIMAO DE
AUTOVALORES
Ax = x, (4.1)
que pode ser reescrita sob a forma,
Ax x = 0, (4.2)
ou ainda, da forma,
(A I)x = 0, (4.3)
onde I a matriz identidade.
Agora, a equao (4.3) uma equao homognea, e vimos que para termos
uma soluo no trivial, devemos ter o det(A I) = 0.
n
x = c1 x1 + c2 x2 + + cn xn = ci xi , (4.5)
i=1
n
n
Ax = ci Axi = ci i xi = y(1) , (4.6)
i=1 i=1
n
n
2
A x = Ay (1)
= ci i Axi = ci 2i xi = y(2) , (4.7)
i=1 i=1
..
.
n
n
k
A x = Ay (k1)
= ci k1
i Axi = ci ki xi = y(k) . (4.8)
i=1 i=1
n ( )k
i
k
A x= k1 ci xi = y(k) . (4.9)
i=1
1
( )k
Entretanto, como |1 | > |i |, para i = 2, 3, , n, a razo i
1
0 quando
k , e portanto a equao (4.9) tende ao limite
Ak x = k1 c1 x1 = y(k) . (4.10)
Podemos notar que a equao (4.10) tende a zero quando |1 | < 1 e tende a
innito quando |1 | > 1. Logo, devemos fazer um ajuste de escala em cada passo
na equao (4.10).
O ajuste de escala pode ser obtido fazendo qualquer componente do vetor y(k)
igual a unidade a cada passo no processo. Vamos escolher a primeira componente
108 clculo numrico
(k)
do vetor y(k) , ou seja y1 , como esta componente. Logo, x1 = 1, 0 e a primeira
componente da equao (4.10) ca
(k)
y1 = k1 c1 . (4.11)
4 2 2 1 8 0, 8888
y(1) = Ax(0) = 2 8 1 1 = 9 = 9 1 (4.14)
1 4 4 1 1 0, 1111
(1) 4 2 2 0, 8888 5, 7777
y
y(2) = A = 2 8 1 1 = 9, 6666
y(1)
1 4 4 0, 1111 4, 4444
0, 5977
= 9, 6666 1 (4.15)
0, 4598
(2) 4 2 2 0, 5977 5, 3104
y
y(3) = A = 2 8 1 1 = 8, 7356
y(2)
1 4 4 0, 4598 2, 7585
0, 6064
= 8, 7356 1 (4.16)
0, 3158
L.
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
[email protected]
Roque
om, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:19:05 -03'00'
Captulo 5
INTERPOLAO
i xi yi
0 x0 y0
1 x1 y1
.. .. ..
. . .
n xn yn
Uma questo que surge , ento, como poderemos estimar o valor da funo
que gerou a tabela, digamos y = f (x), para um dado valor de x = xi ? O problema
consiste em determinar uma funo g(x) tal que g(x) seja uma aproximao para
a funo desconhecida f (x) que deu origem tabela.
Duas situaes podem ocorrer:
O valor de x tal que x pode estar dentro ou fora do intervalo dado pela
tabela.
Figura 5.1: A funo g(x) uma aproximao para f(x) no intervalo [a, b].
Na Figura 5.2, vrias funes podem ser tomadas com uma aproximao para
a funo f (x). H vrias formas de escolher a funo g(x) que satisfaz condio
(5.1). possvel escolhermos funes g(x) da forma polinomial, trigonomtrica,
exponencial, logartmica, funo racional etc. Neste captulo, consideraremos
apenas o estudo de mtodos de interpolao polinomial. Isto , a escolha da
funo g(x) polinomial de grau n a ser determinada de acordo com informaes
da tabela.
interpolao 113
P1 (x0 ) = a0 + a1 x0 = y0 , (5.2)
P1 (x1 ) = a0 + a1 x1 = y1 . (5.3)
( )
1 x0
A= . (5.4)
1 x1
Para que a soluo do sistema seja nica, devemos ter que det(A) = 0
x0 = x1 .
Exemplo 5.3 Suponha a funo f(x) tal que conhecemos apenas os pontos (0, 00;
1, 35), (1, 00; 2, 94). Determinar o valor de f(0, 73).
Soluo: Usaremos a interpolao linear. O sistema de equaes algbricas a
ser resolvido :
( ) ( ) ( )
1, 00 0, 00 a0 1, 35
= (5.5)
1, 00 1, 00 a1 2, 94
P1 (x) = 1, 35 + 1, 59x.
Nessa interpolao, estamos sujeitos a dois tipos de erros: (i) erros devidos
ao truncamento, ET , e (ii) erros devidos a arredondamentos, EA , os quais sero
discutidos mais adiante.
interpolao 115
P2 (x) = a2 x2 + a1 x + a0 . (5.6)
Sejam os pontos da tabela dados por (x0 , y0 ), (x1 , y1 ), (x2 , y2 ). Assim, do Te-
orema 5.1 temos:
a0 + a1 x0 + a2 x20 = y0 , (5.7)
a0 + a1 x1 + a2 x21 = y1 , (5.8)
a0 + a1 x2 + a2 x22 = y2 . (5.9)
Exemplo 5.4 Sejam os pontos da tabela: {(0, 0), (/6; 0, 328), (/4; 0, 560)}. De-
termine o polinmio interpolador para os pontos dados.
Soluo: Escrevendo o sistema de equaes algbricas, temos:
1 0 0 a0 0, 000
1 /6 (/6)2 a1 = 0, 328 . (5.11)
1 /4 (/4)2 a2 0, 560
Resolver o sistema (5.11) temos: a0 = 0, a1 = 178
125
, a2 = 408
125 2
. Portanto, o
polinmio interpolador dado
178 408 2
P2 (x) = x+ x.
125 125 2
116 clculo numrico
Pn (x) = a0 + a1 x + . . . + an xn .
Pn (xi ) = yi , i = 0, . . . , n.
n
pi (x) = (x xj ), i = 0, . . . , n. (5.18)
j=0,j=i
pi (xi ) = 0, i (5.19)
pi (xj ) = 0, i = j. (5.20)
n
Pn (x) = bi pi (x). (5.21)
i=o
Pn (xk )
Pn (xk ) = bk pk (xk ) bk = . (5.23)
pk (xk )
Por outro lado, sabemos que Pn (xk ) = yk , e substituindo em (5.23), temos
yk
bk = , (5.24)
pk (xk )
que, substituindo na expresso de Pn (x), ca
n
yi pi (x)n
Pn (x) = pi (x) = yi . (5.25)
i=0
pi (xi ) i=0
pi (xi )
Agora, podemos escrever a expresso do polinmio interpolador de Lagrange
da forma
n
n
(x xj )
Pn (x) = yi . (5.26)
i=0 j=0,j=i
(xi xj )
Se denirmos
n
(x xj )
Li (x) = , (5.27)
j=0,j=i
(xi xj )
n
Pn (x) = yi Li (x). (5.28)
i=0
xi 0, 0 0, 2 0, 4 0, 5
(5.29)
yi 0, 0 2, 008 4, 064 5, 125
f ()
A= . (5.38)
2
Voltando e substituindo o valor de A na expresso de E(t), temos:
1
ET (x) = (x x0 )(x x1 )f (), (a, b). (5.39)
2
Da equao (5.39), vemos que o erro de truncamento da interpolao polino-
mial linear uma funo quadrtica na varivel x.
f ()
ET (x) = (x 1, 00)(x 2, 00) , (1, 00; 2, 00).
2
Temos que f (x) = cos x, f (x) = sen x. Como no sabemos o valor de
, podemos tom-lo como o valor que maximiza a funo f (x) no intervalo
(1, 00; 2, 00). Nesse caso, tem-se = /2, e ento |f (/2)| = 1. Assim, a
quota mxima para o erro de truncamento :
1
|ET (/2)| |(/2 1)(/2 2)| = 0, 12,
2
ou ainda,
0, 12 ET (/2) 0, 12.
e a funo auxiliar
1 (x0 , x ) ; G (1 ) = 0,
2 (x , x1 ) ; G (2 ) = 0,
3 (x1 , x2 ) ; G (3 ) = 0,
4 (1 , 2 ) ; G (4 ) = 0,
5 (2 , 3 ) ; G (5 ) = 0.
(4 , 5 ); G () = 0, (x0 , x2 ). (5.42)
Derivando trs vezes a funo G(t), obtemos
f ()
A= . (5.44)
6
Substituindo na expresso do erro, obtemos:
f ()
ET (x) = (x x0 )(x x1 )(x x2 ) . (5.45)
3!
Observe que o erro depende da derivada terceira da funo. Assim, para
polinmios de ordem n < 3 a interpolao exata.
f n+1 ()
A= , (5.49)
(n + 1)!
e a expresso do erro de truncamento ca
f n+1 ()
ET (x) = (x x0 )(x x1 ) . . . (x xn ) , (5.50)
(n + 1)!
onde (x0 , xn ).
Observe que o grau da funo ET (x) da ordem de (n + 1) para um polinmio
interpolador de grau n.
Exerccio 5.4 Seja a funo f(x) = ln(x) e os valores f(3) = 1, 0986, f(4) =
1, 3863. Determine o erro de truncamento para x = 3, 7.
f (x) f (x0 )
f (x0 ) = lim . (5.51)
xx0 x x0
f(x) f(x0 )
f[x, x0 ] = .
x x0
f (x1 ) f (x0 )
y0 = f [x1 , x0 ] = .
x1 x0
Como:
124 clculo numrico
f [x1 , x0 ] = f [x0 , x1 ],
isto , a diferena dividida de primeira ordem simtrica. Em geral, temos:
f (xi+1 ) f (xi )
yi = f [xi , xi+1 ] = .
xi+1 xi
Sabemos que yi = f (xi ), ento reescrevemos
yi+1 yi
yi = .
xi+1 xi
0 yi = f[xi ] = f(xi ) = yi .
Denio 5.4 A diferena dividida de ordem dois de uma funo f dada por:
f[x1 , x2 ] f[x0 , x1 ]
2 y0 = f[x0 , x1 , x2 ] = .
x2 x0
i xi yi
0 0, 3 3, 09
1 1, 5 17, 25
2 2, 1 25, 41
Teorema 5.3 Se f(x) uma funo polinomial de grau n que passa pelos pontos
(x0 , y0 ), (x1 , y1 ), . . . , (xk , yk ), . . . , (xn , yn ), ento, a diferena dividida de ordem k,
f[x, xi , xi+1 , . . . , xi+k1 ] um polinmio de grau (n k).
Corolrio 5.1 Se f(x) uma funo polinomial de grau n, ento todas as dife-
renas divididas de ordem n so iguais a uma constante, e as de ordem (n + 1)
so nulas.
Pn [x] Pn [x0 ]
P [x, x0 ] = .
x x0
Logo,
P [x, x0 ] P [x0 , x1 ]
P [x, x0 , x1 ] =
x x1
P [x, x0 ] = P [x0 , x1 ] + (x x1 )P [x, x0 , x1 ].
Agora, substituindo, temos:
n
i1
Pn (x) = y0 + i
yo (x xj ). (5.56)
i=1 j=0
Exerccio 5.8 Determine o valor aproximado de f(0, 4), usando o polinmio in-
terpolador de Newton para os pontos tabelados:
i 0 1 2 3 4
xi 0, 0 0, 2 0, 3 0, 5 0, 6
yi 1, 008 1, 064 1, 125 1, 343 1, 514
Implemente computacionalmente o mtodo de interpolao de Newton e em
seguida resolva este exerccio com seu operador.
No
de operaes Adies Multiplicaes Divises
Newton n2 + n 2 2n 3 (n2 n)/2
Lagrange n +n1
2
n2 1 2n
3n2 + 5n 10
2n2 + 3n 2 n 2
2
Logo, o mtodo de interpolao de Newton mais rpido, pois possui um
nmero menor de operaes que o mtodo de Lagrange, a partir de dois pontos
tabelados. Na Figura 5.5, apresentamos os grcos para os dois mtodos, assu-
mindo valores contnuos de n 2. Esses grcos foram produzidos com o desenho
das linhas #3: e #4:, respectivamente. Na verdade, para produzirmos os grcos
com pontos discretos, para n 2 inteiro, poderamos desenhar diretamente a
linha #5: e fazer em seguida o mesmo para a funo Newton(n). Para obser-
varmos os nmeros de operaes de cada mtodo simultaneamente, poderamos
utilizar o comando da linha #7:.
xi+1 xi = h, h = constante, i = 0, 1, , n 1.
Para o mtodo de Newton, vimos que
n
i1
Pn (x) = y0 + i
y0 (x xj ).
i=0 j=0
Teorema 5.4 Seja f uma funo denida nos pontos (xi , yi ), i = 0, . . . , n, tais
que xi+1 xi = h, i. Ento:
n yi
n yi = .
n!hn
Levando esse resultado na frmula (5.57), obtemos:
z z(z 1) 2
Pn (z) = y0 + y0 + y0 + . . . + (5.58)
1! 2!
z(z 1) . . . [z (n 1)] n
y0 .
n!
A expresso do polinmio interpolador em (5.58) chamada de frmula de
interpolao de Gregory-Newton para diferenas nitas.
Exerccio 5.12 Construa as diferenas nitas com base na tabela dada abaixo e
em seguida determine o polinmio de Gregory-Newton:
x 3, 5 4, 0 4, 5 5, 0 5, 5
y 9, 8 10, 9 12, 0 13, 1 16, 2
1. S(xi ) = fi , i = 0, . . . , n.
2. S(x) (m-1)-vezes derivvel em cada ponto xi , 1 i n 1.
3. Em cada subintervalo [xi , xi+1 ], S(x) uma funo polinmial de grau m.
4. S(x) uma funo contnua em todo o intervalo [a, b].
As condies acima indicam que a funo spline contnua por partes e suave,
pois derivvel, a exceo do spline linear, onde apenas a condio de continui-
dade mantida.
Mas, como a funo deve passar por todos os pontos, temos que Si (xi ) = fi
ou que Si+1 (xi+1 ) = fi+1 , portanto, obtemos da equao (5.61) que:
fi+1 fi
ai = . (5.62)
xi+1 xi
Se tais condies forem satisfeitas teremos garantida a continuidade. Note
que ai mede a inclinao da reta que liga os pontos xi a xi+1 . Como m = 1
temos que m 1 = 0 e portanto no possivel impor a segunda condio em 5.8
referente a derivada.
Exerccio 5.13 Dados os pontos {(1, 0), (0, 1), (1, 2), (2, 1)}, determine a spline
linear e o valor interpolado para x = 3/2.
Exerccio 5.14 A spline quadrtica uma funo S(x) do tipo:
Si (x) = ai + bi (x xi ) + ci (x xi )2 , i = 0, 1, 2, . . . , n 1.
Si+1 (xi+1 ) = Si (xi+1 ), i = 0, 1, 2, . . . , n 2,
Si+1 (xi+1 ) = Si (xi+1 ), i = 0, 1, 2, . . . , n 2.
Si (x) = ai + bi (x xi ) + ci (x xi )2 + di (x xi )3 , (5.63)
com i = 0, 1, 2, . . . , n 1.
interpolao 133
Si+1 (xi+1 ) = Si (xi+1 ), i = 0, 1, 2, . . . , n 2, (5.67)
Si+1 (xi+1 ) = Si (xi+1 ), i = 0, 1, 2, . . . , n 2. (5.68)
ci+1 ci
di = . (5.71)
3hi
Substituindo o valor de di dado em (5.71) na equao (5.66), temos
ci+1 ci 3
fi+1 = fi + bi hi + ci h2i + hi ,
3hi
hi
fi+1 = fi + bi hi + (2ci + ci+1 ). (5.72)
3
134 clculo numrico
ci+1 ci
bi+1 = bi + 2ci hi + 3h2i ,
3hi
bi+1 = bi + hi (ci + ci+1 ). (5.73)
fi+1 fi hi
bi = (2ci + ci+1 ), (5.74)
hi 3
que fazendo i i 1, temos
fi fi1 hi1
bi1 = (2ci1 + ci ). (5.75)
hi1 3
Da equao (5.73) podemos escrever, tomando, i i 1,
fi+1 fi fi fi1
hi1 ci1 + 2(hi1 + hi )ci + hi ci+1 = 3 3 , (5.77)
hi hi1
com i = 1, 2, 3, . . . , n 1 e onde usamos que ai = fi e ai+1 = fi+1 .
Vemos que a expresso (5.77) gera (n 1) equaes para um total de n + 1
incgnitas. Portanto, ainda precisamos de duas condies adicionais para poder-
mos determinar os coecientes c0 e cn . Para isso, comum adotar-se uma das
duas condies adicionais:
S0 (x0 ) = Sn1
(xn ) = 0, (5.78)
ou
e para
x = xn Sn1 (xn ) = 2cn1 + 6dn1 (xn xn1 ) = 0,
cn cn1
2cn1 + 6 hn1 = 0 cn = 0. (5.81)
3hn1
zi zi+1 zi
Si (x) = fi + Si (xi )(x xi ) + (x xi )2 + (x xi )3 , (5.82)
2 6hi
so:
fi+1 fi hi hi
Si (xi ) = bi = zi+1 zi , i = 0, 1, 2, . . . , n 1, (5.83)
hi 6 3
e com ci = z2i , i = 0, 1, 2, . . . , n e xi x xi+1 , hi = xi+1 xi , para i =
0, 1, 2, . . . , n 1; a equao para determinar os zi dada por,
( )
fi+2 fi+1 fi+1 fi
hi zi + 2(hi + hi+1 )zi+1 + hi+1 zi+2 = 6 , (5.84)
hi+1 hi
Exemplo 5.6 Sejam os pontos {(0, 1), (1, 0), (2, 1/2), (3, 1)}. Determine a spline
cbica natural para os pontos dados.
Soluo: Temos 4 pontos tabelados. Logo, com a imposio da spline natural
temos que z0 = z3 = 0. Temos tambm que:
136 clculo numrico
h0 = x1 x0 = 1, h1 = x2 x1 = 1, h2 = x3 x2 = 1,
f1 f0 = 1, f2 f1 = 1/2, f3 f2 = 1/2.
Para i = 0, temos:
( )
f2 f1 f1 f0
h0 z0 + 2(h0 + h1 )z1 + h1 z2 = 6 4z1 + z2 = 9.
h1 h0
Para i = 1, temos:
( )
f3 f2 f2 f1
h1 z1 + 2(h1 + h2 )z2 + h2 z3 = 6 z1 + 4z2 = 0.
h2 h1
Resolvendo o sistema linear para as variveis z1 e z2 , obtemos:
12 3
z1 = , z2 = . (5.85)
5 5
Agora, substituindo estes valores na equao (5.83), obtemos:
f1 f0 h0 h0 7
S0 (x0 ) = b0 = z1 z0 = ,
h0 6 3 3
f2 f1 h1 h1 1
S1 (x1 ) = b1 = z2 z1 = ,
h1 6 3 5
f3 f2 h2 h2 7
S2 (x2 ) = b2 = z3 z2 = .
h2 6 3 10
Portanto, substituindo em (5.82), temos:
2 3 7
S0 (x) = x x + 1, x0 x x1 ,
5 5
1 27 41 19
S1 (x) = x3 + x2 x + , x1 x x2 ,
2 10 10 10
1 3
S2 (x) = (x 9x2 + 59x 85), x2 x x3 .
10
Exerccio 5.15 Aproxime a funo f (x) = sen(x) por uma spline natural, con-
siderando os pontos x0 = 0, x1 = /4, x2 = /2. Verique o valor interpolado
para x = /6 e compare com o valor obtido diretamente da funo.
interpolao 137
2. Seja a tabela
x 0 0, 25 0, 5
.
y 1, 0 1, 064494458 1, 284025416
Encontre o polinmio interpolador quadrtico para os pontos da tabela, e,
em seguida, compare os grcos do polinmio interpolador com o da funo
2
f (x) = ex . Determine o valor do polinmio em x = 0, 4 e estime o erro de
truncamento cometido pela aproximao.
3. Na srie de co cientca Star Trek, a nave Enterprise viaja com veloci-
dade medida em Wraps, onde 1 Wrap igual velocidade da luz no vcuo
c, e 10 Wraps innitamente rpido. De acordo com o Star Trak: The
Next Generation Technical Manual, by Sternbach e Okuda, a relao entre
Wraps e a velocidade da luz c dada pela tabela (veja [Etchells, 97]):
W rap 1 2 3 4 5 6 7 8 9
.
c 1 10 39 102 214 392 656 1024 1516
Determine o polinmio interpolador de Lagrange para esses pontos e, em se-
guida, determine qual o valor da velocidade da Enterprise quando a mesma
viaja com uma velocidade de 5, 5 Wraps.
Nota: De acordo com a teoria da Relatividade Geral de Einstein, nada
pode viajar com uma velocidade superior velocidade da luz no vcuo c,
embora haja uma teoria que prope partculas com velocidades superiores
da luz, chamadas de tachyons, mas estas ainda no foram comprovadas
experimentalmente ou observacionalmente.
y 0, 0 0, 5 0, 8660254037 1, 0
x = arcsen y 0, 0 6
3
2
Waldir
Assinado de forma
digital por Waldir L.
Roque
L.
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
[email protected]
Roque
om, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:19:46 -03'00'
Captulo 6
AJUSTE DE CURVAS
2. A
soma dos erros deve ser to pequena quanto possvel. Em outras palavras,
m
i=1 Ri deve ser minimizado. Esse critrio no interessante, j que
possvel termos a soma dos resduos nula sem que o ajuste seja bom. A
Figura 6.2 indica essa situao.
3. A
msoma dos resduos
m em valor absoluto deve ser a menor possvel. Isto ,
i=1 |Ri | = i=1 |f (xi ) yi | deve ser mnima. Esse critrio no bom,
pois a soma no se anula, e a funo valor absoluto no derivvel em seu
ajuste de curvas 141
Ri = f (xi ) yi , i = 1, . . . , m.
Seja {(xi , yi ), i = 1, . . . , m} um conjunto de pontos de uma tabela. A funo
f que melhor se ajusta, no sentido dos mnimos quadrados, aos pontos da tabela
denida como aquela cujos parmetros cj so determinados de tal forma que a
soma dos quadrados dos resduos seja mnima.
O resduo escrito como:
m
m
R = Ri2 = (f (xi ) yi )2 (6.2)
i=1 i=1
m
= (yi f (xi ))2
i=1
m
= (yi c1 1 (xi ) c2 2 (xi ) . . . cn n (xi ))2 .
i=1
R
(c ,..., c ) = 0. (6.3)
cj 1 n
Logo, calculando as derivadas parciais, temos:
R m
=2 (yi c1 1 (xi ) . . . cn n (xi )) (j (xi )); (6.4)
cj i=1
impondo a condio de nulidade das derivadas, obtemos:
m
(yi c1 1 (xi ) . . . cn n (xi )) (j (xi )) = 0, j, j = 1, . . . , n. (6.5)
i=1
ajuste de curvas 143
m
j =1 (yi c1 1 (xi ) . . . cn n (xi )) (1 (xi )) = 0,
i=1
m
j =2 (yi c1 1 (xi ) . . . cn n (xi )) (2 (xi )) = 0,
i=1
..
.
m
j =n (yi c1 1 (xi ) . . . cn n (xi )) (n (xi )) = 0.
i=1
m
m
(1 (xi )1 (xi ))c1 + (2 (xi )1 (xi ))c2 + . . .
i=1 i=1
m
m
+ (n (xi )1 (xi ))cn = (1 (xi )yi ),
i=1 i=1
..
. (6.6)
m
m
(1 (xi )n (xi ))c1 + (2 (xi )n (xi ))c2 + . . .
i=1 i=1
m
m
+ (n (xi )n (xi ))cn = (n (xi )yi ).
i=1 i=1
C = (c1 , c2 , . . . , cn ),
144 clculo numrico
B = (b1 , b2 , . . . , bn ),
com
m
bi = yk i (xk ),
k=1
temos o sistema:
A C = B.
Ri = yi f (xi ) = yi (a0 + a1 xi ).
Sabemos que Ri2 deve ser minimizado; ento, comparando os termos, temos
que:
1 (x) = 1, c1 = a0 ,
2 (x) = x, c2 = a1 .
m
m
a11 = 1 (xk )1 (xk ) = 1 1 = m,
k=1 k=1
m
m
m
a12 = 1 (xk )2 (xk ) = 1 xk = xk ,
k=1 k=1 k=1
m m m
a22 = 2 (xk )2 (xk ) = xk xk = x2k ,
k=1 k=1 k=1
m
m
b1 = yk 1 (xk ) = 1 yk ,
k=1 k=1
m
m
b2 = yk 2 (xk ) = 1yk xk .
k=1 k=1
Na forma matricial,
( )( ) ( )
m 2 x c y
k k 1
= k k
. (6.7)
k xk k xk c2 k yk xk
xk k y k
yk xk k
c2 = a1 = k
2 m
( k xk ) 2
, (6.10)
k xk m
c1 = a0 = Y a1 X, (6.11)
onde
xk
X = , k
(6.12)
m
yk
Y = k . (6.13)
m
146 clculo numrico
Exerccio 6.2 Uma mquina sofre um desgaste ao longo do tempo de tal forma
que passou a ter a produo anual dada na tabela de disperso a seguir:
x(anos) 0, 5 1, 0 1, 5 2, 0 2, 5 3, 0
y(produo) 3000 2700 2500 2000 1300 800
f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 . (6.14)
c1 = a0 , c 2 = a1 , c3 = a2 ,
(6.15)
1 (x) = 1, 2 (x) = x, 3 (x) = x2 .
m
m
a11 = 1 (x)1 (x) = 1 1 = m,
k=1 k=1
m
m
m
a12 = 1 (x)2 (x) = 1 xk = xk ,
k=1 k=1 k=1
m
m
m
a13 = 1 (x)3 (x) = 1 x2k = x2k ,
k=1 k=1 k=1
m
m
m
a22 = 2 (x)2 (x) = xk xk = x2k ,
k=1 k=1 k=1
m
m
m
a23 = 2 (x)3 (x) = xk x2k = x3k ,
k=1 k=1 k=1
m
m
m
a33 = 3 (x)3 (x) = x2k x2k = x4k ,
k=1 k=1 k=1
m
m
b1 = yk 1 (x) = yk ,
k=1 k=1
m
m
b2 = yk 2 (x) = yk xk ,
k=1 k=1
m
m
b3 = yk 3 (x) = yk x2k .
k=1 k=1
f (x) = a0 + a1 x + . . . + an xn . (6.17)
Estabelecendo as equivalncias entre os coecientes ai e os cj , e aps algumas
operaes, obtemos as equaes normais:
n
m k xk2 k xn+1 c1 k yk
yk xk
k
k xk k xk x
k k c2 k
.. .. .. .. = .. . (6.18)
. n . n+1 . 2n . . n
k xk k xk k xk cn k yk xk
O sistema (6.18) possui soluo nica desde que os pontos xi sejam distintos.
Como assumido que isso se verica na tabela de disperso, a soluo do sistema
existe e, portanto, a funo de ajuste polinomial obtida.
z = ln f (x) = ln y,
dessa relao podemos ver que:
x2k k xk k xk ln yk
ln yk
c1 = k k
, (6.21)
m k x2k ( k xk )2
m k xk ln yk k xk k ln yk
c2 = . (6.22)
m k x2k ( k xk )2
Contudo, sabemos que c1 = ec1 . Ento, uma vez obtidos os valores dos coe-
cientes, podemos escrever a funo exponencial de melhor ajuste como:
f (x) = ec1 ec2 x = ec1 +c2 x . (6.23)
Existem outras tcnicas que permitem fazer o ajuste de curvas, como Sries
de Fourier e polinmios ortogonais. No entanto, tais tcnicas esto fora do escopo
deste livro.
ajuste de curvas 151
D2 = ( ) ( ), (6.24)
( k xk )
2
2 (k yk )2
k xk k yk
2
m m
onde 0 D 1.
Quanto melhor o ajuste, mais prximo o coeciente D estar da unidade.
Uma frmula alternativa do coeciente de determinao dada por:
2
k (yk yk )
D =1
2
, (6.25)
2 ( k yk )2
k yk m
bn+2 = bn+1 = b0
2k + 1 k+1
bk = ak + xbk+1 bk+2 k = 0, . . . , n.
k+1 k+2
Implemente no Derive essa frmula recursiva e mostre que f (x) = b0 .
x 0, 2 0, 4 0, 6 0, 8 1, 0
.
F (x) 5, 5 10, 3 15, 8 21, 3 26, 5
Determine uma aproximao para o valor da constante de elasticidade da
mola k .
b)
x 1 2 3 4 5 6
.
y 1, 39 1, 95 2, 72 3, 79 5, 29 7, 39
500
P (t) = .
1 + aebt
Qual a estimativa de populao para o ano 2000?
Assinado de forma digital
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
Roque
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m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:20:18 -03'00'
Captulo 7
MTODOS DE DERIVAO
NUMRICA
f (x0 + h) f (x0 )
f (x0 ) + ET (f, h), (7.1)
h
onde ET corresponde ao erro de truncamento.
A aproximao dada pela equao (7.1) conhecida como diferena progressiva
ou posterior, uma vez que para obtermos a estimativa no ponto x0 utilizamos o
ponto posterior a este. Denotamos esta derivada por D+ (h).
Por outro lado, a aproximao poderia ser tomada, considerando a razo
incremental:
154 clculo numrico
f (x0 ) f (x0 h)
f (x0 ) + ET (f, h). (7.2)
h
Nesse caso, a equao (7.2) uma aproximao da derivada em x0 pela es-
querda, conhecida como diferena regressiva ou anterior e denotada por D (h).
Alternativamente, quando o valor de h pequeno, podemos considerar uma
nova aproximao da derivada de f (x) no ponto x0 por meio da reta que passa
pelos pontos (x0 h, f (x0 h)) e (x0 + h, f (x0 + h)), resultando na diferena:
f (x0 + h) f (x0 h)
f (x0 ) + ET (f, h). (7.3)
2h
Essa aproximao da derivada conhecida como diferena central e deno-
tada por D0 (h). A derivada central uma medida da mdia entre as derivadas
regressiva e progressiva.
Para obtermos o erro de truncamento devido aproximao pela diferena
central, vamos considerar a expanso da funo f em uma srie de Taylor para
f (x + h) e f (x h):
f (x)h2 f (x)h3
f (x + h) = f (x) + f (x)h + + + , (7.4)
2 6
e
f (x)h2 f (x)h3
f (x h) = f (x) f (x)h + + . (7.5)
2 6
Subtraindo (7.5) de (7.4), obtemos:
2f (x)h3
f (x + h) f (x h) = 2f (x)h + + . (7.6)
6
Se truncarmos a expresso anterior a partir da derivada terceira, e usando o
teorema de Taylor, temos que existe uma valor tal que |x | < h de forma
que:
2f ()h3
f (x + h) f (x h) = 2f (x)h + . (7.7)
6
Resolvendo a equao (7.7) para f (x), obtemos:
f (x + h) f (x h) h2 f ()
f (x) = . (7.8)
2h 6
f (x)
= Pn (x).
Se Pn (x) o polinmio interpolador, o erro gerado pela interpolao dado
por:
1
ET (x) = f (x) Pn (x) = (x)f (n+1) (), [x0 , xn ],
(n + 1)!
onde (x) = (x x0 )(x x1 ) (x xn ). Ento, a estimativa do erro para a
derivada :
z z(z 1) 2
Pn (z) = y0 + y0 + y0 + . . . +
1! 2!
z(z 1) . . . [z (n 1)] n
y0 ,
n!
com xi+1 xi = h e z = xx
h
0
.
Vamos considerar inicialmente o caso em que o polinmio interpolador linear,
temos que:
P1 (z) = y0 + zy0 ,
e como f (x) = dz df
dx dz
= 1 df
h dz
, obtemos:
1 dP1 (z) 1 y1 y0
f (x0 )
= = y0 = .
h dz h h
Vemos que esse resultado corresponde diferena progressiva da equao (7.1).
Fazendo o mesmo para o erro de truncamento, obtemos, neste caso:
h
f (), [x0 , x1 ].
ET (x) = (7.10)
2
Observe que no sabemos nem o valor do ponto , nem a derivada segunda,
mas da expresso (7.10) vemos que o erro de truncamento da ordem O(h). Se o
valor da derivada segunda no variar muito no intervalo, podemos reduzir o erro
pela metade tomando um novo valor de h como sendo h/2, e assim sucessivamente.
mtodos de derivao numrica 157
1
P2 (z) = y0 + zy0 + z(z 1)2 y0
2
1 1
f (x) = [y0 + (2z 1)2 y0 ]. (7.11)
h 2
Agora, considerando x = x0 , obtemos z = 0, e ento
1
f (x0 )
= (2y1 3y0 y2 ). (7.12)
2h
Se desejarmos estimar a deriva no ponto x = x1 , teremos z = 1 e ento da
expresso (7.11) obtemos:
1
f (x1 )
= (y2 y0 ). (7.13)
2h
Por m, ainda podemos estimar a derivada primeira no ponto x = x2 , onde
z = 2, resultando em
1
f (x2 )
= (y0 4y1 + y2 ). (7.14)
2h
Note que o resultado da deriva no ponto x = x0 equivalente a tomarmos a
diferena progressiva para trs pontos.
Aps alguma manipulao, podemos vericar que o erro de truncamento para
a derivada primeira no ponto x0 dado por:
h2
ET (x) = f (), [x0 , x2 ].
3
Veja que agora o erro da ordem O(h2 ). Note que podemos ainda obter a
derivada primeira com base nos polinmios de ordens superiores.
y2 2y1 + y0
f (x0 )
= ,
h2
e o erro de truncamento associado ser:
ET (x0 ) = hf ().
Observe que podemos obter tambm ainda as derivadas segundas nos pontos
x1 e x2 . De forma anloga, a derivada segunda pode ser obtida a partir do
polinmio de Gregory-Newton com ordens superiores a dois.
Para a estimativa da derivada terceira, devemos considerar, pelo menos, o
polinmio de ordem trs. Neste caso, aps algumas manipulaes, obtemos:
y3 3y2 + 3y1 y0
f (x0 )
= .
h3
Observe que podemos obter tambm ainda as derivadas terceiras nos pontos
x1 , x2 e x3 . De forma anloga, a estimativa da derivada terceira pode ser obtida
a partir do polinmio de Gregory-Newton com ordens superiores a trs.
1
f (1, 4)
= [3f(1, 4) + 2f(1, 5) f(1, 6)] = 2, 1435.
0, 2
Note que a derivada f (1, 4) poderia ainda ser obtida considerando-se as apro-
ximaes por um polinmios de Gregory-Newton de ordem 3 e ordem 4, uma vez
que a tabela contem 5 pontos.
f (x + h) f (x h)
F (h) = .
2h
Se o erro de truncamento, quando h 0, for conhecido podemos obter uma
boa aproximano para F (0), que corresponde derivada da funo f (x), pois:
h2 f ()
F (h) = f (x) + + O(h4 ).
6
Se considerarmos um passo de comprimento 2h nessa expresso, temos:
4h2 f ()
F (2h) = f (x) + + O(h4 ).
6
Subtraindo as duas expresses, temos:
3h2 f ()
F (2h) F (h) = + O(h4 )
6
F (2h) F (h) h2 f ()
= + O(h4 ). (7.15)
3 6
A expresso
h2 f ()
ET (F (h)) =
6
corresponde ao erro de truncamento associado funo F (h), o qual pode ser
estimado pela expresso do lado esquerdo da equao (7.15).
Usando a equao (7.15) na expresso para F (h), obtemos:
160 clculo numrico
F (2h) F (h)
F (h) = f (x) + + O(h4 ),
3
que nos d a derivada
F (h) F (2h)
f (x) = F (h) + + O(h4 ). (7.16)
3
Observe que a derivada na expresso (7.16) possui um erro de truncamento
da ordem de O(h4 ), em vez de O(h2 ) como na frmula da diferena central (7.8).
O mtodo para obteno da derivada primeira de ordem superior no erro, com
base em uma frmula de derivao de ordem inferior, conhecido como extrapo-
lao. A derivada f (x) dada pela frmula (7.16) conhecida como extrapolao
de Richardson.
Podemos mostrar que o mtodo de extrapolao de Richardson para derivadas
resulta em erros de truncamento que so sempre potncias pares de h.
t 1, 0 1, 1 1, 2 1, 3 1, 4
I(t) 8, 23 7, 24 5, 99 4, 53 2, 91
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
Roque
[email protected]
m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:20:57 -03'00'
Captulo 8
MTODOS DE INTEGRAO
NUMRICA
z z(z 1) 2
Pn (z) = y0 + y0 + y0 + . . . +
1! 2!
z(z 1) . . . [z (n 1)] n
y0 + Rn , (8.1)
n!
onde Rn o resduo da aproximao pela interpolao e z = xx0
h
. A expresso
do resduo dada por:
z(z 1)f ()
P1 (z) = y0 + zy0 , R1 (z) = . (8.3)
2!
x0 x0 x1 x0 h
z0 = = 0, z1 = = = 1.
h h h
Logo, a integral ca:
1
z 2 1
I = (y0 + zy0 )hdz = h[y0 z + y0 ] (8.4)
0 2 0
1 1
= h[y0 + (y1 y0 )] = h(y0 + y1 ).
2 2
1 h
A = h (f (x0 ) + f (x1 )) = (y0 + y1 ),
2 2
que o resultado da regra dos trapzios.
b
z(z 1)h2
1
ET = R1 dx = f ()hdz (8.5)
a 0 2!
( 3 )
h3 z z 2 1
= f ()
2! 2 2 0
h3
= f (), a b.
12
Observe que na expresso do erro dada em (8.5), se f () > 0, o erro ser por
excesso, e se f () < 0, o erro ser por falta.
3,6
Exemplo 8.1 Determinar o valor da integral 1
3,0 x
, utilizando a regra dos
dx
trapzios.
Soluo: O resultado falcilmente obtido, pois sabemos que o resultado da
integral dado por:
h
I= (y0 + y1 ),
2
mas como y = x1 , obtemos facilmente os valores:
1
y0 = 0, 333333,
3, 0
1
y1 = 0, 277777,
3, 6
h = x1 x0 = 3, 6 3, 0 = 0, 6.
Logo:
I 0, 183333.
O clculo do erro :
mtodos de integrao numrica 167
h3 2
ET = .
12 3
Como sabemos que 3, 0 3, 6, temos:
2 2 2
|f ()|max = = = .
3 33 27
Agora, o erro mximo ser
0, 63 2
ET = 1, 33333 103 .
12 27
x1 x2 xn
I = f (x) dx + f (x) dx + + f (x) dx
x0 x1 xn1
h h h
= (y0 + y1 ) + (y1 + y2 ) + + (yn1 + yn )
2 2 2
h
= (y0 + 2y1 + 2y2 + + 2yn1 + yn ). (8.6)
2
n1
(b a)3 f (i )
ET = 2
f (), a b; f () = i=0 . (8.7)
12n n
onde n corresponde ao nmero de divises consideradas do intervalo [a, b]. Vemos
que, quanto maior for o nmero n de divises do intervalo, melhor a aproximao
pela regra dos trapzios composta.
3,6
Exerccio 8.1 Resolva, pela regra dos trapzios composta, a integral , to- 1
3,0 x
dx
mando o nmero de divises do intervalo de integrao igual a n = 6. Determine
o erro cometido.
A primeira regra de Simpson obtida tomando a funo f (x) por uma apro-
ximao polinomial, usando o polinmio de Gregory-Newton de grau dois, isto
:
f (x) P2 (x),
z(z 1) 2 x x0
P2 (z) = y0 + zy0 + y0 , z = .
2! h
Assim, temos:
b b
I= f (x)dx P2 (x)dx.
a a
b
z(z 1) 2
2
I P2 (x)dx =
(y0 + zy0 + y0 )hdz
2!
[
a 0
( 3 ) ]
z2 z z2
h zy0 + y0 + y0 20
2
2 6 4
( )
1
h 2y0 + 2y0 + 2 y0 . (8.8)
3
y0 = y1 y0 , 2 y0 = y2 2y1 y0 ,
h
I (y0 + 4y1 + y2 ) , (8.9)
3
z(z 1)(z 2)
R2 (z) = f ()h3 .
3!
z(z 1)(z 2)
2
ET = f ()h4 dz (8.10)
0 3!
2
h4
= f () (z 3 2z 2 + 2z)dz
3! 0
h4 z4
= f ()( z 3 + z 2 ) 20
3! 4
= 0.
2
ET = R3 (z)dz (8.11)
0
2
z(z 1)(z 2)(z 3) iv
= f ()h5 dz
0 4!
h5 iv
= f (), a b.
90
Por meio dessa frmula, vemos que, se a funo f (x) for uma funo polinomial
de grau trs ou inferior, o clculo da integral via primeira regra de Simpson
exato, uma vez que f iv () zero para esses polinmios.
h
I1 (y0 + 4y1 + y2 ), (8.12)
3
h
I2 (y2 + 4y3 + y4 ),
3
..
.
h
In/2 = (yn2 + 4yn1 + yn ).
3
I = I1 + I2 + + In/2
h
= (y0 + 4y1 + 2y2 + 4y3 + 2y4 + + 2yn2 + 4yn1 + yn ), (8.13)
3
mtodos de integrao numrica 171
h n/2
n/21
I= y0 + 4 y2i1 + 2 y2i + yn . (8.14)
3 i=1 i=1
h5
ET = nf iv (), (8.15)
180
ou, substituindo h = ba
n
, obtemos:
(b a)5 iv
ET = f (), a b. (8.16)
180n4
Note que o erro de truncamento nesse caso diminui com a quarta potncia do
nmero de intervalos (n4 ). Na frmula do mtodo dos trapzios, o erro caa com
o quadrado do nmero de intervalos (n2 ).
Exerccio 8.2 Determine a integral 12 e2x dx, para n = 4. Quando n = 4, temos
n/2 = 4/2 = 2 pares de subintervalos. Qual o erro associado a integral?
x 2, 0 2, 5 3, 0 3, 5 4, 0
y 41 77, 25 130 202, 25 298
onde
3h5 iv
ET = f (), a b. (8.18)
80
(b a)5 iv
ET = f (), a b. (8.20)
80n4
Exerccio 8.4 Implemente computacionalmente a segunda regra de Simpson sim-
ples e composta.
b
n
I= f (x)dx = a0 f (x0 ) + a1 f (x1 ) + + an f (xn ) = ai f (xi ), (8.21)
a i=0
1 1
x = (b a)t + (b + a). (8.22)
2 2
Veja que para t = 1 x = a e para t = 1 x = b. Assim, a integral ca:
b 1
f (x)dx = F (t)dt,
a 1
b 1
f (x)dx = F (t)dt = A0 F (t0 ) + A1 F (t1 ) + A2 F (t2 ) + + An F (tn ). (8.23)
a 1
F (t) = tk , k = 0, 1, 2, 3,
teremos:
1
F (t)dt = A0 F (t0 ) + A1 F (t1 ).
1
Agora,
1
k = 0 t0 dt = A0 t00 + A1 t01 ,
1
1
k = 1 t1 dt = A0 t10 + A1 t11 ,
1
1
k = 2 t2 dt = A0 t20 + A1 t21 ,
1
1
k = 3 t3 dt = A0 t30 + A1 t31 .
1
A0 + A1 = 2, (8.24)
A0 t0 + A1 t1 = 0, (8.25)
2
A0 t20 + A1 t21 = , (8.26)
3
A0 t30 + A1 t31 = 0. (8.27)
t20 (A0 t0 + A1 t1 ) = 0.
[ ]
2 (2) 1 1
F(t) = f (2 (2)) t + (2 + (2))
2 2 2
= 2f(2t) = 2e2t
2
Como I = F(1/ 3) + F(1/ 3), temos:
2
I = 2e2(1/ 3)2
+ 2e2(1/ 3)
= 4e2/3 2, 053668476.
176 clculo numrico
F (t) = tk , k = 0, 1, 2, 3, 4, 5
teremos:
1
F (t)dt = A0 F (t0 ) + A1 F (t1 ) + A2 F (t2 ).
1
A0 + A1 + A2 = 2,
A0 t0 + A1 t1 + A2 t2 = 0
A0 t20 + A1 t21 + A2 t22 = 2/3
A0 t30 + A1 t31 + A2 t32 = 0
A0 t40 + A1 t41 + A2 t42 = 2/5
A0 t50 + A1 t51 + A2 t52 = 0,
cuja soluo
A0 = 8/9, A1 = A2 = 5/9, t0 = 0, t1 = t2 = 3/5. (8.31)
b
8 5 5
f (x) dx = F (0) + F ( 3/5) + F ( 3/5). (8.32)
a 9 9 9
A0 + A1 + + An = 2, (8.33)
A0 t0 + A1 t1 + + An tn = 0, (8.34)
A0 t20 + A1 t21 + + An t2n = 2/3, (8.35)
..
.
2n+1
A0 t0 + A 1 t12n+1
+ + An tn
2n+1
= 0. (8.36)
1
P2 (x) = 0 x = , (8.37)
3
3
P3 (x) = 0 x = 0 ou x = . (8.38)
5
Observe que as razes dos polinmios de Legendre P2 (x) e P3 (x) correspondem
exatamente aos valores de t0 e t1 para a quadratura Gaussiana, quando n = 1 e
de t0 , t1 e t2 para a quadratura Gaussiana, quando n = 2, respectivamente. A
soluo do sistema obtida aps substituirmos os valores dos t s e resolvermos
para os coecientes A s.
22k+1 k!4
ET = F 2k (), 1 1, (8.40)
(2k + 1)[(2k)!]3
onde k corresponde ao nmero de pontos.
mtodos de integrao numrica 179
Exerccio 8.6 Qual o valor do erro de truncamento para o exemplo 8.2 resolvido
anteriormente?
Uma maneira simples e algumas vezes til para a resoluo de ambos os casos
fazer uma mudana apropriada de varivel de modo a transformar a integral
imprpria em uma integral prpria que possa ser resolvida por uma tcnica nu-
mrica. Por exemplo, a integral imprpria
180 clculo numrico
1
sen x
dx, (8.43)
0 1x
pode ser transformada considerando-se a mudana de varivel u = 1 x, com
du = 2u
1
dx dx = 2du. Logo, a integral (8.43) torna-se
1 1
sen x
dx = 2 sen (1 u2 )du, (8.44)
0 1x 0
que pode ser agora resolvida usando quadratura Gaussiana, por exemplo.
ba dc
= h, = l. (8.46)
n m
De acordo com a primeira regra de Simpson, os valores de n e m devem ser
par para podermos gerar um nmero par de subintervalos. Desta forma geramos
um conjunto de pontos x0 , x1 , . . . , xn e y0 , y1 , . . . , ym . Escrevendo a integral (8.45)
na sua forma iterada, temos:
b ( d )
I= f (x, y) dA = f (x, y) dy dx. (8.47)
R a c
mtodos de integrao numrica 181
equation
Podemos considerar a integral na varivel y e resolv-la utilizando a primeira
regra de Simpson composta dada em (8.14). Fazendo yj = c + j l com j =
0, 1, . . . , m, onde l o tamanho do passo na direo y e considerando x constante,
temos:
d
m/21
m/2
l
f (x, y) dy = f (x, y0 ) + 2 f (x, y2j ) + 4 f (x, y2j1 ) + f (x, ym )
c 3 j=1 j=1
(d c)l4 4 f (x, )
ET = , c < < d. (8.49)
180 y 4
b
m/21
I = l f (x, y0 ) + 2 f (x, y2j )
a 3 j=1
m/2
+4 f (x, y2j1 ) + f (x, ym ) + ET (f, l) dx, (8.50)
j=1
resultando em
m/21 b
m/2 b
l b
I = f (x, y0 )dx + 2 f (x, y2j )dx + 4 f (x, y2j1 )dx
3 a j=1 a j=1 a
]
b
(d c)l4 b
4 f (x, )
+ f (x, ym )dx dx. (8.51)
a 180 a y 4
b
n/21
n/2
h
f (x, yj )dx = f (x0 , yj ) + 2 f (x2i , yj ) + 4 f (x2i1 , yj ) + f (xn , yj )
a 3 i=1 i=1
(b a)h4 4 f (j , yj )
, a < j < b. (8.52)
180 x4
Portanto, a aproximao da integral dupla iterada resulta em
b
hl
d n/21
f (x, y)dy dx f (x0 , y0 ) + 2 f (x2i , y0 )
a c 9 i=1
n/2
+ 4 f (x2i1 , y0 ) + f (xn , y0 )
i=1
m/21
m/21 n/21
+2 f (x0 , y2j ) + 2 f (x2i , y2j )
j=1 j=1 i=1
m/21 n/2
m/21
+ 4 f (x2i1 , y2j ) + f (xn , y2j )
j=1 i=1 j=1
m/2
m/2 n/21
+4 f (x0 , y2j1 ) + 2 f (x2i , y2j1 )
j=1 j=1 i=1
m/2 n/2
m/2
+ 4 f (x2i1 , y2j1 ) + f (xn , y2j1 )
j=1 i=1 j=1
n/21
+ f (x0 , ym ) + 2 f (x2i , ym )
j=1
n/2
+ 4 f (x2i1 , ym ) + f (xn , ym ) , (8.53)
i=1
[ ]
(d c)(b a) 4 f (, ) 4 e e)
f (, 4
ET = h 4
+ l4 4
, (8.54)
180 x y
e
with , , , e values in the region R.
1 1
I= ex y dy dx
0 0
{[
1 1
0, 25 0, 5
1
exi yj dy dx f (x0 , y0 ) + 2 f (x2i , y0 )
0 0 9 i=1
]
2
+4 f (x2i1 , y0 ) + f (x4 , y0 )
i=1
[ 0
0
1
+2 f (x0 , y2j ) + 2 f (x2i , y2j )
j=1 j=1 i=1
]
0
2
0
+ 4 f (x2i1 , y2j ) + f (xn , y2j )
j=1 i=1 j=1
[ 1
1
1
+4 f (x0 , y2j1 ) + 2 f (x2i , y2j1 )
j=1 j=1 i=1
]
1
2
1
+ 4 f (x2i1 , y2j1 ) + f (xn , y2j1 )
j=1 i=1 j=1
[
1
+ f (x0 , ym ) + 2 f (x2i , ym )
i=1
]}
2
+ 4 f (x2i1 , ym ) + f (xn , ym ) .
i=1
f (x0 , y0 ) = ex0 y0 = e0 = 1,
1
f (x2i , y0 ) = f (x2 , y0 ) = e0 = 1,
i=1
2
f (x2i1 , y0 ) = f (x1 , y0 ) + f (x3 , y0 ) = e0 + e0 = 2,
i=1
f (x4 , y0 ) = e0 = 1,
1
f (x0 , y2j1 ) = f (x0 , y1 ) = e0 = 1,
j=1
1
1
f (x2i , y2j1 ) = f (x2 , y1 ) = e0,50,5 = 1, 284025416,
j=1 i=1
1
2
1
f (x2i1 , y2j1 ) = [f (x1 , y2j1 ) + f (x3 , y2j1 )] = f (x1 , y1 ) + f (x3 , y1 )
j=1 i=1 j=1
0,250,5 0,750,5
=e +e = 2, 588139867,
1
f (x4 , y2j1 ) = f (x4 , y1 ) = e0,5 = 1, 648721270,
j=1
f (x0 , y2 ) = e0 = 1,
1
f (x2i , y2 ) = f (x2 , y2 ) = e0,51.0 = 1, 648721270,
i=1
2
f (x2i1 , y2 ) = f (x1 , y2 ) + f (x3 , y2 ) = e0,251,0 + e0,751,0
i=1
= 1, 284025416 + 2, 117000016 = 3, 401025432,
f (x4 , y2 ) = e1,0 = 2, 718281828.
Substituindo agora os valores acima na expresso (8.55), obtemos:
1 1
I= ex y dy dx 1, 318016005.
0 0
12
Exerccio 8.8 Resolva a intergal 0 0
cos (x + y)dy dx, usando a primeira regra
de Simpson composta com n = 4 e m = 4.
Uma extenso da aplicao da primeira regra de Simpson composta pode ser
efetuada para obteno da integral tripla iterada, utilizando para isso o mesmo
procedimento adotado.
186 clculo numrico
b d f
f (x, y, z)dz dy dx, (8.55)
a c e
Observe que neste caso, teremos ao nal uma expresso formada por 64 ter-
mos. Da mesma forma, podemos tambm obter a aproximao das integrais
triplas iteradas utilizando a segunda regra de Simpson composta. As dedues
destas aproximaes so deixadas como exerccios para o leitor.
1 1
y = (d c)v + (d + c), (8.58)
2 2
temos:
d 1
1 1 1
f (x, y)dy = (d c) f [x, (d c)v + (d + c)] dv. (8.59)
c 1 2 2 2
Denindo a funo,
1 1 1
F (x, v) = (d c) f [x, (d c)v + (d + c)], (8.60)
2 2 2
e aplicando a quadratura para n = 1, obtemos:
d
f (x, y)dy = F (x, v0 ) + F (x, v1 ), (8.61)
c
mtodos de integrao numrica 187
onde usamos A0 = A1 = 1 e consideramos v0 = v1 = 1/3, provenientes da
Tabela 8.1.
Agora a integral (8.56), torna-se
b
I= [F (x, v0 ) + F (x, v1 )]dx. (8.62)
a
1 1
x = (b a)u + (b + a), (8.63)
2 2
temos:
b b
I = F (x, v0 ) dx + F (x, v1 ) dx
a a
1
1 1 1
= (b a)F [ (b a)u + (b + a), v0 ] du
1 2 2 2
1
1 1 1
+ (b a)F [ (b a)u + (b + a), v1 ] du. (8.64)
1 2 2 2
Denindo-se,
1 1 1
G(u, v) = (b a) F [ (b a)u + (b + a), v], (8.65)
2 2 2
a integral torna-se:
1 1
I= G(u, v0 )du + G(u, v1 )du, (8.66)
1 1
1 1 1 1 1
G(u0 , v0 ) = f[ 1/3 + , 1/3 + ]
4 2 2 2 2
1
= f [ 1/12 + 1/2, 1/12 + 1/2]
4
1 (1/12+1/2)2
= e = 0, 4656663477,
4
G(u0 , v1 ) = 0, 2614175968
G(u1 , v0 ) = 0, 2614175968
G(u1 , v1 ) = 0, 2614175968,
portanto, a integral resulta em
1 1
I= ex y dy dx 1, 317764150.
0 0
mtodos de integrao numrica 189
1
2. Qual o valor da integral 0 x24+1 dx, usando a primeira regra de Simpson?
Utilize o Derive para determinar o valor exato da integral e, em seguida,
compare ao valor obtido com a regra de Simpson.
L.
DN: cn=Waldir L. Roque,
o, ou,
email=wlroque@gmail.
Roque
com, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:21:40 -03'00'
Captulo 9
RESOLUO NUMRICA DE
EDO'S
Denio 9.1 Uma equao diferencial ordinria de primeira ordem dada por
y = f(x, y), (9.1)
onde y = dy
dx
e y = y(x) uma funo desconhecida.
Denio 9.2 Um problema do valor inicial formado por uma equao dife-
rencial e uma condio inicial, de tal forma que:
Teorema 9.1 (Teorema de Lipschitz) Seja uma funo f(x, y) denida e con-
tnua em um intervalo a x b e < y < , com a e b valores nitos. Se
a funo f satisfaz a condio de Lipschitz, de existir uma constante L tal que
|f(x, y) f(x, y )| L|y y |, x [a, b], y, y ,
ento para qualquer valor inicial y0 existe uma nica soluo do problema do
valor inicial
y = f(x, y), y(a) = y0 .
Exemplo 9.2 Seja a equao diferencial do exemplo (9.1). Vemos que h inni-
tas solues, pois c uma constante arbitrria. No entanto, o problema do valor
inicial com a condio y(0) = 1 conduz a uma nica soluo dada por y(x) = ex .
f(x, y(x)) = x2 + y 2 ,
y (0) = 02 + y(0)2 = 0,
y (x) = 2x + 2yy y (0) = 2 0 + 2 y(0) y (0) = 0,
y (x) = 2 + 2y2 + 2yy y (0) = 2,
y(4) (x) = 6y y + 2yy(3) y(4) (0) = 0,
y(5) (x) = 6y2 + 8y y(3) + 2yy(4) y(5) (0) = 0.
2x3 x3
y(x) = .
3! 3
Vrios sistemas computacionais dispem de facilidades para resoluo de equa-
es diferenciais ordinrias. Hoje, temos alguns sistemas de computao algbrica
com enorme capacidade de resoluo de equaes diferenciais de forma puramente
simblica, como por exemplo o maple e o mathematica.
yi
(k)
y
yi+1 yi + h + + i hk , (9.6)
1! k!
onde as derivadas so obtidas a partir da equao (9.3) avaliadas para os pontos
x = x i , y = yi .
resoluo numrica de edo's 195
xi = x0 + ih, i = 1, . . . , n,
yi+1 = yi + hyi .
onde usamos yi = f (xi , yi ). A equao (9.7) recursiva, podendo ser usada para
estimarmos y1 , y2 , . . ., partindo-se da condio inicial y0 = y(x0 ).
A frmula recursiva (9.7) chamada de mtodo de Euler para soluo do pro-
blema do valor inicial. Observe que, na recurso de Euler, no h necessidade de
fazermos qualquer derivao.
Embora o mtodo de Euler seja bastante simples, o mesmo pouco utilizado
para a soluo numrica do problema do valor inicial, j que h outros mtodos,
como veremos adiante, que possuem uma melhor ecincia e acurcia. Como
tudo tem custos e benefcios, os outros mtodos so mais complicados, porm
computacionalmente melhores.
Assim, temos:
Mtodo de Heun
O princpio dessa nova tcnica est no mtodo de Euler. Nesse mtodo, cami-
nhamos ao longo da direo da reta tangente curva no ponto (xn , yn ), durante
todo o intervalo de comprimento igual ao passo, enquanto a curva-soluo comea
a desviar-se. Se, ao invs de considerarmos a derivada progressiva, tomarmos a
(e)
mdia das direes tangentes para os pontos (xn , yn ) e (xn+1 , yn+1 ), onde o (e)
denota o resultado determinado para x = xn+1 pelo mtodo de Euler, podemos
melhorar a aproximao.
A inclinao das duas retas tangentes determinada por:
Se denirmos os termos
(n)
k1 = hf (xn , yn ),
(n) (e)
k2 = hf (xn+1 , yn+1 ) = hf (xn + h, yn + k1 ),
ento, podemos dar um passo h, a partir de (xn , yn ) na direo da mdia das duas
retas tangentes, tomando
resoluo numrica de edo's 199
1 (n) (n)
yn+1 = yn + (k1 + k2 ). (9.8)
2
(e)
Observe que, pelo mtodo de Euler, temos yn+1 = yn + hf (xn , yn ).
A aproximao do problema do valor inicial via a frmula (9.8) conhecida
como mtodo de Heun.
(n)
k1 = hf (xn , yn ),
(n)
(n) h k
k2 = hf (xn + , yn + 1 ),
2 2
(n)
(n) 3h 3k2
k3 = hf (xn + , yn + ),
4 4
1 (n) (n) (n)
yn+1 = yn + (2k1 + 3k2 + 4k3 ). (9.9)
9
Exerccio 9.5 Resolva o Exemplo 9.6 utilizando o mtodo de Runge-Kutta de
terceira ordem.
O mtodo clssico de Runge-Kutta permite reduzir o erro global de trunca-
mento para O(h4 ). Da mesma forma que os demais, o intervalo [x0 , b] dividido
em n partes de comprimento h. Se calcularmos agora a funo f (x, y) quatro
vezes em vez de apenas duas, como no mtodo de Heun, ou trs como o mtodo
de terceira ordem, teremos o mtodo clssico de Runge-Kutta dado a seguir:
(n)
k1 = hf (xn , yn ),
(n)
(n) h k
k2 = hf (xn + , yn + 1 ),
2 2
(n)
(n) h k
k3 = hf (xn + , yn + 2 ), (9.10)
2 2
(n) (n)
k4 = hf (xn + h, yn + k3 ),
1 (n) (n) (n) (n)
yn+1 = yn + (k1 + 2k2 + 2k3 + k4 ).
6
Em virtude da ordem do erro de truncamento deste mtodo ser O(h4 ), o
mtodo de Runge-Kutta dado pelas equaes em (9.10) tambm conhecido
como Runge-Kutta de quarta ordem. Todos esses mtodos operam com base
na informao de um passo apenas, ou seja, para computar (x1 , y1 ), precisamos
apenas do ponto inicial (x0 , y0 ), e assim sucessivamente. Por essa razo, todos
os mtodos estudados at o momento pertencem classe dos mtodos de passo
simples.
Aps a obteno de certo nmero de pontos, por meio dos mtodos de passo
simples, natural que os valores j determinados possam ser utilizados para obter
os valores dos pontos subseqentes. Os mtodos que se baseiam nessa tcnica so
conhecidos como mtodos de passos mltiplos.
Uma vantagem dos mtodos de passo simples que estes so auto-inicializveis,
j que a condio inicial um dado do problema do valor inicial. Ao contrrio,
resoluo numrica de edo's 201
y = f (x, y).
h
yn+1 = yn + [f (xn , yn ) + f (xn+1 , yn+1 )] . (9.12)
2
O erro de truncamento global do mtodo trapezoidal de ordem O(h2 ). Ob-
serve que nos mtodos de Runge-Kutta, para computarmos o valor de yn+1 as
equaes dependem apenas dos valores anteriores, isto , de xn e yn . Tais mtodos
so tambm conhecidos como mtodos explcitos. No entanto, quando olhamos
para o mtodo trapezoidal, vemos que na equao (9.12) o lado direito depende
do termo yn+1 . Ou seja, o mtodo trapezoidal um mtodo implcito. Quando
a funo f (x, y) linear, o mtodo requer a resoluo de uma equao linear,
porm, quando a funo no linear em y(x), o mtodo torna-se mais complexo,
devido necessidade de resoluo de uma equao no linear. Os exemplos a
seguir ilustram esses casos.
h
y1 = y0 + (x0 y0 + x1 y1 )
2
0, 2
= 1+ (0 1 + 0, 2 y1 ) = 1 + 0, 02y1
2
y1 1, 020408.
y1 = 0, 1 ey1 + 1, 03678.
y1 = 1, 07105.
y2 = 0, 1 ey2 + 1, 10531,
y2 = 1, 13738.
(0)
yn+1 = yn + hf (xn , yn ),
(k+1) h( (k)
)
yn+1 = yn + f (xn , yn ) + f (xn+1 , yn+1 ) , k = 0, 1, 2, . . .
2
importante vericar se a aplicao do mtodo trapezoidal garantir conver-
gncia para o tamanho de passo escolhido. Para isso, podemos mostrar que a
condio de convergncia para o mtodo do ponto-xo dada por:
h f
2 y < 1,
xn+2 xn+2
y dx = f (x, y(x))dx
xn xn
h
yn+2 yn = [f (xn , yn ) + 4f (xn+1 , yn+1 ) + f (xn+2 , yn+2 )]
3
h
yn+2 = yn + [f (xn , yn ) + 4f (xn+1 , yn+1 ) + f (xn+2 , yn+2 )]. (9.13)
3
Observe a equao (9.13) implcita para yn+2 . Alm do mais, quando no
conhecemos o valor de y1 , que deve ser conhecido a priori para que se possa
resolver a equao, em geral se utiliza um mtodo explcito, como Euler, para se
determinar y1 e ento substitu-lo na equao (9.13) para obteno de y2 , e assim
obter as demais solues para n > 0.
h
yn+1 = yn + (fn2 5fn1 + 19fn + 9fn+1 ), (9.14)
24
onde o termo fn+1 pn+1 computado antecipadamente pela frmula
h
pn+1 = yn + (55fn 59fn1 + 37fn2 9fn3 ). (9.15)
24
As frmulas (9.15) e (9.14) so conhecidas, respectivamente, como preditor e
corretor de Adams-Basforth-Multon de quarta ordem.
resoluo numrica de edo's 205
251 (5) 5
|y(xn+1 ) pn+1 | = y () h ,
720
19 (5) 5
|y(xn+1 ) yn+1 | = y ( ) h ,
720
para o previsor e corretor, respectivamente, com , (0, 1).
Se supusermos que o passo h bem pequeno e que a derivada y (5) constante
ao longo do intervalo, ento podemos ver que
19
|y(xn+1 ) yn+1 | |yn+1 pn+1 |.
270
Dessa relao, podemos observar que o erro estimado entre os dois valores no
depende da derivada, mas apenas dos valores do preditor e corretor.
x (t) = y(t),
x (t) = y, (9.19)
y (t) = f (t, x, y), (9.20)
x(t0 ) = x0 , y(t0 ) = y0 .
Agora, com base nesse sistema de duas equaes de primeira ordem com con-
dies iniciais, podemos usar um mtodo, como Runge-Kutta, para encontrar
duas seqncias xk e yk , em que a primeira corresponde soluo numrica do
problema do valor inicial de segunda ordem.
Em geral, o problema do valor inicial de segunda ordem pode ser expresso da
forma:
Portanto, as equaes (9.24) e (9.25) denem dois PVI de primeira ordem para
as funes u1 (x) e u2 (x). Estas equaes esto acopladas.
A resoluo destas equaes utilizando o mtodo de Runge-Kutta clssico,
dada por:
resoluo numrica de edo's 207
(n)
k1,1 = hf1 (xn , u1 (xn ), u2 (xn )) = hu2 (xn ) (9.26)
(n) (n)
(n) h k1,1 k1,2
k2,1 = hf1 (xn + , u1 (xn ) + , u2 (xn ) + ), (9.27)
2 2 2
(n) (n)
(n) h k2,1 k2,2
k3,1 = hf1 (xn + , u1 (xn ) + , u2 (xn ) + ), (9.28)
2 2 2
(n) (n) (n)
k4,1 = hf1 (xn + h, u1 (xn ) + k3,1 , u2 (xn ) + k3,2 ), (9.29)
(n)
k1,2 = hf2 (xn , u1 (xn ), u2 (xn )) (9.30)
(n) (n)
(n) h k1,1 k1,2
k2,2 = hf2 (xn + , u1 (xn ) + , u2 (xn ) + ), (9.31)
2 2 2
(n) (n)
(n) h k2,1 k2,2
k3,2 = hf2 (xn + , u1 (xn ) + , u2 (xn ) + ), (9.32)
2 2 2
(n) (n) (n)
k4,2 = hf2 (xn + h, u1 (xn ) + k3,1 , u2 (xn ) + k3,2 ), (9.33)
1 (n) (n) (n) (n)
u1,n+1 = u1,n + (k1,1 + 2k2,1 + 2k3,1 + k4,1 ), (9.34)
6
1 (n) (n) (n) (n)
u2,n+1 = u2,n + (k1,2 + 2k2,2 + 2k3,2 + k4,2 ), (9.35)
6
onde n = 0, 1, 2, , e f1 (x, u1 , u2 ) = u2 e f2 (x, u1 , u2 ) = f (x, u1 , u2 ).
(n)
Observe que por ser um sistema de equaes acopladas, o clculo dos ki,j
devem ser realizados xando-se i e variando o j , at obter-se todos os valores.
Exemplo 9.10 Seja o problema do valor inicial de segunda ordem y (x)+4y (x)+
5y(x) = 0, y(0) = 3, y (0) = 5. Determine o sistema de equaes de primeira
ordem equivalente e em seguida use o mtodo de Runge-Kutta para determinar a
seqncia de solues no intervalo [0, 1], com passo h = 0, 1 para dez iteraes.
Soluo: a equao diferencial pode ser expressa da forma:
u1 (x) = y(x),
u2 (x) = y (x),
temos que:
u1 (0) = y(0) = 3,
u2 (0) = y (0) = 5.
Assim, os dois problemas do valor inicial de ordem um, so:
(0)
k1,1 = hf1 (x0 , u1 (x0 ), u2 (x0 )) = h u2 (x0 ) = 0, 1 (5) = 0, 5,
(0)
k1,2 = hf2 (x0 , u1 (x0 ), u2 (x0 )) = h(4u2 (x0 ) 5u1 (x0 )) = 0, 5,
( )
(0) h 1 (0) 1 (0)
k2,1 = hf1 x0 + , u1 (x0 ) + k1,1 , u2 (x0 ) + k1,2 = 0, 475,
2 2 2
( )
(0) h 1 (0) 1 (0)
k2,2 = hf2 x0 + , u1 (x0 ) + k1,1 , u2 (x0 ) + k1,2 = 0, 525,
2 2 2
( )
(0) h 1 (0) 1 (0)
k3,1 = hf1 x0 + , u1 (x0 ) + k2,1 , u2 (x0 ) + k2,2 = 0, 47375,
2 2 2
( )
(0) h 1 (0) 1 (0)
k3,2 = hf2 x0 + , u1 (x0 ) + k2,1 , u2 (x0 ) + k2,2 = 0, 51375,
2 2 2
( )
(0) (0) (0)
k4,1 = hf1 x0 + h, u1 (x0 ) + k3,1 , u2 (x0 ) + k3,2 = 0, 448625,
( )
(0) (0) (0)
k4,2 = hf2 x0 + h, u1 (x0 ) + k3,1 , u2 (x0 ) + k3,2 = 0, 531375.
Note que para obtermos a soluo para o prximo passo, isto , em y(x2 )
necessrio que tenhamos computado o valor de u2,1 , pois este valor ser utilizado
nos clculos dos km,n
(1)
, m = 1, 2, 3, 4 e n = 1, 2.
Uma extenso da tcnica aplicada para equaes de segunda ordem pode ser
utilizada para equaes diferenciais de ordem superiores. Em geral, uma equao
diferencial de ordem m pode ser escrita da forma:
v1 = u = v2 ,
v2 = u = v3 ,
v3 = u = v4 ,
..
. (9.37)
vm1 = u(m1) = vm ,
vm = u(m) = f (x, u, u , u , . . . , u(m1) ).
vk (x0 ) = ak , k = 1, . . . , m.
A soluo do sistema pode ser encontrada pela aplicao do mtodo de Runge-
Kutta, analogamente ao realizado para o caso do problema do valor inicial de
segunda ordem.
210 clculo numrico
Exemplo 9.11 Seja o problema do valor inicial de terceira ordem dado por:
y = x + y + 2y + y2 , y(0) = y (0) = y (0) = 0.
Encontre o sistema de primeira ordem equivalente.
Soluo: Fazendo y(x) = v1 , temos:
v1 = v2 , v1 (0) = 0,
v2 = v3 , v2 (0) = 0,
v3 = x + v1 + 2v2 + v32 , v3 (0) = 0.
y2 (2 + h2 q1 )y1 + y0 = h2 f1 ,
como y0 = , temos
y2 (2 + h2 q1 )y1 = h2 f1 . (9.42)
Para i = n 1, temos:
como yn = , temos
y1
y2
y=
..
(9.44)
.
yi1
212 clculo numrico
(2 + h2 q1 ) 1 0 0
1 (2 + h 2
q ) 1 0
2
..
A= . ,
0 1 (2 + h2 qi2 ) 1
0 1 (2 + h2 qi1 )
(9.45)
h2 f1
h 2 f2
B=
..
.
, (9.46)
2
h fi2
h fi1
2
escrevemos
A y = B, (9.47)
que corresponde ao conjunto de equaes dadas em (9.41). A soluo deste
sistema ser nica desde que a condio q(x) > 0, x [a, b]. Assim, a solu-
o desse sistema soluo do problema do valor de fronteira em cada ponto
xi , i = 1, . . . , n 1.
Exemplo 9.12 Seja o problema do valor de fronteira dado por:
y y = 0, y(0) = 0, y(1) = 1, 175, h = 0, 25.
Encontre a soluo utilizando o mtodo estudado anteriormente.
Soluo: Para resolver o problema, vamos escrever o sistema de equaes
(9.47). As funes q(x) = 1 > 0, 0 x 1 e f (x) = 0. Neste caso as matrizes
tornam-se:
(2 + h2 ) 1 0 y1 0
1 (2 + h2 ) 1 y2 = 0 .
0 1 (2 + h )
2
y3 1, 175
Resolvendo o sistema, obtemos:
0, 2528
y = 0, 5214 .
0, 8225
resoluo numrica de edo's 213
dx(t)
= x(1 y 2 ); x(0) = 5,
dt
dy(t)
= y(0, 75x 1, 5); y(0) = 2.
dt
Encontre a soluo do sistema para t = 1, com h = 0, 1, usando o mtodo
de Runge-Kutta.
Waldir L.
por Waldir L. Roque
DN: cn=Waldir L. Roque, o,
ou,
Roque
[email protected]
m, c=BR
Dados: 2013.03.28
15:22:28 -03'00'
Referncias Bibliogrcas
[Arenales, 07] ARENALES, S. e DAREZZO, A. Clculo Numrico: Aprendiza-
gem com apoio de software. So Paulo : Thomson Learning, 2007.
[Barroso et al., 87] BARROSO, L. C. et al. Clculo numrico com aplicaes. So
Paulo : Harbra, 1987.