ས་གསམ་པའའ་མདད།
O Sutra dos Três Corpos
Trikāyasūtra
འཕགས་པ་ས་གསམ་ཞཞས་བ་བ་ཐཞག་པ་ཆཞན་པདའའ་མདད།
’phags pa sku gsum zhes bya ba theg pa chen po’i mdo
O Nobre Sutra Mahayano
“Os Três Corpos”
Āryatrikāyanāmamahāyānasūtra
Toh 283, Degé Kangyur, vol. 68 (mdo sde, ya), folios 56a–57a
Traduzido por the Buddhavacana Translation Group.
Conteúdo
Sumário
Agradecimentos
Introdução
A TRADUÇÃO
O Sutra dos Três Corpos
Notas
Bibliografia
Sumário
Como o titulo sugere, este sutra descreve os três corpos do Buda. Quando o Buda estava
residindo na montanha do Pico dos Abutres em Rajagriha, o Bodisatva Ksitigarbha pergunta se
o Tathagata tem um corpo, então o Buda responde que o Tathagata tem três corpos: um
darmakaya, um sambhogakaya e o um nirmanakaya. O Buda passa a descrever o que constitui
cada um desse três corpos e o seu significado associado. O Buda explica que o darmakaya é
como o espaço, que o sambhogakaya é como as nuvens e o nirmanakaya é igual a chuva. Ao
final da elucidação do Buda, Ksitigarbha expressa júbilo, e o Buda declara que quem sustenta
esse ensinamento do Darma irá obter mérito imensurável.
Agradecimentos
Tradução por Buddhavacana Translation Group, Viena, sobre a supervisão de Khenpo Konchok
Tamphel. Traduzido para o inglês por Rolf Scheuermann e Casey Kemp. Tradução para o
português por Vagner Cassola para estudo durante o retiro aberto no CEBB Darmata em junho
de 2015.
Introdução
O cenário desse sutra é a montanha do Pico dos Abutres em Rajagriha, se diz que esse foi
o local onde o Buda, explicando a vacuidade durante o segundo giro da roda do Darma, deu
ensinamentos sobre o prajnaparamita e outros tópicos associados ao Budismo Mahayano. É aqui
que o bodisatva Ksitigarbha pergunta ao Buda uma séria de questões sobre o corpo do Buda, ás
quais o Buda responde expondo ensinamentos sobre os três corpos.
Os ensinamentos sobre os três corpos do Buda (trikaya) foi extensivamente associada a
escola Yogacara do pensamento Budista, apesar dos termos darmakaya e rupakaya (forma do
corpo) serem certamente encontrados em sutras como o Aṣṭasāhasrikāprajñāpāramitāsūtra.¹
Foi sugerido que sutras, tais como o Trikāyasūtra, podem ter evoluído depois dos tratados
Yogacara tais como o Mahāyānasūtrālaṃkāra.²
Este esquema de três maneiras também pode ser interpretado como a descrição dos
diferentes aspectos da iluminação ou do próprio estado búdico. O darmakaya, algumas vezes
traduzido como o “corpo absoluto” ou “corpo real,” geralmente se refere a natureza essencial do
Buda, como se afirma nesse sutra. Sambhogakaya e nirmanakaya, conhecidos coletivamente
como corpo de forma, são entendidas como emanações do darmvamntakaya, ou natureza
essencial do Buda. Em outras palavras, eles são manifestações da atividade iluminada do Buda.
O sambhogakaya, algumas vezes é traduzido como “corpo de êxtase,” é a forma de aparência
que o Buda manifesta para bodisatvas e praticantes em estados meditativos e sonhos. O
nirmanakaya, algumas vezes traduzido como “corpo manifestado,” é a forma física do Buda que
pode ser visto por qualquer ser senciente. O Buda, que é capaz de emanar incontáveis forma, faz
isso a fim de liberar os seres através da iluminação e demonstração do Darma. Todo os três
corpos³ são, em última análise, considerados inseparáveis.
Esse é o único sutra conhecido no Kangyur tibetano dedicado exclusivamente a ensinar
sobre a doutrina dos três corpos. O Buda explica aqui como devemos ver os corpos do Buda
usando analogias e relaciona os três corpos a outras doutrinas budistas relevantes tais como as
quatro sabedorias.⁴
Este sutra foi primeiramente traduzido por W. Woodville Rockhill para a publicação do
livro The Life of the Buddha and the Early History of His Order em 1884 . Atualmente não há
nenhuma versão conhecida em Sânscrito, e entre as diferentes versões tibetanas publicadas do
texto fonte, não parece haver quaisquer variantes significativas.
A TRADUÇÃO
O Nobre Sutra Mahayano
Os Três Corpos
[F.56.a] Homagem a todos os budas e bodisatvas!
Assim eu ouvi. Uma vez o Abençoado estava residindo em Rajagriha, na Montanha do
Pico do Abutres. Ele estava acompanhado por todo seu séquito, por imensuráveis, incontáveis
bodisatvas e por deuses e nagas. Eles demonstravam respeito ao Abençoado e faziam oferendas
a ele.
Em dado momento, o bodisatva Ksitigarbha, que estava sentado entre a comitiva,
levantou-se de seu lugar e perguntou: “O Abençoado tem um corpo?”
O Abençoado respondeu: “Ó Ksitigarbha, o Abençoado, o Tathagata, [F.56.b] possui três
corpos: um darmakaya, um sambhogakaya e um nirmanakaya. Ó filho de uma nobre família, os
três corpos do Tathagata são estes: a natureza pura é o darmakaya, absorção pura meditativa é o
sambhogakaya e a conduta pura é o nirmanakaya de todos os budas.
“Ó filho de uma nobre família, o darmakaya do Tathagata consiste no fato que ele não
tem natureza, assim como o céu. O sambhogakaya consiste no fato de que ele surge, assim
como uma nuvem. O nirmanakaya consiste na atividade de todos os budas, o fato de que ele
banha tudo, assim como a chuva.”
O bodisatva Ksitigarbha então perguntou ao Abençoado: “Como alguém deveria ver essas
explicações sobre os três corpos do Abençoado?”
O Abençoado respondeu ao bodisatva Ksitigarbha, “Ó filho de uma nobre família, você
deveria ver os três corpos do Tathagata assim: O darmakaya deveria ser visto como aquilo que é
a essência do Tathagata. O sambhogakaya deveria ser visto como aquilo que é a essência dos
bodisatvas. O nirmanakaya deveria ser visto como aquilo que é a essência dos seres comuns que
conduzem a si mesmo com dedicação.
“Ó filho de uma nobre família, o darmakaya continua sendo a mesma natureza para todos
os budas. O sambhogakaya continua sendo a mesma absorção meditativa para todos os budas. O
nirmanakaya continua sendo a mesma atividade desperta para todos os budas.
“Ó filho de uma nobre família, a base de tudo em seu estado puro é a sabedoria do
espelho, o darmakaya. A mente aflita em seu estado puro é a sabedoria da igualdade. A cognição
mental em seu estado puro é a sabedoria discriminativa, o sambhogakaya. Os cinco sentidos
cognitivos em seu estado puro é a sabedoria completamente realizada, o nirmanakaya.”
Então o bodisatva Ksitigarbha então falou ao Abençoado: “Ó Abençoado, o nobre Darma
que eu tenho ouvido do Abençoado [F.57.a] é excelente, Ó Sugata, realmente excelente!”
Então o Abençoado declarou: “Ó filho de uma nobre família, quem quer que respeite
inteiramente esse discurso do Darma do Abençoado irá obter méritos imensuráveis,
indescritíveis, incalculáveis e insondáveis.”
Quando o Abençoado pronunciou essas palavras, o mundo, incluindo o bodisatva
Ksitigarbha, os deuses, nagas, yakṣas, e gandarvas se alegraram e louvaram os ensinamentos do
Abençoado.
Isso concluí o nobre sutra Mahayano “Os três corpos.”
Notas
1 Para mais considerações filosóficas dos três corpos, veja Harrison (1992) pags 44-94.
2 Veja Makransky (1997) pags.274.
3 Algumas obras Mahayanas como Abhisamayālaṅkāra de Maitreia também menciona um quarto
corpo, um svābhāvikakāya, ou “corpo inato.” Existe interpretações conflitantes por comentaristas
Indianos e Tibetanos sobre a relação entre svābhāvikakāya e darmakaya. Para mais considerações
sobre os quatro corpos, veja Makransky (1997).
4 Para mais informações sobre a relação entre os três corpos e as quatro sabedorias na literatura budista,
veja Brunnhölzl (2009) pags.71-76.
Bibliografia
’phags pa sku gsum zhes bya ba theg pa chen po’i mdo (Āryatrikāyanāmamahāyānasūtra). Toh 283.
Degé Kangyur, vol. 68 (mdo sde, ya), folios 56a–57a.
’phags pa sku gsum zhes bya ba theg pa chen po’i mdo (Āryatrikāyanāmamahāyānasūtra). bka’ ’gyur
(dpe bsdur ma) [Comparative Edition of the Kangyur], krung go’i bod rig pa zhib ’jug ste gnas kyi
bka’ bstan dpe sdur khang (The Tibetan Tripiṭaka Collation Bureau of the China Tibetology Research
Center). 108 volumes. Beijing: krung go’i bod rig pa dpe skrun khang (China Tibetology Publishing
House), 2006-2009, vol. 68 (mdo sde, ya), pp 168-170.
Brunnhölzl, Karl (2009). Luminous Heart: The Third Karmapa on Consciousness, Wisdom, and Buddha
Nature. Ithaca: Snow Lion Publications, 2009.
Harrison, Paul (1992). “Is the Dharma-kāya the Real ‘Phantom Body’ of the Buddha?” In The Journal of
the International Association for Buddhist Studies, vol. 15 No 1, 1992. pp 44-94.
Makransky, John J. (1997). Buddhahood Embodied: Sources of Controversy in India and Tibet. SUNY
Series in Buddhist Studies. Albany: State University of New York Press, 1997.
Nagao, Gadjin M. Mādhyamika and Yogācāra: A Study of Mahāyāna Philosophies. Leslie S. Kawamura
(Trans.) Albany: State University of New York, 1991.
Rockhill, W. Woodville (Trans.) The Life of the Buddha and The Early History of His Order Derived from
Tibetan Works in the Bkah-hgyur and Bstan-hgyur. London: Trübner & Co., Ludgate Hill, 1884.