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UC3 - Sitemas de Gestão Integrados

O documento discute vários sistemas de gestão integrados, incluindo ISO 9001 (qualidade), ISO 14001 (meio ambiente), OHSAS 18001 (saúde e segurança ocupacional) e SA8000 (responsabilidade social). Ele fornece uma introdução a cada norma, incluindo requisitos, benefícios e atualizações. O documento também discute a evolução histórica da gestão da qualidade e a importância da adoção de sistemas de gestão.

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Marlon de Castro
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Série gestão

sistemas
de gestão
integrados
Série gestão

Sistemas
de Gestão
Integrados
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA – FIESC

Glauco José Côrte


Presidente

Mario Cezar de Aguiar


Vice - Presidente

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antonio José Carradore


Diretor de Operações do SENAI/SC
Série GESTÃO

Sistemas
de Gestão
Integrados
© 2015. SENAI – Departamento Nacional

© 2015. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA
_____________________________________________________________________________

S491s
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Sistemas de gestão integrados / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2015.
77 p. : il. (Série Gestão).

ISBN 978-85-7519-945-9

1. Controle de qualidade. 2. Controle de qualidade – Normas. 3.


Normalização. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina. II. Título. III. Série.

CDU: 658.56
_____________________________________________________________________________

SENAI Sede

Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto


Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - A origem da ISO série 9000.........................................................................................................................15
Figura 2 - Processamento de informações................................................................................................................22
Figura 3 - Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade...................................................................23
Figura 4 - Ciclo PDCA........................................................................................................................................................24
Figura 5 - Histórico da atualização ISO 9001:2015.................................................................................................37
Figura 6 - Boas práticas em programa de gestão de segurança e saúde no trabalho...............................55
Figura 7 - Informações e conhecimento....................................................................................................................67

Quadro 1 - Família ISO 9000...........................................................................................................................................17


Quadro 2 - Aspectos de gestão de processos..........................................................................................................23
Quadro 3 - Exemplo de situação...................................................................................................................................25
Quadro 4 - Princípios da qualidade associados à ISO 9001:2008.....................................................................26

Tabela 1 - Equivalência das normas.............................................................................................................................38


Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Necessidade de Controle de Qualidade.................................................................................................................11


2.1 ISO no Brasil....................................................................................................................................................12
2.2 NBR ISO 9001:2008......................................................................................................................................13
2.3 Evolução histórica........................................................................................................................................14
2.4 Série ISO 9000................................................................................................................................................15

3 ISO 9001:2008..................................................................................................................................................................19
3.1 Importância da ISO 9001:2008................................................................................................................20
3.2 ISO 9001:2008 – abordagem por processos.......................................................................................22
3.3 ISO 9001:2008 e o PDCA............................................................................................................................24
3.4 Princípios da qualidade associados à ISO 9001:2008......................................................................25
3.5 Componentes do sistema de gestão da qualidade.........................................................................26
3.5.1 Sistema de gestão da qualidade..........................................................................................26
3.5.2 Responsabilidade da direção................................................................................................29
3.5.3 Gestão de recursos....................................................................................................................31
3.5.4 Realização do produto.............................................................................................................31
3.5.5 Medição, análise e melhoria...................................................................................................33
3.5.6 A ISO 9001 irá mudar, você está preparado?...................................................................35
3.5.7 Aproximação da ISO 9001 à 14001 e 18001.....................................................................37

4 ISO 14001:2004................................................................................................................................................................41
4.1 Importância da ISO 14001:2004..............................................................................................................42
4.2 Requisitos da ISO 14001:2004..................................................................................................................45
4.3 Atualizações da ISO 14001:2004 – 14001:2015.................................................................................46

5 OHSAS 18001:2007........................................................................................................................................................51
5.1 Vantagens encontradas com a implantação da OHSAS 18001....................................................52
5.2 Requisitos OHSAS 18001:2007................................................................................................................54
5.3 Substituição da OHSAS 18001:2007 pela ISO 45001.......................................................................59

6 ISO 16001:2004................................................................................................................................................................63
6.1 Requisitos da ISO 16001:2004..................................................................................................................64
6.2 Atualização para a ISO 16001:2012........................................................................................................66

7 Norma SA8000.................................................................................................................................................................71
7.1 Benefícios da norma SA8000...................................................................................................................72
7.2 Requisitos da norma SA8000...................................................................................................................73
7.3 Atualização da SA8000...............................................................................................................................75

Referências............................................................................................................................................................................79

Minicurrículo do Autor.....................................................................................................................................................81

Índice......................................................................................................................................................................................83
Introdução

Prezado estudante,
Seja bem-vindo à Unidade Curricular Sistemas de Gestão Integrados.
Você está sendo convidado a explorar ainda mais os conceitos e processos da qualidade.
Para isso, nesta Unidade Curricular você será apresentado(a) ao sistema de gestão integrada.
Aqui você verá que a universalidade de normas e conceitos, que baliza a qualidade, une e
afasta empresas e organizações que podem e estão cada vez mais próximos.
Processos da NBR ISO 9001, NBR ISO 14001, OHSAS 18001, que pareciam distantes, conver-
gem para facilitar a aplicação e implantação nas empresas, diminuindo custos totais e empre-
gando conhecimentos com um intuito de melhorar o nível de desempenho das organizações.
Para empresas que necessitam dos Sistemas de Qualidade (9001), Meio Ambiente (14001)
e Saúde e Segurança do Trabalho (18001) e forem implantar separadamente, além do custo
para implantação, manutenção de informações, controles dos processos e envolvimento dos
colaboradores das empresas, isso traria uma provável ineficiência pela não continuidade dos
processos. Então, é comum termos a gestão partilhada destes sistemas.
O Sistema de Gestão Integrada ou Sistema Integrado de Gestão (SIG) traz como efeito po-
sitivo para a organização esta sinergia e aplicabilidade na unificação de informações para a
gestão. Isso facilita a colaboração das pessoas envolvidas, pois diminui o retrabalho associado
e a quantidade de controles necessários.
Ao final desta Unidade Curricular, você estará apto a entender este posicionamento e terá
os conhecimentos necessários para aplicação em sua vida profissional. Verá que existem diver-
sas ferramentas de gestão que sofrem constantes processos de atualização e transferência de
conhecimentos e podem ser utilizadas para que os resultados que está buscando sejam mais
fáceis de serem alcançados.
Bom estudo!
Necessidade de Controle
de Qualidade

A crescente necessidade gerada pelos consumidores, clientes e até mesmo normas e proce-
dimentos governamentais levam as empresas a implantarem programas de controle e geren-
ciamento destas Normas Regulamentadoras.
Legislação Ambiental, normas de Saúde, Medicina e Segurança do Trabalho, Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes (CIPA), Gestão da Qualidade, Controle de Qualidade Total (TQC) são
alguns exemplos de normas e processos que exigem que as empresas busquem sistemas de
qualidade.
Embora a certificação não seja uma exigência em alguns mercados, outros obrigam que só
seja possível comercializar com empresas que tenham os certificados para atendimento destes
clientes, como, por exemplo, marcação CE e diretiva ROHS (Restrição de Certas Substâncias Pe-
rigosas, do inglês Restriction of Certain Hazardous Substances), que embora não sejam leis, são
exigências para comercialização com a Comunidade Europeia.
Desta forma, restam as empresas, a profissionalização e o controle dos sistemas de qualidade.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender os conceitos iniciais do padrão ISO;
b) identificar o grupo de normas e família que compõe a ISO 9000;
c) reconhecer a importância da ISO 9001 para a organização;
d) entender a evolução histórica e a necessidade de profissionalizar a qualidade.
Agora que você sabe os desafios que tem pela frente, motive-se para iniciar essa etapa!
Sistemas de Gestão Integrados
12

2.1 ISO no Brasil

A ISO é uma sigla, ou acrônimo, de International Organization for Standardization, que em português
significa Organização Internacional para Padronização. Por ser uma entidade internacional de padronização
e normatização, tem como objetivo principal aprovar normas técnicas, classificação de países, processos e
procedimentos em todos os campos técnicos internacionais.
Foi criada logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1946 em Genebra na Suíça. Iniciou
suas atividades oficialmente em 23 de fevereiro de 1947, é uma entidade não governamental mundial e
hoje está presente em mais de 161 países.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) representa o Brasil nas organizações internacionais
de normalização (ISO). É uma entidade fundada em 1940 (28/09/1940) e faz todo o controle e registro das
principais normas brasileiras, sendo composta por comitês de gestão, organismos setoriais e comissões de
estudos especiais.

Biblioteca da UFLA ([20--?])

A partir de estudos normativos, avaliações de conformidade e fundamentada em princípios técnicos


padronizados internacionalmente, garantem a ética e reconhecimento dos serviços disponibilizados por
auditores multidisciplinares, tudo isso em sintonia com o governo e com a sociedade organizada.
A importância disso tudo é que a ABNT é uma das entidades fundadoras da ISO e participa ativamente
das funções da organização, atuando principalmente junto dos comitês técnicos.
2 Necessidade de controle de qualidade
13

SAIBA Consulte o site da ABNT e conheça mais a entidade que rege as normas brasileiras,
MAIS <http://www.abnt.org.br/>.

Conheça, a seguir, a norma ISO 9001.

2.2 NBR ISO 9001:2008

A NBR ISO 9001:2008, que a partir de agora será chamada apenas de ISO 9001, faz parte da família de
Normas ISO 9000. É a norma que traz os termos e regulamenta os fundamentos do Sistema de Gestão da
Qualidade (SGQ).

Você sabia que ABNT NBR ISO 9001:2008 é uma norma escrita pela ISO váli-
CURIOSIDADES da em todo o Brasil (NBR), codificada como 9001, liberada no ano de 2008 e
traduzida, divulgada e distribuída no Brasil pela ABNT?

Nesta norma é possível conhecer os principais conceitos e aplicações, objetivos e vantagens para a
Gestão da Qualidade.
A implantação do sistema ISO 9000 traz uma série de técnicas que garantem a melhoria dos processos
internos das organizações. Esse atendimento a padronização beneficia em larga escala fornecedores e
clientes: fornecedores, devido às melhores práticas de qualidade, e clientes, por saberem que a empresa
da qual estão adquirindo produtos ou serviços possui controles que garantem a qualidade esperada por
cada um destes clientes.
A importância da ISO 9001 está na organização e ordenação de processos na empresa, elevando assim
o controle administrativo e a produtividade dos produtos e serviços, além de contribuir significativamente
na credibilidade desta com seus clientes e fornecedores.
É possível verificar no “Casos e Relatos” a seguir um exemplo de empresa que opera com o Sistema de
Gestão da Qualidade ISO 9001. Confira.
Sistemas de Gestão Integrados
14

CASOS E RELATOS

Dematic
A Dematic é líder global no fornecimento de uma ampla gama de soluções inteligentes em intralo-
gística e movimentação de materiais. Com uma rede de conhecimento global de mais de 4.000 pro-
fissionais de logística altamente qualificados, a Dematic é capaz de oferecer aos seus clientes uma
perspectiva única em design de soluções de movimentação de materiais de classe mundial.
O seu compromisso é com o produto e com a solução de pesquisa e desenvolvimento, combinado a
fábricas nos Estados Unidos, na Europa, na China e na Austrália que garantem que a Dematic tenha o
alcance e a capacidade de fornecer soluções confiáveis, flexíveis e de baixo custo em todo o mundo.
Sua história de sucesso levou ao desenvolvimento e implementação de mais de 4.000 sistemas
integrados para uma base de clientes que inclui algumas das maiores empresas do mundo.
A Dematic opera com o Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001, garantindo conformidade com
as normas do Sistema de Qualidade Internacional.
Essa certificação abrange todos os aspectos envolvidos na implementação de um sistema automati-
zado de manuseio de materiais, incluindo design, engenharia, fabricação, instalação e manutenção.
Fonte: <https://www.dematic.com/pt-br/sobre-n%C3%B3s/sobre-a-dematic>.

Acompanhe, na sequência, a evolução histórica da ISO.

2.3 Evolução histórica

A ISO, ou International Organization for Standardization, tem origem do grego isos, que significa igual-
dade, uniformidade, e esta igualdade é exatamente um dos principais pilares das normas. Desta forma, é
possível garantir a satisfação de clientes, fornecedores e colaboradores num processo de melhoria contí-
nua em matérias primas, serviços, produtos, industrialização e processos. O padrão é definido e, a partir
disso, trabalha-se na evolução constante.
Quando se fala em padronização, a primeira coisa que vem à mente é a linha de montagem Ford no
início do século XX. Com o advento da linha de montagem, apesar de não existirem os conceitos de qua-
lidade, qualidade total e semelhantes, Henry Ford baseava seu método no foco de produção de um tipo
de produto, evidenciando a padronização, queda de custos, e respaldando assim o que hoje se conhece
como ISO 9000.
2 Necessidade de controle de qualidade
15

Estes mesmos conceitos foram ampliados pela Toyota. Os japoneses evoluíram os conceitos de qualida-
de, sendo uma das primeiras indústrias a utilizar a gestão da qualidade total, elevando o aperfeiçoamento
e qualificação aos colaboradores da empresa, melhoria dos processos, controle de erros e processos e a
solução de erros diretamente na origem.

A origem da ISO série 9000

AQAP-1 DEF.STAN.05/21
MIL-Q.9858
CZ 229 AQAP-4 DEF.STAN.05/24
MIL-I-45208
AQAP-9 DEF.STAN.05/29

ISO TC 176 Comitê técnico


1987/94/2000

Diego Fernandes (2015)


ISO-9001
ISO-9000 ISO-9002 (94) ISO-9004 Outras normas ISO Normas diversas
ISO-9003 (94)

Outros

Figura 1 - A origem da ISO série 9000


Fonte: Adaptado de Premonta (2015)

Este processo acentuou-se após a Segunda Guerra Mundial com a criação da Organização Internacional
para Normalização (ISO), que passou a reger a arquitetura e dar as devidas diretrizes sobre parâmetros e
padrões criando normas, regras e regulamentos de Gestão da Qualidade.

2.4 Série ISO 9000

A ISO 9000 contempla uma série de quatro normas (9000, 9001, 9002, 9003, 9004 e 19001) que visam
garantir a qualidade do desenvolvimento, produção, projeto, instalação e serviços associados.
Você pôde observar que foram destacadas seis normas e citado que a série de normas ISO 9000 têm
somente quatro. Este fato acontece devido à incorporação das normas 9002 e 9003 à ISO 9001.
A seguir foram destacados alguns pontos básicos de cada uma destas normas. Acompanhe.
Sistemas de Gestão Integrados
16

dule12 ([20--?])
A ISO 9000:1987 tem origem em normas inglesas e americanas precedentes, principalmente a britânica
BS5750, e podem ser aplicadas a qualquer tipo de organização, pequena, média ou grande, privada ou pública.
Cabe ressaltar que as normas derivadas da certificação 9000 garantem que todos os produtos fabrica-
dos apresentarão as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade. Isso não significa que terá
qualidade superior ou inferior aos similares e equivalentes.

FIQUE A ISO 9000 é a norma que regulamenta e dita o vocabulário e a linguagem do Sis-
tema de Gestão da Qualidade, e não tem intenção de certificar ou normatizar neste
ALERTA sentido. Traz, sim, os principais conceitos utilizados no sistema de qualidade.

Além de fornecer técnicas necessárias para a otimização dos processos internos da empresa, é possível
afirmar, também, que a padronização adquirida com a utilização da ISO 9000 traz grandes benefícios para
a organização.
A família ISO 9000 é distribuída entre as seguintes normas:
a) ISO 9001: orientações sobre design, projeto, desenvolvimento, produção, instalação e prestação de
serviços. Voltada para a criação de novos produtos, mostra como deve ser cada processo da organi-
zação;
b) ISO 9002: para produção, instalação e suporte após venda. Aplica-se no mesmo modelo de produtos,
sem, contudo, abranger novos produtos – incorporada à ISO 9001;
c) ISO 9003: modelagem para garantir inspeção e teste de produtos sem a preocupação de como estava
sendo produzido – incorporada à ISO 9001.
2 Necessidade de controle de qualidade
17

d) ISO 9004: trata dos pontos que definem as diretrizes necessárias para melhorar a gestão como um
todo, aumentando seu desempenho;
e) ISO 19001: são descritos os processos para auditoria dos sistemas de gestão da qualidade.
Acompanhe no quadro a seguir os padrões internacionais de cada norma.

Família ISO 9000


a) Fundamentos de sistemas de gestão da qualidade.
NBR ISO 9000 b) Princípios de gestão da qualidade.
c) Terminologia.
a) Requisitos para um sistema de gestão da qualidade.
b) Requisitos para que a organização demonstre sua capacidade de fornecer
NBR ISO 9001
produtos que atendam a requisitos do cliente e requisitos regulamentares.
c) Garantia de qualidade.
a) Diretrizes para a eficácia e eficiência do sistema de gestão da qualidade.
NBR ISO 9004
b) Melhorar o desempenho da organização e satisfação do cliente.
ISO 19011 a) Diretrizes sobre auditoria de sistemas de gestão da qualidade e ambiental.
Quadro 1 - Família ISO 9000
Fonte: Do autor (2015)

Conforme destacado no quadro, a ISO 9001 incorporou a 9002 e 9003, unindo pontos essenciais para a
melhor produtividade e desempenho de informações para a empresa.
Foram muitos os conceitos estudados neste capítulo. Leia o “Recapitulando” a seguir e relembre-os.

Recapitulando

Neste primeiro capítulo você conheceu como funciona a ISO e as normas ABNT, TQC e Gestão da
Qualidade, e conjuntamente aprendeu os conceitos e siglas importantes que irão lhe acompanhar
na vida profissional.
Compreendeu também o processo da evolução histórica da padronização ISO: origem, configuração
e necessidade mundial.
Por fim, pôde entender a construção das normas da família ISO 9000, bem como a abertura e distri-
buição em normas complementares e a solidificação dos conceitos mundiais.
ISO 9001:2008

A norma ISO 9001:2008 foi desenvolvida pelo Comitê Técnico ISO/TC 176 e vem apoiada no
Brasil pela revisão publicada pela ABNT. Para o Brasil, a norma adota a nomenclatura ABNT NBR
ISO 9001:2008.
Ela certifica os Sistemas de Gestão da Qualidade definindo os critérios e requisitos necessá-
rios para a implantação deste sistema.
É possível citá-la como um componente de excelência e estratégico para as organizações,
pois tem como objetivo atender demandas dos clientes por meio de critérios de padronização
e controle de processos.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender a aplicação na norma ISO 9001;
b) identificar a importância da padronização e da possibilidade de certificação;
c) reconhecer os processos e a amplitude da norma ISO 9001.
Siga em frente para conhecer novos tópicos de estudo!
Sistemas de Gestão Integrados
20

3.1 Importância da ISO 9001:2008

A ISO 9001:2008 teve seu lançamento oficial no Brasil em 13 de novembro de 2008, e serve, desde en-
tão, como fonte, como guia, na orientação segura de processos de qualidade.
A importância desta norma aumenta exponencialmente quando é colocada no cenário mundial. É apli-
cada em mais de 170 países. Ultrapassa a faixa de um milhão de empresas certificadas e outras milhares
buscando essa padronização internacional.
O padrão definido, seja no Brasil, Estados Unidos, Austrália ou Japão, é o mesmo. Independentemen-
te de ser empresa pública ou privada, com milhares de funcionários ou poucos, qualquer uma pode
buscar a padronização.
Existem muitos mitos e verdades com relação à certificação na ISO 9001. Entre os mitos, é possível citar alguns:
a) aplicável somente a grandes empresas: não depende de tamanho, e sim de objetivos da organiza-
ção. Há casos de nano ou microempresas certificadas com frequência;
b) certificação é modismo: com certeza não. No começo da “era” das certificações, isso no início dos
anos 2000, muitas empresas apostavam neste modismo e com o tempo viram que se tornou não só
uma realidade, mas uma necessidade;
c) melhora a qualidade dos produtos e serviços: não, não melhora. O que acontece é que a empresa
passa a rastrear e mitigar os erros encontrados, garantindo que o padrão estabelecido seja alcançado
sem interferir diretamente no resultado final.

Você sabia que a norma ISO 9001 estabelece os requisitos para um sistema
CURIOSIDADES de gestão e determina como este deve funcionar para atender aos requisi-
tos lançados pela organização?

Logo, definir parâmetros, padrões, e colocá-los sob a ótica de busca constante é comum e necessário
para que as organizações busquem a qualidade, independente de procurar certificação.
Não obstante, a padronização mesmo sendo independente da certificação, sem padrões definidos, não
há progresso na gestão da qualidade que se sustente. Sendo assim, o cliente precisa ter segurança, confiar
que os produtos ou serviços que está adquirindo são criados de maneira constante, consistente, podendo
identificar os padrões colocados pela empresa. Isso é fundamental para que o cliente passe a enxergar o for-
necedor como parceiro em seu negócio ou como um lugar seguro para adquirir e suprir suas necessidades.
Desde a versão ISO 9001:1994, os requisitos foram ampliados e valorizados. Nesta citada versão da norma,
a exigência de “papel” no controle era muito presente. Por vezes se tinha a impressão de que a norma
resumia-se a controlar papéis, mas essa visão distorcida sobre o controle de papéis acontecia devido à
desorganização da empresa. Era necessário colocar as informações em papéis e criar documentos e proce-
dimentos de padronização para que pudessem ser rastreáveis e identificáveis e, a partir disso, controlados
em sua operação.
3 ISO 9001:2008
21

Os documentos devem deixar claro os objetivos e a política da qualidade, assim como o manual da
qualidade e os registros requeridos pela norma.
Os procedimentos devem listar as operações utilizadas pela empresa e definir as responsabilidades,
descrição de cargos e funções, instruções e especificações do trabalho.
Mas isso era só o início, pois a partir da versão ISO 9001:2000 houve uma aproximação com a gestão
da empresa, algo até então subvalorizado na versão anterior da norma. Assim, criou uma visão interna na
organização de que o controle dos processos é que trariam os benefícios que a organização procura, seja
no desenvolvimento, seja na própria execução de um produto.
Outro fato relevante é a inclusão da visão de foco no cliente; isso permanece até hoje nas empresas, o
cliente é o principal negócio.
Para isso não se conta só com o cliente externo, mas com o cliente interno também, seja seu superior,
par ou dependente que passa a ser olhado de maneira diferente: como um efetivo cliente. Esta visão da
norma aproximou-a das pessoas que realmente agem para torná-la fundamental, e permite, assim, tratar
assuntos muito sérios, envolvendo toda a empresa.
Este ponto da norma, relacionando a empresa a seus clientes, fica ainda mais implícito quando, por
exemplo, tem um requisito para a empresa avaliar a satisfação dos clientes que receberam serviços e/ou
produtos negociados.

FIQUE Caso a empresa pretenda implementar a ISO 9001:2008, é provável que isso ajude
continuamente a qualidade dos produtos e serviços com que trabalha, aumentando,
ALERTA assim, a satisfação dos seus clientes e garantindo a sustentabilidade da organização.

Conforme destacado anteriormente, existe uma diferença entre a certificação e a padronização. A se-
guir estão destacadas as principais vantagens para uma empresa que obtenha a certificação.
a) reconhecimento internacional: a norma traz esta notoriedade e a empresa pode tirar proveito desta
padronização e certificação;
b) melhoria da organização interna;
c) aumento da produtividade;
d) melhoria competitiva;
e) redução de custos com retrabalhos e desorganização;
f) assegura confiabilidade de qualidade dos produtos e serviços;
g) treinamento e envolvimento da equipe interna;
h) o treinamento e o envolvimento gera outro fator: motivação;
i) facilidade e acesso a informação;
j) equilíbrio dos fatores técnicos.
Sistemas de Gestão Integrados
22

SAIBA Para aprofundar mais seu conhecimento, acesse o endereço eletrônico:


<http://200.20.212.34/cb25i/ano_calendario.asp?Chamador=CB25>, onde é possível
MAIS conhecer os certificados ISO 9001 emitidos no Brasil.

Na sequência, conheça a abordagem por processos da ISO 9001:2008; siga em frente e explore esse con-
teúdo!

3.2 ISO 9001:2008 – abordagem por processos

Na adoção da ISO 9001:2008 há uma aprovação da abordagem por processos com o intuito de au-
mentar e melhorar a eficácia do sistema de gestão e assim aumentar a satisfação dos clientes perante os
requisitos propostos.
O advento desta adoção da abordagem por processos para a ISO 9001:2008 vem dos estudos de Juran
(1991), que indicam que 85% dos problemas de qualidade são causados por processos de gestão e, desta
forma, aconselha à crescente qualificação dos colaboradores como forma de garantir a qualidade dos pro-
dutos e serviços.
Mesmo sabendo que a melhor qualificação dos trabalhadores infere um custo maior para as empresas,
Juran (1991) defende que esta elevação dos custos torna-se inferior ao resultado obtido por uma melhor
qualidade dos produtos, como citado anteriormente. Esta é uma decisão que os gestores devem procurar
como forma de melhorar o objetivo geral da qualidade.
Esse pensamento encontra limitações a partir do momento em que reconhece que a organização é uma
série de engrenagens que trabalha com um conjunto de atividades interligadas e precisa gerenciar cada
uma de maneira independente e o resultado destas em conjunto.
Assim, cada conjunto de atividades ou a individualidade destas é o resultado da transformação das
entradas e saídas, o que na realidade nada mais é do que a definição de processo.

Funcionamento da produção

Entradas Transformação Saídas

Matéria-prima Produtos
Pessoal Serviços
Máquinas
Diego Fernandes (2015)

Prédios
Tecnologia
Dinheiro
Informação
Figura 2 - Processamento de informações
Fonte: Do autor (2015)
3 ISO 9001:2008
23

Na figura apresentada tem-se a ideia de transformação, de um processo acontecendo; em uma ou em


várias entradas sendo trabalhadas para gerar produtos ou serviços, ou seja, um processo. O sequenciamen-
to de processos resulta em uma saída que pode ser a entrada em outro processo, e assim sucessivamente.
Vários aspectos de gestão de processos são adotados pela ISO 9001:2008, acompanhe no quadro a seguir
os principais.

Aspectos Conceitos

Produto ou serviço Resultado do processo.

Recursos ou atividades empregadas que transformam as entradas em saídas; insumos em


Processo
produtos ou serviços.

Procedimento Forma de executar um processo.

Sistema de qualidade Estrutura organizacional e operacional necessária para implantar a gestão da qualidade.

Melhoria da qualidade Ações implementadas na organização que visam a revisão e melhoria constante dos processos.

Análise sistemática e revisional das atividades da qualidade a fim de determinar se estão de


Auditoria da qualidade
acordo com o planejamento e objetivos traçados.
Quadro 2 - Aspectos de gestão de processos
Fonte: Do autor (2015)

Melhoria contínua do sistema


de gestão da qualidade

Responsabilidade
da direção
Satisfação dos clientes
Requisitos do cliente

Gestão de Medição, análise


recursos e melhoria

Realização do
Diego Fernandes (2015)

produto
Entrada Saída

Fluxo das informações Atividades que agregam valor

Figura 3 - Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade


Fonte: Adaptado de Qualidade Real Consultoria & Assessoria S/C Ltda. [s.d.]

Analisando a figura é possível identificar a necessidade de melhoria contínua dos processos da organi-
zação. A gestão destes processos, internamente, pode ser associada diretamente à ferramenta de qualida-
de “planejar, desenvolver, checar e agir” (PDCA).
Sistemas de Gestão Integrados
24

Essa identificação pela melhoria contínua é citada na ISO 9001 em seu capítulo 8, que determina a
necessidade de estabelecer o melhoramento contínuo do sistema de gestão.

Para realizar uma excelente abordagem por processos, é essencial o cumprimento de


três etapas importantes:
a) levantamento de todos os processos existentes na empresa;
b) identificar as entradas e saídas de cada processo e quais os recursos necessários para
SAIBA que cada área consiga atingir os resultados esperados;
MAIS c) examinar como é a interação entre essas áreas. Qual o inter-relacionamento entre as
áreas e quais os resultados que dependem de cada unidade.
Para saber mais, confira o artigo: <http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-
entrevistas/artigos/as-vantagens-do-gerenciamento-com-foco-na-abordagem-por-
processos>.

Agora que você já conhece a abordagem por processos, confira na próxima seção a ISO 9001:2008 e o
ciclo PDCA.

3.3 ISO 9001:2008 e o PDCA

A ISO 9001:2008 tem seus pressupostos na metodologia PDCA. Foi destacado constantemente que a nor-
ma exige a evolução e a melhoria contínua. Então planejar, desenvolver (fazer), checar (verificar) e agir (PDCA)
ajuda as organizações a obter melhores resultados justamente pela melhoria contínua que traz a norma.
Bet_Noire ([20--?])

Figura 4 - Ciclo PDCA


Fonte: Do autor (2015)
3 ISO 9001:2008
25

A importância da visualização dos processos desta forma é a melhoria constante e contínua. Não há
necessidades extremas de tratar uma inovação como paradigma; ela pode ser uma melhoria incremental,
onde pequenas mudanças trazem vantagens necessárias e procuradas.
Veja a seguir um exemplo de situação que esclarece melhor o entendimento sobre sistema de gestão
da qualidade baseado em processo.

Problema produto com defeito


descobrir as causas do problema e tomar providências para
Ação Corretiva
que não volte a ocorrer.
estabelecer um cronograma de manutenção para prevenir
Ação Preventiva possíveis problemas, realizar treinamentos constantes para
que o produto não seja fabricado com defeito.
Quadro 3 - Exemplo de situação
Fonte: Do autor (2015)

A seguir, o assunto será princípios da qualidade associados à ISO 9001:2008. Confira!

3.4 Princípios da qualidade associados à ISO 9001:2008

A ISO 9001:2008, além de gerar procedimentos de gerenciamento de processos mais claros, colabora
com a gestão da empresa como um todo através de registros de procedimentos.
Estes procedimentos são regidos por uma série de oito princípios, elencados a seguir:
a) liderança: a liderança é o alicerce essencial para a Gestão da Qualidade. Para tanto, a ISO 9001 dedi-
cou uma seção inteira, destacando os preceitos desta essência;
b) foco no cliente: sem clientes, a empresa perde a finalidade de existir. Precisa estar ciente de que é
fundamental ter o foco associado aos clientes, tanto internos quanto externos;
c) abordagem sistêmica: todos os instrumentos de gestão devem estar integrados para um funciona-
mento mais global e que tenha o envolvimento de todos na organização;
d) abordagem por processos: fundamental para a análise situacional. Determina a atuação dos cola-
boradores com suas tarefas e traz a relação de resultados entre as entradas e saídas de informações;

e) participação das pessoas: a equipe de trabalho é essencial para se alcançar os resultados;


f) melhoria contínua: base para a continuidade das análises. Deve ser trabalhado de uma forma cons-
tante, tornando o atual modelo base para a inovação;
g) tomada de decisão: utilização de indicadores, auditorias e acompanhamentos que possam identifi-
car desafios e oportunidades para a organização;
h) relações com terceiros: estabelece a relação entre funcionário e fornecedores para traduzir em resulta-
dos a parceria para preços, prazos, qualidade dos produtos e serviços.
Conheça a seguir os componentes do sistema de gestão da qualidade.
Sistemas de Gestão Integrados
26

3.5 Componentes do sistema de gestão da qualidade

Para chegar aos componentes de um sistema de Gestão da Qualidade, é importante trazer a própria
analogia da nomenclatura, onde se tem:
a) sistema;
b) gestão;
c) qualidade.
Sem entrar no mérito da definição técnica, cabe uma abordagem generalista, acompanhe no quadro a se-
guir os princípios da qualidade associados à ISO.

Princípio Conceito
É uma combinação de meios e processos para se alcançar determinados
Sistema
objetivos: um resultado.

É a administração destes processos, e a definição dos resultados, o norte que


Gestão
a direção da empresa está buscando.

É a conformidade de certo padrão, de uma definição clara de precisão e


Qualidade
controle.
Quadro 4 - Princípios da qualidade associados à ISO 9001:2008
Fonte: Do autor (2015)

Que tal conhecer melhor o sistema de gestão da qualidade? Siga adiante nos estudos e fique atento!

3.5.1 Sistema de gestão da qualidade

Desde o início deste material você pôde perceber que foram trabalhadas hipóteses distintas: empresas
que buscam a certificação com objetivos claros de conseguir melhores resultados, enquanto outro segmento
de empresas trabalha na obtenção de processos de gestão eficientes.
Por mais simples e até mesmo desestruturado, pode-se afirmar que todas as empresas possuem um
sistema de gestão. Em muitos casos, até é possível notar que a modulação e variação de sistemas, que em
vários casos não interagem, convivem diariamente dentro das organizações.
Alguns exemplos desta situação podem colocar sistemas financeiros, comerciais, de qualidade, contábeis
e fiscais que interagem no mesmo ambiente empresarial e mesmo assim não atuam em conjunto, não atuam
como sistemas integrados. Como exemplo, imaginem uma compra de materiais para o estoque ou produção.
No momento da compra para os controles da qualidade, é preciso fazer a avaliação de fornecedores; o siste-
ma deve alimentar o estoque e o financeiro, bem como gerar dados para a contabilidade.
Pegando o micro processo da avaliação de fornecedores, cabe à empresa, quando for adquirir produtos
ou serviços, identificar e qualificar este fornecedor para saber se está dentro dos padrões estabelecidos.
É a partir deste ponto que a norma passa a ser passível de auditoria, pois esta interação entre sistemas
começa a ficar evidente com a adoção da ISO 9001, que diz claramente que um sistema precisa ser:
3 ISO 9001:2008
27

a) estabelecido: que o sistema seja estável e garanta integridade das informações;


b) documentado: que esteja sob regime de documentação e que dê autencidade a estes documentos;
c) mantido: que possa conservar, garantir e preservar a essência dos documentos;
d) implementado: que esteja em funcionamento e passível de execução.
A organização deve fazer com que os requisitos citados anteriormente estejam de acordo com a norma
e que possam trazer as informações quando necessárias para a operação, ou seja, a organização deve asse-
gurar o controle desses processos.
A partir deste momento, a organização tem garantido os processos, tal como as considerações essen-
ciais a serem tratadas perante os documentos. Com isso, a norma estabelece condições mínimas, por meio
da seção 4.2 – Requisitos de Documentação, que são uma espécie de cartilha que estabelece como deve
ser o comportamento da empresa diante da gestão dos documentos. Sendo assim, os seguintes pontos
devem ser seguidos:
Generalidades – requisitos de documentação: as rotinas devem ser padronizadas. Este é um requisito
fundamental para que um sistema de gestão possa ser identificado como confiável, como seguro.
Dentre os documentos obrigatórios citados pela ISO 9001:2008, estão:
a) manual da qualidade;
b) controle de documentos;
c) controle de registros;
d) auditorias internas;
e) controle de produtos não conformes;
f) ações corretivas;
g) ações preventivas.
Além dos documentos obrigatórios, a norma elenca uma série de registros obrigatórios que devem
estar dispostos a atender as referências de qualidade da organização. Estes registros estão demonstrados
a seguir.
a) Análise crítica pela direção
b) Educação, treinamento, habilidades e experiências
c) Evidências de atendimento dos requisitos do produto
d) Análise crítica dos requisitos relacionados ao produto
e) Entradas de projetos e desenvolvimentos
f) Resultados da análise crítica de projeto e desenvolvimento
g) Verificação de projeto e desenvolvimento
h) Validação de projeto e desenvolvimento
i) Alterações de projeto e desenvolvimento
Sistemas de Gestão Integrados
28

j) Avaliação de fornecedores
k) Identificação e rastreabilidade do produto
l) Propriedade do cliente
m) Resultados de calibração e verificação de dispositivo de medição e monitoramento
n) Auditorias internas
o) Evidências de conformidade com critérios de aceitação, bem como, os responsáveis pela liberação
do produto
p) Natureza das não conformidades
q) Resultados de ações corretivas
r) Resultados de ações preventivas
Manual da qualidade: é um livro, um documento, que mostra para terceiros qual é o sentimento de or-
ganização da empresa. Como estes documentos são estabelecidos de maneira resumida, objetiva e clara,
devem conter toda a estratégia de qualidade da empresa.
Serve em instâncias determinadas para evidenciar e divulgar para clientes e fornecedores e atender
aos critérios e requisitos de treinamento dos novos colaboradores da organização. Por isso mesmo, não é
algo para ficar guardado e sem acesso. Deve estar disponível para consultas e utilizações constantes, e é
imprescindível constar no manual da qualidade:
a) escopo do SGQ;
b) exclusões do SGQ, incluindo detalhes e justificativas;
c) procedimentos documentados estabelecidos para o SGQ ou em referência a este;
d) descrição da interação entre os processos do SGQ.
Controle de documentos: os documentos é que determinam o padrão, a frequência com que são exe-
cutados e validados, assim como sua abrangência e atualização. Para esta padronização, os documentos
passam por procedimentos de validação e certificação. Este procedimento básico deve conter os seguintes
elementos:
a) aprovação: alguém com responsabilidade e autoridade determinada deve aprovar os docu-
mentos para que estes possam ser colocados como evidências para a empresa (publicado);
b) atualização: uma vez aprovado e publicado, a empresa deve garantir que os documentos se-
jam revisados e atualizados constantemente para que não fiquem obsoletos ou não descre-
vam o que a empresa está utilizando em suas tarefas;
c) controle de revisões: é essencial; um documento publicado deve ser referência ao processo, e
o controle de revisões é quem faz a correta relação entre a primeira publicação e a atual, a fim
de garantir que a versão mais recente é a que, efetivamente, está em uso;
d) disponibilidade: os documentos devem estar disponíveis para utilização. O ideal é que estes
sejam publicados eletronicamente, porque além de facilitarem a atualização, inibem a utiliza-
ção de documentos com versões incorretas.
3 ISO 9001:2008
29

Controle de registros da qualidade: a empresa deve gerar subsídios para garantir que os controles
sejam eficazes. Uma das formas de garantir esta eficácia é garantir que eles sejam controlados, legíveis,
identificáveis e recuperáveis.
Em resumo, os documentos devem estar organizados em local conhecido e mantidos a salvo. Para esta or-
ganização, é imprescindível que se tenha um procedimento escrito e pelo menos os seguintes registros, como:
a) identificação;
b) forma de armazenamento;
c) proteção dos registros;
d) forma de recuperação;
e) tempo de guarda e armazenamento;
f) como será descartado.
Agora que você já conhece como funciona o sistema de gestão da qualidade, acompanhe a seguir o
papel da direção. Confira!

3.5.2 Responsabilidade da direção

Conforme destacado anteriormente, a liderança possui uma seção única na ISO 9001:2008. Essa seção é a
“Responsabilidade da direção”, onde nenhuma mudança significativa se faz sem a participação da alta direção.
Uma das principais atribuições da direção é definir as responsabilidades, autoridades e o processo
de comunicação.
Quem é o responsável para cada atividade?
Quem deve decidir e tomar atitudes em cada atividade?
Como deve e o que deve conter no plano de comunicação?
Estas são as definições que a diretoria deve tomar e fazer constar nos documentos da qualidade.
Outra responsabilidade da direção é a análise crítica da gestão da qualidade e a adequação dos produtos
e serviços prestados pela empresa em relação aos requisitos do cliente.
Vale ressaltar que não há mudança significativa na empresa sem que a alta direção dê o seu aval, e mais
do que isso, participe dos processos de forma concisa.
Partindo desse pressuposto, um dos pontos fundamentais para que o sistema de qualidade seja com-
preendido como fator importante para empresa é o comprometimento da diretoria com o projeto. Melhor
ainda se este comprometimento for evidenciado pela equipe do sistema de qualidade, pois faz com que
colaboradores e parceiros sintam a importância de estar participando com maior sintonia. Para que este
compromisso da diretoria fique claro a todos, deve-se:
a) haver comunicação com a organização;
b) evidenciar requisitos estatutários;
Sistemas de Gestão Integrados
30

c) estabelecer políticas;
d) assegurar os objetivos da qualidade;
e) conduzir análises críticas, e;
f) assegurar disponibilidade de recursos.
O segundo ponto da determinação da responsabilidade da direção é o foco no cliente. A evidência de
uma empresa com foco no cliente pode ser vista em indicadores como o número de reclamações e o índice
de satisfação.
Para dar a dimensão do foco no cliente, a ISO 9001:2008 especificou que as organizações devem moni-
torar esta satisfação, inclusive atribuindo um item da seção 8 sobre este assunto.

Tomasz Tulik ([20--?])

Já a determinação do compromisso com a qualidade é evidenciada através de uma carta de intenções


da diretoria que oficializa a política da qualidade. Nesta carta, a diretoria deixa claro o que pensa e o que
quer que aconteça com a qualidade de sua empresa. Então fica evidente que esta política tem que ser úni-
ca, e não pode ser uma cópia de qualquer outra política.
Desta forma, o sistema de gestão da qualidade necessita ser bem trabalhado, bem pensado e organiza-
do, e para isso é fundamental um planejamento, que deve:
a) perceber a realidade atual;
b) construir um referencial futuro, melhor do que o atual;
c) avaliar os caminhos possíveis;
d) definir as ações para alcançar as metas;
e) definir os investimentos necessários;
3 ISO 9001:2008
31

f) determinar um prazo para a reavaliação.


A partir do planejamento, tendo a política da qualidade como referência, é possível começar a trabalhar
nos objetivos da qualidade e fazer com que estes sejam fundamentados e atendidos em todos os depar-
tamentos da organização.
Acompanhe a seguir a gestão de recursos da norma.

3.5.3 Gestão de recursos

A integração e execução da norma necessitam de recursos para poder garantir a entrega de produtos e
serviços para os clientes; administrar recursos é nada mais do que administrar os bens da empresa.
Na ISO 9001:2008, o requisito da gestão de recursos está com a seguinte separação.
a) Provisão de recursos: significa fornecer os bens para que o sistema de gestão possa trabalhar com
segurança. Os bens aqui referenciados não são somente patrimônios físicos; são, por exemplo, maté-
rias primas, recursos humanos, hardware e software, máquinas, equipamentos e outros ativos vincu-
lados ao patrimônio da empresa.
b) Recursos humanos: toda empresa precisa de recursos humanos qualificados. Quanto maior a compe-
tência destes colaboradores, maior será a chance da empresa ser bem sucedida em relação à solidez e
execução do sistema de qualidade.
c) Infraestrutura: a norma requer que a organização detenha as capacidades necessárias para alcançar
os requisitos estabelecidos pelos clientes.
d) Ambiente de trabalho: são as necessidades ambientais que cercam a empresa, desde o meio
ambiente, como a organização interna das tarefas. Cabe à organização gerenciar e determinar o
ambiente de trabalho para alcançar os objetivos por meio dos requisitos do produto.

3.5.4 Realização do produto

A ISO 9001:2008 estabelece regras de negócios para a criação de produtos ou serviços em seis etapas:
a) Planejamento: planejar é palavra de ordem quando se trata de normas ISO.
O planejamento não é apenas um artefato da produção ou execução, mas um item fundamental para
que o resultado tenha possibilidade real de ser alcançado.
Outro ponto que é trabalhado pelo planejamento é a contra medida, ou como diz a norma, as não
conformidades.
O planejamento é algo vivo, contínuo. Deve estar constantemente em conformidade com a situação
atual da empresa, pois conforme a atualização da empresa, concorrência, produtos e serviços, o planeja-
mento precisa ser revisado. Ele deve ser claro e conciso, primando sempre pela qualidade das informações
e os objetivos. Este preceito também atende um dos principais pontos da norma que é a melhoria contínua.
Sistemas de Gestão Integrados
32

Instituto Ourives ([20--?])

b) Processos relacionados ao cliente: novamente retorna ao rol de elencos relacionados à gestão dos
clientes. É um dos princípios da ISO 9001 e não poderia ser diferente neste momento.
A intenção principal é trabalhar como será a gestão das comunicações e informações que devem ser
tratadas com os clientes. O que o cliente quer receber? Quais os requisitos para que, além de aceitar o pro-
duto ou serviço, o cliente ainda tenha a certeza da qualidade?
c) Projeto e desenvolvimento: o que a empresa pensa para o seu futuro? A empresa necessita estar
sempre em desenvolvimento. Pensar novos produtos, serviços, pensar na sequência da empresa. A
empresa precisa estar competitiva e em constante evolução. Isso passa por rigorosa e vigorosa siste-
mática de seleção e trabalho.
d) Aquisição e compras: a aquisição e compra de produtos deve ser monitorada com a devida corre-
ção. É importante ressaltar que não é possível fazer um produto com excelência e alta qualidade se as
matérias primas adquiridas forem de qualidade duvidosa. Por isso, uma correta avaliação de fornece-
dores, critérios bem definidos e requisitos de inspeção e controle são essenciais para este momento.
Diante da norma é possível clarificar as seguintes etapas de uma aquisição:
a) especificação do produto ou serviço;
b) escolha do fornecedor;
c) qualificação dos fornecedores;
d) inspeção de recebimento;
e) requalificação;
f) desomologação.
3 ISO 9001:2008
33

e) Produção e prestação de serviços: aqui é o momento da execução. A forma como a organização


produz ou presta serviço é evidenciada à medida que começa a entregar os produtos para os clientes
e consegue atender aos requisitos que foram revelados por este.
A norma estabelece alguns critérios básicos destas atividades produtivas, como:
a) controle de produção e prestação de serviço;
b) validação dos processos de produção e prestação de serviços;
c) identificação e rastreabilidade;
d) propriedade do cliente;
e) preservação do produto.
f) Controle de equipamentos de monitoração e medição: a empresa deve organizar os critérios de
monitoramento e estabelecer as medições que assegurem os requisitos determinados com os clientes.
A norma deixa claro que os equipamentos de medição devem:
a) ser calibrados ou verificados (ou ambos) a intervalos especificados (ou antes do uso) em oposição a
padrões de medição rastreáveis a padrões de medição internacionais ou nacionais; quando esse pa-
drão não existir, a base usada para calibração ou verificação deve ser registrada;
b) ser ajustados ou reajustados quando necessário;
c) ter identificação para determinar a situação de calibração;
d) ser protegidos contra ajustes que invalidariam o resultado da medição; e
e) ser protegidos contra dano e deterioração durante o manuseio, manutenção e armazenamento.
A seguir serão abordados alguns processos que asseguram a melhoria sustentável da organização.

3.5.5 Medição, análise e melhoria

A ISO 9001:2008, em sua seção 8, solicita à organização o planejamento e a correta implantação dos
processos que assegurem a melhoria sustentável. São três pontos de definição: medição, análise do que foi
medido e melhoria com base no que foi medido.
Com base nestas informações, a organização deve ser capaz de evidenciar que o produto comercializa-
do ou que o serviço prestado está de acordo com os requisitos exigidos pela norma ISO 9001.
Todo sistema de qualidade deve monitorar e realizar as informações e controles pressupostos se quiser
ser referência de processos e sistemas.
Para atender a esta demanda, a etapa de monitoramento e medição deve alimentar, processar e re-
processar as informações, de modo que as fontes de dados possam ser confiáveis e trazer base para que a
direção da empresa possa tomar as decisões necessárias.
Os pontos que não podem ser segregados quando se trata desta etapa do processo de monitoramento
e controle são:
Sistemas de Gestão Integrados
34

a) satisfação dos clientes;


b) auditoria interna;
c) monitoramento e medição de processo;
d) monitoramento e medição do produto.

FIQUE Tudo foi planejado para que os produtos saiam sem erros, sem falhas, sem ajustes e
ALERTA sem retrabalho. Infelizmente, isso nem sempre é possível.

Em várias etapas do processo deve-se realizar inspeções e pontuar o que se está acertando, o quanto
está ou não saindo como o esperado. Para os problemas encontrados é que se deve realizar o controle de
produtos não conforme.
Para a ISO 9001:2008 é fato que a organização tem o dever de assegurar que qualquer produto que
não esteja conforme o que foi requisitado pelo cliente jamais chegue ao poder deste.
Ou melhor, o produto não deve ser entregue, utilizado ou qualquer processo que evidencie que a
empresa não empregou os controles de qualidade necessários para a segurança do produto.
Diante de uma situação que apresenta o produto com problemas ou não conforme, a ISO 9001 estabe-
lece os seguintes procedimentos:
a) identificar os produtos não conformes: consiste em marcar o produto de forma que o mesmo não
possa ser confundido com outro que esteja 100% correto;
b) controlar: significa que o produto não conforme terá a destinação adequada, conforme regras
preestabelecidas;
c) eliminar a não conformidade encontrada: determinar quais as ações corretivas para que o problema
não volte a ocorrer;
d) autorização ou concessão de uso: eventualmente, um produto com problemas pode ser retrabalhado.
Isso acontece em condições especiais que devem estar devidamente prescritas;
e) impedimento de uso pretendido: determinar as ações para que os produtos não conformes não se
misturem com os demais produtos.
Diante deste cenário de encontrar não conformes em suas análises e inspeções há necessidade de efe-
tuar monitoramento e medição constante. Por isso a norma ISO 9001:2008 exige que sejam realizados
exames e análise constante de dados. Essas análises são realizadas em duas fases distintas. São elas:
3 ISO 9001:2008
35

a) Coleta de dados: depois de realizado um planejamento que deve estabelecer as regras nas quais
serão apoiadas as informações, deve-se executar a coleta dos dados. Essa coleta deve ser confiável,
segura, seguindo os padrões estabelecidos por observações, pesquisas ou inspeções determinadas.
b) Análise dos dados: esta análise deve ser clara a objetiva. Deve, ao final, estabelecer um resultado que
sirva para a tomada de decisão.
Acompanhe um exemplo de empresa certificada pela ISO 9001:2008 no “Casos e Relatos” a seguir.

CASOS E RELATOS

Certificada de acordo com a norma ABNT NBR ISO 9001:2008


A ENGMEX é uma empresa inovadora, fundada em agosto de 2011, por profissionais reconhecidos
e experientes, para atender um segmento do mercado carente de mão de obra qualificada em
uma nova disciplina de engenharia chamada “Automação de Projetos”, e foi certificada pela ISO
9001:2008 no último mês de fevereiro de 2015.
Com foco no processo interdisciplinar, está capacitada para atender às disciplinas de tubulação,
elétrica, arquitetura, civil, mecânica e estrutura metálica, provendo soluções viáveis e integradas,
baseadas em diversas plataformas de software disponíveis no mercado (Autodesk, Aveva, Bentley,
Siemens, Intergraph, PTC, dentre outras) para uma adequada migração dos trabalhos tradicionais
de engenharia para ambientes de Plant Design.
Fonte: <http://www.engmex.com.br/engmex/quem-somos/>.

Na sequência, você conhecerá as fases de mudança da ISO 9001:2008.

3.5.6 A ISO 9001 irá mudar, você está preparado?

A ISO 9001:2008 está em fase de mudanças. Isso é previsível, já que há uma média de cinco anos para
que uma revisão aconteça.
A versão ISO 9001:2015 terá uma abordagem modernizada, atualizando as práticas e necessidades atu-
ais dos mercados mundiais de Gestão de Qualidade.
Sistemas de Gestão Integrados
36

Gestão por processos (2014)


A atualização se dá em necessidade de estar mais próxima dos atuais mercados e a primordialidade que
estes trazem para os sistemas de qualidade.
Assim colocado, cabe ressaltar alguns pontos que estão sendo destacados e já fazem parte da análise
final do Draft International Standard (DIS).

Você sabia que DIS significa Draft International Standard, numa tradução
livre, Projeto de Norma Internacional? É o momento em que a norma já está
praticamente finalizada. As alterações passam a ser bastante pontuais e a
CURIOSIDADES equipe responsável por esta revisão está realizando os ajustes finais. Para
as empresas, a partir deste momento é que se pode iniciar os processos de
revisão das normas que foram aplicadas internamente. Após a aprovação
desta etapa, a norma entra em regime de aprovação.

Cabe um destaque para algumas alterações que serão realizadas na versão final e oficial da norma, apesar
de, neste estágio, provavelmente serem pequenas. Acompanhe algumas a seguir.
a) Foco no cliente: é um ponto que não irá mudar, apenas ficará ainda mais evidenciado. Continua sen-
do o foco, o norte principal da norma.
b) Liderança e comprometimento: é necessário comprometimento completo da empresa. Não basta
somente o departamento de qualidade e um ou outro gestor assumirem a liderança e o compro-
metimento, mas a alta administração tem que admitir a responsabilidade do sistema de gestão da
qualidade.
c) Maior ênfase na geração de valor: mais foco nos objetivos que agregam valor para a empresa e para
seus clientes. A geração de resultados para a organização está mais clara e definida nos princípios
da norma.
d) Estrutura geral da norma: a partir desta revisão, as normas que envolvem qualidade tem uma mesma
estrutura. Ela facilita a implantação de um sistema de gestão integrado.
e) Ampla visão sobre riscos e oportunidades: trabalha-se no monitoramento e controle de informações,
mantendo, assim, a visão das necessidades e expectativas das partes interessadas para que se possa
alcançar os resultados esperados.
3 ISO 9001:2008
37

f) Maior controle de processos, produtos e serviços externos: a realidade atual é a de um mercado com-
plexo, repleto de processos terceirizados e de cadeia de fornecimento, em muitos casos, de outros
países. Sendo assim, existe uma necessidade de controle não só interna dos processos organizacionais.
Agora a norma ISO 9001:2015 está num período de análise final. Os próximos passos giram na finalização
desta etapa e a possível publicação e oficialização da norma.

Setembro
Julho 2015
2015 (2 meses)
Abril
2014 (5 meses)
Junho
2013 (2 meses)
Publicação da
Janeiro Terceira fase de norma ISO 9001

Diego Fernandes (2015)


2013 votação do texto da
Segunda fase da
votação do texto da norma ISO 9001
Primeira fase de (Projeto nal de
votação sobre o norma ISO 9001
Primeira versão da (Projeto de Norma norma internacional)
norma ISO 9001 (1º texto da norma ISO
9001 (Comitê do Internacional)
Projeto de trabalho)
Projeto)

Figura 5 - Histórico da atualização ISO 9001:2015


Fonte: Adaptado de AQM Conseil (2014)

A partir da publicação, as empresas passarão por um período de transição. Nele, elas terão de se adaptar
às novas ideologias e conceitos trazidos pela revisão da versão no período de três anos. Até lá, cabe priorizar
o conhecimento das alterações, a preparação da equipe, a conscientização e, principalmente, trabalhar a
qualidade interna nas empresas.

3.5.7 Aproximação da ISO 9001 à 14001 e 18001

Quando se fala em sistemas de gestão integrada, a primeira ideia que surge é um sistema único, em que
funcionalidades, processos e a geração de informação seja uniformizada.
Acontece que isso, na prática, não é tão simples. Unificar documentos de Qualidade, Meio Ambiente,
Segurança e Saúde não é algo fácil. Por isso é importante que as empresas tratem estes documentos de
maneira individual, com o devido controle que cada um exige.
Diversa à organização destes documentos, a aplicação das normas e o gerenciamento destes sistemas
podem ser trabalhados de maneira conjunta, e não há obrigação da implantação inicial da ISO 9001:2008
e depois das demais normas.
Tudo é uma questão das necessidades e obrigações da empresa. Existem muitos pontos comuns entre
as normas que podem auxiliar o processo de implantação. A seguir, observe a tabela que apresenta alguns
pontos em comum para tornar mais transparente a equidade das normas.
Sistemas de Gestão Integrados
38

Tabela 1 - Equivalência das normas

Norma Processos específicos Processos comuns


Organização dos processos
Política integrada
9001 Monitoramento do produto
Auditorias internas
Monitoramento do processo
Ação corretiva
Análise dos aspectos ambientais
Ação preventiva
Análise de impactos ambientais
14001 Melhoria contínua
Atendimento à legislação ambiental
Análise crítica da diretoria
Plano de gestão ambiental
Documentos gerais das normas:
Análise dos riscos à saúde
manual, procedimentos, instruções
18001 Análise de riscos a segurança
e registros.
Atendimento à legislação de saúde e segurança
Fonte: Do autor (2015)

A aproximação das normas foi uma das características geradas pela ISO 9001:2008, que deixou mais
claro a necessidade do atendimento aos atributos das normas e facilitou a transição e a interpretação da
gestão da qualidade.

Recapitulando

Neste capítulo foram introduzidas informações sobre a ISO 9001, ressaltando a importância da ISO
para as empresas e destacando, como ponto essencial, a mudança de cultura diante da organiza-
ção interna, planejamento e, principalmente, padronização. É por meio desta padronização que a
empresa começa a perceber a melhoria dos processos e a afetação direta na cultura empresarial.
Feito este destaque, foi tratado da formação dos conceitos e estrutura da ISO 9001: a abordagem
por processos, a adoção de ferramentas, ciclo o PDCA na gestão da melhoria contínua, a construção
de requisitos e especificação de informações.
Logo, você aprendeu que estes pontos são fundamentais para quem deseja iniciar e fundamentar
o lado profissional perante as normas ISO; eles servem de base para o conhecimento da norma e
aplicação interna nas empresas, bem como na consultoria de implantação de certificação.
Ao final, você viu que a ISO 9001 tem grande aproximação de estrutura, conceitos e processos das nor-
mas 14001 e 18001, e passa por um período de transição, devendo ser atualizada ainda no ano de 2015.
3 ISO 9001:2008
39

Anotações:
ISO 14001:2004

A ISO 14001:2004 é a norma de Gestão Ambiental mais conhecida do mundo. Demonstra


comprometimento com práticas sustentáveis, pois especifica os requisitos da gestão ambiental
e permite, para a organização, desenvolver e praticar políticas e metas sustentáveis.
A base desta norma é a mesma que a ISO 9001. Ambas são descritas pela International Organi-
zation for Standardization, seguem a abordagem do Ciclo PDCA, exigem objetivos e metas, regis-
tros controláveis e auditáveis e a participação efetiva da diretoria e dos colaboradores da empresa.
Outro aspecto que aproxima as duas normas (9001 e 14001) é a origem. Ambas possuem
origem em normas inglesas. A 14001 começou a ser desenvolvida depois da BS 7750:1992 e
ECO RIO 92, onde foi feita a proposta para o estudo e criação da norma.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender a importância da gestão ambiental nas organizações;
b) identificar as oportunidades de crescimento de mercado como empresa e como profis-
sional da área;
c) reconhecer as definições, regras e conceitos da ISO 14001.
Inicialmente, você estudará alguns conceitos relacionados à ISO 14001:2004. Vamos lá!
Sistemas de Gestão Integrados
42

4.1 Importância da ISO 14001:2004

O foco existencial da ISO 14001 é implementar controles para atividades que possam ter impacto am-
biental e prevenção da poluição. Com isso, se busca dar as diretrizes para a confirmação de sua conformi-
dade diante de algum requisito preestabelecido por algum cliente. Por fim, estabelece-se a legislação e o
regulamento por meio de critérios de medição, efetuando parâmetros de controle e eficiência.

nadyaillyustrator ([20--?])

A ISO 14001 é uma norma que pode ser aplicada a qualquer organização que visa obter um desempe-
nho ambiental correto. Sendo assim, é possível definir o conceito da ISO 14001 em dois pontos funcionais.
a) Aspecto ambiental: resultado dos produtos ou serviços de uma organização que interage com o
meio ambiente. Como exemplo, é possível citar uma empresa madeireira (extrativista) que tem como
produto as peças de madeira e o aspecto ambiental que rege o consumo desta madeira.
b) Impacto ambiental: qualquer modificação do meio ambiente que traga benefícios ou prejuízos para
o entorno que está inserido. Utilizando o mesmo exemplo da empresa madeireira, o resultado deste
impacto ambiental é o esgotamento dos recursos naturais derivados da extração da madeira.
Segundo Valle (1995), a NBR ISO 14001 é um conjunto de normas e técnicas referentes a métodos e
análises, que possibilitam certificar produtos e organizações que estejam de acordo com a Legislação
Ambiental e não produzam danos ao meio ambiente.
4 ISO 14001:2004
43

Martin Bene¿ ([20--?])


Entre os princípios benefícios da aplicação dos requisitos da Norma ISO 14001, é possível citar:
a) a melhora na eficiência, reduzindo custos de funcionamento;
b) a melhora na gestão ambiental, reduzindo a utilização energética e a quantidade de resíduos de seus
produtos;
c) a prevenção de riscos de acidentes ambientais;
d) a padronização de regras gerais e uniformização para toda a empresa. Esta situação é interessante
quando a empresa tem várias plataformas (unidades operacionais);
e) o melhor aproveitamento dos recursos naturais;
f) o livre acesso ao mercado internacional;
g) a demonstração de consciência ambiental para o mercado;
h) a possibilidade de obtenção de financiamentos com taxas reduzidas.
A ISO 14001:2004 faz parte da família de normas 14000 – Gerenciamento Ambiental, que indica para as
empresas como fazer para minimizar os impactos e melhorar constantemente o desempenho e equilíbrio
do ambiente. Assim, demonstra comprometimento com práticas sustentáveis, sendo um ponto essencial
para esta norma que traz os preceitos básicos para Gestão Ambiental.
A norma dispõe de um gerenciamento ambiental que indica às empresas o que devem fazer para mini-
mizar os impactos ambientais de suas atividades, e trabalha com três eventos de importância; são eles:
Sistemas de Gestão Integrados
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Comprometimento com a gestão ambiental: o comprometimento da empresa com a gestão ambien-


tal é vital para o desenvolvimento de pequenas e grandes empresas, ainda mais quando as preocupações
com o assunto são premissa para grandes discussões pelo mundo afora.
Ganhos econômicos indiretos: existem ganhos econômicos com a adoção da norma. Estes ganhos
podem não ser diretamente auferidos em caixa, mas, por outro lado, afastam multas e sanções impostas
por órgãos de proteção da natureza.
Imagem da empresa: por fim, há a violação da imagem da empresa por parte da sociedade em geral,
que procura, na sua maneira, “penalizar” empresas que não se importam com o meio ambiente por meio
da diminuição de vendas e consumo.
Conforme mencionado anteriormente, a família 14000 tem uma série de normas associadas, algumas
destacadas a seguir.
a) 14001: nosso objeto de estudo neste capítulo;
b) 14004: diretrizes adicionais para implementação do sistema de gestão ambiental;
c) 14051: norma para MFCA – Contabilidade de Custos dos Fluxos Materiais;
d) 14006: norma para ecodesign;
e) 14040: análise do ciclo de vida.
Além destas citadas, outras normas fazem parte da família 14000. Procure conhecer, pode ser importante
para sua empresa.
No “Casos e Relatos” a seguir, você irá conhecer um exemplo de empresa certificada pela norma 14000.

CASOS E RELATOS

LANXESS – No coração da indústria química


A LANXESS é líder em especialidades químicas, com volume de vendas de 8 bilhões de euros em
2014. Atualmente conta com cerca de 16.600 funcionários, distribuídos em 29 países. A companhia
está presente em 52 unidades de produção ao redor do mundo. O core business da LANXESS é o de-
senvolvimento, produção e venda de especialidades químicas, plásticos, borracha e intermediários.
A LANXESS é uma companhia membra do Dow Jones Sustainability Index (DJSI World e DJSI Eu-
rope) e FTSE4Good.
No Brasil, a LANXESS está representada por meio de suas 10 unidades de negócio, possui aproxi-
madamente 1.000 funcionários, cinco unidades produtivas, laboratórios e escritórios, distribuídos
pelas cidades de São Paulo e Porto Feliz (SP), São Leopoldo e Triunfo (RS), Duque de Caxias (RJ) e
Cabo de Santo Agostinho (PE).
Fonte: <http://lanxess.com.br/pt/at-a-glance-brazil/managements/a-empresa/>.
4 ISO 14001:2004
45

Confira, na sequência, os requisitos da norma ISO 14001:2004.

4.2 Requisitos da ISO 14001:2004

A ISO 14001:2004 elenca os requisitos mínimos para uma empresa com o intuito de satisfazer as exigên-
cias de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Essas condições estabelecem a necessidade de organização para a implementação da norma. Instituir,
documentar, implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de gestão ambiental são os pre-
ceitos que determinam requisitos mínimos a serem estipulados pela ISO 14001 da seguinte forma:
Política ambiental;
Planejamento:
a) Aspectos ambientais;
b) Requisitos legais;
c) Programa, objetivos e metas.
Implementação e operação:
a) Recursos, funções, autoridades e responsabilidades;
b) Conscientização, competência e treinamento;
c) Comunicação;
d) Documentação;
e) Controle dos documentos;
f) Controle operacional;
g) Preparação e resposta a emergências.
Verificação:
a) Medição e monitoramento;
b) Avaliação no atendimento a requisitos legais;
c) Não conformidade, ações preventivas e corretivas;
d) Controle de registros;
e) Auditoria interna.
Análise pela documentação.
Seguindo pela trilha gerada dos requisitos, é possível identificar a importância de se ter a definição clara
e objetiva do escopo de trabalho da norma. Este escopo pode ser aplicado a toda a empresa ou à parte
desta, e isso precisa ficar esclarecido desde o início dos processos de certificação.
Sistemas de Gestão Integrados
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Outro momento claro na aplicação da norma é estabelecer o foco da gestão e das mudanças neces-
sárias do processo, ou seja, estabelecer o planejamento. Determinar o que deve ser alcançado, quais as
metas e objetivos e melhorias que a implantação do sistema pretende atender.
Veja novamente a necessidade que há na exploração do ciclo PDCA. Cada não conformidade gera ações
de melhoria que precisam de planejamento, execução, checagem e ação, e estes processos passam a ser
constantes, pois assim diz a norma.
Como a própria norma prega como premissa a melhoria contínua, ela mesma passa por processos de
avaliações e revisões.

4.3 Atualizações da ISO 14001:2004 – 14001:2015

A ISO 14001 passa por uma ampla revisão prevista ainda para 2015, na qual mudanças significativas estão
sendo propostas. Esta revisão da norma tem grandes esforços para tornar mais abrangente nos pilares da
sustentabilidade, pois o contexto meio ambiente está transformando as relações e condutas empresariais.

Reconhecido em todo o mundo, o sistema de gestão ambiental ISO 14001 fornece


uma estrutura para o desenvolvimento de medidas de conservação, tais como: eco-
SAIBA nomia de energia para a proteção do ambiente e eliminação de resíduos. Além disso,
MAIS dá as diretrizes e estabelece as bases para um processo de melhoria contínua e verifi-
cável, reduzindo assim os riscos ambientais. Para aprofundar esse tema, acesse o site
<http://www.iso.org/iso/iso14001_revision> e fique por dentro.

As mudanças propostas à atual ISO 14001 são profundas e devem ser conhecidas pelas organizações
que já implantaram a norma e pelas que pensam em realizar esta ação no futuro.
Dentre as principais mudanças, as que se destacam são:
a) é ajustada às diretrizes do Joint Technical Coordenation Comittee (JTCG) da ISO;
b) direcionamento estratégico;
c) aumento do foco na liderança;
d) abrangência da política ambiental;
e) estabelecimento de riscos e oportunidades da organização;
f) cadeia de valor;
g) conformidade com as obrigações;
h) comunicação;
i) ação preventiva.
Considerando os dados, eram cerca de 285.000 empresas certificadas pela ISO 14001 até 2012 em 165
países, com base na versão 2004. As mudanças propostas tem um potencial de fazer grande diferença em
4 ISO 14001:2004
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uma escala global e as empresas precisam estar atentas, pois da mesma forma que a ISO 9001, a revalidação
ocorre a cada três anos.
Dentre as alterações previstas, é possível citar algumas:
a) Diretrizes do JTCG: este é o processo de criação de um comitê para estabelecer um modelo de alto
nível. Teve por objetivo definir parâmetros mínimos que facilitam a integração das diversas normas de
sistema de gestão. Uma grande vantagem desta diretriz é facilitar o uso das normas para um grande
número de empresas já possuidoras de sistemas de gestão integrados, ou seja, fará com que os requi-
sitos de sistema de gestão sejam harmônicos entre si, facilitando a organização, reduzindo custos de
manutenção e implantação.
b) Direcionamento estratégico: as alterações propostas trazem a ampliação de dois novos requisitos: o
primeiro deles traz o postulado “O entendimento de questões chaves, sejam internas ou externas, é
relevante para o meio ambiente”. A ideia central é promover um alto nível de entendimento estraté-
gico da gestão ambiental.
Outro requisito é o envolvimento direto com as partes interessadas – advindo da gestão de projetos
(stakeholders) – em compreender suas necessidades e expectativas. Assim, faz uma aproximação com acio-
nistas, clientes, fornecedores, órgãos reguladores e todos que possam estar atrelados ao ambiente e gera-
ção de processos da organização.
c) Aumento do foco na liderança: traz a liderança para o foco central do sistema de gestão ambiental.
Em resumo, se o requisito faz parte dos processos críticos da organização, precisa-se ter certeza de
que ele não é uma atividade operacional, mas que está presente no centro da organização. Então, se o
desempenho ambiental é essencial para a empresa, precisa estar no planejamento estratégico desta;
d) Abrangência da política ambiental: a versão ISO 14001:2004 requer que a organização se comprometa
com a conformidade legal, prevenção da poluição e melhoria contínua do sistema de gestão. Para a
versão 2015, a abordagem será mais abrangente.
Há necessidade de comprometimento com a prevenção da poluição. É preciso mitigar mudanças climá-
ticas e assegurar o uso de recursos sustentáveis.
A mudança também ocorre quando se estabelece que a visão e obrigação com a proteção ambiental
pode variar conforme as especificidades da empresa. Isso demanda um conhecimento maior sobre os pro-
cessos que a empresa tem e sua inter-relação com o meio ambiente. Assim, cada empresa tem que conhecer
onde atua, qual o seu impacto no ambiente e, a partir disso, monitorar as ações que possam comprometer
a imagem ambiental.
e) Estabelecimento de riscos e oportunidades: as organizações vêm utilizando a ISO 14001 para o ge-
renciamento e melhoria de seus impactos ambientais. Este item é um dos mais complicados para o
entendimento, pois fica a dúvida sobre a ligação entre risco e impacto ambiental, riscos e oportuni-
dades gerais da organização. Então, ainda precisa passar por estudos para melhorar os conceitos e
evidenciar situações de maneira clara e objetiva.
f) Cadeia de valor: na versão 14001:2004, o controle e o envolvimento da cadeia de valor não estavam
claros. Para a versão 2015, a cadeia de valor da organização deve estar alinhada ao Sistema de Gestão
Sistemas de Gestão Integrados
48

da Qualidade, para que quando esta exerça o controle ou influencie aquela, sejam incluídos seus pro-
jetos, desenvolvimentos e mudanças em seus produtos e serviços.
g) Conformidade com obrigações: este termo substitui o da norma atual (requisitos legais e outros).
Conformidade com obrigações são todos os requisitos que a organização deve atender, ou volunta-
riamente atende. Em síntese, não altera os requisitos já estabelecidos na norma atual, apenas amplia;
O processo de avaliação tem uma periodicidade estabelecida e um entendimento do status da con-
formidade com obrigações. Os métodos para manter o conhecimento e entendimento do status podem
incluir revisão de informações documentadas, inspeções e testes de conformidade.
h) Comunicação: diz respeito ao estabelecimento de um planejamento da comunicação, seja ela externa
ou interna, levando em consideração todas as partes interessadas, deixando mais claro o que deve
ser considerado no planejamento da comunicação. Esse processo interno visa garantir a consistência
e confiabilidade dos dados de desempenho reportados externamente, incluindo os requisitos legais
e regulatórios.
i) Ação preventiva: a estrutura do PDCA insere os conceitos de prevenção na aplicação continuada dos
requisitos que compõem a norma. Dentro do item “não conformidade e ação corretiva” foi incluída
a decisão para realizar ações para que não aconteçam novas ocorrências em nenhum processo do
Sistema de Gestão Ambiental.

FIQUE O prazo para revalidação da certificação é de três anos após a publicação da atuali-
zação da norma. Pode ser um prazo longo, porém é necessário equilíbrio nas deci-
ALERTA sões da empresa, e este fato pode ser um diferencial da Gestão Ambiental.

Apesar desta ISO 14001 ser muito próxima da primeira versão, ainda oriunda da década de 1990 (1996) e
pouco alterada pelas versões posteriores, o andamento da revisão da nova norma, que acontece em média
a cada cinco anos, demandará tempo. Entretanto, já existe a aprovação do segundo rascunho pelos mem-
bros da ISO e em breve a norma 14001:2015 – versão DIS, originado do Final Draft International Standard
(FDIS) – estará disponível para análise critica de todos os envolvidos com os Sistemas de Gestão Ambiental.
4 ISO 14001:2004
49

Você sabia que DIS e FDIS são referências ao Projeto de Norma Internacio-
nal e versão final deste Projeto da Norma? Em resumo, enquanto a norma
CURIOSIDADES está com o status DIS, os critérios estão sob revisão final da equipe especia-
lizada, e quando está com status FDIS, a revisão final já aconteceu e a norma
caminha para a promulgação e divulgação.

Nesta pequena pré-análise realizada, dá para notar que os próximos três anos, tempo ou período de
transição, deverão ser de grande estudo por parte das organizações para que possam adequar-se aos novos
preceitos da norma.
Será um bom futuro para quem realmente tem interesse em fazer uma bela Gestão Ambiental.

Recapitulando

Neste capítulo você conheceu os conceitos da ISO 14001. Simultaneamente estudou sobre gestão
ambiental e todo impacto que cerca o cuidado e o zelo que a empresa precisa aplicar na realização
de suas atividades, assim como a importância da qualificação e certificação ISO.
Você também aprendeu que os requisitos básicos para a implementação de um sistema de gestão
ambiental consistente em segurança para a empresa, tanto nos aspectos sociais, quanto econômicos.
Por fim, viu que a ISO 14001 passa por revisão e atualização e deve trazer no que pontos importan-
tes no que tange à segurança ambiental, aproximando empresa, clientes, fornecedores e órgãos
reguladores para uma ampliação da estratégia ambiental.
OHSAS 18001:2007

A OHSAS 18001 é a norma brasileira para Sistemas de Gestão da Saúde e Segurança Ocupa-
cional. Assim como a ISO 9001 e a 14001, consiste num sistema de gestão que permite a uma
organização estabelecer controles e formas de melhorá-los no que tange ao desempenho da
saúde e segurança operacional.
Da mesma forma que as duas normas anteriores já estudadas, a OHSAS tem sua origem em
normas inglesas, entre elas a BS80:1996. Essa norma é o acrônimo para Occupational Health and
Safety Assessment Series, cuja tradução livre pode ser Série de Avaliação de Saúde e Segurança
Ocupacional. Assim como outras normas, a OHSAS 18001:2007 possui objetivos, indicadores,
metas e planos de ação.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender a estrutura da norma;
b) identificar os pontos que tornam a norma essencial para as organizações que retratam a
preocupação com a integridade física de seus colaboradores e parceiros;
c) reconhecer a existência de normas de controles sobre a saúde e segurança ocupacional
Portanto, você está a um passo de aprofundar mais seus conhecimentos sobre a norma
OHSAS 18001:2007. Siga em frente!
Sistemas de Gestão Integrados
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5.1 Vantagens encontradas com a implantação da OHSAS 18001

Entre as vantagens da implantação desta norma estão a redução dos riscos ambientais e a melhora
contínua de seu desempenho em saúde ocupacional e segurança de seus colaboradores.
A redução de acidentes e acidentados, a inatividade e os custos com responsabilidade civil estão alinhados
diretamente a esta norma.
Diante deste cenário, o envolvimento e a participação dos funcionários no processo de implantação é
de fundamental importância.
Com a implantação da OHSAS 18001, a empresa demonstra aos seus colaboradores, funcionários e
parceiros que pensa no futuro, que não está estagnada no que tange à saúde e segurança ocupacional de
cada um dos seus.

SAIBA Para saber mais sobre o que é um acidente de trabalho, acesse o site <http://www.tst.
jus.br/web/trabalhoseguro/o-que-e-acidente-de-trabalho> e aprofunde seus conheci-
MAIS mentos.

O colaborador passa a participar mais por entender melhor os processos internos, consciente de que
faz parte do sucesso ou fracasso deste lugar. Por outro lado, ter estes profissionais motivados, engajados
e comprometidos é um diferencial considerável para as organizações, pois isso se torna transparente para
clientes e fornecedores.
DAJ ([20--?])
5 OHSAS 18001:2007
53

Assim, a organização assume um compromisso com a segurança e com a saúde de seus funcionários e
da sociedade em geral e consegue, com isso, fazer que a imagem da empresa seja vista de maneira positiva
perante esta sociedade.
Os principais benefícios assegurados com a implementação da ISO 18001 podem ser descritos da
seguinte forma:
a) melhoria na cultura de segurança, na eficiência e redução de acidentes no trabalho;
b) incremento no controle de perigos e redução de riscos;
c) demonstração do atendimento das demandas legais e aumento da sua reputação no gerenciamento
da saúde e segurança ocupacional;
d) redução de prêmios de seguros e indenizações;
e) constituição de uma parte integral de sua estratégia de desenvolvimento sustentável;
f) demonstração do seu compromisso com a proteção do seu pessoal e dos ativos fixos;
g) promoção das comunicações internas e externas.
Diante da similaridade e complementariedade das normas ISO 9001 e 14001, é comum encontrar em-
presas que buscam a implantação de sistemas de gestão integrada nas três normas.
Posto isso, cabe à empresa saber quais são suas reais necessidades, encontrar um ponto de equilíbrio
e verificar quais são os objetivos da implantação conjunta das normas, recursos empregados, dimensão
financeira e operacional, uma vez que este é um processo de aprendizagem e amadurecimento. É neces-
sário que a empresa passe por ele para gerar os resultados almejados.
Digital Vision ([20--?])

A seguir, procure fazer a conexão dos conceitos vistos anteriormente com os da próxima seção, porque
cada informação se relaciona a outra.
Sistemas de Gestão Integrados
54

5.2 Requisitos OHSAS 18001:2007

Para estarem aptas a buscar a implantação da OHSAS 18001, as organizações precisam estabelecer,
documentar, manter e melhorar um Sistema de Gestão em Saúde e Segurança Operacional (SSO), de
acordo com uma série de requisitos da norma, conforme descrito a seguir.

Política de SSO

É um conjunto de premissas e intenções gerais da organização. É nesta política de SSO que está indi-
cado o compromisso assumido pela alta direção da companhia, com os objetivos estratégicos para que o
nível de desempenho seja alcançado.
Com base no estabelecimento dessas metas e objetivos definidos é que será indicado o caminho a ser
percorrido, e a partir das quais serão traçadas ações de prevenção. Por meio dessa política fica claro o grau
de comprometimento da alta direção da empresa com o processo de segurança do trabalho, como: a pre-
venção de acidentes, de trabalho, doenças ocupacionais, assim como a promoção de ambientes seguros
e saudáveis, entre outros.
A ideia central é que seus colaboradores possam realizar suas atividades em condições isentas de perigos
e controladas de riscos, reduzindo, assim, a ocorrência de acidentes.
Essas ações também são desenvolvidas a partir do ciclo PDCA. Porém, ao contrário da ISO 9001, em
que o foco está no produto, aqui os colaboradores são o centro da norma. Os interesses da empresa estão
voltados para sua força de trabalho e seu patrimônio, demonstrando preocupação com a minimização (ou
até mesmo a eliminação) de riscos no trabalho.

Planejamento

O planejamento é a forma como a empresa irá trabalhar os conceitos e colocar em funcionamento cada
forma estabelecida e balizada no controle e prevenção da saúde ocupacional.
Neste momento, surgem algumas perguntas que são comuns, como: quem irá fazer? Quando? Quanto
tempo precisa? Quem tomará as decisões necessárias?
É salutar para a organização trabalhar o planejamento para que cada etapa e ação sejam ordenadas, os
resultados sejam alcançados e estejam dentro do prazo estipulado.
Assim, as respostas para as questões expostas são essenciais para que o plano da empresa seja demons-
trado com clareza.
5 OHSAS 18001:2007
55

O planejamento está sustentado em três pilares estratégicos:


Identificação de perigos: inicialmente, traz os conceitos de perigo1, danos2 e riscos3 e como definir sua
significância e medidas de controle.
Requisitos legais: os requisitos de segurança do trabalho advêm de estudos técnicos e possuem
abrangência setorial. Estabelecer requisitos que sejam aplicáveis, rotineiros e controláveis é uma função
essencial para facilitar e gerenciar os instrumentos de trabalho.
A segurança das pessoas está no centro da norma e precisa estar alinhada à estrutura organizacional
da empresa. À medida que as pessoas estão envolvidas nas atividades, precisam estar cientes de que qual-
quer problema na gestão da norma pode levar a desequilíbrios financeiros, sanções, embargos, responsa-
bilidade civil, entre outras coisas.
Objetivos: realizado o planejamento e estabelecidos os requisitos legais da política de segurança e
saúde ocupacional, vem a etapa de determinar os objetivos. Esse processo é a transformação da política
de prevenção de acidentes em ações diretas de gestão. É o momento de estabelecer critérios e traduzir o
que está escrito no documento em um plano de metas a serem cumpridas que levem a empresa a efetivar
a política de SSO.

Liderança

Política
Organização

Avaliação
Revisão Estratégia
Indicadores de Planejamento
Boas Práticas

elhoramento Contínuo Desempenho Implementação


Medidas Organização
Ana Fleck (2015)

Me
lhora nuo
mento Contí

Figura 6 - Boas práticas em programa de gestão de segurança e saúde no trabalho


Fonte: Adaptado de Zona de risco (2015)

1 Fonte, situação ou ato com um potencial para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde, ou a própria
combinação destes.
2 Condição física ou mental adversa, resultante ou consequente da realização do trabalho e de uma situação relacionada ao
trabalho.
3 Combinação da probabilidade da ocorrência de uma situação perigosa, ferimentos ou danos para a saúde, que pode ser cau-
sada pela exposição ou pela própria situação do risco.
Sistemas de Gestão Integrados
56

A figura apresentada retrata a importância e a visão sistemática que a alta direção da organização pre-
cisa implementar com a aplicação da norma OHSAS 18001. Não basta querer ou precisar da certificação
desta norma, é necessário que a organização participe do processo, tenha a ciência de suas metas, obje-
tivos e responsabilidades e que, dessa maneira, faça que a estratégia utilizada seja positiva com relação à
missão e visão da empresa.

Implementação ou implantação do sistema

Após a realização do planejamento, chega o momento de iniciar a implantação da Norma 18001.


Esta implantação, ou implementação (é comum encontrar os dois termos na literatura), deve ser traba-
lhada voltada para os objetivos e necessidades da empresa e para o planejamento realizado.
Para entrar em operação, a norma estabelece sete etapas que evidenciam cada funcionalidade necessária.
Recursos, atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade
A maior responsabilidade pela implementação do SSO é da alta direção da organização. Esta responsa-
bilidade é mencionada de maneira clara na OHSAS 18001, bem como o comprometimento e garantia com
os recursos (financeiros, humanos, equipamentos).
Uma das ferramentas mais utilizadas para a atribuição de recursos, autoridades e responsabilidades é a
matriz de responsabilidade. Por este documento é possível determinar as atividades, funções e os respon-
sáveis para cada uma destas atividades.
Competência, treinamento e conscientização
O ponto inicial é a conscientização das pessoas da empresa. É importante e necessário que as pessoas
saibam o que e como fazer para manter os procedimentos do SSO. Nesta equipe devem ser identificadas
quais as pessoas e suas competências e atribuídos os treinamentos necessários para a qualificação em
relação a riscos, responsabilidade e habilidades.
Comunicação, participação e consulta
A comunicação, a exemplo do que acontece com as normas anteriormente estudadas (ISO 9001 e
14001), é um dos compromissos mais importantes da organização. É preciso estabelecer um plano de
comunicação que contemple os diversos níveis e funções da empresa, com profissionais externos e presta-
dores de serviços, para posteriormente serem reportadas às pessoas de fora da organização.
Documentação
A documentação do SSO operacional evidencia:
a) política e objetivos;
b) escopo;
c) principais elementos e referência de documentos;
d) documentos requeridos pela OHSAS 18001.
5 OHSAS 18001:2007
57

FIQUE É bom salientar que quanto mais complexa e arriscada é a operação da empresa,
ALERTA maiores detalhes e qualidade devem estar declarados nos documentos do sistema.

Controle de documentos
Todos os documentos citados no item anterior devem ser controlados. Estabelecer os controles de
acesso, as permissões de atualização e a aprovação destes documentos são necessários para que os docu-
mentos tenham a legitimidade proposta.
Controle operacional
A organização deve identificar atividades e relacioná-las aos riscos inerentes do processo; depois, deve
gerenciar estes processos de modo que seja possível obter um processo de gestão de mudanças.
Preparação e atendimento de emergências
Para que possa ter controle das emergências, a organização precisa implementar procedimentos quan-
to à identificação das potenciais situações emergenciais e preparar os planos de respostas para cada um
dos casos.

Você sabia que para estar pronto para a gestão de saúde e segurança, mes-
mo sendo novo na OHSAS 18001 ou procurando ampliar o seu conhecimen-
to, são necessários treinamentos e recursos adequados para auxiliar na im-
plantação da gestão de saúde e segurança, eliminando os custos dos servi-
CURIOSIDADES ços que você não precisa? A aplicação personalizada da OHSAS 18001 pode
ser elaborada para remover as dificuldades que podem ser encontradas no
caminho de onde se quer chegar, melhorando os resultados e a gestão das
informações independente do seu ponto de partida.

Verificação e ação corretiva:

Para que possa validar se os procedimentos e controles estão sendo alcançados pela empresa conforme
se esperava com o planejamento, são necessárias medições.
Estas medições são realizadas através de indicadores de desempenho. Entre alguns indicadores co-
muns nos processos de Saúde e Segurança Operacional estão:
a) custos totais dos acidentes: valor total dos acidentes de trabalho na organização;
b) custos de acidentes por colaborador: é o valor total dividido pela quantidade de colaboradores;
c) taxa de gravidade: evidencia a quantidade de dias causados por afastamentos (dias perdidos de trabalho);
d) número de dias sem acidentes de trabalho: é a contagem de dias sem acidentes de trabalho relatados;
e) valor de investimento mensal em prevenção: representa o valor investido pela empresa para a pre-
venção de acidentes, como equipamentos de proteção individual (EPIs), por exemplo.
Sistemas de Gestão Integrados
58

Tendo os indicadores, é possível estabelecer a avaliação da conformidade.

robuart ([20--?])

Essa sistemática de avaliação deve ser constante. Deve estar regida pelo ciclo PDCA para que os processos
de controle tenham como foco a melhoria permanente. Caso a técnica do PDCA não seja apurada ou a
acreditação ainda não trouxer as informações necessárias para a análise, a utilização de outras ferramentas
como Ishikawa (causa e efeito) ou 5W2H (cinco porquês) pode ajudar a encontrar o que é necessário para
a obtenção dos dados.
Os resultados alcançados são reservados e registrados para que possam servir de consultas futuras,
além de base para as melhorias e o estabelecimento dos planos de ações preventivas e corretivas:

Registro e gestão de registros

Os registros devem ser claros, identificáveis e, principalmente, rastreáveis. É obrigação da empresa ter
estes registros recuperáveis, sendo importante destacar que a guarda dos registros evidencia a qualidade
da informação e as medidas de aplicação consolidadas na organização.

Auditoria interna

A periodicidade das auditorias internas deve preconizar a conformidade das ações planejadas para a
gestão ambiental, verificar se o sistema está corretamente implantado e se atende aos objetivos da organi-
zação, além de ser capaz de fornecer os resultados encontrados para a diretoria.
5 OHSAS 18001:2007
59

A auditoria tem que ser imparcial, pois precisa atuar sobre a norma e a forma que a empresa realizou a
implantação, nas ações e escopo dos riscos inerentes ao processo da empresa e nos resultados das audi-
torias anteriores.

Análise crítica pela administração

A alta direção da organização deve assegurar a eficácia do Sistema de Saúde e Segurança Operacional.
Para isso, deve estabelecer, no planejamento, as rotinas e a forma de análise que irá oportunizar, visando a
manter a adequação e a eficácia do sistema.
O norte tomado pela direção da empresa deve prever eventuais alterações na política, nos objetivos,
nos recursos ou nos demais elementos do sistema SSO, sempre com o compromisso de buscar constante-
mente a melhoria contínua do sistema e assim, estabelecer as novas metas e objetivos.
Confira, no “Casos e Relatos” o exemplo de um conselho municipal que implantou a OHSAS e passou a
compreender melhor as questões de saúde e segurança.

CASOS E RELATOS

Conselho Municipal de Bracknell Forest


O Conselho Municipal de Bracknell Forest é responsável pelas instalações desportivas e de lazer
na cidade inglesa. Ao implementar a norma OHSAS 18001, o conselho reduziu seus prêmios de se-
guro, a equipe tornou-se mais consciente e compreende melhor questões de saúde e segurança,
além de haver uma abordagem padronizada para as funções mais importantes.
Fonte:<http://www.bsigroup.com/LocalFiles/en-GB/bs-ohsas-18001/case-studies/BSI-OH-
SAS-18001-Case-Study-Bracknell-Forest-Council-UK-EN.pdf>.

Na sequência, você vai conhecer o processo de revisão da OHSAS.

5.3 Substituição da OHSAS 18001:2007 pela ISO 45001

Conforme estudado nos capítulos anteriores sobre normas em processo de atualização, cabe mostrar
também que há um processo de revisão da OHSAS 18001. Não uma simples revisão, mas uma reestru-
turação completa. Essa norma será substituída pela ISO 45001:2016, e uma das razões, possivelmente a
principal, era a falta de um padrão ISO para segurança e saúde no trabalho. Esta lacuna levantou muitas
dúvidas nas organizações que pretendem integrar seus sistemas de gestão (qualidade, ambiente e saúde
e segurança no trabalho).
Sistemas de Gestão Integrados
60

Esta norma está na fase de desenvolvimento do rascunho pela ISO Project Committee 283 (PC283). Numa
visão de hierarquia, é o terceiro estágio para conclusão das alterações, que são propostas para os países
membros da ISO (o Brasil é um dos fundadores). Estes fazem comentários e anotações ao processo e têm
dois meses para entregar as informações.
O objetivo fundamental dessa nova norma é o de ser capaz de melhorar a visão dos aspectos de saúde
e segurança ocupacional de maneira unificada em todos os países. É um fato básico, já que a atual norma
OHSAS não é aceita em sua totalidade.
Para novembro de 2015 está previsto o lançamento da Final Draft International Standard (FDIS). Após
isso, o comitê irá se reunir algumas vezes para aprimorar a norma e assegurar que tenha o aceite dos
envolvidos, os stakeholders ou partes envolvidas.

Alexander Bedrin ([20--?])

A publicação oficial da ISO 45001 como International Standard (norma internacional) está programada
para outubro de 2016.
5 OHSAS 18001:2007
61

Até lá, você deve estar atento às alterações que vêm surgindo para poder atualizar os processos empre-
sariais a esta nova norma.

FIQUE Vale ter uma atenção especial ao fato de ser uma nova norma, já que sua atualização
ALERTA e a revalidação da certificação não serão automáticas como nas ISO 9001 e 14001.

Mesmo assim, pelo que se pode observar, a transição deverá ser transparente, não causando problemas
para as organizações que já possuem a OHSAS 18001.
Foram muitos os conceitos estudados neste capítulo. Leia o “Recapitulando” a seguir e relembre-os.

Recapitulando

Neste capítulo você explorou o conceito, as vantagens e a importância da norma OHSAS 18001.
Foi possível notar que a partir do momento que a organização adota uma política de transparência,
desde a alta direção, passando para todos os níveis da empresa, os colaboradores passam a saber o
caminho adotado quanto à prevenção e conceitos de saúde e segurança no trabalho.
Você também conheceu uma visão geral dos requisitos para implantação da norma, bem como o que
deve ser colocado em prática a partir do momento que sua meta seja o atendimento da OHSAS 18001.
Ao final, você aprendeu sobre o processo de atualização que acontece com a 18001. A falta de um
padrão internacional para segurança e saúde no trabalho fez com que a ISO transformasse a norma
atual em uma escrita internacional que atenda aos padrões mundiais, e que assim que promulgada,
unifique procedimentos e padrões. Desta maneira, está nascendo a ISO 45001.
ISO 16001:2004

A ISO 16001:2004 é a norma que estabelece os requisitos mínimos para um sistema de


gestão da responsabilidade social, permitindo que a organização possa definir compromissos
como a promoção da cidadania, a promoção do desenvolvimento sustentável e a transparência
das suas atividades.
Ela tem por objetivo oportunizar para as organizações elementos de um sistema de gestão
da responsabilidade social que possa ser integrado a outros requisitos de gestão da empresa, de
forma a auxiliar no alcance dos objetivos e metas traçados com relação à responsabilidade social.
Sendo assim, é possível afirmar que a ISO 16001 tem caráter de sistema de gestão e propó-
sito de certificação e visa tratar com equidade qualquer empresa que deseja implantar, manter
e tratar com conformidade a gestão da responsabilidade social.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender as questões da responsabilidade social;
b) identificar os requisitos da norma e sua aplicação prática;
c) reconhecer o impacto que causa no ambiente que cerca a organização.
Siga em frente para conhecer novos tópicos de estudo!
Sistemas de Gestão Integrados
64

6.1 Requisitos da ISO 16001:2004

A ISO 16001:2004 é a norma que estabelece os requisitos mínimos para um sistema de Gestão da Res-
ponsabilidade Social, permitindo que a organização tenha controle sobre as ações tomadas com relação a
todo o ambiente que cerca a empresa (cidadania, desenvolvimento sustentável, transparência).
E para que isso ocorra, a norma estabeleceu cinco requisitos primordiais:
a) política de responsabilidade social;
b) planejamento;
c) implementação e operação;
d) documentação;
e) medição, melhoria e análise.
A seguir serão destacados cada um destes requisitos e, na sequência, você irá verificar sua aplicação
com base na norma ISO 16001.
Vale lembrar que para a norma brasileira de responsabilidade social (ABNT NBR ISO 16001) o que impor-
ta no contexto geral é o desempenho integrado de todas as partes interessadas no tocante aos aspectos
sociais, econômicos e ambientais. Isto posto, os requisitos da 16001 são genéricos para que possam ser
aplicados a todas as organizações.

Você sabia que para uma certificação internacional, as empresas devem


buscar validação em cada um dos países que busca reconhecimento? Inde-
CURIOSIDADES pendente disso, um certificado validado e acreditado num destes países,
como exemplo o Brasil, tem confiabilidade no mundo inteiro.

A política de responsabilidade social deve ser definida pela alta administração da empresa e deve:
a) ser apropriada a sua natureza e impactos sociais;
b) ser comprometida com a ética e o desenvolvimento sustentável;
c) ser comprometida com a melhoria contínua;
d) atender a legislação e aos demais requisitos da organização;
e) fornecer a estrutura para o atendimento das metas da responsabilidade social;
f) ser documentada, implementada e mantida;
g) ser comunicada para todos que trabalham para a organização;
6 ISO 16001:2004 65

h) ser disponível para o público em geral;


i) ser implementada para toda a organização.
Para o planejamento, a organização deve estabelecer os objetivos e metas a serem aplicadas e compa-
tíveis com as políticas de responsabilidade social. Essas metas e objetivos devem atender as demandas de
boas práticas de governança, práticas leais de concorrência, direitos da criança e adolescente, direitos dos
trabalhadores, compromisso com desenvolvimento social, promoção da saúde e segurança, proteção ao
meio ambiente.
A norma determina o que a empresa está buscando e como devem acontecer as tratativas em razão das
responsabilidades e autoridades. Da mesma forma, deve assegurar que a alta administração da empresa
possa tomar as decisões sempre no intuito de aprimorar e aprofundar a responsabilidade social.
Quanto à implementação e operação, a organização deve assegurar que tenha a documentação, trei-
namentos e atendimento das necessidades para que possa implementar e manter os procedimentos da
norma em conformidade com a importância, os impactos e as consequências das estratégias adotadas.
A documentação da política de responsabilidade social deve estar aliada ao manual do sistema de ges-
tão, dos procedimentos e registros das operações, para assim ter os controles eficazes relacionados à res-
ponsabilidade social.
Todos os documentos e processos planejados e implementados devem ser passíveis de monitoramento
e controle. Tais processos devem incluir o registro de informações para acompanhar o desempenho, con-
troles operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas da responsabilidade social da
organização.
Como todo processo de monitoramento e controle, devem ser estabelecidas ações preventivas e corre-
tivas; estas ações devem incluir:
a) identificação e correção das não conformidades;
b) investigação das não conformidades e prevenção destas;
c) avaliação das ações de prevenção a não conformidades;
d) registro dos resultados das ações corretivas e preventivas;
e) avaliação da eficácia das ações preventivas e corretivas.
Por fim, a auditoria interna deve determinar se o sistema da gestão da responsabilidade social está em
conformidade com o planejamento realizado, se tem sido efetivamente implementado e mantido pela
organização e se está gerando as informações e resultados necessários para a alta administração.
Isto posto, a alta administração deve analisar o sistema de gestão da responsabilidade social com o
intuito de garantir e assegurar a aplicação da melhoria contínua incluindo a validação da política de res-
ponsabilidade social com os respectivos objetivos e metas.
Sistemas de Gestão Integrados
66

No exemplo do “Casos e Relatos” a seguir, você verá uma organização que segue o padrão da norma
brasileira certificável de Responsabilidade Social.

CASOS E RELATOS

Organização Pacto Mundial


O Pacto Mundial da ONU é uma iniciativa de Kofi Annan de compromisso ético para as empresas, ins-
tituições e organizações não governamentais que integra nas suas ações aspectos como o respeito
pelos direitos humanos e laborais, a luta contra a corrupção ou o respeito pelo meio ambiente.
Conheça mais sobra a iniciativa de Kofi Annan em: <http://www.pactomundial.org/>.

Acompanhe a seguir o processo de atualização da ISO 16001:2012.

6.2 Atualização para a ISO 16001:2012

A ISO 16001 teve sua primeira edição em 2004, sendo atualizada em julho de 2012. A base para esta
atualização foi a ISO 26000:2010, que é a diretriz internacional para responsabilidade social.
A migração das empresas certificadas com a ISO 16001:2004 para a nova versão da norma pode ocorrer
a qualquer momento após a publicação, sendo que após 36 meses todas as organizações deverão ter mi-
grado para a versão atual.
A norma estabelece requisitos para um sistema de Gestão de Responsabilidade Social para qualquer
empresa ou tamanho que tenha compromissos assumidos com:
a) a transparência;
b) o comportamento ético;
c) o respeito pelos interesses das partes interessadas;
d) o atendimento aos requisitos legais;
e) o respeito às normas internacionais;
f) o respeito aos direitos humanos;
g) a promoção do desenvolvimento sustentável.
6 ISO 16001:2004 67

ões e Conhecim
rmaç ent
Info o
Clientes

Pessoas
Liderança

Estratégias
e Planos
Resultados

Processos

Sociedade

Ana Fleck (2015)


Figura 7 - Informações e conhecimento
Fonte: Adaptado de Benchmark [s.d.]

Toda a política da responsabilidade social deve ser documentada, comunicada para todos na organização
e estar acessível às partes interessadas.

SAIBA A norma ISO 16001:2004 foi publicada após dois anos de preparação, e foi editada
como ABNT NBR 16001 – Responsabilidade Social – Sistema de Gestão – Requisitos.
MAIS Pode ser adquirida diretamente pelo site da ABNT: <www.abnt.org.br>.

Para concluir esta análise básica sobre a atualização da norma, existe uma visão sobre a estrutura do
planejamento que deve conter instruções sobre:
a) governança organizacional;
b) direitos humanos;
c) meio ambiente;
d) práticas de operação;
Sistemas de Gestão Integrados
68

e) questões relativas ao consumidor;


f) envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Para encerrar, tanto a ISO 16001:2004 quanto a 16001:2012 se preocupam com as ações tomadas sobre
todo o ambiente que cerca a empresa (cidadania, desenvolvimento sustentável, transparência).
No próximo capítulo, será estudada a norma SA8000. Abuse da autonomia e entusiasmo para que a
construção do conhecimento seja significativa e prazerosa. Vamos lá!

Recapitulando

Neste capítulo tratou-se dos aspectos referenciados por meio da ISO 16001, os requisitos essenciais
para a implementação da norma, suas atribuições e o contexto que abrange.
É de suma importância conhecer os compromissos que precisam ser atendidos para as empresas
que buscam a certificação internacional e como devem conseguir alcançar este objetivo.
No final do capítulo foi feita uma aproximação com a atualização para a ISO 16001:2012 e os pontos
principais de inclusão sobre responsabilidade social.
6 ISO 16001:2004 69

Anotações:
Norma SA8000

A SA8000 é uma norma americana que estabelece padrões para as relações de trabalho. Foi
elaborada pelo Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPPA), sendo a primeira
certificação internacional sobre responsabilidade social.
É um sistema de implementação, verificação e manutenção das condições de trabalho e
dos direitos fundamentais dos trabalhadores. Como é adotada mundialmente, tem requisitos
baseados nas diretrizes internacionais de direitos humanos, convenções da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e convenções da ONU sobre os direitos da criança.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender as relações de trabalho;
b) identificar como a norma SA8000 pode ajudar na sustentabilidade das condições de trabalho.
Agora que você sabe os desafios que tem pela frente, motive-se para iniciar esta última etapa!
Sistemas de Gestão Integrados
72

7.1 Benefícios da norma SA8000

O objetivo da SA8000 é assegurar que a compra e venda de produtos seja realizada em países que te-
nham as regras de trabalho estabelecidas e busquem trabalhar em prol das boas condições de trabalho.
Ela está fundamentada em normas de direitos humanos internacionais declaradas pela Organização
das Nações Unidas (ONU), como a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Convenção sobre os
Direitos da Criança.
Adotar a certificação SA 8000 significa que a organização deve levar em consideração o impacto social
de suas operações, além das condições sob as quais seus funcionários, parceiros e fornecedores trabalham.

Sistema de gestão Trabalho infantil Trabalho forçado

Saúde e
Remuneração
segurança

SA 8000

Práticas
Discriminação
disciplinares Ana Fleck (2015)

Horário de Liberdade de
trabalho associação

A certificação na SA 8000 vai facilitar o desenvolvimento e a melhoria da responsabilidade social em


todas as operações e elevar o padrão de locais de trabalho mais aceito no mundo, pois demonstra respon-
sabilidade social nas licitações de contratos e na expansão de sua organização.
Além destes pontos, é interessante citar que:
a) reafirma seu compromisso com a responsabilidade social e o tratamento ético dispensado a
seus funcionários;
b) melhora o gerenciamento e o desempenho de sua cadeia de suprimentos;
c) permite garantir a conformidade com os padrões globais e reduz o risco e a exposição pública, assim
como possíveis ações judiciais;
d) apoia a sua visão corporativa, fortalecendo a lealdade de seus colaboradores, clientes e partes interessadas.
7 Norma SA8000 73

A norma SA8000 assemelha-se muito, em vários aspectos, à série de normas ISO 9000, principalmente
em pontos como ações corretivas e preventivas, planejamento e avaliação e controle. Apesar disso, é mais
restritiva em situações de divulgação de informações de terceiros e operações externas à organização.

Você sabia que para obter a certificação SA8000 é preciso que as empresas
interessadas sejam auditadas por entidades credenciadas pela SAI? O pro-
cesso envolve entrevista com funcionários, acompanhamento dos auditores
no trabalho, reavaliações periódicas, assim como a recertificação a cada
três anos, onde a empresa passará por uma revisão completa. A norma já
CURIOSIDADES está em sua terceira edição, tendo sido revisada em 2008. Mesmo sendo
uma referência em termos de certificação para as condições do trabalho,
o número de empresas certificadas é baixo. Embora tenha dificuldades de
adesão à norma, o Brasil é o quarto país mais certificado, perdendo apenas
para a Itália, Índia e China.

A seguir estão descritos os principais requisitos da norma. Confira!

7.2 Requisitos da norma SA8000

A SA8000 é uma norma internacional de avaliação da responsabilidade social que traz todos os requisi-
tos e a metodologia de revisão para uma avaliação correta das condições do local de trabalho.
As principais atenções da SA8000 são:
a) Trabalho infantil: refere-se a qualquer trabalho realizado por uma criança com idade inferior a 15
anos (a menos que a lei de idade mínima local estipule uma idade maior para trabalho ou educação
obrigatória, prevalecendo a idade maior).
A organização não deve se envolver ou apoiar a utilização de trabalho infantil em hipótese alguma.
Deve estabelecer, documentar, manter e comunicar aos colaboradores e parceiros as políticas e os proce-
dimentos que devem ser executados quando alguma criança for encontrada trabalhando.
Essas ações são necessárias para garantir a segurança, saúde, educação e o desenvolvimento das crianças.
Do autor ([20--?])
Sistemas de Gestão Integrados
74

b) Trabalho forçado: é todo e qualquer trabalho ou serviço realizado sob ameaça de qualquer penali-
dade, para o qual essa pessoa não tenha se oferecido voluntariamente ou que seja obrigada a saldar
débitos anteriores.
Nenhuma empresa pode pedir aos trabalhadores que façam depósitos ou que deixem documentos de
identidade quando iniciarem seu trabalho na empresa.
c) Programas de saúde e segurança: o ambiente de trabalho deve ser saudável e seguro, isto inclui o
atendimento às normas reguladoras de cada organização (NRs).
A empresa deve nomear um representante da alta administração para ser responsável pela saúde e
segurança de todos os funcionários e pela implementação dos projetos de saúde e segurança conforme
ditam a SA8000.
Os funcionários devem receber treinamento em saúde e segurança regularmente.
d) Liberdade de negociação e o direito de negociação coletiva: com relação a sindicalização, a orga-
nização não deve impedir o acesso e sindicalização dos trabalhadores ao sindicato de livre escolha.
Caso estes trabalhadores sejam sindicalizados, não devem ser discriminados por esta condição, e os
representantes do sindicato não devem ter suas atividades limitadas ou impedidas.

A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) trabalha essencialmente no desenvolvimen-


SAIBA to das organizações e do país e tem baseado seu trabalho no Modelo de Excelência
da Gestão (MEG) para manter o compromisso de aperfeiçoar-se e renovar-se e impul-
MAIS sionar o desenvolvimento das empresas e do país. Para conhecer melhor os trabalhos
desenvolvimentos, acesse o site: <http://www.fnq.org.br/>.

e) Discriminação: indicativos de qualquer tipo de discriminação na contratação de colaboradores, como


sexo, idade, raça, religião, preferência sexual, associação a sindicato ou afiliação política, devem ser
abolidos pela empresa; também não deve interferir com o exercício dos direitos dos funcionários em
observar preceitos ou práticas citadas.
A empresa não deve permitir comportamento que seja sexualmente coercitivo, ameaçador, abusivo
ou explorativo.
f) Práticas disciplinares: são proibidas quaisquer penalidades corporais, coerções mentais ou físicas,
bem como o abuso verbal contra os trabalhadores.
g) Horário de trabalho: o horário de trabalho não deve ultrapassar 48 horas semanais, além de 12 horas
extras semanais. Estas determinações valem como julgamento geral. Caso a empresa possua acordos
coletivos com horas diferenciadas que sejam menores que as citadas, passa a valer o acordo; por isso
mesmo, a empresa deve respeitar o estabelecido no Acordo Coletivo quanto aos horários de trabalho.
h) Remuneração justa: a empresa deve proporcionar ao colaborador, uma remuneração suficiente para
atender às necessidades básicas, além de alguma renda extra.
7 Norma SA8000 75

Acompanhe a seguir um exemplo de programa de atuação sustentável que busca contribuir na promo-
ção do desenvolvimento sustentável da indústria química brasileira no “Casos e Relatos”.

CASOS E RELATOS

Programa Atuação Responsável – ABIQUIM


O Programa Atuação Responsável é resultado da ação voluntária de empresas/indústrias do setor
químico brasileiro lançado em 1992 e que vem, desde então trabalhando e gerando informações
e indicadores de segurança, sustentabilidade ambiental, saúde e segurança do trabalho.
É parte essencial na missão da ABIQUIM contribuir para a promoção da competitividade e do
desenvolvimento sustentável da indústria química brasileira.
Fonte: <http://www.abiquim.org.br/home/associacao-brasileira-da-industria-quimica>.

Na sequência, você irá conhecer o processo de atualização da norma.

7.3 Atualização da SA8000

A norma SA 8000:2008 passou por um processo de atualização no ano de 2014, como aconteceu com
as anteriores (9001, 14001, 18001).
Esta atualização trouxe como novidades ou alterações os seguintes pontos principais:
a) Maior enfoque na abordagem do sistema de gestão para o cumprimento total e sustentável dos
requisitos da SA 8000, promovendo o desempenho social como melhoria contínua da organização.
b) Melhor definição de conceitos já existentes e introdução de novos: ação corretiva, ação preventiva,
partes interessadas, organização, trabalho temporário, salário mínimo, avaliação de risco, represen-
tante dos trabalhadores para a SA 8000, desempenho social, envolvimento das partes interessadas.
c) Saúde e Segurança: constituição do comitê de saúde e segurança e suas responsabilidades.
d) Sistema de Gestão: constituição da equipe de desempenho social, suas responsabilidades e a identi-
ficação e avaliação dos riscos.
Também estão em fase de desenvolvimento dois documentos que vão ajudar as organizações na inter-
pretação e implementação da norma:
Sistemas de Gestão Integrados
76

SA8000 Performance Indicator Annex – estabelece o nível mínimo de desempenho que uma organi-
zação certificada deve evidenciar;
SA8000:2014 Guidance Document – guia de implementação da norma SA 8000, com exemplos de
metodologias possíveis de implementar para a verificação da conformidade.

As normas citadas até agora, ISO 9000, ISO 14000, ISO 18000, OHSAS 18000 e SA
8000 buscam a padronização e a melhoria dos processos de trabalho, assim como a
relação entre empresas e funcionários.
É com essas certificações que uma organização consegue o reconhecimento entre
FIQUE seus clientes e o respeito de seus concorrentes.
ALERTA Para a realização dessas certificações, mais do que o empenho dos empregados
é preciso acima de tudo comprometimento dos gestores, principalmente da alta
administração. Por isso, antes de realizar algum projeto para conseguir um reco-
nhecimento deste nível é necessário que toda a organização esteja empenhada em
seguir o mesmo objetivo, alcançar as mesmas metas, facilitando, assim, o processo
de implantação de um dos sistemas citados.

Nessa última etapa do seu aprendizado, aproveite para fazer um apontamento dos conceitos que você
considera mais relevantes. Faça um resumo desses assuntos e coloque em prática, pois desta forma, você
estará reforçando todo conteúdo adquirido neste material didático.

Recapitulando

Neste capítulo foram abordados os conceitos da norma SA8000, todo o impacto na gestão e a adoção
de diretrizes ocupacionais admitidas e publicadas pela ONU.
A partir destes conceitos iniciais foi possível conhecer as vantagens e benefícios que a implemen-
tação da SA8000 traz para as organizações, colaboradores e partes interessadas envolvidas na vida
da organização.
Os requisitos necessários para a adequação à norma foram tratados de forma a esclarecer para os
profissionais a atenção necessária para a obtenção da certificação e, mais do que isso, na justa relação
empresa/colaborador.
Finalizando, foram mostradas as principais atualizações propostas para a versão SA8000:2014, que
traz atenção ao esclarecimento de conceitos, melhoria contínua e adequação da participação da
empresa em definição de papéis e responsabilidades.
7 Norma SA8000 77

Anotações:
REFERÊNCIAS
ABIQUIM. Programa Atuação Responsável – ABIQUIM. Disponível em: <http://www.abiquim.org.
br/home/associacao-brasileira-da-industria-quimica>. Acesso em: 14 set. 2015.
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14001. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=1006>. Acesso em: 15 set.
2015.
BRACKNELL FOREST. Case study BraCknell Forest Council. Disponível em: <http://www.bsigroup.
com/LocalFiles/en-GB/bs-ohsas-18001/case-studies/BSI-OHSAS-18001-Case-Study-Bracknell-
Forest-Council-UK-EN.pdf>. Acesso em: 15 set. 2015.
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NBR16001: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
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ENGMEX. Uma empresa inovadora – Quem somos? Disponível em: <http://www.engmex.com.br/
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POMBO, F. R.; MAGRINI, A. Panorama de aplicação da norma ISO 14001 no Brasil. Gestão &
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VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: o desafio de ser competitivo protegendo o meio
ambiente. São Paulo: Pioneira,1995.
WHITELAW, K. ISO 14001 environmental systems handbook. 2. ed. Oxford: Elsevier, 2004. 259p.
MINICURRÍCULO Do AUTOR
ADÉCIO LUIZ LUCIANI
Adécio Luiz Luciani, contador, gerente de projetos e professor, é graduado pela Universidade Fe-
deral de Santa Catarina (UFSC), pós graduado em Consultoria Empresarial (Universidade do Vale
do Itajaí – Univali) e Gestão de Projetos (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai),
além de especialista em Contabilidade Internacional (Universidade de São Paulo – USP).
Tem vivência profissional ampla na gestão de projetos, atendendo a clientes em vários estados na
definição de processos, requisitos de normas e leis, implantação de sistemas de gestão integrada
e coordenação de projetos.
Atualmente é coordenador de projetos, relacionamento com clientes e professor para graduação
e pós graduação e vem, em sua vivência profissional, aliando a teoria acadêmica às práticas e ne-
cessidades do mercado, trabalhado para a consolidação de metas e objetivos das organizações.
Índice

A
ABNT, 12, 19, 64, 79
Ambiente, 9, 26, 31, 37, 42, 43, 44, 46, 47, 60, 63, 64, 65, 67, 68, 74, 79
Atualização, 5, 7, 9, 28, 31, 36, 37, 57, 59, 66, 67, 75
Avaliação, 26, 27, 32, 45, 48, 51, 58, 65, 73, 75

B
Benefícios, 7, 16, 21, 42, 43, 53, 72

C
Certificação, 11, 16, 19, 20, 21, 26, 28, 45, 55, 63, 71, 72
Comunicação, 29, 45, 46, 48, 56
Controle, 7, 11, 12, 13, 15, 19, 20, 21, 26, 27, 28, 32, 33, 34, 36, 37, 42, 45, 47, 48, 53, 54, 57, 58, 64,
65, 73, 79
Corretiva, 48, 57, 75

D
Documentos, 20, 21, 26, 27, 28, 29, 37, 45, 55, 56, 57, 65, 74, 75

G
Gestão, 5, 7, 9, 11, 12, 13, 15, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 37, 38, 41,
43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 51, 53, 54, 55, 57, 58, 60, 63, 64, 65, 66, 75, 79, 81

I
Implantação, 7, 9, 13, 19, 33, 36, 37, 46, 47, 52, 53, 54, 55, 59, 81
Implementar, 42, 45, 55, 57, 65, 76
ISO, 5, 7, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37,
38, 41, 42, 43, 45, 46, 47, 48, 51, 53, 54, 56, 59, 60, 63, 64, 66, 68, 73, 79

L
Liderança, 25, 29, 36, 46, 47

M
Manual, 21, 27, 28, 65
Modelos, 16, 25, 47
Monitoramento, 28, 33, 34, 36, 45, 65
N
NBR, 7, 9, 13, 19, 42, 64, 79
Norma, 7, 13, 17, 19, 20, 21, 24, 26, 27, 31, 32, 33, 34, 36, 37, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 48, 49, 51, 52,
54, 55, 56, 59, 60, 61, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 71, 72, 73, 75, 76, 79

P
Padrão, 11, 14, 16, 20, 26, 28, 33, 59, 66, 72
PDCA, 5, 7, 23, 24, 41, 46, 48, 54, 58
Planejamento, 23, 30, 31, 33, 35, 45, 46, 47, 48, 54, 55, 57, 59, 64, 65, 67, 73
Política, 21, 30, 31, 45, 46, 47, 54, 55, 56, 59, 64, 65, 67, 74
Preparação, 37, 45, 57
Preventiva, 46, 48, 75
Princípios, 7, 12, 25, 32, 36, 43
Processos, 7, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 32, 33, 34, 37, 45,
46, 47, 48, 52, 53, 54, 55, 57, 58, 59, 60, 61, 65, 66, 75, 81
Publicação, 28, 37, 60, 66

Q
Qualidade, 5, 7, 9, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35,
36, 37, 38, 48, 58, 60, 79

R
Recursos, 7, 23, 30, 31, 42, 43, 45, 47, 53, 56, 59, 85
Requisitos, 7, 19, 20, 21, 22, 27, 28, 29, 31, 32, 33, 41, 42, 43, 45, 47, 48, 54, 55, 63, 64, 66, 71, 73,
75, 79, 81
Responsabilidade, 7, 28, 29, 30, 36, 52, 55, 56, 63, 64, 65, 66, 67, 71, 72, 73

S
Sistema, 5, 7, 9, 13, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 33, 36, 37, 44, 45, 46, 47, 48, 51, 54, 55, 58,
59, 63, 64, 65, 66, 71, 75, 79
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Pinto Morgado


Gerente Executivo

Waldemir Amaro
Gerente

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor Técnico

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Adécio Luiz Luciani


Elaboração

Cristiam de Oliveira
Revisão Técnica

Maycon Cim
Coordenação do Núcleo de Assessoria e Consultoria em Educação

Gisele Umbelino
Coordenação Assessoria e Consultoria em Educação

Kácio Flores Jara


Técnico em Educação a Distância

Michele Antunes Corrêa


Coordenação Técnica de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Pâmella Rocha Flores da Silva


Design Educacional
Ana Carolina Fleck
Diego Fernandes
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Marina Berretta Mori Ubaldini


Diagramação

Tatiana Daou Segalin


Revisão e Fechamento de Arquivos

Luciana Effting Takiuchi


CRB-14/937
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Jaqueline Tartari
Contextuar
Revisão Ortográfica e Gramatical

Jaqueline Tartari
Contextuar
Normalização

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