Cálculo - Construção Naval
Cálculo - Construção Naval
CÁLCULOS E
METROLOGIA
APLICADA À
CONSTRUÇÃO
NAVAL
SÉRIE METALMECÂNICA - CONSTRUÇÃO NAVAL
CÁLCULOS E
METROLOGIA
APLICADA À
CONSTRUÇÃO
NAVAL
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
CÁLCULOS E
METROLOGIA
APLICADA À
CONSTRUÇÃO
NAVAL
© 2016. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autoriza-
ção, por escrito, do SENAI.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491c
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Cálculos e metrologia aplicada à construção naval/ Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/DN,
2016.
142 p.: il. - (Série Metalmecânica - Construção Naval).
ISBN 978-85-7519-999-2
CDU: 623.8
SENAI Sede
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Lista de ilustrações
Figura 1 - Números egípcios em templo antigo....................................................................................................17
Figura 2 - Equivalência entre sistema posicional e romano..............................................................................19
Figura 3 - Composição de um número......................................................................................................................21
Figura 4 - Exemplo de decomposição de um número........................................................................................21
Figura 5 - Exemplo de operação de adição.............................................................................................................23
Figura 6 - Propriedade da divisão inteira..................................................................................................................26
Figura 7 - Representação da forma decimal por somas......................................................................................27
Figura 8 - Adição com números decimais................................................................................................................28
Figura 9 - Multiplicação com números......................................................................................................................28
Figura 10 - Divisão de inteiros com o dividendo maior que o divisor...........................................................28
Figura 11 - Divisão de inteiros com o dividendo menor que o divisor..........................................................29
Figura 12 - Divisão de inteiro por decimal...............................................................................................................29
Figura 13 - Divisão de decimal por inteiro...............................................................................................................30
Figura 14 - Divisão entre números decimais...........................................................................................................30
Figura 15 - Tubos com o diâmetro descrito em frações de polegadas .........................................................33
Figura 16 - Fração..............................................................................................................................................................34
Figura 17 - Formação de frações.................................................................................................................................34
Figura 18 - Soma e subtração de frações utilizando o M.M.C...........................................................................35
Figura 19 - Subtração de frações mistas utilizando o M.M.C.............................................................................36
Figura 20 - Multiplicação entre frações.....................................................................................................................36
Figura 21 - Divisão entre frações.................................................................................................................................37
Figura 22 - Razão...............................................................................................................................................................38
Figura 23 - Propriedade fundamental.......................................................................................................................39
Figura 24 - Propriedade da soma e da diferença dos termos...........................................................................40
Figura 25 - Propriedade da soma e da diferença dos antecedentes e consequentes..............................40
Figura 26 - Igualdade entre razões.............................................................................................................................41
Figura 27 - Propriedade diretamente proporcional.............................................................................................41
Figura 28 - Regra de três simples................................................................................................................................42
Figura 29 - Exemplo de regra de três composta....................................................................................................43
Figura 30 - Exemplos de porcentagem.....................................................................................................................44
Figura 31 - Equação e representação dos seus membros..................................................................................48
Figura 32 - Sistemas com equações de 1° grau......................................................................................................49
Figura 33 - Sistema que admite uma única solução pelo método de adição.............................................50
Figura 34 - Encontrando a variável y pelo método de substituição...............................................................50
Figura 35 - Método da substituição...........................................................................................................................51
Figura 36 - Sistema que admite uma única solução pelo método de substituição..................................52
Figura 37 - Pirâmides do Egito.....................................................................................................................................55
Figura 38 - Segmento AB com medida de 2 m de comprimento....................................................................57
Figura 39 - Ângulo AOB..................................................................................................................................................62
Figura 40 - Gancho de 5 toneladas para içamento de cargas em estaleiro.................................................64
Figura 41 - Montagem de um navio...........................................................................................................................69
Figura 42 - Triângulo retângulo...................................................................................................................................70
Figura 43 - Relações com triângulo retângulo.......................................................................................................71
Figura 44 - Teorema de Pitágoras................................................................................................................................72
Figura 45 - Marcações nos costados dos navios ...................................................................................................79
Figura 46 - Régua graduada mm e pol......................................................................................................................83
Figura 47 - Aplicação do Excel para gerar gráficos...............................................................................................85
Figura 48 - Aplicação do Excel para converter unidades....................................................................................86
Figura 49 - Instrumentos de medição na construção naval..............................................................................89
Figura 50 - Instrumento de nível.................................................................................................................................90
Figura 51 - Compasso de ponta...................................................................................................................................91
Figura 52 - Esquadros em L e em retângulo............................................................................................................92
Figura 53 - Calibrador de anel para rosca externa................................................................................................93
Figura 54 - Calibrador de rosca tampão....................................................................................................................93
Figura 55 - Calibrador regulável de rosca.................................................................................................................94
Figura 56 - Régua graduada em polegadas e em milímetros...........................................................................95
Figura 57 - Paquímetro universal................................................................................................................................95
Figura 58 - Paquímetro digital......................................................................................................................................96
Figura 59 - Calibradores do tipo passa não passa ................................................................................................97
Figura 60 - Micrômetro...................................................................................................................................................97
Figura 61 - Micrômetro digital .....................................................................................................................................98
Figura 62 - Relógio comparador..................................................................................................................................98
Figura 63 - Utilização do relógio comparador com súbito................................................................................99
Figura 64 - Trena padrão com trava rápida em várias posições.................................................................... 100
Figura 65 - Balança........................................................................................................................................................ 100
Figura 66 - Durômetro manual................................................................................................................................. 101
Figura 67 - Rugosímetro analógico......................................................................................................................... 102
Figura 68 - Transferidor móvel................................................................................................................................... 103
Figura 69 - Transferidor de uso industrial.............................................................................................................. 103
Figura 70 - Goniômetro de precisão....................................................................................................................... 104
Figura 71 - Goniômetro simples............................................................................................................................... 104
Figura 72 - Análise de termografia........................................................................................................................... 107
Figura 73 - Comparação de escalas termométricas........................................................................................... 108
Figura 74 - Uso de teodolito eletrônico................................................................................................................. 109
Figura 75 - Estação total com o prisma refletor e unidade GPS.................................................................... 110
Figura 76 - Calibre de solda multifunções............................................................................................................. 111
Figura 77 - Calibre HI-Lo.............................................................................................................................................. 112
Figura 78 - Trena a laser.............................................................................................................................................114
Figura 79 - Termômetro a laser................................................................................................................................115
Figura 80 - Medição de espessura de uma estrutura metálica com ultrassom....................................... 117
Figura 81 - Medição de uma peça metálica.......................................................................................................... 119
Figura 82 - Analogia de exatidão x precisão........................................................................................................ 120
Figura 83 - Representação gráfica de tolerância................................................................................................ 123
Figura 84 - Representação gráfica de tolerância, desvios e cotas................................................................ 124
Figura 85 - Tolerância geométrica............................................................................................................................ 125
Figura 86 - Controle de palnicidade........................................................................................................................ 126
Figura 87 - Paralelismo................................................................................................................................................. 127
Figura 88 - Verificação de paralelismo com relógio comparador................................................................. 127
Figura 89 - Perpendicularismo.................................................................................................................................. 128
Figura 90 - Uso do esquadro para manter a perpendicularidade................................................................ 128
Figura 91 - Verificação de nivelamento com o uso do teodolito.................................................................. 129
Figura 92 - Leitura com a utilização do teodolito............................................................................................... 130
Figura 93 - Frequência de calibração...................................................................................................................... 132
2 Sistema de numeração.................................................................................................................................................17
2.1 Base...................................................................................................................................................................18
2.2 Valor posicional.............................................................................................................................................19
2.3 Composição e decomposição..................................................................................................................20
2.4 Operações fundamentais..........................................................................................................................22
2.5 Formas decimais (conceitos, registros e operações).......................................................................27
3 Frações e proporcionalidade......................................................................................................................................33
3.1 Forma fracionária (conceitos, registro e operações)........................................................................34
3.2 Razão.................................................................................................................................................................37
3.3 Proporcionalidade........................................................................................................................................39
3.3.1 Propriedade das proporções ................................................................................................39
3.4 Regra de três simples e composta.........................................................................................................41
3.5 Porcentagem..................................................................................................................................................44
4 Equação de 1° grau........................................................................................................................................................47
4.1 Métodos de resolução................................................................................................................................49
4.1.1 Método da adição......................................................................................................................49
4.1.2 Método da substituição...........................................................................................................51
6 Trigonometria..................................................................................................................................................................69
6.1 Triângulo retângulo.....................................................................................................................................70
6.1.1 Relações métricas......................................................................................................................71
7 Medição linear.................................................................................................................................................................79
7.1 Sistema internacional e sistema inglês.................................................................................................80
7.1.1 Sistema internacional ..............................................................................................................80
7.1.2 Sistema inglês.............................................................................................................................82
7.2 Conversão de medidas mm/pol..............................................................................................................83
7.3 Prática com Excel..........................................................................................................................................85
8 Instrumentos de medição...........................................................................................................................................89
8.1 Tipos e aplicações.........................................................................................................................................90
8.1.1 Nível................................................................................................................................................90
8.1.2 Compassos...................................................................................................................................91
8.1.3 Esquadros.....................................................................................................................................91
8.1.4 Calibradores de rosca...............................................................................................................92
8.1.5 Réguas graduadas e paquímetros.......................................................................................94
8.1.6 Calibradores e micrômetros ..................................................................................................96
8.1.7 Súbito (relógio comparador com súbito)..........................................................................99
8.2 Medição angular........................................................................................................................................ 102
8.2.1 Transferidores e goniômetros............................................................................................. 102
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Cálculos e Metrologia Aplicada à Construção Naval.
Este livro tem como objetivo geral aperfeiçoar conhecimentos de matemática, identificar os
diversos tipos e sistemas de medição e utilizar de forma adequada seus diversos instrumentos
no exercício de sua prática profissional. Ainda, visa desenvolver as competências de gestão
(capacidades sociais, organizativas e metodológicas) necessárias para a formação do técnico
em construção naval e offshore, atendendo sempre os requisitos de qualidade e segurança,
seguindo as normas, legislações vigentes e especificações do produto (embarcações).
Nos capítulos a seguir você vai se deparar com assuntos que ressaltam a importância do
conhecimento em cálculos matemáticos, dos instrumentos de medição, instrumentos de re-
ferência, sistema internacional, sistema inglês, realização de medição, noções de calibração e
terminologia.
Esta unidade curricular demonstrará noções para iniciativas eficientes e eficazes, em calcu-
lar, medir e calibrar as peças utilizadas na execução dos serviços, aplicando normas, métodos,
técnicas e procedimentos estabelecidos, visando à qualidade e a produtividade dos processos
construtivos e a segurança dos trabalhadores.
Por fim, esse livro servirá para despertar atitudes mais preocupadas com a própria qualida-
de de vida do profissional no cotidiano e principalmente na área da construção naval.
Veja a seguir a matriz curricular que compreende a unidade curricular deste livro, em desta-
que, e as demais que serão estudadas no Curso Técnico em Construção Naval.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
14
• Coordenação e Supervisão de
20 h
Equipes
• Eletroeletrônica Naval 80 h
Total 1.280 h
a) Participar de equipes de trabalho na empresa com finalidade de analisar melhorias nos proces-
sos;
b) Coordenar e/ou atuar em equipes de trabalho, identificando potencialidades, capacitando seus
integrantes, aplicando ferramentas de gestão e qualidade, demonstrando postura crítica e ética;
c) Resolver situações de conflito, analisando as variáveis envolvidas e suas possíveis causas, buscan-
do o consenso na resolução dos impasses ocorridos.
CAPACIDADES TÉCNICAS
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação técnica e isso inclui ações proativas,
como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
Sistema de numeração
Nesta unidade curricular, convidamos você, que está iniciando os estudos e entusiasmado
para ser técnico em construção naval, a aprender sobre sistema de numeração. Assim, você
poderá conhecer os conceitos do sistema de numeração, utilizado atualmente para realizar os
cálculos básicos na execução das atividades para a construção naval e offshore1.
Desde a antiguidade até os tempos atuais o ser humano percebeu a necessidade de pro-
duzir seu próprio alimento. A partir disso ele desenvolveu as atividades de agricultura e do
pastoreio que o obrigaram a ter de quantificar. A numeração surgiu a partir desta noção de
quantidade, pois houve a necessidade do homem controlar suas tarefas, bens e serviços.
Antes do surgimento dos números a contagem era realizada através do uso de pedras, po-
rém, esse método não era confiável devido à constante perda de pedras e do peso para carre-
gá-las, o que causava limitações na contagem de grandes quantidades de animais, por exem-
plo. Para eliminar essas limitações, a numeração escrita era registrada através de marcas feitas
em pedras de barro, madeiras ou qualquer objeto que permitisse a demarcação dos números.
1 Offshore: significa longe da costa. É um termo utilizado pela indústria para identificar os equipamentos
utilizados longe da costa marinha na exploração de petróleo e gás.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
18
Os primeiros sistemas numéricos de escrita que são conhecidos na história são dos sumérios e dos egíp-
cios, surgidos em torno de 3500 a.C. Os sistemas desses dois povos antigos são semelhantes, pois ambos
atribuíam símbolos aos números (1, 10, 100, etc.) e representavam os demais, como sendo a soma desses
símbolos principais. Então, o número 579 era a soma de cinco cens, sete dez e nove uns.
Atualmente, o sistema de numeração adotado é o posicional decimal. Na indústria naval, como pela
maioria das atividades industriais, esse sistema é utilizado para a realização de cálculos, dos básicos até os
mais complexos. Vejamos com mais detalhes, nos subitens a seguir, uma revisão sobre o sistema posicio-
nal.
2.1 BASE
Para o estudo de uma base numérica, é necessário saber distinguir a diferença dos termos número,
numeral e algarismo. Número é definido como a representação da quantidade de algo, isto é, de um valor
propriamente dito. Definimos numeral como o “nome” de um número, por exemplo: um, dez, etc. E temos
como definição de algarismo, a de um símbolo que representa um número, por exemplo: 1, 10, etc.
A base numérica é o que define a variação do valor numérico de todos os dígitos de um algarismo de
acordo com a sua posição, isto é, a base numérica define todo sistema de numeração posicional.
A base usada atualmente é a decimal (base 10). Quando estamos digitando o número 1234 na calcu-
ladora, por exemplo, estamos nos referindo ao número que contém quatro unidades, três dezenas, duas
centenas e um milhar, portanto, o algarismo 1234 é uma abreviação da expressão 1 x 1000 + 2 x 100 + 3 x
10 + 4.
FIQUE A base numérica não precisa necessariamente ser 10. O número deve ser inteiro posi-
ALERTA tivo “b” qualquer para a definição de uma base. Exemplos: 1, 5, 10, 12, etc.
Apesar de o sistema decimal ser o mais utilizado nos tempos atuais, é possível perceber a influência
de outros sistemas de numeração no nosso dia a dia, como o de numeração binário na programação de
computadores, que é um sistema com base numérica dois, pois utiliza apenas dois dígitos diferentes (0 e
1, com 1 > 0) para representar seus algarismos.
De acordo com o que já estudamos neste capítulo, qualquer número serviria para ser base numérica,
mas o número 10 foi escolhido arbitrariamente, pois não existe qualquer motivo aparente, tecnicamente
falando, para o número dez ser definido como o número base do sistema numérico.
Existe, na verdade, uma razão físico-natural para a escolha do número 10 como base numérica, pois o
sistema que utiliza números múltiplos de dez e de cinco como números-base foi adotado pelas civilizações
antigas (egípcios, gregos, sumérios e romanos). Essa razão são os cinco dedos em cada mão que a natureza
nos deu e que nos auxiliam na realização da contagem. Seguramente, se a maioria da humanidade tivesse
2 Sistema de numeração
19
sete dedos em cada mão, em vez de 5, a base numérica mais utilizada atualmente seria a base sete ou a
quatorze.
A numeração posicional de base 10 surgiu na Índia em torno do século V d.C.2. Esse é o sistema que
usamos atualmente e foi disseminado na Europa em torno de 825 d.C., pelo matemático árabe Mohamed
Ben Mussa Al Khawarismi. Dessa forma, o sistema ficou conhecido como indo-arábico.
A numeração com valor posicional significou uma grande evolução para o ser humano no processo
de cálculos, pois era a representação do mecanismo do ábaco3. No sistema de numeração decimal indo-
-arábico são, ao todo, dez os dígitos que formam os algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9; no sistema de nume-
ração romana, são sete: I, V, X, L, C, D e M. Veja, na figura a seguir, a representação dos numerais no sistema
decimal e no romano.
Para compreendermos melhor, veremos na tabela a seguir uma comparação da operação de soma dos
mesmos números no sistema posicional (base dez) e no sistema romano.
2 d.C.: designa o período após o nascimento de Cristo, sendo que d.C. significa literalmente depois de Cristo.
3 Ábaco: é um instrumento de cálculo milenar que teve a versão primitiva originada do Oriente Médio e aprimorada
posteriormente pelos chineses. É utilizada na china nos dias atuais, para o ensino de adição e subtração.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
20
Valor 1 22 XXII
Valor 2 13 XIII
Resultado 35 XXXV
A praticidade do sistema posicional fica ainda mais evidente quando analisamos uma operação de mul-
tiplicação realizada no sistema não posicional. Se tentarmos multiplicar o número romano XXXV por III,
sem transformar este número para o sistema posicional, notaremos a dificuldade na obtenção do resul-
tado, o que não ocorre se a operação fosse de números do sistema posicional, como ocorreu na soma
demonstrada anteriormente.
O sistema posicional oferece duas grandes vantagens. A primeira é a economia de notação4
e a facilidade da representação dos números. Primeiramente, utilizando apenas dez símbolos podemos
representar qualquer número com facilidade. A segunda vantagem e a mais importante é a facilidade da
realização de cálculos, pois podemos definir regras de cálculo bem simples, como veremos a seguir.
4 Notação: é a representação gráfica de elementos de um campo de conhecimento (matemática, musica, etc.), através de
símbolos.
2 Sistema de numeração
21
180 m
10 + 50 + 120 = 180
10 x 10 + 8 x 10 = 180
9 x 8 + 5 x 7 + 6 x 3 + 5 x 11 = 180
Tentar entender assuntos mais complexos antes de dominar assuntos básicos é um dos erros mais co-
muns cometidos pela maioria das pessoas e isso ocorre, frequentemente, no caso da matemática. Dessa
forma, antes da pessoa tentar avançar e resolver assuntos mais complexos, como equações de 1° grau,
equações de exponenciais que utilizam proposições de negação e teorias da trigonometria, é necessá-
rio compreender bem as quatro operações básicas, para então conseguir acompanhar os raciocínios das
equações mais complexas. Por isso, vamos recordar agora as operações fundamentais da matemática, que
são quatro: soma, subtração, multiplicação e divisão. Revisar essas operações é importante, pois necessita-
mos ter uma base sólida sobre esse assunto.
SAIBA Para melhor entender e visualizar cálculos das operações fundamentais, busque no
site na internet: Matemática didática: o xis da questão. Videoaulas sobre matemática
MAIS básica.
Lembramos que mesmo as operações simples possuem propriedades que podem facilitar a resolução
de problemas. Através dessas propriedades conseguimos resolver equações complexas, devido à aplicabi-
lidade do raciocínio lógico.
SOMA
A primeira operação fundamental que todas as pessoas aprendem quando estudam matemática é a
soma. A soma é a adição entre dois ou mais números diferentes ou não. Com essa operação podemos
descobrir praticamente todos os resultados necessários, inclusive nas complexas equações matemáticas.
Ela oferece grandes vantagens, uma vez que é a forma mais confiável e direta de chegar a um resultado.
a) Propriedades da soma
-- A soma dos números é comutativa: A + B = B + A;
-- Zero é elemento neutro da adição: A + 0 = A;
-- A soma dos números é associativa: (A + B) + C = A + (B + C).
As operações de soma com números diferentes devem seguir as propriedades estudadas. Os cálculos
de soma são realizados sempre da direita para a esquerda. Como a regra é não deixar mais de 10 em uma
mesma classe, a cada vez que formar 10, deve-se transferir as dezenas para a classe seguinte, que pode ser
dezena, centena, milhar, etc.
2 Sistema de numeração
23
Com base no exemplo de operação de soma, percebemos que primeiro soma-se 8 + 6 que resulta em
14. O 4 desce para a soma, e o 1 é adicionado à próxima coluna. Depois, soma-se 1 + 4 + 9, que resulta em
14 novamente. O 4 desce para a soma, e o 1 é adicionado à coluna seguinte. Finalmente, soma-se 1 + 5 +
6, que resulta em 12. Como não temos mais números para somar, colocamos o resultado (12) junto aos
resultados anteriores, formando assim o resultado final, 1244.
No caso de contas com vírgula, todos os números devem ser ordenados um embaixo do outro, sempre
pela vírgula, como o exemplo na tabela a seguir.
Seguindo o modelo apresentado, não haverá erro em suas contas de adição e, caso aconteça, será erro
de soma, não de organização da equação.
Subtração
A operação de subtração segue a mesma lógica da operação de soma, mas de forma contrária. Ela é a
operação que serve para representar a diminuição das quantidades, sendo a principal operação utilizada
nos planejamentos de orçamentos na indústria em geral.
A utilização da subtração na construção naval ocorre, por exemplo, quando o setor de planejamento
avalia um determinado orçamento, em que é retirado (subtraído) o valor dos gastos mensais ou do gasto
anual, para descobrir o quanto falta financeiramente para a finalização de uma atividade ou de todo o
projeto.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
24
a) Propriedades da subtração
-- A subtração dos números não é comutativa: A - B ≠ B - A;
-- Zero é elemento neutro da subtração: A - 0 = A;
-- Subtração dos números não é associativa: (A - B) - C ≠ A - (B - C).
Através das propriedades da subtração é possível realizar qualquer tipo de conta, exceto quando o
resultado entra no caráter negativo (abaixo de zero). Quando isso acontece é necessário acompanhar o
raciocínio lógico de continuar diminuindo, mesmo que o número chegue a ficar com várias casas após a
vírgula.
Vemos, na tabela a seguir, um exemplo de subtração em que é demonstrada a propriedade de não co-
mutatividade, isto é, a ordem dos fatores altera o resultado.
Multiplicação
A multiplicação é uma operação fundamental para obter o resultado das contas de soma de forma mais
rápida. Observe o exemplo: ao invés de somar “5 + 5 + 5 + 5”, basta apenas multiplicar o número 5 quantas
vezes ele aparecer, no caso 4 vezes, e obter o resultado 20.
Caso existam várias contas simultâneas com números diferentes, o método de multiplicar facilita essa
resolução. Como exemplo disso somamos:
20 + 20 + 20 + 20 + 20 + 20 + 5 + 5 + 5 + 5 + 5 + 5 + 7 + 7 + 7 + 7 + 7, que
é igual à seguinte operação de multiplicação:
20 × 6 + 5 × 6 + 7 × 5.
Precisamos conhecer as propriedades da multiplicação, pois são muito importantes para a realização
dos cálculos.
2 Sistema de numeração
25
Propriedades da multiplicação
-- A subtração dos números é comutativa: A x B = B x A;
-- Zero não é elemento neutro da multiplicação, pois torna a operação nula: A x 0 = 0;
-- O número 1 é o elemento neutro da multiplicação: A x 1 = A;
-- A multiplicação dos números é associativa: (A x B) x C = A x (B x C);
-- A multiplicação é distributiva em relação à soma: A x (B + C) = A x B + A x C;
-- A multiplicação é distributiva em relação à subtração: A x (B - C) = A x B - A x C.
Divisão
Finalizando o estudo das quatro operações fundamentais, chegamos à operação chamada de divisão,
que permite subtrair de forma igual os números, de acordo com os valores definidos. Essa operação funda-
mental está em nossas vidas nas mais diversas situações, tais como: na divisão de uma conta de restaurante
no final da noite, a delegação de responsabilidades de uma atividade de construção naval, divisão dos
valores no orçamento de uma obra, etc.
A divisão é nada mais que a subtração simplificada entre partes iguais de um determinado valor. Ela
permite também resolver absolutamente todas as equações matemáticas, juntamente com as outras ope-
rações fundamentais que estudamos anteriormente.
a) Propriedade da divisão exata: o valor do dividendo é igual ao produto do divisor pelo quocien-
te. Exemplo: 10 : 2 = 5, então 5 x 2 = 10, sendo:
-- O dividendo (10) é o múltiplo do divisor (2) e do quociente (5);
-- O dividendo (10) é divisível pelo divisor (2) e pelo quociente (5).
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
26
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
O sistema de numeração decimal é o mais utilizado nos dias de hoje. Os algarismos são representados
pela composição dos dígitos e podem ser compostos por quantos dígitos forem necessários, pois os nú-
meros existentes são infinitos.
O sistema decimal é um sistema posicional de representação, que parte dos algarismos 0 a 9 para criar
outros números a partir de adições e/ou multiplicações. Portanto, qualquer número obtido através dessas
operações que envolvem potências de 10 ou de 1/10 são números decimais, que servem para contar da
direita para a esquerda: unidades, dezenas, etc.
Um número qualquer na base 10 tem os algarismos após a vírgula denominados de parte decimal (ca-
sas decimais) e os algarismos anteriores à vírgula formam a denominada parte inteira do número, como
vemos a seguir.
A vírgula é utilizada no Brasil (em alguns países, como os Estados Unidos da América, usa-se o ponto)
como um separador decimal para indicar o começo da parte menor do que a unidade. Após a vírgula, cada
dígito representa uma potência de 1/10.
Quando desejamos realizar operações de números decimais, com adição ou subtração, podemos utili-
zar o algoritmo de cada parte, sendo que devemos nos atentar que a parte inteira deve ser somada apenas
com outra parte inteira. E, desse mesmo modo, deve ocorrer com a parte decimal, que deve ser operada
com a outra que também é decimal. Para evitarmos erros de cálculo é necessário que sejam colocados
sempre, nos algoritmos, a vírgula embaixo de outra vírgula. Vejamos um exemplo na figura a seguir.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
28
Na operação de divisão de números inteiros é necessária uma atenção especial para alguns casos. Ve-
remos a seguir.
a) Divisão de números inteiros com o dividendo maior que o divisor
Observe, na figura anterior, que ao invés de finalizarmos a divisão mantendo como quociente o número
8 e deixando 3 como resto, demos continuidade à divisão. Assim, foi necessário acrescentar o zero ao fim
dos números que seriam divididos para concluir a divisão. Lembrando que, quando é necessário fazer o
acréscimo do zero, colocamos uma vírgula no quociente.
b) Divisão de números inteiros com o dividendo menor que o divisor
Vemos, no exemplo anterior, que necessitamos dividir o número 2 pelo número 4. Para conseguirmos
realizar esse cálculo, necessitamos aumentar o valor do dividendo. Assim como vimos, antes de iniciarmos
a divisão, acrescentamos um zero após o número 2, transformando-o em 20. Ao fazermos isso, colocamos
um zero e uma vírgula no início do quociente para que, em seguida, possamos iniciar de fato a operação
de divisão.
Caso fosse necessário, poderíamos colocar um outro zero no dividendo, então haveria 200 e, no quo-
ciente, acrescentar outro zero após a vírgula, ficando com 0,0. Para finalizar uma operação de divisão como
essa do exemplo, é possível fazermos este processo quantas vezes forem necessárias.
c) Divisão entre inteiros e decimais com dividendo inteiro e divisor decimal
Como vemos, na figura a seguir, é necessário tornar o divisor também um número inteiro quando pre-
cisamos dividir um número inteiro (dividendo) por outro, que é decimal (divisor).
Para realizarmos essa divisão, necessitamos acrescentar uma vírgula e um zero. Após isso, verificamos
se o dividendo e o divisor possuem a mesma quantidade de números após a vírgula. Caso seja necessário,
podemos acrescentar zeros até ambos ficarem como números inteiros. Depois de realizado esse processo,
desconsideramos a vírgula e fazemos a divisão normalmente.
d) Divisão entre inteiros e decimais com dividendo decimal e divisor inteiro
Para realizarmos a operação de divisão entre inteiros e decimais com dividendo decimal e divisor intei-
ro, necessitamos que o divisor seja também um número decimal.
Como vimos, na imagem anterior, multiplicamos por 10 e seus múltiplos como se acrescentássemos
zeros ao final do número até igualarmos a quantidade de casas decimais para podermos realizar a divisão,
desconsiderando a existência das vírgulas.
Você deve lembrar que é sempre importante estar com foco na qualidade e segurança no trabalho na
execução das atividades. Vamos continuar nossos estudos e seguir para o próximo capítulo para aprender-
mos sobre frações e proporcionalidade.
2 Sistema de numeração
31
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Neste capítulo estudamos assuntos essenciais para as execuções das demandas da indústria naval.
Relembramos conceitos importantes sobre o sistema de numeração que utilizamos (o posicional
decimal) e sobre as quatro operações fundamentais da matemática.
Ao estudarmos sobre a base numérica, compreendemos que os números possuem a base 10 e que
estão na forma decimal posicional. Para melhor entendimento dos números no sistema decimal,
estudamos também o que é e como decompô-los ou compô-los. Por fim, aprendemos sobre concei-
tos, representação e as formas principais de operação desses números.
Frações e proporcionalidade
Neste capítulo iremos aprender sobre frações e proporcionalidade. São conteúdos muito
importantes para o desenvolvimento de atividades de cálculos na indústria em geral, principal-
mente na indústria naval e offshore, pois a aquisição desses conhecimentos possibilita poder-
mos interpretar as medidas de estruturas, tubulações e equipamentos em desenhos técnicos.
Como também para dimensionarmos material para compra (chapas, tubos, eletrodos, etc.),
que serão utilizados nos serviços de reparo e construção naval.
Fração é um valor que expressa uma ou mais partes iguais, no qual foi dividido um valor inteiro ou uma
unidade de medida. Portanto, é a divisão de algo em partes iguais. Chamamos de numerador a parte supe-
rior da fração e de denominador a parte inferior dela, como podemos ver na figura a seguir.
Figura 16 - Fração
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
O denominador é a parte que indica o valor total que temos disponível e o numerador indica quantas
partes iguais utilizamos do valor disponível. Vejamos o exemplo da figura a seguir para entendermos me-
lhor.
TIPOS DE FRAÇÕES
É importante conhecer os tipos de frações existentes na matemática básica, pois na atuação profissional
do técnico em construção naval, o conhecimento sobre frações é utilizado para dimensionamento de cha-
pas, estruturas, tubulações, etc. As frações são divididas nas três categorias, como podemos ver a seguir.
a) Frações próprias: são as frações que possuem o valor do numerador menor que o valor do de-
nominador. Temos como exemplo a fração 3/4;
b) Frações impróprias: são as frações que possuem o valor do numerador maior ou igual ao valor
do denominador. Temos como exemplo a fração 5/4. As frações impróprias podem ser represen-
tadas na forma mista (parte inteira e outra fracionária). No caso do nosso exemplo anterior (5/4)
é igual à soma de 1 + 1/4. Assim, podemos representar como 1.1/4 (lê-se como um inteiro e um
quarto);
3 Frações e proporcionalidade
35
c) Frações aparentes: são as frações que podem ser escritas na forma inteira, pois o numerador
destas é um múltiplo do denominador. Temos como exemplo a fração 4/2, que pode ser repre-
sentada na forma do número inteiro 2, pois 4/2 = 2.
operações
São quatro as operações com frações existentes na matemática básica. Veremos, a seguir, como são
realizadas as operações de soma, subtração, multiplicação e divisão.
a) Soma e subtração de frações: as operações de soma e subtração de duas ou mais frações resul-
tam em outra fração. Para isso, devemos conhecer os casos em que se aplicam a essas operações.
-- Soma ou subtração de frações com denominadores iguais: repete o denominador e rea-
liza a soma ou subtração dos numeradores.
Exemplo 1: 2 + 4 = 6 ;
5 5 5
Exemplo 2: 3 - 7 = 4 .
6 6 6
-- Soma ou subtração com frações mistas: realiza as transformações das frações mistas em
frações impróprias. Depois, proceder utilizando o primeiro ou segundo processo dos casos
anteriores para finalizar a operação e, em seguida, fazer o M.M.C. normalmente, como vemos
na figura a seguir.
SAIBA Para melhor entender os cálculos de frações utilizando o M.M.C., recomendamos es-
tudar por: SILVA, Marcos Noé Pedro da. Aplicações do MMC e do MDC. (Online) Brasil
MAIS Escola, 2016.
b) Multiplicação de frações
A operação de multiplicação de duas ou mais frações resulta em outra fração. O numerador da fração
resultante é o produto dos numeradores das frações originais e o denominador é o produto dos denomi-
nadores originais.
Lembrando que ao realizar a multiplicação de frações é comum, antes de efetuá-la, simplificar os fatores
comuns ao numerador e ao denominador.
c) Divisão de frações
3 Frações e proporcionalidade
37
A operação de divisão entre duas frações resulta em um quociente que corresponde à outra fração. Esse
quociente é obtido ao multiplicar a primeira fração pela inversa da segunda fração, sendo que para isso é
exigido:
-- Transformar os números mistos existentes em frações;
-- Transformar a segunda fração em sua inversa;
-- Simplificar os números do numerador e denominador de cada fração, se possível;
-- Realizar a operação de multiplicação dos numeradores das resultantes e dos denominadores
resultantes, para obter o resultado final.
3.2 Razão
Razão é um método matemático utilizado para realizar comparações entre duas medidas, entre duas
quantidades ou entre duas grandezas diversas. Na linguagem do cotidiano é usual utilizarmos o termo
razão com o significado de divisão entre dois números.
A razão é definida como o quociente do primeiro número pelo segundo número. Isso porque se tiver-
mos um número qualquer “x” dividido por outro número qualquer “y” denominamos essa relação de quo-
ciente x : y. Esse termo “x” da razão é chamado de antecedente e o termo “y” é chamado de consequente,
sendo y ≠ 0.
Figura 22 - Razão
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
38
Como exemplo de razão, pense na seguinte situação: existem 12 chapas no pátio de um estaleiro, 7 são
em aço-carbono, isto é, 7/12 das chapas são em aço-carbono. Lê-se, na matemática, como “o número a (7)
está para o número b (12) e devemos indicar a razão na forma da fração a/b. Utilizando o mesmo exemplo
anterior podemos dizer que existe uma razão entre os números 7 e 12, que é 7/12 ou 7÷12 e lemos como
“7 está para 12”.
FIQUE Na indústria naval é preciso ter conhecimento sobre a utilização da razão entre dois
ALERTA valores, para podermos realizar cálculos e planejar as demandas da construção.
3.3 Proporcionalidade
Uma proporção representa uma equivalência entre duas frações, isto é, uma igualdade entre duas ra-
zões. Podemos representar uma determinada proporção por uma das formas vistas a seguir:
Sendo b ≠ 0 e d ≠ 0
3 Frações e proporcionalidade
39
Os termos vistos nos exemplos são chamados de extremos, sendo que a e d são chamados de extremos
e b e c são chamados de meio. Lemos esta proporção como “a está para b, assim como c está para d”. Como
exemplo disso, temos as seguintes razões: 4 : 6 e 2 : 3, que formam a seguinte proporção: 4 : 6 :: 2 : 3.
Os números proporcionais são divididos em diretamente e inversamente proporcionais. Aprenderemos
mais sobre eles quando estudarmos, a seguir, as propriedades das proporções.
Propriedade fundamental
A multiplicação dos extremos de uma proporção é igual à multiplicação dos meios desta. Assim, em
uma determinada proporção considerando a, b, c e d, possuindo seus valores diferentes de zero e apre-
sentados nessa ordem, verificamos que o valor a x d será igual ao de b x c.
A soma ou a diferença dos dois primeiros termos de uma proporção estará para o primeiro ou para o
segundo termo. Como também a soma ou a diferença dos dois últimos termos está para o terceiro ou para
o quarto termo. Veremos, a seguir, essa propriedade.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
40
A soma ou a diferença dos termos antecedentes de uma proporção está para a soma ou a diferença dos
seus termos consequentes. Como também cada termo antecedente estará para o seu respectivo termo
consequente.
Definimos como diretamente proporcionais os números em que a igualdade entre as respectivas razões
possuem o mesmo valor, como veremos na figura a seguir.
3 Frações e proporcionalidade
41
O resultado dessas divisões (as razões) é conhecido como coeficiente de proporcionalidade. Assim, é
válida a propriedade de que a soma dos numeradores é igual à soma dos denominadores.
Para resolvermos problemas matemáticos utilizando proporções precisamos conhecer uma regra prá-
tica que nos permite obter essas resoluções. A regra é denominada como regra de três e é classificada em
dois tipos: simples ou composta.
Essa regra envolve duas ou mais grandezas5, que são diretas ou inversamente proporcionais. Nas ativi-
dades da construção naval, para formar uma proporção, devemos considerar o inverso da razão correspon-
dente quando ocorrer a presença de grandezas inversamente proporcionais. Como exemplo, temos a aná-
lise de recursos (pessoal) e tempo gasto. A seguir aprenderemos mais sobre a regra simples e composta.
Simples
Uma regra de três é considerada simples quando envolve apenas duas grandezas diretamente ou inver-
samente proporcionais.
Os passos necessários para podermos resolver uma regra de três simples são:
5 Grandeza: é tudo aquilo que pode ser contado (medido). Qualquer grandeza pode ter sua medida aumentada ou diminuída a
depender da operação que será aplicada.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
42
Composta
Uma regra de três é considerada composta quando envolve três ou mais grandezas, diretamente ou
inversamente proporcionais.
O passo a passo para podermos resolver uma regra de três composta é:
a) Escrever as grandezas de espécies diferentes que se correspondem em uma mesma linha;
b) Escrever as grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna;
c) Determinar quais são as grandezas diretamente ou inversamente proporcionais. Considerando-
-se duas a duas, separadamente, as colunas das grandezas envolvidas, sendo que uma delas deve
ser a coluna em que a incógnita está contida;
d) Formar a proporção correspondente;
e) Resolver a equação gerada pela proporção.
3 Frações e proporcionalidade
43
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
15 3 5
20 2 x
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
44
Invertemos as grandezas que são inversas (dias de execução). Realizando o seguinte cálculo: 15/20 x
2/3 = 5/x 5/x = (15x2)/(20x3) 5/x=30/60 5/x=1/2 x=5x2 x=10.
Após esse cálculo, Mário definiu que para realização dessa tarefa seriam necessários 10 caldeireiros.
Sem a utilização dessa regra de três o trabalho não seria executado.
3.5 Porcentagem
A porcentagem é a forma de relacionar um valor tendo como referência o número 100. Quando dize-
mos cinco por cento (5%) de algo, significa que relacionamos a quantidade cinco com 100 unidades, ou
seja, em cada 100 retiramos cinco ou em cada 100 aumentamos cinco.
O número acompanhado do símbolo % indica por cento, como vimos no exemplo anterior. Esse cento
é uma forma diferente de dizer centésimos. Quando se diz que o preço do aço aumentou 7% significa que
a cada R$ 100,00 o aço aumenta R$ 7,00.
Dizemos que a porcentagem é uma razão de denominador 100. Como dizemos também que as frações
com denominador 100 representam uma porcentagem, cujo numerador é uma parte desses 100.
Na resolução de situações que envolvem a porcentagem são utilizadas regras com os números propor-
cionais, já estudados.
Na indústria naval é muito comum observarmos a utilização da porcentagem no acompanhamento da
construção. Cada atividade é acompanhada pela área de planejamento, pelo supervisor e pela gerência,
utilizando gráficos que contêm os percentuais de execução por atividade e geral.
3 Frações e proporcionalidade
45
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Caro aluno, como já sabemos, este é o momento de relembrarmos o que aprendemos neste capítulo.
Estudamos os conceitos relacionados às frações e proporcionalidade. Relembramos os principais
conceitos relacionados às frações próprias, impróprias e aparentes e suas propriedades. Estudamos
também as quatro operações fundamentais da matemática (adição, subtração, multiplicação e di-
visão) aplicadas às frações.
Aprendemos a como resolver problemas matemáticos, utilizando os dois tipos de regras de três
(simples e composta). Essas são regras essenciais para a realização dos cálculos em várias atividades,
inclusive em um estaleiro. Por último estudamos sobre porcentagem e aprendemos sobre as princi-
pais formas de representação de um percentual.
Equação de 1° grau
Neste capítulo iremos aprender sobre equações de 1° grau. O nome das equações mate-
máticas é determinado pelo maior expoente de qualquer uma das suas incógnitas, no caso de
equações de 1º grau o maior expoente é 1.
Temos como definição para equação uma sentença matemática que exprime uma relação
de igualdade entre expressões algébricas. Essa palavra equação tem o prefixo equa, que signi-
fica “igual” em latim. Vejamos, a seguir, exemplos de equações.
5x + 10 = 0
5a - 4b + c = 0
7x - 2 = 5x + 8
A letra é uma incógnita ou variável da equação que significa “desconhecida”. A partir desse
conceito verificamos que existem situações que não se tratam de equações, como veremos
nos exemplos a seguir.
A equação do 1º grau na incógnita x pode ser escrita na forma a x = b, em que a e b são chamados de
o termo e são diferentes de zero. O termo a é denominado de coeficiente e o termo b é denominado de
termo independente.
Para resolvermos uma equação geral do primeiro grau ax+b = 0, por exemplo, verificamos primeira-
mente se a e b são números conhecidos e diferente de 0 e pertencem ao 1° membro da equação. Após
isso, resolve-se a equação da seguinte maneira: transferindo o termo b para o outro lado considerado o 2º
membro da equação, obtendo assim ax = -b.
O passo seguinte é realizar a transferência do termo a para o outro lado, dividindo agora o termo -b.
Assim, podemos encontrar a variável x resolvendo a seguinte divisão x= -b/a.
Vamos entender melhor considerando a análise de uma determinada equação de 1º grau, observe: x +
8 = 12 - 7. Nessa equação a incógnita é x; todos os termos da equação que antecedem o sinal da igualdade
denominam-se de 1º membro, e os termos que sucedem a igualdade são chamados de 2º membro.
Agora fique atento em como solucionar uma equação de 1° grau que possui duas variáveis. Segue
como exemplo a equação x + y = 10, em que verificamos que essa admite infinitas soluções para as vari-
áveis x e y. Caso não existam restrições para a resolução dessa equação, podemos atribuir qualquer valor
para a incógnita x. Depois, basta que calculemos o valor de y utilizando y=10 - x, sendo isso verdade para
essa equação.
Agora temos outra equação de 1° grau: x - y = 16, que pelos mesmos motivos que a equação anterior
também admite infinitas soluções, caso não exista restrições.
Como ambas as equações x + y = 10 e x - y = 16 admitem infinitas soluções, podemos verificar se den-
tre elas existem soluções que são comuns as duas equações, isto é, encontrar soluções que resolvam ao
6 a.C.: designa o período anterior ao o nascimento de Cristo, sendo que a.C. significa literalmente antes de Cristo.
4 Equação de 1° grau
49
mesmo tempo tanto uma como à outra. Para a resolução é necessário montar um sistema formado pelas
duas equações, como nos mostra o exemplo a seguir, e utilizar um dos métodos de resolução que apren-
deremos no decorrer deste capítulo.
Existem vários métodos de resolução para calcularmos e encontrarmos a solução das equações. Apren-
deremos a seguir os dois métodos mais utilizados para resolução de sistemas: método da adição e método
da substituição.
O método de resolução de adição objetiva em realizar a soma das equações do sistema através do
cálculo dos respectivos termos de cada uma delas, obtendo assim uma equação com uma das incógnitas
apenas.
Quando o objetivo descrito anteriormente não puder ser alcançado com a realização de uma simples
soma de termos, recorremos a um princípio denominado de princípio de multiplicativo da igualdade. Neste
princípio realizamos a multiplicação de todos os termos de uma das equações por um determinado valor,
obtendo assim uma equação equivalente que nos permita obter em sua composição uma única variável.
A seguir conheceremos algumas situações para a realização desse método.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
50
Para realizar o sistema de duas equações com apenas uma solução, elimina-se o termo com a variável
y somando cada um dos termos da primeira equação com o respectivo termo da segunda equação, como
pode ser visto no exemplo a seguir.
Figura 33 - Sistema que admite uma única solução pelo método de adição
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
Vimos, no exemplo anterior, que de forma simples foi possível encontrar o valor da variável x transferin-
do o coeficiente 2, que o multiplica para dividir o segundo membro que se encontra do outro lado da ope-
ração. Realizada essa divisão, encontramos o valor de x = 18. Para encontrarmos o valor de y, é necessário
trocar o valor de x por 18 em uma das duas equações e isolar a variável y no primeiro membro.
Geralmente, escolhe-se a equação que facilite a realização dos cálculos. Nesse caso escolhemos a pri-
meira equação e realizamos o cálculo, como no exemplo a seguir.
Quando um sistema admite uma única solução, como vimos no exemplo anterior, dizemos que ele é
um sistema possível e determinado.
FIQUE Nas resoluções das equações, quando trocamos de lado alguma variável ou número,
será necessário realizar a troca do sinal da operação, ou seja, o mais (+) de um lado
ALERTA vira menos (-) do outro.
4 Equação de 1° grau
51
O método da substituição consiste na escolha de uma das equações do sistema para isolarmos uma
das suas incógnitas. Em seguida, substituímos a variável que foi isolada na outra equação. Essa operação
resultará em uma equação com uma única variável, conforme o exemplo a seguir.
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
{ x + y = 30
2x + 3y = 70
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
52
A partir de agora veremos com mais detalhes algumas situações que exemplificam como realizamos as
operações pelo método de substituição, utilizando um exemplo já mostrado anteriormente.
Figura 36 - Sistema que admite uma única solução pelo método de substituição
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
Vimos na figura que escolhemos a primeira equação e isolamos a variável x. Agora vamos substituir x na
segunda equação por 20 – y. Encontramos a equação 20 - 2y = 16 e realizamos o cálculo de y. Transferindo
o valor 20 para o segundo membro temos que - 2y = 16 - 20. Depois disso realizamos a divisão do segundo
membro por -2 e encontramos y = 2.
Agora que sabemos o valor de y podemos calcular o valor da variável x substituindo esse valor de y em
x = 20 - y. Assim encontramos que o valor de x é igual a 18.
4 Equação de 1° grau
53
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Neste capítulo estudamos conceitos relacionados às equações de 1° grau, um assunto essencial para
executarmos cálculos de demandas do dia a dia da indústria naval.
Ao estudarmos sobre definição de equação vimos que equação é definida como uma sentença ma-
temática aberta que exprime uma relação de igualdade entre expressões algébricas e, ao analisar-
mos os métodos de resolução, foi possível entender que existem vários métodos de resolução para
calcularmos e encontrarmos a solução das equações, mas focamos o nosso estudo nos dois mais
utilizados, o método da adição e método da substituição.
Conceitos geométricos e medidas
Aprenderemos nesse capítulo sobre conceitos geométricos e medidas. São conteúdos es-
senciais para a realização de tarefas de cálculos e medição na indústria em geral, principalmen-
te na área naval. O termo geometria é a união das palavras “geo” (terra) e “metria” (medida)
sendo traduzido como a “medida de terra”.
Os primeiros conhecimentos sobre geometria surgiram quando o ser humano sentiu a ne-
cessidade de descobrir as formas e as dimensões dos elementos que o cercavam, para enten-
der melhor o mundo em que viviam. Por isso ele procurou observar as estrelas, planetas, etc.,
estudando suas posições, formas e tamanhos.
A maioria das antigas civilizações (babilônios, maias, chineses, egípcios, hindus, etc.) já tinha
o conhecimento das principais figuras geométricas. Entretanto, esses conhecimentos eram
apenas intuitivos, sem estarem organizados formalmente em livros ou manuais, por exemplo.
Foram os gregos, no Século III a.C., que organizaram os conhecimentos geométricos em
documentos e desenvolveram os conceitos da geometria, que conhecemos e estudamos nos
dias atuais.
No estudo da geometria o resultado do cálculo das relações entre grandezas é o que possibilita o en-
tendimento da ideia de medida. A geometria tem utilidade para fazermos medições de áreas, perímetros e
volumes, e em tudo o que é necessário usar medidas. Explicaremos com mais detalhes nos tópicos a seguir
sobre esse assunto de grande importância.
A geometria plana é a parte da matemática que estuda as figuras que não possuem volume. Ela tam-
bém é chamada de geometria euclidiana, uma vez que representa uma homenagem a Euclides de Alexan-
dria, considerado o pai da geometria.
A geometria espacial estuda as figuras que possuem volume, isto é, as figuras que possuem mais de
duas dimensões no espaço. Essas figuras são conhecidas como figuras geométricas espaciais ou como
sólidos geométricos (pirâmide, paralelepípedo, cilindro, cone, cubo, etc.), que estudaremos com mais de-
talhes no decorrer deste capítulo.
A análise geométrica de determinado objeto pode ser feita em duas dimensões, pela geometria plana,
ou em três dimensões, na geometria espacial.
5.1.1 Comprimento
Para estudarmos sobre comprimento devemos utilizar um segmento de reta qualquer. Temos, a seguir,
um segmento geométrico AB com um determinado comprimento, como a distância entre a proa e popa
de um navio. Esse segmento deve ser medido em unidades de medidas lineares, tais como o metro ou a
polegada com os seus múltiplos e submúltiplos. Isso nos mostra que antes de realizar uma medição neces-
sitamos escolher uma unidade de comprimento padronizada, ou seja, uma unidade aceita internacional-
mente para obter o valor do comprimento de forma adequada.
5 Conceitos geométricos e medidas
57
5.1.2 Área
A área pode ser definida de uma forma simplificada, como sendo o espaço ou superfície bidimensional
de uma figura geométrica qualquer. Assim, quanto maior for essa superfície, maior será o valor da área da
figura. Para o cálculo das principais formas geométricas, elencamos a seguir as figuras e suas respectivas
áreas, de forma que possamos visualizar melhor as fórmulas de cálculo de cada uma delas.
a) Área dos quadriláteros
Em um triângulo, qualquer um dos lados pode ser considerado como sendo a base e a altura (h) será a
distância entre a base e o ângulo oposto. Para calcularmos a área de um triângulo é importante considerar
a base (b), a altura (h) e o vértice do ângulo à base. Com essas medidas é possível calcular a sua área.
c) Área de circunferência
Há diferentes unidades de medição de área, sendo que a mais utilizada na construção naval é o metro
quadrado (m²) e os seus múltiplos e submúltiplos. Assim, cada comprimento é medido por metro (m) e a
área é metro X metro, igual ao metro quadrado (m²).
Numa construção naval utilizamos as medições das áreas para mensurar a quantidade em m² de mate-
rial, como exemplo o aço naval, que será utilizado para a confecção de determinado piso de uma embar-
cação.
5 Conceitos geométricos e medidas
59
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
5.1.3 Perímetro
O perímetro pode ser definido de forma simplificada, como sendo a medida linear do somatório de
todos os lados de uma figura geométrica qualquer. Assim, quanto maior a superfície da figura, maior será
o seu perímetro. A principal unidade de medição do perímetro é o metro (m) e os seus múltiplos e submúl-
tiplos, amplamente utilizados na construção naval.
Em um estaleiro, utilizamos as medições de perímetro para mensurar o contorno da embarcação em
metros. Para o cálculo das principais formas geométricas, elencamos a seguir as mesmas figuras vistas no
tópico anterior e seus perímetros, de forma que podemos visualizar melhor as fórmulas de cálculo de cada
um. Essas formas estão presentes no dia a dia de um estaleiro, como em medições de chapas, fabricação
de peças, etc.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
60
c) Perímetro da circunferência
5.1.4 Volume
Volume é um conceito de medida derivado da palavra latim volūmen. Esse conceito refere-se à grande-
za física que expressa o valor que um corpo qualquer ocupa em três dimensões (comprimento, largura e
altura).
No Sistema Internacional (SI), a unidade de medida principal do volume é o metro cúbico (m3). Veremos,
a seguir, as principais figuras geométricas e seus volumes, e faz-se necessário conhecermos para aplicar-
mos nas atividades da indústria naval.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
62
5.1.5 Ângulos
Ângulo é a abertura formada pelo encontro de dois segmentos de reta a partir de um ponto comum
qualquer. Esses dois segmentos são denominados de lados do ângulo e a interseção entre eles é denomi-
nada de vértice do ângulo. Podem ser usadas três letras para identificação de um ângulo qualquer.
Observe que, no exemplo a seguir, as letras A, O, e B representam um determinado ângulo. Temos a
letra do meio O como a representação do vértice; a letra A como a representação do ponto do primeiro
segmento de reta; a letra B como a representação do ponto do segundo segmento de reta.
O ângulo é medido em grau e pode ser nomeado de acordo com o valor de graus que possui em relação
ao seu vértice. São os seguintes tipos:
a) Ângulo agudo: é o ângulo compreendido entre 0º e 90º;
b) Ângulo reto: é o ângulo de 90º;
c) Ângulo obtuso: é o ângulo entre 90º e 180º;
d) Ângulo raso: é o ângulo de 180º;
e) Ângulo reflexo: é o ângulo complementar a determinada marcação, sendo igual a 180º menos
ângulo referido. Exemplificando, para o ângulo de 60º o seu ângulo reflexo será 120º, ou seja,
conforme o cálculo 180º - 60º = 120º.
Sabermos o conceito de ângulo e seus tipos facilita a aplicação dos conhecimentos sobre ângulos du-
rante as atividades na construção naval, de fabricação de estruturas que possuem formas geométricas.
Em algumas dessas atividades existe a necessidade de realizar diversos tipos de solda em ângulo, até a
finalização de cada peça fabricada.
FIQUE A medição dos ângulos das peças navais que necessitam de soldagem deve ser reali-
zada com muita precisão para que seja feita uma boa solda, o que evitará retrabalhos
ALERTA e desperdício de material.
Temos como exemplo de aplicação dos conhecimentos sobre ângulos a preparação das peças para a
soldagem, as quais deverão ser previamente chanfradas7, a fim de haver a penetração da solda. A chanfra-
gem pode ser feita em ângulos na faixa de 30° a 45° graus.
5.2 Massa
Temos como definição básica de massa um valor de magnitude física, que permite demonstrar a quan-
tidade de matéria contida em um determinado corpo. No Sistema Internacional de medida, a sua unidade
mais usual é o quilograma (kg). Na construção naval é muito utilizada a unidade de medida tonelada (t),
que é igual a 1.000 kg, devido as grandes dimensões das embarcações, como também de suas cargas.
Em relação à física, a noção de massa surgiu da confluência de duas leis de Newton: a Lei da Gravitação
Universal e a segunda lei de Newton (Lei Fundamental da Dinâmica).
De acordo com a lei da gravitação, a atração gravitacional entre dois corpos é proporcional ao produto
de duas constantes (massas dos mesmos), chamada assim de massa gravitacional que é uma propriedade
da matéria em virtude dessa atração entre dois corpos.
No caso da segunda lei de Newton, a massa é igual à força aplicada sobre um corpo diretamente pro-
porcional à aceleração que sofre (m=F/a), em que:
Para a Organização Internacional de Metrologia Legal, a massa convencional tem como definição: um
corpo é igual à massa de um padrão de densidade igual a 8000 kg/m3, que equilibra no ar o respectivo
corpo nas condições escolhidas por convenção internacional (temperatura do ar = 20ºC e densidade do ar
= 0,0012 g/cm3).
5.3 Tempo
Tempo é uma palavra derivada do latim tempus e significa uma grandeza física que nos permite medir a
duração ou a separação de coisas sujeitas a alterações. Isso quer dizer que o tempo separa o período decor-
rido entre o estado que um sistema apresentava e o momento em que esse estado registra uma variação
de valor perceptível para o observador.
Através do tempo, que tem como unidade básica no sistema internacional o segundo (s), conseguimos
estabelecer um passado, um presente e um futuro. Na indústria naval a grandeza tempo é medida nas
unidades de minuto, hora, dia, semana, dentre outros, pois são desenvolvidas diversas atividades, como
montagem dos blocos, cortes de chapas, pintura, levantamento de cargas, etc., com durações de tempo,
que são verificadas utilizando as unidades de medidas adequadas a cada atividade.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
66
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Iniciamos o estudo desse capítulo com uma análise sobre a geometria plana e espacial e isso nos
possibilitou saber que a palavra geometria tem o prefixo geo, que significa terra e metria, medida.
Vimos que a geometria plana estuda as figuras de até duas dimensões e a geometria espacial estuda
as figuras com três dimensões, isto é, as figuras que tem volume.
Dando continuidade aos estudos, conhecemos detalhes sobre as medidas de geometria plana e
espacial mais usuais na área de construção naval, sendo elas: comprimento, área, perímetro, volume
e ângulos. Compreendemos que o comprimento é mensurado usualmente em metro, observamos
como calcular as áreas, os perímetros e o volume das figuras geométricas. Vimos, também, como
calcular os perímetros e analisamos os tipos de ângulos existentes.
Na etapa final dos nossos estudos, aprendemos o conceito de massa e que ela é mensurada em
quilograma. Estudamos o conceito de tempo e que suas medidas são o segundo, minuto, hora, dias,
meses, etc.
Trigonometria
A trigonometria estuda as relações de medida dos ângulos e lados dos triângulos. Ela foi
criada pelos matemáticos gregos na antiguidade, desenvolveu-se ao longo dos séculos e, na
atualidade, tem ampla aplicação dentro da astronomia, física, mecânica, engenharia naval, na-
vegação, cartografia e topografia. Na indústria naval a trigonometria é extremamente impor-
tante para o correto dimensionamento das chapas utilizadas na construção de um navio.
Na figura anterior, sobre a montagem do navio, podemos observar o quanto é complexa a estrutura
de uma embarcação. Imagine como cada chapa se encaixa perfeitamente. Isso não seria possível sem a
trigonometria.
Um projeto, como o retratado na imagem, passa por diversas etapas antes da execução e, quando che-
ga o momento da confecção das chapas de aço, o caldeireiro naval precisa das medidas exatas para execu-
tar os cortes. Uma medida incorreta é o suficiente para atrasos na montagem, quando a chapa já está com
o soldador. É um processo complicado, pois assim como na montagem de um quebra cabeças, cada peça
tem o seu devido lugar, para o perfeito encaixe.
Para iniciarmos o estudo de trigonometria, usaremos o triângulo retângulo como referência, a fim de
definirmos os conceitos de seno (sen), cosseno (cos), tangente (tan), etc. Porém, antes vamos relembrar os
conceitos de catetos (opostos e adjacentes) e hipotenusa.
Os lados de um triângulo retângulo qualquer recebem nomes específicos. O lado oposto ao ângulo de
90º é chamado hipotenusa e os outros dois lados são chamados catetos.
Para melhor entendermos os lados de um triângulo, observe, na figura a seguir, que o ângulo B é o ân-
gulo de referência e os ângulos A e C são ângulos complementares.
Como vimos, na figura anterior, definimos o lado oposto ao ângulo de referência como sendo o cateto
oposto. O cateto que está próximo ao ângulo B é chamado de cateto adjacente e, por fim, a hipotenusa
que será sempre o lado oposto ao ângulo reto 90º.
FIQUE O seno de um ângulo é igual ao cosseno do seu complementar, pois para os ângulos
α e β, temos o sen α = cos β & sen β = cos α. Essa é uma importante relação trigono-
ALERTA métrica, de onde surge como corolário8 de sen α = cos (90 - α).
Os matemáticos formularam diversos teoremas a partir do triângulo retângulo e suas relações com
seno, cosseno e tangente, com aplicações em vários campos. Estudaremos, a seguir, os teoremas mais
conhecidos.
8 Corolário: é um fato consequente daquilo que foi apresentado anteriormente. De modo geral, é uma afirmação deduzida de
uma verdade já demonstrada.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
72
Teorema de Pitágoras
O grego Pitágoras formulou o mais importante teorema. Esse teorema possui o seu nome e relaciona a
medida dos diferentes lados do triângulo retângulo. Conforme podemos observar, na imagem seguinte,
no teorema de Pitágoras, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
hipotenusa
cateto
5000
4000
3000
cateto
6 Trigonometria
73
Para resolver essa questão Mário usou um triângulo retângulo e o teorema de Pitágoras, como repre-
sentado na figura. Um dos catetos é a altura do andaime mais a altura do colaborador, sendo 2200
+ 1800 = 4000 mm. O outro cateto é a distância entre o andaime e o cabeçote da máquina, que é de
3000 mm. Logo, a nossa resposta será o valor da hipotenusa. Assim, os cálculos são: (4000)2 + (3000)2
= 25000000. Logo a = √25000000 = 5000 mm. Portanto, o comprimento mínimo é de 5 m.
A fórmula fundamental da trigonometria está expressa a seguir, que surge como decorrente do teore-
ma de Pitágoras.
Diversas fórmulas são decorrentes da fórmula fundamental, sendo verdadeiras para qualquer triângulo.
A seguir vamos observar como a fórmula fundamental foi deduzida a partir do teorema de Pitágoras.
a² = b² + c²
c2 + b2 = a2
como sen α = c e cos α = b
a2 a2 a2 a a’
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
poste x
68o 68o
sombra 2,4m
Vamos resolver a questão usando o triângulo retângulo, visto na figura. Sabemos que a tan 68º = ca-
teto oposto/cateto adjacente. Logo, tan 68º = x/2,4. Retirando a tan 68º das tabelas trigonométricas
ou da calculadora, vemos que a tan 68º = 2,4751. Logo: X= 2,4751 x 2,4 = 5,94. Chegamos então à
conclusão de que a altura do poste é 5,94 m.
Tabelas Trigonométricas
A tabela trigonométrica apresenta os valores aproximados de seno, cosseno e tangente para ângulos,
que variam entre 0 e 90 graus. Com o surgimento das calculadoras científicas, esses valores podem ser
obtidos com maior velocidade, precisão e facilidade.
A tabela a seguir pode ser encontrada em qualquer livro de trigonometria, assim como na internet. Ela é
importante para o uso eventual em situações no campo de atuação, quando não tivermos uma calculadora
ou computador disponível.
6 Trigonometria
75
45 0,707107 0,707107 1
SAIBA Para visualizar a tabela de razões trigonométricas completa, consulte o livro: GUELLI,
MAIS Oscar. Dando corda na trigonometria. 9. ed. São Paulo: Ática, 2010.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
76
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Estudamos nesse capítulo que a trigonometria tem como base o estudo dos triângulos. Através do
estudo do conteúdo sobre triângulo retângulo percebemos que um dos ângulos dessa figura ge-
ométrica será necessariamente igual a 90°(ângulo reto). Observamos que o lado oposto ao ângulo
de 90º é chamado hipotenusa e os outros dois lados são chamados catetos. A partir do triângulo
retângulo, definimos os conceitos de seno, cosseno e tangente e obtemos a validação do teorema
de Pitágoras, em que a soma ao quadrado dos lados adjacentes (b, c) ao ângulo reto é igual ao lado
oposto (a) ao quadrado (a²=b²+c²).
A fórmula fundamental da trigonometria originou-se do teorema de Pitágoras e, com isso, várias
outras fórmulas também foram originadas, sendo verdadeiras para todos os tipos de triângulos. Por
fim, vimos que existem tabelas trigonométricas que fornecem diretamente os valores de seno, cos-
seno e tangente, para todos os ângulos, de 0° a 180° graus.
Vamos continuar nossos estudos e seguir para o próximo capítulo, a fim de aprendermos sobre me-
dição linear.
Medição linear
Quando pensamos no conceito de medir, isso nos traz uma ideia de comparação, isto é,
comparar uma determinada grandeza com outra grandeza de mesma espécie. Como só se
podem comparar elementos de uma mesma espécie, apresentamos assim para a medição a
seguinte definição: medição é o conjunto de operações que tem por objetivo determinar o
valor de uma grandeza.
Quando dizemos, por exemplo, que um determinado comprimento de um objeto tem cin-
co metros, podemos afirmar que ele é a metade de outro de dez metros. Por isso que, para
medir um determinado comprimento, deve-se primeiramente escolher outro que sirva como
unidade e verificar quantas vezes a unidade cabe dentro do comprimento a ser medido.
Aprenderemos com mais detalhes sobre unidades de medida nos próximos subitens deste
capítulo. Podemos adiantar que uma superfície só pode ser medida com unidade de superfície,
uma velocidade, com unidade de velocidade; um volume, com unidade volume, uma pressão,
com unidade de pressão, etc.
A metrologia é a ciência que trata das medições, envolvendo todos os aspectos teóricos e
práticos relativos às medições, em qualquer área tecnológica, como campos da engenharia,
física, etc. Todos esses aspectos são importantes para a metrologia, que se aplica a todas as
grandezas determinadas e, em particular, às dimensões lineares e angulares das peças mecâni-
cas utilizadas em toda a indústria, como a naval. Um exemplo de medição linear em naval é a
medição da carga de um navio através da utilização da marcação da linha d’água no costado.
Essa medição da marcação ajuda no cálculo da carga, devido ao deslocamento da água que
ocorre de acordo com a carga transportada, como vemos na figura a seguir.
Vamos iniciar os estudos neste capítulo, a fim de analisarmos o sistema internacional e inglês de me-
dição linear, a conversão de medidas de milímetros para polegadas ou vice-versa e as práticas em Excel.
Com base nesses conhecimentos, poderemos realizar diversas atividades no estaleiro, como: interpretar
desenhos técnicos, adquirir materiais (chapas, eletrodos, etc.), fabricar tubulação, etc.
Na indústria de construção naval, a maioria dos estaleiros mundiais de médio e grande porte possuem
máquinas de corte Computer Numerical Control (CNC). São máquinas de fabricação computadorizadas com
comando numérico que realizam operações em ambos os sistemas de medida (métrico e polegada). Dessa
forma, o técnico em construção naval pode escolher qual o sistema mais compatível com a atividade que
será realizada. Assim, aprenderemos os dois tipos de sistema utilizados nos estaleiros.
O Sistema Internacional de Unidades (SI) é o mais utilizado no mundo, sendo uma forma moderna do
sistema métrico, que foi reformulado nos anos de 1960 e adotado por convenção pela comunidade inter-
nacional. Esse sistema serve de referência para comparações com grandezas de mesma natureza. Apenas
3 países não adotam o sistema internacional, por este motivo, é muito importante que você fique atento
às suas particularidades.
Unidade de medida
Unidade de medida é um valor numérico ou uma quantidade de uma grandeza, definido como padrão.
Ao longo de toda a história humana, cada nação teve um sistema de medidas diferente. Essas diferenças
geravam dificuldades para a indústria, o comércio e o intercâmbio de informações, devido à falta de padro-
nização das medidas e dados. Esta necessidade de padronização fez com que o Sistema Internacional de
Unidades fosse criado em 1960, tendo como finalidade unificar e definir um sistema padrão de unidades
aceito internacionalmente.
Para ampliar o seu conhecimento sobre SI, recomendamos a leitura da publicação: IN-
SAIBA METRO. CICMA. SEPIN. Sistema internacional de medidas (SI). Instituto Nacional de
MAIS Metrologia, Qualidade e Tecnologia, Duque de Caxias, (RJ), 2012. Confira e bons estu-
dos!
O Sistema Métrico Decimal foi adotado e as unidades básicas definidas são as que estão representadas
na tabela a seguir. Existem, também, outras grandezas derivadas das unidades básicas do SI, que devem
ser conhecidas por você, futuro técnico em construção naval.
7 Medição linear
81
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Temperatura Kelvin K
Quantidade de
mol mol
matéria
Como vimos, na tabela anterior, o sistema métrico utiliza como padrão o metro, que teve a sua origem
da palavra grega metro, que tem o significado de medir.
Milímetro
A unidade de medida mais usada no dia a dia da indústria naval é o milímetro (mm), sendo aquela que
atende ao SI. As cotas dos desenhos técnicos são definidas em mm, qualquer que seja o país de origem.
O milímetro é a milésima parte do metro, sendo considerada uma medida adequada e ideal para o uso
na Mecânica e na fabricação de peças estruturais navais. Contudo, existem situações em que há necessida-
de do uso de submúltiplos do mm, como vemos na tabela a seguir.
Submúltiplos do
Representação
milímetro
O sistema inglês de medida tem como padrão a Jarda, cujo termo tem origem na palavra inglesa yard,
que tem o significado de vara, em referência ao padrão que foi criado por alfaiates ingleses com o uso de
varas para as realizações de medições.
A jarda foi definida, então, como a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu polegar, com o
braço esticado. No século XII, esse padrão foi oficializado pelo rei Henrique I devido a sua grande utilização.
POLEGADAS
Dentre as unidades estabelecidas pelo sistema inglês, a polegada é a mais aplicada em mecânica, como
em construção naval nas medições de peças, aquisição de materiais, etc. Entretanto, sua utilização tende a
ser menos frequente, uma vez que não pertence ao Sistema Internacional. As subdivisões que são comu-
mente usadas nas polegadas são: 2, 4, 8, 16, 32, 64 e 128 partes iguais.
A unidade de polegadas é representada por dois sistemas:
a) Sistema binário: o sistema binário (fracionário) caracteriza-se pela maneira de sempre dividir
por múltiplos de dois a unidade e as suas frações. Como exemplos, temos os valores: 1/2”, 1/64”
e 1/16”;
b) Sistema decimal: o sistema decimal caracteriza-se por ter, sempre, no denominador da fração,
uma potência de base dez. Como exemplo, temos os valores: 01” (1/100”) e .75” (3/4”).
Nas medições em que é necessária maior exatidão, utiliza-se a divisão de milionésimos de polegada,
também chamada de micropolegada. Em inglês, microinch, e representado por μinch. Temos, como exem-
plo, o valor .000001” é igual a 1 μinch.
7 Medição linear
83
Para realizarmos a conversão de medidas de milímetros (mm) para polegadas (pol), ou vice-versa, ne-
cessitamos conhecer as unidades de medidas utilizadas. Esse conceito é muito importante para que o
técnico em construção naval possa supervisionar e executar os serviços de projetos, reparos e construção
das embarcações em qualquer estaleiro.
Sempre que tivermos uma medida em uma unidade diferente daquela que está sendo utilizada, deve-
mos convertê-la, isto é, modificar a unidade da medida. Assim sendo, para podermos realizar as conversões
que serão vistas a seguir.
As medidas apresentadas em polegadas são representadas nas formas: inteira, fracionária ou decimal.
Para convertermos, utilizamos a seguinte correspondência da polegada com o milímetro: uma polegada
(1”) igual a 25,4 mm. Isto é, feito quando multiplicamos o valor da polegada decimal ou binário por 25,4
mm.
Veremos, na figura a seguir, a indicação em uma régua das graduações de milímetros e polegadas e
suas respectivas equivalências.
A conversão de milímetro em polegada decimal é feita quando dividimos por 25,4 mm o valor da me-
dida em milímetro. Exemplo: transformar 50,8 mm na seguinte forma: 50,8 / 25,4 e encontrar o valor de 2,0
polegadas.
FIQUE Na indústria naval as medidas em polegadas devem ser expressas usando números
fracionários, tais como: 1/2”, 5/8”, 5/16”, etc. Contudo, nas medidas em milímetros,
ALERTA usamos sempre a representação decimal, por exemplo: 0,5 mm, 1,2 mm, 0,8 mm, etc.
A conversão de milímetro em polegada binário é feita quando se divide por 25,4 mm o valor da medida
em milímetro e multiplica por 128. O resultado da conversão é escrito como numerador de uma fração com
denominador igual a 128. Caso o numerador encontrado não seja um número inteiro, devemos arredon-
dá-lo para o número inteiro mais próximo.
Para converter de forma mais prática o milímetro para polegada binário (ordinária) devemos multipli-
car o valor da medida em milímetro por 5,04 e mantermos o valor 128 como denominador da fração. E
utiliza-se o mesmo critério de arredondamento do numerador em caso deste não ser um número inteiro.
Exemplo: transformar 200 mm da seguinte forma: (200 x 5,04)/128 e encontrar o valor de 7,875 polegadas
(7.7/8”), ou realizar a aproximação para 8 polegadas.
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
Para resolver a situação, Mário pegou primeiro o valor da espessura de 6,35 mm e transformou em
polegada da seguinte forma: espessura = (6,35 x 5,04)/128 e encontrou 32/128 que é igual a 1/4
polegadas. Depois realizou a conversão do valor do comprimento e da largura que possui o mesmo
valor de 100 mm da seguinte forma: (100 x 5,04)/128 e encontrou o valor de 3,9375 polegadas, mas
realizou a aproximação para 4 polegadas.
Através dos cálculos realizados, Mário definiu que cada chapa a ser adquirida pelo setor de supri-
mentos deve ter as seguintes dimensões: ¼” x 4” x 4”, sendo um total de 800 polegadas (4 x 200) de
comprimento necessários para a compra das 200 chapas.
Veremos, a seguir, uma ferramenta computacional que pode nos auxiliar, também, na rápida conversão
de medidas entre o sistema métrico e o sistema inglês.
As aplicações mais comuns e rotineiras das planilhas Excel na construção naval são: cálculo de con-
versões de unidades, controle de estoque, controle de andamento de atividades, controle de despesas e
receitas, folhas de pagamento de funcionários, etc.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
86
Você viu, na figura anterior, um exemplo da aplicação do Excel em conversão de unidades. A seta em
vermelho demonstra o local para inserir o valor a ser convertido, a verde demonstra a fórmula utilizada e a
seta azul o valor convertido.
7 Medição linear
87
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
A medição linear é empregada na indústria naval visando obter o dimensional de peças, objetos,
equipamentos e da própria embarcação. As medidas obtidas serão utilizadas em todo o processo de
construção, desde o projeto até a execução.
Nos estaleiros são utilizados simultaneamente dois sistemas de medidas: o internacional e o inglês.
O sistema internacional tem como base o métrico, sendo o milímetro a unidade de medida mais
utilizada. O sistema inglês tem a polegada como unidade de medida. Assim, durante as atividades
do técnico, é necessário realizar a conversão de milímetros para polegadas ou vice-versa, por isso,
é importante conhecer os métodos de conversão de um sistema para o outro. Neste capítulo vimos
também que um dos recursos computacionais que podem auxiliar nessa conversão é a planilha de
Excel.
Finalizamos o estudo de mais um capítulo. A seguir estudaremos sobre os instrumentos de medição.
Instrumentos de medição
Instrumentos de medição são dispositivos utilizados para realização de uma medição qual-
quer. Eles são utilizados em diversas áreas da metrologia legal, como em projetos de engenha-
ria, construção, navegação, comércio, etc.
Imagine você que uma empresa de fabricação de chapas de aço sob encomenda para es-
taleiros não possua instrumentos de medição e controle precisos e, frequentemente, receba
reclamações quanto à qualidade das peças e incoerência com as medidas que foram estabele-
cidas. Certamente essa empresa terá prejuízos financeiros, uma vez que as encomendas pode-
riam diminuir devido à falha no serviço prestado. Se a empresa tivesse um aparato de instru-
mentos de medição e controle precisos, e em bom estado de conservação, que atendessem às
exigências dos clientes, certamente esse problema não existiria.
Percebeu a importância de ter instrumentos de medição e controle? Sabendo da enorme
colaboração que os mesmos têm no processo produtivo, vamos estudar agora alguns dos ins-
trumentos mais utilizados na construção naval.
Existem diversos tipos de instrumentos de medição. A maioria deles é utilizável em diversas áreas,
como: construção civil, usinagem e naval. Veremos, a seguir, os principais instrumentos que são utilizados
na indústria naval.
FIQUE É um dever de todos os profissionais zelar pelo bom estado dos instrumentos de me-
dição, para que mantenham reais precisões de calibrações e possam ser usados por
ALERTA mais tempo.
8.1.1 NÍVEL
O nível é um instrumento composto de um pequeno recipiente cilíndrico feito de acrílico, alumínio, aço,
dentre outros materiais. Possui dois traços de aferição em seus lados com uma determinada quantidade de
um líquido viscoso em seu interior, formando uma bolha de ar. Ele destina-se a gerar um plano horizontal
de referência, para calcular os desníveis entre pontos. Os níveis podem ser automáticos ou digitais. É um
instrumento muito utilizado na área da construção naval.
8.1.2 Compassos
O compasso é um instrumento de medida de precisão, sendo muito usado na indústria naval e mecâni-
ca para medir peças e marcar superfícies para realização de cortes de peças.
Existem diversos tipos de compassos utilizados, sendo os mais conhecidos:
a) Compasso externo: para realizar medidas externas de peças;
b) Compasso interno: para realizar medidas internas de peças;
c) Compasso de centrar: usado para encontrar o centro de peças cilíndricas;
d) Compasso de ponta: usado na marcação de peças em chapas de metal, acrílico, etc.
8.1.3 esquadros
O esquadro é um instrumento muito utilizado para a realização de desenhos nas áreas de arquitetura,
engenharia mecânica, civil e naval. Ele possui as formas de um triângulo retângulo ou de um L. Normal-
mente é feito de acrílico ou plástico.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
92
A forma mais usual e prática de verificar as medidas de roscas é através da utilização dos calibradores
de rosca, que são peças de aço, temperadas e retificadas, que obedecem às dimensões e condições de uso
para cada tipo de rosca. A seguir conheceremos os tipos de calibradores de rosca.
É o tipo mais utilizado de calibrador de rosca, sendo composto por dois anéis. Um anel é projetado
para deixar a rosca passar sem esforço rotacional. Já o outro possui filetes de rosca diferenciados, fazendo
com que a rosca a ser calibrada tenha dificuldades em ultrapassar o furo, dando no máximo duas rotações.
Dessa forma, consegue-se verificar a calibração de uma rosca externa, conforme podemos ver na figura a
seguir.
8 Instrumentos de medição
93
O calibrador de rosca tampão, como mostrado na figura a seguir, é utilizado para a verificação de rosca
interna. Observe na imagem que a extremidade de rosca mais longa do calibrador tampão que serve para
verificar o limite mínimo é chamada de lado passa (GO em inglês). E a extremidade de rosca mais curta,
chamada de não passa (NO GO em inglês), verifica o limite máximo. É o mesmo princípio de funcionamen-
to do calibrador rosca anel.
O calibrador regulável de rosca é outro tipo de calibrador utilizado na indústria. O do tipo boca de role-
tes é geralmente de operação muito rápida e leva esse nome porque possui roletes rosqueados, para que
não seja necessário girar o calibrador, visto que este é móvel e também não se aparafusa à peça que está
medindo.
O calibrador é de boca progressiva e possui a forma de ferradura e pode ter quatro segmentos de cilin-
dro ou quatro roletes cilíndricos.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
94
Como vimos, na figura anterior, os roletes cilíndricos podem ter roscas ou sulcos circulares, cujo perfil e
passo são iguais aos do parafuso que se vai verificar.
As vantagens do calibrador regulável em relação ao calibrador de anéis são:
a) Desgaste menor, pois os roletes giram;
b) Verificação mais rápida;
c) Uso de um só calibrador para vários diâmetros;
d) Regulagem exata.
As réguas graduadas e os paquímetros são instrumentos não tão versáteis, pois só permitem a medição
de dimensões lineares. A régua é utilizada para medições mais simples. Já o paquímetro consegue a medi-
da exata das mais variadas superfícies, desde que sejam lineares. A seguir iremos detalhar cada um deles.
Réguas graduadas
A régua graduada é o instrumento mais simples dentre todos os instrumentos para medição linear. A ré-
gua apresenta-se, normalmente, em forma de lâmina, plástico, madeira ou em aço-carbono ou inoxidável.
Na lâmina estão gravadas as medidas em centímetro (cm) e milímetro (mm), de acordo com o sistema
métrico, ou em polegada e suas frações, de acordo com o sistema inglês.
Utiliza-se a régua graduada nas medições em que o erro admissível é superior à menor graduação. Nor-
malmente essa graduação equivale ao valor de 0,5 mm ou 1/32”.
8 Instrumentos de medição
95
Paquímetros
O paquímetro é um aparelho para medir as dimensões das peças e é composto por duas escalas (mm
ou pol). Para isso, existem dois bicos de medição, um nônio e um vernier. O nônio serve para medir em mi-
límetro e o vernier é usado para medir em polegada, sendo ambos a segunda escala do cursor, e possuindo
uma divisão a mais que a unidade usada na escala fixa. O nônio possui dez divisões e o vernier oito, sendo
que o valor de cada divisão dependerá da precisão do equipamento.
Calibradores
Os calibradores possuem formas geométricas padrão, sendo usados para verificar se as peças fabrica-
das atendem as dimensões e tolerâncias fixadas no desenho de fabricação.
A medição se faz pelo método indireto em que se confronta a peça que se quer medir com a padrão.
Assim, por medições indiretas, um eixo pode ser verificado através de calibrador para eixos ou a furação
por meio de um calibrador tampão.
8 Instrumentos de medição
97
A certificação das peças, utilizando calibradores do tipo passa e/ou não passa, pode ser realizada rapi-
damente. São instrumentos simples e de baixo custo, apresentando-se com uma solução barata e viável
para diversos tipos de verificação de medições mecânicas, tais como: alinhamentos, furos, roscas, dentre
outros, quanto ao enquadramento ou não na faixa de tolerância. Contudo, devido ao constante aumento
da automatização na construção naval, tem-se perdido o uso e a importância dentro dos processos nos
estaleiros.
Micrômetros
O micrômetro é um instrumento que possibilita realizar medições em peças de forma mais exata do que
o paquímetro. Ele permite a leitura das medidas com uma precisão de centésimos de milímetros e é o mais
utilizado para obter a garantia da qualidade no dimensional de roscas e fusos de alta precisão.
Figura 60 - Micrômetro
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
Conheceremos agora outros tipos de instrumentos de medição que são utilizados na indústria, princi-
palmente, na naval e offshore.
Relógio Comparador
9 Concentricidade: característica de manter-se no mesmo centro. Peças com essa qualidade giram em torno do próprio eixo
sem variações, ou seja, gira perfeitamente.
10 Paralelismo: característica que indica se dois objetos são paralelos.
8 Instrumentos de medição
99
Súbito é um suporte especial para ser utilizado com o relógio comparador. Serve para medir diâmetros
internos em diferentes profundidades.
Na figura a seguir podemos medir o diâmetro de um cilindro do bloco de um motor, por exemplo. Outra
forma de utilização do conjunto súbito mais relógio comparador é com o micrômetro, para realizar medi-
ção de furos de flanges11, que serão aplicados na área offshore.
Trena
A trena é um instrumento de medição constituído por uma fita de fibra, aço ou tecido, graduada em
uma ou em ambas as faces, no sistema métrico e/ou no sistema inglês, ao longo de seu comprimento, com
traços transversais.
Em geral, a fita está acoplada a um estojo ou suporte dotado de um mecanismo que permite recolher a
fita de modo manual ou automático. Tal mecanismo, por sua vez, pode ou não ser dotado de trava.
11 Flanges: elementos que permitem a união de dois componentes cilíndricos através de parafusos.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
100
Balança
Figura 65 - Balança
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
8 Instrumentos de medição
101
Durômetro
O durômetro é um instrumento de medição da dureza de um corpo, sendo utilizado para medir me-
tais, borrachas, polímeros, etc. O princípio de funcionamento desse instrumento é baseado na medição
da profundidade da penetração de uma agulha ou da marcação sofrida com a aplicação de uma carga no
material.
Na construção naval, o durômetro é utilizado para verificarmos o grau de dureza e de cura12 da estrutura
de uma embarcação de fibra de vidro. Antes da moldagem do casco, a dureza do laminado deve ser veri-
ficada em alguns pontos para a determinação do grau de dureza e cura, conforme a norma ASTM D 2583.
O valor de dureza medido na superfície deve seguir as recomendações do fabricante para cada tipo de
resina. A dureza de embarcação deve ser no mínimo igual a 90 % do valor recomendado pelo fabricante
da resina.
RUGOSÍMETRO
Após conhecermos os instrumentos utilizados para a medição linear, descreveremos a seguir os ins-
trumentos mais utilizados para medir ângulos, isto é, realizar a medição angular. São eles: transferidores e
goniômetros.
O transferidor é um instrumento muito empregado para fazer medição e marcação em qualquer ativi-
dade que necessite da medição de ângulos com precisão.
As principais atividades em que esse instrumento é aplicado são das áreas de: arquitetura, topografia,
construção naval, construção civil, aeronáutica, astronomia, em navegação e trigonometria.
Os transferidores são móveis ou fixos e são compostos por uma escala circular, ou de seções de círculo.
A escala circular é espaçada e marcada em ângulos divididos uniformemente, como ocorre em uma régua
graduada.
8 Instrumentos de medição
103
Transferidores móveis
Transferidores fixos
Goniômetro
O goniômetro é um instrumento que serve para medir ângulos nas diversas áreas da indústria, como
ocorre com os transferidores que vimos anteriormente. Observe na figura a seguir um goniômetro de pre-
cisão.
Observe na figura anterior que o esquadro e o disco graduado formam uma só peça. O articulador gira
com o disco do vernier e tem em sua extremidade um ressalto adaptável à régua. O instrumento apresenta
quatro graduações de 0º a 90º.
Em todo tipo de goniômetro, o ângulo reto (90º) apresenta 90 divisões, sendo que cada divisão equi-
vale a 10 (um grau).
Para usos comuns, isto é, que não exigem extremo rigor de precisão, o instrumento indicado para me-
dição angular é o goniômetro simples, conhecido também como transferidor de grau.
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Aprendemos neste capítulo sobre instrumentos de medição, os principais conceitos desses instru-
mentos, se linear ou angular, os tipos e as características principais de cada um deles, que são utili-
zados na indústria em geral, incluindo a naval.
Você pôde observar a importância de cada instrumento de medição, bem como a sua aplicação para
cada situação. Lembre-se que esses instrumentos são aplicáveis a diversas áreas de atuação, não
apenas a naval, logo, você poderá utilizar os conhecimentos aprendidos aqui em diversos segui-
mentos.
Você deve lembrar que é sempre importante estar com foco na qualidade e segurança no trabalho
na execução das atividades. Vamos continuar nossos estudos e seguir para o próximo capítulo, para
aprendermos sobre instrumentos de referência.
Instrumentos de referência
9.1Termômetro
O termômetro é o instrumento usado para realizar a medição da temperatura. Essa medida é feita de
forma indireta, por meio da comparação com substâncias ou materiais específicos para essa finalidade.
Assim, os termômetros podem ser de mercúrio, álcool, resistência elétrica, laser, pressão de gás, etc. O
princípio de funcionamento é o mesmo, mas o modelo do termômetro será diferente.
Na indústria naval, o termômetro pode ser aplicado de diversas formas. Seja para medição da tempe-
ratura dos motores da embarcação, ou durante a construção de uma embarcação, no tratamento térmico
de peças, etc. Um termômetro obtém suas medidas de temperatura por meio de mudanças ocorridas nas
seguintes variáveis: na resistência elétrica de um condutor; no volume de líquidos; pressão e/ou volume de
um gás; no comprimento dos metais; e na cor de um corpo aquecido.
Existem três escalas termométricas utilizadas pela comunidade internacional na medição de tempera-
turas. São elas: Celsius, Fahrenheit e Kelvin. Cada escala tem sua referência:
a) Escala Celsius: tem a água como referência, considerando a temperatura de congelamento a
uma atmosfera (0°C) e a temperatura de ebulição (100°C);
b) Escala Fahrenheit: tem a mistura de gelo e cloreto de amônia como referência;
c) Escala Kelvin: tem como referência a menor temperatura que poderia ter uma molécula. Sendo
que essa temperatura é chamada de zero absoluto, pois não é possível alcançá-la na prática.
Por convenção, não se usa a palavra grau na escala Kelvin (nove Kelvin –
CURIOSIDADES 9 K e não nove graus Kelvin, por exemplo).
Na figura anterior observamos que podemos converter os valores de temperatura de uma escala para
outra. Temos referenciado nas três escalas:
a) Zero absoluto: 0K (zero décimos Kelvin); -273,15ºC (menos duzentos e setenta e três graus e
quinze décimos Celsius); e -459ºF (menos quatrocentos e cinquenta e nove graus Fahrenheit);
b) Ponto de congelamento ou fusão: 273,15K (duzentos e setenta e três e quinze décimos Kelvin);
0ºC (zero graus Celsius); e 32ºF (trinta e doze graus Fahrenheit);
c) Ponto de ebulição da água: 373,15K (trezentos e setenta e três e quinze décimos Kelvin); 100ºC
(cem graus Celsius); e 212ºF (duzentos e doze graus Fahrenheit).
9.2 Teodolito
O teodolito é um instrumento de medição de ângulos verticais e horizontais. Por ser muito fácil de
transportar, ele apresenta vantagem para o seu uso em diversos momentos nas construções das embar-
cações.
O teodolito eletrônico é muito mais leve e fácil para transportar do que os teodolitos antigos. Além dis-
so, é capaz de realizar medições com maior precisão e possuir um dispositivo ótico de medição com alto
rendimento e facilidade de utilização. Este instrumento ótico tendo outras ferramentas acopladas pode
medir distâncias e inclinações. Na construção naval é bastante utilizado para se verificar os alinhamentos
das estruturas, bem como para a precisão dimensional dos blocos constituintes das embarcações em cons-
trução em qualquer estaleiro.
Existe também a Estação Total, que é uma versão do teodolito eletrônico, que incorpora o nivelamento
automático dos planos de referência com as leituras eletrônicas das medições, para assim eliminar erros
de apreciação.
FIQUE É indispensável que todos os instrumentos utilizados para a tomada de uma medida
de referência estejam bem calibrados, pois assim permitem avaliar a grandeza medi-
ALERTA da, de acordo com a precisão exigida.
A associação da estação total com o prisma refletor é capaz de medir distâncias de 500 a 20.000 metros.
Sendo que 20.000 é o valor máximo, dependendo da quantidade de prismas que serão utilizados para a
reflexão do sinal e das condições atmosféricas na execução das medições.
Atualmente são utilizados aparelhos GPS, principalmente, para os serviços de topografia e geodésia,
que permitem a determinação de medidas precisas em tempo real, qualquer que seja a configuração do
terreno.
13 Geodésico: ciência que se ocupa da determinação das dimensões e forma da Terra, seu campo gravitacional, locação de
pontos fixos e sistemas de coordenadas, ou de uma parte de sua superfície.
9 Instrumentos de referência
111
Os calibres de solda multifunções são instrumentos especiais utilizados para a medição de chanfros14 e
soldas dentro da indústria em geral, principalmente na construção naval e offshore. Esse calibre possui em
sua composição uma escala principal, uma régua deslizante e um gabarito multifunções. Trata-se de uma
ferramenta de inspeção de soldagem muito importante para garantir qualidade das soldas, sendo usado
para inspecionar:
a) Altura do reforço em cordão de solda;
b) Ângulo do chanfro em conjuntos soldados,
c) Abertura da raiz em conjuntos soldados;
d) Espessura da chapa de soldagem.
14 Chanfros: peças que passaram pelo processo de chanfragem, ou seja, foram cortadas em ângulo formando um corte com a
forma de V.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
112
SAIBA Recomendamos a leitura da norma ABNT NBR 14842: 2015. Versão Corrigida. Ela esta-
belece critérios e a sistemática para a qualificação e certificação da inspeção visual de
MAIS soldas.
Dentre as aplicações do calibre, podemos citar que a principal é a verificação de desalinhamentos que
possam ocorrer nas montagens de juntas por solda, quando são realizadas inspeções de soldagens em
tubulações. Ele também é aplicado na verificação dimensional da geometria das juntas a serem soldadas e
dos parâmetros das soldas realizadas em estruturas.
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
O desenvolvimento dos instrumentos de medição a laser foi um grande avanço tecnológico para a in-
dústria em geral, pois aumentou e facilitou a medição de distâncias com alta precisão. Eles podem medir
comprimentos em dezenas de metros com uma resolução de 0,001 mm (no caso da trena digital) e tempe-
raturas com resolução de 0,1°C (no caso do termômetro a laser).
Diferentes instrumentos de medição a laser são utilizados na indústria naval para realizar medições de
distâncias lineares, distorções estruturais e temperaturas de soldagem ou de funcionamento de equipa-
mentos, impossíveis de serem medidas com instrumentos convencionais.
A medição de temperatura a laser é uma medição óptica realizada com base na propriedade de todos os
materiais de emitir uma radiação eletromagnética (radiação infravermelha), sendo esta radiação utilizada
para determinar a temperatura da estrutura que está em verificação.
Para que o técnico em construção naval escolha de forma correta o instrumento de medição para uma
aplicação específica, várias propriedades dos elementos a serem medidos devem ser consideradas. Ele
deve observar as faixas de temperatura, dimensões e tipos de materiais, podendo assim medir tempe-
raturas de -50 a 4000°C, com as faixas de temperatura do instrumento dependendo da necessidade da
aplicação, por exemplo. Na construção naval, os termômetros a laser servem para medir determinadas
temperaturas, conforme evidenciado a seguir.
a) Das soldas em estruturas, equipamentos, tubulações, etc.;
b) Dos painéis de instrumentos eletrônicos;
c) Dos equipamentos rotativos e estáticos em funcionamento em uma embarcação qualquer, como
ocorre dentro da sala de máquinas.
9 Instrumentos de referência
115
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Aprendemos sobre os instrumentos de referência que nos permitem realizar verificações nos mais
variados tipos de equipamentos e sabemos que a utilização desses instrumentos não está limitada
à indústria naval.
Dentre os instrumentos que estudamos, vimos as características, os tipos e as formas de utilização de
cada um, bem como a interpretação de cada um deles.
Estudamos sobre a importância da correta utilização de instrumentos, como: termômetro, teodolito,
calibre de solda, dentre outros tão necessários para um maior controle na verificação e inspeção de
peças e equipamentos.
Cuidados e práticas de medição
10
A obtenção das medidas pode ser realizada pelos métodos direto ou indireto. No primeiro processo, a
medição é obtida pela leitura direta dos instrumentos, aparelhos ou quaisquer outros aparatos de medir; já
no segundo, a medição é obtida por comparação entre o que se quer medir com uma peça ou referência,
estabelecida como padrão.
Cuidados na prática de medições de qualquer tipo de estrutura levam à aplicação de um controle di-
mensional no processo de construção. Esse controle dimensional é destinado para controlar tanto as di-
mensões como também a posição relativa de uma peça ou estrutura acabada ou não, sendo esta aplicação
focada para orientar a fabricação para evitar erros recorrentes em todas as grandezas geométricas lineares
e angulares. Não tendo assim o objetivo de somente rejeitar as peças ou estruturas, sejam fabricadas ou
pré-fabricadas, que estejam fora das normas ou padrões, mas de controle de qualidade do processo.
O técnico em construção naval deve ter cuidados na utilização dos instrumentos nas medições, pois
alcançará as metas de cada tarefa, se executar de forma eficaz o controle em todas as etapas de construção
de uma embarcação.
O técnico em construção deve ter algumas características para ser um bom operador
FIQUE de instrumentos, como: manter o ambiente de trabalho limpo, paciência, senso de
ALERTA responsabilidade, saber selecionar e ter domínio sobre o instrumento e sua finalida-
de.
Para realizar uma medição em uma peça ou estrutura dentro do estaleiro, o técnico em construção na-
val deve tomar os seguintes cuidados nas práticas:
a) Antes de realizar a medição, deixar a estrutura atingir a temperatura ambiente. Sendo que o ideal
é efetuar a medição quando esta alcançar a temperatura de 20°C para que diminua assim a incer-
teza de medição;
b) Utilizar a proteção de um suporte, normalmente de madeira, para apoiar o instrumento quando
for realizar a medição no campo ou em uma oficina;
c) Evitar choques dos instrumentos em uso com a peça ou com outro objeto ou no chão. Evitar uti-
lizar instrumentos que não são adequados para a medição.
Nos tópicos à frente você irá adquirir importantes conhecimentos sobre os processos de cálculos da
indústria naval. Para compreender os conceitos que serão estudados neste capítulo, será importante que
você associe os novos conhecimentos aos que foram aprendidos nos capítulos anteriores.
10.1 TERMINOlogia
Além dos termos unidade de medida e metrologia, que já aprendemos anteriormente, devemos co-
nhecer alguns outros termos técnicos básicos da metrologia para realizarmos as medições na construção
naval.
10 Cuidados e práticas de medição
119
Medição
A medição é o ato de comparar uma quantidade com padrões físicos metrológicos, pois seria muito
difícil e complicado medir algo usando apenas as definições do SI. Por isso, existe a necessidade de instru-
mentos para medir, aferidos e calibrados conforme o padrão metrológico, graduados em uma unidade de
medida adequada, de acordo com a precisão desejada. Por meio da medição é possível expressar numeri-
camente quantidades e qualidades de um objeto ou fenômeno.
Mensurando
Mensurar o objeto de medição significa encontrar uma grandeza específica desse objeto submetido à
medição. Temos como exemplos: a espessura de uma chapa de aço, diâmetro de um furo de um motor,
comprimento de um eixo, etc.
Resultado da Medição
Exatidão de medição
O termo exatidão na metrologia significa que a medição está de acordo com o padrão utilizado. Essa
exatidão de medição demonstra o grau de concordância entre o resultado de uma medição feita por um
instrumento qualquer e o valor definido em projeto (chamado de valor verdadeiro).
Quando um técnico em construção naval faz uma medição de uma estrutura naval e verifica que a me-
dição possui pequenos erros de medição em relação ao definido em projeto, é usual que seja dito que o
instrumento possui uma boa exatidão para a sua função.
Devemos estar atentos que exatidão é diferente de precisão. Podemos ver, na figura a seguir, a diferen-
ça entre esses conceitos de forma simples, através da utilização de uma analogia.
Erros de medição
O resultado da medição pode trazer imperfeições que se originam de um erro. Esse erro pode ser de
dois tipos: erro de medição ou aleatório.
10 Cuidados e práticas de medição
121
O erro de medição pode ser reduzido ou corrigido, se identificado. Pode ser decorrente de: falta de cali-
bração, condições de armazenamento, uso inadequado do instrumento de medição, dentre outros.
O erro aleatório origina-se de fatores dispersos que não podem ser compensados, contudo, podem ser
minimizados ao aumentarmos a quantidade de observações. Veja a seguir o que está por traz do resultado
de uma medição:
Incertezas da Medição
A incerteza no resultado da medição é a dúvida gerada em relação ao resultado de uma medição qual-
quer efetuada. Ao medir qualquer objeto, o técnico deve estar capacitado e conhecer bem o instrumento
de medição. Esses são fatores determinantes para a diminuição na incerteza da medição. Fatores externos,
como temperatura e poeira, também influenciam na incerteza da medição.
Existem tipos de medições que são críticos, pois possuem grande preo-
cupação com o resultado. Esses necessitam de avaliação das incertezas
CURIOSIDADES de medição pelo documento internacional Guia para Expressão da In-
certeza e Medição.
Tolerância (T)
A zona ou campo de tolerância trata-se da zona (faixa) entre as cotas ou dimensões mínima e máxima
de uma estrutura ou peça qualquer. Uma estrutura naval, por exemplo, que tenha o valor da medida den-
tro dessa zona estará aprovada e, caso o valor não esteja na zona (valor maior ou menor), estará reprovada.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
122
A dimensão ou cota efetiva/atual (CEF). é o valor obtido através da medição de uma peça ou estrutura
qualquer.
A dimensão ou cota mínima (CMIN). é o valor mínimo permitido na dimensão efetiva de uma peça, a fim
de determinar o limite inferior da tolerância.
A dimensão ou cota máxima (CMÁX). é o valor máximo permitido na dimensão efetiva de uma peça, a fim
de determinar o limite superior da tolerância.
A dimensão ou cota nominal (CN). é um valor base que define a posição da linha zero em um desenho.
É a medida efetiva da peça ou estrutura que depende da tolerância.
O desvio ou afastamento superior (ES) trata-se da diferença entre as dimensões ou cotas máxima e
nominal.
O desvio ou afastamento inferior (EI) trata-se da diferença entre as dimensões ou cotas mínima e nomi-
nal.
10 Cuidados e práticas de medição
123
Linha Zero
A linha zero é a linha que está nos desenhos e serve de origem para os afastamentos e também para
fixar a dimensão nominal.
CASOS E ERELATOS
CASOS RELATOS
Tolerância dimensional
A tolerância dimensional serve para estabelecer os limites de variação de dimensão ou forma de uma
peça ou estrutura. Através dessa tolerância o objeto fabricado poderá ter o melhor desempenho, ser eco-
nomicamente viável e atender aos requisitos de projeto. Essa tolerância serve para verificar a montagem
entre peças fabricadas, pois um bom ajuste entre elas garantirá que em operação, o conjunto formado por
elas tenha uma perfeita funcionalidade assegurada.
Os ajustes são condições que estabelecem que a montagem entre duas peças ou estruturas seja feita
com interferência (aperto), folga ou incerto, isto é, os limites que irão garantir se as peças estão aprovadas
ou não. Devido ao grande número de combinações possíveis de ajustes, a limitação do intervalo é regula-
mentada pelas normas ABNT NBR 6158: 1995 e ISO 286 -1: 2010 - Sistema de tolerâncias e ajustes.
Como vimos, na figura anterior, existem dois sistemas básicos de ajustes que são utilizados na indústria
naval: furo-base e eixo-base. O sistema mais usual e preferencial pela norma NBR 6158 é o furo-base, pois
reduz o número de calibradores.
Tolerância geométrica
A tolerância geométrica serve para definir qual é a variação de geometria (forma, orientação e posição)
de uma determinada parte de um objeto (estrutura naval, peça, chapa, etc.) e qual é a referência para a
medição.
As tolerâncias geométricas são reconhecidas em desenhos de projeto através da utilização de símbo-
los, que referenciam a forma, orientação, posição e batimento. Veremos, na figura a seguir, os tipos de
tolerância geométrica e suas simbologias aplicadas em desenhos de projetos na indústria naval. A norma
NBR 6409 - Tolerâncias geométricas é a que trata das tolerâncias de forma e geometria.
Agora, focaremos nossos estudos nas principais tolerâncias geométricas que ocorrem no estaleiro: pla-
neza, paralelismo, perpendicularidade e nivelamento.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
126
Planeza
Planeza é a condição pela qual toda superfície deve estar limitada pela zona de tolerância “t”, compre-
endida entre dois planos paralelos, distantes desse valor “t”, conforme imagem a seguir:
A planeza é uma tolerância geométrica em que é verificado o quanto a superfície de um objeto (peça,
estrutura, etc.) é côncava ou convexa.
Podemos afirmar que a tolerância de planeza é correspondente ao intervalo entre dois planos imaginá-
rios e ideais entre os quais deve conter uma superfície.
Devemos saber que quando não se especifica a tolerância de planeza em um desenho de um painel, por
exemplo, é admitido que ocorra variação na tolerância desde que essa variação não ultrapasse a tolerância
dimensional.
Paralelismo
O paralelismo mede as variações de uma reta em uma estrutura ou peça em relação a uma reta ideal
de referência. O paralelismo é uma tolerância geométrica de orientação em que uma linha ou superfície é
equidistante15 em todos os seus pontos de um eixo ou plano de referência.
O paralelismo entre dois planos é definido como a distância de dois planos paralelos a um plano de
referência, entre os quais devem-se localizar os planos reais. O campo de tolerância é limitado por duas
linhas retas paralelas, afastadas de um distância “t” e paralelas à linha de referência, se a tolerância for es-
pecificada num só plano, conforme imagem a seguir.
15 Equidistante: característica de algo que possui a mesma distância de outro elemento em relação a um ou mais objetos.
10 Cuidados e práticas de medição
127
Linha de
referência
Figura 87 - Paralelismo
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
Para a medição de componentes fabricados no estaleiro, pode ser utilizado um traçador de altura ou
com um relógio comparador. Veremos, na figura a seguir, a aplicação do relógio comparador para verificar
o paralelismo em uma peça.
Coluna
Comparador
Base
Perpendicularidade
A perpendicularidade de uma peça é verificada quando se observa o quanto dois eixos estão afastados
do ângulo reto (90°). A perpendicularidade é uma tolerância geométrica de orientação em que o objeto
(peça, estrutura, etc.) deve estar dentro do desvio angular. Neste caso, o desvio angular de referência que é
utilizado para a medição é o ângulo reto de 90° entre uma superfície ou reta com outra superfície ou reta.
C B D
As retas AB e CD são perpendiculares
Figura 89 - Perpendicularismo
Fonte: SENAI DR BA, 2016.
Veremos, na figura a seguir, o uso do esquadro em L para garantir a perpendicularidade entre as peças
de uma embarcação que estão sendo soldadas.
Os esquadros mais utilizados nas oficinas de um estaleiro são do tipo II, principalmente, nas operações
de soldagem e caldeiraria.
Nivelamento
O nivelamento é uma operação realizada com o objetivo de determinar a altura de um ponto em rela-
ção a uma superfície de referência (horizontal). Ele serve para obter o valor de desnível de dois pontos em
uma localidade em medição. O nivelamento é muito utilizado para fins topográficos na construção civil.
No caso de construção naval, ele serve para verificar o alinhamento na montagem dos blocos de uma em-
barcação. Os instrumentos mais utilizados para verificação de nivelamento em atividades no estaleiro são:
o nível, o teodolito eletrônico e a estação total.
O levantamento de dados (leitura), em qualquer tipo de área ou terreno, realizado com a utilização do
teodolito, juntamente com balizas ou trenas, é denominado de caminhamento. Veremos, na figura a se-
guir, exemplos de leitura com a utilização do teodolito.
Na primeira imagem temos o uso do teodolito para encontrar a linha de nivelamento (central) do ter-
reno. Isso é feito pela interpolação das medidas obtidas das linhas superior e inferior. Na segunda imagem
temos representado o visor do teodolito, visualizado pelo técnico em construção naval, ao realizar essa
medição.
10 Cuidados e práticas de medição
131
Calibração é um conjunto de operações que estabelecem, sob condições especificadas, a relação entre
valores indicados por um instrumento de medição e os valores correspondentes aos padrões utilizados.
Podemos dizer que a calibração consiste em comparar os resultados da medição do instrumento com o
padrão metrológico, fazendo os ajustes e correções no aparelho de medição utilizado.
SAIBA Consulte a norma ABNT NBR 6393 de 2011 para ampliar seu conhecimento sobre cali-
bração de instrumentos como do paquímetro; e para o conhecimento sobre micrôme-
MAIS tro, consulte a norma NBR EB-1164 do INMETRO.
Todos os instrumentos de medição devem ser calibrados periodicamente, e seus possíveis erros preci-
sam ser checados sempre que operar em condições adversas ou fora do padrão de funcionamento espe-
cificado pelo fabricante.
A calibração de um instrumento é importantíssima para a garantia da qualidade da fabricação de deter-
minado produto. Ela assegura que os instrumentos usados para controlar um produto estão dentro de um
critério aceitável e que não vão prejudicar a qualidade final do produto.
A frequência ideal de calibração de um instrumento de medição pode variar de acordo com o instru-
mento a ser calibrado e a frequência de utilização do mesmo, contudo, se a intensidade do uso for grande
a periodicidade deve ser aumentada.
Podemos dar os seguintes exemplos de frequência de calibração de dois instrumentos qualquer:
a) O primeiro instrumento pode ter uma frequência de calibração de 1 ano e ser usado raramente;
b) O segundo instrumento, que é usado constantemente em relação ao primeiro, deve ter uma
frequência maior que o anterior (6 meses, por exemplo).
Esses exemplos não são uma regra, pois existem diversos estudos para definir a frequência ideal de
calibração de um instrumento, mas é sempre importante analisar onde e como ele é usado antes de se
estipular um período.
Qualquer instrumento que tenha influência direta no resultado do seu produto final, não importando
em qual etapa ele seja usado, deve ser calibrado.
Vejamos, na figura a seguir, um organograma que explica melhor o estabelecimento da frequência de
calibração.
CÁLCULOS E METROLOGIA APLICADA À CONSTRUÇÃO NAVAL
132
RECAPITULANDO
RECAPITULANDO
Chegou agora o momento de relembramos o que aprendemos neste último capítulo do nosso livro.
Percebemos a importância dos cuidados com a execução prática das medições, pois isso envolve o
profissional que realiza a medição, o local em que é realizado o trabalho e a interação da peça com
o instrumento.
Aprendemos sobre o conceito e utilização dos instrumentos de medições e vimos os principais ter-
mos utilizados no vocabulário da metrologia. Ao estudarmos sobre planeza, paralelismo, perpendi-
cularidade e nivelamento, aprendemos os conceitos e os tipos de tolerâncias aplicados na indústria
naval.
Planeza e paralelismo são conceitos essenciais para aprendermos sobre a tolerância dimensional e
geométrica e os instrumentos aplicados em cada uma delas na indústria naval. Ao analisarmos as no-
ções de calibração de instrumentos, verificamos que todos os instrumentos de medição devem ser
calibrados periodicamente, de acordo com a frequência que é estabelecida para cada instrumento
e sua utilização.
Sobre calibração dos instrumentos, vimos a sua importância na garantia de que as medidas obtidas
correspondem aos padrões estabelecidos pelo INMETRO. Por último, conhecemos a relevância da
medição tridimensional, que tem inovado a indústria naval, pois permite a construção de navios
cada vez mais complexos, com métodos de trabalho que reduzem o tempo de medição e, conse-
quentemente, da obra.
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jan. 2016.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
JOSÉ LUÍS ARAÚJO BRAGA
José Luís Araújo Braga é graduado em Engenharia Mecânica, pela Universidade Federal de Per-
nambuco e pós-graduado em Engenharia Naval e Offshore, pela Universidade Federal da Bahia.
Possui 11 anos de experiência na área comercial, coordenação de contratos, qualificação de equi-
pamentos de acordo com a norma N-13 e projetos de equipamentos nos setores de Oil & Gás,
Naval e Petroquímica. Atualmente, ocupa o cargo de Conselheiro Regional pela Câmara Especia-
lizada em Engenharia Mecânica e Metalurgia (CEEMM), no Conselho Regional de Engenharia da
Bahia (CREA-BA).
Índice
A
ábaco 19
a.C. 18, 48, 55, 56, 74
C
chanfradas 63
chanfros 111
concentricidade 98
corolário 71
cura 101
D
d.C 19
E
equidistante 126
F
flanges 99
G
geodésico 110
grandezas 37, 41, 42, 44, 56, 79, 80, 118
N
notação 20
O
offshore 13, 17, 33, 98, 99, 111, 112, 132
P
paralelismo 98, 124, 125, 128, 133
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
André Costa
Coordenação de Produção
Leonardo Silveira
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo
i-Comunicação
Projeto Gráfico