Calculo Diferencial e Integral I I
Calculo Diferencial e Integral I I
Cálculo Diferencial
e Integral II
DR. RICARDO RAMOS FRAGELLI
DR. RONNI GERALDO GOMES DE AMORIM
DR. VINICIUS DE CARVALHO RISPOLI
Híbrido
GRADUAÇÃO
Cálculo
Diferencial e
Integral II
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; RISPOLI, Vinicius de Carvalho; FRAGELLI, Ricardo Ra-
mos; AMORIM, Ronni Geraldo Gomes de. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Cálculo Diferencial e Integral II. Vinicius de Carvalho Rispoli;
Ricardo Ramos Fragelli; Ronni Geraldo Gomes de Amorim.
Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
Maringá-PR.: Unicesumar, 2018. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
384 p. Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
“Graduação - EAD”.
Design Educacional Débora Leite; Head de
1. Cálculo Diferencial. 2. Integral. 3. EaD. I. Título. Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
ISBN 978-85-459-1681-9
CDD - 22 ed. 515.5
Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Impresso por: Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock
Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Ga-
lan e Fabio Augusto Gentilin .
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação
Revisão Textual Érica Fernanda Ortega e Cíntia Pre-
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná
zoto Ferreira.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Editoração Bruna S. M. Marconato e Isabela M. Belido.
Ilustração Marta Kakitani, Marcelo Goto e Mateus
Calmon.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Nal-
dei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR
Prezado(a) estudante!
Bem-vindo(a) ao curso de Cálculo Diferencial e Integral 2. Iremos, aqui,
continuar o desenvolvimento das ferramentas matemáticas necessárias
para a formação de um bom engenheiro. Este curso é dividido em duas
partes. Na primeira, serão estudados os conceitos de integrais em mais de
um variável e também integrais em campos vetoriais. A segunda parte, por
sua vez, será dedicada às técnicas para resolução de problemas de valor
inicial envolvendo equações diferenciais ordinárias.
Na primeira parte do curso, como citado, serão trabalhados os conceitos
relativos às integrais múltiplas e a integração em campos vetoriais e seus
principais teoremas. A integral de múltiplas variáveis tem um papel muito
importante no desenvolvimento científico e veremos algumas aplicações
simples e também interessantes sobre as integrais múltiplas. Estudaremos,
por exemplo, como calcular a força de sustentação em uma asa que é o
princípio básico de funcionamento de um avião. Por outro lado, a integração
em campos vetoriais é de fundamental importância na física e engenharia,
sendo possível encontrar exemplos aplicados no contexto mais básico até
o mais avançado. As integrais em campos vetoriais correspondem, em sua
maioria, a integrais duplas e triplas de integrandos específicos. Esta unidade
é trabalhada para chegar nos importantes teoremas de Green, Stokes e de
Gauss, teoremas esses que foram fundamentais no desenvolvimento da
teoria eletromagnética e também na mecânica dos fluidos.
Nas segunda parte, o estudo será sobre as equações diferenciais e suas
soluções. As equações diferenciais são fundamentais na ciência, pois elas
permitem modelar fenômenos da ciência aplicada a partir do seu compor-
tamento dinâmico. Desta forma, sabendo o comportamento dinâmico de
um determinado sistema, seremos capazes de prever o seu comportamento
de forma geral. Assim, começamos preparando o terreno com modelos ma-
temáticos simples e as equações de primeira e segunda ordem na Unidade
2. Também estudaremos como utilizar as séries de potências para encontrar
soluções de equações diferenciais.
O uso das séries é interessante quando não temos mais equações diferenciais
com coeficientes constantes e veremos que existem importantes equações
da física-matemática que estão nesse formato. Finalmente, iremos estudar
o conceito das transformadas integrais, em especial a transformada de
Laplace, e como utilizar essa ferramenta para determinar a solução de pro-
blemas de valor inicial. Estudaremos as propriedades, particularidades e a
vantagem do uso das transformadas para encontrar soluções de equações,
principalmente quando temos funções complicadas, e até descontínuas,
envolvidas com a equação diferencial.
Os conhecimentos adquiridos neste curso que está começando farão toda a
diferença na sua formação. Desta forma, desejamos a você um ótimo curso
e que este material possa auxiliá-lo(a) na busca de novos conhecimentos.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES
13
Integrais Múltiplas
em Outros Sistemas
de Coordenadas
43
Aplicações das
Integrais Múltiplas
89
Equações
Integrais
Diferenciais
Curvilíneas
de Segunda Ordem
127 249
175 289
Equações
Transformadas
Diferenciais de
Integrais
Primeira Ordem
209 339
30 Domínio de integração tridimensional
64 Cunha esférica
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Integrais Múltiplas em
Coordenadas Cartesianas
PLANO DE ESTUDOS
Integrais Triplas
Integrais Duplas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Mostrar as integrais duplas e triplas a partir de suas Somas • Mostrar o Teorema de Fubini e como as integrais duplas
de Riemann. e triplas são calculadas.
• Exemplificar o cálculo dessas integrais.
Integrais
Duplas
R a , b c, d .
Iremos considerar, apenas por conveniência, que a função f x, y seja não negati-
va. Isso facilitará a compreensão da integral dupla de forma geométrica, mas lembre-
-se que essa não é uma hipótese necessária. A seguir, na Figura 1, vemos o gráfico da
função f x, y sobre o domínio retangular R .
c
a d
y
b
R
x
O nosso objetivo, aqui, é encontrar o volume abaixo do gráfico desta função. Desta
forma, vamos proceder de forma análoga ao que aprendemos em Cálculo I. Lá, apro-
ximamos a área da figura geométrica por meio de áreas de retângulos. Sendo con-
sistente com a ideia já estudada, vamos, então, aproximar o volume desejado por
volumes de figuras geométricas mais simples, no caso paralelepípedos. Para isso,
vamos dividir o intervalo a, b em n subintervalos e o intervalo c, d em m subin-
tervalos. Isto irá dividir o domínio R em uma série de retângulos menores de di-
mensões xi xi xi 1 e y j y j y j 1. Além disso, em cada um desses retân-
gulos, escolheremos um ponto interior xi , y j ,. como podemos observar na figura a
a seguir.
UNIDADE I 15
y
(x*i , yj*(
d = ym
yj
c = y0
x
a = x0 x1 xi xn-1 b=x n
f x, y dA,
R
b d d b
∫∫ f x, y dA f x, y dy dx f x, y dx dy.
R a c c a
UNIDADE I 17
O que esse teorema nos diz é que, para calcularmos uma integral dupla, primeiro re-
solvemos uma integral com relação a uma das variáveis, considerando a outra variável
constante e, em seguida, calculamos a integral restante. Perceba que é um processo
semelhante ao cálculo das derivadas parciais, os quais, no caso, para derivarmos em
uma variável, considerávamos a outra como constante. Vamos, a seguir, conhecer
alguns exemplos para facilitar o entendimento.
1 EXEMPLO Para entendermos o uso do Teorema de Fubini, vamos começar com a seguinte
integral
2 x xy dA,
R
em que R é o retângulo R 0, 2 1, 3 . Então, pelo teorema de Fubini, temos que
o cálculo do volume desejado é dado pela integral iterada que segue
23
2 x xy dA 2 x xy dydx.
R 01
Escolhemos, inicialmente, esta ordem de integração, pois, pelo teorema, não importa
se integramos primeiro em relação a x ou y . Integrando inicialmente em relação
a y, temos
23
2 x xy dA 2 x xy dydx
R 01
2 3
xy 2
2 xy dx
2
0 1
2 2 2
x 3 x 1
2 x 3 2 x 1 dx
0
2 2
2
4 x 4 x dx
0
0
2
4 x2
= 16.
3
y2
22y
2
1
32 1
26 2
2 2
= 16.
Caso 1
y
Claro que nem sempre a nossa região de integração será retangular. Se desejamos
y = g2 ( x )
calcular, por exemplo, o volume de um cone ou esfera, então a região de integração
em ambos será circular. Desta forma, é de nosso interesse entender como calcular as
integrais duplas em regiões de integração que são mais gerais que apenas retângulos.
Em particular, existem dois tipos de regiões que iremos trabalhar na ymaior
= g1 ( xparte
) do
tempo. São regiões que podem ser definidas por meio de funções de uma variável,
x
como podemos ver nas figuras abaixo. a b
y Caso 2
Caso 1
y d
x = h2 (y)
y = g2 ( x )
y = g1 ( x )
x = h1 (y)
c
x
a b x
Figura 4 - Regiões
y de integração
Caso 2 não retangulares
Fonte: os autores.
d
x = h2 (y)
UNIDADE I 19
Utilizando a notação de conjuntos, podemos escrever as regiões mostradas como
Caso 1 e Caso 2 nas seguintes formas, respectivamente
D1 x, y |a x b,� g1 x y g2 x
e
D2 x, y |c y d , h1 y x h2 y
f x, y d A f x , y dydx
D1 a g1 x
d h2 y
f x , y dA
c
f x , y dxdy.
D2 h1 y
2 EXEMPLO Com a integral dupla, nós podemos também calcular a área de figuras planas. Vimos
que se f x, y é uma função não negativa, então a integral dupla dessa função em
um determinado domínio D , fornece o volume do sólido cuja base é a região no
plano xy D e delimitado pela função f x, y . No entanto, se essa função é unitá-
ria, então a integral dupla da função f x, y 1 fornece a área da região D . A
partir deste exemplo, vamos calcular a área de uma região no plano. Defina a região
D como sendo a região acima do eixo x limitada à esquerda pela função
2
y x 1
1.0
0.8
0.6
y
0.4
0.2
0.0
-1.0 -0.5 -0.0 0.5
x
3
Observe que não será possível escrever a curva à direita do gráfico, x y y , como
sendo uma função y f x facilmente. Ela naturalmente viola a definição do que
é uma função. Desta forma, vamos calcular a área dessa região calculando, primeira-
mente, a integral na variável x e, em seguida, integrando em relação a y . Precisamos,
agora, encontrar a variação das variáveis x e y. Podemos verificar graficamente que
a variável y deve satisfazer a seguinte desigualdade
0 ≤ y ≤ 1.
2
Agora, para encontrar a variação em x, precisamos, inicialmente, escrever y x 1
na forma x g y . Neste caso, não será tão complicado, pois basta tirar a raiz
quadrada dos dois lados para obter
x y 1.
y 1 x y y3.
UNIDADE I 21
Finalmente, temos que a área da região é dada por
A 1 dA
D
1 y y3
dx dy
0 y 1
1
y y3
x dy
y 1
0
1
y y 3 y 1 dy
0
3 1
y 2 4
y 2y 2
y
2 4 3
0
1 1 2
1
2 4 3
7
= .
12
2
Portanto, a área da região limitada pelo eixo x� e as curvas x y y e y x 1 �
3
é A = 7 / 12.
xy 4 y dA,
3
3
em que D é a região limitada pelas curvas y = x e y = x . Para calcularmos a
integral, o nosso primeiro passo é determinar as desigualdades para x e y . Precisa-
mos encontrar a interseção entre as curvas. Para tal, temos
x = x3
x x3
2 2
x x6
x5 x 1 0.
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
Pelo esboço da região, podemos ver que as desigualdades são dadas por
0 ≤ x ≤1
x3 ≤ y ≤ x .
1 x
xy 4 y 3 d A 3
x y 4 y dydx
3
D 0 x
1 x
xy 2
y 4 dx
2 3
0 x
1
x2 x7
x12 dx
2 2
0
1
x3 x8 x13
6 16 13
0
95
.
624
UNIDADE I 23
4 EXEMPLO Neste exemplo, vamos calcular um volume no caso em que o domínio é circular.
Vamos considerar para tal a função
z 1 x2 y 2
que define um paraboloide e pode ser vista na figura abaixo.
1,0
y
0,5
0,0
-0,5
-1,0
1,0
0,5
-0,0
-0,5
-1,0
-1,0
-0,5
0,0
x 0,5
1,0
Figura 7 - Paraboloide
Fonte: os autores.
z 1 x2 y 2
Nosso objetivo é determinar o volume entre o paraboloide e o plano xy . Neste caso,
temos que o domínio de integração é todo o interior do círculo de raio unitário
D x, y : x2 y 2 1 . Perceba que o círculo que delimita essa região corres-
ponde exatamente à interseção entre o paraboloide e o plano xy . Assim, temos que
o volume desejado é dado por
V 1 x2 y 2 dA
D
Precisamos, agora, reescrever as desigualdades que representam o domínio D para,
finalmente, calcularmos a integral. Nesse caso, temos que
x2 y 2 1 1 x2 y 1 x2 .
Além disso, fazendo y = 0 , podemos encontrar a variação do x que, nesse caso, nos dá
1 x 1.
1 1 x2
1 x2 y 2 dA 1 x2 y 2 dy
D 1
1 x2
1 1 x2
4 1 x2 y 2 dy dx.
0 0
1 1 x2
1 x2 y 2 dA 4 1 x2 y 2 dy dx
D 0 0
1 1 x2
2 y3
4 y x y dx
0
3
0
1 3
8
1 x2
30
2 dx.
Aparentemente “assustadora”, essa integral pode ser resolvida utilizando uma subs-
tituição trigonométrica. Podemos fazer x sen q e então dx cos q d q. Além
disso, se x sen q então 1 x cos q . Finalmente, quando x = 0 , temos que
2 2
p
q = 0 , pois sen 0 0 ; e quando x = 1, temos que θ = π / 2 , pois sen 1.
2
UNIDADE I 25
Assim, toda a integral pode ser reescrita como
1 3
2 2 8
1 x y dA 1 x2 2 dx
D 30
π
2 3
8
1 sen2 θ
30
2 cos θ d θ
π
2
8
cos 4 θ d θ
30
π
8 3 4 � cos 2θ cos 4θ
2
3 0
dθ
8
π
2
1
3 4 � cos 2θ cos 4θ d θ
3 0
π
1 sen 4θ 2
3θ 2 sen 2θ �
3 4 0
p
= .
2
p
Portanto, o volume desejado é V = .
2
Neste tópico, vimos como determinar o volume abaixo do gráfico de uma função de
duas variáveis utilizando a integral dupla. Além disso, estudamos também como efe-
tivamente fazemos o cálculo dessas integrais. Na próxima aula, iremos estudar como
podemos calcular uma integral em domínios não mais planos e sim tridimensionais.
UNIDADE I 27
z
( x k,kk ,zk (
D
∆ zk
∆y
k ∆x
k
x
y
Figura 8 - Domínio de integração tridimensional e elemento de volume
Fonte: os autores.
definimos a integral tripla como sendo o limite dos volumes tendendo a zero
n
I lim F xk , yk , zk Vk
n
k 1
F x, y, z � dV
E
A forma de se calcular uma integral tripla é semelhante das integrais duplas, isto é, por
meio de integrais iteradas dadas pelo teorema de Fubini. Neste caso, vamos começar
com nossos domínios de integração da forma mais simples possível, ou seja, quando
eles são na forma de uma caixa
B a , b c, d r , s .
cujo domínio é dado pelo paralelepípedo B 2, 3 1, 2 0, 1 . Apenas com o
objetivo de mostrar que a ordem de integração, neste caso, não é importante, vamos
utilizar uma ordem diferente da que foi escrita a integral acima. Faremos a integral
na ordem z → x → y , como podemos ver a seguir
231
23
0 dxdy
1
4xyz 2
12
23
4xydxdy
12
2
2 dy
3
2x2 y
1
2
10 ydy
1
= 15.
Esse exemplo é demasiadamente simples, mas antes de passar para as regiões mais
gerais, vamos dar uma interpretação geométrica importante sobre a integral tripla.
UNIDADE I 29
Quando a função dada é unitária, isto é, F x, y, z 1 em todo o domínio E no
qual ela está definida, então o volume da região tridimensional E é dada pela integral
V 1dV ,
E
que é a mesma interpretação que obtivemos na primeira aula para as integrais duplas.
Vamos, agora, passar as regiões tridimensionais um pouco mais gerais que as caixas.
Temos três possibilidades diferentes para uma região em geral. Abaixo, mostramos
um esboço desta primeira possibilidade, no entanto, as demais possibilidades são
idênticas à menor da ordem das variáveis.
z
z=u2 (x,y)
z=u1 (x,y)
y
D
x
Figura 9 - Domínio de integração tridimensional dado
Domínio de integração tridimensional na forma E { x, y z x, y D, u1 x y z u2 x, y }
Fonte: os autores.
E { x, y z x, y D, u1 x y z u2 x, y },
u2 x , y
f x, y, z dV ∫∫ f x, y, z dz dA.
E D u1 x , y
x y dV ,
E
z
6
0 y
2 3
0
1
2
3
4 x
2x 3 y z 6
2x 3 y 6
2
y 2 x.
3
UNIDADE I 31
Neste caso, a região D será o triângulo com vértices em 0, 0 , 3, 0 e 0, 2 . Temos, a
seguir, um esboço da região.
2.0
1.5
1.0
0.5
Agora, vamos encontrar os limites de integração. Uma vez que estamos na região
abaixo do plano 2 x 3 y z 6 � e no primeiro octante (então estamos acima do
plano z = 0 ), temos os seguintes limites para z
0 z 6 2x 3 y
Para calcularmos a integral dupla que surge sobre o domínio D , podemos utilizar
qualquer um dos seguintes conjuntos de desigualdades
0≤ x≤ 3
2
0 y x2
3
ou
3
0 x y3
2
0 ≤ y ≤ 2.
6 2x 3y
x y z dA
0
D
2
x 2
3 3
x y 6 2 x 3 y dydx
0 0
2
x 2
3 3
6 x 2 x2 6 y 5 xy 3 y 2 dydx
0 0
2
3 x 2
5 xy 2 3
6 xy 2 x2 y 3 y 2 y3 dx
2
0 0
3
8 x2 14 x3
4 2x dx
3 27
0
3
8 x3 7 x 4
4 x x2
9 54
0
15
.
2
Vamos repetir os nossos cálculos para mostrar que, na verdade, é indiferente a escolha
da desigualdade. Assim,
6 2x 3y
x y dV x y dz dA
E D 0
6 2x 3y
x y z
0
dA
D
3
y 3
2 2
6 x 2 x2 6 y 5 xy 3 y 2 dxdy
0 0
UNIDADE I 33
3
2 y 3
2 2 3 5 x2 y 2
3 x x 6 xy 3 y2 x dy
3 2
0 0
2
9 y 9 y2 9 y3
9 dy
2 4 8
0
2
9 y2 3 y3 9 y 4
9y
4 4 32
0
15
= .
2
7 EXEMPLO Finalmente, neste exemplo, vamos determinar o volume de uma região no espaço
usando a integral tripla. Vamos considerar a região E que é limitada pelos paraboloi-
2 2 2 2
des y x z e y 8 x z . Neste caso, para calcularmos o volume; precisamos
determinar a integral da função unitária F x, y, z 1. Observe que ambos os para-
boloides estão centrados na origem, mas eles têm como base o plano xz . Precisamos,
então, determinar o domínio plano no qual a nossa integral será calculada. Assim,
para encontrarmos a região no plano, é necessário encontrar a interseção entre os
paraboloides dados, isto é,
x 2 z 2 8 x 2 z 2 x 2 z 2 4.
E x, y , z x2 z2 4 x2 z2 y 8 x2 z2
V 1dV
E
8 x2 z 2
2
dy dA
x 2
z 2
4 x z2
8 x2 z 2
2 2
y x2 z 2
dA
x z 4
8 2 x2 2 z 2 dA.
x2 z 2 4
V 8 2 x2 2 z 2 dA
x2 z 2 4
2 4 x2
4 8 2 x2 2 z 2 dzdx
0 0
2 3
16
4 x2
3 0
2 dx
= 16p.
UNIDADE I 35
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
x2
1
2 4
x dydx.
1. Calcule a integral dupla no domínio elíptico a seguir
2 0
1 2 1 x2
2. A integral dydx representa a área entre a parábola 1 − x2 e a reta
1 2 2x
2 y2 lnx
4. Calcule a integral
ye z dzdxdy.
1 y 0
36
WEB
Os limites de integração nas integrais duplas são uma das principais dificuldades
do processo de integração. Por isso, vale a pena assistir a seguinte aula.
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WEB
Exemplos nunca são demais! Assista esta videoaula para mais exemplos sobre
integrais duplas em regiões não retangulares.
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37
ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. Porto Alegre: Bookman, 2000.Volume 2.
STEWART, J. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Pioneira /Thomson Learning, 2011. Volume 2.
38
1. Integrando inicialmente com relação à variável y, temos
x2
1 x2
2 4 2 1
x dydx xy 4 dx
0
2 0 2
2
x2
x 1 4
dx.
2
2
Fazendo agora uma substituição u 1 x2 / 4, temos que 2du xdx . Além disso, u 2 1 2 / 4 0 e
2 0
2 x2
u 2 1 2 / 4 0. Logo, x 1 dx 2 udu = 0.
2
4 0
8
= 2.
3
3. O volume da região é dado pela integral
1 0 y
Volume dzdydx
1 0
1 x2
1
1
2 1
1 x2 dx
2
.
3
39
4. Temos que
2
2 y2 lnx 2 y
z
ye dzdxdy yx y dxdy
1 y 0 1 y
2 y2
yx2
xy dy
2
1 y
47
.
24
πx
1 x sen
2
Volume dzdydx
0 0 0
1 x
πx
sen dydx
0 0
2
1
px
xsen dx
0 2
1
πx πx
2 π x os 4 sen
2 2
π2
0
4
.
π2
40
41
42
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Integrais Múltiplas
em Outros Sistemas
de Coordenadas
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar como aplicar as coordenadas polares para o cál- • Estudar como aplicar as coordenadas esféricas para o
culo de integrais duplas. cálculo de integrais duplas.
• Estudar como aplicar as coordenadas cilíndricas para o • Estudar o teorema de mudança de variáveis e aplicá-lo
cálculo de integrais triplas. para converter integrais duplas e triplas para quaisquer
sistema de coordenadas.
Integrais Duplas em
Coordenadas Polares
∫∫D ( x, y ) dA,
em que o domínio D é um círculo de raio 1. Para isso, temos de determinar um
conjunto de desigualdades para x e y que descrevem esta região. Neste caso, as
variações para x e y seriam facilmente escritas e dadas por
1 x 1
1 x2 y 1 x2 .
Com estes limites descritos. Podemos reescrever a integral desejada na forma iterada
para obter
1 1− x2
∫ ∫D ( x, y ) dA = ∫−1 ∫− 1− x2
f ( x, y ) dydx
Considere, apenas por simplificado, que a função dada fosse unitária, isto é, f x, y 1
dentro do círculo. Apesar dessa função ser super simples, essa integral seria bem tra-
balhosa de se calcular, pois
1 1 x2 1
1 f x, y dydx 2 1 x2 dx.
1 x2 1
Lembre-se que essa integral possui primitiva e que podemos encontrá-la usando o
método da substituição trigonométrica. Apesar de não ser nenhuma tarefa de outro
mundo, isso ainda nos daria algum trabalho para encontrar o valor dessa integral.
Por outro lado, o domínio limitado por um círculo de raio unitário tem equação
dada por
x 2 y 2 1.
y ( r θ ) = r sen θ ,
UNIDADE II 45
então a região dada pelo círculo unitário pode ser descrita facilmente nesse novo
sistema de coordenadas usando as seguintes desigualdades
0 ≤ θ ≤ 2π
0 ≤ r ≤ 1.
Para verificar esse fato, basta observar que, substituindo x e y na equação � x2 y 2 1, as
desigualdades serão facilmente satisfeitas. Claro que esses novos limites de integração
são bem mais simples que os originais. Além disso, são constantes, o que normalmente
facilita bastante o processo de integração.
Se pudermos, então, transformar a nossa integral dupla em coordenadas Car-
tesianas em alguma forma que envolva as coordenadas polares, é possível que a
nova integral possa ser bem mais simples de se trabalhar, o que é obviamente muito
benéfico para nós.
Considerando que a transformação para coordenadas polares é dada pelas equações
x = rcosθ y = rsenθ,
z f rcosq , rsenq .
r = h2 ( θ )
r = h1 ( θ ) θ=α
α≤θ ≤β
h1 q r h2 q .
Agora, com o objetivo de encontrarmos o elemento de área desejado dA, vamos criar
uma malha dentro desta região polar como mostrada na figura a seguir.
r0Δθ
r1Δθ
Δr
Estamos, neste caso, dividindo a região em uma malha de linhas radiais e arcos.
Olhando para apenas uma peça da malha, como mostrado na figura, temos uma
região que se assemelha com um retângulo, mas que ainda assim não é um.
UNIDADE II 47
Considere que a área desta pequena região seja ∆ A . Essa região tem comprimento
dado por r r0 ri , em que ro é o raio do arco exterior e ri é o raio do arco interno.
Da geometria básica, temos que o comprimento da aresta interior é ri ∆θ enquanto
o comprimento do arco de fora é r0 ∆θ , considerando ∆θ como sendo o ângulo
entre as duas linhas radiais que formam os lados dessa região. Agora, suponha que a
malha seja tão pequena que podemos supor que ri r0 r . Neste caso, esta hipótese
é suficiente para dizer que a área então desejada é dada, aproximadamente, pela área
de um retângulo. A nossa pequena área de interesse é dada por
A r q r.
dA A dθ θ dr r
Assim, temos que o elemento de área procurado para as coordenadas polares pode
ser escrito como
dA = rdrd q.
x rcosq ,� � y rsen,q � � r 2 x2 y� 2 ,
podemos reescrever a integral Cartesiana nas novas coordenadas, para uma região
qualquer D no plano, como sendo
β h2 ( θ )
∫∫D f ( x, y ) dA = ∫ ∫h (θ ) rf ( rcosθ, rsenθ ) drd θ.
α 1
É importante observar que não se deve esquecer que o elemento de área em coorde-
nadas polares leva um r , multiplicando os infinitesimais drdq . Desta forma, sempre
que fizer a mudança, não se esqueça do r .
1.5
1.0
y
0.5
0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
x
A utilização das coordenadas polares, neste caso, faz-se interessante, pois em coor-
denadas Cartesianas a mesma integral é escrita como
1 4 x2 2 4 x2
xy dA xydydx xydydx
D 0 1 x2 1 0
Apesar de ser possível calcular essas integrais, o trabalho para fazer essa tarefa não
será pequeno.
Primeiro, vamos reescrever a região D em termos das coordenadas polares. O
círculo de raio 1 é dado pela equação em coordenadas polares r�� =1 e o círculo de
raio 2 é dado por r�� =2 . Queremos calcular a integral na região entre os dois círculos,
desta forma, temos que a variação da variável r é dada por
1 ≤ r ≤ 2.
Além disso, uma vez que a região está no primeiro quadrante, então q varia conforme
π
0≤ θ ≤ .
2
Agora, podemos reescrever a integral em termos das coordenadas polares que é dada por
π
2
xy dA 2 rcosθ rsen θ rdrd θ
D 0 1
UNIDADE II 49
Não podemos nos esquecer de fazer a multiplicação da função por um r extra.
Finalmente, podemos simplificar o integrando utilizando a fórmula do arco duplo
para o seno,
sen 2q 2 senqcosq ,
π 2
1 4
8 r sen 2θ d θ
2
0
1
π
15
2 sen 2θ d θ
8 0
π
15 cos 2θ 2
8 2 0
15
= .
8
x2 y 2
D e dA
dF z 2
ez .
dz
No entanto, como o domínio, nesse caso, é circular, podemos utilizar a transformação
por coordenadas polares e, enfim, será possível determinar o valor desta integral.
Em primeiro lugar, a região D, sendo um círculo unitário, é dada em coordenadas
polares pelas seguintes desigualdades
0 ≤ θ ≤ 2π
0 ≤ r ≤ 1.
2π 1 2
0 rer drd θ
0
2π 1 1 u
e dud θ faze u r2
0 0 2
1
2π 1 u
e dθ
0 2 0
2π 1
e 1 dθ
0 2
p e 1 .
1
3 EXEMPLO Sabemos da geometria espacial que o volume de um cone é dado por do produto
3
entre a área da base do cone e sua altura. Isto é, o volume é dado por
1
V Abase h.
3
Se o cone tem a base dada por um círculo de raio r , então a fórmula do volume é
dada por
pr 2 h
V= .
3
UNIDADE II 51
Nosso objetivo, aqui, é provar essa fórmula usando as integrais duplas. Para tal,
precisamos de uma função que define o cone. Entretanto, lembre-se que estudamos
essa função na Unidade 7 do Cálculo 1. A equação geral do cone circular é dada por
z 2 k x2 y 2
que pode ser vista na próxima figura.
y -4
-2
0
2
4 4
0 z
-2
-4
2 4
-2 0
-4 x
Figura 4 - Cone z
Fonte: os autores.
2
k x2 y 2 com k = 1
Tirando a raiz quadrada dos dois lados, podemos escolher a parte positiva para re-
presentar a parte superior do cone mostrado na figura anterior. Além disso, esco-
lhendo a raiz quadrada da constante para ser h , temos que a função
k=
r
h 2
z x y2
r
nos dá a parte superior do cone com altura h e raio r . Perceba que se calcularmos a
integral desta função dentro do domínio D x, y : x2 y 2 r 2 , teremos exata-
mente o volume da região abaixo do cone. Isto é, se queremos exatamente o volume
do cone, temos que perceber que ele será dado pela diferença entre o volume do
cilindro circular que o contém e a integral citada, logo
x2 y 2 r 2 r 2 x2 y r 2 x2 .
Além disso, fazendo y = 0, podemos encontrar a variação do x que, nesse caso, nos dá
r x r.
Portanto,
h 2 r r 2 x2 h 2
x y 2 dA x y 2 dy dx .
Dr r r 2 x2 r
h 2 2 r r 2 − x2 h 2
∫∫D r x + y dA = ∫−r ∫− 2 2 x + y 2 dy dx
r −x r
4h r r 2 − x2
x2 + y 2 dy dx. .
r ∫0 ∫0
=
x ρcos θ
y ρ sen θ
temos que
π
0≤ θ ≤
2
0 ≤ ρ ≤ r.
UNIDADE II 53
Além disso, temos também que em coordenadas po-
lares
x2 y 2 ρ 2 cos2 θ ρ 2 sen2θ ρ.
Portanto, temos
π
h 2 2 4h r 2
D r x y � dA r 02
0
ρ drd θ
4h p r 3
r 2 3
2phr 3
= .
3
2 2phr 3
Vcone pr h
3
πr 2 h ,
=
3
que é a fórmula que aprendemos lá no ensino médio!
Concluímos que as coordenadas polares podem
ser aplicadas a uma integral dupla sempre que o do-
mínio tiver uma forma circular ou anelar. Neste caso,
a transformação permite reescrever as integrais de
uma forma bem mais simples e até pode permitir
calcular integrais que não seriam possíveis utilizando
outros métodos.
x rcosθ y rsenθ z z
Para podermos calcular a integral em coorde-
nadas cilíndricas, é necessário saber como fica o
elemento de volume dV em termos das novas
coordenadas, assim como fizemos para o caso das
coordenadas polares. Nas aulas a seguir, seremos
capazes de mostrar, sem grandes dificuldades, que
o elemento de volume em coordenadas cilíndricas
é dado por
dV = rdzdrd q,
UNIDADE II 55
no entanto, ele nada mais é que o produto do elemento de área em coordenadas
polares e o dz (volume nada mais é que o produto entre a área da base e a altura,
como podemos ver na Figura 5).
r ∆r ∆θ
r ∆θ
∆Z
∆θ
r
∆r
E x, y, z | x, y D,� u1 , x y z u2 x, y
β h2 θ u2 rcosθ ,rsenθ
D f x, y, z dV α h θ u rcosθ,rsenθ rf rcosθ, rsenθ, z dzdrd θ.
1 1
D f x, y, z dV
É importante não se esquecer de fazer o produto da função com as novas coordena-
das por r na integral. Além disso, é bom sempre se certificar que todas as variáveis
x e y também foram colocados nas coordenadas cilíndricas.
0 z 2x 1 0 z 2rcosθ 1 .
Lembre-se que a região está acima do plano xy e, portanto, a variável z deve estar
acima do plano z = 0,� consequentemente z ≥ 0 .
Em seguida, a região D no plano é dada pela região entre os dois círculos
x y 2 1 e x2 y 2 4 no plano xy , como podemos ver na Figura 6.
2
0
y
-1
-2
-2 -1 0 1 2
x
Neste caso, como D x, y :1 x2 y 2 4 , então podemos facilmente escrever
as variações do ângulo e da distância em coordenadas cilíndricas que são dadas por
0 ≤ θ ≤ 2π 1 ≤ r ≤ 2
UNIDADE II 57
Finalmente, podemos reescrever a integral em termos das novas coordenadas e assim
2π 2 2 rcosθ −1
∫∫∫E y dV = ∫
0 ∫1 ∫0 ( rsenθ ) rdzdrd θ
2π 2 2
1 r senθ � 2rcosθ 1 drd θ
0
2π 2
1 r
3
sen 2θ r 2 senθ drd θ
0
2
2π 1 4 1
0
r sen 2θ r 3 senθ d θ
2 3 1
2 π 15 7
2 sen 2θ senθ d θ
0 3
2π
15 7
cos 2θ cosθ
2 3 0
= 0.
2 4 y2 x2 y 2
xy dzdxdy
2 4 y2 x2 y 2
2 �� y �� 2
4 � y� 2 �� x � 4� y 2
x2 y2 z x2 y2
x �� 4 � y 2
x 2 y 2 4.
Desta forma, a região no plano é a parte interna de um círculo de raio 2. Logo, faz-se
conveniente utilizar a mudança para coordenadas cilíndricas e, nesse caso, a região
D fornece as seguintes desigualdades em coordenadas cilíndricas
0 ≤ θ ≤ 2π
0 ≤ r ≤ 2.
Tudo o que resta fazer agora é converter os limites da variável z, mas isso não é di-
fícil, pois
x2 y 2 �� z � x2 y 2
2 2
rcosq rsenq �� z � rcosq 2 rsenq 2
r2 z r.
UNIDADE II 59
Finalmente, temos que a integral Cartesiana escrita em coordenadas cilíndricas
toma a forma
2 4 y2 x2 y 2 2π 2r 2 r
2 4 y 2 x y
2 2 xy � dzdxdy
0 0 0 r r rcosθ rsenθ dzdrd θ
2
2π 2 rr3
0 0 r2 2 sen 2θ dzdrd θ
1 2π 2
0 z r r sen 2θ drd θ
r 3
2 0
2
0 r
1 2π 2 4
r 5 sen 2θ drd θ
2 0
2
1 2π r 5 r 6
sen 2θ d θ
2 0 5 6
0
6 25 5 26 2π
0 sen 2θ d θ
60
2π
32
cos 2θ
15 0
= 0.
x2 y 2 z 2 r 2 .
r2 r 2 z r2 r 2 .
UNIDADE II 61
é um domínio retangular, enquanto em z temos apenas essas raízes quadradas um
pouco incômodas, mas que somos totalmente capazes de lidar com elas.
Apesar de que reescrever o domínio em coordenadas cilíndricas já melhora em
lidar com um domínio esférico, fica a seguinte dúvida no ar: será que não tem uma
transformação da esfera que a transforma em um domínio totalmente retangular,
como as coordenadas polares fazem com o círculo? A resposta é: sim, há! O nome
dessa transformação é utilizando o sistema de coordenadas esféricas. Por meio delas,
poderemos reescrever um domínio esférico em um domínio totalmente retangular,
o que nos leva a dizer que as coordenadas esféricas são o equivalente tridimensional
das coordenadas polares.
Agora, precisamos definir como funciona esse novo sistema de coordenadas. Para
tal, vamos utilizar a Figura 7 como referência. Nela podemos ver a relação entre o sis-
tema de coordenadas Cartesianas e o sistema de coordenadas esféricas que desejamos
construir. Além disso, como já havíamos observado anteriormente, as coordenadas
esféricas se assemelham com as coordenadas polares no sentido de que iremos repre-
sentar um ponto no espaço Cartesiano por meio de ângulos e distância até a origem.
( x, y, z ) = ( ρ, θ, φ )
ρ
φ
y
θ r
x = ρcosθ senϕ
y = ρ senθ senϕ
z = ρcosϕ
x2 y 2 z 2 r 2 .
Assim como nas coordenadas polares, temos também algumas restrições sobre as
novas coordenadas. Por exemplo, a distância r deve ser sempre positiva e os ângulos
j e q devem satisfazer no máximo as seguintes variações
ρ ≥ 0 0 ≤ ϕ ≤ π 0 ≤ θ ≤ 2π .
Observe que essas variações angulares fazem sentido, pois o ângulo q varia no pla-
no, logo tem que dar uma volta completa. No entanto, o ângulo j não precisa dar
uma volta completa, caso contrário a parametrização que escolhemos daria duas
voltas para cobrir toda a esfera (consegue enxergar isso?). Portanto, esse ângulo só
pode variar até p.
Para facilitar o entendimento e visualização das desigualdades, vamos considerar
a seguinte região E dada por uma cunha esférica. Neste caso, as variações de ângu-
lo e distância são dadas por
a≤ρ≤b
α≤ θ≤ β
δ≤ϕ≤ γ
Na Figura 8, temos um esboço de uma cunha esférica em que o limite inferior para
ambas as variáveis r e j são nulas, isto é, a = 0 e d = 0 nas equações anteriores.
Apesar de estarmos fazendo essa escolha apenas para efeitos de referência, veremos
que boa parte das regiões de integração esféricas que iremos trabalhar se encaixará
neste modelo.
UNIDADE II 63
z
x
Figura 8 - Cunha esférica
Cunha esférica
Fonte: os autores.
Perceba que essa região E nada mais é que a interseção entre uma esfera e um cone.
Assim como mostramos que o elemento de área em coordenadas polares era dado
por dA = rdrd q através da análise de um pequeno elemento de área de um setor
circular, precisamos fazer análise similar também com o novo sistema de coordenadas
esféricas. Veremos que, em coordenadas esféricas, também temos que o elemento
de volume deve satisfazer uma determinada relação nas novas variáveis, neste caso,
diferente daquela obtida para coordenadas polares. Para encontrarmos o elemento
de volume no novo sistema de coordenadas, precisaremos analisar o volume de uma
cunha esférica como mostrado na Figura 9.
z
ρ sin ϕ
ρ ∆ϕ ρ sin ϕ ∆ θ
Oφ
ρ
y
∆ρ
θ
x θ+ ∆
V ρ 2 sen ϕ ρϕθ.
Logo, fazendo o limite para as variações dos ângulos e distância irem a zero, temos
que o elemento de volume em coordenadas esféricas tem que ser dado por
dV ρ 2 sen ϕ d ρ d ϕd θ.
Após ver a integral resultante, a mudança para coordenadas esféricas pode não parecer
muito promissora. No entanto, veremos nos exemplos a seguir que essa mudança faz
toda a diferença quando o domínio é esférico.
6 EXEMPLO Como primeiro exemplo, vamos calcular a fórmula do volume de uma esfera de
raio r.� Para tal, precisamos calcular a integral ∫∫∫ 1dV , em que a região no espaço
E
2 2 2 2
E é a região limitada pela esfera de equação x y z r . Estamos escolhendo
uma esfera com centro na origem para facilitar a nossa análise. Entretanto, teori-
camente ,poderia ser uma esfera centrada em qualquer ponto no espaço. Para que
consigamos varrer todos os pontos de E , é necessário que, na mudança para as
UNIDADE II 65
coordenadas esféricas, as variáveis r , q e j satisfaçam as seguintes desigualdades
0≤ ρ≤ r
0 ≤ θ ≤ 2π
0 ≤ ϕ ≤ π.
V = ∫∫∫ 1 dV
E
2π π r
0 0 1 ρ
2
sen ϕ d ρ d ϕd θ
0
2π π r 2
0 0 ρ sen ϕ d ρ d ϕd θ
0
r
2π π ρ3
0 sen ϕ d ϕd θ
3 0
0
r3 2π π
0 cos ϕ d θ
3 0
r3 2π
3 0 2 d θ
2 2π
r 3 dθ
3 0
4pr 3
= ,
3
3
0 0
9 y 2
18 x2 y 2
x2 y 2
x2 y2 z2 dzdxdy
para entendermos as vantagens do uso das coordenadas esféricas. Inicialmente, vamos
analisar a região de integração para, em seguida, convertê-la para as coordenadas
esféricas. Temos que os limites de integração nas variáveis Cartesianas são dadas por
0≤ y≤3
0 x 9 y2
x2 + y 2 ≤ z ≤ 18 − x2 − y 2 .
0 ≤ θ ≤ π / 2.
Agora, vamos ver o que o intervalo para a variável z nos diz. O limite inferior,
2 2 2
x2 + y 2 , nada mais é que a metade superior de um cone z x y , enquanto o
limite superior, � 18 − x2 − y 2 , é a metade superior da esfera,
x2 y 2 z 2 18.
0 r 18 3 2 .
UNIDADE II 67
Finalmente, o que nos falta é o intervalo de variação para j . Há duas formas de
obtermos esse intervalo. Uma das formas é encontrando a interseção entre o cone e
a esfera. Como a equação do cone é z 2 = x2 + y 2 então, substituindo na equação
da esfera, temos
x2 y 2 z 2 18
z 2 z 2 18
2 z 2 18
z2 9
z 3.
Observe que podemos assumir que a variável z é positiva, afinal a região E corres-
ponde à parte da esfera sobre o plano xy e no primeiro octante. No ponto de inter-
seção entre a esfera e o cone, temos que r = 3 2 . Além disso, temos que z = 3, e em
coordenadas esféricas a variável z satisfaz z = ρcosϕ, assim substituindo, temos que
o ângulo j deve ser limitado
ρcosϕ = 3
3 2cosj 3
1 2
cosj
2 2
π
ϕ .
4
π
0≤ϕ ≤ .
4
π π
3
0 0
9 y 2
18 x2 y 2
x2 y 2
x 2 2
y z 2
dzdxdy 03 2 ρ 4 sen ϕ d ρddϕd θ
0
2
0
4
π π
ρ 0
1 3 2
2 4 5
sen ϕ d ϕd θ
5 0 0
π π
972 2
2 4 sen ϕ d ϕd θ
5 0 0
π π
972 2
5 cosϕ
0
2 4 �dθ
0
π
972 2 2
5 2 1
0
dθ
2
972 2 2 p
1 .
5 2 2
Com isso, concluímos este tópico sobre coordenadas esféricas. No próximo tópico,
mostraremos uma fórmula geral para determinarmos o elemento de volume para
uma transformação qualquer e provaremos, sem necessidade de nenhum argumento
geométrico, como são obtidos os elementos de volume e área para as mudanças de
coordenadas construídas.
UNIDADE II 69
Mudança de
Variáveis
b g (b )
a f g x g ' x dx f u du ,
g (a)
8 EXEMPLO Aqui, começaremos com um exemplo de como uma região se transforma depois de
uma mudança de variáveis. Desta forma, considere uma região, R , nas coordenadas
xy e vamos transformá-la, neste exemplo, em uma nova região S em coordenadas
uv . Isto é, vamos determinar a nova região S obtida por meio da aplicação de uma
transformação dada à região R. Considere a região R como sendo a região fechada
no plano que é delimitada pelas seguintes retas
y � x 4
y �� x 1
x 4
y .
3 3
A região R definida pelas retas pode ser observada na Figura 10:
y
3 ( 32 , 52 (
2
y=-x+4
y=x+1 1
( 4, 0 )
x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1 y= x 4
3 3
-2
( 7 5
2 2 ( -3
Figura 10 - Região R
Fonte: os autores.
UNIDADE II 71
Temos que a região dada é um triângulo. Apesar de não ser uma região complicada,
é possível transformá-la em uma região mais simples. Para tal, vamos considerar a
seguinte
1
x x u, v u v
2
1
y y u, v u v .
2
Queremos saber o que acontece com a região R sujeita à transformação dada. Desta
forma, o que vamos fazer é aplicar a transformação em cada uma das retas que defi-
nem as arestas do triângulo e ver onde chegamos.
Começamos com a reta y x 4. Substituindo a transformação dada, temos
1 1
u v u v 4
2 2
u v u v 8
2u 8
u 4.
1 1
u v u v 1
2 2
u v u v2
2v 2
v 1.
Mais uma vez, temos uma equação muito mais simples do que aquela que começamos
a trabalhar. Finalmente, transformando y x / 3 4 / 3 , obtemos
1 1 1 4
u v u v
2 32 3
3u 3v u v 8
4v 2u 8
u
v 2.
2
ν
( 4, 4 )
4
3
2 υ=4
ν= υ +2
2 1
υ
-6 -4 -2 2 4
-1
( -6, -1 ) ν = -1 ( 4, -1 )
Note que nem sempre podemos esperar que iremos transformar um tipo específico
de região (um triângulo, por exemplo) para o mesmo tipo de região. É completamente
possível vermos um triângulo se transformar em uma região em que cada uma das
extremidades são curvas e que de forma alguma se assemelha a um triângulo. Vimos
isso na transformação em coordenadas polares e esféricas, em que transformávamos
regiões circulares em regiões retangulares.
Observe que, no exemplo anterior, pegamos uma região bidimensional que teria
sido um pouco mais difícil e trabalhoso de integrar e a convertemos em uma região
que seria possivelmente mais simples à integração. Como observamos no início deste
exemplo, este é, muitas vezes, o objetivo da transformação. Além de simplesmente
converter o integrando em algo mais simples de se trabalhar, é conveniente também,
muitas vezes, transformar a região em uma que é muito mais fácil de lidar.
Agora que nós vimos um exemplo de como as regiões se transformam, precisamos
falar sobre como realmente fazemos a mudança de variáveis d entro da integral. Vamos
começar com as integrais duplas, mesmo porque a versão em integrais triplas é aná-
loga. A fim de realizar a mudança de variáveis em uma integral dupla, precisaremos
do que é conhecido como o Jacobiano da transformação. Dada uma transformação
de variáveis x g u , v e y h u , v , o Jacobiano da transformação é definido
pelo determinante
x x
u v
J .
y y
u v
UNIDADE II 73
De posse do Jacobiano da transformação, podemos apresentar a fórmula para a
mudança de variáveis para uma integral dupla. Suponha que queremos integrar a
função contínua f x, y sobre a região R. Assim, considerando a transformação
x g u , v e y h u , v , então a região R é transformada em S e a integral se torna
9 EXEMPLO Vamos mostrar aqui, usando o teorema da mudança de variáveis, que, na transforma-
ção em coordenadas polares, temos que o elemento de área dA é transformado em
rdrdq, como já havíamos feito na aula sobre coordenadas polares. A transformação
em coordenadas polares é dada por
x = rcosθ e y = rsenθ
x x
r q
J
y y
r q
cosq rsenq
senq rcosq
rcos2q rsen2q
r cos2 q sen2q
= r.
=dA J=
drd q r drd q = rdrd q.
1
( 5, 0 )
( 0, 0 )
x
1 2 3 4 5
-1
y = -x -5
y = -x
-2
-3 ( 52 , 52 (
Figura 12 - Região de integração R
Fonte: os autores.
Cada uma das equações das retas mostradas na Figura 12 foram encontradas usando
o fato de sabermos dois pontos em cada reta.
Enquanto nós poderíamos calcular essa integral em termos de x e y, o cálculo
envolveria dividir a integral e duas integrais e isso nos daria algum trabalho. Então,
usando a transformação, veremos no que dá. Vamos, assim como no primeiro exemplo,
substituir a transformação em cada uma das equações anteriores e ver o resultado.
UNIDADE II 75
Começamos com y = x, temos
2u 3v 2u 3v
6v 0
v 0.
2u 3v 2u 3v
4u 0
u 0.
Em seguida, transformando � y x 5 ,
2u 3v 2u 3v 5
4u 5
5
u .
4
2u 3v 2u 3v 5
6v 5
5
v .
6
5 5
0≤ u≤ e 0≤v ≤
4 6
x x
u v
J
y y
u v
2 3
2 3
6 6
12.
5 5
∫∫R ( x + y ) dA = ∫ 0
6
∫ ( ( 2u + 3v ) + ( 2u − 3v ) ) −12 dudv
0
4
5 5
6 4 48u � dudv
0 0
5 5
0
6 24u 2 4
0
dv
5
75
v 06
2
125
= .
4
UNIDADE II 77
Vamos brevemente falar sobre as integrais triplas. Suponha que seja dada uma região
R, agora no espaço, e a transformação x g u , v, w , y h u , v, w e z k u , v, w
para transformar R na região S . De forma análoga às integrais duplas, temos que
determinar o Jacobiano desta transformação que, neste caso, será um determinante
3 × 3 dado por
x x x
u v w
y y y
J .
u v w
z z z
u v w
J índricas =r
1
0
0
1 x2
ln x2 y 2 dydx.
3 /3 1/ 3 x2 1
0 dydx.
3 /3
x2 y 2 1 x2 y 2
79
As coordenadas polares são uma ferramenta muito importante na integração dupla e também tripla.
Desta forma, nunca é demais aprofundar-se no assunto.
WEB
WEB
WEB
80
ANTON, Howard. Cálculo: Um novo horizonte. Porto Alegre: Bookman, 2000. Volume 2.
STEWART, J. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Pioneira /Thomson Learning, 2011. Volume 2.
81
1. É possível perceber que a região de integração é um círculo de raio 1 . Neste caso, é conveniente utilizar a
substituição por coordenadas polares e a integral pode ser reescrita como
1
∫0 ∫−
0
1− x 2 ( )
ln x2 + y 2 dydx = ∫
0
−
π ∫0 ln ( r
1 2
) r dr d θ
2
p
.
4
2. A região de integração é um círculo de raio 3 / 3 . Utilizando coordenadas polares, a integral pode ser
reescrita como
3 1 2 3
x 1 π 1
3
0 3 dydx 0 3 rdr � d θ
3
3 2 2
x y 1 x y 2 2
0
r 1 r2
3
π 1
0 3 dr � d θ
0
1 r2
π 3
arctg d θ
3
0
p2
= .
6
3.
para x2 y2 1
0<z<2
para z 0 x2 y2 1
2 2
para z 2 x y 5
∫∫ dVcilindro
82
Com os seguintes limites de integração:
0<z<2
para 0
0 y 5 x
para 0
0 x 5
2 5 5 x2
0 0 0 dydxdz
Utilizando as seguintes coordenadas cilíndricas:
para x 0 e r 5
sen 1
0 2
2π 5 2
∫0 ∫0 ∫0 rdzdrd θ
Que ao ser integrada resulta no volume do cilindro, cujo valor será:
2π 5 2
0 0 0 rdzdrd θ 10π
Para o volume da Hipérbole, utilizamos a mesma abordagem, com os seguintes limites de integração:
0 z x2 y 1
83
Para z=0
1 x2 y 5 x2
para 0
1 x 5
Logo a Integral obtida será:
5 5 x2 x 2 y 2 1
0 1 x 0 0 2 dxdydz
0 z r 1
para z 0
0<r < 5
para x 0 e z 2
sen 1
0 2
2π 5 r 2 1
0 1 0 rdzdrd θ
2π 5 r 2 1 16π
0 1 0 rdzdrd θ
3
Logo o volume será dado pela diferença entre o volume do cilindro e o da Hipérbole, dado por:
16p 14 p
10p
3 3
4. O volume da região é dado pela integral
84
π
2π 1
0
2 6ρ 2 sen 3ϕd ρd ϕd θ
0 0
π
2π
6 2 sen 3ϕd ϕ
3 0
p
= 6
3
5. Nas hipérboles, temos
2 2
xy
= u= 1 e xy
= u= 4.
Nas retas, temos
y 2 y 2
= v= 1 e = v= 4.
x x
y 2 2 2u
∫∫D x + xy dA = ∫1 ∫1 ( u + v ) dudv
v
14 ln 2
3 .
3
85
86
87
88
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Aplicações das
Integrais Múltiplas
PLANO DE ESTUDOS
Massa, Centro de
Área de Superfície
Massa e Centroide
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
y
1
R
x
Figura 1 - Sólido que desejamos calcular a massa, centro de massa e centroide
Fonte: os autores.
m
d x, y lim ,
h0 A
z
∆m=δ(x,y)∆ A
x 1
UNIDADE III 91
Neste sentido, podemos dizer que a massa M total da lâmina é aproximadamente a
soma das massas ∆ m jk das pequenas “caixas” formadas pela partição; assim, somando
em cada uma das direções, temos que
M m jk
j k
d x j , yk A jk .
j k
Finalmente, para encontrarmos a massa total M , temos que calcular o limite das
aproximações quando h se aproxima de 0 que nos dá a seguinte integral dupla
M lim d x j , yk A jk
h0
j k
= ∫∫ δ ( x y ) dA.
R
Portanto, a massa total de uma lâmina delimitada por uma região plana R pode
ser calculada por meio da integral dupla da função densidade de massa sobre a
região que define a placa.
1 EXEMPLO Como primeiro exemplo, vamos calcular a massa de uma lâmina quadrada cujos lados
são unitários de tal forma que essa região quadrada esteja no primeiro quadrante e
que duas de suas arestas estejam sobre os eixos coordenados. Logo, a região R é dada
{ }
por R = ( x, y ) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 0 ≤ ≤ 1 . Agora, suponha que a densidade desta
lâmina seja dada pela seguinte função: densidade de massa é dada por
d x, y 2 x y 1 kg/m2 .
M = ∫∫ ( 2 x − y + 1) dA,
R
1 1
M
0 0 2 x y 1 dydx
1
1 y2
2 xy y dx
0 2
0
92 Aplicações das
1 1
2 x dx
0 2
1
x
x2
2 0
= 1 5 kg.
2 EXEMPLO Considere, agora, uma lâmina suficientemente fina dada por uma região R delimi-
tada por um círculo de raio 2, cuja função densidade de massa é dada por
δ ( x y ) = 1 + x2 + y 2 kg/m2 .
Podemos calcular a massa dessa placa, que é dada por
M = ∫∫ 1 + x2 + y 2 dA ,
R
em que R é o círculo de raio 2. Neste caso, como o domínio é circular, faz-se conve-
niente utilizar a substituição por coordenadas polares. Assim, temos
2π 2
M 0 r 1 r 2 drd θ
0
5 du
2p u
1 2
3 5
2p 2
u
3
1
3
2p 2
5 1 kg.
3
UNIDADE III 93
m1 x1 + + mn xn m y + + mn yn
x= y= 1 1
m1 + + mn m1 + + mn
1 1
x=
M ∫∫R x ⋅ δ ( x y ) dA y=
M ∫∫R y ⋅ δ ( x , y ) dA ,
em que M é a massa da placa e calculada como sendo
M = ∫∫ δ ( x y ) dA.
R
M y = ∫∫ x ⋅ δ ( x y ) dA e M x = ∫∫ y ⋅ δ ( x y ) dA
R R
94 Aplicações das
3 EXEMPLO Para exemplificar o cálculo do centro de massa, vamos, agora, determinar o centro
de massa da placa com a mesma função densidade de massa do primeiro exemplo
d x, y 2 x y 1 kg/m2 .
Foi calculado que a massa da lâmina é M =1, 5 kg. Desta forma, para calcularmos o
centro de massa, precisamos determinar os primeiros momentos com relação a x e
y . Assim, o primeiro momento com relação a x é dado por
M y x d x, y � dA
R
1 1
0 0 x 2 x y 1 dydx
1
1 xy 2 2
2 x y xy dx
0
2 0
1 x
2 x 2 x dx
0 2
1
2 x2 x2
x3
3 4 2
0
2 1 1 8 3 6 11
3 4 2 12 12
M x y d x, y � dA
R
1 1
0 0 y 2 x y 1 dydx
1
1 y3 y2 2
xy dx
0
3 2
0
1 1
x dx
0 6
1
x2 x 2
= .
2 6
0 3
UNIDADE III 95
Finalmente, podemos calcular o centro de massa que é dado por
17
M y 12 17
=x = =
M 3 18
2
2
Mx 3 4
y =
= = .
M 3 9
2
Se por um lado o centro de massa fornece o ponto no qual toda a massa do objeto
estaria concentrada, por outro lado esse mesmo ponto pode não ser o centro geo-
métrico do objeto. Neste caso, quando a densidade de massa do objeto é constante
em todos os pontos da região R, então, o centro de massa é definido apenas pela
própria região e, neste caso, este ponto é chamado de centroide da região R . De fato,
a massa M da placa se reduz a área A da região R e assim o centroide é dado por
x = 1 ∫∫ x dA y = 1 ∫∫ y dA.
A A
96 Aplicações das
Desta forma, a soma de todos esses elementos de massa fornece, aproximadamente,
a massa do objeto, assim, temos
n
M lim
n
mk
k 1
n
lim
n
d xk , yk , zk Vk
k 1
= ∫∫∫ δ ( x, y, z ) dV
D
o que é equivalente à fórmula que obtivemos para o cálculo da massa de uma lâmina
fina. Além disso, de forma totalmente análoga aos cálculos feitos para a lâmina no
plano, podemos também definir os primeiros momentos para um objeto no espaço
e com densidade d d x, y, z . Neste caso, temos as seguintes fórmulas para os pri-
meiros momentos respectivamente aos eixos coordenados x, y e z
z x2 y 2
2 x 2 y x2 y 2
x2 2 x y 2 2 y 0
UNIDADE III 97
x2 2 x 1 y 2 2 y 1 1 1
2 2
x 1 y 1 2.
Logo, a região de integração no plano xy é dada pelo círculo de raio 2 , cujo centro
está no ponto 1, 1 .
Como a região é um círculo de raio 2 , então é interessante utilizar uma substi-
tuição por coordenadas polares. No entanto, precisamos colocar o círculo na origem
para que a mudança para coordenadas polares seja eficiente. Neste caso, utilizaremos
a seguinte mudança
x = 1 + rcosθ e y = 1 + rsenθ
Não é difícil perceber que o Jacobiano desta transformação coincide com o Jacobia-
no da transformação por coordenadas polares padrão que é J = r. Além disso, temos
que as variáveis r e q variam de acordo com as seguintes desigualdades
0≤ r≤ 2
0 ≤ θ ≤ 2π.
se reduz a
V
0
2π
0
2
r 2 2 rdrd θ
2p
0
2
2r r 3 dr
2
r4
2p r 2
4
0
= 2p.
Finalmente, para encontrarmos o centroide precisamos calcular os primeiros mo-
mentos. Vamos calcular apenas o primeiro momento com relação à variável x e
você, estudante, deverá calcular os demais primeiros momentos. Assim, temos que
98 Aplicações das
2
1 2 1 2 x 1 2 x 2 y
M yz 1 2 x y
2 2 x � dzdydx
1 2 2 x 1
2
1 2 1 2 x 1 2 2
1 x 1 y 1 2 xdydx
1 2 2 x 1 2
2π
0 0
2
r 2 2 1 rcosθ rdrd θ
0
2π
0
2
2r r 3 1 rcosθ drd θ
2 2
2π 2 r4 2π 2r 3 r5
r dθ � cosθd θ
0
2 0
3 5
0 0
8 2 2π
2π
15 0 cosθ d θ
= 2p.
UNIDADE III 99
Momentos
de Inércia
eixo
de r
ota
ção
mk vk2
Kk
2
w 2 rk2 mk
.
2
Logo, a energia cinética total do cilindro será dada, aproximadamente, pela soma de
todas essas contribuições, isto é,
n
w 2 rk2 mk
KT .
k 1 2
1
= ω2 ∫∫∫ r 2δ ( x, y, z ) dV .
2 objeto
A integral
I = ∫∫∫ r 2δ ( x, y, z ) dV
objeto
I x = ∫∫ y 2δ ( x y ) dA e I y = ∫∫ x2δ ( x y ) dA.
D D
I0 I x I y .
I x = ∫∫∫
D
( y2 + z2 ) δdV I y = ∫∫D ( x2 + z2 ) δdV e I z = ∫∫∫D ( x2 + y2 ) δdV
Além disso, em torno de uma linha L, o momento de inércia de um objeto no espa-
ço é definido como
I L = ∫∫∫ r 2δ dV,
D
IL
RL = .
M
d x , y x y 2.
Vamos, neste exemplo, calcular os momentos de inércia desta placa plana e o raio de
giração em torno dos eixos coordenados e também da origem.
Começamos com o momento de inércia com relação ao eixo x. Temos, então
3 x 2
Ix
0 0
y d x, y dydx
3 x
0 y x y 2 dydx
2
0
0 xy
3 x 2
y 3 2 y 2 dydx
0
x
3 xy 3
y 4 2 y3
dx
0
3 4 3
0
3 7 2 x3
x4 dx
0 12 3
3
7 x4
x5
60 6
0
837
= .
20
De forma análoga, temos que o momento de inércia em torno do eixo y é dado por
3 x 2
Iy
0 0 x d x, y dydx
567
= .
5
837 567
20 5
621
= .
4
3 3 x2
2 x dx
0 2
3
x3
x2
2 0
45
= .
2
Finalmente, podemos determinar os raios de giração com relação aos eixos coorde-
nados e à origem, que são dados por
d x, y, z xy
y
4
x 6
Figura 5 - Cunha triangular
Fonte: os autores.
2
y 3 z2 .
1
0
4 6
0
y 3
0
2 xy3 6 xy2 9 xy z2 dzdydx
1
y 3
4 6 3 2 z3 2
0 xy z 6 xy z 9 xyz dydx
0
3
0
4 6 1
0 xy 2 y 3 dydx
0
4 6 1 2
0 2 xy 3 xy dydx
0
6
14 3
xy 3 xy 2 dx
0 6 2 0
4
18 xdx
0
= 144.
IL 1566
RL = = ≈ 1, 49
M 700
z S
V1
3
1
4
A= II V1 x V2 II
2
y
(x0 , y0 ) (x0 , y0 , ∆y )
(x0 + ∆x, y0 + ∆y )
(x0 + ∆x, y0 )
x
i j k
v1 v2 x 0 z x x
0 y z y y
= − z x ∆x ∆y − z y ∆x ∆yj + ∆x ∆yk
e seu módulo
z x xy 2 z y xy
2 2
v1 v2 xy
= 1 + z 2x + z 2y ∆x∆y
S S jk
j k
= ∑∑ 1 + z 2x ( ) jk + ( z2y ) jk ∆x j ∆yk
j k
S= li
∆x j ,∆yk →0
∑∑ ( ) jk + ( z2y ) jk ∆x j ∆yk
1 + z 2x
j k
1 z 2x z 2y dA.
D
A seguir vamos aprender como aplicar a fórmula da área da superfície com alguns
exemplos.
7 EXEMPLO Vamos começar determinando a área de uma superfície que surge como a parte do
plano 4 x 3 y 2 z 12 que se encontra no primeiro octante, onde temos que todas
as variáveis são não negativas, isto é, x, y, z ≥ 0 . Perceba que a integral para o cálcu-
lo da área da superfície é uma integral dupla, logo precisamos determinar uma região
D no plano xy para realizarmos o cálculo da área da superfície. Neste caso, a região
D no plano xy é dada pela interseção entre o plano 4 x 3 y 2 z 12 e o plano
z =0.
4
3
zy .
2
Os limites que definem a região de integração D são
4
0 ≤ x ≤ 3 e 0 ≤ y ≤ − x + 4.
3
S 1 z 2x z 2y dA
D
4
3 x4 2 2
3 1 2 3 / 2 dydx
0 0
4
29 3 x4
2 0 0
3 dydx.
Note que a integral dupla que apareceu fornece a área do triângulo dado pela Figura
7. A área do triângulo é A = 3 × 4 = 6. Portanto, a área da superfície é
2
29
S 6 3 29.
2
8 EXEMPLO Neste exemplo, vamos determinar a área da superfície da parte da função z = 2 xy que
2 2
se encontra no interior do cilindro de raio unitário x � y � 1 no primeiro quadrante.
Para esta função dada, temos que as derivadas parciais são facilmente calculadas
e dadas por
zx = 2 y
z y = 2 x.
Assim, neste caso, a integral para a área de superfície será imediata e dada por
S =∫∫D 1 + 4 x2 + 4 y 2 dA.
0≤r≤1
π
0 ≤ θ≤ .
2 Gráfico da área de superfície
� S 1 4 x2 4 y 2 dA
D
π
1
2
0 r 1 4 r 2 drd θ
0
p 2 du
2 1
u
8
3 5
p 2
u
24
1
3
p 2
5 1 .
24
-5
-10
-10 -5 0 5 10
x2 y 2
1.
4 9
∂w ∂u
Γ = ∫∫D − dA
∂x ∂y
= ∫∫ ( −1 − 1) dA
D
= −2 ∫∫DdA
= −2 × (Áre da elipse )
12p.
Na Figura 9, temos o campo de velocidades v x, y e a região que estamos calcu-
lando a circulação.
10
-5
-10
-10 -5 0 5 10
Sustentação
v v u , 0 ,
F ruC ,
Sustentação
2u y Γ
u ( x, y ) = y 2 ∞ 2 +
x + y 2π R x 2 + y 2
2u y Γ
w ( x, y ) = − x 2 ∞ 2 + .
x + y 2π R x 2 + y 2
Temos que
2u y Γ 4u xy Γx
wx = − 2 ∞ 2 − + x ∞ +
x2 + y 2 2
( )
3
x +y 2π R x 2 + y 2
2π R x 2 + y 2 ( ) 2
2u∞ y 4u∞ y 2 2u
uy = 2 + Γ
+y − − Γy + 2 ∞ 2 .
x + y 2 2π R x 2 + y 2
( )
2 3
x2 + y 2 x +y
(
2π R x +2
y )
2 2
Simplificando a diferença entre essas duas derivadas, temos
2u∞ y Γ
wx − u y = − 2 2
− .
x +y 2π R x 2 + y 2
w u
circulação dA
x2 y 2 R 2
x y
2u y
= ∫∫ 2 2 2 − 2 ∞ 2 − Γ dA
x + y ≤R x + y
2π R x 2 + y 2
2π Γ Rd θ
= −∫ 2u∞ senθ +
0 2π R
2π Γ dθ
= −∫ 2u∞ Rsenθ +
0 2π
2π
= − −2u∞ Rcosθ + Γ θ
2π 0
= − Γ.
F ruC
= ρu∞ Γ.
x2 y 2 z 2
3. Considere o elipsoide 1 com densidade d constante. Determine
4 4 2
o segundo momento com relação ao eixo z desta esfera.
4. Considere as componentes do vetor velocidade v dadas por vx = x2 y v y = xy.
Determine a circulação desse vetor velocidade sobre o círculo de raio unitário
com centro na origem.
x = 0 e x 1 y 2 com densidade
5. Considere a placa definida pela região entre
d y x2 . Determine o segundo momento com relação ao eixo x desta placa.
119
WEB
120
ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. Porto Alegre: Bookman, 2000. Volume 2.
STEWART, J. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Pioneira /Thomson Learning, 2011. Volume 2.
121
1. A superfície em questão é uma elipse. Temos para essa função que as derivadas parciais são dadas por
z x 1 z y = 0.
2
S 1 1 � dA
D
2π 2
0 2rdrd θ
0
= 2 2p.� �
2. A massa é dada por
2 3 2
M
1 0
x 1 y dydx
3
2 y2
2
x y � dx
1
2
0
5 3
1
2
x
2
45
= .
2
3. Neste caso, faz-se interessante utilizar a substituição por coordenadas esféricas na forma
M xy = δ ∫∫∫
elipsoide
( x2 + y2 )dV
0 r
π 1 4
8 2δπ sen 3ϕ drd ϕ
0
32 2δπ
.
15
122
4. Para calcular a circulação, é necessário calcular as derivadas parciais das componentes do vetor veloci-
dade, temos
vx x2 � y = x2 e também v y xy = y.
y y x x
Portanto,
v y vx y x2
x y
Mx y 2d dA
região
1
1 0
1 y 2
y 2 y x2 dxdy
32
= .
945
123
124
125
126
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Integrais Curvilíneas
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Definir o conceito de curva plana e espacial. • Estudar as integrais curvilíneas de segunda espécie.
• Estudar as integrais curvilíneas de primeira espécie. • Estudar o teorema de Green e suas aplicações.
Curvas Planas e
Espaciais
r t f t g t ht f t i g t j h t k
c t f t g t f t i g t j
Usamos, em geral, a letra t para denotar a variável independente, porque ela repre-
senta o tempo na maioria das aplicações de funções vetoriais.
r t ln 3 t t .
UNIDADE IV 129
Começaremos com a definição do limite. Dada uma função vetorial r t , o
conceito do limite, semelhante ao estudado no Cálculo 1, é definido componente e
a componente. Isto é, se r t f t , g t , h t então
se os limites das componentes existem. É importante observar que os limites das fun-
ções vetoriais obedecem às mesmas regras dos limites das funções com valores reais.
lim r t r a .
t a
r t k r t
r t lim
k 0 k
f t k f t g t k g t h t k h t
lim , lim , lim
k 0 k k 0 k k 0 k
f t , g t , h ' t
z
P( f(t), g(t), h(t))
y
x
Figura 1 - C é uma curva espacial traçada pela ponta do vetor posição r t em movimento
Fonte: os autores.
2 EXEMPLO Vamos, neste exemplo, esboçar a curva cuja equação vetorial é dada por
r t cos t i sen t j .
x co t e y sen t
cos2 t sen2 t 1.
x2 y 2 cos2 t sen2 t 1.
UNIDADE IV 131
Portanto, a curva r t cos t i sen t é a parametrização de um círculo unitário.
3 EXEMPLO Agora, neste exemplo, vamos esboçar a curva cuja equação vetorial é dada por
r t cos t i sen t j tk .
x co t e y sen t ,
x 2 y 2 1.
(0,1, 2π)
y
(1,0,0)
x
Figura 2 - C é uma hélice que representa o movimento de uma partícula no sentido anti-horário
Fonte: os autores.
m d s,
b
em que s c ' t dt é o comprimento da curva.
a
UNIDADE IV 133
Se, por outro lado, a densidade varia ao longo do fio, isto é, d d c t , podemos
nos utilizar de um procedimento semelhante ao do cálculo do comprimento de arco
(que fizemos no Cálculo I) para derivar uma fórmula para o cálculo da massa do fio.
Essa fórmula definirá o que entendemos por integral de linha sobre o fio, cuja função,
neste caso, representa a densidade.
Desta forma, o procedimento para deduzirmos a fórmula da integral de linha será
baseado no cálculo da massa de um fio. Assim, considere um fio no plano (ou espaço)
que pode ser descrito de forma parametrizada pela curva c t x t i y t j , definida
no intervalo t a, b , cuja densidade é dada pela função escalar f : 2 → .
a t2 t3 t4 tn-2 t n-1 b
Figura 3 - Aproximação linear do comprimento da curva c t
Fonte: os autores.
c t
mi f c ti* i 1 c ti
densidad comprimento
2 2
c t x t y t representa o módulo Euclidiano de um vetor. Desta forma,
a aproximação da massa de todo o fio será o somatório de todas as contribuições de
massa mi , isto é,
n
f c ti*
i 1
c t i 1 c ti .
Perceba que a única diferença entre a expressão da massa aproximada obtida e aque-
la que obtivemos para o cálculo do comprimento de uma curva no curso de Cálcu-
lo 1 é o aparecimento da função f c ti* , multiplicando o comprimento aproxima-
do da curva. Para transformar essa soma em uma integral, vamos multiplicar e
dividir cada termo do somatório por Dti ti 1 ti e teremos
n n c ti c ti
1
f c ti* c ti 1 c ti f c ti* ∆ti
i 1 i 1 ∆ti
n b
c ti 1 c ti
li f c ti* ∆ti f c t c ' t dt.
n
i 1 ∆ti a
b
f ds f c t c t dt
c a
b
f x t , y t x ' t y ' t dt.
2 2
UNIDADE IV 135
É importante notar que essa mesma definição vale para uma curva espacial parame-
trizada por r t x t i y t j z t k , com t α, β , e uma função escalar
g : 3 → , na forma
β
gds g r t r t dt
r α
β
g x t , y t , z t x ' t y ' t z ' t dt.
2 2 2
c t 3t 2 i t 1 j 0 t 2
como sendo a parametrização de um fio. Podemos ver que essa curva é uma reta,
pois sendo a curva dada por x t 3t 2 e y t t 1 , podemos isolar a variável
t em x t e obter
x2
t .
3
x2 x 5
y y x 1 .
3 3 3
Agora, suponha que a densidade desse fio no ponto x, y seja dada pela função
d x, y 2 x y.
A massa do fio nada mais é que a integral da densidade ao longo do fio. Dessa forma,
precisaremos calcular a integral de linha
M d s.
c
ds c' t dt
x '2 y '2 dt
32 12 dt
= 10dt.
d c t 2 x t y t
2 3t 2 t 1
7t 5.
M d ds
c
b
d c t c t dt
a
2
7t 5 10dt
0
2
7
10 t 2 5t
2 0
4 10 ..
UNIDADE IV 137
5 EXEMPLO Assim como podemos calcular a massa de um fio bidimensional usando a integral de
linha, podemos também calcular a massa de um fio no espaço tridimensional. Para
tal, considere a hélice circular
com t 0, p , e suponha que a densidade dessa “mola” seja dada pela função
d x , y , z x 2 z.
2 -2 -1
1 0
1
0 2
-1
-2
M d ds.
C
ds r t dt
x 2 y 2 z '2 dt
6sen 3t 2 6 cos 3t 2 32 dt
36 cos 2 3t sen2 3t 9dt
= 45dt
3 5dt.
d r t x t z t
2
4 cos2 3t t.
M δ ds
x
b
d r t r ' t dt
a
p 2
4 cos 3t 3t 3 5dt
0
p
36 5 t cos2 3t dt
0
p 1 cos 6t
36 5 t dt
0 2
p
18 5 t t cos 6t dt
0
UNIDADE IV 139
Fazendo a integração por partes de tcos 6t dt com f ' cos 6t e g = t , temos
finalmente que a massa é dada por
2 p t � sen 6t p p sen 6t
t
M 18 5
dt
2 6 0 0 6
0
p2 1
p
18 5 cos 6t
2 36 0
= 9 5p 2 .
6 EXEMPLO Vamos, neste exemplo, determinar o centro de massa de um fio formado por um
semicírculo de raio a, cuja parametrização é dada por
c t a cos ti a sin tj 0 t π
e que possui densidade linear dada por d x, y x y 1. Neste caso, o semicírculo
está no semieixo y ≥ 0 , como podemos ver na Figura 5.
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
As coordenadas do centro de massa de um fio são dadas pela razão entre os primei-
ros momentos com relação a x e y,
My xδ ds Mx yδ ds,
c c
ds c' t dt
x '2 y '2 dt
a sin t 2 a cos t 2 dt
= adt.
M ds
c
b
d c t c t dt
a
p
a a cos t a sin t 1 dt
0
p
a2 sin t a2 cos t at
0
2a2 ap.
My xδ ds
c
b
x t d c t c t dt
a
p
a cos t a cos t a sin t 1 a dt
0
p p p
a3
a3 cos2 tdt sin 2tdt a2 cos tdt
0 0
2 0
UNIDADE IV 141
p p
1 cos 2t a3
dt cos 2t a2 sin t 0
3 p
a
0
2 4 0
a 3p
= .
2
M x yd ds
c
b
y t d c t c t dt
a
p
a sin t a cos t a sin t 1 a dt
0
π π π
3 2a3
a si tdt sin 2tdt a2 sin tdt
0 0
2 0
p p
1 cos 2t a3
dt cos 2t a2 cos t 0
3 p
a
0
2 4 0
a 3p
2a 2 .
2
My Mx
,
M M
a 3p 1 a 3p 4 a 2 1
2 , 2
2 2 a ap 2 2a ap
a 2 p a 2 p 2a
4 a 2p 4 a 2p
, .
F x y y x yi xj
UNIDADE IV 143
10
-5
-10
-10 -5 0 5 10
F dr
C
b
F r t r t dt ,
a
Esse é o mesmo exemplo que utilizamos na Unidade 3, porém sobre uma outra
ótica. Nosso primeiro passo para calcular a circulação é parametrizar a elipse. Uma
parametrização simples e eficiente, que imediatamente nos fornece o sentido correto
(anti-horário), é
C F dr
b
F r t r t dt
a
2π
3 sin ti 2 cos tj 2 sint 3 os tj dt
0
2p
3 sin t 2 sin t 2 cos t 3 cos t dt
0
2p
6 sin 2 t cos 2t dt
0
12p.
UNIDADE IV 145
Na Figura 7, temos o campo de velocidades F x, y e a região que estamos calcu-
lando a circulação.
10
-5
-10
-10 -5 0 5 10
Perceba que o campo de velocidades de fato circula com relação à curva que define
a região de integração que, nesse caso, é uma elipse. Além disso, observe que a para-
metrização escolhida, no sentido anti-horário, é oposta àquela que circula o campo,
por isso o sinal negativo na resposta.
A integral da circulação que definimos anteriormente é o que chamamos de in-
tegral de linha de segunda espécie, ou integral de linha em campos vetoriais. Consi-
derando o campo F x, y P x, y i Q x, y j , usualmente representamos essa
integral de linha por
b
F dr F r t r t dt
C a
b
P x t , y t x ' t Q x t , y t y ' t dt
a
Pdx Qdy
C
b
F dr F r t r t dt
C a
b
P x t , y t , z t x ' t Q x t , y t , z t y ' t R x t , y t , z t z ' t dt
a
8 EXEMPLO Podemos calcular o trabalho que uma força vetorial no espaço tridimensional, por
exemplo, F x, y, z 2 xi xyj zk , realiza ao mover uma partícula do ponto 0, 0, 0
ao ponto 1, 2, 1 sobre o caminho definido pela curva r t t i 2tj t k . O tra-
2 3
balho que a força realiza é calculado pela integral de linha de segunda espécie
W F dr
C
1
F r t r t dt
0
1
2t 2 2t 2t 3 2 t 3 3t 2 dt
0
1
3t 5 dt
0
1
= .
2
UNIDADE IV 147
A diferença deste exemplo para o anterior é apenas que a curva não é fechada, no
entanto, a forma de calcular a integral de linha é a mesma. Existem várias interpre-
tações físicas para as integrais de linha em campos vetoriais ou integrais de linha de
segunda espécie.
9 EXEMPLO Neste exemplo, vamos voltar ao cálculo da força de sustentação que fizemos na
Unidade 3. Lembrem-se que fizemos uma aplicação da integral dupla no cálculo da
força de sustentação em um perfil aerodinâmico.
Existe uma relação entre a força de sustentação gerada pelo escoamento e a integral
de linha definida nesta aula. Ela é feita por meio do Teorema de Kutta-Joukowski que
diz que a força de sustentação é proporcional à circulação do campo de velocidades
de um fluido em torno do perfil aerodinâmico.
Os aerodinamicistas Kutta, na Alemanha, e Joukowski, na Rússia, mostraram
de forma independente o teorema quando ambos trabalhavam para quantificar a
sustentação que surgia quando um fluxo de ar escoava sobre um cilindro giratório.
Esse efeito é conhecido como efeito de Magnus.
Sustentação
2u y
u x, y y
x2 y2 2π R x 2 y2
2u y
w x, y x 2 2
,
x y 2π R x 2 y2
F ruC ,
r t R cos t i Rsen t j ,
UNIDADE IV 149
com t 0, 2p , satisfaz essa condição. Substituindo a curva nas componentes do
vetor velocidade, temos
2u y t
u r t y t 2 2
x t y t 2 2
2π R x t y t
2u sen t G
Rsen t � � �e
R 2p R 2
2u y t
w r t x t 2 2
x t y t 2 2
2π R x t y t
2u sen t G
R cos t .
R 2p R 2
2p
2u sen t G 2 2u sen t G
R cos t
2
R sen t
dt
0 R 2p R 2 R 2p R2
2p
G
2u R cos t 2p dt
0
G.
F ρu
ρu .
ds
Seja n o vetor normal exterior unitário à curva C , como mostrado na figura apre-
sentada. Suponha que o campo vetorial F x, y P x, y i Q x, y j represente
o escoamento de um fluido qualquer no plano. Desta forma, sobre um elemento de
comprimento de arco ds da curva C , a vazão de fluido que atravessa esse elemento
de comprimento é dada por
Q F nds
velocidade �� comprimento.
Assim, se integramos sobre toda a curva, temos o fluxo líquido exterior à fronteira
região delimitada pela curva C , isto é,
F F nds.
C
UNIDADE IV 151
Suponha que a curva C tenha parametrização r t x t i y t j . Sabemos da
geometria analítica que, para uma curva plana, o vetor normal exterior e unitário
pode ser escrito na forma
y ' t i x ' t j
n .
2 2
x ' t y ' t
F F nds
C
y ' t i x ' t j
P x t , y t i Q x t , y t j
2 2
x ' t y ' t dt
2 2
C x ' t y ' t
P x t , y t y t Q x t , y t x t dt
C
Qdx Pdy.
C
10 EXEMPLO Vamos verificar o que acontece quando tentamos calcular o fluxo para um campo
vetorial que circula, como o campo F x, y yi xj . Se considerarmos o círculo
unitário
x2 y 2 1,
como a nossa curva fechada C , o fluxo pode ser facilmente calculado usando a
parametrização c t cos t i sen t j , com t 0, 2p . Temos, então
F Qdx Pdy
C
2p
x dx ydy
0
2p
cos t sen t sen t cos t dt
0
= 0.
C F dr
UNIDADE IV 153
Uma forma de calcular a circulação é calcular a integral de linha diretamente. Con-
tudo, se a nossa integral de linha estiver em duas dimensões (isto é, F é um campo
vetorial bidimensional e C é uma curva fechada também plana), então o teorema
de Green se aplica e podemos usa-lo como uma alternativa para calcular a integral
de linha.
O teorema de Green transforma uma integral de linha sobre a curva C em uma
integral dupla na região limitada pela curva C . Entretanto, não é óbvio qual função
devemos integrar dentro da região limitada por C para que tenhamos o mesmo
resultado da integral de linha. Por isso, vamos usar a noção de circulação para nos
ajudar a entender que função deve ser.
F dr
C
“circulação microscópica”
C
D
∫C F dr
D
“circulação microscópica de F” dA.
UNIDADE IV 155
E o que é a circulação microscópica? Para respondermos a essa pergunta, pri-
meiro precisamos definir o que é o rotacional de um campo vetorial. Con-
sidere, apenas para efeito de definição, o campo vetorial tridimensional
F x, y, z P x, y, z i Q x, y, z j R x, y, z k, então o rotacional do campo
vetorial F é dado pelo seguinte determinante
i j k
F
x y z
P Q R
R Q P R Q P
i j k.
y z z x x y
F x, y P x, y i Q x, y j
“circulação microscópica F” F k,
k dA.
C F dr
D
F
“circulação microscópica F
” F k
Q P
k k
x y
Q P
,
x y
Q P
C F dr
D x y
dA.
2
C y dx 3 xydy,
em que C é a região limitada pela parte superior do círculo de raio unitário centrado
2 2
na origem x y 1 , como mostrado na figura a seguir.
C
D
O campo vetorial na integral é dado por F x, y y , 3 xy . Para usarmos o teorema
2
Q P
3y 2y
x y
= y.
UNIDADE IV 157
Como a integral de linha é sobre a fronteira do semicírculo, então a região de inte-
gração é o semidisco D que, neste caso, é descrito por
1 x 1
0 y 1 x2 .
Q P
F dr
D x y
dA
C
ydA
D
1 1 x2
ydy dx
1 0
1 1 x2
y2
dx
2
1 y 0
1
1
1 x2 dx
2 1
1
1 x3
x
2 3
1
1 13 13
1 1
2 3 3
2
= .
3
C F dr.
D f x, y dA,
podemos usar o teorema de Green se existir um campo vetorial F x, y , tal que
Q P
f x, y .
x y
No entanto, não aprendemos nenhum método para encontrar esse campo vetorial
F ,, mas existe uma situação em que podemos transformar uma integral dupla em
uma integral de linha: no cálculo da área da região D . A área dessa região é dada por
Q P
f x , y 1.
x y
Existem vários campos vetoriais F , no entanto, vamos escolher uma bem simples
que é
1
F x, y yi xj .
2
y x
Não é difícil notar que, para P e Q = , temos
2 2
Q P
1.
x y
Finalmente, podemos dizer que a área da região D é dada por uma integral de linha
na forma
1
Área de D =
2 ∫C x dy ydx
UNIDADE IV 159
em que C D corresponde à fronteira da região D orientada no sentido anti-horário.
Suponha, por exemplo, que se queira calcular a área do disco de raio r definido
2
por x2 y 2 r 2 . Sabemos, de antemão, que a área desse disco é A = pr . Neste caso,
a fronteira do disco é o círculo de raio r. Podemos parametrizar esse disco por
c t r cos t , r sin t
1
Área de D =
2 ∫ xdy ydx
2p
1
2 r cos t r cos t r sin t r sin t dt
0
2p
1 2
2 0
r cos2 t sin 2 t dt
2p
r2
2 dt
0
= pr 2 .
Φ Qdx Pdy.
C
Φ Qdx Pdy
C
P Q
dA
D x y
P Q
dA.
D x y
Veremos, em algumas aulas a partir desta, que essa é a forma do teorema do divergente.
Independência do Caminho
3
Considere uma função escalar f : D com derivadas suficientemente
regulares e defina o campo vetorial usando o gradiente da função escalar na seguinte
forma
F x , y , z f x , y , z
f f f
i j k.
x y z
Suponha, agora, que seja definida dentro do conjunto D uma curva parametrizada
r t x t i y t j z t k , com t a, b . Pela regra da cadeia, a função com-
posta
g t f x t , y t , z t
dg f x t , y t , z t x t f x t , y t , z t y t f x t , y t , z t z t .
dt x y z
UNIDADE IV 161
O nosso interesse é verificar o que acontece com a integral de linha de um campo
vetorial definido por meio do gradiente de uma função escalar f . Assim, pela defi-
nição, temos
F dr f r ' t dt
C C
b
f f f
x t , y t , z t x t x t , y t , z t y t x t , y t , z t z t dt
a
x y z
b
dg
dt pela re da cadeia
a
dt
b
dg
a
b
g t
a
g b g a
f r b f r a .
Desta forma, se o campo vetorial é definido mediante uma função escalar, então a
integral de linha de segunda espécie é calculada como uma versão aprimorada do
teorema fundamental do cálculo. Inclusive, esse resultado é conhecido como teorema
fundamental das integrais de linha.
f dr f r b f r a
C
= 0.
Além disso, observamos que se o campo for conservativo, a integral de linha não
depende do caminho definido pela curva r t , depende apenas dos pontos inicial e
final dela, r a e r b , respectivamente. Diremos, então, que um campo conservativo
tem a sua integral de linha independente do caminho.
F dr F t , 2t 1, 2 dt
r 0
1
2t 6 dt
0
0
1
t 2 6t
= 7.
UNIDADE IV 163
Ou pelo caminho c t ,
1
F dc F t
, 2t 2t , 2 dt
2
c 0
1
4t 3 6 dt
0
0
1
t 4 6t
= 7.
F x, y P x, y i Q x, y j
tenha a sua integral de linha independente do caminho, isto é, para uma curva fecha-
da qualquer C
C Pdx Qdy 0.
Q P
C Pdx Qdy
D x y
dA.
15 EXEMPLO
3 4
4 3
Considere o campo vetorial F x, y 2 x y x i 2 x y y j. Podemos mos-
trar que esse campo vetorial é conservativo e ainda encontrar a função potencial. É
fácil ver que esse campo vetorial tem o rotacional nulo, pois
Q
Q 2 x4 y3 y 8 x3 y 3
x
P
P 2 x3 y 4 x 8 x3 y 3 .
y
f x 4 y 4 x2
P f x, y Pdx f x, y h y .
x 2 2
f x4 y 4 y2
Q f x, y Qdy f x, y g x.
y 2 2
x 4 y 4 x2 y 2
f x, y c,
2 2 2
Q P
.
x y
UNIDADE IV 165
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
F x, y yi xj , e C é o círculo x2 y 2 2 .
M N
F dA.
R x y
y2
Considerando o campo de velocidades u yxi j e c t a parametriza-
2
ção da curva dada por um círculo de raio 1 centrado na origem, calcule F.
166
4. A massa de um fio de densidade d e descrito por uma curva c t pode ser
calculada usando a integral de linha
m d ds.
C
c t t , t 2 / 2 1 , com t 0, 1 , então calcule sua massa.
167
WEB
168
STEWART, J. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Pioneira /Thomson Learning, 2011. Volume 2.
169
1. Para calcular a integral de linha, temos que calcular, inicialmente, o elemento de comprimento ds. Fazen-
do
c t t ,2t 2 , então c t 1, 4t , e finalmente,
2
ds 12 4t dt
1 16t 2 dt.
1
xds t 1 16t 2 dt u 1 16t 2 du 32t
C 0
17
du
u
32
1
17
3
1 u2
32 3 / 2
1
1
48
17 17 1 .
2. A forma mais simples em que podemos parametrizar o círculo é dada por
c t 2 cos ti 2 sin tj ,
com t 0, 2p . O vetor velocidade c ' t pode ser calculado como sendo
170
Como F c t F
2 cos t , 2sent 2senti 2 cos tj , então, a integral de linha pode ser
calculada como
2p
' t
F dr F c t c dt
C 0
2p
[
2 sin t 2 sin t 2 cos t
2 cos t ]dt
0
2p
= 4p.
y2
3. Para o campo vetorial dado, temos que M yx e N = , logo
2
M N y2
yx
x y x y 2
y y
= 0.
M N
F dA
R x y
0 dA
R
= 0.
171
4. O elemento de arco ds, neste caso, é dado por
2 2
ds x '� t y '� t dt
1 t 2 dt.
d c t d x t , y t
t2
d t, 1
2
2x t
= 2t.
Finalmente, a massa do fio será dada por
m d ds
C
d c t ds
C
1
2t 1 t 2 dt u 1 t 2 du 2tdt
0
2
udu
1
2
3
u2
3 / 2
1
2
3
2 2 1 .
172
5. Dada uma integral de linha Mdx Ndy em um caminho fechado, o teorema de Green afirma que
C
N M
Mdx Ndy D x y
dA.
C
Temos que
N 2
( y x) 1
x x
M
y y
3 x2 y 1 3 x2 .
3 x2 y 1 dx ( y 2 x)dy 1 3 x2 dA
D
C
173
174
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Integrais de Superfície
PLANO DE ESTUDOS
Teorema de Stokes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Q q As ,
As 1 f x2 f y2 dA
S
em que f x, y é a função que define a superfície. Agora, se, por outro lado, a densi-
dade de carga varia sobre a superfície S , isto é, q q x, y, z , podemos nos utilizar da
dedução da fórmula para a área de uma superfície para achar a carga elétrica total Q.
Esta fórmula para a carga elétrica total será o que é chamada de integral de superfície.
Suponha que q x, y, z defina a densidade de carga elétrica por unidade de área
sobre superfície S definida pela função z f x, y . Para tal, iremos determinar a
carga total aproximada em um pequeno retângulo R no plano x − y. Considere o
pequeno retângulo no plano definido por R x0 , x0 x y0 , y0 y . Como é
possível observar na figura a seguir, os pontos f x0 , y0 , f x0 , y0 y ,
f x0 x, y0 e f x0 x, y0 y definem um plano no espaço. Vamos consi-
derar que a área desse plano é, aproximadamente, a área da superfície no retângulo R.
V2
z S
V1
3
1
4
A= II V1 x V2 II
2
y
(x0 , y0 ) (x0 , y0 , ∆y )
(x0 + ∆x, y0 + ∆y )
(x0 + ∆x, y0 )
x
Figura 1 - Superfície z f x, y limitada pelo retângulo R x0 , x0 x y0 , y0 y
Fonte: os autores.
UNIDADE V 177
Considere os vetores v1 e v2 mostrados na figura, eles são definidos por
f
v1 x, 0, f x0 x, y0 f x0 , y0 x, 0, x0 , y0 x
x
f
v2 0, y, f x0 , y0 y f x0 , y0 0, y, x0 , y0 y
y
e a partir deles podemos calcular a área do plano formado pelos pontos f x0 , y0 ,
f x0 , y0 y , f x0 x, y0 e f x0 x, y0 y . A área desse plano é dada por
S v1 v2
em que × representa o produto vetorial entre os vetores v1 e v2 e ⋅ representa o
módulo do vetor. Temos que o produto vetorial é dado por
i j k
v1 v2 x 0 z x x
0 y z y y
= − z x ∆x ∆y − z y ∆x ∆yj + ∆x ∆yk
e seu módulo
z x xy 2 z y xy
2 2
v1 v2 xy = 1 + z 2x + z 2y ∆x∆y
QR = q ( x, y, z ( x y ) ) 1 + z 2x + z 2y ∆x∆y.
Assim, para calcularmos a carga elétrica total aproximada sobre a superfície S , pre-
cisamos repetir esse mesmo procedimento para todos os possíveis retângulos dentro
do domínio D� da função z f x, y , que define a superfície S , isto é
Q Q jk
j k
q jk S jk
j k
( (
= ∑∑q x*j yk* , z x*j , yk* )) ( ) jk + ( z2y ) jk ∆x j ∆yk
1 + z 2x
j k
q x, y, z x, y 1 z 2x z 2y dA.
D
A integral obtida para o cálculo da carga elétrica total sobre a superfície é o que
chamaremos de integral de superfície da função q x, y, z sobre a superfície S ,
definida por z f x, y .
Dada uma superfície S definida em uma região D ⊂ , pela função z f x, y ,
2
A seguir, faremos alguns exemplos para fixar a ideia do cálculo da integral de superfície.
1 EXEMPLO Suponha que a superfície dada pela função z = xy tenha como domínio D o interior
3
da região limitada pelo círculo de raio unitário x2 � y 2 � 1 , as retas y = x , y = x e
3
x ≥ 0 . Além disso, suponha que sobre essa superfície esteja definida uma distribuição
z
de carga elétrica q x, y, z 2 , medida em Coulombs por unidade de área. Nosso ob-
x
jetivo é calcular a carga total sobre essa superfície. Isto é, queremos calcular a integral
Q qdS
S
q x, y, z 1 z 2x z 2y dA.
D
Para a função que define a superfície, temos que suas derivadas parciais são dadas por
zx = y
z y = x.
Assim, a integral de superfície para o cálculo da carga elétrica total será dada por
Q q x, y, z x, y 1 x2 y 2 dA
D
z x, y
2
1 x2 y 2 dA
D x
z x, y
2
1 x2 y 2 dA.
D x
UNIDADE V 179
Neste caso, como o domínio de integração D é dado pela parte do disco unitário,
na direção x ≥ 0 que está entre os ângulos π ≤ θ ≤ π , então é conveniente utilizar
6 4
coordenadas polares para determinar a solução da integral. Assim, temos
y
Q 1 x 2 y 2 dA
D x
π
1 r sin θ
4
π 0 r conθ r 1 r 2 drd θ
6
π
4
π
1
0 tan θ r 1 r 2 drd θ u 1 r 2 , du rdr
6
π
2 du
4
π 1 tan θ u dθ
2
6
3 π 2
1 2 4
3 π
u tan θ d θ
1 6
3 π
1 2 4
2 1 π tan θ d θ
3
6
3 π
1 2
2 1 ln cosθ π4
3
6
2 EXEMPLO A área de uma superfície pode ser determinada usando a integral de superfície
∫∫S f dS ,
fazendo f = 1. Desta forma, podemos encontrar a área da superfície gerada pela in-
terseção da esfera
x2 y 2 z 2 1
com o cilindro
x2 y 2 1 / 2,
considerando z ≥ 0. Assim, podemos escrever uma função para a parte da esfera iso-
lando z 1 x2 y 2 . Neste caso, temos que as derivadas parciais são dadas por
Se 1 z 2x z 2y dA
D
x2 y2
= ∫∫ 1+ + dA
í rculo 1 − x2 − y 2 1 − x2 − y 2
1
= ∫∫ dA
írculo 1 − x − y2
2
1
Se = ∫∫ dA
írculo 1 − x − y2
2
1 1
1
=∫
0
2π
∫ ∫
0
2=r
2π 1
2
01 − r0 ∫
2 drd
r θ 2udrd
1− r
= 1θ− r 2u ( ( )
=du1 −= r−22rdr
du = −2rdr )
3
2π 1 du
4
dθ
0 1 u 2
3
2π 1
4 � dud θ
0 1 2 u
3
2p 1 .
2
UNIDADE V 181
Superfícies Parametrizadas
Em alguns casos, é útil trabalhar com uma superfície em sua forma parametrizada.
Normalmente, quando trabalhamos com uma função z f x, y , a integral de
superfície pode ser escrita diretamente na forma
∫ f ( x, y , z ( x y ) ) 1 + z 2x + z 2y dA.
R
com u, v D 2. Nesta situação, a integral de superfície que foi definida nesta
seção fica escrita na forma
∫ f ( x ( u, v ) , y ( u, v ) , z ( u, v ) ) su × sv dudv
D
x y z x y z
em que su u i u j u k e sv i j k . O vetor dado pelo produto
v v v
vetorial das derivadas parciais nd su sv é o vetor normal à superfície (aquele que
precisamos calcular quando queremos determinar o plano tangente a superfície).
Vamos, agora, fazer um exemplo de como calcular uma integral de superfície
quando ela é dada na forma paramétrica.
2 2 2 2
3 EXEMPLO Considere a equação do cone z x y com x y 1. Podemos parametrizar
facilmente essa superfície na forma
r x, y xi yj z x, y k .
Essa parametrização não nos interessa nesse exemplo, pois já utilizamos ela nos
outros exemplos que fizemos. Então, vamos escrevê-la de forma diferente usando
coordenadas polares, isto é, x ρ, θ ρ cos θ e y ρ, θ ρsenθ , com r 0, 1 e
θ 0, 2π . Assim, a parametrização do cone fica escrita na forma
s ( ρ, θ) = ρ cos θi + ρ senθ j + ρk
sρ cos θ i senθ j k
sθ ρsenθ i ρ cos θ j.
i j k
cos θ senθ 1
ρ senθ ρcosθ 0
= −ρ cos θi − ρ senθ j + ρk ,
cujo módulo é fácil ver que nd = ρ 2 . Assim, se quisermos calcular a área lateral
desse cone, basta fazermos
S = ∫ nd dρd θ
S
2π 1
= ∫ ∫ρ 2 d ρdθ
0 0
= 2p.
Isso bate com o resultado esperado, lembrando que a área lateral do cone é
S p h2 r 2 ,
UNIDADE V 183
Teorema
de Stokes
∫ F ⋅ dr = ∫∫R ( ∇ × F ) ⋅ k
C
dS
Q P
dA.
R x y
No mundo tridimensional, o teorema de Stokes man-
tém o mesmo formato do teorema de Green, isto
é, considerando um campo vetorial tridimensional
F x, y , z P x, y , z i Q x, y , z j R x, y , z k ,
3
uma superfície no espaço S ⊂ e n o vetor
normal e exterior à superfície S , então o teorema
de Stokes pode ser escrito como
x
Figura 2 - Circulação microscópica sobre uma superfície
Fonte: os autores.
A relação entre a circulação macroscópica de um campo vectorial F em torno de
uma curva (que aparece em vermelho na borda da superfície) e a circulação micros-
cópica deste mesmo campo vetorial F (ilustrado pelos pequenos círculos em verde
sobre a superfície) deve ser de igualdade, assim como no teorema de Green. Além
disso, independentemente de qual superfície seja escolhida, contanto que a curva da
base seja a mesma da que aparece em vermelho na figura, a soma das circulações
microscópicas deve ser exatamente como a circulação sobre a curva. A vantagem de
utilizar esse teorema é que você pode mudar de uma superfície complicada para uma
que seja mais simples de trabalhar. Além disso, você também pode escolher superfí-
cies que facilitem os cálculos, tendo em vista que o mais importante é a curva da base
da superfície e não a superfície em si.
Vejamos nos exemplos a seguir como aplicar o teorema de Stokes.
UNIDADE V 185
4 EXEMPLO Vamos calcular, agora, a integral de linha da circulação
Γ = ∫ F ⋅ d s,
C
2 2 2
em que C é a curva de interseção entre o cone z x y e o plano z = 1, orientada
no sentido anti-horário olhado de z > 0 .
∫ F ⋅ d s =∫∫ ∇ × F ⋅ dS .
C S
Por outro lado, se considerarmos o cone, nosso trabalho será certamente maior. Te-
2 2 2
mos que o cone dado pela equação z x y . Desta forma, podemos encontrar
a equação da superfície parametrizada como
r x, y x, y , z x, y x, y , x 2 y 2 .
UNIDADE V 187
Reescrevendo a superfície em coordenadas polares x = r cos q e y = r � sen
� q , temos
s r , q r � cosq , r � senq , r ,
Finalmente, temos que o vetor na direção normal à superfície é dado pelo produto
vetorial entre as derivadas parciais sr e sq que calculamos anteriormente, isto é,
i j k
sr × sθ = co θ sen θ 1 = ( − r cos θ , − r sen θ r ) .
−rsenθ r cos θ 0
Não é difícil perceber que esse vetor normal aponta para dentro do cone (as compo-
nentes x e y apontam para dentro por causa do sinal negativo, e a componente z
aponta para cima, pois r ≥ 0 ). Desta forma, precisamos mudar o sinal do vetor
normal encontrado, caso contrário, a resposta que iremos achar também terá o sinal
trocado. Nosso vetor normal unitário (lembrando que ele deve ser sempre unitário),
então será dado por
s ×s
n=− r θ
sr × sθ
Lembrando que um elemento de superfície para uma superfície parametrizada é dado por
dS = sr × sθ dA ,
x r , θ z r , θ , y r , θ z r , θ , x r , θ y r , θ sr sθ r , θ dS
2 2
2π 1 0 0
x r , θ z r , θ , y r , θ z r , θ , x r , θ y r , θ sr sθ r , θ dS
2 2
0 0
2π 1
= ∫ ∫ r
2
cos θ ( r cos θ) − r 2 senθ ( r senθ) + r 3 drd θ
0 0
2π
1 2 2
4 cos θ sen θ 1 d θ
0
1 sen 4p
2p 0 sen 2 0 = p .
4 2 2
Como esperado!
5 EXEMPLO Vamos, neste exemplo, calcular a circulação usando o teorema de Stokes, a circulação
Γ = ∫ F ⋅ d s,
C
UNIDADE V 189
Finalmente, a circulação será dada por
G xF ndS
S
D
yi z x, y j xk i j k dA
y 1 x-y x dA
D
dA
D
1 − x − y = 1 − x2 − y 2
⇒ x2 − x + y 2 − y = 0
2 2 2
1 1 2
⇒ x − + y − = ,
2 2 2
p
G pR2 .
2
em que S é a superfície que define a curva e n o seu vetor normal exterior e uni-
tário. Como a curva C e a superfície S são arbitrárias, e a integral de linha é nula,
podemos concluir que um campo vetorial que tem integral de linha independente
do caminho deverá satisfazer
G 0.
Observando com cuidado, vemos que é a mesma condição que obtivemos para um
campo bidimensional.
6 EXEMPLO Assim como fizemos na Unidade 4, vamos mostrar que o campo vetorial dado é
conservativo e, em seguida, encontrarmos a função potencial. Para tal, considere o
campo vetorial
F x, y, z 2 xyz 3 ye xy i x2 z 3 xe xy j 3 x2 yz 2 cos z k .
Nosso primeiro passo é mostrar que o campo é conservativo, isto é, verificar que o
rotacional do campo é nulo. Neste caso, temos
i j k
F
x y z
2 xyz 3 ye xy x2 z 3 xe xy 3 x2 yz 2 cos z
3 x2 z 2 3 x2 z 2 i 6 xyz 2 6 xyz 2 j 2 xz 2 e xy xye xy 2 xz 3 e xy xye xy k
= 0.
UNIDADE V 191
f
2 xyz 3 ye xy
x
f
x2 z 3 xe xy
y
f
3 x2 yz 2 cos z.
z
Comparando as funções obtidas e observando que todas devem ser iguais, vemos
que a função potencial, neste caso, é dada por
f x, y, z x2 yz 3 e xy sen z C ,
em que C é uma constante arbitrária que podemos encontrar caso seja dado algum
ponto no qual esse campo vetorial age.
Encerramos mais uma etapa enunciando a versão tridimensional do teorema
sobre campos conservativos enunciado na Unidade 4 para campos bidimensionais.
1 TEOREMA Seja F x, y, z P x, y, z i Q x, y, z j R x, y, z k , F : D 3 3 , um
campo vetorial com derivadas suficientemente regulares e suaves. O campo F é
conservativo, isto é, existe f : D tal que F x, y, z f x, y, z , se e
3
somente se,
F 0.
F x, y , z P x, y , z i Q x, y , z j R x, y , z k
UNIDADE V 193
em que n é o vetor normal e exterior à superfície S e
P Q R
F
x y z
F
comp n F
∆S
Então, a vazão de fluido que deixa a fronteira dS na direção do vetor n pode ser
escrito como sendo
compn F dS F n dS .
Se somarmos a vazão sobre toda a superfície, temos, então, que o fluxo exterior à
fronteira de S é dado por
Q ∫∫S F n S .
4
A divergência de um campo ve-
torial é um conceito relativa- 2
mente fácil de compreender in-
tuitivamente. Imagine que o 0
campo vetorial F da Figura 6
represente, novamente, a veloci- -2
UNIDADE V 195
Desta forma, é natural pensar que a soma de tudo aquilo que flui através da fronteira
corresponde exatamente à soma de tudo que “foge” daquela região. Que é exatamente
o que está afirmando o teorema do divergente.
Este teorema é fundamental, por exemplo, para a mecânica dos fluidos e também
para a teoria do eletromagnetismo na física. Não são apenas essas duas áreas da
ciência que usam esse importante resultado, é possível encontrar aplicações dele em
diversas outras áreas.
Neste momento, é interessante fazermos um breve paralelo com o teorema de Green.
Lembrem-se da Unidade 4 que o fluxo exterior à fronteira de uma região D, limitada
pela curva C , para um campo vetorial bidimensional F x, y P x, y i Q x, y j
é dada pela integral de linha
∫ F ⋅ dr = ∫ − Qdx + Pdy
C C
∂P ∂Q
= ∫∫ + dA
D ∂x ∂y
Observe que, para um campo vetorial bidimensional, o divergente do campo F é
exatamente
P Q
F .
x y
7 EXEMPLO Vamos, agora, usar o teorema do divergente para calcular o fluxo exterior à fronteira
2 2 2
do campo vetorial F xy i yz j x zk ,� em que a superfície S é dada por uma
esfera de raio 3 centrada na origem. Temos que o fluxo é dado por
F F ndS
S
FdV
E
xy 2
dV
yz 2
x2 z
E x y z
E
x2 y2 z2 dV .
196 Integrais de Superfície
Como a região em que se deseja calcular o fluxo é uma esfera de raio 3, então usaremos
as coordenadas esféricas para calcular a integral. Nas coordenadas esféricas, temos
x ρ, θ , ϕ ρ cos θ senϕ
y ρ , θ , ϕ ρsenθ senϕ
z ρ, θ , ϕ ρ cos ϕ
e também
x2 ρ , θ , ϕ y 2 ρ , θ , ϕ z 2 ρ , θ , ϕ ρ 2 .
0 ≤ ρ ≤ 3 0 ≤ θ ≤ 2π 0 ≤ ϕ ≤ π
dV = ρ 2 senϕd ρd θ d ϕ,
F
E
x2 y 2 z 2 dV
2π π 3
∫ ∫ ∫ (ρ ) ρ2 senϕ dρdϕ dθ
2
=
0 00
2π π 5
3
= ∫∫ 5
senϕ dϕ d θ
00
2π
35 π
5 cos ϕ 0 d θ
0
2π
2 35
5 dθ
0
972p
= .
5
Nós vimos, na seção sobre o teorema de Stokes, como essas integrais de superfície que
possuem um vetor normal para calcular são trabalhosas! Então, é visível a vantagem
de se utilizar esse teorema quando se deseja calcular alguma integral de fluxo.
UNIDADE V 197
3 2 2
8 EXEMPLO Agora, considere a região R em limitada pelo paraboloide z x y e o pla-
no z = 1. Seja S a superfície definida por essa região fechada R. Nosso objetivo é,
novamente, calcular o fluxo exterior à fronteira da superfície S. Para tal, vamos con-
siderar o seguinte campo vetorial
F x, y, z yi xj z 2 k .
y ( ρ, θ, z ) = ρ sen θ
z ρ , θ , z z.
Assim, a região R, neste caso, pode ser reescrita em coordenadas cilíndricas na forma
r ∈ [0, 1] , θ ∈ [0 2 π] r 2 ≤ z ≤ 1
z
z=1 ( 1,1 )
z = r²
F F ndS
S
FdV
R
y x z
2
dV
R x y z
2zdV
R
2π 1 1
2 zrdzdrd θ
0 0 r2
1
r
1
2p z 2 2
rdr
0
1
2p r r 5 dr
0
1 1
2p
2 6
2p
= .
3
UNIDADE V 199
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
3. Calcule o rotacional do campo vetorial F x, y, z x z 2 i xy 2 j x3 z k.
200
WEB
WEB
Você pode conferir também uma boa aula sobre o teorema de Stokes.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
201
ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. Porto Alegre: Bookman, 2000. Volume 2.
STEWART, J. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Pioneira /Thomson Learning, 2011. Volume 2.
202
x2 y2
1. Como a superfície é dada por uma função z z x, y 2 2 , então o elemento de superfície é dado por
dS 1 z 2x z 2y dA
1 x2 y 2 dA.
Para encontrarmos o domínio de integração, basta determinarmos a interseção entre o plano z = 2 e o
2 2
paraboloide z x y . Neste caso, temos
2 2
x2 y 2
2 x 2 y 2 4.
2 2
Portanto, a região de integração é dada pelo interior do círculo de raio 2. Isto é, o domínio D é dado por
D x, y 2 : x2 y2 4.
Em coordenadas polares, a região D pode ser escrita de forma simplificada. Lembrando que, em coorde-
nadas polares x rcos q e y rsin q , então o domínio D em coordenadas polares é reescrito como sendo
Dr,θ r , θ : 0 r 2, 0 θ 2π.
S dS D 1 x2 y 2 dA
r 1 rcos q rsin q dA
2 2
Dr ,q
2π 2
= ∫ ∫r 1 + r 2 drd θ (u = 1 + r 2 du = 2r )
0 0
2π 5
1
2 udud θ
0 1
5
1
= 2π ∫ udud θ pois integral em u nã de θ
1
2
5
p udu
1
2p
3 53 1 .
203
2. O fluxo exterior pode ser calculado de forma mais simples pelo teorema do divergente
3 dV .
V
Como a integral tripla da função unitária corresponde ao volume da região V e, neste caso, como a região
é uma esfera, então
4 3
V dV 3 p R ,
3. O cálculo do rotacional é
i j k
F
x y z
x z2 xy 2 x3 z
3
y
x z
z
xy 2 i
z
x z2
3
x
x z j
x
xy 2
y
x z2 k
3 x2 z 2 z j y 2 k.
F Py N z i Px M z j N x M y k .
Assim, seu divergente é
F
x
y
Py N z Px M z
z
Nx M y
Pyx Pxy N zx N zx M yz M yz
= 0.
204
5. Dada a parametrização do cone
s u , v ucos v i usen v j 1 u k ,
para determinarmos o elemento de superfície dS é necessário encontrar o vetor normal à superfície.
Considerando os vetores tangentes à superfície
su cos v i sen v j k
sv usen v i ucos v j,
i j k
n cos v sen v 1
usen v ucos v 0
u cos v i usen v j uk .
dS = n dudv
u 2 u 2 dudv
= u 2dudv.
Finalmente, temos que a área da superfície é dada por
S dS
D
2p 1
u 2dudv
0 0
1
2p u 2du
0
1
2 2p udu
0
= 2p.
205
206
207
208
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Equações
Diferenciais de
Primeira Ordem
PLANO DE ESTUDOS
Equações
diferenciais separáveis
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
d I
y t sI y t .
dt V
UNIDADE VI 211
Neste caso, considerando que no instante inicial a concentração de sal no interior
do tanque é nula, isto é, y 0 0 , ainda temos uma informação inicial sobre o com-
portamento desse sistema. Se formos capazes de determinar a solução desta equação,
poderemos prever qual a quantidade exata de sal se tem no tanque em um instante
de tempo qualquer t . O nosso foco, a partir deste momento até o fim do curso, está
em determinar soluções para equações desta forma.
A equação diferencial que encontramos na discussão anterior é uma equação
diferencial de primeira ordem e linear. De forma geral, uma equação diferencial de
primeira ordem é uma equação na forma
dy
f t , y ,� �(1)
dt
d
y t f t, y t ,
dt
em algum intervalo I . Isto é, uma solução geral é uma função que satisfaz a equação
diferencial.
d
y t y t 0,
dt
pois
d
y t y t et et 0.
dt
da equação linear
y 2 y y 0,
y 2 y y 2et tet 2 et tet tet 0.
I
t
y t sV 1 e
V
d I
y t sI y t
dt V
dado acima.
Em algumas situações, além da equação diferencial, será dada para nós alguma in-
formação sobre o comportamento do nosso sistema em algum instante de tempo t0 ,
como no exemplo em que conhecíamos a quantidade inicial de sal dentro do tanque.
Neste caso, quando tivermos uma equação diferencial
d
y t f t, y t
dt
dy
p t y q t , (2)
dt
UNIDADE VI 213
Determinar a solução geral de equações como esta pode não parecer, mas é relati-
vamente simples na teoria. A ideia é transformar a soma do lado esquerdo da Eq.(2)
em uma derivada do produto. Isso será suficiente para encontrarmos a função y t
que satisfaz a equação diferencial, pois precisaremos resolver apenas uma integral,
como veremos a seguir.
dy d
µ t µ t p t y µ t y .
dt dt
Essa função mágica será chamada de fator integrante. Vamos ver como encontrar
o fator integrante para o caso de uma equação diferencial linear de primeira ordem.
Como queremos que o fator integrante satisfaça a relação acima, temos que
dy d dµ
µ t µ t p t y µ t y µ t p t
dt dt dt
dµ
µ p t dt.
dµ
p t dt
µ
ln µ p t dt
ln µ p t dt
e e
p t dt
µ t e .
Assim, sempre que multiplicamos a equação diferencial pelo fator integrante, temos
dy
p t y q t
dt
µ t dy µ t p t y µ t q t
dt
d p t dt
y e q t .
p t dt
e
dt
Os exemplos a seguir vão mostrar como a ideia de usar o fator integrante para en-
contrar a solução é uma boa alternativa e faz que o processo de determinar y t seja
razoavelmente simples.
dy
3 y t.
dt
p t dt 3dt 3t c
µ t e e e ec e 3t
Ke 3t
,
dy
Ke 3t 3 y Ke3t t.
dt
Observe que o uso da constante K no fator integrante é irrelevante, pois como ela
aparece em ambos os lados da equação, podemos cortar ela sempre. Assim, temos
dy
e3t 3 y e 3t t
dt
d 3t 3t
e y e t
dt
UNIDADE VI 215
3t
Fazendo a integração por partes, com f ' e e g = t , temos
1
e3t y e 3 � t 1 3� t C
9
1
y t 1 3 t Ce3 t
9
1
y t 1 3t Ce3 t
9
y
40
30
20
10
t
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
dy
Figura 2 - Solução geral da equação 3y t
Fonte: os autores. dt
dy
ty t.
dt
Novamente, nosso primeiro passo é encontrar o fator integrante para esta equação.
Neste caso, temos que a função p t t . Portanto, o fator integrante é dado por
t2 t2
p t dt tdt
µ t e e e2 e 2,
t2 t2
d 2
e y te 2
dt
t2 t2
t2
e2 y te 2 dt u t du tdt
2
t2 t2
e2 y e 2 C
t2
y t 1 Ce 2.
y
1.5
1.0
0.5
t
2 4 6 8 10 12
-0.5
-1.0
Figura 3 - Solução geral da equação dy ty t
Fonte: os autores. dt
UNIDADE VI 217
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
dT
k T A t ,
dt
em que k > 0 mede a taxa em que o calor é absorvido, ou emitido, pelo objeto.
Para que o exemplo fique mais interessante, vamos supor que T t represente a
temperatura de uma igreja sem aquecimento. Neste caso, a função A t representa
a temperatura externa à igreja em função do tempo. Podemos resolver essa equação
usando o método do fator integrante sem muitas dificuldades. A equação pode ser
reescrita como
dT
k T A t
dt
dT
kT kA t .
dt
Neste caso, o fator integrante é dado por
kdt
µ t e
µ t ekt .
d
dt
Tekt kA t ekt ,
t t
d
ds Te ds kA s e ds
ks ks
0 0
t
T t e T 0 k A s eks ds
kt
t
T t T 0 e kt
ke kt
A s e
ks
ds.
0
A t Tm Qm cos wmt .
UNIDADE VI 219
Então, para essa função A t , a solução da equação diferencial será dada por
t
T t T0 e kt ke kt Tm Qm cos wmt e ks ds
0
kt kt Θm k
T0 e e Tm ekt 1 2 2
ekt cos ωmt ωm ekt sin ωmt k
k ωm
Q k2 Q k
Tm T0 Tm 2 m 2 e kt 2 m 2 k cos wmt wm sin wmt .
k wm k wm
Essa solução parece bastante complicada, mas se considerarmos cada termo indi-
vidualmente ficará mais fácil de compreender o que essa solução é, na verdade. O
primeiro termo é a temperatura média exterior, o que é razoável de se esperar para
ser a principal contribuição para a temperatura dentro da igreja; o segundo termo
decai exponencialmente, por isso terá muito pouco efeito depois de passado algum
tempo; e os dois últimos termos, ambos oscilam com a mesma frequência que a tem-
peratura externa à igreja. Podemos ver, a seguir, o gráfico de uma solução particular
para esse problema.
t
Figura 4 - Solução particular do problema
Fonte: os autores.
M y dy / dt N t .
M y dy N t dt
UNIDADE VI 221
e em seguida integramos os dois lados da equação diferencial para obter
M y dy N t dt.
dy
y 2t.
dt
É bem claro ver que esta equação diferencial é separável. Então, vamos separar a
equação diferencial e integrar ambos os lados. Tal como acontece com as equações
lineares de primeira ordem, vamos pegar as constantes de integração de cada uma
das integrais e transformar em uma única constante. Vamos usar uma simples con-
venção que é colocar a constante sempre do lado da variável t . Neste caso, temos
dy
y 2t
dt
y 2 dy tdt
y 2 dy tdt
1 t2
C
y 2
1
y t ,
t2
C
2
cuja família de soluções (para diferentes valores da constante C ) pode ser observada
na figura a seguir.
dy
Figura 5 - Solução geral de y 2t
Fonte: os autores. dt
1
y t
t2
C
2
1
y 0 2
C
0
2
1
1
C
C 1.
Portanto, a solução é �
2
y t 2
,
t 2
UNIDADE VI 223
y
2
t
-1.5 -1.0 -0.5 0.5 1.0 1.5
-2
-4
-6
dy 3
t 1 y ,
dt
dy 3
t 1 y
dt
dy
t 3 dt
1 y
dy
dy t 3 dt
1 y
t4
ln 1 y C
4
t4
ln 1 y t C
4
t4
ln 1 y t C
e e 4
t4
1 y t e 4 e C
t4
−
⇒ y ( t ) = 1 − Ke 4 ,
y
1.0
0.9
0.8
0.7
0.6
t
1 2 3 4
dy 3
Figura 7 - Solução geral do problema t 1 y
Fonte: os autores. dt
0 4
y 0 1 Ke 4
3 1 K
K 2.
UNIDADE VI 225
A seguir, temos o gráfico da solução particular para o problema.
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
dN N
rN 1 ,
dt K
dN N
rN 1
dt K
dN
rdt
N 1 N / K �
dN
rdt.
N 1 N K
1
Neste momento, podemos notar que o termo pode ser escrito usando
N 1 N / K �
frações parciais, na forma
1 1 1 1
.
N 1 N K N K 1 N/K
dN
rdt
N 1 N / K �
1 1 1
dN rt C
N K 1 N / K
ln N ln K N rt C
N
ln rt C
KN
N
ln
e K N ert C
N
Gert ,
KN
em que Γ eC . Finalmente, isolando N t na equação anterior, temos a solução
que é dada por
K Ge rt
N t .
1 Gert
UNIDADE VI 227
Note que
K Gert
lim N t lim
t t 1 Ge rt
KG
lim
t e rt G
KG
0G
= K,
que é o limite máximo que a população pode atingir dentro das condições de so-
brevivência.
Se a população inicial é dada, digamos N 0 N0 , então podemos determinar a
constante G ,
KG
N 0
1 G
1 G N0 K G
G K N0 N0
N0
G .
K N0
Por fim, temos que a solução da equação logística para uma população inicial
N 0 N0 é
KN0 ert
N t .
K N0 ert 1
2
1
0 2 4 6 8 10
Figura 9 - Solução particular do problema
Fonte: os autores.
UNIDADE VI 229
Equações
Diferenciais Exatas
2 xy 9 x2 2 y x2 1 dydx 0.
Suponha que, magicamente, exista no mundo das funções a função Y x, y que
se relaciona com a solução y x do nosso problema. Imagine que a função que
precisamos seja a função
Y x, y y 2 x 2 1 y 3 x 3 .
Não se preocupe, neste momento, com a forma que encontramos essa função. Vamos
mostrar como encontramos ela no próximo exemplo; nesse momento, o interesse é
mostrar porque o processo de solução funciona.
Agora, vamos calcular as derivadas parciais da função Y x, y que são dadas por
Y x 2 xy 9 x2
Y y 2 y x 2 1.
Compare, agora, essas derivadas parciais com a equação diferencial e você irá perceber
que podemos escrevê-la na seguinte forma
dy
Yx Y y 0.
dx
Ora, mas se y y x , então o lado esquerdo da equação acima pode ser escrita como
a derivada com relação à variável x da função Y x, y x , isto é,
d dy
Y x, y x Y x Y y .
dx dx
Desta forma, a equação diferencial pode, agora, ser reescrita como sendo
d
Y x, y x 0.
dx
No entanto, se a derivada de uma função é nula, sabemos que essa função é constan-
te, Y x, y x c constante . Finalmente, podemos dizer que
UNIDADE VI 231
y 2 x2 1 y 3 x3 C.
Isso nada mais é que a solução da equação diferencial escrita de forma implícita;
se tivéssemos uma condição inicial, seríamos capazes de determinar o valor da
constante C.
Vamos, então, olhar para as coisas de uma forma mais geral. O que estamos tra-
balhando é com equações diferenciais no formato
dy
M x, y N x, y 0.
dx
ΨΨxx M
M xx yy ee ΨΨyy NN xx yy , ,
então, dizemos que essa equação diferencial é exata. Nesses casos, podemos reescrever
a equação diferencial como
dy
Yx Y y 0.
dx
Lembrando, como no exemplo, que pela regra da cadeia essa equação corresponde
à derivada
d
Y x, y x 0,
dx
Y x, y C .
Essa é a solução, dada de forma implícita, supondo que sejamos capazes de encontrar
a função Y.
dy
M x, y N x, y 0
dx
Yx = M
Y y = N.
Y xy = Y yx .
Y xy Y x y M y M y
x N x N x .
Y yx Y y
M y = Nx.
UNIDADE VI 233
Equivalentemente, se essa condição não for verdadeira, então não existe a possibili-
dade da equação diferencial ser exata. Portanto, usaremos a equação anterior como
teste para verificarmos se uma equação é ou não exata. Se ela for verdade, assumire-
mos que a equação diferencial é exata e que Y x, y satisfaz as condições de conti-
nuidade necessárias. Voltemos ao Exemplo 7, agora com o intuito de encontrar a
função Y.
8 EXEMPLO Vamos encontrar a solução para o PVI e determinar o intervalo de validade para o
problema
2 xy 9 x2 2 y x2 1 dydx 0
com y 0 3.
M 2 xy 9 x2 M y 2 x
N 2 y x2 1 N x 2 x.
Então, de acordo com o nosso teste, a equação diferencial é exata. Nós já sabíamos
disso, afinal existe Y x, y que satisfaz essa equação diferencial. O problema é: como
encontraremos essa função? Se lembrarmos que
Ψx M e Ψ y N
Ψ Mdx ou Ψ Ndy
Y Mdx
2 xy 9 x2 dx
x2 y 3 x3 h y .
Perceba que a constante de integração que surge naturalmente, neste caso, não é uma
constante, mas sim uma função das variáveis restantes, no caso y.
Lembre-se que na integração F x f x dx nós sempre devemos fazer a
pergunta: qual é a função F x que, ao derivarmos, obtemos a função f x do
integrando? Como estamos trabalhando com duas variáveis aqui e também com de-
rivada parcial em relação a x, isto significa que qualquer termo que contenha apenas
y será tratado como constante e quando diferenciado sempre dará zero. Portanto,
temos que estar cientes desse fato e adicionarmos sempre uma função de y ao invés
da constante padrão c.
Estamos perto de encontrarmos a função Ψ x, y , precisamos apenas encontrar
a função h y e assim estaremos terminados. Nós usamos a equação Y x = M para
encontrarmos grande parte da função Y x, y , então usaremos a outra relação
Y y = N para acharmos h y . Assim, derivando a parte de Y x, y que encontra-
mos em relação a y e igualando a função N , teremos
Y y x2 h y 2 y x2 1 N .
h ' y 2 y 1.
y2 y k ,
UNIDADE VI 235
Y x, y x 2 y 3 x 3 y 2 y k
y 2 x2 1 y 3 x3 k .
Nesse momento, podemos ir direto para a solução implícita que é dada por
y 2 x 2 1 y 3 x 3 k c,
y2 x2 1 y 3 x3 k c
y2 x2 1 y 3 x3 c k
y2 x2 1 y 3 x3 C.
Nosso último passo na solução deste problema é determinar a solução particular, ten-
do em vista que foi dado que y 0 3. Aplicando, então, a condição inicial, teremos
3 2 0 1 3 3 0 3 C C 6.
y 2 x 2 1 y 3 x 3 6 0.
2 xy 2 4 6 2 x2 y y '
com y 1 8 .
2 xy2 4 dx 2 x2 y 6 dy 0.
Essa equação é visivelmente não separável, e também não linear. Podemos verificar
se ela é exata. Para tal, fazemos
2 x2 y 6 4 xy� � �e
x
2 xy 2 4 4 xy.
y
Y x P 2 xy 2 4 � � � e
Y y Q 2 x 2 y 6.
Y x, y x 2 y 2 4 x h y ,
Y y 2 x 2 y h ' y 2 x 2 y 6.
Y x, y x 2 y 2 4 x 6 y k .
UNIDADE VI 237
Portanto, a solução do problema de valor inicial é dada por
x2 y 2 4 x 6 y 12
-10 -8 -6 -4 -2
1 2
2. Encontre a solução geral da equação separável y ' t y t 0 .
t
3. Encontre a solução da equação diferencial exata 2 xy 9 x2 dx 2 y x2 1 dy 0
com y 0 0.
dy y 1
4. Classifique e encontre a solução geral da equação diferencial .
dt t 2 1
239
WEB
Uma das partes mais interessantes sobre o assunto das equações diferenciais
são as diversas aplicações relacionadas com elas. Assim, sugerimos que você
acesse este conteúdo para encontrar mais algumas aplicações das EDOs de
primeira ordem.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
240
BOYCE, W.; DIPRIMA, R. Equações Diferenciais e Problemas de Valores de Contorno. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
FIGUEIREDO, D.; NEVES, A. Equações Diferenciais Aplicadas. 3. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2014.
KREYSZIG, E. Matemática Superior para Engenharia. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
ZILL, D. Equações diferenciais com aplicações em modelagem. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
241
1. O fator integrante para essa equação é dado por
2
tdt
µ t e et /2
.
t2
e2 y t ty t 0
t2
d 2
e y t 0.
dt
Integrando ambos os lados da equação, temos
t2
d 2
dt e y t dt 0dt
t2
e2 y t c
t2
y t ce 2.
t 2 /2
Portanto, a solução geral é y t ce . Como a solução deve satisfazer y 0 1, então
0 2
y 0 ce 2
c 1.
Finalmente, temos que a solução do problema de valor inicial é dado por
t2
y t e 2.
242
2. Como é possível perceber, a equação, dada é separável e por ser escrita na forma
dy 1 dy dt
y2 , ou seja,
2
.
dt t y t
dy dt
Integrando ambos os lados da equação obtemos
y2 t
dt
y 2 dy
t
y 21
lnt c
2 1
1
ln t c
y
1
y t .
ln t c
1
y t .
ln t c
243
3. Para verificar que a equação diferencial é exata, devemos verificar se
x
2 y x2 1
y
2 xy 9 x2 .
Como
x
2 y x2 1 2 x
y
2 xy 9 x2 2 x,
então, a equação diferencial é exata. Como ela é exata, existe uma função Y x, y , tal que
Y x 2 xy 9 x2 ,
Y y 2 y x2 1,
d
e
dx
Y x, y 0. Isto é Y x, y c , constante. Para encontrar Y, podemos integrar Y x com re-
Y 2 xy 9 x2 dx
x2 y 3 x3 h y .
Precisamos, agora, encontrar a função h y . Para tal, derivamos a expressão encontrada com relação a
2
x y 3 x3 h y 2 y x2 1
y
h y 2 y 1
h y y2 y k.
244
Como a função Y x, y c constante , então podemos escrevê-la na forma
Y x, y c x 2 y 3 x 3 y 2 y k c x 2 y 3 x 3 y 2 y C ,
( 0 )2 ⋅ 0 − 3 (0 )3 + ( 0 )2 + 0 = C,
logo C =0 e, portanto, a solução da equação diferencial é
x 2 y 3 x 3 y 2 y 0.
dy y 1 dy dt
4. Não é difícil perceber que a equação é separável, pois ela pode ser reescrita como 2 2 .
dt t 1 y 1 t 1
Desta forma, a sua solução pode ser calculada integrando os dois lados da equação e assim obtemos
dy dt
2
y 1 t 1
dy dt
2
y 1 t 1
ln y 1 arctg t c.
ln ( y + 1) = arctg ( t ) + c
e e
ln y 1 arctg t c
arctg t
y 1 ec e .
Portanto, a solução da equação diferencial é dada por
arctg t
y t ec e 1.
245
5. Primeiramente, começamos simplificando a equação dividindo ela por t 2 , logo
1
y t y t t 1.
t
dt
µ t e t eln t t.
ty t y t t 2 t
ty t t 2 t.
'
Agora, integrando
'
ty t dt t 2 t dt
t3 t2
ty t C
3 2
t2 t C
y t .
3 2 t
y 1 0
1 1
C 0
3 2
1
C .
6
Portanto,
t2 t 1
y t .
3 2 6t
246
247
248
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Equações Diferenciais
de Segunda Ordem
PLANO DE ESTUDOS
Equações de Segunda
Ordem Não Homogêneas
Equações de Segunda
Variação de parâmetros
Ordem Homogêneas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar as equações diferenciais de segunda ordem ho- • Método da variação de parâmetros para encontrar solu-
mogêneas. ções não homogêneas.
• Estudar as equações diferenciais de segunda ordem não
homogêneas.
Equações de Segunda
Ordem Homogêneas
d2 y dy
= g t , y , (1).
dt 2 dt
com a ≠ 0. Problemas não lineares, não homogêneos e com coeficientes não cons-
tantes serão tratados na próxima unidade. Aparentemente, simplificar bastante esse
problema, como fizemos, dá a falsa impressão de que as coisas serão fáceis, mas na
verdade não serão. Mesmo esse caso mais simples nos trará bastante informações
sobre as equações de segunda ordem.
Primeiramente, antes de encontrarmos as soluções para Eq.(3), vamos observar
um fato interessante. Suponha que as funções y1 t e y2 t sejam soluções da
Eq.(3), isto é,
ay1 ''+ by1 '+ cy1 = 0 ay2 ''+ by2 '+ cy2 = 0.
ay by cy 0,
pois
'' '
a c1 y1 c2 y2 b c1 y1 c2 y2 c c1 y1 c2 y2
c1 ay1'' by1' cy1 c2 ay2'' by2' cy2
c1 0 c2 0
= 0,
considerando que y1 , y2 são solução da equação diferencial. Isto quer dizer que
combinações lineares de soluções das Eq.(3) também é solução dela. Este fato é
conhecido como princípio da superposição.
Este é um chute que damos, mas vamos ver que é um chute certeiro! Assim, substituindo
essa solução na equação diferencial, temos
ay by cy a ert '' b ert ' c e rt
ar 2 e rt bre rt ce rt
ert ar 2 br c ,
como ay by cy 0, temos, então,
ert ar 2 br c 0.
rt
Como e ≠ 0 para todo t ∈ , temos que a solução da equação diferencial se rela-
ciona com a solução do seguinte polinômio de segundo grau em r,
ar 2 br c 0.
−b−b+ + ∆∆ −b−b− − ∆∆
r1 r=
1= e r2 r2= = . .
2a2a 2a2a
Como observamos anteriormente, se cada uma dessas soluções satisfaz a equação di-
ferencial, então qualquer combinação linear dela também satisfaz, ou seja, teremos que
y t c1er1t c2 er2t
r 2 1 0,
cujas raízes são r 1. Isto é, essa equação terá duas soluções distintas
20
15
10
-3 -2 -1 1 2 3
Figura 1 - Esboço de uma solução de y y 0
Fonte: os autores.
−b + i −∆ −b − i −∆
r= r= ,
2a 2a
2
em que i 1 é a unidade imaginária. Para facilitar, vamos chamar r b / 2a e
ω = −∆ 2a. .Ao substituirmos tanto r quanto o conjugado r no candidato à
solução y t e ,,teremos um problema, pois
rt
yr t ert
e
ρ iω t
= eρt ⋅ eiωt ,
ou,
yr t e rt
e
ρ iω t
= eρt ⋅ e−iωt .
Re ( yr ( t ) ) = Re ( yr ( t ) ) = eρt ⋅ cos ( ωt ) ee
Im ( yr ( t ) ) = − Im ( yr ( t ) ) = eρt ⋅ sin ( ωt ) .
A princípio, são duas soluções distintas e fica a pergunta: será que cada uma delas
individualmente é solução da equação ay by cy 0 ? A resposta é sim! Vamos
mostrar isso com um exemplo, pois fica mais fácil de observar esse fato. No entanto,
para mostrar que y1 t Re yr t e y2 t Im yr t são duas soluções dis-
tintas da Eq.(3), basta calcular as derivadas e substituir na equação diferencial. Desta
forma, os candidatos à solução para a Eq.(3) serão
r 2 1 0.
y1 t e cos Im r t
Re r t
e0t cos 1 t
= cos t
e0t sin 1 t
= sin t.
y t c1 cos t c2 sin t
1.5
1.0
0.5
-6 -4 -2 2 4 6
-0.5
-1.0
-1.5
Figura 2 - Esboço de uma solução de y y 0
Fonte: os autores.
Raízes Repetidas
2
No nosso último caso, podemos ter um polinômio característico ar br c 0
2
que tenha apenas uma raiz real. Isso acontecerá quando o D b 4 ac 0. Nesta
situação, teremos, na prática, apenas uma raiz real que será
b
r .
2a
pendentes, assim como cos t e sin t também são. Desta forma, como encontramos
apenas uma solução para ay '' by ' cy 0 quando D = 0 , então para que a solução
fique completa é necessário que achemos outra.
Como já encontramos a solução
b
t
y1 t e 2a ,
bt
b b2
y2 '' t p '' t e bt / 2 a
p ' t e 2 a 2 p t e bt / 2 a .
a 4a
b b2 b
a p '' p ' 2 p b p ' p cp ebt / 2 a 0.
a 4 a 2a
Cancelando o fator e −bt /2 a que é sempre não nulo e rearranjando os termos, po-
demos ver que
ap '' ( t ) = 0.
p t αt β.
r 1.
y t c1 c2t et
0.3
0.2
0.1
1 2 3 4 5 6
Figura 3 - Esboço de uma solução de y 2 y y 0
Fonte: os autores.
mola sem
d0
extensão
(y=0)
sistema em
repouso
sistema em
movimento
Figura 4 - Etapas de um sistema massa-mola
Fonte: os autores.
Quando o sistema está em repouso, então o peso da mola deve ser igual à força elástica
gerada pela mola. Como podemos ver na Figura 4, o deslocamento da mola gerado
pela força do peso leva ao seguinte balanço de forças
ks0 = mg ,
Neste caso, vamos considerar que quatro forças distintas podem estar influenciando
o movimento da bola, estas são: peso, força elástica, atrito e uma força externa (a
princípio de origem desconhecida). Assim, temos que
Fe t k d0 y t ,
my t mg k d0 y t g y t Fext t
my t g y t ky t Fext t ,
d2 y dy
p (t ) 2
+ q (t ) + r (t ) y = g (t ) , (1)
dt dt
d2 y dy
a +b + cy = g ( t ) , (2)
dt 2 dt
d 2 y1 dy1 2
a b cy1 g t � � e� e a d y2 b dy2 cy2 g t .
dt 2 dt dt 2 dt
Se fizermos a diferença entre essas equações, teremos
d 2 ( y1 − y2 ) d ( y1 − y2 )
a 2
+b + c ( y1 − y2 ) = 0 (3)
dt dt
Nosso objetivo é determinar a solução geral desta equação. Conforme vimos, a so-
lução geral é dividida em dois pedaços: a solução homogênea e a solução particular.
Começamos encontrando a solução homogênea.
r 2 r 1 0.
Assim, a equação característica tem duas raízes complexas e conjugadas dadas por
1 3
r i.
2 2
y p t At 2 Bt C.
At 2 Bt C '' At 2 Bt C At 2 Bt C t
'
2 A 2 At B At 2 Bt C t
2 A B C 0
2 A 2B 1
A0
A 0, B 1, C 1.
t t
3 3
y t c1e 2 cos t c2 e 2 sen t t 1.
2 2
2.5
2.0
1.5
1.0
t
1 2 3 4
Figura 5 - Solução geral de y y y t
Fonte: os autores.
Neste exemplo, fica claro o porquê foi dito que o método dos coeficientes a determinar
necessita de um bom chute. Neste caso, escolhemos de forma intuitiva qual seria um
bom candidato à solução particular para uma equação diferencial. Claramente este é um
método que será útil apenas para uma classe de funções g t relacionadas à equação
d2 y dy
a 2
b cy g t .
dt dt
Nos exemplos a seguir, vamos mostrar algumas das funções g t que usaremos
neste método e como encontrar as soluções.
3 EXEMPLO Agora, vamos determinar a solução geral da seguinte equação diferencial não ho-
mogênea
d2 y dy
2
− 4 − 12 y = 3e5t (5)
dt dt
Assim como no exemplo anterior, vamos começar encontrando a solução do problema
homogêneo associado à equação diferencial. Isto é, vamos resolver
d 2 yh dyh
4 12 yh 0.
dt 2 dt
yh t ert
r 2 4 r 12 0
r 2 r 6 0
yh t c1e2t c2 e6t .
Como podemos ver, não há nenhuma relação entre a solução homogênea e o termo
não homogêneo g t 3e . Desta forma, precisamos encontrar um candidato à
5t
solução particular para esse problema. Neste caso, iremos tentar a função
y p t Ae5t .
d2 yp dy p
2
4 12 y p 3e5t
dt dt
3
y t c1e2t c2 e6t .
7
A seguir, podemos ver o gráfico das soluções desta equação para diferentes valores
das constantes c1 e c2 .
50
40
30
20
10
t
0.2 0.4 0.8 0.8
Figura 6 - Solução geral de y 4 y 12 y 3e5t
Fonte: os autores.
aebt Aebt
a cos bt A co ( bt ) + B sen ( bt )
asenbt A co ( bt ) + B sen ( bt )
a co bt + c senbt A co ( bt ) + B sen ( bt )
Polinômio de grau n Ant n + An−1t n−1 + + A1t + A0
g t cos t 2 sen t ,
d2 y dy
2 y g t ,� �(6)
dt 2 dt
através da função
y p ( t ) = A co ( t ) + B sen ( t ) .
my t g y t ky t Fext t .
Na Figura 7, temos um modelo geral do nosso sistema, considerando que existe uma
força externa sem origem específica agindo sobre o sistema.
k mola
γ amortecedor
Fext t F0 cos wt ,
y p t α cos ωt β sen ωt .
k mω 2 α ωγβ cos ωt ωγα k mω 2 β sen ωt F cos ωt .
0
k mω 2 α ωγβ F
0
.
2
ωγα k mω β 0
Com um pouco de paciência, é possível mostrar que a solução desse sistema linear
é dada por
k − mω 2 ωγ
α = F0 β = F0
( k − mω ) 2 2
( k − mω2 )
2
+ ω2 γ 2 + ω2 γ 2
y p t F0
m ω02 ω 2 cos ωt F0
ωγ
sen ωt .
m 2
ω02 ω
2 2
ω γ 2 2
m 2
ω02 ω
2 2 2 2
ω γ
myh'' t kyh t 0.
F0
c1 cos w0t c2 sen w0t cos wt .
m w02 w2
Se considerarmos as condições iniciais y 0 0 e y ' 0 0 , não é difícil verificar
que a solução do problema de valor inicial se reduz a
F0
y t cos wt cos w0t .
m w02 w2
Finalmente, podemos reescrever a diferença de cossenos na solução usando a seguinte
identidade trigonométrica
1 ab ba
[cos a cos b ] sen sen ,
2 2 2
para obtermos
2 F0 w w0 w w
y t sen t sen 0 t .
m w02 w 2
2 2
w w
g t sen 0 t
2
2π 4π
será muito grande, lembrando que o período é T freq ω ω . A função y t apre-
0
sentará um comportamento semelhante ao do gráfico mostrado a seguir. Observe que
a curva pontilhada corresponde ao fator dado pelo primeiro seno da função y t ,
isto é, a curva pontilhada está relacionada à função h t sen w w0 t . Conforme
2
dito, esse efeito é conhecido como batimento e pode ser facilmente ouvido quando
se deseja afinar um instrumento de cordas, por exemplo, um violão. À medida que a
frequência de batimentos diminui enquanto o músico gira a tarraxa de uma deter-
minada corda, considerando uma nota afinada de referência, significa que o músico
está se aproximando na nota correta. Sugiro que o estudante, caso tenha um violão
em casa, pegue-o e faça o teste.
d2 y dy
a by g t ,
dt 2 dt
Para facilitar os nossos cálculos, vamos supor que u1 ' y1 u2 ' y2 0, isso nos dará
condições suficientes para encontrar a solução que queremos. Assim,
dy p
u1 y1 ' u2 y2 '
dt
2
d yp
u1 ' y1 ' u1 y1 '' u2 ' y2 ' u2 y2 ''
dt 2
Podemos observar que, na primeira linha (após o sinal de ⇒), é nula, pois ambos
y1 e y2 são solução da equação homogênea. Desta forma, temos o seguinte sistema
para resolver
u1 ' y1 u2 ' y2 0
.
u1 ' y1 ' u2 ' y2 ' g t
Esse é um sistema linear em u1 ' e u2 ' que é bem simples de resolver e tem soluções
dadas por
y t g t
u1 ' t 2
y1 y2 ' y2 y1 '
y1 t g t
u2 ' t .
y1 y2 ' y2 y1 '
Ainda não é claro quando esse número será não nulo, mas adiantamos que as soluções
y1 e y2 que encontramos até este momento sempre terão o Wronskiano diferente
de zero. Voltaremos nesse ponto no final deste tópico.
Finalmente, temos que as funções u1 e u2 procuradas satisfazem
y2 t g t
u1 t dt ,
y1 y2 ' y2 y1 '
y1 t g t
u2 t dt
y1 y2 ' y2 y1 '
y2 t g t y t g t
y p t y1 t dt y2 t 1 dt ,
y1 y2 ' y2 y1 ' y1 y2 ' y2 y1 '
que era a solução particular desejada. Acredito que o leitor esteja bastante incomo-
dado com essa solução particular, tendo em vista o trabalho que será para calculá-la
neste caso. Entretanto, veremos nos exemplos a seguir que nem tudo é tão ruim e
desesperador quanto parece.
y '' t y t tan t .
equação característica
r 2 1 0,
que claramente possui as soluções complexas r i. Desta forma, a solução homo-
gênea desta equação diferencial é dada por
yh t c1 cos t c2 sen t ,
cos2 t sen2t
= 1.
y2 t g t y t g t
y p t y1 t dt y2 t 1 dt
W W
sen t tan t cos t tan t
cos t dt sent dt
1 1
sen2 ( t )
= − cos t ∫ dt + sent ∫ sentdt
cos t
1 − cos 2t
= − cos t ∫ dt + sent ( − os t )
cos t
Observe que ignoramos, nesse exemplo, as constantes de integração. Nós iremos fazer
isso, pois se usássemos as constantes oriundas de cada integral, teríamos
y t g t y t g t
y p t y1 t 2 dt k1 y2 t 1 dt k2
y1 y2 ' y2 y1 ' y1 y2 ' y2 y1 '
y2 t g t y t g t
k1 y1 t k2 y2 t y1 t dt y2 t 1 dt
y1 y2 ' y2 y1 ' y1 y2 ' y2 y1 '
y2 t g t y t g t
yh t y1 t dt y2 t 1 dt.
y1 y2 ' y2 y1 ' y1 y2 ' y2 y1 '
7 EXEMPLO Vamos, neste exemplo, encontrar a solução do seguinte problema de valor inicial
et
y '' t 2 y ' t y t ,
1 t2
1
com y 0 1 e y ' 0 .
2
Novamente precisamos encontrar inicialmente a solução da equação homogê-
nea. Assim, supondo que a solução da equação homogênea seja yh t e ,,temos
rt
chamaremos y1 t e e y2 t te .
t t
Nosso próximo passo é calcular o Wronskiano que, neste caso, é dado por
et tet
t
W e , te t
et tet et
et tet et te2t
= e2 t .
tet et et et
et dt tet dt
e2 t 1 t 2
e2 t 1 t 2
t 1
et dt tet t dt
1 t2 1 t2
1
et ln 1 t 2 tet arctan t .
2
1
( )
y ( t ) = c1et + c2t et − et n 1 + t 2 + tet arctan ( t ) .
2
1 3
y 0 c2
2 2
3
2
1
( )
⇒ y ( t ) = et − t et − et n 1 + t 2 + tet arctan ( t ) .
2
com constantes F0 , w > 0 . Assim, podemos reescrever a equação diferencial como sendo
F0
y t w02 y t cos w0t ,
m
2
em que w0 = k / m. Para usarmos o método da variação de parâmetros começamos,
encontrando a solução do problema homogêneo
yh'' t w02 yh t 0.
= w0 .
Considerando y1 t cos w0t e y2 t sen w0t , então temos que a solução
particular para o problema é dada por
y t yh t y p t
F0 F0
c1 cos w0t c2 sen w0t cos w0t tsen w0t
4 mw02 2mw0
F0
k1 cos w0t c2 sen w0t tsen w0t ,
2mw0
F
em que k1 c1 0 2 . O mais importante a ser observado neste caso é o que acontece
4 mw0 F
com a solução particular g t 0 tsen w0t . Quando t , a função g t ,
2mw0
desta forma,
lim y t .
t
O efeito da ressonância faz que a solução cresça sem limites, o que foi um fator fun-
damental para o colapso da ponte Tacoma, nos EUA, em 1940 (você pode assistir o
colapso da ponte nos vídeos sugeridos). A seguir, no gráfico, podemos ver como a
solução particular influencia a solução y t .
d2 y dy
a 2
b cy 0
dt dt
aconteça quando c=
1 c=
2 0 . Se derivarmos essa relação, temos
c1 y1 ' t c2 y2 ' t 0.
temos que esse sistema será inversível apenas quando o determinante da matriz
y1 y2
≠ 0.
y1 ' y2 '
d2 y
y sen 2t
dt 2
usando o método dos coeficientes a determinar.
d2 y
2
y et
dt
280
WEB
281
BOYCE, W.; DIPRIMA, R. Equações Diferenciais e Problemas de Valores de Contorno. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
FIGUEIREDO, D.; NEVES, A. Equações Diferenciais Aplicadas. 3. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2014.
KREYSZIG, E. Matemática Superior para Engenharia. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
ZILL, D. Equações diferenciais com aplicações em modelagem. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
282
1. A equação dada é uma equação de segunda ordem linear e com coeficientes constantes. Então, a solução
esperada tem a forma y t e . Ao substituirmos a provável solução na equação diferencial, teremos
rt
r 2 e rt rert 2ert 0 r 2 r 2 0.
Precisamos, agora, determinar as raízes da equação característica. Neste caso, o discriminante satisfaz
2
D 1 4 1 2 7.
Como o discriminante é negativo, então as raízes do polinômio característico são complexas conjugadas
e dadas por r 1 7 i e r 1 7 i . Para equações que possuem solução complexa na forma r α iβ , então
2 2 2 2
a solução geral é dada por
7 7
y t c1et / 2 cos t c2 et / 2 sen t .
2 2
2. Usando o método dos coeficientes a determinar, podemos consultar uma tabela e verificarmos que a
solução particular deve ter a forma
y p t Asen 2t Bcos 2t .
283
Substituindo essa solução particular na equação diferencial, temos
y ''p t y p t sen 2t
3 A 1
.
3 B 0
Portanto,
1
A ,� B 0
3
1
y p t sen 2t .
3
3. Para usarmos o método da variação de parâmetros, o nosso primeiro passo é determinar as soluções da
equação homogênea associada. As soluções homogêneas desta equação são facilmente calculadas supondo
que yh t ert e substituindo na equação diferencial
d 2 yh
yh 0.
dt 2
Isso nos leva à equação característica r 2 1 0 que possui raízes reais e distintas r 1. Consequentemen-
te, as soluções são dadas por y1 t e e y2 t e .
t t
A fórmula do método da variação de parâmetros depende do cálculo do Wronskiano das soluções encon-
tradas. Para essas duas soluções, o Wronskiano é dado por
284
y1 y2
W et , e t y1 ' y2 '
et e t
et e t
et e t et e t
2.
Pela fórmula da variação de parâmetros, temos
y2 t g t y t g t
y p t y1 t dt y2 t 1 dt
W W
e t et et et
et dt et dt
2 2
et e t 2t
dt e dt
2 2
tet e t e 2t
2 2 2
tet et
.
2 4
my g y ky 0,
y '' 2 y y 0,
285
com y 0 0 e y ' 0 1. Pois o sistema se encontra, inicialmente, em equilíbrio e a velocidade inicial é
na direção contrária ao sistema de coordenadas.
Supondo que a solução da equação seja na forma y t ert , então, substituindo na equação diferencial,
encontraremos a seguinte equação característica
r 2 2 r 1 0.
r 12 0,
pois este é um quadrado perfeito. Então, temos que o polinômio característico possui raízes repetidas
r 1. Neste caso, a solução geral para a equação diferencial tem a forma
y t c1et c2te t .
Nosso último passo é determinar as constantes c1 e c2 que satisfazem as condições iniciais. Desta forma,
por um lado, temos que o sistema inicialmente está em equilíbrio, isto é, y 0 0, e por outro lado y 0 c1.
Portanto, c1 = 0 . Para encontramos a constante c2 , observamos que, por um lado, y ' 0 1 , e por outro lado
5. Sendo ela uma fórmula geral para encontrar as soluções particulares, ela se faz útil nos casos em que o
método dos coeficientes a determinar não tem função tabelada. Além disso, o seu valor dentro da teoria das
equações diferenciais é inestimável. Datam do século XVIII as primeiras aparições teóricas deste método.
286
287
288
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Soluções em Séries
de Potências
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Realizar um breve estudo sobre sequências de números • Trabalhar os testes de convergência para séries numéricas.
reais. • Introduzir as séries de potências de funções reais.
• Introduzir e estudar os conceitos relacionados a séries • Aplicar a teoria das séries de potências para encontrar so-
numéricas. luções de equações diferenciais com coeficientes variáveis.
Sequências de
Números Reais
d2 y dy
P (t ) + Q (t ) + R (t ) y = G (t ) , (1)
dt 2 dt
a1 , a2 , a3 , , an ,
1
an =
2n
representa a lista
1 1 1 1
, , , ,
2 4 6 2n
n
bn 1
representa o conjunto
n
−1 1 −1 ( −1) ,.
li cn = ±∞ ou cn → ±∞
n→∞
1 EXEMPLO a) an
1nbasta notar que, apesar de alternar entre valores positivos e ne-
0,
n2
gativos, o número fica cada vez menor quando se aumenta o n.
3n 3 n 2 1 3
b) bn , pois manipulando o termo geral da sequência, podemos
2 7 n3 7
escrever
1 1 1 1
n3 3 3 3
3n 3 n 2 1 n n n n3
,
2 7 n3 2 2
n3 3 7 7
n n3
1 1
3
3n 3 n 2 1 n n3 300 3
.
2 7 n3 2 07 7
3
7
n
2
c) cn 3n n 1 , ou seja, diverge, pois, claramente, cada parcela da soma
aumenta quando n .
n 2
d) d n 1 n também é uma sequência divergente. Neste caso, não podemos
escrever que d n ou d n , pois para n suficientemente grande, a
sequência sempre estará entre um número muito grande positivo ou outro
negativo. Dizemos apenas que é divergente.
1 TEOREMA Sejam f x uma função real contínua e an uma sequência tal que bn f an
está bem definida. Se
lim an L lim f an f L .
n n
Em outras palavras,
lim f an f lim an f L .
n n
2
an cos p .
3n
Temos que f x cos x é uma função contínua. Além disso, é claro que
2
bn p p 0 p.
3n
2 2
lim cos p cos lim p cos p 1.
n 3n n 3n
sen2 n 1
0 n
.
3 3n
1
Sabemos que a sequência zn 0 0 e também que g n n 0. Portanto, pelo
3
teorema do sanduíche, a sequência an → 0.
Apesar de que, por um momento, o próximo teorema possa parecer com o Teo-
rema 1, eles são, de fato, distintos.
3 TEOREMA Suponha que f x seja uma função real tal que a sequência an é definida como
an f n . Então,
lim f x L lim an L.
x n
1 1
lim sec2 tg
x x x
= 0.
bn ln an .
1 1
ln 1
x ln 1 x '
lim lim
x 1 x 1
'
x x
1 1
1 2
1 x
lim x
x 1
2
x
1
lim
x 1
1
x
= 1.
1
Se x ln 1 1 1, então bn n ln 1 1. Levando em consideração a função
x n
p = 3, 1415926535.
1 4 1 5 9 2
p 3, 1415926535 3 2 3 4 5 6 .
10 10 10 10 10 10
O número p , na verdade, pode ser representado como uma soma infinita, e o mais im-
pressionante é que essa soma infinita nos fornece um número finito, no caso o p , pois
an
p 3 n
n 1 10
Claramente nem sempre uma soma infinita como essa vai resultar em um número
finito. Não é difícil encontrarmos exemplo deste fato, como a série
n 1 2 3 n .
n 1
Assim, um dos nossos objetivos daqui em diante é verificar quando uma série infinita
fornece ou não um número finito. Para tal, dada uma série
an a1 a2 a3 an
n 1
de termos positivos, vamos criar uma sequência Sk que é a soma dos k primeiros
termos desta série. Isto é, a sequência é dada por
k
Sk an a1 a2 a3 ak .
n 1
Observe que esta é uma sequência infinita e que os seus termos são todos dados por
k
a1 , a1 a2 , a1 a2 a3 , , an ,.
n 1
a ar ar ar ar n ,
2 n
n 0
em que a ≠ 0 e r > 0. Vamos, nesse exemplo, verificar quando essa série é convergente
e qual o valor que essa série converge. Para tal, vamos olhar para a sequência das
somas parciais. Considere, então, Sk como sendo a soma dos k primeiros termos
da série, isto é,
Sk a ar ar 2 ar 3 ar k .
rSk ar ar 2 ar 3 ar 4 ar k 1.
Fazendo a diferença entre as duas últimas equações, percebe-se que vários termos
irão se cancelar, desta forma, teremos
Sk rSk a ar k 1 ,
ou seja,
1 r k 1
Sk a .
1 r
Neste caso, em particular, obtemos uma expressão para as somas parciais da série e
é ela quem nos indicará quando a série geométrica irá convergir ou não. Percebe-se
que r ≠ 1, caso contrário a série será divergente, pois ela será nada mais que a soma
do número a infinitas vezes. O número r também não pode ser maior que 1, caso
1 r k 1
Sk a
1 r
1− 0 a
→a = .
1− r 1− r
7 EXEMPLO Outra série famosa na matemática que podemos determinar o seu limite utilizando
as somas parciais é a série telescópica, dada por
1 1 1 1 1
.
2 6 12 n n 1 n 1 n n 1
Vamos olhar para a sua sequência de somas parciais, que é dada por
1 1 1 1
Sk
2 6 12 k k 1
1 1 1 1
.
1 2 2 3 3 4 k k 1
1 1 1
,
k k 1 k k 1
para qualquer k . Desta forma, podemos reescrever a sequência de somas parciais como
1 1 1 1
Sk
1 2 2 3 3 4 k k 1
1 1 1 1 1 1 1 1
1 2 2 3 3 4 k k 1
Sk → 1,
pois
1
0.
k 1
Não é difícil perceber que tentar encontrar uma fórmula para as somas parciais nem
sempre será bem-sucedido. Um exemplo simples é a série
1
n!.
n 1
A busca por uma fórmula para a sequência de somas parciais certamente será um
trabalho considerável. Por isso, em várias situações, é conveniente saber quando uma
determinada série converge ou não sem precisar encontrar o seu respectivo valor.
Começamos, então, a nossa busca pelos testes de convergência. Dada uma série
an
n 0
podemos escrever o termo geral desta série utilizando a sequência de somas parciais
S _ k na seguinte forma
ak Sk Sk 1.
Suponha que essa série seja convergente, isto é, Sk → S quando k .� Então, no
infinito, temos que
ak Sk Sk 1 S S 0.
Portanto, se uma série for convergente, então o limite do termo geral é sempre zero.
diverge.
9 EXEMPLO A série
n 1
n 1 n
k 1 1
lim lim 1 1.
k k k k
10 EXEMPLO A série
1 n 3n 2
2 n2 3
n 1
1 1 1 1
2 k2 3 3
lim
1 k 3k
lim k2 k
lim k 2 k 3
.
k 2k 2
3 k 3 k 3 2
k2 2 2
k2 k2
É importante observar que o fato de uma série ∑ an ser tal que an → 0 quando
n não garante sua convergência, como veremos no exemplo a seguir.
O seu termo geral claramente vai a zero, no entanto, vamos mostrar que essa série é
divergente. Observe que
S2n 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1+ + + + + + + + + + + n + n + + n+1
2 3 4 5 8 9 16 2 2 +1 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
> 1+ + + + + + + + + + + + + +
2 4 4 8 8 16 16 2n 2 n +1
2n+1
2 vezes 4 vezes 8 vezes 2n vezes
1 1 1 1
1
2
2
2
2
n vezez
n 1
1
2
Para uma noção de como utilizar o teste da razão, vamos a alguns exemplos.
1 1 1 1
a4 3
24 4 ! 2 8
1
1
1
2
= 2.
1
Desta forma, pelo teste da razão, temos que a série n ! é convergente.
n 1
14 EXEMPLO Utilizando a mesma estratégia do exemplo anterior, podemos mostrar que a série
1 1 1 1 1
2n1 n
0
2 1
1
2 2
2
2 3
2 n 1
n
n 1
n 1 n 1
também é convergente. Note que o número 2 n 2 , para todo n . Assim,
temos que
1 1
an n 1
n 1
,
2 n 2
1
2n1 2.
n 1
1
Portanto, pelo teste da comparação, a série 2n1 n
também é convergente.
n 1
2n 1 2 1 1 2 2 1 2 3 1
2 1
2 1
2 1
2 1
n 1 n 1 2 3
4 4 4 4
é divergente.
2n 1
an
1
n2
4
1
2 n
2
1 1
n n
2 2
2
.
1
n
2
1
n
2n
2 2
ou seja,
2 2
an
n n1
2
* 1
para todo n. A série formada pelos termos bn = , conhecida como série harmôni-
n
ca, conforme vimos no tópico anterior, é divergente. Desta forma, a série formada
pelos termos bn = 2 também é, pois
n
bn 2bn* 2 .
n 1 n 1
Reparem que an → 0, neste caso, então existe a possibilidade dessa série ser conver-
gente. Voltaremos a essa série depois, vamos agora falar sobre um outro teste que,
apesar de ter sua eficiência restrita, oferece uma ótima ferramenta para verificar a
convergência já que ele não necessita do conhecimento de outras séries.
Teste da Razão
a
Considere a série ∑an e suponha que n1 L, então:
an
16 EXEMPLO Vamos considerar a mesma série do Exemplo 13 e verificar como o teste da razão se
aplica. Considerando a série
1 1 1 1 1
n ! 1 2 ! 3! 4 ! n !
n 1
1
temos que o seu termo geral é dado por an = . Precisamos apenas verificar o limi-
n!
te an+1 , assim
an
n!
n 1!
n!
n 1 n !
1
0
n 1
a 1
quando n . Como n1 0 1 , então a série ∑ é convergente, pelo teste
an n!
da razão.
2n ! 2 4 ! 6 ! 2n !
2
n 1 n ! 2!2 3!2 n !2
2n !
que possui termo geral an . Para essa série, temos
n !2
2n 2 2n 1
n 12
4 n 2 5n 2
n2 2 n 1
5 1
n2 4 2
n n
2 1
n2 1 2
n n
5 1
4
n n2
4
2 1
1 2
n n
a 2n !
quando n . Portanto, como n1 4 1, então a série 2
é divergente,
an n !
pelo teste da razão.
cos x a0 a1 x a2 x2 an x n ,
isto é, diferente de um polinômio finito usual, mas será que conseguimos representar
essa função no formato de um “polinômio” infinito
2 n
f x a0 a1 x x0 a2 x x0 an x x0
n
an x x0
n 0
A série que aparece acima é conhecida como uma série de potências, e o nosso ob-
jetivo, neste tópico, é determinar uma forma de encontrar a representação em série
de potências de diversas funções conhecidas.
Para começarmos, considere a seguinte série de potências
x n 1 x x2 x3 x n .
n 0
Como o leitor já deve ter percebido, essa série se parece em muito com a conhecida
série geométrica. No caso desta série, quando 0 < x < 1, temos que ela é convergente e
1
1 x x2 x3 x n ,
1 x
1
ou seja, a representação em série de potências da função f x é
1 x
2 n
f x a0 a1 x x0 a2 x x0 an x x0 .
2 n 1
f x a1 2a2 x x0 3a3 x x0 nan x x0
2 n 2
f '' x 2a2 2 3a3 x x0 3 4 a4 x x0 + n n 1 an x x0
n 3
f ''' x 2 3a3 2 3 4 a4 � x x0 + n n 1 n 2 an x x0
�
f x n n 1 n 2 3 2 � an n 1 n n 1 3 � 2 an1 x x0
n
f x0 a1
f '' x0 2a2
f ''' x0 2 3a3
f x0 2 3 n 1 n an
n
Portanto, o coeficiente an pode ser calculado a partir das derivadas da função e, logo,
temos que os coeficientes da representação da função f x em séries de potências
são dados por
f x _ 0
n
an .
n!
Finalmente, podemos escrever a função f x � como sendo uma série de potências
na forma
18 EXEMPLO Um ótimo exemplo para começarmos a escrever a série de Taylor de uma função f x
é para f x e com x0 = 0. Esse é um ótimo exemplo, pois as derivadas de qualquer
x
n
ordem da função exponencial são a própria exponencial, f x e . Desta forma,
x
n
temos que f 0 e 1 , para todo n . Assim, a série de Taylor da função exponen-
0
x2 x3 x 4 xn
1 x .
2 ! 3! 4 ! n!
f 0 cos 0 1
f '' 0 sen 0 0
Observe que a derivada do seno se repete sempre de quatro em quatro derivadas, isto
é, f 4 0 0, f 5 0 1 , f 6 0 0 e f 7 0 1. Desta forma, podemos escrever
a série de Taylor do seno como sendo
f '' 0 2 f ''' 0 3 f 0 4 f 0
4 5
f x f 0 f 0 x x x x
2! 3! 4! 5!
0
0 1 x x2
1 x3 0 x 4 1 x5
2! 3! 4! 5!
x3 x5 x7
x
3! 5! 7 !
n 1
1
x2 n1.
n 1 2 n 1 !
f 0 sen 0 0
f '' 0 cos 0 1
f ''' 0 sen 0 0.
f '' 0 2 f ''' 0 3 f 0 4 f 0
4 5
f x f 0 f 0 x x x x
2! 3! 4! 5!
1 0 x
1 x2 0 x3 1 x 4 0 x5
2! 3! 4! 5!
x2 x 4 x6
1
2! 4 ! 6!
n
1 2 n
x .
n 0 2 n !
cos x
1n x2n .
n 0 2 n !
É interessante observar que o sen x que é uma função ímpar na sua representação
em série de potências possui apenas as potências ímpares, e o cos x que é uma
função par possui apenas potências pares.
Uma pergunta que podemos fazer agora é: será que essas séries que encontramos
até agora para as funções convergem para todo x ? A resposta é: nem sempre! Basta
olharmos para a série da função
que não converge para valores de x > 1, por exemplo. Podemos verificar, então, para
quais valores de x uma série converge utilizando uma versão modificada do teste
da razão. O conjunto de todos os valores para o qual a série converge será chamado
de intervalo de convergência da série.
Raio de Convergência
n
Considere a série de potências an x x0 , a série será convergente para valores
a
de x que satisfazem n1 x x0 L x x0 1. Neste caso, diremos que a série é con-
an
vergente absolutamente no intervalo de convergência.
geral, for convergente. A vantagem de lidar com séries que são absolutamente
∞
convergentes é que elas também são convergentes, isto é, se ∑ an converge, então
∞ n =1
∑an converge.
n =1
e p p
x 1 1, isto é, 1 x 1 .
p e e
2
P4 P8 P 12 P16
P0
1
y = cos x
x
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-1
P2 P6 P10 P14 P18
-2
Figura 1 - Aproximação da função cosseno pelas somas parciais de sua série de Taylor
Fonte: os autores.
p t y t q t y t r t y t 0,
22 EXEMPLO Apenas para ilustrar o processo de solução, vamos começar com um exemplo mais
simples e de primeira ordem, do qual já conhecemos a solução. Assim, considere o
problema de valor inicial dado pela equação
y t y t 0
dy
= −y
dt
dy
⇒ = −dt
y
dy
⇒∫ = − ∫ dt
y
ln y = −t + C ⇒ aplicand exponenc em ambo os lados
⇒ y ( t ) = Ke ,
−t
imediato que y t e . Bem, vamos agora tentar a nossa outra abordagem usando
t
a1 2a2t 3a3t 2 a0 a1t a2t 2
a0 a1 a1 2a2 t a2 3a3 t 2 a3 4 a4 t 3
= 0.
a0 a1 0
a1 2a2 0
a2 3a3 0
an n 1 an1 0
2a2 a1 a2
a1
a2
a0 a a0 .
2
2 2 2
n a0
an 1 .
n!
a0
1n t n
n 0 n!
a0
t n
n 0 n!
n
t2 t3
a0 1 t
1 n
t .
2 ! 3! n!
2 3 n
y 0 a0 1 0
0 0 1 n
0 = a0 .
2! 3! n!
23 EXEMPLO Vamos considerar um problema de valor inicial com uma equação de segunda ordem
linear e com coeficientes constantes. Novamente, vamos usar uma equação na qual
já sabemos a solução. Desta forma, considere
y t y t 0
r 2 1 0.
Neste caso, o polinômio característico tem soluções complexas e conjugadas dadas por
r i.
Logo, a solução geral para o caso de raízes complexas, conforme vimos anteriormente,
é dada por
y t c1 cos t c2 sen t .
y 0 c1 cos 0 c2 sen 0 1 c1 1 c2 0 c1 1.
Portanto, a solução é
y t cos t .
y t n n 1 ant n 2
2a2 2 3a3t 4 3a4t 2
n 2
2a2 2 3a3t 4 3a4t 2 a0 a1t a2t 2
a0 2a2 a1 3 2a3 t a2 4 3a4 t 2 a3 5 4 a5 t 3
= 0.
a1 3 2a3 0
a2 4 3a4 0
a3 5 4 a5 0
an n 2 n 1 an2 0
a0
a0 2a2 0 a2 .
2
Em seguida,
a0
2
a2 4 3a4 0 a4
a2
a4 a a0 a0 .
4
4 3 4 3 4 3 2 4!
Seguindo a fórmula,
a4 a
a4 6 5a6 0 a6 a6 0 .
65 6!
a1
a1 3 2a3 0 a3 .
32
a0 cos t a1sen t ,
conforme as séries de potência do seno e cosseno que vimos no tópico anterior. Neste
caso, sabendo que a solução geral é dada pela combinação linear entre senos e cosse-
nos, podemos encontrar as constantes a0 e a1 na mesma forma que fizemos acima.
Observe que em ambos os exemplos dados, e em nenhum outro momento, não
nos preocupamos com o intervalo de convergência da série de potências. Nesses
exemplos, isso não se fez importante, pois sabemos que as séries encontradas, das
funções trigonométricas e também da exponencial, possuem intervalo de convergên-
cia . Ao final do tópico, trataremos de um exemplo cuja solução possui intervalo
de convergência diferente de I = .
Lembrem-se que é possível encontrar o intervalo de convergência de uma série
de potências ∞
y (t) = an(t-t0)n Σ
n=0
É muito prático utilizar o teste da razão para isso. Apenas para recordar, o teste da
razão para uma série de potências como a escrita acima é baseado no cálculo do limite
an1
lim t t0 L.
n an
24 EXEMPLO Nosso último exemplo, será determinar a solução geral e o intervalo de convergência
para a equação diferencial
1 t 2 y t y t 0.
Primeiro, notamos que o ponto t = 0 é um ponto ordinário para essa equação, pois
1
lim 1.
t 0 1 t 2
1 t2 y t y t 0
1 t2 n n 1 ant n 2
ant n 0
n 2 n 0
n n 1 ant n 2
n n 1 ant n ant n 0
n 2 n 2 n 0
2a2 a0 3 2a3 a1 t n n 1 ant n2 n n 1 ant n ant n 0.
n4 n 2 n 2
Nós podemos fazer uma mudança de índices nestas séries dadas e reescrevê-las em
uma única série. Na série mais à esquerda, faremos a mudança n s 2 . Assim,
2a2 a0 3 2a3 a1 t s 2 s 1 as 2 t s s s 1 1 as t s 0
s 2 s 1
2a2 a0 3 2a3 a1 t s 2 s 1 as 2 s s 1 1 as t s 0.
s 2
3 2a3 a1 0
2
s 1 s
as 2 as s 2.
s 2 s 1
a0
a2
2
a1
a3
3!
2
a4
2 1 2
a
3
a0
2
4 3 4!
2
a5
3 1 3
a
7
a1
3
54 5!
2
a6
4 1 4
a
3 13
a0
4
65 6!
e assim por diante. Finalmente, podemos escrever a solução geral como sendo
1 3 3 13 6 1 7 7 21 7
a0 1 t 2 t 4 t a1 t t 3 t 5 t .
2! 4! 6! 3! 5! 7!
as 2
s 12 s a as 2
2
s 1 s 1
s 2 s 1 s as s 2 s 1
quando s . Portanto, pelo teste da razão, para que a série seja convergente é
necessário que
a 2
lim s 2 t 1,
s as
1 t 2 y t 2ty t n n 1 y t 0,
em que o parâmetro n ∈ depende do contexto que relaciona a equação de Legen-
dre ao problema físico. As soluções da equação de Legendre são usualmente chama-
das na literatura de funções de Legendre, e essas funções fazem parte de uma classe
de funções conhecida como funções especiais.
Uma primeira observação que podemos fazer sobre a equação de Legendre está
relacionado ao seu domínio. Observe que essa equação diferencial é uma equação de
segunda ordem quando t 1 . Além disso, nenhum dos dois pontos t = 1 ou t 1
é um ponto ordinário para a equação. Basta perceber, por exemplo, que
2t
lim − = ±∞.
t→1 1 − t2
2t ν ( ν + 1)
li − 2
=0 e lim = ν ( ν + 1) .
t→ 0 1− t t→ 0 1 − t2
1 t 2 y t 2ty t Ny t 1 t 2 n n 1 ant n2 2t nant n1 N ant n
n 2 n 1 n 0
2
1 t 2a2 2 3a3t 4 3a4t 2t a1 2a2t 3a3t N a0 a1t a2t 2
2 2
4 3a4t 2 2t a1 2a2t 3a3t 2 N a0 a1t a2t 2
2a2 2 3a3t 4 3a4t 2 2a2t 2 2 3a3t 3 4 3a4t 4 2 a1t 2a2t 2 3a3t 3
2a2 Na0 3 2a3 2a1 Na1 t 4 3a4 2a2 2 2a2 Na2 t 2 5 4 a5 3 2a3
a1 Na1 t 4 3a4 2a2 2 2a2 Na2 t 2 5 4 a5 3 2a3 2 3a3 Na3 t 3 n 2 n 1 an2 n n 1 2n N an
n n 1 2n N n n 1 2n n n 1
n2 n n n 1
n n n n 1 .
an2
n n n n 1 a .
n 2 n 1 n
Usando a relação de recorrência para os termos pares, temos que os coeficientes são
dados por
n n 1
a2 a0
2!
a4
n 2 n 3 a n 2 n n 1 n 3 a
2 0
4 3 4!
a6
n 4 n 5 a n 4 n 2 n n 1 n 3 n 5 a
4 0
64 6!
a3
n 1 n 2 a
1
3!
a5
n 3 n 4 a
n 3 n 1 n 2 n 4 a
3 1
54 5!
a7
n 5 n 6 a n 5 n 3 n 1 n 2 n 4 n 6 a
5 1
7 6 7!
n n 1 2 n 2 n n 1 n 3 4 n 4 n 2 n n 1 n 3 n
a0 a0t a0t
2! 4! 6!
n n 1 2 n 2 n n 1 n 3 4 n 4 n 2 n n 1 n 3 n 5 6 n 1 n 2 a t 3 n
a0 a0t a0t a0t a1t 1
2! 4! 6! 3!
a t 4 n 4 n 2 n n 1 n 3 n 5 a t 6 a t n 1 n 2 a t 3 n 3 n 1 n 2 n 4 a t 5 n 5 n 3 n 1 n 2 n
0 0 1 1 1
6! 3! 5! 7!
n 1 n 2 a t 3 n 3 n 1 n 2 n 4 a t 5 n 5 n 3 n 1 n 2 n 4 n 6 a t 7
1 1 1
3! 5! 7!
a0 y1 t a1 y2 t ,
com
n n 1 2 n 2 n n 1 n 3 4 n 4 n 2 n n 1 n 3 n 5 6
y1 t 1 t t t
2! 4! 6!
y2 t t
n 1 n 2 t 3 n 3 n 1 n 2 n 4 t 5 n 5 n 3 n 1 n 2 n 4 n 6 t 7 .
3! 5! 7!
pois a série y1 t só tem termos com potências pares. Não é difícil perceber que a
razão a2 n+2 / a2 n é dada por
a2 n2
n 2n n 2n 1
a2 n 2n 2 2n 1
n n 1
1 1
2n 2n 2n
1 1
1 1
n 2n
( −1)(1)
=
(1)(1)
= 1,
a2 n2 2 2
lim t t
n a2 n
2
e para que a série seja convergente, é necessário que t < 1, isto é, t < 1 .
Foram estudados brevemente, nesta unidade, os conceitos de sequências e séries
com o objetivo de construir soluções para equações diferenciais ordinárias de segunda
ordem. Os conceitos de séries e sequências são importantíssimos para a matemática
e também para as ciências aplicadas, pois eles permitem representar funções de
formas distintas e, em alguns casos, formas mais simples do que a forma original da
função. Isto tanto é verdade que utilizamos essas representações para encontrar as
soluções de equações diferenciais com coeficientes variáveis. Nas unidades a seguir,
continuaremos nosso estudo de equações diferenciais, mas utilizando a transformada
de Laplace para encontrar as soluções.
3
2. Encontre o valor para o qual a série 2 5 n 2 converge.
n 0
n
3
4 x 1n .
n 0
4. Determine os três primeiros termos de cada uma das séries linearmente inde-
pendentes que formam a base de solução da equação
y ty 0.
ty '' t t 2 y 0,
em torno do ponto t = 0.
332
WEB
Calcular o valor das séries é uma tarefa muito difícil! Vimos que a sequência de
somas parciais é fácil de lidar apenas para alguns casos muito conhecidos. No
seguinte artigo, que se encontra em inglês, é trazido uma forma bem interes-
sante de provar que a série
333
BOYCE, W.; DIPRIMA, R. Equações Diferenciais e Problemas de Valores de Contorno. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
FIGUEIREDO, D.; NEVES, A. Equações Diferenciais Aplicadas. 3. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2014.
KREYSZIG, E. Matemática Superior para Engenharia. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
ZILL, D. Equações diferenciais com aplicações em modelagem. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
334
1. Colocando o termo n3 em evidência, tanto no numerador quanto no denominador, nos dá
2 1
3
3
an n 2
n 3.
4 2 7
7 3
n n
3 3 52 52
1 52 1 375
n 2
n 3
2 n 0 5 2
n 3 2 1 8 .
n 0 2 5 n 0 5 1
5
an1 3
n 1
4
n
x 1n1
3
x 1 .
an 4 3 x 1n 4
3 1 7
Para que a série seja convergente, é necessário que x 1 1 , ou seja, x .
4 3 3
y t amt m .
m 0
y t m m 1 amt m2 .
m 2
2a2 3 2a3t 4 3a4 t 2 5 4 a5t 3 a0t a1t 2 a2t 3 a3t 4
2a2 3 2a3 a0 t 4 3a4 a1 t 2 5 4 a5 a2 t 3 .
335
Igualando os coeficientes a zero, temos
2a2 0 a2 0
a0
3 2a3 a0 0 a3
3!
a 2a
4 3a4 a1 0 a4 1 1
43 4!
a2
5 4 a5 a2 0 a5 0
5 4
a3 4 a0
6 5a6 a3 0 a6
65 6!
a4 10 a0
7 6a7 a4 0 a7
76 7!
1 4 2 10
a0 1 t 3 t 6 a1 t t 4 t 7 .
3! 6! 4! 7!
5. É imediato verificar que o ponto t =0 é um ponto ordinário, pois
t t2
1 t 1
t
quando t → 0. Logo, suponha que a solução seja dada como uma série de potências
y t amt m .
m 0
y t m m 1 amt m2 .
m 2
336
y 1 t y m m 1 amt m2 1 t amt m
m 2 m 0
2a2 3 2a3t 4 3a4t 2 5 4 a5t 3 a0 a1t a2t 2 a3t 3 a0t a1t 2 a2t 3 a3t 4
2a2 a0 3 2a3 a0 a1 t 4 3a4 a1 a2 t 2 5 4 a5 a2 a3 t 3 ..
a0
2a2 a0 0 a2
2
a0 a1
3 2a3 a0 a1 0 a3
3! 3!
a1 a 2a a
4 3a4 a1 a2 0 a4 2 1 0
4 3 4 3 4! 4!
1 1 1 1 2
a0 1 t 2 t 3 t 4 a1 t t 3 t 4 .
2! 3! 4! 3! 4!
337
338
Dr. Vinicius de Carvalho Rispoli
Dr. Ricardo Ramos Fragelli
Dr. Ronni Geraldo Gomes de Amorim
Transformadas
Integrais
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Definir a Transformada de Laplace. • Utilizar a transformada de Laplace para lidar com proble-
• Definir as funções degrau unitário e impulso. mas envolvendo sistemas de EDOs.
• Utilizar a transformada de Laplace para resolver proble- • Aprender como inverter transformadas de Laplace através
mas de valor inicial. da convolução.
Transformada
de Laplace
UNIDADE IX 341
Antes de introduzirmos a definição da transformada de Laplace, precisamos de
outra definição importante. Uma função é chamada seccionalmente, ou contínua
por partes, em um dado intervalo a, b , se esse intervalo puder ser dividido em um
número finito de subintervalos ai , bi , no qual a função é contínua em cada subin-
tervalo aberto (ou seja, o subintervalo sem os seus pontos de extremidade) e tem um
limite finito nas extremidades de cada subintervalo. Abaixo temos um esboço de uma
função contínua por partes.
Em outras palavras, uma função contínua por partes é uma função que tem um nú-
mero finito de saltos e não vai ao infinito em nenhum dos saltos. Agora, vamos dar
uma olhada na definição da transformada de Laplace.
1. DEFINIÇÃO
função f t possua transformada de Laplace, basta que ela não cresça mais rápido
que a exponencial e . Isto é, se a função f t satisfizer a condição f t e ,
− st kt
para todo t > 0, com k < s, então podemos garantir a existência da transformada de
Laplace da função f t ..
1 e sa
lim
a s s
1
= ,
s
se s > 0. É importante que s seja positivo, pois, em caso de s ser negativo, teremos
sa
que o limite e quando a aumentar sem limites.
b) Considere a função f t e , então a transformada de Laplace da ex-
at
e dt
t s a
0
e t s a
s a 0
1
,
sa
UNIDADE IX 343
Conforme falamos anteriormente, iremos utilizar a transformada de Laplace para
encontrar a solução de problemas de valor inicial. Desta forma, um aspecto funda-
mental da transformada é a unicidade. Isto é, sejam f t e g t contínuas em
0, de forma que suas transformadas sejam convergentes e tais que
f t g t ,
1
f t ,
s
1 F s f t ,
A transformada possui várias propriedades que serão necessárias para o nosso traba-
lho, que é determinar a solução de um problema de valor inicial. A seguir, enunciamos
as propriedades mais básicas.
Propriedades
I. A transformada de Laplace é linear, isto é, dadas constantes a, b ∈ , então
af t bg t a f t b g t
Demonstração
a f t dt b g t dt
0 0
a f t b g t .�
eat f t F s a ,
em que F s f t .
Demonstração
Temos
eat f t eat f t e st dt
0
f t e dt
t s a
F s a .
1 s
f at F ,
a a
em que F s f t .
UNIDADE IX 345
Demonstração
Considere a transformada
f at f at e st dt
0
s
z dz
f z e a �
0
a
s
1 z
a 0
f z e a dz
1 s
F .�
a a
d
tf t F s
ds
Demonstração
tf t .
ebt e bt
senh bt
2
1
2
1
ebt ebt
2
1 1 1 1
exem 1b
2s b 2s b
b
.
s b2
2
Consequentemente,
b
L −1 2 2 = senh ( bt ) .
s −b
b) Usando a fórmula de Euler, temos que a função cosseno pode ser escrita na
2
forma eibt e ibt em que i 1, novamente usando a proprie-
cos bt ,
2
dade da linearidade, temos
ibt ibt
e e
cos bt
2
1
2
1
eibt eibt
2
1 1 1 1
exem 1b
2 s ib 2 s ib
s
.
s b2
2
s
1 2 2 cos bt .
s b
UNIDADE IX 347
c) Lembrando que 1 1 / s, então usando a propriedade da derivada, temos
que
t t 1
d
1
ds
d 1
ds s
1
= .
s2
eat cos bt F s a
sa
.
s a 2 b2
possível perceber que utilizando as propriedades da transformada, consegui-
remos obter a transformada de várias outras funções.
0,� � � set
� a
u t a ,
1,� � � set
� a
UNIDADE IX 349
cujo gráfico pode ser visto na figura abaixo.
u (t - α)
0 α t
Figura 2 - Função degrau unitário
Fonte: os autores.
Essa função é muito útil quando, por exemplo, deseja-se determinar a corrente dentro
de um circuito RLC quando uma onda retangular de voltagem V0 é aplicada. Uma
onda retangular de voltagem V0 pode ser vista na figura a seguir.
υ(t)
V
0
0 α b t
Essa onda retangular pode ser descrita facilmente usando a função de Heaviside na
forma
H t V0 u t a u t b .
e st dt
a
e st
s a
e as
,
s
se s > 0 .
f t f t a u t a
0 set a
.
f t a set a
f t f t a u t a
st
f t a e dt fazendo a mudança z t a
a
f z e dz
s z a
UNIDADE IX 351
e sa f z e sz dz
0
e sa F s .
p p � u t p tu t p tu t 2p sen t u t 2p
p pu t p t p p u t p t 2p 2p u t 2p sen t u t 2p
t p p u t p t 2p 2p u t 2p sen t u t 2p
p pu t p t p u t p pu t p t 2p u t 2p 2pu t 2p sen t u t 2p
p pu t p t 2p u t 2p 2pu t 2p sen t u t 2p
p 2pu t 2p t p u t p t 2p u t 2p sen t u t 2p
p 2pu t 2p t p u t p t 2p u t 2p sen t 2p u t 2p ,
pois sen t sen t 2p pela sua periodicidade. Finalmente, podemos aplicar a trans-
f t p 2pu t 2p t p u t p t 2p u t 2p sen t 2p u t 2p
2p t p u t p t 2p u t 2p sen t 2p u t 2p
1 1 e2ps
p 2pe2ps 2 eps e 2ps 2 .
s s s 1
A segunda função que vamos definir aqui é a função delta de Dirac. Essa função está
associada a fenômenos de natureza impulsiva como, por exemplo, forças que são
aplicadas em pequenos intervalos de tempo. Uma martelada é um bom exemplo de
uma força aplicada em um curto intervalo de tempo.
Para modelarmos essa situação, considere a função f k definida em todos os reais
na forma
1
a t a k
fk t a k .
0 caso contrário
Suponha que essa função represente uma força de magnitude 1 / k agindo no in-
tervalo de tempo de � a até a + k , considerando k > 0 um número muito pequeno.
UNIDADE IX 353
Área = 1
1/k
α α+k t
Figura 4 - Onda quadrada de área unitária
Fonte: os autores.
ak
1
k
dt
a
= 1.
d t a lim f k t a
k 0
t a
.
0 caso contrário
Claramente, essa não é uma função ordinária e definida como estamos acostumados,
essa função é conhecida na matemática como uma função generalizada. Uma pri-
meira propriedade que obtemos da função delta, vem do cálculo do impulso da
função f k , de forma que podemos concluir que
d t a dt 1.
0
g t d t a dt g a .
0
1
fk t a u t a u t a k .
k
1 as a k s
f k t a e e .
ks
1 as a k s
d t a lim e e
k 0 ks
s�e
ak s
lim
k 0 s
e as .
d t a d t a K t dt
0
K a
e sa .
UNIDADE IX 355
4 EXEMPLO Considere a função
g t d t 1 arctan t .
d t 1 h t dt
0
h 1
arctan 1 e s
e s p
.
4
UNIDADE IX 357
No entanto, antes de começarmos os nossos exemplos de como resolver um PVI
usando a transformada, precisamos das seguintes proposições.
Proposição 1
Seja f t uma função diferenciável por partes, cuja transformada de Laplace é dada
por F s f t . Então, a transformada das derivadas da função f t satisfaz as
seguintes relações:
f ' t sF s f 0
f '' t s 2 F s sf 0 f 0 ,
e de forma geral
f t s n F s s n1 f 0 s n2 f 0 f 0 .
n n 1
Demonstração
Vamos provar só as duas primeiras relações, a fórmula geral, o leitor está convidado
a demonstrar usando indução. Para a primeira derivada, considere
f ' t f ' t e st dt
0
f t e st s f t e st dt
0
0
s f t e st f 0
0
sF s f 0 .� �
f '' t s f ' t f 0
s sF s f 0 f 0
s 2 F s sf 0 f 0 .
Fica claro que para mostrar a fórmula geral, basta aplicar a fórmula da derivada
recursivamente.
Proposição 2
Seja f t integrável, tal que e g t 0 quando t → 0, então a transformada
st
de g t f t d t é dada por
0
t 1
f t d t F s .
0 s
Demonstração
Seja g t f t d t . Então
0
g t g t e st dt
0
e st g t 1
g ' t e dt
st
s 0 s 0
1
f t e st dt
s0
1
F s ,�
s
UNIDADE IX 359
De posse dessas duas proposições, somos capazes de encontrar a transformada de
algumas funções que ainda não encontramos e ainda usar a transformada de Laplace
para encontrar a solução de problemas de valor inicial.
1
sen bt (cos bt ) '
b
1
s cos bt cos 0
b
1 s2 1
2 2
b s b b
b
.
s 2 b2
isto é,
t
cosh bt b senh bt d t 1.
0
t
cosh bt b senh bt d t 1
0
t
b senh bt d t 1
0
1 b2 1 s 2 b2
s s 2 b2 s s 2 b2
1 s2
s s 2 b2
s
.
s 2 b2
y ' 2 y 3t
L y ' 2y L 3t
L y' 2L y 3L t
3
sY s y 0 2Y s
s2
3
s 2 Y s 1 pois y 0 1
s2
1 3
Y s 2 .
s 2 s s 2
3
que transformamos que dá g t . Uma forma de eliminarmos esse
s 2
s 2
UNIDADE IX 361
3
,
problema é encontrar a decomposição em frações parciais de s 2 s 2 isto é,
3 A B C
2 .
s 2
s 2 s s s 2
A B C As s 2 B s 2 Cs 2
s s2 s 2 s2 s 2
s2 A C s B 2 A 2 B
.
s2 s 2
Portanto,
2B 3 B 3/2
B 2A 0 A 3 4.
A C 0 C 3/4
1 3
Y s 2
s 2 s s 2
3 3 3
L e2 t L 1 L t L e2 t
4 2 4
7 2t 3 3
L y t L e t .
4 4 2
7 3 3
y t e2 t t .
4 4 2
y '' 3 y t 2
y '' 3 y t 2
2
s 2Y s sy 0 y 0 3Y s
s3
s2 3 Y s 1 2
s3
2 1
Y s .
s3 s2 3 2
s 3
Novamente, iremos precisar utilizar o recurso das frações parciais. De imediato, temos
apenas a transformada do seno aparecendo de forma explícita na equação acima. Pois,
3
sen 3t 2
s 3
.
2
Assim, aplicando a decomposição em frações parciais no termo s3 s2 3 , temos
que encontrar os coeficientes A, , E da seguinte decomposição
2 A B C Ds E
s 3
s 2
3 s s2 s3 s2 3
As 2 s 2 3 Bs s2 3 C s 2 3 Ds E s 3
s3 s2 3
s 4 A D s 3 B E s 2 3 A C s 3 B 3C
.
s3 s2 3
UNIDADE IX 363
Portanto,
3C 2 C 2/3
3B 0 B0
3 A C 0 A 2 / 9 .
BE 0 E 0
A D 0 D 2 / 9
2 1
Y s
s3 s2 3 s2 3
2 2 2s 1
3 2
9 s 3s 2
9 s 3 s 3
2 1 2 1
L 1 L t2 L cos 3t L sen 3t
9 3 9 3
2 1 2 2 1
L y t L t cos 3t sen 3t .
9 3 9 3
2 1 2 1
y t t 2 cos 3t sen 3t.
9 3 9 3
y '' 3 y ' 2 y d t 1 ,
com y 0 0 e y ' 0 0.
s 2 3s 2 Y s e s
s
e
Y s .
s 2 3s 2
e s
Y s
s 1 s 2
1 1
e s .
s 1 s 2
Assim, pela segunda propriedade do deslocamento tratada no tópico anterior, temos que
1 1
Y s e s
s 1 s 2
e u t 1 e u t 1 .
t 1 2 t 1
Portanto, a solução da equação diferencial é
y t e u t 1 e u t 1 .
t 1 2 t 1
UNIDADE IX 365
Sistema de
E.D.O.s
y(t)
S
y2 (t)
β l/min
T1 α l/min T2 y1 (t)
0
0 t
Para encontrar o modelo diferencial desde problema, o nosso trabalho é verificar que
a variação da quantidade de sal em cada tanque é dada da seguinte forma
β α
variação de sal em T1 y1' t entra sai y2 y1
P P
α β
variação de sal em T2 y2 t entra sai y1 y2
P P
Logo, o modelo matemático para o problema da mistura entre dois tanques nos dá
um sistema acoplado de duas equações diferenciais de primeira ordem. É comum
escrevermos o sistema na forma matricial, isto é, considerando o vetor
T
y t y1 t ,� y2 t e a matriz
α β
P P
M ,
α
β
P P
y ' t My t .
UNIDADE IX 367
Nos exemplos a seguir, iremos apresentar duas formas distintas de resolver um sistema
de equações de primeira ordem. No primeiro exemplo, usaremos aspectos da álgebra
linear, autovalores e autovetores, enquanto no segundo exemplo utilizaremos apenas
a transformada de Laplace para determinar a solução.
y 2 y z
z ' y 2z
d y 2 1 y
,
dt z 1 2 z
ou na forma compacta
d
x = Mx ,
dt
T
em que x t y t ,� z t e
2 1
M .
1 2
Para sermos capazes de desacoplar esse sistema, e então obtermos duas equa-
ções de primeira ordem independentes, é preciso determinar os autovalores
e autovetores da matriz M , isto é, precisamos encontrar l e r ≠ 0 tal que
2 1
1 r lr.
2
isto é,
2 l 2 l 1 0
4 l2 � 1 0
l2 3 0
l 3.
2 3 1 a
0
1 2 3 b
a 2 3 b 0
b a 2 3 .
Logo, o autovetor r1 associado ao autovalor l1 é igual a r1 1, 2 3 . Para
o autovalor l2 3 , é fácil ver que o autovetor associador é dado por
r2 1, 2 3 . Considere, agora, a matriz P� formada pelos autovetores r1 e
r2 na forma
1 1
P r1 r2 .
2 3 2 3
d
dt
P 1 x D P 1 x
d
w Dw,
dt
UNIDADE IX 369
T
em que w t P 1 x α t , β t . Desta forma, temos um sistema de-
sacoplado na forma
d α 3 0 α
=
dt β 0 − 3 β
α ' = 3α
⇒
β ' = − 3β
α ( t ) = k e 3t
1
⇒ .
β ( t ) = k2e − 3t
x Pw
y 1 1 k1e 3t
z
2 3 2 3 k e 3t
2
3t 3t
k1r1e k2 r2 e .
x 0 k1r1 k2 r2
0 k1 k2
1 2 3 k1 2 3 k2
3
k1
6
.
k 3
2 6
3 3
x t r1e 3t
r2e 3t
,
6 6
teremos de imediato
y 2 y z
z y 2 z
sY s y 0 2Y s Z s
sZ s z 0 Y s 2 Z s
s 2Y s Z s 0
.
Y s s 2 Z s 1
Y s s 2 s 2 Y s 1
Y s 3 s2 1
1
Y s 2
.
s 3
1
Nós já sabemos qual função y t transformada dá Y s s2 3 . Se olhar-
mos a tabela de transformada que construímos até agora, veremos que
Y s
1
3
3t .
senh
UNIDADE IX 371
Além disso, como
Z s s 2Y s
s 2 s 2
Z s 2
2
2
s 3 s 3 s 3
3t 23 senh 3t .
Z s cosh
1 3 3
y t
3
senh 3t 6
e 3t
6
e 3t
2
z t cosh 3t 3
senh 3t 63 2 3 e 3t 63 2 3 e 3t .
Você pode comparar as soluções encontradas aqui, usando apenas proprie-
dades das matrizes. Não é preciso dizer que usar a transformada de Laplace
é um método muito mais prático para encontrar a solução de um sistema de
EDOs de primeira ordem. Veremos, no próximo exemplo, que esse método
da transformada de Laplace é também muito prático mesmo quando temos
um sistema de EDOs não homogêneo.
y y z t z ' y 3 z
sY ( s ) − y ( 0 ) = Y ( s ) + Z ( s ) + 1 / s2
⇒
sZ ( s ) − z ( 0 ) = −Y ( s ) + 3Z ( s )
( s − 1) Y ( s ) − Z ( s ) = 1 + 1 / s2 .
⇒
Y ( s ) + ( s − 3) Z ( s ) = 1
1
s 1 1 s 3 Z s Z s 1
s2
s 1 s2 4 s 3 Z s Z s 1
1
s2
s2 4 s 4 Z s 1 1
s2
s 1
2 1
s 2 Z s s 2
s2
1 1
Z s .
s 2 s s 2 2
2
1 A B C D
2
2
s2 s 2 s s s 2 s 2 2
2 2
As s 2 B s 2 Cs 2 s 2 Ds2
2
s2 s 2
A s3 4 s 2 4 s B s2 4 s 4 C s3 2 s 2 Ds 2 .
2
s2 s 2
1
C 4
AC 0
1
4 A B 2C D 0 D
4
.
4 A 4 B 0 A 1
4B 1 4
1
B
4
UNIDADE IX 373
Portanto,
1 1
Z s
s 2 s2 s 2 2
1 1 1 1 1
2
s 2 4 s 4 s 4 s 2 4 s 2 2
1 t 5 1
e2t te2t ,
4 4 4 4
d
lembrando que tf t f t . Logo, temos que
ds
1 t 5 1
z t e2t te2t .
4 4 4 4
Y s 1 s 3 Z s
1 1 5 1
1 s 3 2 .
4s 4s 4 s 2 4 s 2 2
1 3 3 1
Y s 2
2� s 4 � s 2 s 2 4 s 2 2
1 3t 3 2t 1 2t
L e te .
2 4 2 4
1 3t 3 1
y t e2t te2t
2 4 2 4
1 t 5 1
z t e2t te2t .
4 4 4 4
H s F s G s .
UNIDADE IX 375
2. DEFINIÇÃO
que pode ser facilmente provado realizando uma mudança de variáveis na integral
que define a convolução. Ela também é associativa
f * g * h f * g * h.
f * g h f * g f * h,
t
3
f * g t t t �1d t
0
t
t 3 3t t 2 3t 2t t 3 d t
0
t
3 t4
t 3 t t 2 t 2 t 3t
2 4
0
t4
= .
4
f * g t f t g t .
Demonstração
f * g t f * g t e st dt
0
t
f t t g t d t � e st dt
00
t
f t t g t d t e st dt.
00
A nossa região de integração na integral dupla acima pode ser vista na figura a seguir.
Algebricamente, podemos escrever essa região como sendo
R t , t 2 : 0 t t , t 0, .
UNIDADE IX 377
τ
τ=t
t=τ t ∞
τ=0 t
f * g t f t t e st dt g t d t
0t
f w e dw g t d t
s w t
00
f w e sw dw g t e st d t
00
f w e sw dw g t e st d t
0 0
f t g t .�
1
H s .
s 2
s 1
Podemos resolver esse problema sem grandes dificuldades, utilizando o método das
frações parciais, mas aqui utilizaremos a convolução. Claramente, podemos ver que
função H s dada corresponde ao produto
1 1
H s 2
s s 1
em que
1 t 1
L t e L e
s2 s 1
h t t * e t
t
t t et d t
0
t t
t e d t t et d t
t
0 0
t
t
t et t et d t .
0
0
Para resolver a integral mais à direita, iremos precisar utilizar a integração por partes.
t
Neste caso, escolhendo f e e g = t temos que
t
t
h t t et t et d t
0
0
t
t
t e t 1 t e t e t d t
0
0
t et 1.
UNIDADE IX 379
12 EXEMPLO Podemos usar a integral de convolução para encontrar a inversa da seguinte trans-
formada
1
H s .
s 1
2 2
1 1
H s 2
2
s 1 s 1
em que
1
sen t .
s2 1
Neste caso, é possível encontrar a inversa usando frações parciais. No entanto, vamos
utilizar a convolução. Pela proposição dada, temos que a função h t é dada por
h t sen t * sen t
t
sen t t sen t d t
0
t
sen t cos t cos t sen t sen t d t
0
t t
sen t sen t cos t d t cos t sen2 t d t
0 0
t t
1 cos 2t t sen 2t
sen t cos t
2 2 0 2 4 0
1 1 sen 2t
sen t 1 os 2t cos t t
4 2 2
1 1 t
sen 2t t sen t cos t
4 4 2
1
sen t t cos t .
2
y '' 2 y ' y g t
y '' 2 y ' y g t
s 2Y s sy 0 y 0 2 sY s 2 y 0 Y s G s
s2 2s 1 Y s s 2 G s
2
s 1 Y s 1 s 1 G s
1 1 G s
Y s .
s 1 s 12 s 12
1 d 1 d
Y s tem a forma
s 1 2
ds s 1
. Lembrando que tf t
ds
f t ,
então
1
2
s 1
te t .
y t et tet te t * g t
t
et tet t e t g t t d t .
0
UNIDADE IX 381
Caso seja decidido qual será o termo homogêneo, basta resolver a integral para en-
contrar a solução final da equação diferencial.
Vemos que o método de encontrar a inversa da transformada utilizando a convo-
lução pode ser um pouco mais trabalhoso que o método utilizando a decomposição
em frações parciais. No entanto, é um método importante que nos permite uma
alternativa para solução de problemas de valor inicial utilizando a transformada de
Laplace. No mais, a convolução é muito importante para as engenharias, em particular
para as engenharias elétrica e eletrônica. Muito da teoria do processamento de sinais
está relacionada com o teorema da convolução e muitas implementações práticas do
processamento de sinais também se relaciona com esse teorema.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
2 e s
F s .
s2
y 0 1 e y ' 0 0 .
dy
yz
dt
dz
yz
dt
1
y y d t 1 ,
2
com y 0 0.
383
WEB
Existem diversos tipos de transformadas integrais que podem ser utilizadas para
resolver problemas de valor inicial. A seguir, temos uma aula sobre a transfor-
mada de Fourier. Ela é muito importante para a engenharia e vale a pena dar
uma olhada.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
384
BOYCE, W.; DIPRIMA, R. Equações Diferenciais e Problemas de Valores de Contorno. 9. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
FIGUEIREDO, D.; NEVES, A. Equações Diferenciais Aplicadas. 3. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2014.
KREYSZIG, E. Matemática Superior para Engenharia. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
ZILL, D. Equações diferenciais com aplicações em modelagem. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
385
1. Sabendo que a transformada de Laplace do cos 2t é
s
cos 2t ,
s2 4
então podemos usar a propriedade do deslocamento
eat f t F s a .
s 1
et cos 2t
s 1 2 4
s 1
.
s 12 4
2 e s
F s
s2
2 e s
.
s2 s2
Usando a propriedade do deslocamento
u t a f t a e as f t
então
2 e s
2t u t 1 t 1 ,
s2 s2
pois 1 . Portanto, a função f (t ) é dada por f t 2t u t 1 t 1 .
t 2
s
386
3. Fazendo y t F s , então a transformada das derivadas são dadas por
y ' sF s y 0 sF s 1
y '' s 2 F s sy 0 y 0 s2 F s s.
1
s 2 F s s 3 sF s 1 F s
s
F s s 2 3s 1 s 3
1
s
1 s3
F s .
2
s s 3s 1 s 2 3s 1
sY s Y s Z s
sZ s 1 Y s Z s .
s 1 Y s Z s 0
Y s s 1 Z s 1
que pode ser escrito na forma matricial
s 1 1 Y s 0
1
s 1 Z s 1
387
Para encontrarmos a solução devemos calcular a inversa da matriz à esquerda que chamaremos de M . Primei-
ro calculamos o determinante da matriz M que é dado por
2
det M s 1 1
2
s 1 1.
A inversa da matriz M é dada por
1 s 1 1
M 1
det M 1 s 1
.
s 1 1
2
2
Y s s 1 1 s 1 1 0
1
Z s 1 s 1
2 2
s 1 1 s 1 1
1 s −1
Y (s) = − 2
e Z (s ) =
( s − 1) +1 ( s − 1)2 + 1
Portanto, conforme podemos ver na tabela, y t et � sen t e z t et cos t .
388
5. Considere y t Y s , então aplicando a transformada de Laplace na equação diferencial, temos
1
y ' y d t 1
2
1
sY s Y s e s
2
1
s Y s e s
2
e s
Y s .
1
s
2
u t a f t a e as f (t ) ,
temos que
t 1
Y s u t 1 e 2 ,
t 1
y t u t 1 e2 .
389
390
391
CONCLUSÃO