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Módulo: Aplicar Técnicas de Angariação e Avaliação de Alternativas de Financiamento
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Resultado de Aprendizagem 1: Compreender os principais conceitos, etapas e métodos
envolvidos na angariação e análise de alternativas de financiamento Page | 1
Critério de Desempenho:
b) Distingue financiamento por capitais próprios de financiamento por capitais alheios e
b) Identifica as principais vantagens e desvantagens para a organização de ter diferentes
estruturas de financiamento para o respectivo desempenho económico-financeiro,
nomeadamente ao nível da solvabilidade, rentabilidades corrente e líquida, e nível de activos e
volume de negócios
c) Descreve as principais etapas de um processo de financiamento por capitais alheios
Muitos dos empreendedores que criam uma nova empresa irão necessitar, em alguma altura do
crescimento do negócio, de recorrer a financiamento. De facto, são muitos os exemplos de
empreendedores que desenvolveram ideias geniais e criaram negócios que transformaram
mercados e quotidianos de muitas sociedades e que começaram sem recursos financeiros.
Estes empreendedores são exemplos de que é possível construir algo diferente, inovador e
economicamente desafiante, sem ter os recursos necessários para tal. Mas como são estas ideias
financiadas? E quais os financiamentos que mais se adequam a cada negócio? Nesta secção
abordaremos as fases de desenvolvimento de um negócio e analisaremos os financiamentos que
poderão estar disponíveis e serem adequados para cada uma dessas fases para depois analisar as
etapas de um processo de financiamento por capitais alheios.
Para a maior parte dos empreendedores que iniciam um negócio, o financiamento é um tema
desconhecido e, por vezes, até temido. Não obstante, a escolha do financiamento adequado é
normalmente determinante para que o lançamento de um negócio seja rápido e bem sucedido, e
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as decisões de financiamento que são tomadas durante a fase inicial do negócio podem afectar a
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maneira como este se irá desenvolver no futuro.
Para além da fase inicial, o empreendedor poderá necessitar de injectar mais capital na empresa
ao longo do desenvolvimento do negócio. Por este motivo, as diferentes possibilidades de
financiamento devem ser cuidadosamente avaliadas durante todas as fases, analisando todas as
alternativas disponíveis. Saber angariar os recursos financeiros mais adequados é uma
característica importante dos empreendedores. É necessário que estes possuam capacidades de
criatividade neste âmbito, para conseguirem atrair o capital necessário para financiar um negócio
que, muitas vezes, não possui qualquer histórico e tem um futuro incerto.
2.1. O ciclo da empresa
A maioria dos negócios tem um início incerto e não gera capital suficiente para cobrir todos os
custos iniciais nas primeiras fases de vida. Mesmo que o empreendedor trace um objectivo
inicial, este poderá ser alterado a qualquer altura do processo, pelo que o financiamento
necessário também poderá mudar (em natureza e quantidade) ao longo das diferentes fases do
negócio.
Saber quando irá o negócio necessitar de mais financiamento é um problema que poderá ser
minimizado se o empreendedor traçar e delinear momentos (e depois monitorar estes momentos).
Desta forma, é possível às partes envolvidas (empreendedor e investidor) estabelecerem
compromissos financeiros e compreenderem as razões para eventuais falhas encontradas durante
o processo.
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Maturacao
Crescimento
Exponencia
Crescimento
Inicial
Start-up
I&DT/Seed
Este diagrama ilustra os ciclos cuja explicação se segue:
1) Semente / Seed
Neste estágio poderíamos dizer que existem apenas dois personagens: O aspirante a
empreendedor e a sua boa ideia. Normalmente nesta etapa não existe plano de negócios, pesquisa
de mercado e nem a concretização do conceito/ideia. Temos sim um mundo das ideias.
Opções:
Economias pessoais / familiares / amigos
2) Start-up
Nesta etapa já houveram algumas renúncias. Costuma-se dizer que pelo menos um dos
envolvidos já esteja alocado a tempo inteiro no projecto. Aqui provavelmente um estudo de
mercado já foi ou está sendo realizado, o plano de negócios está sendo refinado e surge a
necessidade de não somente fazer uma versão beta do produto/serviço mas também de testá-lo
com um nicho de clientes.
Opções:
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Incubadoras;
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Anjos investidores (Angel investor);
aptação de recursos à fundo perdido
3) Primeiro estágio (crescimento inicial)
Aqui temos uma empresa já em operação e um produto/serviço que por sua vez já está sendo
testado no mercado e inclusive alguns retornos já podem ser colhidos neste momento. Por isso,
há uma necessidade maior de financiar o negócio, contratar pessoas e principalmente conquistar
mais projectos.
Opções:
Venture Capital (VC) (momento preferido para os VCs entrarem no negócio);
Empréstimos em bancos (linhas de capital de giro com taxas reduzidas);
4) Segundo estágio (crescimento exponencial)
A empresa neste momento começa a atingir um patamar de vendas significativo a ponto de
buscar no mercado profissionais qualificados para expandir a equipa de trabalho e também surge
a necessidade de investir em infra-estrutura. Consequentemente a necessidade de financiamento
aumenta. Já é possível nesta etapa receber algumas propostas de investimento, parceria,
aquisição.
Opções:
Venture Capital;
Linhas governamentais
5) Colheita (maturação)
Neste estágio, o empreendedor vive o problema da maturação o seu negócio e entender até que
ponto vale a pena se manter na dianteira do mesmo. Concorrentes maiores possivelmente irão
fazer ofertas de aquisição e cabe ao empreendedor decidir se é o momento de se desfazer do
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negócio, embolsar a ganhos financeiros e partir para a próxima empreitada (mas desta vez com
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dinheiro no bolso).
Opções:
Fusão/Aquisição (com um concorrente maior/menor);
Venda do negócio para algum fundo de investimento no sector em que o seu negócio
actua;
Abertura de capital;
A adequação das alternativas apresentadas a cada negócio altera-se consoante a evolução e a
maturação do mesmo, isto é, varia muito desde as fases iniciais – semente e start-up – até à
maturação e saída dos investidores na empresa.
O empreendedor que queira iniciar o seu negócio deverá percorrer vários passos que o ajudarão a
encontrar o financiamento ajustado às necessidades do seu projecto. Os caminhos a seguir podem
ser muito diversos, pelo que vale a pena explorar todas as alternativas. A seguir, descreve-se de
uma forma sintética cada uma destas alternativas.
2.2. Fontes para financiamento de novos negócios
Semente Start-Up Crewscimen Crescimento Maturacao
to Inicial Exponencial
Empreendedor X X
Família/Amigos X X
Business Angels X X X
Parceiros empresariais X X X
Capital de Risco X X X
Financiamento Público X X X X
Financiamento Privado X X X X
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2.3. Financiamento privado
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A forma de financiamento privado mais comum em Moçambique, dirigida ao sector empresarial,
é o tradicional recurso ao empréstimo bancário. Como acontece com outras formas de
financiamento, as necessidades em capital por parte das empresas vão variando muito consoante
o tipo, o tamanho e a fase de desenvolvimento da empresa que o solicita (e a respectiva
capacidade para dar garantias de suporte ao empréstimo bancário).
Por norma, este tipo de apoio financia tanto empresas recém criadas como empresas em fase de
expansão e maturação, mas as condições do empréstimo (incluindo taxas de juro), podem ser
muito distintas. Ao contrário do capital de risco, o empréstimo bancário é um instrumento
financeiro que proporciona às empresas recursos a longo prazo, sem haver qualquer interferência
do banco na gestão da empresa.
O direito ao retorno do capital e à remuneração do juro são normalmente garantidos (quase
sempre incluindo avales pessoais dos sócios), independentemente do sucesso ou insucesso da
empresa. Se o empreendedor ou a empresa falharem os pagamentos do capital, o credor pode
accionar diversos mecanismos legais, até à insolvência da empresa e penhora dos bens do
avalista.
Apesar de esta ser uma componente fundamental para o sucesso de qualquer iniciativa
empresarial, raramente os empreendedores possuem a experiência necessária para decidir
adequadamente sobre a melhor forma de encontrar financiamento. Por outro lado, como não é
uma competência base necessária para o dia-a-dia da empresa, não é razoável contratar alguém
para esta função ou apenas porque tem experiência na angariação ou negociação de
financiamento.
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Não obstante, é fundamental que quem lidera o negócio tenha apoio adequado e competente
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nesta área, pelo que deverá criar as parcerias necessárias (por exemplo, associando-se a um
business angel com experiência) ou contratar alguém externamente que possa dar apoio no
processo de financiamento.
2.4. Principais etapas de um processo de financiamento por capitais alheios
O diagrama que se segue mostra as etapas importantes do processo de financiamento por capitais
alheios (o credito).
Prospecção Concessão
e vendas de Credito
Ciclo de Credito
Cobrança Manutenção
de Credito
Apesar da facilidade e do crescimento da oferta de crédito a pessoa que toma o crédito é vista
como um risco, o que faz com que as instituições financeiras tenham de tomar diversos cuidados
antes de conceder o empréstimo, com o objectivo de minimizar esse risco e evitar o prejuízo.
Você sabe como funciona o processo de concessão de crédito nestas instituições? O processo de
crédito é definido em etapas, envolvendo a instituição financeira e a tomadora de crédito.
Vamos descrever cada uma das etapas como se segue.
DEFINIÇÃO DO MERCADO ALVO:
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Nesta primeira etapa, a instituição financeira vai definir qual o público que pretende atingir,
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estabelecendo produtos, instrumentos, estratégia, rendimento mínimo etc. A selecção deve ser
bem-feita, com o objectivo de garantir o sucesso das demais etapas e evitar perdas.
ORIGEM: esta é a fase da captação do cliente, de acordo com a definição estabelecida na etapa
anterior. Vale ficar atento aos casos que são proibidos, por lei, de receber crédito, como é o caso
de pessoas envolvidas com actividades ilícitas e de contravenção.
ANÁLISE DO CLIENTE:
O principal documento desta fase é a ficha cadastral. O preenchimento correcto da ficha permite
uma melhor análise por parte do responsável pela concessão que deve avaliar, entre outros
quesitos, se o candidato a tomador de empréstimo tem condições de gerar caixa.
NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO:
Hora de estabelecer os critérios do crédito, as condições do empréstimo, como prazo, taxas de
juros etc. Este é o momento e definir o que o cliente precisa e o que a instituição pode oferecer.
APROVAÇÃO:
Como o próprio nome já indica, é definir, com base nas etapas anteriores, se será possível ou não
conceder o empréstimo.
FORMALIZAÇÃO:
Fase importante, na qual o risco operacional está muito visível. Essa é a etapa de documentar
tudo o que foi acordado antes da efectivação do empréstimo. Todo o cuidado é pouco para que
detalhes importantes não fiquem para trás. Cabe às duas partes analisar com cautela o documento
antes de assiná-lo.
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DESEMBOLSO:
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É o momento do empréstimo propriamente dito, ou seja, quando a instituição disponibiliza o
valor ao cliente.
ACOMPANHAMENTO:
Acompanhamento da transacção com o objectivo de se antecipar a eventuais problemas e perdas.
LIQUIDAÇÃO: caso não seja detectado nenhum problema na fase anterior, este é o momento
de o cliente liquidar a dívida, ou seja, fazer o pagamento de acordo com a estrutura definida.
RENEGOCIAÇÃO:
No entanto, caso algum problema tenha sido identificado na fase de acompanhamento, é hora de
renegociar a dívida, visando garantir o pagamento no final.
LIQUIDAÇÃO OU PREJUÍZO:
Após a renegociação, dá-se o pagamento da dívida ou configura-se a perda, ou seja, ou o cliente
consegue honrar o empréstimo ou o banco fica no prejuízo.
O objectivo de todo esse processo é, para o banco, uma garantia de que o contratante irá honrar
suas dívidas. No entanto, é importante frisar que esta é uma forma de diminuir a inadimplência
do consumidor.
A análise criteriosa por parte da instituição deixa claro, inclusive ao cliente, se ele terá
Condições, ou não, de tomar um empréstimo. São cuidados que evitam o prejuízo da instituição,
mas que também colaboram com o bolso do tomador, que diante da facilidade do crédito pode se
ver tentado a contratá-lo, sem ter condições de honrar seus compromissos no futuro.
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Vale lembrar, no entanto, que esse passo-a-passo é a forma correcta e criteriosa de instituições
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financeiras analisarem a concessão do crédito. No entanto, existem outras formas, menos
burocráticas, de conseguir o empréstimo, mas que, com certeza, levam muito mais consumidores
ao endividamento e à inadimplência.
Dicas para Lidar com Bancos
1. Lembre-se que parte do trabalho dos bancos é lidar com pessoas na sua situação. No entanto,
não se atemorize, até porque você também lhes dá dinheiro a ganhar. Por outro lado, existem
outros bancos e estes nem sequer são um parceiro estratégico.
2. Não marque reuniões apenas para pedir dinheiro emprestado. Apresente-se a si a à sua
empresa. Tente perceber os critérios de concessão de crédito, nomeadamente para empresas
como a suam, antes de o pedir.
3. Prefira bancos que já o conhecem (empréstimos anteriores, por ter conta aberta, por conhecer
funcionários bem colocados e com quem mantêm uma relação de confiança). No crédito
bancário, a confiança e consideração pessoais podem ser mais importantes que a própria
qualidade do projecto apresentado. Se essa relação não existe, procure criá-la (abra conta,
contraria empréstimos pequenos, enfim, crie uma história).
4. Saiba concretamente quanto precisa, para quê e como poderá calendarizar o pagamento. Ter
uma proposta claramente definida é a melhor forma de credibilizar a mesma.
5. Seja sincero na resposta às questões que lhe são colocadas. Isto é fundamental para cimentar
uma relação de confiança.
Fim!
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