09/09/2020 AVA UNINOVE 09/09/2020 AVA UNINOVE
palavra. É por essa razão que utiliza, em sua produção escrita, rabiscos, desenhos, garatujas, letras e outros
sinais gráficos, de modo que só ela mesma entende aquilo que escreveu.
Além disso, a escrita de uma criança na hipótese pré-silábica também pode revelar característica do
A psicogênese da língua escrita
objeto representado. Assim, se ela for convidada a escrever a palavra FORMIGA, ela pode representar esse
animal assim: XM2, com poucos sinais gráficos, uma vez que que se trata de um animal pequeno; se for
convidada e escrever a palavra BOI, pode ser que ela represente esse animal assim:
CONHECER OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA; COMPREENDER AS
PX3LTUXTOOOOAVEMOXOAT, com vários sinais gráficos, pois trata-se de um animal de grande porte. Em
HIPÓTESES QUE A CRIANÇA LEVANTA SOBRE A ESCRITA; INTERPRETAR A ESCRITA DO ALUNO PARA
outras palavras, a extensão da escrita depende do tamanho do objeto representado pela escrita. Veja a
CHEGAR A UM DIAGNÓSTICO SOBRE O NÍVEL LINGUÍSTICO EM QUE ELA SE ENCONTRA.
seguir um exemplo de escrita de uma criança que se encontra na hipótese pré-silábica:
AUTOR(A): PROF. FLAVIA RENATA ALVES DA SILVA
AUTOR(A): PROF. NADIA CONCEICAO LAURITI
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
Inicialmente, vamos pensar sobre o significado da palavra psicogênese? Esse termo significa origem
de todo e qualquer conhecimento. Em se tratando do campo da aquisição da escrita, psicogênese significa a
origem do conhecimento da leitura e escrita, isto é, de que forma a criança desenvolve sua competência
leitora e escritora, antes mesmo de compreender o sistema de escrita. Daí o porquê de uma teoria intitulada
“Psicogênese da língua escrita”, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.
Apoiada no Construtivismo de Jean Piaget, essa teoria explica como a criança constrói seu
conhecimento da leitura e da escrita, isto é, quais são as diferentes hipóteses que ela levanta sobre o
sistema de escrita mesmo que ainda não compreenda o sistema alfabético. Inicialmente difundida, nos anos
70, em países de língua espanhola e trazida para o Brasil nos anos 80, a teoria psicogenética de aquisição da
escrita influenciou, fortemente, a prática pedagógica na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental, equivocadamente confundida com método de alfabetização.
Não se trata de método, e sim de uma teoria segundo a qual o aprendiz, à medida que se apropria da
escrita, levanta hipóteses sobre essa modalidade de linguagem com que se depara nos mais diferentes
contextos sociais e com ela estreita contato na escola por meio da ação do professor. Tais hipóteses, que se
apoiam em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações, fornecem ao professor alfabetizador Legenda: TAG: ALFABETIZAçãO, ESCRITA, PRé-SILáBICA
dados importantes acerca dos níveis linguísticos dos alunos durante o processo de alfabetização. De posse
desses dados, o professor decidirá que atitude tomar para que o aprendiz reflita sobre seus erros e avance B) HIPÓTESE SILÁBICA
na aprendizagem da escrita. Neste momento, você deve estar se perguntando: e quais essas hipóteses? Nesta hipótese, a criança já tem noção de sílaba, pois já segmenta a palavra em duas, três ou quatro
Emília Ferreiro e Ana Teberosky as chamam de: a) hipótese pré-silábica, b) hipótese silábica, c) hipótese “pedaços”, mas imagina que apenas uma letra é suficiente para representar cada sílaba. Assim, se a criança
silábico-alfabética, d) hipótese alfabética. Vamos conhecer cada uma delas? percebe que a palavra tem suas sílabas, ela representa tal palavra utilizando em sua escrita somente duas
letras, uma para cada sílaba; se a palavra tem três sílabas, ela utiliza três letras, e assim por diante. Essa
A) HIPÓTESE PRÉ-SILÁBICA escrita pode ou não ter valor sonoro convencional, razão pela qual muitos professores subdividem a
É a hipótese segundo a qual a produção escrita da criança revela que ela ainda não tem noção de hipótese silábica em silábica sem valor sonoro e silábica com valor sonoro.
sílaba, por isso “PRÉ-SILÁBICA. Neste caso, a criança ainda não concebe a escrita como um código de
representação da fala, isto, não entende que a escrita representa os sons que ela pronuncia ao falar a
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Na hipótese silábica sem valor sonoro, a criança utiliza uma letra para cada sílaba, mas a letra que Já na hipótese silábica com valor sonoro, a criança continua utilizando uma letra para cada sílaba,
utiliza não mantém nenhuma relação com nenhum dos sons da sílaba. Imagine que uma criança, ao ser mas agora a letra que ela usa representa um dos sons da sílaba, seja ela o som da vogal ou da consoante.
convidada a escrever a palavra FORMIGA, tenha escrito essa palavra assim: PTX. Observe que ela utilizou Imagine que ela, ao ser convidada a escrever a palavra FORMIGA, tenha escrito essa palavra assim: FMG.
três letras porque percebeu que a palavra em questão tem três sílabas, mas note que a letra P não Observe que ela utilizou três letras porque percebeu que a palavra em questão tem três sílabas e note
representa nenhum dos sons da sílaba FOR-, assim como a letra T não representa nenhum dos sons da também que a letra F representa um dos sons da sílaba FOR-, no caso o som [f ], assim como a letra M
sílaba MI-, e a letra X não representa nenhum dos sons da sílaba GA. Veja a seguir um exemplo de escrita de representa um dos sons da sílaba MI-, no caso, o som [m] e a letra G representa um dos sons da sílaba GA,
uma criança na hipótese silábica sem valor sonoro: no caso, o som [g]. Veja a seguir um exemplo de escrita de uma criança que se encontra na hipótese silábica
com valor sonoro:
Legenda: TAG: ALFABETIZAçãO, ESCRITA, SILáBICA COM VALOR SONORO
C) HIPÓTESE SILÁBICO-ALFABÉTICA
Neste estágio de aquisição da escrita, a criança se encontra na transição entre o nível silábico, que
acabamos de estudar, e o próximo nível: o alfabético. Isso significa que ela representa sílabas completas,
com todas as letras, porque já percebeu todos os sons de tais sílabas, mas representa outras sílabas com
apenas uma letra. Assim, se a criança for convidada a escrever a palavra TOMATE, ela pode representá-la
assim: TOAT. Essa escrita revela que o ouvido da criança já detectou todos os sons da primeira sílaba da
palavra em questão, por isso representou cada um desses sons com uma letra. Contudo, note que ela
representa a sílaba MA apenas com a letra A e sílaba TE somente com a letra T.
Na hipótese silábico-alfabética, o aprendiz está muito próximo da escrita alfabética. Compete ao
professor alfabetizador o trabalho de refletir com a criança sobre o sistema linguístico a partir da
observação da escrita alfabética e da reconstrução do código escrito. Veja a seguir um exemplo de escrita de
Legenda: TAG: ALFABETIZAçãO, ESCRITA, SILáBICO SEM VALOR SONORO
uma criança que se encontra na hipótese silábico-alfabética:
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IMPLICAÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS
Durante sua prática pedagógica, o professor que tome por base o referencial teórico da Psicogênese da
língua escrita precisa levar em consideração que:
a) a produção escrita dos aprendizes revela erros construtivos, cabendo ao professor interpretar esses erros,
fazer um diagnóstico das hipóteses linguísticas dos alunos e, de posse do conhecimento dessas hipóteses,
planejar atividades com vistas a promover avanços na aquisição da escrita.
b) os avanços na escrita são diferentes para cada criança, uma vez que as turmas são heterogêneas, afinal,
estamos lidando com pessoas, e cada ser humano é único e, portanto, tem suas individualidades.
ATIVIDADE
Legenda: TAG: ALFABETIZAçãO, ESCRITA, SILáBICA ALFABéTICA
D) HIPÓTESE ALFABÉTICA
Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em seus estudos sobre a
Nesta fase, a criança atingiu um nível de consciência fonológica bastante apurado, pois percebe todos psicogênese da língua escrita, a criança levanta hipóteses acerca da
os sons de todas as sílabas, representando-as por completo. Assim, se a sílaba tem dois sons, a criança a
representa utilizando duas letras; se tem três sons, ela a representa com três leras e assim por diante. É
escrita, passando por diferentes níveis linguísticos. Acerca desses
importante salientar que se trata de uma escrita fonética, não ortográfica. Assim, se a criança for convidada níveis, julgue os itens que seguem e depois assinale a alternativa
a escrever a palavra EXAME, ela pode representá-la assim: “EZAMI”. O desafio que cabe ao professor agora
é tornar essa criança alfabetizada, ou seja, caminhar em direção à escrita convencional, com correção
CORRETA.
ortográfica e gramatical. Veja a seguir um exemplo de escrita de uma criança que se encontra na hipótese I. Na hipótese pré-silábica, a criança ainda não estabelece relação entre
alfabética:
a letra e seu aspecto sonoro.
II. Na hipótese silábica, a criança começa a considerar, na escrita, os
aspectos sonoros da fala, podendo registrar uma letra para cada sílaba.
III. Na hipótese alfabética, a criança inicia o processo de distinção entre
os fonemas, podendo usar, às vezes, mais de uma letra para uma mesma
sílaba.
IV. Na hipótese silábico-alfabética, como a criança já identifica cada
som representado pelas letras, já pode ser considerada alfabetizada.
Está CORRETO o que se afirma em:
A. II e III.
B. I, II e III.
C. I, II e IV.
D. I e II, apenas.
Legenda: TAG: ALFABETIZAçãO, ESCRITA, ALFABéTICA
ATIVIDADE
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Considere a seguinte situação hipotética: uma criança do 2º ano do
ensino fundamental escreveu as palavras ELEFANTE, GIRAFA E VACA
assim: ELEFT, JIRF, VAK. A produção escrita dessa criança revela que
ela está na hipótese:
A. pré-silábica.
B. silábica.
C. silábico-alfabética.
D. alfabética.
ATIVIDADE
Com relação às características da escrita das crianças que estão no
processo de alfabetização, é correto afirmar que:
A. A escrita pré-silábica é segmentada em unidades sonoras.
B. A escrita silábica já apresenta sílabas com completas, como duas ou três
letras.
C. A escrita alfabética é fonética.
D. A escrita alfabética é ortográfica.
REFERÊNCIA
FERREIRO, E. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
NEMIROVSKY, M. O ensino da linguagem escrita. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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