Prática 2: Uso da balança e vidrarias. Diferenças de precisão.
Medidas e Erros
1. Introdução
O processo científico é iniciado com observações, embora estas sejam algumas vezes acidentais,
são normalmente realizadas sob condições rigorosamente controladas no laboratório. As
observações podem ser qualitativas (pode-se observar, por exemplo, que a cor da oxidação do
ferro é simplesmente marrom avermelhada) ou quantitativas (pode-se observar qual a massa
obtida de um produto numa reação).
Nenhuma ciência pode progredir muito sem se valer de observações quantitativas; isto significa
que devemos fazer medidas.
Um processo de medida envolve, geralmente, a leitura de números em algum instrumento; em
consequência, tem-se quase sempre alguma limitação no número de dígitos que expressam um
determinado valor experimentalmente.
Cada medida, não importando o grau de cuidado com qual ela é feita, está sujeita a erro
experimental. A magnitude desse erro pode ser expressa, de um modo simples, usandose
algarismos significativos.
1.1 Grandeza química
Uma grandeza sempre pode ser considerada um produto de um valor numérico com uma unidade:
Grandeza química = número x unidade
Exemplos: A massa m de um corpo é m = 25,3 g, o volume de um balão volumétrico é 50 mL. Em
química as principais grandezas são:
1.2 Algarismos significativos e suas incertezas
Cada medida que realizamos envolve um certo grau de incerteza ou erro. A dimensão desse erro
dependerá da natureza e da grandeza da medida, do tipo de instrumento de medida e da nossa
habilidade para usá-lo.
Para cada medida efetuada devemos indicar o grau de incerteza associado. Esta informação é vital
para quem queira repetir um experimento ou julgar sua precisão.
O método pelo qual é indicado a precisão de uma medida, é descrito em termos de algarismos
significativos. Necessitamos conhecer quantos algarismos foram utilizados em uma determinada
medida, para isto são considerados os seguintes itens:
Zeros entre dígitos diferentes de zero são significativos;
Zeros além do ponto decimal no final de um número são significativos;
Zeros que precedem o 1° dígito diferente de zero não são significativos.
OBS 1.: Quando quantidades experimentais são adicionadas ou subtraídas, o número de dígitos
após a vírgula decimal no resultado é igual ao da quantidade com o menor número de dígitos após
a mesma.
a) 23,0 + 13,3 = 36,3 b) 23,0 + 13 = 36 c)15,07 - 3,21 = 11,9
OBS 2.: Quando grandezas experimentais são multiplicadas ou divididas, o total de algarismos
significativos no resultado é igual ao da grandeza com o menor número de algarismos significativos.
a) 2,00 x 3,00 = 6,00 b) 2,00 x 3,0 = 6,0 c) 6,000/2,00 = 3,00
Os números podem ser exatos ou aproximados. Números exatos são aqueles com nenhuma
incerteza (são as constantes físicas ou químicas), já os números aproximados são mais comuns,
resultam de medidas diretas ou indiretas e apresentam algum grau de incerteza.
Dois são os termos que descrevem a confiança de uma medida numérica: a exatidão e a precisão.
A exatidão é relativa ao verdadeiro valor da quantidade medida; e a precisão é relativa à
reprodutibilidade do número medido, isto é, tem um desvio médio absoluto pequeno.
1.3 Formas de Medição
Os instrumentos comuns de medida de volume de líquido são de dois tipos: os que medem volume
variáveis (e para tanto possuem uma escala graduada) e os que medem volumes definidos (e para
tanto possuem apenas um risco ou marca).
A medida de volumes de líquidos, em qualquer um dos instrumentos mencionados, implica numa
comparação da altura do líquido com uma divisão da escala graduada ou com a marca.
A altura do líquido é definida por um menisco, que geralmente é côncavo, a parte inferior do
menisco deve ser usada como referência nas medidas de volume.
O regime de escoamento para qualquer dos instrumentos mencionados para volume não é total,
sobrando sempre líquido na ponta ou em suas laterais.
Para obter medições mais precisas, o que fica do volume nos instrumentos, não deve ser
transferido, pois essa quantidade já é levada em conta pelo fabricante.
No caso de pipetas, existem dois tipos disponíveis no mercado: pipeta de um traço: é necessário
soprar o volume residual; pipeta de dois traços: não é necessário soprar o volume residual. É de
responsabilidade do técnico conferir o tipo de pipeta que está sendo utilizado.
Quando medimos a massa, medimos a quantidade de matéria que a amostra contém. Uma vez que
a aceleração da gravidade é constante para um ponto determinado da superfície terrestre, o peso é
proporcional à massa.
Figura 1 – Instrumentos de medida de volume. Da esquerda para direita, temos; pipeta
volumétrica, pipeta graduada, balão volumétrico, bureta e proveta ou cilindro graduado
1.4 Balança
1.4.1 Pesagem
Uma das mais comuns e importantes operações de laboratório é a determinação de massas, ou
pesagem. Vários tipos de balanças são encontrados em laboratório, desde as utilizadas em
pesagem mais grosseiras até as de grande sensibilidade.
i) Balanças semi-analíticas – são balanças de prato simples e manejo
simplificado, nas quais a leitura da massa é feita através de uma escala
digital. Existem modelos com precisão de 0,01 e 0,001g.
ii) Balanças analíticas – são balanças de prato simples e manejo
simplificado, nas quais a leitura da massa é feita através de uma escala
digital. Existem modelos com precisão de 0,0001 e 0,00001g.
Esses dois tipos são hoje de grande uso, tendo praticamente substituído os modelos mais antigos.
O manejo de qualquer dessas balanças requer cuidados especiais, pois são instrumentos precisos e
de grande sensibilidade. Assim, nunca use uma balança antes de saber como manejá-la. Procure o
manual que a acompanha para se familiarizar com seu uso, ou consulte o técnico do laboratório.
Como regras gerais, observe os seguintes cuidados:
a) Não remova os pratos, nem os troque com os de outra balança.
b) Mantenha a balança no seu lugar. Geralmente, as balanças ficam apoiadas sobre superfícies bem
estáveis, e devem ser mantidas niveladas. Vibrações, mudanças bruscas de temperatura ou de
umidade e movimentos de ar devem ser evitados.
c) Nunca coloque qualquer reagente diretamente sobre os pratos da balança. Líquidos e sólidos, em
pó ou granulados, devem ser pesados em algum recipiente seco apropriado (pesa-filtro, béquer,
vidro de relógio, etc.), previamente tarado (aperte a tecla TARA) e à temperatura ambiente.
d) Não coloque na balança nenhum material que não esteja na temperatura ambiente.
e) Conserve a balança limpa, retirando quaisquer respingos, partículas ou poeira de seus pratos
com uma escova especial.
f) Execute todas as operações com movimentos suaves e cuidadosos.
g) O operador ou outra pessoa não deve se apoiar no balcão da balança durante a pesagem.
h) Toda transferência de substâncias e/ou pesos, deve ser feita somente quando os pratos
estiverem travados.
i) Use pinças e espátulas, e nunca os dedos, para manusear os objetos e substâncias que estão
sendo pesados.
j) Ao terminar seu trabalho, remova todos os pesos e objetos da balança. Mantenha-a coberta ou
fechada. Nos casos de balanças eletrônicas, tenha a certeza de que ela está desligada.
As etapas envolvidas na utilização de uma balança são, em resumo:
- Acerto do nível;
- Acerto do zero (TARA);
- Pesagem propriamente dita;
- Leitura da massa do objeto no painel da balança
2. Erros
Erro é a diferença entre o valor encontrado em uma medida e o valor real desta medida. O valor
verdadeiro, entretanto nem sempre é conhecido. Existem alguns tipos de erros:
Erro grosseiro:
É aquele cometido por um engano grosseiro, como, por exemplo, ler 154 e registrar 145.
Erro sistemático:
É o tipo de erro devido a uma causa sistemática, como erro da calibração do equipamento, ou erro
do operador. Este erro é repetitivo e difícil de ser detectado. Uma forma de encontrá-lo é medir
uma amostra de valor conhecido e certificado, denominada: material de referência ou padrão.
Erro aleatório:
São os erros que interferem na precisão de um experimento e fazem com que o resultado flutue
em torno da média. As principais fontes de erro são: instrumento, operador, materiais e
procedimento.
A expressão erro é comumente empregada como desvio, mas rigorosamente, considera-se como
erro a diferença entre o valor verdadeiro da medida de uma grandeza e a medida obtida por
medições. Para expressar os erros ou desvios, usamos de algumas ferramentas estatísticas para
determiná-los.
Média Aritmética ou valor mais provável da medida de uma grandeza (M) – Chamando de m1,
m2, m3, . . . , mn, as n medidas de uma grandeza, dignas de mesma confiança.
Desvio Relativo (DR) – O desvio relativo de cada medida é o seu desvio absoluto dividido pela
média:
Desvio Percentual (DP) – A medida mais precisa é aquela que possui menor desvio percentual
Desvio padrão (DP) – É uma medida da dispersão dos “n” resultados em relação ao valor médio.
3. Parte Experimental
Materiais:
Provetas de 100 mL, 50 mL e 10 mL Pipeta volumétrica de 5mL
Pipeta graduada de 5mL Béquer de 100mL Balão volumétrico de
50mL
Bureta de 50ml Balança Analítica
1ª EXPERIÊNCIA: Comparação de volumes medidos com a proveta e com o balão
volumétrico.
Meça cinquenta mililitros de água destilada em uma proveta adequada e transfira para um balão
volumétrico de cinquenta mililitros de capacidade. Ver figura abaixo:
Anotar as medidas e analisar a equivalência de volumes entre os dois instrumentos. Justificar se
houve ou não coincidência nas medidas:
Volume (mL) Justificativa
Proveta: ___________
Balão Volumétrico: _________
2ª EXPERIÊNCIA: Comparação de volumes medidos com a proveta e com a bureta
Recolha cinquenta mililitros de água em uma bureta adequada, transporte para uma proveta de
100 ml de capacidade. Anote corretamente os valores medidos, justificando se houve ou não
coincidência entre eles. Ver figura abaixo:
Volume (mL) Justificativa
Bureta: ___________
Proveta: _________
3ª EXPERIÊNCIA: Adição de volumes medidos em instrumentos diferentes
Em uma proveta de cinquenta mililitros de capacidade, adicione:
cinco mililitros de água medidos em uma pipeta volumétrica,
cinco mililitros de água medidos em uma pipeta graduada,
cinco mililitros de água medidos em uma bureta,
dez mililitros de água medidos em uma proveta.
Anotar corretamente o volume de água existente na proveta onde foram coletados os líquidos.
Instrumentos Medidas
Pipeta volumétrica
Pipeta Graduada
Bureta
Proveta
Total
Calcular e expressar o valor resultante da soma dos valores adicionados, considerando a precisão
de cada instrumento. Comparar o valor calculado com o valor observado.
Resposta:
Pese um béquer de cem mililitros de capacidade e determine a sua massa em gramas. Adicione a
este béquer cinquenta mililitros de água medidos em uma proveta e determine a massa deste
conjunto.
Peso do béquer:
Peso do béquer com água:
Peso da água:
Volume estimado de água:
Comparar o valor do volume de água medido com o valor calculado. Justificar se houve
coincidência destes valores e as possíveis causas de erro (considerar dH2O = 1000kg/m3)
Resposta:
Questionário:
1- Complete a tabela:
2- Faça as operações aritméticas indicadas considerando que cada número é resultado de
uma medida experimental:
a) 351 + 2,982 = b) 25,128-0,0042 = c) 13,51 + 1,00754 + 0,214 =
d) 4,6254 - 10,1 = e) 14,021 + 14 = f) 126 x 2,51 =
g) 3,658 x 9,2 = h) 68,1/38 =
i) (3,8 x 108 ) x (2,65 x 105 ) = j) (8,1 x 10-4)/(2,4587 x 10-5) =
3. Converter as seguintes massas para gramas:
a) 3,89 x 10-6 kg b) 1,8 x 104 mg c) 6 g d) 12 ng e) 8 pg f) 3,24 t
4. Converter 0,005 g/cm3 em:
a) g/mL b) g/L c) kg/mL d) kg/L e) kg/m3 f) g/m3
5. De que depende a variabilidade dos resultados de uma medida?
6. Dentre as seguintes medidas, qual é a mais precisa e a mais imprecisa?
a) (1,0 + ou – 0,1) mL b) (2,00 + ou – 0,01) mL c) (9,8 + ou – 0,5 ) mL
7. Qual a diferença entre precisão e exatidão de uma medida?