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A EUCARISTIA - Introdução

O documento apresenta um resumo da biografia e obra do teólogo ortodoxo Alexandre Schmemann. Ele ensinou teologia na Igreja Ortodoxa Russa e nos Estados Unidos, escrevendo diversos livros sobre liturgia e eucaristia. Sua última obra, sobre a eucaristia como "Sacramento do Reino", é resumida no documento, que descreve como Schmemann via a eucaristia como fonte de renovação para a Igreja em meio a uma crise espiritual.

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A EUCARISTIA - Introdução

O documento apresenta um resumo da biografia e obra do teólogo ortodoxo Alexandre Schmemann. Ele ensinou teologia na Igreja Ortodoxa Russa e nos Estados Unidos, escrevendo diversos livros sobre liturgia e eucaristia. Sua última obra, sobre a eucaristia como "Sacramento do Reino", é resumida no documento, que descreve como Schmemann via a eucaristia como fonte de renovação para a Igreja em meio a uma crise espiritual.

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A EUCARISTIA, sacramento do Reino.P. Alexandre Schmemann.

Traduzido em francês por Constantin Andronikof.

Edição “L’Echelle de Jacob”.O.E.I.L., 12, Rue Du dragon. 75600. Paris.

YMCA-PRESS, 11, Rue de la Montagne Ste Geneviève. 75500. Paris.

OEIL/YMCA-PRESS, 1985.

ISBN 2-85065-073-0(YMCA-PRESS)

ISBN2-86839-053-6(OIEL)

Nota do tradutor (C. Andronikof.).

Tem quase meio século que no Paris gelado pela desfeita e ocupação
(alemã), dois ou três estudantes iluminavam – se ao ardor douto do
ensino dispensado pelo Instituto Saint Serge, assim como eles o teriam
feito diante de um anfiteatro lotado, de personagens prestigiosos, no
nimbo da emigração de sua gloria de antigamente na Rússia, como o P.
Boulgakov, Antoine Kartachov, o P. Basílio Zenkovsky, Boris Vycheslatsev...
Esses estudantes não eram por menos assíduos às aulas do P. Cyprien
Kern, Vladimir Weidlé, Constantin Motchoulsky, Vladimir Ilyine. ...

No meio desses moços que todos consagraram – se como leigos ou como


sacerdotes ao serviço da Igreja, A. Schmemann já se distinguia pelo seu
entusiasmo e bom humor, bom senso e saber. Desde a infância, ele
desejava ser padre para “servir a Luz” como dizia. Ele foi feito sacerdote
em 1946.

Ele ensina no inicio em Saint – Serge, a historia da Igreja. (Ver; O caminho


histórico da Ortodoxia; New York 1956; Traduzido do inglês, Sâo Vladimir’s
Seminary Press, Creswood, 1977.) Rapidamente, ele vai preferir “a
economia dos vivos“ a “historia dos mortos”, seja a litúrgica.

Ele ocupa essa cadeira de professorado no seminário Sâo Vladimir


(Crestwood, NY.) onde ele assume a sucessão do P. Georges Florovsky em
1962. Ele foi um dos propagadores dos mais enérgicos e ouvidos na Igreja
Ortodoxa na America do Norte, com o P. Jean Meyendorff, atual decano
de Sâo Vladimir, artesão da acessão dessa Igreja à autocéfalia em 1970.
Ele foi membro da comissão “FE E CONSTITUICÂO” (a parte séria do
concilio ecumênico das Igrejas e anterior a esse), observador do Concilio
Vaticano II, deu aulas muito seguidas nas Universidades de Columbia, de
NY, ciclos de conferências em vários institutos, participou de inumeráveis
colóquios e congressos (na maior parte do tempo ao beneficio do seu
Seminário); sua predicação estendeu – se até a URSS por via radiofônica...

Entre seus livros, “Pour La Vie Du Monde” fez a volta do planeta em varias
línguas (Trad. Fr. Paris, 1969). Ainda temos que citar a sua “Introduction à
la Théologie liturgique”(ver nota 3); Le Grand Carême, ( Belle Fontaine,
Coll. Spiritualité Orientale, n° 13, 1977) ; Of Water and the Spirit ( Estudo
liturgicosobre o batismo) ; St Vladimir’s Seminary Press, 1974; SPCK,
London, 1976), livretos de artigos; Liturgy and Life (St Vladimir’ssem.Press,
1974); Church, World, Mission(ib.,1979).

Dezenas de outros artigos são dispersos em varias revistas. Com a clareza,


o caráter incisivo, a irônica bondade de coração e probidade intelectual
que lhes eram próprias, ele expõe vários problemas históricos,
dogmáticos, espirituais que levaram a atual crise do cristianismo,
dramática nos ocidentais, latente nos ortodoxos. Ele oferece dela,
indicando frequentemente a sua solução. Lembremos aqui os seus ensaios
a respeito dos problemas 1) canônico, 2) litúrgico, 3) espiritual( publicados
em SS Vladimir’s Teological Quaterly,
vol.8.2(1964),vol.8.4(1964),vol.9.4(1965). Eles visam a situação da Igreja
na America, mas percebe – se , ao ler esses artigos, quanto bem mais
amplo é o seu alcance.

Porem, o espírito do pastor e do teólogo liturgista eram particularmente


irradiados pelo mistério fundamental do cristianismo; a participação do
homem à natureza divina; a saber; a Eucaristia. E a Ela que ele vai
consagrar o seu ultimo trabalho. Ele considerava – o como a sua obra
essencial e como a sua avaliação sacerdotal e professoral. Para redigir essa
obra, ele teve de lutar contra a doença que enfraquecia - o insidiosamente
e que interrompeu brutalmente o curso de sua vida terrestre dia 13 de
dezembro de 1983.
Assim como anotado pelo editor da versão original russa (YMCA-PRESS,
Paris, 1984); “O P. Alexandre pôs o ponto final ao seu livro em novembro
de 1983, um mês antes de sua passagem. Não teve tempo de indicar a sua
disposição alem do segundo capitulo, nem de compor os complementos
que ele tinha previsto. Apenas quatro grandes capítulos foram revisados
pelo autor...”

Muitos alunos, colegas, amigos do P. Schmemann, assim como


especialistas da liturgia esperavam um trabalho erudito sobre as origens,
evolução e doutrina da liturgia eucarística. Ele nos deixou algo bem mais
precioso e mais fecundo; uma viva exposição do sentido eclesial da
Eucaristia, saindo do interior dos ritos e fundada em uma experiência
vivida do mistério (ver; AO LEITOR), não sem uma solida ciência teológica,
subjacente em todos os capítulos e em tudo com a vibrante firmeza do
predicador.

Esse trabalho leva o leitor (ou quase que o auditor, pois da para OUVIR o
P. Schmemann falar...) ate uma redescoberta da Eucaristia, “Sacramento
do Reino”, consideravelmente ocultado por uma deviaçâo secular da
piedade e da teologia cristãos.

Formados pelos mesmos mestres, nos trabalhamos em seguida na maior


parte na mesma disciplina, intimamente unidos pela amizade e comunhão
de pensamento. E então com alegria que nôs nos submetemos a demanda
do autor, repetida ainda algumas semanas antes de sua passagem e que
procuramos traduzir fielmente em francês na substância e no estilo direto
do original russo. Referências bíblicas, patrísticas, litúrgicas, assim como
notas foram completadas e acrescidas (com a competente ajuda de André
Lossky, que por isso agradecemos aqui).

No texto, a palavra “LITURGIA” esta escrita com maiúscula quando é


Liturgia eucarística, para diferenciar ela dos ofícios e cultos em geral, e
assim como é chamada pelos Ortodoxos a Eucaristia.
AO LEITOR.
Este livro não é um manual de teologia litúrgica, nem um estudo erudito.
Eu redigi este livro aos poucos em raros momentos de lazer. Reunindo
hoje esses diferentes capítulos, não pretendo apresentar uma obra
completa nem sistemática.

O leitor encontrara nele uma serie de reflexões a respeito da Eucaristia, a


partir, não de uma “problemática cientifica” ,mas sim de uma experiência,
mesmo se limitada e modesta como o é. Como sacerdote e professor de
teologia, como pastor e docente, eu servi a Igreja durante mais de trinta
anos. Acontece que jamais, durante todo esse período, a Eucaristia parou
de me questionar fundamentalmente quando ao seu sentido e seu lugar
na Igreja; e essa interpelação, que eu conheci desde a minha adolescência,
encheu a minha vida de alegria.

Porém, não apenas de alegria. De fato, mais a experiência de Eucaristia, da


divina Liturgia, do Mistério da vitoria e da glorificação do Cristo tornava –
se real em mim, mais forte era o meu sentimento de um tipo de CRISE
EUCARISTICA na Igreja. Se a tradição eclesial não mudou em nada, a
PERCEPCÂO da Eucaristia, de sua própria essência, modificou – se.

Essa crise é essencialmente ligada a uma falta de coerência entre a


realidade do que esta sendo realizado dentro da Eucaristia e o que d’ Ela é
entendido e ressentido.

Sempre foi assim mesmo, até certo ponto, na Igreja. Sua vida, ou mais
exatamente, a do povo eclesial, jamais foi perfeita, ideal. Porém, com o
tempo, a crise transformou – se num tipo de estado crônico e normativo
de “esquizofrenia”, que envenena a Igreja e que mina o próprio
fundamento da sua vida.

Porém não é exagerado dizer que estamos vivendo uma época terrível e
espiritualmente perigosa. Nisso, não apenas por causa do ódio, dissensões,
sangue derramado, mas antes de nada por causa da crescente revolta
contra Deus e contra o Seu Reino.
Não é mais Deus, mas sim o homem que é “a medida de todas as coisas”.
Não é mais a fé, mas a “ideologia”, a “utopia” que determinam a condição
espiritual do mundo.

A partir de certo momento, o cristianismo ocidental parece ter aceitado


essa perspectiva; quase que instantaneamente, uma “teologia da
libertação” apareceu, as questões econômicas, políticas, psicológicas
foram substituídas à concepção cristâ do mundo, ao serviço de Deus. Em
todo canto se vê monjas atarefadas, teólogos, bispos que pegam a defesa
(contra Deus?) dos “direitos”, que se fazem os advogados do aborto ou
das perversões... ; e tudo isso em nome da Paz, da concórdia, da união de
todos...

Porém, o fato é que não é este mundo ali que o Senhor Jésus Cristo tinha
anunciado e que Ele nos tinha dado. Muitos espantarão – se talvez do que
em resposta à CRISE, estou sugerindo levar a nossa atenção não sobre um
exame de seus elementos constitutivos, mas sim sobre o sacramento da
Eucaristia, sobre a Igreja que vive esse mistério. Pois eu acredito, é dentro
desse “Santo dos Santos” da Igreja, nessa subida para a Ceia do Senhor,
até o Seu Reino que se encontra a fonte do RENASCIMENTO esperado.

E eu acredito, assim como a Igreja sempre acreditou, que essa subida


inicia – se por uma “SAIDA DESSE MUNDO”, adultero e pecador; convém
começar por nos – mesmos, “despojados de todas as nossas preocupações
terrestres”. Não a agitação, o barulho e furor ideológicos, mas o dom do
céu; tal é a vocação da Igreja no mundo e a fonte do seu serviço.

Também eu acredito que, pela misericórdia de Deus, a Ortodoxia


conservou e transportou no meio dos séculos essa visão, essa consciência
da Igreja, sabendo que “onde esta à Igreja, ali também esta o Espírito
santo... e toda a plenitude da Graça”.

(Irineu de Lyon, Adv. Haer III, 24, 1).

Mas justamente pelas coisas serem assim mesmo, nos ortodoxos,


devemos encontrar em nos – mesmos a força de nos mergulhar nesse
renascimento eucarístico. Não é questão de “reformas”;
“aggiornamento”, “modernização”, “adaptação”, etc. E questão ao
contrario de voltar à visão, à experiência da qual a Igreja viveu desde as
origens.

Fazer lembrar-se disso é o objetivo desse livro.

Eu o redigi pensando na Rússia, com dor, mas também com alegria.

Aqui, nos que somos livres, podemos pensar e discutir. A Rússia vive pela
confissão e pelo sofrimento. Esse sofrimento, essa fidelidade são dom de
Deus, socorro da Graça.

Mesmo se apenas for em parte, o que pretendo dizer nessas linhas


chegasse até a Rússia e ali for de alguma utilidade, eu consideraria ,
agradecendo a Deus, que minha tarefa esta realizada.

Protopresbitero A. Schmemann.

Novembro 1983.

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