2.MGF Família - Com Revisão
2.MGF Família - Com Revisão
TEM: MGF1
MÓDULO 2: MGF e família
Dra. Rosália Páscoa
Declaração de Conflito de Interesses
Estrutura
DEFINIÇÃO EUROPEIA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR DA WONCA
o A disciplina e a especialidade de Medicina Geral e Familiar
o As características da disciplina de Medicina Geral e Familiar
o A especialidade de Medicina Geral e Familiar
o Competências nucleares
o Aspetos de fundo essenciais
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
o Instrumentos de avaliação familiar
o Escalas
o Critérios para avaliação familiar
o Fatores familiares de risco vs protetores na doença
DÚVIDAS
Definição Europeia de Medicina Geral e
Familiar da WONCA
DEFINIÇÃO EUROPEIA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR DA WONCA
A DISCIPLINA E A ESPECIALIDADE DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
A Medicina Geral e Familiar (MGF) é uma disciplina académica e científica, com os seus próprios conteúdos
educacionais, investigação, base de evidência e atividade clínica; é uma especialidade clínica orientada para os
World Organization of Family Doctors (WONCA). European Definition of General Practice Family Medicine. 3rd. WONCA Europe. 2011.
DEFINIÇÃO EUROPEIA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR DA WONCA
A DISCIPLINA E A ESPECIALIDADE DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
DEFINIÇÃO EUROPEIA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR DA WONCA
A DISCIPLINA E A ESPECIALIDADE DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
DOI: 10.32385/rpmgf.v37i1.12943
DEFINIÇÃO EUROPEIA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR DA WONCA
AS CARACTERÍSTICAS DA DISCIPLINA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
A. ser normalmente o primeiro ponto de contacto médico com o sistema de saúde, proporcionando um acesso
aberto e ilimitado aos seus utentes e lidando com todos os problemas de saúde, independentemente da idade,
sexo, ou qualquer outra característica da pessoa em questão;
B. utilizar eficientemente os recursos de saúde, coordenando a prestação de cuidados, trabalhando com outros
profissionais no contexto dos cuidados primários e gerindo a interface com outras especialidades, assumindo um
papel de advocacia do utente sempre que necessário;
C. desenvolver uma abordagem centrada na pessoa, orientada para o indivíduo, a família e a comunidade;
E. ter um processo de consulta singular em que se estabelece uma relação ao longo do tempo, através de uma
comunicação médico-utente efetiva;
World Organization of Family Doctors (WONCA). European Definition of General Practice Family Medicine. 3rd. WONCA Europe. 2011.
DEFINIÇÃO EUROPEIA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR DA WONCA
AS CARACTERÍSTICAS DA DISCIPLINA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
F. ser responsável pela prestação de cuidados continuados longitudinalmente consoante as necessidades do
utente;
H. gerir simultaneamente os problemas, tanto agudos como crónicos, dos pacientes individuais;
I. gerir a doença que se apresenta de forma indiferenciada, numa fase precoce da sua história natural, e que pode
necessitar de intervenção urgente;
L. lidar com os problemas de saúde em todas as suas dimensões física, psicológica, social, cultural e existencial.
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A ESPECIALIDADE DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
• Os médicos de família (MF) são:
• Cuidam de indivíduos no contexto das suas famílias, comunidades e culturas, respeitando sempre a autonomia
dos seus utentes;
• Ao negociarem planos de ação com os seus utentes, integram fatores físicos, psicológicos, sociais, culturais e
existenciais, recorrendo ao conhecimento e à confiança gerados pelos contactos repetidos;
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A ESPECIALIDADE DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
• Exercem o seu papel profissional:
o promovendo a saúde,
o prevenindo a doença,
o prestando cuidados curativos,
o de acompanhamento ou paliativos,
o promovendo o empowerment e autocuidado
quer diretamente, quer através dos serviços de outros, consoante as necessidades de saúde e os recursos
disponíveis no seio da comunidade servida, auxiliando ainda os utentes, sempre que necessário, no acesso
àqueles serviços;
• Os MF devem responsabilizar-se pelo desenvolvimento e manutenção das suas aptidões, equilíbrio e valores
pessoais, como base para a prestação segura e efetiva de cuidados de saúde aos utentes;
• Como outros profissionais médicos, devem assumir a responsabilidade de monitorizar continuamente, manter
e, se necessário, melhorar os aspetos clínicos, serviços e organização, segurança e satisfação do utente com o
atendimento que prestam;
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COMPETÊNCIAS NUCLEARES
• A definição da disciplina de MGF e do seu médico especialista deverá conduzir diretamente às competências
nucleares;
• Por nucleares entende-se essenciais para a disciplina, independentemente do sistema de saúde em que sejam
aplicadas;
• As 12 características centrais que definem a disciplina relacionam-se com as 12 capacidades que todos os MF
devem dominar e, podem ser agrupadas em 6 competências nucleares (em relação às características):
1. Gestão de cuidados de saúde primários (A, B)
2. Cuidados centrados na pessoa (C, D, E, F)
3. Aptidões específicas de resolução de problemas (G, I)
4. Abordagem abrangente (H, J)
5. Orientação comunitária (K)
6. Modelação holística (L)
Particularmente no que se refere às competências 1. e 3. a melhoria da qualidade deve ser um aspeto
fundamental.
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ASPETOS DE FUNDO ESSENCIAIS
• Enquanto disciplina científica centrada na pessoa, três aspetos de fundo devem ser considerados como
essenciais na aplicação das competências nucleares:
o Aspetos do contexto
compreender o contexto dos próprios médicos e do ambiente em que trabalham, incluindo as suas
condições de trabalho, comunidade, cultura, enquadramentos financeiros e regulamentares;
o Aspetos da atitude
baseados nas capacidades, valores e ética profissionais do médico;
o Aspetos científicos
adotar uma abordagem crítica da prática clínica, baseada na investigação científica, mantendo-a através
da aprendizagem e da melhoria da qualidade contínuas.
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A DISCIPLINA E A ESPECIALIDADE DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR
DOI: 10.32385/rpmgf.v37i1.12943
A família em Medicina Geral e Familiar
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO FAMILIAR
• É útil saber qual a constituição do agregado familiar do utente que entra no consultório;
• Quem é quem, que tipo de parentesco existe e que relacionamento existe entre os elementos da família –
conhecer a estrutura familiar;
• Face ao problema de saúde que o utente apresenta, perceber o tipo de resposta da família, ou seja, se a família
“funciona” como um fator de apoio ou de stress – avaliar a funcionalidade familiar;
GENOGRAMA FAMILIAR
CÍRCULO FAMILIAR DE THROWER
CICLO DE VIDA FAMILIAR DE DUVALL
LINHA DE VIDA DE MEDALIE
PSICOFIGURA DE MITCHEL
APGAR FAMILIAR
EM SÍNTESE:
• Combina informação biomédica e psicossocial;
• Integra o indivíduo no contexto da família e o impacto da família no indivíduo;
• Localiza o problema de saúde no seu contexto histórico;
• Clarifica padrões transgeracionais de doença, de comportamentos e de uso de serviços de saúde;
• Permite ao MF e ao utente olhar e explorar os mitos familiares;
• Permite o aconselhamento nos conflitos conjugais e de pais/filhos;
• Tem não só certo valor diagnóstico como terapêutico.
• Primeiras consultas, como método de diagnóstico, apoiando o raciocínio e a decisão clínica. Deve ser
completado no futuro sempre que surja informação nova e pertinente;
• Quando o modelo biomédico não der resposta satisfatória aos problemas dos utentes por dificuldade de
diagnóstico, falta de adesão ao plano, alta frequência de doenças agudas ou quando ocorra doença crónica ou
terminal;
Fazer diagnósticos definitivos ou estabelecer implicações clínicas ou terapêuticas apenas e só pela interpretação
de um genograma, por mais completo que seja, será um erro.
O genograma familiar deve ser considerado pelo MF como mais um elemento a ter em conta quando avalia
clinicamente qualquer sintoma ou problema de um utente.
Nota: Quando temos uma “seta” (como no caso da relação dominante) ela
dirige-se: da pessoa que é responsável pela situação, para aquela em que é
aplicada a situação (dominador → dominado, por exemplo).
• Usa traços em rede que unem alguns dos elementos que estamos a estudar e simbolizam a qualidade e a
dinâmica das relações existentes em determinado ponto do tempo;
• Para melhor leitura e interpretação, deve ser apresentado isoladamente do genograma estrutural, com cores e
traços de diferente espessura.
1. Tipo de família: nuclear (família de um 1º casamento com filhos biológicos), monoparental, reconstruída
ou recombinada (pelo menos um dos cônjuges viveu uma relação conjugal anterior), alargada (pelo menos 3
gerações na mesma casa), unitária, com elementos não nucleares (avós e netos, tios e sobrinhos,…), tipo incomuns
(casamentos múltiplos, consanguíneos,…)
Tipos de família:
Novos Tipos de Família de Hernâni Caniço, Pedro Bairrada, Esther Rodríguez, Armando Carvalho Imprensa da Universidade de Coimbra, Junho 2010
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
INFORMAÇÃO ADICIONAL
Novos Tipos de Família de Hernâni Caniço, Pedro Bairrada, Esther Rodríguez, Armando Carvalho Imprensa da Universidade de Coimbra, Junho 2010
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
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A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
INFORMAÇÃO ADICIONAL
RELAÇÃO CONJUGAL
Família estruturada em função do género feminino/masculino, diferenciados, em que cada
Família Tradicional
membro tem um papel pré-estabelecido na família e na comunidade.
Família em que a igualdade de género é a base da união, qualquer que seja o seu tipo. Há
Família Moderna
interajuda e solidariedade com equilíbrio estrutural e de poder entre homem e mulher.
Família em que a dinâmica interna tem regras pré-estabelecidas difíceis de modificar, com
Família Fortaleza encerramento ao exterior, dificuldade em assumir problemas ou em adaptar-se a novas
situações.
Família Família em que existe partilha e repartição de atividades, objetivos comuns, evolui com as
Companheirismo experiências e contactos externos.
Novos Tipos de Família de Hernâni Caniço, Pedro Bairrada, Esther Rodríguez, Armando Carvalho Imprensa da Universidade de Coimbra, Junho 2010
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
INFORMAÇÃO ADICIONAL
RELAÇÃO CONJUGAL
Família em que os cônjuges não partilham atividades quotidianas nem objetivos de vida,
Família Paralela existe atitude de encerramento ao exterior e dificuldade em conseguir abertura para modificar
hábitos de vida.
Família em que existe união afetiva, embora não se partilhem atividades quotidianas. Tem por
Família Associação
base a liberdade individual e é mostra de egoísmo em determinadas circunstâncias.
Novos Tipos de Família de Hernâni Caniço, Pedro Bairrada, Esther Rodríguez, Armando Carvalho Imprensa da Universidade de Coimbra, Junho 2010
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
INFORMAÇÃO ADICIONAL
RELAÇÃO PARENTAL
Família Equilibrada (estável) Família mostra-se unida e os pais são concordantes e conscientes do seu papel .
Família em há dificuldade em compreender, assumir e acompanhar o
Família Rígida (instável)
desenvolvimento saudável dos filhos.
Família em que há preocupação excessiva em proteger os filhos, sendo os pais
Família Superprotetora (instável)
supercontroladores.
Família Permissiva (instável) Família em que os pais não são capazes de disciplinar os filhos.
Família Centrada nos filhos Família em que os pais não sabem enfrentar os seus próprios conflitos conjugais
(instável) que desvalorizam sem avaliação e ajustamento.
Família em que as prioridades dos pais focalizam-se nos projetos pessoais
Família Centrada nos pais (instável)
individuais (profissionais ou lúdicos).
Família Sem objetivos (instável) Família em que os pais estão confusos por falta de objetivos e metas comuns.
Novos Tipos de Família de Hernâni Caniço, Pedro Bairrada, Esther Rodríguez, Armando Carvalho Imprensa da Universidade de Coimbra, Junho 2010
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
GENOGRAMA FAMILIAR
3. Outros fatores influenciadores da descendência, data de nascimento dos filhos e sua relação com a história
familiar, características particulares dos filhos, “Plano de vida” para os filhos, diferentes atitudes dos pais perante o
sexo dos filhos, relação entre a ordem de nascimento nas fratrias dos pais e filhos
o usados em conjunto os dois instrumentos permitem que o MF avalie o sistema familiar de um utente;
o começar pelo círculo: “aqui e agora” perceção do utente;
o depois o genograma: informação ao longo das gerações.
Tipificam-se 3 sistemas familiares, com particularidades, cujo conhecimento se mostra útil para o MF:
C. Casos particulares
• Grávidas primíparas
• Utentes “de quem não gostamos”
• Utentes que não aderem à terapêutica
Rebelo L. A Família em Medicina Geral e Familiar - conceitos e práticas. 2011
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
CÍRCULO FAMILIAR
LIMITAÇÕES
• A idade do filho mais velho é um importante marcador dos estadios caracterizados pela presença de filhos:
o centrado no crescimento, educação e autonomização dos filhos.
• Permite avaliar períodos de transição, prever dificuldades e prevenir instabilidade familiar → cuidados
antecipatórios → apoio e preparação para a transição.
• Lista as ocorrências que aconteceram a um indivíduo num determinado período de tempo correlacionando
cronologicamente os acontecimentos com problemas de saúde;
o Adaptation (Adaptação)
o Partnership (Participação)
o Growth (Crescimento)
o Affection (Afeto)
o Resolve (Resolução/Dedicação)
• Avaliação mediante a aplicação de questionário de 5 perguntas, cuja resposta pode ser “nunca”, “às vezes” e
“sempre” → pontua “0”, “1” e “2”, respetivamente;
• Entende-se por família o(s) indivíduo(s) com quem o utente habitualmente vive. Se vive só, consideram-se
família todos aqueles com quem mantém laços afetivos mais intensos.
FUNCIONALIDADE:
• A chefia/poder não são disputados habitualmente;
• A autonomia individual é privilegiada, não existindo comportamentos controladores;
• As responsabilidades são assumidas e partilhadas;
• A ligação entre os elementos é sólida e equilibrada;
• A comunicação é aberta e respeita diferentes pontos de vista, procurando ponto de equilíbrio.
COMPONENTE PERGUNTA
Adaptação Estou satisfeito com a ajuda que recebo da minha família, sempre que alguma
coisa me preocupa?
Participação Estou satisfeito pela forma como a minha família discute assuntos de interesse
comum e partilha comigo a resolução de problemas?
Crescimento Acho que a minha família concorda com o meu desejo de encetar novas
atividades ou de mudar o meu estilo de vida?
Afeto Estou satisfeito com o modo como a minha família manifesta afeição e reage
aos meus sentimentos, tais como irritação, pesar e amor?
Dedicação Estou satisfeito com o tempo que passo com a minha família?
• Validação do APGAR para a população portuguesa: sensibilidade de 57% (verdadeiros positivos) e uma
especificidade de 86% (verdadeiros negativos) → semelhante a outras populações
• Não avalia nem classifica famílias quanto à funcionalidade familiar em si mesma, sendo questionada a
sua utilização como método de rastreio;
• Pode contribuir para o estudo de um padrão disfuncional de uma família em conjugação com outros
métodos.
• O desenho deve ser utilizado sistematicamente, após os 2 anos de idade, na consulta de saúde infantil;
• Dos 2 aos 5 anos de idade, é desejável usar o desenho sistematicamente para melhorar o conhecimento
da criança e avaliar o seu desenvolvimento → informação com valor técnico
• A descrição do desenho por parte da criança, é importante para perceber a sua realidade.
O circulo de Thrower pode ser usado como equivalente ao desenho infantil nas crianças mais velhas a partir dos
10 anos em que é frequente dizerem “não sei desenhar”.
• Avalia o stress social (dificuldades a que o indivíduo/família estiveram sujeitos) determinando a probabilidade
de vir a sofrer de doença psicossomática;
• A separação conjugal e o divórcio são, depois da morte do cônjuge, os acontecimentos geradores de maior
stress;
• Considera 43 acontecimentos de vida geradores de stress (denominados unidades de mudança vital) que têm
pontuações relativas:
o soma >150 pontos → possibilidade de afetar a família ou o estado de saúde dos seus membros → maior
incidência de doenças.
• Caracterização socioeconómica;
• 5 critérios: profissão; nível de instrução; fontes de rendimento; conforto do alojamento; aspeto do bairro onde
habita;
• Permite ter a noção do nível socioeconómico do agregado, das condições da habitação, dos recursos
disponíveis;
• Não se encontra publicada nem tem estudos de validação ou análise de fiabilidade e consistência interna;
• 17 itens, nove dos quais classificados com 1 ponto e oito classificados com 2 pontos:
o >3 pontos: família de médio risco;
o >6 pontos: família de alto risco.
• um acontecimento negativo, com sérias consequências, afeta a família (p. ex doença crónica)
o divórcio, morte, separação, diagnóstico de doença crónica;
o fundamental o MF ajudar a família a encontrar soluções e a referenciar, se necessário;
o nem sempre as famílias precisam de ajuda externa.
• a história clínica do utente, de uma forma aberta ou coberta, sugere disfunção familiar na etiologia do
problema de saúde
o frequentemente aspetos disfuncionais apresentam-se disfarçados em sintomas físicos, problemas
psicossomáticos, ausência de sintomas de doença orgânica;
o inúmeros sintomas físicos e visitas a múltiplos profissionais de saúde;
o em situações de somatização, utilização exagerada dos serviços de saúde, queixas múltiplas e dor crónica
→ imprescindível a avaliação familiar.
• Sintomas inespecíficos (cefaleias, lombalgias, dores abdominais…) em utentes com grande frequência de
consultas sem doença orgânica;
• Utilização excessiva dos serviços de saúde ou consultas frequentes a diferentes membros da família (muito
suspeito de disfunção familiar);
• Dificuldade de controlo de doenças crónicas;
• Problemas emocionais ou de comportamento, graves;
• Efeito mimético (sobretudo após ter ocorrido uma situação anterior grave na família);
• Problemas conjugais e sexuais;
• Triangulação, sobretudo com a criança;
• Doenças relacionadas com estilo de vida e ambiente;
• Doenças nas fases de transição do ciclo de vida;
• Morte na família, acidente grave, divórcio,…;
• Sempre que o modelo bio-médico tradicional se apresente inadequado ou insuficiente (não adesão à
terapêutica, ineficácia do tratamento).
A inclusão dos resultados dos métodos de avaliação familiar nos registos clínicos não tem uma localização pré-
definida.
Quando há indicação para a utilização destes métodos, na maioria dos casos devem ser registados no “O”,
enquanto resultado da aplicação de uma escala ou questionário.
As exceções poderão ser o genograma, a linha de vida de Medalie e o ciclo de vida familiar de Duvall, cuja
localização natural será nos dados base.
Registo médico orientado por problemas em medicina geral e familiar: atualização necessária. Mónica Granja, Conceição Outeirinho. RPMGF, 2018
A FAMÍLIA EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR
FATORES FAMILIARES NA DOENÇA
Fatores familiares protetores:
• Coesão familiar;
• Competências de coping do cuidador;
• Relações de suporte mútuas;
• Organização familiar;
• Comunicação direta acerca da doença
• Conflito;
• Criticismo;
• Trauma psicológico relacionado com a doença;
• Isolamento familiar;
• Disrupção das tarefas familiares devido à doença;
• Rigidez ou perfecionismo.
Fatores familiares associados a uma boa adaptação à doença em crianças com doença crónica