Psicodiagnóstico
AVALIAÇÃO PSICOLOGICA
Segundo a resolução n9º de 2018:
“processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos,
composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de
prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal
ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades
específicas”
Testes psicológicos também abarcam: escalas, inventários, questionários,
métodos projetivos/expressivos
Psicodiagnóstico
• É uma avaliação psicológica feita com propósitos clínicos e,
portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de
diferenças individuais.
• É um processo que visa identificar forças e fraquezas no
funcionamento psicológico, com foco na existência ou não de
psicopatologia.
• Não é só nosologico.
• Deriva da psicologia clínica.
• Os pais do psicodiagnóstico: Galton, Cattell e Binet
• O psicodiagnóstico deve haver planejamento visando objetivos.
• Plano de avaliação com previsão de término (estimativa de quantas
sessões).
• Deve apresentar diagnóstico e opção de tratamento.
Toda avaliação psicológica precisa produzir um laudo.
As Teorias nos dão suporte para fazer inferências.
O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses
iniciais, definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como
e quando os utilizar.
O psicólogo deve ter conhecimento prévios dos instrumentos eficazes quanto
aos requisitos metodológicos. Com o propósito de fornecer respostas a
determinadas perguntas ou testar certas hipóteses.
Após a seleção e aplicação de uma bateria de testes, tem-se então os dados
que devem ser relacionados com as informações da história clínica, pessoal
ou com outras, do paciente. A partir das hipóteses iniciais.
Psicodiagnóstico pode ser definido como um “processo científico, limitado
no tempo que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível
individual ou não, seja para entender problemas a luz de pressupostos
teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para
classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados
(output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso” (Jurema
Cunha)
Os objetivos são vários dependendo dos motivos alegados no encaminhamento:
• Classificação simples
> O exame compara a amostra do comportamento do examinando com
os resultados de outros sujeitos da população geral ou de
grupos específicos, com condições demográficas equivalentes;
esses resultados são fornecidos em dados quantitativos,
classificados sumariamente como em uma avaliação de nível
intelectual.
▪ Ex: Avaliação do nível intelectual
• Descrição
> fala sobre perfil de forças e fraquezas e descrevendo o
desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits
neuropsicológicos.
▪ Ex: Exames do estado mental
• Classificação nosológica
> Sinais e sintomas significativos. Hipóteses iniciais são
testadas, tomando como referência critérios diagnósticos.
▪ Ex: Epidemiológico CID ou DSM
• Diagnóstico diferencial
> Distinguir se o diagnóstico é de fato um diagnóstico. São
investigadas irregularidades ou inconsistências do quadro
sintomático, para diferenciar alternativas diagnósticas,
níveis de funcionamento ou a natureza da patologia.
▪ Ex: Sintomas gripais, mas podem ser de diversos vírus
• Avaliação compreensiva
> Perspectiva Global e pensar intervenções, estimativas do caso.
É determinado o nível de funcionamento da personalidade, são
examinadas as funções do ego, em especial a de insight,
condições do sistema de defesas, para facilitar a indicação de
recursos terapêuticos e prever a possível resposta aos mesmos.
▪ Ex: Avaliar e propor tratamento pensando também nos
resultados dos tratamentos
• Entendimento dinâmico
> Ultrapassa o objetivo anterior, por pressupor um nível mais
elevado de inferência clínica, havendo uma integração de dados
com base teórica. Permite chegar a explicações de aspectos
comportamentais nem sempre acessíveis na entrevista, à
antecipação de fontes de dificuldades na terapia e à definição
de focos terapêuticos, etc.
• Prevenção
> Procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos,
fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de sua
capacidade para enfrentar situações novas, difíceis,
estressantes.
▪ Ex: Fazer uma estimativa inicial do caso, triagem
• Prognóstico
> Determina o curso provável do caso.
• Perícia forense
> Fornece subsídios para questões relacionadas com “insanidade”,
competência para o exercício das funções de cidadão, avaliação
de incapacidades ou patologias que podem se associar com
infrações da lei, etc.
A conduta do psicólogo:
• Determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas
iniciais.
• Levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional
e/ou escolar, etc. Sobre o sujeito e pessoas significativas
solicitando eventualmente informações de fontes complementares.
• Colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando
reconhecer denominadores comuns com a situação atual, do ponto de
vista psicopatológico e dinâmico.
• Realizar exames do estado mental do paciente (exame subjetivo),
eventualmente complementado por outras fontes (exames objetivos).
• Levantar hipóteses iniciais e definir objetivos do exame
• Estabelecer um plano de avaliação
• Estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável.
• Administrar testes e outros instrumentos psicológicos.
• Levantar dados quantitativos e qualitativos.
• Selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para
objetivos do exame, conforme o nível de inferência previsto, com
dados da história e características das circunstâncias atuais de
vida do examinando.
• Comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo,
parecer e outros informes) propondo soluções.
• Encerrar processo.
Passos do diagnóstico:
• Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e
definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame.
• Planejamento, seleção e utilização de instrumentos d exame
psicológico.
• Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados.
• Integração de dados e informações e formulação de inferências pela
integração dos dados, tendo como ponto de referência as hipóteses
iniciais e os objetivos do exame.
• Comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do
processo.
Acerca da entrevista no psicodiagnóstico
A importância de se realizar um contato com a fonte encaminhadora (seja
ela, outros profissionais ou outros que não seja o paciente) para
esclarecimento de dúvidas e ter certeza do pedido.
O encaminhamento pode ser feito tanto por contato pessoal quanto por
escrito.
O primeiro contato possibilita uma melhor compreensão dos objetivos do
psicodiagnóstico ajudando no levantamento de hipóteses e na construção do
plano de avaliação.
É importante explicar sobre o tipo de serviço de psicodiagnóstico, pois o
mesmo pode ser confundido com o processo psicoterápico.
A entrevista com o paciente pode ocorrer antes ou após o contato com
outros familiares.
No caso de crianças e/ou adultos que tenham algum tipo de transtorno grave
que os torne dependentes de outras pessoas, a primeira entrevista deve ser
feita com os responsáveis para fins de um maior esclarecimento entre as
partes.
É importante para estabelecer um vínculo e uma relação de confiança.
O profissional deve estar aberto para responder os questionamentos.
Deve-se criar um ambiente acolhedor.
Deve-se atentar para o fato da angústia gerada pelo processo de avaliação.
O primeiro contato com paciente possibilitará a confirmação ou não das
primeiras impressões advindas do encaminhamento.
Pode se questionar se os responsáveis conhecem o trabalho do psicólogo e o
processo do psicodiagnóstico. Esse é o momento de explicar que o
psicodiagnóstico acontece dentro de um tempo limitado, visando compreender
as queixas utilizando algumas técnicas e instrumentos, e que, ao fim do
processo, será dada uma devolução tanto para a fonte encaminhadora quanto
para o paciente.
O vínculo é fator fundamental dentro do processo.
Na primeira entrevista é o momento de coletar informações que serão
significativas para o delineamento de um plano de avaliação, tais como:
qual nível de compreensão do paciente, sua capacidade de comunicação, se
ele apresenta alguma dificuldade visual, auditiva ou motora, escolaridade,
se é daltônico, por exemplo.
Nas entrevistas iniciais é preciso ter como objetivo a investigação da
queixa ou do problema trazido, coletando o maior número de informações que
possam auxiliar no entendimento de como esse problema se manifesta.
• Desde quando os sintomas se manifestam
• Existe algum fator desencadeante?
• Qual a intensidade?
• Em que ambiente ocorrem?
• Como o paciente percebe esses sintomas?
• Qual a influência dos sintomas na vida diária?
• Quais os prejuízos que eles vêm trazendo para a vida do paciente?
• Em que áreas da vida (social, familiar, educacional, profissional)
os sintomas/problemas trazem prejuízos?
• Como outras pessoas que convivem com o paciente observam o problema?
Além de investigar o problema, deve-se avaliar qual a realidade atual do
paciente, se ele possui algum suporte ou rede de apoio para lidar com o
problema, com quem ele vive e quem auxiliar em suas dificuldades, se
possui histórico clínico de atendimento.
O contato com outras fontes de informações deve ser feito apenas com o
consentimento do paciente e dos responsáveis.
A entrevista inicial pode ser:
• Livre: Mais aberta com perguntas mais generalistas e seguir sendo
construída ao longo do seu desenvolvimento. Ainda que não tenha
perguntas pré-estruturadas, deve-se ter em mente os temas que se
pretende abordar.
• Semiestruturada: Contam com perguntas pré-formuladas. O avaliador
segue o roteiro de questões, contudo, novas perguntas podem emergir
a partir das respostas dadas, podendo ser acrescentadas novas
perguntas. São bem aplicadas em anamneses.
• Estruturada: Essas são mais raras no contexto clínico pois ela
limita o avaliador. Segue um roteiro bastante rígido contendo
perguntas e alternativas de respostas determinadas. Não existe
liberdade para surgir novos dados.
Pode-se encerrar uma entrevista tratando das combinações relativas as
datas dos próximos encontros e de qual será o planejamento para a sessão
seguinte.
ANAMNESE
Ao iniciar o processo psicodiagnóstico, é fundamental a coleta de
informações aprofundadas sobre o avaliando, focando nas áreas mais
importantes de sua vida e os motivos que o levaram a buscar atendimento.
A Anamnese é um tipo de entrevista clínica direcionada a investigar fatos.
O psicólogo tem uma posição mais ativa no questionamento.
Deve-se dosar o uso de interpretações e apontamentos, pois é um momento de
coleta de informações.
A entrevista de Anamnese tem caráter investigativo.
• Com crianças: A anamnese é feita com os pais ou responsáveis.
• Com adolescentes: É feita tanto com os responsáveis quanto com o
adolescente, em momentos diferentes.
• Com adultos e idosos: Deve-se fazer com o próprio paciente, salvo os
casos que apresentem quadros psicopatológicos que comprometam a
qualidade das informações.
Deve-se priorizar o levantamento de informações cronologicamente
organizadas.
Quando a cronologia não é clara e organizada, cabe ao psicólogo ajudar a
organizar as informações por meio de pontos de controle da história.
Ex: Isso foi antes ou depois dela começar a caminhar? Antes ou depois de
ela entrar para escola?
A Anamnese geralmente é feita em forma de entrevista semiestruturada.
Podendo sofrer alterações ao longo do processo, devendo-se atentar ao
background socioeducacional do paciente. O psicólogo deve agir como achar
melhor.
Antes de iniciar a Anamnese, deve se estabelecer um rapport adequado com o
informante. Explicando:
• Objetivos gerais da entrevista
• Tempo de duração
• Papel no processo do psicodiagnóstico
• Esclarecer demais dúvidas
Em geral inicia-se essa etapa perguntando qual o motivo da busca pela
avaliação.
Reforçar a participação do informante como algo essencial para o processo.
O psicólogo deve demonstrar interesse e atenção pelo relato.
Deixar que a conversa flua naturalmente.
Não dar nenhum feedback sobre possíveis resultados.
Ter cuidado com expressões e conotações que aparentam julgamento ou
cobrança.
Ao longo do processo vamos construindo imagens e percepções dos pacientes
que podem sofrer mudanças até o final do processo.
É importante construir uma imagem do paciente presente e não presente,
observando a visão de outros sobre ele.
A comparação da percepção indireta e direta com o paciente se mostra uma
rica fonte de informação.
Ainda que a Anamneses seja um recurso importante, ela é limitada.
É impossível coletar todos os dados relevantes em apenas uma entrevista.
As informações são filtradas e sujeita a falhas, esquecimentos,
resistência e distorções.
O registro da entrevista é muito importante, cabendo ao psicólogo, a
habilidade para perguntar, prestar atenção nas respostas, anotar e
observar o comportamento.
As anotações devem ser precisas e de preferência nas palavras do paciente.
A gravação pode ser um recurso utilizado afim de manter a fidedignidade
das informações. Lembrando-se que isso tem implicações éticas!
O psicólogo deve dedicar-se mais a escuta e observação.
Deve-se sempre informar e pedir autorização do paciente sobre qualquer
forma de registro, devendo ser registrado por escrito e anexado aos
documentos.
Geralmente a anamnese dura uma sessão, mas isso fica a critério do
psicólogo.
O processo de psicodiagnóstico é de tempo limitado, devendo ser usado de
forma eficiente.
Pode-se fazer uso de um modelo básico de anamnese para facilitar.
A Anamnese não é exclusiva do psicólogo. Na área da saúde pode ser
utilizada como um entendimento dos fatores e levantamento de informações
relativo à saúde-doença do paciente. Serve para orientar a elaboração de
hipóteses, a busca do diagnóstico e a avaliação prognostica.
A entrevista de Anamnese muda de estrutura de acordo com cada grupo
etário.
Alguns aspectos são sempre examinados:
• Configuração das relações familiares.
• Número de membros da família imediata.
• Ocupação de cada membro.
• Características do ambiente doméstico.
• Rede de apoio do paciente.
• Questões referentes a queixa.
• Evolução da queixa (quanto tempo, momentos mais difíceis).
• Histórico de tratamento de saúde (atuais e pregressos).
• Uso de medicamentos.
• Impactos do problema na vida psicossocial do paciente.
• Percepção do paciente em relação a queixa.
Deve-se adaptar as questões de acordo com a idade de cada paciente.
Anamnese com crianças
A avaliação da história pré e perinatal e o alcance dos marcos do
desenvolvimento têm uma importância central.
Na história pré e perinatal é importante obter informações sobre as
condições de saúde física e mental da mãe durante a gravidez e após o
nascimento, acompanhamento pré-natal e possíveis intercorrências na
gravidez (quedas, acidentes, uso de substâncias, e outros eventos
significativos).
Registrar detalhes sobre o parto, condições emocionais e de saúde da mãe
nesse momento.
As condições da criança ao nascer. Sobre o índice Apgar no primeiro e no
quinto minuto.
Características e capacidades iniciais do bebê.
Reação dos pais, ocorrência de conflitos familiares na época, etc.
É importante investigar possível exposição da mãe a teratógenos, agentes
que podem causar danos estruturais na fase embrionária e no
desenvolvimento do cérebro.
• Doenças infecciosas
• Medicamentos (antibióticos, anticonvulsionantes, antidepressivos e
antipsicóticos)
• Uso de drogas e substâncias entorpecentes.
• Exposição à radiação, chumbo, mercúrio e fenilbenzenos
• Deficiência de vitaminas
• Subnutrição da mãe.
Em relação ao desenvolvimento da criança deve-se explorar os indicadores
esperados de cada idade.
O alcance dos marcos do desenvolvimento e a qualidade do desempenho de
determinada atividade.
Questões importantes referem-se às:
• Capacidade linguística - Se ela balbuciou nos primeiros meses, qual
idade falou as primeiras palavras, qualidade da fala e a
receptividade às tentativas de comunicação pelo adulto)
• Capacidades motoras - a respeito dos marcos motores, quando
engatinhou, quando começou a andar, se apresentou problemas para
manipular objetos ou locomover-se, controles esfincterianos diurno e
noturno.
• Habilidades cognitivas - Capacidade de aprendizado, qualidade das
brincadeiras, indícios de criatividade, dificuldades em tarefas do
dia a dia e o desempenho escolar.
• Interações sociais e emocionais - Vinculação inicial do bebê,
reciprocidade criança e seus cuidadores imediatos, laços afetivos
com outras pessoas próximas, reação das ampliações das interações
sociais em outros contextos e a experiência de se separar dos pais.
• Capacidades adaptativas - nível de autonomia e dependência para
resolver tarefas do dia a dia próprias pra idade dela. Como vestir-
se, alimentar-se e pedir ajuda.
Quando a criança não apresenta certas habilidades ou não desempenha
comportamentos esperados para a idade, o psicólogo deve estar atento se
isso trata-se de alguma capacidade reduzida devido a problemas do
desenvolvimento ou fatores ambientais (Ex: superproteção dos pais). Em
último caso deve-se discutir isso ao final do psicodiagnóstico.
Outros aspectos bastantes importantes a serem considerados na anamnese:
• Amamentação
• Desmame
• Alimentação
• Qualidade do sono
• Com quem a criança dorme
• Se tem o próprio quarto
• Chupar dedos
• Roer unhas
• Enurese (incapacidade de conter urina)
• Encoprese (incapacidade de conter fezes ou fazê-las)
• Explosões de raiva
• Tiques
• Medos excessivos
• Pesadelos
• Fobia
• Masturbação
• Crueldade com outros ou animais
Para não deixar a anamnese muito extensa pode-se perguntar sobre esses
fatores de modo geral. Podendo perguntar se houve problemas em alguma área
e explorando respostas positivas.
É aconselhável utilizar um roteiro básico que possa ser adaptado de acordo
com as respostas.
Para se investigar questões motoras por exemplo, pode-se perguntar:
_ Com que idade começou a caminhar?
_ Por volta de um ano de idade!
Entende-se que o desenvolvimento tenha ocorrido como esperado, uma vez que
o alcance dessa habilidade mais complexa, indica o sucesso de etapas
anteriores do desenvolvimento motor.
Em caso de crianças adotadas, é necessário tentar conseguir o máximo de
dados possível de sua história pregressa. Deve-se buscar uma triangulação
de dados de diferentes fontes na anamnese.
Anamnese com adolescentes
Deve-se considerar diversas mudanças que ocorrem nessa, tais com:
• Hormonais
• Físicas
• Formação da identidade
OS marcos do desenvolvimento da infância devem ser retomados de forma
breve e geral, buscando identificar se algum problema ocorrido na infancia
ainda repercute na adolescência.
Atenção especial a:
• Socialização
• Interesses
• Relacionamentos íntimos
• Sexualidade
• Histórico escolar
• Problemas específicos dessa faze da vida (Erikson)
o Confusão de papeis
o Dificuldade em estabelecer uma identidade própria
As relações tendem a se tornar mais amplas e importantes, nessa fase.
Pode haver um afastamento dos pais, devido a contradições de valores e
interesses.
Tendem a se aproximar mais de amigos e figuras de identificação.
Comportamentos opositores podem surgir ou se acentuar nessa fase.
Deve-se investigar as relações do adolescente com:
• Pais
• Amigos
• Irmãos
• Figuras de autoridade
• Figuras de identificação
• Possíveis conflitos (íntimos, relacionamento, sexuais)
Desempenho acadêmico pode ser um indicador de possíveis problemas, deve-se
investigar sua evolução ao longo do tempo. Podendo assinalar a presença de
eventos pontuais que começaram a afetar a vida do adolescente em um
determinado momento, podendo também, ser um indicador de déficit cognitivo
caso o mau desempenho venha a ser constante.
Outros pontos a serem considerados, são:
• Hobbies
• Perspectivas de futuro
• Potencial para realizar objetivos
• Nível de autonomia
• Autoestima
• Autoeficácia
• Conflitos com aparência
• Comportamentos problemáticos (fuga, álcool e drogas, atitudes
contrárias as leis e normas sociais)
Anamnese com adultos
Deve-se investigar possíveis problemas pregressos nas fases do
desenvolvimento.
As questões mais importantes dizem respeito as demandas do
desenvolvimento:
• Sexual – Relacionamento íntimo
o qualidade das relações
o satisfação geral
o questões sexuais
o padrões comportamentais do casal
o pontos positivos e possíveis problemas
o Expectativas
o Resistência em se envolver afetivamente
• Familiar – Vida familiar
o Qualidade as relações
o Administração do lar
o Relação com os filhos
o Responsabilidade
o Possíveis problemas de relacionamento familiar
o Necessidade continua em exercer cuidados a pessoa doente
• Social – Vida social
o Redes de contato
o Importância dos relacionamentos
o Capacidade de se divertir e realizar atividades em grupo
• Ocupacional – Vida profissional
o Situação ocupacional
o Satisfação / Insatisfação
o Concretização ou não dos planos e metas
o Condições financeiras
o Relações no trabalho (hierarquia)
o Mudanças
o Estresse ou esgotamento
o Sentimentos
• Físico - Alterações físicas
o Fertilidade
o Possíveis preocupações com a saúde
o Adaptação as mudanças
o Questões hormonais (menopausa, andropausa)
o Diminuição da força física
o Envelhecimento
É esperado que os adultos encontrem parceiros e se adaptem a convivência
com eles.
Deve-se avaliar a qualidade das relações com esses parceiros, satisfação
geral, questões sexuais, padrões comportamentais do casal, pontos
positivos e possíveis problemas.
É importante abordar o enfrentamento de mudanças ocorridas ao longo da
vida.
Com quem devemos realizar a entrevista de anamnese
A decisão se dá de acordo com:
• Idade do avaliado
• Capacidades intelectuais
• Grau de autonomia ou limitações
• Interesse em colaborar
No caso de crianças é aconselhável chamar os pais
No caso de pré-adolescentes pode-se fazer tanto com os pais quanto com o
jovem.
No caso de adolescentes deve-se ponderar sobre o quanto o jovem estará
disposto a participar do processo e seu comprometimento.
No caso de adultos e idosos, avalia-se o paciente, exceto se o mesmo
apresente algumas limitações, podendo ser uma pessoa próxima.
Fontes complementares de informação
É importante coletar o maior número de informações possíveis sobre a
história do avaliando, de modo que se possa entender o surgimento, a
evolução e a relevância (impactos) da queixa.
As fontes complementares costumam envolver:
• Exames
• Registros escolares (provas, cadernos, boletins, relatos de
professores, produções espontâneas, etc.)
• Contato de profissionais que acompanham o avaliado
• Documentos decorrentes de outras avaliações
• Fotos, vídeos
• Observação em ambiente natural
Recomenda-se que sejam feitas fotocopias desses documentos (sempre com o
consentimento do paciente) e anexadas ao portifólio do paciente.
Exames neurológicos, psiquiátricos, fonoaudiológicos, genéticos, entre
outros, podem esclarecer muito sobre a queixa do paciente, direcionar
hipóteses diagnósticas e melhorar a acurácia da avaliação.
Exemplos:
Histórico de repetidas crises convulsivas reforça a hipótese de um
déficit cognitivo.
Casos de enurese e encoprese, reforça a necessidade de avaliar
possíveis causas emocionais ou comportamentais
Casos de déficit auditivo pode apresentar problemas de desatenção e
dificuldade de leitura e escrita.
Isso ajuda ao não enviesamento de um diagnóstico a outras psicopatologias.
Qualquer contato com outro profissional deve-se informar o avaliando ou
responsável e solicitar sua autorização.
Importância dos conhecimentos teóricos
A entrevista de anamnese exige conhecimento de áreas diversas, tais como:
• Desenvolvimento humano
• Técnicas de entrevista
• Processos psicológicos
• Psicopatologias
• Psicofármacos
• Sintomatologia do paciente
O psicólogo deve ter conhecimento sobre os fenômenos avaliados ou buscar
conhecimento para análise posterior aos dados coletados.
Investigação de casos pode ser bastante instrutivo.
Conhecimentos nos efeitos, ações e interferências do uso de determinado
psicofármaco e sintomatologia do paciente.
Algumas fontes podem ser utilizadas, tais como:
• O site da Sociedade Brasileira de Pediatria
• DSM-5
• CID-10
• Periódicos científicos (CAPES, Scielo)
Nas entrevistas de anamnese, é comum haver divergências de informações
sobre a história do avaliando, ao se comparar duas perspectivas.
Muitos pais tendem a esconder informações por medo do diagnóstico indicar
um possível encaminhamento a um tratamento medicamentoso.
Procedimentos para aumentar a qualidade das informações da anamnese
O psicólogo precisa estar atento ao nível socioeducacional do informante,
de forma a adequar as perguntas ao seu vocabulário.
Termos técnicos devem ser substituídos por termos de simples compreensão.
Em caso de dúvidas, confusão ou informações divergentes, pode-se perguntar
a mesma pergunta de diferentes formas e em momentos diferentes durante a
entrevista.
Em pacientes prolixos e com discursos que fogem das informações esperadas,
cabe ao psicólogo uma postura mais assertiva e retomar o objetivo das
questões e o tempo limitado da entrevista.
Em pacientes muito diretos, deve-se incentivar a fala espontânea,
retomando o que já foi falado, falando uma palavra-chave seguida de uma
interrogação (?).
Em alguns casos, perguntas complementares devem ser feitas, como
questionar o informante sobre o que ele entende por determinado assunto,
ou comparando com outro sujeito.
Deve-se evitar perguntas com respostas diretas de sim ou não.
Deve-se evitar perguntas que induzam uma resposta do informante.
Não completar frases nem mudar o foco das perguntas antes de uma resposta
satisfatória.
O psicólogo deve deixar o informante confortável para se expressar como
quiser, podendo dar pequenas pausas durante a entrevista.
As observações são importantes para nortear a entrevista e como fonte de
informação.
O psicólogo deve ter entendimento do que está sendo dito pelo informante.
Podendo registrar palavras e buscar o significado empregado.
Perguntar sobre o que o informante quis dizer com aquilo é um bom jeito de
esclarecer dúvidas.
O psicólogo pode, ao final da entrevista, fazer uma breve explanação das
informações coletadas, questionando a concordância do informante com o que
foi exposto.