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O Futebol e Os Conflitos Internos Na Europa

O documento discute a importância global do futebol, seu surgimento na Inglaterra e popularização no Brasil. Também aborda casos de xenofobia e racismo no futebol europeu e a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid, ligada à questão da independência catalã na Espanha.

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O Futebol e Os Conflitos Internos Na Europa

O documento discute a importância global do futebol, seu surgimento na Inglaterra e popularização no Brasil. Também aborda casos de xenofobia e racismo no futebol europeu e a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid, ligada à questão da independência catalã na Espanha.

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Aula 16: O futebol e os conflitos internos na

Europa

1ª parte: O futebol e sua importância global


Parece simples. Onze jogadores de cada lado. Uma bola. O objetivo é fazer a bola
atravessar uma linha para entrar no gol adversário. Ao fim de 90 minutos, o time que
fizer mais gols é o vencedor.
Com o passar dos anos, o futebol deixou de ser “somente” uma atividade esportiva e
passou a ser um negócio globalizado, que envolve cifras cada vez mais astronômicas.
Recentemente, por exemplo, um clube saudita ofereceu um contrato ao astro francês
Mbappé, que passaria a receber 10,5 milhões de reais... Por dia.
(https://www.lance.com.br/lancebiz/financas/o-que-mbappe-poderia-comprar-com-o-
salario-oferecido-pelo-al-hilal.html)
Historicamente, outras práticas esportivas apresentavam regras que se assemelhavam
ao futebol, como o epísquiro grego e o harpasto no Império Romano. Porém, o futebol
como o conhecemos e praticamos na atualidade, com suas famosas 17 regras, foi
inventado na Inglaterra, país em que, até hoje, o futebol é o esporte mais praticado, e
que possui um dos campeonatos mais disputados e assistidos do mundo, a famosa
Premier League, envolvendo clubes gigantes, como Manchester United e Liverpool.
No Brasil, o responsável por trazer o futebol foi Charles Miller. Paulistano, foi estudar
na Inglaterra quando tinha 10 anos de idade. Mais, tarde, ao retornar ao Brasil, trouxe
na bagagem duas bolas de futebol e um par de chuteiras. Começou a organizar
partidas que deram início à popularização deste esporte, que é o mais praticado hoje
no país.
No Rio de Janeiro, Oscar Cox fundou o primeiro clube criado especificamente para a
prática do futebol, o Fluminense Football Club (outros clubes importantes neste
esporte hoje eram clubes de remo naquela época). Em 1919, jogando no Estádio das
Laranjeiras, a Seleção Brasileira venceu o Campeonato Sul-Americano, e o futebol
passou a ser mais apreciado pela população. De lá para cá, tornou-se, de longe, o
esporte mais praticado no Brasil.
As Copas do Mundo, disputadas a cada 4 anos, movimentam milhões de dólares, entre
premiações, patrocínios e fluxos de turistas. A expectativa para cada torneio é enorme.
As rivalidades são colocadas em campo, sendo a mais notória a disputa entre o Brasil e
a Argentina.
2ª parte: Xenofobia e racismo nos campeonatos europeus

Apesar do que foi descrito nos últimos


parágrafos, o futebol também tem um
lado negativo. Recentemente, casos
recorrentes de xenofobia e racismo
têm sido registrados, especialmente em
campeonatos europeus. É impossível,
por exemplo, não relembrarmos a
situação lamentável criada por
torcedores do Valencia contra o
brasileiro Vinícius Junior, atleta do Real
Madrid. Outros casos semelhantes
também vitimaram outros jogadores
brasileiros. Em diferentes contextos e
países, Richarlison, ainda atuante, e
Roberto Carlos, ex-jogador, sofreram
racismo quando torcedores presentes
ao estádio arremessaram bananas
contra os atletas. Analise a imagem ao
lado.
Mesmo na América do Sul, em competições como a Taça Libertadores da América e a
Copa Sul-Americana, casos lamentáveis de racismo têm sido registrados. Nas atuais
edições desses torneios, por exemplo, tricolores e santistas foram vítimas de ofensas
racistas proferidas por torcedores de times adversários.
Devemos lembrar que o futebol está inserido na sociedade e, desta forma, também
reflete tendências e contradições sociais. Não está isento de práticas criminosas como
racismo, portanto. Lamentavelmente, punições a este crime são raras, tanto no meio
do futebol quanto fora dele. Talvez com receio de prejuízos econômicos, entidades
como a Conmebol e a UEFA, que organizam os principais torneios continentais, não
costumam punir adequadamente os clubes envolvidos em práticas racistas e / ou
xenófobas. Nos raríssimos casos em que existe algum tipo de punição, costumam ser
muito brandas, como multas em valores que, para um grande clube de futebol, são
irrisórias. Somente com a exclusão de um clube em que sua torcida tenha se envolvido
em práticas racistas podemos esperar algum tipo de mudança mais expressiva.

3ª parte: Os hooligans britânicos

Como vimos anteriormente, o futebol, como o conhecemos hoje, surgiu na Inglaterra.


A primeira divisão do campeonato nacional tem alguns dos maiores clubes do mundo.
Mesmo as divisões inferiores são torneios muito organizados e disputados. A paixão
dos ingleses pelo futebol (ou football, em inglês; jamais use o termo soccer,
empregado pelos estadunidenses, na frente de um britânico) é imensa, comparável à
dos brasileiros e dos argentinos.
Na terra do Rei Charles III, porém, o futebol também é marcado por alguns aspectos
negativos. Casos de xenofobia e racismo também ocorrem com certa frequência.
Neste momento, porém, vamos conversar sobre outra questão: a atuação dos
torcedores britânicos conhecidos como hoolingans.
A origem do termo hoolingans é incerta, existindo versões diferentes: uma delas faz
menção a um personagem irlandês, brigão, utilizado em tirinhas de quadrinhos no
Reino Unido. No final do século XIX, o termo hooliganismo passou a ser empregado, de
forma genérica, como uma referência a conflitos envolvendo o futebol britânico. A
partir da década de 1960, algumas das torcidas de clubes locais passaram a entoar
cânticos e criar símbolos valorizando a própria torcida em si, e não necessariamente, o
clube por qual torcem. Desde então, o termo hooligans tem sido utilizado para
descrever as ações violentas e destrutivas adotadas por determinados grupos que se
fazem presentes em eventos esportivos; especialmente, em jogos de futebol. Muitas
vezes, as brigas que envolvem torcidas rivais não são obras do acaso; são, na verdade,
previamente agendadas, em locais diversos, desde estações de metrô, passando por
ruas nas imediações dos estádios, até os tradicionais pubs britânicos (muitas vezes, o
consumo excessivo de álcool e drogas acaba intensificando os ataques e suas
consequências). Inúmeros casos de conflitos envolvendo hooligans terminaram com
feridos e mortos, não somente no Reino Unido, como também em outros países
europeus.
A maior tragédia envolvendo diretamente os hooligans aconteceu na final da Copa dos
Campeões da UEFA (chamada atualmente de Chmpions League) entre o Liverpool, da
Inglaterra, e a Juventus, da Itália. Torcedores violentos britânicos partiram para cima
dos italianos presentes. Nada menos que 39 pessoas morreram, e centenas ficaram
feridas. Como punição, a UEFA suspendeu todos os times ingleses de competições
europeias pelos 5 anos seguintes. Os clubes passaram a ser responsabilizados
diretamente pelas ações de seus torcedores violentos. Desta forma, mudanças
importantes foram estabelecidas, como o banimento de torcedores dos estádios e a
obrigação de o clube mandante da partida ser o responsável direto pela segurança
durante os jogos. Desta maneira, o hooliganismo sofreu um grande golpe no Reino
Unido. Mesmo assim, grupos de torcedores conhecidos pela violência ainda atuam em
competições diversas, na Europa e em outros continentes.

4ª parte: Barcelona e a questão catalã


Oficialmente, a Catalunha é considerada uma comunidade autônoma da Espanha,
localizada no extremo leste da Península Ibérica. Analise o mapa a seguir.
A capital da Catalunha é Barcelona, sua cidade mais populosa e importante. A
identidade do povo catalão, que o difere do restante da Espanha, é baseada
principalmente em seu idioma local. Um dos mais importantes sociólogos da
atualidade, o espanhol Manuel Castells, cita, em seu livro O Poder da Identidade, de
1996, outros cientistas sociais (catalãos, inclusive), que defendem esta tese. Leia este
trecho: ”... ao longo de centenas de anos, a língua tem representado o elemento
identificador do “ser catalão”... Embora os nacionalistas catalães definam como
catalão qualquer pessoa que trabalhe e viva na Catalunha, acrescentam também a esta
afirmação a frase, “ e que estejam dispostos a ser catalão”. O indicativo de “estar
disposto a sê-lo” é justamente falar a língua, ou pelo menos tentar...” Ou seja: mesmo
pertencendo à Espanha, os catalães possuem certa autonomia e utilizam seu próprio
idioma, diferente do espanhol. Porém, para um certo percentual da população local,
isso é pouco. Parte dos catalães defende a luta por soberania total sobre seu território,
formando, assim, um movimento separatista. As autoridades espanholas, a monarquia
local, não estão propensas a ceder parte do que considera seu território,
historicamente ocupada por espanhóis. Há, assim, uma oposição entre separatistas
catalãos e a Coroa espanhola.

E o futebol nisso tudo?

Bem, certamente você já ouviu que o jogo entre Barcelona e Real Madrid, os dois
maiores clubes da Espanha, é o maior clássico do futebol mundial. Existem muitos
argumentos favoráveis a esta ideia: ambos são clubes muito ricos, estabelecendo
contratos de patrocínio absurdamente lucrativos; têm torcidas fanáticas, que lotam
seus estádios em todas as partidas; são clubes com muitos títulos, tanto nacionais
quanto europeus e mundiais; além disso, há uma rivalidade imensa entre eles. Essa
rivalidade existe não “somente” no âmbito esportivo... Trata-se de algo muito maior.
Neste confronto, o Barcelona simboliza a região autônoma da Catalunha, em que boa
parte da população, como já vimos, tem pretensões separatistas. Já o Real Madrid,
maior clube da capital da Espanha, representa a vontade da Coroa espanhola (REAL
Madrid), ou seja, a unicidade territorial, a manutenção do território espanhol, sem
qualquer tipo de fragmentação. No Brasil, por exemplo, é inegável a rivalidade de um
Fla-Flu ou de um Grenal (Grêmio X Internacional), por exemplo, mas não existem
questões geopolíticas acirrando esta rivalidade, que, nos casos dos confrontos entre
times brasileiros, ficam “apenas” no campo esportivo.

Quando a Espanha venceu a Copa do Mundo, em 2010, o zagueiro Puyol (foto acima)
comemorou em campo com uma bandeira da Catalunha, e não da Espanha. O atleta
construiu sua carreira jogando, evidentemente, pelo Barcelona.

5ª parte: O Atlethic Bilbao e a questão basca


Ainda na Espanha, outra questão político-territorial que merece atenção é a do País
Basco. Analise o mapa abaixo.
Como você pode observar no mapa, o País Basco é uma região localizada entre o
nordeste da Espanha e o sudoeste da França. Trata-se de um conjunto de lugares em
que a maioria da população tem cultura própria, inclusive idioma específico, o euskara,
muito diferente do espanhol e do francês. No final do século XIX, formou-se um
movimento de caráter separatista, causa que é defendida por uma parte muito
expressiva da população local.
A cidade mais importante desta região é Bilbao. O maior clube de futebol da cidade é o
Atlethic Club, mais conhecido como Atlethic Bilbao. O clube e sua torcida são tão
identificados com a causa do separatismo basco que, em seu plantel de jogadores,
somente são admitidos aqueles que nasceram e / ou foram criados em território
basco. Leia o trecho abaixo.
“Nos dias atuais, o Athletic de Bilbao aceita apenas jogadores bascos em seu plantel,
em decorrência das reclamações formalizadas no começo do século XX por seus
principais rivais regionais, como a Real Sociedad, que à época chamava-se Unión
Ciclista de San Sebastián. (WALTON, J. Basque Football Rivalries in the Twentieth
Century). Portanto, o Athletic de Bilbao não admite, em seu elenco, esportistas que
não sejam nascidos ou criados na Comunidade Autônoma do País Basco, em Iparralde
ou Navarra. Para atuar na equipe, o atleta deve ser natural do País Basco ou possuir
criação e cultura bascas.”
(https://www.redalyc.org/journal/5528/552860957007/html/)
6ª parte: A rivalidade no clássico escocês

O jogo entre Celtic e Rangers, grande clássico do futebol escocês, é conhecido como
Old Firm. São os dois maiores e mais tradicionais clubes escoceses, sendo também os
mais vitoriosos. Como se poderia esperar, a rivalidade entre eles é muito grande. Além
da questão esportiva, há um elemento extra para tal rivalidade: a questão religiosa. Na
Escócia, assim como no Reino Unido como um todo, a maioria da população é cristã.
Há uma diferença importante, no entanto: o Celtic é o clube dos católicos; o Rangers,
dos protestantes. Além disso, os torcedores do Celtic são, em geral, simpatizantes à
ideia de um separatismo escocês em relação ao Reino Unido. A torcida do Rangers, de
forma geral, tem ideias mais conservadoras e defendem a permanência da Escócia no
Reino Unido.
Para aprender mais! 

- GEOGRAFIA E FUTEBOL: O ATHLETIC DE BILBAO E A QUESTÃO


BASCA NOS SÉCULOS XIX-XXI
https://www.redalyc.org/journal/5528/552860957007/html/

- Trailer do filme “Hooligans”, de 2005, sobre os conflitos entre


torcidas violentas britânicas
https://www.youtube.com/watch?v=EAe-1Lv1KYU

Exercícios

1 – Explique a importância econômica do futebol no mundo globalizado.


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2 – Caracterize as duas principais questões nacionalistas envolvendo o


território espanhol e clubes de futebol.
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3 – Discorra sobre as razões para as hostilidades entre as torcidas do Celtic


e do Rangers, na Escócia.
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