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XADREZ BÁSICO (O Melhor Livro Didático de Xadrez Brasileiro) 3

Enviado por

Suelen Cunha
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
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Dr.

Orfeu Gilberto D'Agostini


!Mestre Nacional de Xadrez)

XadrezBásico
REGRAS E NOÇÕES I ELEMENTOS DE COMBINAÇÃO
ABERTURAS I FINAIS I PARTIDAS FAMOSAS
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini
(Mestre Nacional de Xadrez)

Xadrez Básico
REGRAS E NOÇÕES I ELEMENTOS DE COMBINAÇÃO

ABERTURAS I FINAIS I PARTIDAS FAMOSAS

5ª edição/ 1ª reimpressão

~
Ediouro
I - Regrns eh· Xadrez e X oçõcs Preliminares.. . 15
II - Os Finais... ... ..... .. ... .......... ... .... ........... ...... 121
III - Elementos de Combina~ão...... .... .... ........ 21:3
IV - As .Aberturas... ........ .. .. ......... .... ........ .... ... 279
V - Temas Posicionais ele :.\Ieio J og-o e Final
- Partidas ele :.\Iestres..... .. . . . . . . . . . . . . ... .... 4:35
Índic•e. .. . . ... . ... ... ... ........ . ... .. . .. .... . ... .. ... . ... ...... . ... 581
Parecer da Federação Paulista de Xadrez

Submetido à apreciação da Federação Paulista de Xadrez, X.'\.DREZ


BÁSICO recebeu da prestigiosa comissão encarregada dl: examiná-lo o
seguinte parecer aprovado e oficializado pela entidade máxima do xadrez
paulista :

À Federação Paulista de Xadrez


CAPITAL.
Senhores Diretores,
Designados po1· essa Federação, emitimos, com a presente, nos-
so parecer sobre o compêndio XADREZ BÁSICO, de autoria do
médico ORFEU GILBERTO D ' AGOSTINI.
A detida leitura da obra em apreço induz-nos à comicção de que
se ti·ata de um trabalho quC' vem, repentinamente, valorizar nossa
incipiente literatura enxadrística.
Em verdade, conta o iclioma pátrio com alguns li\TOS sobre xa-
drez. Quase todos, a despeito de méritos inegáYeis, pecam por não
exporem, clidaticamente e sem dificuldades, os diversos conhecimen-
tos técnicos que a partiria suscita.
A obra do doutor D' AGOSTJNI está escrita, como se infere de
seu exame, com a fmalidade de re,·elar com clareza e precisão, as
idéias mestras que conduzem o enxadrista ante o tabuleiro.
XADREZ BÁSICO estuda com rigor científico as três fases da
partida-abertura, meio jogo e fmal. Em seus capítulos, articulados
sistematicamente, tanto o principiante, a qu em especialmente pare-
ce dedicado, quanto o experiente, encontrarão os elementos neces-
sários ao aprendizado da arte de Ca.issa e ao aprimoramento de no-
ções muitas vezes obtidas, confusa ou incompletamente, tão só pela
prática do jogo.
Não hesitamos, pois, em recomendar a excelência dessa obra,
sem similar em nossas letras.
Atenciosamente,
(ass.) Márcio Elísio de Freitas
Ex-campeão brasileiro
Flá~io de Can-alho júnior
Ex-campeão brasileiro
Laércio Maragliano
Ex-campeão pauJista

7
Parecer da Confederação Brasileira de Xadrez

Submetido à apreciação da Confederação Brasileira de Xadrez, XA-


DREZ BÁSICO m ereceu do relator, Sr. General Edmundo Gastão da
Cunha, presidente da entidade máxima do xadrez nacional , o seguinte
parecer:

Rio de janeiro, 23 de maio de 1955.


Ao Dr. Orfeu Gilberto D' Agostini:

É com a maior satisfação que manifesto, agora, após uma leitura que
não poderia deixar de ser demorada, as minhas impressões sobre o seu
livro de xadrez intitulado Xadrez Básico.
Trata-se de uma obra excelente, de inestimável valor didático, cuja
matéria é apresentada com proficiência de um Mestre. Conheço bem a
literatura enxadrística moderna, e posso afirmar que Xadrez Básico é
uma das melhores obras no gênero, apresentada em estilo agradável, e
tudo com muita clareza e propriedade. Os temas desenrnh-i<los obc<lc-
cem a um critério de catedrático afeiçoado à arte de ensinar para se apren-
der.
É um li\To digno de figurar em todas as bibliotecas enxadrísticas.
Qualquer amador encontrará nesse feliz trabalho seu um manancial pre-
cioso de ensinamentos, bastantes, por si, para led-lo a um grau ele,-ado
de aperfeiçoamento na Arte de Caissa.
Felicito-o entusiasticamente, como cultor do xadrez, pelo seu ,·alio-
so empreendimento, e dou-lhe meu testemunho, como presidente da
Confederação Brasileira de Xadrez, do apreço e simpatia com que ve jo
receber-se nos centros enxadrísticos nacionais essa extraordinária con-
tribuição ao progresso do xadrez no Brasil.
Renovando minhas congratulações pelo inteiro êxito de seu traba-
lho, apresento-lhe as minhas saudações cordiais.

Edmundo Gastão da Cunha

9
PREFÁCIO

RA.zõER DES'l'E LIYRO

Ê relativamente facil a wn espírito dotado de entusiasmo e


interesse pelo xadrez o aprendizado das noções preliminares e
das regras desse jogo. Requer tão somente a leitura de um livro
elementar, ou a dedkação de um amigo enxadrista: aprende, as-
sim, os primeiros passos do nobre jogo e chega mesmo a ensaiar
com muito gosto as primeiras partidas.
Desse momento em diante, porém, só a pratica do jogo é in-
suficiente: na verdade, encarando o xadrez como ciência de,·era
iniciar seu estudo de maneira metódica, aprendendo e assimilan-
do a experiência de muitos anos de jogo, de gerações inteiras!
Surgem então os percalços: a obtenção de obras especializadas,
que visam o progresso na Arte de Caissa. Que livros consultar?
Onde encontra-los? Quais os indicados?
Os livros de xadrez são numerosos, mas, paradoxalmente, di-
fíceis de serem encontrados, principalmente para os que ,ivem
afastados dos grandes centros, onde se cultiva o xadrez. Acresce,
ainda, para aumentar as dificuldades dos principiantes, que se tra-
tam de livros dispendiosos e, na grande maioria, impressos em
idioma estrangeiro. Tais dificuldades são freqüentes a grande nú-
mero de principiantes.
Atestam-no os catorze anos de nosso jornalismo enxadrístico,
cm que ,imos redigindo seções especializadas através de alguns
jornais da capital bandeirante. Inúmeros foram os leitores que nos
solicitavam indicação de livros especiais sobre o xadrez . Contu-
do, nem sempre podíamos atender aos anseios dos interessados,
ja que recomenda vamos, como ainda o fazemos, obras em inglês,
ou em espanhol, idiomas que nem todos conhecem ou dominam
completamente, como se faz mister.
Em nossa língua são em pequeno número, infelizmente, os
livros que versam sobre xadrez. As poucas obras existentes são de
cara.ter elementar, ou então, profundamente especializadas, co-
mo o "Jogo de Posição", do grande mestre internacional Erich
Eliskases e o "Repertório de Aberturas" do atual campeão brasi-
leiro Dr. \,Valter Cruz. Apesar de elementares e incompletos, es-

11
-""'' - - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO , .
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _J<=.-

ses livros de caráter geral constittÚram, em verdade, a fonte pri-


meira, o ABC de muitos enxadristas patrícios, inclusiw de cam-
peões nacionais . Seus autores, todos eles amadores, cujo meio de
vida se desenrolava em ambientes sobremodo diferentes do
enxadrístico, tiveram a intrepidez e o patriotismo de tratar do
jogo de xadrez, e o fizeram, bem de Yer, com dedicação e cari-
nho; daí serem grandemente merecedores do respeito e conside-
ração do enxadrismo pátrio.
Outra dificuldade por que passam os principiantes se refere
ao número de obras que devem consultar, porquanto há uma
verdadeira especialização na literatura respectiva. Com efeito,
existem obras sobre aberturas, sobre finais, meio jogo e jogo de
combinação, sobre jogo posicional, partidas de mestres, sobre
aberturas em particular, etc. Enfim, uma literatura variada e
ultra-especializada.
Decorreu, daí, nossa idéia ao escrever esta obra: Condensar,
num Único livro, todas aquelas noções indispensá ,·eis para um pro-
gresso rápido no jogo de xadra, abrangendo desde as noções pre-
liminares até o estudo de temas do xadrez superior.
Nos capítulos que formam este li\To, estudamos as noções pre-
liminares e as regras do jogo, os finais, os elementos de combina-
ção, as aberturas e os temas posicionais de meio jogo e final . Apre-
sentamos, ainda, uma série das melhores partidas, seja dos mes-
tres antigos, seja dos contemporâneos, nas quais se vêem aplica-
dos numerosos dos ensinamentos teóricos explanados nas páginas
do li\To.
Acreditamos, assim, ser útil urna tal obra, mormente para os
enxadristas que habitam longe dos grandes centros de xadrez,
como os do interior, que, desejando progredir, se encontram, contu-
do, sem os meios para realizar, facilmente, seus justos propósitos.

À.,-; FO:\TES DESTE Ll\'TIO

Nada pretendemos descobrir ou criar neste trabalho. Inventar


em xadrez é tarefa complexa, difícil e que tem sido o apanágio de
bem poucos lumiares do xadrez. Para a organização deste com-
pêndio tivemos, pois, de recorrer às obras especializadas. A con-
sulta a livros de autores mais capazes é tarefa obrigatória para quem

12
-=--------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _b.s..

se propõe a escrever um livro com as finaUdades deste trabalho,


visando tal consulta aproveitar as idéias, os ensinamentos e a ex-
periência desses autores credenciados.
O jogo-ciência esta bastante difundido cm todo o mundo. A
literatura enxadrí.stica, nesse particular, é única: editam-se roais
livros de xadrez que sobre qualquer outro jogo conhecido. Vasta
foi a lista de obras por nós consultadas, compreendendo desde os
livros clássicos até as revistas especializadas e mesmo seções de
jornais estrangeiros e nacionais. Há um índice bibliográfico, que
poderá facilmente ser examinado. Porém, aqui, queremos assina-
lar as principais obras, pilares mestres de nosso livro, guias mag-
níficos. São o The Jdeas Bchind The Chcss Openings, e o Basic
Chess Endings, do grande mestre e didata Reuben Fine : o },fadem
Chess Strategy, de Edward Lasker; o Los Grandes Maestros Dei
Tablero, do inolvidável Ricardo Reti; o Exercícios de Combinacion
Com Finales Brilhantes, de Luis Palau; o Mi Sistema, de A.ron
Nimzowitch; e o Fundamentos Dei Juego De Posicion, do Dr.
Max Euwe.
Nos assuntos respectiYos, esses livros foram de valor inca.lcu-
lável, constituindo a base, o alicerce, sobre o qual se assentou nosso
trabalho.

PROPÚSITOS DO .\T"TOR

Nas páginas deste livro procuramos condensar a experiência


de mu.itos anos de jogo de mu.itos países e atra\·és de \·árias gera-
ções, tarefa que foi realizada, é justo confessar, com grande esfor-
ço, sacrifícios inúmeros e durante longo tempo.
Dirigimos nossos trabalhos no sentido de tornar a matéria bem
maleável a todos os estudiosos, buscando, sempre que possh-el,
situar seus assuntos com clarc-za e exemplos demonstrativos. Acre-
ditamos ser possh·cl ensinar o xadrez, pelo menos sob alguns as-
pectos, como uma ciência, e, assim, sujeito a planejamentos didá-
ticos de simples compreensão.
São nossas mais sinceras intenções que este livro atinja os ob-
jetivos a que se propôs: tornar mais fácil, mais ameno e rápido, o
estudo e progresso do Jogo dos Reis.
Com efeito, não alimentamos, escrevendo-o, outra ambição.

13
, XADREZ BÁSICO e.,,
~~
' --------- ---------~=-

Qualquer que seja, contudo, a receptividade que o mesmo vier a


merecer, cabe-nos a satisfação de nos termos esforçado por ser
util ao xadrez de nossa pátria.

Dr. Orfeu G. D 'Agostini

14
CAPÍTULO
I

REGRAS DE XADREZ
E NOÇÕES PRELIMINARES
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ----="-

XADREZ: DEFI)tIÇ..c\.O E FIN.ALIDADE

O xadrez é uma ciência (Leibnitz) .


O xadrez é a ginástica da inteligência (Goethe) .
O xadrez é muita ciência para ser jogo f' muito jogo
para ser ciência (Montaigne).
O xadrez é uma luta gostosa de emoções (Lasker).

O xadrez é um esporte intelectual, que se joga entre duas pes-


soas, ou equipes, que dispõem de forças iguais, seja em quantida-
de seja em quali.dade, denominadas peças e que têm cor diferen-
te, geralmente brancas e pretas.
As peças se mm-imentam segundo leis con,·encionai.5, e o jogo
tem o motivo de, ap6s um número variavel de movimentos, tam-
bém chamados lances ou jogadas, ganhar a partida ao adversário,
o que se consegue levando o Rei contrário (o Rei, saibamos, é a
peça mais importante do xadrez) a uma posição especial, a que se
denomina mate.
O objetivo, portanto, do jogo de xadrez é dar mate ao ad1·er-
sário. E o jogador que consegue primeiro dar mate a seu ri,·al é
quem vence a partida.

Elrrnentos elo Xadrez

Constituem elementos do xadrez o tabuleiro e as peças.

O Tabuleiro

Posição - colunas - horizontais - diagonais.


Joga-se o xadrez sobre um quadrado divicli.<lo em sessenta e
quatro casas, pintadas alternadamente de brancas e pretas, ou
outras cores convencionais : é o Tabuleiro de Xadrez (diagrama 1).
Dispõe-se o tabuleiro de maneira que cada jogador tenha a sua
direita a casa angular de cor branca .
Uma sucessão vertical de oito casas chama-se Coluna (cli.agra-
ma 2).
Uma sucessão horizontal de outras tantas casas chama-se Ho-
rizontal (diagrama 3) .

17
.=-,.___________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - ~

Tabuleiro de Xadrez Uma coluna

DIAGRAMA 1 DIAGRAMA 2

Uma Horizontal

DIAGRAMA3

As sessenta e quatro casas do tabuleiro formam, pois, oito co-


lunas e oito horizontais.
Denomina-se Diagonal qualquer conjunto de casas da mesma
cor, que cruza em linha reta o tabuleiro, formando com as colu-
nas e as horizontais um ângulo de 45º .
Ha diagonais de 2, 3, 4 , 5, 6, 7 e 8 casas. As duas diagonais de
oito casas constituem a grande diagonal branca e a grande diagonal
preta (diagrama 4).

Grande Grande
diagonal diagonal
branca preta

DIAGRAMA 4 - DIAGONAIS

18
- = ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~~

As Peças

O xadrez possui 32 peças, cabendo 16 para cada lado. São elas :

Rei de cor branca de abreviatura R


Dama " " vJI D
2 Torres " " " T
3
2 Bispos " " _l B
2 Cavalos " " e
~ '
8 Peões " " p
li
1 Rei de cor preta de abreviatura R
1 Dama
2 Torres " "
*'li'
~
D
T
2 Bispos Jl B
2 Cavalos " " e
8 Peões " " 1 p

Posição Inieial das Peças

Ao se iniciar uma partida as peças devem ocupar a posição do


diagrama S. Observemos que as 16 peças ocupam de cada lado as
duas primeiras horizontais. Os Peões estendem-se pela segunda
horizontal; as Torres formam nas casas angulares; os Ca\'alos jun-
to às Torres; os Bispos, ao lado dos Cavalos.;\ Dama branca ocupa
a casa branca; a Dama preta, a casa
preta. Os Reis situam-se nas casas
restantes.
Na disposição das peças, dois
erros são freqüentes: confundir a
posição do Ca\'alo com a do Bispo
bem como colocar o Rei no lugar
da Dama. Convém sempre, em se
iniciando uma partida, verificar a
exata colocação do tabuleiro e das
peças, afastando-se, destarte, esses
DIAGRAMAS
enganos sempre frutos do descui-
Posição inicial das peças
do.

19
~..__________ XADREZ BÁSJCO ------------""-

::\Imimentos elas Pc~as

Recordar que o tabuleiro é constituído de colunas, horizon-


tais e diagonais. Os pontos(.) indicam a movimentação das dife-
rentes peças.

DIAGRAMA6 DIAGRAMA 7

O s Bispos podem mo,·er-se para qualquer casa situada nas


diagonais, perto ou clistante, que se originam de sua posição (dia-
gramas 6 e 7) . Em xadrez, cada lado, dispõe de dois Bispos: um
correndo pelas casas brancas , outro, pelas casas pretas.
O Bispo jamais muda a cor da casa em que se encontra.
Assim, o Bispo, que no início da partida habita a casa branca,
andará sempre por casas brancas, ao passo que o Bispo, de casa
preta, sempre caminhará por casas pretas.

A Torre

DIAGRAMAS DIAGRAMA9

20
~- - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -------=-

A Torre movimenta-se em sentido horizontal ou vertical. Po-


derá ocupar qualquer casa, perto ou longe, quer na coluna quer
na horizontal (diagramas 8 e 9).

A Dama

DIAGRAMA 10 DIAGRAMA 11

A Dama movimenta-se como Torre e como Bispo. Como Bis-


po, pode ocupar qualquer casa que se encontre sobre as diagonais,
que se alinham de sua posição. Como Torre, qualquer casa na ho-
rizontal ou na coluna originárias também de sua posição (diagra-
mas 10 e 11 ).

O Rei
A
O movimento clo Rei é o mo,i-
mento da Dama, contudo, reduzi-
do à unidade, isto é, o Rei poderá
mover-se somente para qualquer
das casas contíguas à casa que ele
ocupa. Colocado em casa angular
(diagrama 12A) , o Rei dispõe, ape-
nas, de três casas. Ocupando casa
da primeira horizontal, ou então
casa de coluna marginal, com ex- B
DIAGRAMA 12
ceção das casas angulares, o Rei tem
a sua disposição cinco casas (diagrama 12B). Afastado das colunas
marginais e das horizontais extremas, o Rei pode mover-se a oito
casas (diagrama 12C).

21
-""'"-------------- XADREZ BÁSICO
----------=-

O Peão

O Peão marcha verticalmen-


te, ao longo da coluna em que se
encontra, caminhando uma casa
por vez. Quando está em sua po-
sição inicial, na segunda horizon-
tal, é permitido, porém, avançar
duas casas (diagrama 13).

DIAGRAMA 13

O Cavalo

DIAGRAMA 14 DIAGRAMA 15

O Cavalo move-se uma casa como Torre e a seguir uma casa


como Bispo, afastando-se de sua casa primitiva. A posição inicial
do Cavalo forma com a posição seguinte um "L" (diagramas 14 e
15).
O Cavalo, em seus movimentos, muda constantemente de cor:
de casa branca salta para casa preta e desta para a casa branca.
Situado nas casas angulares dispõe de duas casas (diagrama 14).
De sua casa inicial domina três casas (diagrama 14); colocado nas
demais casas da primeira horizontal exerce ação em quatro casas
(diagrama 14); quando no centro do tabuleiro domina oito casas
(diagrama 1S).

22
-""'>L------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostiru - - - - - - ~i~

Valor Comparati,·o elas Peças


Tornando-se o Peão corno unidade, o valor comparativo das
peças é o seguinte:

Peão= 1
Bispo= 3
Cavalo= 3
Torre= 5
Dama= 10

O Rei tem valor absoluto, pois sua perda significa a derrota .


Os valores das outras peças são aproximados e referidos tão so-
mente para efeito de trocas de peças, no decorrer de uma par-
tida.
A Dama, reunindo os movimentos da Torre e do Bispo, é a
peça mais poderosa. A Dama vale 10 Peões, ou 2 Torres, ou 1
Bispo e mais 7 Peões. Ainda, uma Dama vale 2 Bispos, 1 Cavalo e
1 Peão.
A Torre vale 5 Peões, ou 1 Bispo e 2 Peões.
Cavalo e Bispo têm o mesmo valor: 3 Peões.
Esses números se referem ao valor de cada peça, indepen-
dentemente de sua posição no tabuleiro ou da fase da partida
(abertura, meio jogo e final). De acordo com esses fatores pode
haver mudança radical no valor de uma peça. Posições há em
que um Cavalo ou um Bispo são mais fortes que a própria Dama.
Nas posições fechadas, via de regra, os Cavalos são superiores
aos Bispos; nas posições abertas, ao contrário, os Bispos serão
mais valiosos. No início da partida a Dama é superior às duas
Torres; nos finais, há igualdade entre essas forças, etc.
Os que se iniciam no jogo de xadrez devem guardar o valor
comparativo das diferentes peças, para bem ajuizar do ganho ou
perda de material nas trocas de peças. Assim, numa troca de pe-
ças de valor igual, Cavalo por Cavalo, Peão por Peão, Bispo por
Cavalo, etc. haverá igualdade na troca. Mas trocar um Cavalo por
um Peão, uma Torre por um Cavalo, ou urna Dama por uma Tor-
re, é mau lance para o jogador, porquanto perde ele peça mais
valiosa. Agora, o enxadrista que permuta um Bispo ou um Ca·, alo

23
XADREZ BÁSICO
--="----------- ----------r=-

por uma Torre, diz-se que ele "ganha qualidade" . "Ganhar a quali-
dade" é, portanto, expressão significativa da troca de um Bispo,
ou Cavalo, por uma Torre.

Limite e l\foclifieação no }Ioúmento das Peças

Estudamos, até aqui, a mobilidade de cada peça isoladamente.


Quando existem outras no tabuleiro, a mobilidade pode estar re-
duzida ou mesmo ser nula. A presença de peças da mesma cor, ou
de peças contrárias, diminui o raio de ação de uma peça.
Vejamos esses dois casos:

1º - A peça é da mesma cor

Nesta eventualidade não é possível saltar sobre essa peça, nem


ocupar sua casa. O domínio de uma peça, ou sua mobilidade, ter-
mina na casa imediatamente anterior a ela. O Cavalo, contudo, é
a única peça que goza do privilégio de saltar por cima das próprias
peças ou das adversárias, como veremos adiante.

DIAGRAMA 16 DIAGRAMA 17

No diagrama 16 vemos que a movimentação da Torre branca


está limitada pela presença do Cavalo e da Dama, da mesma cor.
A Torre preta, do outro lado, está sem movimentos, enquanto o
Rei, da mesma cor, dispõe apenas de três casas.
No diagrama 17 observamos que o Bispo branco está limitado
em sua ação pelo Rei e dois Peões da mesma cor; o Rei preto
dispõe somente de uma casa e a Torre branca, por sua vez, está
completamente tolhida em seus movimentos.

24
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gill,erto D'.Agostini ----------"-=--

No iliagrama 18 vemos que o


Rei branco tem duas casas porque a
Torre, o Peão e a Dama restringem
seus movimentos. A Torre, por sua
vez, ao lado do Rei, tem só duas ca-
sas na sua frente, pois o Bispo e o
DIAGRAMA 18 Rei limitam seus movimentos. Ao
Cavalo só restam duas casas; as ou-
tras estão ocupadas pelas duas Torres, Dama e Peão. O Bispo bran-
co domina apenas quatro casas; o Canlo \'eda-lhe a outra iliagonal.
O Peão na frente do Rei esta sem moYimentos, porquanto o Cau-
lo impede sua marcha . O outro Peão só pode avançar um passo. A
Torre em frente dele tem limitados seus movimentos pelo Bispo
e pelo Peão.

2º - A peça é de cor diferente

Como no caso anterior, também não é possh·el passar sobre


ela; porém, a peça que se move pode chegar até a casa ocupada
pela peça contraria, apoderar-se da referida peça e dominar a casa.
Somente ao Peão, como veremos adiante, é negado esse ilireito.
A peça contrária visada é retirada do tabuleiro. A isso se denomi-
na ganhar, capturar, tomar ou" comer" uma peça.

DIAGRAMA 19 DIAGRAMA20

1\/o iliagrama 19, por exemplo, a Torre branca, jogando, pode


chegar até o Peão preto, captura-lo e apoderar-se de sua casa; isto
feito, é o Peão retirado do tabuleiro. No iliagrama 20 vê-se a po-
sição que resultou após esse lance .

25
--="----------- XADREZ BÁSICO __________ ..--.=..

DIAGRAMA21 DIAGRAMA22

No diagrama 21 , a Torre branca da casa angular ataca o Peão


preto; a Dama branca investe contra o Cavalo preto; o Rei branco
ameaça o Bispo preto; o Rei preto toma a Torre branca; o Cavalo
preto captura o Peão branco e, igualmente, o Bispo preto, de ca-
sas pretas, ganha o Peão branco lateral. Realizadas essas opera-
ções, a posição passa a ser a do diagrama 22.

O Movimento do Cavalo é exceção

O Cavalo é peça que tem movimento peculiar, porquanto sal-


ta sobre as demais, quer sejam próprias quer adversárias; mas ob-
servemos que a casa a que se dirige não deve estar ocupada por
peça de seu lado.

No diagrama 23, o Cavalo


branco pode ocupar as duas casas a
que tem direito, apesar de estar blo-
queado pelo Rei,Torre e Peão bran-
cos. O Cavalo preto, embora rodea-
do pelo Rei, Dama, dois Bispos e
dois Peões de seu lado, dispõe de
três casas. As duas Torres pretas e o
Peão da mesma cor da coluna late-
ral Limitam sua ação, porque o Ca-
DIAGRAMA23
valo não pode, realmente, saltar
para estas casas, desde que a casa visada tenha peça companheira.
Porém , se a casa a que deseja pular está ocupada por uma peça

26
A _ ______ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - - - - - " = -

inimiga, captura-se e fixa-se nessa


casa, de maneira igual que as ou-
tras peças .
No diagrama 24 o Cavalo bran-
co podera saltar sobre as peças pre-
tas, que o rodeiam, e capturar o DIAGRAMA24

Bispo ou o Peão das Pretas.

Captura das Peças

Os diagramas anteriores ja nos mostraram como se capturam


peças adversarias. As peças capturam, com exceção do Peão, se-
gundo seu próprio movimento. Toda peça, que se encontra sob o
raio de ação de outra inimiga, pode ser capturada, e, tomada, sera
retirada do tabuleiro, cuja vaga sera preenchida, em seguida, pela
peça vencedora. O Rei, saibamos, de passagem, é a única peça
que não podera ser capturada. Veremos isso mais adiante.
Importante é frisar que, em xadrez, capturar peça não é ma-
nobra obrigatória. Não existe, na verdade, obrigação alguma em
tomar ou "comer" uma peça.

O Peão faz exceção

O Peão é a única peça que não toma outra inimiga no sentido


do seu movimento. Captura qualquer peça inimiga que se encon-
tre situada nas casas laterais à casa de seu avanço imediato.
Outra explicação: captura co-
mo Bispo, apenas uma casa, e so-
mente para frente.
No diagrama 25, o Peão bran-
co, que se encontra na coluna ex-
trema, tem pela frente um Peão
preto. O Peão preto está na linha DIAGRAMA25
de avanço do Peão branco, mas não
pode ser tomado, nem, por sua vez, pegar o branco.
Ja o Peão branco central,pode capturar o Bispo preto, isto é, o
Peão branco pode dirigir-se à casa ocupada pelo Bispo preto, que
é retirado do tabuleiro.

27
~ - - -- -- - - -
XADREZ BÁSICO - - - - -- - - - --"=--

No diagrama 26, o Peão bran-


co, que está na segunda coluna,
pode tomar ou o Cavalo ou o Peão
das pretas. O Peão branco da sexta
coluna, igualmente, pode capturar
DIAGRAMA 26 quer a Torre, quer a Dama das Pre-
tas, mas não está atacando o Bispo, que se encontra à sua frente .
O Peão apresenta, ainda, outra exceção interessante. Todas as
peças - Rei, Dama, Torre, Cavalo e Bispo - podem locomover-
se para a frente e para trás. No entanto, o Peão somente avança;
não pode, em nenhuma hipótese, realizar um recuo. Ele jamais
retrocede!

Exceções do Rei

O Rei tem, igualmente, limitados seus movimentos em di-


versas eventualidades. Já sabemos que todas as peças,
movimentando-se, podem: a) ocupar casas livres, ou casas sob do-
mínio de peças inimigas; b) capturar peças indefesas ou peças de-
fendidas.
A Torre branca, no diagrama
27, pode ocupar qualquer das ca-
sas livres, pontuadas, ou mesmo
uma casa sob domínio de uma peça
contrária. Pode, assim, ocupar a
casa imediata, em sua frente, ain-
da que atacada pelo Peão preto. A
Dama branca pode capturar a Tor-
re preta, apesar de defendida pelo
Bispo, se deseja o perigo de ser
também tomada.
DlAGRAMA27
O Rei, porém, não pode
encaminhar-se para casa dominada por peça adversária, nem to-
mar peças defendidas.
No diagrama 28, o Rei branco não pode avançar para nenhu-
ma das casas da segunda horizontal, dominadas que se acham pe-
los peões pretos, nem dirigir-se à casa da direita, dominada pelo
Bispo inimigo. Nessa posição só lhe resta a casa à esquerda, asa-

28
~~=-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"=-

ber, a casa angular preta. De ou-


tro lado, o Rei preto pode captu-
rar o Cavalo branco, que esta in -
defeso, mas não pode tomar o
Peão, pois este se acha defendido
pelo Bispo.
O Rei, porém, não pode enca-
minhar-se para casa dominada em
seus movimentos, que devem ser
bem conhecidos pelos que se ini-
DIAGRAMA 28
ciam no jogo de xadrez.

Xeque e Xeqnc-}Hate

Vimos, linhas atrás, que o Rei não pode capturar peças defen-
didas, nem situar-se em casa sob domínio de peça contrária. Po-
rém, o Rei pode ser atacado por qualquer peça adversária, com
exceção do outro Rei.
Toda vez que o Rei for atacado, diz-se que ele está em
XEQUE. O lado, que ataca o Rei, deve dizer - xeque ao Rei
ou, simplesmente, xeque, como uma advertência ao adver-
sário, que deverá livrar seu Rei da ameaça de ser tomado.
Desta forma, sempre que atacado o Rei, devera ser adverti-
do o jogador contrário.
Dar xeque ao Rei, é, pois, deslocar uma peça, em cuja movi-
mentação, ou raio de ação, vai surpreender o Rei inimigo.
No diagrama 29, as brancas mo-
veram a Torre e atacaram o Rei
preto. Deram, portanto, um xe-
que ao Rei inimigo. As brancas
precisam, após efetuado o lance de
DIAGRAMA29 Torre, dizer xeque ao Rei, ou,
simplesmente, xeque.

Como Proceder o Rei em Xeque

Já vimos que o Rei não pode ser capturado (Se o fosse, a par-
tida estaria prematuramente terminada!). Logo, atacado, deverá

29
..,:;,;.__________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - ~

sair imediatamente do xeque. O Rei não pode colocar-se em xe-


que nem permanecer nesse estado.
O Rei livra-se de um xeque por urna das três maneiras:
1 - · Por seus pr6prios meios, movendo-se para uma casa con-
tígua não dominada por peça inimiga .
2 - Interpondo-se entre o Rei e o atacante outra peça da cor
do Rei, anulando-se, assim, a investida da peça inimiga.
3 - Capturando-se a peça atacante.
No diagrama 30, o Bispo
branco deu xeque ao Rei preto;
este livrar-se-á do xeque, moven-
do-se para qualquer das casas pon-
tuadas. São proibitivas as casas as-
sinaladas por um (X), dominadas
pelo Bispo branco.
No diagrama 31, a Torre
branca deu xeque ao Rei. O Rei
safa-se, por si, dessa posição,
movendo-se para uma das duas
DIAGRAMA30 casas pontuadas, como no exem-
plo anterior, ou interpondo entre
a Torre branca e o Rei sua pr6pria
Torre. As casas assinaladas por um
(X) estão impedidas, dominadas
que se acham pela Torre branca.
O diagrama 32 exemplifica
DIAGRAMA31
como o Rei preto se libertou do
xeque. A ação da Torre branca, na
horizontal, termina na casa ocu-
pada pela Torre preta. O Rei pre-
to está coberto.
Novamente o Rei preto rece-
DIAGRAMA32 beu um xeque (diagrama 33). Mas
dele poderá livrar-se, movendo-se
para uma das casas pontuadas, ou
realizando outra vez a cobertura
com a Torre, ou, ainda, capturan-
do a Torre branca com o Cavalo
DIAGRAMA33
preto.

1 30
-=~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _lM.~

Há posições em que existem, ao mesmo tempo, esses três meios


de salvar o Rei do xeque, ou dois, ou apenas um. Quando o Rei
recebe um xeque e não lhe é possível valer-se de nenhum dos
meios apontados para Üvrar-se dele, diz-se que o Rei recebeu
Xé'QUE-MATl='ou, simplesmente, MATE.
No diagrama 34, o Rei preto
acabou de receber um xeque do
Cavalo branco. Logo, de acordo
com o que já sabemos, precisará
ele Üvrar-se do xeque. Mas, por
seus próprios recursos, isso é im-
possível: as duas casas que lhe res- DIAGRAMA34

tam estão dominadas pelo Rei


Branco; já é de nosso conhecimento que um Rei não pode ocupar
casa que se acha sob ação de peça contrária. Cobrir o xeque é
inexeqüível, porquanto um xeque de Cavalo não pode ser cober-
to, isto é, não é possível colocar-se peça entre o Cavalo e o Rei .
Capturar o Cavalo é impraticável. Por conseguinte, o Rei preto
sofreu um xeque-mate.
No diagrama 35, o Rei preto
levou xeque de Peão. !\'ão pode es-
capar, ocupando para isso casas
contíguas, ,-isto que a Dama e o
Rei das Brancas dominam as refe-
ridas casas. Não pode, outros sim, DIAGRAMA JS
capturar o Peão branco, defendi-
do que se acha pelo próprio Rei; sabemos, igualmente, que o Rei
é uma peça que não pode tomar outra protegida. Ora, não po-
dendo sair do xeque, mas tolhido em seus movimentos e sem po-
der capturar a peça atacante, estará ele, irremediavelmente, em
xeque-mate, ou, simplesmente, mate.

Sig1lificação do Xequr-:i.\fate

Quando um Rei leva mate, a partida está terminada, cabendo


a vitória ao jogador que deu o golpe final. A razão precípua do
jogo de xadrez é, conseqüentemente, dar xeque-mate ao Rei ad-
versário. O objetivo de todas as jogadas, de todas as combinações,

31
..=,,.._________ _ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - --"'=-

é, dfreta ou indiretamente, atacar e, em seguida, dar mate ao Rei


inimigo ; também evitar recebê-lo do ad,·ersário.
Todavia as partidas podem terminar sem esse final tão ambi -
cionado. O jogador, que percebe ser o mate inevitável , costuma,
elegantemente, abandonar a partida . O mesmo sucede quando há
desnível acentuado de material, não havendo possibilidades em
continuar a partida. Em tais circunstâncias, é hábito, distinção,
inclinar levemente o Rei, deitando-o, proferindo a palavra aban-
dono. Observemos, contudo, que em xadrez não há regra nenhu-
ma que obrigue o enxadrista, inferiorizado, a abandonar o jogo.
Tal conduta se baseia tão-somente na ética enxadrística. O aban-
dono apenas se deve verificar em presença de condições real-
mente insustentáveis; não deve ser precipitado. Há, realmente,
exemplos numerosos de enxadristas, e até de mestres, que aban-
donaram partidas consideradas, posteriormente, empatadas ou
absolutamente ganhas.
As partidas nem sempre terminam com a vitória de um dos
lados. Circunstâncias existem, cm verdade, em que não é possível
dar mate; e circunstâncias outras, que declaram a partida sem ven-
cedor. Nesses casos, a partida está empatada.

Movimentos E:\.i.raordinários

Já vimos de que maneira se movimentam regularmente as pe-


ças. Estudaremos, em seguida, os chamados movimentos extra-
ordinários. São eles em número de três:
1 - Roque
2 - Tomar "en passant"
3 - Promoção do Peão

1 - Roque

Joga-se xadrez movendo-se apenas uma peça de cada vez . Em


uma Única circunstância, duas peças podem ser movidas ao mes-
mo tempo. O movimento referido chama-se - ROQUE - - e é
realizado com o Rei e qualquer das duas Torres. O roque é , pois,
movimento combinado de Rei e Torre, para efetuá-lo será pre-
ciso que ambas as peças estejam em suas casas iniciais, não te-

32
~:,,:=rl~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"=-

nham realizado nenhum mO\i mento anterior; também, que o es-


paçu entre elas esteja lhTe e não se achar exposto a xeque .
:---:o diagrama 36, Rei e Torre
c•, t5o em suas casas primith·as.
Faz-se o roque mo,·endo o Rei
a
duas casas em direção Torre com
a qual se vai rocar. A seguir, DIAGRAMA36
coloca-se a Torre na casa vizinha à
do Rei, mas saltando sobre ele.
O diagrama 37 mostra o roque
concluído. O roque, na ala do Rei
(há duas alas, a do Rei e a da
Dama), chama-se ROQUE PE- DIAGRAMA37
ROQUE PEQUENO
QUENO.

~
Da mesma maneira, o Rei e a
Torre estão em suas casas iniciais
(diagrama 38).
O roque feito com a Torre, da
ala da Dama, chama-se ROQUE DIAGRAMA38

GRANDE (diagrama 39). NestE>


roque, que é o grande, o Rei se
a
desloca, em direção Torre da
Dama, também duas casas; nesta
manobra a Torre ocupará casa con-
tígua à do Rei, saltando sobre ele, DIAGRAMA39
ROQUE GRANDE
como no caso anterior.
Apesar de o roque movimentar duas peças, Rei e Torre, é con-
siderado como simplesmente um lance.

Requisitos para o Roque

O roque para ser feito exige os requisitos seguintes:


1 - O Rei e a Torre devem estar cm suas casas iniciais, sem
terem-se movimentado anteriormente.
2 - Entre o Rei e a Torre não devem existir peças.
3 - O Rei não pode estar em xeque.
4 - O Rei, ao rocar, não pode ocupar casa atacada nem passar
por casa dominada por peça adversária.

33
,,,si XADREZ BÁSICO
-='----------- ----------

O Rei ou a Torre podem estar em suas casas iniciais, mas, tendo


havido lance anterior de uma dessas peças, o roque não sera mais
possível.
Na posição do diagrama 40,
as Pretas não podem fazer o roque
grande (roque com a Torre da ala
da Dama) porque ha uma peça, o
Bispo preto, entre o Rei e a Torre.
Não podem, igualmente, realizar
o roque peque no (roque com a
Torre da ala do Rei), por existir
uma peça, o Cavalo branco, entre
o Rei e a Torre .
As Brancas, por sua vez, não
DIAGRAMA40 podem fazer quer o roque peque-
no, quer o roque grande, por es-
tar em xeque o Rei branco.
As Brancas (diagrama 41) não
podem fazer o roqu~ grand ~, poi s
seu Rei ocupar ia uma casa ( X lata-
cada pelo Bi spo preto ...\ s Preta s
não podem tamb ém r eali zar o
roqu e pequeno, porq ue se u Rei
passaria por uma casa (X l que esta
dominada pelo Ca\'alo br an,:o .
No roque , mo\'e-se o R i em pri-
meiro lugar, e , a s guir. a Torre .
DIAGRAMA41 e
O roque não lance obrigar r io.

2 - Tomar "En Passant"

Ja estudamos que o Peão não captura peças inimigas n senti -


do de seu movim ento, mas, sim, como Bispo, uma casa soe ap e-
nas para frente. Dessa maneira, o Peão toma todas as peças, com
exceção do Rei, naturalmente .
Mas, em matéria de captura de Peões inimigos, sob certas conc ;i -
ções, o Peão desfruta um privilégio especial.
Tal sucede (diagrama 42) quando existe um Peão na quinta

34
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ---------"""'-

hori.;wntal e wn Peão adversário cm


sua casa inicial; ambos os Peões
estão em colunas vizinhas.
O Peão da 9uinta horizontal
domina as casas pontuadas. O Peão
preto, 9ue se acha em sua casa ini- DJAGRAMA42

eia!, pode avançar uma ou duas


casas . Se avançar uma , ocupará
casa dominada pelo Peão branco
podendo, pois, ser capturado.
Mas, avançando duas casas (diagra-
ma 43), vai situar-se ao lado do
Peão hranco. Quando assim suce- DIAGRAMA43

de, o Peão da quinta horizontal


poderá capturar o Peão inimigo,
9ue se adiantou dois passos, exa-
tamente como se o Peão preto
houvesse andado uma só casa . Cap-
turado, o Peão preto é retirado;
coloca-se, em seguida, o Peão, 9ue DIAGRAMA44
captura, na casa da terceira hori-
zontal das Pretas, como se o Peão preto tivesse aYançado wna só
casa. A posição 9ue resulta dessa captura é a do diagrama 44.
Tal manobra é chamada TOMAR "E:V PASSANT' -, expres-
são francesa universahnentc adotada em xadrez.
Tomar "en passant", como qualquer outra captura de peça, é
um direito que pode ou não ser exercido . É, por isso, lance fa-
cultativo.
Mas, esse privilégio somente valerá como contestação ime-
diata ao avanço do Peão contrario. Jogado pelo adversário wn outro
lance, perde ele o direito de tomar "en passant" . Em outras pala -
vras, a oportunidade de se tomar "en passant" é uma só, unica-
mente como resposta imediata ao avanço do Peão contrario.

3 Promoção do Peão

O Peão é wna peça que apresenta \·árias particularidades em


seus movimentos. Já vimos que, estando em sua casa inicial, na
segunda horizontal, pode avançar, indiferentemente, uma ou duas

35
_,..,,..___________
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - ~

casas; porém, afastado de sua casa primitiva caminha apenas um


passo de cada vez e sempre para frente.
É a Única peça, na verdade, que não anda para trás .
Ao capturar peças inimigas, não o faz, como as demais peças.
no sentido de seu movimento e sim de uma maneira toda especial,
já estudada, a saber, em diagonal. O Peão é a Única, peça que
pode capturar "en passant" outro Peão, como vimos linhas atrás.
Outro pormenor interessante do Peão é sua PROMOÇÃO ao
atingir a oitava casa de uma coluna qualquer, ou seja, ao chegar à
primeira horizontal do adversário. O Peão que consegue alcançar
a oitava casa de uma coluna transforma-se imediata e obrigatoria-
mente em qualquer peça de sua cor : Dama, Torre Bispo ou Ca,·a-
lo, com exceção do Rei e do Peão.
A promoção do Peão é um dos recursos mais comuns, que
aumentam as próprias forças, e o objetivo freqüente e ansiosa-
mente procurado nos finais de partida.
No diagrama 45, as Brancas,
tendo o lance, podem avançar seu
Peão e trocá-lo por uma peça de
maior ,·alor, por exemplo, uma
Dama.
Realizada tal jogada e tal
DIAGRAMA45
promoção, resultaria a posição do
diagrama 46. O Peão elevado a
Dama passa a agir como Dama e
ataca, imediatamente, o Rei preto,
dando-lhe xeque.
Vimos que o Peão pode ser
transformado em qualquer peça
DIAGRAMA46
( exceção do Rei e do Peão), apc·
sar dessa peça ainda existir sobre o tabuleiro. O fato de se possuir
a Dama não impede que se consiga outra, ou outras, pela promo-
ção dos Peões. Ao enxadrista é facultado, assim, ter duas ou mais
Damas, três ou quatro Bispos, três ou quatro Torres etc.
A peça mais freqüentemente solicitada é a Dama, por ser a de
maior valor. Há posições, contudo, em gm: as partidas se deci
dem com promoção inferior, isto é, da Torre, do Bispo ou do
Cavalo. Veremos isso mais adiante.

36
_s,.___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Ag-ostini - - - - - - ~ ~

Empate

A partida de xadrez define-se ou pela vitória de um dos joga-


dores ou termina sem vencedor, Nesta última eventualidade,
dá-se o EMPATE. Ocorre o empate nos casos seguintes:
1 - - Quando o lado que compete jogar não pode realizar ne-
nhwn movimento legal; todas as peças estão impedidas de mover-se
e seu Rei não se encontra em xeque.
Na posição do diagrama 4 7, o
lance sendo das Pretas, a partida
esta empatada, pois os Peões pre-
tos não têm movimento, o Rei não
esta em xeque, mas não pode
mover-se sem expor-se a xeque. A DIAGRAMA47
este tipo de empate, os argentinos
denominam "tablas por ahogado", e os franceses "par', expressões
também usuais em nosso meio.
2 Quando é possível dar uma série de xeques ao Rei ad-
versaria, isto é, xeques perpétuos.
No diagrama 48, as Brancas
com o lance, deram x eque de
Torre ao Rei preto, que s6 dispõe
de uma casa (.), para onde se
dirige . A Torre branca, por sua
vez, da outro xeque ao Rei preto,
na casa pontuada da terceira ho-
rizontal (.). O Rei preto volta a
sua posição anterior, e, desta for-
ma, seguem-se os xeques . Nessa
DIAGRAMA48
condição, surge empate, \·isto que
as Pretas não podem subtrair-se ao xeque continuo . E o que se
denomina - empate por xeque perpétuo.
3 - Quando ambos os jogadores concordarem com o empate,
a.inda que haja diferença de material ou de posição. É o empate
por comum acordo - uma decisão unicamente entre os
adversários.
4 -Quando a luta ficar reduzida a um final de Rei contra Rei,
Rei e Bispo contra Rei, Rei e Cavalo contra Rei, porquanto, é

37
--"""---------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - ~

A B impossível conseguir-se mate


com tais peças exclusivamente. É
o empate por insuficiência de
material.
Os diagramas 49 A, 49B e 49C
apresentam os casos de empate~
automáticos, dada a insuficiência
de material.
5 Quando decorridos cin-
qüenta lances de cada lado, ficar
e DIAGRAMA49 provado que não houve captura de
uma só peça nem movimento
de Peão.
6 - Quando um dos lados ficar apenas com o Rei, pode exigir
que o adversário lhe dê mate em cinqüenta lances, sob pena de
empate. No entanto, se o adversário tiver ainda Peões, além de
peças que possam efetuar o mate, a contagem dos lances será
recomeçada, sempre que se movimentar um Peão.
7 Quando uma mesma posição se produzir três vezes durante
a partida, deverá o interessado reclamar o empate, antes que a
situação se modifique .
Dos sete tipos de empates, que acabamos de estudar, os quatro
últimos são de rara aphcação; apresentamo-los, aliás, a simples
título de conhecimento. Os empates por comum acordo, por
xeque perpétuo e por "pat" são os usuais.
O empate por comum acordo consultando tão.somente
interesses pessoais, dispensa-nos de maiores esclarecimentos.
Vejamos, assim, os outros dois.

Empate por :Xeque Perpétuo e "Pat"

Estes dois tipos de empate servem, muitas vezes, para se evitar


uma derrota, que seria, de outro modo, inevitável. Freqüen-
temente constituem verdadeira tábua de salvação para o lado
débil.
Ana1sando-sc a posição do diagrama 50, em que exemph-
ficamos o empate por xeque perpétuo, veremos que as Brancas
dispõem de quatro peças apenas, o Rei, a Torre e dois Peões, en-

38
~ -rl~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni - - - - - - ~

quanto as Pretas, mais numerosas,


possuem Rei, Dama, duas Torres,
Cavalo, Bispo e Peão. Se não exis-
tisse o meio salvador do xeque
perpétuo, as brancas estariam, de
fato, irremediavehnente, perdidas .
Trata-se, pois, de um recurso,
que se tem observado em nume-
rosas partidas de grandes mestres
e mesmo de campeões mundiais. DIAGRAMASO
Veremos, em muitas produções
magistrais, quando a marcha da partida tomar sentido desfayorável,
o enxadrista engendrar uma posição de xeque perpétuo,
entregando, para isso, material farto e valioso, e reservando-se
somente as peças indispensáveis ao xe-que perpétuo.
No diagrama 51, a situação das
Pretas é desesperadora ; a dife-
rença de material é enorme e exis-
te ameaça de mate em wn lance .
Há, porém, um recurso de sah·a-
ção: as Pretas levam sua Torre , à
DIAGRAMA51
casa pontuada e dão xeque ao Rei
branco; este é obrigado a capturá-la. A seguir, é a vez de as Pretas
jogarem, mas a elas é impossível, pois o Rei está paralisado, bem
como seus Peões e o Cavalo. Daí o empate. Há, logo, "pat". É
recurso, que pode surgir em finais de partida, como adfante
veremos quando estudarmos esse capítulo.

Ritmo elo Jogo

Ao se iniciar uma partida de xadrez, o primeiro lance


pertence, obrigatoriamente, às Brancas.
A escolha das peças é feita por sorteio, que costuma ser
realizado do seguinte modo: o enxadrista, geralmente o de menor
idade, esconde um Peão preto numa <las mãos e um Peão branco
noutra, oferecendo depois ambas as mãos fechadas ao adversário,
para que toque numa delas. O adversário terá as peças da cor do
Peão da mão tocada.

39
XADREZ BÁSICO h
-""1L-- - - - - - - - - ------------=-

Determinadas as cores das peças, o tabuleiro arrumado de


forma tal que a casa angular branca esteja à djreita de cada joga-
dor, as peças em sua posição inicial, dá-se início à partida . Como
russemos, cabe às Brancas a primeira jogada; as Pretas respondem
e, assim por diante:
Cada jogador realiza apenas um lance de cada vez, alter-
nando-se, isto é, um lance é das Brancas, outro é das Pretas, até
o final da partida.

Peça Torada. Peça ,Togada

Peço tocada, peça jogada. É este um preceito importantíssimo


e que deve ser religiosamente seguido por todo enxadrista .
Xadrez é jogo intelectual; as jogadas surgem após um certo
trabalho de elaboração mental, cabendo às mãos, aos dedos,
somente obedecer à determinação cerebral. Assentar os dedos
sobre uma peça, tocar em outras e decidir-se frnalmente por um
lance, é hábito extremamente deselegante, censurável.
Voltar lances é, também, inadmissível, reprm ável.
Os enxadristas, portanto, devem não só abster-se de voltar
lances senão também não consentir que os adversários o façam .

Notações

Afim de anotar jogadas, posições de peças sobre o tabuleiro e


partidas existem vários sistemas, dos quais os mais empregados
são o Sistema Descrith·o e o Sistema Algébrico, este último uti-
lizado em vários países europeus. Desses sistemas, o descritivo é
o mais usado , principalmente no continente americano. Em nosso
país, é o preferido.

Sistema Descritivo

Uma vez dado nome a cada casa do tabuleiro , fácil nos será
registrar todas as jogadas de uma partida ou fixarmos uma
determinada posição.
No sistema descritivo, as casas são delimitadas pelo encontro
de uma horizontal com uma coluna.

40
.JSJ'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -~ b..=..

A denominação das horizontais é, sem dúvida, fácil.

8' horiz. Branca 1ª horiz. Preta


7ª )) )) 2ª )) ))

6ª )) )) 3ª )) »
5ª » » 4ª )) ))

4ª » )) 5ª )) ))

3" » )) e )) ))

2" )) )) 7ª )) >>
1ª )) )) 8ª )) »
DIAGRAMA52

Para as Brancas (diagrama 52), a primeira horizontal é aquela


em que se situam as peças ma.iores, Rei, Dama, Torres. Ca,·alos e
Bispos, na sua posição inicial. A segunda horizontal é a dos Peões.
Diga-se o mesmo quanto às Pretas, mas, observe-se que a
oitava horizontal das Brancas seria a primeira das Pretas. A segunda
horizontal das Pretas é a sétima das Brancas; a terceira das Pretas
é a sexta das Brancas etc.
Note-se, a.inda, que a soma desses dois números, que ind.icam
as horizontais respectivas de cada lado, é sempre 9.
A denominação das colunas também não ed.ificil: cada coluna
designa-se com o nome da peça que ocupa a casa da primeira
horizontal, na posição inicial.
Vejamos como se denomi-
nam essas casas.
Por uma linha vertical (dia-
grama S3) podemos dividir
virtualmente o tabuleiro em
duas metades : uma, alojando
os dois Reis, outra, as duas Da-
mas, razão por que essas duas
metades são chamadas, res-
pectivamente, ALA DO REI e
ALA DA DAMA.
DIAGRAMAS]

41
-=·- - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ~':cá

Discriminando:
O Bispo da ala do Rei chama-se Bispo do Rei ou BR
O Cavalo da ala do Rei chama-se Cavalo do Rei ou CR
A Torre, da ala do Rei chama-se Torre, do Rei ou TR
O Bispo da ala da Dama chama-se Bispo da Dama ou BD
O Cavalo da ala da Dama chama-se Cavalo da Dama ou CD
A Torre, da ala da Dama chama-se Torre da Dama ou TD
Essas denominações valem tanto para as Brancas como para as
Pretas.
Isto posto, é fácil saber os nomes das colunas, que se apresen-
tam com os nomes das peças, que habitam a primeira horizontal.
Da esquerda para a direita, das Brancas (diagrama 54), as
colunas são denominadas:

Coluna da Torre da Dama ou TD.


Coluna do Cavalo da Dama ou CD.
Coluna do Bispo da Dama ou BD.
Coluna da Dama ou D.
Coluna do Rei ou R.
Coluna do Bispo do Rei ou BR.
Coluna do Cavalo do Rei ou CR .
Coluna da Torre do Rei ou TR.

Conhecendo-se os nomes
das horizontais e os das colunas,
torna-se fácil saber também o
nome das 64 casas, que compõem
o tabuleiro do xadrez.
Exemplos:
A casa ocupada pelo Rei
DIAGRAMA54 branco é a casa 1R das Brancas.
A casa ocupada pela Dama
branca é a casa 1D das Brancas.
A casa ocupada pela Torre do Rei branca é a casa 1TR das
Brancas.
Os Peões brancos na posição inkial, ocupam as seguintes ca-
sas, da esquerda para a direita: 2TD, 2CD, 2BD, 2D, 2R, 2BR,
2CR e 2TR.

42
-"""-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------'=--

Observe que a casa 1R das Brancas é a casa 8R das Pretas; 1D


das Brancas é 8D, das Pretas; 1TR das Brancas é 8TR das Pretas.
Do mesmo modo, as casas ocupadas pelos Peões brancos
denominam-se, para as pretas: 7TD, 7CD, 7BD, 7D, 7R, 7BR,
7CR e 7TR .
Da combinação dos nomes das horizontais e das colunas,
resulta que as casas têm duas designações, uma para as Brancas e
outra para as Pretas. Essa diferença apenas se refere ao número
de cada casa. A soma desses dois números é sempre 9; é um dado
que ajuda a nomear as casas. Assim, a casa SR das Brancas é a casa
(9-5=4) 4R das Pretas . 8TD das Brancas é (9-8= 1) 1TO das Pre-
tas etc.

DIAGRAMASS DIAGRAMA56
Nomes das casas para as Brancas Nomes das casas para as Pretas

Os diagramas 55 e 56 indicam os nomes das casas relati\"as às


Brancas e relativas às Pretas.
Vimos, pois, como se denominam as casas.
As peças, no sistema descritivo, designam-se pela inicial
maiúscula de seu nome .
R significa Rei
D Dama
T Torre
B Bispo
e CaYalo
p Peão

43
-=--- - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - -- ----=-

Abreviaturas e sina.is convencionais

Na anotação de uma partida empregam-se, ainda, sinais e


abreviaturas, dos quais, os mais em voga, são os seguintes:
+ ou xq . que significa Xeque ao Rei
++ ou mate » Mate
X » Tomar a peça
0-0 » Roque Pequeno
0-0-0 » Roque Grande
» Bom lance
!! » Lance Ótimo, brilhante
? » Lance fraco
?? » Lance péssimo
e.p. » Tomar " em passant"
Desc. ou xq. desc. » Xeque descoberto
()ou= » Peão promovido a .. .

Como anotar um lance

Ao anotar um lance deve -se proceder da seguinte maneira :


1 - Escrever em maiúscula a letra inicial da peça que se vai
movimentar (R, D, T, B, C ou P).
2 - Escrever em seguida o nome da casa que essa peça ocupará .
'\Jo diagrama 57, a Torre,
branca vai dirigir-se à casa pon-
tuada (.) A letra inicial maiúscula
é T; a casa, é a quarta da coluna
da Torre do Rei, isto é, 4TR . O
lance é registrado: T4TR.
O Cavalo preto, saltando para
a casa assinalada por um (X), será
representado por C2R .
Tratando se de captura, ou
tomada de peça, deve-se indicar a
DIAGRAMA57
peça capturada. Assim, a Torre,
branca, que está em 1TD, captu-
rando o Peão preto, tal lance será representado por T xP (lê -se
Torre, toma Peão).

44
.z=;L___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------""'"'-

Quando duas peças iguais puderem dirigir-se a uma mesma


casa, deve-se indicar também a casa de onde partiu essa peça.
No diagrama 58, por exemplo,
a casa marcada por um ponto, casa
5TR das Brancas, pode ser atingida
por ambas as Torres. Esses dois
lances escrever-se-ão: T( 1TR)
5TR e T(5R) 5TR. Ou, abre-
viadamente,T(lT) 5T eT(5R) 5T
e lê-se: Torre, de um Torre, cinco
da Torre, e Torre, de cinco Rei
cinco da Torre.
No mesmo diagrama, o Peão DIAGRAMA58
branco de 7BD pode ser capturado
por ambos os Cavalos pretos, representando-se esses lances
por: C( 1R) x P7BD e C (3DT) x P7BD, ou, simplesmente,
C(1 R)xP e C(3TD)xP.
No diagrama 59, o Peão pre-
to de 2R está sendo atacado, simul-
taneamente, pelo PD e PBR das
Brancas. As duas capturas seriam
assim escritas: PDxPR e PBxP.
DIAGRAMA59
~a tomada PDxPR é preciso
referir PD, porque o PR preto
poderia ser tomado também pelo PB; e é preciso dizer PR,
porquanto o PD branco poderia tomar o PBD preto.
Já no lance PBxP, basta essa designação, porque o PB branco
apenas pode tomar o PR preto .
De tudo que aprendemos, é-nos permitido deduzir esta regra
geral de anotação : Devem ser empregados todos os sinais
necessários, que discriminam uma jogada, afastando-se, com isso,
qualquer erro, assim, como só usar sinais consideradas im-
prescindfreis.

Reprodução de uma partida

Já aprendemos as regras do jogo, bem como a nomenclatura e


a anotação dos lances pelo sistema descritivo. Estamos aptos, con-

45
XADREZ BÁSICO
-"""------------- ----------~

seqüentemente, a reproduzir e estudar partidas anotadas por esse


sistema .
Coloquemos, para isso, o tabuleiro em nossa frente, tendo a
casa angular branca à direita; as peças, em suas casas iniciais, se
apresentam de modo que as Brancas estejam de nosso lado. Nos
estudos, nas reproduções de partidas, será sempre essa a siruação
do tabuleiro: as peças brancas formando do lado da pessoa que
estudará ou reproduzirá as jogadas .

Como reproduzir urna jogada

O mecanismo de reprodução de uma jogada é inverso ao de


sua anotação. Na anotação de um lance escrevemos em primeiro
lugar a inicial da peça que se movimenta e, em seguida, indicamos
o nome da casa para onde se dirige. Na reprodução da jogada, ao
contrário, devemos procurar em primeiro lugar a casa ocupada
e. depois, qual a peça moYimentada .
Vejamos como exemplo:
Brancas Pretas
l.P4R
Lê-se Peão quatro do Rei e significa que a casa quatro do Rei
deve ser ocupada por um Peão. O único Peão, que pode realizar
e
esse lance, o Peão do Rei (PR).
1.... P4R
Lê-se Peão quatro do Rei. As Pretas colocam um Peão na casa .
quatro do Rei.

DIAGRAMA60
Após essas duas jogadas, o
tabuleiro apresenta esta posição.

46
- = ' - - - - - - - - Dr. Oi-feu Gilberto D'.Ag-ostini ----------""""--

2. C3BR
Lê-se Cavalo três Bispo do Rei. As Brancas ocupam a casa três
Bispo do Rei com o Cavalo.
2. ... C3BD
Cavalo três Bispo da Dama. A casa três Bispo da Dama preta é
ocupada pelo Cavalo preto. Note-se que se deve escrever C3BD
e não apenas C3 B, para se precisar bem qual das duas colunas de
Bispo foi usada.

DIAGRAMA61
Posição após o segundo lance de cada lado.

3.C3B
Cavalo três do Bispo. Na terceira jogada, as Brancas Colocam
seu Cavalo na casa três do Bispo. No texto \'em escrito C3B e é o
que de\'e ser. Não é preciso dizer C3BD, pois não pode haver
confusão com a outra casa 3B (3BR), já ocupada pelo Canlo.
3.... P3D
Peão três da Dama. A casa três
da Dama das Pretas e ocupada por
um Peão é o t'mico que pode
atingi-la é o Peão da Dama.

DIAGRAMA62
Esta posição fixa os três primeiros
lances de ambos os lados.

47
XADREZ BÁSICO
-=e'----------- ---------~

4 .BSC
Lê-se Bispo cinco do Cavalo. O Bispo de casas brancas ocupa
a quinta casa da coluna do Cavalo da Dama.
4.... BSC
Bispo cinco do Cavalo. Na casa cinco da coluna Cavalo do Rei
das Pretas é colocado o Bispo da Dama, também de casas brancas.

DIAGRAMA63
Posição após a quarta jogada de cada lado.

5.CSD
Cavalo cinco da Dama. Na casa cinco da coluna da Dama das
Brancas será alojado um Cavalo, que só poderia ser o que está em
3BD.
5 .... C2R?
Lê-se Cavalo dois do Rei, isto é, na segunda casa da coluna do
Rei as Pretas devem colocar um Cavalo. É claro que esse Cavalo é
o do Rei, pois o C3BD não se pode mover, por deixar seu Rei em
xeque. A interrogação significa que se trata de um lance fraco.

DIAGRAMA64
Decorridas cinco jogadas. é esta a posição.

48
-='--------
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - --=-

6 . P3B
Peão três do Bispo. Mas de qual Bispo ? Claro que só pode ser
o da Dama, ,isto que a casa 3BR está ocupada por um Cavalo.
6. ... P3TD
Peão três Torre da Dama, isto é, as Pretas colocam um Peão
na casa 3TD.
7. B4T
Bispo quatro da Torre . O Bispo, atacado pelo Peão preto,
retirou-se para a casa quatro da coluna da Torre da Dama.
7. ... P4CD
Lê -se Peão quatro Cavalo da Dama.

DIAGRAMA65
Posição após o sétimo lance de cada lado.

8. B3C
Bispo três do Cavalo. !'-ovamente atacado por um Peão inimigo,
o Bispo branco retrai se, ocupando a casa três da coluna do Cavalo
da Dama .
8 .... C4T?
Cavalo quatro da Torre, J'\a
casa quatro da coluna da Torre, da
Dama das Pretas, situa-se um
Ca,·alo. Certamente que se trata
de mau lance. Assim o indica a
interrogação.
DIAGRAMA66
Posição após o oitavo lance de
ambos os lados.

49
-"""'------------ XADREZ BÁSICO _________..--

9 . CxPR!
Lê-se Cavalo toma o Peão do Rei. O Peão .do Rei- das Pretas
está na casa 4R (quatro do Rei das Brancas), isto é, na quarta casa
da coluna de seu Rei. E só pode ser capturado pelo Cavalo que se
encontra em 3BR. Trata-se dê' um bom lance. Observem o ponto
de exclamação(!).

DIAGRAMA67
Posição após o nono lance das Brancas.

9 . .. . BxD
Bispo toma a Dama . O Bispo preto , da casa cinco do Cavalo
do Rei, toma a Dama branca .
10. C6B+
Cavalo seis do Bispo xeque. O Cavalo branco salta para a sexta
casa da coluna do Bispo do Rei das Brancas e da xeque ao Rei
preto. O sinal(+) significa xequ e.

DIAGRAMA68
Posição após o décimo lance das Brancas.

50
drl~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ----""'"-

10. ... PxC


Peão toma Cavalo.
11. BxP++
Bispo toma o Peão e dá xeque mate ao Rei preto. O sinal(++)
significa xeque-mate.
Terminou, em ,·ista disso, a partida com a ,itória das Brancas.

DIAGRAMA69
Posição final da Partida.

Anotações de uma posição pelo sistema descritivo

O sistema descritivo permite-nos anotar uma pos1çao


qualquer, referindo as casas ocupadas pelas peças brancas e pretas.
A posição de mate, do diagrama 69, seria assim representada:
BRAl\JCAS: RIR, TlTR, TlTD, BIBD, B7BR, CSR, P2TD,
P2CD, P2D, P2BR, P2CR, P2TR, P3BD e P4R.
PRETAS: RIR, DID. TlTD, TITR, BIBR, B8D, C2R, C4TD,
P2BD, P2TR, P3TD, P3D, P3BR e P4CD.
Anotam-se os nomes das peças na ordem decrescente de seu
valor absoluto, isto é, R, D, T, B, C e P.
Detivemo-nos no estudo do sistema descritivo por ser, como
já dissemos, o preferido nos países americanos, assim como na
grande maioria das publicações cnxadrísticas, que chegam até nós.
Explicaremos a seguir, embora de maneira rápida, o sistema
algébrico.

51
XADREZ BÁSICO

Sistema Algebrico

As oito horizontais do tabuleiro enumeram-se de 1 a 8, a partir


do lado das Brancas. No posição inicial, as peças brancas ocupam
a primeira e a segunda horizontais, ao passo que as peças pretas,
a oitava e a setima.
As colunas, olhando-se o tabuleiro do lado das Brancas, são
designadas pelas primeiras oito letras minúsculas do nosso
alfabeto: a, b, c, d, e, f, g, h.
Neste sistema, cada uma das
casas do tabuleiro fica determi-
nada pela conjunção de um nú-
mero, que indica a horizontal e de
uma letra, que enuncia a coluna
(diagrama 70).
Não há, pois, como no
sistema descritivo, diferença na
denominação de uma casa, quer
seja das Brancas, quer seja das
DIAGRAMA 70 Pretas. Assim, a casa quatro do Rei
Nomes das casas pelo das Brancas, no sistema descriti\'O,
Sistema Algébrico.
(casa cinco do Rei das Pretas) e,
neste sistema, a casa-e4. As peças são representadas por sua inicial
maiúscula, como no sistema anterior. Por exemplo, Da4 significa
que a Dama (branca ou preta) está na quarta casa da colona -a-.
Escrevendo-se um lance pelo sistema algebrico, mister se faz
indicar:
1 - Peça que se locomove.
2 - Casa de onde partiu a peça.
3 - Casa que recebe a peça jogada.

Um pequeno traço horizontal (-) intercala-se na anotação do


lance. Exemplo: Rd6-e7; significa que o Rei, que estava em d6,
moveu-se para e7. Pd7-d5; quer dizer que o Peão de d7 se dirigiu
para dS.
Os sinais e abreviaturas são os mesmos do sistema descriti\'O
(ver página 30).

52
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - ------"""-

Sistema algébrico abreviado

Exfate, ainda, uma forma abreviada do sistema algébrico, que


dispensa anotar a casa de onde sai uma peça. Assim, Bg6, exprime
que o Bispo se moveu em direção à casa g6 . Cd4, que o Cavalo vai
à casa d4.
Quando duas peças iguais (Torres, Bispos, Cavalos ou Peões)
podem ocupar a mesma casa, empregar-se-á a letra da coluna de
onde a peça saiu. Desta forma, havendo dois cavalos brancos, um
em b 1 e outro em d 1, o movimento em direção à casa c3 escrever-
se-á, respectivamente, Cb-c3 e Cd-c3 .
Encontrando-se as duas peças na mesma coluna, empregar-
se-á, então, o número da horizontal. Assim, um Ca,·alo em f1 . e
outro em fS : movendo-se essas peças para e3, os lances serão
representados por Cl-e3 e C5-e3 .
Quando o lance for de Peão, dispensar-se-á sua letra inicial:
e2-e4 mostra que o Peão branco da segunda casa da coluna -e-
djrigiu-se para a quarta casa da mesma coluna (P4R do sistema
descritivo). Esse lance, pelo sistema algébrico abreYiado, pode
ser representado apenas por e4 .

Anotações de uma posição pelo sistema algébrico

A posição de mate do diagrama 69 será representada, pelo


sistema algébrico, da maneira segwnte:
BRANCAS: Rel,Tal,Thl, Bel, Bf7, CeS, Pa2, Pb2, Pc3, Pd2,
Pe4, Pf2, Pg2 e Ph2.
PRETAS: ReS, Od8, Ta8, Th8, Bdl, Bf8, Ce7, CaS, Pa6, Pb5,
Pc7, Pd6, Pf6 e Ph7 .
No sistema algébrico abre\.iado os Peões seriam representados
por a2, 62, c3, etc., isto é, sem a letra inicial.

53
~ - - - - - - - - XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~

COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ANOTAÇÃO

A partida, que reproduzimos linhas atrás, teria a seguinte anotação


nos sistemas estudados:

Sistema Descritivo Sistema Algébrico Sistema Algébrico


abre,iado
1. P4R P4R 1. Pe2-e4 Pe7-e5 1. e4 e5
2. C3BR C3BD 2.Cgl-f3 Cb8-c6 2. Cf3 Cc6
3. C3B P3D 3. Cb1-c3 Pd7-d6 3. Cc3 d6
4.B5C B5C 4. Bfl-65 Bc8-g4 4. Bb5 Bg4
5. C5D C2R? i;_ Cc3 d5 Cg8-e7? 5. Cd5 Ce7?
6.P3B P3TD 6. Pc2-c3 Pa7-a6 6. c3 a6
7.B4T P4CD 7. Bb5-a4 Pb7-b5 7. Ba4 65
8. B3C C4T? 8. Ba4-b3 Cc6-aS 1 8. Bb3 Ca5?
9. CxPR! BxD 9. Cf3xe5! Bg4xDd1 9. CxeS! BxD
10. C6B+ PxC 10. Cd5-f6+ Pg7xCf6 10. Cf6+ 8xC
11. BxP++ 11. Bb3xPf7++ 11. Bxf7++

:--.lotação Forsyth

Para se anotar qualquer posição de xadrez existe, ainda, um


outro sistema, denominado NOTAÇÃO FORSYTH.
Consiste ele em se registrarem as peças existentes em cada
horizontal, principiando-se da primeira horizontal preta, a partir
da casa angular branca (casa a8) em direção à última horizontal
preta (primeira das Brancas). O nome das casas ,·azias é re-
presentado por, um número, as pe-
ças brancas por sua inicial maiús-
cula enquanto as peças pretas, pela
inicial minúscula. As horizontais
são separadas por um traço hori-
zontal.
A posição do diagrama 71
será representada pela notação
Forsyth: t2drblt - 2plcBlp -
p2p1p2 - cp2C3 -4P3 - 2P5 - PPl
DIAGRAMA 71 P1 PPP - TI BbR2T.

54
- = ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"=-

Na anotação de posições de peças o sistema Forsyth é o mais


empregado, porque é mais fácil e mais econômico relativamente
aos sistemas anteriores.

Exercícios de Recapitulação

Nas páginas anteriores tomamos conhecimento sobre as re-


gras do xadrez e suas noções preliminares. Para entender e
aprender os capítulos seguintes é preciso coordenar os co-
nhecimentos adquiridos, estudar as relações que as peças
apresentam entre si, adquirir domínio absoluto dessas relações,
em resumo, dominar essas noções fundamentais.
Aconselhamos, nestas alturas, uma série de exercícios de
recapitulação, como sejam
1 - Recordar o tabuleiro e seus elementos: casa angular bran-
ca à direita, colunas, horizontais, diagonais, ala da Dama, ala do
Rei, casas centrais, etc.
2 - Realizar exercícios sobre colocação de peças nas casas
iniciais, movimentação das peças, limitação desses movimentos
em razão do aparecimento de outras peças.
3 - Comparar o valor das peças conforme sua posição no
tabuleiro. •
4 - Realizar exercícios sobre captura de peças, sobre o ro-
que, tomada "en passant", promoção de Peão, xeques, mate,
empates, etc.
5 - Recapitular o sistema descritivo de anotação. Exercício
sobre anotação e reprodução ele uma jogada.
6 - Recordar a anotação Forsyth.
São todos exercícios de fácil execução, úteis, para o comple-
to domínio das noções básicas do xadrez.

55
XADREZ BÁSICO
-='--------- ----------"""'-

Posições de i\fate

Aconselhamos os leitores a que estudem a ação de cada peça


na posição de mate dos diagramas seguintes :

DIAGRAMA 72 DIAGRAMA 73

DIAGRAMA 74 DIAGRAMA 75

DIAGRAMA 76 DIAGRAMA 77

DIAGRAMA 78 DIAGRAMA 79

DIAGRAMA 80 DIAGRAMA 81

56
=i$\1~------ Dr. Orfeu G:i.lberto D'.Agostin.i ----------'~

DIAGRAMA 82 DIAGRAMA 83

DIAGRAMA 84 DIAGRAMA 85

DIAGRAMA 86 DIAGRAMA 87

DIAGRAMA 88 DIAGRAMA 89

DIAGRAMA 90 DIAGRAMA 91

57
..=,,_________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ~r2.
h,_,

Termos Técnicos

Em xadrez usam-se numerosas expressões, cujo aprendizado


é necessário não só para o bom entendimento dos livros
especializados mas, também, para compreensão dos comentários
feitos à margem das partidas, ou das posições de peças sobre o
tabuleiro. O conhecimento do vocabulário enxadrístico é, sem
dúvida, indispensável, vindo a facilitar o conhecimento exato do
jogo. Numerosos termos já foram explicados no decorrer das
páginas anteriores, como xeque, roque, tomar "en passant", etc.
Vejamos os mais usuais:
ABERTURA · É a fase inicial do jogo, compreendendo as pri-
meiras jogadas de uma partida.
"AHOGADO" -· É o mate
que somente pode ser dado pelo
Cavalo, estando o Rei bloquea-
do, logo, sem nenhum movimen-
to (diagrama 92). É um vocábu-
lo espanhol, que pode ser tradu-
DIAGRAMA92 zido por asfixiado.
Mate 't\hogado"

ALA DA DAMA - É a metade vertical do tabuleiro , que aloja


as duas Damas, na posição inicial das peças.
ALA DO REI - Metade vertical do tabuleiro, que compreen-
de os dois Reis, na posição inicial das peças.
BRANCAS - É o lado, ou bando, que tem o lance inicial e que
possui as peças brancas.
CAPTURAR, TOMAR OU GANHAR UMA PEÇA - Mano-
bra que consiste em retirar peça ganha do tabuleiro.
CENTRO - Quadrado central do tabuleiro formado pelas ca-
sas 4R e 4D de cada lado (dia~rama 383).
COBRIR UM XEQUE - E interpor uma peça entre o Rei e a
peça inimiga que o está atacando. No diagrama 93, o Cavalo bran-
co cobre o xeque feito pela Dama Preta.

DIAGRAMA93

58
-""''--------- Dr. Orfeu Gi.lbeito D'Agostini - - - - - - ~ ~

COLUNA - Sucessão vertical de oito casas do tabuleiro.


COROAR OU PROMOVER UM PEÃO - É o fato de um
Peão atingir a oitava casa de wna coluna, transformando-se, ime-
cüata e obrigatoriamente, em peça de valor superior.
CRAVAR, PREGAR É o ato de impedir ou contrariar o mo-
vimento de urna peça adversária, que, ao mover-se, deixaria o
Rei em xeque (o que não é autorizado), ou, então, permitiria a
captura de uma peça de valor superior.
No diagrama 94 o Peão preto
de 2 BR está pregado pelo Bispo
branco de 5TR; não pode, em ver-
dade, moYer-se, pois o Rei preto
ficaria em xeque. Da mesma ma-
neira aTorre preta de lBD está pre-
gada pela Dama branca; não tem
ela liberdade de cüreção na coluna
DL\GR,UL\ 9.\ BD. A Torre branca crava, igual-
Ew,nplus ti'-' Pregwhmis mente, a Dama preta. Outro exem-
plo de pregadura é a do Bispo de 4CD, que priva o CaYalo preto de
qualquer mm·imcnto. Com efeito, esse Cavalo, deslocando-se, per-
mitiria a captura da Dama preta pelo Bispo inimigo.
DIAGONAL --- É qualquer série de casas, da mesma cor, que
cruza em linha reta o tabuleiro formando com as colunas e as ho-
rizontais, um ângulo de 45% (veja cüagrama 4).
DUPLO~ É o ataque simul-
tâneo de uma peça a duas outras.
No diagrama 95 o Canlo preto
ameaça a Dama e a Torre do ad-
versário ao mesmo tempo; o Bis-
po branco ataca a Torre e a Dama
das Pretas. O Peão branco ataca
Torre e Bispo. São todos exemplos
de duplos.
O duplo de Peão tem, por
DLI.GILUU 96 imitação, o nome de "garfo".
Ext:'mplos de Duplos

EMPATE -- Decisão de uma partida em que não houve ven-


cedor.

59
.=._ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~

ENXADRISTA -- Denominação que se dá ao jogador de xa-


drez .
FASES DA PARTfDA - São três : abertura, meio jogo e final.
rLANCO DO REI - É o canto em que se coloca o Rei, após o
roque pequeno.
FORÇAR A PARTIDA- É vencer a partida graças a uma série
de lances irresistíveis.
GAMBITO - É a entrega, na abertura, de um Peão (raramen-
te uma peça), com o objetivo de se conseguir jogo livre, ganho de
tempo ou ataque direto ao Rei inimigo.
HORIZONTAL - No tabuleiro, é a sucessão horizontal de
oito casas.
"J' ADOUBE" - Quer dizer "eu arrumo", "eu endireito". É
expressão francesa, universalmente aceita, para advertir o adver-
sário de que se vai tocar uma peça, não para jogá-la, mas para
melhor situá-la em sua casa. Assim, havendo intuito de apenas
arrumar a peça, deve-se pronunciar a expressão "j'adoube" antes
de a tocar.
LANCE OU JOGADA - Movimento de uma peça no tabu-
leiro.
LIQUIDAR - Trocar sucessivamente várias peças e Peões.
MATE -Abre,iatura de xeque-mate. É o lance final da parti-
da, objetivo do jogo de xadrez.
MEIO JOGO - Fase intermediária da partida, entre a aber-
tura e o final.
MOBILIDADE DE UMA PEÇA - É o raio de ação dessa peça.
OPOSIÇÃO - Os Reis estão em oposição quando se defron-
tam na mesma coluna, ou na mesma horizontal, ou ainda na mes-
ma diagonal, separados por um numero ímpar de casas. Ganhar a
oposição é colocar o Rei nessa posição.
"PAT" - Modalidade de empate. Veja EMPATE.
PEÃO PASSADO -~ É o Peão que não encontra mais Peões
inimigos nas colunas laterais, nem na coluna do seu avanço. Vide
diagrama 96.
PEÇAS -- São os elementos dinâmicos do xadrez .
PEÇAS MAIORES -A Dama e a Torre.
PEÇAS MENORES -- Bispo, Cavalo e, por extensão, também
o Peão.

60
--""'L-_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ __ _____..,,_

PEÕES CENTRAIS - São o PR e o PD de cada lado, e, por


extensão, também o PBR e o PBD.
PEÕES DAS ALAS - São o PC e o PT.
PEÕES DOBRADOS - Dois ou mais Peões da mesma cor e
na mesma coluna . Vide diagrama 96.
PEÕES ISOLADOS - Peões que não podem ser defendidos
por outros Peões. Vide diagrama 96 .

Peões passados: P6CD, PSR,


P4CR e P3TR das Brancas. PSBD
das Pretas .

Peões dobrados : P4BD e PSBD das


Pretas.

Peões isolados: PSR das Brancas e


PSBD das Pretas.
DL\GR.GL\ 0G

PREGADURA --Ato ou efeito de pregar, cravar.


PRETAS - É o lado, ou bando, que possui as peças pretas.
PRIMEIRO JOGADOR - É o jogador que tem as peças
brancas.
ROQUE •- Modmento simultâneo de Rei e Torre. Vide Ro-
que.
QUAi .IDADE - Chama-se qualidade o valor da Torre compa-
rado com o Bispo ou o Cavalo. Ganhar a qualidade é trocar um
Cavalo ou um Bispo por urna Torre adversária.
SEGUNDO JOGADOR - É o jogador que tem as peças
pretas.
TABULEIRO - Quadrado de sessenta e quatro casas sobre o
qual se joga o xadrez.
TOMAR "EN PASSANT" - Captura peculiar do Peão. Vide
tomar "en passant".
TRJPLO - É o ataque simultâneo a três peças adversárias. :'lo
diagrama 97 o Cavalo branco ataca ao mesmo tempo as duas Torres
e a Dama das Pretas. As Brancas, realizando o lance PxP, passarão a
atacar o Bispo, o Cavalo e o Rei do adversário. É um ataque triplo.

61
XADREZ BÁSICO
-='-------------- - - - - - - - - --"=-

DIAGRAMA97
Exemplos de triplos

VARIANTE - Linha de jogo que difere da adotada numa par-


tida. ;\las aberturas é uma continuação determinada, com carac-
terísticas próprias.
X[QUE - É o ataque de uma peça ao Rei inimigo.
XEQUE DESCOBERTO - Ou xeque a descoberto . Surge,
quando, do movimento de uma peça, resulta xeque por outra,
cujo raio de ação estava intercep-
tado pela peça, que se deslocou.
No diagrama 98, movendo-se
o Cavalo branco, o Rei preto re-
cebe um xeque descoberto da
Dama. Movendo-se o Bispo, há xe-
DIAGRAMA98
que descoberto pela Torre.
XEQUE DUPI.O É o ataque simultâneo de duas peças ao
Rei inimigo.
No diagrama 99 as Brancas, jo-
gando C3D, darão xeque ao Rei
preto de Torre e Cavalo. As Pretas,
jogando B7C, atacam duas vezes o
Rei branco, com Torre e Bispo.
São exemplos de xeque du-
DIAGRAMA99
pio.
XEQUE PERPÉTUO - Modalidade de empate. Vide EMPA-
TE.
"ZUGZWAI"\!G" - Palana alemã, significando a derrota pela
obrigação de jogar. Um lado está em "zugzwang", ou simplesmente
em "zug", quando, tendo o lance, qualquer movimento redunda-
rá em perda de material e da partida.

62
~Ãli~- - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ __ _ _

Reg11Jamento Internacional do Jogo ele Xadrez

Em 1928, quando da reunião do 52 Congresso da F.1.0.E.


(Fédération Internationale des Échecs) realizado em Haia, foi
adotado, em Assembléia Geral, o Regulamento Internacional
do Jogo de Xadrez, que vigora até nossos dias. Foi ele explanado
nas páginas anteriores, seja nas regras do xadrez, seja nas noções
preliminares.
A seguir enunciaremos mais alguns preceitos desse regulamen-
to, inclispensáveis à boa fonnação esportiva do enxadrista.

Da saída

Na primeira partida, determina-se por sorteio, ou por con-


venção, o pri,.; légio da cor. Nas seguintes, as Brancas cabem,
alternadamente, aos jogadores seja qual for o resultado das mes-
mas (vitória ou empate) .

Das partidas anuladas

1 - Comprovando-se, durante ou após a partida, a incorreção,


quer do arranjo inicial das peças, quer da posição do tabuleiro, a
partida será anulada.
2 - Se no decurso da partida modificar-se, ilegalmente, o nú-
mero ou a posição das peças, a partida deverá ser recomeçada no
ponto em que ocorreu a modificação.
3 - Não sendo possível reconstituir a posição correta, a parti-
da será anulada e deverá ser jogada novamente.

Execução dos lances

O lance está completo:


1 - Quando a mão do jogador tiver largado a peça, após mo,·ê-la
de uma casa para outra.
2 - Quando em uma captura a peça tomada hom·er sido reti-
rada do tabuleiro e a mão do jogador tiver soltado a própria peça.
3 - Quando, no roque, o jogador tiver largado a Torre.
4 - Quando, na promoção do Peão, o jogador houver coloca-
do na casa a peça por ele escolhida.

63
XADREZ BÁSICO
-""" - - - - - - - - - - ----------~

Da arrumação das peças nas suas casas

1 - O jogador, a quem couber o lance, pode arrumar as pró-


prias peças nas respectivas casas, desde que previna o adversário .
É costume usar a expressão francesa "j ' adoube", que significa : -
eu arrumo, eu endireito.
2 - É proibido endireitar as peças do adversário. Este, porém,
quando soücitado, deve retificar a posição de suas peças .

Da peça tocada

Se o jogador a quem compete efetuar o lance tocar :


1 - Uma de suas peças, deverá jogá-la.
2 - Uma das peças do adversário, deverá tomá-la.
3 - Uma de suas peças e outra do rival, deverá tomar a peça
inim.iga com a sua.
Quando for impossível a captura, o adversário pode exigir que
o rival jogue a peça tocada ou tome regularmente a peça inimiga
com uma de suas próprias peças. A escolha da peça, com que deve
tomar, caberá ao jogador culposo.
Sendo igualmente inexeqüíveis os lances indicados em 1, 2 e
3, a falta cometida ficará impune.
4 - Se tocar em várias de suas peças, o adversário terá o direi-
to de designar a peça que deverá ser jogada. Se essas peças não
puderem ser jogadas a penalidade ficará sem efeito.
5 - Se forem várias as peças tocadas do adversário, este deter-
minará qual será capturada. Se nenhuma delas puder ser tomada
legalmente, então a penalidade também não terá valor.

Dos lances irregulares

Se o jogador efetuar um lance irregular e for observado pelo


adversário antes de tocar em qualquer peça como resposta,
voltar-se-á o lance errado, procedendo-se como segue :
1 - Não se tratando de captura, o parceiro culposo deverá
jogar outra vez e de modo regular a peça movida. Mas, se essa
peça não puder executar jogada legal, o lance ficará sem conse-
qüências.

64
~ ~ - -- -- - Dr. Orfeu GJ.berto D'Agostini - - - - - - - ~ -

2 - Tratando-se, porém , ck captura. o jogador ou deverá to-


mar regularmente a peça ad,·ersaria ou efetuar outro lance com a
peça tocada à escolha do ad,·érsário.
Se nenhuma das alt ernati,·as for possÍYel, o erro não terá im-
portância maior.
3 - Verificando- se qu é" . no decurso de uma partida, foi jogado
lance irregular, será re,;tabdecida a posição no movimento da ir-
regularidade; a partida de,- é" rá recomeçar, então, desse ponto.
Contudo, se a posição não puder ,er reconstituída, nula será con-
siderada a partida.

Das penalidades

1 - Um jogador só poderá exigir penalidades enquanto não


tocar em nenhuma de suas peças.
2 - O lance prescrito como penalidade nunca poderá ser o
roque.

Do abandono obrigatório

A partida será declarada perdida para o jogador:


1 · • Que, deliberadamente, derrubar o tabuleiro ou desarran-
jar as peças.
2 · Que se recusar a atender a uma exigência regulamentar do
adversário.

Da conduta dos jogadores

1 - No decurso de urna partida é proibido ao jogador servir-se


de notas manuscritas ou impressas, que se refiram à partida; tam-
bém lhe é vedado recorrer aos conselhos ou à opinião de tercei-
ros.
2 - Os jogadores devem abster-se de qualquer comentário
acerca dos lances feitos_ de uma parte e de outra.
3 - É proibido tocar, ou indicar com o dedo, as casas do tabu-
leiro a fim de facilitar o cálculo dos lances possíveis.
4 - Em xadrez nunca se volta um lance legal.
5 - Executa-se o lance, conduzindo-se diretamente à nova casa
a peça tocada; a peça deve ser imediatamente solta .

65
XADREZ BÁSICO
-='------- - - - - - - - ~ ------------=-

6 - No roque, o movimento do Rei será seguido do da Torre .


7 - Na promoção, o Peão será imediatamente substituído pela
nova peça .
8 - Na captura, o jogador retirará imediatamente do tabulei-
ro a peça capturada.
9 - É proibido distrair ou incomodar de qualquer maneira o
adversário.
1O - O enxadrista derrotado deve, por um dever de cavalhei-
rismo, cumprimentar e felicitar o vencedor.

_.:\.. Partida de Xadrez

Uma vez compreendidas e assimiladas as regras do jogo e as


noções preliminares, podemos passar a estudar a parte prática do
jogo, ou seja, a Partida de Xadrez. É ela um conjilllto de jogadas
ou lances, com um Único objetivo para cada lado, qual seja o de
dar xeque-mate ao adversário.
A cada jogada segue-se uma resposta do rival e, da repetição
desses movimentos, resulta a partida de xadrez.
A jogada é a partida reduzida à expressão mínima ~ rudi -
mentar.

Classificação das jogadas

Classificam-se as jogadas em:


1 - Jogadas de ataque.
2 - Jogadas de defesa.
3 - Jogadas neutras.
4 - Jogadas errôneas .
A jogada de ataque é aquela que cria uma situação de perigo
ao adversário. A jogada de defesa, como indica seu nome , e_ tabe-
lece uma proteção, uma defesa para o lado que a realiza. Neutra e
a jogada que, por exclusão, não é nem de ataque nem de deíesa.
Incluem-se, nesta designação, os lances de desenvolvimento de
peças. Jogada errônea é aquela que propicia ao adversário uma
vantagem mediata ou imediata.

66
""'~""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"~"""'-

Relações entre jogadas e respostas

Podemos estabelecer as seguintes relações entre as jogadas e


as respostas.
1 - Jogada de ataque.
Resposta : Defesa ou Contra-ataque.
2 - Jogada de defesa.
Resposta: Ataque ou preparação de ataque .
3 - Jogada neutra.
Resposta: Ataque ou preparação de ataque .
4 - Jogada errônea.
Resposta: Aproveitamento do erro.
Esta classificação de jogadas e o quadro de suas relações com
as respostas não devem ser considerados nem completos nem per-
feitos. Apresentam apenas interesse didático, com a finalidade de
facilitar, tanto quanto possível, o estudo dos principiantes.

Como conduzir uma partida

Desde que xadrez seja uma luta e, como tal, exija a participa-
ção de elementos de combate, a primeira preocupação do enxa-
drista, ao iniciar uma partida, será tirar as peças de suas desfavo-
ráveis posições iniciais, ampliando-lhes o raio de ação e, por con-
seguinte, a capacidade de luta. A isso se denomina Desenvolvi-
mento de peças.
Outra preocupação inicial, que o jogador precisa ter, é que as
peças sejam desenvolvidas tendo em vista as casas centrais do ta-
buleiro (casas 4R e 40 de cada lado) .
A importância do desenvolvimento das peças e das casas cen-
trais será bem avaliada no capítulo das Aberturas; diga-se, porém,
agora, de passagem, que desenvolvimento e domínio do centro
são os fatores que conduzem o enxadrista a uma posição vantajosa
na abertura .

O lance próprio

Antes de realizar um lance, na abertura, deve o enxadrista


procurar responder, afirmativamente, às perguntas seguintes :

67
-=>"-----------
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - " " " -

1 - O lance atende ao desenvolvimento?


2 - - O lance tem ação no centro do tabuleiro?
Esses são os objetivos dos lances iniciais.
Uma vez vencida a fase da abertura, a jogada, para ser realiza-
da, deve continuar a ter uma finalidade, quer seja de ordem estra-
tégica, quer seja de ordem tática. Lances sem objetivo são inú-
teis, ocasionando perda de tempo e mesmo a derrota.

O lance do adversário

O lance do adversário deve ser estudado cuidadosamente, procu-


rando descobrir-lhe as intenções .
Antes de tudo é preciso pensar nas intenções do rival. Não se
procedendo dessa maneira, há o risco de perda de material e até
do mate imediato.
Graças ao procedimento simples e intuitivo de analisar os pla-
nos contrários, o enxadrista põe-se a salvo de surpresas desagra-
dáveis.

Resumindo

Na realização de qualquer jogada, o enxadrista deve atender a


duas perguntas fundamentais :
1 - Qual a intenção do adversário com seu último lance?
2 - Tem finalidade a jogada que se pretende efetuar?
Na fase da abertura, além dessas perguntas o jogador de xa-
drez deve atender, afirmativamente, a outras duas:
1 -- O lance atende ao desenvolvimento?
2 - O lance tem ação no centro?

Partidas Explicadas

Vejamos uma série de partidas explicadas, cujo estudo atento


deve ser realizado pelos principiantes.

Primeira Partida

Brancas Pretas
1. P4R

68
--='------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------""'"--

É este um ótimo lance inicial, e deve ser o preferido pelos que


se iniciam em xadrez.
Sua finalidade e ampla:
a) Ocupa importante casa central de seu território (casa 4R),
ao mesmo tempo que exerce fiscalização em duas casas do terri-
tório inimigo (as casas 40 e 4BR do adversário). Decorre daí uma
vantagem: o inimigo não poderá ocupar essas duas casas de seu
campo, ameaçadas que estariam de captura por parte do Peão
branco.
b) Concorre, vantajosamente, para o desenvolvimento das
peças brancas, por facilitar a saída do BR e da Dama.
Não e uma jogada de ataque, nem de defesa; e um lance neu-
tro, de desenvolvim ento.
1. ... P4R
Tem as mesmas razões apontadas para o lance anterior.
2. C3BR
É lance de desenvolvimento, de ação central, mas tambem de
ataque.
De desenvolvimento, porque o Cavalo em 3BR domina oito
casas ( 1CR, 2TR, 4 TR, SCR, SR, 4D, 2D e 1R), enquanto em sua
casa inicial dominava apenas três (2R, 3BR e 3TR).
De ação central, porque visa duas casas do centro, 4D e SR. E
é um lance de ataque, porque ameaça diretamente o PR inimigo.
É a melhor casa de saída para o Cavalo. Inferiores seriam C3T
(sem ação central) e C2R, donde dominaria menor número de
casas.

Qual a melhor defesa, para o PR atacado das Pretas?

O segundo jogador tem um problema agudo por resolver, qual


seja o da defesa do seu PR atacado.
Quais as defesas diretas possíveis? São elas: a) 2 ... . , P3BR; b) 2 .
... , P3D; c) 2 ... . , D2R; d) 2 .... , D38; e) 2 .. . . , 83D; e f) 2 .... ,
C3BD.
Qual a melhor?
a) 2 .... , P3BR . Embora, aparentemente, resolva a defesa do
PR, não e recomendável porque enfraquece um futuro roque preto
(pelo avanço de um Peão do roque e pela abertura da diagonal das

69
XADREZ BÁSICO
"""''---------- ----------"""'-

Brancas 2TD-8CR sobre o roque) e também porque priva o CR


de sua melhor casa, que é a casa 3BR .
Mais ainda, 2 .... , P3BR pouco colabora para o domínio cen-
tral (apenas defende o PR central atacado) e em nada coopera
para o desenvolvimento. Ao contrário, limita eventual saída da
Dama pela diagonal das Pretas 1D-STR .
Se não existissem esses motivos posicionais, para repudiar o
lance 2 .... , P3BR, haveria a seguinte continuação tática 2 . ... ,
P3BR; 3. CxP!, PxC; 4. DST+, P3C; 5. DxPR+, seguido de 6.
Dx T, e as Brancas ganham material.
b) 2 .... , P3D. Defende o PR e permite o desenvolvimento do
BD, mas é de pouca ação no centro e obstrui a saída do BR . Por
esses inconvenientes não é considerada boa defesa.
c) 2 .... , D2R. Salta aos olhos o inconveniente deste lance :
impede a saída o BR, além de não exercer ação central.
d) 2 .... , D3B. Priva o CR de sua melhor casa e se expõe, após
o avanço do PD branco, ao ataque BSCR das Brancas. Também
sem ação no centro. Não é, pois, defesa recomendável.
e) 2 .... , B3D. Bloqueia o avanço do PD preto, dificultando o
desenvolvimento do BD. É má defesa.
f) 2 .... , C3BD. Defende o PR atacado e exerce ação nas casas
centrais 4R e 5D. Constitui Ótimo lance de desenvolvimento; não
impede a saída de nenhuma peça de seu lado, domina ainda oito
casas.
É por isso, a melhor defesa para o PR atacado.
2.... C3BD
3. C3B
Em sua casa inicial este Ca-
valo apenas dominava três casas
(3TD, 3BD e 2D) . Agora domina
oito (!CD, 2TD, 4TD, SCD, 5D,
4R, 2R e 1D). Representa bom
lance de desenvolvimento e com
ação central nas casas 4R e 5D.

DIAGRAMA 100
Abertura dos Quatro Cavalos.
Posição após 3 ..... 0B.

70
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ -~
~

3.... C3B
Bom lance, pelas mesmas razões acima apontadas .
O conjunto destes três lances de cada lado constitui a Abertu-
ra dos Quatro Cavalos (diagrama 100) .
4 . BSC
Em sua casa inicial, este Bispo agia em todas as casas de sua
diagonal aberta . Agora, age, ainda mais, sobre as casas 4 TD e 6BD,
onde se encontra um Cavalo inimigo. Com tal saída foi ampliado
seu raio de ação, ao mesmo tempo que tomou possível a realiza-
ção do roque pequeno. Por esse lado, constitui bom lance de
desenvolvimento. Mas é igualmente lance de ataque, porquanto
ameaça BxC, eliminando a defesa do PR preto, que poderá, de-
pois, ser capturado pelo Cavalo branco de 3BR.
Indiretamente tem ação central, pela ameaça de eliminar o
Cavalo inimigo, que atua sobre o centro.
Trata-se, pois, de um bom lance.
4. ... BSC

O contra-ataque como defesa

Este lance ( 4 .... , B5 C) surpreende o principiante . Se a


ameaça branca era 5. BxC, seguido de 6. CxP, parecia haYer ne-
cessidade de defender o PR preto, por exemplo, com 4 . .. . , P3D,
procurando substituir a defesa , que o PR preto irá perder de\'Í-
do à ameaça 5. BxC.
Porém, essa defesa (4 .... , P3D) teria o incom-eniente da obs-
truir a saída do BR, e já sabemos, ou saibamo-lo agora, que as
peças devem ser desenvolvidas sem prejudicar a saída das peças
companheiras.
E o lance do texto (4 .... , BSC) organiza alguma defesa para
o PR atacado? A resposta é afirmativa. A jogada 4 .... , BSC cons-
titui defesa pelo contra-ataque. Visa eliminar a defesa do PR
branco, capturando o Cavalo de 3BD das Brancas , seguindo-se
da captura CxP. Se 5. BxC, procurando ganhar o PR preto, a par-
tida seguiria do seguinte modo: 5 .... , PDxB; 6. CxP, BxC; 7.
PCxB, CxP; e as Pretas recuperariam o Peão.
O lance 4 .. .. , BSC é uma jogada de desenvolvimento, de defesa
(pelo contra-ataque) e de ação central, pois vulnera uma peça

71
XADREZ BÁSICO
-"=''----------- - - - - - - - - - -=-

inimiga (o C3BD), que exerce fiscalização nas casas centrais . Sur-


giu, com esse lance, um ensinamento importante : um lance de
contra-ataque, substituindo urna jogada defensiva .
5. 0-0

O roque deve ser realizado o mais cedo possível.

O principiante deve procurar seguir a regra seguinte: "Roque


tão logo seja possível e de preferência com a TR".
O roque permite colocar o Rei em segurança e dar jogo à
Torre do roque.
Em algumas circunstâncias pode-se realizar o roque com a TO,
observando um ataque ao Rei inimigo, que tenha rocado com sua
TR ( casos de roques opostos); esse ataque, tendo por base a insta-
lação de peças na ala do Rei, principalmente Torres, e avanço dos
Peões da ala do Rei.
Em ocasiões mais raras, poder-se-á atrasar, deliberadamente,
o roque, aguardando-se as intenções do adversário, para optar-se,
conforme o caso, pelo roque em urna das alas. Entretanto, em
noventa por cento dos casos , deve-se procurar rocar, rapidamen-
te, com a TR (roque pequeno).
5.... 0-0
Ambos os adversários intercalaram o roque no clima de ten-
são de luta existente ao redor dos Peões centrais.
6. P3D
Defendendo o PR com outro Peão, ao mesmo tempo que per-
mite a saída do BD. Trata-se de um lance de desenvolvimento e de
defesa.
6 .... P3D
As razões são as mesmas acima indicadas.
7.BSC
Em sua casa inicial este Bispo apenas controlava as casas de sua
diagonal aberta. Agora, age, ainda mais, sobre as casas 4 TR e 6BR,
onde se encontra um Cavalo inimigo. Portanto, lance que am-
pliou o raio de ação do BD.
O CR preto ficou cra,·ado, não pode mover-se sem expor a
Dama preta a ser capturada pelo Bispo branco. Trata-se, também,
de um lance de ataque.

72
--""'-------- Dr. Orfeu GJ.berto D'Agostini - - - - - - ~ ~

As Pretas não temem a captura 8 . BxCR, pois têm resposta


adequada, que é 8 .... , DxB. Mas a ameaça branca é 8. CSD!,
atacando mais uma vez o CR preto e, após 9. CxC+, PxC (força-
do); 10. B6T, conseguiriam as Brancas romper a barreira do ro-
que preto, abrindo a coluna CR para um ataque. Essa manobra e
viável graças à pregadura do CR preto.
7. ... BxC

Uma troca necessária

As Pretas descobriram as intenções do adversário, e elirrú -


nam o Cavalo, que ameaçava dirigir-se à casa 50 para efetuar a
manobra acima estudada. A defesa encontrada pelas Pretas é boa.
Ao contrário, combater a pregadura que o Bispo branco exerce
sobre o CR preto com 7 . ... , P3TR; 8 . B4TR, P4CR, não é re-
comendável, por enfraquecer esses m esmos Peões, que se mo-
vimentaram, e o próprio roque preto. Na maioria das vezes, o
BD atacado retrocede a 3C, mas, no caso presente, conseguem
as Brancas fort e ataque com 9. CxPC!, PxC; 1O. BxP, BxC (for-
çado para evitar 11. CSD!); 11. PxB, D2R; 1 2 . O3B, R2C; 13 .
D3C, seguido de P4BR.
O principiante encontrará a
cada passo, no estudo do xadrez,
seqüências de lances, à margem de
uma partida, como é o caso acima
e, com freqüência , deixa de re-
produzi-las para não desarrumar a
posição das peças da partida que
segue .
Isso é um erro.
Nesses comentários feitos ao
lado das partidas é que se encon-
DIAGRAMA 101 tram os verdadeiros ensinamentos
Posição após 8 ..... C2R e que devem ser aproveitados pe-
los estudiosos.
O ideal seria acompanhar uma partida comentada com dois
tabuleiros, reservando-se um para as análises. Dispondo-se, po-
rém, de apenas um tabuleiro, deve-se, do mesmo modo, repro-

73
XADREZ BÁSICO
--""""------------- ------------"=-

duzir todas as variantes que se apontam e, uma vez estudadas,


voltar à partida principal, reproduzindo-se seus lances desde o
início.
8. PxB C2R(diagrama 101)

Evitar enfraquecer o r~que

Já sabemos que o roque visa dar jogo à TR (no roque peque-


no) e colocar o Rei em sítio melhor protegido. Mas, a estrutura
do roque deve ser mantida, para não tornar o roque débil, facil-
mente alvo de ataque.
Os três Peões 2BR, 2CR e 2TR do roque são o escudo do Rei.
Têm força defensiva máxima, quando situados em suas casas ini-
ciais. O avanço de um deles, ou seu desaparecimento, estabelece
falhas nesse escudo, por onde o Rei pode vir a ser fatalmente atin-
gido.
Nas considerações do sétimo lance das Pretas (7 .... , BxC)
vimos um avanço defeituoso e criticável dos Peões do roque, à
base de .. . , P3TR e .. . , P4CR e como pode ser vantajosamente
explorado em alguns casos. Agora, com 8 .... , C2R as Pretas per-
mitem a destruição desse escudo real, se as Brancas jogam 9. BxC,
pois a resposta forçada é 9 .. . , PxB e resulta daí:
a) uma coluna aberta sobre o roque preto, por onde podem
agir peças irumigas (Dama e Torres);
b) Peões dobrados (P2BR e P3BR), que devem ser evitados,
visto constituírem fraquezas;
c) casas fracas, 3BR e 3TR, onde podem ser instaladas peças
adversárias, porquanto desaparece o P2C, que dominava essas casas.
O desaparecimento do P2CR torna acessíveis ao inimigo as
casas 3BR e 3TR.
De uma maneira geral os principiantes devem evitar posições
semelhantes.
Porém, no caso presente, as Pretas não podem ainda ser cri-
ticadas por sua estratégia . Se é verdade que com a abertura da
coluna CR resulta uma via de ataque das Brancas ao Rei preto,
verdade é, também, que as Pretas podem utilizar-se dessa mesma
via, ou de outra via resultante da manobra anterior, para um ata-
que ao Rei branco.

74
- ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostin.i - - -- - - ~ ~

Com isso em mente é que as Pretas permitem, neste momen-


to, a destruição de seu escudo real. Um exemplo seria: 9. BxC,
PxB; 10 . C4T, P3B; 11. B4B, C3C; 12. CxC, PTxC; 13. P4B,
R2C; 14. D3B, TlT; e as Pretas têm a coluna TR aberta à sua
disposição.
Mas essa conduta de permitir a destruição do escudo real é
perigosa, e a menor incorreção pode dar origem a uma posição
inferior e mesmo perdida .
9 . C4T

A abertura de colunas abre jogo às Torres

Para prosseguir com P4BR e fazer atuar a TR no ataque ao Rei


inimigo, pela abertura da coluna BR. É uma manobra típica para
aproveitar a ação das Torres .
9. ... P3B
Incomodava ao segundo jogador o domínio que o BR branco
exercia sobre as casas pretas 2D e IR. Daí a razão de seu último
lance.
10. B4BD

Dirigir as peças para o lado em que está o Rei inimigo

Porém, a posição deste Bispo é, de novo, esplêndida, porque


atua sobre a casa 2BR das Pretas, duas vezes defendida, é verdade,
mas uma das defesas sendo o próprio Rei. Quer isto dizer que
este Bispo está agindo sobre o próprio escudo real.
Teria sido sem signillcação a retirada 1O. B4T.
10. ... B3R
Tanto era eficiente a ação do Bispo branco em 4BD, que as
pretas procuram opor- se a sua ação e mesmo eliminá-lo.
11. BxC!

Debilitar o roque inimigo no momento exato

As Brancas realizam a captura que seu adversário permitira a


dois lances atrás, mas fazem-no, agora, no momento exato, sem
deixar às Pretas possibilidades de compensação de aproveitamen-
to da coluna aberta.

75
--""'L__________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ~

1 l. .. . PxB
Retomada forçada . Se 11 ... . , Bx B?; com l 2. Bx C !, as Brancas
ganham uma peça: 12 ... . , DxB; 13. CSB!, seguido de 14. PxB.
12.BxB PxB
13. D4C+!

Têm grande eficiência os lances que visam mais de um objetivo

Devido à perigosa poUtica de


permitir a destruição de seu escu-
do real (os Peões do roque), en-
contram-se, agora, as Pretas ah-o
de ataque.
A barreira de peões do roque
foi destruida, originando-se uma
coluna aberta, que nenhuma com-
pensação trouxe às Pretas. Ao con-
trário, constitui, isso sim, via de
DIAGRAMA-= 10=2.-..,___. ataque para o inimigo.
1

Posição após 13. D4C+I Com 13 . O4C + !, as Brancas


alcançaram dois ataques simultâ-
neos, um ao próprio Rei inimigo e outro ao P3R indefeso (dfagra-
ma 102).
Esses lances, que atingem mais de um objetivo, são altamente
eficientes e, freqüentemente, ocasionam vantagem material, quan-
do não restringem o jogo adversário, pela limitação das respostas.
13. ... R2B
Forçado, para não perder um Peão. Eis o caso de limitação na
resposta.
14. P4BR
Com o objetivo de fazer atuar o TR na coluna aberta, após
PxP.
14 .... TlCR
A primeira vista, as Pretas conseguiram uma compensação,
porquanto sua Torre atua na coluna aberta CR, sobre o Rei bran-
co. Mas o jogador das Brancas demonstrará a inconsistência e a
fraqueza do roque adversário.
15. D5T+!

76
~'----------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - -- - - - ~ ~

Outra vez um lance de duplo objetivo: atacar o Rei e o P2T


indefeso.
15 .... R2C
Corre o Rei preto a defender seu Peão. Outro exemplo de
limitação de resposta a um lance de dupla finalidade .
16. PxP

Abre-se uma coluna: Torres em ação

O lance das Brancas, que foi bem preparado, dá ao primeiro


jogador o controle absoluto da coluna aberta BR, por onde atuarão
com eficiência suas Torres.
16 ... . PDxP
Retomada obrigatória. Se 16 .... , PBxP, as Brancas dariam mate
em dois lances, com 17. T7B+, R 1T; 18. DxPT mate. Essa conti-
nuação já é suficiente para demonstrar a força da Torre branca, na
coluna aberta BR.
17. TxP!
Diagrama 103 . Sacrifício de
todo correto e que tem como base
a excelente posição de ataque das
peças brancas e a má posição do
Rei inimigo, que não mais dispõe
de seu escudo protetor ( os Peões
do roque) .
17 .... RxT
18. TlB+ C4B
Forçado; se 18 .... , R2C , non-
mente haveria mate em dois lan-
DIAGRAMA 103
Posição após 17. TxP!
ces, com 19. T7B+, RlT; 20.
DxPT mate.
19. CxC!
Melhor que 19. PxC, que permitiria a fuga do Rei preto ,ia
19 ... . , R2R; com posição igualmente perdida, é verdade, mas
que daria maior resistência às Pretas .
19 .... PxC
20 .TxP+ R2R
Após 20 .... , R3R, seguir-se-ia a mesma continuação.

77
__,,,..__________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - --=-

21. D7B+ R3D (único lance)


22. T6B+ R4B
Paga o Rei preto seus pecados por desprezar a proteção dos
Peões do roque . Como andarilho, morrerá em terras estranhas.
23 . DxPC!
Diagrama l 04. Entregando a
Torre, mas que não pode ser to-
mada pela Dama inimiga, por cau-
sa de 24. D4C mate.
Ao mesmo tempo ameaça 24.
TxP mate.
23.... D3C
Única jogada que evita os
dois mates apontados . Mas .. .
24 . TxP+! DxT
25. D4C mate.
DIAGRAMA 104 Observar que a Dama preta, ao
Posição após 23. DxPCI
ocupar a casa 3BD, tirou ao seu Rei
wna casa de fuga.

Ensinamentos desta Partida

O principiante, em estudando esta partida, terá aprendido


aspectos importantes da partida de xadrez, como sejam:
l - Lance inicial recomendável: 1. P4R; e sua melhor res-
posta: 1 .... , P4R.
2 - Ataque direto à peça inimiga : 2. C3BR, visando o PR
preto.
3 - Defesa direta de peça atacada: 2 ... . , C3BD, protegendo o
PR preto porque 2 .... , C3BD, é a melhor defesa, após 1. P4R,
P4R; 2. C3BR.
4-- Casas ideais para os Cavalos: 3BD e 3BR. Lances 2. C3BR,
C3BD; 3.C3B, C3B.
5 - Casas eficientes para os Bispos, quando os Cavalos inimi-
gos se situam em 3BR e 3BD. Lances : 4. BSC, BSC; e 7. BSC.
6 -Ataque indireto à peça inimiga: Lance: 4. BSC, ameaçan-
do 5. BxC, eliminando a defesa do PR preto, para seguir com
6. Cx.P.

78
A).___ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _
i:M,a,_

7 - Defesa indireta de peça atacada, ou defesa pelo contra-


ataque . Lance 4 .... , B5C.
8 - Lances de desenvolvimento e de ação central: os quatro
primeiros movimentos de cada lado. Ainda, o lance 7 . B5C.
9 - Razões para rocar o mais cedo possível.
1O - Quando uma troca de peças anula um plano inimigo. O
lance 7 .... , BxC, que evitou 8. C5D!, de resultados desastrosos
para as Pretas, por enfraquecer o roque preto.
11 - Os inconvenientes do enfraquecimento do roque:
criam-se brechas por onde se reahza o ataque inimigo. A partida é
um exemplo ilustrativo desse fato.
12 - Como obter uma coluna aberta sobre o roque inimigo.
Os lances brancos 9. C4T, 14. P4BR e 16. PxP permitiram a aber-
tura da coluna BR, por onde tiveram ação decisiva as Torres bran-
cas.
13 - Orientar as peças, sempre que possível, sobre o lado em
que se encontra o Rei inimigo. O principiante deverá preferir
lances como] O. B4BD e não os lances como I O. B4T, desprovidos
de qualquer significação.
14 Debilitar o roque inimigo no momento exato. Lance
13. BxC!, que não deu às Pretas nenhuma compensação pela des-
truição de seu escudo protetor de Peões.
15 - Procurar realizar lances que atinjam mais de um objetivo.
Lances 13 . D4C+ e 15. DST+. São altamente eficientes e,
quando não ganham material, limitam, pelo menos, as respostas
adversárias.
16 - Os sacrifícios de peças e as combinações brilhantes
(seqüências forçadas de lances) surgem como conseqüência à
boa disposição das peças atacantes e à má posição do Rei inimigo,
desprovido de proteção. É o caso de 17. TxP!, em que as Brancas
entregam uma peça valiosa, mas com a certeza da vitória .
17 - Marcha forçada do Rei preto, conduzido ao local da exe-
cução, por ter permitido a destruição de sua primeira linha de
defesa.
18 -A partida é um Ótimo exemplo de como se deve aprovei-
tar a má posição de um Rei inimigo, como resultado do
debilitamento do roque.
Se o roque é lance que deve ser praticado o mais cedo possí-
vel, porque coloca a Torre em jogo e o Rei em posição segura,

79
.~ XADREZ BÁSICO
~~-------- - - - - - - - - ---=-

não deve, porém, ser enfraquecido pelo avanço ou desapareci -


mento dos Peões do roque (2BR, 2CR e 2TR, no roque pe-
queno).

Esta partida foi jogada na cidade de Los Angeles, nos Estados


Unidos, no ano de 1933, entre o genial mestre cubano José Raul
Capablanca (campeão mundial de 1921 a 1927), que conduzia as
peças brancas, e o americano Herman Steincr.
Foi, realmente, uma partida de exibição, produzida ante grande
assistência, sobre um gigantesco tabuleiro, sendo as peças repre-
sentadas por figuras humanas, com vestimentas de Reis, Rainhas,
Bispos, etc. É o que se denomina uma partida de xadrez ao vivo.

Segunda Partida

Brancas Pretas
1. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3. B4B

Os dois primeiros lances de cada lado, já nossos conhecidos,


foram analisados na partida anterior. Vimos também que 3. C3B
era um bom lance de desenvolvimento .
A saída do BR branco para 4BD é, do mesmo modo, um lance
normal de desenvolvimento e com ação no centro.
Vejamos quais as vantagens de 3.B4B:
a) De sua casa inicial (1 BR) atuava o BR sobre as casas de sua
diagonal aberta . Para ampliar seu raio de ação, esse Bispo deve ser
movimentado. Das casas de que dispõe, em 2R em nada aumenta
sua ação; em 3D prejudicaria o desenvolvimento do BD; em 6TD
seria capturado pelo PCD preto. Restam-lhe duas boas casas: 4B0
e SCD. Em 4B0, além de agir sobre as casas da diagonal das Bran-
cas 1 BR-6TD, age, mais ainda, nas casas 3CD, SD, 6R e 7BR . Por-
tanto, seu raio de ação foi ampliado.
b) Tem ação central sobre a casa 5D.
c) Torna possível o roque pequeno.

80
-""''------ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agost:ini ------------'""'-

d) Vulnera o ponto mais fraco do adversário, isto é, o Peão de


2BR, gue apenas se encontra defendido pelo Rei preto.

É débil a casa 2BR

Por gue a casa 2BR (tanto das Brancas como das Pretas) é
debil?
Analisando-se os oito Peões, na posição inicial das peças, ve-
mos que
a) o P2TD tem a defesa da TO;
b) o P2CD, a defesa do BD;
c) o P2BD, a defesa da Dama;
d) o P2D, a defesa do CD, do BD, da Dama e do Rei;
e) o P2R, a defesa do CR, do BR, do Rei e da Dama;
f) o P2BR, a defesa do Rei;
g) o P2CR, a defesa do BR e
h) o P2TR, a defesa da TR.
Desses oito Peões, dois dispõem de quádrupla defesa (PD e
PR), enquanto os demais apenas uma defesa. Dos seis Peões res-
tantes, o mais débil é o P2BR, somente defendido pelo monarca.
Ora, toda defesa de Rei é precária. Basta atentar gue o Rei não
pode capturar peça defendida, gue se encontre nessa casa. Um
exemplo é o célebre Mate Pastor, gue se produz após 1. P4R,
P4R; 2. B4B, C3B0; 3. DST, 84B; 4 . DxPB mate.
Outra variação é 1. P4R, P4R; 2. B4B, B4B; 3. DST, C3BR;
4. DxPB mate .
São vitoriosos os ataques que se realizam sobre a casa 2BR,
desde que existam, conjugadas sobre ela, pelo menos a ação de
duas peças atacantes. Em virtude da fraqueza própria da casa 2BR,
freqüentemente é ela úsada para o ataque ao Rei inimigo. Logo,
vulnerar com peças essa casa constitui boa política . É uma das
razões do bom lance 3. B4B.
Outro bom lance é 3. BSC, que caracteriza a Abertura Ru~·
Lopez, e que será visto na partida seguinte.
3. ... B4B
Abonam esta jogada as mesmas razões do último lance das
Brancas.
Agora agui 3 . . .. , BS C não teria nenbum valor, podendo esse
Bispo ser expulso por meio de P3BD das Brancas; perder-se-ia,

81
~ ~ - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - " " " -

com ele, um tempo, atrasando o desenvolvimento das peças


pretas.
Os lances BSC, nas aberturas, quer para as Brancas, quer para
as Pretas, têm algum efeito, apenas no caso de existir na corres-
pondente casa 3B inimiga um Cavalo adversário. E isto pela
ameaça direta sobre os Cavalos inimigos e pela ação indireta,
que têm sobre os Peões e as casas centrais (vide comentário
feito após 4. BSC, BSC, na partida anterior).
Depois dessas três jogadas
1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD;
3. B4B, B4B, a posição das peça~
caracteriza a abertura Giuoco Pi-
ano (diagrama 105).
4. P3B
Nesta abertura as Brancas
pretendem jogar P4D, lance de
desenvolvimento, de ação central
e de ataque, mas a casa 40 das
DIAGRAMA 105
Brancas tem apenas duas defesas,
Abertura Giuco Piano o C3BR e a Dama, enquanto con-
vergem sobre ela três ataques
inimigos, isto é, o PR, o B4BD e o C3BD. Jogar de imediato
4 . P4D? seria desastroso, por perder um Peão. Exemplo:
4 . P4D?, BxP; 5. CxB, PxC, e as Brancas não podem retomar o
Peão com a Dama, pois ele se encontra defendido pelo C3BD
preto. Tal não sucederia se as Brancas tivessem mais uma defesa,
por exemplo, um Peão em 3BD.
Daí esta regra simples : "Para se instalar uma peça, numa casa
qualquer, deve-se possuir, pelo menos, um número de peças
defensivas que possam atuar sobre essa casa, sempre igual ao
número de peças atacantes inimigas, que estão igualmente do-
minando sobre ela ."
No caso, convergem sobre o ponto branco 40 três peças ini-
migas, o PR, o B4BD e o C3BD, enquanto as Brancas apenas
dispõem de duas, a Dama e o C3BR.
Para poder jogar P4O devem as Brancas preparar mais urna
defesa para essa casa, daí urna das razões de 4. P3B.
Além de preparar P4D e fortificar o centro, esse lance abre
também caminho para a Dama, que pode ir à casa 3CD, reforçan-

82
_,l$1l~------ Dr. Orfeu GJberto D'Agostini ------~=-

do o ataque sobre a casa 2BR preta. Em muitos casos, após a saída


do BD preto, a Dama branca, na casa 3CD, ataca também o PCD
adversário, que fica indefeso.
4. ... C3B
Este lance já é nosso conhecido:
a) desenvolve urna peça em sua melhor casa;
b) atua sobre as casas centrais 4D e SR;
c) ataca o PR das brancas e
d) prepara o roque preto com a TR.
5. P4D!

Jogar ativamente, procurando sempre a iniciativa


- --
Já que o PR branco se encon-
trava diretamente atacado pelo
C3BR preto, parecia que se impu-
nha sua defesa mediante 5. P3D ou
5. D2R. Mas, qualquer desses lan-
ces seria passivo demais, e, com 5.
P3D, embora defendessem o PR, as
Brancas renunciariam à idéia de jo-
gar P4D, pelo menos no momento.
Ao contrário, 5. P4D! é um
DIAGRAMA 106
Posição após 5. P401 lance enérgico, de iniciativa, por-
quanto:
a) abre caminho ao BD;
b) dá mais duas casas à Dama branca (20 e 30);
c) atua sobre a casa central SR e
d) ataca, ao mesmo tempo, o PR e o Bispo inimigos.
As Pretas, com 4 .... , C3B, ameaçam o PR branco. A réplica
do primeiro jogador 5. P4D ! ameaçou o Bispo inimigo, peça de
valor superior ao Peão. Logo, as Pretas não podem capturar o PR
branco e sim cuidar da defesa do BR atacado.
5. ... PxP

Quando a troca de peças é necessária

As Pretas tinham duas peças atacadas, o 84B0 e o P4R, sendo


que o PR estava duplamente atacado (pelo PD e pelo CR das Bran-

83
..=.___________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - -- - --=>-

cas), dispondo somente de uma defesa, o CD preto. Retroceden-


do o Bispo preto atacado a 3CD ou a 2R, as Brancas ganhariam
um Peão com 6. PxP. Defender o PR com 5 .... , B3D seria má
jogada, pois iria impedir o avanço do PD e a conseqüente saída do
BD preto, e já sabemos que se deve jogar de maneira a não pre-
judicar o desenvolvimento das peças companheiras. Logo, 5 ... . ,
PxP é a melhor resposta das Pretas.
6. PxP
Retomando o Peão, agindo no centro e atacando novamente o
Bispo inimigo.
O PR branco continua sendo atacado pelo CR inimigo, mas as
Pretas não podem capturá-lo, visto ser preciso salvar seu BR, peça
de maior hierarquia e que está sendo igualmente atacado.
Observar que as Brancas poderiam ter retomado o Peão com
6. CxP, mas, assim procedendo, o PR branco seria capturado pelo CR
preto e as Brancas não teriam nenhuma compensação. Compreen-
de-se, agora, que 6 . PxP é um lance enérgico, de iniciativa.
6. ... BSC+
As Pretas não poderiam cap-
turar o PD inimigo. Dispõem elas,
é verdade, de dois ataques, mas as
Brancas, por sua vez, de duas de-
fesas. Logo, o Bispo preto atacado
tinha que se retirar da casa 4BD.
As retiradas 6 .. .. , B2R e 6 .... ,
B3C seriam demasiadamente pas-
sivas e 6 . ... , B3D, já o sabemos,
seria péssimo.
DIAGRAMA 107 A jogada 6 .... , BS C + retira o
Posição após 7· OB Bispo da casa atacada, sem perda
de tempo . Euma jogada enérgica, de iniciativa .
7 .C3B

°.esenvolver rapidamente as peças

As Brancas tinham seu PR atacado desde o quarto lance (4 .... ,


C3B), mas, com contra-ataque ao BR inimigo, impediram o ad-
versário de capturar o PR.

84
...lSl'-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.n.i ---------"""'-

Porém, após o último lance das Pretas, encontram-se as Bran-


cas com seu PR ainda atacado e com seu Rei em xeque . Fazer o
roque é proibido, pois sob xeque tal lance não é permitido;
mover o Rei a 1BR ou a 2R, além de perder o direito ao roque,
entrega o PR sem compensação. A primeira vista, as Brancas
deveriam achar um lance que neutralizasse, ao mesmo tempo , o
xeque e defendesse o PR atacado, ou então, que encontrasse
compensação pela perda do Peão.
Existiria tal lance nessa posição?
Sim, é 7. B2D. O principiante dirá que esse lance não defende
o PR, mas após 7. B2D, CxPR; 8. BxB, CxB; 9. BxPB+, RxB; 1O.
D3C+, P4D; 11. CSR+, RlR; 12. DxC, compreenderá que as
Brancas perdem seu PR, mas ganham o PBR inimigo, ao mesmo
tempo que impedem, definitivamente, o roque adversário, o que
representa uma vantagem .
No entanto, o jogador das Brancas preferiu a outra cobertura
possível do xeque, que é 7. C3B, alternativa que não defende o
PR . As Pretas, querendo, podem ganhar o Peão, jogando 7 . .. . ,
CxPR. Quer isto dizer que as Brancas desprezaram a defesa indireta
do PR (possível com 7. B2D, como vimos) e optaram por 7. C3B,
que, deliberadamente, entrega um Peão.
Por que procederam dessa maneira?
Simplesmente porque com a captura do Peão pelas Pretas,
conseguiriam as Brancas uma compensação, obtendo posição su-
perior. A vantagem não é do tipo material, mas sim de posição.
As Brancas, à custa de um Peão, acelerariam seu desenvolvimento
de peças. Exemplo: 7. C3B, CxP; 8. 0-0 e, com a entrega de
um Peão, as Brancas conseguiriam dois lances de desenvohi-
mento: 7 . C3B e 8. 0-0, enquanto as Pretas perdem um tempo
com a captura 7 .... , CxP. Observar que nesta variante já existe
a ameaça das Brancas Tl R, cravando o Cavalo preto.
Xadrez é um jogo de luta, vence aquele que mais rapidamente
coloca suas peças em jogo e delas saiba tirar melhor proveito. Para
apressar o desenvolvimento de peças, o enxadrista, muitas vezes,
não hesita em sacrificar algum material, como no caso presente.
O lance 7. C3B é início de uma estratégia bem definida, visan-
do a entrega de material para conseguir, contudo, desenvolvi-
mento acelerado de peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é:

85
~~-------- XADREZ BÁSICO ----------"""-

7. C3B, CxPR; 8. 0 -0, CxC; 9. PxC, BxP; 10. D3C, BxT (as
Pretas ganham Torre, Cavalo e dois Peões, perdendo apenas um
Cavalo) ; 11. BxP+, RIB; 12. BSC, C2R; 13. CSR!, P40; 14.
D3BR, B48; 15 . B6R!, P3CR; 16 . B6T+, RIR; 17. B7Bmate .
O principiante compreenderá melhor a razão do lance 7 . C3 B
ao estudar a Abertura Giuoco Piano (Capítulo Quarto) . Verá, nessa
ocasião, que, teoricamente, correto é 7 .. . . , CxPR, mas, após
8 . 0-0, CxC; 9. PxC, recusar o segundo Peão e jogar 9 . .. . , P4D!,
que é um lance de desenvolvimento e de ataque .
7 . . .. P4D
Mas o jogador das Pretas fugiu à tentação de ganhar material,
preferindo um lance, que, além de facilitar o desenvolvimento do
BD e da Dama, objetiva destruir o forte centro de Peões brancos
formado pelos P4R e P4D. No capítulo das Aberturas há esclareci-
mentos , exemplos ilustrativos a esse respeito. Porém, digamos de
passagem, um centro forte de Peões impõe ao adversário uma posi-
ção restringida, congesta, e desse congestionamento pode resultar
um ataque vitorioso para o lado que dispõe, ao contrário, de uma
posição mais livre, com mafor mobilidade para suas peças.
Por essa razão tratam as Pretas de quebrar a posição dos Peões
brancos centrais.
8. PxP
As Brancas tinham duas peças atacadas, o B4BD e o PR, este
último, duas vezes ameaçado, isto é, pelo C3BR e pelo PD pretos.
Como no caso do quinto lance das Pretas ( 5 . ... , Px P) aqui,
também, a melhor resposta é a captura do Peão inimigo. Obser-
var que, agora, apenas as Brancas dispõem de um Peão central,
que fiscaliza as casas SBD e SR.
8. . .. CxPSD
As Pretas conseguiram eliminar o PR central inimigo. Amea-
çam no momento, duas vezes o C3BD branco, com o BSCD e o
C4D.
9. 0-0
Outra vez evitam as Brancas um jogo passivo e sem iniciativa,
que resultaria da defesa direta do CD, com 9. 02B ou 9 . 820. Ao
contrário, rocando, realizam urna jogada de desenvolvimento,
colocando o Rei em segurança e dando jogo à TR; simultanea-
mente libertam o C3BD, que estava preso pela pregadura do BR

86
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agost:ini. - - - - - - - ~ =

adversário . Graças à anulação dessa pregadura as Brancas passam


a atacar duas vezes o C4D preto, apenas defendido por sua Dama.
Em entregando um Peão (9 .... , CxC; 10 . PxC, BxP), no,·a-
mente as Brancas repetem a estratégia de sacrificar material a fim
de conseguir desenvolvimento acelerado de suas peças e ataque
ao Rei inimigo.
9.... B3R
Mais uma vez as Pretas resistem à tentação de ganhar material,
dando preferência a um lance de desenvolvimento e defesa (ao
C4D) ao mesmo tempo.
Em posições abertas (com colunas e diagonais liffes), o ganho
de um Peão e, em alguns casos, mesmo de peças de valor superior,
em detrimento do desenvolvimento e da proteção do Rei, deve
ser evitado, pois, freqüentemente, tal conduta leva a dificuldades
e mesmo à derrota. Um exemplo seria 9 .... , CxC; 10. PxC, BxP;
11. BxP+, RxB; 12. D3C+, R 1R; 13. DxB, e as Brancas recupe-
ram o Peão com intenso ataque ao Rei inimigo , que, agora, não
mais pode rocar.
10. BSCR
Lance de desenvolvimento e de ataque à Dama preta. Um dos
poucos casos em que um lance BSC é bom, apesar de não existir
um Cavalo, na casa 3B correspondente. A razão é que não serve
para as Pretas I O.... , P3B, como veremos.
10.... B2R
Interrompendo a ação do Bispo inimigo. Não servia 10 .... ,
P3B, por causa da aguda réplica 11. TI R!, ameaçando o Bispo de
3R. Uma continuação possível seria: 10 .... , P3B; 1 I. TI R 1, PxB;
12.TxB+,R2B; 13.BxC,BxC; 14.
T6D+desc. ! , e as Brancas ganham
a Dama preta.
11. BxC
As Brancas iniciam uma série
de trocas com o fim de impedir o
roque preto.

DIAGRAMA 108
Posição após 14. Tl RI

87
XADREZ BÁSICO
-="---------- ----------=-

11. ... Bx85D


12 . CxB DxC
13 . BxB CxB
14.TIR!

Impedir o roque adversário .

As Pretas não podem, nesta hora, rocar, em razão de precisar


atender à defesa do Cavalo (diagrama 108).
Haverá vantagem ao impedir o roque do adversário?
Claro que sim. Se o roque protege não só ó Rei, mas ainda
assegura jogo à Torre, sua falta, certamente, acarretará ausência
de jogo da Torre, e insegurança do Rei.
O monarca, no meio de sua primeira horizontal, mais facil-
mente será alvo de ataques, porquanto não dispõe da barreira
defensiva de Peões proporcionada pelo roque.
14. ... P3BR
Pretendendo jogar 15 .... , R2B, comunicando entre si as
Torres, evitando o avanço C5R inimigo e saindo da incômoda
posição, que determina o cravamente do Cavalo.
15. D2R
Ameaçando mate com 16. DxC, as Pretas dispõem apenas da
defesa da Dama.
15. ... D2D
16.TDJR
Ocupando outra coiuna aberta.
16. ... P3B
Os críticos desta partida apontaram como preferível, neste
momento, o lance 16 .... , R2B, sem se importarem com a ameaça
das Brancas, que era 16 .... , R2B; 17. DxC+, DxD; 18. TxD+,
RxT; 19. TxP+, R3D; 20. TxPCD, pois as Pretas dispõem de
20 .... , TR lBD!, ameaçando mate e, após 21. P3CR, com 21 . .. . ,
T28 a partida seria, talvez, um empate, porque se, por um lado,
as Pretas têm uma qualidade a mais (Torre por Cavalo), por outro
lado, têm dois Peões a menos.
A verdade é que o jogador das Pretas não poderia prever o
desfecho que esta partida teria, depois de seu pacífico e natural
lance 16 .... , P3B.
17. PSD!

88
-"""'-------------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _lus~

Muitas vezes convém sacrificar um Peão para bem instalar uma


peça.
O audacioso Peão branco situou-se numa casa três vezes ata-
cada e sem nenhuma defesa de seu lado. É claro que não pode ser
capturado nem pelo C2R (que está cravado), nem pela Dama,
que defende o mate (17 . . . . , DxP?; 18. DxC mate), mas será to-
mado pelo Peão preto.
Por que este sacrifício?
Observe o leitor que após 17. P 5D !, resta ao Cavalo branco a
excelente casa 4D, deixada vaga pelo avanço do Peão, em cuja
casa instalado, terá grande ação sobre a posição inimiga. Trata-se
de um sacrifício posicional de um Peão, para obter, em compen-
sação, um Cavalo bem colocado.
Este sacrifício de Peão dá início a um remate magnífico que
tornou esta partida universalmente aclamada como uma das mais
lindas partidas de xadrez de todos os tempos.
17. ... PxP
Aceitando o Peão oferecido, sem prever o que iria acontecer.
18. C4D
E dispõe, agora, este Cavalo, de duas excelentes vias de pene-
tração no campo inimigo, as casas 6R e SBR.
18. ... R2B
Necessário, em virtude da ameaça 19. CSB, que ganharia a
partida .
19. C6R!

Um Cavalo na casa 6R, bem defendido, é decisivo.

Steinitz, grande campeão do passado, dizia que um Cavalo ins-


talado em 6R, bem defendido, ganha a partida. É o que veremos
em prosseguimento. A ameaça é 20. T7B, o que força a resposta
preta.
19 .... TRJBD
20 . D4C
Agora pretendem as Brancas 21. DxP+, R 1R; 22. D8B mate.
Observe o leitor quantas ameaças o sacrifício do Peão branco
vem criando ao jogo do inimigo. Ainda outras mais suceder-se-ão.
A posição do Cavalo branco é dominadora.
20 . ... P3CR

89
...,,..L_________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - " " ' 1 .

Evitando a ameaça apontada acima .


21. C5C+
Resultam desta jogada dois ataques : ao Rei e à Dama inimigos .
O cavalo não pode ser tomado (21 .... , PxC, por 22 . DxD) .
21. .. . RlR
Forçado, para não perder a
Dama. Mais uma vez se vê a efici-
ência dos lances de duplo objetivo
(21. C5C+), limitando as respos-
tas adversárias.
22. TxC+!
Diagrama 109. Um lance
surpreendente!
A Torre não pode ser toma-
da nem pelo Rei, nem pela Dama .
Vejamos:
DIAGRAMA 109
a) 22 .... , DxT; 23 . TxT+ ,
Posição após 22. TxC + 1
TxT; 24. DxT+. DlD; 25 . DxD+,
e as Brancas ganham facilmente com a vantagem de uma peça .
b) 22 .... , RxT; 23. TJR+
1) 23 .... , RlD; 24. C6R+ RlR; 25. C5B+desc. , D2R;
26. D7D+!, RlB; 27. DxD+, RJC; 28. C6R, segwdode
mate com D7C.
2) 23 .... , R3D; 24. D4CD+, R2B; 25. C6R+, RIC;
26. D4BR+,T2B; 27. CxT, DxC; 28. T SR mate . Só resta
ao Rei preto uma casa.
22 .... RlB
E as Brancas , por sua vez, não podem capturar a Dama preta,
nem com a Dama, nem com a Torre, por causa de 23 . .. . ,TxT+, e
mate no próximo lance. Interessante observar que as quatro pe-
ças brancas (TR,TD, C e D) estão atacadas e nenhuma delas pode
ser tomada!
23. T7B+
Novamente não é possível 23 .... , DxT, por causa de 24.TxT+,
TxT; 25 . DxT+, etc.
23. ... RlC
Forçado. Se 23 .... , RIR; 24. DxD mate.
24.T7C+!

90
...slil,,.._______ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -""lz;, ,'1.

Não e possível:
a) 24 .... , RxT, por 25. DxD+, etc.
b) 24 .... , RlB, por 25 . CxP+, R1R; 26 . DxD mate .
Logo, a resposta das Pretas e uma só.
24. ... R1T
25 .TxP+
Nesta altura as Pretas abandonaram a partida. Mas a conti-
nuação forçada e tão interessante, que merece ser conhecida.
25. ... R!C
Continua a mesma impossi-
bilidade em capturar a Torre bran-
ca.
26. T7C+
Por sua vez, as Brancas não
podem capturar a Dama preta,
nem de Dama, nem de Torre, em
razão da ameaça de mate com
26 .... , TxT+. Esta ameaça pesa,
constantemente, sobre o monarca
DIAGRAMA 110
branco.
Posição após 27. 04T + 26. , .. RlT

Se 26 .... , RlB; 27. C7T+, RxT; 28. DxD+. etc.


27. D4T+
As Brancas dão mate forçado em nove lances (diagrama 11 O) .
27. ... RxT
28. D7T+ R!B
29. D8T+ R2R
30. O7C+ RlR
Os últimos lances das Pretas são todos forçados. Agora, se
30 .... , R3D; segue 31. DxP+, D3R; 32. DxD mate.
31. D8C+ R2R
32. D7B+ R!D
33. D8B+ DlR
34.C7B+ R2D
35. D6D mate

91
~ ~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO
----------=-

Ensinamentos desta Partida

l - O bom lance de desenvolvimento que é 3. B4B, após 1.


P4R,P4R;2.C3BR,C3BD.
2 - A debilidade da casa 2BR, apenas defendida pelo Rei.
3 - Quando BSC (das Brancas ou das Pretas) é bom lance e
quando não tem significação alguma.
4 -A preparação de P4D com 4. P3BD.
5 - Como raciocinar ao instalar uma peça numa casa qual-
quer, contando as defesas e os ataques que convergem sobre essa
casa (comentários em 3. P3BD).
6 - Jogar ativamente, com energia. Lances 5. PSD!, 6 .... ,
BSC+ e 9. 0-0, evitando retiradas e defesas passivas.
7 - Quando as trocas constituem a melhor defesa. Lances
5 ... . , PxP e 8. PxP.
8 - O contra-ataque como defesa: 5. P4D!
9 - Procurar o desenvolvimento acelerado das peças, às ve-
zes, mesmo à custa de algum material. Lances 7. C3B, 7 . ... , P4D,
9 .... , B3R.
1O • Quebrar, sempre que possível, o centro de Peões do ini-
migo. Lance 7 .. . . , P4D.
11 - Não procurar ganhar material, na abertura, em prejuízo
do desenvolvimento . Comentários após 9 .. .. , B3R .
12 - Impedir, sempre que possível, o roque adversário e tirar
proveito da insegura posição que resuJta para o Rei sem roque.
Nesta partida foi a estratégia empregada a partir de 11. BxC.
13 - A excelente tática de sacrificar um Peão, avançando-o,
para ocupar a casa que fica vaga com uma peça, que passará a ter
posição dominante . Lance 17 . PSD!
14 - A força que possui um Cavalo instalado em 6R. Lance
19. C6R!
15 - Como atuar com asTorres nas colunas abertas (14.TlR
e 16. TD 1B), a força que demonstrou a Torre branca na sétima
horizontal e o belo jogo tático por ela produzido.
16 - Nesta partida ambos os adversários desenvolveram
satisfatoriamente suas peças, porém as Brancas conseguiram con-
servar um Peão central e impedir o roque inimigo. Sobre o Rei
preto, assim desprotegido, organizaram excelente ataque, vitori-
oso, finalmente, após uma série de lances de grande beleza.

92
..,,,.._ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini --------=-

Esta partida foi realizada no Torneio Magistral de Hastings , en-


tre W Steinitz (campeão mundial durante 28 anos , de 1866 a 1894 ),
que conduzia as Brancas e C. Von Bardeleben, forte enxadrista da
epoca .

Terceira Partida

Brancas Pretas
1. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3.B5C

Ja conhecemos, nesta altura, dois bons lances de desenvolvi-


mento, 3. C3B e 3. 848, estudados nas partidas anteriores. Trave-
mos, agora, relações com outro lance, que é o do texto, 3. B5C.
Vimos também que este Bispo dispõe, em sua diagonal aberta
1 BR-6TD, de apenas duas boas casas, que são 4B0 (vista na parti-
da anterior) e 5CD, que é o lance da partida que começamos a
estudar.
Em 5CD a ação do Bispo e menor do que em 4BD. Nesta últi-
ma, além das casas de sua diagonal, dispõe o Bispo, ainda , das
casas 3CD, 50, 6R e 7BR. Em 5CD seu raio de ação é um pouco
inferior, porém, em troca, vulnera o Cavalo inimigo de 3B0 e,
atacando essa peça, que defende o P4R preto, converte-se o Bis-
po, por via indireta, numa peça que coopera para o domínio do
centro.
O principiante não deve ima-
ginar que 3.B5C tem por objetivo
jogar imediatamente BxC, com a
idéia de ganhar o PR . Exemplo :
3. B5C, P3TD; 4. BxC, PDxB; 5 .
CxP, pois as Pretas dispõem de
excelente contra-ataque com 5 . ...,

DIAGRAMA 111
Abertura Ruy Lopez

93
XADREZ BÁSICO
-""'"------------- ----------"""'-

D5D!, atacando, ao mesmo tempo, o Cavalo e o PR brancos e, ap6s


6. C3BR, DxP+, recuperam as Pretas o Peão com alguma vantagem
posicional .
A ação do BSC sobre o C3BD preto far-se-á sentir durante
toda a abertura, ameaçando a troca em momento exato, quando
somente as Brancas obtiverem vantagem .
Verá o leitor, ao estudar as Aberturas no Capítulo correspon-
dente, que o lance 3 . B5C, que constitui a famosa Abertura Ruy
Lopez, é a mais perfeita de todas as aberturas, que se iniciam com
1. P4R, P4R, considerada mesmo, a rainha das aberturas do Peão
do Rei.
3 .... C3B
Como a defesa do PR preto não constitui ainda problema, tra-
tam as Pretas de desenvolver uma peça em sua casa ideal, com
ação no centro e ataque ao PR branco.
4. 0-0!

Em vez de defender seu PR atacado com 4 . C3B, lance que


conduziria à Abertura dos Quatro Cavalos, ou com o passivo 4.
P3D, preferem as Brancas outro bom lance de desenvolvimento,
que é o roque, pois situa o Rei em lugar seguro, dando jogo à TR.
Mas, com esse lance não perdem as Brancas um Peão? Ares-
posta é negativa. Se 4 .... , CxP, as Brancas podem recuperar
facilmente o Peão com 5 . BxC, PDxB; 6. CxP, possibilidade que
demonstra já a força que o BSC branco possui sobre o C3BD
preto e a eficiência da troca BxC, real.izada no momento exato.
Contudo, no caso de 4 .... , CxP, d.ispõem as Brancas de wna me-
lhor continuação, que visa explorar a colW1a do Rei aberta e que
se inicia com 5. P4D!, ameaçando 6. PxP.
Analisemos possíveis respostas das Pretas:
a) 5 .... , PxP. Segue-se 6 . TIR, P4D; 7. CxP, e agora as
ameaças das Brancas P3BR, ganhando o Cavalo que se encontra
cravado e CxC, ganham material.
Após 7 . ... , B2R (anulando a pregadora); segue 8. CxC, PxC;
9. BxP+, B2D; 10. DxP!, 0-0; 11. DxC, e as Brancas ganham
material.

94
,2$'d
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~

b) 5 .. .. , CxPD. Segue-se 6. CxC, PxC; 7. TIR, ganhando o


Cavalo que não pode se movimentar por deixar o Rei em xeque
(o Cavalo é uma peça cravada) . Se 7 . .. . , P4BR; 8. P3BR!
Estas duas continuações demonstram que não se deve procu-
rar ganhar Peões, na abertura, em detrimento do desenvolvi-
mento. A captura do primeiro Peão, com 4 .... , CxP, é aceitável,
mas o segundo Peão (5 . P4D!, PxP ou CxP) deve ser recusado.
Melhor do que aceitar esse segundo Peão é jogar 5 .... , B2R; de-
senvolvendo pobremente o BR, é verdade, mas pondo-se a salvo
de uma pregadura de Torre, na coluna do Rei . Um exemplo se-
ria: 5. P4D!, B2R; 6. D2R!, C3D; 7. BxC, PCxB! ; 8. PxP, C2C;
etc. e o jogo das Brancas é sempre mais fácil e mais cômodo.
Estas análises, reconhecemos, talvez sejam, algo difíceis para
os principiantes, mas se recomenda seu estudo, pois a tensão de
luta criada no centro do tabuleiro, revelada por essas análises, é
usual em muitas aberturas, devendo, por conseguinte, ser conhe-
cidas.
Vemos, pois, quanto de vivacidade e iniciativa encerra o ro-
que das Brancas, na aparência tão padfico.
4. ... P3D
As Pretas, por sua vez, tratam de dar uma defesa mais estática
ao seu PR. Já havia a ameaça 5. BxC, PDxB; 6 . CxP, e se 6 ... . ,
CxP, então 7. TIR, C3B; 8. CxPBD+desc. , B2R; 9. CxD, e as
Brancas ganham a Dama inimiga.
Esta variante novamente põe em foco o poder do Bispo bran-
co em 5CD e a troca BxC realizada em momento apropriado.
Outro fato, que chama a atenção, é o aproveitamento da colu-
na aberta do Rei pela Torre branca. O principiante percebe que,
na abertura Ruy Lopez, o roque branco deve ser praticado bem
cedo, a fim de pôr logo a TR em jogo na coluna do Rei, que resul-
ta freqüentemente aberta.
O lance 4 . ... , P3D preenche duas finalidades:
a) defende efetivamente o PR preto e
b) dá jogo ao BD.
Não obstante, possui duas desvantagens:
a) permite a pregadura do seu C3BD e
b) cria obstáculos ao desenvolvimento de seu BR.
Nestas duas desvantagens reside a força da Abertura Ruy Lopez

95
XADREZ BÁSICO
-=''----- - - - - - - - ----------=-

para as Brancas, monnente considerando que o lance preto ... ,


P3D, cedo ou tarde, deve ser realizado pelo segundo jogador.
S. P4D!

Sempre que possível as Brancas devem jogar P4D nas abertu-


ras do PR.

Nas aberturas do PR (1. P4R, P4R), o lance P4D, sempre que


possi'.vel, deve ser efetuado, porque atende a muitas finalidades.
Aqui é eficiente, visto:
a) permitir o desenvolvimento do BD branco;
b) atuar no centro do tabuleiro e
c) ameaçar 6. PxP, ganhando um Peão.
O Peão branco em 4D, cedo ou tarde, elimina pela troca o PR
inimigo e resulta uma posição em que apenas as Brancas dispõem
de um Peão central.
É, portanto, um lance que procura destruir o centro inimigo;
em valorizando o próprio.
5.... B2D
Anulando a pregadura de seu C3BD e defendendo indiretamente
seu PR.
Exemplo: 6. PxP, PxP; 7. BxC, BxB; 8. CxP, DxD; 9. TxD,
BxP; recuperando o Peão.
Vejamos o que pode acontecer às Pretas se seu C3BR continua
com apetite: 5 .... , CxP; 6. TIR.
a) 6 .... P4BR; 7. PxP, PxP; 8. DxD+, RxD; 9. BxC, PxB;
1O. CxP, e, além de enfraquecer a posição inimiga, ameaçam as
Brancas CxP ou C7B+, ganhando a Torre.
b) 6 .... , P4D; 7. CxP, B2D; 8. CxB, RxC; 9. D4C+, RIR;
10. P3BR, ganhando o Cavalo.
c) 6 .... , C3B; 7. PxP, PxP; 8. DxD+, RxD; 9. BxC, PxB;
1O. CxP, e novamente as ameaças são CxPBD e CxPBR, ganhan-
do material.
6 . C3B
Desenvolvendo uma peça e defendendo seu PR. Um lance ló-
gico de abertura.
6. ... B2R
7 . TlR

96
-", i,;d""'-------- Dr. Orfeu GJberto D'Agosti..ni _______lt,,:r.~

As co!W1as abertas ou semi-


abertas devem ser ocupadas pelas
Torres .
7 . ... PxP
É importante conservar um
Peão central.
O principiante verá, ao estu-
dar a Abertura Ruy Lopez, que
esta troca é forçada, pois a alter-
nativa 7 .... , 0-0 1 conduz à Va-
DIAGRAMA 112
riante Tarrasch, absolutamente Posição após 9. B18
ganhadora para as Brancas .
A troca do PR preto pelo PD branco cleixa as Brancas se-
nhoras do centro, porquanto apenas elas dispõem d . _. um Peão
central.
8. CxP 0-0
9. BlB!

Uma retirada estratégica

Este lance (diagrama 112) necessita de ampla explicação.


Que conseguiram as Brancas até o momento? A resposta é um
melhor desenvolvimento para suas peças e o domínio das casas
centrais.
De fato, as peças brancas podem locomover-se com mais faci-
lidade e seu Peão central domina duas casas inimigas importantes
(casas 50 e SBR das Brancas). As Brancas exercem, portanto, fis-
calização em casas do território inimigo. Inversamente , as Pretas
não têm Peão central, nem controle do centro e sua posição, em-
bora sem fraquezas, é restringida, incômoda .
Pois bem, esse desenvolvimento e esse domínio central cons-
tituem, por si, uma vantagem para as Brancas, permitindo-lhes
iniciar um ataque à ala do Rei inimigo, aproveitando-se da posi -
ção restringida das peças pretas.
Mas, para esse ataque, é preciso possuir elementos de com-
bate, é preciso dispor de forças suficientes. É verdade que uma
posição congesta, restringida, é explorada por um ataque , po-
rém, verdade é, também, que uma posição congesta se livra por
meio de trocas.

97
XADREZ BÁSICO

A permanência do BR branco em 5CD permitiria às Pretas a


seguinte manobra: 9 .... , CxC; 10. DxC, BxB ; 11. CxB, e a troca
de duas peças aüviaria de muito a posição preta, tornando difícil,
ou mesmo impraticável, o ataque das Brancas.
Por esse motivo retiram as Brancas seu BR para a casa 1BR,
pois essa peça é importantíssima, na Abertura Ruy Lopez, para
o ataque ao Rei Preto.
9... . CxC
10. DxC
As Pretas apenas trocaram uma peça . Continuam as Brancas
com domínio central e possibilidades de ataque .
10. ... TlR
As Pretas manobram no acanhado espaço de que dispõem.
Preparam ... , BJBR.
11. P3CD
Melhor desenvolvimento e dom.Ínio central p os ·ibiliram ara-
que ao Rei inimigo.
As Brancas têm o direito de pretender atacar o Rei preto . por-
quanto dispõem de um jogo mais livTe de peças e donu nio das
casas centrais. Com 11. P3CD, preparam o desem·oh-imem o do
BD na grande diagonal preta, para atuar sobre o roq ue inimi::-o.
11. ... B3B
Vulnerando o PR branco, suficientemente defendi do .
12.B2C BIB
Defendendo a casa crítica 2CR, onde se dirige o ataque branco
e trazendo mais um ataque ao PR branco (de Torre ). que não pode
ser capturado ainda, pois convergem sobre ele tre· ataques e tré;:
defesas.
O leitor apreciará que o jogo preto contra , ta com o branco .
porquanto é mais difícil e mais delicado. A razão e uma so . .-\.,
Pretas têm uma posição restringida em ,irtude do do nunio da,
casas centrais exercido pelas Brancas.
13. CSD
Ameaça 14. CxC+, ganhando um Peão; ao mesmo tempo abre
caminho ao Bispo de 2CD.
13 .. .. csc
Já que a defesa 13 ... . , B2 R seria perigosa, por deixar indefe -
sa a casa 2CR, onde convergem a ação do B2C e da Dama bran-
cos, decidem-se as Pretas por movimentar o Cavalo atacado.

98
4~~------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _iu,_

14.P3TR BxC
Eliminam as Pretas o perigoso Cavalo inimigo; contudo, essa
troca não lhes trará benefícios, pois, corno o jogador das Brancas
demonstrará, a posição do Rei preto corre sério perigo.
IS . PxB C3B
Seria mau lance IS . . .. , C4R, porque permite 16 .T3R, seguido
de TO 1R e P4BR, com muita eficiência.
16. BSC!
Volta este Bispo à sua primitiva casa, mas desta vez sem o peri-
go de troca e ameaçando diretamente a Torre, inimiga .
16. ... TxT+
Essa troca beneficiará as Brancas, que se apoderam da única
coluna aberta .
17. TxT P3TD
O BR branco era molesto,
pois impedia a saída da Dama pre-
ta. Daí as Pretas procurarem
afastá-lo da casa que ocupa .
18. B3D
A força de dois Bispos atacan -
do u roque.
Agora os dois Bispos estão
apontando perigosamente sobre o
roque adversa.rio (diagrama 113).
DIAGRAMA 113
Posição após 18. B3D 18. ... D2D

Por fim, a Dama preta sai da primeira horizontal.


19. 04TR!
O lado que tem maior mobilidade de peças domina o tabu-
leiro.
O ataque das Brancas toma, subitamente, feição aguda. A ame-
aça é simplesmente 20. BxC, seguido de 21 . DxPT mate!
Observe o leitor a facilidade com que as peças brancas se mo-
vimentam no tabuJeiro, ao mesmo tempo que fiscalizam as casas
inimigas. Traduz-se isso por vantagem em espaço. As peças pretas
estão confinadas às suas três primeiras horizontais, e sua TO está
inativa e seu BR desempenhando papel passivo.
São essas pequenas vantagens posicionais que tornam vitorio-
so o ataque das Brancas.

99
~~ - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO __________ ,;,::,

19 .... P3TR
Para a ameaça acima citada, e
embora lance praticamente força-
do, não deixa de ser interessante e
ardiloso. Se as Brancas se resolvem
a ganhar um Peão, jogando 20 .
BxC, PxB; 21. DxPB, resultará lDTI
final de Bispos de cores diferentes
( as Brancas têm o Bispo de casas
brancas, e as Pretas, o de casas pre-
DIAGRAMA 114
tas) e as possibilidades de ganhar
Posição após 20. T3RI
esses fina.is, como os principiantes
verão com o estudo do xadrez, mesmo com a vantagem de um
Peão, são muito problemáticas.
20. T3R!
Colunas abertas são também para as Torres vias de acesso a
outras colunas.
As Brancas pretendem atuar com esta Torre (diagrama 114),
na coluna BR, sobre o Cavalo inimigo.
Vemos, conseqüentemente, que as Torres se utilizam das
colonas abertas, não s6 para agir ao longo delas, atingindo e agin-
do na sétima e oitava horizontais, como também usando-as para
atingir outras colunas.
20. ... RlT
Procurando dar a casa 1CR para o Cavalo.
21. T3BR!
Ameaça 22. TxC e se 22 .... , PxT, então 23. DxPB+, RlC,
24. O8T mate.
21. ... CIC
22. DST
Ameaçando 23. TxP.
22. ... C3B
Volta o Cavalo à sua morada
anterior, cobrindo a ação da Tor-
re branca sobre a casa 2BR, ao
mesmo tempo que ataca a Dama
branca.

DIAGRAMA 115
Posição final após 25. 858!

100
--""'' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------'""'--

23.TxC!
Acaba de uma vez com a das Pretas.
23 .... PxT
24. BxP+ RlC
Ou 24 .... , B2C; 25. DxP+ 1, R lC; 26. DxBmate.
25. B5B! As Pretas Abandonam.
Depois de 25 .... , D4C, única casa para a Dama preta, segue 26.
D4C+, B2C; 27 . DxBmate .
Observar que 25. B5B! eliminou a ação da Dama preta sobre a
casa 4CR das Brancas, onde se alojaria a Dama branca para alcan-
çar o Rei preto.

Ensinamentos desta Partida

l - O bom lance de desenvolvimento que é 3. B5C, após


1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD.
2 - - Um roque impregnado de vivacidade e iniciativa. Lance
4. 0-0.
3 - O poder do BR branco cm 5CD, na Abertura Ru~· Lopez,
exercendo pressão sobre o C3BD preto e ameaçando BxC no
momento oportuno.
4 - O inconveniente de ganhar Peões, na abertura, em prejuí-
zo do desenvolvimento de peças. Comentários em 4. 0-0 e
5. P4D!.
5 - O clima de tensão central, que se estabelece em muitas
aberturas. Comentários em 4. 0-0
6 - O rogue das Brancas, na Ruy Lopez, deve ser realizado o
mais cedo possível, para a TR agir na coluna do Rei.
7 -A eficiência do lance P4D das Brancas nas aberturas do PR
(5 . P4D!), que culmina com a eliminação do PR inimigo, ficando
uma posição em que somente as Brancas dispõem do Peão cen-
tral.
8 - A importância de manter um Peão central. O lado que o
possui (na partida, as Brancas) mantém o domínio do centro.
9 - O lado que djspõe de possibilidades de ataque (melhor
desenvolvimento e domínio das casas centrais) deve evitar a troca
de peças. Lance 9. B1B! Ao contrário, o lado inferiorizado, com
posição restringida, alivia-se pelas trocas.

101
-=..__________ XADREZ BÁSICO -----------=-

1O- Melhor desenvolvimento e domínio central dão direito a


atacar o Rei inimigo. Na partida, início do ataque com 11 . P3CD.
11 - O lado, que tem um posição restringida, tem mais difi -
culdades na condução do seu jogo.
12 - As colunas abertas devem ser dominadas pelas Torres .
Observar a posição que resulta após 17. TxT.
13 - A força que o par de Bispos tem atacando o roque ini-
migo. É o tema desta partida, que toda ela gira ao redor desse
ataque.
14 - O lado que possui maior mobilidade de peças (a mo-
bilidade resulta do melhor desenvolvimento e do controle das
casas centrais) domina o tabuleiro. É o caso das peças brancas,
na partida.
15 - As Torres servem-se das colunas abertas para agir não
só ao longo delas, como usam-nas para vias de acesso às horizon-
tais extremas (sétima e oitava) e para as outras colunas. Lances
20. T3R! e 21. T3BR!
16 - As combinações brilhantes, os sacrifícios de peças, sur-
gem como conseqüência de uma melhor disposição das peças ata-
cantes e de uma má posição das peças inimigas, em particular da
posição indefesa do Rei. Lance 23. TxC!
17 ~ Como desviar a ação de uma peça inimiga sobre uma
casa, que deve ser ocupada por peça de ataque. Lance final 25 .
B5B!

Esta partida foi realizada em 191 O, entre o grande mestre ale-


mão S. Tarrasch (que conduzia as Brancas) e o mestre Vogel.

Quarta Partida

Brancas Pretas
1. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3. P4D

Já conhecemos três bons lances neste momento:

102
..iss>L___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Ag-osti.ni - - - - - - ~'

a) 3. C3B, que leva à Abertura dos Quatro Cavalos, se o ad-


versário responde também com 3 . ... , C3B.
b) 3. B4B, que leva à Abertura Giuoco Piano, se o adversário
igualmente responde com 3 . ... , B4B e
c) 3 . B5 C, que constitui a Abertura Ruy Lopez.
O lance do texto, 3. P4D, caracteriza a Abertura Escocesa e
pretende:
a) dar às Brancas uma partida cômoda, com posição aberta;
b) desenvolver o BD e dar à Dama mais duas casas (2D e 3D);
c) agir no centro, atacando o PR inimigo e
d) forçar a troca 3 .. .. , PxP, deixando apenas as brancas com
um Peão central.
3 ... . PxP
O PR preto estava duplamente atacado e dispunha de apenas
uma defesa.
As defesas que se poderiam acrescentar, com 3 . ... , P3B,
3 .... , P3D, 3 . .. . , D2R, 3 .. . . , D3B e 3 . .. . , B3D são todas
criticáveis pelos mesmos motivos expostos na primeira partida,
quando se deu o mesmo caso do PR atacado, após 1. P4R, P4R; 2.
C3BR. A troca 3 .... , PxP é a melhor resposta das Pretas.
4. B4BD

Sacrifício de um Peão

Mais pacífico seria retomar o Peão com 4. CxP, entrando em


cheio na Abertura Escocesa, em que as Brancas têm uma partida
cômoda, desenvolvendo satisfatoriamente todas suas peças.
Exemplos:
a) 4. CxP, CxC (um erro); 5 . DxC, e as Brancas têm vantagem
no desenvolvimento e no centro.
b)4. CxP, C3B (atacando o PR); 5. C3BD, BSC; 6 . CxC, PCxC;
7 . B3D, P4D ; 8 . PxP, PxP; 9. 0 -0, 0-0; 1O. BSCR, P3B; 11. D3B,
B2R; etc ., com partida igual.
c) 4 . CxP, B4B (atacando duas vezes o Cavalo, que só tem uma
defesa); 5 . B3R, D3B (novo ataque); 6 . P3BD (nova defesa), CR2R;
7. C2B, BxB; 8. CxB, 0-0; 9 . B2R, P3D; etc., com posição apro-
ximadamente igual .

103
XADREZ BÁSICO
--"""'------------ ---------~

Com 4 . B4BD as Brancas jo-


gam com a intenção de sacrificar
um Peão para acelerar o desenrnl-
vimento de suas peças.
O sacrifício de um Peão ou
mais na abertura ( e raramente de
uma peça), com essa finalidade,
tem o nome de "gambito". A aber-
tura passa a denominar-se Gam-
bito Escocês (diagrama 116) .
DIAGRAMA 116 4 . .. . BSC+
Gambito Escocês
Era preferível 4 . . .. , B4B,
defendendo o Peão.
Com 4 .. . . , BSC+ as Pretas provocam o avanço P3BD, para
trocar por ele seu Peão avançado.
5. P3B!
As Brancas aceitam o convite do adversário .
5 . . .. PxP
6 . PxP
Outro bom lance, sacrificando mais um Peão, para conseguir
desenvolvimento rápido, seria 6 . 0-0! e, ap6s 6 .... , PxP;
7. BxPC, C3B; 8. CSC (ameaçando 9. CxPB), 0-0; 9. PSR 1 ,
P4D; 1O. PxC, PxB; 11 . DST (ameaçando mate), P3TR; 12. C4R,
as Brancas conseguem forte ataque, em troca de dois Peões.
Mas 6. PxP, embora na aparên-
cia menos enérgico, é também efi-
ciente, como veremos.
6. ... B4T
Se 6 .... , B4B, as Brancas po-
deriam recuperar o Peão com 7 .
BxP+, RxB; 8. D5D+, RIR; 9.
DxB, além de enfraquecer a posi -
ção do Rei preto.
7 . 83T P3D
Procurando opor-se à podero-
DIAGRAMA 117
sa ação do BD hranco na diagonal Posição após 8. PSR!
das Brancas 3TD-8BR .
8 . PSR!

104
-""'L------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - - "~-

Diagonal a troco de um Peão

Sacrifício de mais um Peão (e com este são dois) , com o


objetivo de abrir a diagonal para o B3TD branco. Ameaça tam -
bém 9 . PxP (diagrama 117 ) .
8. ... PxP
Entrando nos planos do adversário. Observemos, que, agora,
o roque preto não será mais possível, devido à ação do B3TD
branco.
9. D3C
Ameaçando, diretamente, o ponto que sabemos ser o mais débil
do tabuleiro, isto é, a casa 2BR.
9. . .. C3T
Lance de desenvolvimento, defendendo o PBR, mas sem ne-
nhuma ação central. Na posição, é jogada forçada. Afora essa con-
tingência não se deve realizar tal lance, porque peça descentrali-
zada tem pequeno raio de ação.
10. 0-0 P3B
As Brancas ameaçavam 11. CxP e após 11 .... , CxC; 12 . Tl R!
e as duas possíveis defesas das Pretas seriam assim contestadas :
a) 12 .... , P3BR; 1 3. P4B!, recuperando o Peão com posição
avassaladora e
b) 12 .... , D3B; 13. DSC+, seguido de 14. TxC, ganhando
material.
11.TlD
Torres nas colunas abertas.
As Brancas dominam com a
Torre a coluna aberta da Dama.
1 l. ... B2D
12. B6R
Exploração de peça cravada.
As Brancas ameaçam ganhar
com 13. BxB+. O BD preto é uma
peça cravada.
Diagrama 1 18 12 .... ClCD
Posição após 13 .... , CxT
Única defesa para o BD.
As Brancas impõem sua vontade ao adversário, que nada pode
fazer.

105
XADREZ BÁSICO
~ - -- - - - - - ---------~

13.TxB! CxT
Na posição do diagrama 118 as Brancas dão mate em três lances.
14. B7B+! CxB
15. D6R+ D2R
16. DxD mate.

Ensinamentos desta Partida

Pouca coisa temos a considerar além do que aprendemos nas


partidas anteriores. Em todo caso, anotemos o seguinte:
1 - Outro bom lance de desenvohimento que é 3. P4D após
1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; e a cômoda partida que pro-
porciona às Brancas, que movimentam suas peças com facilidade,
visto que se trata de uma posição aberta.
2 - Algumas ,ariantes principais da Abertura Escocesa, após
1.P4R,P4R;2 . C3BR,C3BD;3.P4D,PxP;4.CxP.
3 - A idéia do Gambito Escocês, que se inicia com 4. B4BD :
entrega de um Peão para conseguir desenvolvimento acelerado
das peças.
4 - Uma combinação freqüente nas aberturas (comentários
feitos a um possível 6 .... , 84B) .
5 - Como se conseguem linhas abertas para os Bispos, sacrifi-
cando Peões. Lance 8. PSR!
6 - Uma con6guração eficiente de peças em posição de ata-
que : as peças brancas B4BD e D3CD.
7 - Como as Brancas ganhariam um Peão depois de I O. 0-0 e
11 . CxP.
8 - Como tirar proveito de uma pregadura de peça: 12 B6R,
explorando o BD preto cravado.
9 - Nesta partida, as Brancas, entregando dois Peões, conse-
gtúram um desenvolvimento acelerado de peças, ao mesmo tem-
po que impediram o roque adversário. O Rei preto, assim
desprotegido, foi facilmente alvo de ataque.

106
s'il Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ~-

.As Quatro Partidas ~malisadas

1• Partida 2• Partida
Abertw-a dos Quatro Cavalos Abertura Giuoco Piano
Brancas Pretas Brancas Pretas
Capa bianca H. Steiner Steinitz Von Bardeleben
1. P4R P4R 1. P4R P4R
2. C3BR C3BD 2. C3BR C3BD
3. C3B C3B 3. B4B B4B
4 . B5C B5C 4 . P3B C3B
5. 0-0 0 -0 5 . P4O PxP
6 . P3D P3D 6 . PxP BSC+
7 . BSC BxC 7 . C3B P4O
8. PxB C2R 8. PxP CxPSD
9 . C4T P3B 9. 0 -0 B3R
10. B48D B3R 10. B5CR B2R
11. BxC! PxB 11 . BxC BxBSD
12. BxB PxB 12. CxB DxC
13 . D4C+! R2B 13.BxB CxB
14.P4BR TlCR 14 . TlR! P3BR
l 5. DST+ R2C 15 . D2R 020
16. PxP PDxP 16 . TDJB P3B
17. TxP! RxT 17 . PSD! PxP
18 . TlB+ C4B 18 . C4D R2B
19. CxC! PxC 19 . C6R! TRJBD
20. TxP+ R2R 20 . D4C P3CR
21. D7B+ R3O 21. csc+ RIR
22. T6B+ R4B 22. TxC+! RlB
23. DxPC! O3C 23 . T7B+ RlC
24. TxP+! DxT 24. T7C+ RIT
25. D4C mate 25 . TxP+ RlC
26 . T7C+ RIT
27 . D4T+ RxT
28 . O7T+ RlB
29 . DST+ R2R
30 . D7C+ RIR
31. DSC+ R2R
32 . D7B+ RlO
33 . DSB+ D1R
34. C7B+ R2D
35 . D6O mate

107
XADREZ BÁSICO
..r--~ ' - - - - - - -- ---- --------~

3' Partida 4• Partida


Abertura Ruy Lopez Gambito Escocês
Brancas Pretas Brancas Pretas
Tarrasch Vogel M. Aspa N.N.
1. P4R P4R 1. P4R P4R
2. C3BR C3BD 2. C3BR C3BD
3.B5C C3B 3. P4D PxP
4. 0-0 P3D 4. 848D 85C+
5. P4D 1 82D 5. P3B! PxP
6. C3B 82R 6.PxP B4T
7. TlR! PxP 7.B3T P3D
8. CxP 0-0 8.P5R! PxP
9. BlB! CxC 9. D3C C3T
10. DxC TlR 10. 0-0 P3B
11. P3CD B3B 11.TlD B2D
12.B2C B!B 12. B6R ClCD
13. C5D C5C 13.TxB! CxT
14. P3TR BxC 14. B7B+! CxB
15.PxB C3B 15. D6R+ D2R
16. B5C! TxT+ 16. DxD mate
17. TxT P3TD
18. B3D D2D
19. D4TR! P3TR
20. T3R! RJT
21. T3BR! ClC
22. D5T C3B
23. TxC! PxT
24. BxP+ RlC
25. BSB! Abandonam
Sumário Geral

Acreditamos que o estudo atento das quatro partidas apresen-


tadas, em que se observou a aplicação prática de princípios gerais
do jogo, tenha sido de grande utilidade para o principiante .
Com os pormenores necessários, podemos acentuar os se-
guintes ensinamentos de ordem geral:

· - Razões dos lances.


Nas quatro partidas, ganhas todas pelas Brancas, vimos que os
vencedores, em nenhum momento se esqueceram de examinar

108
. = L -_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - - " ' ~

cada jogada do adversário, nem de fazer acompanhar sempre o


lance pr6prio de um objetivo.
Na fase da abertura todas as jogadas visavam ao desem·olvi-
mento 16gico das peças e a fiscalização das casas centrais.

2 - · Desenvolvimento lógico.
As peças foram desenvolvidas para casas, onde aumentavam
sua potencialidade agressiva, sem entorpecer a saída das demais .

3 - Lances iniciais.
As quatro partidas se iniciaram com os lances 1. P4R, P4R;
2. C3BR, C3BD; reconhecidamente os melhores e os indicados
para os que se iniciam em xadrez. Vimos porque 2 .... , C3BD era
a melhor defesa do PR atacado ( l' partida).

4 -- O terceiro lance.
O terceiro lance variou nas quatro partidas, sendo , respecti-
vamente, 3. C3B, 3. B4B, 3. B5C e 3. P4D. Não importa saber, no
momento, qual deles é o melhor. Todos são recomendáveis para o
principiante, porquanto são jogadas lógicas nas aberturas, já que
atendem aos dois quesitos fundamentais, que são o desenvohi-
mento e o centro.

5 - - Nomes das aberturas.


Cada um desses lances conduz a urna abertura distinta:
a) 3. C3B leva à Abertura dos Quatro Cavalos, se o adversário
responde 3 .... , C3B.
b) 3. B4B leva à Abertura Giuoco Piano, se o adversário res-
ponde 3 .... , B4B.
c) 3. B5C constitui a Abertura Ruy Lopez.
d) 3. P4D constitui a Abertura Escocesa e, ap6s 3 ... . , PxP;
4. B4B0 fica constituído o Gambito Escocês.

6 - Lances de Peões.
Nas aberturas, os dois Peões, que devem ser jogados, são o PR
e o PD, para permitir, entre outros objetivos, a saída dos Bispos.
Na 1' partida houve uma saída modesta do PD (6. P3D), con-
dizente com a abertura empregada Nas demais , o PD procurou a

109
~ - - -- - - - - - XADREZ BÁSICO
-----------=-

casa 40, seja diretamente (3" partida : 5. P4D! e 4• partida : 3 .


P4D), seja após wn lance preparatório (2 i' partida : 4 . P3B e 5.
P4D) .
Além dos movimentos do PR e do PD, nas aberturas, apenas
se deve jogar P3BD, quando sua idéia é apoiar wn futuro P40.
Afora esses, os lances de outros Peões constituem, via de regra ,
perda de tempo, e somente devem ser feitos após o completo de-
senvolvimento das peças.
Se P4D é fácil para as Brancas, para as Pretas, já não o é . Qua-
se sempre o PD preto vai a 30, após a saída do BR. Porém, sem-
pre que possível ... , P40, para as Pretas, é wn bom lance, pois
elimina, pela troca, o PR branco central (vide 2' partida 7 .
P4D).

7 --- Casas para os Ca,·alos.


As casas ideais para os Cavalos, tanto para as Brancas, como
para as Pretas, são 3BR e 3BD, o que sucedeu nas três primeiras
partidas.
Já na última, o CR preto foi obrigado a alojar-se na desfavorá-
vel casa 3TR, onde permaneceu inativo.

8 · - Casas para os Bispos.


a) BR: em sua diagonal, este Bispo, tanto branco como preto,
encontra suas melhores casas em 4BD e em 5CD, neste último
caso quando existe um Cavalo na casa 3BD inimiga. Nas posições
restringidas, quando o avanço P30 antecede a saída do BR (caso
das Pretas, na 3-' partida), o BR limita-se a ocupar a casa 2R .
b) BD: O BD das Brancas ocupou a casa 5CR na 14 partida
( cravando o C3BR preto) e na 2• partida; a casa 2CD na 3• e a casa
3TD na 4ª partida. Todas elas são casas boas, de acordo com a
posição. O BD das Pretas limitou-se a ocupar as casas 3R ( I' e 2'
partidas) e 2D (3ª e 4ª). Não se deu o caso em nenhuma das quatro
partidas, do desenvolvimento em 5CR, quando então crava o C3BR
branco.

9 Casas para a Dama.


A Dama branca atua freqüentemente em sua coluna e nas
diagonais 1D-5TR e 1D-4 TO. Quando se lança diretamente ao

110
. . = L __ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostiru - - - - - - - - " ""'-

ataque, suas casas boas são 4CR e STR (!' partida). Na casa 2R (2'
partida) geralmente tira proveito da coluna do Rei aberta . Na 3'
partida, ao retomar uma peça, instalou-se em 4D e na 4• partida
foi eficiente na casa 3CD. Como se vê, várias são as casas reco-
mendáveis para a Dama branca, dependendo, naturalmente, da
posição apresentada .
Contrastando com a adversária, a Dama preta, nas quatro par-
tidas, teve pouca atividade . De fato, nas partidas do PR não é fácil
jogar com a Dama preta. Suas casas de escolha são as casas da pri-
meira e segunda horizontais pretas, como 1D, 2D, 2R, 2BD, etc.
Mas, nas quatro partidas, tanto para a Dama branca, como
para a Dama preta, houve um fato em comum: nenhuma vez ocor-
reu saída prematura da Dama. Seu desenvolvimento mais cedo
ocorreu na 4ª partida, no nono lance. Esse é um ensinamento im-
portante: a Dama não deve sair prematuramente, para não se ex-
por a um ataque de peça de menor valor, que a obrigaria a mover-se
novamente, o que significaria perda de tempo.

1O - Casas para o Rei.


O pequeno roque permite colocar o Rei na casa segura 1CR,
onde se põe a salvo de ataques inimigos. É sua casa ideal. J\:as
quatro partidas o Rei das Brancas atingiu essa casa e gozou de
ampla segurança. As Pretas, ao contrário, na 1", 2ª e 4ª partidas
não puderam rocar e a posição do Rei, em sua desfavorável casa
inicial, facilitou o ataque das Brancas. '.'Ja 3• partida as Pretas
rocaram, mas o ataque inimigo foi vitorioso por ter faltado a esse
roque a proteção das peças pretas, que se encontra,·am em posi-
ção restringida.

11 Casas para as Torres.


As casas ideais são as casas iniciais das colunas abertas . Na 1ª
partida todo o jogo das Torres brancas se fez pela coluna BR aber-
ta.
Na 2", ocupando as colunas abertas do Rei e do BD; na 3", a
do Rei e na 4', a da Dama. Na 2ª partida as Pretas conseguiram
ocupar uma coluna, a do BD, de onde ameaçavam mate a cada
instante.

/j 111
-=---- - - - - - - - - XADREZ BÁSICO ----------~

12 - Reforço de um ataque com as Torres.


Após o desenvolvimento dos Cavalos, dos Bispos e mesmo da
Dama, o jogador necessita do reforço das Torres para prosseguir
num ataque, uma vez que essas peças são as últimas a entrar em
combate.
Como aproveitá-las, como trazê-las, sem perda de tempo, para
o ataque?
a) Na 1' partida apreciamos a manobra da abertura da coluna
BR branca, com os lances 9. C4T, 14. P4BR, 16. PxP e finalmen-
te a TR entrou em ação. Logo, um dos meios é avançar o PBR e
abrir a coluna BR.
b) Na 2•' partida, as Torres brancas reforçaram o ataque de seu
lado, ocupando as duas colunas abertas, do Rei e do BD, e depois
pela instalação da TR na sétima horizontal, onde desenvolveu um
jogo tático de grande beleza. Na 4'partida, igualmente, as
Brancas ocuparam wna coluna aberta. Portanto, outro meio de
aproveitar as Torres é ocupar com elas as colunas abertas.
c) Na 3' partida, a TR branca utilizou-se da coluna aberta do
Rei como via de acesso à coluna BR, onde agiu decisivamente no
ataque ao roque preto.

13 - Como tirar pro,-·eito das Torres?


Relacionado ao item anterior e que podemos resumir:
a) Abrindo colunas para elas ( l' partida).
b) Fazendo-as agir nas colunas já abertas (2• e 4').
c) Instalando-as na sétima horizontal (2").
d) Conduzindo-as a importantes colunas de ataque, utilizan-
do, como ,ia de acesso, uma coluna aberta (Y partida).

14 - Importância do lance P4D.


a) Para as Brancas:
Além de facilitar o desenvolvimento, visa, pela troca, elirrúnar o
PR inimigo, resultando wna posição em que apenas as Brancas
dispõem de um Peão central. Tal se deu, de maneira ilustrativa,
na 3' e 4• partidas e também na 2'; em todas elas as Pretas ficaram
com inferioridade no centro.
b) Para as Pretas:
Igualmente eficiente ( . . . , P4D) por quebrar o centro das Brancas.
Um exemplo é a 2' partida, lance 7 .... , P4D. Sempre que as Pre-

112
_,,,,._ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -~

tas conseguem jogar ... , P40, impunemente, nas partidas do PR,


conseguem, pelo menos, igualdade .

15 - Roque. Importância do roque . Roque fraco . Falta do ro-


que.
"Rocar o mais cedo possível e de preferência com a TR" - é a
regra que o principiante deve seguir.
O roque coloca o Rei em segurança e permite jogo à Torre
companheira. Mas o roque não deve ser enfraquecido, pois roque
fraco é acessível a ataque.
Nas quatro partidas as Brancas rocaram e, conservando o ro-
que íntegro, não tiveram preocupações com a segurança de seu
Rei. As Pretas, ao contrário, permitindo na 1• partida o enfraque-
cimento de seu roque (destruição do escudo real) sucumbiram,
conseqüentemente, por se encontrar desprotegido seu monarca .
Na 3ª partida as Pretas rocaram e, em verdade, não o enfraquece-
ram.
Por que então a derrota? Simplesmente porque a posição
restringida das peças pretas não proporcionou uma defesa sufici-
ente ao forte ataque das Brancas. Logo, um roque a que faltou
proteção.
Na 2' e 4• partidas, habilmente, as Brancas impediram o roque
preto. E o que aconteceu os leitores devem se recordar: ataque
mortal ao pobre monarca desprotegido.

16 Desenvolvimento e Centro.
Duas palavras que "martelaram" os ouvidos e fatigaram os olhos
de nossos leitores. E assim deve ser. São dois conceitos tão funda-
mentais, que não titubeamos em encarecer sua importância, toda
vez que oportunidade se nos apresenta.
Nas quatro partidas ,imos que os jogadores das Brancas não
deixaram uma só vez de atender a esses preceitos básicos. A 3•
partida (Tarrasch x Vogel) é uma ilustração magnífica das vanta-
gens do desenvolvimento e do domínio central. As Brancas con-
seguiram, graças a essas vantagens, uma maior mobilidade de pe-
ças e fiscalização, domínio do território inimigo. As Pretas, em
posição restringida, confinadas ao seu território, não puderam
opor-se ao ataque das Brancas.

113
--""'"--------------- XADREZ BÁSICO -------------=-

O lado que tem maior mobilidade de peças (conseqüência do


melhor desenvolvimento e do melhor domínio central) domina o
tabuleiro.

17 - Desenvolvimento acelerado de peças.


Os enxadristas devem ter sempre em mente estas duas verda-
des:
a) A vantagem real em xadrez decorre do número de peças
ativas.
b) As peças valem pelo que realizam.
A conclusão e que se deve desenvolver todas as peças rapida-
mente, mesmo à custa de sacrifício de Peões. O tempo gasto pelo
adversa.rio, ao capturar com uma peça já desenvolvida, um nosso
Peão, será por nós aproveitado no desenvolvimento de mais uma
peça.
Na 2' e 4ª partidas encontrará o leitor exemplos brilhantes de
sacrifícios de Peões com o fim de acelerar o desenvolvimento de
peças, instalar superiormente uma peça, assim como abrir
diagonais.

18 - Ensinamentos vários.
No decurso das quatro partidas o enxadrista pode apreciar
exemplos de ataques diretos de peças, ataques indiretos, defesas
diretas, defesas indiretas (contra-ataques), eficiência dos lances
que visam mais de um objetivo, debilidade da casa 2BR, a força de
um Cavalo em 6R, a força dos dois Bispos no ataque, lances ener-
gicos, de iniciativa, exploração de peças cravadas, o clima de ten-
são central que se estabelece em muitas aberturas, etc.

114
~ ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ___J=..

E~:oLU<;Ao HISTÓRICA DO XADREZ:

srA ThlPORTÂ.:"( :IA :\TA ORIE~'L-\ÇAO


DO EJ\rxADRISTA

Escola .A ntiga

Vimos, linhas atrás, que o ponto débil, que a configuração ini-


cial das peças oferece, é a casa 2BR, o setor de cada lado que mais
generosamente se oferece aos planos agressivos do adversário. E
o Peão que se instala nessa casa, o P2BR, é fraco, aprendemo-lo ,
porque apenas conta com o magro apóio de seu Rei.
Como em xadrez cada jogador está animado de um sentimen-
to regicida, o xeque-mate, a primitiva idéia que ocorreu aos pri-
meiros estudiosos do nobre jogo (século XVI em diante) foi o ata-
que direto a essa casa, sabidamente fraca.
Todas as combinações, planos e ciladas dos enxadristas de
antanho, estavam orientados em direção ao ponto 2BR, casa para
a qual procuravam acumular o maior número de peças atacantes .
Essa preocupação estratégica deu origem, entre outros, aos
conhecidos:
A) Mate Pastor
Há duas formas principais:
a) 1. P4R, P4R; 2. DST (ameaçando o PR), C3BD ; 3. B4B,
P3D; 4. DxPB mate.
Refutação: 3 .... P3CR!; 4. D3B (no\·amente ameaçando mate
com DxPB), C3B; seguido de ... , B2C; e ... 0-0; e as Pretas têm
melhor jogo.
b) 1. P4R, P4R; 2. B4B, C3BD; 3. D3B, P3D; 4. DxPB mate.
Refutação: 3 .... , C3B!; e as Pretas estão bem.
O melhor é, após 1. P4R, P4R; 2. B4B, jogar logo 2 .... , C3BR;
evitando as ameaças de mate.
B) Mate Legal
1. P4R, P4R; 2. B4B, P3D?; 3. C3BR, P3CR; 4. C3B, BSCR;
5. CxPR! (entregando a Dama), BxD?; 6. BxP+, R2R; 7 . CSD
mate.
Refutação: Consiste cm jogar de acordo com os princípios ge-
rais de desenvolvimento e domínio do centro. Assim, 2 . ... , C3BR.

115
. = . . _ _ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - ~

Na variante principal, em vez de 5 .... , BxD?, as Pretas podem


jogar 5 .... , PxC, e não existe mais o Mate Legal .
C) Ataque Grcco
1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. B4B, B4B; 4. P3B, C3B;
5. P4D, PxP; 6. PxP, BSC+; 7. C3B, CxPR; 8 . 0-0, CxC;
9 . PxC, BxP; 10 . D3C, BxT; 11 . BxP+,RlB; 12 . B5C, C2R;
13. CSR!, P4D; 14. D3BR, B4B; 15. B6R!, P3CR; 16. B6T+,
R 1R; 17. B7B mate.
Refutação: 9 .... , P4D! e desaparece o Ataque Greco.
D) Ataque Fegatello
1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. B4B, C3B (Defesa dos dois
Cavalos); 4. CSC.
É esta uma abertura típica da escola antiga de xadrez, em que
o ataque direto contra o Rei era o objetivo único de todas as idéias
estratégicas.
As Pretas desenvolveram normalmente suas peças e, aparen-
temente, nenhuma razão assiste às Brancas para pretenderem ti-
rar proveito da abertura.
Com 4. CSC, como que aspiram as Brancas a realizar uma
expedição punitiva ao adversário, visando a casa fraca 2BR, onde
já atua o Bispo branco.
O lance 4. CSC transgride um princípio de desenvolvimento ,
que proíbe jogar a mesma peça duas vezes na abertura, e outro
princípio de ordem estratégica, que veda, igualmente, os ataques
prematuros, sem o desenvolvimento de peças.
Mas, paradoxalmente, 4. CSC não é uma jogada que possa ser
rotulada como errônea. Ao contrário, exige das Pretas grande
atenção.
Como defenderão as Pretas seu
P2BR duplamente atacado? Não
existe nenhuma proteção direta
de outra peça (exemplo 4 .... ,
D2R; 5. CxP e as Pretas não po-
dem retomar com a Dama, por
causa da defesa que o Cavalo tem
de seu B4BD).
DIAGRAMA 1 19
Posição após 8. CxPB!
Ataque Fegatello

116
_,,,;tl~------ Dr. Otleu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~bss~

A única jogada que procura obstruir a ação do Bispo branco


sobre a casa 2BR é 4 . ... , P4D!; permitindo também o desenvol-
vimento do BD preto.
Após 5. PxP, a jogada lógica das Pretas, para que não percam
um Peão, é 5 ... . , CxP. As Brancas continuam com 6. CxPB!,
entregando o Cavalo e especulando na debilidade da posição preta
e na força que irá ter, agora, o B4BD branco, cravando o C4D
preto.
Depois de 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. B4B, C3B; 4 . CSC,
P4D; 5. PxP, CxP; 6. Cx.PB !, inicia-se o famoso Ataque Fegatello.
O Cavalo ataca a Dama e a TR (cbagrama 1 19) . A resposta
preta é forçada: 6 .... , R.x.C. As Brancas continuam com 7 . 03 B+
atacando também o C4D inimigo. A resposta preta 7 .... , R3 R é
novamente forçada e resulta uma posição muito comprometida
para o Rei preto. As Brancas continuam com 8 . C3B, atacando
mais uma vez o Cavalo 40 inimigo.
Um exemplo do que pode acontecer é 6 . CxPB!, RxC;
7. 03B+,R3R;8. C3B,C2R;9 . P40,P3B; 10. BSCR, R20;
11. PxP, R1R; 12. 0-0-0, B3R; 13. CxC, BxC; 14.TxB!, PxT;
15. 85 C +, e as Brancas ganham .
O Ataque Fegatello foi vitorioso!
Refutação:
a) O Ataque Fegatello tem dado margem a muita controvér-
sia. Aparece, como sua refutação, em Yez de 8 . ... , C2R, erro que
deu grande prestigio ao Ataque, a jogada 8 .... , C(3B)5C! e após
9. 04R, P3B; 10. P3TO, C3T; 11. P40, C2B; 12. B4B, R2B;
13 .BxP, as Brancas possuem ataque poderoso, mas as Pretas têm
excelentes possibilidades.
Teoricamente o Fegatello pode ser contestado, mas, pratica-
mente, é jogável pelas possibilidades de ataque que proporciona,
beneficiando, via de regra, as Brancas .
b) O melhor é evitá-lo, o que se consegue com a jogada 5 .... ,
C4TO! em vez de 5 .... , CxP.
Ap~ l . P4R,P4R;2 . C3BR, C3BO; 3. B4B,C3B;4. CSC,
P4D; 5 . PxP, C4TD!, as Pretas jogam uma espécie de gambito,
entregando um Peão para conseguir rápido desenrnhimento de
peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é 6 . P30, P3TR;
7 . C3BR, PSR!; 8 . D2R, CxB; 9. PxC, B4B0; etc.

117
XADREZ BÁSICO
-='' - - - - - - - - - - - -----------"=-

Outros exemplos serão vistos no estudo da Defesa dos dois


Cavalos (Capítulo Quarto) .
O Ataque Fegatello é um produto da influência que os mes-
tres italianos de xadrez exerceram na época do Renascimento. O
nome Fegatello vem do italiano "fegato", que quer dizer fígado. O
ataque visaria o ponto mais vital do inimigo (o P2BR), como era o
fígado, na época, para o organismo humano.
Este ataque e todas as demais continuações, que têm em mira
o ataque direto ao Rei inimigo , atacando o P2BR, são muito inte-
ressantes, exigindo do jogador das Pretas respostas precisas e arte
na defesa.
Os jogadores da chamada escola antiga de xadrez confiavam
no êxito dos ataques diretos ao Rei. O objetivo da partida seria o
ataque frontal ao monarca inimigo, estando, assim, justificados
todos os sacrifícios de peças, que tivessem, por fmalidade, elimi-
nar o Rei contrário.

Escola lVIoclerna

Com a evolução do xadrez, com a experiência e o aperfeiçoa-


mento da técnica defensiva, ficou provado que os meios diretos
não são suficientes para ganhar uma partida e que é mister antes
debilitar a posição inimiga, por meio de manobras estratégicas d('
grande alcance, as quais minam, solapam todos os setores da luta.
Essas idéias foram alardeadas pela escola moderna de xadrez,
cujo pioneiro foi o grande mestre Steinitz.
Atualmente o ataque frontal é considerado como o comple-
mento lógico de uma estratégia bem definida, que objetiva enfra-
quecer, num primeiro tempo, a posição adversária.
As combinações, os sacrifícios brilhantes de peças, os ataques
fulminantes ao Rei inimigo, devem surgir como uma conseqüên-
cia lógica de uma conduta inteligente, que conseguiu tornar débil
o inimigo.
O êxito do ataque fmal, nessas condições, é, assim, absoluto.
Antigamente, atirava-se à luta, de frente, sem pensar no resul-
tado, confiando apenas na habilidade do espírito ofensivo e na sur-
presa do ataque prematuro. As partidas eram orientadas por uma
tendência bárbara de luta, primitiva.

118
~ - - - - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - - -"·=

Na atualidade, os desejos regicidas não são tão fundamentais.


Há um trabalho prévio de solapamento,
O principiante é, por instinto, um adepto da escola antiga de
xadrez,
A explicação é fácil, visto que o ataque ao Rei é, em essência,
o motivo mesmo da partida , Seus objetivos e suas intenções são
quase evidentes, daí os principiantes aprenderem, facilmente, essa
parte do jogo.
Quem se inicia em xadrez embarca, freqüentemente, em com-
binações de ataque direto ao adversário, sem os preparati,·os ne-
cessários, isto é, o desenvolvimento de peças e o real controle do
centro, Tais procedimentos - armas de dois gumes - são errôneos
e, invariavelmente, conduzem à derrota quando são empregados
contra jogadores experimentados,
O principiante deve ter em mente esses fatos em suas parti-
das. Lembrar sempre que, como foi demonstrado por Steinitz,
antes de dirigir uma ação direta ao Rei adversário, deve ter obti-
do alguma vantagem, que a justifique.
Dita vantagem pode manifestar-se por duas formas fundamen-
tais:
a) "Superioridade material", isto é, mobilização de maior quan-
tidade de forças, ou
b) "Superioridade dinâmica", isto é, melhor colocação das
peças,
Outra coisa que o principiante deve levar em consideração,
quando iniciar um ataque direto contra o Rei adversário, é lem-
brar que não é necessário ganhar a partida por esse meio. Não há,
como diz Max Euwe, "necessidade de queimar as naves para esse
fim. Essas táticas são filhas do desespero, Um ataque bem planejado
não é uma desesperação, mas uma conseqüência lógica na cadeia
de idéias estratégicas e, geralmente, produz como saldo wna van-
tagem duradoura, que se explora com wn tranqüilo e paciente
jogo de posição",

Aplicações na prática das idéias da Escola Moderna

Nas quatro partidas analisadas encontramos aplicadas essas


idéias da escola moderna de xadrez, como, igualmente, sói acon-
tecer em qualquer partida dos mestres da atualidade.

119
XADREZ BÁSICO
~~--------- -----------=-

Na l ª partida (Capablanca x H . Steiner) as Brancas realizaram,


num primeiro tempo, um desenvolvimento normal de peças, sem
descuidar do domínio das casas centrais . Nwn segundo tempo,
conseguiram enfraquecer a posição adversária ao destruir a barrei-
ra protetora do roque, que deixou o Rei preto sem proteção.
Num terceiro tempo sobreveio um ataque frontal ao Rei preto ,
que culminou num interessante mate.
Na 2" partida (Steinitz x Von Bardeleben) as Brancas tiveram
também uma primeira fase, em que desenvolveram suas peças,
procurando o domínio central.
Debilitaram, numa segunda fase, a posição inimiga, impedin-
do o roque preto. Numa terceira, efetuaram um ataque direto de
mate ao monarca preto.
Na 4ª partida (M. Aspa x N. N.) novamente as Brancas cuida-
ram do desenvolvimento das peças e do controle do centro, numa
primeira etapa. Numa segunda, conseguiram tornar débil a posi-
ção das Pretas, em lhes impedindo o roque. Numa terceira, final-
mente, realizaram um ataque direto de mate.
Na 3ª partida (Tarrasch x Vogel) as Brancas conseguiram, gra-
ças a um bom desenvolvimento de peças e ao domínio das casas
centrais, uma maior mobilidade para suas peças. Mais tarde as
Pretas tiveram uma posição restringida, com dificuldades na mo-
vimentação de suas peças, como conseqüência das vantagens obti-
das pelo adversário, e, mais tarde ainda, sofreram o ataque direto
de mate das Brancas.

Como conduzir as partidas

Acreditamos serem suficientes essas noções, que vimos expla-


nando, para orientação do enxadrista em suas partidas de xadrez .
As partidas devem passar, cronologicamente, por três fases :
1' Fase - Desenvolvimento de peças com controle das casas
centrais.
2ª Fase - Debilitação da posição inimiga.
3' Fase - Aproveitamento da posição inimiga debilitada, com
um ataque direto de mate.

120
CAPÍTULO
II

OS FINAIS
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -----------"'""-

I - IMPORTÂ}JClA DO FINAL

A partida de xadrez apresenta três fases: a abertura o meio


jogo e o final, cujos limites, todavia, não podem ser traçados com
exatidão. É difícil, na verdade, estabelecer quando o final se ini-
cia, como é difícil dizer quando a abertura termina. Para fins
didáticos, porém, podemos declarar que a partida se encaminha
para o final, desde que o material existente sobre o tabuleiro este-
ja diminuído, ou, então, se nos apresenta escasso, isto é, com pe-
ças apenas suficientes para o mate.
Uma das principais características dos finais de partida é a fun-
ção ativa desempenhada pelo Rei, em contraste com o papel iner-
te que ele assume na abertura . !'la primeira fase, em úrtude do
maior número de peças inimigas, e dos perigos delas decorren-
tes, o Rei exerce um papel passivo, procurando daí a proteção de
outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro, de defe-
sa, afastando-se, assim, do campo de luta.
Nos finais, ao contrário, essa peça faz, realmente, jus ao título
que ostenta e, como os antigos monarcas, investe contra as mais
afastadas regiões do tabuleiro, ora escoltando Peões candidatos à
promoção, ora colaborando, eficientemente, com seu poder, no
cerco e morte do Rei inimigo.
Outra peça, que também possui valor capital, é o Peão.
A estrutura dos Peões, isto é, sua disposição no tabuleiro, dita
a estratégia a seguir nos fins de partida. Ainda, o recurso de sua
promoção a peça de hierarquia superior, que aumenta, conside-
ravelmente, o poderio material de seu lado, confere, sem d1hida,
ao Peão, qualidade, mérito considerável .
Desta forma, o fi.nal constitui a parte mais bela do jogo de
xadrez, embora seja a mais difícil, porquanto exige do enxadrista
talento, imaginação, grande conhecimento teórico, atenção con-
tínua e bom cálculo; certamente, uma manobra precipitada, ou
mal calculada, poderá anular um grande esforço, que fora desen-
volvido na abertura, ou no meio jogo.
O bom conhecimento dos finais permite ganhar em muitas
posições aparentemente empatadas, bem como salvar-se de posi-
ções aparentemente perdidas, e mesmo desesperadas.

123
.=.____________ XADREZ BÁSICO --------------=-

O final constitui a fase da partida em que se distinguem os


mestres do jogo. Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo,
wn ótimo finalista .

II - MATES ELEMENTARES
Nos mates elementares estudamos os casos em que um dos
lados apenas possui o Rei sobre o tabuleiro. E aqui surge uma
pergunta: - qual o material mínimo exigido para se dar mate ao
Rei desacompanhado de suas peças?
Sabemos que o Rei, no meio do tabuleiro, pode ocupar oito
casas; em casa marginal, cinco; e, nas angulares, somente três ca-
sas. Esta última posição, naturalmente, é a posição ma.is desfavo-
rável possível.
A B Ocupando casa angular, o Rei le-
vará mate se o adversário dominar
as três casas que lhe restam e a pró-
pria casa angular cm que está co-
locado; ao todo, quatro casas. Des-
sas quatro casas, duas serão domi-
nadas pelo Rei adversário. No di-
agrama 120A vemos que o Rei
preto está em sua casa desfavorá-
vel e, das três que lhe restam , duas
e D estão dominadas pelo Rei branco.
DIAGRAMA 120
O mate não poderá ser dado com
um Bispo, ou então com um Canlo somente; essas peças dando
xeque ao Rei dominarão, é verdade, mais uma casa; contudo, não
pode, cada uma, isoladamente, dominar a casa de escape ( 1CD)
do Rei preto. Logo, não há mate.
Com dois Bispos (diagrama 120B) o mate já é possível; um
deles dá o xeque e o outro impede a fuga do Rei. Com dois Cava-
los (diagrama 120C) o mate é igualmente realizável; um deles dá
xeque e o outro impede a fuga. Bispo e Cavalo (diagrama 120 D)
dão mate de igual maneira.
No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado
contra as melhores jogadas do lado contrário; com dois Cavalos
pode-se constituir uma posição de mate, apenas tendo a colabora-

124
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~~

ção do adversário. Assim, analisando-se o diagrama 120 C, é claro


que o último lance das Brancas foi C2B mate. Forçosamente, o
Rei preto, antes de se dirigir à casa STD, seu último lance, estaria
em SCD, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em 2D. Sua
melhor jogada, R8B, não foi realizada. Logo, mate com dois Ca-
valos só existe quando o adversário não efetua as melhores joga-
das. Não é, pois, um mate forçado.
Já vimos que o Rei branco em 6CD domina duas casas
das quatro que devemos dominar, quando o Rei preto esta em
1TD (diagrama 120A). As duas restantes podem ser também con-
troladas com Dama ou Torre (diagrama 121 A e 1218).
A B E isso, é claro, porque as duas
casas que devem ser dominadas se
localizam sobre a mesma horizon-
tal, uma das \ias de mobilidade da
Dama e das Torres.
Para se praticar o mate ao Rei
preto situado em casa marginal
(diagrama 121 C),mistersefazdo-
minarmos as cinco casas de que ele
dispõe e mais a casa que ocupa, isto
e é, seis ao todo.
DIAGRAMA 121
Ora, o Rei branco pode do-
minar três e as restantes serão dominadas por uma Dama ou por
uma Torre como nos diagramas l 21 B e 121 C, respectivamente,
desde que essas casas se encontrem sobre a mesma horizontal.
Com o Rei preto no meio do tabuleiro, nove casas devem ser
dominadas: oito, de movimentos do Rei, e mais uma ocupada por
essa peça. O Rei branco domina três, como no exemplo anterior;
as seis restantes se encontram em duas horizontais vizinhas. Por ai
se vê que o mate ao Rei colocado no meio do tabuleiro requer
mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama) .

l\faterial ::.\Iínimo para o :.\Iate

Pelo exposto vemos, assim, que o material mínimo exigido


para dar mate ao Rei isolado deve constar de uma das seguintes
forças:

125
.X-:·, ___________ XADREZ BÁSICO -- - - - -- - - -

1 - Uma Dama . 3 - Dois Bispos.


2 Uma Torre. 4 - Bispo e Cavalo.
Com Dama ou Torre consegue-se dar mate ao Rei em qual-
quer das casas marginais do tabuleiro; com dois Bispos, ou Bispo e
Cavalo, o mate é possível com o Rei inimigo nas casas angulares;
com dois Cavalos o mate é realizável em casa angular, mas a ma-
neira de consegui-lo não é forçada.
Já sabemos, por consegwnte, em que casas o Rei sofre o golpe
final nos mates elementares. Nos exemplos seguintes mostrare-
mos como obrigar o Rei a dirigir-se a essas casas.

- A Dama

O mate com a Dama realiza-se


com o Rei preto em qualquer casa
marginal do tabuleiro.
As posições de mate são as dos A B
diagramas 122 A e 122 B, ou aná- DIAGRAMA 122
Mates com a Dama.
logas.
O mate é forçado num máximo de 1O lances; mas, geralmen-
te, menor número de jogadas é reclamado.
Partindo-se do diagrama 123 o mate será realizado em 9 lances.
1.R2C R4D
2. R3B R4R
3. D6CR R5B
4 . R4D R6B
5. D5C
Aos poucos o Rei preto vai sen-
do encaminhado para a margem do
tabuleiro.
5. ... R7B
6. D4C R8R
7.R3R R8B DIAGRAMA 123
8. D6C As Brancas jogam e dão
mace em 9 lances.
Seria errado 8. D3C??, que
daria empate, pois o Rei preto ficaria sem lances.
8... . RlR
9. DlC mate .

126
-='------------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~

O mate com a Dama é muito


fácil. Há, porém, o perigo de em-
pate, que surge nas posições dos
diagramas 124A e 124B, cabendo
o lance às Pretas .
A B
DIAGRAMA 124 Estas posições, ou semelhan-
As Pretas jogam. Empate. tes, devem, por isso, ser evitadas.

2 - A Torre

Como no caso anterior, o mate é praticado com o Rei preto


em qualquer casa marginal. A posição final de mate é a do ruagra-
ma 1 2 1C ou similar.
O mate exige wn máximo de 17 lances, na melhor posição do
Rei preto, mas, em muitos casos, é dado mais rapidamente .
Na posição do diagrama 125, as Brancas dão mate em 13 lances .
1. T4TR R4D
O Rei preto deve permanecer
o mais possível no centro.
2.R2C R4R
3.R3B R4D
4.R3D R4R
5. T4D
Restringindo a ação do Rei preto.
5.... R3R
Se 5 .... , R4B; segue 6. T4R
6 . R4R R3B DIAGRAMA 125
7. T6D+ R4C As Brancas jogam e dào
mate em 13 lances.
8. T6TD!
Manobra importante: as Brancas perdem um tempo, obrigan-
do o Rei adversário a colocar-se na horizontal do Rei branco, per-
mitindo levar o Rei preto para a margem do tabuleiro.
8. ... R5C
9.T6C+ R4T
10. R5B RST
11. R4B R4T
12.T6BR R5T
13 .T6Tmate.

127
.=L_________ XADREZ BÁSICO ---------~

Da mesma forma que a Dama,


a Torre também oferece possibili-
dades de empate, embora menos
freqüentes. São vistos nas posições
do tipo dos diagramas 126A e
A B
126B . Nesta hipótese, as Pretas,
DIAGRAMA 126
As Pretas jogam. Empate. tendo o lance, ficarão sem moYi-
mentos. É o "tablas por ahogado"
dos argentinos.

3 Os Dois Bispos

~
O mate só é possível quando o
Rei inimigo se localiza em casa an-
gular ou casa vizinha da angular.
As posições de mate são as dos A B
DIAGRAMA 127
diagramas 127A e 127B, ou simi- Mates com dois Bispos.
lares.
O mate com dois Bispos requer um máximo de 18 lances, o
que é devido para a posição do diagrama l 28, em que o Rei preto
está em situação favorável.
1.BlD R6R
2. R2C R7D
3. B2BD R6R
4.R3B R6B
5. R4D
O Rei branco procura, acer-
cando-se de seu rival, restringir-
lhe os movimentos.
5 .... R5C
6.BlR R6B
7. B3D R5B
8 . B4R R4C DIAGRAMA 128
As Brancas jogam e dão
9. R5R R5C mate em 18 lances.
10. B2BR R4C
11. BSBR R3T
12. R6B
O Rei branco coopera eficientemente no "empurrão" ao Rei
inimigo.

128
-""''------- - - - - - Dr. Orfeu Gil..berto D'Agostini - - - - - - ~ ~ ~

12 .... R4T
13. B6R R3T
14. B4C R2T
15. R7B R3T
16.B3R+ R2T
A B
17. B58+ RlT DIAGRAMA 129
As Pretas jogam. Empate.
18. 84D mate.
As possibilidades de empate são demonstradas pelos diagra-
mas 129A e 1298, tendo as Pretas o lance.
Dois Bispos da mesma cor não podem dar mate. Até nove Bis-
pos, qu,e se movimentem por casas de cor igual, não poderão dar
mate. E fácil compreender que resta ao Rei preto uma casa de
fuga de cor oposta a dos Bispos.

4 Bispo e Cavalo

Dos mates elementares é aquele de execução mais difícil. Fo-


ram até descritos métodos e sistemas, e baixadas regras para
consegui-lo.
Daremos os pontos capitais.
1 - O mate será dado numa casa angular da mesma cor das
casas por onde o Bispo se mo\·e, ou em casa vizinha da angular.
2 - A posição final do mate é a
dos diagramas 130A e 130B, ou
similares.
3 - O mate é conseguido num
máximo de 34 lances, ocupando o
Rei inimigo sua melhor posição. A B
4 -A manobra necessária com DIAGRAMA 130
Mates com Bispo e Cavalo.
preenderá dois mo\'Ímentos:
a) forçar o Rei preto a dirigir-,e para casa angular de cor diferen-
te da do Bispo, ou em casa vizinha da angular e
b) conseguida essa posição, força-lo à casa angular do outro lado,
onde receberá o mate.
5 Rei, Bispo e Cavalo devem dominar tantas casas diferentes
de fuga do Rei inimigo quantas sejam poss1veis. "Ião se deve do-
minar as mesmas casas com as mesmas peças. Ao contrário, é mis-
ter distribuir as peças sobre a maior rL·giào possÍ\·el.

129
~!
~~-------- XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _J - ~

Na posição do diagrama 131 as Pretas, tendo o lance, levam


mate em 33 jogadas.
15. BSB RlB
16 . B7TI RIR
17.C5R RlD
18 . R6R R2B
Parece que o Rei preto vai
se libertar de seu triste desti-
no; contudo, as peças brancas.
agindo em harmoni a . con ·c -
guem conduzi-l o ao mio fa al.
19.C7D R_C
DIAGRAMA 131 20 . B3D R3B
As Pretas jogam. As Brancas
dão mate em 33 lances. 21. B6T R~B

1.
... R3B
2.
C3C R3D
3.
R5C R4D
4.
B7B+ R4R
5.
RSB R3B
DL\ GR.-\.\ :\ 131
6.
B4B R4R Pos ição apôs " 21• la ce
O Rei preto procura das Pr~ta ; .

manter-se o ma.is possh·el no


centro do tabuleiro. O dia gra m2. i 3~ reproduz a
7.C2D R5B posição d a5 po:>ça:- apo:- o:>ste úl-
8. R6D R4B timo lance.
9. B3D+ R3B 22.B5C RlD
O Rei preto começa a per- 23. C6C
der terreno. 24 . cso +
10. C3B R2B Frustrando no\·.1 entati\·a
11. R5R! R2C de fuga.
12 . C5C RlC ! 24 . . .. RIO
13. R6B RlB 25 . R6D
14.C7B RlC O Bispo domin a asas b ran -
A primeira parte do final cas; o Cavalo, as pre tas: e o Réi
está realizada; é preciso, ago- coloca-se na frent e do Rei ad -
ra, levar o Rei preto para o ou- versário.
tro lado ( casa a8) . 25 .... RlB

130
--=' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~ -

26 . R7R R2C do as Pretas o lance .


27. R7D RIC Essas posições, ou similares,
Perde o Rei preto terreno, devem ser evitadas.
aproximando-se do canto fatí-
dico.
28 . B6T R2T
29. BSB R!C
30.C7R R2T
31.R7B RIT
32. B7C+
E não 32. C6B?? e empate.
32.... R2T
33. C6Bmate.
Há três posições de empa-
te, demonstradas pelos diagra- e
mas 133A, 1338 e 133C, ten- DIAGRAMA 133
Jogam as Pretas. Empate.

III - FINAIS DE REI E PEÕES


Finais de partida sem Peões são muito raros; presentes, assu-
mem grande importância, não só pelo recurso da promoção mas
também pela sua disposição no tabuleiro, ditando a estratégia a
seguir nos finais.
É preciso, por isso, manobrá-los com acerto, bem ajuizar da
posição que ocupam, e saber, exatamente, quando devem ser avan-
çados, trocados ou sacrificados.
Se, como dizia Pb.ilidor, o Peão é a alma do xadrez, acrescen-
taríamos, como disse Reuben Fine, que ele é, no final, nove déci-
mos do corpo também.

1. Rei e Peão X Rei

O ganho só é possível com a promoção do Peão a Dama ou


Torre. Este é o objetivo do lado que possui o Peão; o adversário ,
conseqüentemente, deverá capturar o Peão ou impedir sua pro-
moção. Nestes fmais há duas eventualidades distintas:
a) o Peão está afastado de seu Rei e
b) o Peão está acompanhado de seu Rei.

131
-"""'---------- XADREZ BÁSICO
----------=--

Para se determmar quando é possível capturar o Peão afastado


de seu Rei, lembramos uma regra simples, muito prática:

Regra do Quadrado
Esclareçamos: quando as
Brancas jogam, estando o Rei
preto situado fora do quadra-
do, o avanço do Peão determi-
nará um quadrado, cujo lado
estaria formado de três casas.
Nestas condições, o Rei preto
não alcançará o Peão. Este, por-
tanto, será coroado.
Estando o Peão acompanha-
do de seu Rei e o Rei inimigo
DIAGRAMA 134
se colocando na mesma coluna
do Peão, ou em condições de
Constrói-se um quadrado atingi-la, o ganho dependerá da
imaginário sobre o tabuleiro, possibilidade de expulsar-se o
tendo por lado a distância que Rei dessa coluna. Nestes casos
vai do Peão até a oitava horizon- levará vantagem o lado que ti-
tal, isto é, até o fim de sua colu- ver a oposição.
na (diagrama 134).
Surgem daí três hipóteses: Oposição
1 - O Rei preto está den-
tro do quadrado; o lance per- Os Reis estão em oposição
tence ao Peão. O Rei preto quando se situam numa mesma
alcança-o contudo, e captura-o
em seguida.
2 - O Rei preto está fora
do quadrado; o lance é ainda do
Peão. O Rei preto, aqui, não
alcança o Peão. Temos, conse-
qüentemente, promoção do
Peão.
3 - O Rei preto está fora
do quadrado, porém seu é o
lance. Penetrando no quadra-
DIAGRAMA 135
do, em 4C, ganhará o Peão. Oposição vertical.

132
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -- ~-

coluna, separados, apenas, por Agora, se o último lance


wna casa (diagrama 135). foi das Brancas, R 1R, estas ga-
Diz-se que um lado ganha a nharam a oposição e decorre
opnsição, quando, em se mo- daí : 1. .. . , R6D; 2. R2B , R5R ;
vendo o Rei, coloca-o em opo- 3 . R2R (ganhando novamente
sição ao Rei inimigo, cabendo a oposição), R5B; 4 . R3D,
o lance seguinte ao advl:rsário. R4R; 5. R3R (novamente com
No diagrama 135 as Bran- a oposição), R4D; 6. R4B,
cas, tendo jogado R 1 R, ganha- R3R; 7. R4R (oposição), R2R;
ram a oposição; mas, se o últi- 8. R5R (oposição), R2D ; 9.
mo lance tiver sido das Pretas, R6B, RlR; 10. R6R (oposi-
isto é, R6R, ganham elas a opo- ção), RlD; 11. R7B, etc.
sição. As Brancas, tendo a oposi-
Ganhar a oposição, nos fi. ção, conseguiram desalojar o
nais de Rei e Peão x Rei, é ma- Rei preto da coluna inicial e
nobra fundamental, tanto para obrigá-lo a dirigir-se à sua pri-
as Brancas , o lado superior, meira horizontal.
como para as Pretas (apenas por Ocupar casas importantes
convenção nossa e para fins com o Rei; evitar que o adYer-
didáticos, consideraremos, nas sário o consiga; afastar o Rei
páginas deste livro, as Brancas inimigo de wna casa vital , são
constituindo sempre o lado su- as \"antagens de ter a oposição
perior e as Pretas, naturalmen- nos finais.
te, o lado inferior, que luta pela Oposição Oposição
Horizontal A C Distante
defesa).
Por que é vantajoso ter a
oposição?
Voltemos ao diagrama 135,
fazendo-se a abstração de peças
(Peões), que devem existir, mas
considerando-se apenas a posi-
ção dos Reis. As Pretas, tendo
jogado ... , R6R, ganharam a
oposição. Segue-se 1. R 1 B,
B
R6B; 2. RlC, R6C; 3. RI~ Oposição
Diagonal DIAGRAMA 136
R6T; 4. RlC, R6C; etc., e o
Rei branco não consegue sair da A oposição pode ser verti-
primeira horizontal. cal (diagrama 135), horizontal

133
XADREZ BÁSICO
-="---------- ----------=-

(diagrama 136A), diagonal (dia- b) O Rei branco está na


grama 1368) e distante ( diagra- frente do Peão.
ma !36C).
Na oposição vertical e na Rei atrás do Peão
horizontal o Rei branco tira três
casas ao Rei preto; na oposição Nesta situação, hal'erá em-
diagonal, apenas uma casa. pate sempre que o Rei preto,
A oposição distante (diagra- dominando a casa de promo-
ma l 36C) é uma extensão do ção, puder consen'ar a oposi-
mesmo princípio. Quando os ção na primeira horizontal, ao
Reis estão na mesma coluna, se- atingir o Peão a sexta casa .
parados por um número Ímpar J\:a posição do diagrama
de casas, o lado que acabou de 137, o lance pode ser das Bran-
jogar tem a oposição distante. cas ou das Pretas; haverá sem-
A oposição distante tem pre empate, desde que as Pre-
larga aplicação nas posições tas mantenham a oposição. Ve-
bloqueadas. jamos:
Todos os tipos de oposição
são igualmente eficientes no
sentido de controlar casas vitais
e impedir essa vantagem ao Rei
inimigo.
Se a oposição constitui urna
superioridade ganhante, a res-
posta depende da posição dos
Peões .
Agora que sabemos o que é
oposição e suas vantagens, ve- DIAGRAMA 137
Empate.
jamos sua aplicação nos fmais
que estamos estudando, isto é, 1. R4R R3R
Rei e Peão x Rei. 2. PSD+ R2D
3.R4D RIO!
Rei e Peão X Rei Essencial para ganhar a
oposição contra qualquer lan-
Nestes finais há duas posi- ce das Brancas.
ções básicas: 4.R5R R2R
a) O Rei branco está atrás 5. P6D+ R2D
do Peão. 6. R5D RlD!

134
-='------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ =

E não 6 .... , RIR? ; por 7 . No diagrama 138 o Re i


R 6 R ! , ganhando as Brancas a branco está uma casa na frente
oposição e a partida: 7 .... , R do Peão, mas não tem a oposi-
joga; 8. P7D, R2B ; 9. R7R e as ção .
Brancas promovem o Peão. 1. P3R
7 . R6B RlB Ganhando a oposição e o fi-
8. P7D+ RID nal, de acordo com a regra aci-
9. R6D Empate. ma.
Nestas posições (diagrama 1. ... R3D
137) as Pretas não perdem mm- 2. RSB R2D
ca, contanto que mantenham 3. R6B RlD
sempre a oposição. 4. P4R R2D
5. PSR RIR
Rei na frente do Peão 6. R6R
Novamente ganhando a
Quando o Rei branco está oposição.
na frente do Peão, o resultado 6 .... RID
depende da relação que o Rei 7. R7B e o Peão vai a Dama
possui com seu Peão. Lembre- Vejamos outro exemplo.
mos. aqui, também, uma regra
simples: quando o Rei branco
está duas ou mais casas na Fren-
te de seu Peão, ganha sempre;
se o Rei está apenas uma casa
na fi-en te de seu Peão, ganha so-
mente tendo a oposição.

DIAGRAMA 139
As Brancas jogam e há empate.
Pretas jogam. ganham as Brancas.

No diagrama 1 3 9 o Rei
branco está na frente do Peão;
com o lance, as Brancas perdem
a oposição e há empate; se o
DIAGRAMA 138 lance for das Pretas , a vitória
As Brancas jogam e ganham. será das Brancas.

135
XADREZ BÁSICO
-='----- - - - - - - - ---------~

Jogam as Brancas. 2. RSB R2R


1. R4B R3B! 3. RSR R2B
2. P4R R3R 4 . R6D RIR
3. PSR R2R 5. R6R RID
E a posição é a do diagrama 6. P4R RlR
137; há empate. 7. PSR RlB
Jogam as Pretas. 8. R7D e ganham.
1. ... R3D

Rei na 6ª horizontal ganha sempre

Quando o Rei branco está na 6 1 horizontal, o ganho se dará


com ou sem o lance. Trata-se de uma importante exceção à regra
que enunciamos.
Na posição do diagrama 140 a
solução é:
1.R6B RlB
2.P6R RIR
3. P7R R2D DIAGRAMA 140
4. R7B e ganham. As Brancas ganham com ou sem o lance.

O Peão da Torre faz exceção

Os finais com o Peão da Torre não obedecem às regras enun-


ciadas.
A 8
Dá-se empate sempre que o
Rei preto conseguir alcançar a casa
lB. Há vitória, no entanto, sem-
pre que o Rei branco conseguir
chegar a casa 7C.
No diagrama 141 A o Rei pre-
to não pode ser expulso de seu
canto, a partida é sempre empate.
No diagrama 141 B, o Rei pre-
to já atingiu a casa l B; há empate:
DIAGRAMA 141
1. P6T R2B Empate

136
-""'"-'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"~

2. R8T RIB Ou 1. R6C, RlC ; 2. P6T, RlT;


3. P7T R2B 3. P7T, empale.
Empate .

Estudamos com detalhes o fmal de Rei e Peão x Rei, por se


tratar de final clássico, fundamental, a gue se reduzem, com
freqüência, os finais de Peões, que são numerosos.
Não cabendo nos limites deste livro estudar também com
minúcias os restantes finais de Peões, vamos, por isso, nos restrin-
gir a alguns diagramas com exemplos instrutivos dos mais
freqüentes na prática.

2. Rei e Peão X Rei e Peão

5. DlB+ R7C
6. 020+ R8C
7. 01R+ R7C
8. D2R+ RSC
9. R3C!!
E as Brancas dão mate.

DIAGRAMA 142
As Brancas jogam e ganham.

Os dois Peões são passados.


As Brancas ganham porque fa-
zem Dama em primeiro lugar.
1.P7B P7T
2. P8B=D P8T=D
3. D3B+ R8C
Se3 .... , R7T; 4. 03Cmate.
DIAGRAMA 143
4. D3R+ R8B Autor: H. Rinck . 1922
Se 4 .... , R7C; 5. 02R+, As Brancas jogam e ganham.

RSC; 6. R3C!!, ganhando.

137
.iõ} ~ - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _"'='<..

As Pretas procuram atingir Para ganhar a oposição e,


a casa 7R para garantir seu conseqüentemente, o empate,
Peão, ao mesmo tempo que há, às vezes, necessidade desa-
ameaçam o Peão branco. crificar o Peão. Assim, no dia-
1.P4T R6C grama 144, o primeiro lance,
2. P5T R6B sendo de Rei, segue:
Se 2 .... , R5B; segue 1. P6T, 1. .. . R3C
R6D; 4. P7T, P7B; 5. PST=D, 2. R4B R3B
P8B=D; 6. D6T+, ganhando a 3. RxP R3R
Dama. 4.R4B R3B
3. RlC!! 5. P3B e as Brancas ganham
Esplêndido lance. Seria como no diagrama 118 .
erro: As Pretas conseguiriam,
a) 3. P6T? , R7D!;4. P7T, P7B; porém, empate se agissem da
5 . R2C, R7R; com igualdade. maneira seguinte :
b) 3. R3C?, R5D!;4. P6T, R6R; 1. ... P6R!!
5. P7T, P7B; com igualdade. 2. PxP R3C
1. ... RSD Ganhando a oposição.
4 . P6T R6R 1. R4B R3B
5 . RlB! e ganham. 4.R4R R3R
A Yitória foi possh·el, gra- E empate, como na diagra-
ças à manobra do Rei branco, ma 139.
que ocupou a casa de promo-
ção do Peão prelo. 3. Rei e dois Peões X Rei

A B

DIAGRAMA 144 DIAGRAMA 145


Autor: Duelos. 1904. As Brancas jogam e ganham.
As Brancas jogam e empar.am .

138
.&'l~----- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ __ _ _ _lbs~

No diagrama 145A o ga- 4 . Rei e dois Peões X Rei e Peão


nho é fácil, entregando-se um
Peão. Geralmente as Brancas ga-
1. RSC RlT nham. Mas há exceções interes-
2. RSB R2C santes.
3. P8T=D+ RxD
4. R613 RlC
5. P7C R2T
6. R78 e ganham.
No diagrama 145B há uma
manobra instrutiva : quando
dois Peões estão na m esma
horizontal, separados por uma
casa, impede-se a captura de
um, avançando-se o outro. A
posição de defesa dos Peões DIAGRAMA 146
As Pretas jogam e empatam.
corresponde a um salto de
Cavalo. 1. ... R5C!
1. ... R4T 2. P6D R6C
2. PSB! 3. P7D P7B
E o PT não pode ser cap- 4.R2R R7C
turado. Se 1. ... , R5B ; 2 . P5T!. 5. P8D=D P8B=D+
Se 1. ... , R2C; as Brancas de- Empate.
vem aproximar o Rei e não jo- Instrutiva manobra de Rei,
gar a) 2. P5T?,por 2 . ... , R3T;e valorizando o Peão passado
nem b) 2. P5B?, por 2 . ... , R3B; preto.
em ambas as variantes ganhan-
do as Pretas um Peão. A
O final será jogado:
2. .. . R3T
3. R2C R2C
4 . P5T R3B
5. P6T R2B
6. R3C RlC
7.P6B R2T
8.P7B e ganham .
DIAGRAMA 147
As Brancas jogam e ganham. B

139
~ - - - - - - - XADREZ BÁSICO -------~bà.

Os Peões brancos estando 3. R4B R28


unidos e um deles sendo passa- 4 . RSD R2D
do, o ganho é fácil. 5. P6B+ R2B
No cüagrama 147A a mano- 6. R5B RIB
bra é simples. 7 . R6D RlD
1.R5B R2D 8 . P7B+ RIB
2.R5C RIR 9. R6B P4T
3. R6T R2D 10. R6C PST
4.R7C RIR 1l .P3T
5. RSC R2D O Rei preto é obrigado a
6. RxP e ganham. abandonar sua atual casa.
No diagrama 147B conti- 11 .... R2D
nua-se com: 12. R7C e ganham.
1. RIB RSB
2. RlD R4D
3. RIR R4R
4.R2B RSR
5. R3C R4R
6.R3B R4B
7. P4R+ R4R
8. R3R e ganham.

DIAGRAMA 149
As Brancas jogam e ganham.

Nesta posição, jogando as


Pretas, o ganho será mais fácil.
As Brancas realizam uma sutil
manobra (Triangulação), che-
gando a essa mesma posição,
mas tendo as Pretas o lance.
DIAGRAMA 148 1. R2C R4B
Autor: Bayer, 1911.
As Brancas jogam e ganham. 2. RIB! R4D
Se 2 .... , RSB; 3. R2B, e o
1. R4D R3D objetivo foi conseguido de
2. PSB+ R3B imediato.

140
~ ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ---------"""-

3. R2D R4B primeira vista, é fácil, assumin-


4.R3D R4D do as Brancas a oposição: 1.
5.P4B+ R4B R4R, R2R; 2. RSD, R20; 3.
6.R3B P5B,R2R;4.R6B,elt.
E as Brancas ganham como Mas as Pretas têm uma ré-
no diagrama anterior. plica salvadora.
Jogando 3 .... , RSR; em vez 1. R4R P4B+!!
de 3 .... , R4B; as Pretas ofere- 2. PxP + R3B
cem mais resistência, porém, o Seguido de RxP com final
ganho é também forçado para empatado (vide diagrama 137) .
as Brancas: 3 .... , RSR; 4. R2R,
R4D; 5. R3D, R4B; 6. P4B! 5. Rei e dois Peões X Rei e dois
(entregando o PTD para pro- Peões
gredir com o PB), RSC; 7.
R4D, RxPT; 8. R3B! ! (enge- É grande o número de em-
nhoso lance de Rei), R6T; 9. pates nestes finais . Mas há po-
P5B, P5T; 10. P6B, R7T; 11. sições de ganho instrutivas.
P7B, P6T; 12. P8B=D, R8C;
13. R3C, P7T; 14. D2B+,
R8T; 15. D2C mate.

DIAGRMA 151
As Brancas jogam e ganham.

1. P6D+ RIO
2 .P6R P4T
3.R6B PST
DIAGRAMA 150 4.R7B P6T
As Brancas jogam.
5 . P7R+ R2D
Este é um exemplo do cui- 6 . P8R=D+ e ganham .
dado que as Brancas precisam ter Outra maneira de ganhar
em certas posições. O ganho, à consiste em jogar assim:

141
-=·' - - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ __..3-

1. P6D+ RJD 4. R6D P6T


2. R6R P4T 5. P6R P7T
3. P7D PST 6 . P7R mate .

A vitória é fácil nesta posi-


ção. Para capturar o Peão pas-
sado branco, as Pretas perdem
seus Peões.
1. PST R3B
2. P6T R3C
3. P7T RxP
4 . RxP R2C
5. R6D RIB
DIAGRAMA 152 6. R6R RJD
As Brancas jogam e ganham. 7.RxP R2R
Peão passado protegido ga- 8. R6C e ganham.
nha com facilidade. O Rei pre-
to não pode sair do quadrado
do Peão branco de 5 CD. As
Brancas ganham o Peão passa-
do preto e a posição resultantE'
é a do diagrama 1478.
1. R3R R3R
2. R4R R3D
3. RSB
E o resto é simples.

DIAGRAMA 154
As Brancas jogam e ganham.
As Pretas jogam e empatam .

As Brancas ganham, forçan -


do um Peão passado.
1. PSD! PxP
1. PSC e ganham.
As Pretas empatam, impe-
DIAGRAMA 153
dindo a formação do Peão pas-
As Brancas jogam e ganham. sado inimigo.

142
-"""'---------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -~ ~

1. "' P4O! ganhar a oposição, e isso por


E as Pretas empatam. que o P4BD branco está defen-
dido pelo PCD. Notar que, se
as Brancas tivessem o lance, o
P4BD preto não teria defesa de
Peão.
Essa é a diferença que per-
mite empate às Brancas .
1. ... R4R
2. R3D RSB
3. R2D!!
E qualquer que seja o lance
preto, as Brancas ganham a opo-
sição e empatam:
a) 3 . ... , R5R; 4 . R2R!, R5D;
DIAGRAMA 155
As Brancas jogam e ganham. 5. R2D.
As Pretas jogam e empatam. b) 3 .... , R6B; 4. R3D, ganhan-
do a oposição horizontal.
Este exemplo demonstra
mais uma vez a vantagem de se
ter a oposição.
Jogam as Brancas.
1. R4R
Ganhando a oposição vertical.
1. ... R3O
2. R5B R2D
3. R5R R3B
4.R6R
Ganhando a oposição horizon-
tal.
4 .... R2B
DIAGRAMA 156
5. R5D R3C As Brancas jogam e ganham.
6. R6D
Obtendo a oposição hori- Este é um magnífico exem-
zontal, ganhando o Peão preto plo, ilustrando a oposição dis-
e o final. tante.
Jogam as Pretas. 1. R2R!
As Pretas jogando conse- Ganhando a oposição dis-
guem apenas empate, apesar de tante, isto é, situando o Rei na

143
.:K;
~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - - = -

mesma coluna do Rei inimigo de possibilidades de empate,


e separado deste por um núme- em certos casos.
ro Ímpar de casas.
1. ... R2D
2. R3D!
Outra vez com a oposição
distante.
2. ... R2R
3. R3R
Repete-se a mesma manobra.
3. .. . R3R
4 . R4R
Agora o ganho é fácil.
DIAGRAMA 157
4 . .. . R3D As Brancas ganham com ou sem o lance.
_; _R4D R3B
6.RSR R2B Jogam as Pretas.
7 . R5D R3C a) 1. . . R2B
8. R6D R2C 2.P6C+ RIC
9. R5B R3T 3.R6R RlT
10. R6B 4. R7B PxP
As Brancas ganham o Peão 5 . P6T! PCxPT
e o final. 6. PxP e ganham .
As pretas podem variar seu b) 1. .. . P3C
primeiro lance : 1. R2R!, R 1D; 2. PTxP PxP
2. R3B, R2R (evitando a amea- 3. P6B+ RlR
ça branca R4B e RSC); 3. R3R! 4 . R6R e ganham .
e repete-se a variante principal. Jogam as Brancas.
1. P6C P3T
6 . Rei e três Peões X Rei e dois 2. R4R R3B
Peões 3. R4B R2R
4.RSR RIR
É mais fácil ganhar com três 5. R6R RIB
Peões contra dois do que com 6. R7D RIC
dois Peões contra um. 7.R7R RlT
Geralmente esses finais se 8. P6B PxP
reduzem aos casos vistos ante- 9. R7B
riormcnte. As Brancas dão mate em
As Pretas dispõem, porém, dois lances .

144
À ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ----------"'"-

4 . ... R3C
5. P5T+ R3T
6. PSB R4C
7.R4C
Outro lance que obriga as
Pretas abandonarem a posição
em que se encontram.
7 . .. . R3T
8. P6B R2T
DIAGRAMA 158
9 . PSC RIC
As Brancas jogam e ganham. 10. P6C RlB
11. P6T RlC
A vitória é fácil. 12 . P7B+ RlB
1. P6B+ R2B 13 . P7T R2C
2. R5B RlB 14. P8T=D+ RxD
3. R6C RlC 15 . P8B=D mate.
4.RxP R2B Este final será melhor en-
5. RxP e ganham. tendido com o estudo do final
do diagrama 167.

DIAGRAMA 160
DIAGRAMA 159 As Brancas jogam e ganham.
As Brancas jogam e ganham.
Existe só wn meio de ganhar.
1. P4T P4T 1. P4C+ 1 PxP+
2. P4C P4C 2.R3C Rjoga
3. P4B PST 3. RxP e ganham .
4.R3T Outro lance qualquer daria
Agora o Rei preto sai de sua a oposição às Pretas e o empa-
casa-chave . te: 1. R2B ?, R3B! (e não 1 . .. . ,

145
" - " ' - - - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO -------------"""-

RSC?; 2. R2C, R4B; 3. R3B e ganham): 2. R3D, R4D; e as Pretas


conseguem o empate.

que exista, para um dos lados,


clara vantagem posicional.

DIAGRAMA 161
As Pretas jogam e empatam.

Esta posição ocorreu na DIAGRAMA 162


partida Kmoch x Scheltinga, A5 Brancas jogam e ganham.

Amsterdam, 1936.
Jogando as Brancas, a Yitó- Posição instrutiva.
ria seria fácil com 1. R4B! a) 1. P6C! PBxP
Vejamos o final do diagrama. 2.P6T! P2CxP
1. ... R4B! 3. P6B e ganham.
2. R3B R4R! b)l. P6C! PTxP
.\gora, se 3. PST?, R4B; ga- 2. P6B! P2CxP
nhando as Pretas um Peão. 3. P6T e ganham.
3. R4C RSR As Pretas, tendo o lance
4. PST P4B+ não devem jogar: '
5. R3C R6R a) 1.... P3T?
6. P6T PSB+ 2. P6B! e ganham.
E ambos os Peões fazem b) l. ... P3B?
Dama ao mesmo tempo, resul- 2. P6T! e ganham.
tando posição ele empate. O correto para as Pretas é:
c) 1.... P3C!
7. Rei e três Peões X Rei e três 2. PTxP PTxP
Peões 3. PxP PxP
Com posição de empate si-
Estes finais terminam geral- milar a do cliagrama 139.
mente em empate, a não ser

146
~--- - -- - - Dr. Orfeu Gilberto D'Ag'ostini - - - - - --~~

DIAGRAMA 163 DIAGRAMA 164


As Pretas jogam; ganham as Brancas. As Pretas jogam e empatam.

O P4D branco toma conta 1.... R2B


de dois Peões pretos, o que dá, 2. R3D R3R
para as Brancas, a vantagem de 3. R4R P3C!
um Peão. Os Reis aproximam-se do
1. ... R2B centro.
2. R4B R3B As Pretas impedem o avan-
3. P4T R2B ço do PBR branco, que daria a
4.R5R R2R vitória às Brancas.
5. P5C PxP 4.R4D R3D
6. PxP R2B 5. R4B P3T
7. P6C+ Ameaçando 6 . ... , P4C; e
Entregando um Peão em tro- se 7. PxP, então 7 . ... , PTxP!;
ca de dois pretos. É uma mano- 8. R4D, P4B; seguido de .. . ,
bra comum em finais de Peões. PSB; e terminam as esperanças
7 .... RxP das Brancas em vencer o final.
8.RxP R2C 6. R4D R3B
9. RxP R2B Agora, se 6 .... , P4C?; seria
10. R6B e ganham. um erro por 7. R4R!, ganhan-
Este final ocorreu na parti- do as Brancas.
da Bogoljubow x Fine, 7.R4R R4C
Zandvoort, 1936. 8. R5D P4C!
À primeira vista, a impres- O lance do empate.
são que se tem é que o final é 9. PxP PBxP!
ganho facilmente pelas Brancas, 10.RSR RST
por causa do Peão passado da 11. R5B RxP
Torre No entanto, a análise do 12.R6C RSC
final nos mostrará o contrário. 13.RxP P5C!

147
.,s.__________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - " " ' - -

E dá-se o empate, pois as Pretas conseguem atingir a casa 1BR


(vide diagrama 141B) .
Outra variante, aliás interessante, seria, em vez de 4 . R40, o
avanço imediato do PTD : 4 . P4TD, R3D; 5. PST, R4B; 6 . P6T,
R3C; 7 . RSD, P4C!; 8 . PSB, P4T; 9 . R6R, PST; 10. RxP, PSC ;
11. R6R, P6C ; 12 . PxP, PxP; 13 . P6B, P7C ; 14. P7B, P8C=D ;
15. PSB=O, RxP; com empate.
O estudo deste esplêndido final mostra, de um lado, a dificul-
dade que existe nos finais de Peões e, de outro lado, os recursos
salvadores que podem surgir em muitas posições, aparentemen-
te, perdidas.

8. Rei e quatro Peões X Rei e três Peões

Tanto maior o número de Peões, quanto mais fácil se torna o


final. Assim, o final de Rei e três Peões x Rei e dois Peões é mais
fácil que o final de Rei e dois Peões x Rei e Peão; Rei e dois Peões
x Rei e Peão, mais fácil que Rei e Peão x Rei.
O Peão a mais nos finais atrai, com freqüência, o Rei inimigo,
desviando-o dos outros Peões, que serão capturados pelo Rei do
lado majoritário.
O fmal de Rei e quatro Peões x Rei e três Peões não apresenta
dificuldades. As Brancas (lado majoritário) devem reduzir o final
a uma das posições mais simples, em que o ganho é forçado.
A posição do diagrama 165
(Berger) é instruti\"a por exempli-
ficar a conduta a seguir nos finais
de quatro Peões x três Peões.
Vejamos algumas defesas das
Pretas:
a) 1 .... , RSB; 2. R3D, R4B;
3.P4B,R58;4.P4T,P3T;5 . P4C,
R4B; 6. PST, PxP; 7. Px~ RSB;
8. PSD, PxP; 9. PxP, R4R; 10. R4B,
R3D; 11. R4D, e o ganho é idên-
DIAGRAMA 165
As Brancas ganham sempre. tico ao do diagrama 148.
b) 1. ... , P4B; 2. PxP, PxP;
3. P3C, P3T; 4. P3T, P4T; 5. P4T,

148
~~•_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------""'"--

R4R; 6. R3R, R4O; 7. R3D, PSB+; 8. PxP+, R4B; 9. R2D!, RxP;


10. R2B e as Brancas ganham como no diagrama 149.
c) 1. ... , P3T; 2. P4C, P4T; 3. PxP, PxP; 4. P4T, RSB; 5. R3D,
R4B;6.R3R, R3R;7. R4R,R3D;8. P4B,R3R;9. PSB, R2D;
1O. PSD, PxP+; 11 . RxP, ganhando as Brancas como no diagrama
148 .
d) 1.... , P4C; 2. P4C, P3T; 3. P3T, RSB; 4. R3D, R4B; 5. P4B,
R3R;6 . PSB,R4D;7.R3R,R3R;8. R4R,R2R;9.PSD,PxP+;
10. RxP, R2D; e as Brancas ganham como no diagrama 158.
e) 1. .. . , P4T; 2. P4T, P4C; 3. PxP, PxP; 4. R2R, PSC; 5. R2D,
P6C;6 . R2R, PST;7. R2D,R4O;8. R3D,R3D;9 . R4B,R3B;
1O. R4C; e as Brancas ganham os Peões pretos e o final.

9 . Finais com mais Peões

Estudam os os finais de Peões 4x 3.


Os finais Sx4 e 6x5 são igualmente fáceis, e resolvemo-los,
reduzindo-os a casos mais simples, em que o ganho é forçado.

1O. A Manobra da Triangulação

Triangulação é um estratagema intimamente ügado à oposi-


ção. Realiza-se quando um lado tem mais casas disponíveis para
seu Rei do que o oponente.
O diagrama 166 é um caso tí-
pico.
Aproximando-se as Brancas do
Peão preto por meio de 1. R3R',
as Pretas replicam 1 ... . , R4R; c-
ganham, pois o Rei branco é obri -·
gado a retirar-se.
Mas as Brancas têm duas vias
de acesso para a casa 3R, isto é, as
casas 2D e 2R (ou 2B e 2R), en- DIAGRAMA 166
quanto as Pretas dispõem somen- Brancas jogam e ganham pela
triangulação.
te de uma via para sua casa 4R, que
é a casa 3D. As Brancas podem manobrar no triângulo 2D-2R-3R
(ou 2B-2R-3R), ao passo que as Pretas apenas se movimentam na

149 r
..>S'L__________
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - ---=-

diagonal 3D-4R , A triangu- 1, R2D! R4R


lação permite, conforme os 2.R3R R3D
casos, o ganho ou a perda de wn 3 , RxP
tempo, As Brancas ganham o Peão
No caso do diagrama 166 e o final ,
wna das continuações seria :

11 - Síntese desses Finais

Agora que estudamos essas diversas variedades de- finais, n-


mos tentar fazer uma síntese nos processos de sua solução,
Devemos distinguir dois casos distintos:
A) Um lado tem um Peão a mais,
B) Há igualdade de Peões.

A) Nos finais em que wn dos lados tem um Peão a mais (2x 1;


3x2; 4x3; 5x4; etc.) os processos ganhantes reduzem-se, geral-
mente, a wn dos dois sistemas seguintes:
1 - Forçando um Peão passado.
2 - Sacrificando um Peão, no momento exato, para obter:
a) um Peão que vai a Dama;
b) wna preponderância suficiente de material ou
c) uma vitória em uma das posições básicas estudadas.

B) Nos finais em que ambos os lados têm o mesmo número de


Peões (Jxl; 2x2; 3x3; 4x4; etc.) geralmente há empate , a não ser
que um dos lados tenha nítida superioridade posicional, suficien-
te para o ganho.
Na maioria dos casos estas regras encontram fácil aplicação.
Mas , como diz Reubcn Fine, o xadrez não seria um jogo se não
houvesse numerosas exceções, devidas , principalmente, às estru-
turas irregulares de Peões (Peões dobrados, bloqueados, etc), às
diferenças posicionais e também às posições de empate por
"ahogado" ("Pat").

1 2. Finais Diversos de Rei e Peões

Veremos, em seguida, alguns finais artísticos e outros produ-


zidos em partidas de mestres.

150
.e'l._______ Dr. Orfeu Gilberto D'Ag-ostini - - - - - - - ~

5. R2B! P6C+
6. RxP P6D
7.RxP P7D
8.RxP
As Brancas capturaram os
três Peões. Agora o Rei preto
deve jogar.
8. ... R3R
9. P7T e ganham as Brancas.
DIAGRAMA 167
Autor: Kling y Harwir.z
As Brancas jogam e ganham.

Egrande a diferença de ma-


terial, parecendo im possí vcl
uma vitória das Brancas.
1. PSC! R4R
2. PxP R3B
O Rei preto impede, ago-
ra, o avanço do Peão branco,
mas não pode afastar-se dessa
posição, pois o PT iria a Dama.
O objetivo das Brancas é ga- DIAGRAMA 168
Autor: Berger
nhar os Peões pretos com o Rei. As Brancas jogam e empatam.
Será isso possível?
3 . R2B! PSB A posição é desesperada
4 . RlB! para as Brancas; não há, para
A chave da defesa do Rei elas, meios de segurarem o PT
contra três Peõ es. Quando es- preto.
tes se encontram numa mesma 1. P4B! P4T
horizontal, o Rei branco deve Se 1. ... , PxP; 2. P4T, e as
situar-se na mesma coluna do Brancas ganham.
Peão do meio, afastado dele 2. PxP! PST
duas casas; assim, poderá 3.R3C! P6T
colocar-se na frente de qual- 4 . R4T! P7T
quer dos Peões que avançar. 5.P3C PST=D
4. . .. P6B Empate.
Se 4 .. .. , P6C; segue 5. R2C!
Se 4 . ... , P6D ; segue~- R2D!

151
--"""' - - - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _________....,,~

Se as Brancas jogam :
1. P6T R3T
2. P7T R4T
3. P8T=D P3T 1
4 . D joga, "Pat".
Sucede o m esmo com a
promoção do PR . Mas, neste
final, há uma surpresa :
1. P6R! R3T
2. P7R R4T
DIAGRAMA 169
As Brancas jogam e ganham. 3. P8R=C! P3T
4 . C6D! PxC
5 . PxP e ganham .
Eis um bom exemplo do valor relativo das peças . O Cavalo,
peça de valor muito inferior ao da Dama, permitiu ganhar o
final.
A Dama daria apenas empate

1. P4B! PxPe.p.
2. R3R R4C
3. P4T!! RxP
4. P4C! PxP
5. R3D 1
O unico lance qu e ganha.
Se 5 . P5T, P6C; 6 . R3D, P7C;
7. R2B, R6B; 8 . P6T, R7R;
9. P7T, P8C=D+; 10. RxD,
DIAGRAMA 170 R8D; e ambos os lados fazem
As Brancas jogam e ganham. Dama .
5 .... P4T
Esta posição ocorreu na 6 . P5T PST
partida, por correspond ência, 7 . P6T P6T
Berger x Bauer, 1889-1891 . 8. P7T P7T
O ganho é possível, sacrifi- 9 . P8T=D
cando Peões para for çar a pro- Seguido de DlTR, ganhan-
moção a Dama. do.

152
-='--------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------'""'--

tas, tendo o lance, perdem no-


vamente, pois se ... , R2D per-
mite às Brancas a entrada R4B
e R5C, e se ... R3C, outra vez
o Rei branco penetra via 5CR.
As Brancas, tendo o lance,
conseguem esta última posição
e daí o ganho.
1. RlC! R2C
2. RlB R2B
DIAGRAMA 171
Autores: Lasker e Reichhelm, 1901 . 3. RIO R2D
As Brancas jogam e ganham. 4.R2B RIO
As Precas jogam e empa1;1m .
5. R3B R2B
Peões bloqueados. As Bran- 6. R3D
cas só poderão ganhar se con- E as Pretas perdem, porque
seguirem invadir as casas SCD não podem jogar nem R2D nem
e SCR. Vejamos a continuação R3C.
seguinte: 1. R2C, R2C; 2. R3B, Jogando as Pretas haverá
R2B; 3. R4B, R3C; 4 . R3D, empate.
R2B; 5. R3R, R2D; 6. R3B, 1.... R2C!
R2R; 7. R3C, R3B; 8. R4~ As Pretas devem manter seu
R3C; e as Brancas não podem Rei na coluna \izinha à do Rei
ganhar. branco e separado deste por um
Analisando-se esta continu- número ímpar de casas ( 1-3 -5),
ação, veremos que : isto é, mantendo uma espécie
a) O Rei preto não se deve- de oposição distante.
rá afastar do Rei branco mais 2.RlC R2T!
que uma coluna. Exemplo: se o 3.R2C RlT!
Rei branco estiver na coluna do Se 3. R 18, segue3 .... , R2C 1
Rei, o Rei preto deverá estar, Se3. R2B,segue3 . .. . , Rl C!;
pelo menos, na coluna da Dama . e as Pretas empatam sempre,
b) Com o Rei branco em pois conseguem manter a opo-
4BD e o Rei preto em 3CD, as sição distante.
Pretas, tendo o lance, perdem, 4.R3C R2T
pois ... , R3T, que é forçado, 5. R3B R2C
permite ao Rei branco entrada 6.R3D R2B
na ala do Rei, via SCR . O Rei preto está na coluna
c) Com o Rei branco cm 30 vizinha à do Rei branco e se-
e o Rei preto em 28D, as Pre- parado deste por um número

153
L'1_ _ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO -----------'L'.=--
-··

Ímpar de casas (3), o que per- O Peão bloqueador foi ata-


mite o empate. Na posição do cado duas vezes.
diagrama 171, em que as Bran- 3.R3R PTxP
cas tinham o lance, neste mo- 4. PxP PxP
mento cumpetia às Pretas jo- 5. R2D R2B
garem. Agora são as Brancas. 6.R2B R3B
7.R3R R2D 7.R2C R4B
8.R3B R2R 8. R3C R5D
9.R3C R2B E as Pretas ganham.
10.R3T R2C
E não 10 .... , R3C; por
11. R4T!, e as Brancas ganham.
11. R4T R3C
Empate.
Este final requer estudo
atento para ser bem entendido.

DIAGRAMA 173
As Pretas jogam e ganham.

Ocorreu esta posição na


partida Teichman x Blackburne,
que foi considerada empatada.
Vejamos a análise que Fine
faz cm seu li,To Basic chess
D IAG RA,'v!A 172 endings.
As Pretas jogam e ganham .
-- "Cedo ou tarde as Pretas
Muitas vezes o Peão blo- devem jogar ... P5T, onde re-
queador (P4CD branco) deve sidem as esperanças da \itória.
ser atacado por mais de um As Brancas não poderão jogar
Peão, permitindo-se, desta ma- PxP, pois as Pretas retomariam
neira, a formação de um Peão com o PC, ficando com um
passado. Peão passado e final ganho.
Vejamos esse exemplo: A resposta das Brancas ao
1. . . . P4B 1 avanço ... , P5T deve ser R3T
2.R2B P4T! e, após 1. ... , P5T; 2. R3T, PxP;

154
-""'' - - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - ---""'"'--

3. RxP, as Pretas devem perder R6C; 12. P4B, P6B; e o Peão


wn tempo, jogando 3 .... , P4B, preto faz Dama com xeque.
para forçar a entrada do Rei 8. .. . R6C
preto via SBR. Segue-se 4. R2C, 9.R3R R6T!!
RSB; 5. R2B e, as Brancas, ten- Preparando-se para obter a
do a oposição, empatam a par- oposição diagonal.
tida. 10.R4R R7C
As Pretas precisam de uma 11. R3R RSB
manobra que evite o avanço de 12 . R4R R7B
seu PBD; conseguirão isto jo- 13. RSB RxP
gando ... , R4BR, como res- 14 . RxP R6R
posta ao lance das Brancas RxP; E as Pretas ganham.
e, para isso, o Rei preto deve
então retroceder uma casa .
As Pretas ganham da se
guinte maneira:
1.... R3B!
2. R3T R3C
As Pretas vão realizar a
triangulação 3BR-3CR-4BR.
Com isto perderão wn tempo.
3. R2T
Se 3. P4C, PST; e se 3. P4B,
PxP; 4. PxP, R48.
3. .. . PST DIAGRAMA 174
4 . R3T PxP As Brancas ganham com
ou sem o lance.
5. RxP
Se 5 . R2C, R3B; 6 . R3T,
R4R!; 7 . RxP, R4B!; como na Repete-se, aqui, a manobra
continuação que se segue. do diagrama 170: sacrifícios de
5 . ... R4B Peões para st" conseguir um
6 . R2C RSB Peão passado.
7.R 2B P4B! l. ... R3B
E, agora , as Pretas têm a 2.R4C R3D
oposição e, por conseguinte, o 3. R4B R3B
final vitorioso. 4. P4B ! !
8.R2R Primeiro sacrifício de Peão.
Ou8.R2C,R6R;9.R3C, 4 .... PxP
R6D; 10. R4C, RxP ; 11. RxP, 5. PSR! PxP

155 f-s"'
XADREZ BÁSICO
-='---------- - - - - - - - - --''""'-

6. PSC! P6B 5 .... P6T


7 . R3D e ganham. 6. R2B!
Sutileza importante, Se
6. R3B?, PSC+; e novamente
as Pretas encontram salvação.
6 ... . PSC
7. PxP P6C+
8. RlC!
Outra vez o correto . Se
8 . R3B?, P7T; 9. R2C, P6B+;
10 . RIT, P7B; 11. PSC=D,
P8B=D mate,
8 .... P7T+
9. RlT! P6B
DlAGRAMA 175 10 . ·psC=D e ganham.
As Brancas jogam e ganham .

Posição da partida Stahlberg


xTartakower, Budapeste, 1934.
O ganho só é possível crian -
do um Peão passado na ala do
Rei, mediante o avanço do PT.
1. P4T! P4T
Se 1. ... , R4B; 2. P5T, R4C ;
3. PSD, R3B; 4 . P6D, R3R ;
5. P6T, e ganham.
2. PST PST
3. R2D!
Nos finais de Peões é mis- DIAGRAMA 176
As Brancas jogam e ganham.
ter, muitas vezes, ser discre-
to e , principalmente, não ter Posição da partida Lasker x
pressa. Aliados, Moscou, 1899.
3.. ' P4C Havendo mais de três Peões
4 . PSD+ R2D de cada lado, o Peão passado ga-
As Pretas não podem cap- nha sempre.
turar o Peão, devido ao avanço Este é um caso típico.
do PTR das Brancas . 1.P4TR! P4T
5. P6T 2.P4C PST
Se 5. R3B, P6T; 6.P6T, PSC+; e 3. R2B P6T
as Pretas se põem a salvo. 4.R3R R3R

156
--"""'L------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _- - J ~

5 . R4R R3B O PR recebeu defesa e ago-


6 . P4B P3C ra os dois Peões passados são
7 . P3B R3R poderosos.
8. PST PxP 2.... R3D
9. PxP R3B 3. R3R PSC
!0. P6T R3C 4 . RxP PST
11. RxP e ganham . S. R4D R2R
6. R4B P6C
7. PxP P6T
8. R3B P4B
9.PxP PSC
Aparentemente as Pretas
irão a Dama em primeiro lugar.
Mas,
10.P4C P4T
11. PSC P7T
12. R2C 8T=D+
13. RxD PST
14.P6C P6C
Em análise ligeira, as Pretas
DIAGRAMA 177
As Brancas jogam e ganham. estão bem: seu Rei bloqueia os
Peões avançados brancos e
Posição da partida Pillsbury ameaçam fazer Dama com
x Gunsberg. Hastings, 1895. xeque. Mas, inicia-se nova série
É este um dos mais lindos de lances magistrais.
finais de Peões que se conhe- 15. P6D+ RxP
cem. Ou 15 .... , R3B; 16. P7D,
Há igualdade material. As R2R; 17. P7C, P7C; 18 . PSD
Pretas ameaçam passar um =D+, RxD; 19. P8C=D+, e
Peão na ala da Dama. O Peão ganham.
passado das Brancas de 6R 16. P7C R2B
parece perdido. 17. P7R P7C
1. P4R! PxP 18. PSC=D+ RxD
2. PSD+ 19. PSR=D+ e ganham.

IV - FIXAIS DE TORRES E PEÕES

A maioria das partidas que conseguem atravessar a etapa do


meio jogo resolve-se em finais de Torres e Peões; e Torres e Peões

157
-""""--------------- XADREZ BÁSICO
------------=-

abrangem, com efeito, mais de 60% dos finais, que se apresentam


na prática. A razão por que isso acontece é evidente : as Torres são
as peças que entram em combate, relativamente, mais tarde.
Além de freqüentes, são finais complexos e difíceis, mesmo
para os grandes mestres; segundo Alekhine, "em nossos tempos
não existe nenhum jogador de finais de Torres que possa ser
considerado perfeito, nem mesmo os campeões mW1diais" . Da
mesma opinião é Capablanca, quando diz que - "apesar da
freqüência desses finais de partida, poucos jogadores os conhecem
a fundo, porque esses finais são, geralmente, de natureza muito
difícil".
Inumeráveis são os finai s teoricamente ganhos e outros
empatados; numerosas as regras e numerosas são, igualme nte, as
exceções no resultado dos finais de Torres e Peões. A gama de
recursos de quem ataca e a de quem se defende é muito cWatada,
incomensurável até, havendo, por conseguinte, um grande número
de posições nas quais não basta um Peão de vantagem para vencer
e, em muitos outros casos, nem dois Peões de vantagem conseguem
o triunfo.
Daí Tarrasch, o grande estudioso e técnico desses finais,
declarar que -"os finais de Torres não ganham jamais" - citação
que longe de parecer exagerada, bem acentua os recursos de que
dispõe a defesa nessa classe de finais .

1. Torre r Peão X Torre

Nestes finais há uma regra muito prática, que, embora não


seja de aplicação absoluta, em virtude de haver numerosas
exceções, é, contudo, de grande auxílio para a maioria dos casos.
Regra geral :
Se o Rei preto (convenciona1mentc> o lado mais fraco) puder
alcançar a casa de promoção do Peão branco, a partida estará
empatada; em caso contrário, a partida estará perdida.

11 CASO : O Rei preto está na casa de promoção do Peão Branco

Na maioria dos casos há empate, que pode ser demonstrado


pela clássica posição de Philidor, apresentada em I 777, chave de
todos estes finais .

158
~~------
Dr. Orfeu Gilberto D'f'J;
,1. -'ostini
------~

A manobra de empate, descrita pelo genial mestre francês


Philidor, pode ser assim enunciada: Quando o Rei preto se en-
contra na casa de promoção do Peão branco, empata-se o final,
mantendo-se a Torre preta na 3' horizontal, à espera de que seja o
Peão branco e não o Rei, quem chegue primeiro à 6•' casa da colu-
na em que se enconti-a o Peão. Tão logo o Peão branco chegue à
6' horizontal, e só então, a Torre preta de,,.e dirigir-se à 8 • hori-
zontal, para dar xeques ao Rei branco, até que este abandone o
apóio ao seu Peão, em cujo caso, com toda evidência, o jogo está
empatado.

6.T8T+ ,R2B; 7. R7B, e ganham.


5. R6B
Ameaçando 6. T8T mate.
5. ... T8B+
6. RSR T8R+
7. R6D T80+
Empate.
Conservando-se o Rei bran-
co junto ao seu Peão, haYerá
empate por xeque perpétuo.
DIAGRAMA 178 - Empate.
Afastar-se dele não é possível
por perder o Peão. Assim: 8.
Vejamos uma continuação RSR, T8R+; 9. R5D,T8D+;
possível a partir do diagrama 10. R4R, T8R +; 11. RSB; etc.
178. Por que a Torre preta deve
1. PSR T3TD! esperar o avanço do Peão na 6'
2.T7BD T3CD! casa, para, em seguida, dirigir -se
A Torre preta deve perma- à 8•' horizontal? Simplesmente
necer na 3' horizontal até ache- porque a casa ocupada pelo
gada do Peão à 6• casa. Peão (6R no exemplo de Phi-
3.T7TD T3BD! lidor) é exatamente a casa de
4. P6R T8B! que necessita o Rei branco para
Agora sim: tão logo o Peão escapar aos xeques da Torre .ini-
atinge a 6'' casa, a Torre deve miga .
dirigir-se à 8° horizontal. Seria
um erro 4 .... T3C?;por 5. R6B,
R 1D (se 5 . ... ,Tl C; 6.T7TR!);

159
~--- - - - - - ~ XADREZ BÁSICO
- - - - - - - - ----=-

É ABSOLUTAMENTE PRECISA A PRESENÇA


DA TORRE DEFENSIVA NA 3'' HORIZONTAL
ATÉ O AVANÇO DO PEÃO NA 6• CASA?

Durante mais de um século prevaleceram, de fato, as idéias de


Philidor, que consideravam imprescindível, para a obtenção do
empate, a permanência da Torre defensiva na 3• horizontal, até o
avanço do Peão na 6'' casa.
Em 1897, entretanto, o analista Karstedt demonstrou o con -
trário.
Vejamos as conseqüências de um jogo incorreto do lado
Philidor (diagrama 178).
1. PSR T8C
Erro decisivo, segundo Philidor, que deve dar vitória às
Brancas.
Karstedt provou, no entanto, que mesmo esse lance empata,
não obstante o final seja mais difícil.
2.R6B T8B+
Se 2 .... ,T3C+; 3. P6R e ganham.
3. R6R RIB!
Fugindo ao mate e dirigindo-se para o lado exato. O Rei preto
deve deixar a ala da Dama livTe para sua Torre a fim de que esta
possa dar xeques horizontais ao Rei branco.
4.T8T+ R2C
5.T8R
Dando proteção ao Peão, assim que o Rei dele se afaste.
5. ... TSTD!
O correto e chave da manobra iniciada com 1 . . .. , T8C. O
lance 5 .... , T8TD! garante o empate, pois as Brancas não podem
e\itar os xeques de flanco.
Compreende-se, agora, por que o Rei preto realizou o exato,
quando jogou 3 . .. . , RI B! . Se, em vez desse, jogasse 3 . ... , R 1D?;
sua presença em 2BD (4 ... . , R2B) impediria os xeques de flanco
da Torre preta .
A manobra de Philidor é, sem dúvida, ma.is simples, porquan-
to permite o empate sem nenhuma dificuldade . A manobra de
Karstedt, ao contrário, exige lances precisos e o menor erro con-
duz a mau resultado.

160
~ ' - - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~lus~

Vejamos a continuação seguinte, partindo da posição de Phi-


lidor, a partir do diagrama 178 : 1. P;R . T8C; 2. R6B!, T8B+;
3. R6R, R 1B!!; 4. T8T+!, R2C; 5. T8R, T8R? (erro fatal; vimos
já que o correto é 5 .... ,T8TD!); 6. R7D, R2B (se 6 .... ,T8D+;
7 . R7R); 7 . P6R+, R2C; 8. R7R, T7R; 9. T8D, T8R; 10. T2D,
T6R; 11.T2C+, R2T; 12. R7B,T6B+; 13. R8R,T6R; 14. P7R,
T6D; l 5 . T4C! (lance fundamental para o ganho), T7D; 16. R7B!,
T7B+; 17. R6R, T7R+; 18 . R6D, T7D+; 19. RSR, T7R+;
20. T4R! e as Brancas ganham. Torna-se, assim, bastante clara a
razão do lance 15 . T4C! .

Neste final (diagrama 179 J, a Torre preta não mais ,·igia a 3'
horizontal, nem tem a coluna TD à sua disp osição, ocupada que
está pela Torre branca.
Estes dois fatores levaram a considerar, por muito tempo, o
final perdido para as Pretas.
As Pretas, tendo o lance, com 1 .... , T3C conseguem facil-
1

mente o empate, conservando aTorre na 3• horizontal, até o avanço


de Peão branco na 6' casa (manobra de Philidor).
O teórico Berger opinava que as Brancas ganhariam, se lhes
correspondesse jogar, baseado na continuação seguinte :
1. R6B
Mau seria 1. R6R?, por 1.. .. ,
T3C+, atingindo a posição de em-
pate conhecida.
1. ... T8B+?
Veremos que este é o erro de
Berger.
2.R6R R1 B
3.T8T+ R2C
4.R7R T2B +
5. R6D T 2C
6.P6R T3 C+
DIAGRAMA 179 - Empare.
7.R7D LC +
8. R6B e as Branca~ ganham .
Este final estaria empa tado _ a Torre preta estiYess e dis-
tanciada tr és e !una< do P ão br anco ; por exemplo, se estives-
se na coluna T O e a Tom,· branca na coluna CD.

161
~- , . _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - "2'-

MA'.\!OBRA DE CHÉRON

O teórico Chéron refutou, porém, as análises de Berger, des-


cobrindo, na posição do diagrama 179, uma manobra de empate.
1. R6B T8R!!
Esta é a sutil jogada, que garante o empate, em vez de 1.... ,
TSB+?, que perde.
2. R6R RJB
3. TST+ R2C
4. R6D!
Se 4. TSR, haveria empate com 4 . . . . , T8TD!, colocando a
Torre em situação que deixa três colunas livres entre ela e o Peão
inimigo, segredo tático fundamental.
4. .. . R2B
Empate.
Estes dois finais (ode Philidor e o de Berger) têm grande im-
portância em virtude de a maioria dos finais de Torres e Peões se
resumir nwn daqueles que já foram por nós estudados.

POSIÇÃO IDEAL DA TORRE DEFE'.'\SI\ ..-\.


PRINCÍPIO DAS TRÊS COLUNAS LIVRES E:\TRE
A TORRE DEFENSJVA E O PE.ÃO 11':l:\lfG O

Vimos, na posição de Philidor (diagrama 178 ), que ,1 Tom:- da


defesa atinge seu máximo de eficiência, dando xeques ao Rei Bran -
co que se mantém junto ao Peão, quando situaria na '• horizom -1
e distanciada quatro casas do Peão; vimos também que o Rei brané""o
não se pode afastar do Peão, em direção à Torre preta . porq e
perderia esse Peão. Esses xeques de Torre são igu alrnrn l" c:-fi ien -
tes mesmo realizados pelos flancos, ao longo das horizom i<. ma,
situando-se a Torre a wna distância do Peão inimigo de . p,·lo me -
nos, três casas .
Chéron, que foi um grande estudioso dos finais de Torre; . >in-
tetizou o princípio relativo a esses finais da seguinte maneira ·
A Torre da defesa exerce o máximo de resistencia s sua po.,i-
ção é tal que deixa três colunas livres entre ela e o Peão inimi~o-
A posse desse espaço intermediário constitui a posição corrc' tà da
Torre defensfra.

162
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni _ _ _ _ _ _bê,:<,~

Nas análises anteriores ja tivemos a oportunidade de ver a


aplicação desse princípio. Os diagramas segufotes são altamente
instrutivos a esse respeito.

DIAGRAMA 181
Empate. As Brancas ganham.

Ambos os diagramas diferem apenas na colocação do Rei pre-


to, que no primeiro esta na ala da Dama e no segundo, na ala do
Rei. Apenas essa diferença permite o empate ou a vitória das Bran-
cas. No diagrama 180, a Torre preta dando xeques ao Rei branco,
na coluna TR, distanciada três casas do Peão branco garante o
empate. No diagrama 181, os xeques se realizando na coluna TO,
a uma distância de apenas duas casas do Peão branco, a YitÓria
pertence às Brancas.
Vejamos os dois casos .

DIAGRAMA 180

1. ... T8TR! 3 .... TlT!


Procurando os xeques pelo Facilitando o empate, ao
flanco, para afastar o Rei bran- e,itar a ameaça RSD+ desco-
co da defesa do Peão. berto.
2.TSR T2T+ 4.T7B R3C
A Torre defensiva está em Com a Torre branca na sé-
sua melhor posição, afastada tima horizontal as Pretas devem
três casas do Peão inimigo. jogar seu Rei a 2C-3C e ,icC'-
3. T7R versa.
Se 3. RSD, R3B!, ganhan- 5.R7R R3B
do o Peão. 6. T7CR

163
XADREZ BÁSICO
-'=''-------------- - - - - - - - - ---=--

Se 6 . P7D, R2B; 7. T7C, 7 . R6R+ desc. RlB


TID!; 8. R6R, TlTR!; empa- Empate.
te por repetição de lances. As Brancas não podem ganhar.
6. . .. R2C

DIAGRAMA 181

A Torre da defesa não atin- re defensiva, que não se encon-


ge, nesta posição, sua posição tra em sua melhor posição, isto
ideal. é, distanciada três colunas lines
1. ... TSTD do Peão irúmigo.
2.T8BD T2T+ 8. ... TID
3. T7B TIT 9. R7B T2D+
Repete-se a manobra ante- 10 . R6B T2TD
rior, mas aqui será insuficiente. 11. T1R+ R2B
4. T7C R3B 12. P7D TIT
5. TlC T2T+ 13. R7C!
6. R8B R3R Possível, por não se achar a
7. TID TIT+ Torre preta em sua melhor po-
8. R7C! sição.
Esse importante ganho de 13. ... TlD
tempo, ao atacar a Torre preta, 14. R7B e ganham.
decorre da má posição da Tor-

Exceções.
Posições em que as brancas ganham,
Conservando-se o Rei preto na
casa de promoção do Peão i.nim.igo

Há três casos em que as Pretas perdem o final, muito embora


seu Rei tenha atingido a casa de promoção do Peão inimigo. Tal se
dá:

1 - Quando a Torre preta fica imobilizada .


2 -~ Quando o Rei preto permite sua expulsão da casa de pro-
moção do Peão.
3 - Quando o Rei preto se dirige para o lado incorreto.

164
-,"ill~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ ~

A) Torre defensiva imobilizada

recurso salvador de dar xe -


ques, por trás, ao Rei branco.
Daí a vitória das Brancas.
!. ... TIB
Se 1. ... , RlC; 2. T2C+ ,
RlB; 3. P7R+, RIR ; 4 . T8C+ ,
R2D; 5. TxT, ganhando.
2.T2T R lC
3.T2C+ RlT
DIAGRAMA 182 Ou 3 . ... , RIB ; 4 . P7R+,
As Brancas ganham. Ganham etc.
também com o PD e o PB. mas
empatam com o PC e o PT. 4.R7B T2B+
5. P7R ganhando.
A idéia da Torre defensiva, O mesmo sucede quando o
no diagrama 178 (posição de Peão é o PD, ou o PB; em se
Philidor), era não permitir que tratando, porém, de PC ou PT
o Rei branco alcançasse a sexta há empate, mesmo com a Tor-
casa sem ser molestado, razão re defensh·a na primeira hori-
por que a Torre preta dispunha zontal, pois deixa de existir a
de mobilidade atacando o Rei ameaça de mate com a Torre
por trás, na oitava horizontal. branca.
Compreende-se, agora, Exemplo: Diagrama 182
porque a posição da Torre de- Brancas: R6TR, T2TD e
fensiva, no diagrama 182, se P6CR
mostra a mais desfavorável Pretas: RlCR eTICD
possível, porquanto deve per- Jogam as Brancas : 1. T7T,
manecer imobilizada, na pri- TlBD; 2. T7C+ , RlT ; 3.
meira horizontal, a fim de im- T7T+, RIC; 4 . T7T, TlC; 5 .
pedir mate ao seu Rei, sem o P7C, T3C+; empate.

B) O Rei preto permite sua expulsão da casa de promoção do


Peão inimigo.

O lado que se defende deve evitar o afastamento de seu Rei da


casa de promoção do Peão inimigo. O diagrama 183 ilustra o que
pode acontecer.

165
-"""'------------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - - =t, -

2.T8T+ R2C
3. R7D T8CR
4.P6D T2C+
5. R6R T3C+
6.R7R T2C+
Ou 6 .... , R3B ; 7. T8B+,
R2C; 8. P7D etc.
7. R6B! T2D
8. R6R T2C
DIAGRAMA 183 9. P7D e ganham.
As Pretas jogam e perdem. Estando a Torre preta cm
As Pretas empatam com sua Torre em
qualquer casa da 8' horizontal, com 8D, no diagrama 183 : 1. ... ,
exceção de 8R. RIB; 2. T8T+, R2C; e empa-
1. ... RIB te. Estando a Torre preta em
Ou 1.... , RIR; 2. T8T+, 8TD, 8CD, 8BR ou 8CR, um
R2B; 3. R7D, T8TD; 4. P6D, xeque na 3• horizontal transpõe
T2T+; 5. R6B, T3T+; 6. R7B, a posição para a do diagrama
T2T+; 7. R6C!, T2D; 8. R6B 178 em que há empate.
e ganham.

C) O Rei preto dirige-se para o lado incorreto

É freqüente este caso com


o PB (diagrama 184).
l. R6C T8BD!
É o Único lance que garante
o empate.
Se 1. ... , T3C+?; 2. P6B, e
ganham.
Se 1. ... , T8C+?; 2. R6B,
RlD; 3. T8T+, R2R; 4. R7B,
ganhando também. DIAGRAMA 184
As Brancas jogam. Empate.
2. R6B
Ou 2. TST+, R2D; 3. perdido. O lado certo é justa-
P6B+, TxP+. mente esse ( 1C) e a razão é cla-
2. ... RIC!! ra, pois é preciso deixar a ala
Ponto crucial. Se o Rei pre- do Rei livre para a Torre preta
to se dirigir a 1D o final estará dar xeques ao Rei branco.

166
-='---------- Dr. Orfeu Gilberto D',¼'ostini ----------"""'-

Vejamos como se perde com ... , Rl D 1 : 2 .... , Rl D?; 3.T8T+,


R2R; 4. T8BD, T8D; 5. R7C, T8C+; 6 . R7B, T8BD; 7. P6B,
T8TD; 8. T8TR, T8BD; 9. T2T, T8D; 10. T2D+, R2B; 11. R8B,
T8BD; l 2. P7B, e ganham como será explicado no diagrama se-
guinte .

2Q CASO: O Rei preto está afastado da casa de promoção do Peão


Branco

Consideramos, nestes casos, a Torre branca situada numa co-


luna entre seu Peão e o Rei preto, que fica assim impedido de
bloquear o Peão branco (diagrama 185) .
Geralmente se ganha o fmal, embora haja numerosas exceções,
como veremos logo mais .
.-\ posição de Lucena é acha-
Posição de Lucena ve de todos esses finais . Foi esse
Século XV
autor espanhol, que, em fins do
século XV, descreveu a manobra de
ganho nessas posições. A manobra
foi também estudada e dirnlgada
por Philidor, mas sua prioridade
pertence, sem dúúda, ao filho de
Espanha.
Ganha-se da seguinte manei-
ra (diagrama 185):
1. .. . T6T
DIAGRAMA 185 2. T4B!!
As Brancas ganham. Ganham Situando a Torre na 4• hori-
também em todas as posições
análogas, com exceção do PT. zontal, o que é básico e fundamen-
tal para o procedimento ganhador.
A finalidade é interpor a Tor-
re a xeques inimigos, como veremos logo mais.
2. . .. T8T
3. T4R+ R2D
4 . R7B T8B+
A única esperança das Pretas é dar xeques, impedindo o avan-
ço do Peão.
5. R6C T8C+
6 . R6B T8B+

167
-='----------- XADREZ BÁSICO ------------=-

Se 6 . .. . , T7C; 7.TSR, seguido de 8 . TSCR, ganhando. lneficaz


seria, também, 6 . ... , R3D ; por 7 .T4D+, R3B ; 8 . T8D,T8B+ ; 9 .
RSR,TSR+ ; 10. R4B,T8B+; 11 . R3R,T8R+ ; 12. R2B,ganhando
igualmente .
7 . RSC T8C+
8.T4C! e ganham .
A importância da Torre branca apoderar-se da 4' horizontal,
torna-se, agora, clara e compreensível.
Outras tentativas das Pretas falham do mesmo modo, como:

a) a retirada de sua Torre da colunaTR: 1.... , T7R; 2. TlTR!,


seguido de RST, promovendo o Peão;
b) movendo seu Rei a 2R e 3B: 1 .... , R2R; 2. TI R +, R3B (se 3 .
... , R3D; 4. T4R, como na variante principal); 3. R8B! e o Peão
vai a Dama.
Tratando-se do PT não haverá essa manobra de ganho descrita
por Lucena, visto ficar o Rei branco bloqueado, como veremos
adiante.

Como Atingir a Posição de Lucena

Já vimos que, conseguida a posição de Lucena, o ganho é fácil,


e, conseqüentemente, o remate do problema do final de Torre e
Peão xTorre. Mas, a solução desse problema, em ,irtude das inú-
meras posições que se manifestam, é difícil e complexa, por isso
surgem regras e exceções a cada passo.
De um modo geral, se o Peão branco estiver na S' horizontal e
o Rei preto afastado da casa de promoção, as Brancas ganharão
sempre; mas, se o Peão branco estiver na 4• horizontal, as Brancas
vencerão unicamente se o Rei preto estiver afastado do Peão branco
pelo menos três colunas.
Há, no entanto, numerosos casos em que as Brancas ganham
mesmo com o Rei preto mais perto. Tal ocorre, porém, quando o
Rei preto está a uma distância de duas ou mais horizontais do Peão
branco.

168
...r,,oc___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------'"""--

A) Peão na 5' horizontal

REGRA: Se o Peão estiver na S·' horizontal, com seu Rei per-


to, e o Rei preto afastado da casa de promoção, as Brancas ganham
(diagrama 186).

do tabuleiro, as Brancas ganham


somente se o Rei preto se en -
contrar afastado pelo menos
duas colunas do Peão. É o caso
do diagrama seguinte.

DIAGRAMA 186
As Brancas ganham .

Obtém-se o ganho da ma-


neira seguinte:
1. R5T TIT+
Se 1. .. . , R2D; 2. P6C .
2. R6C TlC+ DIAGRAMA 187
As Brancas jogam e ganham.
3. R6T TlT+ As Pretas jogam e empatam.
Se 3. R2D; 4 . P6C,
TlTR; 5. P7C, seguido de Jogando as Brancas, o ftnal
6. R7T, ganhando. se decide com:
4.R7C T7T !. T2C! TIR
5. P6C T7CD 2.R5B TlB+
6.R7T T7T+ 3. R6R
7.R8C T7CD E as Brancas ganham como
8. P7C no exemplo anterior (diagrama
Atingindo a posição de Lu- J 86) .
cena (diagrama 185) . Jogando as Pretas há empa-
te com :
1. . . ' R2C!!
2. T2BR T5T+
Em se tratando de PR ou PB, 3. R5 D T4T+
estando o Rei preto na margem 4 . R6D T3T+

169
~ ~ - - - - - - - XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~

5.R7R T2T+ escapar aos xeques perpétuos,


6.R6R T3T+ a menos que jogue sua Torre
7.RSB R2B para a ala da Dama, quando
Empate. então o Rei preto alcança a casa
E a razão do empate é sim- de promoção.
ples : o Rei branco não pode

B) Peão na 3ª ou na 4° horizontal

REGRA: Se o Peão estiver na 3• ou na 4' horizontal, com seu


Rei perto, as Brancas podem sempre forçar um ganho somente se
o Rei preto estiver afastado a uma distância de três colunas do
Peão (PC) ou duas colunas do Peão (PB ou PD ou PR).
O Peão está na 4ª horizontal.

ganham (diagrama 186) .


2.R4B TlB+
3.RSD TICD
Ou 3 .... , T1D+ ; 4 . R6B,
TlB+; 5. R7C etc.
4.TICD R3B
5.PSC R2R
6. R6B! R1D
7. P6C RlB
DIAGRAMA 188 8. Tl TR e ganham.
As Brrtncas jogam e ganham. Jogam as Pretas:
As Pretas jogam e empatam.
1.... R3R!
Ganha-se o final, manten- 2.T4D R4R!
do-se o Rei prrto afastado três 3.T7D
colunas do Peão, pois se trata Se 3.T4BD, R4D.
de PC. 3. ... R3R!
Jogam as Brancas: 4.T4D
I.TIR! R4B Se 4. T7B, R3D.
Ou 1 .... , R2B; 2. TSR!, 4.... R4R
R3B; 3.TSBD, R3R; 4. PSC, 5.R3B TlTR
R2D;S. R4C,TIB;6. P6C! e 6. PSC

170
..it:~------ Dr. Orfeu Gilberto D'.Ag·ostini ------~tu,.

Ou 6.T7D, R3R!; 7.TTTD, A Torre preta deve atacar


R4D. sempre o Peão, desde que es-
6.. .. TICD teja sem defesa .
7.T4TR R30! 6.TIO R2B
8. R4C R2B 7 . R7B!!
E obtém -se o empate como A chave da útória. Se 7. PSD?,
no diagrama 178 (posição de RIR; 8. R7B,T2D+ apenas em-
Philidor) . pata.
É essencial para a defesa que 7 ... . T4D
o Rei preto possa atacar a Tor- 8.R6B TIO
re branca, uma vez que esta 9. PSD TlTD
ameace permitir o avanço do Se 9 .... , R 1R; 10.T1 R+ etc.
Peão ou livrar o Rei . 10.TIR T3T+
11 . RSC T7T
12 . P6D
As Brancas ganham, como
no diagrama 186.
O ganho neste final foi pos-
sível porque se esgotaram cedo
os xeques da Torre preta. Quan-
do o Rei preto estiver na colu-
na TO, que permite maior mo-
DIAGRAMA 189
bilidade da Torre da defesa, o
As Brancas ganham. Empate final é um empate .
com o Rei preto em 4TD.
Vejamos a posição seguinte
O Peão está na 4' horizon- (Diagrama 189A) .
tal, mas se trata de PR. O ga- Brancas : R3D,T1 CD e P4D.
nho é possh·cl estando o Rei Pretas: R4TD eTl D.
preto a uma distância de duas As Pretas conseguem em-
colunas do Peão branco , como pate pela ameaça de xeque
no diagrama acima . perpétuo.
A solução é: 1. ... RST 11
1. ... R3C E não 1 ... . , R3T?; por
2. R4B TIB+ 2. R4R,TI R+; 3. RSD,TID+;4.
3. RSC TIO R6B! . Ganho de tempo mag-
4. RSB TJB+ nífico; as pretas não podem
5. R6C TIO capturar o Peão, por causa do

171
-""'"-------------- XADREZ BÁSICO ----------"'="--

mate. Percebe-se, agora, porque De acordo com a regra ge-


1.... , R3T? foi um erro. Mas ral, as Brancas só poderiam ga-
continuemos: 4 . ... , R2T; 5. nhar o final, se estivesse o Rei
PSD e as Brancas ganham co- preto a duas colunas do Peão
mo no diagrama 187. (PR). No diagrama acima, o
2.R4R TlR+ Rei preto está a uma coluna
3.RSB TlD apenas.
4.RSR T!R+ Deve, pois, empatar.
5. R6B TlD 1. ... TlT
6.TlD R4C Esta colocação da Torre é
7.R7R TlTR! ineficaz contra Peões avançados
8. PSD T2T+ (5' horizontal em diante); po-
9. R8D T!T+ rém, quando o Peão estiYer na
10 . R7D T2T+ 4ª horizontal ou mais atrás, o
11. R6R T3T+ procedimento hábil para empa-
12. RSR T4T+ tar seria dar xeques frontais,
13.R4B R3C! desde que a Torre não possa
14. P6D TJT cobri-los. São débeis, contudo,
Empate como no diagrama esses xeques frontais com a Tor-
187. A distância entre o Rei re se o Rei estiver mais adian-
branco e a torre preta ( duas tado, porque ele conseguirá
casas na ala da Dama, três na desalojar a Torre, sem o perigo
ala do Rei) foi a razão desses de perder o Peão.
diferentes resultados. 2. R6D
Se 2. T7B, TST+; 3. R6B,
R5B etc.
2. ... RSC
E não 2 .... ,TI D+?, por 3.
R 7R! e nem 2. Tl R?, por 3.
PSR.
3. PSR R4C
4.P6R R3C
Como se observa, o segre-
do do empate é não perder, em
nenhum momento, a posse,
com o Rei, da mesma horizon-
DIAGRAMA 190
tal em que o Peão rival se situa,
As Pretas jogam e empatam. sempre que separado dele por

172
~~~------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni ------------'""'-

uma coluna; nos demais casos, 4. R5 B, atacando aTorre e ame-


porém, o Peão ganha. açando mate.
5. P7R T3T+ Se b) 2.. .. , R5T; 3. P7R!!,
E empate por xeque per- TlT; 4. R4B, R6T; 5. R5B, se-
pétuo, por estar a Torre preta guido de R6B, ganhando:
distanciada três colunas do Peão 3. P7R!! TlT
inimigo. 4.R4B TlR
5. R5B TxP
6. R6B
As Brancas ganham a Torre
pela ameaça de mate.

DIAGRAMA 191
As Brancas jogam e ganham.

Quando o Rei preto estiver


DIAGRAMA 192
duas colunas afastadas do Peão, As Brancas jogam e ganham.
mas, situado em casa marginal
do tabuleiro e em horizontal vi- Peão na 3ª ganha, mantendo
zinha a do Peão. (diagrama o Rei preto afastado três colu-
191 ), há um procedimento cu- nas do Peão (diagrama 192, -
rioso para ganhar: Grigorieff, 19 37).
1.P5R T5T! 1.T4R!!
Impedindo a passagem do Ganhando um tempo para
Rei, mas .. . proteger, mais tarde, o Peão na
2. P6R! 4ª horizontal.
Este é o segredo da vitória 1.. .. R4B
Especula ameaça de mate, ga- Ou a) 1.. .. , T2C; 2. R3B,
nhando um tempo. T2B +; 3. R4D,T2CD; 4. R4B,
2.. .. R3T T2B+; 5. R5D,T2CD; 6 . P4C
Sea) 2.... ,T3T; 3. R4B,TxP; (percebe-se, agora, o alcance

173
~-·~ - - - - - - - - XADREZ BÁSJCO - - - - - - - - --"""'-

do lance 1. T4R!), R4B; 7. tar sua distância ao Peão, quan-


T4BD, R3B; 8. R6B,T1C; 9. do o Rei preto se localizou
P5C e ganham. numa horizontal atrás do Rei
b) 1. ... R2B; 2. P4C ga- branco.
nham corno no diagrama 188. 4 . R3B TIB+
2. T3R! R5B 5 . R4D TlCD
3. TlR R4B 6. R4B TlB+
E voltamos à posição inicial, 7. RSD TlCD
mas com o Rei preto em 4B, Ou 7 ... . , TIO+; 8. R6B,
em lugar de 3B. Tudo ocorreu T1B+;9 . R7C,T6B ; 10 .TJCD 1,
como se na posição inicial jo- R3R; 11 . P4C, ganhando.
gassem as Pretas 1. ... , R4B. 8. TICD R3B
A perda de um tempo para E, por estar o Rei branco
as Brancas é importante, como em oposição horizontal, o mo-
se verá . Se 3 ... . , R6B; 4. R3B, ,1mento do Rei i;,reto se faz na
TIB+; 5. R4D,T1CD; 6.TICD!, mesma coluna. E o motivo da
R7R; 7 . P4C, R7D; 8. P5C, vitória elas Brancas, fruto da
R7B; 9. T4C, ganhando. manobra iniciada com 1. T4R!
Observemos que, nesta va- 9. P4C R2R
riante, a Torre branca somente 10 . R6B RlD
se colocou atrás de seu Peão, 11. P5C e ganham.
permitindo ao Rei preto encur-

C) Peão na 2ª horizontal.

REGRA: Se o Peão estiver na 2·'


horizontal e o Rei preto na 4' ou
Y horizontal, as Brancas vencerão
somente se o Rei preto estiver afas-
t;ido a uma distância de cincn co-
lunas do Peão.
Jogam as Brancas.
1.TlC!
Mantendo o Rei preto afastado
cinco colunas do Peão branco.
1 .... R4T
2 . R2B TIB+ DIAGRAMA 193
As Brancas jogam e ganham.
3. R3D TlCD As Pretas jogam e empatam.
4 . R3B TIB+

174
A ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ----="--

5 . R4D TlCD preto atacar aTorre branca na 3•


6.TlCD R3C horizontal.
7. P4C R2B 3.TIB R4C
8. RSB! R2R 4.R2B TlB+
9. R6B e ganham. 5. R3D TlCD
Jogam as Pretas. 6.R3B TlB+
1.... R4C! 7 . R4D TlCD
2.T3B R5C! 8.TlCD R3B
E não 2 ... . , R3C?; por 3. 9. P4C R2R
P3C e as Brancas ganham. A 10. P5C R2D
chave do empate está em o Rei Empate.

Exceções

Na posição de Lucena (diagrama 185) há duas exceções prin-


cipais: uma quando o Peão já alcançou a 7' casa; outra toda espe-
cial, a do Peão da Torre.

A) Peão na 7ª horizontal.

1.TlC+ R2T
Se 1. ... , R3B; 2. R8B, ga-
nhando de imediato.
2.TtR T7D
3. R7B T7B+
4 . R6R e ganham.
Jogam as Pretas.
1. .. ' TlT+
2. R7D T2T+
As Brancas jogam e ganham. As pretas 3. R6R T3T+
jogam e empatam. As Brancas ganham 4 . R5R T4T+
sempre com o Rei preto em 1CR.
5. R4D T5T+
A posição do diagrama 194 6 . RSB T4T+
é muito usual; os resultados di- 7 . R6C T4R
ferem quanto ao lado que tem Empate, graças à posição
o lance inicial. defensiva da Torre, afastada três
Jogam as Brancas. colunas do Peão branco.

175
XADREZ BÁSICO
-""''---------- - - - - - - -- --"""-

Com o Rei preto em 1C, 6 . R5C T4T+


posição desfavoravel, as Bran- 7 . R6C T3T+
cas ganham sempre, com ou 8.T6B TlT
sem lance. 9 .T6D
A razão é simples : Seguido de T8D, ganhando.
1. ... TJT+ O Rei preto deve permanecer,
2. R7D T2T+ nessas posições (diagrama 194),
3. R6R T3T+ em 2C ou 3C, onde oferece
4. R5R! T4T+ maior resistência.
5. R6B T3T+

B) O Peão da Torre.

Com o PT é muito difícil ganhar, principalmente nos casos em


que ele estiver muito atrasado, ou, então, quando o Rei ou a Tor-
re de seu lado se colocarem na sua frente.
a) Peão da Torre na 7ª horizontal.
O Peão colocado na 7' horizontal é o que oferece mais possi-
bilidades de ganho. Veremos três casos distintos.

1 - O Rei branco está na frente do Peão.


REGRA: Quando o PT estiver na 7' horizontal, as Brancas
ganharão unicamente se o Rei preto estiver afastado no mínimo
quatro colunas do Peão, isto é, na coluna BR, em se tratando do
PTD, ou na coluna BD, em se tratando do PTR.
A manobra de ganho consis-
te em colocar a Torre branca em
8CD, para livrar o Rei branco.
1.T!TR R2R
2.T8T R3D
Se 2 .... ,R2D; 3.T8CD,T7TR;
4. R7C,T7C+; 5. R6T,T7T+; 6 .
R6C,T7C+; 7. R5B etc.; e os xe-
ques da Torre preta cedo se esgo-
tarão.
DIAGRAMA 195 3. T8CD T7TD
As Brancas jogam e ganham. Empate
com o Rei preto uma coluna mais 4.R7C T7C+
próxima do Peão (coluna R). 5. R8B! T7B+

176
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - -- - - ~

6. R8D T7TR! 2 - A Torre branca está na


Ameaçando mate. frente do Peão.
7.T6C+ R4B Para se conseguir o empate
8.T6B+ R4C é preciso:
Se 8 .... , RxT; 9. P8T=D+. 1) Evitar que as Brancas,
uma vez conseguida a defesa do
9.T8B TlT+ Peão por seu Rei, possam mo-
10. R7B T2T+ vimentar livremente sua Torre.
11. R8C e ganham. 2) Conservar o Rei preto na
casa 2C, {mica que garante o
empate.

DIAGRAMA 196
Empate. DIAGRAMA 197
As Brancas jogam e ganham.
As Pretas jogam e empatam.
Este é o caso em que o Rei
preto dista apenas três casas do Jogam as Brancas.
Peão branco. Há empate. 1.T8CD T8C+
l.TITR R2D 2. RSB e ganham.
2.T8T R2B Jogam as Pretas.
3.T8CD T7TR 1. ... T8C+
4.T7C+ RlB 2. RST
5.TlC T7BD Para evitar o xeque perpé-
6.T8C + R2B tuo, o Rei branco deverá aban-
E o Rei branco não conse- donar a proteção do Peão.
gue sair da casa angular em que 2. ... T8T+
se encontra. 3. R4C T3T!
Não é possível promover o 4. RSC T8T!
Peão. 5. R6C T8C+
Há, pois, empate. Empate.

177
-=-~-------- XADREZ BÁSICO -----------=-

O Rei preto deverá manter-


se imobilizado em 2C (da ala
contrária à do Peão, é claro),
única casa que afirma o empa-
te ( diagrama 197, jogando as
Pretas) .
Outra qualquer localização
dar-lhe-ia a derrota (diagramas
198 e 199).
DIAGRAMA 199
As Pretas jogam e perdem.

1. ... T8C+
2. RSB T8TD
3.T8C+ R2B
4. P8T=D e ganham .

3 - A Torre preta está na


frente do Peão.
A Torre preta estando na
DIAGRAMA 198
As Pretas jogam e perdem. frente do Peão e a Torre bran-
ca por trás dele, defendendo-o,
O Rei preto não está em sua há ganho na maioria dos casos .
melhor casa, 2CR, por isso per-
de.
1. ... T8C+
Ineficaz, também, 1 .... ,
R2C; por 2. T8CD!, ganhando
como já ,imos.
2. RSB T8TD
3.T8T!!
A chave da vitória. Ameaça
P8T=D.
3. .. . TxP
DIAGRAMA 200
4.T7T+ As Brancas jogam e ganham.
As Brancas ganham a Torre
e o final. 1. R4C R2D
Outra localização desfo•o- 2. RSC R2B
rável do Rei preto. 3. R6T TIT

178
-~~- - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~~~

Não serve, igualmente, 3 .... , As Brancas ganham como


R3B; por 4 . T1 B+, seguido de no diagrama 195.
R7C, como no texto. As Pretas jogam.
4 .TIB+ R3D 1. ... R2D
5. R7C T2T+ Aproximando o Rei do Peão ri-
6 . RSC TlT+ val.
7. TSB e ganham. 2.TSCD TSTD
a) Peão da Torre na 6·' hori- 3. R7C TSC+
zontal. 4 . RST T8TD
De uma maneira geral, o 5.P7T R2B
PT, na 6• horizontal, propor- E o Rei branco está impeli-
ciona às Pretas mais meios de do de sair da casa angular. Há
defesa; mas, quando o Rei empate.
branco puder alojar-se em 7T,
cresceriam as possibilidades de b) Peão da Torre na 5•, 4' ou 3 '
vitória. Nestes casos, os recur- horizontal.
sos de defesa seriam possibili- Salvo raríssimos casos, esses
tados com a aproximação do finais terminam empatados . As
Rei Preto. Pretas devem contrapor Torre
a Torre
As únicas possibilidades da~
Brancas subsistiriam quando tal
manobra não pudesse ser reali-
zada pelo adversário.

DIAGRAMA 201
As Brancas jogam e ganham.
As Pretas jogam e empatam.

As Brancas jogam.
1.TSCD! TSBD DIAGRAMA 202
2. R7C TSC+ Empate.

3. RST T8TD Este estudo pertence a


4.P7T R3D Chéron, 1926 .
5 . R7C 1.RSC TIO!

179
XADREZ BÁSICO

Opondo Torre versus Torre pate já conhecido.


com a esperança de chegar a um 3. ... R2D
final de Peão empatado. 4. P6T TIBD!
Errado seria 1 . ... , TI C+?; por Opondo, sempre que pos-
2. R6B, T8C; 3. P6T, T8TD; 4. sível, Torre contra Torre .
R6C, T8C+; 5. R5T!!, T8T+; 5 . T4CD TITR!
6. T 4 T, ganhando. 6. R5T R2B
2. T4BD 7 . P7T T4T+
Se 2. TxT, há empate ime- 8.R6T T3T+
d.iato. 9. RST T4T+
2. ... TIC+! 10 . R4T TIT
3. R4T Empate.
Se 3. R6T, R2D; com em-

Resumo do Final de Torre e Peão x Torre

Os finais de Torre e Peão x Torre compreendem dois grupos


distintos: um, quando o Rei preto se encontra na casa de promo-
ção do Peão branco; outro, quando ai não se encontra.

A) Quando o Rei preto está na casa de promoção do Peão:

a) Há sempre empate, que é mais fácil de atingir, empregando


o meio descrito por Philidor, isto é, permanência da Torre defen-
siva na 3ª horizontal, até o avanço do Peão branco na 6• casa. En-
tão, a Torre defensiva preta deYerá dirigir-se à 8° horizontal, quan-
do dará xeques ao Rei branco.
b) Consegue-se também o empate, embora com mais d.ificul-
dades:
1 · · Empregando a sutil manobra de Chéron (vide lance 1.... ,
TSR ! !, no diagrama 179).
2 - Situando a Torre defensiva a uma distância de três colunas
livres do Peão inimigo.
c) As Pretas (convencionalmente o lado inferior), para con-
servar o empate, deverão evitar:
1 - A imobilização da Torre defensiva .
2 - A expulsão do Rei preto da casa de promoção do Peão branco.
3 - A escolha errada do lado para onde se deve dirigir o Rei
preto.

180
..,,,..L___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------'"""-

B) - Quando o Rei preto está afastado da casa de promoção do


Peão branco:

a) De uma maneira geral, as Brancas ganham.


b) A posição clássica de ganho é a posição de Lucena, com seu
lance chave T4B!, dominando a 4" horizontal.
c) Como atingir essa posição.
1 - De maneira geral, se o Peão branco estiver na 5' horizon-
tal e o Rei preto afastado da casa de promoção do Peão, as Brancas
ganharão sempre; mas, se o Peão estiver na 4ª ou na 3ª horizontal,
as Brancas ganharão somente se o Rei preto estiver afastado pelo
menos três colunas do Peão (PC) ou duas colunas do Peão (PB,
PD, PR).
Com o Peão na 2ª horizontal, estando o Rei preto na 4• ou 5•'
horizontal, as Brancas vencem, estando o Rei preto afastado cinco
colunas do Peão branco.
d) Há duas exceções importantes:
1 - Peão na 7ª horizontal, mas a Torre preta podendo dar xeques
ao Rei branco, distanciada três colunas livres do Peão branco; há
empate.
2 - Peão da Torre Constitui caso todo especial, difícil de ganhar.
O PT, na 7ª, é o que admite mais possibilidades de vitória .

2. FINAIS DIVERSOS DE TORRES E PEÕES


Naturalmente, não cabe, nos limites deste livro, estudar todos
os finais de Torres e Peões, assunto vasto e complexo. O final
Torre e Peão xTorre, visto anteriormente, foi estudado com mais
interesse e mais detalhes, à semelhança do final de Rei e Peão x
Rei, pois se trata de final fundamental, clássico, freqüentemente
atingido na partida prática.
Sobre alguns outros fmais de Torre e Peões, igualmente inte-
ressantes, nos limitaremos a oferecer alguns exemplos sobremo-
do ilustrativos.

A - Torre X um Peão

REGRA BÁSICA: As Brancas, com Torre contra Peão, ganha-


rão sempre se tanto o Rei como a Torre das Brancas conseguirem

181
--"""'L__________ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ __-"2<..

con~·crgir seu movimento para 5. R2D PST


alguma casa por onde o Peão 6 . R2R RSC
preto deverá passar. 7. R2B P6T
8.TlT RSB
9.T4T+ Rjoga
10 . R3C e ganham.

DIAGRAMA 203
As Precas jogam e empacam.
As Brancas jogam e ganham.

As Pretas jogam.
1. .. . P4T
2. R2C PST
DIAGRAMA 204
3. R2B As Brancas jogam e ganham.
Ou 3.TJC+, R6B; 4.TlTR, As Pretas jogam e empatam.
R6C; sem alterar o resultado.
3. ... P6T Jogam as Brancas.
4.R2D P7T 1.R6B P6D
S.R2R R6C 2. RSB R6R
6.TlTR R7C 3. R4B P7D
7.TxP RxT 4 . R3B R7R
Empate. S.T2T e ganham.
Resultado possível, por se Jogam as Pretas.
encontrar o Rei branco afasta- 1. ... P6D
do do Peão inimigo. 2. R6B P7D
Jogando as Brancas, ganham 3. RSB R6R
elas o tempo indispensável para 4.R4B R7R
impedir o avanço do Peão. S.T2T RSR
1.TlC+ R4B Empate.
2.TlT R3C
3. R2C P4T
4.R3B R4C

182
~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~! a

B - Torre X dois Peões

1 - Dois Peões ligados e passados, distantes dos Reis, ganharão


se ambos estiverem na horizontal; mas perderão, no caso con-
trário.

Os peões não estão na 6•.


Acresce, ainda, que o Rei bran-
co se encontra na frente dos
Peões. As Brancas ganham .
1.T4T R4C
2. R2B R4T
3. R3R P6T
4. R2B! RST
5.T4C R4C
DIAGRAMA 205 6.R3C R4T
As Brancas ganham. 7.TxP P7T
Os Peões estão na 6° hori- 8. T4T+ e ganham.
zontal; o ganho é fácil. O procedimento ganhador
1. P7C TSC consiste em bloquear os Peões
2. P7T e ganham. e capturá-los a seguir.
Jogam as Pretas.
1. ... TlC
2. P7C TlC
3. P7T e ganham.

DIAGRAMA 207
As Pretas jogam e empatam.

Quando o Rei dos Peões


estiver na margem do tabulei-
DIAGRAMA 206
As Brancas ganham. ro, a ameaça de mate permitirá,

183
XADREZ BÁSICO
~'---------- ---------~

muitas vezes, o empate . Exem- momento, dada por empatada


plo ilustrativo seria o do diagra- pelos dois mestres. Mas, veja-
ma 207, final da partida Keres mos qual seria a continuação.
x Eliskases, Noordwijk, I 938 .
1. ... R6B! 5 . RlD R6D
Ameaçando mate . 6. RlR R6R
2. RlC T3T! 7. RlB R6B
3. P7C T3C+! 8.RlC T3C+!
4. RlB E não 8. ... , R6C?; por 9 .
Se 4. R1T,T3T+;etc. P8C=D+!
4. ... T3TR!I 9. RlB T3TR!
Eliskases novamente ame- 10. RlR R6R!
aça mate. A partida foi, neste Empate.

2 Dois Peões passados não-ligados, na ausência dos Reis, têm


uma possibilidade sobre a Torre, somente se ambos os Peões esti-
verem, ao menos, na 6" horizontal.

3. RSD R7B
4.R6R R6D
5. P7B e empatam.

DIAGRAMA 208
As Brancas jogam e empatam.

As Pretas jogam.
1. ... T2BR!
Capturando os dois Peões.
As Brancas, tendo o lance,
DIAGRAMA 209
aproximam seu Rei para apoi- As Brancas jogam e ganham.
ar wn dos Peões.
1. R4B T2BR Se o Rei dos Peões estiver
2. P7T! TxPT perto deles, e o Rei inimigo d.is-

184
-=>L------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~

tante, dois Peões na 6•, ou um Ou 5 .... ,TxP; 6. R7C!


na 6° e outro nas•, podem ga- 6. R7C T8C+
nhar contra uma Torre . O dia- 7.R6T T8T+
grama 209 (Berger) ilustra esse 8. R6C T8C+
caso. 9. R5B T8TD
1. P6T! T8O+ I0 . P7B R4R
2. R8B T8TD 11. R4B R5R
3. R7C T8C+ 12 . R3B R6R
4.R8T!! T8BD 13 . R2C e ganham .
5 . P7T! R5B

3. Finais ele :;\lestres

Terminaremos este capítulo concernente a finais de Torres,


apresentando exemplos colhidos de partidas vivas, nos quais po-
deremos observar como os mestres estudam e manejam esses
intrincados finais. Assim, ao lado de exemplos magistrais, verda-
deiros modelos de técnica e precisão, veremos outros em que
mestres insignes de xadrez, inclusi,·e campeões mundiais, falham
lamentavelmente, com resultados diferentes dos que nos era líci-
to esperar.
A razão é uma : são finais de grande complexidade, de natureza
muito difícil, mesmo para os professores eméritos, que o xadrez já
tem possuído.
Poucos mestres tiveram, no mundo, mais prestígio de condu-
tores aureolados em finais de Torres do que Lasker e Capablanca;
to<lavia, não foram poucas as vezes em que esses gênios do tabu-
leiro demonstraram, em posições críticas, falhas e insegurança,
deixando, daí, de obter ,itórias pacientemente concebidas.
Alekhine ind.icou, por exemplo, várias incorreções em finais
de Torres e Peões da parte de grandes figuras do xadrez mundial.
Logo após o Torneio de Moscou de 1925, publicou, na re,ista
Mundial, uma série de exemplos, nos quais aponta falhas, até em
enxadristas excepcionais, como Iasker e Capablanca.
Os dois primeiros fmais, que se seguem (diagramas 21 O e 211 l,
foram superiormente analisados por Alekhine; este notável mes-
tre registra as falhas cometidas por Lasker e Capablanca, e revela
continuações que dariam a vitória!

185
XADREZ BÁSICO

Porém, nem mesmo essas observações de Alekhine passaram


incólumes, pois anos ma.is tarde foi encontrada cabal refutação
para um desses estudos, a qual invalidou uma crítica amplamente
divulgada, como veremos na análise do diagrama 211 .

Um Equívoco de Capablanca

Pretas: Capablanca PBD, ter-lhe-ia dado a vitória.


Vejamos como:
1. ... R4B!
2. P6T R5R
3. T6CR TI B!
4. TxP+ R60
5. T4T P6B
Este Peão decide a partida.
6. P4C P7B
7. TlT TlTR!
DIAGRAMA 210 Ameaçando 8 .. .. , TxP!.
Brancas: Spielmann
Jogam as Pretas. 8. P5C TICR!
9. P7T TxP+
Este fmal de Torres e Peões l O. R2B T4B+
ocorreu no Torneio de Mos - ll . R2C TlB!
cou, 1925 . Seguido de R70 e P8B=D,
Há igualdade de material na ganhando.
posição, mas Capablanca dispu- Capablanca emprestou mui-
nha de uma vantagem apreciá- ta importância ao PT inimigo e
vel, em virtude de seu P5 BO a partida terminou, por isso,
passado. Diante do xeque da em empate.
Torre inimiga, Capablanca viu-se A continuação foi a seguin-
num dilema: ou jogar R4B, te:
apoiando o avanço de seu PBD, 1. ... , R2B?; 2.T6D,T4B; 3. P6T,
ou retroceder a 2B, opondo-se RlC; 4.T7D, RlT; 5. RlC,
ao PT branco passado. P6B; 6.T7B,T6B; 7. R2C,
O então campeão mundial T60;8. R2B,T6B+;9. R2C,
preferiu esta úJtirna continua- T6R; 10. R2B, T60; 11. T5B,
ção, conseguindo apenas em- R2T; 12. TxPD, RxP; 13. T5B,
pate . Ao contrário, o plano, a.in- R3C; 14. R2R!, TxPC; 15.
da que mais ousado, de apoiar o R2B!,T6T; 16. R2C,T60; 17.

186
. ~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - -------""''1-

R2T, R3B; 18 . R2C, R3R; 19. R2T, R3D; 20. R2C, T7D+; 21.
R3C, P7B; 22. R4T!,T7C; 23 . R5C!,T8C; 24.TxP, R4D; 25. R4B,
RxP; 26 . T2D+ e empate de comum acordo.
Spielmann conduziu este final de maneira magistral.
O exemplo registrado vem confirmar o que disse Capablanca
sobre os finais de Torres, isto é, que ninguém os joga com perfei-
ção, apesar de sua freqüência.

Refutação Eloqüente a uma Crítica de Alekhine

Ocorreu esta posição também Pretas: Spielmann


no Torneio de Moscou de 1925.
A posição das Brancas é niti-
damente superior: seu Rei está
centralizado, bem colocado, exis-
te mais harmonia na distribuição
de seus Peões.
Os Peões pretos, ao contrário,
estão desligados, sem nenhuma
proteção entre si.
Como manobra ganhadora, DIAGRAMA 211
Brancas: Lasker
Alekhine aponta a seguinte, à base
Jogam as Brancas.
do avanço do PCR: 1. PSC 1 ,
TSC; 2. PST, PxP; 3. P6C,T8C; 4. P7C,T8CR; 5. R6B, P5T;
6.TxP, P6T; 7.T2T,T8B +; 8. R6C, TSC+; 9. R7T!, e ganham.
O grande finalista Lasker (campeão mundial durante 27 anos)
preferiu, porém, outra continuação, à base de 1. P5T, a qual, na
opinião de Alekhine, apenas daria empate. Tratar-se-ia, portanto,
de um equívoco do grande mestre.
A partida continuou:
1. PST PxP
2.PxP T8B
Este o lance perdedor, segundo Alekhine, que considerava ne-
cessário, neste momento, perder um tempo a fim de capturar o
PTR branco, quando se encontrasse em 6TR; então apoiaria, si-
multaneamente, os Peões da terceira horizontal. Por exemplo:
2 .... , T5C!; 3. P6T, T6C; 4. TxP, T6TR; 5. R6D, TxP; 6. T4C+,
R 1B; 7. RxP, P4R +desc. e o final estaria empatado. Esta \·ariantc

187
XADREZ BÁSICO
~~-------- -----------=--

incluiria urna sutileza tática, di- 5.T4C+ RlB


f-íciJ de ser prevista na partida 6.RxPB T4D
viva. 7.T4T RIC
Esse estudo de Alekhine 8. R6C
correu rnW1do e foi publicado As Pretas abandonaram.
em numerosas revistas e mes-
mo em livros especializados em
xadrez. Posteriormente, po-
rém, o compositor de finais F. Keres também se Equivoca
J. Prokop, de Praga, demons-
trou que mesmo com 1. PST a Pretas: Keres
vitória caberia às Brancas e
apontou a seguinte linha de
jogo:
1. PST!, PxP; 2. PxP, TSC
(recomendação de Alekhine);
3 . R4B!!, TxP+; 4. RSC!, ga-
nhando.
Um método fáciJ de ganhar
e significativo o fato de não ter
sido descoberto por nenhum DIAGRAMA 212
dos mestres que, na época, ana- Brancas: Eliskases
Jogam as Brancas.
lisaram este famoso final.
Exemplo valioso, swnarnen- Este final ocorreu no Tor-
te dernonstrath·o para exem- neio de Semrnering-Baden,
plificar as dificuJdades dos fi- 1937.
nais de Torres. Com freqüência A partida parece igual, mas o
incidem em erro, nesses finais, técnico Eliskases descobre uma
não somente os executantes das fraqueza no PCD preto, muito
partidas, mas também os críti- embora esteja defendido por
cos, que dispõem de tempo e outro Peão!
de outras facilidades para a aná- l. P4TD! T2C
lise das posições que se apresen- Ou 1.... ,PxP; 2.TITD,T2T;
tam em xadrez. 3.TxP, P4TD;4. R4B, T2B+;
A partida Lasker x Spiel- 5. R3C!,T2T; 6.T4B!, seguido
mann prosseguiu: de R4T eT5B, ganhando o Peão.
3.TxP T8TR
4.R6D TxP 2. PSD!

188
..=-L.__ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~

Abrindo caminho para o Rei. 10 ... . T2BR


2. ... P3R 11.T2C P4T
3. PxPR PBxP 12 .T2T!
4.PxP PxP Ameaçando T8T + seguido
Os Peões pretos estão des- de T7T +, trocando as Torres e
Llgados. ganhando com o Peão passado.
Sobre eles convergem o Rei 12 . ... RJB
e a Torre das Brancas. 13. R5C
5 . R4R! Ameaçando 14. R6B,T2B+;
As jogadas de Eliskases são 15. R6D, obrigando as Pretas a
magistrais. um contra-ataque perdedor.
Ameaça, agora, 6. P4B, sem 13. ... P5T
receber xeque da Torre preta 14 . R6C T6B
em 20. 15 . Px.P PxP
5. ... R2B? 16.T8T+ R2D
O erro fatal de Keres, o gran- 17 . P6B+ R2R
de m estre estoniano (e poste- 18.T8TR T6C+
riormente, cidadão russo), que, 19. R7B nc
no ano seguinte ( 1938) obtinha Keres luta, mas, inutilmente.
o mais estrondoso êxito de sua 20.T7T+ R3B
brilhante carreira ao vencer o 21. R8D no+
Torneio de AVRO, na frente 22 .T7D Tx.P
de Fine, Botwinnik, Reshevsky, 23 . P7B R4C
Alekhine, Euwe, Capablanca e 24. P8B=D TJB+
Flohr, os maiores mestres da 25. R7B TxD+
epoca. 26. RxT P4R
A melhor defesa era 5 . . .. , 27.T7R
T2B!; 6.TxP,Tx.P; 7.T7C,T4B!; E nada mais resta às Pretas
empatando o jogo sem dificul- do que abandonar.
dades. InstrutiYo final de Torres,
6 . P4BD P5C magnificamente conduzido por
7 . R4D R2R Eliskases .
8. P5B P4C
9. R4B RlD
10.TxP
Por fim Eliskases vê seus es-
forços premiados com o ganho
de um Peão. A continuação é
instrutiva.

189
XADREZ BÁSICO
-""''--- - - -- - - - -- - - - - -------"=-

Reshevsky tamhém Falha 2. R3R T5CD


3. R3B R2R!
Pretas: Alekhine Ou melhor. Se 3 ..... T6C+ ;
4. R4C, T6TD; 5. P4T, T8T;
6. R5T, P6T; 7. P4C, PTT; 8. PSC
e ganham .
4. P4-C R2D
5.P4T R2B
6.P5T R3C
7.T8T R2C
Se 7 . ... , R4C; 8. P6T, RSB;
9. P7T, ganhando.
DIAGRAMA213
8.T8R P6T
Brancas: Reshevsky 9.TlR P7T
Jogam as Brancas.
10.TlTD TST
Torneio de AVRO, l 938. 11. P6T R3B
Este exemplo ilustra dois 12. P7T TlT
aspectos importantes nos finais 13.TxP! TlT
de Torres: 14.T7T R3D
a) o poder de que dispõe um 15. PSC R3R
forte Peão passado (PTD pre- 16. P6C e ganham.
to), que causa dificuldades para Reshevsky, porém, quis
o lado superior; conservar seu PD, dando tem-
b) uma vantagem material é, po ao grande Alekhine trazer
muitas vezes, mais um estorvo seu Rei em apoio do PT. A par-
do que um auxílio para o pro- tida continuou (diagrama 213):
cedimento ganhador. 1. PSD P6T
Se não existisse o PD bran- 2.T7T+ R3B
co, a conduta das Brancas seria, 3.T7T R4R
naturalmente , colocar sua Tor- 4.TST
re em 5TD, por trás do Peão O Rei preto aproxjmou-se
inimigo e avançar seus Peões da bastante do PT; o avanço dos
ala do Rei. Fine mostra como Peões brancos tornou-se, ago-
as Brancas poderiam ganhar, se- ra, mais lento.
guindo raciocínio semelhante. 4 .... T7D+
1.T5T! TxP 5. R3B T6D+
Se ... , P6T; 2. R2R,T6CD; 6.R2R T6CD
3. P4T, R3R; 4. P4C, R3D; 5. P5T, 7.R2B T7C+
ganhando com facilidade. 8. R3C T6C+

190
p j ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ____J-=-

9. R4T T7C A posição de empate, que


10. R3T P7T Alekhine habilmente cons-
Alekhine alcançou o má- truiu, é instrutiva . Esse resul-
ximo de seu PT, enquanto os tado é, também, o máximo que
Peões brancos permanecem, as Pretas podiam pretender. A
ainda, em seus lugares inicia.is. tentativa de ganho, por parte
11. P6D+ <lese. das Pretas , falha da seguinte
Obrigando o Rei preto a maneira: 18 .... ,R7C?; 19. P4T,
continuar em seu território. Se P8T=D; 20.TxD, RxT; 21. P5T,
li. P4C, R5B; 12. T4T+, R7C; 22. P5C,R6B; 23 . P6C,
R4R; etc. T7C; 24. RSB, e as Brancas ga-
11 .... RxP nham.
12. P4C R3B!
Alekhine joga o correto. As
Pretas empatam o final, por
haver aproximado seu Rei do Instrutivo Final de Alekhine
PT passado.
Se 12 .... , R3R?; 13. R3C, Pretas: Alekhine
R3B; 14. P3T, R3C; 15. R4T!,
ganhando.
13.R3C R3C
14.T8T R4C
15. P3T R5C
16. R4B T7BD
Ameaçando:
a) 17 .... T5B+; 18. R5B,
T4B+; 19. Rjoga, T4TD!;
b) 17 .... , T5B+; 18. R3B,
DIAGRAMA 214
T6B+; 19. Rjoga , T6TD!; ga- Brancas: Naegeli
nhando com facilidade. As Pretas jogam e ganham.

As Pretas não têm defesa


contra essa ameaça, e são obri- Torneio de Zurique, 1934.
gadas a empatar por repetição As Pretas dispõem, pratica-
de lances. mente, de um Peão a mais, pois
17.TSC+ R6B! seu Peão da ala da Dama blo-
18.TSTD queia os dois Peões inimigos.
Lance forçado. A manobra de ganho con-
18. ... R5C! siste em centralizar o Rei pre-
Empate. to e avançar a maioria de Peões

191
.i,,c:,c__________ XADREZ BÁSICO - - - - ------'""'-

da ala do Rei, o gue Alekhine 11. ... T7T


realiza com sua refinada mes- 12 . R3C
tria. Outra alternativa seria:
1. .... R4R 12 . R2D,TxP!; 13.TxT, P6R+;
Centralização do Rei. 14. R2R, PxT; 15. RxP, R5B!;
2. T3R P4B ganhando com facilidade.
Avançando a maioria de 12. .. . T6T+
Peões. Para centralizar a Torre.
3. P4TR 13 . R2C T6D
Outra alternativa seria: Neste momento, o Rei
3. P4B+, R5D!; 4.T3C,T1B!; branco não será mais capaz de
5. T3R, T7B+; 6. RxT, RxT; parar o a\'anço do eventual Peão
7. P4TD, PxP; 8. PSC, R7B; 9. passado PR ou PB.
P6C,P6R; 10. P7C,P7R; 11. 14. T2B P6B
P8C=D, P8R=D; 12. D7T+, 15 . RIB P6R
R7C; e as Pretas conseguem 16 . PxP+ RxP
dois Peões na ala do Rei. As Brancas abandonam.
3. .... RSD Após 17. T8B, P7B; 18. T8R+,
4. T3C P3T R6B; 19. T8B+, R7C; 20.TSC+,
5. T3R T6C; as Pretas ganham sem di-
A Torre branca precisa vi- ficuldades.
giar as fraquezas dos Peões da
ala de sua Dama. Se 5. TI C,
T6B;6 .TITD, P6R+; 7. PxP+,
TxP; 8. P4T, PxP; 9.TxP,TxP; Um Modelo de Tarrasch
e as Pretas ganham.
5. ... P4C Pret.as: Thorold
6. PxP PxP
7. T3C TlB
A Torre preta já cumpriu
sua missão na coluna BD;
dirige-se, agora, para outro sí-
tio, isto é, a coluna aberta TR .
8.T3R TlTR
9.T2R PSB
10. PxP PxP
11. R2B
DIAGRAMA215
Dando casa para a Torre Brancas: Tarrasch
branca. Jogam as Brancas.

192
- " " ' ' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'A.gostini - - -- - --=e,..

Torneio de Manchester, 3. R3R T3D


1890. 4 . P4D
As Brancas possuem um A ordem com que a segun-
Peão a mais e um Peão do cen - da e a terceira etapas sejam de-
tro, mas o ganho oão é fácil, sem·oh·idas t m im po rtância
porquanto reclama conh eci- secundária \·ariam com a po-
mento preciso destes finais. sição.
Reuben Fine, analisando fi- 4 .... T3R+
nais similares, distingue cinco 5. R3D TSR
etapas na manobra de ganho: 6.T3C'. T3R
1 - Enfraquecimento dos .-\ libcrdack da Torre preta
Peões pretos, obrigando-os a está no fim: completa-se a se-
avançar e deixá-los bloqueados. gunda etapa.
2 - Limitando a ação da 7.T3R T3D
Torre preta, por atacar os Pe- 8.T:iR T3IlR
ões enfraquecidos. 9. P+TD
3 - Avançando o Rei e o Colocando os Peões da ala
Peão passado geralmente até a da Dama a salvo de ataques fu-
5' horizontal. turos da Torre preta e prepa-
4 - Colocando as Pretas em rando o a\·ançu do PD e do Rei.
"zugswang", ameaçando mar- 9 .... T7B
char com o Rei ou capturar 10.T21-Z T3B
mais material. 11. P4CD TSB
5 Transpondo a posição 12.TSR T7B
para um ganho elementar. 13.TSCR 1
Vejamos como Tarrasch se Obrigand o o retorno da
conduziu neste fmal. Torre preta. Per ceb e-se , aqui, o
1. R2B P3C resultado d o Peõe- p retos en-
As Pretas são gentis e co- fraquecido,.
laboram com o adversário, 13 .... T3B
avançando seu Peão volunta- 14.P3T R3D
riamente. Mas, 1 .... , R3D; 2. 15. R4R T3R+
T3C,T5B+; 3. R3R,T2B;4.T3T, 16.TSR T3B
P3C; 5. T3B leva, também, ao 17. PSD 11
objetivo das Brancas. As Pretas são forçadas a
2.T3T P4TR permitir a entrada do Rei bran-
A primeira etapa está com- co. Jogando a Torrl' preta, com
pleta: os Peões inimigos estão 18. T6R+, as Brancas ganham
enfraquecidos. um Peão, ao passo que 17 .... ,

193
.iQ~:_ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _,e=.

P4T; 18. PxP, PxP; 19. R4D!, Tarrasch, em seu tempo


TSB+; 20. T4R, T3B; 21 .T6R+ 1, grande especialista dos finai s de
TxT; 22 . PxT, RxP; 23. RSB, Torres, conduziu, de fato , este
com final de Peões ganho. fmal de maneira exemplar.
17 . ... R2D
18 . TSC R3D A Importância da Torre na Sé-
19. T3C R2R tima Horizontal
Evitando a troca das Torres,
que as Brancas ameaçavam com Nestes finais a co iocação
T3B. da Torre na 7 horizontal é so -
20.T3BR T3D bremaneira imp ortante . poi :'
21. RSR nessa posição ori :,- ina di ,kul -
Agora se atingiu a segunda dadcs para o a(-h-er , ario . ora
posição chave. A Torr(' preta é ameaçand o cap urar ..1<'- (•r· al
forçada a abandonar a 3ª hori- diretam ente . ora fo rcar., o o
zontal e o Peão branco avança sacrifício de m t.:ri1! para ~,-i-
até a 6ª casa tar xeque perpetuo . n u .im (·J ·
21. ... TlD çando co mbinação d~ ma:c- .
22. P6D+! Uma To rre na - _ o:: . , ,n,
Excelente detalhe tático. Se freqü ência. compen, ac:i.o a · ·: ·
22 .... , TxP; 23. T7B+, RxT; ciente por um Peâo e . :1 t i a,
24. RxT, ganhando o final de vezes, co ntrabalan\ l perda
Peões. de dois Peõe~.
22 .... R2D Vejama• um c-xc:mplo .
A quarta etapa está, final- Pretas: Ru binstein
mente, conchúda: as peças pre-
tas foram afastadas o mais possí-
vel. Há, agora, diversos meios
de ganho. Um deles é:
23.T7B+ RlB
24. T7B+ RlC
25. T2B TJR+
26. R6B P4CD
27. P7D TlT
28.R7R T2T+
DIAGRA\IA 2 16
29. R6D TlT Brancas: Tarrasch
30. T2R Jogam as Pretas.
Abandonam.

194
-""'"'---------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -----'-----"""'-

Torneio de San Sebastian, 10.T4B T7B


1911. l l.T4T R6B
No diagrama 216 as Bran- O jogo de Rubinstein é, na
cas estão ameaçando adiantar verdade, um modelo de preci - _
seus Peões da ala da Dama, são. Se 11 .... , TxP?; 12.T2T+!,
criando dois Peões passados RxT; 13. RxT, R8T; 14. P5B;
ganhadores. As Pretas não po- e as Brancas ganham.
dem, no entanto, ficar a espera 12.RlD TxPBR
dos acontecimentos, com jogo 13. PSB R6R
passivo. Por isso, Rubinstein 14.TxP
procura a 7ª horizontal. Se 14. P6B,T3B!!; 15. P7B,
1. ... T7D!! T3B; com igualdade. Se 15.
Entregando o PC sob xeque T4BD?, R6D!; ganhando a
e ficando com a desvantagem Torre.
de dois Peões, mas a posição da 14 .. .. R5D
Torre na 7ª dá-lhe possibilida- Empate.
des de salvação. Graças ao domínio da 7•
2.TxP+ R4C horizontal, as Pretas consegui-
3. RIR ram salvar uma partida, que de
O convidativo avanço do outro modo estaria completa-
PTD falha por 3. P4TD, P5B; mente perdida.
4. P5T, P6B; 5 . RlR,T7R+;
6. R 1B (6. R lD?,TxPB; 7. P6T,
P6R!; 8. P7T, T7D+; 9. RIB, Uma derrota saha por um De -
P7B;ganhando as Pretas),T7D; talhe Tático
7. R l R,T7T+; empate por xe-
Pretas: Euwe
que perpétuo.
3. ... T7B
4. T5C R5C!
Ameaçando P5B e P6B.
5. P3T+ RxP
6. TxP TxPC
7.T4B
Ou 7. P4T, T7T; 8. P5T,
RSC;9.TSR, R6B;e~.
7 . ... TxPT
DIAGRAMA217
8 . TxP P4T! Brancas: Borwinnik
9.P4BD R7C! Jogam as Brancas.

195
,-"='eL . . _ _ _ _ _ _ _ _ _
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - --"'
""'-

Torneio de Groninge, 1946. cos 11 . .. , R5B como ganha-


As Brancas não devem tro- dor. Mas 11 .... , R5B; 12 . R4D,
car a Torre porque resultará um TIO+; 13. Rx.P,TlB+ ; 14. R3D,
final de Peões perdido. TxT; 15 . RxT, RxP; não ganha
1. T3B TlB ofmal,pois 16 . R3B,R4B ; 17 .
2.R3B R2B R4D, R5C; 18 . R5R , RxP ; 19 .
3. R3R R3R R6B, R5C; 20. RxP, P5T; e
4.P4B PxP+ ambos os lados vão a Dama ,
5. RxP P5B com empate.
A esperança das Pretas re- Euwe evitou não só a troca
side nos Peões da ala da Dama. das Torres, mas também entrou
A posição de Botwinnik é numa linha de jogo na aparên-
pouco agradável. Outra al- cia ganhadora. Um detalhe
ternativa interessante para tático final, porém, derrubou
Euwe seria 5 .... , P4C+; e se suas esperanças de vitória .
6. RxP, R4R!. 12.R3R T5D
6. PxP PxP 13.TxP TxP+
7.P4T P3T 14.R3B TxP
Aqui 7 .... , T 4B foi aponta- 15.T6BI T5B+
do pelos crfricos como lance 16. R3R T5R+
preferível, mas Em-ve acha que 17. R3B R4B
essa jogada conduz ao mesmo A primeira vista as Brancas
resultado da partida. parecem perdidas.
8.P5C P4T 18.T6B+ RxP
9. R3R! 19.TxP+!
Botwinnik pensou quaren-
ta minutos nesta jogada. Detalhe tático, que anulou
9. ... R4R os esforços das Pretas. A parti-
10.T2B! P6B da terminou empatada, uma
11. R3D TIO+ vez que as Pretas não podem
Euwe foi criticado por este promover seu PT.
lance, apontando alguns críti-

V - Finai~ Diversos

Os finais, que apresentaremos nos diagramas seguintes, são


igualmente instrutivos; devem, por isso, ser bem conhecidos por
todos aqueles que se iniciam no jogo de xadrez.

196
..=L___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - ~ ~ ~

1 -- Cavalo X um Peão quer casa na coluna do Peão e


na frente dele, exceto a casa 1T.
Quando se tratar de PT, o
Peão conseguirá sua promoção
se estiver em 7T.
0l'o diagrama 218, jogando
as Pretas:
1.... R7B
2. C3T+ R6C
3. ClC R7T
4. C2O Empate.
DIAGRAMA 218 Jogando as Brancas:
Empate. 1. C2O+ R7B
O final de Cavalo contra um 2. C4B1 PSC=D
Peão está empatado desde que 3. C3T+ Rjoga
o Cavalo possa alcançar qual- 4.CxD Empate.

2. Cavalo X dois Peões

2. C2D P7C
3. ClC R2T
4 . R7B R3T
S. R6R
E as Brancas capturam os
Peões pretos, alcançando em-
pate .

DIAGRAMA219 3 - Dois Cavalos X um Peão


Empate.

O final de Cavalo x dois Pe- Já vimos no capítulo dos


ões, em geral, empata, porque mates elem e ntares, que dois
o Cavalo consegue bloquear os Cavalos não dão mate forçado
Peões, mesmo sendo ügados. contra Rei sozinho; mas, ha-
1.C3B! P6C vendo um Peão para o lado in-
Ou 1.... , R2T; 2. R7R. ferior, o mate é, muitas \'ezes,
Ou 1 .... , P6B; 2. C4D. possível.

197
XADREZ BÁSICO

Vejamos wu exemplo. 6. RIR R6D


7. R2B C4D
Apenas este Cavalo se mo-
vimenta.
O outro permanece imó-
vel, bloqueando o Peão.
8.RlR C6B
9. R2B R5R
10. RIB R6B
11.RlR R6R
12. RlB CSD
DIAGRAMA 220 13. RIR C7B
As Pretas jogam e ganham.
14. RlB C6D
Esta posição ocorreu na 15. R1C R7R
partida Znosko-Boro\\'sk.i x A. 16.R2C C7B
Seitz.Torneio de Niza, 1931. 17. RIC C5C
A idéia neste final é obri- A tarefa das Pretas é árdua,
gar o Rei branco a dirigir-se a mas o objetivo será alcanc;ado.
uma das casas angulares, sob 18.R2C C(SC)6R+
ação do Rei e um Cavalo ape- 19.R2T R7B
nas, ficando o outro Cavalo de 20.R3T R6B
4BR bloqueando o Peão, até 21. R2T R5C
se atingir uma posição tal que 22. RlT R6C
o Rei branco fique sem movi- 23.RlC C5T!
mentos, na casa angular. Aí, E agora há mate em três lan-
então, o Cavalo bloqueado ces.
vem realizar o mate. 24. P58 C6B+
Não existindo o Peão, o 25.RIT CSD
jogo estará empatado, pois com 26. P6B C7B mate.
dois Cavalos não se pode dar
mate forçado; os lances deixa-
riam o Rei tolhido, com falta
de movimentos. 4 Cavalo e Peão X Rei
1. .. . R5B
2. R3B C3B 1. ... R1B 1
3. R2R R6B O correto. O Rei deve ocu -
4. RlD C5C par casa da mesma cor que a
5. R2R C(5C)6R do Cavalo. A razão é clara: a

198
~Af\J~------ Dr. Orfeu GJberto D'Agost:ini ----------"'~

DIAGRAMA 221 DIAGRAMA 222


As Preras jogam e empatam. As Pretas jogam. as
Brancas ganham.

manobra defensiva das Pretas A posição do diagrama 2 2 2


é conservar seu Rei nas casas ocorreu na partida Keres x
1BD-2BD. Estando o Rei pre- Reshevsky: Leningrado-Mos-
to em 1BD, casa branca, no lan- cou, 1939, e constitui instru-
ce seguinte deverá estar em tivo exemplo pelo procedi-
2BD, casa preta. mento ganhador.
As Pretas só perderiam no 1.... RIB
caso de 2BD se encontrar do- 2. RIB R2R
minada pelo Cavalo branco, o 3. R2R R3D
que não se verifica. 4.C2B R4R
2.C3C R2B 5. C3R C7C
3. C4R RlB 6. CID C5T
4. C6D+ R2B As Pretas não podem, na-
5. C5C+ RlB turalmente, trocar os Cavalos.
Empate. 7.R3D R4D
Se 1 . .... R2B?; 2 . C3C, 8. C3R+ R4B
R1B;3 . C4R,R28;4. C6D!e 9.C5B
as Brancas ganhariam. Forçando fraquezas nos
Peões inimigos.
9. ... P3C
5 Final de Cavalos e Peões 10. C6T P48
11. C7B R4D
Nos finais de Cavalos e Pe- 12. C5C C4B+
ões, o lado que tiver um Peão a 13. R3R P3T
mais, geralmente, vence, mor- 14.C3B P4C
mente se o Peão for passado. 15. P3C C5R

199
~ ~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - """'-

16. C4D CxP3B Vejamos a continuação ga-


17 . CxP P4T nhadora .
Transforma-se, agora, a po- 18 . . .. PSC
sição num final de Cavalo e três Ou 18 ... . , PxP+ ; 19 . R.xP,
Peões x Cavalo e dois Peões, CSR ; 20 . P4T!, C3B ; 21 . C7C,
ganho para as Brancas. R3D ; 22 . RSB, R2R ; 23 . R6C,
18. P4B! ganhando.
Fixando os Peões pretos. Na 19.C7C R3D
partida, Keres continuou com 20.CxP R3R
18. C7C, PST; 19. PxP, PxP; 21. C7C+ R3B
20.P4B,P6T!;21.C5B,R3R; 22. C8R+
22. C3C, R4D; e a posição fa- As Brancas ganham sem di-
vorável do Rei preto garan- ficuldades.
tiu-lhe o empate.

6 - Bispo X dois Peões


Ou 3 .... , RxP; 4 . P6T, etc.
4.R4R BST
5. R3B!
E o Peão marcha para a vi-
toria.

7 - Bispo e Peão da Torre X Rei

DIAGRAMA 223
As Brancas jogam e ganham.

Dois Peões podem ganhar


contra Bispo, em determinadas
posições. O diagrama 223 (H.
Otten) é um exemplo.
l.PST BlB
Para jogar 2 .. . . , B4B. DIAGRAMA 224
2. RSD B3T Empate.

Procurando a casa 6R. Há empate, nestes finais ,


3. PSC+!! BxP quando a casa de promoção do

200
~ ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agoslin.i - - - - - - ~ =

Peão for de cor diferente da casa


por onde o Bispo marcha .
1.RSC R2C
2. P6T+ RIT
3. R6C RlC
4 . BSR+ RIT
Empate.

DIAGRAMA 226
8 -- Bispo e Peão X Bispo As Brancas jogam e ganham.

1. 868 B7R
2. 850 B4C
3. B6R R6R
4.870 88B
5.P68 RSD
6. P7B 83T
7.R68 R6B
8. R6C e ganham.

9 - Final de Bispos e Peões


DIAGRAMA 225
Empate.

Quando o Rei preto estiver na


frente do Peão, em casa de cor
oposta a do Bispo inimigo, o fi-
nal estará empatado.
1. RSD BlD
2. R6D BST
3. RSD B6C
Empate.

DIAGRAMA 227
As Brancas ganham.
Há possibilidades de vitó-
ria, quando o Rei preto estiver Nos finais de Bispos e Peões,
atrás do Peão inimigo e afasta- estando os Peões do mesmo
do mais de duas horizontais. lado, e havendo um Peão a mais,

201
-="'---------- XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ __.,__,_

este decidirá a partida. O proce- 6. P4CD B3C


dimento ganhador consiste em: 7.P3B B2B
8. P4TD B3C
1 -- Centralizar Rei e Bispo. 9. B40 B2B
2 - Criar um Peão passado 10. P5C+ PxP+
e avançá-lo o mais possível. 11. PxP+ R2C
3 - Quando o Bispo blo- O Peão passado já apareceu.
quear o Peão, forçar a troca 12.R5D BIC
dos Bispos. 13.P6C B7T
Quando o bloqueador for o 14. B5R B8C
Rei preto, dirigir-se com o Rei 15. R6D
branco para o outro lado, cap- Entregando o Peão passado,
turando os Peões inimigos . mas indo em busca dos Peões
1. .. . P3C pretos .
2. RJB RJB 15 .... RxP
3. R2R R2R 16 . R7R R4B
4.R3D R3D 17. RxP R4D
5. R48 18. B7C P4T
O Rei está, agora, centrali- 19. RxP
zado. E as Brancas ganham facil-
5 .... R3B mente.

JO - Bispo Bom e Bispo Mau

Quando um Bispo é forçado a defender um número de Peões,


que estão em casas da mesma cor desse Bispo, essa figura perde
sua agilidade, fica tolhida em seus movimentos. Sua função reduz-se
a de um simples Peão: torna-se o Bispo mau; o seu oponente, que
conserva sua liberdade e sua mobilidade, é chamado Bispo bom.
Mesmo em posições com material equilibrado, ou sem gran-
des fraquezas, o Bispo mau pode ser uma contingência fatal.
Vejamos um bom exemplo.

202
,,,,.J ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - - ~
~ ""-'

1. B2C 820
2. BIT BlR
3. 838
Voltamos à posição do dia-
grama 228, tendo as Pretas o
lance .
3.. .. 820
4 . BxPT 818
Ou 4 .... , B3R; 5 . B8R, etc .
DIAGRAMA 228 S. 88R B2C
As Brancas ganham. 6 . 870 R3C
7.R3C R3B
Nesta posição (partida 8 . R3B R3C
Schelfhout x Menchik) o Bis- 9. R3R R3B
po preto é o Bispo mau; seu 10. R40 81T
oponente é o Bispo bom. 11. 888 R2R
As Pretas estão em "zugz- 12 . RSR
wang", isto é, em jogando, per- As Brancas ganham com fa-
dem. Mas o lance pertence às cilidade.
Brancas. O procedimento ga-
nhador consiste em as Brancas
perderem um tempo, para que
11 -- Cavalo e Peão X Bispo
sejam as Pretas a jogar, na posi-
ção do diagrama 228. O Bispo
perde um tempo, retornando à
mesma casa num número Ím-
par de jogadas. Ora, isto acon-
tecendo na diagonal 1D-5TR,
vai permitir às Pretas repetirem
seu movimento na diagonal
preta 1R-4 TR, voltando a po-
a
sição inicial. Assim, 1 . 81 D,
B3C;2.B2R,828;3.B3B,81R;
mas, se a manobra se realizasse DIAGRAMA 229
na diagonal 1TR-8TD das Bran- As Brancas ganham.
cas, apenas estas alcançariam
seu objetivo pois na diagonal Quando o Rei preto estiver
preta 1R-STD, não haverá es- afastado do Peão, o ganho será
paço para essa manobra . Assim : fácil.

203
..=L__ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _...,2L.

Vejamos o diagrama 229


(Kosek, 1910).
1. C6D BBC
2. P6B B3C
3. R6R B2B
4.R7D BlC
5. csc R7C
6. C7B R68
7. RSB B2T
8. csc B3C
9. C3T! As Pretas ganham .
E não 9 . R7C?, por 9.
BlD; 10. C3T, RSR; 11. C4B,
R4D; com empate. 1. .. . CSR
9.. .. RSR 2. R2R R4D
10.C4B B7B 3. R3R
11. R7D B6C As pretas podem imobili-
12. C6D+ zar completamente o Bispo, so-
E o Peão vai a Dama. mente colocando seu Cavalo
em SCD. Se, feito o lance prt'-
to ... , CSCD, o Bispo se encon-
12 -- Cavalo X Bispo Mau trar em 2D, as Brancas, jogan-
do, empatam com BlR; P6T,
Vimos, no diagrama 228, a B2D,CxB;RxC,R5R ; R2R,e
fraqueza de uma posição com as Brancas, tendo a oposição,
um Bispo mau, isto é, Peões e conseguem o empate. Então, as
Bispo situados em casas da mes- Pretas devem jogar ... , CSCD;
ma cor. Contra um Cavalo, o somente com o Bispo em 1R,
Bispo mau é, aincla, mais fraco. pois se então B2D, CxB; RxC,
Vejamos um exemplo magnífi- RSR; R2R, P6T!; agora são as
co, tirado de partida viva . Pretas que ganham a oposição!
Henneberger X Nimzo- Por conseguinte, as pretas de-
witch. Torneio de Winterthur, vem perder um tempo com seu
1931. Rei, isto é, movendo-o e
O ganho é arquit etado , trazendo-o à posição inicial
colocando-se primeiramente o num número ímpar de jogadas.
Bispo em "zugzwang", forçan - 3. ... R3D!
do a seguir a entrada do Rei 4 . R2R R 3B
preto. 5 . R3R R4D

204
~ ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -----""~

Agora voltamos a posição Nimzowitch estava inspira-


do terceiro lance, cabendo o do, sem dúvida.
lance as Brancas . 23 . DxD+ RxD
6. R2R C3D 24. R3T R6B
O Cavalo dirige-se a casa 25 . R4C RxP
chave. 26.RxP R6R
7. R3R C4C 27. PSD PxP+
8. B2D C6T 28. RxP PSB
9. BlB E as Brancas abandonaram .
Evitando a continuação, que Uma obra-prima de Nimzo-
se inicia com 9. B1R, C8C; 1O. witch. Excelente e magistral
B2D, CxB; que, como vimos, exemplo de cálculo preciso.
dá vitória as Pretas.
9 .... C8C
10. B2C P6T
11. BlT 13 - Torre X Bispo
Imobilizado o Bispo, trará
em cena o Rei preto. De uma maneira geral, há
11.... R3D empate nos finais de Torre con-
12. R2R R3B tra Bispo. Haverá, porém, ga-
13. RlD nho se o Rei preto estiver em
O Cavalo está perdido; mas casa angular da mesma cor de
Nimzowitch tem bem calcula- seu Bispo, ou se estiver no cen-
da toda a seqüência seguinte. tro das horizontais extremas
13.... R4D (colunas BD, D, R e BR), ten-
14.R2B RSR do as Brancas a oposição.
15.RxC R6B
16. B2C PxB! !
E não 16 .... , RxP?; por 17.
BxP, R6B; 18. BSB!, P6C; 19.
P4T, P7C; 20. PSD! e as Bran-
cas ganham!
17.P4T RxP
18. PST R7T
19.P6T P6C
20.P7T P7C
21. P8T=D P8C=D+ DIAGRAMA 231
22. RxP D7C+!! As Brancas jogam. Empate.

205
-=e.,.__________ XADREZ BÁSICO __________.:=,

O Rei preto está no ângulo tempo, ameaçando mate e o


certo, isto é, em casa angular Bispo.
de cor diferente da do Bispo.
1.T8T+ B1 C
Empate .

DlAGRAMA 233
As Brancas jogam e ganham.

1.T3C BSR
As alternativas são:
DIAGRAMA 232
As Brancas ganham. a) 1. . . . , B4O; 2.T 3D!
b) 1.. . . , B2C;2.T3C!
O Rei preto está no ângulo
c) 1 ... . , BIT; 2.T3C!
errado. Deve, pois, perder.
d) 1. . .. , B3B; 2.T3BD!
1.... RlC
e) 1 . . .. ,B8T;2 .T3TRI
2.R6C BSC
E, em todas elas, a Torre
3.T7TR B3R
branca atinge a 8• horizontal, ga-
4.T7R BSC
nhando as Brancas .
5.T8R+ B1B 2.T3R B7CI
6.T8TR RIT 3.T2R B6B
7. Tx8 mate . 4 .T2BRI 83B
5 .T2BD B2D
Final de Kling e Horwitz, 6.T2CD! 838
1891. 7 .T8C+ B1R
O Rei preto está em casa 8.T8T RlC
central na margem do tabulei- 9 .TxB+ R2T
ro, cm oposição ao Rei branco. 10 ,T8BR R3T
A idéia de ganho é obter um 11 .T8T mate.

14 - Torre X Cavalo
Entretanto, as Preta s devem
O final de Torre x Cavalo permanecer no centro da mar-
em geral resulta em empate . gem do tabuleiro, porque todos

206 ,w
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'.Agostini - - - - - - ~

os casos de ganho ocorrem As Brancas com o lance


com o Rei em casa angular. vencem.
1. R6C! RlC
Ou 1. ... , ClB+; 2. R7B,
C2T; 3.T8C mate.
2.T2C!! Cl B+
3. R6B+desc . R 1T
Ou 3 .... , R2T; 4. R 7B 4.
R7B e mate em dois lances.
Jogando as Pretas há empate .
1. ... C1B
2.T2C
DIAGRAMA 234
As Pretas jogam e empatam. Não há nada melhor. Se
2. T7C, C3D; 3. no, CIB;
1. ' .. ClD+
4. T8D, R 1C, etc .
2. R6O C2C+
2. .. . C2R!!
3. RSD CID
E não 2 . ... , C2T?; 3. R6C,
As Brancas nada podem fa-
como acima e nem 2 .... , C3D;
zer.
3. R6C.
4 .T8T R2D
3.R6C R1C
Ou 4. T7R, C2C. As Bran-
4 . RSB+desc . R2B
cas não podem ameaçar mate,
Empate.
nem obrigar o Rei preto a diri-
gir-se à casa angular. O resulta-
DIAGRAMA 235-8
do é empate.
Para as Brancas ganharem o
A B
final de Torre x Cavalo, deve-
rão usar um, ou mais, dos três
estratagemas:
1 - Ameaçando mates.
2 - Obrigando o Cavalo a
situar-se em posições sem
a defesa do Rei preto.
3 -· Colocando o Cavalo em
"zugzwang" e capturando-o.
No exemplo do diagrama
DIAGRAMA 235 235-B encontramos os três es-
A - As Brancas jogam e ganham. tratagemas .
As Pretas jogam e empatam.
B - As Brancas ganham.

207
XADREZ BÁSICO
~~-------- ----------=-

1. ... C2C 7 . ... R8R


Se 1. ... , C6C; 2.TlR, R2C; Agora este lance foi obri -
3. R4C, ganhando o Cavalo. gado.
2.T7R RlC 8. R6B R7D
3. R6C RlT 9. D2B R8D
4.T7T! CIR 10 . D4D+ R7B
Se 4 ... . , C3R; S. T8T+, 11. D3R R8D
5.T8T, com mate no próximo. 12. D3D+! R8R
13 . RSD R7B
14. D2D
A manobra é sempre a
1S Dama X um Peão mesma.
14 . ... R8B
15 . D4B+ R7C
16. D3R R8B
17. D3B+! RSR
18. R4R R7D
19. D3D+ RSR
20. R3B R8B
21. DxP+ R8C
22 . D2C mate.
Um simples Peão sustentan-
DIAGRAMA 236 do uma luta de 22 lances con-
As Brancas jogam e ganham. tra uma Dama!
A idéia ganhadora é forçar Contra o PB, ou o PT, essa
o Rei preto a ocupar a casa 8R, manohra em zigue-zague não
na frente do seu Peão, dando alcançaria êxito, pois as Pretas
tempo ao Rei branco de se dispõem de posição de empa-
aproximar. te.
1. D78+ R7C Os dois diagramas seguin-
Se 1..... R8R; 2. R6B, etc . tes nos mostrarão esses casos.
2.D6R R7B
3. DSB+ R7C DIAGRAMA 237A
4. D4R+ R7B
S . D4B+ R7C 1. D3C+ R8TI
6. D3R R88 As Brancas não podem to-
7 . D3B+! mar o Peão, nem ganhar tem-
Posição crucial. po necessário para a aproxi-

208
-""''------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"""'-

mação do Rei branco. Há, pois,


empate .

DIAGRAMA 237B

1. D3C+ R8T!
As Brancas, para evitar o
empate, devem dar lance ao Rei
inimigo. Não podem, portan-
to, aproximar seu Rei. O resul-
tado é empate. DIAGRAMA 237
Empate

16 - Dama X Torre No diagrama 238 (Berger),


as Pretas, para conservar sua
A Dama vence contra Tor- Torre perto do Rei, são força-
re embora o processo ganhador das a procurar a margem do ta-
seja, por vezes, muito difícil. A buleiro, onde a posição de
idéia básica das Brancas (lado "zugzwang" será inevitável .
que tem a Dama) é forçar as 1.R2C TSB
Pretas a uma posição de "zug- 2.R3B TSR
zwang". As Pretas têm possibi- 3. R3D T5D+
lidades de empate se mantive- 4.R3R T4D
rem sua Torre perto do Rei e 5. D2T+ R4B
evitando, desta forma, que um 6. D4B+ R3R
xeque de Dama possa capturar O Rei preto começa a
a Torre. afastar-se de sua melhor posi-
ção, isto é, do centro.
7.R4R T3D
8. D5B+ R2R
9. R5R T2D
10. D6B+ RIR
11.D8T+!
E não 11. R6R??por 11 ... . ,
T3D+ !; 12. RxT, e "pat". A es-
perança das Pretas, no final de
Dama xTorre, é conseguir uma
As Brancas ganham. dessas posições.

209
.=.____________ XADREZ BÁSICO ----------=-

11. . . . R2B
12. D7T+ RlR
13. D8C+ R2R
14. D8BD
Agora, Rei e Torre das Pre-
tas devem separar-se.
14. . .. T8D
Se 14 .. .. , TlD; 15. D6R+,
RlB; 16. R6B, com mate ine-
vitável. DIAGRAMA 239
Se 14 .... ,T2T; 15. D5B+, As Pretas jogam e empatam.

ganhando a Torre .
15. D5B+ R2D tun.idades de empate das Pre-
16. DSC+ RlD tas.
17. D5T+ RIB 1.... T2T+
18. D3B+ R2D 2. R2C T2C+
19. D4C R2B 3. R3B T2B+
20. D4B+ RlD 4.R4C T2C+
21. R6R T8R+ 5. R5B
22. R6D T8D+ As Brancas procuram a casa
23. R6B T7O 6BR para seu Rei; com isso,
24. 058 pretendem esgotar os xegues
E as Pretas não podem evi- da Torre.
tar as ameaças D8B mate ou 5 .. .. T2B+
DST+ ganhando a Torre. 6.R6C T2C+
Este antigo exemplo de 7.R6B T3C+!
Philidor (1782) ilustra as opor- 8. RxT Empate!

\1- REU-R.\.S PARA O Fll'J)J_j

Do excelente Basic Chess Endíngs, de Reuben Fine, data


venia, extraímos as quinze regras seguintes recomendadas para
os finais :
1. Peões dobrados, isolados ou bloqueados são fracos. Devem
ser evitados!
2. Peões passados devem avançar o mais rapidamente possí-
vel.

210
..=L-_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni - -- - - - ~~

3. O jogador que tiver um ou dois Peões a mais, deverá trocar


peças mas não Peões.
4. O jogador, que tiver um ou dois Peões a menos, deYerá
trocar Peões mas não peças.
5 . O jogador, que tiYer uma vantagem, não deverá abandonar
todos os Peões de urna ala.
6. Com um Peão a mais, a partida, em 99 casos sobre 100,
estará empatada, uma vez que haja Peões somente numa das alas
do tabuleiro.
7. Os finais mais fáceis de ganho são os finais puros de Peões.
8. Os finais mais fáceis de empate são aqueles com Bispos de
cores diferentes.
9. O Rei é urna peça forte. É mister usá-lo!
1O. Não coloque Peões nas casas da cor de seu Bispo.
11. Os Bispos são melhores do que os Cavalos em todas as
posições, exceto em posições bloqueadas.
12. Dois Bispos contra Bispo e Cavalo constituem vantagem
apreciável.
13. Peões passados devem ser bloqueados pelo Rei .
14. Uma Torre na sétima horizontal é compensação suficiente
por um Peão a menos.
15. As Torres devem situar-se por <letras dos Peões passados.

211
CAPÍTULO
III

ELEMENTOS DE COMBINAÇÃO
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Ag'ostini - - - - - - = -

ELEMENTOS DE CO:MBINAÇAO

Já sabemos que nenhuma dependência ex.iste no xadrez, a não


ser, é claro, aquela das leis do jogo. A ún.ica exceção é a obrigação
de livnr o Rei de um xeque; porém, afora essa eventualidade,
goza o enxadrista de liberdade para orientar o jogo à sua vontade.
Daí ser vantajosa a limitação das jogadas do adversário e o meio
para consegui-la é a combinação, que desempenha papel básico
no xadrez. Sua fmalidade é reduzir as determinações do adversá-
rio, restringindo-lhe as respostas e obrigando-o a realizar lances
Únicos ou praticamente forçados. Conseguir, enfim, seja um ata-
que direto de mate, seja uma vantagem material suficiente para o
ganho.
Devemos distinguir na combinação dois elementos indispen-
sáveis: a percepção do momento apropriado para sua realização,
como fruto de uma melhor posição ou de um equívoco do adver-
sário, e sua realização, que exige segurança, precisão e habilidade
na condução do jogo para bem explorar a circunstância favorável.
Quanto mais desenvolvidas essas duas qualidades, mais se apro-
xima o enxadrista do jogo dos mestres.

JOGO DE POSIÇAO E JOGO DE COMBIN~lÇAO

A combinação surge como conseqüência lógica de uma me-


lhor distribuição de peças, a qual é atingida graças ao desenvolvi-
mento de um jogo posicional.
Jogo de Posição, ou jogo posicional, por sua vez, é aquele em
que se procura alcançar, para as peças, uma boa colocação; e, uma
vez obtida, a melhor maneira de utilizá-la.
Na partida posicional deve-se trabalhar para a criação de
debilidades nas peças e no campo do inimigo, aproveitando-as
com vantagem máxima.
De posse de uma primazia posicional, mister se faz procurar o
jogo de combinação; então, a partida se concentra dentro de li-
mites definidos; e, por conseguinte, de um número limitado de
jogadas. É muito comum, nessa ocasião, uma sucessão de moYi-
mentos forçados: que obrigam o adversário a uma resposta deter-
minada em conformidade com o caso.

215
~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ ____.~.

O jogo de posição é primordial; a combinação é secundária. O


jogo de combinação não é, pois, como muitos erroneamente jul-
gam, a antítese do jogo posicional, senão seu complemento, seu
aliado.
O jogo de combinação, sem dúvida, é mais brilhante do que o
jogo posicional. Porém, é lei enxadrística (segundo Max Em-ve),
que não se pode combinar com êxito uma vez que se não efetue,
previamente, um bom jogo posicional.

CONCEITOS DE ESTRATÉGIA,
TÉCNICA E TÁTICA
Relacionados com o jogo posicional e o jogo de combinação
estão os conceitos de estratégia, técnica e tática enxadríst:icas.
Estratégia é divisar uma debilidade, ou distingw-la à medida
que se vai formando.
Técnica é a exploração da debilidade.
Tática é a procura, o descobrimento e a execução da combi-
nação.
Estratégia e técnica dizem respeito ao jogo posicional, enquan-
to a tática tem relação com o jogo de combinação.
A estratégia e a tática requerem talento acima de tudo; a téc-
nica exige constância e tenacidade.
Imperam, nas combinações, os sacrifícios de peças, que mui-
tas vezes são feitos não para conseguir o mate imediato, ou ganho
material, mas para obter, simplesmente, uma vantagem posicional.
Estes casos de combinações são os mais difíceis para os principi-
antes .
Aqui nos limitaremos a apresentar os elementos de combina-
ção, que ocorrem com mais freqüência na prática e, apenas, as
combinações diretas; as combinações de mate e as manobras qu<'
conduzem a uma decisão clara no desenvolvimento de uma parti -
da. Seu estudo e conhecimento permitem ao principiante uma
grande economia no tempo e no esforço mental, que ele desen-
\'Olve na análise de uma partida
Procuraremos apresentar as possibilidades de combinação em
grupos ou temas, obedecendo, o mais possível, a uma tentativa de
sistematização. Essa subdi,-i são em temas, embora incompleta e

216
-=-L-------- Dr. Orfeu GJberto D'Agosti.ni - - - - - - ~ ~ -

imperfeita, toma-se, na prática, mais fácil e amena para o estudo


dos principiantes.

I - Ganho ele Peças

Capturando-se as peças inimigas vai-se, paulatinamente, re-


duzindo o potencial adversário. A supremacia material acaba ori-
ginando, também, na maioria das Yezes, supremacia de posição e
ambos esses fatores irão obrigar o adversário, duplamente
inferiorizado, a render-se, sem apelação.
Se um dos jogadores possui majs peças que outro, sah·o raros
casos, deve ganhar a partida .
Os meios para ganhar peças inimigas, ou para ganhar materi-
al, são numerosos, porém seus princípios fundamentais podem
ser reduzidos a seis. São eles:
1. Princípio do Rei em perigo.
2. Princípio da peça imóvel.
3. Princípio da peça sobrecarregada.
4. Princípio do ataque simultâneo.
5. Princípio da peça sem defesa.
6. Princípio da promoção do Peão.

1. Princípio do Rei em Perigo

O Rei em perigo, sob múltiplas ameaças, escapa, muitas ,·e-


zes, ao mate, entregando material, seja para abrir caminho para
sua fuga, seja para distrair peças atacantes, ou mesmo destrui-las,
embora sacrificando peças de maior valor.
Vejamos alguns exemplos elementares, que ilustram este prin-
cípio.
O Bispo branco deu xeque ao
Rei preto, que, para escapar ao
mate, precisa entregar uma peça.
1. . .. C3R
2. BxC+ R1B
O Rei preto conseguiu uma
DIAGRAMA 240
A5 Brancas ganham material.
casa de fuga, mas entregando ma-
terial.

217
XADREZ BÁSICO
~~--------- -----------"=-

2.TxD
As Pretas evitaram o mate,
entregando a Dama pelo Cava-
lo inimigo.
Outros exemplos deste
DIAGRAMA 241
As Brancas ganham material. tema serão vistos nas páginas se-
I. C7B+ DxC guintes.

2. Princípio da Peça Imóvel suas defesas são apenas duas:


Cavalo e Bispo.
Atuando sobre uma peça As capturas se sucedem:
inimiga imobilizada (por blo- 1. CxP CxC
queio ou por pregadura) um 2. BxC BxB
número de peças atacantes mai- 3.TxB
or que o número de peças que As Brancas ganharam um
a defendem, essa peça imobili- Peão.
zada poderá ser capturada. Se o Peão preto estivesse
Exemplos: defendido por outro Peão, é
claro que as Brancas não iriam
capturá-lo. Esses ganhos de
peças são possíveis, quando as
peças trocadas são do mesmo
valor.

Captura de Peças Defendidas

Nas capturas de peças de-


fendidas há urna regra fácil, ser-
DIAGRAMA242 vindo de guia para o raciocínio
As Brancas ganham o PR inimigo.
dos principiantes.
'.\! a posição do diagrama Regra Geral:
242, o Peão preto está imobi- a) Para se ganhar urna peça
lizado, por se encontrar blo- defendida, deve-se ter, no mí-
queado pelo Peão branco. nimo, uma peça de ataque a
Convergem no P4R preto mais que as peças de defesa.
três ataques: Cavalo, Bispo e Assim, no exemplo anterior, as
Torre das Brancas, enquanto Brancas possuíam três peças de

218
. d ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - -- -----"'"1..

ataque contra duas da defesa; No diagrama 243, três pe-


por isso, ganharam o Peão. ças brancas, Cavalo, Bispo e
b) Para a defesa de uma Torre, convergem sobre o Peão
peça, basta ter um número de preto, que se acha defendido
peças defensivas igual ao núme- por outro Peão. As Brancas,
ro de peças atacantes . sem dúvida, não irão capturá-
No diagrama anterior se lo, pois:
existisse mais uma peça preta 1. CxP PxC
de defesa, por exemplo uma 2. BxP
Torre em 2R, teríamos três pe- As Brancas ganhariam os
ças atacantes contra três peças dois Peões, mas perderiam o
defensivas. Canlo.
Insistindo as Brancas nas
capturas:
1. CxP CxC
2. BxC BxB
3.TxB TxT
As Pretas ganhariam uma
Torre cm troca do Peão.
Cumpre notar que essas re-
gras dizem respeito apenas aos
casos em que as peças trocadas
são do mesmo valor. DIAGRAMA 244
Jogam as Pretas.
Um Peão estando defendi-
do tão somente por outro Peão 1. ... P3T
anula diversos ataques de peças 2.84T?
contrárias. Um erro. As Brancas deve-
Exemplo: riam jogar 2. B4B ou 2. 83D.
3. ... P4C
4.B3C PSB
Este é um caso interessante
de ganho de peça imobilizada.
O Bispo encontra-se defendi-
do por dois Peões, P2T e P2B,
e atacado apenas por um Peão
inimigo.

DIAGRAMA 243

219
XADREZ BÁSICO
~~--------- ----------=-

1.... B2C
2. CST? B4R
Produz-se interessante po-
sição de bloqueio do Cavalo,
que se comporta, agora, como
peça imóvel. O Rei preto irá
capturá-lo.
3. R3C R2D
4.R2B R3R
5. R2D R4B
DIAGRAMA 245 6. R3R R5C
Jogam as Pretas. As Pretas ganham o Cavalo
e a partida.

Peça Pregada

A pregadura de uma peça por outra de menor valor deter-


mina o ganho da peça pregada; conseqüentemente, esta não se
pode movimentar, pois daria motivo a uma perda maior.
Exemplo.
As Brancas acabaram de jogar
858, pregando a Dama preta, que
não pode fugir à pregadura sem
deixar seu Rei em xeque. Graças
à pregadura, as Brancas ganham
material.
DIAGRAMA 246
Exemplos outros de prega-du- Pregadura de uma peça.
ras serão dados no capítulo res-
pectivo.

3. Princípio da Peça Sobrecarregada

Peça sobrecarregada é toda aquela que desempenha mais de


uma ação. Por exemplo uma peça que defende, ao mesmo tempo,
duas ou mais peças. Obrigando-se essa peça sobrecarregada a
movimentar-se, desfaz-se a harmonia defensiva; daí poderá re-
sultar a perda de material.
A sobrecarga, no xadrez, conduz à "débâcle", exatamente como
na vida real.

220
-"""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - -- --"""-

Exemplos :
Exemplo elementar que ilus-
tra o tema . O Bispo preto é uma
peça sobrecarregada, defendendo,
simultaneamente, seus dois Peões;
não pode, pois, sair da casa que
ocupa. As Brancas jogando 1. R6B
atacam a peça sobrecarregada, que
é obrigada a movimentar-se para
não ser capturada, e, em conse- DIAGRAMA 247
qüência, perdem as Pretas um O Bispo preto é uma peça
sobrecarregada.
Peão.

A Torre preta tem duas fun-


ções: a defesa do Cavalo de 5D e a
defesa do mate com T8R das Bran-
cas.
As Brancas jogam 1. DxC! e as
Pretas não podem responder com
1 .... , TxD por causa de 2. T8R
mate. Trata-se de um caso de ex-
ploração de peça sobrecarregada,
resultando no ganho de urna peça
DIAGRAMA 248
A Torre preta é uma
peça sobrecarregada.

para as Brancas.
O Cavalo preto é uma peça
sobrecarregada: defende a Torre
de 2CD e evita a entrada do Bispo
branco em 6R.
As Brancas exploram essa si-
tuação com 1. TxT!, ganhando
uma peça, pois se 1. ... , CxT;
2. B6R, cravando a Dama. DIAGRAMA 249
O Cavalo preto é uma peça
sobrecarregada.

221
r-~• - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO __________.li'
:=. .

O Peão preto defende duas


peças.
Com 1. CxC as Brancas ga-
nham uma peça, pois se 1.... ,
PxC;2.RxT.

DIAGRAMA 250
O Peão preto é uma peça
sobrecarregada.

4. Princípio do Ataque Simultâneo

Em xadrez, joga-se uma pe- duas peças contrárias.


ça de cada yez . Logo, uma peça 1. D8T?
atacando simultaneamente duas
ou mais peças pode determi-
nar a captura de uma delas.
Esse meio de ganhar peças
tem ainda mais força desde que
uma das peças atacadas seja o DIAGRAMA 252
Jogam as Brancas.
próprio Rei .
Exemplos: Uma jogada irrefletida, que faz
perder a Dama.
l . ... B2B+
Atacando, simultaneamen-
te, o Rei e a Dama.
2. Rjoga TxD
DIAGRAMA 251
As Pretas ganharam a Dama.
A Torre branca ataca duas
peças simultaneamente.

As Brancas acabaram de jo-


gar T3R, atacando, ao mesmo
tempo, os dois Bispos inimigos.
Um deles será saJvo, mas o ou-
tro será capturado pela Torre.
Trata-se de um caso ele- DIAGRAMA 253
mentar de ataque simultâneo a Jogam as Brancas.

222
- - = ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - -~ =

1.P6T PxP? As Brancas ganham. Este fi-


Abrindo a grande diagonal nal ocorreu na partida C. Tor-
preta. re x E. Lasker, Moscou, 1925.
2.T5D+desc. Rjoga
3.TxD
O xe9ue descoberto é
fre9üentemente usado para o
ganho de peças.

DIAGRAMA 255
Jogam as Brancas e ganham .

Repete-se, aqui, a mesma


idéia do diagrama anterior.
DIAGRAMA 254 1.TxP+ RlT
Jogam as Brancas e ganham. 2.TxP+desc. R\C
3.T7C+ RlT
1. B6B! 4.TxP+desc. RIC
Ameaçando mate com 5.T7C+ RlT
TxP+ e DxP. 6. TxC+desc. RIC
1. ... DxD 7.T7C+ RlT
2.TxP+ RlT 8. TxB2C+ <lese. RlC
3. TxP+desc . 9.T7C+ RlT
E dá-se interessante caso de 1O. TxP+desc. RlC
ata9ue simultâneo ao Rei e de- 11.T7C+ RlT
mais peças. 12. TxB+desc. R2T
3. .. . RlC 13.TxD+
4.T7C+ RlT Verdadeira devastação! Este
5. TxB+desc . RlC exemplo mostra, suficiente-
6.T7C+ RlT mente, a força do Bispo e Tor-
7 . T5C+desc. R2T re nessas posições, atacando, si-
8.TxD R3C multaneamente, várias peças.
9.T3T RxB
10.TxP+

223
~ ~ - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - ~

5 . Princípio da Peça sem Defesa

É evidente que uma peça sem defesa e diretamente atacada


poderá ser capturada com facilidade .
Os casos interessantes, porém, são aqueles em que se mano-
bra para deixar uma peça adversária sem defesa.
O princípio da peça sem defesa freqüentemente se alfa ao prin-
cípio do ataque simultâneo, no ganho de peças.
Exemplos:

O Bispo branco intercepta


a ação da Torre sobre a Dama
inimiga, que não está defendi-
da. Há, porém, uma manobra
que permite o ganho dessa
peça.
1. BxP+! RxB
2.TxD
As Brancas ganharam uma
DIAGRAMA 256 peça valiosa. Se as Pretas jogas-
Jogam as Brancas e ganham a
Dama preta. sem, em vez de 1 ... . , RxB, o
lance 1. ... , R2B, defendendo
a Dama, o segundo lance das Brancas seria 2. BSC+!
A posição do Bispo preto
indefeso permite o ganho de
um Peão.
1. BxP+! R.xB
2. TSC+ R1T
3. TxB
As Brancas ganharam um
Peão.

DIAGRAMA 257 >lestes últimos exemplos, a


peça estaYa sem defesa alguma.
Jogam as Brancas e ganham um Peão.

Veremos, a seguir, casos em que


existe defesa, mas que é suprimida ou desviada, deixando a peça
sem proteção.

224
..=.___ _ _ _ _ _ Ih·. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------""~"'--

Dama inimiga. Logo, ganharam


material.

6 . Princípio da Promoção do
Peão

O lado que promoYc um


DIAGRAMA 258 Peão ganha extraordinariamen-
Jogam as Brancas e
ganham a Torre preta.
te em poder; daí o adversário
precisar impedir a promoção,
A Torre preta está atacada quer capturando o Peão, quer
pelo Rei branco, porém tem a bloqueando seu avanço.
defesa da Dama. Neutralizada O Peão estando defendido
essa defesa, a Torre poderá ser na casa de promoção, sua cap-
capturada. tura determinará o ganho da
1. DxD+ RxD que o tomou.
2. RxT Quando bloqueado, um
As Brancas ganharam uma a
ataque peça bloqueadora de-
peça. terminará sua retirada ou sua
captura.

DIAGRAMA 260
As Brancas ganham material.

DIAGRAMA 259
As Brancas ganham material. Em ambos os casos, ganha-
se material.
A Dama preta está defendi - Exemplos:
da pela Torre. Mas essa defesa 1. P80=D TxD
pode ser desviada . 2. CxT
1. T8B+! TxT As brancas ganharam uma
2. DxD Torre.
As Brancas entregaram a
Torre, porém capturaram a

225
~ - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - --"""-

2. P8D=D TxD
3. CxT
As Brancas ganharam a Tor-
re inimiga.
Outros exemplos de pro-
DIAGRAMA 261
moção do Peão serão \istos no
As Brancas ganham material.
capítulo respectirn.
A Torre preta bloqueia o Nos temas segu..intc en -
Peão branco. contrar-se -ão, a cada pa sso .
1. C6B exemplos de ganhos de peça, .
Agora as Pretas retiram a com apl.icação dos seis pri nc1 -
Torre e segue: pios estudados.
1. ... TITO

II - Pregaduras

Peça pregada é aquela que ameaçada por outra ini miga nàc
pode, contudo, mover-se, sem determinar dificu1dades maiorc, .
As prcgaduras de peças brindam combinaçõc_ di\· r ;:a; e d<" g-an -
de beleza.
Vejamos alguns exemplos.
Dama será. poi,. aptu rad ou
trocada pela Torre .

DIAGRAMA 262
Jogam as Brancas.

1. 0-0 DxP? DL~GR.~.\ ~ 263


2. TlR Jogam as Bran cas ganham.
A Dama preta está pregada .
Não pode sair dessa coluna, por 1. T8T+ DxT
deixar o Rei em xeque . A 2. T2T+

226
--"'=''------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - -- -----"""'--

O Rei está pregado. Seu 3.P4R R3B


movimento permitirá a captu- 4.PxT
ra da Dama. A pregadura da Torre, nesse
exemplo, é muito instrutiva.

DIAGRAMA 264
Jogam as Brancas.

1.TxC DxT?
DIAGRAMA 266
2. B4D Brancas: Chatard
Pregadura da Dama. Jogam as Brancas.
2. ... DxB+
3. RxD O Cavalo branco está pre-
As Brancas ganham com a gado pela Dama preta. Há ainda
promoção do Peão. a ameaça de T7B, reforçando o
ataque sobre o Cavalo branco.
As Brancas tomam provi-
dências e seu primeiro lance
parece muito inocente.
l .TJCI BxC
2. DxB T7B
As Brancas parecem perdi-
das.
3.TIBD!
Agora a Torre preta é que
ficou pregada. Sobre essa peça
convergem duas brancas, a
Dama e a Torre, ameaçando
DIAGRAMA 265
Jogam as Brancas.
capturá-la.
Ainda, a Torre preta não
1. B4C+ B4B? pode deslocar-se pela ameaça
2.TxB! TxT das Brancas DxD.

227
_.,,,..__________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - ~

Verdadeiro dueto de pregadura contra pregadura, ou melhor ain-


da, de "caçador caçado".

IIl - Promoções

O Peão, chegando à oitava casa de uma coluna, trans-


formar-se-á imediata e obrigatoriamente em peça de valor supe-
rior (Dama, Torre, Bispo ou Cavalo). É claro que a promoção a
Dama é a preferida, em conseqüência de ser a peça de maior va-
lor. Há, porém, posições em que a promoção do Peão a peça de
valor inferior à Dama é mais vantajosa e até decisiva.
Exemplos:
A promoção do Peão a Dama
daria empate, pois o Rei preto
ficaria sem movimento. A so-
lução é:
1. P8C=T! R7T
2. T8T mate
DIAGRAMA 267
Jogam as Brancas e ganham .

l . P8B=D+ R2T
2. D7Cmate
Caso elementar.

DIAGRAMA 269
Jogam as Brancas e empatam.

As Pretas estão ameaçando


mate em dois lances, com 1 .... ,
D3C+; 2. R8T, D2C mate.
A promoção do Peão a Da-
ma não evitaria essa ameaça.
1. P8D=C+ ! R joga
2. Cx.D Empate

DIAGRAMA 268
Jogam as Brancas e ganham.

228
À ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------'-=-

Autor: O. G. D"Agostini tada, pois as Pretas ficarão sem


movimentos.
A promoção a Cavalo, con-
tudo, dará a vitória às Pretas,
com 1.... ,R7f;e2 .... ,P8C=D.
É necessária outra promo-
ção.
1. PxD=B! R7T
2. BSR+ R8C
Novamente as Pretas estão
DIAGRAMA 270 sem movimentos .
Jogam as Brancas e ganham.
3. BSC! PxB
O primeiro lance é fácil de 4 . C7B PSC
encontrar: 1. PxD, mas que 5.C6R P6C
promoção realizar? Se for Dama 6. csc P7C
ou Torre a partida estará empa- 7. C3T mate.

IV - Ataque Duplo do CaYalo au Rei e à Dama

O salto do Cavalo torna-se perigoso quando permite atacar


duas peças ao mesmo tempo, como o Rei e a Dama. O Rei livra-se
do xeque, mas, em compensação, a Dama é capturada.
Exemplos:
As Brancas ganham a Dama
inimiga .

DIAGRAMA 271
Jogam as Brancas.

1. BxP+ RxB?
DIAGRAMA 272
2. CSR+ Jogam as Brancas.

229
- ~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO
- - - - - - - - --=-

1.TxB! PxT ganhando a Dama, do m esmo


2. DxP 1 TxD modo.
3. CxT+
As Brancas ganham a
partida .

DIAGRAMA 274
Jogam as Brancas e ganham.

A manobra final do duplo


DIAGRAMA 273 de Cavalo proporciona lances
Jogam as Brancas.
de grande beleza.
1. B6C+ RID 1. DxT! DxD
2. C6B+ 2. P8C=D+ R2R
Ganhando a Dama e a par- 3. DxC+! RxD
tida, ,-isto que o Peão branco 4. C7C+ Rjoga
vai a Dama. 5. CxD
Se 1 .... , RlB; 2. C7D+, ,\s Brancas ganham.

V -Ataque Duplo de Peão ("Garfo"')

O Peão, que constitui a unidade de menor valor, ao atacar


uma peça inimiga força, porém, sua retirada. O "garfo" é um ata-
que de Peão a duas peças adversárias ao mesmo tempo. Uma po-
derá safar-se, mas a outra será capturada.
Exemplos:
1. P3B
O Peão branco deu um "gar-
fo". As Pretas livrarão a Torre
do ataque, mas o Cavalo será
capturado. DIAGRAMA 275
As Brancas ganham material.

230
. = L -_ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - " " " -

1.... P4R??
As Pretas esqueceram urna
particularidade do movimento
do Peão, que é a tomada "en
passant".
2. PxP e.p. +
F as Brancas dão um "garfo"
ao inimigo, capturando a Dama
e empatando uma partida com-
pletamente perdida.
DIAGRAMA 276
Jogam as Brancas e ganham.

O "garfo" será o broche fi-


nal da combinação seguinte:
1.TxP! PxT
2.TxP! DxT
3. P4D+ R4D
4.PxD RxP
5.P4T
E as Brancas ganham a par-
tida, porquanto promovem um
dos Peões.

DIAGRAMA 278
Jogam as Pretas.

1 .... P4D??
2. PRxP e.p.+desc . .. .
Um simples movimento de
Peão determina ataque simul-
tâneo a quatro peças, isto é, ao
Rei, à Dama, à Torre e ao Ca-
\·alo!
As Brancas ganham.

DIAGRAMA 277
Jogam as Pretas.

231
-='---------XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _t'a.

Ameaçando mate com P3C.


2. ... PSC
Se 2.... ,TxP; segue-se 3.PxT,
PSC ; 4 . PTx~ PxP ; 5 . Px~
seguido de P4CD e PST, ga-
nhando.
3. P3C+ R4C
4. PxT+ RxP
5. PTxP PxP
DIAGRAMA 279
6. PxP RxP
Jogam as Brancas e ganham. 7.R.3R R4C
5. P4C R3B
A possibilidade do "garfo"
9. P5T PxP
permite a vitória das Brancas.
10. PxP
1. TxBI PxT
As Brancas ganham, pro-
2. R2B
movendo o Peão a Dama.

Y1 - Sacrifício ele Dama

O sacrifício da Dama, a peça mais poderosa do tabuleiro,


efetua-se tendo em vista urna posição imediata, claramente ga-
nhadora.
É de efeito surpreendente, deleitando os espectadores da par-
tida.
Exemplos:

DIAGRAMA 280
Jogam as Brancas e ganham .

DIAGRAMA 281
1. DxP+! PxD Brancas: Anderssen
Jogam as Brancas e ganham .
2. B6Trnate.

232
~ ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -------'=-

Esta posição é de wna par-


tida jogada em 1869, no Tor-
neio de Barmen .
1. DxP+! RxD
2. P6B+desc . R 1C
3 . B7T+! RxB
4. T3T+ RIC
5. T8T mate.

DIAGRAMA 283
Jogam as Brancas e ganham.

As Brancas entregam a
Dama para valorizar o Peão
avançado.
1. D8TR+! RxD
2.P7C+ R1C
3. B7T+! RxB
4. P8C=D+ R3T
5. D8T mate.
DIAGRAMA 282 Os sacrifícios de Dama são
Brancas: Krause muito freqüentes. Em vários
Jogam as Brancas e ganham.
dos diagramas seguintes serão
1. D7R+! TxD eles encontrados, principal-
2.T8D+ TIR mente naqueles relativos aos
3.T8C+! RxT "ataques ao roque".
4.TxTmate.

·vn - Ataques ao Roqur


O roque, e geralmente o roque pequeno, é um lance que se
pratica em quase todas as partidas. Dá ele segurança ao Rei, além
de jogo à Torre.
Uma vez rocado, com a barreira de Peões intacta (P2T, P2C,
P2B), tendo a Torre por companheira, e possuindo um Cavalo em
3B, gozará o Rei, por muito tempo, de apreciável tranqüilidade .
A movimentação irrefletida de uma dessas peças, verdadeiros
baluartes da defesa do Rei, pode encorajar o adversário a um ata-

233
...cs,.___________ XADREZ BÁSICO __________ .J<=..

que direto sobre o Rei, terminando a partida mesmo em mate.


Ainda: a estrutura defensiva do roque pode ser abalada pela ação
do inimigo, como primeiro tempo de um ataque ao Rei.
Eis um roque bem defendido (diagrama 284):
os Peões em sua casa inicial, a Torre ao lado do
Rei, protegendo o P2BR, e o Cavalo em 3B, pro-
tegendo o P2TR. O Rei está defendido contra
uma invasão imediata das peças adversárias.
DIAGRAMA284 Qualquer alteração nesse arcabouço defensivo
Roque Protegido. d f
po e en raquecer o roque e permitir ataques
diretos do adversário atento.
Vejamos alguns tipos de roques débeis:

DIAGRAMA 285 DIAGRAMA 286 DIAGRAMA 287


Falta do PT. Falta do PC. Falta do PB.

DIAGRAMA288 DIAGRAMA 289 DIAGRAMA 290


Falta o Cavalo. Falta a Torre. Avanço do PC.

Em todos esses casos, a dcbihdade do roque


pode ser aproveitada com um ataque frontal ao
Rei, de realização variável para cada caso.
Estes conceitos de roques débeis não devem ser
considerados, pelos que se iniciam em xadrez,
DIAGRAMA 291 como verdades absolutas, devendo, portanto, ser
Avanço do PT.
evitados em todas as partidas .
Levar-nos-ia, contudo, ao absurdo de se manterem cinco pe-
ças inertes (T, C, PT, PC e PB), numa mesma posição.
Sabemos, com efeito, que o xadrez{: um jogo e, movimentos,
exigindo a cooperação e a movimentação de todas as peças. A
Torre do roque, freqi.ientemente, é chamada a agir na coluna do

234
.itl~ -- - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - -~

e,
Rei; o Canlo do roque, peça ágil que desloca-se com facilidade
durante a partida; o avanço do PB a 4BR .'.:, amiúde, início de
e
ataque; o avanço do Peão a 3TR usual em algumas aberturas
etc.
E, mais ainda: a debilidade do roque deixa de existir, desde
que o adversário não disponha de peças para aproveitá-la, ou quan-
do o aproveitamento da debilidade seja impossível.
Porém, é sempre útil manter a estrutura defensi\·a do roque
quando não se tem nenhum plano em vista, ou quando o adYersá-
rio toma iniciativa do ataque ao nosso Rei.
Vejamos os ataques contra o roque.
Os ataques contra o roque classificam-se da maneira seguinte:
1 - Ataques na colunaTR aberta (falta o PTR).
2 - Ataques na coluna CR aberta (falta o PCR).
3 - Ataques na diagonal aberta (falta o PBRJ.
4 - Ataques ao P2TR (falta o Cavalo em 3BR).
5 - Ataques ao P2BR (falta a Torre em 1BR).
6 - Ataques devidos ao avanço P3CR.
7 - Ataques devidos ao avanço P3TR.
Com freqüência essas debilidades se juntam, tornando-se o
roque mais facilmente alvo de ataque.

1. Ataques na Coluna TR Aberta (Falta o PTR)

Nos ataques contra o roque,


estando a coluna TR aberta, por
faltar o PT, ou quando existe uma
manobra imediata para abrir essa
coluna, adquirem importância,
como peças de ataque, a Dama e
as Torres, que se movimentam fa-
cilmente pela coluna.
Vejamos alguns exemplos:
A coluna TR aberta não é a
única fraqueza do roque preto. DIAGRAMA 292
Jogam as Brancas e ganham.
Falta o Cavalo em 3BR também.
Mas este exemplo mostra muito bem como explorar a debilidade
e,
principal do roque, isto a falta do P2TR.

, - ~ - - - - - - - - - - - 235
-""'"-------------- XADREZ BÁSICO __________..,=

1.T4T!+! RIC É importante, nestes casos,


2.T8T+! RxT ter a casa de escape 2BR das
3.T3T+ RIC Pretas vigiada por uma peça. É
4.T8T+ R.xT o papel do Peão branco, além
5. DST+ RIC de apoiar a Dama no mate .
6. D7Tmate .

DIAGRAMA 293 DIAGRAMA 294


Jogam as Pretas e ganham. Jogam as Pretas e ganham.

1. ... TST+! As Pretas almejam a abertura


2. CxT B7Tmate da colunaTR.
O roque privado do seu PT 1. ... B6C'
e do Cavalo em 38 permitiu 2. PxB DIT+
esse desenlace. 3. RIC D7T mate

l .T8T+! RxT
2. 06TR+! RIC
3. DxPmate.
Instrutivo exemplo de ata-
que e pregadura ,,i toriosa por
estar débil o roque das Pretas.
DIAGRAMA 295
Jogam as Brancas e ganham .

236
-"""'------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - " " " -

DIAGRAMA 298
DIAGRAMA 296
Jogam as Brancas e ganham. Jogam as Brancas e ganham.

As Brancas conseguem abrir O xeque de Dama branca


a coluna TR. em 8T é ineficaz, por existir a
1. DxP+! RxD via de escape 2BR.
2. C6C+desc. RlC A manobra das Brancas é
3.TST+ R2B instrutiva.
4.TSB+! DxT 1. D6C! B3T
5. P6D mate desc. 2.T7T D2B
3. DST!
Seguido de mate com TST.
Esta manobra de colocar a
Dama por trás da Torre permi-
tindo o ataque e a vigilância da
casa 2BR é muito instrutiva.

2. Ataques na Coluna CR
Aberta (Falta o PCR)

Diante de um roque em que


a coluna CR se encontra aber-
ta, por falta do PC, ou suscetí-
vel de ser aberta por um sacri-
DIAGRAMA 297
Jogam as Pretas e ganham.
fício de peça, adquirem impor-
tância, novamente, a Dama e as
Torres.
1. ... D7T+! As Torres, nestas posições,
2. RxD B7B mate desc. atuam com força má.xima, prin-

237
-='---------- XADREZ BÁSICO ----------=-

cipalmente se dobradas no sen- 2. RxC DSC+


tido vertical. 3. RJT D6B+
Vejamos alguns exemplos : 4 . RlC T3R
Seguido de ... , T3C+ , dan-
do mate.

DIAGRAMA 299
Jogam as Brancas e ganham.

A coluna CR será aberta


mediante sacrifício.
1.DxP+! CxD DIAGRAMA301
2.TxC+! RIT Jogam as Pretas e ganham.

3.TSC+ RxT
4.TlC mate. 1. ... BxP+!
2. RxB DSC+
3. C3C P6T +
4. RIC D6B
E o mate é inevithel com
... , D7C.

DIAGRAMA 300
Jogam as Pretas e ganham.

Novamente a coluna será


aberta mediante sacrifício. DIAGRAMA 302
1. .. . CxP! Jogam as Pretas e ganham.

238
. d ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ------~~-

! . .. . B6T+!
2. RxB D6B+
3. R4T P4C mate.
Uma combinação instrutiva e elegante.

l.T3C+ RlT
2. D6T!
Ameaçando mate com
D7C.
2.... T1C
3.T8R!!
Magnífico lance. Se 3 . ... ,TxT,
as Brancas dão mate com 4.
D7C. E se 3 ..... DxT, o mate se
inicia com 4. D6B+.
DIAGRAMA 303 3.... D3D
Brancas: Harwitz
Jogam as Brancas e ganham. 4. D7Cmate.

3. Ataques na Diagonal Aberta (Falta o PBR,l

O avanço do PBR de uma casa abre, sobre o roque, a diagonal


2TD-8CR. O avanço de duas casas desse Peão, quase sempre acom-
panhado de P3CR, defendendo o Peão em 4BR, possibilita a aber-
tura de uma outra diagonal, 1TD-8TR. As peças, que apro\·eitam
essas diagonais abertas, são os Bispos e a Dama.
Vejamos alguns exemplos:
A diagonal aberta permite
uma combinação brilhante .
1.D2T+ R1T
É claro que se 1 .... , R 1B, se-
gue 2. D7B mate.
2.C7B+ RlC
3. C6T+ RlT
4. D8C+! TxD
5. C7Bmate.
DIAGRAMA 304
Jogam as Brancas e ganham.

239
.=-;.__________ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _J:=t.

Pretas: Réti O avanço do PBR preto


abriu a diagonal fatídica .
1.TxP! PxT?
2. B5D+ RlT
3. BxP+ B2C
4 . BxB mate.

DIAGRAMA 305
Brancas: Euwe
Jogam as Pretas e ganham.

Nesta partida as Pretas fize-


ram o sacritício das duas Tor-
res, a fim de ganhar tempo no
ataque ao Rei branco.
A Dama branca acabou de
capturar a TR.
DIAGRAMA 307
1. ... B6TR! Jogam as Brancas e ganham.
Entregando a Torre restante.
2. DxT B4B+ As Pretas acabaram de jo-
3. RlT BxP+! gar ... , P4B?, procurando ata-
4. RxB D5C+ car a posição desfavorável do
5. RlB D6B+ Rei inimigo, mas a abertura da
6.RlR D7Bmate. diagonal sobre seu roque é fa-
tal.
1. B5D+ R2C
Se 1 .... , RlT; segue 2. B5R
mate.
2. B5R+ R3T
Se 2.... ,T3B;segue3.T8CR+,
R3T; 4. P5C+, R4T; 5 . B3B
mate.
3. P5C+ R4T
4. B3B mate.
DIAGRAMA306
Jogam as Brancas e ganham.

240
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - -- - -~

4. Ataques ao P2TR (Falta o Cavalo em 3BR)

O Cavalo em 3BR protege o P2TR, que apenas se encontra


defencüdo pelo Rei. A falta desse Cavalo dá origem a ataques so-
bre o P2TR.
Reproduzem-se muitos dos casos que já estudamos nos ata-
ques à coluna TR suscetÍvel de ser aberta.
Vejamos outros exemplos:

DIAGRAMA 308 DIAGRAMA 309


Jogam as Brancas e ganham. Jogam as Pretas.

Esta posição sucede amiú- As Brancas estão ameaçan-


de na Defesa Francesa ( 1. P4R, do mate com DxPT, o que é
P3R) . A ausência do Cavalo em possível devido à falta do Cava-
3BR dá margem a um belo ata- lo preto em 3BR.
que . 1.. .. P3TR
1. BxP+! RxB 2. P4T!
2. csc+ RlC Lance muito instrutivo e tí-
3. DST TlR pico nestas posições.
4 . DxP+ RlT 2. ... PxC
5 . DST+ RlC 3. PxP P3BR
6. D7T+ RlB Procurando escapar via
7. D8T+ R2R 2BR.
8. DxP mate. 4. P6C!
A outra fuga do Rei, 2 .. .. , E o mate é inevitável.
R3C; é com batida com 3. D4C 1,
ameaçando CxPR +desc., ga-
nhando também .

241
~ ~ - -- - - - - -
XADREZ BÁSICO ------------=-

DIAGRAMA310 DIAGRAMA311
Brancas: Schelechter Jogam as Brancas e ganham.
Jogam as Brancas e ganham.
1. BxP+! RxB
1. BxP+! RxB 2. c5c+ R3C
2. C5C+ PxC Se 2 . ... , R 1C; segue 3. D5T,
3. PxP+desc. RIC TRID;4. DTf+,Rl8;5. DST+,
4 .TST+ RxT R2R; 6. DxP, etc.
5. DST+ RlC
3. D4C R3B
6. P6C 4.TxP+! PxT
E o mate é inevitavel.
5. DxP mate .

5 . Ataques ao P2BR (Falta a Torre em 1BR)

A ausência da Torre cm 1BR deixa o P2BR defendido apenas


pelo Rei .
Sohre esse Peão é dirigido o ataque inimigo e, não raro, é o
Cavalo ou o Bispo que inicia o assalto.
Vejamos alguns c:xemplos :

Este é um caso muito ele-


mentar.
1. BxP+! RxB?
2. D6R mate.

DIAGRAMA312
Jogam as Brancas e ganham.

242
~~-- - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agost:in:i - - - - - - -~C,,,

Se 2 .... , RIB; 3. D5D! e o


mate é ine,itável.
3. D48+ B4B
4.T6R+!
As Pretas não podem tomar
a Torre pois o Bispo preto está
cravado.
4 . ... R2B
5. DxB+ RlC
DIAGRAMA313 Se 5 . .. . , B3B; segue 6.
Jogam as Brancas e ganham. TxB+, R2R; 7. D6R mate.
O Peão de 2BR preto sem 6. T6T+desc! R 1T
defesa e a posição encerrada da 7. DxPmate.
Dama permitem um final bri-
lhante.
1. CxPB! RxC
2. B3C+ R3C
Se 2 . ... , RIB; segue 3. D4B,
ganhando a partida pela amea-
ça do mate, em 7BR, das Bran-
cas.
3. C4Tmate.

DIAGRAMA315
Jogam as Brancas e ganham.

Esta posição sucede com


freqüência em algumas abertu-
ras . As Brancas aproveitam a au-
sência da Torre em 1BR.
1. CxPBI RxC
2. DxP+ R3C
Se 2 .... , R 1B; segue 3. D7B
mate .
Jogam as Brancas e ganham.
3. C4T+ R4T
I . CxPB! RxC 4. B2R+ RxC
2. B4B+ R3B 5. P3Cmate.

243
·} XADREZ BÁSICO
-=------------ ------------=

Um outro mate, por sinal cas ocupam com um Peão, e a


com menor número de lances, casa 3TR, em que se alojará a
e 3. B3D+, R4T; 4 . D3T mate. Dama branca.
1.D6T
6. Ataques Devidos ao Avanço E o mate com D7CR e ine-
P3CR vitável.

O avanço do PC a 3CR de-


termina uma formação carac-
terística de roque debil (P2TR,
P3CR, P2BR). Duas casas vizi-
nhas do roque, 3BR e 3TR, fi-
cam completamente sem
proteção, convidando o adver-
sário a situar nelas suas peças de
apoio ao mate.
Ainda, esse avanço abre a
diagonal I TD-STR, a chamada DIAGRAMA317
"diagonal fatal do roque", onde Jogam as Brancas e ganham.
urna Dama, ou um Bispo, pode O domínio da grande dia-
vulnerar a posição do Rei ini- gonal pennite urna Yitória rápi-
migo e dar-lhe mate. da.
Vejamos alguns exemplos : 1. TxP! RxT
2. D4T+ RIC
3. D8T mate .

DIAGRAMA3I6
Jogam as Brancas e ganham.

O avanço do PCR preto en-


fraqueceu duas casas vizinhas ao
DIAGRAMA 3 18
roque: a casa 3BR, que as Bran- Jogam as Pretas e ganham.

244
..=.___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gi.l.berto D'Agostini --------'""'--

O rei branco teve necessi- 4. B6B DlB


dade de defender as casas fra- Evitando o mate.
cas 3BR e 3TR, expondo-se a 5. DxD+ RxD
um ataque mortal. 6.TlD! B2D
1. ... TxC!! 7.TxB
2. BxT DxB+! E as Brancas ganham.
3. RxD CxPD+ É este um instrutivo exem-
4.R4C BIB+ plo do aproveitamento do ro -
5.R4T C6B mate. que fraco, em razão do avanço
do PCR.

7. Ataques Devidos ao Avanço


P3TR

Sobre o Peio avançado


P3TR converge, com freqüên-
cia, a açio das peças in1migas,
que abrem brechas no escudo
do roque.
Exemplos:

DIAGRAMA319
Jogam as Brancas e ganham.

As Brancas ameaçam mate


com a manobra B6B e D7C,
mas as Pretas têm boa defesa,
voltando com o Bispo a 1BR.
Como existe também a amea-
ça das Pretas ... , BxPB+, o pri-
meiro lance é fácil de achar.
l.TxB! DxT DIAGRAMA 320
2. BSC! Jogam as Brancas.

Procurando desviar a aten-


ção da Dama preta da casa 1BR, 1.TxP! PxT?
mas as Pretas fogem à tentação 2. D4C+ R2T
de capturar esse Bispo. 3. D7Cmate.
2. ... D1B O avanço do PT das Pretas
3.BxT DxB permitiu um ataque de mate.

245
~ ~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - ~

2. R1C
E o mate é inevitável com
D7T.

DIAGRAMA 321
Brancas: Spielmann
Jogam as Brancas e ganham.

O ataque das Brancas é va-


lorizado pela posição do PTR
das Pretas. DIAGRAMA 323
l. DxPT!! PxD Brancas: Richter
Jogam as Brancas e ganham.
2. PxP+desc. RlB
3.T8C+! RxT O roque das Pretas apre-
4. P7T+ R!B senta-se com a debilidade do
5. P8T=D mate. P3TR; além disso, há o entor-
pecimento das peças pretas.
A melhor disposição das pe-
ças brancas permite um rema-
te magnífico.
1.TxPCR!! RxT
2. BxP+! RIC
Se 2 .... , RxB; segue-se 3.
D2D+,R2C;4.D5C+,Rl~
5. D6T+, RlC; 6. C6C!, PxC;
7. DxP+, RIT; 8.TST+, CxT;
9. D7T mate.
Contra o outro lance 2 ... . ,
R 1T; as Brancas ganhariam com
DIAGRAMA 322
Jogam as Brancas e ganham. 3. BxT, ameaçando CxP+.
3.D3B ClR
Quando o PBR está crava- 4. D4C+ RIT
do, o avanço do PTR possibilita 5. B7C+! CxB
combinações como a seguinte: 6. D3T+ BST
1.D6C!! PxC 7. DxB+ C4T

246
À ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"""'-

8. DxC+ R2C 10 . D6T+ RlC


9 . DSC+ RJT 11. 07T mate.

,1II - Ataques Contra o Rei Centralizado

Já vimos que o roque, além 1\lesta posição as Pretas têm


de dar jogo à Torre, permite um Peão a mais, porém se en-
colocar o Rei em lugar seguro. contram com posição restrin-
Sabemos também que o roque gida e o Rei centralizado.
deve estar bem protegido, sem O tempo perdido com
debilidades, para não tornar o P3TR (que melhor teria sid o
Rei alvo fácil de ataques. aproveitado coro ... , 0-0) agra-
O Rei centralizado (Rei em n mais ainda seu jogo.
sua casa inicial) constitui, com As Brancas ganham de ma -
freqüência, objetivo de ataque, neira rápida .
sobre ele convergindo a ação das 1. CxPBR ! RxC
peças adversárias. E a posição O Cavalo necessita ser cap-
do Rei, nessa situação, é tanto turado, caso contrário as Bran-
mais incômoda e insegura quan- cas ganham a Torre do Rei.
to mais atrasado esteja o desen- 2. DxP+ R3C
volvimento de suas peças. Se 2 . ... , Rl R; 3. D7Bmate.
São freqüentes os sacrifici- 3. B3D+ R4T
os que visam explorar a posi- 4 . D3Tmate.
ção do Rei centralizado e im- Este exemplo ilustra uma
pedir o desenvolvimento de combinação freqüente na prá-
suas peças. tica.
Vejamos alguns exemplos:

DIAGRAMA 324 DIAGRAl\,1A 325


Jogam as Brancas e ganham. Jogam as Brancas e ganham.

247
XADREZ BÁSICO
-""'"--- - - - - - - - ---------~

As Pretas acabaram de jo- As Pretas aceitam a peça. Se


gar ... , P40; com a intenção de 1. ... , OxC?; 2. TlR!,ganhan-
solidificar sua posição debilita- do a Dama.
da com . .. C3R; ... , B2CR; e 2. 080+!! RxD
. .. ,0-0. 3. BSC+ R2B
Porém a continuac,:ão das Ou 3 .... ,RlR;4.T8Dmate.
Brancas é decisiva. 4. 880 mate.
1. CxP! PxC Combinação maravilhosa,
2. BxP explorando a posição insegura
E as Brancas ganham, pois do Rei preto. (Partida Reti x
ameaçam 3. DxP mate e 3. Tartakower, Viena, 1910).
BxT. As Pretas, se quiserem sal-
var o Rei, deverão perder a
Torre.
Este exemplo elementar
mostra como explorar a posi -
ção do Rei centralizado e con-
seguir ganho de material.

DIAGRAMA 327
Jogam as Brancas.

Esta posição ocorre na aber-


tura após 1. P4R, P4R; 2.
C3BR, C3B0; 3. P4D, PxP; 4.
DIAGRAMA 326
P3B, PxP; S. B4B0, PxP; 6.
Jogam as Pretas. BxPC, P3D; 7 .0-0, C3B. Em
troca dos dois Peões sacrifica-
O desenvolvimento das dos, as Brancas dispõem de jogo
Pretas está atrasado. O ultimo aberto com vantagem no de-
lance branco foi 0-0-0!, en- senvolvimento.
tregando uma peça para explo- As Pretas preparam 8 .... ,
rar a saída prematura da Dama B2R; 9 .... , 0-0; colocando o
inimiga e a posição do Rei cen- Rei em lugar seguro e desfru-
tralizado. tando, a seguir, a vantagem
1. ... CxC? material.

248
--""'L------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _lts..

Como devem as Brancas


aproveitar sua vantagem em
desenvolvimento? A resposta é :
procurando impedir o roque
adversário e tirando proveito da
posição do Rei centralizado.
Vejamos o procedimento
correto.
8. PSR! PxP
Ou a) 8 .... , CxP?; 9. CxC, DIAGRAMA328
PxC; 10. BxP+!,R2R; 11. B3T+, Jogam as Brancas.
ganhando a Dama. As Pretas obtiveram um
b) 8 .... , C4TD; 9. T!R!, Peão em detrimento do desen-
decidindo a partida. vohi.mento de suas peças.
9. D3C! D2R Almejam realizar o roque e
Ou a) 9 .... , B3R; 10. BxB, dar saída às peças da ala da
PxB; 11. DxPC, com forte ata- Dama. Mas as Brancas impe-
que . dem esses planos e exploram a
b) 9 .... , D2D; 10 . C5C, posição insegura do Rei preto
CID; 11. BxPR, B3D; 12. BxB, no meio da horizontal.
PxB; 13. CxPB, CxC; 14. BSC, l. B5CR! P3BR
ganhando a Dama. Resposta forçada.
10.C5C ClD 2. BxP! PxB
11. B3T D2D 3. P6D!
12.TlD B3D Bloqueia definitivamente o
13. BxB PxB desenvohimento das peças pre-
14. CxPB tas.
E as Brancas ganham, pois 3 .... PxP
ameaçam 15. CxTese 14 .... , Ou 3. C3B; 4. DSD,
CxC; 15. BSC, ganhando a TIB; 5. D5T+, e mate no pró-
Dama. ximo lance .
É este um magnífico exem- 4. D5D D3C
plo, que bem esclarece as pos- Se 4 ... . , Tl B; 5. DST+ 1
sibilidades de ataque contra um 5. 07B+ RID
Rei centralizado. Exemplo va- 6. DxB+ R2B
lioso, ainda, por se produzir a 7 . C4D
posição crítica em fase preco- E as Pretas nada podem fa-
ce da abertura. zer contra uma das ameaças.

249
..=,c...________
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - • = > -

a) 8. CSC+, R3B; 9. DxP Bloqueando a pos1çao


mate. adversária .
b) 8. C6R +, R3B; 9.TlD, etc. Se 8 ... . , PxC; 9. D5C+,
B2D; 1O. DxPD, ameaçando
11. PxP mate e 11 . DxT.
8. ... PxP
9. DST+ R2D
Se 9 .... , P3C; 10. DSR,
TI C; 11. BSC+, segu.ido de
12. CxP.
10. C3B R2B
Lutam as Pretas com difi-
culdades em seu desenvolvi-
DIAGRAMA329 mento.
Brancas: Spielmann
Jogam as Brancas.
11. CSR 82D
12. C7B DIR
A posição do diagrama 329 13. DSR+ R2C
ocorreu numa partida de 14.B4BR!
Spielmann, após 1. P4R, "Aqui/a non capit muscas."
P38D; 2. C38D, P4D; 3. C3B, Spielmann despreza o ganho da
C38; 4 . PSR, CSR; 5. D2R, Torre a fim de ameaçar o pró-
CxC; 6. PDxC, P3CD; 7. C4D, prio Rei ( 15. D78 mate) .
P48D ? (o correto era 7 .... , 14. ... PSB
P3R). 15. D7B+ R3T
Vejamos como o grande 16. C8D! C38
mestre de ataque continua a 17. D7C+ R4C
partida, explorando a posição 18. P4 T+ R4B
do Rei inimigo. 19. DxC+ ! BxD
8. P6R 1 20. CxP mate.
Uma partida maravilhosa.

IX - Entrega de lHateria.1 para Dar Mate

A finalidade do jogo de xadrez é dar mate ao adversário. Deü-


neado um plano com esse objetivo e determinadas as peças para
executá-lo, os demais elementos podem ser sacrificados, desde
que colaborem para o fim em vista, isto é, o mate.
Exemplos:

250
À.._____ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - --'"'ai.

1. DxP+! RxD
2.TSTmate.
Este exemplo ilustra tam-
bém o tema do sacrifício da
Dama .

DIAGRAMA 330
Jogam as Brancas e ganham.

A idéia é dar mate com a


Dama em 7TR.
1. T4T+ RIC
2. T8T+! RxT
3. T3T+ RJC
4. T8T+ RxT
5. DST+ RlC
6. D7T mate.
Exemplos deste tema serão en-
contrados com fregüência nos
DIAGRAMA331 diagramas seguintes, que fazem
Jogam as Brancas e ganham.
parte de outras manobras ins-
trutivas.

X - Desvio de Peças Defern,iYiu;


Freqüentemente, um plano
de ataque é frustrado pela po-
sição defensiva de uma ou mais
peças do adversário. Nesses ca-
sos, a conduta a seguir é a eli-
minação, ou o deslocamento
dessas peças, embora à custa de
sacrifício material.
Exemplos:
Conseguindo colocar a DIAGRAMA 332
Dama em 6TR, as Brancas ga- Jogam as Brancas.

251
J--''L - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _,io=,,

nharão a partida. É preciso, po- As Brancas intentam dar


rém, desviar a ação da Dama mate comTlTR .
preta dessa casa. 1. DSC+! TxD
1. T3B! DxT? 2. TJT+ TxT
2. D6T+ RIC 1. TxT mate.
3. D7C mate.

DIAGRAMA 333
Jogam as Brancas e ganham .
DIAGRAMA 335
O Rei preto defende a Da- Brancas: Steinitz
Jogam as Brancas e ganham.
ma, que está atacada pela Dama
branca. F. indispensável neutra-
lizar essa defesa. O xeque da Dama branca
1. BxP+! RxB em 6R seria fatal, se não exis-
2. DxD tisse a Dama preta dominando
Se as Pretas jogassem 1 .... , essa casa . É mister desviar a
R2R; as Brancas ganhariam Dama dessa diagonal.
com 2, B6B+. 1. T8D+! DxT
2. D6R+ R2T
3, TxP+! PxT
4. D7B mate.

DIAGRAMA 334 DIAGRAMA336


Brancas: Mouret Jogam as Pretas e ganham.

252
..z:='------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - -
~~

A idéia, neste exemplo, é 3. 0-0-0! TJD


jogar ... , DxP, dando mate. Mas 4.TxC! TxT
se torna necessario desviar a Agora é a vez da pregadura
ação da Dama branca e bloque- da Torre.
ar a casa l BD das Brancas. 5.TID D3R
1... . T8B+ Libertando-se da pregadura
2. DxT TxD+ do Bispo.
3.TxT DxPmate 6. BxT CxB
Este Cavalo intercepta a
ação da Torre Branca em 8D.
Sera desviado.
Pretas: Duque de Brunswick
7. DSC+! CxD
e Conde lsouard 8.TSD mate.
A Dama preta esta impe-
dindo o mate com C6B. Com a
entrega, porém, de duas peças,
será possível o mate almejado.
l.T8R+! TxT
2.D4C+! DxD
3. C6B mate.
Des\iada a ação da peça de-
fensiva, foi possível dar o mate.
DIAGRAMA 337
Brancas: Paulo Morphy
Jogam as Brancas e ganham.

É este um magnifico exem-


plo, com diversos temas em
jogo como pregadura, entrega
de material, desvio de peça
defensiva, sacrifício de Dama,
etc.
As Pretas ameaçam o Bispo
DIAGRAMA 338
de 4BD. Brancas: Gudin
1. CxP! PxC Jogam as Brancas e ganham.
2. BxPC+ CD2D
Agora este Cavalo fica cra-
vado.

253
~~---------
XADREZ BÁSICO -----------"""-

XI - Perigos elo Rei "Bem Respiração"

O Rei, diz-se, "sem respiração", quando se conserva isolado


na primeira horizontal, sem a companhia de outras peças, blo-
queado pelos três Peões do roque,
PT, PC, PB, que permanecem em
suas casas iniciais (diagrama 339).
Assim localizado, o Rei está
sujeito a xeques mortais de Dama
ou Torre. É preciso ter sempre em DIAGRAMA 339
Rei "sem respiração".
mente o perigo, que se origina de
uma posição semelhante.
A situação apresentada constitui tema excelente para grande
número de combinações brilhantes .
Exemplos:

Mediante sacrifícios, as
Brancas conseguem criar ao Rei
Preto uma posição "sem respi-
ro " .
1. DxT! TxD
2. TSD+ TxT
DIAGRAMA 340
Jogam as Brancas e ganham. 3. TxT mate.

As Brancas exploram a po-


sição do Rei inimigo.
1. DSC+!!
Inesperado sacrifício de
Dama. Visa colocar o Rei pre-
to em posição de receber um
xeque de Cavalo, ao mesmo
tempo que facilita a ação da
Torre branca na coluna do Bis-
DIAGRAMA 341
po da Dama.
Brancas: E. Dei Rio
Jogam as Brancas e ganham. 1. ... RxD

254
~"------------ ÜT. Orfeu GJberto D'Ag·ostini - - - - - - ~/á..

As Pretas não podem jogar 3. TxC T8D+


1 .... , TxD; pur causa de 2. 4. TIB TxT mate
C7B mate .
2. C7R+ RlT
3. C7B+ TxC
4 . TxT+ TlB
5 . TxT mate.

DIAGRAMA 343
Brancas: Alekhine
Jogam as Brancas e ganham .

O Rei "sem respiro" dá en-


DIAGRAMA 342
sejo à bela combinação.
Jogam as Pretas e ganham. 1. TSR+ CJB
2. C6T+! DxC
A idéia é semelhante a do As Pretas deixam une oca-
exemplo anterior. minho para a Dama branca.
1. ... C7R+ 3. TxC+! RxT
2. RIT CxP+! 4 . 08D mate .

XII - Sacrifícios de Peças que Obstruem o Ataqne

Sucede, muitas vezes, que um plano de ataque apresenta difi-


culdades ou, ainda, impossibilidad e em sua execução, em virtude
da existência de peças próprias, que prejudicam a ação de conjun-
to das peças dispostas à ofensiva.
Aqui, a conduta a seguir é uma só : eliminar esses obstáculos
próprios, sem perda de tempo, o que se consegue sacrificando-os
e, sempre que possível, realizar com eles lances de xeque, amea-
ças de mate ou ganho de material.
Mantém-se, desta forma, o adversário preocupado com tais
ameaças, havendo tempo para o desenvolvimento do pri.mitiYo
plano de ataque.
Exemplos:

255
XADREZ BÁSICO
..Sa"---------- -----------=-

A segunda peça branca foi,


igualmente, sacrificada com
ganho de tempo.
Resta agora a posição ini-
cialmente ideada.
3. BSR+ T3B
4.BxT+ RlC
DIAGRAMA 344 5. D7C mate.
Jogam as Pretas e ganham.

A Torre preta está impedin-


do o mate com a Dama na casa
7C. O sacrifício dessa peça se
impõe.
1.... T7T+
2. RxT D7C mate

Pretas: Delmar

DIAGRAMA 346
Jogam as Brancas e ganham.

Conseguindo-se colocar a
Dama branca em 7CD haveria
mate. Porém, a Torre branca de
DIAGRAMA345 SCD impede essa manobra.
Brancas: Mackenzie
Jogam as Brancas e ganham. A9ui o exemplo é enriquecido
por mais um sacrifício, o da
As Brancas têm um plano de Torre de 7D.
mate com BS R +, seguido de 1. T7T+!
D7C mate. Mas, duas peças A idéia é sacrificar a Torre
próprias obstruem essa idéia. da coluna CD com ganho de
1. C6C+! tempo.
A primeira peça é eHmina- 1.... RxT
da e com ganho de tempo. 2. T7C+ RIT
1. ... BxC 3. T7T+ RxT
2. TxP+! BxT 4. D7C mate .

256
~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agosti.ni _______mfs~

mais um tema, que consiste no


desvio da peça defensiva (Ca-
valo preto de 6T).
1. B6D+1 TxB
O Bispo branco, que estor-
\'a\·a a mo\·imentação da Torre
que \·ai dar mate, é eliminado.
2. T7C+'. BxT
Foi des\iada, assim, a ação
DIAGRAMA 347 desse Bispo sobre a casa 2BD
Brancas: Stamma das Brancas.
Jogam as Brancas e ganham.
3. C2B+! CxC
As Brancas planejam T5CD 4. T5C mate.
mate. Neste exemplo aparece Dois temas bem tratados.

XIII - }Ianobras de Obstrução

A obstrução, em xadrez, é a interposição de um obstáculo


entre as peças inimigas, com a finalidade de isolá-las, torná-las
indefesas ou impedir sua ação de conjunto.
Advém da obstrução a vantagem de permitir um ataque sobre
as peças deslocadas, ou sobre um ponto capital, enfraquecido pela
desordem e pela desarmonia elas peças defensoras.
Exemplos:
l . T~0 1

Fi na manobra ele obstrução .


.-\mea çam as Brancas jogar
1 :s.: T. dan J o mate .
.-\ Torre branca não pode ser
to mada de maneira alguma.
S 1.... , PxT; segue 2. DxT
mate.
-e 1.... , DxT; segue 2. D6B
n1ate.
Se l .... , TxT;seguc2.D8B
DIAGRAMA 348
Brancas: Eliskases mate.
Jogam as Brancas e ganham. .-\s Pretas abandonaram a
partida.

257
XADREZ BÁSICO
.i§.~--------- ----------=

Autor: E. Rinck As Brancas pretendem ga-


nhar com o avanço do Peão; é
preciso, contudo, impedir a
promoção do Peão preto , que
daria vitória às Pretas.
1. TlCR!
Fina manobra de obstrução.
1. ... TxT
2.P7C TSBR
3. PSC=D+
OIAGRAMA349 Seguido de 4. DxP, e as
Jogam as Brancas e ganham. Brancas ganham.
A idéia das Brancas é jogar
O Bispo preto embaraça o C(4T)6C+desc., mas o Bi spo
avanço dos Peões brancos. Sur- preto ameaça capturar a·lorrc.
ge uma manobra de obstrução.
1. P6B! PxP
2. CSR!
Magnífico lance de obstru-
ção.
2 .... BxC
3.R4R B6B
4 . RSB!
E o Peão branco vai , sosse-
gadamente, a Dama.
DIAGRAMA 35 1
Autor: Stamma
Brancas: Loyd
Jogam as Bran cas e gan ham .

Torna-se neces,ario . as,im .


impedir a ação de,:a;e Bis po . o
que se obtém graça, a o stru -
ção.
1.D6R!! Tx
Se 1... . , BxD. para conti -
nuar atacando a Torre de 3TR.
segue 2. C3B + dc_c_. R I C: 3.
DIAGRAMA 350 C7R mate. Essa continuação e·
Jogam as Brancas e ganham. possível, poi s o Bispo prét em

258
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ __ _ __i.a.._

3R dificulta o movimento da Se 1.... , CxD; a continua-


Torre preta a 3TR como res- ção é como segue:
posta ao segundo lance das 2. C(4T)6C+ RlC
Brancas. 3 . T8T mate.

X[\T - Rei "em .Asfücia"

Bloqueado por suas pr6prias peças e pelo mmimento das pe-


ças inimigas, o monarca fica, às vezes, sem lance, praticamente
"em asfixia", sem vias de escape. Tal situação desperta a atenção
do adversário, que engendra um xeque; no caso, será xeque-mate,
pouco importando para isso que sejam precisos sacrifícios de \'á-
rias peças.
Exemplos:

O Rei branco está "em asfi-


xia" . Um xeque de Cavalo em
7BR será mortal, uma vez afas-
tada a Dama branca .
1. ... DxP+!
DIAGRAMA 352
Jogam as Pretas e ganham.
2. DxD C7B mate .

Autor Kubbel
Bloqueado pelo pr6prio
Bispo e pela ação das peças
brancas, o Rei preto está sem
movimentos.
!. T2B
Ameaçando mate com T2T.
1 .... B8D
Único lance para evitar a ame-
aça do mate.
2. T2T+ B4T
3. B2R! TxB
DIAGRAMA 353
Jogam as Brancas e ganham.
4. P4C! TxT
5. PSC mate.

259
-=,;L.._________ XADREZ BÁSICO ----------=-

O Rei preto está imobiliza-


do. As Brancas conseguirão um
mate com o avanço do Peão.
Mas é preciso bloguear a casa
2TR das Pretas.
1.T!T+ T7T
2. T(7C)7TR + ! TxT
3. P7Cmate.
Observem a pregadura da
DIAGRAMA 354 Torre preta.
Jogam as Brancas e ganham.

1. BSC!
Ameaçando mate com D7T.
1. ... TxB
Se 1. ... ,T2R;segue2 . RxT,
PSR=D+; 3. R7D, D8D+;
4. R7B, ganhando.
E se 3 . ... , D7D+; 4. R8B,
ganhando igualmente.
2. R7B!
Ameaçando mate com
DIAGRAMA 355
Brancas: Lasker DxT.
2 .... TxD
A posição do Rei "em asfixia" 3. PxT P8R=D
permite uma combinação magní- 4. P7C+ R2T
fica. 5. PSC= D mate.

XV - Atração do Rei Inimigo à Zona de Maior Perigo

O Rei, em meio da partida, ocupa, geralmente, um lugar se-


guro no tabuleiro; rocado, estará protegido pela barreira estática
de seus Peões (PT, PC, PB), bem como pela vigilância dinâmica
de outras peças (Dama,Torre, Cavalo, Bispo). Bem guarnecido, o
Rei, nessa posição, pode resistir galhardamente a assédios impe-
tuosos do adversário.

260
A ' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'A,gostin.i - - - - - -~~

Ha manobras, porém, à base de sacrifícios sucessivos, que de-


salojam o Rei de sua fortaleza, obrigando-o a dirigir-se à zona de
maior perigo, para o meio do tabuleiro, onde se acham concen-
tradas as forças inimigas; afastado, assim, de sua posição habitual,
com suas forças mal distribuídas para a defesa ou dificultando até
sua retirada, recebe o golpe mortal .
Exemplos:
Pretas: G. Thomas Maravilhoso! Não se sabe o
que mais admirar neste final : se
o espetacular sacrifício da
Dama, se a "via-crúcis" do Rei
preto, ou o último lance das
Brancas, verdadeiro "broche"
final.

Pretas: Zukertort

Brancas: Ed. Lasker


Jogam as Brancas e ganham.

O Rei preto parece desfru-


tar urna posição segura; porém,
atraído a uma zona de perigo,
recebera mate.
1. DxP+!!
Espetacular e imprevisto
sacrifício de Dama.
1.... RxD DIAGRAMA 357
2. CxB+ R3T Jogam as Pretas e ganham.
Se 2 .... , R 1T, haveria mate
com 3. C6C. Outro exemplo maravilho-
3. C(5R)4C+ R4C so, com idêntico sacrifício ini-
4. P4T+ RSB cial de Dama.
5. P3C+ R6B 1. ... D6T+!!
Todas as jogadas das Pretas 2. RxD C6R+desc.
são forçadas. O Canlo ,igia a casa 2CR
6. B2R+ R7C das Brancas.
7.T2T+ RSC 3. R4T P4C+
8. R2D! mate. 4.RST BSC+

261
,i XADREZ BÁSICO '-'~
..=.~-------- ----------

5. R6T C4B+ 7. R8T C3C+


6.R7T CIB+ 8. R7T R3R+desc.
As Pretas têm seus lances 9. RxC T2C mate
forçados.

Se 2 .... , BxP; segue-se 3.


C4R+, R4D; 4. TlD+, ga-
nhando a Dama.
3. C4T+ RxB
4 . D2R+ RxC
5. D48+ R4T
6. P4C+ RST
7. D3C--I R4C
8. P4T+ R3C
As peças pretas nada podem
DIAGRAMA 358 fazer em au..-xílio do seu pobre
Jogam as Brancas e ganham . Rei .
9. PST+ R4C
1. BxPB! PxB 10. P4B+ R3T
2. PSR+ R4B 11. PSC mate.

Combinação parecida com


a anterior, provocando a pere-
grinação do Rei.
l . DxC3T+! RxD
2. C6R+!desc. R4T
3. B2R+ RST
4 .T4B+! CxT
5. P3C+ R6T
6. CxCmate .
Observar o lance 4 .T4B+ 1,
que des,iou a ação do Cavalo
DIAGRAMA 359 preto da casa 4BR.
Brancas: Blackburne Desenvolvem-se, neste exem-
Jogam as Brancas e ganham.
plo, três temas de combinação:

262
-=-"------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ __ _ _ __ ;=...

sacrifício de Dama, des\io de Se 1 .... , TxT; segue-se 2.


peça inimiga e atração do Rei BxP+, ganhando a seguir a Tor-
adversário à zona de maior pe- re, com saldo de um Peão.
rigo. 2. BxP+! 1 RxB
Pretas: Te Kolste As Pretas "pagam" para
\·er.. .
3. CxP+!! PxC
Se 1 .. .. , Rx T, as Brancas ga-
nham com 4 . DST+ , R 1C; 5.
D78+, R2T ; 6 . 0-0-0 1 !,
B6T!; 7.TlT, D18D; 8. P4CR 1
e
e O mate ine\·itáYel.
4 . D5T+ R3B
5. DxP+ R2B
6 . DxB+ R3R
Brancas: Luiz Palau 7. DSR mate .
Jogam as Brancas e ganham.
Este final recebeu o primei-
O Rei preto ocupa sua casa inici- ro prêmio de beleza no Cam-
al, mas logo estará em marcha . peonato das '.\lações de 1927,
1.TxP! R2B em Londres .

À~l: - Sacrifício Imortal elas Duas Torrrs

Há, em xadrez, uma manobra interessante, que tem por base


a entrega de ambas as Torres, com o objetivo de distrair as prin-
cipais peças do adversário, per- Pretas: Kiesseritzki
mitindo ganhar tempo e realizar
um ataque decisivo contra o Rei
inimigo.
Geralmente, essa manobra se
inicia com a entrega do PCD.
Exemplos:
1. C5D! DxPC
2. 86D!! DxT+
A captura do Bispo seria fatal:
2... ., BxB; 3. CxB+, R1D; 4. CxP+,
DIAGRAMA 36 1
R 1R; 5. C6D+, Rl D; 7. D88 mate. Brancas: Ander-ssen
3.R2R BxT Jogam as Brancas e ganham.

263
-=.___________ XADREZ BÁSICO -------------=-

As duas Torres foram sa- drama manobra ganhadora, en-


crificadas. Em troca, porém, as tregando as duas Torres.
Brancas vão tecendo sutil rede 1. DxP DxPC
de mate. 2. BxP! DxT+
4. P5R 11 3. R2R DxT
Fechando a diagonal à Dama Os tempos preciosos, que
preta. Ameaça, tamb ém, as Pretas perderam ganhando
CxPC+, seguido de mate com peças, foram aproveitados pe-
B7B. las Brancas para o ataque de
4 ... . C3TD mate.
Evitando o mencionado 4 . D7B+ R20
mate, mas ... 5. P6R+ R2B
5.CxP+ RlD 6 . CSD+ R3B
6. D6B+!! CxD 7. 08R+ R3D
O Cavalo preto deixou de 8 . B4B+ RxP
vigiar a casa 2R. 9. C6B+desc. RxC
7. B7R mate. 10 . 07B mate.
Esta posição pertence à fa- A Dama preta, "empantur-
mosa Partida "Imortal", reali- rada", dorrne a sesta ...
zada cm 1851, em Londres. Pretas: Reti

Pretas: Kiesseritzki

DIAGRAMA 363
Brancas: Euwe
Jogam as Pretas e ganham.

As Brancas aparentemente
DIAGRAMA 362
Brancas: Schva ru
estão em mellior posição. O
Rei preto está desguarnecido e
As Pretas acabaram de jo- sem roque. Porém, o sacrifício
gar D3C, ameaçando o PCD do das duas Torres permite uma
adversário. As Brancas engen- brilliante vitória.

264
-""''------------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i _________.=--

1.... B3D! 4.TxP B6TR!


2. DxT DxB Entregando a outra Torre .
Ameaçando, agora, .. . , B6T, 5. DxT B4B+
atacando o PCR com mate e a 6 . RIT
Dama preta com a Torre restan- Se 6.TD4D,segue 6. BxT+;
te . 7.TxB, D8R mate .
3.P4BR DST 6 ... . BxP+
Claro, se as Pretas tomam o 7 . RxB DSC+
Peão, segue-seTIBR das Bran- 8.RlB D6B+
cas, cravando a Dama. 9 . RlR D7B mate

As Pretas, considerando
inviável a captura desse Bispo,
por ficar a Torre branca sem
defesa, d espreocupam-se do
ataque.
1. .. . 0-0-0 ?
2. PxB! DxT+
3. R2D DxT
Está compl eto o sacrifício das
duas Torres .
DIAGRAMA 364
Brancas: Canal 4. DxP+! PxD
Jogam as Brancas e ganham.
5. B6Tmate.
As Brancas acabam de jogar
P3TD, atacando o Bispo preto.

:XYII - Torres na Sétima Horizontal

A finalidade lógica das aberturas d e colunas é seu domínio


pelas Torres assim como a penetração destas peças no campo ini-
migo, através da sétima e oitava horizontais . A posse dessas hori-
zontais deve ser considerada como \'antagem no final, embora gran-
de número de partidas possa defmir-se no meio jogo, justamente
em virtude dessa manobra.
A Torre, na sétima, é de grande eficiência, não somente pelo
perigo que cria às peças inimigas nela existentes (freqüentemente

265
XADREZ BÁSICO
-=·'---------- -----------=-

Peões), mas, também, devido à sua ação restritiva, confinando o


Rei inimigo à horizontal externa e motivando, inclusiYe, ameaças
de mate.
Uma Torre na sétima é, com freqüência, compensação sufici-
ente para um Peão e, em muitos casos, vale mesmo sacrifício de
dois Peões.
Quando existem duas Torres, na sétima, então seu poder cresce
consideravelmente, e seus efeitos, não raramente, são devastado-
res.
Vejamos alguns exemplos: Esta posição ocorreu no
Torneio de Non York de 1927.
1. ... P4R!!
Sacrificando um Peão para
conseguir dobrar as Torres, na
sétima horizontal.
2. BxPR T(10)7D
3. 07C
As Brancas não podem jo-
gar:
a) 3. TJBR, por 3 .... ,
DIAGRAMA 365
Jogam as Brancas e ganham. DxPR!; 4. B4B, TxP!, com
mate a seguir.
1.TxP+ RxT b) 3. OI B, por3 .... , D40;
2.T7B+ RIT 4. B4D, D4TR 1 ; 5. P4TR,
3.DxPmate. 06B; 6. TDlB, TxP; forçando
Exemplo elementar elos o mate.
efeitos da Torre na sétima. 3 .... TxP
4 . P4C 03R
Pretas: Capablanca
5.B3C TxP!
Capablanca quebra a resis-
tência de seu adversário. Se,
agora, 6. BxT, DxPC+; 7 . R 1T,
06T!; seguido de mate.
6 . 03B T (7T)7C+

DIAGRAMA 366
Brancas: Nimzowicch
Jogam as Pretas.

266
1 _ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------'-""--
~-

7. DxT TxD+
8 . RxT DxPC
9 .TD1D P4TR
E as Pretas ganham . É este,
indubitavelmente, um exemplo
magistral das possibilidades que
oferecem as Torres, na sétima
horizontal.

DIAGRAMA 368
Jogam as Brancas e ganham.

1.T7T+ RlC
2.T(78)7C+ RlB
3.TxP
Ameaçando mate .
3... . RlC
4. T(7D)7C+ RlB
5.TxP RlC
6. T(7B)7C+ RlB
7.TxP RlC
DIAGRAMA367 8. T(7C)7C+I ...
Jogam as Brancas e ganham. E não 8 .TxC?, PST=D!, etc .
8... . RtB
1.T7C+ RlB 9 .TxC TxT
2.T7TR 10.TxT
Ameaçando mate. As Brancas ganham . Este exem-
2.... RlC plo é suficiente e cabal demons-
3. T(7B)7C+ R 1B tração da força que possuem as
4.C5C! PxC Torres, dobradas quando situa-
5. P6B seguido de mate. das na sétima horizontal.

:1..·-rnI - Sacrifícios ele Peões


Vimos, em capítulos anteriores, sacrifícios de peças nliosas,
inclusive de Dama, para se obter o mate ou uma vantagem decisi-
va imediata. Instrutivos e efici entes são também os sacrifícios de
Peões, realjzados com o objetivo de dar as casas por eles ocupadas
a outras peças, principalmente aos Cavalos, que passam, então, a
agir com maior ação, controlando as casas do inimigo.

267
.=.___ ________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - -~

Outras vezes, esses sacrifícios são feitos para abrir diagonais,


horizontais e colunas, permitindo ampliar o raio de ação das pe-
ças maiores.
Como resultado produz-se, para o lado que pratica tais mano -
bras, uma mobilização maior de peças, pois, muitas vezes, o pró-
prio Peão, que e sacri.ficado, estava limitando a ação das peças
companheiras; para o lado contrário resulta uma limitação das
jogadas e, não raro, uma posição restringida e uma alteração nos
planos de combate.
Verdade que esses temas pertencem mais ao domínio da estra-
tegia enxadrística, mas nossa intenção, ao apresentá-los como ele-
mentos de combinação, e mostrar exemplos simples, em que es-
sas manobras são eficientes na obtenção de uma vantagem ganha-
dora.
Vejamos alguns exemplos:

Pretas: Capablanca
casa passará a ser ocupada pelo
Cavalo, que, dominando pon-
to central tão Yalioso, decidirá
a partida.
1. PSR! PDxP
2. C4R!
As Brancas ameaçam CxPB+,
atacando três peças pretas.
2. ... C4D
3. C(6R)SB 818
DIAGRAMA 369 Não há melhor lance . Se
Brancas: Lasker
Jogam as Brancas. 3 .... ,T2BD;4.CxB,TxC;S .
C6D+, ganhando
É este um exemplo clássi- 4.CxT BxC
co, tirado de dois grandes mes- 5. T7T T1B
tres do xadrez e ocorrido no 6. TlTD R10
Torneio de S. Petersburgo, 1914. 7. TST+ B18
As Brancas possuem um Ca- 8. CSB Abandonam .
valo bem instalado (o de 6R) e O sacriBcio do Peão (1 . PSR!)
aceleram a entrada do outro foi, por conseguinte, decisivo.
Cavalo (o de 380), sacrifican-
do o Peão atrasado de 4R. Essa

268
~.___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -----------"'=

Pretas: L. Piazzini bradas Pretas. Mas, agora, não


há tempo. Se 3. C3C, segue-se
3 .... , C2C; 4. B1R, C(2R)4B;
5. CxC, CxC; e as Pretas ganham
o PT e o frnal.
3.... CxPB
4.C3C C(3R)2C
5. BlB CxC
E as Brancas abandonaram.
Após 6. PxC, C4B; as Pretas
DIAGRAMA 370 ganham o PC e o final.
Brancas: A. de la Lhave
Jogam as Pretas.

À primeira vista esta posi-


ção estaria empatada, visto as Pretas: Krogius
cadeias de Peões não permiti-
rem a passagem nem dos Reis
nem dos Cavalos. Porém, no-
vamente o recurso do avanço e
sacrifício de um Peão decide a
partida.
1. ... P5B!
2. PCxP
Se 2. PRxP, CxP+ ! Inefi-
ciente seria também 2. R 1 D,
por 2 .... , P6B!; 3. ClB, C2R; Brancas: Eliskases
4. RlR, C4B; 5. RlB, CIB; Jogam as Brancas.
6. R 1C, C3C; 7. R2T, CxPT!;
8.PxC,CxPT;9.R3C,C4B+; Posição ocorrida no Torneio
10.R2T,P5T; 11.R1C,P6C; de Munique, 1937.
12. PxP, PxP; 13. RlB, R3B; As Brancas têm posição su-
e, após atingir o Rei preto na perior graças à mobilidade mai-
casa 7T, o ganho é fácil. or de suas peças. Seu PR, po-
2. ... C2R rém, constitui uma debilidade,
Rumo à casa 4BR, vaga pelo por se b·atar de Peão atrasado
avanço do Peão. em coluna aberta.
3. PSB Eliskases decide sacrificá-
Devolvendo o Peão e lo, conseguindo abrir sua posi-
utilizando-se da mesma mano- ção e ganhar a partida.

269
XADREZ BÁSICO
~-------- - - - - - - - - - - '=--

1. PSR! PxP Se 2 .... , PSR; segue 3. D2C,


Ou 1. .. . , BxPR; 2. CxB, D2C; 4 .CxP, etc.
PxC; 3. P6D, PSR; 4 . 04B, 3. CxPR BxC
D2C; 5. P7D+, RlD; 6 . 4. TDJR Abandonam .
DxPB, etc. Se a) 4 . ... , P3B; 5. TxB+,
2. P6D R lB ; 6. 06B e ganham.
Abre-se a grande diagonal b) 4 . .. . , PSB+; 5. R2T,
branca e, imediatamente, a C3B;6 . TxB+,RlB;7. T7R,
Dama do primeiro jogador ata- DlC; 8. B6R, T2T; 9. D5T 1!,
ca a TO inimiga. ganhando.
2. ... 02T

Precas: Engels
vas vias de ataque, as Brancas
realizam o sacrifício do PR.
1. PSR!
O Bispo branco tem já dia-
gonal aberta à sua disposição.
1. ... PDx.P
2. T4T P3TR
3. TxP C3D
4 . C7R+ DxC
5. TST+ Abandonam.
DIAGRAMA 372
Após 5 . . .. , RxT; há mate
Brancas: Saemisch
Jogam as Brancas. em três lances: 6. DST +, R 1C;
7. D7T+, R2B; 8. B6C mate.
As Brancas dispõem de po-
sição superior em conseqüên- Outros exemplos de sacrifí-
cia de mobilidade maior e de cios de Peões serão \istos no
melhor disposição de ataque ele tema seguinte (Rupturas), pois
suas peças. que, freqüentemente, esses dois
Para ampliar o raio de ação temas se apresentam associados
de suas forças, abrindo-lhes no- na prática <le combinações.

XIX - Rupturas

Há posições em que as peças não atingem a plenitude de seu


poder, em virtude de Peões se travarem entre si, formando ver-
dadeiras cadeias entrelaçadas .

270
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - --~~

As Torres são as peças mais limitadas em sua ação.


Nessas situações, as Torres, e as demais peças, só podem che-
gar à eficiência máxima, mediante algwna ruptura violenta da
posição . Tal procedimento permite, com freqüência, abrir
diagonais, horizontais e colunas no campo inimigo.
A ruptura marca, freqüentemente, o fim do jogo posicional e
o começo do jogo de combinação. Não é propriamente uma com-
binação, mas sim wna preliminar de combinações. Na maioria
das vezes é o único meio de valorizar wna vantagem em desenvol-
,rimento.
A ruptura deve ser bem preparada e as peças precisam ser dis-
postas de tal modo que participem imediatamente da luta, tão
logo ela se produza.
Uma vez efetuada a ruptura, usará mais eficientemente suas
peças o jogador que disponha de vantagem em espaço.
A ruptura se pratica, geralmente, com um lance de Peão, que
produz trocas de Peões e, conseqüentemente, abertura de vias de
ataque. Menos vezes peças de maior valor são sacrificadas para
abrir a posição.
Exemplos:
entrar em jogo, tão logo se pro-
duza a ruptura.
Observe-se que as Brancas
dispõem de vantagem em espa-
ço.
!. PSD!
Ameaça 2. PxPBD, seguido
de 3. C4D e 4. CxPBD. As Pre-
tas não podem responder 1. ... ,
PBxP; por 2. C4D, seguido de
DIAGRAMA 373 3. CxPC, etc.
Jogam as Brancas. A resposta do segundo jo-
gador é, portanto, forçada .
Este é um caso elementar 1. ... PRxP
e, por conseguinte, instruti\'O. 2. C4D
Só existe um ponto de rup- Ameaçando nova ruptura
tura (casa 50 branca); o Cava- com 3. P6R.
lo está bem situado e pronto a 2. .. . RlC

271
XADREZ BÁSICO
-="---------- ----------"""'-

3. P6R PxP Exemplo simples, mostran-


4 . CxPR B2R do a ruptura mediante sacrifí -
5 . C4D cio de peça .
Seguido de 6 . CxPBD, ga-
nhando o jogo.

DIAGRAMA 375
Jogam as Brancas.

DIAGRAMA 374 Há igualdade de material ;


Jogam as Pretas.
porém o Bispo preto é inferior
Neste caso, não há ruptura ao Cavalo adversário , visto
com jogada de Peões, pois as ca- encontrar-se em casa da mes-
deias estão completamente ma cor de seus Peões. É, por-
entrelaçadas, sem nenhum lan- tanto, um Bispo imobilizado
ce possível. pelos próprios Peões.
A partida estará empatada A posição está completa-
se as Pretas movimentarem seu mente bloqueada, mas existe
Rei ou jogarem 1. ... , B 1R; ao um ponto de ruptura no terri-
contrário, a jogada 1.... , B 1B?; tório das Pretas, isto é, a casa
pennitirá o ganho da seguinte 4BD do segundo jogador, pon-
maneira: to esse que proporcionará a vi-
1.... B 1B? tória às Brancas.
2. BST! B2D 1. PSB!
Ou 2 . ... , PxB; 3. P6C e ga- Sacrifício de Peão com dois
nham. objetivos:
3.BxP RIC a) destruir a cadeia de Pe-
4. B7B ões inimigos e
Seguido de 5. P6C, ganhan- b) dar a casa 4BD para o Ca-
do igualmente. valo.

272
-"""''------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini --------"""-

A ameaça direta é a captura dem o Bispo e o final .


do PC (2. PxPC!) e não 2 . 2. C4B
P6B ?, que fecharia definitiva- As Brancas têm agora um
mente a posição. O correto se- Peão passado e um Cavalo bem
ria, pois, 2. PxPC!, BxP; 3 . colocado.
C4B, B2B ; 4 . P6C, B1C; 5 . 2. ... R2R
CxPT, e as Brancas ganhariam. 3. P6C R2D
1. .. . PCxP 4. P7C B2B
A outra alternativa daria Ou 4 .... , R2B; 5. CxPD!,
ganho às Brancas da maneira se- B2R;6. C7B, B1B;7. P6D+,
guinte: 1. ... , PDxP; 2. P6D, RxP ; 8. P7D, ganhando.
RlB; 3. R4B, RlR; 4. R5D, 5. CxPT!
R2D; 5. C4B, RIR; 6. R6R, Seguido de 6. C6B, e as
R 1B; 7. R7D, e as Pretas per- Brancas ganham.

Pretas: Tartakower possibilidade de ruptura na casa


5BR branca decidem a partida .
1. P5B! PRxP
As Brancas ameaçavam 2.
P6B!, PxP (forçado; se 2 .... ,
DJR?; 3. D5C,P3C ; 4 . O6~
com mate no próximo lance) 3.
PxPB,DxP;4. C5R , D2R;5.
CxB, DxC; 6. D5C+, RlT; 7 .
O6B+, RlC; 8. BxP+!, RxB;
DIAGRAMA 376 9. T4B, e mate em dois lances.
Brancas: Forgacs 2. P4C! 1
Jogam as Brancas.
Novo sacrifício magnífico
Esta posição ocorreu no de Peão, que deve, igualmen-
Torneio de São Petersburgo, te, ser aceito.
1909. 2 .... PxPC
As Brancas necessitam jogar 3. C5C P3C
com energia, pois as Pretas 4.T6B R2C
ameaçam obter vantagem na ala 5. T(lR)lBR BlR
da Dama. Mas, a posição debi- Defendendo o ponto 2BR
litada do flanco Rei preto e a três vezes atacado.

273
..=L__ _______ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ ____..1-""'""~

6. D4B! cadeia de Peões pretos.


Reforça o ataque à casa Uma vez prevista a manobra de
2 BR inimiga e ameaça 7. ruptura e, mais, realizada no
C6R+! momento exato, o ataque se de-
6.... CID senvolve com facilidade.
A resposta preta é forçada.
A grande força das combina-
ções está não só na limitação das
Pretas: Lasker
respostas adversárias, nos lan-
ces forçados e necessários à de-
fesa de pontos vitais, mas tam-
bém na posição congesta que
resulta para as peças inimigas.
7. P6R!
A tacando uma vez mais o
ponto débil 2BR .
7. ... T3T
Defendem-se as Pretas pela
DIAGRAMA 377
pregadura do Peão branco. Se Brancas: Pillbury
8. PxP, TxT! Jogam as Brancas.
8. DSR!
E agora as Brancas ameaçam Posição verificada no Tor-
xeque descoberto mortal. neio de '.'Juremberg, 1896.
8. ... R3T NoYamente o ponto de
9. T(1B)5B! ruptura é a casa 5BR das Bran-
Os lances brancos são ma- cas. A entrega do PB deixará,
gistrais. A Torre não pode ser to- ainda, vaga a excelente casa 4BR
mada, pois o PCR está cravado. para o Canlo branco de 2R.
9. ... PxPR 1.P5B! PCxP
10. C7B+ 2. C4B P5T
Se 10.TxT, PCxT! 3.TlT B2R
10... . DxC 4.TxC! BxT
l 1.T5T+! R2C 5. C(4D)xPR 1
12.TxPC+! mate . Como sempre acontece,
Fxcelente remate com nu- após a ruptura segue-se a com-
merosos temas de combinação binação.
em jogo, e possível graças à ma- 5 .... PxC
nobra inicial de rompimento da 6. CxPR! D2B??

274
A _ ______ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~!~

Um cochilo inacreditável der a Torre); 7. DxPB, B3BD ;


do grande mestre l .asker, gue 8. BSC!,TIB; 9. DxT+, BxD;
abandonou logo a seguir, pois 10.TxB+, R2D; 11 . C5Bmate.
perde a Dama (7 . CxD). b) 6. D2D; 7. DxPB, ga-
Porém, outras jogadas de nbando.
Dama perdem, igualmente, a c) 6 .. .. , l)JC; 7. DxPB, P6T
partida. (7 .... , B2D?; 8. D7B mate);
Exemplos: 8. C7B+, R1D: 9. P6R e ga-
a) 6 .... , Dl BD (para defen- nbam, igualmente, as Brancas .

XX- Recursos em Posições Desesperadas

Há posições que parecem completamente perdidas, sem pos-


sibihdades de salvação. Surgem, então, recursos imprevistos, que
alteram, de pronto, o desfecho da partida.

as Brancas ficam sem movi-


mentos ("pat").
É um exemplo de auto-
obstrução.

DIAGRAMA 378
Jogam as Brancas e empatam.

Exemplos:
Não há meios de impedir o
avanço dos Peões pretos e con -
seqüente promoção. DIAGRAMA 379
Brancas: Carlos Torre
A posição parece desesperada Jogam as Brancas e ganham.
para o primeiro jogador.
1. B2D P7T As Pretas ameaçam jogar ... ,
2. BST P8T=D T8B+, seguido de
3. P4CD! P8D=D+, ganhando a partida.
E gualguer gue seja o lance Não se vê como evitar essas
das Pretas haverá empate, pois ameaças.

275
XADREZ BÁSICO
_,,,.L_________ ----------"""-

l.T6D!! porem, uma solução imprevis-


Lance de obstrução, inter- ta .
rompendo a defesa da Torre 2. P4R R8C
preta sobre o Peão candidato à 3. PSR!! PxP
promoção. Forçado, caso contrário as
Se 1. .. . , PxT; segue-se 2. Brancas fariam Dama em pri-
P7B, ganhando facilmente . me iro lugar. Mas , agora, as
1. .. . TxT Brancas não têm lance e o final
2. P8C=D+ R2D está empatado ("pat") .
3. D7B+ R3B
4 . D8R+ R3C
5. D3R!
As Brancas pararam todas as
ameaças, ganhando facilmente
o jogo.

DIAGRAMA381
Autor: Loyd
As Brancas jogam e empatam.

Este final parece absoluta-


mente ganho pelas Pretas, 9ue
ameaçam coroar seu Peão. Mas,
há uma manobra salvadora para
as Brancas.
DIAGRAMA 380
Autor: H. Rinck 1. B7D P7T
As Brancas jogam e empatam. 2. B6B+ R8C
3. BIT! 1
As Pretas ameaçam .. . , R7T, Surpresa! Recurso 9ue sal-
ganhando a partida . O lance das va a partida.
Brancas e forçado. 3 . ... RxB
1. R3C P4T 4 . R2B!!
As Brancas parecem perdi- Empate . Ao contrário, 4.
das, pois o adversário dispõe de R 18?, 9ue parece igual, perde-
um Peão passado defendido. Há, ria. Vide diagrama 221 .

276
.ii-~_ _ _ _ _ _ _ Dr.OrfeuGilbertoD',¼'ostini - - - - - - ~ - = -

que se forma após ... , P5B,


etc.?
Lasker demonstra como
isso é possÍ\'el.
1. P4T! R5C
2. R6CI
Agora o Rei preto é força-
do a tomar ü PT e as Brancas
ganham espaço e tempo.
DIAGRAMA382
2. ... RxP
As Brancas jogam e empatam. 3. R5B R6C
4 . R4R R7B
Esta posição ocorreu numa 5. RSD R6R
partida entre Lasker e Tarrasch. 6. RxP R6D
As Brancas parecem perdidas . 7. RxP R7B
Como poderá o Rei branco 8. RxP RxP3C
atingir sua casa 3BD para en- E o Rei preto dá graças por
frentar o Peão preto passado, ter chegado a tempo.

277
CAPÍTULO
IV

AS ABERTURAS
-="' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - - =

! - PRINCÍPIOS GERAJS
1. Generalidades

Uma partida, que se inicia com os lances 1. P4R, P3BR?,


merece, de wn estud.ioso de xadrez, severa crítica, pois o lance
das Pretas 1 .... , P3BR?, é fraco, tão fraco, que não existe em
nenhum compêndio de xadrez nem em partidas de bons jogadores.
Quem tenha memorizado centenas de jogadas de aberturas
diversas, mas sem entendê-las, não saberá d.izer por que esse lance
é mau. Ao contrário, um bom enxadrista repudiará essa jogada
pelas quatro razões seguintes:
a) porque despreza o centro;
b) porque não contribui para o desenvolvimento;
c) porque priva o CR de sua melhor casa (3BR);
d) porque enfraquece a posição do Rei.
Há, portanto, nas aberturas, princípios gerais , cujo co-
nhecimento é indispensável, por constituírem a estrutura, à base
das aberturas; os movimentos de peças, os lances, nada mais sendo
do que meros instrumentos de sua realização. Assim, o
conhecimento dos princípios gerais das aberturas não só permite
economia no esforço mental, que se despende numa partida, como
também proporciona ao enxadrista elementos proveitosos, desde
que seu adversário, por sua vez, os ignore, ou despreze-os.

2. Teoria das Aberturas

Que se entende por "teoria das aberturas"?


Na posição inicial, por terem um lance a mais (saída), as
Brancas possuem uma leve vantagem. Decorre daí que :
1Q - O problema das Brancas, na abertura, é assegurar-se da
melhor posição , ao passo que;
2Q - O problema das Pretas é garantir a igualdade .
É a solução dessas questões, em cada caso, que se deve entender
por "teoria das aberturas".
Resolvida, claramente, uma dessas questões, para qualquer
dos lados, a teoria dá-se por satisfeita. Todo o esforço , que se
realiza nas aberturas, visa, pois, garantir para as Brancas urna

281
_is•,..__ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO-----------"=-

ligeira vantagem e, para as Pretas, a igualdade. Esta igualdade,


naturalmente, será o primeiro passo para as Pretas tentarem
conseguir uma vantagem em continuação.

8 . Conceitos Fundamentais nas .á.berturas: o


Dcse11Yolvüncnto e o Centro

Nas aberturas existem dois conceitos fundamentais: o


desenvolvimento e o centro.
Desenvolvimento é tirar as peças de suas casas iniciais
amphando-lhes o raio de ação.
O centro consiste nas quatro
casas ao redor do centro geomé-
trico do tabuleiro, 4R e 41) das
Brancas e das Pretas ( djagrama
383).
O princípio básico e essen-
cial, na abertura, é o desenvol-
vimento harmonioso das peças,
de maneira a garantir a posição
mais favorável possível no centro.
DIAGRAMA 383
As peças devem ser desenvolvidas,
O centro. aproximando-se e exercendo ação
sobre as casas centrais.
Todo movimento de peça, na abertura, deve responder as
perguntas seguintes :
1 - Como afeta o centro?
2 - Como contribui para o desenvolvimento?
Todo lance, que está de acordo com estes dois princípios
fundamentais das aberturas, é normal; em caso contrário, e um
lance anormal. O lance l. P4R é normal, porque coloca um Peão
no centro e permite o desenvolvimento da Dama e do Bispo do
Rei. Já 1. P4TD, que não tem ação no centro nem no
desenvolvimento, é um lance anormal.
Após 1. P4R, P4R; 2. C3BR, desenvolvendo WTJ Cavalo e
atacando um Peão central, é normal, enquanto 2 . P3TR, que não
afeta o centro nem o desenvolvimento, é anormal.
Lances normais levam à posição normal.

282
À ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gill,erto D'Agostini ----------""'"--

Quando um dos jogadores atingir a posição normal e o outro


não, é claro que o primeiro estará com vantagem.
Quando ambos os adversários conseguirem a posição normal,
surgirá a posição ideal. E posição ideal é aquela atingida em virtude
de uma seqüência de lances normais, na abertura, por ambos os
adversários.

4. O Desenrnlvimento

A finalidade do jogo de xadrez, como já sabemos, é criar uma


posição toda especial ao Rei inimigo: o xeque-mate. Os elementos
necessários para o mate são as peças, que, no começo da partida,
permanecem em sua posição inicial, afastados do campo de luta.
Durante a partida, porém,
será preciso desenvolver essas
peças, isto é, tirá las de suas casas
iniciais, ampliando-lhes o raio de
ação, para que se tire o maior
proveito possível de sua potência
de luta.
Analisando-se a posição inicial
das peças (diagrama 3 84), vemos
que apenas os Cavalos e os Peões
têm movimentos. DIAGRAMA 384
Posição inicial das peças.
As outras se encontram blo-
queadas por seus Peões.
Daí a necessidade de movimentar os Peões, na abertura, a fim
de abrirem caminho às outras peças, aumentando-lhes, desta
forma, o poder e a eficiência.

A) Lances de Peões nas Aberturas

Quais os Peões que devem ser jogados nas aberturas?


Necessariamente aqueles que, além de terem ação no centro,
participem no desenvolvimento das demais peças.
Os avanços dos PTD e PTR à casa quatro não exercem ação
no centro e contribuem pobremente para o desenvohimento.
Assim, no início da partida, não é por essas colunas (TD e TR),

283
_,,,.._________ XADREZ BÁSICO ----------=-

que as Torres terão melhor ação. O mesmo se diga para o PCD e o


PCR, os quais, ap6s 1. P4CD ou 1. P4CR, apenas dão aos Bispos
mais duas casas (2C e 3T). Já 1. P4BD ou 1. P4BR agem sobre as
casas centrais SD e SR, respectivamente, mas, apenas o movi-
mento do PBD (l. P4BD) contribui para o desenvolvimento,
porquanto concede à Dama mais três casas, isto é, 2BD, 3CD e
4TD.
Já o avanço do PD ( 1. P4D) é um lance melhor, pois age sobre
a casa central SR, além de dar duas casas para a Dama (2D e 3D)
e cinco casas para o BD (2D, 3R, 4BR, SCR e 6TR). Por sua vez,
1. P4R é magnífico, pois age sobre a casa central 5D, oferece à
Dama quatro casas (2R, 3BR, 4CR e 5TR) e ao BR cinco casas
(2R, 3D, 48D, 5CR e 6TD).
Pelo exposto, concluímos que os lances de Peões mais
indicados nas aberturas são 1. P4R e l . P4D, que devem ser as
aberturas preferidas por todos que se iniciam em xadrez e, desses,
1. P4R, de preferência.
O avanço de outro Peão (PT, PC ou PB) qualquer apenas abre
caminho para uma única peça . Sabemos também como abrir a
partida (1 . P4R! ou 1. P4D 1 ), como ampliar os lances dos Cavalos
(C3BR e C3BD) , como movimentar os Bispos (pelas diagonais
abertas) e a Dama (pelas diagonais e colunas abertas).
Resta aprender o desenvolvimento das Torres. Ora, na
abertura, a ação máxima da Torre se faz por uma coluna central
aberta e, para isso, é mister remover o pr6prio Peão, que está
nessa coluna . Nas partidas com 1. P4R, P4R, o método para
conseguir a coluna aberta (coluna da Dama ou do BR) é jogar, em
momento oportuno, P4D ou P4BR, e da troca de um desses Peões
com o PR inimigo resultam as colunas abertas da Dama ou do
BR, conforme o caso.
Nas aberturas 1 . P4D, P4D, do mesmo modo, para se
conseguir as colunas abertas (do Rei ou do BD) é preciso jogar
P4R ou P4BD e da troca de um desses Peões com o PD adversário
resultam as colunas abertas do Rei ou do BD, conforme o Peão
trocado. E é por essas colunas abertas (BD, D, R e BR) que as
Torres exercem sua ação, nas aberturas e no meio jogo.

284
-""'L------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostinj - - - - - - - ' ~ -

B) Casas Ideais para as Peças

Diretamente ligada ao desenvolvimento está a questão de


saber-se quais as casas ideais para as peças, na abertura.
Sabemos que, alem de atender ao desenvolvimento, as peças
devem cooperar para o domínio das casas centrais. Isto posto,
podemos concluir, para os Cavalos, sem maiores dificuldades, que
suas casas ideais são 3BR e 3BD, de onde têm ampliado seu raio
de ação, com efetivo controle das casas centrais.
Um lance inicial de Cavalo em 3T, evidentemente, e mau , e
apenas se admite, quando forçado, a fim de evitar uma perigosa
ameaça. Com efeito, a posição de um Cavalo em 3T, alem de não
operar nas casas centrais, tem restrita sua mobilidade . As casas
2R ou 2D são melhores do que 3T, mas menos desejáveis que 3B,
porque nessas casas e pequena sua ação central e o Cavalo necessita
de um outro lance preparatório (2R, 4BR; 2D, 4BD) para agir no
campo inimigo.
Quanto às Torres e à Dama, devem, de uma maneira geral,
permanecer na primeira ou segunda horizontais, onde estão a
salvo de ataques da parte de peças menores (Cavalos e Bispos) ou
da parte de Peões.
As Torres aspiram invadir a primeira e a segunda horizontais
contrárias (setima e oitava de seu lado); tambem, idealmente
colocadas, quando dobradas numa coluna aberta.
Casas ideais, específicas, para as Torres, para a Dama e mesmo
para os Bispos não e, contudo, possível apontá-las, sem levar em
consideração os vários tipos de formações de Peões, que são
características das diferentes aberturas; são justamente essas
formações de Peões que ditam quais as diagonais e quais as colunas
que serão abertas. Isso veremos, com detalhes, no estudo das
diferentes aberturas.

C) Normas no Desenvolvimento das Peças

O diagrama 385 mostra um desenvolvimento ideal por parte


das Brancas, conseguido em somente dez lances. Por ordem:
1. P4R;2. C3BR;3.P4D;4. C3B;5. B4BR;6. B4B;7. 0-0 ;
8. T lR; 9. D2R; 10. TD1D.

285
-"""- - - - - - - - XADREZ BÁSICO-----------"~-

Por que esse desenvol-


vimento é ideal? Simplesmente
porque os Peões exercem controle
sobre as casas centrais, as demais
peças estão bem desenvolvidas,
visando, igualmente, o centro, e
o Rei branco se encontra bem
protegido, gozando de tranqüi-
hdade e garantia.
Em seu livro Common sense
Desenvolvimento ideal in chcss, onde está bem explanada
das Brancas.
a velha teoria do desenvolvi-
mento, Lasker dá a regra que nos primeiros seis lances somente
de\'em ser jogados os dois Peões centrais, os dois Cavalos e os
dois Bispos. Chega-se, forçosamente, a essa regra de Lasker,
quando consideramos que cada lance deve visar o desenvolvimento
e que não se deve jogar prematuramente a Dama ou as Torres,
enquanto as peças menores não tenham sido trocadas.
Entre outras, Lasker dá, ainda, a regra que de,·em desenvolver-
se os Cavalos antes dos Bispos, especialmente o Cavalo do Rei. A
razão é simples.
De sua casa inicial os Bispos (após o avanço dos Peões centrais)
dominam casas importantes, mesmo em território inimigo; são
ativos sem terem sido jogados. Ja os Cavalos, de sua casa inicial,
dominam casas ja dominadas por outras peças. O CR, por
exemplo, domina as casas 3TR, 3BR e 2R, que ja se acham na
posse do jogador. Por essa razão é mais indicado jogar
primeiramente o Cavalo que o Bispo. Ainda, em 3BR, o Cavalo
domina todas as casas, que permitem ataques prematuros do
adversário. Tanto é verdade, que quase todas as partidas curtas e
citadas nas aberturas são possíveis por inexistir o Cavalo em 3BR.
Basta lembrar o célebre Mate Pastor: 1. P4R, P4R; 2. B4B, B4B;
3. D3B, C3BD; 4. DxP mate. Possível, por faltar o Cavalo em
3BR das Pretas, permitindo a entrada da Dama.
Outra razão existe para clesem·oh·er os Cavalos, e espe-
cialmente o CR, antes do Bispo: o CR tem uma única casa boa,
3BR, casa quase exclusivamente reservada para o Cavalo. Ja na
casa 3BD, muitas vezes, é preferível jogar P3BD, para defender o

286
--'="'--------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini -------""e:,..

centro. O PBR não pode ser jogado, com essa fmalidade, sem
debilitar a ala do Rei.
Dos dois Cavalos, pois, é o Cavalo do Rei que deve ser jogado
em primeiro lugar. E por que antes do Bispo? Porque enquanto o
CR tem uma unica casa boa para ocupar, o Bispo tem maior
numero de casas a escolher. É lógico aguardar as jogadas do
adversário, antes de escolher a colocação que se lhe destina.
Haverá casos em que é o Bispo que apenas tem uma boa
colocação, mas, o principiante não se atrapalhará se der maior
amplitude à regra, que estamos analisando. - De uma maneira
geral, desenvolvem -se os Cavalos e, em especial, o CR, antes dos
Bispos. Havendo dúvidas quanto ao desenvolvimento dessas peças,
deve-se jogar aquela que tenha uma única boa colocação.
Vejamos um exemplo:
1. P4R P4R
Estamos em dúvida entre jogar o CR e o BR. Ora, o BR tem
muitas casas para desenvolver-se, enquanto o CR tem apenas uma.
O lance, claro está, é de Cavalo.
2.C3BR C3BD
As Pretas defenderam seu PR. Qual será, agora, a melhor
jogada das Brancas? Na abertura é importante o domínio das casas
centrais. Desenvolvendo-se o BR em 30, ele apenas dominará
uma casa central (4R), prejudicando, enormemente, o desen-
volvimento do BD. Em 4BD não haverá esse inconveniente, mas
apenas agirá sobre a casa central 50. Jogando, porém, em SCD,
haverá sempre a possibilidade de eliminar o Cavalo preto, que
defende seu PR. F.m SCD o Bispo exerce influência indireta sobre
as casas centrais 40 e SR, que
estão defendidas pelo Cavalo
preto.
3 . BSC!
Vê-se, claramente, que SCD é
o melhor lugar para o Bispo, razão
por que deve desenvolver-se essa
peça antes que o CD.
Esta abertura, chamada Aber-
tura Ruy Lopez, é considerada a
mais perfeita do xadrez (diagrama DIAGRAMA 386
386). Abertura Ruy Lopez.

287
.=.___________ XADREZ BÁSICO ----------~

Outra regra antiqüíssima de


desenvolvimento diz:
- Quando se puder escolher,
entre várias jogadas, dever-se-á
preferir aquela que, além do desen-
volvimento de uma peça, contenha
uma ameaça, porque, assim, res-
tringimos a quantidade de respos-
tas do adversário.
Um exemplo é o diagrama 387, DIAGRAMA 387
que se produz após: A resposta correta das Pretas é
3 ..... 0BD.
1. P4R P4R
2. P4D PxP
3. DxP
A melhor resposta das Pretas é 3 .... , C3BD; realmente, além
de desenvolver uma peça, obriga as Brancas a moverem uma peça
já movimentada, a Dama. As Pretas ganham, com esse lance, um
tempo no desenvolvimento.
Estas normas antigas no desenvolvimento das peças, normas
clássicas e adotadas por todos os grandes enxadristas que o mun-
do conheceu, receberam com o advento da escola hipermo-
derna do xadrez, algumas críticas dos precursores dessa escola,
e entre eles o grande mestre Ricardo Rcti. Procuraram eles, com
efeito, contestar, em alguns pontos, a validade dessas noções
fundamentais.
Não cabe nos limites deste li"TO abordar esse interessante
assunto; mas, aconselhamos aos principiantes de xadrez seguir,
sempre que possível, as normas de desenvolvimento aqui
apontadas. Sem dúvida, são elas elementos que devem, de fato,
ser estudados e assimilados, porquanto autorizam boa condução
das aberturas no jogo de xadrez.

D) Posições Fechadas e Posições Abertas

Devemos distinguir dois tipos de posições: as posições fechadas


e as posições abertas. Fechadas são aquelas em que os Peões já
não podem avançar, reduzindo, senão paralisando, de maneira
considerável, a mobilidade e eficácia das peças ( diagrama 388) .

288
- = - ' - - - - - -- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------'"'-

Posições abertas são aquelas em que vários Peões foram


trocados, resultando diagonais e colunas liHes para o desenvol-
,'imento das peças (diagrama 389) .

Exemplo de Posição Fechada. Exemplo de Posição Aberta.


As peças estão tolhidas. Há livre desenvolvimento das peças.

Deve-se notar que, em geral, essas posições nunca têm um


caráter decididamente aberto ou fechado, mas que participam
de ambos, de cada vez, com pronunciamento maior para uma das
posições. Da mesma forma, o caráter de aberto ou fechado não é
permanente, pois são freqüentes as inversões como, por exemplo,
a passagem de uma posição primitivamente fechada para uma
aberta, ou vice-versa.
Aos que se iniciam no xadrez interessam mais as posições
abertas do que as fechadas, visto que as primeiras são de mais
fácil manejo e seu estudo serve de base para bem compreender as
posições fechadas, de estratégia e técnica mais difíceis.

E) Desenvolvimento Rápido nas Posições Abertas- O ratorTempo

'.\las posições abertas, como vimos, as peças têm mais


mobilidade do que nas posições fechadas. Por esse motivo, o
essencial, nessas posições, é desem·oh-er rapidamente as peças,
sem perda de tempo.
"-:as aberturas deve predominar wn-1 idéia fundamental : tirar
o quanto antes as peças de suas desvantajosas casas iniciais.
Assim, na posição do diagrama 390, exemplo de posição
aberta, as Brancas não devem perder tempo no desenvolvimento

289
~ - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO
----------=-

de seu BR, jogando P3CR e B2C,


mas sim, diretamente B4BD. Da
mesma maneira, o desenvol-
vimento direto do BD em SCR é
o indicado e não pelo "fianchetto"
P3CD e B2CD.
Nas posições abertas, esse
tipo de desenvolvimento por
"fianchetto" traduz uma perda de
DIAGRAMA 390 tempo.
Posição Aberra . Este ultimo exemplo veio
mostrar-nos a estreita ligação
ex.istente entre desenvolvimento e tempo.
Nas posições abertas é possível formar um conceito rápido de
posição, em relação ao desenvolvimento, simplesmente em se
contando as peças em jogo de cada lado. Se um dos jogadores
conseguir, numa posição aberta, ganhar um tempo a seu
adversário, pode assegurar-se que tem posição superior.
No diagrama 391, em rápida análise, vemos que as Pretas tem
posição nitidamente superior, pois enquanto elas dispõem de três
peças desenvolvidas, as Brancas apenas têm a Dama em jogo e
pessimamente colocada .
Essa posição pode ser alcan-
çada com um jogo fraco por parte
das Brancas, com várias perdas de
tempo. Vejamos:
!. P4R P4R
2. P4D PxP
3. DxP
Primeira perda de tempo, pois
vai dar às Pretas ensejo de desenvol-
,'imento com ataque.
3. ... C3BD Dl.~GR.\\t~ 391
4 . DSD? As Brancas perderam vár io s te, po · .
Nova perda de tempo e de~ta
vez mais grave. As Pretas se desenvolvem com ataqu,: .
4. ... C3B
5. D3D B4B

290
--='------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ~ ~ -

As Pretas conseguiram vantagem na abertura, devido a duas


perdas de tempo do adversário.

F) Ganho e Perda de Tempo na Abertura

Como é possível ganhar ou perder um tempo na abertura ?


Vejamos alguns casos.
1º CASO - Se um jogador movimenta uma peça sem obje-
tivo algum, ou se movimenta duas vezes a mesma peça na abertura,
ele perde wn tempo.
Exemplo:
l. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3. P4TD?
Um lance sem objetivo no centro e no desenvolvimento.Trata-
se de urna perda de tempo.
3. ... C3B
4.C3B B5C
5. P3D
Outro lance, que embora tenha um objetivo, que é defender
o PR que estava atacado ( ... , BxC; PxB; CxP), não contribui para
o desenvolvimento nem para o centro. Com a primeira perda de
tempo, 3. P4 TO? , as Brancas abriram mão da Yantagem da saída ,
que significa o lance a mais. Essa perda de tempo, associada ao
último lance das Brancas, dá às Pretas rútida Yantagcm na abertura,
visto que dispõem de melhor desenvoh-imento.
Perde-se também um tempo, moYendo-se, na abertura, duas vezes
a mesma peça. Exemplo:
1. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3. C3B C3B
4.B5C B3D?
5. 0-0 B5C
As Pretas perderam um tempo. Contando-se as peças
desenvolvidas, vemos que, em cinco lances, as Brancas dispõem
de três peças desenvolvidas (CD,CR e BR), do roque já feito e do
lance. As Pretas têm três peças em jogo.
2ll CASO - Desenvolvendo a Dama, prematuramente, perde-
sc, muitas vezes, um tempo.

291
XADREZ BÁSICO
-=>'---------- ----------=-

As excursões prematuras com a Dama são, muitas vezes, a


causa da perda de tempo no desenvolvimento. O último diagrama
foi um bom exemplo. Vejamos outro.
A posição do diagrama 392
é alcançada após:
1. P4R P4R
2. 84B 84B
3. DST
Ameaçando o PR c mate
com DxPB. Eeste um tipo de ata-
que que os principiantes gostam
de efetuar, procurando realizar o
célebre Mate Pastor.
Mas, quem tenha compre-
Desenvolvimento prematuro da
Dama branca. endido porque o rápido desen-
volvimento das peças é o objetivo
mais importante da abertura, repudiará esse ousado lance da
Dama, que será logo atacada com um lance de desenvolvimento
das Pretas.
Em primeiro lugar, as Pretas param as duas ameaças inimigas,
jogando 3 .... , D2R. Este lance é o indicado e não o convidativo
de 3 .... , D3B, defendendo tudo e ameaçando, por sua vez, 4 . . .. ,
DxPB+. A razão é que a casa 3BR preta está reservada para o
Cavalo, que ganhará tempo ao atacar a ousada Dama. Acolocação
da Dama preta em 3BR, segue-se a seguinte linha: 3 .... , D3B;
4. C3BR (lance de ataque e desenvoh-imento), C3B; 5 . C3B,
ameaçando CSD, com ataque à Dama e ao PBD das Pretas e a
posição seria vantajosa para o primeiro jogador.
Mas vejamos o correto:
3. ... D2R
4.C3BR C3BD
E preciso defender o PR, atacado que está pelo CR e pela
Dama das Brancas.
5. C3B C3B!
E agora pagam as Brancas seu tributo pelo desenvolvimento
prematuro da Dama, que deve perder um tempo, para fugir ao
ataque do Cavalo.
6. D4T 0-0

292
~
~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - -~

As Pretas têm quatro peças desenvolvidas e mais o roque,


enquanto as Brancas têm somente quatro peças em jogo.
As Brancas perderam a vantagem do lance inicial.
Este exemplo não deve levar o enxadrista a conclu.ir que todo
lance prematuro de Dama, como DST, seja mau em todas as
circunstâncias . Se um dos jogadores não desenvolver,
convenientemente, suas peças, o adversaria pode intentar,
conforme os casos, um precoce DST, que podera ser útil. É o
caso de:
1. P4R P4R
2.B48 C2R?
Este lance não é bom, porque, além de obstruir o BR, necessita
de mais um lance (C3C), a fim de poder agir no centro, em seu
próprio campo.
Aqu.i o desenvolvimento precoce da Dama com 3. DST é bom,
pois ameaça o PR inimigo, mate com DxPB e a Dama esta numa
casa, onde não ma.is sera atacada pelo Cavalo.
3.DST C3C
4.C3BR
E as Brancas com a ameaça de CSC, atacando o PBR, ganham
pelo menos um Peão.
Vemos, assim, que, em certos casos, se justifica um prematuro
lance de Dama nas aberturas. Mas, a não ser com vantagem
imediata, deve-se evitar o lance de Dama na fase inicial da partida,
porquanto, com freqüência, a Dama perde um ou ma.is tempos,
devido aos ataques das peças menores.
3u CASO Perde-se wn tempo, quando se coloca uma peça
indefesa em casas suscetíveis de serem atacadas pela ad1·ersário,
mediante uma jogada de desem'olvimento.
Exemplo:
1. P4R P3R
2. B4B?
Embora seja lance de desenvolvimento, é uma jogada ma,
porquanto da ensejo às Pretas de ganharem um tempo.
2. ... P4D!
O lance das pretas é de desenvolvimento, obrigando a um
recuo do Bispo inimigo, mesmo após 3 . PxP, PxP. As Brancas
perderam um tempo.

293
-"""------------- XADREZ BÁSICO
---------=-

Outro exemplo:
1. P4R P4R
2. P4BR PxP
3. B4B B4B?
O lance das Pretas é de desenvolvimento, mas é jogada má,
uma perda de tempo. Após :
4.P4D!
As Pretas são obrigadas a realizar um segundo movimento, na
abertura, com a mesma peça.
Exemplo interessante de perda de tempo é o seguinte:
1. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3. C3B B4B?
4. CxP! CxC
5. P4D
As Brancas recuperam a peça, ganhando um tempo.
Nas aberturas com 1. P4R, P4R; as Pretas devem ter cautela
com a jogada tão natural ... , B4BD, em virtude da possibilidade
de ser atacado o Bispo mediante P4D das Brancas, que resulta em
perda de tempo para o segundo jogador, pois o Bispo é obrigado
a novo movimento.
4° CASO Perde-se um tempo quando se responde a uma
jogada do adversário, que é de desenvolvimento e de ataque ao
mesmo tempo, com uma jogada de defesa sem desenvolvimento.
Exemplo bem elementar é:
1. P4R P4R
2.C3BR P3BR?
A segunda jogada das Brancas foi de desenvolvimento e de
ataque ao PR preto. As Pretas, com 2 .... , P3BR?, defenderam
seu PR, porém não realizaram nenhum desenvolvimento.
Portanto, perderam um tempo. Só por esse motivo a jogada preta
seria um erro, se não fosse, ainda, pela continuação aguda: 2 .. . . ,
P3BR?; 3. CxP!, PxC (o melhor seria, ainda, 3 .... , D2R); 4 .
D5T+, P3C; 5. DxPR+; seguido de 6. DxT.
Mais um exemplo:
1. P4R P3R
2. P4D P4D
3. C3BD C3BR
4.B5C P3BD?

294
..,,,.L___ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Ag·ostini - - - - - ~

Defendendo o PD, porém, nada desenvolve. Boa defesa seria


4 . . .. , B2R.
As Pretas perderam, assim, um tempo.
5" CASO - Perde-se um tempo trocando uma peça, se o
adversário responde com um lance de desenvolvimento.
Vejamos um exemplo :
1. P4R P4R
2. C3BR C3BD
3. P4D
Jogando, agora, 3 . . .. , PxP, as Pretas perdem um tempo, porque
jogaram duas vezes com a mesma peça (o PR) na abertura. Mas,
se as Brancas não querem sacrificar o Peão e sim recuperá-lo,
com 4. CxP, perdem também um tempo, como as Pretas, pois
jogaram duas vezes com o Cavalo na abertura . Essa perda de tempo,
por ambos os lados, compensa a situação.
Contando-se, novamente, os tempos, após 3 .... , PxP; 4 . CxP,
vemos que as Brancas jogaram já os dois Peões centrais e têm
desenvolvida uma peça, ao passo que as Pretas jogaram apenas um
Peão central e desenvolveram, também , uma peça . As Brancas
têm, pois, um tempo a mais. Porém, como são as Pretas a jogar,
nesta posição, o tempo se refere ao tempo da saída, que pertence
mesmo às Brancas. Se as Pretas continuarem com as trocas, a
questão é outra. Se não vejamos.
5. DxC ... (diagrama 393).
As Pr e tas perderam um
tempo, pois trocaram uma peça
e as Brancas retomaram com
um lance de desenvolvimento
( 5. DxC), pondo em jogo uma
peça até então imóvel.
Contando-se, agora, os
tempos, vemos qu e as Brancas
jogaram seus dois Peões cen-
trais e desenvolveram uma
DIAGRAMA 393
Posição após 4. DxC. peça, enquanto as Pretas joga-
As Pretas perderam um tempo. ram apenas um Peão central e
3 .... PxP não têm peça nenhuma desen-
4.CxP CxC? volvida.

295
XADREZ BÁSICO
..>Sl"------------- ----------"=-

Além da saída, as Brancas preto, que realizou uma troca,


ganharam um tempo. Sua po- permitindo às Brancas retomar
sição é, portanto, superior. com o desenvolvimento de
Exemplo elementar de uma peça.
perda de tempo é: Outro exemplo :
1. P4R P3D 1. P4D P4D
2. C3BR B5C 2. C3BR C3BR
3. C3B BxC? 3. P3R P3R
4. DxB 4.B3D P4B
As Brancas têm dois 5. PxP? BxP
tempos a mais: o da saída e o Com seu último lance as
resultante do último lance Brancas perderam um tempo.

6" CASO - Se um jogador realiza uma jogada de ataque, que


nada desenvolve, e o adversário responde com uma jogada de
desenvolvimento, este último ganha um tempo.
Exemplo:
O lance das Pretas 4 . ... ,
C5C? é um lance de ataque,
que nada desenvolve, pois o
CR já fora jogado.
A resposta das Brancas 5. 0-0
é um lance de defesa e de
desenYolvimento.
Contando-se os tempos, vemos
que as Pretas jogaram um Peão
central e têm duas peças em
jogo, enquanto as Brancas
DIAGRAMA 394 jogaram, também, seu Peão
As Pretas perdem um tempo com
4 .... , csc.
central, têm três peças em jogo
e mais o roque feito . Têm,
logo, três tempos a mais; po-
1. P4R P4R rém, como o lance pertence às
2. B4B B4B Pretas, esses tempos se redu-
3. C3BD C3BR zem a dois, um relatiYO à saída
4.C3B C5C? e outro ganho graças à colabo-
5. 0-0 ... (diagrama ração do adversário, com seu
394) 4 .... , C5C?, ataque sem desen-
volvimento.

296
--""",________ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------'"""-

A posição das Brancas é, por isso, vantajosa.

5. O Centro

Em se acompanhando a evolução da teoria enxadrística, à


medida que transcorre o tempo, a importância do centro tem
sido cada vez mais reconhecida.
O desenvolvimento de cada partida depende, real e
exclusivamente, da situação formada sobre as casas centrais.
Desta forma, o donúnio do centro tem sido e é a base do
xadrez. É, em suma, a síntese das aberturas .
O centro, sabemo-lo, são as casas 4R e 40 de cada lado, ao
todo quatro casas. E que o princípio fundamental, norteando as
jogadas na abertura, seria o desenvolvimento das peças, com ação
voltada para essas quatro casas centrais.
Para uma peça agir sobre o centro não é imprescindivel que
ela esteja colocada numa dessas casas. Todas as peças que, de perto
ou de longe, dominam o centro, praticamente estão colocadas no
centro do tabuleiro. Por isso, os Cavalos devem ser colocados em
3B, os Bispos cm 4B ou 30 ou 3R, os Peões centrais em 40 e 4R.
1.P4R P4R
2.C3BR C3BD
3. B4B B4B
4.C3B C3B
mostra como agem as peças
desenvolvidas pelas casas
centrais. Os PR, tanto branco
como preto, estão colocados no
centro e cada um deles fiscaüza
duas importantes casas do
DIAGRAMA 395 campo inimigo : as casas 40 e
Todas as peças desenvolvidas 4BR. Quer os Cavalos, quer os
agem no centro.
Bispos de cada lado, têm ação
Até desenvolvidos por sobre as casas centrais.
"fianchetto" (P3C seguido de Prosseguindo a partida com
B2C) os Bispos exercem 5. P3D P30
pressão nas casas centrais. 6. BSCR BSCR
A posição do diagrama 39 5, surgiria a pergunta : o desen-
que é atingida após, volvimento destes últimos Bis-

297
~ ~ ~ - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ __

pos exerceria também ação no centro?


A resposta é afirmativa. Os Bispos, em 5C, atuam também no
centro do tabuleiro, já que vulneram os Cavalos adversários, que
se acham em 3B; também anulam, pelas pregaduras, essas peças
na luta pelo domínio do centro e, de uma maneira indireta,
cooperam na ação geral do controle do centro.
Após o roque, as Torres colocadas em 1R, 1 D, e mesmo em
1BD e 1BR, em combinação com o avanço dos Peões centrais,
cooperam, também, para acentuar a pressão sobre o centro do
tabuleiro.
Vejamos a situação do centro
em alguns diagramas.
O diagrama 396 reproduz
uma posição em que as Pretas se
descuidaram do centro para de-
senvolver seus Bispos por "fian-
chetto". O resullado é que a posi-
ção das Brancas é muito superior,
dispondo suas peças de maior
mobilidade.
As peças pretas estão res-
DIAGRAMA 396
Estratégia defeituosa das Pretas:
tringidas, seus Cavalos podem ser
centro abandonado. atacados a qualquer momento
pelos Peões brancos.
Foi defeituosa a estratégia
empregada pelas Pretas na aber-
tura.
No diagrama 397, como no
anterior, as quatro peças menores
das Brancas ( os dois Bispos e os
dois Cavalos) e seus Peões centrais
dominam o centro. O PD e o PR
brancos controlam casas em
território inimigo, enquanto o PD
preto fiscaliza unicamente uma
DIAGRAMA 397
casa central de seu próprio campo.
As Brancas possuem um Os Peões brancos podem atacar
forte centro.
facilmente os Cavalos adversários;

298
_ _ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - ~~~

ao contrário, os Bispos e os Cavalos do primeiro jogador estão a


salvo dessa eventualidade .
A posição preta é, pois,
desvantajosa .
Já na posição do diagrama
398 as Pretas não se descuidaram
completamente do centro, pois
conservaram um Peão central.
A ligeira vantagem das
Brancas reside em que :
a) seus Cavalos não podem ser
DIAGRAMA398 atacados pelos Peões inimigos e
As Brancas têm apenas ligeira b) seu PD exerce constante pres-
vantagem no centro. são sobre o PR preto, podendo,
ainda, cm alguns casos, avançar à casa 5D, atacando o CD inimigo.
As Brancas não devem efetuar PSD sem real objetivo, mas
sim manter a pressão sobre o PR contrário e forçá-lo à troca ... ,
PxP; quando então sua superio-
ridade mais se acentua.
O diagrama 399 reproduz a
posição típica que pode resultar
da troca ... , PRxP, objetivo das
Brancas no exemplo anterior.
Agora, somente as Brancas
dispõem de Peão central, o que
significa vantagem em espaço e
maior liberdade para suas peças.
O PD preto fiscaliza casas de seu
próprio território; ao contrário, o
DIAGRAMA 399
PR branco controla casas do As Brancas mantém
território inimigo. As Brancas superioridade no centro.
podem, eventualmente, instalar
um Cavalo em SBR ou E'm SD, onde estará bem colocado;
dificilmente será daí desalojado a não ser p ela criação de fraquezas
na estrutura dos Peões pretos, após ... , P3CR ou ... , P3BD,
conforme o caso.
Essas casas em território adversário, dominadas por um Peão
(casas SBR e 5D do diagrama 399), permitindo a instalação de

299
---""''--------------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - - = -

melhores perspectivas de triunfo; do ponto de vista psicológico,


seus problemas são mais fáceis de resolver.

A - Vantagens do Domínio do Centro

É lógico perguntar que vantagens traria ao enxadrista o


domínio do centro.
1 . Uma primeira vantagem decorreria do próprio significado
geométrico do centro: as peças, centralizadas, estariam aptas a
atender, com igual rapidez, qualquer dos quatro cantos do
tabuleiro, onde sua ação se fizesse necessária.
2. Quem dominasse o centro não só alcançaria vantagem nesse
setor, como, também, disporia de peças colocadas em lugares que
lhe garantiriam o máximo de ação e, em conseqüência,
superioridade em espaço; isso, traduzido em termos correntes,
quererá dizer: vantagem em terreno e domínio das melhores vias
de comunicação.
3. A vantagem maior, porém, que a experiência tem, efe-
tivamente, demonstrado, é que o controle do centro conduz a
uma mobilidade ampla das peças, mobilidade essa que possibilita
vitorioso ataque ao inimigo.
Somente aquele que domina o centro do tabuleiro, e não teme
contra-manifestações nesse setor, pode t deve até iniciar ataques
aos flancos e, em especial, ao flanco do Rei.
Daí os ataques, sem domínio do centro, fracassarem, em sua
grande maioria. O método de defesa contra um ataque ao flanco
sem controle do centro é, justamente, investir através do centro,
manobra que, com freqüência, leva à desmoralização das forças
que atacam o flanco.
Desenvolvimento e domínio das casas centrais são, pois, dois
objetivos almejados nas aberturas para se conseguir maior mo-
bilidade das peças; por conseqüência, um ataque vitorioso ao
inimigo e, em especial, ao flanco do Rei.
Neste período está sintetizada toda a estratégia das aberturas .

B - Importância do Peão Central

Já vimos que o domínio das casas centrais pode ser realizado


pelos Peões, bem como por outras peças. No entanto, o domínio

300
-=-'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"""'-

mais efetivo é o dos Peões, porque as outras peças, sendo mais


rápidas que os Peões, movimentam-se, por isso, com maior
freqüência; disso resulta o abandono da vigilância e do controle
das casas centrais. Os Peões, de ação menos dinâmica, fiscalizam
mais efetivamente as casas centrais.
Assim, deve-se jogar as aberturas procurando-se manter, pelo
menos, um Peão central. Após 1. P4R, por exemplo, o Peão passa
a controlar imediatamente duas importantes casas centrais no
território inimigo, que são as casas 4D e 4BR das Pretas; torna,
também, essas casas inacessíveis às peças inimigas e prepara sua
posse pelas peças brancas, desde que o adversário não tome
medidas preventivas para tal ação.
Com a resposta 1.... , P4R, colocando também um Peão no
centro, as Pretas se reservam os mesmos objetivos.
Um bom plano para as Brancas, e freqüente, seria então
procurar eliminar o PR inimigo, propondo trocas, seja com P4D,
seja com P4BR (nas partidas com 1. P4D, P4D, a mesma idéia se
satisfaz com P4R ou P4BD), para que somente elas permaneçam
não só com um Peão, senão ainda, com o domínio do centro.
Como proceder, agora, um jogador com·idado a uma troca
tão desvantajosa?
Posições há em que é possível evitar essa troca; há outras,
porém, em que tal não se dá. Em sendo possível, claro é, o
enxadrista deverá procurar manter, a todo custo, seu Peão central,
evitando a troca. Quando a troca não pode ser impedida (por
resultar, seja uma posição difícil, ou uma vantagem para o
adversário), deve-se então aceitá-la, mas seguindo-a de uma
manobra, que permita compensar o desaparecimento de seu Peão
central. E essa manobra, mais freqüentemente, será um contra-
ataque, visando, igualmente, o desaparecimento do Peão central
do inimigo.
Vejamos exemplos desses casos.
Numa das variantes mais comuns da Abertura Ruy Lopez,
chega-se à posição do diagrama 400, após os seguintes lances:
1. P4R P4R
2.C3BR C3BD
3. B5C P3TD
4. B4T C3B

301 ~
~~--------- XADREZ BÁSICO •-,
------------=-

possível recusar a troca dos


Peões centrais.

DIAGRAMA 400
Posição após 10 ..... D2BI
As Pretas conservam seu Peão
central.

DIAGRAMA 401
5. 0-0 B2R As Pretas não podem evitar
6. T!R P4CD a troca de seu Peão central.
7. B3C P3D
8. P3B Vejamos a posição do dia-
Com este lance as Brancas grama 401, que se origina após:
procuram evitar a troca de seu !. P4R P4R
valioso BR, possível com 8 .... , 2.C3BR C3BD
C4TD, e 9 .... , CxB, ao mesmo 3 . P4D
tempo que preparam o lance As Brancas dispõem-se a eli-
P4D, a fim de vulnerar o PR minar o PR inimigo, para fi-
inimigo. carem apenas elas com o Peão
Toda a continuação seguin- central.
te das Pretas (Defesa Tchi- As Pretas devem resoh-er esse
gorin) visa garantir o Peão problema agudo do ataque ao
central. seu PR.
8 .... C4TD Se pretendem defendê-lo:
9. B2B P4B a) com 3 .... , P3D; fica
10. P4D D2B 1 obstruído o desenvoh-imento
As Pretas garantiram seu do seu BR.
Peão e obtêm posição equili- b) com 3 .... , P3BR; fica
brada. Se 11. PxPR, PxP, fican- enfraquecida a ala do Rei,
do sempre as Pretas com um privando, ainda, o CR de sua
Peão no centro. melhor casa.
Neste caso foi possível con- c) com 3 .... , B3D; há bloqueio
servar o Peão central. do PD, dificultando o desen-
Casos há em que não é volvimento de seu BD.

302
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni - - - - - -~li<21..
..._,

d) com 3 .... , D3B ; outra vez Imediatamente, 4 . .. . , P4D,


fica o CR privado de sua me- não serve, por 5. B5CD!, ata-
lhor casa. cando duas vezes o Cavalo pre-
Por todas estas razões, as to, e se então 5 .. .. , C2R, fica
a
Pretas chegam conclusão que bloqueado o BR das Pretas,
são obrigadas à troca de seu enquanto 5 .... , B2D, perde um
Peão central , sem permanecer Peão, com 6. PxP.
em inferioridade e jogam 3 .... , O avanço do PD preto deve
PxP. ser feito em momento opor-
3. ... PxP tuno.
4. CxP Os melhores lances, para
As Brancas conseguiram cada lado, são:
o controle das casas 5D e SBR 4 .... C3B
enquanto as Pretas perde- 5. C3BD BSC
ram o controle das casas cor- Agora o PR está atacado. Se
6. P3B, a resposta correta é 6.
respondentes.
..., P4D!
Se as Pretas ficarem na
6. CxC PCxC
passividade, sua posição se
7.B3D P4D!
tornara inferior e, com toda
8. PxP PxP
certeza, perderão a partida.
E as Pretas alcançaram seu
Mas, como já dissemos, as
objetivo: conseguiram remo-
Pretas devem procurar uma
ver o PR inimigo.
compensação por sua des-
O lance 8. PxP é o melhor
vantagem atual e raciocinar do
para as Brancas, na posição. A
seguinte modo: se as Brancas ameaça preta é 8 . .. . , PxP. A
conseguiram remover meu PR posição, que resulta após 8 .
central, não seria possível, PxP, PxP, dá um pouco mais de
também, eliminar o PR das liberdade para as peças bran-
Brancas? Felizmente, essa cas, mas, em compensação, as
possibilidade é quase sempre Pretas se asseguram fort e
viável, mormente quando o centro.
avanço P4D das Brancas tenha Vimos, neste exemplo, que
sido precoce. as Pretas conseguiram Ü\'Tar-se
No caso em apreço, após 4. do PR inimigo, jogando ... ,
CxP, as Pretas devem preparar P4D!, lan c e chave dessas
o avanço ... , P4D, para forçar, posições.
também, por seu turno, a troca Outras vezes, porém, are-
do Peão central inimigo. ferida compensação das Pretas

303
.=,.__________ XADREZ BÁSICO _ ________...,=..

reside no ataque direto ao PR muito efetiva, pois as Pretas,


adversário. com ... , P3D, limitam suas
Observe o leitor que, após aspirações . Ao contrário, uma
1.P4R,P4R;2.C3BR,C3BD; Torre preta em 1 R agirá,
3 . P4D, PxP ; 4. CxP, em imediatamente, sobre o PR das
virtude da troca dos Peões, Brancas. Em muitas posições é
resulta uma coluna aberta para por essa coluna que as Pretas
as Brancas (a coluna da Dama) desenvolvem o contra-jogo,
e uma coluna aberta para as conseguindo eliminar o PR
Pretas (a coluna do Rei) . Uma inimigo.
Torre branca em 1D não será

C3BR, C3BD; 3. P4D, PxP; 4 .


CxP, C3B; 5. CxC , PCxC;
6.PSR (para restringir a
posição inimiga), D2R ; 7 .
D2R, C4D; 8. C2D, B2C; mas,
agora as Pretas desenvolvem-
se, rapidamente, e atacam o PR
inimigo, alcançando posição
superior: 9. C3C, 0-0-0; 10 .
DIAGRAMA 402
Posição após 12 ..... P3B.
P4BD, C3C; 11. B2D, TI R;
O PR branco é alvo de 12. P4B, P3B; e as Pretas
intenso ataque.
chegam a eliminar o PR adver-
Um exemplo ilustrativo é o sário (diagrama 402) .
seguinte: 1. P4R, P4R; 2.

C -- Conseqüências do Abandono do Centro

É péssima conduta, nas aberturas, o abandono do centro, cujas


conseqüências são um desenvolvimento difícil, além de um
entorpecimento geral da posição. Outrossim, possibilita ao
adversário, graças à maior mobilidade que adquire, ataques de
sucesso na ala do Rei.
Escolhemos, para exemplo, uma magnífica partida no Torneio
de Scheveningen, 1913, entre Edward Lasker e Alexandre

304
_,i,;:,i
_ _ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------'""'-

Alekhine, a gual ilustra, tam- gue ambos jogaram um Peão


bem, aspectos relativos ao de- central (P4R), mas, as Brancas
senvolvimento geral das peças. só têm duas peças desenvol-
Brancas Pretas vidas, enquanto as Pretas, três.
E. Lasker A. Alekhine As Brancas perderam o tempo
!. P4R P4R da saída.
2. C3BR C3BD
3. C3B BSC
4.CSD
Jogando duas vezes a mes-
ma peça na abertura. Típica
perda de tempo.
Mais de acordo com o prin-
cípio do desenvohimento seria
4. BSC ou 4. B4B.
4. ... B2R
Haveria a ameaça de 5. CxB, DIAGRAMA 403
As Brancas jogaram 13. PxP?.
CxC; 6. CxP, ganhando um abandonando o centro. O
Peão. Esta retirada do Bispo e correto seria 13. D28!.

a melhor jogada, embora de-


volvendo o tempo ganho, após 8. P3B P3TR
4.C5D. 9.B3R 0-0
Contando-se os tempos, 10. D2D B3R
vemos gue ambos os lados 1 l.B3C BxB
jogaram um Peão central e 12.PxB P4D
desenvolveram duas peças . As Alekhine, com seu último
Brancas apenas têm o tempo da lance, ameaça ganhar o PR
saída. inimigo. A resposta correta das
5.848 C3B Brancas seria 13. D 2 B! , defen-
6. P3D P3D dendo e mantendo seu Peão
7.CxB DxC central, o que e importante nas
As Brancas trocaram urna aberturas. Mas, em vez desse
peça e o adversário respondeu lance, jogaram 13. PxP?, aban-
com um lance de desenvol- donando o controle das casas
\'Írnento. As Brancas perderam, centrais.
portanto, um tempo (SQ caso Alekhine tira proveito dessa
de perda de tempo). Contando- situação, de maneira magistral,
se, agora, os tempos, veremos desenvolvendo uma tecnica,

305
-"'O''L _ _ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO _ ________ ,.21..

que é, em verdade, um modelo e, de repente, o jogo se desfaz,


nessas posições. por completo, como um cas-
13. PxP? CxP telo de cartas .
14. 0-0 P4B 20 .... D2D
As Pretas têm bom desen- Ou as Brancas tomam agora
\·olvimento e domínio das casas o PTD, ou nllilca mais, pois as
centrais. Está justificado o Pretas ameaçam 21. ... , P4TD! .
ataque ao Rei inimigo, que se 21.TxP PSR
inicia com esse lance. 22. C4D PxP
15. P4CD P3CD 23.DxP C4R
Evitando 16. BSB. As Pretas "passeiam" no
16. D2R D3D centro a vontade e fazem dele
17. PSC CD2R base para o ataque.
18.B2D C3C 24. D2R PSB
19. T4T TDIR! 25. DST C3BR
Entregando o PTD. O jogo 26. DSB C6B+
das Pretas está lindamente Conseqüência da fraqueza
desenvolvido, enquanto as da casa 3BR. Se 27.CxC, DxD.
Brancas estão paralisadas, sem O jogo das Brancas entra em
nada poderem fazer. As Torres colapso rapidamente .
pretas estão bem situadas: 27. RIT DxD
atuam sobre as casas centrais e 28. CxD CxB
estão prontas a participar no As Pretas ganharam uma
ataque final. Tudo isto, como peça. As Brancas poderiam
resultado do desenvolvimento abandonar o jogo mas prefe-
inferior das peças brancas e, rem continuar desenYoh·endo
principalmente, do abandono mais al~s lances.
do centro. 29. TlD C(3B)5R
20. P3CR 30. CxPC CxPB+
Para impedir a entrada do 31. R2C P6B+
Cavalo inimigo em 4BR, mas As Brancas abandonam. Se
enfraquecendo a casa 3BR. E é 32. R.xC, segue 32 . ... , T7R +;
o que sempre acontece para o 3 3. R 1 C, P7B+, fazendo
lado que se defende de um Dama.
ataque apoiado por bom Esta partida demonstra,
desenvolvimento e completo suficientemente, as incon-
domínio central. Criam-se veniências do abandono do
fraquezas para desviar ameaças centro.

306
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - " " ' -

6. Domínio d€' Território

Uma linha imaginária, que passasse entre a quarta e a quinta


horizontais, dividiria o tabuleiro de xadrez em duas metades de
12 casas cada uma, às quais poderíamos chamar de territ6rio das
Brancas e território das Pretas.
Ora, sabemos que neste jogo há luta não s6 para ganhar peças,
como também há luta para obter o controle das casas do tabuleiro.
Dominar casas situadas em territ6rio inimigo será sempre boa
estratégia e tanto mais quanto mais pr6xima estejam essas casas
do Rei adversário.
No excelente livro Modem Chess Strateg)', de Edward Lasker,
há uma interessante obsenação atribuída ao grande mestre
Emanuel Lasker, que é a seguinte: "O tabuleiro de xadrez tem 64
casas. Entretanto, o jogador, que obtiver controle de mais de 32
casas, terá os melhores ensejos de vitória" .
Claro está que essa observação de Lasker não é, matema-
ticamente, rigorosa, pois sabemos que a importância das diferentes
casas do tabuleiro varia com a colocação dos Reis, com a estrutura
dos Peões e com outros fatores mais.
Contudo, não havendo grande desnível posicional, podemos
aceitar essa observação de Lasker como guia vaLoso no julgamento
de uma posição. Vejamos um exemplo:
No diagrama 404, quem tem
melhor jogo: as Brancas ou as
Pretas?
A posição é quase idêntica,
diferindo, apenas, na posição dos
Peões. O P4R das Brancas con-
trola, realmente, duas casas im-
portantes do territ6rio inimigo,
as casas 50 e 5BR, enquanto o
PD preto não controla nenhuma
casa branca. Sua ação se limita
à casa de seu próprio territorio. As Brancas têm melhor jogo.
As Brancas dominam mais casas
do que as Pretas, justificando a conclusão de qu e as Brancas
possuem melhor jogo.

307
XADREZ BÁSICO
-=------------ -----------"""--

A vantagem de território, ou vantagem de espaço, de que as


Brancas dispõem, permite :
a) livre comunicação entre a ala do Rei e a ala da Dama;
b) colocação de uma Torre na terceira horizontal, orientada no
sentido de um ataque na ala do Rei, ao Rei inimigo;
c) instalação de peças e, especialmente, de um Cavalo numa das
casas 5D e SBR, em pleno território inimigo, onde terão ação
agressiva . Uma peça colocada numa dessas casas provoca, cedo
ou tarde, reação do adversário que se vê compelido a ehminá-lo,
por meio do avanço de um dos Peões( ... , P3BD, ou P3CR),
avanços esses que criam fraquezas sérias, principalmente quando
se trata do avanço . . . , P3CR. As Pretas, ao contrário, não dispõem
de nenhuma dessas vantagens .
Outro exemplo:
A posição do diagrama 405
ocorre numa das variantes da
Abertura Ruy Lopez, após 1. P4R,
P4R; 2. C3BR, C3BD; 3 . B5C,
P3D; 4. P4D, B2D ; 5 .C3B, C3B;
6. 0-0, B2R; 7 .TI R, PxP; 8. CxP,
0-0; 9. B1B!. As Brancas têm,
graças ao seu PR central, dominio
maior das casas adversárias, mais
liberdade para suas peças e DIAGRAMA 405
Posição ideal para as Brancas na
possibilidades de ataque ao Rei Abertura Ruy Lopez.
inimigo, com T3R e T3CR ou
T3BR (vide partida Tarrasch x Vogel, no capítulo primeiro).
As Pretas , ao contrário, nada disso possuem; sua posição, por
consegwnte, está restringida .
Os diversos exemplos, que analisamos, já nos mostraram as
estreitas relações que há entre :
a) o controle das casas inimigas;
b) a grande importância do Peão central e;
c) a eliminação do Peão central adversário.
Os leitores já perceberam a grande força do lance P4D nas
partidas, que se iniciam com 1. P4R, P4R, atingindo todos esses
objetivos. Veremos, com outros pormenores, essa estratégia ao
estudarmos as aberturas desse grupo.

308
-"""'-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ " ' -

7. Abertura de Colunas para as Tones

As Torres, já o sabemos, são muito poderosas em colunas


abertas onde atingem e6ciência máxima . Por isso, o desejo de
cada jogador, em todas as aberturas, é procurar o controle de uma
coluna aberta para suas Torres ao mesmo tempo gue impede o
adversário de fazê lo.
A abertura de uma coluna está intimamente ligada com a
provocação e troca do Peão central inimigo, manobra gue já
podemos reconhecer como um dos objetivos de toda estratégia
na abertura.
Quando nas aberturas do PR (1. P4R, P4R), as Brancas jogam,
cedo ou tarde, P4D ou P4BR, a idéia, além de eliminar o PR
central inim_igo pela troca, assegurando-se, daí, domínio do
centro, vantagem em espaço e maior mobilidade para suas peças,
é abrir colunas para suas Torres, isto é, as colunas da Dama ou do
BR, conforme o Peão avançado. De igual maneira, nas partidas
do PD (1. P4D, P4D), guando as Brancas jogam P4BD ou P4R, a
idéia é a mesma.
São nessas colunas centrais (BD, D, R e BR) que as Torres
operam com mais eficiência, principalmente, se dobradas .
A finalidade das Torres nas colunas abertas é dominar casas
vitais do território inimigo, sobretudo as casas da sétima e oitava
horizontais; em verdade, guando conseguem ocupar uma dessas
horizontais, a sétima, por exemplo, seus efeitos são, vfa de regra,
devastadores.
As aberturas de colunas podem ser imediatas, constituindo os
primeiros objetivos das aberturas, ou podem ser tardias, após o
completo desenvolvimento das peças.
Exemplos:
a) 1. P4R, P4R; 2. P4BR, PxP. No Gambito do Rei, as Brancas já
no segundo lance entregam um Peão, visando o domínio do centro
e a abertura da coluna BR, que será trabalhada pela Torre após o
roque.
b) l. P4R, P4R; 2. C3BD, C3BR; 3. P4B, P4D!; 4. PxPR, CxP;
5. C3B, e, novamente, as Brancas terão o controle da coluna BR
para sua Torre após o rogue (Abertura Vienense).
c) 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. P4D, PxP;4. CxP. Na Abertura

309
..Z:S,.L_________
XADREZ BÁSICO -----------"""'-

Escocesa as Brancas reservam a colw,a da Dama para suas Torres .


d) 1. P4D, P4D ; 2. P4BD, PxP. No Gambito da Dama Aceito fica a
colw,a BD aberta para as Brancas .
e) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3BD (Defesa Eslava) ; 3. C3BR, C3B;
4 . C3B, P3CR; 5 . PxP (as Brancas obtêm a colw,a BD e tratam de
ocupá-la), PxP ; 6. D3C, B2C; 7 . BSC, P3R ; 8. P3R, 0-0 ; 9 .
B3D, C3B; 1O. 0-0, P3TR; 11. B4T, P4CR; 12. B3C, C4TR;
13. TD 1B. Completado o desenvolvimento das peças menores
(Cavalos e Bispos), as Torres passam a agir na coluna aberta
(Partida Keres x Frydman, Buenos Aires, 1939).
f) 1. P4D, C3BR; 2. C3BR, P4B; 3. P3R, P4D; 4. P3CD, PxP
(abrindo a coluna BD, uma das manobras favoritas de Keres) ; 5.
PxP, BSC; 6. B2R, P3R; 7. 0-0, B3D; 8. CD2D, C3B; 9 . B2C,
TI BD. E a Torre presa, nesta coluna, tem ação efetiva (Partida
Palau x Keres, Buenos Aires, 1939).

g) 1. P4D, P4D; 2. C3BR, C3BR;


3. P3R (Abertura Colle,
tendendo a preparar um futuro
P4R, abrindo a coluna do Rei),
P4B; 4. P3B, P3R; 5. CD2D, C3B;
6. B3D, B3D; 7. 0-0, 0-0; 8.Tl R
(o avanço do PR foi bem
preparado), D2B; 9. P4R!, PBxP;
10. PBxP, PxP (ha\·ia a ameaça do
"garfo" 11. PSR); 11. CxP, CxC ;
12.TxC, TIR; 13.T4T 1• E aqui,
DIAGRAMA 406
Posição após 13. T4T! aprendemos outro modo de nos
A TR serviu se da coluna aberra do servir de uma coluna aberta.
Rei, via IR 4R 4TR, para
valorizar o ataque. A Torre serve-se da coluna
aberta (diagrama 406) não só para
agir ao longo dela, como , também , para permitir sua passagem a
urna das alas, geralmente a do Rei, valorizando um ataque.

Partida Ilustrativa

A célebre "jóia de Primeira Água", jogada em 1858 , no


camarote real da Ópera de Paris, durante um intervalo da ópera

310
.~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ---~"'"

O Barbeiro de Se vilha, por Paul Morphy contra o Duqu e Karl


de Brunswick e o Conde Isouard, é um exemplo clássico de
desenvolvimento rápido e do aproveitamento de uma coluna
aberta .
BRANCAS PRETAS
Paul Duque de 8rW1swick
Morphy e Conde Isouard
1. P4R P4R
2.C3BR P3D
Tendo em mira o centro e o desenvolvimento, o correto é ... ,
C3BD.
O lance do texto caracteriza a Defesa Philidor.
3. P4D B5C
Protegendo indiretamente o PR preto, mas esse lance consti-
tui uma perda de tempo. Mais lógico seria 3 .... , C3BR .
4. PxP BxC
Forçado, pois se 4 .... , PxP; seguir-se-ia 5. DxD+, RxD; 6. CxP,
ganhando as Brancas um Peão.
5. DxB PxP
Contando-se os tempos, vemos que ambos os lados jogaram
um Peão central, mas, as Brancas já possuem uma peça desen-
volvida e as Pretas, nenhuma.
Isso dá a vantagem de um tempo que, com a saída, perfazem
dois tempos a mais, significando melhor desenvolvimento e, por
conseguinte, melhor partida.
E por que as Pretas perderam um tempo? Simplesmente
porque realizaram uma troca 4 .... , BxC, e as Brancas retomaram
desenvolvendo uma peça ( 5° caso de perda de tempo já estudado) .
Observar que, após a troca dos Peões centrais, resultou a coluna
da Dama aberta.
6. B4BD C3BR
Evitando o mate!
7. D3CD!
Lance magistral, ameaçando o PBR e o PCD adversários .
7. ... D2R
8. C3B!
As Brancas poderiam ganhar um Peão com 8. DxPC, D5C+;
9. DxD, BxD+; etc.; mas, Morphy, artista do tabuleiro, dá mais
valor ao desenvolvimento do que ao ganho de um Peão.

311
XADREZ BÁSICO
-="'----------- ----------~

8 ... . P3B
Defendendo com a Dama o
PCD.
9 . BSCR P4C (diagrama 407)
O correto era 9 . ... , D2B .
Agora Morphy remata o jogo de
maneira magistral.
10. CxP PxC
l 1. BxPC+ CD2D
12. 0-0-0! DIAGRAMA 407
Dominando integralmente a Posição após 9 .... , P4C.
As Brancas rematam o jogo
coluna da Dama com a TO, in- brilhantemente.
clusive as casas vizinhas do Rei
preto.
12 .... TIO
13.TxC! TxT
14.TID
Observar as duas pregaduras de peças pretas.
14. ... 03R
Propondo a troca de Damas, ali,iando, assim, o ataque e a
posição restringida de suas peças. Porém Morphy vê, no domíruo
absoluto da coluna da Dama, um final magnífico.
15. BxT+ CxB
16. 08C+!
Excelente lance de desvio de peça inimiga.
16. ... CxD
17. T80 mate.
Este exemplo é ilustrativo, porquanto vem demonstrar a
vantagem do desenvolvimento rápido das peças, assim como da
abertura de uma coluna para as Torres, no centro do tabuleiro.
Nesta partida, as Torres brancas tiveram a oportunidade de
invarur a segunda e primeira horizontais do adversário, com ataque
de mate.
Os princípios gerais das aberturas (o centro e o desenvol-
\·imento) são conceitos importantes, saruos e devem sempre ser
atendidos pelos jogadores de xadrez.
Sucede, muitas vezes, na prática do xadrez dos mestres, que
"posições normais" são atingidas, por ambos os adversários, numa

312
--"""'L------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -----~lz;,s,~

aparente contradição desses princípios . Há aberturas em que um


jogador permite ao outro a construção de uma poderosa posição
de Peões no centro, não porque considere essa posição fraca, mas
porque está certo de destruir esse centro, mais cedo ou mais tarde .
Ótimo exemplo é a Defesa Alekhine (1 . P4R, C3BR), que vere-
mos no capítulo das aberturas .

8. Mobilidade das Peças

Também vimos que a mobilidade das peças é uma con-


seqüência lógica do melhor desenvolvimento e do domínio das
casas centrais. É uma primazia que o jogador obtém seguindo os
princípios fundamentais das aberturas e deve ser utilizada para o
ataque a um dos flancos e, em especial, ao flanco do Rei.
A vantagem em mobilidade deverá, porém, ser explorada
energicamente, caso contrário, desaparecerá em curto tempo.
Mobilidade e domínio do centro são vantagens que não devem
ser apresentadas, apenas, como "um reluzente par de botas", no
dizer de Ninzowitch, nem são finalidades por si mesmas; são,
isto sim, o caminho mais racional para obter sucesso num ataque
a uma das alas, e, particularmente, na ala do Rei.
O valor de um centro superior de Peões é que ele mantém a
posição inimiga congesta; o ataque seria, logicamente, o meio de
se explorar uma posição congesta.
Com muitas peças no tabuleiro, o lado inferior será obrigado
a ter um jogo restringido, visto que dispõe de pouco terreno;
mas, uma vez trocadas várias peças, ganhara ele mais espaço.
Conseqüentemente, a mobilidade de peças do lado superior
perderá muito de sua eficácia. Uma posição restringida será
explorada por um ataque, mas será livrada por trocas .
Assim, o jogador, que conseguir maior mobilidade para suas
peças, deverá, imediatamente, iniciar uma investida a qualquer
das alas, evitando, porém, o mais possível a troca de peças.
Em verdade, as trocas são o melhor meio para reduzir a força
de um ataque.
O ataque baseado no melhor desenvolvimento, no domínio
das casas centrais e na conseqüente maior mobilidade das peças
conduz, invariavelmente, a uma vantagem material ou mesmo a
uma posição de mate.

313
.=...__ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO----------"'=-

Vejamos exemplos: Tudo está pronto para a


a) Mobilidade maior de pe- investida, e, um plano viável
ças conduzindo ao ganho de seria o avanço do PBR e do PR,
material. conseguindo a coluna BR
aberta, por onde as Torres
teriam ação.
Note-se que as Brancas,
jogando em momrnto opor-
tuno TI D e T3D, poderão
lançar essa peça no ataque à ala
do Rei.
9 . ... B3R
As Pretas procuram trocar
peças, a fim de aliviar sua
DIAGRAMA 408 posição restringida . Nesses
As peças brancas têm maior momentos o lado, que tem
mobilidade.
maior mobilidade, deverá agir
A posição do diagrama 408 de forma enérgica, para não
é atingida após l. P4R, P4R; perder sua superioridade posi-
2. C3BR, C3BD; 3. P4D, PxP; cional .
4. CxP, CxC? (perda de tempo); 10. PSR!
S.DxC,C3B;6.B5CR,B2R; Quando se tem um forte
7. C3B, P3D. Peão central é essencial usá-lo
Esta posição é francamente para um ataque.
favorável para as Brancas, que 10. ... PxP
têm o controle das casas cen- Se 10 .... , BxB, segue 11.
trais, melhor desenvolvimen- DxB, P3TR; 1 2. BxC, PxB;
to e maior mobilidade para 13 . PxPD, PxP; 14. D4BR e a
suas peças. Têm, ainda, cinco posição das Pretas está perdida.
horizontais à sua disposição, 11 . DxPR D!B
ao passo que as Pretas estão 12 . BxB DxB
confinadas a três horizontais 13. DxD PxD
apenas. 14 . TRIR
As Brancas devem prosse- E as Brancas ganham pelo
guir no desenvolvimento (in- menos um Peão.
completo ainda) antes de iniciar E se 9 ... . , CSC (em vez de
o ataque. 9 .... , B3R), outra tentativa
8. 0-0-0 0-0 de livrar o jogo pelas trocas,
9 . B4BD então 10. BxB, DxB; 11. CSD,

314
A ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ' " " ' -

DlD; 12. P3TR, C4R; 13. P4B, A posição das Brancas é


CxB; 14. DxC, P3BD; 15. C3B francamente favorável, pois
e as Brancas ganharão logo o dispõem de um forte centro de
PD inimigo, que perdeu a prote- Peões, melhor desenvolvi-
ção do PBD. mento e mobilidade maior para
Este exemplo é suficiente suas peças .
para mostrar como a vantagem O dese m ·oh·imento das
em mobilidade conduz ao Brancas foi lógico, contras-
ganho de material. tando com o do adversário, que
b) Mobilidade maior de pe- pouco ampliou o raio de ação
ças conduzindo a um ataque de de suas peças. Além disso, as
mate. Pretas desprezaram as casas
centrais; seu lance 7 .. . . , BxP?
constituiu um erro . Correto
seria 7 . ... , Px P, mantendo um
Peão no centro, o que é im-
portante nas aberturas , como
sabemos .
Observar o pouco espaço
de qu<' dispõem as peças pretas,
confinadas às suas três pri-
meiras horizontais.
DIAGRAMA 4-09 Como resultado de tudo
As peças brancas têm maior
mobilidade. isso, as Brancas adquirem
Posição após 11 .... , 0-0. maior mobilidade para suas
peças , vantagem em espaço e
A posição do diagrama 409 o direito de encetar um ataque
ocorreu na partida H. N . ao Rei inimigo.
Pillsbury x M. Judd, Saint Todas as peças estão prontas
Louis, 1899, após 1. P4D, para a ação agressiva, inclusive
P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD, a TR , que, como a continuação
P3CD; 4. C3B, B2C; 5 . B4B, da partida mostrará, será pela
B3D; 6. BxB, DxB; 7 . PxP, BxP? própria coluna BR que ira
(um erro; melhor seria 7 .... , atuar.
PxP, conservando um Peão 12 . PSR!
central); 8. P4R!, B2C; 9 . TIB, Quando se t êm um forte
P3TD; 10. B3D, C2R; 11 . 0-0, Peão central, de,·e -se usá lo
0 -0. para um ataque.

315
~ ~ - - - - - - - XADREZ BÁSICO------------"=

12 ... . DID Prosseguindo com energia


13 . BxP+! no ataque . Sacrificam as Bran-
Um sacrifício que sur - cas o Cavalo para colocar sua TR
preende o principiante, mas em jogo sem perda de tempo.
que está plenamente justi- A mobilidade das peças,
ficado . As peças pretas estão que se procura nas aberturas
distantes da ala do Rei, impe- como vantagem, não é uma
didas de socorrer seu monarca. finalidade por si mesma; é um
13. ... RxB meio para um ataque ao ini-
14. C5c+ R3T migo. Esse ataque deve ser
Se 14 .... , RlC, segue 15. bem conduzido, com técnica
D5T! (ameaçando 16. D7T aprimorada. E é o que realiza
mate), TI R (unica defesa); 16. Pillsbury, grande mestre nor-
DxP+, RlT; 17. D5T+,R1C; te-americano do passado.
17. ... RxC
18. D7T+, RlB; 19. CxP+,
Se 17 .... , R4T; segue 18.
ganhando a Dama .
D7T+, RxC (ou 18 . .. . , R5C ;
15. D2D! R3C
19. P3B+, RxC; 20. P4Tmate);
A ameaça branca era 16.
19. P4T+, R5C; 20. P3B mate .
CxP+desc., ganhando a Dama.
Não há alternativa satisfatória
Procurando as Pretas escapar
para as Pretas.
ao salto do Cavalo, movimen-
18.P4B+ R3T
tando a Dama, teríamos as
19. D3T+ R3C
seguintes continuações:
O monarca preto é um
a) 15 .... , DlR; 16. CxPR+
joguete nas mãos do primeiro
<lese., R2T; 17. CxPBD, D 1 D; jogador. Sozinho, sofre o ata-
18. Cx T, ganhando material. que violento das Brancas, sem
b) 15 .... , D2D; 16. CxPR+ possibilidades do socorro de
<lese., R2T (se 16 ... . , R4T ou suas peças, que se encontram
16 .... , R3C, segue 17. D5C afastadas da luta, tolhidas em
mate); 17. CxT+, ganhando sua ação. É o castigo por des-
mais a Dama. prezarem o bom desenvolvi-
e) 15 .... , DlB; 16. C2R!, e o mento das peças e o controle
ataque das Brancas se torna das casas centrais.
irresistível. 20. P5B+ PxP
Por esses motivos as Pretas 21.TxP TlT
jogaram seu Rei. Evitando a ameaça de mate
16.C2R C4D com 22. D5T.
17. D3D+! 22. D4C+ R2T

316
..,,,.L___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ' ~ -

23. TxPBR Abandonam.


O mate é inevitável.A ameaça é 24 . DxP mate. Se 23 .... ,TI C;
então 24. DST mate.
Um exemplo ilustrativo da mobilidade das peças conduzindo
a um ataque de mate.

9. Debilidades - Teoria da Simplificaçào de


Capablanca - Análise de uma Posição na Abertura

Debilidades

Ao se iniciar uma partida ambos os lados dispõem de peças


quantitativa e qualitativamente iguais, sem alterações estruturais
na posição das mesmas. Não há fraquezas de nenhuma ordem . '.\la
posição inicial não há, pois, debilidades .
A debilidade aparece no transcorrer da partida; sua criação,
no campo inimigo, será a primeira etapa, que nos levará à vi-
tória. Daí, dever-se-á jogar intensa e pacientemente para usu-
fruí-la, impedindo, ao mesmo tempo, o adversário de realizar
combinações imprevisíveis, tendo em vista a eliminação do
ponto débil.
A configuração de Peões constitui a espinha dorsal de toda
posição, a que dá conteúdo e característica. A disposição e a força
das peças estão em Íntima dependência com a formação de Peões.
Uma boa formação de Peões dá às peças maior efetividade,
enquanto que uma configuração defeituosa dos mesmos toma-as
impotentes e lhes tira atividade.
Cumpre frisar que não é a força de um lado que determina a
característica ou delineamento da partida, senão a debilidade do
lado contrário.

Classificação das Debilidades

Classificam-se as debilidades em dois grandes grupos :


1. Debilidades transitórias (ou debilidades de peças) .
2. Debilidades permanentes (ou debilidades de Peões) .
A debilidade transitória, em geral, consiste na disposição
desfavorável (suscetível de ataque ou de aproveitamento) de uma
ou mais peças . Quanto mais valiosas sejam essas peças, por sua

317
..=L____ _ _ _ _ _ _ XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~

qualidade intrínseca ou por sua função nesse momento, mais


perigosa é essa debilidade.
Apresenta, igualmentf', debilidade transitória, a pos1çao
congesta, restringida, que um lado possui, quando foram
desprezados os princípios fundamentais do desenvolvimento das
peças e do domínio do centro. Essa debilidade determina, para o
lado contrário, a vantagem da maior mobilidade de peças, que, já
sabemos, é usada para um ataque.
É uma debilidade transitória, porque, havendo tempo, ou
quando o adversário não se apressa em aproveitá-la, a debilidade
pode desaparecer em virtude de trocas de peças ou de ampliação
e maior movimentação das peças primitivamente restringidas.
As debilidades permanentes são exclusivamente resultantes
da configuração defeituosa de Peões (Peões isolados, atrasados,
dobrados, etc.).
Na partida posicional deve-se trabalhar para a formação e
utilização das debilidades permanentes.

Transferências de Debilidades

As debilidades, por si mesmas, determinam, via de regra, a


decisão da partida; porém, ocasiões há em que isso não se dá.
Muitas vezes não é a debilidade em si que decide a partida, mas
sim a constante ameaça de sua exploração, quf' escraviza por
completo as peças inimigas.
Outras vezes, ainda, o adversário inferiorizado consegue
eliminar uma debilidade, mas à custa da criação de outra
debilidade. Dá-se, nesses casos, uma transferência de debilidade.

Teoria da Simplificação de Capablanca

O genial mestre cubano José Raul Capablanca foi, em xadrez,


o Yerdadeiro e xpoente na arte da simplificação, quando obtida
uma vantagem decisiva .
Graças a esse procedimento, obteve ele um grande número
de vitórias, aparentemente impossíveis.
São de extraordinária simplicidade as idéias de Capablanca a
esse respeito. O grande mestre sustentava que se devem trocar
sempre as peças acessórias ao verdadeiro desrúvel de uma partida .

318
-='-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ------~1â.

Permanecerão em jogo apenas os elementos que apresentam


desequilíbrio estratégico entre si.

Análise de wna Posição na Abertura

Na análise e avaliação de wna posição desenvolvida na abertura


deveremos levar em consideração os cinco fatores, que se estudam
na análise de uma posição qualquer. São eles:
1. O material.
2. A segurança dos Reis.
i. A estrutura dos Peões.
4. A mobilidade das peças.
5. As possibilidades de ataques e combinações.
Havendo igualdade de material e dispondo os Reis de segu-
rança e proteção, os fatores mais importantes, na análise de uma
posição, são a estrutura dos Peões e a mobilidade das peças.
Em quase todas as aberturas, com exceção dos gambitos, a
estrutura dos Peões e a mobilidade das peças são, realmente, os
fatores importantes.
No conceito de mobilidade está implícito o conceito
desenvolvimento e também o conceito do centro, porquanto o
centro é um caso especial de mobilidade, já que o lado que
controla as casas centrais, automaticamente, dispõe de maior
liberdade para suas peças.

10. AproYcitamento elas "\Tantagens ela Abertura

Chegamos ao ponto principal do estudo que vimos fazendo,


no tocante aos princípios gerais das aberturas.
O enxadrista, que tenha atendido fielmente a esses princípios,
obedecido às recomendações sobre desenrnlúmento rápido das
peças e domínio do centro, conseguirá, via de regra, uma posição
favorável na abertura.
Em que consiste a vantagem na abertura e como explorá-la?
Essa superioridade baseia-se, fundamentalm ente, numa das
vantagens seguintes:
1. Uma mobilidade maior para suas peças, ou;
2. Uma debilidade permanente no campo inimigo (debilidade
dos Peões).

319
-="---------- XADREZ BÁSICO -----------""""-

A vantagem em mobiüdade, como sabemos, é aproveitada,


via de regra, para um ataque ao Rei inimigo. O aproveitamento
da debilidade permanente cifra-se em procurar ganhar o Peão
débil, ou então tirar proveito da posição que dele resulta .
A vantagem em mobiüdade pode referir-se à maioria das peças,
ou a algumas delas e mesmo a uma só . Assim, quando se diz que
dois Bispos são superiores a dois Cavalos, nas posições abertas;
que dois Cavalos são superiores a dois Bispos, nas posições
fechadas, bloqueadas; que um Cavalo é superior a um Bispo, nos
casos de Cavalo x Bispo mau; que um Bispo é superior ao do
adversário, nos casos de Bispo bom x Bispo mau etc.; a vantagem,
fundamentalmente, na maior liberdade de ação das peças do lado
superior. A vantagem é, essencialmente, uma mobiudade maior
das peças, conferindo ao enxadrista, que a possui, iniciativa e
domínio do jogo.
Na exploração de debilidades, e, em particular, das debilidades
de Peões, é de grande aplicação a teoria da simplificação de
Capablanca: o enxadrista manterá em jogo apenas as peças que
apresentarem desequilíbrio estratégico entre si, e procurará trocar
todos os demais elementos acessórios ao verdadeiro desnível de
uma posição.
Podemos reproduzir num esquema simples toda a estratégia a
seguir nas aberturas:

Desenvolvimento + Domínio do centro

1
Mobilidade maior das
J,
Debilidade permanente
no campo inimigo
próprias peças

1
J,
Ganho do Peão débil I
Aproveitamento da
Ataque ao Rei inimigo posição resultante
da debilidade

O desenvolvimento das peças e o domínio das casas centrais


conduzem quer a uma maior mobilidade das próprias peças, que
se aproveita para um ataque ao Rei inimigo, quer a uma debiüdade
permanente no campo adversário, que é explorada de duas

320
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~1,a

man eiras: pelo ganho do Peão débil; ou pelo aproveitamento da


posi ção dele resultante .
.-\s debilidades de Peões podem ajuntar-se a uma posição
restringida e podem, também, ser o tributo que o jogador paga,
por desc>jar, igualmente, mobilidade para suas peças. Eclaro que
esta última e\entualidade é menos desvantajosa que a primeira.
:\J o caso de o adversário possuir uma posição restringida e
alguma debilidade de Peões, somente cuidadosa análise da situação
indicará que setor se de\·e atacar, qual das fraquezas do adversário
é mais vulnerá\·el a uma ação agressiva.
Vejamos alguns exemp los de explorações de debilidades.

1. Debilidades Transitórias (de peça· )

O fator de superioridade é a
maior mobilidade das peças que se
utiliza para um ataque ao adver-
sário.
A) A posição do diagrama 41 O
pode ser atingida após 1. P4R,
P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. P40, PxP;
4. CxP, CxC? (perda de tempo já
estudada); 5. DxC, C3B; 6. C3B,
P3D; 7. B5CR , B2R: 8. B+BD.
DL".GRA~lA -110
B2D; 9. 0-0. 0 -0 : 10 . TD lD. .-\s Bran cas tém jogo superior.
.-\nalisem o. e•ta posição :
1. .\ !ateria!: O ma terial está igual.
2. Segurança dos Reis: .-\rnbos os Reis gozam de boa segurança.
3. Estrutura dos Peões : Não há defeito na estrutura de Peões,
para nenhw, o, lados.
4. Mobilidade d , pecas: .-\s peças brancas têm mais mobilidade.
5. Possibilid ade; lt- ~taques e combinações: As Brancas têm
possibilidades de a,lque- na ala do Rei.
As Brancas :én: . por,3.n:o . po:'içào . uperior. Gra(,'.aS ao domínio
das casas centrais. as B~ar.ca - dispõ.:: m de m aior mobilidade para
suas peças, que sé mo\imc·nt m . linemen e . pelo tabuleiro, com
numerosas casa à sua di::po-içào . enquan to d - pe ças pretas se
encontram restringi da .. ;:em liberdade e sem casas para suas peças.
- - - - - - - - - - XADREZ
2 ,, BÁSICO ll
-----------=-

As Brancas, tirando partido dessa vantagem conseguida na


abertura, iniciam wn ataque à ala do Rei preto, justo corolário à
primazia alcançada.
O ataque terá por base o avanço P4BR, forçando, em momento
oportuno, o avanço PSR, resultando daí a abertura das
importantes colunas da Dama e do BR, onde já se encontram as
Torres . O Cavalo preto será expulso da casa 3BR, onde defende o
roque (o PTR), e a investida das Brancas terá todas as possibili-
dades de sair vitoriosa, pois que a prática, em um sem número de
partidas, tem demonstrado que o ataque ao Rei inimigo, fun-
damentado num bom desenvolvimento, no domfnio das casas
centrais e na mobilidade maior das peças, conduz, freqüen-
temente, a um ataque vitorioso .
Quem domina o centro do tabuleiro e não Leme contra-
manifestações nesse setor, poderá e deverá iniciar ataques nos
flancos e, em especial, no flanco do Rei.
B) A posição do diagrama 411
ocorreu na partida Wjakhireff x
Alekhine, Rússia, 1908, após 1.
P4R, P4R; 2. C3BD, C3BR; 3. B48,
C38;4. P3D, BSC; 5. CR2R, P4D;
6. PxP, CxP; 7. BxC, DxB; 8. 0-0,
DlD; 9. C3C, 0-0.
Analisemos esta posição:
1. Material: O Material está igual.
2. Segurança dos Reis: Os dois
Reis estão em lugar seguro .
DIAGRAMA 41 1
Observar, no entanto, que o Rei Posição após 9 ... ., 0-0.
branco não está bem protegido, As Precas têm ataque na ! 1 do Rei.
porque a posição do Cavalo em
3CR não é tão favorável, como em 3BR, para a defesa o roqtk
3. Estrutura dos Peões: Não há defeito na estrutura de Peàe;::.
para nenhum dos lados .
4. Mobilidade das peças: As peças pretas têm mais mobilidade .
5. Possibilidades de ataques e combinações : .-\s Pre , c:'n:
possibilidades de ataque na ala do Rei inimigo.
As Pretas saíram da abertura com vantagem: posrnt m o
domínio das casas centrais e maior mobilidade de sua· p 'ca~ . visto
que o par de Bispos é mais forte que Bispo e Ca\·alo nas . artidas

322
--"""'---------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - -- - - ~ ~

abertas. Essas vantagens permitem um ataque das Pretas na ala do


Rei branco.
A continuação da partida, ap6s a posição do diagrama 411 ,
foi a seguinte: 10. P4B, P4B!; 11. CD2R, DST; 12. RlT, B3D;
13. P4D, PSR; 14. P4B, T3B; 15. PSB, T3T; e o ataque está
formado.
Alekhine cita, ainda, a seguinte continuação: 13 .... , PxPD
(cm vez de 13 .... , PSR); 14. CxPD, CxC; 15. DxC, B2D; seguido
de . .. , B3B; ... , T3B; ... , T3T, etc.
C) A posição do diagrama 412 ocorreu ap6s 1 . P4D, P4D; 2.
C3BR, C3BR; 3. P3R, P3B; 4.
P4B, P3R; 5 . C3B, CD2O; 6.
B3D,B3D;7 . O-O,O-O;8.P4R,
PxPR; 9. CxP, CxC; 10 . BxC,
C3B; 11.B2B, P3TR.
Analisando-se esta posição,
em considerando os cinco fatores
já estudados, vemos que a
vantagem das Brancas está no
domínio do centro e na maior
mobilidade de suas peças.
DIAGRAMA412
Posição após 11 .... , P3TR.
As Pretas acabaram de jogar
As Brancas têm melhor jogo. 11 .... , P3TR, para eYitar 12.
BSC, seguido de D3D e BxC,
ameaçando mate em 7TR. Mas o avanço do PTR enfraqueceu o
roque preto.
A pr6pria posição clama por um ataque à ala do Rei, que é o
cam.inho certo da vit6ria .
A continuação foi : 12 . P3CD, P3CD; 13. B2C, B2C; 14. D3D,
P3C (evitando 15. PSD, seguido de 16. BxC); 15 . TDlR, C4T;
16 . BlB!, R2C; 17 . TxP!, C3B; 18 . CSR!, P4B (ou 18 .... , PxT;
19. DxP+, RlT; 20 . DxP+, RlC; 21. D6C+ , RlT; 22 . TlR,
D1 R; 23. D6T+, R 1C; 24.T3R, decidindo a partida); 19. BxP+!,
RxB; 20 . CxP+, abandonam . (Partida]. R. Capablanca x C. Jaffe,
NovaYork, 1910).
D) A posição do diagrama 413 ocorreu na partida S. Gligoric
x L. Prins, Estocolmo, 1952, ap6s 1. P4D, P3R; 2. C3BR, P3CD;
3.P4R,B3T;4. BxB,CxB;5.O-O,C2R;6.D2R,D1B;7.C3B,
C3C; 8 . BSC, P3T; 9. B3R, B2R; 10 . TD!D, 0-0.

323
XADREZ BÁSICO
~~-------- -----------"=

11. P4TR!
Aplicação prática das idéias
de Steinitz (pioneiro da escola
moderna do xadrez), que
mandava, após consolidação do
centro, atacar nos flancos.
11. ... P4BR
Este lance, que permitirá
a abertura do jogo, beneficiará
DIAGRAMA 413 as Brancas, que estão melhor
Posição após 1O..... 0-0. colocadas. Mas, se 11 .... , BxP;
O jogo das Brancas é superior.
segue 12. CxB, CxC; 13. D4C,
Analisando-se esta posição, C3C; 14. P4B, com forte ata-
\'emos que : que.
1 . O material está igual. 12. PST
2. A posição do Rei preto está Eis um dos inconvenientes
algo enfraquecida, devido ao do Cavalo colocado em 3CR:
avanço do PTR e à colocação é facilmente alvo de ataque por
do Cavalo em 3CR, que não é, um Peão do flanco.
como sabemos, a casa ideal 12. ... PxP
para essa peça. 13. CxP ClT
3. Não há alteração na estru- 14.CSR
tura de Peões para nenhum dos As peças brancas possuem
lados. uma base poderosa no centro
4. As peças brancas têm ma.is do tabuleiro e fazem clela
mobilidade. trampolim para o ataque.
5. Há possibilidades de ataque Observar como as peças
na ala do Rei preto. pretas se encontram tolrudas e
As Brancas têm o controle como o avanço do PTR preto
das casas centrais e maior enfraqueceu o roque, ao deixar
mobilidade para suas peças. Sua a casa 3CR sem fiscalização.
posição, portanto, é superior e 14. .. . csc
dá direito a um ataque ao roque 15. 04C R2T
inimigo, que apresent.1, ainda A ameaça branca era 16.
ma.is, algumas fraquezas. BxP, explorando a fraqueza do
Vejamos como o iugoslavo PTR adversario.
Gligoric arquiteta o ataque ao 16.C6C CxC
Rei preto. 17. DxC+ RlT

324
-=~ - -- -- - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------""""'

18 . P3BD C4D 23 . D6C+ R1T


19. BxP! 24.CSC Abandonam .
Como sempre, os sacrifí- Não há defesa contra a ameaça
cios, as combinações, surgem de mate. Se 24 .... , C3B, segue
em conseqüência de wna má 25 . P6T!, ameaçando mate em
disposição das peças contrárias, 2CR .
principalmente do Rei. Observar que a saída do Bispo
19. ... PxB preto da casa STR ( 2 2 .... ,
20. DxPT+ R 1C BxT) permitiu o salto decisivo
21. T3D BST do Cavalo branco em SCR.
Com a idéia de evitar 22. É este mais um exemplo
T3C+, mas ... ilustrativo de como se deve rea-
22. T3C+! BxT lizar um ataque ao Rei inimigo,
Se 22 .... , R2B; segue 23. tendo por base vantagens ad-
P4BD!, C3B; 24. T3BR, ga- quiridas na abertura.
nhando.

2. Debilidades Permanentes ( de Peões)

A) Exploração de um Peão
atrasado.
A posição do diagrama 414
surge após 1. P4R, P4R; 2. C3BR,
C3BD; 3. C3B, C3B; 4. P4D, PxP;
5. CxP, CxC? (perda de tempo);
6. DxC, P3D; 7. BSCR, P4BD?;
8. D3R.
Analisando-se esta posição,
vemos que: DIAGRAMA 414
1 . O material está igual. Posição após 8. D3R.
O PD preto atrasado é uma
2. Os Reis têm proteção. fraqueza irreparável.
3. A estrutura dos Peões pretos
esta abalada, por existir um Peão atrasado (o P3D).
4. A mobilidade das peças brancas é maior, visto que as Brancas
dominam as casas centrais.
5. Há possibilidades de ataque ao PD preto atrasado.
Indiscutivelmente, a posição das Brancas é superior.
Além da perda de tempo 5 .... , CxC?, as Pretas cometeram
um grave erro ao jogar 7 .... , P4BD?, deixando atrasado seu PD.

325
XADREZ BÁSICO
-="----------- ------------=-

Torna-se agora impossível combater o domínio central, que as


Brancas possuem, com ... , P4D, única oposição a esse domínio.
O PD preto constitui uma fraqueza irreparável, sobre o qual
as Brancas irão convergir a ação de suas peças. E, enquanto as
peças brancas irão movimentar-se, livremente, para esse objetivo,
as Pretas deverão ficar na defensiva, protegendo-o, sem nenhum
contra-jogo.
Uma continuação viável seria 8 .. . . , B2R; 9. BSC+ (para
eliminar o BD preto e reduzir o material ao mínimo necessário à
exploração do PD inimigo, segundo a técnica de Capablanca),
B2D; 10. BxB+, DxB; 11. TI D, O2B (havia a ameaça de 12 .
PSR!); 12. 0-0, 0-0; 13. B4B!, P3TD; 14. CSD, CxC; 15 .TxC,
TDID; 16. TRIO, T2D; 17. D2O,TR 1D; 18. PSR!, e as Brancas
ganham o Peão.
Outros exemplos de exploração de debilidades transitórias e
de debilidades permanentes serão vistos no capítulo quinto, no
estudo de partidas de mestres.

11. RegTas Práticas nas Abertmas

Há dez regras práticas, nas aberturas, que devem ser


observadas pelos que se iniciam em xadrez . São elas:
1 - Inicie sua partida com 1. P4R ou 1. P4O.
2 - - Sempre que possível, desenvolva uma peça que ameace
alguma coisa.
3 - Desenvolva os Cavalos antes dos Bispos.
4- Escolha a melhor casa para sua peça e ocupe-a com o menor
número de lances.
5 - Movimente um ou dois Peões na abertura, e não ma.is.
6 - Não movimente a Dama precocemente.
7 - Faça o roque o mais cedo possível e, de preferência, o
roque com a Torre do Rei.
8 - Jogue para obter o controle do centro.
9 - Esforce-se sempre para manter ao menos um Peão no
centro.
1O- Não sacrifique material sem um motivo claro e imediato.
Para o sacrifício de um Peão, deve _existir uma das quatro razões
seguintes:

326
...z:,;;a_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~ =

a) assegurar uma vantagem real no desenvolvimento;


b) desviar a ação de uma peça inimiga, em particular da Dama ;
c) impedir o roque adversário temporária ou de6n.itivameote;
d) construir um forte ataque .

II - ABERTURA.S DO PEÃO DO REI

1'1 Parte - . Aberturas com 1. P4R, P4R.

Estes dois lances são perfeitamente normais e obedecem,


fielmente, ao princípio básico das aberturas, pois contribuem para
o desenvolvimento, afetando, ao mesmo tempo, as casas centrais.

1 - Eüminar o PR adversário e
o lance fundamental para con-
segui-lo é P4D. Se as Pretas res-
pondem, então, ... PxP, resta uma
eventual estrutura de Peões como
a do diagrama 415, que é favorável
para as Brancas. E é favorável, já o
sabemos, porque:
a) o PR branco controla as
importantes casas 5D e SBR, onde DIAGRAMA415
Estrutura ideal de Peões para as
podem ser alojadas peças, como os Brancas em todas as aberturas com
Cavalos, e; 1. P4R. P4R.
b) resta para as Pretas uma posição restringida para suas peças .
2 - Conseguir domínio central e melhor desenvolvimento,
fatores que levam à maior mobiüdade das peças, mobilidade que
será usada para um ataque ao inimigo. A mobilidade é uma
vantagem que deve ser aproveitada sem perda de tempo e sem
trocas desnecessárias, pois, em caso contrário, essa vantagem
esfumar-se-á.
As Pretas podem evitar a troca de seu PR; em resposta ao
lance P4D das Brancas jogarão ... , P3D, porém isso vai entorpecer
a ação de suas próprias peças.
Estas observações teóricas explicam porque, nas aberturas

327
~~---------
XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _ _.)fe<..

com 1. P4R, P4R, as Brancas conseguem uma ligeira e persistente


vantagem.

Objetivos das Pretas

1 - As Pretas devem lutar por conseguir igualdade na abertura,


procurando desfazer a vantagem que as Brancas mantém, por lhes
caber o lance inicial.
Para tal dispõem de dois métodos de defesa:
a) o método do ponto forte: em que procuram, a todo custo,
conservar o PR em 4R e;
b) o método do contra-ataque: em que cedem seu PR, mas em
troca de uma compensação, seja obrigando as Brancas a cederem
também seu PR, seja obrigando-as a um enfraquecimento de sua
posição.
É claro que, no método do contra-ataque, estes objetivos das
Pretas não se conseguem de imediato, porquanto necessitam de
vários lances preparatórios.
Nas aberturas em que as Brancas não fazem uso do avanço de
seu PD na quarta casa, são as Pretas que devem procurar jogar
... , P4D, conseguindo para si a estrutura favorável de Peões
indicada pelo diagrama 41 5.
Toda vez que as Pretas conseguirem jogar ... , P4D, sem
nenhuma conseqüência prejudicial imediata, elas alcançarão, pelo
menos, a igualdade na abertura.
Estudando particularmente cada abertura, veremos a aplicação
dessas noções preliminares.

1. Abertura do Centro: 1. P4R, P4R; 2. P4D

As Brancas pretendem conseguir seus objetivos de maneira


imediata, uma vez que as Pretas são forçadas a capturar o Peão,
visto que 2 . . .. , P3D, obstruindo o BR, resultaria favorável às
Brancas.
2 .... PxP
3. DxP
O inconveniente desta abertura é a saída prematura da Dama,
que dá oportunidade às Pretas de resolverem, satisfatoriamente,

328
--"""L------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i -----------""-

seu problema de abertura, 9 . C2R


eliminando, igualmente, o PR As Brancas não podem
inimigo. rocar, por estar se u PTD
O domínio central das ameaçado.
Brancas é apenas temporário . 9. ... B5C
10 . C4B D2D
11. P3BR 0-0-0!
12. 0-0-0
Se 12. PxB, segue 12 . ... ,
TRlR; 13. O3D, DxP; 14 .
B2R, B4C; 15. RID,TxB !; 16 .
DxT, DxC; e as Pretas ganham .
12. ... B4BR
13. B3D B3B
E o jogo das Pretas é mais
livre.
Abertura do Centro após 5. 08D.
As Pretas igualam sem
dificuldade. Crítica

3 .... C3BD Esta abertura não pode ser


4. D3R C3B considerada adequada para as
5. C3BD Brancas, que aspiram vantagem
Vide o diagrama 416. na abertura; as Pretas conse-
5. ... B2R guem bom jogo sem maiores
6. B2D P4D! dificuldades.
Eliminando o PR inimigo, Se é com P4D que as Bran-
neutralizando assim o domínio cas obtêm vantagem na abertu-
central que as Brancas man- ra, vemos que esse avanço não
tinham. pode ser precoce. Deve ser,
7.PxP CxP portanto, preparado.
8.CxC DxC

2. Abertura Escocesa: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3 . P4D

As Brancas realizam o avanço P4D na terceira jogada . Já vimos


(página 303) que a melhor resposta das Pretas e agora 3 .. . . , PxP,
conseguindo as Brancas domínio central e um forte Peão no centro.
Porem, como na abertura anterior (Abertura do Centro), esse

329
-=--------- XADREZ BÁSICO ----------=-

domínio é apenas momen- Variações importantes, na


tâneo, pois o contra-atague ao linha principal, são as seguintes:
PR branco é igualmente efi- A)4 ... . , 84B(emvezde4 .
ciente. . . . , C3B), com promissor
contra-ataque : 5 . B3R, D3B;
6 . P38D,CR2R;7.C28,BxB;
8. CxB, 0-0; 9. B2R, P3D
(preparando ... ,P4D); 10. 0-0,
83R; 11. C2D, P4D!; 12 . PxP,
CxP; 13. CxC, BxC; 14. B38,
TD 1D. E a posição das Pretas
é ligeiramente melhor (partida
Martinez x Zukertort, 1884).
B)5. CxC ~m ~zde 5.
DIAGRAMA 417
Abertura Escocesa após 14 ..... B3R. C3BD) é favorável ao segundo
Posição aproximadamente igual. jogador: 5 ... . , PCxC; 6 . PSR,
3 .... PxP D2R; 7. D2R, C4D; 8. C2D,
4. CxP C3B B2C. As Pretas, desenvolvendo-
5. C3BD BSC se com rapidez e realizando
6. CxC PCxC atague ao PR inimigo, asse-
7. B3D P4D! guram-se de ligeira vantagem:
O lance gue sempre iguala. 9. C3C, 0-0-0; 10. P4BD,
8.PxP PxP C3C; 11. B2O, Tl R; 12. P4B,
9.0-0 0-0 P3B; 13. P4TD,B3T; 14. O4R,
10. BSCR P3B D28.
11. D3B B2R As Pretas estão melhores
12.TDlR TlC (MiesesxTarrasch, Metz, 1916).
13. ClD TIR C) 7. B2D (em vez de 7 .
14. P3TR B3R B3D) dá às Pretas jogo exce-
A posição é aproximada- lente: 7 .... , 0-0; 8. B3D, P4D;
mente igual: as Brancas dis- 9. P3B, PxP; 10. CxP, CxC; 11.
põem de um pouco mais de PxC, B48D; 12. O38.TDlC.
überdade para suas peças, po- As Pretas têm bom jogo
rém, em compensação, as Pre- (Alekhine x Alexander, Mar-
tas têm um forte Peão central gate, 1937).
(diagrama 417). D) 8 .... , D2R+ (em vez de
As Brancas e as Pretas saíram- 8. . .. , PxP) simplifica o
se bem da abertura. problema das Pretas; 9 . D2R

330
~~~------ Dr. Orfeu GJ.berto D'Agosti.ni _ _ _ _ _ _ _I.;,,,-=..

(forçado), CxP; 1O. DxD+, RxD; 11 . P3TD, B4T; 12 . B2D, CxC;


13. BxC, BxB+; 14. PxB, com posição de empate (Spielrnann x
Rubinstein, Tepütz Shonau, 1922).
Em todas as aberturas do tipo da Abertura Escocesa, quando
as Brancas aspiram a um ataque ao Rei inimigo, devem elas evitar
a troca das Damas, bem como das peças menores; caso contrario
o ataque deixa de existir, como sucedeu nesta linha de jogo iniciada
com 8 .... , D2R+.

Crítica

Como na Abertura do Centro, também aqui o avanço P4D das


Brancas não atingiu em cheio seu objetivo, pois as Pretas
conseguem igualar o jogo com facilidade e, algumas vezes, ficar
até com melhor partida.
Por que não obtiveram vantagens as Brancas?
Simplesmente porque o avanço precoce P4D é feito, pagando
as Brancas um certo tributo. Na Abertura do Centro, com saída
prematura da Dama branca é esta que, atacada por uma peça menor,
devera retroceder, perdendo um tempo na abertura. Na Abertura
Escocesa as Brancas, para manterem seu Peão central, obrigam-se
a perdas de tempo e desenvolvimentos anonnais de peças, o que
é aproveitado pelo adversaria, que coloca bem suas próprias peças.
Em ambos os casos, as Pretas conseguem jogar ... , P4D; e, ao trocar
seu PD pelo forte PR central do inimigo, o que faz desaparecer o
domínio central das Brancas, alcançam o equilíbrio de posições.
É por não conseguirem as Brancas vantagens duradouras na
abertura, que ambas, Abertura do Centro e Abertura Escocesa,
1
não são encontradas na pratica dos torneios, entre mestres,
principalmente quando o enxadrista das Brancas tem vontade de
vencer.
O avanço P4D precoce não traz, assim, nenhuma vantagem às
Brancas.
Vejamos, agora, aberturas em que esse avanço é muito mais
importante, quando feito mais tarde, após o desenvolvimento de
diversas peças.

331
-='---------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - - " ' = - -

As duas aberturas, que estudaremos a seguir· ·"Giuoco Piano"


(e variantes) e Ruy Lopez -, são as principais desse grupo, cm
que a vantagem da abertura perdura por mais tempo.

3. Abertura "Giuoco Piano": 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C38O; 3. 848,


848

Com o imediato 4. P38, as Brancas preparam o avanço P4O,


para conservarem sempre um Peão central em 40.
4. P3B
As Pretas devem adotar,
agora, qualquer dos dois métodos
de defesa já conhecidos, isto é, o
do contra-ataque ou o do ponto
forte . Neste caso, o mais pro-
missor é o do contra-ataque, que
se inicia com o lance 4 . .. . , C3B.
Interessante notar que uma
continuação passiva deixa as Pretas
com inferioridade. Por exemplo :
Posição ideal para as Brancas no 4 .... , P3D?; 5. P4D, PxP; 6. PxP,
"Giuoco Piano ...
B3C;7.C3B,C3B;S.D3D,BSC;
9. B3R, 0-0; 10. P3TD,TlR; 11.
B2T, D2D; 12 . C2D, T2R; 13. P3B, B4T; 14. 0-0.
E a posição das Brancas é ligeiramente superior (diagrama 418).

A) Método de defesa do contra-ataque

4 . ... C38
5 . P4D PxP
6 . PxP BSC+!
Se 6 . PSR segue 6 ... . , P4DI; 7. BSCD, CSR, com igualdade.
Em quase todas as variantes desta abertura, em que as Brancas
jogam PSR , a resposta correta das Pretas será sempre ... , P4D !
No "Giuoco Piano" as Pretas devem jogar sempre com energia.
Seria um erro a retirada do Bispo por 6 .. .. , 83 C?, em ,;rtude de
7. PSD, CJ CD; 8. PSR, Cl C; 9. 0-0, C2R; l O. P6D, C3C; 11.
CSC, 0-0; 12 . DST, P3TR; 13. DxC! ganhando.
7 . C3B!

332
..m~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _......,'"'

Para manter a iniciativa e a vantagem inicial, as Brancas deverão


neste momento, sacrificar wn Peão, pois se 7. B2D segue 7 .. .. ,
BxB+; 8. CDxB, P4D!, quebrando o centro das Brancas e
igualando a partida rapidamente.
7. .. . CxPR!
Interessante notar que as Pre-
tas estão obrigadas a aceitar este
sacrifício, visto que sua recusa
seria má: 7 .... , P4D; 8. PxP,
C(3BR)xP; 9. 0-0, BxC; 10. PxB,
B3R; 11. TlR, 0-0; 12. CSC,
TI R; 13. DST, C3B; 14. BxB,
CxD; 15. BxP+, RlT; 16.TxT+,
DxT; 17. BxD,TxB; 18. B3R, e
as Brancas ganharam wn Peão.
DIAGRAMA 419
8. 0-0 BxC Posição após 8 .... , BxC.
Com este lance as Pretas re-
solvem reter o Peão a mais, embora permitindo às Brancas um
forte ataque (diagrama 419).
Outra conduta seria devolver esse Peão e contentar-se com
um empate, o que é exemplificado pela continuação de Greco,
que se inicia com 8 .... , CxC. Vide essa alternativa adiante.
9. P5D 1
Se 9. PxB, a resposta indicada é 9 . .. . , P4D!
Com 9. PSD! inicia-se o velho Ataque Moller, que dá lugar à
realização de lances cheios de interesse e grande complexidade e
no qual as Brancas depositam suas esperanças no Peão sacrificado.
Não há como negar que o ataque é perigoso, forçando as Pretas
a jogarem com grande cuidado e precisão. À menor falha, as Pre-
tas perderiam, mas os recursos defensivos, sendo adequados, além
de jogo correto permitem às Pretas igualdade.
9. ... C4R!
As Pretas desejam, também,jogar para ganhar. A alternativa 9 .
. . . , B3B, leva a um empate, embora com lances complicados.
Vejamos: 9 .. .. , B3B; 10.TIR, C2R; 11.TxC, P3D; 12. BSC,
BxB; 13. CxB, 0 -0; 14. CxPT!, RxC ; 15 . DST+ , Rl C; J6.T4T,
P4BR!; 17 . T3T! (Inovação de Keres . Se 17. TlR segue 17 .... ,
C3C!; 18 .T3T,T3B!; 19. D7T+, R2B; 20.T6R, BxT; 21. PxB+,

333
XADREZ BÁSICO
~~-------- - - - - - - - - ----""=-

TxP; 22. BxT+, RxB; 23. DxC+, 10. D3C P4D!


D3B, com empate provável), Variante Bernstein . E não
PSB!; 18 . P4CR, PxPe.p.; 19. 10 ... . , BxT?, que permite o
D7T+, R2B; 20. DST+, R 1C!; velho Ataque de Greco, que
e as Brancas devem dar xeque data de 1619: 11 . BxP+, R 1B;
perpétuo. 12 . B5C, C2R; 13 . C5R!, P4D;
Qualquer outro lance dife- 14.D3BR,84B; 15 . B6R,BxP
rente de 20 . .. . , R 1C! leva as (ou 15 .... , P3CR; 16. B6T+,
Pretas à derrota. Vejamos : R 1R; 17 . 878 mate); 16 . BxB,
a) 20 . ... , C3C?; 21. TxP, BxC; 17. B6R+ e as Brancas
D3B; 22. T3BR, ganhando as ganham .
Brancas. 11. BxP 0 -0
b) 20 .... , P3C?; 21. D7T+, 12 . BxP+ RIT 1
R 1R; 22. TxP e as Brancas têm 13 . DxB TxB
ataque ganhador. 14.TlR
10. PxB CxB E, apesar das Brancas terem
11. D4D P4BR uma ligeira vantagem, a prática
12. DxCSB P3D tem demonstrado que as Pretas
13. C4D 0-0 podem empatar.
14.TlC P3CD Por todas estas combi-
15. TlR B2D nações, vemos que, no "Giuoco
O desenvolvimento das Piano", o método de defesa do
Brancas é ideal, mas as Pretas contra-ataque confere às Pretas
possuem um Peão a mais e uma um jogo perfeitamente satis-
posição sólida. Ambos os lados fatório .
procurarão desenvolver e am-
pliar as vantagens obtidas. B) Método da defesa do
Partindo da posição do dia- ponto forte
grama 419 (mas sem 8 .... , BxC)
as Pretas podem orientar-se 4. P3B B3C!
para uma linha de empate, Este método de defesa é
adotando a Variante de Greco, mais sossegado que o do contra-
que principia com 8 . .. . , CxC; ataque e seus adeptos crêem
e que conduz a continuações poder rechaçar o ataque das
- interessantes. Brancas.
8 .... CxC Errado seria 4 ... . , P3D?,
9. PxC BxP por 5 . P4D, B3C?; 6. PxP, PxP;
Também eficiente é 9. 7 . DxD+, ganhando um Peão.
P4D. 5. P4D D2R

334
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Ag'ostini - - - - - - - ~

6. 0-0! 8 . P4TD P3TD


As Brancas não devem eliminar 9 . P3T
o PR inimigo com 6. PxP, pois Prevenindo-se de um fu-
ficariam com seu Rei exposto turo ... , C5 CR . As Brancas
a um ataque . Exemplo : 6. PxP, tornam todas as precauções
CxP; 7. CxC, DxC; 8. 0-0, antes de executarem seu plano
C3B; 9. D2R, P3D; 1O. C2D, estratégico, afastando, assim,
0-0; 11. C3B, D4TR; etc. contra-ataques adversários.
9.. .. 0-0
10. P4CD P3T
11. B3T C2D
As Pretas estão obrigadas a
este lance antinatural, subs-
tituindo uma defesa do PR, que
será, agora, eliminada.
12. PSC ClD
13. CD2D
E, agora, será possível a este
DIAGRAMA 420 Cavalo, via 1BR e 3R, dirigir-
Posição após 7 . ... , PJD, na
defesa do ponto forte. se a 5D ou 5BR.
As Pretas teimaram em
6 .... C3B conservar seu PR na quarta
7.TlR P3D casa, mas à custa de um en-
Vide diagrama 420. torpecimento na posição de
A estratégia a seguir pelas suas peças. Conseqüente-
Brancas deverá ser: mente, as Brancas têm jogo
a) enfraquecer as defesas do PR ligeiramente superior. (Vide
preto na esperança de que ele partida Spielmann x Eliskases,
seja forçado a realizar a troca capítulo quinto.)
de Peões e;
b) manobrar seu CD para 5D Variante Canal
ou 5BR, pontos dominados por
seu PR. '.\las continuações em que
Uma das defesas do PR pre- as Brancas não procuram co-
to, suscetível de ser atacada, é locar o PD na casa 4D, as Pre-
o Cavalo de 3BD. A ele se tas, não tendo maiores pro-
dirige, em primeiro lugar, a bl ernas, devem preparar o
ação das Brancas. avanço ... , P4D, garantindo ,

335
.=>L__________
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - =

para si, melhor posição. Con- ataque, deixara de existir po-


tudo, as Pretas devem perma- der nesses Peões.
necer atentas, tomando pre- São essas as considerações
cauções para que as Brancas teóricas, que se apresentam ao
não possam jogar P4D, em plano das Brancas.
momento oportuno. 9. . .. C2R
Ha uma exceção importan- Procurando trocas, o que se
te a chamada Variante Canal, consegue, também com 9 . .. . ,
que ja alcançou algum sucesso. C4T; 10. P4CD, CxB; 11. PxB,
Após: C4T; 12. PxP, DxP; 13 . P4D,
4. P3D C3B C3B; 14 . PxP, CxP, com
5 . C3B P3D igualdade.
6. B5CR 10. P4D PxP
Inicia-se a Variante Canal. 11. CRxP CxC
6 .... P3TR! 12. BxC 0-0
Ou 6 .... , B3R!, ou 6 ... . , 13. D3D BxC
C4TDI, excelentes réplicas, 14. PxB P3B
que se opõem a essa linha de 15. B3C D4T+
jogo. Com partida igual (Tarta-
7.BxC! DxB kower x Rubinstein, 1929).
8. C5D DID
9. P3B Crítica
Aqui a idéia do peruano
Canal: formar um centro forte Na abertura "Giuoco Pia-
com os dois Peões centrais em no", o lance chave P4D das
4D e 4R, porém cedendo às aberturas que principiam com
Pretas o par de Bispos, o que é 1. P4R, P4R, é realizado após
uma vantagem nas posições alguns lances, preparado com
abertas. Ainda mais, a possi- P3BD, que vem a ser superior
bilidade de troca de varias pe- ao avanço imediato do PD
ças anulara a força dos dois verificado nas aberturas ja
Peões centrais. estudadas (Abertura do Centro
Sabemos, outrossim, que os e Abertura Escocesa).
Peões centrais são um meio Das duas defesas que as
para se conseguir um fim, qual Pretas têm à sua disposição, o
seja, o de ataque ao inimigo. contra-ataque é, teoricamente,
Desaparecendo, ou reduzindo- mais indicado . A defesa do
se as forças necessarias para o ponto forte é mais sutil, porém

336
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - ~ ~ -

leva a uma partida seriamente A vantagem da abertura, é ver-


restringida. dade, perdura por ma.is tempo
Embora no "Giuoco Piano" que nas aberturas anterior-
haja numerosas linhas, que mente estudadas, mas o cor-
resultam vantajosas para as reto jogo das Pretas acaba,
Brancas, pouco fazem elas também, por anular essa
contra as melhores defesas . vantagem.

4. Defesa dos dois Cavalos : 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. B4B,


C3B

Desvia os perigosos ataques do "Giuoco Piano", os quais, quase


sempre, têm origem com a jogada P4D das Brancas, que ataca o
B4BD preto, ganhando assim um tempo valioso no desenvol-
vimento.
Há duas variantes principais para as Brancas, que se iniciam
com 4. CSC e 4. P4D.

A)4.CSC

Para assegurar-se alguma vantagem, as Brancas devem praticar


esta jogada, ainda que violando o princípio fundamental das
aberturas, que proíbe jogar duas vezes a mesma peça no início da
partida, e o princípio elementar da estratégia enxadrística, que
determina que se desenvolvam primeiramente as peças antes de
se iniciar um ataque.
O lance das Pretas, 3 .... , C3B,
é um lance normal de desenvol-
vimento . Todavia, diz, pitoresca-
mente; Edward Lasker: "se houver
justiça em xadrez, o lance 4. CSC
deverá ser mau". No entanto, ve-
remos, logo mais, por que não o
é, ou melhor, por qu e assim não é
considerado.
4 .... P4D
Único lance que defende o
DIAGRAMA 421 PBR das Pretas, duplamente
Posição na Defesa dos Dois
Cavalos após 5 ..... C4TD. atacado.

337
--"""'----------- XADREZ BÁSICO
------------=-

5.PxP C4TD! l O. P3TD, C3T; 11 . P4D, C2B;


O lance correto (vide dia- 12 . B4B, R2B; 13 . BxP. O
grama 4 21 ) . As Pretas são obri- ataque das Brancas é poderoso,
gadas a jogar um gambito, mas as Pretas têm excelentes
entregando um Peão em troca possibilidades .
de desenvolvimento para suas
peças.
A resposta 5 .... , CSD é
refutada por 6. P3BD, enquan- A resposta normal das Pre-
to a resposta natural que seria tas 5 .... , CxP, não é, pois, a
5 .... , CxP, conduziria as Pretas mais adequada. Com o lance
à inferioridade: 5 .... , CxP; 5. . .. , C4 TD ! , as Pretas
6. P4D! (melhor que 6. CxPB, entregam um Peão, em troca
que constitui o Ataque Fega- do rápido desenvolvimento
tello), B3R; 7. CxB, PxC; 8. PxP, de suas peças. E é justamente
CxP; 9. DST+, C2B; 10. 0-0, nessa vantagem de um Peão,
B2R; 11.TlR, D2D; 12. D4C, que se apegam os que defen-
e as Brancas têm superioridade. dem o antinatural de 4 . CSC.
O Ataque Fegatello, que Ap6s 5 .... , C4TD! (dia-
começa com 6. CxPB, de grama 421 ), a linha principal
grande prestigio no xadrez prossegue:
antigo, é inferior à Linha que se 6. BSC+
inicia com 6. P4D!. Superior à alternativa 6 .
Vejamos, porém, a conti- P3D, P3TR; 7. C3BR, PSR;
nuação desse ataque: 6. CxPB, 8. D2R, CxB; 9. PxC, B4BD!;
RxC;7 . D3B+,R3R;8.C3B, e as Pretas têm compensação
C2R? (este é o grande erro das suficiente pelo Peão a menos.
Pretas, que deu prestígio ao 6.... P3B
Ataque Fegatello por longo 7.PxP PxP
tempo. O correto é 8 .... , 8.B2R P3TR
CSC!); 9. P4D, P3B; 10. Não dando tempo às
BSCR, R2D; 11. PxP, RIR; Brancas de prepararem a
12. 0-0-0, B3R; 13. CxC, instalação do CR na excelente
BxC; 14.TxB!, PxT; 15. BSC+ casa 4R.
ganhando. 9.C3BR PSR
A melhor defesa contra o 10.CSR B3D
Fegatello se inicia, como vimos, Todos estes lances são
com 8 .... , CSC!; 9. D4R, P3B: praticamente forçados. A raiz

338
_,i,,.l~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _b,_

estratégica da Defesa dos Dois 12 . C3BD O2B


Cavalos, na variante que prin- 13. 0-0! BxC
cipia com 4 . C5C, é a entrega 14 . PxB DxP
de um Peão, em troca do desen- As Brancas devolveram o
volvimento rápido das peças Peão.
pretas, com chagonais e colunas 15 . P4D PxPe.p.
abertas, que serão aproveitadas 16. DxP!
para um ataque ao Rei branco. A vantagem das Brancas,
Vejamos alguns ataques das nesta posição, é manifesta, por-
Pretas: que o CD preto está fora de
a) 11. C4B, CxC; 12. BxC, jogo e os Peões pretos da ala da
0-0; 13. 0-0?, BxP+; 14. RxB, Dama se acham enfraquecidos.
C5C+, e as Pretas ganham. As Brancas dispõem do par
b) 11. C4B, CxC; 12. BxC, de Bispos, numa partida aber-
0-0; 13. P3D, PxP; seguido ta, vantagem apreciável.
de .. . ,TlR; e ... , C5R, criando Estas as conclusões de Reu-
problemas as Brancas. ben Fine, que recomenda a
c) 11. P4D, PxPe.p.; 12. CxPD, variante que se inicia com 1 1.
D2B!; 13. C3T, B3T!; 14. P3CR, P4BR.
0-0; 15. 0-0, TOJO; e as Foram procuradas melho-
Pretas têm melhor jogo. rias para as Pretas e apontada a
Estas continuações demons- continuação 10 .... , O2B (em
tram gue as Brancas não devem vez de I O.... , B3D); 11. P4BR,
insistir em conservar o Peão B4BD!; gue continua a pôr
que possuem de vantagem. dificuldades ao desenvolvi-
O lado que se defende de mento das Brancas.
um gambito (no caso, as A última palavra nesta va-
Brancas) pode, muitas vezes, riante, que principia com 4 .
conseguir bom jogo, devol- C5C, não foi dada, ainda .
vendo o material extra em
momento oportuno. E é jus- B)4.P4D
tamente a política que as
Brancas devem seguir neste Continuação agressiva,
momento, a qual se inicia com que, sem quebrar as regras
o lance seguinte. do desenvoh·imento das pe-
11. P4BR! 0-0 ças, retém a iniciatin para
Após 11. ... , PxPe.p.; 12 . as Brancas, as expensas de
CxP6B, o Cavalo volta a sua um Peão, ainda que tempora-
casa natural. riamente. Mas, mesmo nesta

339
_,._,,__________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ---"""--

continuação as Pretas podem 8. C3B D4TD


alcançar bom jogo. 9 . CxC B3R!
4 .... PxP 10 . cose 0 -0-0
5. 0-0 CxP 11 . CxB PxC
6.TlR P4D 12.TxP B3D!
7 . Bx.P Lance que dá superioridade
A Variante Canal, que se às Pretas .
inicia com 7. C3B, pode colo- 13 . D2R D4T!
car as Pretas em dificuldades; 14. P3TR TDlR
porém não resiste a um jogo 15 . 82D C4R!
preciso como 7. C3B, PxC!; 8 . 16 .TxT+ TxT
BxP, B3R!; 9. BxC+, PxB; 10. 17 .TlD CxC+
DxD + , TxD; 11. TxC, T8D+; 18. DxC DxD
12.TlR,TxT+; 13 . CxT, PxP; 19 . PxD P4B
14. BxP, P3B; 15. C3D, 83D; e E as Pretas têm superio-
as Pretas têm melhor jogo ridade . O avanço da maioria
graças ao par de Bispos . dos Peões, na ala da Dama,
7.... DxB decide o final.

Crítica

A Defesa dos Dois Cavalos evita os p erigosos ataques do


"Giuoco Piano"; é mais especulativa e mais empreendedora do que
as continuações que se originam do rotineiro 3 .... , B4BD.
Se as Brancas aceitam o Peão que lhes oferece o adversário - e
nisso consiste a única maneira de aspirarem ao melhor jogo -
e enveredam por 4 . CSC, as Pretas podem conseguir um bom
desenvolvimento de peças além de um forte ataque.
As Brancas têm possibilidades de atingir bom jogo desde que
realizem o tipo de defesa, que é sempre efetiva contra gambitos,
isto é, a devolução do Peão extra, em momento oportuno,
propiciando bom desenvolvim ento.
Algumas variantes desta defesa fornecem esplêndida opor-
tunidade para exercícios de imaginação; se bem que a estratégia
das Pretas seja simples, sua execução tática, contudo, apresenta
dificuldades, porquanto exige boa dose de imaginação e de im-
provisação.
A Defesa dos Dois Cavalos é boa linha de jogo para enxadristas,
cujo estilo de jogo se orienta para prosseguimentos agressivos .

340
~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gi.lberto D'Agostini -------"""'-

5.Ataque Max Lange : 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C38D; 3. B4B, B4B; 4.


0-0, C3B; 5. P4D

O ataque, que principia com 5 . P4D, oferece possibilidades


ilimitadas de combinações brilhantes, em troca de um Peão.
5. ... PxP
O melhor, aqui, é 5 . ... , BxP, mas a linha principal do Max Lange,
que deve ser estudada, é a que se inicia com 5 .... , PxP. E isto
porque a posição característica deste ataque, após o sétimo lance
das Pretas, é, geralmente, alcançada partindo de outras aberturas,
como a Abertura do Bispo, a Abertura do Centro, o Gambito
Escocês e a Defesa dos Dois Cavalos. Exemplo: 1. P4R, P4R; 2.
C3BR,C3BD;3.B4B,C3B;4.P4D,PxP;5.O-O,B4B;6 . PSR,
P4D; 7. PxC, PxB; etc., em que não foi possível realizar o lance 5 .
... , BxP.
Mas vejamos uma variante com esse lance: 5 .... , BxP; 6. CxB,
CxC; 7. P4B, P3D; 8. PxP, PxP; 9. B5CR, D2R; 10. C3T, B3R;
11. P3B,BxB; 12. CxB,C3R; 13.BxC,PxB; 14. D4T+,P3B ;
15. C3R, D4B; 16. TDlR, 0-0-0; 17. RlT, RlC; e as Pretas
nada têm a recear.
6.P5R P4D!
7. PxC PxB (diagrama 422)
Durante muitos anos esta posição foi considerada favorável às
Pretas, até que o americano Frank Marshall, introduzindo uma
inovação no Torneio de Hamburg, 191 O, quando venceu Tarrasch,
deu então às Brancas motivo de
superioridade.
8.TIR+ B3R
9. CSC D4D
10. C3BD D4B
11. CD4R 0-0-0-
12. CxB3R PxC
13. P4CR D4R
14.PxP TlCR
15. B6T!
Esta a inovação de Marshall, DIAGRAMA 422
que vitalizou o Ataque Max Lange, Posição do Ataque Max Lange
após 7 ..... PxB , que pode ser
tornando-o temido e evitado na atingida por transposição de
prática dos torneios. várias abertu ras.

341
_.,,,.._________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - ' = - -

As Brancas dispõem de uma C6B+; 23. RlB,TlD; 24. D8B,


posição, que resulta, freqüen- P7D; 25.TID, CxP+;eas Pretas
temente, vitoriosa em partidas têm jogo ganho.
de torneio, embora existam re- 18. ... B3C
cursos para as Pretas. 19.TlD ClD
O ataque das Brancas é 20. P5C C2B
baseado na posição exposta do 21. C3C D4D
BR das Pretas e na forte posição 22. D3T C4R
de seu PCR passado e defen- E as Pretas têm as melhores
dido. A oportunidade das Pre- perspectivas (análises de Sei-
tas está no contra-ataque ao Rei bold).
inimigo.
Como sempre, aparecem Crítica
estudiosos que procuram con-
testar as novidades teóricas. É implícita nas conside-
Assim, em 1935, Seibold apre- rações após 15. B6T!. E difícil
sentou fortes argumentos é dizer quem está melhor na
contra a solidez do ataque das posição que resulta em seguida
Brancas. Uma continuação é a à inovação de Marshall. Há
seguinte : tantas possibilidades para cada
15 . ... P6D! lado, que a análise completa se
16 . P3BD P7D torna impossível. A estratégia
17.T2R T6D! é relativamente sem impor-
18. DlBR tância nesta abertura. A vitória
Ou 18. CxB, DxC; 19. sorrirá a quem souber apro-
TxP7D, C4R!; 20.TxT, PxT; veitar com mais rapidez a van-
21 . O4T!, D4D; 22. D4BR, tagem obtida.

6 . Abertura Ruy Lopez: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. B5C

Aproveitamento máximo da iniciativa que o lance da saída


concede na abertura do PR. O lance 3. B5C é a continuação lógica
mais comum, pois ataca o defensor do PR preto, conservando a
série de ameaças, sem dar às Pretas um ganho de tempo com ... ,
P4D, o que é permitido quando o BR branco se instala em 4BD,
como no "Giuoco Piano". Também sabemos que, em sendo
possível o avanço ... , P4D, o problema de abertura das Pretas fica
resolvido.

342
~,;,;d~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -----------=-

3. BS C não ameaça ganhar o Peão central inimigo, ime-


diatamente, com 4 .BxC, PDxB; 5. CxP, porque com 5 .... , DSD,
as Pretas recuperam o Peão com alguma vantagem (posse dos dois
Bispos). Entretanto, este lance de Bispo é capaz de exercer
desagradável pressão sobre o PR preto, por muito tempo,
porquanto, cedo ou tarde, as Pretas devem jogar... , P3D, e o CD
ficará cravado.
Com P4D as Brancas podem forçar a troca do PR inim.igo; e,
recuperando o Peão com o Cavalo, pela segunda vez o CD preto
ficará atacado. As Pretas devem, então, defender seu CD com
... , B2D, lance que não desenvolve, satisfatoriamente, o BD.
Logo mais as Pretas precisam desenvolver seu BR, o qual não
pode ir além de 2R; o resultado é um jogo restringido durante
longo tempo, a menos que as Pretas se arrisquem em enérgicos
contra-ataques.
Esses são os motivos por que de todas as aberturas do PR, a
Ruy Lopez é a mais árdua para as Pretas alcançarem a igualdade.
A Ruy Lopez ocupa posição
de líder das aberturas do PR,
porque a seqüência ma.is natural
conduz a uma posição ideal para
as Brancas: 3 .... , P3D; 4 . P4D,
B2D;5.C3B,C3B;6.0-0,B2R;
7. T 1 R, PxP (forçado, como
veremos logo mais); 8. CxP, 0-
0; 9. BlB!.
As Brancas têm o domínio
das casas centrais e a posição das
Posição ideal para as Brancas na Pretas é restringida (diagrama 4 2 3).
Abertura Ruy Lopez.
Com 9. B l B!, as Brancas evi-
tam trocas, que aliviariam a posição preta.
É inadequada, também, a jogada 3 .... , B4B (Defesa Clássica),
pois as Brancas se asseguram de um forte centro de Peões. Um
exemplo é 3 .... , B4B; 4. P3B, C3B; 5. P4D!, PxP; 6. PSR!, C4D;
7. 0-0, 0-0; 8. PxP, B3C; etc. (Vide partida Smyslov x Barcza,
capítulo quinto).
A Defesa Bird, 3 .... , CSD, é, teoricamente, sem solidez.
Afastada durante muito tempo da prática do xadrez magistral,
nos últimos anos vem merecendo a atenção dos enxadristas russos.

343
.=,;;L_________
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - " " " ' - -

Vejamos dois exemplos:


a) 3 .... , CSD; 4. CxC, PxC; S. P3D, P3BD; 6. B4BD, C3B;
7. 0-0, P4D; 8. PxP, CxP; 9. TlR+, B3R; 10. C2D, B2R; 11.
C4R, 0-0; 12. B2D, D2D etc. (Boleslavsky x Ravinsky, Rússia,
1944.)
b) 3 .... , CSD; 4. CxC, PxC; S . 0-0, C2R!; 6. TIR, P3CR;
7. P3BD, C3B; 8. P3CD, B2C; 9. B2C, 0-0; 10. C3T, P4D
(também o simples 10 ... . , PxP, dá às Pretas excelente posição) .
(Smyslov x Bronstein, Rússia, 1944.)

Para a defesa das Pretas estudaremos os dois grupos seguintes:


lll Grupo - As Pretas não jogam 3 .... , P3TD;
2" Grupo - As Pretas jogam 3 .... , P3TD (Defesa Morphy) .
Em ambos os casos podem ser utilizados os dois métodos de
defesa já conhecidos, isto é, o do ponto forte e o do contra-ataque.

1n Grupo - As Pretas não jogam . .. , P3TD.


- - -·· -- -~~ -- --
A) Defesa do Ponto Forte
É a Defesa Steinitz, que se inicia com 3 .... , P3D.
3. ... P3D
4.P4D B2D
S.C3B C3B
6. 0-0 B2R
7.TlR PxP
Troca forçada. As Pretas não podem rocar, em Yirtude da
continuação conhecida como Variante ou Cilada de Tarrasch:
7 .... , 0-0?; 8. BxC, BxB; 9. PxP, PxP; 10. DxD;TDxD;
11. CxP, BxP; 12. CxB, CxC; 13. C3D, P4BR; 14. P3BR, B4B+;
15 . CxB, CxC; 16. BSC,T4D; 17. B7R,T2B; 18. P4BD e as
Brancas ganham.
Se 1O.. .. , TRxD (em vez de 1O.... , TDxD), segue: 11. Cx.P,
BxP; 12. CxB, CxC; 13 . C3D, P4BR; 14. P3BR, B4B+; 15. R 18!,
TIBR; 16. R2R!, B3C; 17. PxCeas Brancasigualmenteganham.
Na Defesa Steinitz as Pretas são obrigadas a reaLzar a troca de seu
Peão central e disso resultará, para elas, uma inferioridade no
centro e uma posição restringida.

344
--"""''------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agost:ini --------'""'-

8.CxP CxC
As trocas, que se irão seguir, beneficiarão as Pretas, porque
uma posição restringida, como sabemos, é favorecida com as
trocas de peças .
9. DxC BxB!
10. CxB P3TD!
11. C3B 0-0
12. B5C C2D
A vantagem das Brancas é mínima, por causa do desapa-
recimento de duas peças de cada lado. As Pretas conseguem
empate sem muita cüficuldade.
As Brancas podem, porém, melhorar seu jogo, tomando pre-
cauções para evitar as trocas de peças e jogar: 6. BxC (em lugar de
6. 0-0), BxB (forçado); 7. D3D!, PxP; 8. CxP, B2D; 9. B5C,
B2R; 10. 0-0-0, 0-0; 11. P4B e as Brancas têm um poderoso
ataque. O ataque é o meio para se explorar uma posição congesta.

B) Defesa do Contra-ataque
É a Defesa Berlinense, que se inicia com 3 ... . , C3B, levando
as Pretas a uma posição restringida, sem esperanças.
As Brancas continuam seu desenvolvimento normal.

3 .... C3B
4. 0-0 CxP
5. P4D B2R
6 . D2R! C3D
7 . BxC PCxB
8.PxP C2C (forçado)
9 . C3B 0-0
10.TlR
Impecündo ... , P4D, e assegurando-se vantagem, em virtude
do desenvolvimento anormal das Pretas.
Na Defesa Berlinense há uma contribuição do mestre brasileiro
do passado, Dr. Caldas Vianna, que se denomina Variante Rio de
Janeiro, e que se produz após 10 .... , C4B; 11. C4D, C3R;
12. B3R, CxC; 13. BxC, P4BD (irúcio da Variante Rio de janeiro);
14. B3R, P4D; 15. PxPe.p., BxP; 16. TDlD e as Brancas têm
ligeira vantagem, cüfícil de ser explorada.

345
~ ~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO
- - - - - - - - - - -=-

Estas análises mostram que a defesa do ponto forte (Defesa


Steinitz) e a defesa do contra-ataque (Defesa Berlinense), sem o
lance 3 . . .. , P3TD, concedem às Brancas vantagem na abertura .

Todo o prosseguimento das Pretas, que se inicia com 3 . .. ..


P3TD, leva o nome genérico de Defesa Morphy.
É importante para a defesa das Pretas a interpolação do lance
3 .... , P3TD, que possibilita aliviar a pressão do Bispo branco
sobre o Cavalo da Dama, razão das dificuldades por que passam
as Pretas na Abertura Ruy Lopez.
Em todas as linhas em que as Brancas adquirem jogo superior,
há eliminação do CD preto, sustentáculo do seu PR .
O lance 3 .... P3TD é o indispensável prelúdio de todas as
boas defesas das Pretas. É possível, porque a ameaça 4 . BxC,
PDxB; 5. CxP a nada conduz, já que 5 .... , D5D! recupera o
Peão com excelente jogo.
As vantagens decorrentes da interposição desse lance podem
ser demonstradas à vista de um cotejo com os dois sistemas de
defesa, como o faz Reuben Fine em seu magnífico Tbe ldeas
Behind The Chess Openings

Sistema do Ponto Forte

Sem 3 .... , P3TD. Com 3 .... , P3TD.


3. ... P3D 3. ... P3TD
4. P4D 820 4. 84T P3D
5. C3B C3B 5. P4D? P4CD!
6. BxC! BxB 6.B3C CxP
7. D3D PxP 7.CxC PxC
8. CxP 82D 8. 85D TlC
9. B5C 9. B6B+ 82D
As Brancas têm melhor Jogo igual, porque as trocas
jogo, em virtude de seu centro anularam a vantagem das Bran-
poderoso. cas e libertaram as peças pretas.

346
~ ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ___Je,_

Sistema do Contra -Ataque

3 .... C3B 3 . .. . P3TO


4.0-0 CxP 4 . 84T C38
5.P4D B2R 5. 0-0 CxP
6. 02R C30 6 . P4D P4CD
7. BxC PCxB 7 . B3C P40
8.PxP C2C 8. B5D TlC
9. C3B 9 . P3B
As Brancas têm vantagem , Jogo igual, pois as Pretas
porque o Cavalo preto perdeu conservam seu Cavalo em SR
vários tempos . e desenvolvem-se rapidamente.

Vejamos as continuações com o lance 3 .... , P3TO. Após :


3. .. . P3TO
4. 84T C3B
5. 0-0

A - Defesa do Ponto Forte: 5 . ... , B2R (Variante Fechada


da Defesa Morphy).
A defesa do ponto forte é perfeitamente sólida, mas exige
paciência e conhecimento dos motiYOs posicionais .
Ambos os lados devem dar atenção ao desenvohimento e à
manutenção do seu Peão em 4R .
Às Brancas cabe evitar a troca
de seu BR e às Pretas avançar o
PBD a 480, a fim de libertarem
seu CD.
5 . . .. B2R
6. TlR P4CO
7 . B3C P3D
8. P3B C4TD
9 . 828 P4B
10. P40 028
Esse sistema de defesa das
Pretas, à base de 8 . .. , C4TO, é co-
Posição após 10 . ... , D28 ,
nhecido como a OefesaTchigorin. na defesa do ponto forte.

347
-"""'---------- XADREZ BÁSICO
----------"'=-

Os objetivos, partindo-se avanço prematuro ... , PSC,


do diagrama 424, são : conduz, com freqüência, à
Para as Brancas : ruína, como seria neste caso:
1 - Ataque na ala do Rei. 14 .... , PSC?; 15 . C4B, C2C;
2 - Instalação de um Cavalo 16 . PxP, PxP; 17 . P3CD; com
em 5D ou SBR, tirando van- vantagem para as Brancas.
tagem do domínio central. 15.P4B! PSC
Para as Pretas: 16.CIB ClR
1 - Ataque na ala da Dama. 17. P4C
2 - Fechar o centro, com- Evitando ... , P4B.
pelindo as Brancas a jogarem 17. ... P3C
PDxPR ou PSD, resultando daí 18.C3C C2CR
solidificação de seu ponto 4R 19. R2T P3B
e libertação de suas peças, que 20.TlCR C2B
atuam nesse ponto. 21. P3C T2C
Vejamos a linha crucial. 22. B2D RlT
11. P3TR 23. D2R BJD
Ou 11. CD2D, 0-0; 12. C!B, Esta continuação confere
BSC; 13. C3R, BxC; 14. DxB, mínima vantagem para as
PBxP; 15. PxP, PxP; 16. CSB, Brancas, eis que as Pretas fi-
com jogo promissor para as caram desprovidas de suas
Brancas. contrachances na ala da Dama.
11 .... 0-0 Porém, com defesa correta, a
12.CD2D C3B partida poderá terminar em
Ou 12 .... , PBxP; 13. PxP, empate.
C3B; 14.PSD,CSCD; 15.BlC,
P4TD, e as Pretas têm jogo na Contra-ataque Marshall
coluna aberta.
13. PSD Engenhosa inovação foi dada
Ou 13. ClB, PBxP; 14. PxP, por Marshall para as Pretas.
PxP; 15. B5 C, P3TR; etc. Baseado em que o lance 8. P3B
13. ... CID (após 1. P4R, P4R; 2. C3BR,
14.P4TD TlC C3BD; 3. BSC, P3TD; 4. B4T,
Na Ruy Lopez, contra C3B; 5. 0-0, B2R; 6. TI R,
P4TD, as Pretas devem evitar P4CD; 7. B3C, 0-0), na
jogar ... , PSC o mais possível, Defesa Tchigorin, atrasa o de-
e, para isso, empregam ... ,T 1C, senvolvimento da ala da Dama
e outras vezes, conform~' os das Brancas, Marshall imagi-
casos, ... , B2D ou ... , T)T. O nou, então, assumir a iniciati,·a

348
.=.___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agost:i:ni ________j"""-

com as Pretas, rocando no 9.PxP CxP


sétimo lance e respondendo a 10. CxP CxC
8. P3B com 8 .... , P4D!. Vide 11.TxC P3BD!
diagrama 425. Melhoria do próprio Mar-
shall, que dá ensejo a ataques
de grande complicação, em
que o jogo das Brancas não é
nada facil.
As Brancas dispõem, agora,
de duas continuações possíveis,
com 12. BxC e 12. P4D.

A) 12. BxC Px.B


13. P4D B3D
DIAGRAMA 425 14.TlR
Com 8 .... , P4D! atinge-se o Se 14. T3R, a resposta é 14.
Contra-Ataque Marshall.
... , P4BR!, seguido de P5B, e
Essa linha de Marshall im- a defesa das Brancas se torna
plica no sacrifício do PR das difícil.
Pretas, mas a perda de tempo 14. ... D5T
que as Brancas cometem ao 15. P3CR D6T
aceitar esse Peão, assim como 16. D3B B4BR!
a falta de desenvolvimento As Brancas não podem jo-
de sua ala da Dama, dão às gar 17. DxP, por 17 .... ,TD IR;
Pretas oportunidade de ins- 18. TxT, TxT; 19. B3R, B5R,
tituir um forte ataque na ala e as Pretas ganham.
do Rei inimigo. 17.D2C D4T
Em comparação com a 18.DxP
Defesa T chigorin, onde a posi- Melhor para as Brancas se-
ção das Pretas é sólida, mas ria 18. P3B, embora após 18.
restringida, o Contra-Ataque ... , B6T; 19. D2B, P4B;asPre-
Marshall fornece rápido e es- tas mantivessem forte inicia-
peculativo desenvolvimento. tiva.
Após 7. B3C, as Pretas 18 .... TDlD
jogam 7 .... , 0-0!, em vez de 19. D2C B6T
7 .... , P3D, preparando já seu 20 . DlT B5CR!
contra-ataque. Vejamos como 21. C2D TR1R
segue: Com ataque devastador
8.P3B P4D! para as Pretas.

349
XADREZ BÁSICO
-"""-------- - -------"""'-

Vejamos a outra alternativa Alternativa para as Brancas


das Brancas.
Após 12. P4D, B3D; 13.T2R!
B) 12. P4D parece ser melhor pros se-
Esta linha de jogo cond112 a guimento para as Brancas, em
variantes ainda mais com- lugar de 13 .TIR.Vejamosuma
plicadas. continuação:
12 .. .. B3D 13.T2R! D5T
13 .TlR Se 13 .... , BSCR; segue
Em 13 . T2R! parecem 14. P3B, D5T; 15. P3CR, e
residir as maiores pos si - nada mais há para as Pretas.
bilidad es das Brancas . Vid t> 14. P3C D4T
adiante essa alternativa . Se 14 .. .. , D6T, então 15.
13 . .. . D5T O1B!
14. P3C 15. C2D! B5CR
Única. Se 14. P3TR, BxP; Werior é 15 . ... , B4BR, por
15. PxB, DxP; e as Pretas 16.T1R,D6T; 17. C4R,BxC;
ganham . 18.TxB,TDlR; 19. B2B, O2D;
14 .... D6T 20. B2D, P4BR; 21.TxT, DxT;
15. D3D! 22. 038, D2D; 23. TIR, e o
Parece ser aqui o melhor. ataque das Pretas foi anu-lado.
Vejamos duas continuações As Brancas t ê m vantagem
diferentes. material decisiva.
a) 15. BxC , PxB ; 16 . D3B, 16 . P3B BxP
B4BR; 17. DxP, TR 1 R; 18 . 17.CxB DxC
TxT+,TxT; 19. B3R, BSR;e 18. DIB DxD+
as Pretas ganham . 19. RxD TDJR
b) 15 . BxC, PxB; 16 . D3B, 20. B2D
B4BR; 17. DxP, TRlR ; 18 . E, depois da troca de ambas
TxT+,TxT; 19. P3B,T8R+; as Torres, as Brancas ficam com
20. R2B, D8B++; e as Pretas, um fmal superior, por terem o
iguahuente, ganham . par de Bispos.
15. ... B4BR
16. DlB D4T Ataque Worrall
17. B3R TDIR
18 . C2D T3R Após 1. P4R , P4R; 2. C3BR,
Com pos1çao complexa C3BD; 3. B5C, P3TD; 4 . B4T,
para ambos os lados . C3B; 5. 0-0, B2R; as Brancas

350
-""OL __ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~ .

podem jogar 6. D2R (em vez atacado pela Dama branca de


de 6. T 1R), lance que inicia o 2R.
Ataque Worrall e que parece 8 .... BSC!
ter mais iniciativa que o antigo O correto. Com 8 .... ,
6 . Tl R. Com este último lance TlCD; 9. PxP, PxP; 10. P3B,
(6 . TIR) as Brancas defendem BSC; 11. T 1D (observar a
apenas seu PR, mas com 6. excelente casa que a Torre tem
D2R, além desse objetivo, a à sua disposição no Ataque
Dama branca terá ação sobre os Worrall), 0-0; 12 . P4D,T1T;
Peões da ala da Dama preta, 13. TxT, DxT; 14. PSD!, e o
reservando, ainda, a casa 1 D PCD das Pretas fica isolado e
para a sua TR. Mas ambos, 6 . fraco .
Tl R e 6. D2R, são conside- 9.P3B 0-0
rados bons lances . 10.T1D!
O jogo das Pretas não é fácil.
Ao contrário, com 10. PxPD;
15 . PSR!, C2D; 16. PxP, e o
jogo das Brancas é superior.
DxD, CxD; 15. P4D, BxC; 16.
PxB, C4CR; e o jogo das Pretas
é superior (Fine x Keres,
AVRO, 1938).
Tentando a jogada liber-
tadora, que, porém, aqui falha
DIAGRAMA 426 por 11. P3D, C4TD; 12. B2B,
Ataque Worrall: 6. D2R.
PSC; 13. P4D, P6C; 14. B3D,
6. D2R P4CD PxPD; 15. PSR!, C2D; 16.
7.B3C P3D PxP, e o jogo das Brancas é
8. P4TD superior. (Reinfeld x Reshe-
Lance enérgico, exercendo vsky, Siracuse, 1934).
pressão sobre o PCD preto, já

B) Defesa pelo Contra-Ataque: S . ... , CxP. (Variante


Aberta da Defesa Morphy).
Depois de 1. P4R, P4R ; 2. C3BR, C3BD; 3. BSC, P3TD;
4. B4T, C3B; 5. 0-0, CxP; inicia-se a Variante Aberta da Defesa
Morphy, linha mais agressiva que a anteriormente estudada (à
base de 5 ... . , B2R).

351
XADREZ BÁSICO

As Pretas obtém urna par- zas na ala da Dama inimiga, se


tida aberta, livre, mas à custa conseguirem tornar atrasado o
de alguma insegurança de PBD adversário, jogando, em
posição. dado momento, C4D e for-
Os primeiros lances são çando .. . , CxC; PxC.
forçados. Para as Pretas:
1 - Conservação do seu CR
em SR, e manutenção de seu
forte P4D.
2 - Forçar o lance ... , P4BD,
que, em sendo possível, dará as
Pretas uma boa posição.
Na posição do diagrama
427 as Brancas possuem duas
continuações: especular na ala
da Dama, começando com 1O.
DIAGRAMA 427 CD2D, ou atacar na ala do Rei,
Posição após 9 .... , B2R. na defesa
pelo contra-ataque (Variante e seu lance inicial é 11 . P4 TO.
Aberta da Defesa Morphy). Vejamos essas diferentes
estratégias.
5 .... CxP
6.P4D P4CD A) 10. CD2D 0-0
7. B3C P4D 11. D2R
8. PxP B3R Se 11. B2B, P4B!; 12. C3C,
9.P3B B2R(diagrama427) D2D; 13. CR4D, CxC; 14. CxC,
As idéias, neste passo, são P4B; e as Pretas têm bom
as seguintes: desenvolvimento.
Para as Brancas: 11. ... C4B
1 -- Conservação de seu BR 12. C4D CxB!
e manutenção do forte Peão em 13. C(2D)xC D2D
SR. 14 . CxC DxC
2 - O PSR exerce ação 15.B3R
restritiva no jogo preto e serve A primeira impressão que
de base para vigoroso ataque na se tem é que as Brancas con-
ala do Rei das Pretas, com C4D seguiram vantagem mas a
e P4BR. prática tem demonstrado que
3 As Brancas podem, as Pretas alcançam igualdade
igualmente, explorar, fraque- desde que avancem os Peões da

352
~~~------ Dr. Orfeu Gilberlo D'Agostini ------~

ala da Dama Um exemplo é sabemos que o indicado é 6.


15 .... , 84BR; 16.TRlD,TRlD; P4D), C4B; 7 . BxC, PDxB; 8 .
17. P38, BlBR; 18 . 028, P4D, C3R; 9 . CxP, B2R, com
P4TD; 19 . T2D, P5C; com igualdade completa .
igualdade (Botwinn:ik x Euwe, b) 1. P4R, P4R; 2. C3BR,
Leningrado, 1934). C3BD; 3. B5C, P3TD; 4 . B4T,
C3B; 5. P3D (modesto demais
B) 10. P4TD para a Ruy Lopez), P4CD ; 6.
Mais promissoras para as B3C, B4B (somente quando as
Brancas são as linhas que se Brancas desprezam o centro é
orientam na idéia do ataque a que este Bispo pode ocupar a
ala do Rei, todas elas baseadas ca a 48D); 7. B3R, P3D; 8.
em C4D e no avanço do PBR CD2D, B3R; com igualdade
em tempo oportuno. completa.
10. ... P5C
11. C4D Defesa Steinitz Retardada
As Brancas sacrificam um
Peão para conseguir ataque. 1. P4R, P4R; 2.C3BR,
11. ... CxPR C3BD; ~.BSC, P3TD; 4 . B4T,
12. P4BR! B5C! P3D.
13. 02B P4BD Esta defesa pertence ao sis-
Devolvendo o Peão a fim de tema Jo ponto forte ( diagra-
aliviar o ataque pelas trocas. ma 42 8)
14. PxC PxC
15. PxPD
As Brancas têm as melhores
possibilidades, já que dominam
mais território da ala do Rei.
A Abertura Ruy Lopez
deixa de ser perigosa para as
Pretas, quando o jogador das
Brancas permite a troca de seu
BR (por não avançar o PBD) ou
quando despreza o centro.
DIAG RAMA 428
Eis dois exemplos: Defesa Steinitz Retardada.
a) 1. P4R, P4R; 2. C3BR,
C3BD; 3. B5C, P3TD; 4. B4T, As considerações teóricas
C3B; 5. 0-0, CxP; 6. TIR (já são as seguintes:

353
XADREZ BÁSICO
-=>'------------ ----------=-

1 - As Pretas protegem seu Pretas. As Brancas orientam seu


ponto forte 4R mas sem avan- jogo para um a,·anço na ala da
çar a ala da Dama. Não há, Dama, à base de P3CD-P3TD-
pois, fraquezas de Peões na P4CD e, eYentualmentc, PSBD,
ala da Dama, mas, em conse- enquanto as Pretas manobram
qüência, privam-se de com- na ala do Rei, com ... , P3CR e
pensações nesse setor. ... , P4BR. As Pretas dé,·em
2 - As Brancas geralmente procurar contra-ação na ala do
fecham o centro, conservando Rei, caso contrário seu jogo
a estrutura de Peões PSD e ficara perdido.
P4R, bem como procuram Na Defesa Steinitz Retar-
atacar o P3D preto, alicerce da dada é freqüente o des en,·ol-
cadeia inimjga de Peões . vimento do BR pr e t o p o r
3 - As Pretas desejam o "fianchetto", com o objeri,·o de
fechamento do centro, para solidificar o centro e apoiar o
terem possibilidades de ataque avanço ... , P+BR: 1. P+R.
com o avanço ... , P4BR ata- P4R; 2. C3BR, C3BD: 3. s;c.
cando, por sua vez, o P4R P3TD; 4. B4T, P3D: ;_ P3B.
branco, apóio da cadeia de B2D; 6. 0-0, P3CR: , . P+D.
Peões das Brancas. B2C; 8. B3R, CR 2R; 9 . P+B !
Com freqüência, as Pretas (nesta ,·ariante as Bran ca,;
desenvolvem seu BR por"fian- não deYem fechar o cent ro .
chetto" ( ... , P3CR e ... , 82CR), Exemplo: 9. P.JD;_ C I CD:
solidificando o centro. 1O. 828, 0-0: 11. P+B , P+BR:
A variante normal, partindo e as Pretas estão bem 1. Px P:
do diagrama 428, é a segmnte: 10. CxP, 0-0: 1 1. C3BD.
5.P3B 82D CxC; 12. BxC e as Branca, tém
6. P4D C3B melhor posição d e Pe õe s e
7. D2R B2R melhor final.
8. 0-0 0-0 Outra boa alternatiYa. para
9. PSD CIC as Brancas é 8. PxP (em \·ez de
10. 82B P4TD 8. B3R), PxP (se .... CxP,
11. P4B C3T segue 9. CxC, PxC 10. P+BR!
12. C3B C48 e as Brancas tem bom ataque);
13. B3R 9. BSCR, CR2R; 1O. O3D,
E as Brancas têm uma P3T; 11. B3R, BSC; 12. O2R,
ligeira vantagem, embora pos- 0-0; 13. BSB, e o jogo das
sibilidades existam para as Pretas é difícil.

354
A._______ Dr. Orfeu Gill,erto D'Agostini ---------"""--

Partindo-se da posição do fazer pressão sobre o PR


diagrama 428, há as variantes inimigo.
se-guintes
B) S. P4D (leva a uma linha de
A) S. BxC+ empate), P4CD; 6. B3C, CxP;
Teoricamente boa, jogada 7. CxC, PxC; 8. B5D,T1C;
com o objetivo de conseguir 9. B6B+, B2D; etc.
bom desenvolvimento, visto
que assegura a melhor es- C) S. P4B. A idéia é impedir
trutura de Peões. As com- ... , P4CD, e conseguir a van-
pensações das Pretas estão tagem da variante, que se inicia
nos dois Bispos e na coluna com 5. BxC+, qual seja, a me-
aberta CD. lhor estrutura de Peões, sem
5. ... PxB pennitir compensações, isto é,
6. P4D P3B os dois Bispos e a semicoluna
Lutando pelo ponto forte, aberta CD.
mas com a desvantagem de Um exemplo é 5 . P4B,
fechar o jogo para os seus C3B; 6. C3B, B2R; 7 . P4D,
Bispos, que têm maior efi- PxP: 8. CxP, B2D; 9 . CR2R .
ciência nas diagonais abertas. A partida das Brancas é ideal,
A alternativa é 6 ... . , PxP, com seus poderosos PR e PB,
que implica em abandono do tornando impossível ... , P4D,
centro, 7. CxP, B2D; 8. C3BD, deixando as Pretas com uma
C3B; 9. 0-0, B2R; 10.TIR, permanente fraqueza na es-
0-0; 11 . P3CD, e as Brancas trutura de seus Peões. Porém,
têm o melhor centro, enquanto nesta variante, as Pretas podem
as Pretas tê~ jogo na coluna suavizar sua posição, trocando
CD meio-aberta. peças, manobra que, já sabe-
7 . B3R P3C mos, beneficia o lado que tem
8 . D2D B2CR posição restringida, e jogar
9 . C3B B2D 5 . .. . ,B2DI; 6. P4D,PxP;7.
10 . 0-0 C2R CxP, CxC; 8. BxB+, DxB; 9.
11 . P3TR 0-0 DxC, C3B; e as Pretas têm
12 . TDlD DlC desenvohimento satisfatório.
13. P3CD D2C
14 . B6T D) S. 0-0 (esta variante trans-
As Brancas, após a troca do põe com facilidade para a que
BR preto, devem continuar se inicia com 5. BxC+. Se as
com ClR e P4BR, a fim de Pretas não desejarem, com

355
XADREZ BÁSICO
~ '---------- - ------------"=-

5 .... , B2D, transpor para essa Jogado com vistas na re-


linha, deverão, então, jogar 5 . sultante maioria de quatro
... , C3B), C3B; 6 . BxC+, PxB; Peões contra três, na ala do
7 . P4D, CxP; 8 . TlR!, P4BR; Rei, e utilização dessa vanta-
9. PxP, P4D ; 10. C4D, DST!; gem teórica para um final . Mas
11. P3CR, D6T; 12. C3BD, as Pretas sempre encontram
CxC; 13.PxC,B2C; 14.C6R, compensação suficiente nos
e as Brancas têm melhor jogo. dois Bispos e no desenvol-
vimento mais livre . Na ver-
Variante Siesta dade, se essa variante fosse
concludente, todas as demais
1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; variante da Defesa Morphy
3. B5C, P3TD;4. B4T, P3D; ( que se iniciam com 3 . ... ,
5. P3B, P4BR!?? P3TD) não teriam razão de ser.
Contra-ataque das Pretas,
que visa atingir o centro das
Brancas de maneira precoce.
Mas as Brancas refutam essa
linha, abrindo a partida, pois
elas levam vantagem no
desenvolvimento: 6. PxP!,
BxP; 7. P4D, PSR; 8. CSC!,
B2R; 9. 0-0!, BxC; 10. DST+,
B3C; 11. DxB, DxD; 12. BxD.
As Brancas têm todo o jogo
DIAGRAMA 429
porque as Pretas não podem Posição após 7. CxD na
evitar a troca de seu único Variante das Trocas.
trunfo, o poderoso PR. Con-
tinuemos: 12 .... , C2R; 13. C2D, 4 . ... PDxB
P4C; 14. B3C, P4D; 15.IDJR, 5. P4D
R2D; 16. P3B!, PxP; 17. TxP! Sabemos que 5. CxP é
e as Brancas têm melhor jogo respondido com 1 . ... , 05D!,
(Szabo x Znosko Borovsky, Tata e as Pretas não têm mais
Tovaros, 1935). problemas.
5. ... PxP
Variante das Trocas 6. DxP DxD
7. CxD
1.P4R,P4R;2.C3BR,C3BD; Esta é a posição do dia-
3. B5C, P3TD; 4. BxC grama 429. Todas as trocas se

356
~,l:$\l~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------'"'"'-

encaixam no plano das Brancas As Pretas possuem todo o


que é, reduzindo a partida a um jogo (Peterson x Alekhine,
final, explorar a maioria de Orebro, 1935).
Peões na ala do Rei, com for- Observar que as Pretas
mação de um Peão passado. atrasaram o desenvolvimento
Enquanto isto, a maioria de de seu BR, até que as Brancas
Peões na ala da Dama, que as não pudessem trocá-lo com
Pretas possuem, é inativa, por B4BR. As Pretas precisam dos
causa dos Peões dobrados na dois Bispos para conseguir boa
coluna BD. posição.
As Brancas jogam para o
final, ao passo que as Pretas, Crítica
devido os seus dois Bispos e ao
desenvolvimento livre, jogam A Ruy Lopez é a abertura
para o meio jogo. do PR mais capacitada para
A prática tem ensinado conferir uma vantagem dura-
que, com jogo ativo e evitando doura na abertura.
trocas, as Pretas consegu e m As Brancas controlam o
jogo satisfatório. centro, suas peças têm mais
Uma continuação possível mobilidade do que as do ad-
seria: versário e a abertura propicia
7 .... B2D ataques imediatos e persis-
8.B3R 0-0-0 tentes.
9. C2D C2R O lance P4D é efetivo
10. 0-0-0 como nas outras aberturas já
Para defender os Peões da estudadas, mas o contrajogo
ala da Dama, proteger o Rei e, preto, à base de ... , P4D, que
ainda, livremente manobrar é o fator de igualdade e de fá-
com os Peões da ala do Rei. O cil execução nas outras aber-
grande roque das Pretas teve os turas, aqui, na Ruy Lopez, é
mesmos objetivos: proteger impedido, devido à pregadura
seu Rei e contra-atacar na ala que realiza o lance 3. BS C das
do Rei, opondo-se ao plano das Brancas.
Brancas. Contradefesas passivas,
10 .... TIR sem a interpolação 3 . ... , P31D,
11 . TRIR C3C como a Defesa Steinitz (3 .... ,
12 . C2R B3D P3D), a Defesa Berlinense (3.
13 . P3TR P4BR! ... , C3B) e mesmo a Defesa

357
-""'"-------------- XADREZ BÁSICO __________,,.."'-

Steinitz Retardada (3 .. .. P3TD; e 4 .. .. , P3D), o jogo das Brancas


é extremamente empreendedor.
Tentativas das Pretas, como a Defesa Clássica (3 . ... , B4B), a
Defesa Bird (3 . ... , C5D) ou a Variante Siesta (5 . .. . , P4BR),
correm o risco de deixar as Brancas com superioridade decish·a.
As Pretas encontram as melhores linhas de defesa no grupo
da Defesa Morphy (linhas que se iniciam com 3 .... , P3TD) e,
tanto a Variante Fechada (5 . . .. , B2R) como a Variante Aberta da
Ruy Lopez (5 . . .. , CxP), são as mais aconselhadas para a solução
dos problemas das Pretas.
Não se deve, porém, ir ao exagero de pensar que essa abertura
deva, necessariamente, e sempre, fornecer o melhor jogo. Mas
é, fora de duvida, que é com a Ruy Lopez que mais facilmente se
pode conseguir uma vantagem duradoura na abertura . Daí ser
considerada a abertura mais perfeita do PR .

7. Abertura dos quatro Cavalos: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD;


3. C3B, C3B

Para as Brancas, é uma das mais sólidas aberturas, porém as


Pretas dispõem de várias linhas simplificadoras à sua escolha,
contra as quais as Brancas não conseguem obter vantagem .
As Brancas afastam-se da idéia de conseguir melhor jogo com
o lance-chave P4D e contentam-se, apenas, com a \'antagem do
lance a mais proveniente da saída . Daí conseguirem as Pretas
pronta igualdade na abertura.
As Pretas possuem dois meios principais de defesa : a Variante
Simétrica, em que imitam, até certo ponto, os lances inimigos, e
a Defesa Rubinstein, reconhecida como a melhor linha para as
Pretas.
4.B5C
Interessante notar que é o melhor lance deste Bispo. Contra
4. B4B, as Pretas resolvem cedo seus problemas de abertura, com
4 .... , CxP!, e nas duas continuações:
a) 5 . CxC, P4D; 6. BxP, DxB;
b) 5. BxP+ , RxB; 6. CxC, P4D; 7. CD5C+, RIC; seguido de
.. . , P3TR, e .. . , R2T, as Pretas têm bom jogo.
4. .. . B5C

358
-=-'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ------~~"""'--

as Brancas podem instalar seu


Cavalo em 5BR, o que não será
possível para as Pretas, pois as
Brancas dispõem de P3CR,
afastando o Cavalo.
Esta variante é um dos
exemplos mais ilustrativos da
vantagem conferida as Brancas
por terem o lance inicial.
8 . PxB ... (diagrama430)
DIAGRAMA 430
Posição na Abertura dos Quatro Analisando-se esta posição,
Cavalos depois de 8. PxB. vemos, para orientação futura,
que :
Com 4 .... , C5D inicia-se a 1 - As Brancas têm uma
Defesa Rubinstein, que vere- estrutura inferior de Peões.
mos adiante. O texto é a Va- Dispõem dos dois Bispos e,
riante Simétrica. para suas peças, um pouco mais
5. 0-0 0-0 de liberdade. Logo, aspiram a
E não 5 .... , P3D?, por uma partida aberta e a um
6. C5D!, B4BD; 7. P4D!, PxP; centro m6vel de Peões.
8. CxPD, e as Brancas têm jogo 2 -As Pretas, com seus dois
superior. Cavalos, preferem uma partida
Na Abertura dos Quatro fechada, com PD branco em
Cavalos, ainda que as Brancas 50, para desfrutar a casa 4BD
não joguem logo P4D, apro- para um Cavalo.
veitam-se, porém, da primeira A linha normal, para ambos
oportunidade para realizá-lo os lados, será:
com eficiência . 8. ... D2R
6. P3D P3D Constitui a Variante Met-
7.B5C BxC ger. Se 8 . ... , C2R; 9 . C4T!,
Nesta passagem as Pretas C3C; 10. CxC, PTxC; 11. P4BR,
devem interromper a simetria, e as Brancas têm uma posição
pois com 7 ... . , B5C; 8. C5D, excelente.
C5D; 9. P3B!, CxB; 10 . CxB, 9. TlR ClD
P3B; 11. C2B,C2B; 12. C3R, 10. P4D C3R
C3R; 13. BxC, BxC; 14. DxB, 11. BlBD P4B!
DxB; 15. DxD, PxD; resulta 12. P3C C2B
enfraquecimento das casas 13. BlB B5C
pretas 3BR e 4BR . Além disso 14. P3TR 84T

359
XADREZ BÁSICO
-=---------- ----------"'"'-

15. R2C TDlD


16 . PSD
As Pretas ameaçavam 16 .
... , P4D.
16. ... D2D
Com oportunidades iguais .
As Brancas resistiram longo
tempo para fechar o centro,
mas não puderam retardá-lo
indefinidamente. DIAGRAMA 431
Uma alternativa para as Pre- Defesa Rubinstein.

tas é 7 .... , C2R (em vez de 7. Apesar de, na aparência,


.. . , BxC), com a idéia de tra- violar importante princípio de
balhar o centro com ... , C3C; ... , abertura (não jogar duas vezes
P3BD; e ... , P4D; sem temer a mesma peça na abertura),
as conseqüências de 8. BxC, este lance é considerado o
PxB; 9. C4TR, pois a abertura antídoto da outrora terrível
da coluna em sua ala do Rei Abertura dos Quatro Cavalos.
pode ser vantajosa: 9 .... , P3B; Não há meio conhecido para as
1O. B4B, C3C!; 11. CxC, PxC; Brancas obterem a mínima
12. P4B, R2C; 13. D3B, B4B+; vantagem; ao contrário, as
14. RlT, B3R; 15. B3C, TlT; Brancas de,·em ser sempre
e as Pretas têm a coluna TR cuidadosas para não compro-
a
aberta sua disposição. meterem sua posição.
Vejamos outra linha com As Pretas jogam um gam-
essa jogada: 7 .... , C2R; 8. C41R, bito e, em troca do Peão, ob-
P3B; 9 . B4BD, C3C!; 10. CxC, a
tém contrajogo base do rá-
PxC; 11. P4B, 848+; 12. RlT, pido desenvolvimento e ataque
B6R! (tornando o jogo das Pre- no centro. O sacrifício do Peão
tas satisfatório pelas trocas); é considerado sólido e, segun-
13. D3B,BxP; 14. BxB, PxB; do Alekhine, se as Brancas não
15. DxP, D2R; 16. D3C, B3R; desejarem correr risco de pe-
com jogo igual. rigosas combinações resul-
tantes da aceitação do Peão
Defesa Rubinstein oferecido, deverão jogar:
5. CxC PxC
1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 6.PSR PxC
3.C3B,C38;4.B5C,C5D! 7.PxC DxP

360
-~~ - - - - - Dr. Orfeu Gill,erto D'.Agostini - - - - - ~ ~ -

E não 7 ... . , PxP+, por 8. BxP, DxP; 9. 0-0, com ataque


irresistível.
8. PDxP B2R!
Com jogo aproximadamente igual.
As variações para as Brancas são :
A) 5. CxP, D2R 1; 6. C3B, CxB; 7. CxC, DxP+; 8. D2R,
DxD+; 9. RxD, C4D; 10. P4B, P3TD; com jogo igual.
B) 5. CxP, D2R!; 6. P4B, CxB; 7. CxC, P3D; 8. C3BR, DxP+;
9. R2B, C5C+; 10. R3C, D3C!; e a posição das Brancas é crítica.
C) 5. B4T, B4B!; 6. CxP; 0-0!; 7. 0-0 (ou 7. C3B, P4D; 8.
P3D, B5CR; e o jogo das Brancas não é fácil), P3D; 8. C3D
(forçado, pois 8. C3B?, B5CR! seria desastroso. A grande força
desta variante para as Pretas é a falta do BR branco na sua diagonal
ID5TR), B3C!; 9. RIT!, C5C!; 10. C5D, O5T; 11. P3TR, P4BR;
e as Pretas têm bom ataque .
D) 5. B4B, B4B!; 6. CxP, D2R! (agora 6 .... , 0-0 não é bom,
porque o BR branco toma conta da diagonal 1D5TR das Brancas.
Exemplo: 6 .... , 0-0; 7. 0-0, P3D; 8. C3B, BSCR; 9. B2R,
etc.); 7. C3B, P4D!; 8. BxP, B5CR; 9. P3D, P3B; 10. B3C, C2D
(tirando vantagem da diagonal fraca 1D5TR das Brancas); 11. B5C,
CxC+; 12. PxC, DxB; 13. PxB, C4R; 14. P3TR, O5B; e as Pretas
têm melhor jogo.
E) 5. 0-0, CxB; 6. CxC, P3B; 7. C3B, P3D; 8. P4O, D2B;
com jogo igual.
F)S.B2R,CxC+;6.BxC,B4B;7.O-O,O-O;8.P3D,P3D;
9. B3R, TIR; com jogo igual.
Mesmo nas continuações em que as Brancas ficam com uma
ligeira vantagem central, as trocas, que a Defesa Rubinstein
proporciona, anulam essa vantagem, pois as Pretas ficam com
posição livre.

Crítica

Na Abertura dos Quatro Cavalos, as Brancas mantém apenas


a vantagem do lance inicial.
Muitos mestres evitam jogar essa abertura por causa da Defesa
Rubinstein, que dá às Pretas pelo menos igualdade .

361
XADREZ BÁSICO
--"""' - - - - - - - - - - -- - - - - - ----"'=-

8. Abertura Dos três Cavalos

!º RAMO : 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C38D; 3. C3B


2" RAMO : 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BR; 3. C3B

As Pretas adotam em seu terceiro lance uma jogada diferente


de 3 .... , C3B, para evitar as variantes de empate da Abertura dos
Quatro Cavalos e, com freqüência, o lance usado é 3 .. . .. B5C.
10. RAMO: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. C3B, BSC ;
4. CSD (aproveitando o Bispo exposto, para continuar com P3B
e P4D. Querendo jogar mesmo a Abertura dos Quatro Cavalos,
as Brancas podem efetuar 4. BS C e, após a melhor resposta 4 .. .. ,
C3B, conseguem seu objetivo, já que não serve ... , CR2R?, por
5. P4D!, PxP; 6. CxP, e as Brancas têm melhor posição no centro),
C3B; 5. B4B, 0-0 (as Brancas jogam a Defesa Rubinstein da
Abertura dos Quatro Cavalos com um lance a mais); 6. P3B, B2R ;
7. CxC+, BxC; 8. P3D ( e não 8. P40?, por 9 .... , PxP; 10. PxP,
TI R; 11. PSR, P3D, com excelente posição para as Pretas), P3D ;
e há igualdade.
20. RAMO: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BR; 3. C3B, BSC;
4. B4B (ou 4. CxP, 0-0; 5. B2R,T1R; etc.), 0-0; 5. P3D, P3B! ;
6. 0-0, P4D; 7. B3C, BSC; e o jogo das Pretas é inteiramente
satisfatório.

Crítica

Esta abertura tem valor psicológico, ao procurar evitar a


Abertura dos Quatro Cavalos, mas as Pretas têm escassos recursos
de obter chances de ganho.
Ambos os lados não têm nada melhor que a igualdade o que ,
evidentemente, não pode satisfazer as Brancas , que devem aspirar
a melhor jogo.

9. Defesa Philidor: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, P3D

É a defesa do ponto forte reduzido à sua essência.


Caracterizam-na solidez, por um lado, e falta de mobili-
dade, por outro.

362
-""''--------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ------~b;,s,~

A continuação normal é: 7 .. .. 0-0


3. P4D 8 . D2R P3TR
Atacando, energicamente, 9 . B3C D2B
no centro. A falta deste lance 10.P3T!
permite boas contrachances Para poder jogar B3R, sem
as Pretas com 3 .. .. , P4BR!; ao permitir . . . , C5C.
contrário, contra 3. P4D, o 10 .. .. R2T
lance 3 ... . , P4BR? é prema- 11. B3R P3CR
turo por 4 . C3B, C3BR; 5. PxPR, 12 .TDID
CxP; 6. CxC, PxC; 7. C5C, P4D; Os dois lances profiláticos
8. P6R,B4B;9 . CxPR!,PxC; 7. P4TD e 1O. P3T previnem
l O. DST +, seguido de 11 . Dx.B. Contrajogo das Pretas, redu-
3. ... C2D zindo-as a passividade.
Variante Hanhan . Se 3 .... , As Brancas têm jogo mais liHe
B5C?, então 4. PxP, BxC; 5 . e supremacia no centro, com
DxB, PxP; 6. B4BD, C3BR; 7 . decorrente maior mobilidade,
D3CD, ganhando, pelo menos, o que permitira ataque direto
um Peão. ao Rei preto.
4.B4BD P3BD
Se 4 .... ,B2R?; 5. PxP, PxP; Critica
6. D5D é desastroso para as
Pretas. As Brancas, com desen-
5. C3B B2R volvimento normal, assegu-
6. 0-0 CR3B ram, para si, domínio central
7. P4TD! e jogo mais livre. A posição das
Para evitar, de uma vez por Pretas e sustentável, mas
todas, 7 . . .. , P4CD. passiva.

10 . Defesa Petroff: 1. P4R, P4R; 2 . C3BR, C3BR

É o sistema do contra-ataque em sua forma mais elementar, e


adotado, freqüentemente, para evitar uma Abertura Ruy Lopez.
As Brancas dispõem de duas possibilidades para conseguir alguma
vantagem, a base de 3. CxP e 3. P4D.

A) 3. CxP P3D!
E não 3 .... , CxP?; que custa um Peão: 4. D2R, D2R (4 . . ..
C3BR?; 5. C6B+desc. , ganhando a Dama); 5. DxC, P3D; 6. P4D.

363
XADREZ BÁSICO
~~-------- ---------"""'1.

4 . C3BR CxP B) 3. P4D


5. D2R A idéia é explorar o centro
Constitw a Variante Lasker, indefeso das Pretas (Variante
que fornece ligeira vantagem Steinitz).
posicional para as Brancas, mas 3 .... PxP
que é insuficiente contra 4 . PSR CSR
cuidadoso jogo defensivo. 5. DxP P4D!
Outra linha é a Variante Resposta adequada, pois a
Marshall: 5. P4D, P4D; 6. 83D, Dama branca está exposta. A
83D; 7. 0-0, 0-0; 8. C3B, posição das Pretas ficará res-
CxC; 9. PxC, BSCR; l O. Tl C, tringida, mas sem fraquezas .
P3CD; 11. P4B, P3BD; 12. TlR,
com possibilidades iguais. Crítica
5. ... D2R
6. P3D C3BR A teoria diz que esta aber-
7.BSC DxD+ tura é ligeiramente favorável às
8. BxD B2R Brancas; contudo, as análises
9 . C3B 82D ainda não estabeleceram van-
10. 0-0-0 tagem decisiva.
E as Brancas têm dois lances Se as Brancas desejarem
a mais no desenvolvimento; no evitar a Petroff e jogam 3. C3B,
caso, vantagem tão pequena, então 3 .... , BSC; conduzirá à
que não dá para ganhar. Abertura dos Três Cavalos,
com igualdade.

11. Contra Gambito Greco: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, P4BR

Réplica violenta das Pretas, almejando jogo na coluna BR


aberta e um forte Peão central. Porém, com 3. CxP, D3B!; 4.
P4D!, P3D; 5. C4B!, PxP; 6. C3B, D3C; 7. 848!, C3BR; 8. C3R 1,
B2R; 9. 848, P3B; 10. PSD! as Brancas têm melhor jogo. Toda a
estratégia das Brancas gira ao redor de impedir ... , P4D.

Crítica

As Brancas conseguem superioridade nesta abertura, refutando


o contra-ataque violento das Pretas.

364
--",,-;.1"""------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ____.~-=-

12 . Contra Gambito do Peão da Dama: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, P4D

Outra violenta réplica das Pretas . Procuram elas, pre-


cocemente, o lance de libertação. Após 3. PxP, DxP; 4 . C3B,
D3R; 5 . B5C+, B2D; 6. 0-0, o desenvolvimento das Pretas é
mau .

Crítica

É uma abertura imprópria para as Pretas. Esta e a anterior são


exemplos ilustrativos de que réplicas "iolentas são inferiores. É
mais perigoso experimentar com as Pretas do que com as Brancas
nas aberturas.

13. Abertura Ponziani: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. P3B

A finalidade é constituir um centro forte de Peões, mas priva


o CD de sua melhor casa. Por outro lado, concede às Pretas contra-
ações no centro.
As Pretas dispõem de duas boas continuações:
A) 3 .... , P4D; 4. D4T, C3B; 5. CxP, B3D! (sacrificando um
Peão, as Pretas conseguem esplêndido desenvolvimento); 6 . CxC,
PxC; 7. P3D, 0-0; 8. B5C, P3TR; 9. BxC, DxB; 10. C2D,TJC!;
e as Pretas têm bom jogo.
B) 3 .... , C3B; 4. P4D, P4D! (liquidando o centro, nada
deixando às Brancas); 5. B5CD, PRxP; 6. CxP, B2D; 7. PxP, CxC;
8. BxB+ , DxB; 9. DxC, DxP; com igualdade.

Crítica

Nenhwna primazia obtêm as Brancas com esta abertura . As


Pretas igualam com facilidade.

14. Abertura do Bispo: l. P4R, P4R; 2. B4B

Ramo da partida aberta, levando ao atrativo jogo de


combinação, mas não trazendo nenhuma vantagem às Brancas. A
resposta mais usual é 2 .... , C3BR , a Defesa Berlim. São também
adequadas 2 .... , P3BD, e 2 .... , B4B.

365
--""''------------
XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _."'21..

Após 2 . .. . , C3BR , a linha normal é 3. P4D, sacrificando um


Peão pelo superior desenvolvimento. Não serve 3. P4B, por 3 .
... , CxP!; 4. P3D, C3D!; 5 . B3C, C3B; etc. e as Pretas têm bom
jogo.
Uma continuação calma para as Brancas é 3. P3D, P3B!; 4.
P4B, PxP!; 5. BxP, P4D ; 6 . PxP, CxP; bquidando o centro e as
Pretas ficam sem problemas.
Vejamos, porém, uma continuação com 3. P4D na Defesa
Berlim: 2 .... C3BR; 3. P4D, PxP; 4. C3BR, CxP; 5. DxP, C3BR;
6. BSCR, B2R; 7. C3B, C3B; 8. D4T, P30; 9. 0-0-0, B3R; 10.
83D, D2D; 11. BSC, O-O.As Brancas dispõem de jogo mais livre,
porém as Pretas têm um Peão a mais e sua posição é sólida.

Crítica

Esta abertura não traz vantagem para as Brancas. Uma de suas


principais características é transpor para variantes preparadas de
outras aberturas, como a Abertura Vienense, o Gambito do Rei
Aceito etc.

15.AberturaVienense: l. P4R, P4R; 2. C3BD

A idéia é abrir a coluna BR com P4BR, para conseguir ataque


na ala do Rei.
2 . .. . C3BR
A melhor resposta das Pretas.
As Brancas têm agora duas
boas continuações: 3. P4B e 3.
B4B.
A) 3. P4B P4D!
É o lance mais indicado.
4. PBxP CxP
5. C3B
As idéias são claras: as Brancas
pretendem desalojar o CR preto
com P3D e formar, a seguir, um
DIAGRAMA 432
forte centro de Peões com P4D e Posição após 5. 08 na
PSR. As Pretas devem conservar Abercura Vienense.

366
..___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - = -

seu Cavalo em SR o maior tempo possível e preparar-se para


quebrar o centro que as Brancas irão formar.
A partir do diagrama 432, as Pretas têm várias continuações :
a) 5 .. .. , BSCD (para evitar P3D); 6. D2R! (se 6. B2R, 0-0 ;
7 . 0-0, C3BD!; e as Pretas estão bem), CxC; 7. PDxC, B2R; 8.
B4B, P4BD; 9. 0-0-0!, que dá às Brancas boas possibilidades de
ataque.
Esta variante, que se inicia com 5 .... , BSCD, é vantajosa para
as Pretas, se as Brancas, no sexto lance, jogam 6. B2R, mas com
6. D2R! (recomendação de Spielmann), às Brancas se reservam
as melhores possibilidades.
b) 5 .... , B48D (Variante Marshall, cuja idéia é jogar ... , BSCD
em dois tempos, a fim de provocar P4D das Brancas); 6. P4D,
BSCD; 7. D3D, P48D; 8. PxP, CxP; 9. D3R, C3B; 10. BSC, com
possibilidades iguais para os dois lados.
c) 5 .... , B2R (resposta sólida e a mais simples para evitar as
complicações de outras linhas); 6. P3D (ou 6. P4D, 0-0; 7 . B3D,
P4BR!; 8. PxPe.p., BxP! com igualdade), CxC; 7. PxC, 0-0; 8.
B2R, P3BR: 9. PxP, BxP; 10. P4D, e as Pretas estão bem .
d) 5 .... , BSCR (o objetivo é minar a defesa do Peão central
das Brancas); 6. D2R (ou 6. P3D, CxC; 7. PxC, P4BD; 8. B2R,
C3B; e as Pretas criam ameaças ao Peão central branco), CxC; 7 .
PCxC, P4BD. As Pretas obtêm jogo satisfatório, completando seu
desenvolvimento e provocando, em momento oportuno, o Peão
central inimigo com ... , P3B.
e) 5 .... , C3BD (promissor contra-ataque); 6 . D2R (ou
6. P3D, CxC; 7. PxC, PSD; e as Pretas isolam o PR adversário),
B4BR!; 7. DSC, P3TD!, e as Pretas obtêm contrajogo pelo
Peão sacrificado. Um exemplo é a continuação seguinte:
8. DxPC, CSC!; 9. CxC, PxC; 10. C4D,TD1C: 11. D7T, 848!;
12. DxB, DxC; 13. DxD, CxP+; 14. R2B, CxD; e o jogo das
Pretas é preferível.

B) 3. B4B
Ea principal alternativa das Brancas (Variante Blake) . Impede
... , P4D, mas as Pretas têm uma continuação, que iguala.
3. ... CxP!
Liquidando o centro.

367
--=-'---------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ----=--

4 . D5T! C3D Conseguem libertar -se sem


5 . B3C B2R! dificuldades .
6. C3B C3B 8 . CSD CSD!
7 . CxP 0-0 9. 0-0 CxB
10 . PTxC CIR!
As Pretas têm, momenta- 11 . P4D P3D
neamente, uma posição res- 12. C3BR B3R
tringida, mas sem fraquezas. E as Pretas têm igualdade .

Crítica

Embora esta abertura seja perigosa nas mãos de um jogador


de ataque, possibilitand o combinações brilhantes, devido às
ameaças de ataque direto ao Rei preto, o segundo jogador, com
jogo correto, dispõe de várias linhas, que igualam a partida , e de
outras, em que se reserva promissores contra-ataques.

Os Gambitos

Nos gambitos a idéia é sacrificar um ou mais Peões (raramente


outra peça), seja para conseguir um rápido desenvolvimento, seja
para alcançar um ataque ao Rei inimigo.
Nos gambitos, que ocorrem após 1. P4R, P4R, há outros
fatores em comum:
O ataque das Brancas é dirigido contra a casa 2BR das
Pretas, o ponto mais vulnerável do inimigo.
2 - Se as Pretas pretendem agarrar-se à vantagem do material,
devem submeter-se a um atraso em seu desenvolvimento.
3 - A melhor conduta contra um gambito, bem como dele
tirar vantagem, é aceitar o sacrifício (Steinitz dizia que o meio de
refutar um gambito é aceitá-lo), concentrar-se no rápido
desenvolvimento e, ainda, preparar a devolução do material extra,
em momento oportuno.
Quem se defende de um gambito não deve apegar-se à
vantagem material, pois disso resultará uma posição muito
restringida, difícil de ser defendida.
A grande força de um gambito está na obsessão do lado que o
aceita em conservar o material sacrificado.

368
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Ag'ostini - - - - - - ~ - =
~ ~

A vantagem imediata, que as Brancas tiram de um gambito,


ora é um forte centro, ora um desenvolvimento mais efetivo,
possibiütando um ataque .
As Pretas devem procurar jogar ... , P4D o mais cedo possível .
Nos gambitos prevalecem considerações táticas, em vez de
considerações estratégicas .

16. Gambito do Rei: 1. P4R, P4R; 2. P4BR

A) Gambito do Rei Aceito E as Pretas nada têm a re-


cear. Após completar seu desen -
2 .... PxP volvimento, as Pretas podem
O alvo de ataque das Bran- tentar ... , P3BR, abrindo ,
cas é a casa 2BR inimiga. Torna- também, a coluna BR para elas.
se fácil agora P4D, pois o PR O Cavalo preto em 4 TR
preto foi eliminado. não está idealmente colocado,
As Brancas podem agora mas, se as Brancas desejarem
jogar 3. C3BR cu 3. B4B. aproveitar a coluna do BR,
deverão remover o Peão preto
a) 3. C3BR dessa coluna, quando então o
Constitui o Gambito do Ca- C4 TR será trocado.
valo do Rei.
3 .... C3BR! b) 3. 848
É o melhor sistema defen- Constitui o Gambito do
sivo das Pretas. Visa forçar Bispo do Rei.
imediata liquidação do centro. 3 .... P4D!
São complexas e difíceis 4.BxP C3BR
as variantes que se originam É o meio mais simples para
de 3 .... , P4CR, muito em as Pretas igualarem.
voga no século passado. 5. C3BD B5CD
4. PSR 6.C3B BxC
Se 4. C3B, P4D!; 5. PxP, 7. PDxB P38
CxP; 6. CxC, DxC; 7. P4D, 8.B4B DxD+
B2R!; 8. B3D, P4CR; 9. D2R, 9. RxD 0-0
B4BR!; e as Pretas têm bom 10.BxP CxP
desenvolvimento e bom jogo. Com igualdade. As Pretas
4. ... C4TR resolveram , satisfatoriamente,
5 . P4D P4D seu problema de abertura .

369
~ ~-- - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - -~

B) Gambito do Rei Recusado B5CR; 9 . PxP, DxPR; 10.


DxD+, CxD; 11. BxP, e o jogo
As Pretas dispõem de duas das Brancas é ganhador.
maneiras principais de recusar 5 . C2D!
o Gambito do Rei, seja com Lance de Keres , que dá
2 ... . , P4D, seja com 2 . ... , B4B. vantagem às Brancas. Superior
a 5. C3BD, pois evita a pre-
a) 2. ... P4D gadura do CD e obriga as Pre-
Denominado Contra Gam- tas a abandonar seu forte Peão
bito Falkbeer, em que as Pretas central, sem possibilidades
entregam um Peão para con- de substituí-lo por uma peça.
seguir um ataque. Conside- 5. ... P6R
rado, há alguns anos, como a 6. C4B CxP
demolição do Gambito do Rei. 7.CxP CxP
Mas, análises recentes, devidas 8. P3CR C3C
principalmente a Keres, dão 9.B2C 83D
sempre às Brancas uma clara 10.C3B
superioridade. E as Brancas ficam com
A conduta das Brancas é a notória superioridade no cen-
conduta geral contra gambitos: tro.
desenvolvimento rápido em
vez de reter a vantagem ma- b) 2. B4B
terial. Possível, porque 3 . PxP ?
3. PRxP tem a aguda resposta de 3 ... . ,
Se 3. PBxP??, D5T+;4. P3C, DST!+.
DxPR+; ganhando a Torre. 3.C3BR P3D
3. ... PSR! 4.C3B
A força das Pretas reside Se 4. P3B, a resposta
inteiramente no Peão de SR. As correta é 4 .... , P4B! .
Brancas procuram destruí-lo. 4. ... C3BR
4. P3D C3BR 5. B4B C3B
As Pretas estão obrigadas a 6. P3D B3R!
jogar um verdadeiro gambito , Lance recomendado por
porque, se recapturam o ma- Tarrasch e que neutraliza a
terial, sua posição ficará diagonal crítica.
inferior. Um exemplo é: 4 .... , Se 6 .... , BSCR; 7 . P3TR!,
DxP; 5. D2R, C3BR; 6. C3BD, BxC; 8. DxB, CSD ; 9 . D3C!,
BSCD; 7. 82D, BxC; 8. BxB, CxP+?; 10. RIO, CxT; 11 .

370
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"""'--

DxP, dá as
Brancas um ataque 9. D2R PxP
ganhador. As Brancas obtêm um forte
7. B5C P3TD Peão centrai, mas as peças
8. BxC+ PxB pretas estão bem colocadas.

Crítica

O Gambito do Rei foi uma das aberturas mais estudadas e


mais jogadas pelos mestres antigos .
As Pretas têm jogo cômodo, evitando as complicadas linhas,
que surgem da determinação de reter a vantagem material. O
Gambito do Rei Aceito dá às Pretas jogo pelo menos igual e é
mais fácil de ser jogado pelas Pretas do que o Gambito do Rei
Recusado. A recusa do gambito pelo Contra Gambito Falkbeer
leva as Pretas a posição inferior, enquanto a recusa por 2 .... ,
B4B, oferece às Brancas possibilidades de ataque na ala do Rei.

17. Gambito N6rdico: 1. P4R, P4R; 2. P4D, PxP; 3. P3BD

Sucessivos Peões são sacrificados na linha principal: 3 .... , PxP;


4. B4BD (ou 4. CxP, C3BD; 5 . 848D, P3D; 6. D3C, D2D; 7. C3B,
C4T. As trocas diminuem a força de um ataque), PxP; 5. BxP,
P4D! (o lance que sempre salva as Pretas, devolve material para
obter desenvolvimento, a melhor política contra gambitos );
6. BxPD, C3BR; 7. BxP+, RxB; 8. DxD, B5C+; 9. D2D, BxD+;
1O. CxB, P4B; e as Pretas têm o melhor fmal, porque sua maioria
de Peões, na ala da Dama, pode avançar mais rapidamente.
No Gambito N6rdico Recusado, ap6s 1. P4R, P4R; 2. P4D,
PxP; 3. P3BD, as Pretas podem recusar o segundo Peão e jogar
3 .... , P4D!, que é suficiente para igualar: 4. PRxP, DxP; 5. PxP,
C3BD; 6. C3BR, B5CR; 7 . C3B, B5C; com jogo igual.

Crítica

As Pretas não têm dificuldades em igualar o jogo, desde que


adotem a conduta certa : aceitar os Peões sacrificados e procurar
devolvê-los, mas com bom desenvolvimento.

371
,.,SSL_________
XADREZ BÁSICO
------------=-

18. Gambito Escocês: 1. P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; 3 . P4D, PxP;


4.B4BD

As Brancas não retomam o Peão e, após 4 .... , B4B; 5. P3B,


PxP; 6. CxP, P3D; 7 . D3C!, D2D; 8. CSD!, CR2R; 9. D3B,
0-0, as possibilidades são iguais.
As Brancas têm vantagem no centro e superior desen-
volvimento à custa de um Peão. Mas as Pretas não têm fraquezas.

Crítica

O Gambito Escocês leva a uma partida aberta para as Brancas ,


em que elas têm pouca compensação pelo Peão sacrificado.
Esta linha de jogo pode transferir-se para diversas outras
aberturas como o "Giuoco Piano" , o Ataque Max Lange e a Defesa
dos Dois Cavalos.

19. Gambito Evans: 1. P4R, P4R ; 2. C3BR, C3BD; 3. B4B, B4B;


4. P4CD

A) Gambito Evans Aceito

A força deste gambito


deve-se :
a) não ser possível o lance das
Pretas ... , P4D;
b) pressão sobre o PBR ini-
migo;
c) jogo reduzido das Pretas;
d) forte Peão central das
Brancas e;
e) evitar o roque inimigo com
DIAGRAMA 433
Posição após 6. P4D no Gambito
B3TD.
Evans Aceito . As Pretas salvam-se das di-
ficuldades , adotando a Defesa
4 .. .. BxP Lasker.
5.P3B B4T 6 .. .. P3D
6. P4D ... (diagrama 433) 7. 0-0 B3C!

372
~,l:$il~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _iz,<,=

Defesa Lasker, que, no dizer C3T; 10 . 0-0, 0-0; 11 . PxP,


de Ruben Fine, colocou o DxP; e as Brancas têm algumas
Gambito Evans fora de ne- possibilidades de ataque, mas a
gócio. A idéia é atacar o centro estrutura de seus Peões é sem-
imediatamente, pois são os pre inferior, e mais se agrava à
Peões centrais que restringem medida que a partida se enca-
as peças pretas. minha para um final .
8.PxP
Ou 8. B3T, PxP; 9. PxP, B) Gambito Evans Recusado
BSC; 10. BSC. BxC; 11. BxC+,
PxB; 12. PxB, C2R; eas Pretas Muitos mestres recomen-
têm excelente jogo. dam recusar o Gambito Evans,
8. ... PxP considerando que o lance das
9. DxD+ CxD Brancas 4. P4CD é uma fra-
10.CxP B3R queza na estrutura dos Peões.
O final é favorável para as 4. ... B3C
Pretas, porquanto sua estrutura 5.B2C
de Peões é superior. Se as A tentativa de ganhar um
Brancas não capturam o Peão, Peão com 5. PSC, C4T; 6. CxP,
que a Defesa Lasker lhes pro- falha por 6 .... , C3T!; 7. P4D,
porciona, a constante ameaça P3D; 8. BxC, PxC; 9. BxP,
das Pretas sobre o centro ini- TI CR; 1O. BxP+, RxB; 11 . BxP,
migo anula seus planos ofen- BSC; e o jogo das Pretas é supe-
sivos. Tão forte é a Defesa rior.
Lasker, que as Brancas pro- 5 .... P3D
curam, por vezes, evitá-la com 6. P4TD P3TD
7. D3C, ameaçando o ponto 7.PSC PxP
fraco 2BR das Pretas. Porém, 8.PxP TxT
~ós7. D3C, D2D; 8. Px~ 9.BxT C4T
B3C! (se 8 .... , PxP; 9. B3T Com possibilidades iguais.
evita o roque preto); 9. CD2D!,

Crítica

O Gambito Evans é uma linha de jogo sumamente delicada


para as Pretas, oferecendo às Brancas uma partida aberta, com
poderoso Peão central e possibilidades de ataques perigosos na
ala do Rei.

373
...!S;li_ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ ____,lu._

As Pretas têm suas melhores chances na Defesa Lasker,


atacando de imediato o centro inimigo.

211 P..ARTE - Aberturas em que as Pretas uã.o


respondem 1. ... , P4R.
Estudaremos a Defesa Francesa 1. P4R, P3R, a Defesa Caro-
Kann 1. P4R, P3BD, e a Defesa Siciliana 1. P4R, P4BD.
São características destas linhas de jogo:
1 - Virtualmente não existe ataques na casa vulnerável 2BR
das Pretas, como sucede nas aberturas com 1. P4R, P4R.
2 - Como conseqüência da omissão de ... , P4R, a estrutura
dos Peões pretos é inferior, e a luta para a igualdade é mais
complexa, abrangendo maior extensão no arcabouço de Peões.
3 - O lance ... , P4D é relativamente fácil, com exceção da
Defesa Siciliana, mas não traz imediata igualdade como nos casos
de 1. P4R, P4R.
4 - O objetivo das Pretas é liquidar ou neutralizar todo o
centro das Brancas e, como ele se compõe de dois Peões, o PD e
o PR, as Pretas devem, após ... , P4D, que visa o PR branco, jogar
... , P4BD ou ... , P4R, para atingir também o PD inimigo.
5 - Os lances libertadores das Pretas, nestas aberturas, são:
a) usualmente ... , P4D e ... , P4BD;
b) menos vezes ... , P4D e ... , P4R;
c) raras vezes ... , P4BD e ... , P4D.
Estudaremos, por fim, a Defesa Alekhine, 1. P4R, C3BR, linha
de jogo hipermoderna.

1. Defesa Francesa: 1. P4R, P3R

Vejamos suas particularidades:


a) As Pretas assumem, temporariamente, uma posição
restringida, mas sem fraquezas.
b) Uma das maiores preocupações das Pretas é a falta de
desenvolvimento do seu BD.
c) As Brancas procuram explorar a posição tolhida das peças
pretas com ataques na ala do Rei.
d) As Pretas procuram desenvolvimento adequado e quebrar
o centro inimigo.

374
~,l;S~- - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - - ~ =

e) É uma das melhores defesas à disposição do segundo jogador.


Com 1 ... . , P3R, as Pretas cedem uma parte de seu território
central, a fim de estabelecer, com sua jogada seguinte, 2 .. .. . P40,
wna base firme para operações posteriores . Estas incluem quase
sempre, a jogada de ruptura ... , P4BD, sem a qual a Defesa
Francesa perderia seu direito de existência .
A continuação normal é:
2. P4D P4D
Após o que:
a) O centro de Peões das Brancas é melhor e a base das
operações é jogar PSR, P4BR e, eventualmente, PSBR .
b) As Pretas têm uma posição restringida, da qual procuram
livrar-se atacando os Peões brancos. Por esta razão .. . P4BD é
vital para as Pretas, na Defesa Francesa, sem o qual jamais
conseguirão igualdade. Eventualmente, as Pretas podem usar, para
libertar-se, ... , P3BR, desde que as Brancas tenham avançado seu
PR na casa SR.
c) O BD preto deve permanecer longo tempo inativo, ou
desenvolver-se por "fianchetto", via 2CD.
d) A cadeia de Peões brancos, à base de P4D e PSR, restringe
o jogo preto e é sobre ela que as Pretas procuram agir. São táticos
os motivos que permitem, ou não, a manutenção dessa cadeia .
No terceiro lance as Brancas dispõem de quatro principais
continuações: 3. PxP (simplificação), 3. C3BD e 3. C2D, man-
tendo a tensão central, e 3. PSR (constituindo a cadeia restritiYa
de Peões).

I - 3. PxP. Variante das Trocas, raramente adotada se as


Brancas desejarem assegurar-se de alguma vantagem.
É jogada, com freqüência, quando as Brancas desejam forçar
um empate.
Mas as Pretas podem obter possibilidades de ataque. Veja-
mos um exemplo: 3 .... , PxP; 4. C3BR, B30; 5. B3D, C3BD!;
6. P3B, CR2R!; 7. 0-0, BSCR; 8. TlR, D2D; 9. BSCR, P3B;
10. B4T, P4TR!; 11. CD2D, P4CR; 12. B3C, BxB; 13. PTxB,
0-0-0; e as Pretas têm bom ataque.
II - 3. C3BD. Variante Clássica, indicada para manter a tensão
central. As Pretas têm várias continuações:

375
-""''----------
XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _J "'1.

A) 3 . ... , PxP, Variante Ru-


binstein, que procura a sim -
plificação : 4 . C_xP, C2D ; 5. C3BR,
CR3B ; 6 . CxC+, CxC ; 7 . B3~
P4B! ; 8 . PxP, BxP; 9 . 0-0, 0 -0;
10. BSCR, P3CD ; 11 . 02R, B2C ;
12. TO 10. (Vide diagrama 4 34).
As Brancas têm maioria de
Peões na ala da Dama e possível
ataque na ala do Rei.
DIAGRAMA 434
B) 3 .... , BSC, Variante Wina- Posição após 12. TD !D.
wer, que procura contra-ataque. As Brancas possuem vantagem no
meio jogo e no final.
As Brancas têm várias conti-
nuações:
a) Simplificação, com 4. PxP, que conduz à igualdade.
b) Mantendo a tensão central, com 4. B20, C2R; 5. PxP, PxP,
com igualdade.
c) Formando a cadeia restritiva de Peões: 4. PSR, P4BD ; 5.
P3TD, BxC+; 6. PxB. As Brancas possuem os dois Bispos e
superioridade nas casas pretas, mas, na ala da Dama, sua posição
é inferior.
d) Ataque na ala do Rei: 4. 04C, C3BR; 5. DxPC, TI C; 6 .
06T, T3C; 7. 03R, P4BD; e as Pretas têm vigorosa contra-ação
no centro.
e) Rápido desenvolvimento à custa de um Peão: 4. C2R, PxP ;
5. P3TD, B2R!; 6. CxP, C3BD; 7. B3R, C3B; e o jogo das Pretas
é satisfatório. Aceitando o Peão, as Pretas permitem às Brancas
poderoso ataque após 5 .... , BxC+; 6. CxB, P4BR; 7 . P3B, PxP;
8. DxP, DxP; 9. D3C! , etc.
f) 4. P3TD, BxC+; 5. PxB, PxP; com possibilidades para
ambos os lados.

C) 3.... , C3BR. Mantendo a tensão central. É a continuação


mais comum. Vejamos a linha principal:
4. BSCR B2R
5.PSR
Ou 5. BxC! (para ter um ataque. vigoroso), BxB; 6. PSR, B2R;
7. D4C, 0-0; 8. B30, P4BD; 9. PxP, P3CR!; 10. 03T, C3B; 11.
P4B, BxP; 12. C3B, P3B!; e as Pretas estão bem.

376
~ ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ __ J , = - .

5 .... CR2D
6. BxB DxB
7. D2D 0-0
8. P4B P4BD
9 . C3B C3BD
10. 0-0-0
Ou 1O. P3CR, P3B; 11.
PxPBR, CxPB!; 12 . B2C, PxP; 13.
CRxP, P4R !; e as Pretas têm bom
DIAGRAMA 435 contra jogo.
Posição após 13. CRxP. 10 .... P3B
As Brancas têm ligeira
vantagem por causa da PR 11. PRxP DxP
preto fraco e exposto. 12. P3CR PxP
13. CRxP
As Brancas têm ligeira vantagem por causa do PR preto fraco
e exposto. Vide diagrama 4 35.
Após 1. P4R,P3R;2.P4D,P4D;3 . C3BD,C3BR;4. BSCR
etc. há três continuações importantes, com características
próprias:
a) 4 .... , BSC (em vez de 4 .... , B2R), denomina-se Variante
Mac Cutcheon. 5. PSR, P3TR; 6. B2D, BxC; 7. PxB, CSR; 8.
D4C, P3CR; 9. B3D, CxB; 10. RxC, P4BD; 11. P4TR, C3B!;
12. T3T, PxP; 13. PxP, D3C!; e as Pretas evitam o sacrifício das
Brancas BxP, ao mesmo tempo que iniciam forte ataque.
b) 4 .... , PxP (em vez de 4 .... , B2R), é a Variante Rubinstein
Atrasada. A troca dos Peões no quarto lance é considerada melhor
do que no terceiro. 5. CxP, B2R; 6. BxC, PxB!; as Pretas têm
posição restringida, mas sem pontos vulneráveis para um ataque.
a
O desenvolvimento das Pretas se faz base de ... , C2D; ... ,
P3CD; ... , P3BD; ... , D2B; . .. , B2C; ... , 0-0-0; .. . , P4BR;
com contrajogo na coluna aberta CR .
c) 6. P4TR! (em vez de 6. BxB) inicia o famoso Ataque
Chatard. Comporta um sacrifício de Peão, que é bom, pois impede
o desenvolvimento normal das Pretas e cria tensão .
A aceitação do sacrifício conduz à 6 ... . , BxB; 7 . PxB, DxP; 8.
C3T, D2R; 9. C4B, P3TD; 10 . D4C!, P3CR; 11.0-0 -0, e, à custa
de um Peão, as Brancas adquirem bom jogo.
As variações das Pretas são:

377
-=- - - - - - - - XADREZ BÁSICO --------"""'--

1) 6 .... , 0-0; que é refutado por 7 . B3D, P4BD; 8 . C3T!,


com ataque poderoso .
2) 6 . ... P4BD ; que conduz à 7 . BxB , RxB! (se 7 . .. . , DxB ; 8.
CSC!); 8 . P4B, C3BD; 9 . PxP, CxPB ; 10 . D4C!, RIB; 11 . 0 -0 -
0, seguido de T3T e T3C, coro forte ataque para as Brancas.
3) 6 . ... , P3BR!; é a resposta mais adequada das Pretas contra
o Ataque Chatard, cuja linha principal é : 7. B3D! (se 7. PxP, CxP;
e as Pretas igualam com ... , P4BD), P4BD!; 8. DST+, RIB; 9 .
PRxP, CxP; 10. BxC, BxB, e as Brancas têm suas esperanças na
posição exposta do Rei preto.

III - 3. C2D. Variante Tarrasch. Mantém a tensão central,


evitando a pregadura do CD e possibilitando a defesa do PD com
o PBD.
As Pretas dispõem de duas continuações: 3 .... , P4BD (a
melhor) e 3 .... , C3BR.
A) 3 .... , P4BD; 4. PxPD, PRxP (4 .... DxP, é possível
também); 5. BSC+ (ou 5. CR3B, CR3B), B2D; 6. D2R+, D2R;
7. DxD+, BxD; 8. BxB+, CxB; 9. Px.P, CxP; 10. C3C, CST; e,
apesar de seu PD isolado constituir uma fraqueza, as Pretas têm
liberdade compensadora para suas peças .
B) 3 .... , C3BR (é inferior à alternativa anterior); 4 . PSR,
CR2D; 5. B3D, P4BD; 6. P3BD, C3BD; 7. C2R!, D3C; 8 . C3B ,
PxP; 9. PxP, BSC+; 10. RlB! e a posição das Pretas fica
restringida .

IV 3. PSR. Variante Nimzowitch. Estabelece a cadeia


restritiva de Peões. Após 3 .... , P4BD!, os seguimentos são :
A)4. P3BD,C3BD;5 . P4BR?,PxP;6.Px~D3C;7 . C3BR,
C3T; 8. B3D, B2D; e o jogo das Pretas é facil.
B) 4. P3BD, C3BD; 5. C3BR,D3C; 6 . B3D, PxP ; 7 . Px~
B2D; 8. B2R, CR2R; 9. P3CD, C4B; 10. B2C, BSC+ ; I 1. RIB,
P4TR; 12 . P3C,Tl BD; 13. R2C, P3C; e as Pretas têm bom jogo.
C) 4. D4C. Nesta variante as Brancas entregam seu PD,
temporaria ou definitivamente, a fim de obter um forte Peão em
SR e uma posição restringida para as Pretas, na ala do Rei : 4 . ... ,
C3BD; 5. C3BR, CR2R; 6. P3B, C4B; 7. B3D, PxP!; obrigando
a trocas, que nivelam o jogo, ou a sacrifício inadequado por parte
das Brancas.

378
-=,.___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gi.lberto D'Agostini --------'""'-

Na variante Nimzovvitch, 3 . PSR, as Pretas igualam a partida


com facilidade .

Crítica

Sendo uma das melhores defesas à disposição do segundo


jogador, é sempre empregada em todos os torneios, por grande
número de mestres.
Apesar da aparência defensiva, constitui a Defesa Francesa wna
linha de jogo agressiva, possuindo grandes recursos contra ataques
prematuros das Brancas. Obriga, é verdade, durante algum tempo,
a uma posição restringida, não sendo indicada àqueles que
pretendem, precocemente, a iniciativa na abertura.
Exige do enxadrista grande conhecimento teórico de suas
múltiplas variantes.

2. Defesa Caro-Kann: 1. P4R, P3BD

A vantagem desta defesa é prevenir wn ataque inimigo contra


a casa 2BR das Pretas, como na Defesa Francesa, todavia sem ficar
com posição restringida, porque o BD preto é desenrnlvido.
A desvantagem é proteger um Peão central, o P4D preto, com
um Peão lateral, o P3BD, o que dá às Brancas posição favorável no
centro.
A Caro-Kann é mais segura que a Defesa Francesa, mas , em
compensação, oferece menos
oportunidades de contrajogo.
Depois de 2. P4D, P4D, as
Brancas têm quatro continuações
distintas: 3. C3BD (mantendo
tensão no centro) , 3. PxP (inician-
do um ataque), 3. PSR (formando a
cadeia restritiva de Peões) e 3.
P3BR (mantendo a tensão central).

I - 3. C3BD PxP
DIAGRAMA 436
Forçado. Tanto 3 .... , P3R, Posição na Defesa Caro-
como 3 .... , C3BR; levam a Kann, após 8 ..... BxP.

379
-=--------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - ~ i u . .

variantes desfavoráveis da De-


fesa Francesa, em que as Pretas
devem jogar .. . , P4BD.
4 . CxP
As Pretas têm agora dois
caminhos diferentes : 4 .... ,
C3B, e 4 .... , 848.
A) 4. ... C3B
5. C3C
Ou 5. CxC, PCxC!, e não
DIAGRAMA 437
5 .... , PRxC, que deixa as Bran- Posição após 15. D2R na Defesa
cas com leve vantagem no final, Caro-Kann.

diante de sua maioria de Peões das Brancas, estas devem iniciar


na ala da Dama, muito embora um plano forçando sua troca .
seja vantagem difícil de ser 6. P4TR! P3TR
explorada. 7.C38 C38
5. ... P3R 8. B3D BxB
6.C3B P4B! 9. DxB CD2D
7. B3D C3B 10.B2D P3R
8. PxP BxP 11. 0-0-0
As Brancas possuem duas As Brancas realizam o
possibilidades, a partir desta grande roque, porque sua ala
posição (diagrama 4 36): do Rei está enfraquecida .
a) valorizar sua maioria de 11. .. . D28
Peões, na ala da Dama, com 12.RlC! B3D
P3TD P4CD-P4BD, pro- 13.C4R CxC
curando um final favorável e; 14. DxC C3B
b) atacar o Rei preto, com 15. D2R
P3CD-B2C-0-0-D2R-C5R- As Brancas têm vantagem,
P4B--C5T etc. pois dominam o centro e a po-
As Pretas devem procurar sição preta está restringida .
trocas acertadas e manter (Vide diagrama 437) .
domínio da coluna da Dama. O objetivo das Pretas, ago-
B) 4. . . . B4B ra, é procurar trocas, que
Mais passiva que a linha tornarão sua posição menos
anterior. restringida e mai s jogável.
5. C3C B3C Entende-se, assim, porque 12.
Como este Bispo pode R 1C! foi um bom lance. O na-
exercer pressão na ala da Dama tural 12. TR 1R, na mesma

380
"""''-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"""'-

continuação, levaria à troca de 6. BSC! P3R


mais uma peça: 12 .... , B3D; e
A resposta preta forçada,
13. C4R, CxC; 14. DxC, C3B; pois se 6 .... , PxP; 7. PSD!
15. D2R, B5B; etc.As posições ganha a partida.
restringidas aliviam-se pelas A partir da posição do
trocas de peças. diagrama 438, as Brancas têm
duas condutas distintas: atacar
na ala do Rei (com 7 . C3B) ou
valorizar a maioria de Peões da
ala da Dama (com 7. PSB).
A) 7 . C3B, PxP; 8. BxP,
B2R ; 9. 0-0, 0-0; 10 . TlB,
P3TD; 11 . B3D, e as Brancas
têm bom jogo.
B) 7. PSB, B2R; 8. BSC,
0-0; 9. CR2R!, CSR; 10. BxB,
CxB; 11. O-O,P3CD; 12. P4CD,
DIAGRAMA 438 P4TD; 13. P3TD, e as Brancas
Ataque Panoff Botwinnik. têm boa partida.
Posição após 6 ..... P3R.

III - 3. PxP
II - 3. PxP PxP Variante das Trocas
4. P4BD 3. ... PxP
Ataque Panoff Botwinnik . 4 . B3D
Por muito tempo pareceu É menos promissora que o
ser a refutação da Defesa Caro- Ataque Panoff Botwinnik. As
Kann. A força deste ataque e Pretas obtêm bom jogo com:
que ele alcança o centro das 4 .... , C3BD; 5. P3BD, C38;
Pretas imediatamente, colo- 6 . 84BR, P3CR!; 7. C38, 82C;
cando o adversário no seguinte 8. P3TR, 848; 9. 0-0, BxB;
dilema : manter o centro com 1O. DxB, 0-0; com jogo igual .
. . . , P3R; mas privando a Caro-
Kann de sua melhor vantagem IV - 3. PSR
(libertação do BD) ou jogar o Procurando formar a ca-
BD, abandonando o centro e deia restritiva de Peões, mas,
deixando a ala da Dama muito após 3 . .. . , 84B; 4 . B3D, BxB;
enfraquecida. Após : 5. DxB, P3R; seguido de ... ,
4. ... C3BR P4BD; as Pretas dispõem de,
5. C3BD C3B pelo menos, igualdade.

381
-=----------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - ' = -

Observar que, nesta variante, existem, para as Pretas, todas as


vantagens da Defesa Francesa, sem nenhum de seus incon-
venientes .

V 3.P3BR
Variante Tartakower. Mantém a tensão central com
possibilidades de vantagem. Exemplo: 3 .... , PxP?; 4. PxP, P4R;
5 . C3BR, PxP; 6. B4BD!, e a casa preta 2BR ficou exposta. Mas
com 3 .... , P 3 R !; as Pretas transpõem para uma espécie de Defesa
Francesa, onde o jogo das Pretas é satisfatório.

No segundo lance as Brancas podem variar. Uma das linhas é 2.


P4BD, quando o mais simples para as Pretas seria 2 .... , P4D; 3.
PRxP, PxP; 4 . PxP, DxP; 5. C3BD, DID.

Transposições desfavoráveis devem ser evitadas . Assim, após 1.


P4R, P3BD; 2. C3BD, este lance encerra alguns perigos:
a) 2 .... , P4D; 3. C3B, P3R; 4. P4D, levando a uma variante da
Defesa Francesa, em que a posição é má para as Pretas.
b) 2 .... , P4D; 3. C3B, PxP ; 4. CxP, B5C; o correto. Se, ao
contrário, 4 ... . , B4B?; transpondo para a alternativa ja conhe-
cida, então, 5 . C3C, B3C; 6 . P4TR, P3TR; 7. C5R, 82T; 8. DST,
P3CR; 9 . D3B, C3B; 10. 84B, P3R; 11. P4D!, da grande supe-
rioridade às Brancas.

Crítica

O julgamento desta defesa tem sofrido inúmeras flutuações


através dos tempos . Já foi considerada a melhor das réplicas
irregulares a 1. P4R. Mas o Ataque Panoff Botwinrük, quando
apareceu, em fms de 1933, quase pôs fora de jogo essa defesa .
A Caro-Karm goza, ainda, de algum prestígio entre os grandes
mestres do xadrez . Tem sobre outras defesas a superioridade de
não obstruir o desenvolvimento do BD das Pretas, bem como é
quase impossÍ\'e] às Brancas construírem um forte ataque.

382
--=\~"---
. _______ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ~-----~%..

Por outro lado, 1 .... , P3BD não ataca uma importante casa
central, como sucede na Defesa Siciliana (1 .... P4BD).
Conseqüentemente, se as Brancas se desenvolvem normalmente,
as Pretas, na maioria das vezes, têm que arcar com uma posição
sem vitalidade.

3. Defesa Siciliana: 1. P4R, P4BD

Além de atuar no centro, esta defesa permite contra-ataque


na ala da Dama. Tem a característica notável de ser uma partida
de combate. Vejamos as considerações teóricas para cada lado.
Para as Brancas :
a) As Brancas quase sempre saem da abertura com maior
terreno . Logo, devem atacar. Veremos que precisam e devem
atacar.
b) As Brancas quase sempre conseguem evitar ... , P4D.
c) As Brancas não podem ficar na passividade : devem atacar,
porque o tempo ajuda o lado das Pretas, que geralmente obtêm
melhor fmal. Por esse motivo, a Defesa Siciliana é eficaz contra
jogadores de estilo defensivo, que não procuram ataques.
d) A colocação do BR branco é eficiente na diagonal 1TR-
STD, enquanto em 4BD quase sempre é má.
Para as Pretas:
a) O jogo normal das Pretas é fazer pressão na coluna BD,
especialmente na casa SBD.
b) Devem manter o PR inimigo sempre em observação.
c) Devem preparar sempre a réplica ... , P4D ao avanço PSR
das Brancas, a qual permite ao menos igualar.
d) Não devem permitir o lance das Brancas P4BD, porque,
então, ficam na passividade, sem jogo na coluna BD.
e) Após P4D das Brancas, as Pretas não devem jogar ... P4R,
o que levaria seu PD a ficar atrasado na coluna aberta.

Na Defesa Siciliana há duas linhas principais de jogo, segundo


o BR preto é desenvolvido em 2R (levando à Variante Sche-
veningen) ou em 2CR (Variante Draconiana).

383
XADREZ BÁSICO
-"""'---------- -----------"""'-

I - Variante Scheveningen

A ordem exata dos lances


pode variar em diversas ocasiões,
mas a seqüência normal dos lances
é : 1.P4R,P4BD;2 . C3BR.P3R;
3. P4D, PxP; 4.CxP, C3BR; 5 .
C3BD. Vide diagrama 439.
O objetivo das Pretas é ter-
minar o desenvohimento e colo-
car um Cavalo em SBD, ao passo
DIAGRAMA 439 que o das Brancas é construir um
Defesa Siciliana. forte ataque na ala do Rei, à base
Posição após 5. C3BD, levando à
Variante Scheveningen. de P4BR e P4CR.
Vejamos a linha principal,
partindo do diagrama 439:
5 ..... P3D; 6. B2R, C3B; 7. 0-0, B2R; 8. RJT, P3TD; 9 .
P4B, D2B; 10. B3R, 0-0; 11. DlR, B2D; 12. TlD, P4CD; 13.
P3TD, C4TD; 14. D3C, CSB; 15. B18, e o jogo das Brancas é o
mais esperançoso.
Há duas continuações interessantes, na linha principal :
A) 5 .... , BSC (em vez de 5 .... , P3D), fazendo imediatamente
pressão sobre o PR branco; 6. PSR!, C4D; 7. B2D, CxC; 8. PxC,
B1B; 9. B3D, C3B; 1O. CxC, PDxC; 11. D4C, e as pretas estão
restringidas, a mobilidade das Brancas sendo maior.
B) 6 .... , P 3TD (em vez de 6 .... , C3B), seguido do desen-
volvimento do CD a 2D, conduz à Defesa Paulsen, cuja idéia é
atuar sobre o PR branco com o CD, via 48D; 7. 0-0, D2B;
8. B3R, B2R; 9. P4B, 0-0; 10. B3B, CD2D; 11. C3C,T1C;
12. P4TD, P3CD; 13. D2R, C4B.
A posição das Pretas é restringida.

Defesa Boleslavsky e Defesa Boleslavsky-'.\!ajdorf

Nos últimos anos as Pretas vêm ensaiando, com freqüência,


um método de jogo interessante, tendo por base um precoce

384
~~~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ---------"~

avanço P4R, que condiciona uma rápida mobilização das peças


pretas.Ha duas linhas de jogo com essa idéia : a Defesa Boleslavsky
- 1. P4R, P4BD ; 2. C3BR, C3BD ; 3. P4D, PxP, 4 . CxP, C3B; 5.
C3BD, P3D; 6 . B2R, P4R!? - e a Defesa Bol esla\'sk~· Najdorf - 1.
P4R, P4BD ; 2. C3BR, P3D; 3. P4D, PxP; 4 . CxP, C3BR ; 5. C3BD,
P3TD; 6. B2R, P4R!? (diagrama 440) .
A antiga jogada ... P4R, da Defesa Siciliana, foi revivida pelos
mestres russos e seus defensores opinam que a debilidade do PD
preto atrasado é apenas momentânea, clificil de ser explorada pelas
Brancas, e que as Pretas, cedo ou tarde, conseguirão a libertação
à base de .... P4D.
'v1as, se imp oss1'"<ê'l essa manobra, o jogo das Pretas ficará
estrategicamente per di do.
Vejamos algumas linhas in, trut: \'a, com c-ssa id é:ia.

Defesa Boleslanh

A) 7. C3B (é a variante mais usua l. possi bili ta ndo o a,-anço do


PBR), B2R; 8. 0-0, 0-0; 9. P4B (linha a,_re5s i1-a e conseqüente
com a idéia de 7. C3C. Outras alternati\'aS são 9 B3R e 9_ 83B),
P4TD; 10. P4TD, C5CD!; 11. RlT!, B3R: :.::. p; g , <caso
contrário, 12 .... , TlB; garantindo a casa 5BD para o BD apôs o
avanço do PBR branco), B2D; 13 . B5CR, TlB; 1+. 83B , 8 38;
15. D2R, P3T; 16. B4T, D2B; com possibilidades equi,-alentes
(partida Lokvenc x Gligoric, Oesterreich, 1949).
B) 7. C3B ( com a idéia de exercer, após T 1R, urna pressão
dupla sobre o PR preto, impedindo, por essa forma indireta, a
libertação __ ., P4D. Ao evitar, porém, a mobilidade do PBR,
a posição das Brancas se torna muito rígida, com redução das
possibilidades agressivas), P 3TR ! Uogada preventiva contra
8. B5CR!, que visa eliminar a importante peça, que controla a
casa 5D); 8. 0-0, B2R; 9. T1 R, 0-0; 1O_ P3TR, P3T!; 11. 81 B,
P4CD; 12. P3T, B2C; 13. P3CD,T1B; 14. B2C,T2B!; 15 . ClC,
DlT; 16. C(1C)2D, CID!; 17. B3D, C3R; 18.TDlB,TRlB;
e as Pretas têm bom jogo (partida Unzicker x Taimanov,
Saltsjabaden, 1953).

385
_,..,,.._________ XADREZ BÁSICO -----------"""-

Defesa Boleslavsky-Najdorf

Também denominada Defesa Najdorf-Opocensky.


Difere da defesa anterior, por atrasar o desenvolvimento do
CD -·· que se destina com freqüência a 2D e pelo avanço ... ,
P3TD. Tem a grande vantagem de evitar o perigoso Ataque
R.ichter, o qual é possível no Sistema Boleslavsky puro.
Após 1. P4R, P4BD; 2. C3BR,
P3D; 3. P4D, PxP;4. CxP, C3BR;
5. C3BD, P3TD; 6. B2R, P4R!?;
(diagrama 440), as Brancas podem
continuar com 7. C3C (o mais
usual e o melhor) ou com 7. C3B.
Vejamos alguns exemplos com
a primeira linha:
A)7.C3C,B3R;8.B3B,B2R;
9. 0-0, 0-0; 10. TlR, CD2D;
11. C2D, D2B; 12. CIB, C3C; 13. DIAGRAMA-140
Posição após 6 ..... P-1R. ~ na
C3R, TR 1 D. Todos os lances Defesa Bolesla,·s, ,·. \ ajdorf. ' ª
giram ao redor de ... , P4D, que, Defesa Bolesla,·sk\· pura o PTO
preto está em sua ca se:. in· . :: !a( ~
agora, as Brancas não mais podem o CD preto em 3B D.
evitar, depois de ... , T2D, e ... ,
TDl D das Pretas. Resta ao primeiro jogador: 14. CD:; D. CDxC:
15. PxC, B2D; 16. B2D, C1R; 17. B3B, P+B: 1' P 'C R. C ;B :
19. B2C, TI BR; e as Pretas têm bom jogo (Ko,·ac, x -c , ....i.l:<:'".
Viena, 1947).
B) 7. C3C, B3R; 8. 0-0, CD2D; 9. P+BR tli nha ªJ re -• i\·:i
mas que enfraquece o PR branco) , D28 1; 10. P, B. B-B: l : . B~D
(se 11. P4C, P3T!; e agora o avanço P5C é fr aco pd,1 rc-, po, ta .. ..
PTxP; e a Torre preta passa a ter ação s.obre o roq ue inimi; ~ .
P4CD; 12. B3R, B2R; 13. D2R, TlBD: l+ . TDl B. 0 -0 - e l ; _
P4CR?, P5C!; etc.); 15. C2D, P4D!: e ª " Pr~ a, .;.n, excden e-
partida (Rico x N ajdorf, "match" pel o rádio Esp1. ha x . .r ; en .::-:J. .
1950).
C) 7 . C3C, B2R; 8. 0-0, 0- 0 : 9. P+TD. P3CD : !O . B R.
CD2D; 11. P3B, B2C; 12. 848D, D 2B: l 3. D .:> R.TR 1B: P C.:: .
P4D!; 15. CxP (se 15. PxP, seria sufic iente _:; .... g _:; ', . xC :
16. PxC, C3B; 17. D3D, TID; 18. D 3C. CxP: e as Pretas ten:

386
--=--- -- - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.n.i - - - - - - = -

boa partida (Matanovic x Gligoric, Campeonato Iugoslavo de


1953).
D) 7. C3C, B2R (ou 7 . ... , P4CD; ameaçando .. . , PSC; após,
8. B3B, B3R; etc., Humerez x Rossetto, Buenos Aires, 1954); 8.
BSCR , CD2D; 9. 0-0, 0-0; 1O. D3D, D2B; 11. BxC, CxB; 12 .
TRlD, P4CD; 13 . CSD, CxC; 14. DxC, B2C; 15. D3D,TDlD;
16. P3BD, P4D!; com Ótima partida para as Pretas (Salomon x
Panno, Mar dei Plata, 1954).
E) 7. C3C, B3R; 8. 0-0, CD2D; 9. B3R, B2R; 10. P3B, C3C;
11. B2B, D2B; 12. P4TD! (procurando atacar um dos defensores
da casa 4D preta), CSB; 13. BxC, BxB; 14. TlR, 0-0; 15. C2D,
B3R; 16. CIB!, D3B; 17. C3R, e o PD inimigo está bloqueado
ficando as Brancas com melhor partida (Smyslov x Najdorf,
Budapeste, 1950).
f) 7. C3C, B3R; 8. 0-0, CD2D (aqui o exato, segundo Pilnik,
é atrasar a saída do CD e jogar 8 .... , D2B!; para responder a 9.
P4B, com 9 .... , P4CD!. E, se 9. P4TD, então 9 .... , C3B; com
vistas nas casas SCD e 5D); 9. P4B!, D2B; 10. PSB, BSB; 11.
P4TD!,TIB; 12. B3R, B2R (ou 12 .... , P4TR; 13 . P3T, PST; 14.
T28, P4D!?; 15. PxP, BxC; 16. PxB, B4B; 17. BxB, DxB; 18.
PST!, 0-0; 19.T4T,TR 1R; 20.TxP, PSR; com posição complexa
- Marin.i x Elikases, Campeonato Argentino de 1953); 13 . P5T,
P4T; 14. BxB, DxB; 15. T4T, D2B; 16. P3T, PST; 17. T2B
(defendendo o PBD), P4CD; 18. PxPe.p., CxPC; 19. BxC, DxB;
e as Brancas têm melhor partida devido à fraqueza do PTD preto
(Gcller x Najdorf, Zurique, 1953).

As Pretas vêem-se em dificuldades permitindo P4BD das


Brancas, ou quando jogam ... , P4D prematuramente.
Vejamos um exemplo de cada:
A) 1. P4R, P4BD; 2. C3BR, P3R; 3. P4D, PxP; 4. CxP, P3TD?
(o correto seria 4 .... , C3BR); 5. P4BD!, C3BR; 6. C3BD, P3D;
7. B2R, C3B; 8. 0-0, D2B!; 9. P3CD, B2R; 10. B2C, 0-0; 11.
C2B, Tl D!; 12. C3R, e a fraqueza do PD preto leva a um jogo.
inferior.
B) 1. P4R, P4BD; 2. C3BR, P3R; 3. P4D, P4D? (Variante
Marshall); 4. PRxP, PRxP; 5. B2R, C3BR; 6. 0-0, B2R; 7. PxP,

387
~-------- XADREZ BÁSICO ----------=--

0-0; 8. CD2D, BxP; 9. C3C, B2R; 1O. B5CR, P3TR; 11. B4T,
C3B; 12. P3B, B3R; 13. CR4D, e, novamente, a fraqueza do PD
das Pretas lhes dará jogo inferior.

II - Variante Draconiana

1. P4R, P4BD; 2. C3BR,


C3BD; 3. P4D, PxP; 4 . CxP, C3B;
5. C3BD, P3D (diagrama 441); 6.
B2R, P3CR.

Considerações para as Pretas:


l - O contrajogo se localiza
na coluna BD; a casa 5BD é
importante para a instalação de
um Cavalo e, algumas vezes, de wn
DIAGRAMA 441
Bispo. Posição após 5 .... , PJD, na
2 O BR, desenvolvido por Defesa Siciliana, levando à
Variante Draconiana.
"fianchetto", é mais ativo do que
na Variante Scheveningen.
3 - O lance ... , P4D iguala quase automaticamente.

Considerações para as Brancas:


1 · - O objetivo é o ataque imediato, pois o tempo trabalha em
favor das Pretas. O ataque se realiza com o avanço dos Peões da
ala do Rei, que restringirá o jogo preto.
2 - Devem procurar alojar wn Cavalo em 5D, onde terá grande
força. Sua expulsão, com ... , P3R, deixará o PD preto fraco.
3 As Brancas devem impedir ... , P4D.
Estas considerações teóricas permitirão compreender a linha
principal: 7. B3R, B2C; 8 . 0-0, 0-0; 9. C3C, B3R; 10. P4B,
C4TD; 11.P5B 1,B5B 1; l2 . B3D!,CxC; 13.PTxC,BxB; 14.PxB,
P4D; 15. B4D, PxPR; 16 . PDxP, D2B. As Brancas retêm a
iniciativa e uma ligeira Yantagem, que a prática revelou serem
insuficientes para a vitória . A posição das Pretas é algo restringida,
mas as trocas aliviaram-na em parte.

388
--"""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"""'-

Variações na linha principal da Variante Draconiana:

A) 6. B5CR (em vez de 6. B2R).


Este lance inicia, na posição
do diagrama 441, o Ataque Rich-
ter, cuja finalidade é evitar a Va-
riante Draconiana (6 .... , P3CR),
realizar o grande rogue e começar
ataque rápido na ala do Rei ( dia-
grama 442).
As Pretas não podem jogar
6 .... , P3CR?, por 7. BxC e o PD
preto torna-se muito fraco.
DIAGRAMA442 O seguimento normal deste
AraqueRlchrer. ataque é 6. B5CR, P3R!; 7. D2D, e
agora possuem as Pretas dois diferentes planos de defesa:
A) 7 .... , P3TD!; 8. 0-0-0, B2D!; 9. P4B, P3T; 10. B4T, B2R!; 11.
B2R (se 11. BxC, BxB!; 12. CxC, BxC; 13. DxP, DxD; 14.
TxD, BxC; 15. PxB, BxP; e as Pretas têm melhor final), D2B; 12.
B2B,T1BD!; 13. C3C, P4CD; 14. B3B, C4TD!; 15. CxC, DxC;
16. RlC, P5C; 17. C2R, P4R!; 18. ClB, 0-0; e as Pretas têm
contra jogo na ala da Dama (Szabo x Lundin, Groningen, 1946).
B) 7 .... , B2 R !. Parece ser mais forte que a linha anterior, à
base de 7 .... , P3TD. As Pretas realizam o pequeno rogue, sem
dar atenção à perda do PD e tratam de construir um ataque contra
o flanco da Dama inimigo, onde se encontra o Rei branco. Este
plano vem tendo aceitação dos mestres russos, nos últimas anos.
Após 7 .... , B2R!; 8 . 0-0-0, 0-0; é forte para as Brancas 9 .
P4B1.
A tentativa de ganhar o PD com 9. CRSC é perigosa, pela
continuação 9 . .. . , D4T; 10. BxC, BxB; 11. CxPD, TID
(ameaçando ganhar o Cavalo com ... , B4R); 12. D3R, BSD; 13.
TxB, CxT; 14. DxC, P4R; e, em seguida, a Dama ataca o Cavalo,
capturando-o.
Após 9. P4B! uma boa resposta é 9 .... , P4R!. Se 9 .... , CxC;
segue 10. DxC, D4T; 11. PSR!, PxP; 12. DxP!, DxD; 13. PxD,
com final difícil para as Pretas, que têm dificuldades em
desenvolver a ala da Dama e evitar a ameaça branca C4R e C6D.

389
~--------
XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _Jj21..

Interessante que, após 12. DxP!, pode ser jogado 12 .... , P3CD;
mas não é possível 12 .... , D3C?; por 13. C4T!, e, agora, se 13 .
... , D5C; segue 14. T4O e as Pretas abandonam (Kramer x
Kottnauer, Beverwijk, 1954), e, se 13 .... , O3B; segue 14. BSC,
DxPC; 15 . TRlC, e 16 . BxC, ganhando igualmente.
Após 7 .... , B2R!; 8 . 0-0-0, 0-0; 9. P4B!, P4R!; as Brancas
podem continuar com 1O. C3B (10 . CxC, PxC; 11. PxP, PxP;
12. DxD, TxD; 13. TxT+, BxT; e a posição é aproximadamente
igual (Kotov x Geller, Zurique, 1953), B5C; 11. P3TR (ou 11.
B2R, completando o desenvolvimento das peças -- Boleslavsky x
Geller, Zurique, 1953) , BxC; 12. PxB, C5D; 13. PxP, PxP! (13 .
... , CxP3B?; 14. PxC!, CxD; 15. PxB, O4T; 16. PxT=D+,TxD;
17. BxC, e as Brancas têm vantagem material); 14.TlC?!,TIB!;
e a posição das Pretas é preferível, devido as possibilidades de
ataque na ala da Dama .
Ao contrário, 14 .... , CxP3B? conduz a um remate
maravilhoso : 14 ... . , CxP3B?; 15. O2B, D3C; 16. B3R, C5D;
17 .TxC!, PxT; 18. BxP, DID; 19. C5O, ClR; 20. D3C, P3B (se
20 .... , P3CR; 21. D5R!); 21. B4B, T2B (se 21. ... , RIT; 22.
C4B, ameaçando mate); 22 . C4B!, B3D (22 ... . , DxB; 23. BxT+,
RxB; 24. D3C+; e 25 . C6R+, ganhando); 23 . BxT+, RxB; 24.
D3C+; e 25. C6R+, ganhando); 23. BxT+, RxB; 24. D3C+,
R2R; 25. BxP+ ! E as Pretas abandonam (Korchnoj x Geller,
Campeonato Soviético de 1953) .

As Pretas podem, contudo, entrar na Variante Draconiana,


evitando o Ataque Richter; mas, para isso, devem atrasar o
desenvolvimento de seus Cavalos.
Assim: 1. P4R, P4BD; 2. C3BR, P3D; 3. P4O, PxP; 4 . CxP,
C3BR (necessário para e,itar 5. P4B); 5. C3BD, P3CR; e urna
continuação normal levará àVariante Draconiana. Se aqui 5. P3BR
(em vez de 5. C3BD), com a idéia de jogar P4BO, então: 5 ... . ,
P4R!; 6. CSC, P3TD; 7. C(5C)3B, B3R; 8 . C5D, CxC; 9. PxC,
B4B; e a ameaça das Brancas não tem mais razão de ser.

390
_,,,.._ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - -~ -

O Ataque Richter é a variação mais importante na linha


principal da Variante Draconiana . Vejamos outras continuações
(após 1. P4R, P4BD; 2. C3BR, C3BD; 3. P4D, PxP; 4 . CxP, C3B;
5. C3BD,P3D;6 . B2R, P3CR;7. B3R,B2C;8. 0-0, 0-0 ; 9 .
C3C, B3R; etc.) :
B) 8. C3C (em vez de 8 . 0-0), 83R; 9. P4B, 0-0; 10. P4CR,
P4D!; 11. PSB (11. PSR, PSD! ), 818!; com igualdade.
Esta variante ilustra bem o princípio de que se deve combater
um ataque sem desenvolvimento completo com um contra-ataque
no centro( ... , P4D!).
C) 8. C3C (em vez de 8. 0-0), 0-0; 9. P3B!, B2D!; 10.
C5D, CxC; 11. PxC, C4TD; e as Brancas não podem impedir
trocas aliviadoras.
D) 8. O2D (em vez de 8. 0-0), 0-0; 9. C3C (ou 9. 0-0-0,
P4D!), B3R, ameaçando ... , P4D.
E) 9. P3TR (em vez de 9. C3C), P4D! (mesma resposta a 9 .
D2D); 1O. PxP, CxP; 11. CDxC, DxC; 12. 838, O5B; 13. CxC,
PxC; 14. P3B, B3R; com igualdade.
F) 9. P48 (em vez de 9. C3C), D3C! (se 9 . ... , P4D?;
1 O. PSR!); 10. 030!, CSCR!; 11. CSD!, BxC; 12. CxD, BxB+;
13. R 1T, BxC; 14. BxC, BxB; 15. PSB, 84TR; com igualdade. As
três peças contrabalançam a Dama.
G) 9 .... , P4TD (em vez de 9 .... , B3R) visa enfraquecer o
CD branco; 10. P4TD, B3R; 11. C4D, P4D!; 12. PxP, BxP;
13. CxB, CRxC; 14. CxC, PxC; 15. 84D, P4R; 16. 858,TlR;
com igualdade.

Variante Nimzm,vitch

1.P4R,P4BD;2.C3BR,C3BR.
Tem a mesma idéia da Defesa Alekhine (1. P4R, C3BR), que
é provocar o avanço dos Peões brancos para, depois, atacá-los .
Exemplo: 3. PSR (3. C3BD, P3D, leva à variante nonnal da Defesa
Siciliana), C4D; 4. P4D (4. C3BD, CxC, conduz à igualdade),
PxP; 5. DxP, P3R; 6. P48, C3BD; 7. 010, CR2R!; segwdo de
... , C3C; e as Brancas não podem desenvolver-se, normalmente,
porque ficam com seu PR exposto.

391
..=-.__________ XADREZ BÁSICO -----------=-

Sistema Fechado

1. P4R, P4BD; 2. C3BD, com a idéia de atrasar o avanço P4D


e desenvolver o BR por "fianchetto", evitando .. . , P4D. Porém,
depois de 2 .. .. , C3BD; 3. P3CR, P3CR!; 4. B2C, B2C; 5 . CR2R,
P3R!; 6. 0-0, CR2R; 7. P3D, 0-0; 8. B3R, CSD; 9. D20,
CR3B; há igualdade.
As Brancas têm jogo na ala do Rei, à base de P4BR- PSBR,
enquanto as Pretas dispõem de jogo na ala da Dama, com ... ,
P4CD; ... , PSCD.
É uma continuação para as Brancas, menos promissora que o
Sistema Aberto, à base de 1. P4R, 2. C3BR e 3. P4D.

Gambito Wing

1. P4R, P4BD; 2. P4CD, sacrificando um Peão para obter


forte centro, restringindo a posição inimiga . As Pretas devem
agir logo no centro.
Um exemplo é 2 .... , PxP; 3. P3TD, P4D! (e não 3 .... , P3R?,
por 4. PxP, BxP; 5. P3BD, B2R; 6. P4D, etc); 4. PSR, C3BD!; 5.
P4D, D2B! (ameaçado ... , CxPR); 6. C3BR, B5C; e as Pretas
conservam bom desenvoh;mento.
O GambitoWingAtrasado 1. P4R, P4BD; 2. C3BR, P3D; 3.
P4CD, uma idéia de Keres, é rico em possibilidades de ataque
para as Brancas.

Crítica

A Defesa Siciliana leva a uma partida de combate, com luta


não só na abertura, mas ainda no meio jogo. É bem indicada para
os enxadristas que não se contentam com um empate.
Os objetivos de ambos os lados se apresentam em diferentes
alas, resultando, por isso, variantes complicadas e muito animadas.
É uma defesa, que tem sido empregada por grandes campeões
do passado e do presente, com resultados satisfatórios.
Modernamente, vem merecendo a preferência dos mestres,
sendo até considerada a melhor das defesas irregulares, de que as
Pretas dispõem contra 1. P4R .

392
À ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i _______

4. Defesa Alekhine : 1. P4R, C3BR

Linha de jogo hipermoderna, que contraria, violentamente,


o princípio fundamental de que se deve sempre manter, na
abertura, um Peão central.
Seu fundamento é provocar o avanço prematuro dos Peões
centrais brancos, na esperança de que eles se tornem fracos e
possam, em vista disso, ser atacados.
A linha principal, que se
caracteriza pelos sucessivos movi-
mentos de Peões das Brancas, é a
seguinte: 2. PSR, C4D; 3. P4BD,
C3C; 4. P4D, P3D; 5. P4B, PxP;
6. PBxP, C3B; 7. B3R, B4B; 8.
C3BD, P3R;9. C3B (diagrama443).
Para atacar o centro das Bran-
cas, as Pretas dispõem de duas
a
continuações, base de ... , P4BD,
e ... , P3BR. Defesa Alekhine .
A) 9 .... , CSCD; 10. TlB, P4B Posição após 9 . 0B.
(as Pretas conseguiram seu objetivo, que era atacar o centro
inimigo); 11. B2R, PxP; 12. CxP, B3C; 13. P3TD, C3B; 14. CxC ,
PxC.
A posição é considerada equibbrada. As Pretas têm fraquezas
nos Peões isolados da ala da Dama, enquanto as Brancas têm
exposto seu PR.
B) 9 .... , B2R; 10. B2R, 0-0; 11. 0-0, P3B; 12 . C4TR (se
12. PxP, BxP; com igualdade), PxP; 13. CxB, PxC; 14. PSD,
C5 D!; e as Pretas nada têm a recear.

Variações na linha principal da Defesa Alekhine:

A) 3. P4D (em vez de 3. P4BD), P3D; 4. C3BR, BSC; 5. B2R,


P3BD! (e não 5 .... , BxC; por 6. BxB, PxP; 7. PxP, P3R; 8. P4B);
6. 0-0, BxC!; 7. BxB, PxP; 8. PxP, P3R; 9. D2R, D2B ; 10. P4B,
C2R; e as Pretas têm contrajogo no ataque ao PR inimigo.
B) 4. P5B (em vez de P4D), C4D; 5. C3BD, CxC; 6 . PDxC,
P3D; com igualdade.

393
\I XADREZ BÁSICO
-='---------- ----------=-

C) 5 . PxP (em vez de 5 . P4B), PRxP; dá às Brancas vantagem


no centro e mais überdade para suas peças, enquanto as Pretas
ficam com um Cavalo mal colocado em 3CD. A vantagem das
Brancas é, porém, apenas momentânea, pois, continuando as
Pretas com ... , CD2D; .. . , C3BR; .. . , P3BD; e ... , P4D, igualam a
partida completamente . No entanto, se as Brancas se opuserem
a esse plano com PSR, restarão, então, duas excelentes casas
para os Cavalos pretos: as casas 4BD e 4R.
D) 5. C3BR (em vez de 5. P4B), BSC (e não 5 .... , C3B; 6.
P6R!); 6. PxP, PRxP; 7. B2R, B2R; 8. C3B, 0-0; 9. P3CD,TIR;
10. B3R, e as Brancas têm mínima vantagem, gue pouco significa
na prática.

Crítica

A Defesa Alekhine vem resistindo a todos os esforços que os


analistas têm feito com o intuito de contestar essa linha de jogo,
gue fere tão profundamente o princípio clássico das aberturas, gue
manda conservar um Peão no centro do tabuleiro.
É perfeitamente sólida e muitas vezes adotada por laureados
mestres do xadrez, como Euwe, Flohr, Reshevsl-.7, Fine, etc.

III -ABERTURAS DO PEÃO DA D.Al\Li\_


Quem aprendeu bem as aberturas do PR não terá dú\idas em,
igualmente, compreender as aberturas do PD, porque estas são
um espelho daquelas. As idéias básicas são, em verdade, as mesmas
nos dois grupos de aberturas.
Depois de 1. P4D, P4D; o objetivo das Brancas é jogar P4R, a
fim de eliminar o PD inimigo e assegurar, assim, a supremacia do
centro do tabuleiro.
Após 1. P4D, as Pretas se opõem ao avanço P4R, seja com
lances de Peões, como 1. ... , P4D, ou 1. ... , P4BR, ou 1. .. . ,
P4BD, ou por meio de uma peça, com 1.... , C3BR.

1• PARTE - Aberturas com 1 . P4D, P4D.

A resposta das Pretas está de acordo com as teorias clássicas


antigas, que aconselham colocar também um Peão no centro.

394
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin:i - - - - - - ~ ~ -

As Pretas têm, igualmente, como nas aberturas do PR, dois


sistemas fundamentais de luta pelo centro: a defesa do ponto forte
e a defesa pelo contra-ataque.
O problema das Pretas, nestas aberturas, é o desenvolvimento
do seu BD, enquanto nas aberturas do PR o problema, embora
menos crucial, era o desenvolvimento do BR.
Após 1. P4R, P4R, as Brancas somente podem pretender
vantagem atacando o PR inimigo; daí seu melhor lance ser 2.
C3BR, visando o PR preto indefeso.
Nas aberturas com 1. P4D, P4D, igualmente, as melhores
possibilidades das Brancas estão no ataque ao PD adversário.
Porém, agora, 2. C3BD não é o melhor lance, pois o PD preto já
se encontra defendido pela Dama. O ideal é atacá-lo antes com
um Peão; daí 2. P4BD ser essencial do ponto de vista teórico.
Por sua vez, P4R das Brancas deve ser preparado, Yisto que a
casa 4R não tem nenhuma proteção inicial; já nas partidas do PR,
o lance P4D tinha o apoio da Dama branca. Resulta, por
conseqüência, que as colunas centrais da Dama e do Rei
permanecerão fechadas por muito mais tempo. É preciso, pois,
preparar a abertura de outra coluna, que é outro dos objetivos de
2. P4BD.
Esta jogada é fundamental na partida que se inicia com 1 . P4D,
P4D, porque ataca o PD inimigo e permite, após sua troca, a
abertura da coluna BD, que é muito importante nestas aberturas.
Após 1. P4D, P4D; 2. P4BD, as Pretas podem defender seu
PD seja com 2 .. .. P3R (Defesa Ortodoxa), seja com 2 .... ,
P3BD (Defesa Eslava) e, comparando-se estas defesas com 1. P4R,
P3R (Defesa Francesa), e 1. P4R, P3BD (Defesa Caro-Kann),
vemos que a Ortodoxa, como a Francesa, com ... , P3R, impedem
o desenvolvimento do BD, enquanto a Eslava e a Caro-Kann,
com ... , P3BD, permitem a saída do BD.
Entretanto, as Brancas podem forçar, muitas vezes, a obstrução
do BD preto, com ... , P3R, mesmo nos casos em que o ad,·ersário
tenha jogado 2 .... , P3BD; e esta vantagem, que o primeiro
jogador consegue, é a razão por que as aberturas do PD são mais
freqüentes nos modernos torneios de mestres. As Pretas possuem
muito mais dificuldades para conseguir desenvolvimento
satisfatório nas aberturas do PD do que nas aberturas do PR; daí
as possibilidades de ganho das Brancas serem maiores.

395
..., XADREZ BÁSICO
-""'~-------- -----------=-

Devido aos limites restritos deste livro, não poderemos,


infelizmente, desenvolver as considerações teóricas sobre as
diversas aberturas do PD, bem como sua crítica, como o fizemos
a respeito das do PR (aos principiantes são mais importantes as
aberturas do PR) .
Daremos, porém, con9uanto sinteticamente, as linhas teóricas
mais usuais das principais aberturas deste capítulo.

A) Gambito da Dama: 1. P4D, P4D; 2. P4BD

II -- Li9uidando o Centro:
3) 2 .... , PxP (Gambito da
Dama Aceito).
4) 2 .... , P4BD.
III - Contra-Ataque :
5) 2 .... , P4R (Contra Gambito
Albin).
6) 2 .... , C3BD.
7) 2.... , B4B.
DIAGRAMA 444
IV - Permitindo às Brancas
Gambito da Dama. construir um forte centro, na
As Brancas ameaçam obter domínio
central com 2. PxP.
esperança de 9ue ele seja ntl-
nerável:
As Pretas <levem tomar 8) 2 .... , C3BR.
precauções imediatas, pois a 9) 2 .... , P3CR.
ameaça branca é 3. PxP, DxP; Em todas estas conti-
4. C3BD,segwdo de P4R 1, rea- nuações, as Pretas precisam
lizando a idéia estratégica libertar seu jogo, seja com ... ,
fundamental desta abertura. P4BD (o mais comum), seja
As Pretas têm quatro re- com ... , P4R.
cursos defensivos, que dão, no A experiência tem de-
conjunto, nove diferentes monstrado 9ue são recomen-
continuações. dá veis para as Pretas 2 . . .. ,
I - Defesa do Ponto Forte, P3R, 2 .... , P3BD e 2 . ... , PxP.
mantendo um Peão em 4D. Todas as demais respostas, não
São: obstante sem crítica teórica,
1) 2 .... , P3R (Defesa Orto- levam as Brancas a um jogo
doxa e defesas afins). melhor.
2) 2 .... , P3BD (Defesa Eslava)

396
~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~ -

1. Defesa Ortodoxa e Defesas Afins : 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R

O desenvolvimento normal 2 -- Se as Pretas conseguem


leva à seguinte linha de jogo : jogar ... , P4BD, na Defe sa
Ortodoxa, sem prCJUIZO
imediato, alcançam jogo igual .
3 - Na ausência de alguma
superioridade concreta , as
Brancas devem procurar evitar
que as Pretas libertem seu jogo.
4 - Para assegurar-se de
alguma vantagem, as Brancas
devem reter o maior número
possível de peças.
5 - As Pretas libertam seu
DIAGRAMA 445
Posição após 6 .... , 0-0, na
jogo pelas trocas .
Defesa Ortodoxa. 7.TIB! P3B
Agora 7 .... , P4BD ? seria
3. C3BD C3BR precipitado, por 8. PxPB , PxP;
4. 85C 9. P6B!, C3C; 10. C5C, com
Ameaçando 5. PxP, PxP; 6. superioridade.
BxC, PxB; enfraquecendo a 8. 83D PxP
estrutura de Peões das Pretas. 9.BxP C4D
4 .... CD2D Esta jogada tem por fina-
5. C3B lidade a troca de peças, que,
Renovando a ameaça ante- sabemos, beneficia o jogo das
rior. Pretas.
5 .... B2R 10. BxB DxB
6. P3R 0-0 11. 0-0 CxC
Vide diagrama 445. 12.TxC P4R!
Jogada libertadora da po-
Considerações Gerais: sição preta.
13. PxP CxP
As Brancas têm jogo 14. CxC DxC
mais livre, significando que elas 15.P4B
devem não só atacar como, tam- Constitui o Ataque Ru-
bém, transformar sua superior binstein da Defesa Ortodoxa.
mobilidade em permanente 15.... D5R!
vantagem. 16.B3C 848

397
~~------- XADREZ BÁSICO ---------=-

17 . D5T P3CR
18 . D4T TDID
E a posição é de igualdade . A despregadura 9 ... . , C4D,
permitindo a troca de duas peças, e 12 .... , P4R libertaram o
jogo preto completamente.

Variações na Linha Principal:

A) 7. D2B (em vez de 7. TlB!), chamada Variante Argentina,


mas que nada consegue contra 7 .... , P4BD!; 8. PBxP, PBxP; 9 .
CxP, CxP; 1O. BxB, DxB; 11. CxC, PxC; 12. B3D, D5C+ ; 13.
D2D, DxD+; 14. RxD, e a pequena vantagem das Brancas não é
suficiente para o ganho.
B) 7. B3D (em vez de 7. TlB!) permite 7 . . .. , PxP; 8. BxP,
P4B; e as Pretas desenvolvem seu BD via 2CD, conseguindo
igualdade.
C) 7 .... , P3CD (em vez de 7 .... , P3B) é inferior para as
Pretas: 8. PxP!, PxP; 9. B3D, B2C; 10. 0-0, P4B; 11. D2R ,
P5B; 12. BlC, P3TD; 13. C5R, P4C; 14. P4B, C5R ; 15 . BxC,
PxB; 16. CxC, DxC; 17. BxB, DxB; 18. PSB! e o PR preto isolado
é uma fraqueza séria.
D) 8 .... , P3TR (em vez de 8 .... , PxP) leva a 9. B4T, PxP; 10.
BxP, P4CD; 11. B3D, P3TD; 12. 0-0!, P4B; 13. P4TD, e os
Peões pretos ficam um pouco enfraquecidos.
E) 8. D2B (em vez de 8. B3D). As Brancas querem e\"itar a
perda de um tempo, que ocorre após 8. B3D, PxP; 9. BxP, jogando
duas vezes o Bispo.
Após 8. D2B, P3TD; 9 . P3TD (se 9. P5B, P4R!),Tl R; 10. P3T
(esta continuação é conhecida como "a luta por um tempo") ,
P3T; 11. B4T, PxP; 12. BxP, P4CD; 13. B2T, P4B; 14. PxP, CxP;
15. B 1C, CD2D; e as Pretas conseguiram libertar seu jogo. >lesta
continuação é excelente escolha para as Pretas, após 9 . P3TD,
jogar 9 .... , P4CD!.
F) l 1. C4R (em vez de 11. 0-0). É o Ataque Alekhine.
Segue-se 11 .... , CR3B; 12. C3C, P4R!; 13. 0-0, PxP; 14.
CSB, D1 D; 15. CRxP, C4R; e as Pretas nada têm a recear.
G) 13. B3C (em vez de 13. PxP) é continuação promissora.
Se 13 .... , PxP; então 14. PxP, C3B; 15.TlR, D3D; 16. CSR,
com bom jogo para as Brancas.

398
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gi.l.berto D'Agostini - - - - - --"""-

H) 13 . D2B (em Yez de 13 . Px.P) constitui o Ataque Vidmar.


São indicadas as respostas 13 .. .. , PxP ou 13 . ... , PSR, as quais ,
embora adequadas, não estão isentas de dificuldades .Vejamos uma
e
conlinuação com a primeira, que a mais usual : 13 .... , PxP ; 14.
PxP, C3B (aqui, 14 .... , C3C, parece ser o melhor : 15 . TlR,
D3B; 16. B3C, B4B); 15. TlR, D 3D; 16 . CSC! . Algumas
possibilidades interessantes são as seguintes:
a) 16 .... , DxPD; 17. T3B, P3TR; 18. TxC, PxC; 19. TxP, e as
Brancas ganham.
b) 16 .... , P3TR; 17. CxP!,TxC; 18. D6C, DIB; 19.T3B! , C4D ;
20.TxT, DxT; 21.T8R+, DIB; 22.Tx.D+, RxT; 23. BxC, PxB;
24. D6D+ , ganhando.
c) 16 .... , BSC; 17.T(3B)3R!, B4T; 18.T6R!!, D5B (se 18 . .. . ,
PxT; segue 19. TxP, DxT; 20. CxD, ganhando); 19. TxC, DxC;
20. TSB, B3C; 21. TxD, BxD; 22. PSD!, e a posição das Brancas
é superior.

Variante das Trocas


As Brancas podem realizar a
troca de Peões PBxPD entre o
terceiro lance e o nono. Mais
freqüentemente ocorre depois de
1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3.
C3BD, C3BR; 4. BSC, B2R; 5.
P3R, P3B; 6. B3D, CD2D; 7. PxP
( vide diagrama 446).
Apesar do caráter simpli-
ficador esta variante concede, DIAGRAMA 446
Posição após 7. PxP na Variante
muitas vezes, jogo promissor às das Trocas.
Brancas, que têm suas melhores
possibilidades no "Ataque da Minoria" e no melhor final. Por outro
lado, as possibilidades das Pretas residem num precoce .. . , CSR ;
seguido, se possh·el, de contra-ataque.
Após 7. PxP as Pretas podem retomar o Peão d(' três modos,
isto e, com a PR, o PB ou com o CR. Vejamos um exemplo de
cada.
A) 7 .... , PRxP; 8. D2B, 0-0; 9. CR2R (melhor do que 9 .
C3BR),T1R; 10. P3TR, CSR (superior a 10 .... , CIB); 11 . BxB,

399
XADREZ BÁSICO
~ '--- - - - - - - - ------------=-

DxB; 12 . BxC, PxB; 13 . P4CR, C3B; 14 . C3C, P3TR; 15 . 0-0-


0 . O jogo das Brancas é ligeiramente superior, mas as Pretas,
graças às trocas, aliviaram consideravelmente sua posição.
B) 7 .... , PBxP; 8. C3B, 0-0; 9 . 0-0, P3TD; 10.TlB, P4C;
11 . CSR, B2C; 12. P4B, P3T; 13 . 84T, CxC; 14 . PBxC, CSR ;
15 . BxB, DxB; 16 . BxC, PxB; e o final é favorável às Brancas,
pois nesta posição o Cavalo é superior ao Bispo. Trata se do caso
do mau Bispo, restringido pelos seus próprios Peões, colocados
que estão cm casas da mesma cor do Bispo.
As Pretas têm fraquezas nas casas negras.
C) 7 .... , CxP; 8. BxB, DxB; 9. CxC, atingindo uma das
variantes anteriores. Porém, se 8 .... , CxB; 9. C3B, 0-0; 10. 0-
0, P4BD; 11. O2B, P3TR; 12. TRlD; as Brancas conseguem
melhor centro e superior desenvolvimento.

Ataque da Minoria
A Variante das Trocas possi-
bilita às Brancas uma manobra
interessante, denominada "Ata-
que da Minoria", e que se realiza
após: 1. P4D, P4D; 2. P4BD,
P3R; 3. C3BD, C3BR; 4. BSC,
P3B; 5. P3R, CD2D; 6. PxP,
PRxP; 7. B3D, B2R; 8. C3B
(também 8. CR2R é bom lance),
0-0; 9. 028, TlR; 10. 0-0 (ou DIAGRAMA 447
10. B4BR), CIB; 11.TDlC. Posição após 12. P4CD.
As Brancas realizam o
Este lance indica as intenções "Ataque da Minoria".
das Brancas: avanço da minoria dos
Peões brancos da ala da Dama.
O objetivo deste ataque é enfraquecer a estrutura dos Peões
pretos, criando pontos débeis no campo inimigo. A melhor tática,
para as Pretas, contra a operação citada, é uma ação imediata no
centro( ... , CSR) e na ala do Rei, mediante o avanço dos Peões
PBR e PCR.
Vejamos uma continuação após 11. ... , C3C; 12. P4CD
(diagrama 447), B3O; 13. PSC (se as Pretas jogassem 12 .... ,
P3TD, o lance preparatório de PSC seria P4TD), 82D; 14 . PxP,

400
~ ~~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ = -

BxP (o PD preto isolado constitui já uma fraqueza); 15. D3C,


B2R (para defender o PD com a Dama); 16. BxC3B 1 , BxB; 17.
B5C!, D3D; 18.TRIB, P4TR; 19. C2R, PST; 20. BxB, PxB; 21.
D4T, C2R; 22. T7C!, P4T; 23. P3TR. As Brancas neutralizaram
o ataque do inimigo e podem, em seguida, explorar as fraquezas
da ala da Dama das Pretas (Smyslo\' x Keres, Moscou, 1948).

Melhoramentos para as Pretas


Em nenhuma das defesas clássicas da Defesa Ortodoxa
conseguem as Pretas jogo inteiramente satisfatório. Isto não quer
dizer, porém, que elas devam perder forçosamente a partida .
Submeter-se-ão, quase sempre, a uma posição restringida e
jogarão com a máxima cautela e exatidão, para que não conheçam,
de pronto, a derrota.
As dificuldades das Pretas são dnidas a dois fatores
importantes:
l • A força da pregadura do BD branco sobre o CR preto.
2 · A falta do desenvolvimento do BD preto.
Por esse motivo, muitas das defesas das Pretas, na Ortodoxa,
,-isam de perto esses dois fatores, quer anulando a pregadura do
CR, pelo deslocamento prematuro da Dama preta, quer
removendo o CR, ou ainda, movimentando precocemente o BD.
Vejamos algumas dessas defesas .

Defesa Cambridge Springs


1.P4D,P4D;2.P4BD,P3R;
3.C3BD,C3BR;4.B5C,CD2D;
5. P3R, P3B; 6.C3B, D4T. Com
6 .... , D4T (diagrama 448), as
Pretas não somente anulam apre-
gadura de seu CR, como ameaçam
. .. , C5R; fazendo pressão sobre o
CD branco.
As Brancas não podem desen-
volver-se normalmente com:
a) 7 . B2R?, C5R; 8. Tl B, PxP; DIAGRAMA 448
ganhando as Pretas um Peão. Defesa Cambridge Springs .

b) 7 . B3D?, CSR; 8 . 0-0?, CxB;


9. CxC, PxP; ganhando as Pretas uma peça.

401
-=-~ - - - - - - - - XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - - = -

As melhores continuações para as Brancas seriam 7. C2D e 7.


PxP.
A) 7. C2D, B5C (se 7 .... , C5R; 8. CRxC, PxC; 9 . B4T, e a
posição preta é inferior); 8 . D2B, PxP; 9. BxC, CxB; 10. CxP,
D2B; 11. P3TD, B2R; 12. P3CR, 0-0; 13. B2C, B2D;
14. P4CD, P3CD; e as Pretas realizam logo . . . , P4BD,
conseguindo igualdade.
B) 7 . PxP. Considerado o melhor, cuja idéia é enfraquecer o
centro inimigo. A retomada com qualquer dos Peões transpõe
a posição para uma das linhas da Variante das Trocas, em que a
saída precoce da Dama preta não tem significação. Logo, 7 .... ,
CxP, é eventualmente forçado .
Após 7 . PxP, CxP; 8. D3C!, B5C; 9. Tl B, P4R! (sacrificando
um Peão pelo rápido desenYolvimento); 1O. B48O 1 (recusando o
Peão), 0-0; 11 . 0-0, e as Brancas têm pequena vantagem
posicional.
Um dos inconvenientes da Cambridge Springs é que as Brancas
podem evitá-la. Após 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD,
C3BR; 4. B5C, CD2D; 5. C3B, P3B; as Brancas podem jogar 6.
PxP, ou 6. P3TD, ou 6. P4R!, com a idéia de liquidar o centro
inimigo, conseguir um bom desenvolvimento e um forte ataque.
Exemplo : 6. P4R 1, PxPR; 7. CxP, B2R (se 7 .... , D3C; 8. B3D!
dá às Brancas perigoso ataque à custa de um Peão); 8. C3B, 0-0;
9. D2B, P4R; 10. 0-0-0, e as Brancas têm boas perspectivas.

Variante Manhattan
1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD, C3BR; 4 . B5C, CD2D;
5. C3B , B5C.
A idéia é um contra-ataque com .. . , P4BD e ... , C5R; mas as
Brancas com 6 . PxP, PxP; 7. P3R, P4B; 8. B3O, D4T; 9 . D2B,
P5B; 1O. B5B, 0-0; 11 . 0-0, TI R; 12 . P3TD conseguem
vantagem, porque a estrutura de seus Peões é mais sólida.

Defesa Lasker
1. P4D,P4D;2 . P4BD,P3R;3 . C3BD,C3BR;4. B5C,B2R;
5. P3R, 0-0; 6. C3B, P3TR; 7 . B4T, C5R (iliagrama 449) .
e
A idéia básica a despregadura com 7 ... . , C5R; que liberta o
jogo das Pretas pelas trocas .

402
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ________.,a.

Após 8 . BxB, DxB, as Brancas


dispõem das continuações 9. PxP
e 9 . D2B.
A) 9. PxP, CxC; 10. PxC, PxP;
11. D3C, D3D (ou 11. ... ,TlD);
12 . P4B, PxP; 13 . BxP, C3B! ; com
igualdade.
As Brancas dispõem de um
forte centro, mas as trocas de pe-
ças a1viaram as Pretas, tornando
DIAGRAMA 449
a vantagem central inimiga difícil Defesa Lasker.
de ser aproveitada ..
B) 9. D2B , C3BR!; 10. B3D, PxP; 11. BxP, P4B!; 12. 0-0,
C3B; 13. TR 1D, B2D; com igualdade.
A Defesa Lasker é, em verdade, uma das melhores defesas à
disposição das Pretas para obter igualdade.

Defesa Tarrasch
1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C3BR, P4BD.
A idéia da defesa é conseguir livre desenvohimento para as
peças pretas e compensações pelo Peão isolado, que dela resulta.
Mas as vantagens que as Brancas obtêm são muitas em razão da
Variante Rubinstein, que é a linha
de jogo mais forte contra essa
defesa e que se inicia com 4. PBxP,
PRxP; 5. C3B, C3BD; 6. P3CR!,
C3B;7.B2C,B2R;8.O-O,O-O;
9. PxP! (diagrama 450), BxP; 10.
C4TD!, B2R; 11. B3R, C5R; 12.
C4D!.
As Brancas possuem o controle
absoluto da casa 4D, o controle
temporário de 5BD, o domínio da
coluna BD, assim como as DIAGRAMA 450
Variante Rubinstein da Defesa
melhores possibilidades no final, Tarrasch.
graças, ainda, às fraquezas pretas As Brancas têm vantagem.
Posição após 9. PxP!.
do PD isolado e do mau BD. O
jogo das Pretas é muito difícil.
Algumas variações interessantes, na linha principal, são:

403
XADREZ BÁSICO
-=•-------- - - - - - - - - •=-

A) 4 ... . , PBxP (em vez de 4 .... , PRxP).


É o Gambito Von Hennig Schara, que é refutado por 5.
D4T+!, 82D; 6 . DxPD, PxP; 7. DxPD, C3BR; 8. D3C etc.
B) 6 .... , PSB (em vez de 6 .... , C3B).
É a Variante Folkestone, que evita o PD isolado, mas deixa de
agir sobre o centro branco. A reação das Brancas se inicia com 7.
P4R!, PxP; 8. CSCR, DxP; 9. 848!, P3TR; 10. CRxPR, DxD+;
11. TxD, B3R; 12. CSCD, e as Pretas ficam em dificuldades .
C) 7 .... , BSC (em vez de 7 . ... , B2R) visa enfraquecer o centro
branco mas, após 8. CSR!, PxP; 9. CxB, PxC; 10 . CxC+, DxC;
11. PxP, DxP+; 12. B2D, D3B; 13. 0-0, TID; 14. D3C! , as
Pretas têm jogo inferior.
D) 9 .... , PS D ( em vez de 9 . .. . BxP) sacrifica um Peão pelo
ataque. Porém, com 10. C4TD, B48; 11 . 84B!, CSR; 12. P4CD!,
CxPCD (ou 12 .... , 838; 13. PSC, C2R; 14. BSR); B. CxP, B3C;
14. TlC!, P4TD; IS. P3TD, C3BD; 16. CxC, PxC; 17 . T7C,
com jogo ganho para as Brancas.

Variações no Gambito da Dama


A) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD, C3BR; 4. C3B,
P4BD. Constitui a Defesa Semi-Tarrasch S. PBxP, CxP! (se 5 .... ,
PRxP; 6. P3CR transpõe para a Variante Rubinstein da Defesa
Tarrasch); 6. P4R!, CxC; 7. PxC, PxP; 8. PxP, BSC+; 9. 82D,
BxB+; 10. DxB, 0-0. As Brancas têm o melhor centro e
possibilidades de ataque na ala do Rei. As Pretas, por causa de sua
maioria de Peões na ala da Dama, têm o melhor final.
Uma continuação possível seria : 11 . 848, C3B; 12. 0-0,
P3CD; 13. TRID, B2C; 14. D48, TlB; lS . PSD, PxP; 16. BxP,
D2R; 17. CSC!, C4R!; 18. BxB, C3C; com possibilidades iguais.
B) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD, C3BR; 4. C3B,
BSC (Variante Ragosin); 5. D4T+, C3B; 6. P3R, 0-0; 7. B2D,
P3TD!; 8. D2B, PxP; 9. BxP, B3D!; 10. P3TD, P4R 1; e as Pretas
têm contrajogo.
C) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P4BD. Com a idéia de liquidar o
centro branco, mas é refutado por 3. PBxP, DxP; 4 . C3BR, PxP;
S. C3B, D4TD; 6. CxP, C3BR; 7. C3C, D2B; 8 . P3C e as Brancas
têm vantagem no desenvolvimento .
D) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, C3BD (Defesa Tchigorin). Visa
contra-ataque imediato. Mas com 3. C3BR, BSC; 4. D4T!, BxC;

404
~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~ -

5. PR.xB, P3R; 6. C3B, BSC; 7. P3TD, BxC+; 8. PxB, as Brancas


têm vantagem, pois conservam o par de Bispos.
O grande mestre russo do passado, Tchigorin, estava
convencido de que o Cavalo era sempre superior ao Bispo; daí
sua idéia, nesta defesa, de procurar permanecer com o par de
Cavalos e eliminar o do adversário. Hoje, sabemos, que é o
contrário: o par de Bispos constitui uma vantagem apreciável,
principalmente nas partidas abertas.
E) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, C3BR (abandonando o centro);
mas com 3. PxP, CxP; 4. C3BR! (e não 4. P4R?, C3BR; 5. 83D,
P4R!; 6. PxP, C5C, e as Pretas recuperam o Peão com bom jogo),
848; 5. P3R, C3BD; 6. CD2D, C3C; 7. P4R, BSC; 8. PSD, e o
jogo das Brancas é superior.
r) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, 848; pretende resolver o eterno
problema do desenvohimento do BD, mas falha porque enfra-
quece a ala da Dama.
Após 3. C3BR, P3R; 4 . D3C, C3BD; 5. PSB!,TlC; 6 . 848,
as Brancas mantêm superioridade, com ataque na ala da Dama à
base do avanço de seus Peões nessa ala.
G) 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R; 3. C~BR, C3BR;4. BSC,
P3TR (Variante Duras). Dá às Brancas controle do centro, retendo
as Pretas o par de Bispos. Com jogo enérgico, porém, as Brancas
alcançam jogo superior: 5. BxC, DxB; 6. D3C, P3B; 7. CD2D,
C2D; 8. P4R, PxPR; 9 . CxP, DSB; 1O. 83D, P4R; 11. 0-0, B2R;
1 2. TR 1R, e o jogo das Pretas é difícil.

2. Defesa Eslava : 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P3BD

Já sabemos que os fatores, que permitem às Brancas exercer


pressão no Gambito da Dama, são a falta de desenvohimento do
BD preto e a incômoda pregadura que o BR branco realiza sobre
o CR inimigo.
A Defesa Eslava é uma das melhores defesas que procuram
evitar esses inconvenientes, constituindo seu principal objetivo o
desenvolvimento do BD preto.
Em seu terceiro lance, as Brancas dispõem de quatro dife-
rentes linhas de jogo a sua disposição 3. PxP, 3. C3BR, 3. C3BD
e 3. P3R .

405
XADREZ BÁSICO
--------- -----------=-

A) 3. PxP (Variante das Trocas) . Apesar do caráter


simpüficador, já foi considerada a refutação da Defesa Eslava . As
Pretas devem jogar com cuidado. Após 3 ... . , PxP; 4 . C3BR ,
C3BR; 5. C3B, C3B; 6. B4B, B4B (o melhor é 6 .... , P3R) ; 7 .
P3R, P3TD (essencial para evitar 8. BSCD); 8. CSR!, TlB; 9 .
P4CR!, e as Brancas exercem forte pressão na partida.
B) 3. C3BR. É a linha mais importante da Eslava. Após 3 .... ,
C3B; 4. C3B, se as Pretas quiserem desenvolver seu BD deverão
antes jogar 4 .... , PxP; pois à 4 .... , B4B, as Brancas continua-
riam com 5. PxP, PxP; 6. D3C, D3C; 7. CxP, CxC; 8. DxC,
P3R; 9. D3C, e as Pretas não teriam compensação pelo Peão a
menos.
Mas, com 4 . ... , PxP, as Pretas cedem o centro. É o tributo
que pagam pelo desenvolvimento de seu BD.
A linha principal é, pois:
3. C3BR C3B
4.C3B PxP
5. P4TD
Prevenindo ... , P4CD
5. ... B4B
6.P3R P3R
7. BxP BSCDI
Impedindo P4R das Brancas
(diagrama 451).
8. 0-0 0-0
9. D2R B5C
10. TIO CD2D
11. P3T B4TR DIAGRAMA451
12 . P4R D2R Posição após 7 . ... . BSCD! na
Defesa Eslava.
13. PSR C4D
14.C4R P3TR!
Com igualdade. As Pretas rompem a cadeia de Peões brancos
com ... , P3B.

Variações na linha principal:

a) 4 .... , P3R (em vez de 4 .... , PxP) conduz a 5. P3R, CD2D;


6. B3D, PxP, a famosa Variante Merano, uma das linhas mais
analisadas e discutidas da Defesa Eslava . 7. BxPB, P4CD ; 8. B3D,

406
-""""L------ Dr. Orfeu Gilberto D'A.gostini _ _ _ _ ____J.=..

P3TD ; 9 . P4R!, início de uma série de complicações, que


geralmente terminam em favor das Brancas.
Um exemplo é : 9 ... . , P48; 10. PSR, PxP ; 11. CxPC!, CxP! ;
12.CxC, PxC; 13 . D3B, BSC+; 14 .R2R, TlCD; 15. D3C!,
D3D!; 16 . C3B!, DxD; 17 . PTxD; e as Brancas têm melhor jogo.
b) 4 .... , P3R (em \·ez de 4 .... , PxP); 5 . P3R, CSR (Variante
Stonewall); 6. B3D, P4BR; 7. CSR! (contra um "stonewall" -muro
de pedra - o melhor é outro "stonewall"), D5T!; 8_ 0-0, B3D ;
9. P4B, 0-0; conduz a um jogo complicado em que as Brancas
conseguem ligeira vantagem.
c) 5_ P3R (em vez de 5_ P4TD), permitindo a defesa do PB.
Após 5_ ... , P4CD; 6_ P4TD, P5C; 7_ C2T, P3R; 8. BxP, CD2D;
9. 0-0, B2C; 10. O2R, P4B; 11. TID, D3C (o melhor é 11 . ... ,
PxP); 12_ P4R!, PxP; 13. CxPD, B4B; 14. C3C, e as Brancas têm
ligeira vantagem.
d) 6. C5R (em vez de 6. P3R). É o Ataque Krause, que visa
retomar o Peão com o Cavalo e preparar controle do centro com
P3B e P4R, ou com o "fianchetto" do BR.
A linha principal é a seguinte: 6. CSR, P3R (aqui 6 . ... , CD2D
é inferior); 7. P3B, BSCD; 8. CxP5B! (se 8. P4R, BxP; 9. PxB,
CxP; 10_ 038, DxP!; com contrajogo para as Pretas), 0-0 ; 9 .
BSC, P4B!; 10. PxP, DxD+; 11. RxD, BxP; 12. P4R, B3C; com
igualdade.
e) 9_ ---, CSR (em vez de 9 .. .. , BSC). Segue-se 10. B3O !
(uma idéia de Euwe, sacrificando um Peão para restringir o jogo
preto), BxC; 11 _ PxB, CxPBD; 12. D2B , BxB; 13. DxB, C4D;
14_ B3T, TlR; JS_ TDlC, P3CD; 16_ TRJB, C3B!; com
possibilidades para ambos os lados.
C) 3. C3BD. Tem a fmalidade de criar pressão sobre o centro.
As Pretas não podem jogar 3 .... , B4B?; por 4. PxP, PxP; 5. D3C,
e as Brancas ganham um Peão_
Após 3. C3BD, C3B; 4. P3R, 84B; 5. PxP, PxP ; 6 . D3C!,
B1B! (virtualmente forçado); 7. C3B, seguido de CSR e P4BR
dão às Brancas um bom jogo.
Contra 3. C3BD, as Pretas dispõem de duas continuações
interessantes, à base de 3.... , PxP e 3 .... , P4R_
a) 3 ... . , PxP; 4. P4R! (Ataque Alekhine), P4R!; 5. C38, PxP; 6.
CxP (ou 6. BxP!?, PxC ; 7. BxP+, R2R; 8. O3C, C3B; 9. B3R ,

407
~ ' - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ ___J""1..

D4T; 10. 0-0-0, D4CD!), B4BD; 7. B3R, C3B; 8. CxP!, DxD+;


9.TxD, CxC; 10. BxB, e as Brancas têm bom jogo.
b) 3 .... , P4R (Contragambito Winawer); 4. PxPR, PSD; 5. C4R,
D4T+; 6. C2D, C2D; 7. C3B, CxP; 8. CxP, CxP; 9. C3C, DST; 10.
CxC, DxC; 11. P3R, BSC+; 12. B2D, BxB+; 13. DxB, com
igualdade.
D) 3. P3R transpõe para uma das linhas já estudadas. O melhor
para as Pretas é 3 .... , 848; 4. C3B, P3R; etc.
Se 3 .... , C3B?; então 4 . C3BD, e as Pretas devem jogar o inferior
4 . ... , P3R, fechando o desenvolvimento do BD preto, pois, se 4 .
. . . , 84B, então 5. PxP, PxP; 6. D3C! já estudado e que dá vantagem
às Brancas.

3. Contragambito Albin : 1. P4D, P4D; 2. P4BD, P4R

As Pretas sacrificam um Peão a fim de conseguir liberdade


para suas peças e um poderoso Peão central. As Brancas conseguem
vantagem posicional devolvendo o Peão em momento apropriado.
A continuação, que celebrizou esta linha de jogo, é 3. PDxP,
PSD; 4. P3R??, BSC+; 5. B2D, PxP!; 6. BxB, PxP+; 7. R2R,
PxC=C+, e as Pretas ganham .
A linha de jogo favorável às Brancas baseia-se no desen-
volvimento do BR por "fianchetto": 3. PDxP, PSD; 4. C3BR,
C3BD (ou 4 .... , P4BD; 5. P3R!); 5. CD2D, B3R; 6. P3CR, B4BD;
7. B2C, CR2R; 8. 0-0, P4TD; 9. P3C, 0-0; 10. B2C, C3C;
11. C4R, B2T; 12 . P5B, e as Brancas têm vantagem .
.'\s Pretas podem recuperar o Peão com 6 .... , D 2 D (em ,·ez
de ... , B4BD); mas permitindo às Brancas pressão na ala da Dama:
6 .... , D2D; 7. P3TD, CR2R; 8. D4T, C3C; 9. B2C, B2R; 10. 0-0,
0-0; 11. P4CD, etc .

4. Gambito da Dama Aceito: 1. P4D, P4D; 2. P4BD, PxP

A idéia das Pretas é obter jogo livre para suas peças, mesmo
cedendo o centro, embora temporariamente. A ambição das
Brancas situa-se em P4R, seguido de ataque na ala do Rei .
A linha principal é a seguinte:
3. C3BR

408
=~~- - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ __

Se 3. P3R, as Pretas com 3 .... , P4R! obtém igualdade.


3. ... C3BR
As Pretas não devem preten-
der conservar o Peão com 3 .... ,
P4CD?; por 4 . P4TD, P3BD; 5 .
P3R, B2C; 6. PxP, PxP; 7 . P3CD,
e as Brancas têm melhor partida.
4.P3R P3R
5.BxP P4B
6. 0-0 P3TD
Vide diagrama 452.
7. D2R C3B
8. C3B! P4CD DIAGRAMA 452
9.B3C PSB Posição após 6 .... , P3TD. no
Gambito da Dama Aceito.
10. B2B CSCD
11. BlC
As Brancas evitam a troca de peças e ameaçam P4R, com
poderoso centro.

Variações no linha principal:

A) 3 .... , P4BD (em vez de 3 .... , C3BR), embora não sendo


muito freqüente, conduz à igualdade: 4. PSD, P3R; 5. P4R, PxP;
6. PxP, C3BR; 7. BxP, B3D; 8. 0-0, 0-0; 9. BSCR, BSC; 10.
C3B, CD2D; 11. C4R, B4R, com igualdade.
B) 4. D4T+ (em vez de 4. P3R) constitui a Variante Bogoljubow.
Para evitar ou diminuir a força de ... , P4BD, que sempre liberta o
jogo das Pretas, as Brancas experimentam esta interessante
alternativa.
A melhor linha para o segundo jogador é: 4. D4T+, D2D;
5. DxPB, O3B; 6. C3T! (ou 6. P3R, B3R!), DxD; 7. CxD, P3R;
8. P3TD, P4B; 9. B4B, C3B; 10. PxP, BxP; 11. P4CD, B2R;
12. PSC, CICD; 13. C6D+, BxC!; 14. BxB, CSR; 15 . B7B ,
P3TD, e as Brancas têm ligeira vantagem.
C) 7 .... , P4CD (em vez de 7 .... , C3B); 8. B3C, B2C ;
9. TID, CD2D!; 10. P4TD, PSC; 11. CD2D, D2B; 12 . C4B,
B2R. As Brancas têm ligeira pressão na ala da Dama, mas o jogo
das Pretas é sólido e está bem desem·olvido.

409
= -------- XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ ___J,'"'-,.

D) 8.Tl D (em vez de 8. C3B!) . É inferior, pois permite a troca


de peças: 8 .... , P4CD; 9. B3C, PSB; 10 . 82B, CSCD!; 11. C3B,
CxB; 12. DxC, B2C; 13. PSD!, D2B!; 14. P4R, P4R; com
igualdade.
E) 9 .... , PxP (em vez de 9 .... , PSB); 1O. TJD, B2R; 11. PxP,
0-0; 12 . PSD!, e as Brancas têm jogo superior.
F) 9 .... , B2R (em vez de 9 ... . , PSB); 10 . PxP!, BxP; 11. P4R,
PSC; 12 . PSR!, e o jogo das Brancas é bem superior.

B. Aberturas com 1. P4D, P4D, em que as Brancas não


jogam o Gambito da Dama

Após 1. P4D, P4D, a continuação mais forte para as Brancas,


já o sabemos, é 2. P4BD. Nas aberturas cm que as Brancas omitem
esta jogada, as Pretas têm mais faci]jdade cm igualar a partida.
A conduta das Pretas é jogar cedo ... , P4BD, lance que, sendo
possível, é sempre bom, seguido de rápido desenvolvimento e
preparação de ... , P4 R.

1. Sistema Colle: 1. P4D, P4D; 2. C3BR, C3BR; 3. P3R, P4B; 4. P3B

O sistema Colle (diagrama 45 3)


é uma das linhas mais promissoras
nas aberturas, em que o primeiro
jogador não utiliza o gambito.
Vejamos algumas continua-
ções, partindo da posição do dia-
grama 453.
A) 4 . ... , P3R; 5. CD2D, C3B;
6. B3D, B3D; 7. 0-0, 0-0; 8. PxP!,
BxP; 9. P4R, P4R; 10. PxP, DxP;
DIAGRAMA 453
11 . D2R, BSCR; 12. C4R, easBran- Sistema Colle.
cas estão melhores, graças ao
desenvolvimento superior e às possibilidades de ataque na ala
do Rei.
B) 4 . ... , P3R; 5. CD2D, CD2D; 6. B3D, B3D; 7. 0-0, 0-0;
8.TIR, D2B; 9. P4R, PBxP; 10. PBx.P, PxP; 11. Cx.P, CxC; 12 .TxC,
TIR; 13 . T4T!, com excelentes possibilidades de ataque.

410
--='------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------"""-

C) 4 .... , CD2D; 5. CD2D, D2B (a idéia é jogar ... , P4R); 6.


D4T!, P3CR; 7. P4B!, B2C; 8. PBxP, CxP; 9. P4R, C3C; 10.
D2B, e as Brancas têm as melhores possibilidades.
D) 4 .... , P3CR!. É a melhor resposta das Pretas, que dá
completa igualdade . Após 5. CD2D, CD2D; 6. B3D, B2C; 7. 0-
0, 0-0; 8. P4CD! é o único meio das Brancas igualarem.
Se 8. P4R, segue 8 . .. . , PDxP; 9. CxP, PxP; 10. CxP, C4R;
11. CxC+, BxC; 12. B2R, B2D; e as Pretas estão melhores. Com
8. P4CD ! as Brancas abandonam a idéia de ruptura no centro e
dirigem sua ação para a ala da Dama.
As Pretas devem, o mais cedo possível, alojar um Cavalo em
SBD. Exemplo: 8. P4CD!, PxPC; 9. PxP, ClR; 10. B2C, C3D;
11. D3C, C3C; 12. P4TD, B4B!; 13. BxB, PxB; 14. PSC, CDSB,
com igualdade.
Esta excelente linha de jogo, que se inicia com 4 .... , P3CR!,
é a razão por que o Sistema Colle é raramente visto no xadrez
entre mestres.
As Pretas desenvolvendo cedo seu BD podem conseguir,
também, igualdade fácil, desde que as Brancas tentem jogar o
Sistema Colle: 1. P4D, P4D; 2 . C3BR, C3BR; 3. P3R, 84B
(3 ... . , BSC, também é bom); 4. B3D, P3R; 5. BxB, PxB; 6. D3D,
DlB; 7. P3CD, C3T; 8. 0-0, 82R; 9. P4B, 0-0; 10. C3B, P3B;
11. B2C, CSR; e as Pretas têm partida fácil.

2. Variante Stonewall

Aqui também as Brancas omitem 2. P4BD, com a idéia de


formar um centro com Peões em 3BD, 4D, 3R e 4BR; colocar
um Cavalo em SR, desenvolver as peças menores e iniciar assalto
na ala do Rei.
Exemplo: 1. P4D, P4D; 2. P3R, C3BR; 3. B3D, P4B; 4, P3BD,
C3B;5.P4BR,P3R;6.C3B,B3D;7.O-O,O-O;8.C5R,D2B;
9. C2D, TlR; 10. P4CR, com forte ataque .
Porém as Pretas possuem linha de defesa, à base do
desenvolvimento precoce de seu BD, que é suficiente para
conseguir igualdade: 1. P4D, P4D; 2. P3R, C3BR; 3. B3D, P4B;
4. P3BD, C38; 5. P4BR, BSC!; 6. C3B, P3R; 7. CD2D, B3D ; 8 .
P3TR, B4T; 9. P3CD, PxP; 10. PBxP, TI BD; e as Pretas não têm
mais preocupações.

411
-""'"-------------- XADREZ BÁSICO
- - - - - - - - - -~

2·' PARTE· · Defesas em que as Pretas não jogam 1.... , P4D

As defesas das Pretas em que elas não jogam 1. . .. , P4D, em


resposta a 1 . P4D, são as de mais difícil compreensão.
Desde que a idéia das Brancas, nas aberturas do PD, seja
continuar com P4R, com o intuito de conseguir o melhor
Peão central, estas defesas, em que falta 1 .... , P4D, devem
compreender respostas que impeçam diretamente o avanço
do PR branco, ou então, permitindo esse avanço, devam tomar
precauções para neutralizar seus efeitos. Em muitas aberturas
hipermodernas, as Pretas autorizam e mesmo encorajam o
avanço dos Peões brancos no centro, na esperança de que eles
se tornem fracos e possam ser atacados. Essas idéias já foram
vistas nas aberturas do PR, no estudo da Defesa Alekhinc
(1. P4R, C3BR).
Outra argumentação a favor dessas defesas, que permitem o
avanço dos Peões centrais, é a seguinte: desde que a força de um
Peão central está na ação restritiva que exerce sobre o jogo
inimigo, esse Peão deixará de ter valor, uma vez que o adversário
consiga jogo livre para suas peças. É o que as Pretas almejam com
essas defesas.
As respostas pretas de maior valor teórico são: 1 .. .. , C3BR
(Defesa Indiana), 1 .... , P4BD (Contra Gambito Benoni) e 1 . . . . ,
P4BR (Defesa Holandesa).

A) Defesas Indianas 1. P4D, C3BR

Todas as defesas pretas, que principiam com essa jogada,


pertencem ao grupo das Defesas Indianas.
O lance 1 .... , C3BR não só desenvolve uma peça, senão
também previne o avanço do PR inimigo.
Dois fatores são comuns a todas essas defesas:
1 - A realização ou não do lance P4R das Brancas.
2 - Se as Pretas permitem P4R, elas deverão assegurar-se de
alguma compensação, seja
a) com um ataque de suas peças ao centro de Peões brancos;
b) com uma ruptura à base de ... , P4BR;
c) com uma solidificação de sua estrutura de Peões, tornando

412
- = ' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ ~

sem signjficação o controle de mais terreno, que as Brancas


possuem.

1. Defesa Nimzowitch : 1. P4D, C3BR; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD,


BSC

Esta defesa é uma linha de


combate; não somente e\ita P4R,
como possibihta chances de con-
trajogo (diagrama 454) .
As Brancas ilispõem de cinco
continuações: 4. D2B, 4 . D3C,
4. P3TD, 4. P3R e 4. C3B. As me-
lhores são 4. D2B e 4. P3R .
A) 4. D2B - Variante Capa-
blanca. A idéia é defender o CD
DIAGRAMA 454
e, caso as Pretas joguem ... , BxC+,
Posição após 3 .... , BSC. retomar a peça com a Dama , para
Defesa Nimzowitch.
não enfraquecer os Peões da ala da
Dama, o que sucederia após ... ,
BxC; Px.B. As Brancas, com 4. D2B, aspiram, ainda, a conservar o
par de Bispos.
As Pretas possuem duas continuações distintas, à base de 4 .
.. . , P4D, e 4 .... , C3B.
a) 4 .... , P4D. As Pretas procuram a igualdade pelas trocas. Após 5.
PxP, DxP; 6. P3R, P4B; 7. P3TD, BxC+!; 8. PxB, 0-0; 9.
C3B, PxP!; 10. PBxP, P3CD; 11. 848, D3D, há igualdade .
Esta continuação ilustra bem o princípio de que um forte Peão
central não tem utilidade se o adversário se encontra satis-
fatoriamente desenvolvido.
Uma outra linha se inicia com 6. C3B (em vez de 6 . P3R),
P48;7. B2D, BxC; 8. BxB,PxP;9. Cx~ P4R ; 10. C3B,C3B;
11. Tl D, D4B.As Brancas conservam os dois Bispos, mas as Pretas
não têm dificuldades.
b) 4 .... , C3B (Variante Zurique ou Milner Barry). O objeti\·o da
variante é jogar ... , P4R, e construir um ataque na ala do Rei.
As Brancas, por seu lado, conservam o par de Bispos e
possibilidades de ataque na ala da Dama .

413
...Z:,-' I L . . . . _ _ _ _ _ _ _ _
XADREZ BÁSICO - - - - - - - -=-

A linha principal desta variante é: 5. C3B, P3O; 6. P3TO, BxC+;


7. OxB, 0-0; 8. P4CO,T1R!; 9. P3R, P4R; 10. PxP, PxP; 11 . B2R,
com igualdade .
B) 4. D3C - Intimamente ligada à variante anterior. As Pretas
dispõem de duas principais linhas defensivas: 4 .. . . , C3B, e 4 .. .. ,
P4B. Vejamos dois exemplos:
a) 4 . ... , C3B (a melhor); 5. C3B, P4TO!; 6. P3TO, PST (as Pretas
entram na Variante Zurique com um tempo a mais); 7. 028 , BxC+;
8 . DxB etc.
b) 4 .. . . , P4B; 5. PxP, C3B; 6 . C3B, CSR; 7 . B2O, CxPSB (ou 7 .
... , CxB; 8. CxC, P4B; 9 . P3R, BxP; 10. B2R, 0-0; 11. 0-0-0,
P3CO ; 12. C3B com possibilidades de ataque na ala do Rei);
8 . 028, P4B; 9 . P3CR !, 0-0; 10. B2C, P3O; 11 . TJD, P4R;
12 . P3TO, BxC; 13 . BxB, e as Brancas têm superioridade, pois
conservam os dois Bispos, e o PO preto é uma fraqueza .
Contra 4 . O3C, a melhor resposta das Pretas é 4 . ... . C3B.
C) 4. P3TD - Variante Saem.isch . Enfraquece a estrutura dos
Peões da ala da Dama, em troca de um forte centro e um ataque
na ala do Re i. As Pretas, porém, têm boas possibilidades
defensivas.
Após 4 .. . . , BxC+ ; 5. PxB, as Pretas dispõem de duas
continuações distintas, à base de .. . , P4B, e ... , P3O. Vejamos as
duas continuações:
a) 5 . ... , P4B; 6. P3B , P4O! ; 7 . P3R , 0-0; 8. PBxP (necessário
pela am eaça 8 . .. . , 028 em resposta a 8. 830), CxP!; 9. B2O,
C3BO; 10. 830, PxP ; 11. PBxP, P4R!; 12 . PxP, COxP; 13. B4R,
CSBO. As Pretas desmantelaram o centro branco e têm, agora,
boa partida.
b) 5 .... , P3D (a idéia é um ataque ao PBO inimigo); 6. P3B, P4B ;
7. P4R, C3B ; 8. B3R, P3CO; 9 . 830, P4R; 10. C2R, C4TD
(ameaçando .. . , 83T); 11. 0-0, B3T; 12. C3C, 020, e, logo
mais, as Brancas perdem um peão.
O) 4. P3R - Variante Rubinstein . Intimamente relacionada
com a Variante Saemisch . Freqüentemente uma transpõe noutra .
A idéia é desenvolver, rapidamente, a ala do Rei e jogar para
um ataque.
A m elhor resposta das Pretas é 4 .... , P4O, permitindo às
Brancas duas continuações diferentes, com 5. P3TO, que transpõe

414
-""''----------- Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - - ~ ~

para a Saemisch, e 5. B3D, que visa rápido desenvolvimento.


Exemplos:
a) 5. P3TD, BxC+; 6. PxB, P4B; 7. PxPD, PRxP (ou 7 ..... , DxP!);
8. B3D, 0-0; 9. C2R, P3CD; 10. 0-0, B3T; 11. BxB, CxB;
12. D3D!, DlB; 13. P3B, ameaçando P4R, com forte ataque.
b) 5. B3D, 0-0; 6. C2R, P4B; 7. 0-0 (ou 7. P3TD, PDxP!;
8. BxP, PxP!; 9. PxP, B2R), C3B; 8. PxPD, PRxP; 9. PxP, BxP;
10. P3TD, B3R; 11. P4CD, e as Brancas têm bom jogo.
E) 4. C3B - Permite igualdade fácil às Pretas. Após 4 .... ,
P3CD;S.P3R,B2C;6.B3D,CSR;7.D2B,P4BR;8.0-0,BxC;
9. PxB, 0-0; 1O. ClR, P3D; 11. P3B; C3BR; 12. P4R, PxP;
13. PxP, P4R, com igualdade.
Esta continuação ilustra, convenientemente, a luta pelo avan-
ço P4R.

2. Defesa Índia da Dama: 1. P40, C3BR; 2. P4BD, P3R; 3.


C3BR, P3CD

Esta defesa está intimamente relacionada com a Defesa


Nimzowitch e, freqüentemente, as idéias básicas são as mesmas .
O ponto fundamental é a casa 4R branca, que o primeiro
jogador procura alcançar com seu PR, ao passo que as Pretas
tentam impedi-lo. O método escolhido pelas Pretas é o do
"fianchetto" do BD, exercendo controle, à distância, dessa casa
crítica.
Constitui princípio geral que o melhor meio, para um lado se
opor a um "fianchetto" do adversário, é desenvolver, também,
seu Bispo por "fianchetto", na mesma diagonal. Por isso, nesta
abertura, as Brancas têm suas melhores linhas com P3CR,
desenvolvendo seu BR via 2CR.
As Brancas lutam pelo lance P4R imediato ou, dada sua im-
possibilidade, preparam-no com PSD, em momento apropriado,
bloqueando a diagonal ao BD preto e tornando possível o avanço
do PR. Outra idéia das Brancas é trocar os Bispos, mas as trocas
livram o jogo das Pretas.
As Pretas previnem P4R, seja com .. . , P4D, com ... , P4BR,
com ... , CSR, ou com ... , BSR. O lance ... , P4D tem o incon-
veniente de bloquear o BD preto, enquanto ... , P4BR facilita PSD
do inimigo.

415
XADREZ BÁSICO
--""''--------- -------------=-

Na impossibilidade de as Brancas jogarem PSD, as Pretas deYem


ensaiar um contra-ataque à base de ... , P4BD.
Desenvolvimento normal das peças e vigilância da casa 4R
branca conduzem à variante principal.
4. P3CR B2C
5. B2C B2R
6. 0-0 0-0
Vide diagrama 455.
7. C38
Ameaçando 8. 028, seguido
de 9. P4R!
7.... CSR
Opondo-se à essa manobra.
8. 028 CxC
9. DxC P4BR
Impedindo o avanço P4R. DIAGRAMA 455
10. B3R B3BR Posição na Defesa Índia da
Dama após 6 ..... 0-0.
11. 020 BSR
12 . C1R
As Brancas não podem protelar por muito tempo a troca dos
Bispos .
12 ... . BxB
13.CxB C3B!
E não 13 . ... , P3D, por 14. C4B, D2R; 15. PSD, e as Brancas
instalam um Cavalo em 6R. Com 13 .... , C3B!, as Pretas dispõem
de contrajogo na ala do Rei e no centro, compensando sobre-
maneira, sua inferioridade na ala da Dama.
As Brancas retém possibilidades no final e na ala da Dama.

Variações na linha principal:

A) 4. C3B (em \·ez de 4. P3CR). A idéia é continuar com


5. O2B para seguir com P4R rapidamente. Após 4 .... , B2C
(4 .... , B5C leva a wna variante suficiente da Defesa '.'Jimzowitch);
5. O2B, B5C;6.P3TD,BxC+;7. DxB, C5R;S . O2B,O-O;
9. P3CR, P4BR, há igualdade .
B) 4. P3R (em vez de 4 . P3CR). Omite o "fianchetto" do BR,
tornando mais fácil a tarefa das Pretas. Exemplo: 4 ... . , B5C+;

416
~ ' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostiru -----~b.:<,-

5 . CD2D, B2C; 6. B3D. e; : 7. 0 -0 . P+BR : ~. D2B, BxC ; 9 . CxB,


D5T; 10. C3B, D2R ; 11 . D2R 0 -0: l 2. C2D. P 3D: 3. P3CD :
etc.
C) 5 . ... , B5C+ (em vez de 5 .... , B2R) le,·a as Pretas a um
jogo inferior. Após 6 . B2D! (o melhor), BxB+; 7 . DxB, 0-0; 8 .
C3B, P4D (se 8 . ... , C5R?; 9. D2B, CxC; 10 . C5C!, ganhando na
troca. Esta continuação não seria possível se as Brancas tivessem
rocado, por causa dl'. ... , CxPR +); 9. C5R, a estrutura dos Peões
pretos é inferior.
D) 5 .... , P4B (em n·z de ::i .... , B2Rl. com a finalidade de
quebrar o centro branco, porem, falha depois de 6. P::iD! , PxP ;
7. C4T!, D2B; 8. PxP, P3D; 9. 0-0, CD2D; 10. C3BD, P 3TD ;
11. P4R, e as Brancas têm violento ataque.
Na Defesa índia da Dama o lance libertador ... , P4BD somente
é bom se puder ser seguido imediatamente de . .. , P4D. Caso
contrário, conduz a um jogo inferior.
E) 5 .. . . DJB (em vez de 5 . ... , B2R). A idéia é jogar ... P4BD,
sem temer PSD das Brancas, pois o BD preto está defendido.
Apos 6. 0 -0. P4B; 7. P3C, PxP; 8. B2C, B2R; 9. CxP, BxB;
10. RxB. p_.1_0 _ha igu aldade.
F) 6. C 3B c<:'m ,·c.-z de 6. 0-0) conduz a 6 .... , C5R!; 7. D2B ,
CxC; 8. Dx C , are 0mada ela Dama é melhor. Se 8. PxC, então 8 .
... , C3B: 9 . 0 - . 0 -0 : 10 . P+R . C4T; 11. C2D, B3T; 12 . PSR,
TlB; 13. D+T. P+ D .. e a ; Pr.:- ta :; e,-tão melhores), B5R! , 9 . 0-0,
0-0: 10 . C ! R. BxB: 11. CxB. P3B D'.: 12. P4R, P4D; 13. PBxP,
PBxP: J-!-. P3 R. DlB'. e as Pretas rém bom jogo.
G J 1 . 2B , en: ,·ez de 7. C3B 1 a nada conduz ..-\pós 7 . ... ,
C3B; . 38 . p..:. o '. : 9. PxP, C5CD; 10. D3 C, CDxPD ; 11 . TID,
DlB; 12. B3C. CxC: 13. DxC, P4B, há igualdade.
HJ 1 . P3C 1ern \·ez ele 7. C3B) permite às Pretas romper o
centro: 7 ... . . P-'- B: S. CSR, P4D; 9. PxPB, PCxP; 10 . PxP, PxP;
11. C3BD. CD~D. co m igualdade.
I) 7 ..... P+D 1 (·m \'t''Z de 7 .... , C5R, é inadequado nesta defesa,
por 8. C ::i R. P 3B : q . P+ R, e as Brancas têm posição favorável. Se
nesta linha. " . . CD 2D; então 9. PxP, PxP; 10. D4T!, CIC
(forçado 1.

417
--'='-------- XADREZ BÁSICO ________ ·~ ,._cc_

Defesa Índia da Dama no 2" Lance:


1. P4D, C3BR; 2. C3BR, P3CD; ou 1. P4D, C3BR; 2. P+BD.
P3CD

Depois de 1. P4D, C3BR; 2. C3BR, P3CD; 3. P4B, P3R:


conduz às linhas regulares da Defesa índia da Dama. Um a
continuação interessante seria 1. P4D, C3BR; 2. C3BR, P3CD:
3. P3CR, B2C; 4 . B2C, P4B; 5. 0-0, PxP; 6. CxP, BxB; 7. R.xB.
P3C; 8 . P4BD, B2C; 9. C3BD, DIB; 10. P3C, D2C+; 11. P3B.
P4D; 12. Px.P, CxP; com igualdade.
Se as Brancas quiserem evitar essas linhas de\'erão , cer tam en e.
desenvolver rapidamente seu BD ou adotar um Sistema Colk com :
a) 1. P4D, C3BR; 2. C3BR, P3CD; 3. BSC, CSR; +. B+T. B2C:
5. P3R, P3TR; 6 . CD2D, P4CR; 7 . B3C, CxB; com igualdade
b) 1. P4D, C3BR; 2. C3BR, P3CD; 3. P3R, B2C; +. CD_O_P3R :
5.B3D,P4B!;6. O-O,C3B ; 7 . P3B,B2R;8.P4R PxP: 9 . Cx P
0-0; 10. D2R, C4R!; 11. B2B, 018!; 12 . P4BR, B3T, "'as Pmas
têm bom jogo.

3. Variante Bogo1juboYv : 1. P4D, C3BR; 2. P+BD, P R: 3.


C3BR, BSC+

Estrategicamente é uma linha da Defesa Índia da Dama . não


obstante apresentar algumas diferenças interessantes . Para a·
Brancas, o lance melhor, a seguir, é 4. B2D, pois 4. C3B le\·a a um
ramo inferior da Defesa Nimzowitch.
Depois de 4 . B2D, BxB+, as Brancas podem retomar a peça.
com a Dama, ou com o Cavalo. Se 5. DxB, as Pretas té' r iam a
excelente resposta 5 . .. . , P4D!; e se 5. CxB, a melhor continuacão
para as Pretas se iniciará com 5 . . .. , P3D.
Vejamos algumas continuações possíveis.
A) 4. B21J, BxB+; 5 . DxB, P4lJ!; 6 . P3R, 0- 0; , . C 3B .
CD2D; 8. B3D, P3BD; 9. 0-0; PxP; 10. BxP, P4R !; 11 . 83C.
PxP; 12. DxP, D3C, com igualdade.
B) 4 . 820, BxB+; 5 . CDxB, P3D; 6. P4R (ou 6. P3 CR.
desenvolvendo o BR por "fianchetto", que é o melhor) , 0 -0 :
7. B3D,D2R; 8. P3TD, P4R;9. PSD, C4T; 10. P3CR, P3C R:
11. 0-0, C2C; e as Pretas têm contra jogo com ... , P4BR.

418
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~

C) 4 . B2D, D2R; 5. P3CR!, 0-0; 6. B2C, BxB+; 7 . DxB,


P3D; 8. C3B, C3B; 9. 0-0, P4R; 10. C5D!, CxC; 11 . PxC, CxP;
12 . CxC, PxC; 13 . TRlR, 85C; 14. DxP, D2D; 15. TDl 8, e as
Brancas possuem jogo superior.

4 . Defesa Índia do Rei: 1. P4D, C3BR; 2. P4BD, P3CR

Nesta defesa, as Pretas não se esforçam por evitar P4R.


Permitem-no e até o encorajam, a fim de procurar tirar com-
pensações desse avanço, à base de uma ruptura com ... , P4BR .
As Brancas constroem, via de regra, um forte centro e têm
possibilidades de ataque em uma das alas, conforme o caso. O
desenvolvimento do BR branco,
por "fianchetto", é o melhor para
o primeiro jogador. Após:
3. C3BD B2C
4. P4R P3D
Partindo-se da posição da rua-
grama 456 vejamos algumas
continuações:
A)S.P3CR,O-O;6.82C,
CD2D; 7. CR2R, P4R; 8. 0-0,
TlR; 9. TJR, PxP (necessário
DIAGRAMA 456
para conseguir jogo mais livre. Se Posição após 4 ..... P3D
9 .... , P3B, segue-se 10. P3CD, na Defesa Índia do Rei.

D2B; 11. B2C, CIB; 12. D2D, e


o contrajogo das Pretas não leva à libertação); 1O. CxP, C4B;
11. P3C, BSC; 12. P3B, B2D, e as Brancas têm vantagem.
Nesta continuação, em vez de 8. 0-0, as Brancas poderiam
também jogar 8. PSD, procurando restringir o jogo inimigo. Após
8. PSD, P4 TD (para poder jogar ... , C4B, sem ser molestado por
P4CD das Brancas); 9. P3TD, C4B; 10. 0-0, ClR; 11 . B3R;
P4B (esta ruptura é fundamental para as Pretas); 12. PxP!, PxP;
13. P4B, e, novamente, as Brancas têm melhor jogo.
Esta variante, à base de P4R, P3CR e CR2R, é uma das
melhores para as Brancas.
Observar que as Pretas preparam 10 .... , C4B, com 8 .... ,
P4 TD. Para expulsar esse Cavalo as Brancas deverão realizar a

419
..z=s .
. __________ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _.. :=..

manobra P3CD, P3TD, P4CD e não P3TD de início, pois a este


lance as Pretas terão a réplica ... , PST!, blogueando os Peões
brancos. Isto se aplica a todas os casos similares da Defesa lndia
do Rei. No caso particular desta continuação não há diferença na
ordem dos lances de Peões, porque o avanço do PT preto está
impedido pela ação do CD e da Dama das Brancas.
B) 5. P3CR, 0-0; 6. B2C, CD2D; 7. C3B (em vez de 7 .
CR2R da linha anterior), P4R; 8. 0-0,Tl R; 9. PSD! (o melhor),
C4B; 10. ClR, P4TD; 11. P3C! (e não 11. P3TD, por 1. ... ,
PST!), B2D; 12. P3TR (para jogar B3R, sem ser incomodado
por ... , CSR), e as Brancas dispõem de bom jogo com
possibilidades nas duas alas.
C) Menos forte do que estas linhas são as continuações em
que as Brancas não realizam o "fianchetto" de seu BR. Um exemplo
é 5. C3B, 0-0; 6. P3TR, P4R; 7. PSD, P3TR; 8. B3R, R2T; 9 .
P4CR, Cl C; 10. D2D, P3C; 11. 0-0-0, C3T; 12. B2R, e as
Brancas têm boas perspectivas.
D) As Brancas não devem cometer o erro de expor seu centro
durante muito tempo, porquanto permitiriam, assim, forte contra-
ataque adversário.
Exemplo: 5. P4B, 0-0; 6. C3B, P4B!; 7. PSD (se 7. PxP,
D4T!), P3R; 8. B3D, PxP; 9. PBxP, D3C!, e as Pretas têm forte
iniciativa.

5. Defesa Grunfeld: 1. P4D, C3BR; 2. P4BD, P3CR ; 3. C3BD,


P4D

É uma das defesas mais populares, também de muita luta .


Apresenta numerosos problemas ainda não solucionados e
opiniões de analistas contraditórias em diversos pontos. É, além
disso, linha de jogo bastante rica de idéias táticas.
Geralmente, as Brancas ficam com um forte centro e
possibilidades de ataque no meio jogo na ala do Rei, enquanto as
Pretas adquirem maioria de Peões na ala da Dama, sem dúvida
vantagem para o final.
As trocas beneficiam o segundo jogador, quando então sua
vantagem posicional mais se valoriza.
As Brancas procuram formar um forte centro, com P4D e
P4R, mas devem evitar a troca de peças. Sua melhor poütica é

420
_ _ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"""'-

exercer pressão sobre o PD ini-


migo, forçando a troca ... , PDxPB;
quando então lhes resulta uma
posição favorável no centro. Daí
D3C das Brancas ser um lance
básico contra a Defesa Grunfeld,
constituindo a chave de todos os
ataques do primeiro jogador nessa
linha de jogo.
DIAGRAMA 457
Partindo da posição do dia-
Defesa Grunfeld. grama 457, as Brancas têm seis con-
tinuações : 4. PxP, 4. P3R, 4. B4B,
4. D3C, 4. B5C e 4. C3B.
Vejamos essas linhas:
A) 4. PxP. Continuação óbvia e, historicamente, a primeira a
ser usada. Após 4 .... , CxP; 5. P4R, CxC; 6. PxC, P4BD'
(necessário para prevenir B3T); 7 . C3B, B2C; 8. B4BD, C3B; 9. B3R,
0-0; 10. P3TR (evitando ... , B5C), PxP; 11. PxP, C4TD; 12. B2R,
P3C, as Pretas obtém igualdade.
As possibilidades das Pretas se encontram na coluna BD e no
final, em virtude da maioria de Peões, que possuem nessa ala. As
Brancas possuem um forte centro e possibilidades na ala do Rei.
B) 4. P3R, com a idéia de conseguir rápido desenvolvimento,
porém, tem o inconveniente de não exercer pressão na coluna
BD, não evitando assim ... , P4BD. Ainda, o BD branco fica com
seu desenvolvimento prejudicado.
Após 4 .... , B2C; 5. C3B, 0-0; 6. D3C!, P3B (6 .... , P3R;
também é bom); 7. B2D, P3C; 8. B2R, B2C; 9. 0-0, CD2D;
10.TRlD, PxP; 11. BxP, CIR!; 12.TDIB, C3D; 13. B2R, P4BD;
há igualdade.
Esta manobra à base de .. . , CIR, e ... , C3D, é, freqüen-
temente, usada pelas Pretas.
Nesta continuação com 4 . P3R as Brancas dispõem de duas
linhas promissoras, com 8. PxP e 8. B3D.
a) 8. PxP (em vez de 8. B2R) conduz a 8 .... , PxP; 9. C5R, B2C;
10. B5C, P3TD; 11. B2R, C3B 1; 12. P4B, etc .
b) 8. B3D (em vez de 8 . B2R, para forçar P4R), B2C; 9. 0-0,
P3R; 10. P4R!, etc.

421
- " " ' ' - - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO __________.,""-

C) 4. B4B. Considerado um dos mais fortes prosseguimentos.


A principal idéia é desenvolver o BD e aumentar a pressão na
coluna BD. A desvantagem é enfraquecer a ala da Dama, valorizando
o lance libertador das Pretas ... , P4BD.
Após 4 .... , B2C; 5. P3R, 0-0; 6. D3C, P3B; 7. C3B, PxP;
8. BxP, CD2D; 9. 0-0, C3C; 10. B2R, B3R, (ou 10 .... , B48!);
11 . 028, CD4D!; 12. BSR, 84B (prevenindo P4R); 13. D3C,
D3C, há igualdade.
As Pretas não puderam jogar ... , P4BD, mas seu jogo será
libertado por meio de trocas.
Se as Brancas aceitarem o sacrifício de Peão oferecido com
5 .... , 0-0; resuJtará uma posição complicada e muito discutida:
5 . .. . , 0-0; 6. PxP (em vez de 6. D3C), CxP; 7. CxC, DxC;
8. BxP, C3B; 9. C2R, BSC; 10. P3B, BxP; 11. PxB, DxPB; 12.Tl CR,
DxP, com um ataque intrincado, difícil.
D) 4. D3C . É outra das continuações fortes contra a Grunfeld.
A melhor resposta das Pretas parece ser 4 . ... , P3B. Se, por outro
lado, 4 ... . , PxP, as Brancas seguiriam com 5 . DxPB, B3R!;
6. D3D!, e, logo em seguida, P4R .
Após 4 . D3C, P3B, as Brancas podem transpor a posição para
uma das linhas já consideradas, com 5. P3R ou 5. B4B. Há, ainda,
outra idéia, que é forçar ... , P3R. Após 4. D3C, P3B; 5. C3B,
B2C; 6. PxP, PxP; 7 . BSC! (ameaçando ganhar o PD), C3B; 8. P3R,
P3R; as Brancas podem atacar na ala do Rei, ou no centro com
P4R, ou pela coluna BD.
E) 4. C3B quase sempre transpõe numa das linhas já exami-
nadas. Uma variante distinta é 4 .... , B2C; 5. PxP, CxP; 6. P3CR,
0-0; 7. B2C, P4BD; 8 . 0-0, CxC; 9. PxC, PxP (9 .... , C3B! é
melhor); 1O. CxP!, criando dificuldade no desenvolvimento das
Pretas.
F) 4. BSC, com a idéia de enfraquecer a posição dos Peões
pretos, mas falha contra 4 . ... , CSR; 5. Cx:C, PxC; 6. 020, P4BD 1;
7. PSD, C2D; 8. P3B, D3C!; 9. PxP, B2C; 10. 0-0-0, O3T, e as
Pretas têm um poderoso ataque .
Depois de 1. P4D, C3BR; 2. P4BD, P3CR, as Brancas podem
evitar a Defesa Grunfeld, jogando 3. P3B, com a idéia de um
imediato P4R, desenvolvimento acelerado, roque com o TO e
ataque na ala do Rei. Um exemplo é 3. P3B, B2C; 4. P4R, P3D;

422
~.s>1""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - ~ ~

5 . C3B, 0-0; 6. B3R, P4R; 7. PSD, P4TD; 8. B3D, C3T; 9 . D2D,


C4B; 1O. B2BD, P3C; 11. 0-0-0, seguido de P4CR, P4TR, com
forte ataque .
Contra essa idéia das Brancas, o melhor, para o segundo
jogador, é 3 ... . , P4D. Após 3. P3B, P4D; 4. PxP, CxP; 5. P4R,
C3C;6 . C3B,B2C;7 . B3R,0-0;8. P4B,C3B!;9 . PSD,CIC;
1O. C3B, P3BD, e as Pretas têm vigoroso contrajogo.

Variações Usuais após l. P4D, C3BR

1. Defesa Budapeste: l. P4D, C3BR; 2. P4BD, P4R


Esta defesa pode ser considerada como um gambito, e como
tal tratada.
As Brancas aceitam o Peão e devolvem-no em momento
apropriado, assegurando, para si, melhor desenvolvimento.
Após 3. PxP, C5 C, as Brancas possuem duas boas continuações,
com 4. P4R, que devolve o Peão, e 4. B4B, que retém, em muitos
casos, o Peão de vantagem.
A) 4. P4R (se 4. P4BR?, B4B!, e as Pretas têm todo o jogo),
CxPR; 5. P4BR, CR3B; 6. B3R, BSC+; 7. R2B!, 0-0; 8. C3BR,
D2R; 9. B3D, B4B; 1O. TI R, e as Brancas têm melhor jogo,
porquanto suas peças gozam de mais liberdade.
B) 4. B4B, C3BD; 5. C3BR, BSC+; 6. C3B, BxC+; 7. PxB,
D2R; 8. 050, D6T; 9. TlB, P3B; 10. PxP, CxP6B; 11. D2D,
P3D; 12. C4D, 0-0; 13. P3B!, e as Brancas retêm o Peão, embora
à custa da fraqueza de seus Peões da ala da Dama.

2. Contragambito Blumenfeld: 1. P40, C3BR; 2. P4BD,


P3R;3.C3BR,P4B;4. P50,P4CO
Idéia semelhante à do Gambito Evans, no PR. As Pretas
entregam um Peão não só para conseguir poderoso centro de
Peões, mas, ainda, rápido desenvolvimento. Um exemplo é 5.
PxPR, PBxP; 6. PxP, P40; 7. P3R, B3D; 8. C3B, 0-0; 9. B2R,
B2C; 10. P3CO, CD20, e, eventualmente, ... , P4R, seguido de
forte ataque.
As Brancas conseguem vantagem, continuando com 5. BSC,
PRxP; 6. PxPO, P3TR; 7. BxC, DxB; 8. D2B, P3D; 9. P4R, P3T;
10. P4TD! (para conseguir a casa 4BO), PSC; 11. P3T!,

423
- - = - ' - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _à

prevenindo a pregadura do CR pelo BD preto. O jogo das Brancas


é bem superior, em virtude da melhor estrutura de Peões.

B) Contragambito Benoni : 1. P4D, P4BD

Réplica agressiva, mas sem solidez.


As Pretas baseiam seu plano num avanço na ala do Rei, com
... , P4BR, mas as Brancas conservam sempre melhor jogo
Exemplo: 2. PSD!, P4R; 3. P4R, P3D; 4. B30, P3TD; 5. P4TD,
C2R;6.C2R,C3C;7.C3T,B2R;8.C4BD,0-0;9.0-0,C2D;
1O. B2D! (evitando 1O.... , C3C), P3CD ; 11. P3BD, com
superioridade para as Brancas.

C) Defesa Holandesa: 1. P4D, P4BR

A idéia principal é evitar P4R do inimigo e construir um ataque


na ala do Rei.
A melhor linha para as Brancas se baseia no "fianchetto" do
BR, quando essa peça não só atua no centro, posto que à distância,
como na defesa de seu Rei. Uma posição de Rei com "fianchetto"
é mais facilmente defendida.
A continuação principal
ocorre após 2. P3CR, C3BR ; 3.
B2C,P3R;4.C3BR,B2R ; S. P4B,
0-0; 6. 0-0, (diagrama 458) .
.\.s Pretas dispõem de três con-
tinuações cm seu sexto lance :
6 . .. . , P3D, 6 ... . ,P4D,e6 . .. . , CSR .
A) 6 . ... , P3D. É um
prosseguimento inferior, porque
as Pretas não evitam o aYanço P4R
DIAGRAMA 458 inimigo. As Brancas forçam ,
Posição depois de 6. 0-0
na Defesa Holandesa. muitas vezes, PSD, e no caso das
Pretas não poderem replicar com
... , P4R ou ... , PR.,xPD, ou quando as Brancas realizam PDxPR ,
tornará fraca a configuração dos Peões pretos. Exemplo: 6 . ... ,
P3D; 7. C3B, DlR (se 7 .... , C3B; 8. PSD!); 8. TlR, D4T; 9.
P4R, PxP; 10. CxP, CxC; 11.TxC, C3B; 12. B4B, B3B; 13 . P4TR ,

424
-='-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostirú ---------"""-

P3TR; 14.TIB!, P3T; l S. PSB, e a posição das Pretas surge inferior,


em virtude da configuração de seus Peões.
B) .. . , CSR (a idéia é forçar ... , P4R, antes do desen-
volvimento do CD preto , pois a . .. , C3BD, as Brancas sempre
dispõem de PSD!). Mas, mesmo aqui, é com PSD! que o primeiro
jogador logra vantagem : 6 .... , CSR; 7 . PSD!, B3B ; 8. D2B , P4R ;
9. CD2D, CxC; 10. CxC!, P3D; 11. PSB, e as Brancas têm su-
perioridade.
C) 6 . ... , P4D é a melhor continuação, pois impede, por
muito tempo, o avanço P4R do adversário. Após 6 .... , P4D;
7. C3B, P3B; 8. D3D, CSR; 9. CSR, C2D; 10. CRxC, BxC ;
11. P3B, CxC; 12. PxC, PxP; 13. DxPBD, B3D, as Pretas
trocaram peças suficientes para obter jogo livre, muito embora
as Brancas conservem ligeira vantagem teórica.

Para jogar P4R as Brancas devem realizar previamente P3BR


e, para isso, necessitam mover seu CR. A idéia de desenvolver o
CR branco, via 3T, é justamente impedir essa perda de tempo.
Contra essa manobra, a resposta preta ... , P4D é inferior, porém
... , P3D é a melhor. Exemplo: 2. P3CR, C3BR; 3. B2C, P3R;
4. C3TR,P4D;S. O-O,B3D;6. P4BD, P3B;7. C3B,CD2D ;
8. D3D, CSR; 9. P3B, CxC; 10. PxC, B2R; 11. P4R, e as Brancas
têm superioridade.
Ao contrário, após 4 .... , P3D!, segue-se 5. 0-0, B2R ;
6. P4BD, 0-0; 7. C3B, D1 R; 8. C4B, B1D; 9. P4R, P4R; 10. PxPR ,
PDxP; 11. C3D, PxP; 12. CDxP, C3B; 13. TI R, D3C, e as Pretas
têm um jogo mais livre. A razão é que C3T das Brancas não
contribui para impedir ... , P4R .

Gambito Staunton

Produz-se após 1. P4D, P4BR; 2. P4R. É uma continuação


compli cada, mas promissora para as Brancas; ainda não foi
refutada. Aspira a um rápido desenvolvimento e ao ataque na ala
do Rei. Exemplo: 2. P4R, PxP; 3. C3BD, C3BR; 4. BSCR, P3CR;
5. P4TR, P3D; 6. PST, com forte ataque.

425
. d ~ - - - - - - - XADREZ BÁSICO-----------"=-

Melhor para as Pretas é vigiar o centro com 4 ... . , P3CD (em Yez
de 4 .. . . , P3CR) ; 5. B4BD, P3R! ; 6. BxC, DxB; 7. CxP, D2R; 8.
B3D, C3B ; 9. P3BD, B2C ; seguido de . .. , 0-0-0, com boas
perspectivas .

IV - Abertura Reti: 1. C3BR, P4D; 2. P4B

É o modernismo em seu
mais alto grau. Visa, inicialmente,
controle em lugar de posse do
centro.
Sua idéia básica, porém, é
ocupar o centro em momento
apropriado, isto é, quando for
diretamente favorável às Brancas.
Encoraja, também, o avanço
dos Peões centrais das Pretas , pa-
DIAGRAMA 459
Abertura Reri. ra, depois, atacá-los, criando-lhes,
assim, fraquezas irremediáveis.
O "fianchetto" é a característica desta abertura.
As Pretas, na posição do diagrama 459, têm quatro réplicas
possíveis , baseadas em diferentes idéias: 2 .... , PxP, 2 . .. . , PSD,
2 . ... , P3BD, e 2 . .. . , P3R.
A) 2 . ... , PxP. Evita complicações e prepara construção de
poderoso centro, com ... , P48D e ... , P4R. Uma continuação
típica, obedecendo, fielmente, aos princípios hipermodernos, é
3. C3T, P4BD; 4. CxP, C3BD; 5. P3CD, P4R; 6. B2C, P3B!;
7. P3C, CR2R; 8. B2C, C4B!; 9. 0-0, B2R; 10. Tl B, B3R;
11. P3D, 0-0; 12. CR2D, D2D, e as Pretas têm contrajogo em
ambas as alas.
Nesta continuação as Brancas podem igualar com 5. C(4B)5R
(em vez de 5. P3CD), CxC; 6. CxC, C3B; 7. P3R, P3R; 8 . P3CD,
C2D; 9. BSC, B3D, etc.
B) 2 . ... , PSD. É muito forte para as Pretas. Das duas
continuações usuais para as Brancas, 3. P4CD, característica da
escola hipermoderna, é inferior a 3. P3R. Vejamos um exemplo
de cada:
a) 3. P4CD, P3BR; 4. B2C, P4R; 5. P3TD, P4BD; 6. PxP, BxP;

426
-""''----------- Dr. Orfeu Gill,erto D'Agostini ------~ltis..

7. P3D, C3B; 8. CD2D, P4B!; 9. P3C, C3B; 10. B2C, 0-0; 11. 0-
0, Dl R, e as Pretas têm jogo superior.
b) 3. P3R, P4BD; 4. PxP, PxP; 5. P3CR, C3BD; 6. B2C, P3CR; 7 .
P3D,B2C; 8. 0-0, P4R;9.T1R, P3B; 10. P4CD!, CxP; 11. D4T+,
C3B; 12. CxPD, DxC; 13 . BxC+, B2D, com igualdade.
C) 2 . ... , P3BD. A idéia é manter um Peão no centro e
desenvolver o BD. As Pretas devem jogar com energia, porquanto
jogo passivo as levaria a uma posição inferior.
a) 3. P3CD, C3B; 4. B2C, P3R; 5. P3C, CD2D; 6. B2C, B3D; 7 .
0-0, 0-0; 8. P4O, TlR; 9 . CD2D, C5R; 10. CxC!, PxC; 11.
C5R!, P4BR; 12. P3B!, PxP; 13. BxP, O2B; 14. CxC, BxC; 15.
P4R, e as Brancas têm clara superioridade (Reti x Bogoljubow,
Nova York, 1924) .
b) 3. P3CR, C3B; 4 . B2C, B4B! (o desenvolvimento deste Bispo
dá às Pretas jogo satisfatório); 5. P3C, CD2D; 6 . B2C, P3R; 7 .
0-0, B3O; 8. P3D, 0-0; 9. CD2D, P4R!; 10. PxP, PxP; 11 .
TlB, D2R; 12.T2B, P4TD!; 13. P4TD, P3T; 14. D1T,TR1R; e
as Pretas têm melhor jogo (Reti x Lasker, Nova York, 1924).
D) 2 . ... , P3R. Mais passiva e menos promissora que 2 ... . ,
P3BD, mas é uma continuação sólida.
Em todas as variantes da Abertura Reti, nas quais as Brancas
apenas controlam o centro à distância, as Pretas, em ocupando
com seus Peões as casas centrais, obtém clara superioridade.
Se as Brancas impedirem a formação do centro preto, ou,
formado ele, neutralizam-no em seguida, resultará uma posição
de igualdade .
Se as Pretas não ocuparem o centro, sua posição se apresentará
inferior.

V - Abertura Catalã

Há diversas formas iniciais desta abertura, tornando difícil,


por isso, a apresentação de uma seqüência normal. Pode resultar
da transposição de várias aberturas, como a Abertura Reti, o
Gambito da Dama Aceito, o Gambito da Dama Recusado, etc.
Há, porém, sempre uma idéia básica para as Brancas: a
combinação de P4D com P3CR.
A Abertura Catalã possibihta, ainda, transposições para outras
aberturas .

427
-=---------- XADREZ BÁSICO-------~~

Consideremos a posição
depois de 1. C3BR, P4D; 2. P48D,
P3R; 3 . P4D, C3BR ; 4 . PKR
( diagrama 460).
A Abertura Catalã combina
o controle real à distância do
centro (aspiração da Abertura
Rcti) com o control e efetivo das
diagonais para os Bispos , bem
como faculta a instalação de seus
DIAGRAMA 460
Abertura Catalã. Peões no centro; evita, também,
o forte centro preto, que se forma
na Abertura Reti.
As Pretas podem escolher: ruptura precoce, com .. . , P4BD,
acompanhado de um rápido desenvolvimento, ou a troca .. . ,
PDxPB, transpondo a partida para um tipo de posição do Gambito
da Dama Aceito.
A) 4 .... , B2R; 5. 82C, 0-0; 6. 0-0, P4B; 7. PxPD, CxP!
(7 . ... , PRxP, transpõe para uma linha desfavoráYel da Defesa
Tarrasch); 8. P4R, C3C; 9. C3B, PxP; 10. CxP, C3B! ; 11. CxC,
PxC; 12. D2R, P4R; 13. B3R, B3R; 14. TRlD, D2B, com
igualdade.
O PBD preto é facilmente defendido.
B) 4 .... , PxP; 5. D4T+, CD2D (ou 5 .... , 820; 6 . DxPB,
B3B; 7. B2C, B4D; 8. D2B, C3B!, com boas perspectivas) ; 6.
B2C, P3TD!; 7. C3B!, TDIC; 8. DxPB, P4CD; 9. D3D, B2C;
10. 0-0, P4B; 11. PxP, CxP; 12. DxD+,TxD; 13. B4B, B3D,
com igualdade, aproximadamente.

VI - Abertura Inglesa: 1. P4BD

Semelhante à Abertura Reti em muitos aspectos ,


principalmente nas possibilidades de transposições. Em ambas as
aberturas, as Brancas não se apoderam do centro, mas controlam-
no à distância, pelos flancos.
As Pretas devem ocupar o centro com seus Peões.
Em muitos casos, produzem-se aberturas familiares, com as
cores invertidas.

428
~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu GJ.berto D'Agosti.ni ----------""'"-

A réplica natural das Pretas é


1 .... , P4R, colocando um Peão no
centro; origina-se, então, uma
Defesa Siciliana para as Brancas,
que têm um lance a mais.
Três pontos diferentes devem
ser assinalados :
1 - O lance P4D, que é um
problema para as Pretas na Defesa
Siciliana, aqui, porém, não o é,
visto que pode ser jogado pelas Posição após 3 ..... 08D
na Abertura Inglesa.
Brancas, a qualquer momento.
2 - As Brancas podem construir seu jogo na coluna BD mais
rapidamente . Já na Defesa Siciliana, essa idéia seria para as Pretas
de execução mais demorada.
3 - O lance ... , P4D das Pretas não é simples, ao contrário,
do que sucede às Brancas, quando jogam contra a Siciliana.
Após 1. P4BD, P4R; 2. C3BD, C3BR; 3. C3B, C3B; origina-
se a posição do diagrama 461 .
As Brancas dispõem de quatro continuações à sua escolha: 4.
P4D, 4. P3D, 4. P4R e 4 . P3R.
A) 4. P4D. É o lance que na Defesa Siciliana dá igualdade às
Pretas. Aqui as Brancas conseguem, geralmente, algo mais.
A linha principal é 4 . P4D, PxP; 5. CxP, B5C!; 6. B5C,
P3TR!; 7. B4T, BxC+; 8. PxB, C4R!; 9. P3R, P3D; 10. B2R, C3C;
11. B3C, C5R; 12. D2B, D2R; 13. B3D, com possibilidades
iguais.
B) 4. P3D. Leva à Variante Draconiana da Siciliana, com um
lance a mais. Ê, provavelmente, a mais promissora para as Brancas.
Após 4. P3D, P4D; 5. PxP, CxP; 6. P3CR, B2R; 7 . B2C, C3C;
8 0-0, 0-0; 9 . B3R, P4B; 10. C4TD, P5B; 11. B5B, B3D!;
exatamente como na Variante Draconiana da Siciliana.
C) 4. P4R. Ensaiado para prevenir ... , P4D; mas as Pretas
igualam em : 4 . P4R, B4B; 5. CxP, CxC; 6 . P4D, B5C; 7. PxC,
CxP; 8. D4D, P4BR, e há igualdade, aproximadamente.
D) 3. P3R. Omite P4R . As Pretas igualam sem dificuldade :
4.P3R,B5C;5 . D2B,0-0;6.B2R,TlR;7.0-0,P3D;8.C1R,
B3R, e, eventualmente, . .. , P4D, com excelente jogo.

429
~'------------ XADREZ BÁSICO ---------=--

Contra 1. P4BD, as Pretas podem jogar também 1 ... . , P4BD,


mas as Brancas se asseguram ligeira vantagem. Um exemplo é
2. C3BR, C3BR; 3. P4D, PxP; 4 . CxP, P4D; 5. PxP, CxP; 6. P4R,
etc.

VII - Abertura Bird e Ataque Nimzowitch

Ambas as aberturas possuem, como idéia principal, jogar CSR


assim como realizar ataque na ala do Rei.

Abertura Bird: 1. P4BR

A resposta mais usual é 1 .... P4D, e, após 2 . P3R, as Pretas


têm duas escolhas: 2 .... , C3BR e 2 .... , P3CR .
A) 2 .... , C38R; 3. C38R, 85C; 4. 82R, 8xC! (prevenindo
C5R a todo custo); 5. 8xB, CD2D; 6. P48!, P3R! ; 7 . PxP, PxP;
8. C3B, P38; 9. 0-0, 82R, com igualdade.
8)2 .... ,P3CR;3. C38R,82C;4.P4D,C38R;5.83D,O-
O; 6. P38, P3C, com igualdade.

Gambito From: 1. P48R, P4R

Não tem solidez. As Brancas conseguem melhor jogo. Um


exemplo é: 2. PxP, P3D; 3. PxP, BxP; 4. C3BR, P4CR!; 5. P3CR,
P4TR;6.P4D,P5C;7.C4T,B2R;8. C2C,P5T;9.B4B,B4BR;
10.C3B,PxP; 11.BxPC,C3BR; 12.C4B,C5R; 13 . CxC,BxC;
14. B2C, e as Pretas não obtêm compensação pelo Peão a menos.

Ataque Nimzowitch

1. C3BR em conjunto com o "fianchetto" do BD. As Pretas


defendem-se, seja trocando o CR branco, seja desenvolvendo seu
BR por "fianchetto"
A) 1. C38R, P4D; 2. P3CD, P4BD; 3. B2C, C38D; 4. P3R,
C3B;5 . 85C,82D;6.O-O,P3R;7.P3D,B2R;8 . CD2D.O-O;
9 . BxC!, BxB; 10. C5R, TlB; 11. P4BR, C2D; 12 . D4C, com
perspectivas de ataque .
8) 1. C3BR, P4D; 2 . P3CD, P4BD; 3. B2C, C3BD; 4 P3R,

430
"""~""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - - ~ " ' -

D2B; 5. B5C, P3TD; 6. BxC+, DxB; 7. P3D, P3B; 8 D2R, P4R;


9.P4B,C2R;10.O-O,B5C;ett.
C) 1. C3BR, P4D; 2. P3CD, C3BR; 3. P3R, 85C!; 4, B2C,
CD2D; etc.

VIII - Inovações e Corrigendas nas Aberturas

É bem provável qu e algumas das variantes apontadas e


recomendadas quando estudamos este capítulo tenham sido
melhoradas, refutadas, ou até mesmo condenadas, ao sair a edição
deste livro. É um fato, todavia, que se vê com freqüência em todas
as publicações similares.
A explicação é óbvia. Xadrez é ciência e, também, arte . Não
se trata, evidentemente, de uma ciência acabada; ao contrário,
constitui terreno propício para estudos e investigações novas, que
amiúde aclaram, transpõem, ou modificam, às vezes, radical-
mente, conclusões anteriores. É, por conseguinte, uma ciência
em desenvolvimento.
Sendo arte e ciência, ao mesmo tempo, o xadrez estará
subordinado não só ao estilo da época, senão também à inteligência
e à inspiração do enxadrista.
Desta forma se explicam os fenômenos de precocidade em
nosso jogo. Apelando-se para o lado inspirativo do jogo ciência,
poder-se-á, então, compreender como Capablanca, aos doze anos
de idade, fora campeão de Cuba, após derrotar os mais eruditos
teóricos de sua terra . Capablanca, para quem o xadrez significava
uma língua nativa, vencia seus adversários mais por inspiração do
que pela força do raciocínio.
O xadrez, se é uma ciência em desenvolvimento, também é,
como dizia Reti, uma arte em formação; daí precisar um vigor
espiritual e uma profunda reflexão.

Mutações no Conceito das Aberturas

É interessante obse rvar como o julgamento de muitas


aberturas tem sofrido flutuações através dos tempos . Vejamos
alguns casos demonstrativos .
1 - Já vimos, em páginas deste capítulo, que a Defesa Caro-
Kann (1 . P4R, P3BD) foi considerada a melhor das réplicas

431
~ · ~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - -~!~

irregulares a 1. P4R; no entanto, em 1933, com o advento do


forte atague Botwinnik-Panoff (1. P4R, P3BD; 2. P4D, P4D; 3.
PxP, PxP; 4. P4BD), essa defesa guase desapareceu da prática dos
torneios.
Após breve ocaso e como consegüência de estudos vitali-
zadores, a Caro-Kann novamente renasceu e goza ainda de algum
prestígio entre os mestres.
2-0 Contra-Gambito Falkbeer (1. P4R, P4R; 2. P4BR, P4D)
já foi considerado a demolição do Gambito do Rei; entretanto,
hoje se encontra eliminado da prática dos mestres, devido,
principalmente, a uma linha de jogo analisada por Keres, como já
apontamos, e gue dá supremacia manifesta para o jogo das Brancas.
3 - A Defesa Francesa (1. P4R, P3R) tem levado grandes
mestres à derrota. Daí ser censurada e condenada por vários
críticos, em especial por seu caráter francamente restringido, 9ue
dificulta o jogo das Pretas. Porém, nas mãos de Nimzowitch,
Maroczy, Alekhine e, principalmente, de Botwinnik, gue fizeram
estudos aprofundados de suas multiplas variantes, a Defesa
Francesa tem dado às Pretas grande numero de brilhantes triunfos.
4 -A Defesa Índia do Rei (1 . P4D, C3BR; 2. P4BD, P3CR; 3.
C3BD, P3D) outrora considerada linha de jogo perigosa e
acanhada para o segundo jogador, hoje vive esplêndido reinado,
constituindo arma favorita dos grandes mestres do xadrez
moderno.
Uma das características dos grandes mestres atuais - e nela
residindo um dos fatores de seus triunfos - é justamente reviver
velhas aberturas e variantes já condenadas pela teoria e relegadas
ao esguecimento, surpreendendo seus adversários, com melhorias
e inovações, frutos de entranhados estudos caseiros.
5 - Audaciosas, certas concepções de Reti no tocante às
aberturas.
Em Los Grandes Maestros DelTablero, diz o grande professor:
"Em geral se pode estabelecer que existem duas defesas contra 1 .
P4R, que tornam impossível para o primeiro jogador obter a
iniciativa e dão às Pretas uma partida equilibrada, sem
dificuldades, de tal maneira gue tornaram guase impossível abrir
o jogo com 1. P4R. São a Caro-Kann (1. P4R, P3BD) e a Variante
Rubinstein Retardada da Defesa Francesa (1. P4R, P3R; 2. P4D,
P4D; 3. C3BD, C3BR; 4. BSC, PxP)."

432
A ~ - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - ~ ~ -

6 • • Em Modern Ideas ln Chess, o mesmo Reti dizia que "A


resposta 1... . , P4R, ao lance Branco 1. P4R, é um erro(!), que se
pode demonstrar com um forte ataque contra o PR preto, como
se faz na Abertura Ruy Lopez. Daí 1. P4R ser dificilmente
contestado por 1.... , P4R ."
Esses conceitos de Reti, emitidos há vários anos, não mais
subsistem. Estudos modernos valorizam o jogo das Brancas, quer
contra a Caro-Kann quer, e principalmente, contra a Variante
Rubinstein Retardada da Defesa Francesa (ver o capítulo res-
pectivo). E quanto à resposta l .... , P4R, grandes mestres, como
Alekhine, Euwe, Keres, Smyslov, Bronstein, etc., se encarregaram
de demonstrar, através de um grande número de magníficas
partidas, sua eficiência e potencialidade de luta.
Se tem variado de tal maneira o ju.Ízo sobre Aberturas e Defesas
bem individualizadas e caracterizadas, que dizer, então, deste ou
daquele lance relativo a uma abertura qualquer?!

O Segredo das Aberturas

O segredo das aberturas em xadrez não está, precisamente,


em conhecer variantes de memória, nem de saber como tal mestre
replicou em tal partida uma determinada jogada. O importante ,
isto sim, é ter o conceito básico do sistema das aberturas .
As numerosas linhas das aberturas devem ser consideradas
pelos enxadristas como coleção de variantes ilustrando a aplicação
das leis estratégicas gerais, a que devem obedecer todos os bons
lances.
Apesar de nunca ter ,isto uma abertura, o enxadrista poderá
resolver satisfatoriamente seus problemas de abertura, desde que
conheça seus princípios gerais, como o desenvohimento, o centro,
a importância das colunas abertas, a importância do Peão central,
do dominio do território, etc., em suma, que tenha bem
conhecido e assimilado o corolário de todos esses princípios, ou
seja, a mobilidade das peças.
Toda a teoria do xadrez é alicerçada na idéia da mobilidade :
uma peça é mais forte do que outra, se ela exerce fiscalização
num maior número de casas; uma posição é preferível a outra, se
as peças atuam juntas mas harmoniosamente, com maior liberdade
de ação.

433
_.,,,..___________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - " " " ' -

Estas considerações, que são a chave das vantagens posicionais


em geral, devem ser lembradas nas aberturas.
Ao se deparar com uma posição em que não se recorda do
"livro", deverá o enxadrista ajuizá-la de acordo com os princípios
gerais e procurar, graças a eles, o lance indicado. Assim proce-
dendo, em poucos casos fará erros . E por que não acertará em
todos?
Simplesmente porque as leis gerais não são absolutas, pois
muitas vezes se chega à vitória contrariando os mais elementares
princípios! Basta atentar, por exemplo, que a Dama vale mais que
o Cavalo, como regra geral; no entanto, posições há em que o
Cavalo, ou mesmo um simples Peão, vale mais do que a Dama!
Embora não aplicáveis absolutamente a todos os casos, as
regras gerais do xadrez e, em particular, os princípios gerais das
aberturas devem ser conhecidos e seguidos por todos os que se
interessam pelo estudo e prática do xadrez.

434
CAPÍTULO
V

TEMAS POSICIONAIS DE MEIO JOGO


E FINAL

PARTIDAS DE MESTRES
~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ " ' -

Reservamos este último capítulo para o estudo de temas


enxadrísticos encontrados nas duas últimas fases da partida, isto
é, no meio jogo e no final.
É bem verdade que nem toda partida dá a conhecer um tema
e que muitas partidas, principalmente jogadas por mestres, se
apresentam aparentemente obscuras à análise dos principiantes e
mesmo de fortes jogadores. Justamente no último caso, assume
grande importância o conhecimento dos temas enxadrísticos, o
qual permite estreitar a brecha que existe entre o espectador e
o executor da partida.
Numerosos são os temas existentes em nosso jogo, porém,
devido aos limites deste livro, tivemos que nos restringir ao estudo
de apenas um pequeno número e, somente, aqueles de caráter
estratégico, de jogo posicional (os temas de combinação de cará-
ter tático foram vistos no capítulo terceiro). Mas, apesar de pou-
cos, foram eles selecionados de maneira que permitam a com-
preensão de temas outros não explorados.
Como tema estratégico somente consideramos aquelas
vantagens - vantagens próprias ou desvantagens do adversário que
se constituíram em eixo de toda a partida, ou de um determinado
momento, mas capazes de levar à decisão favorável, ou de
influenciá-la bastante.
Na escolha das partidas e dos exemplos demonstrativos tivemos
em conta principalmente o seu aspecto ilustrativo; mas,
propositadamente, apresentamos casos ocorridos em diversas
épocas do nosso jogo, familiarizando, assim, os leitores com
grandes vultos da história do xadrez, muitos dos quais, mercê de
suas contribuições e inovações, chegaram a formar verdadeiras
escolas. Sem prejudicar a clareza dos temas - ao contrário,
iluminando-os ainda mais - prestamos, assim, justa homenagem
aos heróis do xadrez de todas as épocas.
Finaliza este capítulo uma série de partidas dos grandes mestres
contemporâneos, em que se projetam os mais variados temas do
jogo de posição e do jogo de combinação.
Nas partidas deste capítulo não foram feitas análises nem crítica
das aberturas empregadas. Aconselhamos ao leitor, pois, em cada
uma delas, voltar ao capítulo quarto, para o estudo teórico da
abertura respectiva e da variante empregada.

437
-=---------- XADREZ BÁSICO -----------=-

I -AS POSIÇÕES RESTRL"\TGIDAS-


RUPTURAS -ATAQUES AO FL.-\J"\J CO DO REI -
CONTRA-ATAQUES CENTRAIS

Origens e Inconvenjentes das Posições Restringidas

A aspiração de toda abertura forte é o domínio do centro,


primazia que confere, como sabemos (capítulo quarto), vantagem
em espaço e maior mobilidade para as peças.
Na gênese das posições restringidas encontramos sempre o
abandono do centro, ou uma inferioridade nesse setor, ao lado
de um desenvolvimento pobre e difícil para as peças, que se
estorvam entre si.
As características das posições restringidas são, pois, um espaço
reduzido e uma limitação nos movimentos das peças.

Como E~-plorar uma Posição Restringida

A vitória só pode ser obtida mediante um ataque de flanco


(em particular do flanco do Rei) do lado superior, que desfruta
da vantagem da maior mobilidade de suas forças. Conforme os
casos, o ataque é de realização imediata, ou posterior a uma
manobra de ruptura no campo inimigo, quando a estrutura dos
Peões inimigos .assim o obrigar. A ruptura permite abrir diagonais
e colunas no território do adversário, aumentando assim a
eficiência das peças atacantes.

Condições para um Ataque

O ataque no flanco Rei, nas posições coibidas, exige condições


fundamentais, tais como:
1. Um bom desenvolvimento de peças.
2. Domínio e estabilização do centro.
3. Preparo da ruptura (nos casos em que é necessária) e sua
realização no momento apropriado.
4. Evitar trocas desnecessárias de peças.
5. Realização do ataque no momento exato, sem maiores
protelações.

438
-""''-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ ~

O ataque, para ser vitorioso, deverá contar com um bom


desenvolvimento de peças; caso contrário, resultará em fracasso .
Ataques prematuros, sem o desenvolvimento de peças, estão
condenados ao mais completo insucesso.
Condição precípua para um ataque de flanco é que esteja bem
segura a posição do centro. O centro deve estar dominado e
estabilizado.
Um ataque de flanco malogra quando não são cumpridas essas
condições, e o adversário pode contra-atacar no território central.
O contra-ataque no centro, quer por meio de Peões, quer por
meio de peças, é a maneira de neutralizar um ataque de flanco.
Quando se tem no flanco uma vantagem positi\·a, o ataque no
flanco não só é justificado, senão a única maneira de tomar
produtiva essa vantagem.
Essas idéias foram desenvolvidas pelo grande mestre austríaco
Wilhelm Steinitz (campeão mundial de 1866 a 1894), o criador
da escola moderna do xadrez, e podem ser sintetizadas no
esquema: centro dominado e estabilizado ~ pressão de Peões
no flanco do Rei.
Para a execução dessas idéias, nas partidas que se iniciam com
1. P4R, P4R, Steinitz empregava, com as peças brancas, sua
formação característica de Peões, à base de P3BD, P3D e P4R .
Formava, assim, um centro seguro, estável, o que lhe permitia
desenvolver um vitorioso ataque de flanco, como veremos na
primeira partida deste capítulo.

Condições para uma Ruptura

Nos casos em que o ataque necessita de uma manobra preliminar


de ruptura, há requisitos igualmente necessários. Assim:
1. O ponto de ruptura, na configuração dos Peões ad\·ersários,
deverá ser bem escolhido, e, mais valioso será, quanto mais perto
se encontrar do Rei inimigo.
2. A ruptura deverá ser realizada em momento exato,
aproveitando-se a liberdade de terreno de que se dispõe, a fim de
colocar as peças em propícias condições, para mais tarde tirar
proveito do jogo aberto.

439
~ ~ - - - - - - - XADREZ BÁSICO------------'~ -

Em geral, o jogador que tiver mais liberdade de movimentos,


em uma maior área, estara em melhores condições para colocar
suas peças o mais vantajosamente possível, ante uma possível
ruptura de seu oponente, que tem uma posição restringida.
Estas são as idéias dominantes a empregar em posições
coibidas, que são devidas, em grande parte, ao mestre alemão
SiegbertTarrasch, discípulo e coordenador das idéias de Steinitz.
3. Quando uma ruptura é realizada em fase adiantada do meio
jogo, com redução do material em virtude de trocas, princi-
palmente das Damas, entre as manobras preparatórias da ruptura
deve-se centralizar o Rei, aproximando-o das casas centrais.
Na realização de um ataque, deve-se evitar as trocas des-
necessarias de peças. Sabemos (capítulo quarto) que uma posição
restringida se explora com um ataque, mas se li\Ta pela troca de
peças.
Quem tem vantagem em terreno necessita de elementos, de
forças para aproveitar essa primazia. A troca de peças torna difícil,
ou mesmo inexeqüível, o aproveitamento de uma posição
restringida.
Uma ,·ez satisfeitas as condições para um ataque, deverá ele
ser logo praticado, sem maiores delongas. A desvantagem
restritiva de uma posição já foi vista (capítulo quarto): é uma
debilidade transitória ( de peças) e pode desaparecer, se houver
tempo para melhor situar ou trocar as peças. Por esse motivo, o
ataque deve ser efetuado tão logo seja possível, sem dar tempo ao
adversário de aJi..,iar-se, ou mesmo desfazer-se de sua posição
coibida.
Existem vários graus de posições restringidas; igualmente, há
várias maneiras de se realizar o ataque a essas posições .
Nas partidas seguintes elucidaremos e ilustraremos essas
noções teóricas sobre as posições coibidas, bem como a maneira
de aproveitá-las .

PARTIDA Nª 1 2 . C3BR P3D


Dublin, l 865 3. B4B
PR · · Defesa Philidor Vimos à página 363 a
Brancas Pretas continuação 3. P4D, que con-
Steinitz McDonnell fere às Brancas superiori-
1. P4R P4R dade na abertura. Steinitz não

440
""""''-------- Dr. Orfeu GJberto D'Agostini ------~e¾.

procurava realizar o avanço dispõem elas de um Peão cen-


P4D nas aberturas com 1. P4R, tral e sua estrutura de Peões,
P4R, massimavançaroPDuni- nesse setor, é análoga à das
camente um passo, para cons- Brancas. Mas sua posição é
tituir sua formação caracterís- inferior, em virtude da situação
tica de Peões. de seu BR, limitado em seu
3 .... 82R raio de ação, fato que confere,
4. P3B C3BR ao segundo jogador, uma po-
5. P3D sição restringida.
As Brancas deverão apro-
A formação característica de veitar essa situação com um
Peões de Steinitz ataque no flanco do Rei, ataque
Esta é a posição caracte- que se acha em preparo.
rística de Peões de Steinitz: Seu BR é peça valiosa para
P3BD, P3D e P4R. A idéia é a realização desse ataque. A
construir um centro seguro, a troca ... , CxB beneficiaria
fim de realizar um ataque no sobremaneira as Pretas, pois
flanco do Rei, sem dar ao adver- sabemos que uma posição
sário ensejos de contra-ataque restringida se livra por meio de
central. trocas.
5 .... 0-0 11 .... C3R
6. 0-0 B5C 12. P3CR!
7. P3TR BxC Com duas finalidades :
Esta troca deixa às Brancas 1. Evita 12 .... , C5B, que
a vantagem do par de Bispos, obrigaria as Brancas a jogar
conhecimento esse ainda não 13. BxC, desaparecendo assim
difundido na época (1865). a vantagem do par de Bispos,
Observar que o Peão bran- dando oportunidade às Pretas
co em 3TR servirá de apoio ao de trocarem peças.
avanço do PCR. 2. Reforça o avanço do PBR
8. DxB P3B e, se após 13. P4BR, PxP;
9.B3C CD2D então 14. PxP, retomando de
10. D2R C4B Peão e não de peça, com a
11. B2B vantagem de abrir a coluna CR
e evitar as trocas benéficas ao
Evitar as trocas desnecessárias segundo jogador.
nas posições restringidas 12. ... D2B
Nesta posição, as Pretas não 13. P4BR
têm inferioridade no centro; O ataque no flanco do Rei

441
XADREZ BÁSICO
-"""--------- ------------=-

tem início e suas perspectivas manobra a que as Pretas as-


de vitória são as melhores, pois sistem , sem nada poder fazer.
as Pretas não podem efetuar As desvantagens das Pretas
contra-ataques ao centro bran- são o espaço reduzido e o entor-
co, seguro e estabilizado que pecimento de sua posição. A
ele se encontra. primazia das Brancas consiste
13 .... TRJR na vantagem em espaço, assim
14. C2D TDJD como na maior mobilidade de
15. C3B RlT suas peças.
20 . ... C(38)2T
21. C3B!
Nada de trocas desneces-
sárias!
21 .... T20
Preparando-se para defen-
der a casa 2CR, alvo do ataque
branco; porém essa manobra,
embora possível, mais en-
torpece a posição preta.
DIAGRAMA 462 22.TlCR BlD
Posição após 15 .... , RlT. 23.B6T P3B
Centro dominado e estabilizado:
pressão de Peões no ílanco do Rei . 24.T2C P40

Posições restringidas O contra-ataque a um centro


=Passividade seguro e estabilizado não
A posição restringida das produz resultados
Pretas não lhes permite plano Uma tentativa de libertação
algum . Ao contrário, a partida que a nada conduz : o centro
das Brancas, neste momento, branco está bem seguro. As
joga-se por si, visto que o peças pretas devem, ainda,
ataque é fácil de conduzir. permanecer estáticas, na defesa
16.PSB ClB de seu Rei.
17. P4CR P3TR 25 .TDJCR TR2R
18.PSC PxP 26.PxP PxP
19.CxPC RlC 27 . 84T
20. RlT Eliminando uma das
Com a idéia de fazer atuar defesas do ponto atacado 2CR.
as Torres na coluna CR aberta, 27.... T30

442
~,2".l~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - -- - -----""ci..

28.TxP+ TxT 9.P4B P3B


29.TxT+ DxT 10. C5C!
30. BxD Fina jogada e que não deve
E as Brancas ganham, graças ser considerada como um
a sua vantagem material. ataque prematuro. Sua prin-
cipal idéia é favorecer o avanço
P4BR, para cooperar no ata-
PARTIDA Nª 2 que ao flanco do Rei . Ao mes-
Viena, 1898 mo tempo, impede o desenvol-
PR - Defesa Petroff vimento do CD preto, via
Brancas Pretas 2D, pois se 10 ... . , CD2D;
S.Tarrasch G. Marco 11 . D2R!, seguido de 12 . CxB
1. P4R P4R e 1 3 . DxP+, ganhando um
2. C3BR C3BR Peão.
3. CxP P3D 10 .... C3T
4. C3BR CxP Desenvolvimento anormal
5. P4D B2R do Cavalo provocado pelas
Brancas. Inútil seria 1O. . . . ,
O abandono do centro dá P3TR; por 11 . CxB, PxC; e o
as
origem posições restringidas PR tornar-se-ia débil, alvo fácil
A última jogada das Pretas de ataque .
não é recomendável. Estuda- 11. C3BD
mos à página 364 o lance cor- Desenvolve normalmente
reto 5 .... , P4D!, mantendo um uma peça, reservando, ao
Peão central. Nesta partida as mesmo tempo, a casa 1CD para
Pretas não se ligam a esse fato o Bispo de 3D, caso as Pretas o
e, como resultado, terão uma ataquem com ... , CSCD.
posição restringida, conseqüen- 11. ... C2B
te do abandono do centro. 12. P4B P3TR
6.B3D C3BR 13. C3B!
7.0-0 0-0 As Pretas realizaram o
8. P3TR! avanço do PTR após terem
Uma boa jogada e que defendido seu BD com o CD,
atinge a duas finalidades: uma tornando sem efeito a variante
imediata, limitando o desen- apontada após o 1ou lance do
volvimento do BD preto, e segundo jogador.
outra tardia, ao preparar um A retirada 13 . C3B! é a al-
futuro ataque com P4CR . ternativa melhor. Inferior seria
8. ... B3R 13. CxB, troca que somente

443
-='---------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ----=-

beneficiaria as Pretas, que se asseguram a vitória pelo ataque


encontram em posição coibida . ao flanco do Rei .
18 . ... PSC
O ataque é o meio para se 19 . C2R P4TD
explorar wna posição restringida 20. P4C
A análise da posição revela O ponto de ruptura está
o seguinte: fixado em SCR; sua realização
1 . Devido às imperfeições pennitirá a abertura de colunas
da abertura, as Pretas se en- sobre o roque preto.
contram com inferioridade no 20.... C2T
centro, resultando daí uma des- 21. P4TR
vantagem em espaço e uma
limitação no movimento de
suas peças. Sua posição setor-
na, pois, restringida.
2. As Brancas, ao contrário,
dispõem de mais bberdade para
suas peças, de domínio central
e de boas possibilidades de
ataque no flanco do Rei.
13. ... DIB
14. D2B TIC DIAGRAMA 463
As Pretas nada podem fazer Posição após 21. P4TR.
O ataque das Brancas ao flanco do Rei
no centro nem no flanco do inimigo decide a partida.
Rei; suas Únicas oportunidades
situam-se no flanco da Dama. O ataque se desenvoh·e
15.PSBR! B2D com segurança, pois não há
16. B4B possibilidades de contra-ata-
Completando o desenvol- ques do adversário no centro.
vimento de suas peças me- 21.... DID
nores, necessário para o bom 22.B3C
êxito do ataque. Defende o PTR, ao mesmo
16. ... P4CD tempo que abre a coluna BR à
17. P3CD P4B Torre branca.
18. PSD! 22 .... P5T
O centro está agora seguro 23. RIT TIT
e perfeitamente estabilizado, 24.TDIR!
condições fundamentais que

444
-B>L-_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - -----"""'"'

Devem ser evitadas as trocas Uma ruptura bem preparada


desnecessárias, quando se decide a partida
executa u.m ataque aposição A ruptura final, bem pre-
restringida parada pelo grande mestre
Aqui, temos um ótimo Tarrasch.
exemplo da importância em se A posição preta desmorona
evitar as trocas desnecessárias. com rapidez.
As Pretas ameaçavam 24 .... , 29 .... PxP
PxP; 25. PxP, TxT; 26. TxT, 30. PxP CxP
conseguindo trocar sua inativa 31. D2TR!
TO. Ao contrário, com 24 .... , Ameaçando mate pela
TDl R! importante coluna colW1a recém-aberta .
passa a ser dominada pelo pri- 31. ... RlC
meiro jogador, enquanto a TO 32.CxC BxC
preta continua sem ação. 33. P6B
24. ... ClR Novamente ameaça mate
Defendendo o PD, para com O7T + e O8T.
poder jogar ... , B3BR, com 33. ... P3C
pressão na ala da Dama. 34. BxPC! Abandonam.
25.C4B B3BR Se 34 .... , PxB; 35 . P7B+,
A ruptura em 5CR não é R2C; 36. P8B=D mate .
ainda possível, pois enquanto as Esta partida constitui bom
Brancas fiscalizam essa casa exemplo do aproveitamento
com apenas duas peças, as prático das posições restrin-
Pretas a dominam com quatro. gidas e está intimamente ,·in-
O próximo lance das Bran- culada aos temas de ruptura e
cas acelera o desenlace. de ataque direto ao Rei.
26. C6R!
Todas as peças brancas
cooperam no ataque ao flanco PARTIDA N 2 3
do Rei inimigo. Este Ca\'alo não "Match" pelo Campeonato
pode ser tomado, porque após dos Estados Unidos, 1942 .
26 .... , PxC; seguiria 27. PBxP, 4ª partida
BlB; 28. BxC+, etc. Nova York
26. ... PxP Abertura Ruy Lopez
27. PxP D3C Brancas Pretas
28. CxT RxC Kashdan Reshevsk;·
29. P5C! 1. P4R P4R
2.C3BR C3BD

445
-=------------ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - = -

3. B5C P3TD "fianchetto", baseado no insu-


4.B4T P3D cesso das Pretas na partida
Constitui a Defesa Steinitz Keres x Alekhine, Margate,
Retardada. Vide estudo teórico 1937, em que o campeão
às páginas 353 e 354. mundial foi fragorosamente
5 . P4B B2D derrotado.
6 . C3B C3B 7. P4D PxP
Esta partida tem méritos 8.CxP
para os estudiosos de xadrez, Analisando esta posição
não somente por seu alto grau vemos que:
ilustrativo para o tema em foco 1 . As Brancas mantêm o
(exploração das posições res- domínio das casas centrais,
tringidas), como também pe- dispõem de melhor desen-
los comentários feitos a ela volvimento e de vantagem em
pelos grandes mestres Reuben espaço. Em resumo, conse-
Fine, em Chess Review, e Ale- guiram uma mobilidade maior
xandre Alekhine, em sua obra para as suas peças.
póstuma Legado!. 2. As Pretas, devido à perda
O então campeão mundial do centro, encontram-se em
(Alekhine) analisou profun- posição restringida; seu Peão
damente as onze partidas desse mais a\'ançado (o PD) controla
"rnatch", estudando o estilo de apenas casas de seu próprio
jogo de Reshevsky, que con- território; o BR se encontra
siderava juntamente com o limitado em sua ação. Há des-
russo Botwinnik - os mais vantagem em espaço e na movi-
sérios rivais para a disputa do mentação das peças.
campeonato mundial. São as desvantagens das
Comentando o último lan- posições restringidas.
ce das Pretas (6 .... , C3B), em- O meio de explorar essa
bora sem criticá-lo, Alekbine posição é um ataque ao Rei,
citou a alternativa do desen- que as Brancas procuram
volvimento do BR por "fian- construir e desenvolver com
chetto", como oferecendo às êxito.
Pretas melhores perspectivas: 8 .... CxC
6 .... , P3CR; 7. P4D, B2C; 8. Alekhine coloca uma in-
B3R, PxP; 9. CxP, CR2R, etc . terrogação a esse lance e co-
De opinião contrária é menta : "Por que essa pressa em
Fine, que considera mau esse trocar as peças desenvolvidas?

446
·~ ' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ----------"'"'--

Mais indicado seria 8 .... , B2R, consideravelmente a liberdade


seguido de ... , 0-0." de manobra das Pretas. Em
O fato é que Reshevsky ambos os casos, 13. B2C, ou 13.
procura, com a troca de duas B5C,P3TR; 14. B4T,TRIR;etc.,
peças, suavizar sua posição as Pretas teriam mais possibili-
restringida, manobra que é dades do que na partida ."
iguahnente recomendada por 13.B2C BlB
Fine em seu livro Jdeas Bahind Defende o ponto crítico
The Chess Openings. 2CR exercendo pressão, ao
9.BxB+ DxB mesmo tempo, sobre o PR
10 . DxC B2R branco.
11. 0-0 0-0 14.TDlO
12. P3CD! Torna-se agora impossível
As trocas aliviaram em a libertação inimiga, à base de
parte a posição de Reshevsky, ... , P4D.
mas padece ela ainda do caráter 14. ... T3R
restritivo. Com o objetivo de dobrar
A ação do BR preto é pra- as Torres na coluna do Rei,
ticamente nula e grande a idéia que Alekhine considera
inferioridade central. pouco feliz, apontando como
O desenvolvimento do BD continuação lógica 14 . ... ,
branco via 2CD é excelente, TDlD; e se 15 . P3B, então 15.
pois sua ação se estenderá até a ... , P3B! etc.
casa preta 2CR, um dos alvos 15.TRlR TDlR
do ataque branco. 16. P3B!
12 . .. . TRIR
Outra manobra criticada O centro deve estar bem
por Alekhine, que a conceitua seguro antes de se iniciar
como "demasiado passiva, por- um ataque
que o retrocesso do Bispo a "O ponto mais ameaçado
1BR tira-lhe, por muito tem- dos Peões brancos é agora
po, uma forte perspectiva de reforçado convenientemente, e
atividade . Com as Pretas eu te- as Brancas têm excelentes
ria jogado 12 . .. . , P 3B, criando perspectivas no flanco do Rei ,
uma debilidade mais imagi- onde existe a magnífica casa
nária que real (a do PD) . Impe- 5B." (Fine)
dindo o salto do Cavalo bran- 16. ... RIT 1
co a 5D, teria aumentado

447
-=- - - - - - - - XADREZ BÁSICO-------------~-

A imortalidade do xadrez. As picá eia, quase sempre, mas,


diferenças de estilo e suas outras vezes, a vaidade e ao
relações com os planos amor próprio, atributos que
desenvolvidos acompanharão, por certo,o
Fine e Alekhine estão de gênero humano cm sua exis-
acordo nesta interrogação. Diz tência.
o primeiro: "uma má jogada, Já nas discordâncias entre
que cria as Pretas serios in- Alekhine e Reshevsky intervém
convenientes. Era melhor um outro fator, que é o estilo
continuar com 16 .... , P3CR". de cada enxadrista. Alekh.ine
Opina Alekhine: "uma jo- era o mestre por excelência da
gada sem valor, porém a posi- iniciativa, que a procurava com
ção é, há muito, clificil. Um pou- ardor em todas suas partidas.
co melhor seria 16 .... , DlB, Daí detestar posições restrin-
com a intenção de ... , P3BD. gidas, que obrigam a uma
Inferior seria, igualmente, 16 .... , passividade enervante. Per-
P3CR; por 17. C5D,B2C; 18. cebe-se em seus comentários,
DTI!, DlB; 19. C4B, T(3R)2R; com que freqüência se refere,
20. PSB. etc., com superiori- por exemplo, a manobra ... ,
dade pronunciada". P3BD, mesmo a custa da
O leitor deverá ficar criação de uma debilidade no
perplexo com opiniões tão an- PD, mas com a esperança de
tagônicas e de mestres tão segui-la de ... , P4D, que, em
insignes como Fine e Alekhine! sendo possível, libertaria o
E justamente tal fato que jogo preto.
confere ao xadrez beleza e Reshcvsky, por sua vez,
imortalidade. Se houvesse em sente-se a vontade em posições
xadrez opiniões mais con- difíceis, sendo mesmo, como
cordes do que discordes, há assinala Fine, "um virtuose na
muito que esse jogo estaria defesa de posições como a da
banido das atividades inte- partida em curso".
lectuais do homem. Pelo mo- Essa diferença de estilo
tivo de cada um pensar de um explica as preferências de
modo, e querer provar ao seu ambos os mestres.
adversário estar com a razão, é 17.C2R D18
que o xadrez sobrevive e se 18.D2B
estende através dos séculos, Aqui há um comentário de
dando oportunidades de sa- Alekhine, que se casa as mil
tisfazer a inteligência e a pers- maravilhas com o tema que

448
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------"""'--

estamos estudando (exploração Um grande reforço para o


das posições restringidas). ataque.
Ei-lo: "O Cavalo branco se Pretende PST, garantindo a
apodera de uma formidá\·e l forte posição do Cavalo, e
posi ção em 5 BR. As Pr e tas abrindo brechas na defesa do
terão uma partida estrate- Rei preto.
gicamente perdida, porém não 22 .... P4CD
pelo caminho escolhido cm Uma contramaoifestação
princípio. perfeitamente inofensiva, por-
Seu erro consistiria em uma que, em Yista da falta de ação
falta de resolução e d e um das Torres, não faz senão criar
plano definitivo no mom ento n \'aS debilidades (Alekhine) ."
de começar a luta. Corno na partida anterior,
Há cinqüenta anos. e~ras as Pretas tratam de contestar o
derrotas, de\·ido à falta de ataque em seu flanco Rei com
espaço, eram muito fr eqüen- um contra-ataque na ala da
tes, e a presente partida po- Dama. Seus resultados, porém,
deria ter sido facilmente são nulos, porquanto sabemos
conduzida com as Brancas pelo que, nesses casos, eficientes são
Dr. Tarrasch. Atualmente são apenas os contra-ataques no
menos freqüentes, e, no caso território central.
de um mestre da altura e da
23. PxP PxP
experiência de Reshevsky, são
24. PST D3T
uma exceção.
Após 24 .... , P3T, formar -
18 .... C2D
se -ia uma debilidade grave em
19. C4D T(3R)2R
3CR.
20. D3C P3BR
25. P3T P4B
21. CSB T3R
26 . TSD C4R
22. P4TR!
"Contra a aparente e lógica
continuação 26 .... , PSB, as
Brancas tirariam imediato
proveito com 27. T(lR)lD,
C4R; 28. TxPD! etc." (Fine)
27. TRID
Ameaçando 28 .TxPD.

DIAGRAMA 464
_........,_;<,o..___._..___, Posição após 22. P4TR!

449
--""''' - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - ~
'""

n ... C2B TxP


"l\o,·amente era má 27 .... , T iR
PSB, por causa da continuação Se 36 .... , DIB ; 31. c ;B ' .
28 . C4D, T(3R)2R; 29. CxP, C4R; 38. TxC!, e 39 . C 7R-
C6O; 30. B3B! etc." (Fine) etc." (Fine)
28.O4T 37 . D7D
Com a ameaça de P6T. 38. D7R
28. ... C4R 39.TlBR B+R
Após 28 .... , P3T; 29. O4C!, 40.T3D O1B
as Pretas estariam parabsadas. 41 . T(3D)3BR D lR
Agora Kashdan prossegue com 42 .Tx C!
precisão e energia. O mais simples.
29. P4B! C2B 42 .... Dx D
Ou 29 . .. . , C2D; 30 . P6T, 43.TxD BxC
P3C; 31. C3C; etc. 44.TxT+ RxT
30. P6T P3C 45.T7CD P'iB
Resposta forçada. O exce- 46 . PxP Abandonam .
lente trabalho de Kashdan cul- "Esta partida é de grande
mina com a abertura da grande interesse didático. Demonstra .
diagonal preta, dominada pelo de uma forma muito con,·in-
Bispo de 2C. cente, os perigos das posições
31. BxP+ RI C restringidas ( mesmo se m de-
32.C3C BxP bilidad es) e tamb ém a maneira
Após 32. CxP, seri a de apro,·eitai- -:' e des.; e incon-
decisivo 33. PSB. ,·e niente .
33. B2C Foi uma der ro a tpor m .
"Kashdan conduz o ataque tamb é m um a ,·it o r ia I btc m
final com clara segurança . merecida." (:'\.lekh ine ,
Prepara agora PSB que não
servia de imediato por 3 3 .... ,
P4C." (Fine) PARTID.-'\. '\- -+
33. ... B2C Olimpíada, de Helsinque . 19:i _
BxB Abertura Ru:· Lope7
Desesperação. Brancas Pretas
"Se 34 .... , PxP; 35. BxB, V. Smyslov G. Barcza
RxB; 36. CST+, R 1B; 37. PxP, 1. P4R P4R
T3T; 38. D4C, e ganham ." 2.C3BR C3BD
(Alekhine) 3. BSC B4B

450
- - " " " ' - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosfuú - - - - - - ~

Constitui a Defesa Classica, 10. BSCR


inferior a 3 .... , P3TD (Defesa
Morphy). As Brancas têm maior
Permite as Brancas um mobilidade
forte centro de Peões. Vide As Brancas ameaçam ga-
página 343. nhar o Cavalo de 4D. O domí-
4. P3B C3B nio das casas centrais e o me-
5. P4D! lhor desenvolvimento dão às
O lance-chave das partidas Brancas vantagem em espaço e
do PR é aqui realizado com maior mobilidade para suas
vantagem, tornando evidente a peças. As Pretas, ao contrário,
má colocação do BR inimigo. possuem uma posição res-
5. ... PxP tringida, difícil de ser mane-
Entregando o centro, mas jada.
após 5 . ... , I33C; 6. PxP, 10. ... D1R
CxP4R; 7. 0-0, 0-0; 8. DSD!, 11. D3C
C4B ; 9. BSCR, as Brancas
adquirem, igualmente, supe-
rioridade.
6. PSR!
Se 6. PxP, BSC+, como em
uma das variantes da Abertura
"Giuoco Piano".
O lance do texto ira res-
tringir o jogo adversário.
6.... C4D
A alternativa seria 6. DIAGRAMA 465
CSR, mas, comenta o soviético Posição após 11 . D3C.
As Brancas têm jogo superior.
Smyslov, após 7. 0-0 ! , PxP;
8. DSD, P7B!; 9. DxCSR, PxC Já vimos que existem di-
=D; 10.TxD, 0-0; 11. B4BD, versos graus de posições res-
dispõem as Brancas de forte tringidas, bem como diversas
ataque. maneiras de se reabzar o ataque
7. 0-0 0-0 a essas posições. Nas partidas
Evidentemente não é pos- Steinitz x Mac Donnell e Tar-
sível 7 .... , PxP; porque perde rasch x Marco vimos o método
uma peça (8. DxC). clássico do ataque ao flanco do
8. PxP B3C Rei, baseado nos avanços dos
9. B4BD! C(3B)2R Peões dessa ala.

451
-""'-''---------- XADREZ BÁSICO -----------"""--

Na presente partida vere- Se 21. ... , DxPD ; segue 22 .


mos outro procedimento de TD 1D, acompanhado de CxB
ataque, igualmente ganhador, e e T8D ou T7R, ganhando.
possível graças à ação restrita
das peças pretas, incapazes de
atender à defesa de seu Rei. PARTIDA NºS
11. ... P3BD Estocolmo, 1952
12. CD2D P3TR 2º Prêmio de beleza
13. BxC2R CxB PD - -Defesa Índia do Rei
14. C4R Brancas Pretas
Com a ameaça C6D, ga- A. Kotov G. Barcza
nhando o PBR e a partida. O 1. P4D C3BR
domínio absoluto, que as Bran- 2. P4BD P3CR
cas têm do centro, permite- 3. C3BD B2C
lhes usá-lo como base para a 4. P4R P3D
investida final ao monarca 5. P3CR 0-0
adversário. 6. B2C P4R
Observar a inatividade do 7. CR2R PxP
BD preto e o entorpecimento 8. CxP
das peças do segundo jogador. Estudamos esta abertura à
14. ... P4D página 41 9, onde foi reco-
Libertação tardia. mendado o desenvolvimento
15. PxPe. p. C4B das Brancas à base de P3CR c-
16. TRlR DID CR2R.
Fugindo à ameaça 17. A idéia das Pretas, com 7 .
C6B+, ganhando a Dama, mas ... , PxP, é conseguir para si
a posição preta não tem mais jogo mais livre; contudo, para
defesa. isso, abandonam o centro, e o
17.CSR CxP6D tributo que pagam é a perda de
18.CxC DxC espaço e a conseqüente menor
19.BxP+ TxB mobilidade de suas forças . É a
E o ataque branco foi vi- origem de uma posição res-
torioso, pois ganhou material. tringida, como sabemos.
Se 19 .... , RlT; segue 20. 8. ... C3B
C6C+, R2T; 21. CxT+, DxC; 9. C2B!
22. D3D+, RlT; 23. T8R, As Brancas conseguiram
ganhando a Dama. superioridade no centro, ,·anta-
20. DxT+ R2T gem em espaço e conseqüen-
21. C4B Abandonam. te maior movimentação para

452
A - ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - -- - ~~
~

suas peças. O objetivo agora é Não podendo atacar no


o ataque ao flanco do Rei. centro nem na ala do Rei, as
Logo, acertada é a conduta do Pretas intentam um ataque na
enxadrista soviético ao evitar a ala da Dama, manobra que
troca dos Cavalos, que, por resultará inútil, pois a ofensi-
certo, beneficiaria o segundo va das Brancas, no flanco do
jogador. Rei, será realizada com maior
Além disso, a retirada do rapidez.
Cavalo em 2B é um lance que 14.B2C C2T
atende às exigências posi- 15. O2D P4CD
cionais, pois o Cavalo, via 3R, 16. C3R! P3B
irá exercer fiscalização peri- Evitando a entrada do Cavalo
gosa nas casas 50 e 5BR . branco em 5D, mas criando
9. ... B3R uma debilidade no PD.
10.P3C 020 17.TDlD TDlD
11.0-0 86T 18. C2R
As Pretas conseguem Rumo à 4D1
trocar o BR inimigo; a idéia é, 18. ... D2B
além de livrar parcialmente seu 19. B3B!
jogo restringido, privar o Rei Ameaçando 20. B5T, ga-
branco de seu detensor e enfra- nhando a qualidade. Também
quecer as casas brancas 3TR e situa melhor o Bispo e ganha
3BR. Porém, da mesma ma- um tempo, visto obrigar a Dama
neira, ficam enfraquecidas as preta a mover-se, mais wua vez,
casas brancas no território do para 2R, onde deve perma-
segundo jogador, corno as casas necer em defesa de seu Rei.
4BR e 3R. 19. ... D2R
12.P3B BxB 20.C4D Cl R?
13. RxB P3TD
As posições restringidas são
de difícil manejo
É difícil jogar nas posições
restringidas. Carecem elas de
planos, além de obrigar o
jogador a defesas delicadas e,

DIAGRAMA 466
Posição após 13 .... , P3TD.
As Brancas têm ataque no flanco do Rei.

453
XADREZ BÁSICO
-='---------- ----------<=-

não raro, à fonnação de debi- 26 . .. . TD1R


lidad es em sua estrutura de 27 . PST T4R
Peões. 28 . BxT PxB
O ataque preto na ala da 29 . D6B! ClB
Dama ficou parado e o CD 30 . P6T C2R
afastado do campo de luta . Há 31.T2D! Abandonam.
fraquezas nos Peões pretos da Não há defesa contra a ma-
ala da Dama, ao lado de um nobra TR 1D e T7D ou T8D,
entorpecimento na posição. conforme o caso.
O ataque das Brancas Neste exemplo aprecia-
necessita, em posições como mos, como nas partidas ante-
estas, do apoio das Torres . riores, a elaboração de uma
Logo, colunas deve m ser partida superior para as Bran-
abertas sobre o Rei preto, quer cas, graças ao domínio das
pelo avanço do PTR, quer pelo casas centrais e à maior mobi-
avanço do PBR. lidade de suas peças .
Este último deveria ser bem O ataque fmal diferiu dos
preparado, pois o PR branco anteriores; houve um assalto
ficaria sem defesa. Porém, o violento de peças, precedido
último lance das Pretas pro- de um sacrifício magnífico de
picia ao mestre Kotov uma Cavalo. A combinação foi
irrupção violenta na ala do Rei, possível graças à boa disposição
graças a uma combinação das peças atacantes e ao erro da
igualmente instrutiva e ele- jogada 20' das Preta s. Mas
gante. erros em posições coibidas são
21. C(4D)5B! PxC freqüentes, em face da difi-
22. CxP D2B culdade no manejo dessas
Se 22 .... , D3R; segue 23. posições e, não raro, permitem
BxB, CxB; 24. D5C, D4R (se remates fulminantes, como foi
24 .... , D3C; 25. C7R+, o caso desta partida .
ganhando a Dama); 25. P4B,
D6B; 26. PSR!, e a Dama preta
fica interceptada na diagonal. PARTIDA Nº 6
23.CxB CxC Campeonato da Áustria, 1937
24. B6B! RlT 5" do"match"
25.DSC TlCR Abertura "Giuoco Piano"
26. P4TR! Brancas Pretas
Rumo à 6TR e nada impedirá a Spielmann Eliskases
marcha deste Peão. 1. P4R P4R

454
~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - '

2. C3BR C3BD 13 .... O3B


3. 848 848 14. CJB C3R
4.P3B D2R 15.C3R
5. P4D B3C! Rumo a 50 ou 5BR,
6. P4TD P3TD objetivo da manobra iniciada
7. 0-0 P3D por este Cavalo.
8.P3T C3B 15. ... C4C
9.TlR 0-0 Eliskases procura ali,iar sua
10. P4CD! P3T posição pelas trocas, conduta
11. 83T C2D acertada nestas situações.
12.P5C ClD 16.CxC DxC
13. CD2D 17.PxPT PxPT
Esta posição foi estudada 18. PST!
à página 335 e a conclusão foi
que as Brancas mantinham
posição ligeiramente supe-
rior, em virtude da maior mo-
bilidade de suas peças, em
contraste com o entorpeci-
mento que se verifica na posi-
ção inimiga.
Cumpre notar que as Pretas
não se descuidaram do centro;
mantêm elas um Peão central,
DIAGRAMA 467
que defendem com ardor. Posição após o sacrifício 18. PST!
A causa de sua inferiori-
dade está no congestionamento O ataque não de,·e sofrer
de suas forças, que se estorvam protelações desnecessárias
entre si, e que chegaram a tal As possibilidades de ataque
situação por quererem a todo das Brancas estão na ala do Rei
custo manter o Peão central. e devem ser aproveitadas sem
A maior mobilidade das demora; caso contrário, as Pre-
peças brancas é o fator de tas consolidam sua posição.
superioridade do primeiro Assim o compreendeu Spiel-
jogador. roann, que realiza este interes-
A maneira pela qual Spiel- sante sacrifício de Peão, para
mann tira partido dessa van- ganhar tempo no ataque.
tagem é altamente instrutiva. 18. ... BxPT

455
- " " " ' - - - - - - - - XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~

A aceitação do sacrifício é ças, consegue formar um ata-


necessária. Com 18 .... , B2T, que vitorioso no flanco do Rei
a posição das Brancas, com inimigo.
19. C5D, seria muito superior. 22 . ... RxC
19.BlBD! B3C 23 . D5T R2T
20. CSB Para poder jogar com a
Percebe-se agora o alcance Dama na coluna CR, em
da inteligente manobra de resposta ao lance branco T3B.
Spielmann, explorando a po- Se, por exemplo, 2 3 .... ,
sição incômoda das peças C2D ?; segue 24 . T3B, D2R
adversárias, com um ataque na (24 .... , D3C ; 25. T3C!); 25 .
ala do Rei que é sempre o DxP+ , ganhando.
método para tirar proveito de 24.T3B D3C
uma posição coibida. 25 . D4T C2D
20. ... D3B Evitando 26. T6B, que
Forçado, pois a 20 . .. . , ganharia de imediato.
DID; segue 21. BxPT!, PxB; 26.T3C D3B
22. D4C+, D4C; 23. CxP+, 27. B5CR D2C
ganhando. 28. B7R! DIT
21. T3R ClC 29 . D5T
Atacando o importuno Ca- Spielmann conseguiu afas-
valo branco e defendendo-se tar a Dama inimiga da defesa
também da ameaça 22 . T3C . do Rei preto.
Se 21. ... , R 1T, haveria a con- Agora ameaça mate com
tinuação seguinte: 22. T3C, D5B+.
TI CR; 23. DST, ClB; 24. BxPT. 29 . ... C3B
etc. 30 . 03B
22. CxPC! Cada jogada do mestre
vienense encerra uma ameaça
Deve-se prosseguir no ataque terrível.
com energia . 30 .... TICR
Sacrifício elegante e cor- Não há salvação para o
reto. Observar que, enquanto Cavalo preto. Se 30 .... , ClR;
a ala da Dama preta se mantém seguiria 31 . BxPB, e contra 30.
inativa, todas as peças brancas ... , C 1C; 3 1. BxT ganha.
convergem no ataque ao Rei 31.BxC TxT
do segundo jogador. O mestre 32. PxT D1 C
Spielrnann, tendo por base uma 33 . B5D TlC
maior mobilidade de suas for- 34. R2T

456
-='----------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ =

Para poder jogar PxP. Se !idade das peças contra uma


agora 34 .... , PxP; seguiria posição algo restringida.
35. PSR, com a ameaça de
B4R +, ganhando de imediato.
34. ... P4TD PARTIDA Nn 7
35.PxP PxP Nottingham, 1936
36. BxPR PR - Defesa Siciliana
Somente agora conseguem Brancas Pretas
as Brancas vantagem material Alekhine Bonvinnik
de um Peão. 1. P4R P4BD
Mas, posicionalmente, sua 2. C3BR P3D
superioridade era bem mais 3. P4D PxP
antiga. 4. Cx.P C3BR
36. ... B3R 5. C3BD P3CR
37. BxB PxB 6.B2R B2C
38.TlD D3C 7. 83R C38
As pretas estão perdidas. A inversão 2 .... , P 3 D, com
Não possuem nenhuma outra atraso no desenvolvimento do
defesa. CD preto, tem a finalidade de
39.T7D+ RlC evitar o Ataque Richter (vide
40.T7C+ DxT página 376).
41. BxD RxB 8. C3C B3R
42. P48! TlR 9. P48 0-0
43.PSB B2T 10. P4C!?
Claro, se 43 .... , BxP; 44.
D3B+, ganhando o Bispo. Ataque a baioneta
44. D3B+ P4R F.ste assalto de Peões para
45. DxPT BtC combater o "fianchetto" do Rei
46.DSC R2B preto, na Variante Draconiana,
47. P4C Abandonam. é conhecido como o "ataque à
As Brancas ganham com o baioneta" . E aqui é realizado
avanço de seus Peões da ala do em sua forma mais precoce e
Rei. violenta, "bárbara", sem os
Um exemplo mais difícil preparativos de D2D, 0-0, ou
que os anteriores, porém 0-0-0.
igualmente instrutivo, porque Em que se baseiam as Bran -
demonstra a maneira de se cas para efetuar tão prematu-
utilizar de uma maior mobi- ramente esse ataque? Certo, a

457
XADREZ BÁSICO
-""''----------- -----------"=-

posição preta é restringida, com O centro das Brancas não


inferioridade no centro, mas se estava estabilizado. Logo, no-
trata de uma posição sólida, vamente tem aplicação o sadio
sem outras fraquezas . princípio do contra-ataque no
Verdade que as Brancas são centro contra os ataques pre-
conduzidas pelo grande Ale- maturos de flanco, ainda que o
khine, um dos maiores gênios atacante seja um Alekhine!
da história do xadrez, o que é, A resposta de Botwinnik,
como diz bem Max Euwe em posicionalmente justificada, é
Meet the Masters! obra de a única maneira de rebater o
onde extraímos as variantes violento intento das Brancas.
basicas desta partida "Uma Segue-se um jogo difícil, e
garantia de que cada possi- complicado, mas de grande
bilidade de ataque sera ener- beleza.
gicamente aproveitada." 11. PSB
A ameaça das Brancas é 11 . Agora não são mais pos-
PSC alijando o CR e dimi- síveis os avanços:
nuindo sua iníluência no cen- a) 11. PSC, por 11. ... , CxP,
tro, a fim de tornar perigoso ou;
o ataque com P4TR! h) 11. PSR, por 11 ... . , PSD!;
A resposta das Pretas deve J 2. CxP (se 12. PxC, BxPB!;
ser firme, vigorosa, do con- recuperando a peça com bom
trario sua posição tornar-se-a jogo), CxC; 13. BxC (13 . PxC,
imediatamente inferior. Como BxPB!), CxP!; 14. BxC, BxB;
devem elas contestar o plano de 15. DxB, DxB; e as Pretas têm
Alekhine? bom jogo.
10. ... P4D!! 11. ... BlB!
Esta retirada em posição
tão crucial parece significar
uma perda de tempo; mas é a
melhor jogada na posição.
Observamos que o a\·anço 11 _
PSB enfraqueceu a posição das

DIAGRAMA 468
Posição após 10 ..... P4D1!
O contra-ataque central anula o
ataque prematuro das Brancas.

458
À - - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agost:ini -------
!;&,_

Brancas no centro e gue não e 16. P6B . OlancedeBotwinnik


será fácil realizar PSR. é , portanto, forçado.
12. PRxP 13. .. . DxP
O PD preto era por demais 14. B5B 1
incômodo e sua troca é o me- A chave do contra-sacrifício
lhor que existe. Assim o en- das Brancas. Após 14 .... ,
tendeu o mestre Alekhine. DxD+; 15.TxD!, C3B (se 15.
12.... C5C ... , CxPB+; 16. R2D, P3C; 17.
E agora as Pretas ameaçam BxPR, e ganham), as Brancas
recuperar o Peão, seja com têm melhor jogo e a iniciativa.
13 .... , CDxPD,sejacom 13 . ... , Igualmente não convinha
PxP Se 13. B3B,segue-se 13 . ... , a troca 14 . DxD, por 14 . . .. ,
PxP; 14. P3TD, PxP! etc . Para PxD, e as Pretas teriam à sua
evitar essa continuação, as disposição 15 . ... , CxPB+; e 15.
Brancas podem trocar antes os ... ,PxP.
Peões : 13 . PxP, PTxP; 14 . B3B 14. ... D58 1
e colocam as Pretas diante de O campeão soviético ex-
grave problema, pois ap6 s plora magistralmente a exposta
15 . P3TD, C3T, a posição das situação do Rei branco.
Pretas estaria perdida. 15 . TRlB
Porém, mesmo nesta "in- Alekhine r ec onh ece gue
fernal" posição haveria recur- seu ataque fracassou e, com sua
sos para o segundo jogador: última jogada , obriga seu
13. PxP, PTxP; 14. 838, CxPC!; valente adversário a entrar numa
15. BxC, BxB; 16. DxB, BxC+; combinação de empate.
17. PxB, CxPB+; 18. R2R, CxT; 15. ... DxPT!
19. TxC , DxP, e as Pretas, com 16. BxC CxP!
dois Peões e Torre pelas duas Am eaçado 17 .... , D6C+;
peças perdidas, teriam compen- 18. R2D, B3T+ , com posição
sação suficiente. de mate .
13 . P6D! 17. BxC D6C+
Alekhine realiza o lance 18 .T2B
mais forte na posição. Há, agora, lance forçado. Após 18 .
duas ameaças importantes : R2R ?, 0xB+ e d e pois de
14. P3TD e 14 . PxPR, DxP; 18 . R2D, B3T+ , ganhando as
15. 858 . Não serve para as Pretas em ambas as continuações.
Pretas 13 .. . . , PxPD, por causa 18 . ... D8C+
de 14. P3TD,seguido de 15 . P5C 19.TlB

459
XADREZ BÁSICO
-='---------- ----------=-

As Brancas não podem 2. P4BD P3R


mover seu Rei . A partida ter- 3. C3BR P4D
minou empatada por xeque- 4.C3B P4B
perpétuo de Dama em 6CR e 5. PxPD CxP
em 8CR . 6 . P4R CxC
Observar o alto significado 7. PxC PxP
do sacrifício 16 .... , CxP!, 8. PxP B5C+
afastando o Bispo branco da 9. B2D BxB+
casa 2 R ( 17. BxC ) . A tentativa 10. DxB 0-0
de xeque-perpétuo com 16. Esta posição já foi estudada
... , D6C+? (em vez de 16 .... , a página 404 e a conclusão foi
CxP!) falharia por 17. T2B, que as Brancas têm o melhor
D8C+; 18. BlB!. centro e possibilidades de ata-
Apesar do resultado pa- que na ala do Rei, enquanto as
cífico, é esta uma partida mag- Pretas, por causa de sua maio-
nífica, que honra igualmente ria de Peões na ala da Dama,
os dois grandes mestres. possuem o melhor final .
Exemplo ilustrativo ainda Há, por assim dizer, um
de como se deve replicar a um equilíbrio dinâmico da posição.
prematuro ataque de flanco 11. B2R
pelo contra-ataque no centro. Na opinião de Alekhine ,
Verdade que se trata de um esta jogada tem o mesmo valor
jogo difícil, complicado, cheio de 11. B4B, muito embora esta
de ricas combinações. Outra luta última tenha sido mais em-
não se poderia esperar de tão pregada pelos mestres con-
dignos expoentes do xadrez. temporâneos, por parecer
algo mais ativa.
11.... P3CD
12. 0-0 B2C
PARTIDA Nº 8 13. O3R
Torneio Cinqüentenário do Preferível seria 13 . D4B,
Clube de Xadrez São Paulo, com a possível continuação
1952 13 .... , C2D; 14. TDlB, C3B;
15. B3D, TlB; 16. TxT, BxT;
PD - Defesa Semi-Tarrasch 17. TlB, B2C; com possibi-
Brancas Pretas lidades iguais (Al e khine x
M. Eidelman L. Engels Grunfeld, Praga, 1931) .
1. P4D C3BR 13. ... C2D

460
-'="----------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostirú - - - - - - ~ ~

Com o objetivo de atingir a As Brancas querem, a todo


casa 3BR, para exercer pressão custo, atacar no flanco do Rei.
no PR branco. Mas, terão elas conseguido
14.C2D C3B direito a esse ataque? Que
15.P4B? vantagens posicionais lhe dão
O campeão paulista pro- o ensejo de atacar? Foram
cura atacar na ala do Rei, mas satisfeitos os requisitos para
seu lance tem o grave incon- o ataque no flanco, isto é,
veniente de enfraquecer ainda bom desenvolvimento, centro
mais a posição dos Peões cen- seguro e estável preparo de
trais. ruptura?
15 .... D2D! A análise da posição nos
Para jogar em seguida a TR mostrará que:
em 1D, atacando o PD branco. 1. O desenvolvimento das
É instrutiva a estratégia do Brancas é imperfeito: a TD está
mestre alemão Engels ao atacar inativa e o Cavalo ocupa sítio
os Peões centrais do inimigo. desfavorável, imobilizado na
16. B3B TRJD defesa do PD.
17. C3C TDJB 2. O centro branco é in-
18. P4C? seguro, instável, sujeito que
está aos ataques das peças
pretas.
As peças brancas em jogo
(Cavalo, Dama e Bispo) devem
permanecer na defesa dos
Peões centrais; não podem,
assim, empreender ação em
outro setor.
3. A ruptura em 5BR não
foi bem preparada, ,isto que as
peças brancas não se encon-
Posição após 18. P4C?.
Ataque injustificado das Brancas.
tram bem situadas para apro-
veitá-la.
Ataques prematuros, sem a 4. Devido ao avanço dos
estabilização do centro, Peões, o flanco do Rei branco
fracassam sempre encontra-se debilitado.
Esta é a posição que ver- Logo, as Brancas não esta-
dadeiramente nos interessa e vam em condições de atacar.
que passaremos a estudar. Sua estratégia foi defeituosa.

461
,.lSlL_________ XADREZ BÁSJCO _ _ __ _ _ _ _ _ j,'"='L_

Como devem as Pretas tirar ... , CxP, e torna igualmente


partido dessa situação? perdedor o avanço do PB.
Já sabemos que os ataques 21. P6B
prematuros nos flancos falham Não dando atenção, ou não
pelo contra-ataque do inimigo se dando conta da resposta do
no centro. É exatamente a adversário. A verdade é que as
conduta a seguir nesta partida. Brancas já se encontram em
O contra-ataque não é pos - posição bastante inferior.
sível à base de Peões, como na 21. ... CxP!
partida anterior (Alekhine x Se 22. BxC, a continuação
Botwinnik), mas será igual - seria 22 .... , DSC+; e 23 .. .. ,
mente eficaz, por meio de pe- DxB, ganhando a partida .
ças, do mesmo modo eficiente. 22.PxP T6B
18.... CJR!
Manobra inicial, que visa As Pretas passam ao ataque
destruir o centro das Brancas. O ataque branco morreu
19. PSB no estado embrionário. Agora
Uma ruptura ineficaz por são as Pretas que atacam a
lhe faltar os preparativos enfraquecida posição do jo-
indispensáveis . gador brasileiro.
19. ... PxP 23.O4B C4C
20. PCxP 24.B4C
Ou 24. DxC, BxB, e uma
A ruptura sem preparo das ameaças seria 25 . ... ,TxC!;
é ineficaz 26. PxT; DxP +; 27. T2B,
A ruptura foi realizada e DxTD+; 28 . TlB, D5O+; 29 .
revelou-se inócua. Dela re- T2B,T1R!; 30. 01B (Forçado.
sultou uma coluna aberta (CR), Se 30. P3T, TSR+; 31. R2T,
que não pode ser aproveitada DxT +; e mate no próximo
pelo primeiro jogador. Bem lance), T7R; 31. DtB, DSC+;
diferente seria o resultado da 32. T2C, TxT+; 33 . RIT, T8C
partida se, neste momento, mate.
uma Torre branca dominasse a Uma divertida variante de
coluna CR! mate.
20.... C3D! 25 .... D4D
Reforça o ataque sobre o 26. R2B D7C+
PR, ameaçando, ainda, ... , 27. RIR TIR+
TI R. Impede 21. PSR, por 21. 28. RlD O7BD mate

462
-"""'---------- Dr. Orfeu Gilberto D'.A.gostini - - - - - - ~

O contra-ataque ao inseguro e instável centro branco decidiu


a partida.

II - VITALIDADE DAS POSIÇÔES


RE8TRI~GIDAS
Nas páginas anteriores, aprendemos os inconvenientes das
posições restringidas, assim como a maneira de explorá-las. Mas,
serão sempre assim tão fracas essas posições, devendo, portanto,
ser sistematicamente evitadas pelos jogadores de xadrez?
Responder afirmativamente seria contrariar as idéias do
grande mestre báltico Aron Nimzowitch, que reduziu as asse-
verações sobre as desvantagens de tais posições a suas justas
proporções.
Posições restringidas e, principalmente, aquelas decorrentes
de posições fechadas, com cadeias de Peões entrelaçadas
(exemplo: Peões brancos em 40 e SR e Peões pretos em 4D e
3R), podem ser boas, desde que proporcionem planos. Do mesmo
modo uma boa posição pode ser má, se não é capaz de fornecer
nenhum plano que a torne mais forte.
Nas posições fechadas, o ponto essencial a considerar é a
possibilidade de ruptura; este procedimento violento, via de regra,
é o Único meio para valorizar uma posição que desfruta da
vantagem em espaço e maior mobilidade para suas peças.
Quando o lado coibido domina o ponto de ruptura, esta deixa
de ser possível e aí cessa a vantagem do lado que tem mais espaço.
Em síntese, posições r estringidas, pobres, podem ser boas,
se dominam o ponto de ruptura do adversário, bem como se
permitem a realização de planos, como, por exemplo, as rupturas
possíveis de seu lado.
Um exemplo ilustrará melhor o tema .

PARTIDA N~ 9 Defesa Nimzowitch, fre-


Niendorf, 1927 qüentemente usada por seu
PR - Defesa Nimzowitch autor.
Brancas Pretas 2. C3B0 P3R
Brinkmann Nimzowitch 3. P4D P40
1. P4R C3BD 4.PSR

463
__,,,.,_ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BASICO - - - - - - - - - - " ~

Esta posição pode ser al- tempo com a retirada do


cançada na Defesa Francesa, Cavalo (8 . CxB) .
após 1. P4R, P3R; 2 . P4D, 8. ... P4TR!
P4D; 3. C3BD, C3BD; 4 . PSR . Ameaça ... , PST, para
A crítica que se pode fazer é desalojar o Cavalo branco de
que o Cavalo preto em 3BD 3C, permitindo a instalação do
impede o lance ... , P4BD, que CR preto em 4BR. Desse mo-
é fundamental nessa defesa. do se dificulta a ruptura das
4 .... CR2R Brancas em SBR.
5. C3B P3CD 9. BSC
6. C2R B3T! Impede o avanço .. . , P ST e,
As Pretas já se encontram ao mesmo tempo, intenta 1O.
com uma posição restringida, C4 T, ameaçando capturar o
situação deliberadamente pro- PTR com a Dama. Se 10. C4T,
curada. Como já sabemos, o P3CR; 11. B6B, etc. As Pretas
ataque branco, no flanco do precisam descobrir uma defesa
Rei, deve ser precedido de uma para seu PTR, sem recorrer a
ruptura em SBR, manobra que ... , P3CR, que debilitaria sua
o segundo jogador deve evitar, posição.
para que sua posição não se 9 .... DJB!
torne inferior. Nimzowitch dá Eis a solução I Se agora 1O.
início a esses preparativos; daí C4T, seguiria 10 .... , D3T+;
tratar de trocar seu inativo BD 11. RlC, DST; 12 . P3BD,
pelo melhor Bispo das Brancas DxD+, e o PTR estaria sufi-
( o que corre por casas de cor cientemente protegido sem
oposta a dos Peões brancos ajuda do PCR.
avançados). 10. D3D C3C
7. C3C BxB 11. P3B
8.RxB Se agora 11. P4 TR, a res-
Desaparece assim o BR posta seria 11 . . . . , CSC,
branco, peça de grande valor seguido de 12 .... , P4BD.
para um futuro ataque, e que 11. .. . PST
poderia agir eficientemente no 12. C2R B2R
ponto de ruptura, a casa SBR. 13. P3TR BxB
A retomada de Rei pode ser 14.CxB CD2R
explicada, por desejarem as
Brancas atacar precocemente,
evitando assim a perda de

464
JSaL__ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostin.i ------~~"'--

Esta é a idéia do método a


jogar nas posições restringidas,
que se deve em grande parte a
Tarrasch.
Nimzowitch demonstra-
nos, agora, como uma posição
restringida pode ser boa. Há
possibilidades de ruptura para
as Brancas, seja com P4BD, seja
com P4BR e PSBR.
DIAGRAMA 470
A primeira é dificilmente
Posição após 14 . ... , CD2R .
As Pretas têm melhor posição. boa, posto que as Brancas do-
minam mais espaço no centro
e no flanco do Rei, porém não
Quando são fortes as no flanco da Dama . E, no
posições restringidas presente caso, é particular-
Esta posição é magnifi- mente duvidosa a manobra ,
camente analisada pelo mestre porque o PD branco conver-
Ricardo Reti em sua monu- ter-se-ia em um Peão atrasado.
mental obra, Los Grandes A jogada libertadora, im-
Maestros DelTablero. Ensina o posta pela posição, seria P4BR
insigne didata: "Pode-se tirar e PSB. Porém, estas jogadas
muito proveito do estudo desta não podem ser feitas, porque
posição. As Brancas controlam as Brancas nunca dominariam
mais espaço e assim poder-se- o ponto SBR.
ia pensar que têm vantagem. Ainda mais, as Pretas fize-
Porém, este não é o caso. ram bons preparativos para o
O verdadeiro critério pelo futuro, com a aparente mano-
qual se deve apreciar as po- bra artificial - porém ,·erda-
sições fechadas é a possibi- deiramente efetiva - . . . , C3C;
lidade de ruptura . Fm geral, o ... , P4TR; .. . , PSTR; .. . , C2R;
jogador que tem mais li- e, sobretudo, a troca do BR
berdade de movimentos e uma branco.
maior área está em melhores Assim, enquanto as Brancas
condições para colocar suas não têm possibilidades de
peças mais vantajosamente, ruptura e se vêem limitadas a
ante uma possível ruptura, que realizar jogadas de espera, por
seu aàversario, que tem urna detrás de sua muralha de Peões,
posição mais restringida. o segundo jogador tem à sua

465
XADREZ BÁSICO
~-------- --------"""'-

disposição as possíveis rupturas 27 . DxPB+ DxD


com ... , P3BR e ... , P4BD. 28 . CxD TxP
Unicamente as Pretas são A entrada da Torre na seti-
capazes de tomar a iniciativa e, ma horizontal decide a partida.
por conseguinte, têm melhor 29 .TDlD Tl BD
posição, apesar de ter um es- 30 . C3R TlD
paço restringido". 31. C4B C4B
15.RlC P3BR! Previne 32 . C6D e começa
16. C3B 020 .. . , P4CD!
17. R2T P4BD 32.P4T
18.P4B D2B Se 32. P6R, seguir-se-ia
19. PxPD PSB 32 .... ,T7R!; e se 33.TxP, então
20 . D2B PxPO 33 .... ,TxTlR; 34.TxT+,R2T, e
21 .TR!R 0-0 a ameaça preta C6C seria mortal.
22 . C3B PxP 32. .. . R2B
23. CxPR 33 .T4R T7R!
E não 23 . PxP, por 23 .... , 34 .T4B
TxC!; e 24 .... , CxP, com ata- Ou34.TxT,PxT;35.T1R,T8D;
que decisivo. 36 .TxP, C6C, etc .
23.... CxC 34. .. . R3R
24. PxC PSD 35 .T4C P7D
25 . CSC D4B 36.T6C+ R2B
26. C6D P6D 37.HC P3T
Se 26 .... , P4CD; 27 . D4R 38.HB R3R
e, como diz o próprio Nim- 39.C6D C6R
zowitch, "as Brancas estão Abandonam .
cen trahzadas" .

III - O PK:\.O ISOLADO

Por definição (capítulo primeiro, página 61), Peão isolado e


todo aquele que não pode ser defendido por outro Peão, e isso
por não existirem Peões companheiros nas colunas vizinhas.

Origens elo Peão Isolado

Constitui, via de regra, uma desvantagem.


O Peão isolado origina-se, fundamentalmente , de duas
maneiras diversas:

466
-=~- - - - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - - - ~

a) como resultado de uma estratégia defeituosa, no decorrer de


uma partida, ou;
b) quando na fase da abertura e, deliberadamente, se procura
uma maior liberdade para as peças de seu lado, em troca da
debilidade presente .

.,_'v; DesYantagens elo Peão Isolado

Três são as grandes desvantagens do Peão isolado :


1 - Constitui uma fraqueza, por si mesmo, podendo vir a ser
alvo de ataque.
2 - A casa em sua frente pode tornar-se um ponto forte para
o adversário.
3 - É uma peça de obstrução, seja para os Bispos, seja para as
Torres, principalmente.

Como Explorar um Peão Isolado

Por não dispor da defesa de outro Peão, o Peão isolado pode


tornar-se um alvo de ataque e ser finalmente capturado. Porém,
sua maior fraqueza não reside em si mesmo. Em muitos poucos
casos se consegue vantagem, acumulando forças sobre ele, com o
fito de tomá-lo. Na grande maioria dos casos, principalmente nas
posições equilibradas, o defensor pode apoiar o Peão isolado com
tantas peças quantas usa o atacante que pretende capturá-lo.
A principal desYantagem do Peão isolado não está, portanto,
no Peão, senão na casa em sua frente. O adversário pode instalar
uma peça nessa casa, que passa a ser um ponto forte, onde terá
grande eficiência, porque faltam ambos os Peões laterais, que
seriam capazes de expulsar a peça dessa casa.
O Cavalo é a peça indicada para situar-se nesses pontos fortes,
onde terá aumentado seu raio de ação e seu poder agressivo.
O Peão isolado, como debilidade, não deve ser considerado,
via de regra, como uma finalidade por si mesma, mas um meio
para bem instalar uma peça em sua frente, com o objetiYo de
atacar as posições inimigas.
Vejamos duas partidas como exemplo.

467
~~-------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - ~

PARTIDA N" 1O ... , P4D. Porém, vaj permitir a


Viena, 1873 formação de uma debilidade
PR · - Defesa Philidor permanente no campo das
Brancas Pretas Pretas .
Andersen Paulsen 12. BxC!
1. P4R P4R
2. C3BR P3D No jogo posicional de,·e-se
Defesa Philidor, abando- trabalhar para a criação de
nada na prática do xadrez debilidades permanentes
moderno, por dar às Pretas A manobra iniciada pelas
inferioridade no centro. Vide Brancas vai concluir pela
estudo teórico na página 362. formação de um Peão isolado
3. P4D 1 PxP das Pretas, debilidade essa
4.DxP C3BD permanente.
5. BSCD B2D É o tipo de debilidade que
6. BxC BxB se deve procurar no jogo de
7.BSC C3B posição, pois sua exploração
8.C3B B2R técnica é mais simples.
9. 0-0-0 0-0 12.. .. BxB
10.TRlR TlR 13.PSR! B2R
As Brancas obtiveram su- Não é possível 13 .. .. , PxP;
perioridade na abertura. São por 14. DxB, nem 13 .... , BxP;
suas vantagens: melhor desen- por 14. CxB,TxC; 15.TxT, PxT;
volvimento e predomínio nas 16. DxB, ganhando igual-
casas centrais, o que significa mente uma peça.
vantagem em espaço, maior 14. CSD BIBR
mobilidade para suas peças e Todos os lances do segundo
possibilidades de ataque na ala jogador são forçados. As Bran-
do Rei. cas ameaçavam 15. CxB+,
11. RIC ganhando um Peão. Se 14 .. .. ,
Após o grande roque, o PxP; seguiria 15. CxB+,TxC;
PTD necessita da proteção do 16. CxP, ganhando uma peça
Rei. Essa jogada de espera do mesmo modo.
contribui para a segurança da 15.PxP PxP
posição branca. Não senia 15 ... . , BxP; por
11. ... B20? 16. CxP!, ganhando um Peão.
Com a idéia de ... , B3R,
para jogar, talvez, ... , P3BD, e

468
_,,,,,.________ Dr. Orfeu Gilberto D 'Agostini - - - - --------'lu,""'-

A casa 5D das Brancas é


uma excelente base para um
futuro ataque ao Rei preto.
16 .TxT BxT
17 . C2D!
O forte CSD só pode ser
desalojado de sua casa, após uma
troca com o BD preto. Daí ma-
nobrar Andersen com o CR,
DIAGRAMA 471 para, via 4R e 3BD, poder man-
Posição após 15 .. .. , PxP. ter sempre um Cavalo em 5D.
O PD isolado é uma debilidade
permanente . 17. . .. B3B
18. C4R P4B
E não 18 .. . . , BxC ; por 19 .
As desvantagens do PD
DxB, ganhando a seguir o PD.
isolado
19 . C(4R)3B D2D
O grande mestre alemão do
20. P3TD D2BR
passado, Adolfo Andersen,
21. P3T!
campeão mundial de 1843 a
1851 e de 1858a 1863,famoso
por suas brilhantes combina-
A partida deve ser decidida
ções, dá, nesta partida, por um ataque de Peões no
magnífico exemplo de como se flanco do Rei
deve conduzir uma partida As Brancas não devem
posicional . contentar-se com o domínio
A manobra ini ciada com da casa 5D e a forte posição
12 . BxC! permitiu ao mestre que o Cavalo mantém. Paro-
Andersen criar um Peão iso- diando Nimzowitch, pode-
lado inimigo ( debilidade per- ríamos dizer que essa posição
manente) , fraqu eza essa que, não deve ser mostrada como
além de ser uma obstrução para "um reluzente par de botas" .
o BR preto, limitando, por- A instalação de um Cavalo
tanto, se us movimentos, per- inexpugnável em 5D (fruto da
mite a instalação de um Cavalo vantagem oriunda do PD
branco em 5D, impossível de preto isolado) não é uma
ser eliminado por meio do finalidade, mas sim um meio
ataque de Peões, e onde terá para bem instalar uma peça ,
seu poder enormemente am- que deverá colaborar numa
pliado. ação agressin.

469
__,,,..L__________ XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _ _.Joiee1..

O essencial é o ataque de Acaband~ de uma vez com


Peões no flanco do Rei, inicia- o contra-ataque preto.
do com o lance do texto. 28. ... PxP
Esse ataque se encontra 29.PxP DxP
bem justificado, pois é segura 30 . DxPB O2B
a posição branca no centro. 31. 030!
21. ... P3TD Claro, a troca das Damas
As Pretas não podem jogar beneficiaria as Pretas. Agora as
seu BR por "fianchetto", pois Brancas têm a coluna TR aberta
a 21 .... , P3CR; seguiria 22. para o ataque ao Rei adver-
C6B+. A forte colocação deste sário.
Cavalo impede, por conse- 31. , .. B2O
guinte, a movimentação do BR . 32 . C4R D4B
O avanço do PCR preto deverá Visa impedir 33. C3C, se-
serprecedidode ... ,TJR,e . .. , gttidode 34. P5B. Se 32 .... , B4B;
T3R; tomando a casa 3B ao a resposta seria 33. C(4R)6B!.
salto do Cavalo. Mas, para isso, 33 .TIT!
é preciso avançar o PTD para Comaameaçade 34. C3R,
não ser capturado pela Dama D3C; 35 . P5B, que as Pretas
branca. Ao mesmo tempo, o procuram evitar com o lance
avanço do PTD prepara um seguinte .
ataque na ala da Dama. 33 .. ,. TIR
22. P4CR Tl R Agora Andersen remata a
23.P4B T3R partida com uma de suas
24. PSC! combinações, que o tornaram
Impede assim o plano do imortal.
adversário, que era jogar . . . , 34 . C(4R)6B+! PxC
P3CR, e que seria agora 35.CxP+ R2B
rebatido com o mesmo C6B+ !. 36.TxP+ B2C
24. ... P4CD Ou 36 . ... , R3R; 37. D3R+.
25 . P4TR TIR Ou 36 . ... , R3C; 37. O3BR!,
26 . 030! ameaçando mate em ST
Para jogar 27. PST, tro- 37. TxB+ RxT
cando o PTR branco pelo PBR 38.CxT+ RIB
inimigo. 39 . DxD+ BxD
26 . .. , TlC 40.CxP
27.PST P4T E as Brancas ganham a partida
28. P4C! facilmente.

470
..,,,.'--------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ----------"'"'-

Este exemplo nos mostra 2. Na Defesa Siciliana, após


de que maneira a debihdade de 1. P4R, P4BD; 2 . C3BR, P3R;
um Peão isolado pode ser 3 . P4D, P4D (Variante Mar-
aproveitada, instalando uma shall); 4 . PRxP, PRxP; 5 . B2R!
peça na casa em frente ao Peão, (contra o PD isolado o BR bran-
situação essa que deu base para co deve ser desenvolvido em
uma vitoriosa ação agressiva no 2CR ou em 2R), C3BR; 6. 0-0,
flanco do Rei inimigo. B2R; 7. PxP, 0-0; 8 . CD2D!,
e, novamente, o PD preto ficou
isolado.
PARTIDA NQ 11 Observar o correto 8.
Breslau, 1912 CD2D! e não 8. C3B, pois,
PD - Defesa Tarrasch contra o Peão isolado, deve-se
Brancas Pretas manobrar para colocar o Ca-
Rubinstein Marshall valo no ponto forte .
1. P4D P4D
2. C3BR P4BD Por que existem defesas que
3. P4B P3R deliberadamente permitem o
Peão isolado?
Quando o Peão isolado é A razão está em que as
propositadamente desejado Brancas, tendo a vantagem do
Contra esta defesa, as lance inicial, se jogarem bem,
Brancas têm oportunidade de as Pretas não podem igualar o
isolar o PD inimigo, mediante jogo de todo, com as defesas
PxPD e, após ... , PRxP, even- consideradas normais.
tualmente PxP. As Pretas devem conten-
Este é o caso em que um tar-se, via de regra, com urna
dos jogadores deliberadamente situação restringida, com des-
se permite a criação de um vantagem em terreno, porém
Peão isolado. Tal pode ocorrer, firme, sem fraquezas perma-
ainda, em outras aberturas nentes. Não querendo sub-
como: meter-se a essas posições,
1. Na Defesa Francesa, após difíceis de serem conduzidas,
1. P4R, P3R; 2. P4D, P4D; como já vimos, muitos mestres,
3. C2D, P4BD;4. PRxP, PRxP; com as peças pretas, procuram
5. PxP, BxP; 6. C3C, o PD pre- realizar prematuramente jo-
to fica isolado. gadas libertadoras como por
exemplo: ... , P4BD e ... , P4D,

471
..=_;__________
XADREZ BÁSICO -----------'"""--

que e,,itam as posições restrin- Os mestres modernos es-


gidas, mas à custa de certas tão de acordo que; em troca
fraquezas na estrutura de de suas fraquezas, o Peão iso-
Peões. lado pode ter suas vantagens,
Tarrasch considerava que mas, postas numa balança suas
é melhor criar -se um jogo vantagens e suas desvanta-
livre de peças, ainda que à gens, estas últimas resultam
custa de alguma debilidade na maiores.
posição. Daí aconselhar insis-
tentemente o emprego de sua Quando o Peão isolado é
defesa (Defesa Tarrasch) con- vantajoso
tra a Abertura do Gambito da Estas considerações não
Dama, e dizer: "o enxadrista cabem quando são as Brancas
que teme ficar com um Peão que se permitem, na abertura,
isolado, deve renunciar ao a criação de tal eventualidade,
xadrez". pois o Peão isolado central é
considerado forte, desde que
Compensações do Peão acompanhado de vantagem no
isolado desenvoh·imento, ainda que
Ao lado da fraqueza na essa Yantagem se refira a um só
estrutura de Peões - muitas tempo, como o da saída.
vezes de exploração difícil, ou Daí serem vantajosas para
impossível - , essas linhas de as Brancas variantes como as
jogo trazem compensações, seguintes:
como sejam: 1. '.\ia Defesa Caro-Kann:
a) a posse de uma forte casa J. P4R, P3BD; 2. P40, P4D 3.
central; PxP, PxP; 4 . P4BD (Ataque
b) o par de Bispos; Panoff-Botwinnik, que per-
c) a vantagem no desenvol- mite o isolamento do PD
,-imento, ou; branco, após ... , PxP, troca que
d) domínio de uma coluna. geralmente as Pretas realizam
Atualmente, o parecer ge- um pouco mais tarde), C3BR;
ral é que são mais factíveis de 5 . C3BD, PxP; 6 . BxP, e as
defesa as posições restringidas Brancas têm vantagem no
que os pontos debilitados; daí desenvolvimento, pois joga-
essas defesas recomendadas ram já seus dois Peões centrais
por Tarrasch terem caído em e desenvolveram duas peças,
desuso. enquanto as Pretas apenas

472
..=.___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ ___c~ca..

jogaram um Peão central, ten- que o PD isolado é forte, por


do uma só peça desenvolvida. possuírem as Brancas vanta-
O PD branco isolado é, por gem no desenvolvimento.
conseguinte, forte. De fato, as Brancas jogaram
2. No "Giuoco Piano": 1. seus dois Peões centrais, têm o
P4R, P4R; 2. C3BR, C3BD; domínio do centro, realizaram
3. B4B, B4B; 4 . P3B, C3B; 5. o rogue e desenvolveram duas
P4D, PxP; 6 . PxP, B5C+; 7 . peças, enquanto as Pretas ape-
C3B, P4D; 8. PxP, CRxP (o PD nas desenvolveram uma peça e
branco ficou isolado); 9 . 0-0, jogaram um Peão central. O
B3R; 10. B5CR, B2R; 11. BxC, outro permanece em 3R, res-
BxBR; 12 . CxB, DxC; 13 . BxB, tringindo o jogo preto ; ainda,
CxB; 14. TI R (o PD isolado é falta-llies o roque .
forte neste caso, pois as Bran- O PD isolado é forte , pois
cas têm vantagem no desenvol- dá apóio às peças brancas nas
vimento, dominando as duas casas 5BD e SR, permitindo o
colunas do Rei e do BD), P3BR; domínio das colunas do BD e
15. D2R, D2D; 16 . TDlB, P3B; do Rei pelas Torres .
17. PSD!, etc . 4. Na Defesa Semi-Tar-
Demos esta extensa conti- rasch: l. P4D, P4D; 2. P4BD, P3R;
nuação para apresentar um fato 3. C3BD, C:lBR ; 4. C3B, P4B;
novo no que concerne às 5. PxPD, CxP; 6. P3R, C3BD; 7.
vantagens do Peão isolado. B4B, PxP; 8. PxP, B2R. E nova-
E possível, algumas vezes, mente as Brancas têm o PD
sacrificá-lo, com a intenção de isolado, que é forte , por estar
ocupar-lhe a casa vaga, com associado à vantagem em de-
uma peça . Assim, 17 . . .. , PxP; senvolvimento, ainda que apenas
18 . C4D !, e agora são as Pretas representada pela vantagem do
que ficam com um Peão isolado lance inicial. Tão promissora é
e com todas suas desvantagens! a posição branca, que, com ela,
Vide continuação na par- Botwinnik derrotou o cam-
tida W. Steinitz x Von Barde- peão mundial Alekhine, no
le ben, capítulo primeiro, Torneio de AVRO, 1938.
página 80. Exemplos semelhantes, em
3. No Gambito da Dama que as Brancas permitem a cria-
Aceito : 1. P4D, P4D; 2. P4BD, ção, em seu tenitório, de um
PxP;3.C3BR,C3BR;4.P3R, forte Peão isolado (com vanta-
P3R; 5 . BxP, P4B; 6. 0-0, gem no desenvolvimento) ain-
PxP; 7. PxP. Mais um caso em da na abertura, são encontrados

473
-""'---------- XADREZ BÁSICO ----------"=-

em numerosas partidas de se do par de Bispos - e de seu


mestres . melhor Bispo - com enfra-
4 . PxPD PRxP quecimento nas casas pretas de
5 . C3B C3BD sua posição. Mais debilidades
6 . P3CR se ajuntam a do PD isolado.
Variante Rubinstein, o antí- 11 . PxB 0-0
doto contra a Defesa Tarrasch. 12. B5C B3R
Vide estudo teórico à página 404. Desempenha este Bispo o
6. ... C3B papel de um simples Peão, para
7.B2C PxP a defesa do PD, ameaçado que
Para não perder um tempo estava de captura após 13 . BxC.
após 7 .... , B2R; 8. PxP. As Observar que o PD isolado
Pretas conseguem um jogo funciona como uma peça de
mais livre para suas peças, mas obstrução à ação deste Bispo.
à custa de um Peão isolado. 13. C5B D2R
Em seu magnífico The Ideas 14. CxBI PxC
Behind the Chess Openings, Iludem-se as Pretas se pen-
diz Reuben Fine: sam ter reforçado seu centro.
"Faltou um Homero para Com 14. CxB!, e a jogada se-
cantar a grande batalha de guinte, o mestre polonês Ru-
Tarrasch contra o mundo. Até binstein consegue desfazer-se
o dia de sua morte, Tarrasch de seu PD isolado, que po-
sustentou firmemente que sua deria chegar a ser uma com-
defesa era indiscutivelmente a pensação para as Pretas , e isolar
melhor de todas e que as outras todos os Peões inimigos.
eram puramente 'ortodoxas', 15. P4BD!
por apegarem-se a concepções Observar a ação do BR
errôneas e obsoletas . branco desenvolvido por
Apesar de seus hercúJeos "fianchetto" sobre o centro
esforços, entretanto, acredita- do tabuleiro, idéia principal
mos hoje que ele, estava errado." da Variante Rubinstein .
8. CRxP B4BD 15. ... P:xP
9. C3C B5CD 16. BxCD PxB
10. 0-0 BxC 17. 040! 010
A estratégia empregada 18.BxC TxB
pelo mestre norte-americano Se 18 .... , PxB; seguiria 19 .
Marshall não pode ser reco- O4C+, R2B; 20. DST+, RIC;
mendada: isola um Peão das 21.TRlD,etc.
Brancas, é verdade, mas desfaz- 19. DxPB

474
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ -

Se 22. DxP?, seguiria 22 .... ,


T3T!; 23 . P4TR, P4C!, etc.
22. .. . D4T
23.PSR T3T
24 .T2BD
Para defender o PTD, pois
se 24. DxPB, então 24 ... . ,
DxPT.
24 . ... D3C+
25 . R2C TlD
DIAGRAMA472
Posição após 19. DxPB. 26 .TR2B!
São débeis os Peões O correto. Um erro seria
pretos isolados.
26. Dx.P, por 26 .. .. , DxD; 27 .
TxD, T7D+; 28. T2B, TxP+ 1;
Exploração dos pontos 29 . RxT, TxT+; 30. RIC,
déheis TxPT; e as Pretas se salvariam.
26. ... TIBD
As Brancas têm dois blocos Agora é preciso defender o
de Peões, enquanto as Pretas PBD atacado.
têm quatro. 27.TR2D RIT
Três de seus Peões estão 28.T6D D8CD
isolados; são débeis e factíveis 29.TxPB
de exploração, principalmente Cai o primeiro Peão. O
o PR e o PBD. resto é simples.
A técnica, empregada por 29 .... TICR
Rubinstein constitui um 30 .TSB D2C+
modelo nessas posições. 31 . RI C D3C+
19.. .. D4D 32 . D5B DxD+
20. TDIB TDIBR 33.T2BxD P4C
Se 20. DxD; 21. TxD, 34 .TxT+ RxT
TlBD; 22. T5B!, e as Pretas 35.PxP T4T
estariam perdidas. 36. P4TR P3TR
Agora, se 21. DxP, DxP! 37.Px.P TxP
~1. P4R D4TR 38 .TSB+
22. P4B! Abandonam .
Os Peões pretos devem cair Uma partida qu e bem
de "maduro". No mom ento acentua as desvantagens dos
ainda estão "verdes". Peões isolados.

475
XADREZ BÁSICO
~-------- - - - - - - - - --=-

IV - O PEÃO ATRASADO

Todo Peão situado para trás de seus Peões companheiros é um


Peão atrasado.
Constitui wna debilidade séria, na estrutura de Peões, e tem
como causa uma estratégia defeituosa no decorrer de wna partida .
Corno o Peão isolado, carece ele de defesa por parte de outro
Peão e toma muito fraca a casa que lhe fica em frente . É, ainda,
mais fraco que o Peão isolado, ,,isto que mais dificilmente pode
avançar e as casas que ataca, freqüentemente, estão ocupadas por
Peões de seu lado.

Como E:\.-plorar o Peão Atrasaclo

Tira-se proveito do Peão atrasado, à semelhança do Peão


isolado, procurando instalar uma peça na casa situada diante do
Peão débil, casa essa que se torna um ponto forte para o lado
contrário.
Essa casa débil, que não pode ser defendida por Peões
(exatamente como no caso do Peão isolado), forma um "hole"
(buraco). Uma peça colocada num "hole" bloqueia e restringe a
posição inimiga.
Vejamos um exemplo ilustrativo, apresentado por Eliskases,
numa conferência realizada em 194 I, na sede do Clube de Xadrez,
São Paulo.

PARTIDA Nº 12 o nome de Ataque Nimzo-


Berlim, 1939 witch, já estudado à página 430 .
Ataque Nimzo,Yitch. As Brancas jogam uma
Brancas Pretas Defesa Nimzowitch do PD,
E. Eliskases H. Keller com as cores invertidas e com
1. C3BR P4D um tempo a mais : 1. P4D,
2. P3CD C3BR C3BR; 2. P4BD, P3R; 3. C3BD,
3. B2C P4B BSC; 4. C3B, P3CD.
4.P3R C3B O tempo a mais é repre-
5. BSCl sentado pelo lance B2C, que as
Esta abertura, freqüente- Brancas possuem neste mo-
mente usada por Eliskases, leva mento.

476 i
-""'L------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostiru ---------""'1-

Esta predileção, por jogar P4R . Não esquecer que o


com as Brancas defesas pró- primeiro jogador emprega
prias das Pretas, tem tido acei- com as Brancas uma defesa
tação pelos mestres mod ernos, índia .
que bem valorizam o tempo a 9 . .. . B2R
mais que o lance inicial pro- A nada conduziria agora 8 .
porciona. ... , 83D; por 9. P4BR .
Vimos, a esse respeito, no 10. C2D 0-0
estudo da Abertura Inglesa, na 11. D2R C2D
página 429, uma Variante Dra- 12. CxB TxC
coniana (da Defesa Siciliana) 13. P4R!
jogada pelas Brancas com a Avanço central bem pre-
vantagem de um tempo. parado e cumprido no mo-
5. ... B2D mento exato. A idéia das Pretas
Após 1. P4D, C3BR; 2. P4BD, de jogar... , 838 é energica-
P3R; 3. C3BD, B5C;4. 82D, mente refutada.
P3CD; o lance 4. 82D, para as 13 .... 83B
Brancas, é inferior, pois elas Se 13 .... , PxP; segue-se
devem aspirar à vantagem na 14. CxP, C3B; 15 . TDID,
abertura . Já para as Pretas não CxC; 15. PxC, D28, e, do
sofre tal crítica, visto que as mesmo modo, as Pretas não
Pretas devem procurar jogo poderiam jogar... , B3B.
igual na primeira fase da 14.PSR! B2R
partida.
6. 0-0 P3R O PR branco restringe o jogo
7. BxC! adversário
Para jogar em seguida 8.
CSR. A troca é realizada no O PSR das Brancas limita o
momento oportuno, caso con- jogo das Pretas. Esses avanços
trário, 6 .... , B3D impediria o dos Peões centrais devem ser
plano das Brancas. bem calculados, pois não raro
7. ... BxB podem tornar-se Peões débeis,
8. CSR TIB como veremos em páginas
Evita assim os Peões do- adiante.
brados que se produziriam 15. P4BD DlC
após 9. CxB. Se 15 .... , PSD; seguiria 16.
9. P3D P4B, e 17. C4R, com partida
Para efetuar a idéia básica satisfatória.
das defesas índias, que é jogar 16. P4B P4B

477
XADREZ BÁSICO
~-'---------- ----------

Com a ideia de jogar PSD como causa a estrategia defei-


sem ceder a casa 5 R. Mas se tra- tuosa das Pretas, ao jogarem
ta de uma jogada posicional- 16 .... , P4B.
m ente fraca, porquanto vai ser É sempre a origem de tal
a causa de um Peão atrasado. desnntagem, porque não con-
17 . PxPe .p.! BxP fere nenhuma primazia ao jo-
18. BxB TxB gador que a possui. Logo,
deliberadamente ninguem se
E o PR preto tornou-se um permitirá um peão atrasado,
Peão atrasado visto não conceder nenhuma
das possíveis vantagens do peão
isolado (bom desenvolvimento,
posse de forte casa central, o
par de Bispos); ademais, e uma
fraqueza mais seria do que o
pr6prio Peão isolado.
Um dos poucos casos em
que, propositadamente , e ad-
mitida sua criação ocorre numa
nriante da Defesa Siciliana,
DIAGRAMA 473 muito estudada pelos mestres
Posição após 18 .... , TxB . russos modernos e que surge
O PR atrasado é uma fraqueza séria.
depois de 1. P4R, P4BD; 2 .
C3BR, C3BD; 3 . P4D, PxP;
DeYido a jogada debil 16 . 4 . Cx.P, C3B; 5. cm, P3D; 6 .
. . . , P4B, criou-se no território B2R,P4R 1?.
do segundo jogador um Peão Acreditam seus defenso-
atrasado , que representa uma res que a debilidade do PD
seria desYantagem . preto atrasado e, momentanea-
A retomada 18 . . . . , PxP, mente, difícil de ser aprovei-
para evitar o Peão atrasado, tada pelas Brancas e que, cedo
seria igualmente uma alter- ou tarde, conseguem as Pretas
nativa inferior, pelo enfraque - a libertação à base de ... , P4D.
cimento na estrutura dos Peões Não sendo possível essa
e pela própria posição do Rei manobra, o jogo das Pretas
preto, que ficaria descoberto. ficará estrategicamente per-
O PR tornou-se um Peão dido (vide página 385).
atrasado , debilidade que teve 19. P3C

478
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------""""---

Um lance, que detennina A casa 4R preta tornou-se


enfraquecimento nas casas uma casa fraca, um "hole", isto
3BR e 3TR. Porém se trata de é, uma casa que não pode ser
uma debilidade mais aparente defendida por Peões.
que real, pois o adversário não O lado com um "hole" deYe
mais dispõe do BD, que corre vigiá-lo, não consentindo que
pelas casas de cor branca . peças inimigas aí se instalem.
19. ... D3D Para se tirar proveito de um
20 . C3B ''hole", deve-se ocupá-lo com
Impede 19 .. .. , P4R , que peças, principalmente Cavalo
faria desaparecer a debilidade ou Bispo, porém, não prema-
do PR atrasado. turamente, como seria o caso
O PR preto é fraco, nesta de 21. CSR?, CxC; 22 . PxC, e
posição, pelas razões seguin- desapareceria a fraqueza das
tes: Pretas. Deve-se retomar uma
1 - Encontra-se paralisado peça capturada num "hole",
com outra que não seja Peão.
em 3R, impedido de avançar, o
A maneira como Eliskases
que ocasiona dificuldades na
se vale de tal debilidade é suma-
movimentação das peças pretas .
mente instrutiva.
2 - Sendo um Peão central,
21.TDlR TJD
torna mais difícil a livre comu-
22. D2CD!
nicação entre a ala da Dama e a
A idéia é dobrar as Torres
ala do Rei.
na coluna do Rei, valorizando
3 - Uma das casas por ele
a ameaça CSR . Seria igual-
atacada (4D) está ocupada por
mente precoce 22. CSR, por
peão companheiro. 22 .... , CxC; 23. DxC, DxD;
4 - Não há colunas abertas, 24 . TxD, PxP, e as Pretas se
que poderiam autorizar um serviriam da coluna aberta da
contrajogo eficiente. Dama .
20 . .. . TIBD O plano é esperar, para
jogar CSR, até o momento em
Como explorar o Peão que o segundo jogador retire o
atrasado Cavalo de 2D. Ora, se as Pretas
Da mesma maneira que no não executarem tal lance, não
Peão isolado, tira-se proveito do poderão senir-se da coluna da
Peão atrasado em se ocupando Dama.
a casa que lhe fica em frente . 22. .. . T2B

479
XADREZ BÁSICO

23 .T3R CIB Por fim desapareceu o


24.TRlR P3TR Cavalo preto.
25 . P4TR! Se 31. ... , C2D, a
Com sua última jogada, as continuação seria 32 . D2R,
Pretas se previnem contra um para ameaçar PSB.
futuro CSC, ao mesmo tempo 32 . DxC D2D
que ameaçam eventual ... , 33. TSR!
P4CR, para atacar o PER Bloqueia o Peão atrasado e
branco, gue vigia a casa SR. ameaça P 5 B, ganhando um
Com 25. P4TR!, não Peão.
somente se mantém o bloqueio 33 .... D2BR
na ala do Rei, como também 34. TxPD!
se constitui o primeiro passo ao A perda de um Peão era
ataque do Cavalo preto em inevitável em todas as va-
1 BR, que é a peça de maior po- riantes.
der defensivo do Peão atrasado. 34. ... DxD
É necessário eliminar tal 35. PxD T3B
peça, o que se consegue com Além da desvantagem ma-
PST, C4T e C6C, manobra terial, a posição preta é débil
longa, mas viável, por domi- pelos Peões isolados de 2TD,
narem as Brancas o tabuleiro . 4BD e 3R.
25 .... P3CD 36. T7D P3T
26. D2R! T2C 37. PSB
O Cavalo preto paralisa o O ponto mais fraco das
ataque das Brancas ao PR. Pretas é mais urna vez atacado!
27. PST P4CD 37 . ... RlB
28 . PxPC TxP 38. R2B!
29. C4T T3C A centralização do Rei é
É preciso cuidar da defesa importante para o final que se
do PR, três vezes atacado, visto segue.
que sua mais forte defesa, o 38 . ... T2R
Cavalo, está prestes a desa- 39. T8D+ TlR
parecer. 40. TxT+ RxT
30. D4C! 41. TxP+
E não ainda 30. C6C , por Por fim cai o PR , centro de
30 .... , CxC; 31. PxC, P4R!; toda a partida.
32. TxP, DxPC, etc. 41. ... TxT
30. .. . TlR 42. PxT R2R
31.C6C CxC 43.R3R

480
--""''------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~

O final é facilmente ganho 47. P4T R3B


pelas Brancas. 48. PSC PxP
43 .... RxP 49. PST
44. P4D PxP+ Abandonam.
45.RxP R4B Este exemplo mostra, com
46 . P4CD RxP evidência, os inconvenientes do
Peão atrasado.

V -O AVANÇO P5RBRA1 CO NAS ABERTURAS

Em geral, o avanço do PR branco na quinta casa constitui forte


jogada, desde que esteja cooperando para um ataque ao Rei
adversaria, pois, além de restringir a posição inimiga e desalojar
o Cavalo preto colocado em 3BR - essencial para a defesa do
pequeno roque-, abre ainda a diagonal branca 1 CD-7TR para o
BR ou Dama das Brancas. Daí tratar-se de um lance muito do
agrado da maioria dos principiantes e de jogadores menos
experimentados.
Porém, tal avanço necessita ser meditado, visto que fre-
qüentemente a vantagem, toda transitória, em espaço que
determina, não consegue compensar as dificuldades que precisam
ser vencidas nos finais, isto por que o PR avançado torna-se,
amiúde, um Peão débil.
O avanço PSR branco pode, por conseguinte, transformar-se
em elemento de força ou de fraqueza.

Quando o P5R é Forte

As condições são as seguintes:


1 - Quando as Brancas têm melhor desenvolvimento e também
possibilidades de ataque.
2 - Quando pode apoiar, em forma decisiva, o ataque contra
o roque preto.
3 - Quando obriga à retirada o Cavalo inimigo de 3BR, peça
essencial para a defesa do roque, com ganho de tempo para a
realização do ataque.
4 - Quando as Pretas ja tenham jogado ... , P3CR, pois então
a casa preta 3BR torna-se uma casa forte para as Brancas, protegida

481
XADREZ BÁSICO
-='---------- ----------"=-

que estará pelo Peão branco de SR . Adquirem grande força peças


instaladas nesse ''hole", principalmente Cavalos e Bispos. Convém
notar que o lance ... , P3CR, somente enfraquece a casa 3BR em
conjunção com o avanço do PR preto.
5 · · Quando facilita combinações e sacrifícios como C6BR ou
B6BR, etc.

Quando o P5R é Fraco

Posicionalmente, o Peão em 4R é mais forte, porque domina


duas casas centrais, 50 e 5BR, não defendidas por Peões inimigos;
casas, portanto, onde podem ser alojadas peças do primeiro
jogador. Em SR, o Peão fiscaliza casas com freqüência de menor
importância, por se acharem igualmente sob domínio de Peões
pretos (P2BD e P2CR).
De uma maneira geral, o avanço PSR se revela fraco quando
as Pretas têm melhor desenvolvimento ou a iniciativa .
Três são os motivos principais da fraqueza do Peão avançado
de SR:
1 - Constitui, com freqüência, alvo de ataque do inimigo,
exigindo defesa por parte de peças, que ficam escravizadas nessa
função. Quando exige a proteção de outro Peão como P4BR, o
BD branco fica limitado em seu raio de ação.
O ataque do segundo jogador ao PR avançado ganha de
intensidade, quando não existe mais o PR preto; nesse caso o PR
avançado branco pode vir a ser frontalmente atacado por uma
Torre preta em 1R.
2 - As Pretas podem utilizá-lo para abrir a coluna BR para sua
TR, com ... , P3BR.
3 - Resultam débeis as casas brancas 50 e 5BR, que passam a
ser pontos de entrada para as peças inimigas.
Exemplos mostrando os casos em que o avanço PSR é forte
podem ser vistos nas partidas Smyslov x Barcza (página 450);
Eliskases x Keller (página 4 76), Andersen x Paulsen (página 468),
Bogoljubow x Romanovsky (página 520) e Pillsbury x Judd (pá-
gina 315).
Veremos a seguir alguns exemplos em que o avanço PSR se
revelou débil.

482
» J ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - = -

PARTIDA Nº 13 O aYanço do PR a SR é
Campeonato de Jerusalém, usual na maioria das \·ariantes
1935 da Defesa Francesa ( estudo
PR ~ Defesa Francesa teórico à página 374); a posição
Brancas Pretas restringida que decorre para as
Foge! M . Czerniak Pretas é, amiúde, a causa de
1. P4R P3R grande número de derrotas
2. P4D P4D sofridas pelos adeptos dessa
3. PSR linha de jogo. Porém, quando
Variante Nimzowitch. As ao avanço PSR não se seguem,
Pretas igualam a partida com por parte das Brancas, ações
facilidade (vide estudo teórico opressivas imediatas e enér-
à página 378). gicas, as Pretas costumam sair
O PR branco, em fase pre- com vantagem, pois a luta,
coce da abertura, realizou o assaz longa, que se estabelece,
avanço em questão. com manobras lentas e planos
Não se trata, evidente- indiretos, tem seu vértice no
mente, de um mau lance. A peão branco avançado e imo-
Única crítica que se lhe pode bilizado, que vem a sofrer ação
fazer é que não traz vantagem tenaz do adYersário.
às Brancas, pois não é feito com Essas eventualidades são
ganho de tempo, como seria o usuais; é a explicação do por-
caso se existisse um Cavalo quê de mu.itos enxadristas se
inimigo em 3BR. encherem de assombro ao per-
A cadeia de Peões com um derem partidas erroneamente
vértice avançado (P4D e PSR) julgadas favoráveis.
é aceitável, quando o rival j_ P4BD
tenha provocado esse avanço 4.C3BR
por meio de um Peão (lance 2. A proteção do PR com 4 .
. . . , P4D), e, especialmente, P4BR seria um erro, porque,
quando as casas laterais ao Peão além de limitar o BD, facilitaria
avançado estão ocupadas por o desenvolvimento do CR ini-
peões inimigos . Na posição, o migo via 3T (para posterior 4BR).
P4D preto ocupa uma das casas 4 . .. . C3BD
laterais; resta apenas a casa 4BR S. P3B D3C
preta, que pode vir a ser ocu- As jogadas pretas \ isam o
0

pada por uma peça do segundo PD branco, apoio eficiente do


jogador ( exemplo . . . , C4BR) . PR.

483
-""''--------- XADREZ BÁSICO ------------=-

6 . B2R B2D agressiva imediata . O ataque,


7 . 0-0 PxP! que as Brancas pretendem
Troca que não deve ser efetuar com P4BR, apresenta
demorada, devido à ameaça dois graves inconvenientes: foi
8 . PxP!, seguido de P4CD, lento demais e o desenvol-
que restringe o jogo inimigo. vimento de suas peças não foi
8. PxP CR2R satisfatório pois a TD está
9.C3T inativa, o BD ainda em sua casa
Para jogar 1O. C2B, defen- de origem, o CD com função
dendo mais uma vez o PD. defensiva e o CR afastado do
9 .... C3C campo de luta. Ao contrário,
Outra idéia seria 9 .... , C4B; as Pretas têm um desenvol-
1O. C2D, P4TR!, explo-rando vimento superior de peças; daí
a casa 4BR enfraquecida pelo o plano de abrir a coluna BR
avanço do PR. Czerniak, resultar-lhes favorável.
porém, jogou com outro 13. P4B PxP
plano, que foi aproveitar o PR 14.PBxP
avançado para abrir a coluna Se 14. PDxP, o PD preto
BR mediante ... , P3B. passado seria muito forte .
10.C2B B2R 14. ... TxT
11.RlT 0-0 15.BxT TlBR
12. ClC P3B!
As Pretas dominam a
coluna aberta
As Pretas conseguiram o
domínio da coluna BR aberta,
justa recompensa à boa es-
tratégia desenvolvida. Como
suas peças estão bem colocadas,
tal vantagem pode ser decisiva
para um ataque direto ao Rei
branco.
DIAGRAMA 474 16. B3D BlR!
Posição após 12 .... , P3B1 Protege o CR ameaçado e,
As Pretas abrem favoravelmente a
coluna BR. ao mesmo tempo, convida o
adversário a atacar o PR preto,
O avanço PSR não foi que ficou indefeso.
seguido de nenhuma ação 17. D4C?

484
- = ' - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini _ _ _ _ _ ___
12;,<,"'--

Caindo na cilada habil- graças ao domínio que con-


mente preparada pelo mestre seguiram da colW1a aberta BR .
palestino. As Pretas ganham a
partida mediante sutil com-
binação. Outras vezes, o PR avan-
17. ... CDxPR! çado transforma-se em alvo de
18. PxC CxP intenso ataque, principalmen-
19. D3T CxB te se falta o PR preto; uma
20. DxC B4CD! Torre em 1R passa a atacar
21. D3CD frontalmente o citado Peão.
Se 21. D1D, a continuação Um exemplo é a posição ocor-
seria 21 .... , T8B; 22. B3R!, rida na partida Mieses x Tar-
TxD;23.BxD,TxT;24.Cx~ rasch, Metz, 1916, após 1. P4R.
PxB; etc. P4R; 2. C3BR, C3BD; 3. P4D,
21 .... DxC+! PxP; 4. CxP, C3B; S . CxC,
22. RxD T8Bmate. PCxC;6.PSR,D2R;7 . D2R,
Uma partida jogada pobre- C4D; 8. C2D, B2C; 9. C3C,
mente pelas Brancas, mas ilus- 0-0-0; 10. P4BD, C3C; 11 .
trativa para o tema em estudo. B2D,TIR; 12. P4B, P3B; 13.
As Brancas realizaram P4TD, B3T; 14. D4R, D2B;
precocemente o avanço PSR e etc. As Pretas estão melhores,
não tiraram proveito da posição graças ao ataque sobre o débil
restringida imposta ao inimigo. PR avançado.
A vantagem em espaço, que
adquiriram, não foi seguida,
como deveria ser, de rapida PARTIDA N" 14
ação agressiva ao roque preto. Londres, 1927
O desenvolvimento das peças PR - Defesa Siciliana
brancas foi defeituoso e muito Brancas Pretas
lentos os preparativos de Yates Nirnzowitch
ataque na ala do Rei. 1. P4R P4BD
As Pretas tiveram tempo de 2. C3BR C3BR
completar satisfatoriamente Inovação do próprio Nim-
seu desenvolvimento e ex- zowitch. Provoca o avanço PSR ,
plorar o PR avançado, median- para dele tirar proveito. Se bem
te a abertura da coluna BR. que conseguem as Brancas
A linda combinação, que vantagem em espaço, cabe-lhes
finalizou a partida, foi possível também a preocupação de

485
~..___ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO---------=-

apoiar o Peão avançado, o que Tornam -se fracas as casas SD


não se consegue sem a criação e SBR das Brancas
de pontos débeis .
3. PSR C4D Como conseqüência do
4. 848 C3C avanço PSR branco e da luta
5 . 82R C38 desenvolvida na abertura , as
6. P3B P4D duas casas laterais ao PR branco
7. P4D PxP tornaram-se fracas, permitindo
8.PxP B48 sua ocupação por figuras adver-
9. 0-0 P3R sárias.
Comparando-se esta posi- 17. D4T P4TR!
ção com a da partida anterior, 18. B3T
observamos que o BD preto Retirada forçada. À 18 . 838,
agora atua por fora da cadeia seguiria 18 .... , C48; 19 .... ,
de seus Peões. Na partida de P5T, e ... , C6C+; etc.
Foge] x Czerniak, esse BD era 18. ... 848
um Bispo mau estático. Aqui 19. D3T D4C!
ele é um Bispo mau dfoâmico, Ganha tempo atacando a
de valor superior. Torre branca, para dar passa-
10.C38 B2R gem ao CD a 4D, via 3C.
11. ClR 20.RlC C3CD
Com idéia de realizar um 21. D38R C(3C)4D
ataque à posição inimiga, com 22. P3CD O3C+
P48, P4CR e P58. 23.T2B T18D
11.... C2D! 24.82D T3T
Impedindo o avanço do PB, 25. TIO 8xB
pois a 12. P48, CxPD !, seguido 26. DxB C48
de13 .... ,84B.
12. 84C! 83C
13. P48 CxPD
14. CxPD! C3BD
Se 14 ..... , PxC; segue 15.
DxC!, B4BO; 16. BxC+, etc.
15. CxB D3C+
16.RlT CxC

DIAGRAMA 475
Posição após 26 .... , C4B.

486
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - ~ ~ -

A posição é sumamente 30. P4TD CST


instrutiva e demonstra como 31.R1B T3B
aproveitar as debilidades das 32 . PST DID
casas laterais provocadas pelo 33.RlC C4B
avanço do PR branco. Não servia 33 ... . , CxC+;
Os dois Cavalos são pode - por 34 . TxC,TxT; 35 . Dx~
rosos, visto ocuparem posição P3CR; 36. PSB!, e as Brancas
praticamente inexpugnável e conseguiram romper a posição
firmemente apoiados pelo dos Peões adversários .
PR preto. Atuam próximo às 34. R2T P3T
forças inimigas, o que com- 35. DlC
pensa seu curto raio de ação. Ameaçando 36. C4D, pois
Convidamos o leitor a se 36 .... , CxC; 37. RxT.
comparar esta posição com 35. ... D2R!
aquelas das lutas de dois Bis- Nimzowitch permite a jo-
pos x dois Cavalos ou Bispo e gada seguinte, por lhe encon-
Cavalo, em que faltam aos trar resposta adequada .
Cavalos precisamente tais po- 36. C4D DST!
sições (vide os dois Bispos, Não é possível nem 37 .
página 535). CxT, nem 37. CxC, por 37 .... ,
Enquanto isto, o PR branco TxPT+; com vantagem ga-
permanece imobilizado, ina- nhadora.
tivo, ameaçando duas casas 37. BlR CxP
sem valor. Ameaça mate com 38 .
27. D3D T3C TxPC+, seguido de ... , DxPT+;
e ... , DxT mate.
As Pretas devem vencer 38.TxC TxPT+
mercê do ataque 39.PxT DxT+
As vantagens conseguidas 40. R2C C6R+
pelas Pretas ( ocupação de casas As Brancas abandonam,
fracas) são um meio para o fim pois o mate é inevitável após
em mira, que é o ataque ao 41. RlT, 088+;42. R2T, D7C
roque branco. A esplêndida mate.
colocação dos Cavalos pretos O avanço PSR debilitou as
permitirá o bom desenvol- casas brancas 5D e SBR, as
vimento do ataque final. quais foram trabalhadas por
28.C3B TSC Nimzowitch, que conseguiu
29. P3TR T6C ocupá-las com seus Cavalos .

487
XADREZ BÁSICO
-"'"'------ - - - - - - - ----------"""'-

E, dessas posições, tais peças 5 .... D3C


cooperaram com eficiência 6.PxP?
para o ataque vitorioso ao Rei
inimigo. Um erro estratégico
Para terminar o estudo des- Com o desaparecimento do
te interessante tema veremos PD branco, o Peão de SR tor-
uma linda partida do mestre na-se extremamente débil .
soviético David Bronstein, na O prosseguimento da par-
qual se conjugam os três pro- tida nos mostrará as três ma-
cedimentos recomendados neiras de explorar o avanço
para o aproveitamento do PSR, quando tal avanço resulta
avanço PSR branco. débil.
São elas:
PARTIDA NQ15
X Olimpíada-Helsinque, 1952 1. ataque direto ao PSR;
Defesa Francesa 2. instalação de uma peça na
(Por inversão) casa lateral a esse Peão e;
Brancas Pretas 3. abertura da coluna BR.
Stoltz Bronstein 6. .. . BxP
1. P4R P4BD O Bispo é desem·olvido
2. C3BR C3BD com ganho de tempo.
3.P3B 7. D2B
O usual é 3. P4D (vide Já um lance forçado, para
estudo te6rico à página 384). defender o PBR.
O lance do texto não é reco- 7. ... D2B!
mendável para as Brancas .
3. ... P3R P FASE: Ataque Direto ao PR
4. P4D P4D inicia-se o ataque ao débil
5.PSR PSR branco.
A partida iniciada com a 8. D2R
Defesa Siciliana transpõe ago- Segundo movimento com
ra, para uma Defesa Francesa, a Dama e, outra vez, obrigado.
em que as Brancas jogam uma A defesa natural 8. B4BR
variante inferior. falharia por 8 .. .. , P3B!, e as
O avanço PSR, freqüente Pretas ganhariam o PR . Po-
nessa linha de jogo, foi rém, o lance da Dama irá
realizado com perda de tempo, dificultar o desenvolvimento
como sabemos, pois em 3BR do BR branco.
não há peça a ser atacada. 8. ... CR2R

488
~,?$il~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------"""'-

Com a ameaça 9 .... , C3C, devido a 11 .... , P3B! ganhar o


ganhando o PR. Interessante Peão.
observar que as Pretas, jogando Com esta jogada, a Dama
uma Defesa Francesa (de branca já realizou quatro mo -
caráter restritivo), após apenas vimentos, com prejuízo do
oito lances se encontram em desenvolvimento.
posição superior e de posse da 11. ... 0-0
iniciativa. 12. C3T P3B!
O PSR branco passa a cons-
tituir o eixo de toda a partida.
9. B3R

Defesa indireta do PR
O sueco Stoltz encontra a
única defesa para seu PR. Agora
... , C3C não é ameaça, porque
após 9 .... , BxB; 10. DxB, C3C;
11. BSC, as Brancas
conseguem defender indire- Posição após 12 .... , P3B!
tamente o PR. A abertura da coluna BR é favorável
às Pretas.
Estas dificuldades das
Brancas, em defender o Peão
3ª FASE: Abertura da Coluna
cm fase tão precoce da partida,
BR
demonstram, sem dúvida, a Não é mais possível acu-
inferioridade decorrente, não mular peças sobre o PR branco.
tanto do avanço PSR, mas da Após haver estorvado o desen-
eliminação gratuita de sua única volvimento normal das peças
defesa eficiente (6. PxP?). brancas, pela constante ameaça
9.. .. BxB da captura desse Peão, o admi-
10.DxB C4B rável mestre soviético David
Bronstein lança mão de mais
2° FASE : Instalação do Cavalo um procedimento correto na
na Casa Fraca Lateral ao PR exploração do PR branco, isto
Branco é, a abertura da coluna BR.
11 . D2R Basta atentar que as Bran-
Outra vez um movimento cas ainda não rocaram, para
obrigatório, obstruindo o BR, avaliar a importância de tal
pois 11. 048 não é possível coluna aberta, que incide

489
XADREZ BÁSICO
-=·'--------- - -------~

diretamente sobre o ponto Com seu último lance (15 ... . ,


fraco 2BR das Brancas . P3TD!), Bronstein simplifica a
13. C5CD D4T! posição, para reduzi-la tão so-
Pregadura importante do mente aos elementos indis-
PBD branco. pensáveis ao aproveitamento
Ameaça, ainda, 14 .... ,P3TD, de sua vantagem (teoria da
criando sérios problemas ao simplificação de Capablanca) .
adversário. 16. C(5C)4D ...
14. PxP TxP! Não é possível 16. C3T, por
E pretendem agora as Pre- 16 .... , P4R!, e o ataque das
tas avançar seu PR, para obter Pretas seria vencedor.
um ataque ganhador. 16 .... C(4B)xC
15. D2D 17. PxC
Impedindo o avanço do PR A retomada de Peão é
inimigo, pela ameaça sobre o obrigatória. Se 17. CxC, a
PD. resposta seria sempre 17 . ... ,
15 .... P3TD! P4R!
17 .... DxD+
Quais as conseqüências finais 18. RxD B2D
do avanço PSR branco? Para jogar o Bispo a 1R e a
Agora que desapareceu o 4 TR, fazendo pressão sobre o
PR branco é lógico perguntar PBR branco e sobre o defensor
quais as conseqüências finais do PD.
resultantes desse avanço, ou, o A fraqueza do PR atrasado
que é o mesmo, quais as vanta- é apenas aparente, pois não
gens auferidas pelo segundo pode ser explorada . Não é
jogador. possível C5R, por exemplo,
A resposta será: por ficar indefeso o PBR .
1. um melhor desenvolvimento A força do domínio da
de peças; coluna aberta BR far-se-á sentir
2. a abertura favorável da co- até o final da partida.
luna BR e; 19. B3D BlR
3. um centro móvel de Peões, 20.R3R
difícil de ser bloqueado. Defende ao mesmo tempo
Tais vantagens são mais que os pontos fracos 4D e 2B,
suficientes para o jovem mes- antepondo-se, assim, ao defeito
tre russo pretender ganhar a de ... , B4 T. Mas essa cen-
partida. tralização forçada do Rei terá,

490
~,,s;l~------ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ------~lp.<,-

igualmente, suas conseqüên- R3C,TxB),TxB; 28. RxB,T4B


cias funestas. mate .
20 .... B4T b) 25. R3B, por 25 .... ,TIB+;
21. CSR 26. R3C, T4BD; 27. TRIR,
Bloqueado o PR inimigo e T4C+, seguido de ... , T(4C)xP;
impedindo seu avanço, que e as Pretas ganham.
seria possível após: 25. ... TxPCD
a) 21. CSC (ou 21. C2D), P4R! 26 . TRlCD TJB+
b) 21. B2R, Tl R, segujdo de Decide a partida com um
.. . , P4R; e, em ambas as va- ataque de mate .
riantes, o Rei estaria sob o fogo 27 . R6O
direto de todas as peças ini- Ou 27. R4O,T7D+; 28. R3R,
migas. T7R+; 29 . R4B, TlB+; 30.
21. .. . CxC RSC, TxB; 31. RxB, T4B mate.
22. PxC PSD+ 27. .. . T7D+
As Brancas abandonam.
Havia mate forçado aos:
A entrada na 7' horizontal
a) 28 . R7R, com 28 .... , TIR
A posição resultante de 22.
mate.
PxC já estava estrategicamente
b) 28. RxP, com 28 . ... , BSC+;
ganha para as Pretas, mercê de
29. B5B (29. R7R,T2O mate),
seu forte PD passado. Mas,
TIR mate.
com seu avanço-sacrifício,
Merecem reparos especiais
Bronstein troca-o pelo PBR
nesta partida, os pontos se-
inimigo, conquistando a 7ª
guintes:
horizontal, fator último de sua
1. Uma inversão ocorrida
bem concatenada vitória nesta na abertura, que, primiti\'a-
partida. mente era Defesa Siciliana (l.
23.RxP TxP P4R, P4BO), transpôs para a
24. B4R TlD+ Defesa Francesa (1. P4R, P3R),
Observar a inervante pas- em que as Brancas não levaram
sividade das Torres brancas, em a melhor, porque jogaram uma
contraste com as ativas e di- linha inferior dessa defesa.
nâmicas Torres das Pretas. 2. O avanço branco PSR foi
25 . RSB realizado sem ganho de tempo
Não era possível: (não havia Ca\'alo preto em
a) 25. R3R, por 25 .... ,T7R+; 3BR para ser corrido); mas,
26. R4B,T1B+; 27. RSC (27. em todo caso, defendido que

491
.=.__________ XADREZ BÁSICO ----------""='-

estava pelo PD, impunha sem- c) centro móvel de Peões.


pre um caráter da ação inimiga. 9. A seguir, as Pretas sim-
3. Porém, com o grave erro plificaram a posição, para mais
estratégico 6. PxP?, que fez facilmente valorizar sua van-
desaparecer a Única defesa tagem .
forte do Peão avançado, o PR 1O. Conjugando ameaças
branco passou a constituir um de um avanço central e ataque
Peão débil. aos pontos fracos inimigos 4D
4. Numa primeira fase, as e 2BR, as Pretas conseguiram:
Pretas passaram ao ataque ao a) forçar o lance branco CSR,
PR adversário. que lhes deu um forte Peão
A defesa foi-se tornando passado defendido e;
cada vez mais difícil, obrigando b) aproximar o Rei branco do
a lances de Dama, que difi- centro do tabulefro.
cultaram o desenvolvimento 1 1. O Peão passado teve
das peças do primeiro jogador. duração efêmera . Foi trocado
5. Numa segunda fase, as pelo PBR rival, dando às Pretas
Pretas ocuparam com o Cavalo o domínio absoluto da 7• ho-
a casa 4BR, casa enfraquecida rizontal, decidindo-se a partida
pelo avanço do PR branco, mediante um lindo ataque de
ganhando tempo no ataque à mate.
Dama branca e dificultando 12. Lembrar que tudo
novamente a saída do Bispo. decorreu do lance 5. P 5 R em
6. Após essas duas fases, conjunção com o grave erro
haviam as Pretas conseguido estratégico 6. PxP?.
impedir o normal desenvol- É incrível acreditar, mas
vimento das peças brancas, corno o prosseguimento o de-
principalmente do BR e de monstrou, a partida já estava
ambas as Torres. estrategicamente decidida após
7. Numa terceira fase, as esses dois lances das Brancas.
Pretas, explorando o PSR bran- Outros exemplos da fra-
co, abriram favoravelmente a queza do PSR branco podem
coluna BR. ser vistos nas partidas Brinck-
8. Depois da realização man x Nimzowitch (página 463);
dessas três fases, as vantagens Reshevsky x Fine (página
obtidas pelas Pretas eram as 505); e J. M. Crstiá x Eliskases
seguintes: (página 559).
a) melhor desenvolvimento;
b) domínio da coluna aberta BR e;

492
~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"""'-

VI-O .AVANÇO P5D BRANCO NAS.ABERTURAS

O que se disse a respeito do avanço PSR branco nas aberturas,


aplica-se, em parte, também ao avanço PSD.
A) Igualmente é forte esse avanço, desde que:
1 - esteja acompanhado de melhor desenvolvimento;
2 - seja realizado com ganho de tempo (pelo ataque a peças
inimigas);
3 - exista um "hole" ( casa fraca) em 380 das Pretas, passível de
exploração, ou;
4 - encerre possibilidades de ataque.
O avanço PSD, nessas condições, proporciona às Brancas
vantagem em espaço, além de restringir a posição às Pretas.
B) Igualmente pode constituir um elemento de fraqueza:
1 - por tornar-se alvo de ataque;
2 - da mesma maneira ficam fracas as casas laterais ao Peão
avançado (casas SBD e SR das Brancas), que passam a constituir
excelente pouso para as peças inimigas, principalmente os Cavalos;
3 - embora não exfata a possibilidade de abertura da coluna BR
mediante ... , P3BR, a reação das Pretas, ao avanço PSD branco,
é procurar realizar .. . , P4BR, para abrir a referida coluna. As
Pretas deverão praticar tal ruptura ( ... , P4BR) após o de-
senvolvimento de sua ala da Dama. Na falta desse desen-
volvimento, ou quando ele é insuficiente, as Brancas podem jogar
também P4BR com vantagem, explorando o atraso do
desenvolvimento das Pretas.
A partida Euwe x Keres (página 562) é um bom exemplo para
ilustrar os inconvenientes do avanço PSD por parte das Brancas.
Ilustram as vantagens desse avanço as partidasTarrasch x Marco
(página 443) e Nimzowitch x Von Gottschall (página 501).

VII - O PEÃO PASSA.DO

"Pode chegar a parecer cômico, porém, lhes asseguro que, para


mim, o Peão passado tem alma e, como o homem, possui aspirações
que dormem dentro dele, em forma desconhecida para si, e temores
cuja existência apenas suspeita".
NIMZOWITCH em Mi Sistema.

493
-=-'------------XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~ -

Definição e Generalidades

Diz-se que um Peão é passado quando não mais existe Peão


inimigo à sua frente e nem nas co!W1as vizinhas, capazes de impedir
sua marcha rumo à promoção.
O Peão passado é um elemento estratégico importante, uma
força considerável. Com freqüência, sua mobilidade -
principalmente se é Peão central · · constitui a espinha dorsal de
toda uma posição.
Todo Peão passado possui ânsia de expansão em alto grau . Na
mobilidade reside seu poderio. Trata-se de uma vantagem de
grande eficiência em qualquer fase da partida, porém , é
precisamente no final que seu valor se agiganta, influindo
poderosamente na decisão da luta enxadrística.
Bloqueado, imóvel, é de escasso \'alor. Quando se põe em
marcha, não raro obriga o adversário a sacrificar uma peça ao
capturá-lo, para evitar um mal maior, isto é, a promoção a Dama
ou outra peça.

Origens do Peão Passado

O Peão passado origina-se quer como uma eventuahdade no


decorrer de uma partida, quer de uma maioria real de Peões,
isto é, capaz de passar um Peão.
A B Uma maioria de Peões numa
das alas, ou mesmo no centro do
tabuleiro, é um Peão passado em
potencial.
>!uma maioria, o candidato
a Peão passado é aquele Peão que
não têm Peão antagônico na
mesma coluna ( o PBD branco no
diagrama 477A). Em 90% dos
casos, o candidato é um Peão
passado.
DIAGRAMA 477
A - O PBD é o candidato a Peão No diagrama 477A, para
passado. conseguir um Peão passado, as
8 - O PC está bloqueado.
Brancas deverão jogar 1. PSB, isto
é, avançando o candidato, e não 1. PSC?, por 1 .... , P3C!; e a

494
- ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ------~li?s,=

maioria branca seria freada! Porém, após 1. PSB; 2. PSC e 3. P6B,


as Brancas alcançam seu objetivo, isto é, obtêm o Peão passado.

Aproveitamento do Peão Passado

Há três maneiras di\'ersas de se tirar pro\'eito de wn Peão


passado:
1 - Conseguir sua promoção a Dama, ou outra peça de valor.
Evidentemente, é a aspiração máxima do Peão.
2 - Avançando-o, mesmo com seu sacrifício:
a) para dar sua casa à peça companheira, principalmente o Cavalo
(diagrama 478) e
b) para abrir diagonais para a Dama e os Bispos (diagrama 479).
3 - Avançando-o, para dar apoio a outras peças em território
inimigo ( diagrama 480).
No diagrama 478, as Brancas
ganham, sacrificando o PBR pas-
sado da maneira seguinte:
1. BxB+ DxB
2. P7B+!
Sacrificando o Peão para dar a
casa 6BR ao Cavalo branco.
2. ... CxP
3. C6B+
E as Brancas ganham a Dama
inimiga. O sacrifício do Peão pas- DIAGRAMA 478
Jogam as Brancas.
sado tornou possh·el um fulmi- Exemplo de avanço-sacrifício de
nante remate. Peão passado, deixando vaga a
casa 6BR para o Cavalo.
No diagrama 4 79, o PBD
preto é passado. F.m sua posição
obstrui importante diagonal para
a Dama preta. Com seu sacrifício,
o segundo jogador consegue um
remate magnífico.

DIAGRAMA 479
Jogam as Pretas.
O avanço-sacrifício 1. ... , PSBD abre a
diagonal para a Dama preta.

495
XADREZ BÁSICO
-=>"---------- ----------"=-

1. ... P58! Reshevsky, Havana, 1952.


Abre a diagonal para a 31. P6O!
Dama com ganho de tempo, O avanço deste Peão
em virtude do "garfo". passado objetiva dar apoio à
2. DxP C78+ Torre branca na casa 7R.
3. RIC C6T+ 31. . .. DxPT+
Reaüza-se o mate já visto na Apuracüssimo pelo tempo
página 2 39 (diagrama 304). (o maior inimigo do grande
4. RJT O8C+!! mestre americano) Reshevsky
5. TxD C78 mate captura o PT, não se dando
Uma combinação magní- conta do perigo iminente da
fica, possível graças ao sa- entrada da Torre branca na
crifício do Peão passado, que sétima horizontal.
abriu a diagonal para a Dama 32.RIC 018
companheira. 33. T7R+!
Outros sacrifícios de Peões, Ganhando a sétima hori-
embora não passados, mas com zontal e uma peça.
a mesma idéia de dar casas ou 33 . . .. RlC
abrir diagonais para as próprias 34. 050+ RJT
peças, podem ser vistas no ca- 35. 040+ RIC
pítulo terceiro (página 267 em 36 . 050+ RJT
diante) e na partida Steinitz x Repetição de lances feita
Von 8ardeleben (página 80). para ganhar tempo no relógio,
visto encontrar-se igualmente
"apertado" pelo relógio o espa-
nhol Pomar.
37 . Tx8 T8B+
38 . C18 038
39. DSR Abandonam.
O avanço do Peão passado
possibilitou a entrada da Torre
na sétima horizontal, o que
decidiu a partida.
DIAGRAMA 480
Jogam as Brancas.
O avanço P6D dá apoio à Torre
branca em 7R.

A posição do diagrama 480


ocorreu na partida A. Pomar x

496
~zlSil~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i - - - - - - ~ ~ =

Como Combater o Peão Passado

O essencial é o bloqueio mecânico por meio de uma peça, o


qual deve ser realizado de maneira precoce (diagramas 481 e 482).
Duas são as principais vantagens do bloqueio do Peão passado :
1 • - A casa de bloqueio fica garantida contra ataques frontais
de Torres e, ainda mais, tende a constituir-se num ponto débil
inimigo (como sucede na exploração do Peão isolado). O Peão
passado torna-se um dique protetor para a peça bloqueadora
(diagrama 481 ).
2 - "A paralisação provocada pelo bloqueio não é de nenhuma
maneira de caráter local. Há repercussão até à retaguarda . Todo
um complexo de peças resulta afetado pela manobra do bloqueio.
Por vezes, toda a posição inimiga fica com uma rigidez alarmante"
- Nimzowitch, em Mi Sistema.
O diagrama 481 ilustra a
paralisação imposta às peças pretas
pelo bloqueio dos Peões passados
centrais.
A peça bloqueadora deve ser
bem escolhida (Cavalo, de pre-
ferência), a fim de não desem-
penhar unicamente papel estático
de freador. O ideal seria conjugar
uma boa ação de bloqueio com
DIAGRAMA 481
Repercussão do bloqueio até a possibilidades de exercer ameaças
retaguarda das Pretas. desde sua casa. Ainda poder,
eventualmente, deixar seu posto
para exercer alguma função nou-
tro setor e poder voltar logo à casa
de bloqueio, ou, então, deixar em
seu lugar um substituto.
A posição do diagrama 482
- com algumas modificações feitas
para adaptá-lo ao tema em estudo

DIAGRAMA 482
O CSD branco bloqueia o PD
passado das Pretas.

497
XADREZ BÁSICO
-""'' ----------- - - - - - - - - --=-

- é, em essência, a que ocorreu pode ser atacado frontalmente


na partida .'\.ndersen x Paulsen e, além de restringir a posição
(pagina 468) . inimiga (observara pouca ação
O Cavalo branco de 5D blo- do PR preto), coopera para a
queia o PD passado das Pretas, combinação ganhante seguinte:
à semelhança do que ocorre na 1. C(4R)6B+!, PxC; 2. CxP+,
luta contra o Peão isolado (Peão R2B; 3. TxP+, B2C; 4 . TxB+ ,
isolado e Peão passado guardam RxT; 5. CxT+ , RIB;6 . DxD + ,
muita analogia no que concerne BxD; 7. CxP, e a vantagem obti-
às suas desvantagens). da é suficiente para o ganho.
O Cavalo bloqueador não

Peões Hissaclos Pri,ilegi.ados

NimzO\-vitch dá essa denominação a Peões que gozam de maior


liberdade de atuação e que são superiores aos Peões passados
comuns.
São eles:
I - Peão passado distante.
2 - Peão passado defen<lido.
3 - Dois Peões passados ligados.
O Pc-ão passado distante (o
PTD branco no Jiagrama 483 ) ,
avançando ou sacrificando-se,
atrai o Rei inimigo, desviando-o de
outros setores importantes. É
temido nos finais de Peões.
No diagrama 483, o PTD
branco passado distante atra.i o Rei
preto, afastando-o de seus Peões
da ala do Rei . Conseqüentemente,
DIAGRAMA 483
o Rei branco fica em liberdade
o PTD é um Peão passado disranre. para atacar os Peões adversários.
Jogando as Pretas na posição
do diagrama 483, uma continuação prO\·ável seria: 1 . ... , R3B ; 2.
P5TD, R4C; 3. R5D, RxP (o Rei preto foi no canto da Sereia ... );-1- .
R6R, P4B; 5. PxP, PxP; 6 . RxP, e as Brancas ganham o final com
faciüdad('.

498
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Ag'ostini _______(t,<,~

Outra magnífica ilustração da força do Peão passado distante


pode ser vista no diagrama 176.
No diagrama 484, o PBD bran-
co é wn Peão passado defendido,
superior ao PTR inimigo, que é
simplesmente passado.
A razão é simples, pois en-
quanto o Rei branco pode dirigir-
se à ala do Rei e capturar o PTR
contrário, o Rei preto deverá per-
manecer dentro do quadrado do
PB branco e sem poder capturá- DIAGRAMA 484
O PB branco é um Peão passado
lo. A força desse Peão reside defendido.
justamente no fato da impos-
sibilidade de sua captura pelo Rei inimigo. Constitui um elemento
de grande eficiência nos fmais.
Uma continuação possível, tendo as Pretas o lance, no diagrama
484, seria a seguinte: 1 .... , R4R; 2. R3B, R4B; 3. R3C, R4R (o
Rei preto não pode afastar-se do quadrado do PB branco. Se 3 .... ,
R4C; 4. P6B, e ganham as Brancas); 4. R4T, R4D; 5. RxP, R3B; e
o final é facilmente ganho pelas Brancas após 6. R5C, R4D; 7.
R5B, R3B; 8. R6R, R2B; 9. R5D, R2O; 1O. P6B+, RIB; 11. R6D,
R lD; 12. P7B+, RIB; 13. R6B 1, P4T; 14. PxP, P5C; 15. P6T, P6C;
16. P7T, P7C; 17. P8T=D, mate.
Os Peões passados unidos ganham facilmente.
Vejamos o procedimento ganhante no diagrama 48S, tendo as
Brancas o lance: 1. P6T! (O
correto. Se 1. P6C+?, após 1 .... ,
R2C;2.R6D,B6B;3.R6R,B7R;
4.R6B,B6B;5.R7C,B7R;6.Rx~
B4T!; 7. R6T, R3T, haveria empate),
B6O;2.B4O,B88;3. R4C+, RIT;4.
R5T, B7R; 5. P6C, e ganham.
Dois Peões passados e unidos
na sexta horizontal são superiores
mesmo a uma Torre (vide diagrama DIAGRAMA 485
205). As Brancas têm dois Peões
passados ligados.

499
~.__________ XADREZ BÁSICO - ---------"""'-

Mais exemplos de Peões passados (comuns, distantes,


defendidos, unidos) poderão ser vistos no capítulo dos finais
diversos de Rei e Peões (página 150 e seguintes) . No diagrama
177 (final da partida Pillsbury x GW1sberg, Hastings, 1895) bá
um verdadeiro ramalhete de Peões passados .

Quando se Deve Avançar


o Peão Passado?

Resumindo:
1 - Quando seu bloqueio, sendo débil ou inexistente, é
possível:
A - Realizar sua promoção.
B - Quando o avanço aumenta seu valor, no sentido de
contribuir para defender novos pontos importantes, ou dar apoio
a outras peças.
C - Quando serve para abrir caminho ao Rei, que vem atrás
ou ao seu lado.
D - Quando se pretende sacrificar o Peão, seja:
a) para dar sua casa a outra peça;
b) para abrir diagonais e;
c) para fazer o inimigo perder o máximo de tempo ( caso do Peão
passado distante).

Quando nã.o se Deve Avançar


o Peão Passado?

Resumindo:
1 - Quando faltar uma das boas razões acima apontadas .
2 - Quando pode ser fortemente bloqueado, ou quando iria
defender ou apoiar pontos sem importância.
Como diz Nimzowitcb: "é fácil obter Peões passados; o difícil
é velar por seu futuro". Daí o cuidado que se deve ter, quando se
pretende avançá-los.
Para encerrar este assW1to, daremos uma esplêndida partida
de Nimzowitcb, extraída de sua grande obra Mi Sistema - fonte
principal do nosso estudo onde o tema do Peão passado é feito
com grande proficiência.

500
~~~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - " " " ' -

PARTIDA N'' 16 De nenhuma maneira o PD


Breslau, 1925 branco isolado é fraco . As
Ataque Nimzowitch Brancas têm compensações no
Brancas Pretas melhor desenvolvimento, nas
Nimzowitch Von Gottschall possibilidades de ataque na ala
1. C3BR P3R do Rei e na coluna do Rei, aber-
2. P4D P4D ta para suas Torres.
3. P3R C3BR 15. PSD!
4. P3CD Com este a\'anço, conse-
O lance 1. C3BR, em guem as Brancas abrir a dia-
conexão com o "fianchetto" do gonal para seu BD, ganhando
BD, constitui o Ataque Nim- um tempo pelo ataque ao PBD
zowitch. Vide estudo teórico à inimigo.
página 430. 15 .... P4BD
4. ... CD2D
5. B3D P3B O PD passado encontra-se
6. 0-0 B3D bloqueado
7.B2C 02B O PD passado do primeiro
8. P4B jogador, viu-se, logo ao nascer,
Para evitar a ameaça 8 .... , fortemente bloqueado. Há um
P4R, as Brancas dão início a um bloqueador principal ( o Bispo
ataque no centro. adversário) e, ainda mais, um
8. ... P3CD bloqueador reserva, isto é, o
Já agora 8 .... , P4R não Ca"alo preto.
seria recomendável, por 9. Como tirar proveito de tal
PBxP, CxP (se 9 ... , PBxP; Peão? Evidentemente, em le-
1O. Px P, e o PD preto ficaria vantando tal bloqueio, para
isolado); 10. C3B, e as Brancas torná-lo um Peão móvel, idéia
teriam melhor jogo. que Nimzowitch realiza de
9.C3B B2C maneira magistral.
10. TlB TDIB 16. TlR 010
11. PxP PRxP 17.BIC!
12. P4R! Inicia Nimzowitch um pla-
Abrindo vias para as peças no, com o fim de distrair e
brancas. anular as peças bloqueadoras de
12. ... PxP seu Peão passado.
13.CxP CxC 17. ... TIR
14. BxC 0-0 18. 030 CtB

501
..zs;u__________ XADREZ BÁSICO ---------~

Para não enfraquecer a es- 25 . ... RIT


trutura do roque -- o que suce-
deria após 18 . ... , P3C.
As Pretas defendem seu
PTR atacado com o Cavalo; o
bloqueador reserva já foi, por-
tanto, desviado.
19. TxT! DxT
20. C4T P3B
21. C5B
Atacado o bloqueador
principal. DIAGRAMA 486
21. ... TIO Posição após 25 ..... RlT.
O PD passado tem
22. BxP! campo livre para agir.

Desaparece o bloqueador 26.TlR O1B!


principal Uma variante citada por
Este sacrifício está relacio- Nimzowitch em seu livro, e
nado com a idéia de afastar o que bem acentua o valor do
Bispo preto de 30, a fim de Peão passado, aconteceria após
levantar o bloqueio do Peão 26 .... , D1 C?; 27. C7R, CxC;
passado. 28. TxC, DxD+; 29 . RxD,
Se 22 . ... , PxB; segue 23. TlC+; 30. R2B,T2C; 31 . P6D,
CxB,TxC; 24. D3C+; e 25 . DxT. TxT; 32. PxT, B3B; 33. B4R ,
22. .. . BxP+ B1 R; 34. P5B! !, R2C, 35 . B5O!
As Pretas estão obrigadas a ( o PD não pode ser sequer
aceitar a troca indireta dos ameaçado!) , R3T; 36. R3B ,
Bispos. R4C; 37. R4R, e as Pretas não
23. RxB PxB têm defesa contra a ameaça
O PD tornou-se finalmente B7C, R5D e B6B, que deter
móvel, com ânsia de expansão. mina a queda do bloqueio e
24. D3C+ C3C promoção do Peão passado.
25. P4B 27. P6D!
Defendendo indiretamente Agora, a excelente casa 7R
o Peão passado, que se encon- está a disposição da Torre ou do
trava sob ameaça de captura. Se Cavalo das Brancas .
25 .... , BxP; ou 25 .... , TxP; 27. . .. T2D
seguir-se-ia 26. TIR e 27. Se 27 .... , BlB; haveria a
C7R+, etc. continuação seguinte: 28 . C7R ,

502
~~
~ - - -- - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostin.i ----------"'="--

D3T+; 29. R 1C, CxP; 30. CxB, 1 - - O avanço do Peão cen-


TxC; 31 . P7D, ganhando. tral (15. PSD!), que permitiu
28 . D3BD! TxP abrir a diagonal para o BD
"fíanchettado" e originar um
As jogadas ganhadoras são Peão passado.
devidas aação do Peão 2 -- Como tal Peão se en-
passado contrava fortemente bloquea-
A ameaça era 29.T8R, DxT; do, as Brancas manobraram
30. DxP+, RlC; 31. C6T de forma a desviar as peças
mate. bloqueadoras, conseguindo,
Se 28 .... , T1D; então 29. p ela am eaça direta ao roque
T7R!, ganhando igualmente. preto (17. BIC! e 18. 030),
As jogadas ganhadoras T7R afastar o bloqueador reserva.
e C7R são conseqüências do 3 -- Com um sacrifício de
annço do Peão passado. peça (22. BxP), forçaram a
As Pretas resolveram -se troca indireta dos Bispos,
p elo sacrifício da qualidade, desaparecendo o bloqueador
para aliviar sua incômoda po- pr inci pai. O Peão passado
sição. tornou-se móvel, ansioso por
29. CxT DxC expansão.
30. BxC PxB 4 - Vimos por que não seria
31. T8R+ R2C possível 26 . ... , 01 C; por uma
32. D3C variante que levaria o Peão
As Brancas ganharam de passado à promoção, sua
acordo com a continuação aspiração máxima.
seguinte: 32 . ... , B3B; 33. 5 - Com 27. P6D !, as
T3R, B2O; 34. P5B!, DxD+; Brancas deram apoio, na casa
35. RxD, BxP; 36. T7R +, 7R, às duas peças, Cavalo e
R3T; 37.Tx~ B8C; 38.T6~ Torre.
P4CD; 39.P4~ PxP;40. PxP 6 - As Pretas foram for -
(novo Peão passado em cena), çadas ao sacrifício de qua-
R4C;41.T6C, B5R;42. PS~ lidade, evitando, assim, as
P4B; 43. P6T, P5DB ; 44. P7T, jogadas ganhadoras 28 . C7R e
P6B; 45.T3C, P5B+; 46 . R2B, 29. T7R, as quais devem ser
P7B; 4 7. T3BD, e as Pretas consideradas como conse-
abandonaram. qüências do avanço do Peão
Na análise desta partida, passado.
os marcos principais foram os 7 · As Brancas venceram
seguintes: graças à vantag em material

503
..=,.__________ XADREZ BÁSICO ---------"""""-

obtida, possível pelo bom mann x Nimzowitch (página


aproveitamento do PD passado. 463); Reshevsky x Fine (página
505); Lasker xTarrasch (página
508); Leonhardt x Bernstein
Outros bons exemplos da (diagrama 500); Euwe x Keres
força do Peão passado poderão (página 562); e Botwinnik x
ser vistos nas partidas Brinck- Capablanca (página 5 66).

VIII - A lVL\IORIA DE PEÕES :NlJl\Li\. D.AS .:\LAS


Generalidades

Nas posições equilibradas, a maioria de Peões numa das alas


implica na recíproca maioria de Peões inimigos na ala oposta.
Após o pequeno roque de ambos os lados, a maioria de Peões
na ala da Dama é superior, desde que os Peões possam avançar
impunemente. Quem tem maioria de Peões na ala da Dama pode
usá-la sem comprometer seu Rei.
O avanço de Peões da m;iioria da ala do Rei, estando o Rei
nessa ala, tem seu valor no meio jogo, quando esse avanço se
justifica para um ataque no flanco do Rei, na exploração de
posições restringidas, como já vimos; porém, como vantagem a
ser utilizada no final é inferior à maioria de Peões na ala da Dama,
pois o avanço dos Peões debilita o Rei.

Origens da Iaioria dos Peões

A maioria de Peões numa das alas pode aparecer seja no meio


jogo, como uma eventualidade no decorrer de uma partida, seja
na pr6pria abertura e deliberadamente procurada por um dos
lados, que visa tirar proveito dessa vantagem em potencial.

Como Aproveitar tal Vantagem

A maioria de Peões numa das alas é uma vantagem que se


explora no final.
Consiste a técnica de seu aproveitamento na realização dos
três itens essenciais seguintes:

504
~ ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Ag'ostini - - - - - - ~ ~ ~

1 - Desde que é uma vantagem para o frnal, o primeiro cuidado


é trocar todas as peças possíveis, para atingir a uma posição em
que apenas se aprecie o material em desnível.
2 - Bloquear o avanço da recíproca maioria de Peões do
adversário.
3 - Após as trocas suficientes, conseguir um Peão passado,
pelo avanço da maioria.
Numa frase: quem tem uma maioria de Peões deverá tratar
de obter um Peão passado e cuidar de sua promoção a urna peça
de valor superior.
Nesses combates posicionais é importante a posição do Rei,
que quase sempre colabora no bloqueio ao avanço da maioria
inimiga. Por isto, estará idealmente colocado na mesma ala em
que se encontra a maioria contrária . E, ainda mais, o avanço de
seus próprios Peões, na ala oposta, é mais facilmente realizável.
Muitas vezes, a recíproca maioria de Peões do inimigo, em
outra ala, apresenta Peões dobrados. Tal eventualidade é inferior,
pela impossibilidade de forçar um Peão passado, objetivo de todo
o avanço de uma maioria.
Vejamos dois bons exemplos para ilustrar o tema.

PARTIDA N217 8. CSR


AVRO (Holanda), 1938 Uma novidade de Reshev-
PD - Abertura Catalã sky, que se revelou de duvidoso
Brancas Pretas valor.
S. Reshevsky R. Fine 8 .... TICD
1. P4D C3BR 9. DxPB
2. P4BD P3R As Pretas ameaçavam de-
3. C3BD P4D fender o PBD com 9 . ... , P4CD.
4. P3CR PxP 9 .... P4CD
5. D4T+ CD2D 10. D3C CxC
6.B2C P3TD 11. PxC
7. C3B!
Vide estudo teórico desta As Pretas conseguiram maioria
abertura, à página 427. As de Peões na ala da Dama
Pretas não podem jogar 7 .... , A estratégia empregada por
P4CD; por 8. CxP! Reshevsky, na abertura, não foi
7. ... B2R feliz; as Pretas obtiveram jogo

505
- ~ - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - - - = -

cômodo e o PR branco, longe Como devem as Pretas


de restringir a posição preta, conduzir seu jogo.
tornou-se <lébil, por constituir A maioria de Peões pretos
alvo fácil de ataque. é uma vantagem real, que
Ao lado dessa debilidade, permite a formação de um
acresce, ainda, a maioria de Peão passado. Já a maioria das
Peões pretos na ala da Dama, Brancas é apenas aparente .
uma vantagem para o final. Encontram-se Peões dobrados
Contra essa primazia do se- em seu meio, que tornam
gundo jogador, não dispõem as difícil a obtenção de um Peão
Brancas de nenhuma com- passado (na partida seguinte
pensação. estudaremos esse assunto).
11. ... C2D '.'Ião têm, pois, as Pretas,
12.B4B necessidade de bloquear a
Este lance foi criticado por maioria de Peões brancos na ala
Emve, num artigo cm Chess, do Rei. Sua conduta resume-se
em que estuda as aberturas do em apenas dois dos itens acima
torneio de AVRO. O ex- apontados, isto é:
campeão mundial opinou que 1 - Troca de peças.
Reshe\'sky deveria ter expe- 2 - Avanço da maioria da
rimentado 12. P4B, pois, com ala da Dama.
o lance do texto ( 12. B4B) 13. 0-0 D28
originam-se dificuldades na Ao estudante recomen-
defesa do PR. damos tirar do tabuleiro todas
12. ... P4BD as peças de ambos os lados,
com exceção dos Reis e dos
Peões, e jogar o final que se
depara, o qual é ganho pelas
Pretas, sem muitas dificul-
dades. Tal exercício tornará
mais claro o objetivo das Pretas
nesta posição e em outras
similares.
Um exemplo seria : 1. R 1B,
R2D; 2. P4R, R3B.; 3. R2R,
DIAGRAMA 487 PSB (nessas posições, deve-se
Posição após 12 .... , P4BD.
A maioria de Peões das Pretas na ala avançar, em primeiro lugar, o
da Dama forma o tema da partida. Peão que não encontra outro

506
..,,,,..________ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ ~

rival na mesma colru1a) ; 4 . R3R 22 . C5C BxC!


P4B; 5 . P4B, P5C; 6 . P4C, Mais uma troca que bene-
P4TD ; 7 . P5B, P5T; 8 . P4T, ficia às Pretas.
P6C; 9 . PxP (ou 9. P3T, P6B!), 23 . BxB4C D2C!
P6B!; 10 . R3D (ou 10 . PxPB, Não era possível 2 3 .. .. ,
P6T ! ), PxP; 16 . R2B, P6T, BxB? ; por 24 . DxC!, nem 23 .
ganhando as Pretas. .. . , CxP?; por 24. D6D, ga-
14. P4TD 0-0! nhando sempre as Brancas.
15.PxP PxP 24. P3B
16. C4R Evitam as Brancas nova
É claro que não é possível simplificação, que mais agra-
16. CxP?, por 16 .... , D3C, varia sua inferioridade.
ganhando as Pretas urna peça. 24 .... P3T!
16.... B2C Já era tempo de dar uma
l7.T7T casa de escape ao Rei preto. Ao
Ameaçando 18. DxPC. mesmo tempo, priva o enfra-
17. ... D3C quecido PR branco de sua
18.TRJT TlT! defesa, porque à 25 . B4B ,
seguir-se-ia 25 .... , P4CR!
A teoria da simplificação de 25. B7R P5B!
Capa bianca em jogo. O PR branco está no
O último lance de Fine "papo". Urge defender a maio-
obriga a troca das duas Torres, ria de Peões da ala da Dama .
manobra que facilita o plano do 26.D3B CxP
segru1do jogador, que é chegar 27. B5B
o quanto antes a um final. Claro, a 27. DxC , DxB.
Aqui, a teoria da simpli- 27. ... C2D
ficação de Capablanca, exposta 28. B4D P4R!
à página 318, se aplica ad- Elegante e preciso. Fine
miravelmente. As Pretas pre- de\·oh·e o Peão, porém conse-
cisam reduzir o material ao gue ainda mais simplificar a
mínimo (Peões), conservando posição.
apenas aqueles elementos que 29.BxP P5C!
apresentam desequilíbrio po- Ganhando um tempo para
sicional entre si. o avanço dos Peões, visto não
19.TxT TxT poderem jogar as Brancas 30 .
20.TxT+ BxT DxPB, atentas que de\'em ficar
21. D3D B3BD na defesa do BD.

507
_,,,..____________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - " " " ' -

Agora, as Brancas possuem !. P4R P4R


também uma maioria de Peões 2. C3BR C3BO
capaz de passar um Peão, po- 3.B5C P3TO
rém tal eventualidade, na posi- 4 . BxC POxB
ção, é utópica: os Peões pretos 5. P4O PxP
estão próximos à meta de 6. OxP OxD
chegada . 7. CxO
30. 040 CxB
31. OxC P6B! Quando a maioria de Peões
32. P3C numa das alas é
Aqui, 32 . PxP permitira o deliberadamente procurada
ganho com a continuação 32 . na abertura
... , P6C; 33. DSBR, BSR!; etc. Esta posição é facilmente
Mas, agora, conseguiram as atingida, desde que as Brancas
Pretas o objetivo pretendido na empreguem a Variante das
fase inicial do meio jogo, que é Trocas da Abertura Ruy Lopez
a formação de um Peão pas- (vide estudo teórico à página
sado, e sua conseqüente promo- 356) .
ção. O resto é muito simples. As Brancas têm igualdade
32. ... D3C+ de Peões, mas o final lhes é
33. R1B P7B facilmente ganho, porque
34. O2C O4B possuem superioridade de
35. DIB B4D Peões no flanco do Rei e as
36.P4B BxB+ Pretas têm um Peão dobrado
37.RxB D4D+ no setor oposto. Os três Peões
As Brancas abandonam, brancos da ala da Dama
pois não há defesa contra 38 . conseguem, sem dificuldade,
.. . , O8D. deter os quatro adversários,
Uma partida ilustrativa pa- por estar um deles dobrado.
ra o tema que estamos estudando.
A debilidade dos Peões
PARTIDA N" 18 dobrados
Dusseldorf, 1908 Eis a razão porque são dé-
"Match" pelo campeonato beis os Peões dobrados. A causa
mundial não está na possibilidade de sua
1• Partida captura, ou na fraqueza de
Abertura Ruy Lopez casas, como sucede com o Peão
Brancas Pretas isolado e o Peão atrasado. A
E. Lasker S. Tarrasch debilidade dos Peões dobrados

508
_,,,,.________ Dr. Orfeu Gilberto D'.A.gostini - - - - - - - - ' - = -

manifesta-se, simplesmente, P3R;3 . C3BD,C3BR;4.C3B,


quando se faz sentir a neces- P4B; 5. PxPD, CxP; 6. P4R,
sidade de obter um Peão CxC; 7 . PxC, PxP; 8. PxP,
passado. São bastante fortes B5C+; 9. B2D, Bx.B+; 10. DxB,
para evitar qualquer intenção 0-0.
do inimigo em querer forçar As Pretas, por causa de sua
um Peão passado através deles, maioria de Peões no flanco da
porém são débeis demais para Dama, têm o melhor final. As
produzir um Peão passado Brancas têm o melhor centro e
entre eles. possibilidades de ataque no
Sua debilidade aumenta flanco do Rei (meio jogo pre-
quando o adversário tem uma ferível) .
maioria de Peões na outra ala, 3 ·· · Na Defesa Francesa : 1.
como é o caso presente. P4R, P3R; 2. P4D, P4D; 3 .
C3BD, PxP; 4 . CxP, C2D; 5.
Aberturas que concedem C3BR, CR3B (Variante Rubins-
maioria de Peões tein, que se inicia com 3 .... ,
Além de Ruy Lopez, outras PxP); 6. CxC+, CxC; 7. B3D,
aberturas e defesas permitem P4d Q PxP, BxP (vide estudo
a obtenção de uma maioria de teórm, a página 376).
Peões numa das alas, com ou A~ Brancas têm maioria de
sem a formação da maioria Peões na ala da Dama e pos-
reciproca do adversário na ala suem ataque na ala do Rei. Esta
oposta. variante é favorável ao pri-
Vejamos alguns exemplos . meiro jogador.
1 - Na Defesa Caro-Kann; 4- Na Defesa Grunfeld: 1.
1. P4R, P3BD; 2. P4D, P4D; P4D, C3BR; 2. P4BD, P3CR;
3. C3BD, PxP; 4. CxP, C3B; 5 . 3. C3BD, P4D; 4. PxP, CxP;
CxC, PRxC. 5 . P4R, CxC;6. PxC, P4BD;
E encontramos as Brancas 7. C3B, B2C; 8. B4BD,C3B;
com sua maioria de Peões no 9. B3R, 0-0; 10. P3TR, PxP;
flanco da Dama, sem a corres- 11. PxP.
pondente maioria inimiga no As Pretas têm maioria de
flanco do Rei . A compensação Peões na ala da Dama, o que
das Pretas está no jogo livre de lhes dá melhor final. As Brancas
suas peças. têm o melhor centro e pos-
2 Na Defesa Semi- sibilidades de ataque no flanco
Tarrasch: 1. P4D, P4D; 2. P4BD, do Rei.

509
XADREZ BÁSICO
-=>'----- - - - - - - - - -------------=-

Vimos, em todos os casos de 7 .... ,B2D!


em que há equilíbrio de po- 8 . C2R B2D
sição (a única exceção é a 9. P3CD! B3BD
Variante Rubinstein da Defesa 10 . P3BR B2R
Francesa), que há sempre com- 11 . B2C B3B?
pensações para o lado gue tem
de lutar contra uma maioria de Uma jogada em desacordo
Peões em uma das alas. O com as exigências estratégicas
mesmo se dá na Variante das da posição
Trocas da Ruy Lopez, agui Quem tenha entendido o
empregada. Se as Brancas tema, que vimos desenvol-
possuem essa vantagem de vendo, criticará, e com razão,
quatro Peões contra três, na ala esta jogada de Tarrasch, gue
do Rei, as Pretas têm com- permite a troca de seu BR,
pensação suficiente nos dois desaparecendo assim a com-
Bispos e no desenvolvimento pensação das Pretas, que é o
mais livre, vantagens essas para par de Bispos contra a maioria
o meio jogo. de Peões das Brancas na ala do
No estudo teórico desta Rei.
variante (página 340), disse- Talvez fosse preferível 11 .
mos que, se essa Variante das ... , C3B, seguido de 0-0-0.
Trocas fosse concludente, todas 12. BxB CxB
as demais variantes da Defesa 13.C2D 0-0-0
Morphy (que se iniciam com 14 . 0-0-0!
3 . . .. , P 3TO) não teriam razão O Rei estará melhor
de ser. situado na ala da Dama . Os
A vantagem da maioria de Peões brancos da ala do Rei
Peões na ala do Rei se explora podem agora avançar impu-
no final; as compensações, que nemente. Com o monarca na
ela determina, são de molde a ala do Rei esse avanço lhe en-
se tirar proveito no meio jogo. fraqueceria a própria posição.
Daí dizer, pitorescamente, 14. ... T2D
Tarrasch que: "felizmente, 15. C4BR TIR
Deus colocou antes do final o 16. C4B P3CD
meio jogo". 17. P4TD!
7 ... P4BD As Brancas protelam por
Na página 357 estudamos a um lance a troca das Torres, na
continuação correta, que nasce coluna da Dama.

510
.if!:',;.__ _ _ ___ Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - - - ~

Lasker de seja provocar 21. ... TlR


a jogada 17 ... . , P4TD, com a 22.CST TlC
idéia de bloquear os Peões Se 22 ... . , P3CR; a resposta
inimigos dessa ala . seria 23 . C6B!
17. ... P4TD 23 .T3D P3B
18 .TxT 24. R2D
Simplificação, um dos re- Como sempre, a centra-
quisitos exigidos para a valo- lização do Rei é fundamental
rização de uma maioria de para um final de partida .
Peões. 24. ... 81 R
18 .... CxT 25.C3C 82D
19.TlD C4R 26.R3R
20. CxC
Repete-se o comentário Fatores da superioridade
anterior. das Brancas
20 .... TxC São fatores da superiorida-
21. P4BD! de das Brancas, nesta posição :
1 - A vantagem teórica de
Realizado o bloqueio dos um Peão na ala da Dama , já que
Peões pretos da ala da Dama os três Peões brancos dessa ala
O grande mestre alemão bloqueiam os quatro inimigos .
Lasker conseguiu constituir 2 - A vantagem m aterial de
uma formação muito forte um Peão na ala do Rei .
contra os Peões inimigos da ala 3 - A melhor posição de
da Dama. Os Peões brancos seu Rei.
dispostos em "V" sustam qual- 4 - A superioridade do
quer avanço dos Peões ini- Cavalo sobre o Bispo.
migos. 26. ... T1R
27. CST T2R
28. P4CR P3B
29 . P4T R2B
30.PSC P4B
31. C3C!

DIAGRAMA 488
Posição após 21. P4BD!
Os Peões pretos da ala da Dama esrão
bloqueados . A maioria dos Peões brancos
na ala do Rei é o fator decisivo da vitória .

511
..,,..L__ _ _ _ _ _ _ XADREZ B Á S I C O - - - - - - - - ~ -

Para retomar em 4R com o A maneira de valorizar essa


Cavalo e não com o PB , a idéia vantagem , por parte de Lasker,
é manter ligados os Peões da ala é magistral.
do Rei . 40. .. . T5T
31. .. . PxP 41 . P6B PxP+
32 . CxP B4B 42 . RxP BlR
33. P5T T2D 43. C5B!
34.T3B! Um lance magnifico. Se 4 3.
Agora não convém a troca ... , T xP, ganhariam as Brancas
das Torres, em cujo caso a vi- com44.TxB+, RxT;45 . C7C+,
tória das Brancas seria difi- etc.
cultada, visto que o Bispo, cedo 43 .... T5B
ou tarde, atacaria os Peões da 44.P6C PxP
ala da Dama. Para exemplo 45 . PxP
citemos a variante: 34. TxT+, Finalmente, está organi-
RxT;35.R4B,R3R;36 . C6D, zado o Peão passado, objetivo
B7B!, etc. procurado pelas Brancas desde
A permanência da Torre o lance 4. BxC.
branca, na terceira horizontal, 45 . ... T5C
é indispensável para o avanço 46.TxB+! RxT
dos Peões brancos na ala do 47. P7C R2D
Rei. 48. C4T! TxPC
34 .... T8D Desespero. Se 48 . .. . ,T5B+,
35 . R4B B2D seguiria 49. C5B,T5C; 50. R7B ,
Se 35 .... , BxC, a conti- etc.
nuação seria 36. RxB, T8TR; 49 . RxT R3R
37. T 3D, TxP; 38. R5B, segui- 50. C3B R4B
do de P4B e R6R. 51.R7B R5R
36.T3R T8TR 52. R6R! R6D
37. C3C T5T+ Se 52 .... , RxC ; 53 . R6D,
38. R5R T6T ganhando os Peões inimigos.
39.P4B RIO 53.R6D R6B
Ineficaz seria a continuação 54.RxP RxP
39 .... , B5C; por 40. P5B, 55. RSC Abandonam .
BxPT; 41. R6R, ganhando. Uma magnífica lição téc-
40 . P5B nica do grande mestre Emanuel
Nada pode deter o avanço Lasker, campeão mundial du-
da maioria dos Peões brancos. rante 27anos (de 1894a 1921).

512
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini ------""'""""--

IX- VALOR CO:NIPARATIVO DOS BISPOS,


DO BISPO E DO CAVALO
Conceitos de Bispo Bom, Bispo Mau, Bispo
Estático e Bispo Dinâmico

Generalidades e Definições

Situado um Bispo em uma casa que lhe permita amplo raio de


ação, por exemplo, em 4D, dominará ele sete casas de uma
diagonal e mais seis da outra; ao todo, treze casas. Em sua pior
localização, em 1T, fiscalizará apenas sete casas.
Já o Cavalo, em sua melhor posição, por exemplo, em 4D,
dominará oito casas; e em situação inferior, em l T, apenas duas .
No total, 20 casas para o Bispo e 10 para o Cavalo. Logo, mate-
maticamente, de maneira absoluta, o Bispo é uma peça superior
ao Cavalo.
No entanto, o valor de ambas as peças, de um modo geral, é
considerado igual e isso se deve:
1 -Ao fato de o Bispo apenas andar por casas de um só cor,
enquanto o Cavalo, alternadamente, pode dominar casas brancas
e pretas.
2 - O Bispo não pode saltar sobre outras peças, o que sucede
com o Cavalo.
3 - A presença de Peões no tabuleiro, da mesma cor do Bispo ,
limitando-lhe a ação, faz com que o Cavalo adquira, de súbito,
força extraordinária.
Devido à limitação exercida pelos Peões, o Bispo é superior
ao Cavalo quando a posição é aberta, com poucos Peões. Ao
contrário, n:i.s posições bloqueadas, com cadeias de Peões de
ambos os lados, o Cavalo é superior ao Bispo.
O Bispo torna-se, ainda, uma peça forte, desde que os Peões
de seu lado ocupem casas de cor, oposta a de suas diagonais,
porque desse modo não fica limitado em seus movimentos .
Vem a ser uma peça fraca, ao contrário, quando os Peões avança-
dos de seu lado são fixos e se encontram em casas da mesma cor
da do Bispo; a razão está na limitação de seus movimentos. Essa
fraqueza dos Bispos mais se acentua, desde que seus Peões se
disponham em cadeias.

513
XADREZ BÁSICO
-="------------- ------------=-

Bispo bom é aquele que corre


por casas de cor, oposta a de seus
Peões fixos .
Bispo mau, ao contrário, é
aquele que corre por casas da
mesma cor de seus Peões fixos. O
Bispo mau, por sua vez, diz-se
estático, quando se situa por detrás
de seus Peões, e dinâmico, quando
está adiante de seus Peões focos. DIAGRAMA 489
No diagrama 489, por exem- Exemplos de Bispo bom e Bispo mau.
pio posição de uma partida de
Alekhine, com as Pretas -, o B3R branco e o B1BD preto são
Bispos bons; o B2R preto é mau e, além disso, estático.

Quadro Comparativo

Confrontando-se os valores dos Bispos entre si, e do Cavalo e


dos Bispos, teremos as diferenças seguintes :
1 - O Bispo bom é francamente mais forte que o Bispo mau,
principalmente do estático.
2 - O Cavalo é francamente mais forte que o Bispo estático,
quer numa luta individual (só Peões), quer havendo outras peças
no tabuleiro.
3 - O Cavalo é Ugeiramente superior ao Bispo dinâm.ico, numa
luta individual. Havendo mais peças, é-lhe inferior.
4 - Numa luta individual, Cavalo e Bispo bom têm o mesmo
valor. Havendo outras peças, o Cavalo é inferior ao Bispo bom.

Importância do Tema

O conhecimento destas noções teóricas é fundamental para o


jogo de posição, principalmente no meio jogo e no final. As lutas
de Bispo contra Bispo, e de Cavalo contra Bispo são muito comuns
nos finais de partjda . Após os finais de Torres e Peões - em
realidade os majs freqüentes • •constituem um tipo de luta habitual.
Seu conhecimento permite resolver um dos problemas
estratégicos mais sérios, que é saber quando convém chegar a um
final com um Bispo ou com um Cavalo.

514
=m~------ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostin.i _ _ _ _ _ _ ""'3.-

O bom entendimento destas noções autoriza, ainda, o


enxadrista a compreender um aspecto dos mais importantes da
arte da simplificação em xadrez.

O Bispo bom contra o Daí Kostich procurar reter


Bispo estático seu CD.
17.TDlR RlB
PARTIDA Nº 19 18. B4BR C2C
Havana, 1919 19. P3TR P3T
( 1' do "match") 20.B2T BID
PR -- Defesa Petroff 21.TxT+ BxT
Brancas Pretas 22. P4TD P4B
Capablanca Kostich 23 . C4R CxC
1. P4R P4R 24. B5D T2T
2. C3BR C3BR 25. BxCR B2R
3. CxP P3D 26.PTxP PTxP
4.C3BR CxP 27.PxP PxP
5. D2R! 28.B8C TlT
Embora este lance permita 29.B3C T2T
a troca das Damas, toma pos- ,0.B8C TlT
sível manter a vantagem de 31. B3C T2T
desenvolvimento para as Bran- Esta repetição de lances é
cas. Vide estudo teórico à pá- feita com o objetivo de ganhar
gina 363 . tempo no relógio.
5 ... . D2R 32.C5R CID
6. P3D C3BR 33. P3C C3R
7.B5C DxD+ 34. B5D C5D
8. BxD B2R 35 . P3BD C4B
9. C3B B2D 36.B2T P5C
10. 0-0 0-0 37. P4C C3D
11.TRl R C3B 38. P4BD T6T
12. P4D TRlR 39.T3R ClB
13.B5C P3TD 40. B7C
14. B4TD P4C Os dois lados dispõem do
15. B3C C4TD par de Bispos, mas enquanto o
16.T3R P3B das Brancas é ativo e domina
Após 16 ... . , CxB, as Pretas o tabuleiro, o das Pretas é de
ficariam com um par de Bispos pouca ação, visto tratar-se de um
restringidos. par de Bispos restringidos .

515
XADREZ BÁSICO
--""'"------------- - - - - - - - - -- -"=--

40 .... C2T superior a outro Bispo, como


41. B5D P3B é o caso presente.
42.C3B C3B A posição do diagrama 490
43.C4T C5D é a que realmente nos interessa
44. C5B CxC para o estudo do tema em
45. PxC B2D questão. As Brancas possuem o
46.B4R T3T Bispo bom, ao passo que as
47.T3D B3B Pretas têm o Bispo mau, isto é,
48. BxB TxB o Bispo de cor igual a de seus
Peões fixos. Por se situar atrás
desses Peões, trata-se de um
Bispo mau estático.
A vantagem das Brancas
se refere, pois, à maior mobi-
lidade que seu Bispo desfruta .
Basta contar as casas que am -
bos os Bispos têm à sua dis-
posição, para se avaliar quão
superior é o Bispo de cor igual
a de seus.
DIAGRAMA 490
Ainda mais, as Brancas têm
O Bispo branco é o Bispo bom: o das
Pretas é o Bispo mau estático. um único ponto débil em seu
território, que é o Peão de 3CD;
Inicia-se a luta do Bispo bom ao contrário, as Pretas pos-
contra o Bispo mau estático suem dois pontos débeis, o
Como veremos em páginas P4BD e a casa 3CR. O P5BR
seguintes (tema do par de branco, embora dobrado, exer-
Bispos) , o lado que tem o par ce ação restritiva no campo
de Bispos em atividade contra inimigo. Longe de ser uma
um par de Bispos restringi - debilidade, constitui, isto sim,
dos, ou contra Bispo e Cavalo, uma vantagem .
vence a partida, seja pela pró- A superioridade do Bispo
pria força dessas duas peças bom e os pontos débeis ini-
combinadas ( os dois Bispos), migos dão às Brancas um a
seja pela troca, em momento vantagem incontestável.
oportuno, de um dos Bispos, 49 . R2C
ficando quer com um Bispo su- Nos finais, o Rei é uma
perior a um Cavalo (Bispo bom peça de grande valor; deve ser
x Cavalo), quer com um Bispo logo centralizado.

516
À ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - -- ~~~

49 .... T3T A unica defesa das Pretas


50.R3B T7T consiste em atacar o PCD das
51. B3C Brancas. Inutil seria 56 .... ,
Protege seu PBR atacado, T2B; por 57. P4T, BlB (57 .... ,
libertando o Rei da sua defesa TIB?; 58. T7D!, seguido de
e tornando possível o avanço do 59 . T7T); 58.T8D, B2R; 59.
monarca. T8TD, etc.
51. ... RtR 57 .T7D R 1R
52 . B4B T6T Se 57 .... ,TxP, segue-se 58.
53. B3R BxP! e ganham.
O Bispo ocupa, agora, casa 58.T3D R2B
ideal: defende o P2BR e, ao 59 . P4T T2T
mesmo tempo, ataca o Peão 60.T5D T4T
débil inimigo de 4BD.
53. ... T8T
54.R4C
Rumo à casa fraca inimiga
3CR.
54 .... T2T
55. RST R2B
56.T5D
Nas lutas puras de Bispo
bom contra Bispo mau, isto é,
com apenas Bispos e Peões, há DIAGRAMA 491
mais dificuldades para se impor Posição após 60 .... , T4T.
As Brancas devem manobrar para
a vantagem do Bispo superior. perder um tempo.
Por via de regra, são neces-
sários três pontos fracos no Como perder um tempo
campo inimigo para se pre- Nesta posição jogam as
tender a vitoria (vide diagra- Brancas.
ma 492) . Se o lance fosse das Pretas,
Ao contrário, existindo estariam elas (as Pretas) em
mais peças, uma Torre para "zugzwang", isto é, perderiam
cada lado, por exemplo, como qualquer que fosse sua jogada.
é o caso da partida, a vantagem Assim:
do Bispo bom mais se acentua a) 61. ... , BlB; 62. T7D+,
e é mais facilmente aprovei- RIR (ou 62 .... , B2R); 63.
tável. T7B, e ganhariam o jogo as
56. "' T6T Brancas.

517
XADREZ BÁSICO
-""''------------- -----------"""-

b) 61. ... , RlB; 62. R6C,T6T; tagem posicional suficiente


63. Bx~ BxB; 64.TxB, TxP; para o ganho, graças à entrada
65. T8B+, ganhando igual- de seu Rei na casa 3CR preta.
mente. 66 . T7B+ RlB
c) 61. ... , T6T; 62. BxP, etc. 67 . R6C
Vide a continuação da partida. E, por fim, realiza-se a
As Brancas devem, pois, entrada do Rei branco em
perder um tempo, o que con- 3CR, decidindo a partida.
seguem, na posição, movi- 67 . . .. T6BR
mentando a Torre e fazendo-a 68 . T7B+ RIR
ocupar sua casa primitiva num 69 . TxPC T5B
número ímpar de jogadas, is- 70. P5T TxPBD
to é, três lances. Se as Pretas 71. RxPT RIB
pudessem realizar manobra 72. T7C T5C
idêntica, as Brancas não obte- 73. P3B!
riam o resultado almejado. Coloca as Pretas num di-
61. T7D RlR lema : entregar o PCD, sua
Lance forçado, já que a Tor- única esperança, ou impedir o
re não pode abandonar a ~efesa Rei branco de atingir à casa
do PBD por causa de 62. BxP, 3CR, capturando o PBR e
ganhando, ainda, o Bispo preto. avançando seu PT.
62. T3D! 73. .. . T4C
Agora a ameaça é 63. R6C, 74. TxP R2B
o que força, mais uma vez, a O final está absolutamente
resposta preta. ganho para as Brancas. Capa-
62. ... R2B bianca demonstra, no pros-
63 . T5D! seguimento, sua alta técnica
E foi atingida a posição, de finalista.
obtida após o 60º lance das 75. T4C! TxPB
Pretas, mas tendo elas o lance. 76. P4B T4T
63. ... T6T Se 76 . ... , R2R; 77. R6C!
Vimos, acima, como per- 77 . T7C+ RIB
dem as continuações 63 . 78 . T7C P4B
BlB e 63 .... , R!B. 79. R6C T3T+
64. BxPB! BxB 80. RxP T4T+
65. TxB Tx.P 81. R4C! T3T
Os Bispos foram trocados e 82. RSC T3BD
igualado o material. Mas, as 83 . P5B RIC
Brancas já dispõem de van- 84. P6B T8B

518
. = L -_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ------~!ta.

85 .T7C+ RIB Fatores da superioridade


86. P6T Abandonam. das Brancas
Não há defesa contra a ma- 1 - - O Bispo branco (Bispo
nobra P7T seguido de T8C+ e bom) é superior ao Bispo preto
P8T=D. Se 86 .... , T8C+; (Bispo estático) .
segue 87. RSB, T8B+ ; 88. RSR, Enquanto o primeiro goza
T8R+; 89. R4D, T8D+ (89. de ampla movimentação, o
T8BR; 90. P7T!); 90. R3R, segundo deve permanecer
T8R+; 91. R2B, etc. limitado na defesa de seus
Uma partida com múltiplos Peões.
ensinamentos, tais como a arte 2 -As Pretas têm três pon-
de manter uma pequena vanta- tos fracos ( os Peões de 3CD,
gem na abertura (vantagem em 3D e 3B), numero esse de
desenvolvimento), exploração debilidades necessário para
de ponto débeis (os pontos pretenderem as Brancas a vi-
pretos 4BD e 3CR), como pro- tória.
ceder para perder um tempo Na posição jogam as Bran-
(movimentando uma peça e cas. Fosse o lance das Pretas,
fazendo-a voltar a sua casa de estas estariam perdidas, pois a
origem num numero Ímpar suas possíveis jogadas :
de casas) e, sobretudo, uma boa a) 1. ... , R2B; 2 . R6R, e
ilustração da luta de um Bispo ganham_
bom contra um Bispo mau. b) 1. ... , R2R; 2 . R6B, e
ganham.
Complemento c) nenhum lance de Bispo é
Vejamos mais um caso de possível, por 2. BxPC ou 2.
luta individual do Bispo bom x BxPB, conforme a jogada dessa
Bispo estático. peça.

As Brancas perdem um tempo


Novamente as Brancas pro-
curam perder um tempo (como
fizeram jogando a Torre, na
partida Capablanca x Kostich),
isto é, mo,imentando o Bispo,

DIAGRAMA 492
Jogam as Brancas.
Bispo bom x Bispo estático.

519
XADREZ BÁSICO
-""''---------- - - - - - - - - ------=-

e trazendo-o à casa primitiva ou


num número Ímpar de jogadas 1. BlC BIB
(três). 2. B2B B3R!
1. B2B! B2B 3. B3D B2D
2. B3R BlD E haveria sempre o empate .
3. B4D!
E voltamos à posição do 2 -O Cavalo contra o Bispo
diagrama, cabendo às Pretas o Estático
lance e, qualquer que seja essa
jogada, ganham as Brancas. PARTIDAW20
"Zugzwang" é a palavra, Moscou, 1925
como dissemos, de origem Abertura Reti
alemã, que define essa situação Brancas Pretas
de constrangimento das Pretas, Bogoljubow RomanovskvJ
que perdem a partida pela 1. C3BR C3BR
obrigação de jogar. 2.P4B P4D
A manobra realizada pelo São boas respostas 2. . .. ,
Bispo branco na diagonal 1CR- P4B, 2. P3R, 2 .... , P3CR, e
7TD poderia ter sido igual- 2 .... , P3D; esta última com a
mente possível na diagonal idéia de jogar ... , P4R. O lan-
ITD-8TR. ce escolhido por Roma-
Cumpre frisar que as Pretas novsky permite trocar um Pe-
não podem imitar tal proce- ão de ala branco por um Peão
dimento, em cujo caso a par- central preto, o que é favorável
tida estaria empatada. Assim, ao primeiro jogador.
retrocedendo uma casa cada 3.PxP CxP
uma das peças brancas e avan- 4. P4D P3CR
çando uma casa as peças pretas, 5. P4R C3BR
no diagrama 492, ter-se-ia a 6. C3B B2C
posição seguinte: 7. P3TR!
Brancas: R4D, B3D, P3TD, Impede a pregadura do
P4CD, P3R, P4BR, P3CR e CR pelo BD inimigo, o que
P2TR. enfraqueceria a defesa do PD
Pretas: R3D, B2D, P4CD, P4D, branco, e, ao mesmo tempo,
P4BR, P5TD, P5CR e P6TR. torna possível o desenvol-
Jogam as Brancas: vimento do BD em 3R, re-
1.BIB BlR forçando o centro, sem temer
2.B2R B3B! um eventual ... , C5CR,
3. B3D B2D seguido de ... , CxB.

520
--""''-------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni - -- ---~lus~

7.... 0-0 pois sendo a resposta preta


8. B3R P3B forçada, após 1 1. ... , C4D; 12.
9 . 020 TlR CxC, PxC; desaparece a
10 . B3D C020 fraqueza do P0 do primeiro
A ameaça das Pretas é, ago- jogador.
ra, 11 . ... , P4R!, com finali- 11. ... C4D
dades diversas, como: 12. CxC PxC
a) anular o domínio das casas 13. 0-0 P3B
centrais, que as Brancas pos- E já o Peão branco passa a
suem; ser atacado. Não serve 14. PxP,
b) dar jogo à TR preta e; porque após 14 . ... , PxP, as
c) transformar o PR branco Pretas obteriam pos1çao
num alvo de ataque, após a equilibrada .
troca do PR preto com o P0 Como as Pretas têm três ata-
adversário. ques sobre o Peão branco, e as
As Brancas devem jogar Brancas possuem apenas duas
com energia. defesas, o grande mestre ucra-
11. PSR niano Bogoljubow decide-se
por eliminar uma das peças
O avanço dos Peões centrais atacantes, o Bispo de 2CR.
deve ser bem meditado 14. B6TR! PxP
Todo avanço de um Peão Não é possível 14 .... ,BIT,
central deve ser bem meditado, por 15. P6R seguido de 16 .
porquanto, realizado sem a B5CD, ganhando a qualidade.
provocação de um Peão ini- 15. BxB RxB
migo, enfraquece a posição e 16 . PxP
debilita os Peões e, não raro, o
Peão avançado torna-se alvo de Surge o tema do Cavalo
ataque (tema já estudado à contra o Bispo estático
página 481) . As Brancas realizaram a
Com este avanço, por exem- troca de seu Bispo mau ( o que
plo, as Brancas deixam de agia pelas casas da mesma cor
controlar com o PR as casas 50 de seus Peões avançados -- os de
e 5BR e seu P0 torna-se atra- 40 e 5R - ), pelo melhor Bispo
sado, uma fraqueza séria, como do inimigo (o Bispo de 2CR,
sabemos . que atuava por casas de cor
Mas, neste caso, o avanço oposta a de seu Peão mais
PSR revela-se um bom lance, avançado - o P0) .

521
--=>'--------- XADREZ BÁSICO
-----------"""-

O plano das Brancas é, limita mais ainda a ação do BD


agora, efetuar trocas de peças, preto.
principalmente de seu Bispo pe- 22.TDJD C4B
lo Cavalo contrario, para redu- Fugindo à ameaça 2 3. BxP!,
zir a partida a uma luta de Cavalo seguido de DxC, mas permi-
contra Bispo estático, favorável tindo ao primeiro jogador a
ao Cavalo, pela maior mobi- desejada troca.
lidade que tal peça possui nessa 23. BxC TxB
posição. 24.C2R! B2D
16 .... C4B 25. C4D T2B
17. C4D! C3R
Acertadamente, Romano-
vsky procura a troca dos Cava-
los, após o que o final de Bis-
pos, que se produzfria, ainda
que superior às Brancas, por
possuírem um Bispo bom con-
tra um Bispo estático, seria difí-
cil de ganhar, visto disporem as
Pretas de um Peão passado, que
poderia resultar forte. DIAGRAMA 493
18.C2R! Posição após 25 .... , T28.
Desenvolve-se a luta do Cavalo
Claro! É preciso conservar contra o Bispo estático.
este Cavalo. A troca que as Bran-
cas desejam é a de seu Bispo Fatores da superioridade
pelo Cavalo inimigo, para elimi- das Brancas
nar a única peça preta capaz de A posição branca indiscu-
desalojar o Cavalo branco da tivelmente é superior e tal se
forte casa 4D. deve:
18 .... TlB a) à ação restritiva que exerce
19. P4B D3C+ o Peão branco de SR, o qual
20. R2T CSD fiscaliza, ainda, as casas pretas
21. C3B! 3D e 3BR e;
Repete-se o último comen- b) à superioridade do Cavalo
taria . sobre o Bispo, pois enquanto o
21. .. . P3R Cavalo, situado em casa inex-
É preciso defender o PD pugna.Yel, desenvolve grande
atacado, porém esse lance poder ofensivo, o Bispo preto,

522
A _ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - ~ l , x -

obstruído por seus próprios BxT; 36. T7B, seguido de


Peões, tem mwto limitada a sua TxPCD,etc.
ação. 32.T7B BlB
26. P4TR! 33.TxT DxT
A vantagem das Brancas, 34. T3B DIR
em resumo, é uma maior mo- Se 34 .... , Tl BR; haveria a
bilidade para suas forças, a qual elegante jogada 35. R3T!, e se
se aproveita, como sabemos, então 35 .... , DxP?; 36. T3B,
com um ataque ao flanco do ganhando.
Rei inimigo. Daí a razão do lan- 35.T7B T2C
ce do texto, e bem justificado 36. C5C P3TD
por se achar o centro blo- A troca das Torres daria
queado. ensejo às segwntes variantes:
26 . ... TDl BR a) 36 .. .. ,TxT; 37 . CxT, D2B;
27 .T3B RlT 38 . DSD+, DlC; 39. C8R!,
28 .TDl BD! ganhando o Bispo preto.
O tema que estamos b) 36 . ... , TxT; 37. CxT, 01 C;
estudando (Cavalo x Bispo es- 38 . D7R!, seguido de C8R e
tático) constitw xadrez supe- C6B.
rior, estratégia refmada . 37. D5B! TxT
Mas, não devem ser olvi- 38 . CxT D2B
dados os temas de menor fi- Perde um Peão, que é o me-
dalguia, porém altamente efi- nor dos males. Outras conti-
cientes, como é o domínio de nuações seriam:
uma coluna aberta . a) 38 . ... , DID; 39. O6D, DxD;
28. ... DlD 40. PxD, R2C; 41. CST, segui-
29. R3C! do de 42. C6C, ganhando o
Substitw a Dama na defesa Bispo.
do PBR, a qual pode, a segwr, b) 38 .... , D! C; 39. D7R,
empreender ações agressivas na D2C; 40. D8D+, D 1C; 41. C8R,
alada Dama. ganhando, igualmente, o Bispo.
29 . ... DlC =i9. CxPD! B2D
30. O4C TIC Se 39 .... , PxC, seguiria 40.
31. 060! DIR DxB+, R2C; 41. P6R!, D2R;
Por que evitaram as Pretas a 42. D7D, RIB;43 . DxPD,etc.
troca das Damas? A resposta 40. C6B B3B
está na continuação 31 .... , Por fim, o Bispo preto con-
DxD; 32 . PxD, TlD; 33 . T7B, seguiu jogar, mas à custa de um
BIR; 34.TR3B,TxPD; 35 .TxT, Peão e de uma precária situação

523
--=----------- XADREZ BÁSICO _________ _=:,.

de seu Rei. O Cavalo branco mente, ilustrando o tema em


continua a exercer pressão con- estudo (Cavalo x Bispo es-
siderável sobre o jogo preto. tático) num magistral artigo de
41. D6D P4TR Roberto Grau ("Ajadrez Ame-
42.R3T R2C ricano", janeiro de 1940), o
43. P4CR 868 inolvidável mestre argentino
44.PxP P:xP e um dos maiores didatas de
45 . D3D xadrez que o mundo já teve.
Ameaçando, ao mesmo
tempo, o Bispo e o xeque em
7TR, seguido de DxD+ e CxPT Complemento
45. ... B5C+ A partida anterior é um
46. CxB PxC+ caso da luta de um Cavalo
contra um Bispo estático, com
As Pretas pagam elevado outras peças no tabuleiro.
preço pelo Cavalo branco Igualmente interessantes
são aqueles casos de finais pu-
O Cavalo branco, tormento
ros dessas peças, sem outras
das Pretas, é, fmalmente, eli-
que não sejam os Peões.
minado, mas à custa de mais um
Vejamos um exemplo.
Peão. Praticamente, a partida
está decidida a favor das Brancas.
47.RxP R3T
48. D8D R2T
Ineficaz seria 48 .... , D48+;
por 49. R3C, ameaçando
D5C+ ou D68+, seguido de
DxPR.
49. D68 DIC+
50. D5C DIBD
51. P5T D38 DIAGRAMA 494
52 . D6C+ RlT Há uma luta individual do Cavalo
contra o Bispo estático.
53.R5C
Abandonam. Esta posição ocorreu na
Partida magnífica, muito partida Eliskases x J. Birch e J.
elogiada na época ( 1925) pelo Mac-Grouther, Glasgow, 1933.
ex-campeão mundial Emanuel Extraímo-la da grande obra do
Lasker e que se encontra, igual- mestre austríaco Erich Eliskases

524
~,>:$\il~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostiru ------~lt,:!.~

(atualmente naturalizado ar- 43. C4D 81D


gentino), Jogo de Posição, 44 . C6R B2R
esplêndido compêndio de xa- Nesta posição, claro é, o
drez escrito em língua portu- lance pertence às Brancas,
guesa, editado no Rio de Ja- mas, fossem as Pretas a jogar,
neiro cm 1943. elas estariam perdidas ("Zugz-
vvang'), pois se:
Fatores da superioridade a) 44 .. . . , 81D, segue 45. CxB,
das Brancas RxC; 46. RxP, e ganham.
A) O Cavalo é bem supe- b) 44 . . . . , R 1R ou 44 . .. . , RlB,
rior ao Bispo estático, limitado segue 45 . R68 , e ganham .
que esse último se encontra em c) 44 . .. . , P3T; 45 . P3T, entran-
sua ação e imobilizado na de- do numa das duas primeiras
fesa de seus PCD e PBR. variantes.
B) As Pretas têm três pon-
tos fracos (os Peões de 3CD, Novamente jogam as Brancas
3 D e 3BR) e, tanto nas lutas para perder um tempo
individuais de Bispo bom A luta individual de Bispo
contra Bispo estático, como nas bom x Bispo estático e de Cava-
de Cavalo x Bispo estático, são lo x Bispo estático caracteriza-
precisos, pelo menos, três se pelos "lances de perda de
pontos débeis para o lado que tempo".
tem a melhor peça pretender a Já vimos essa manobra, que
vitória. consiste em movimentar uma
Na posição do diagrama peça e voltar à sua posição pri-
494, as Brancas tem, portanto, mitiva, num número Ímpar de
vantagem suficiente para obter jogadas (3), com a Torre (par-
o ganho. tida Capablanca x Kostich) e
A partida prosseguiu: com o Bispo (diagrama 492).
38.C3R Vejamos tal manobra com o
As Brancas vão manobrar Rei, já que, exclusivamente
para colocar o Rei em 5D e o com lances de Cavalo, não se
Cavalo em 4D. pode perder um tempo, isto é,
38. ... B2B não se consegue transferir ao
39 . RSD BlD adversário a obrigação de jogar.
40 . C4B 828 É fácil verificar que o Cavalo
41.C2D 81D volta à sua posição primitiva
42.C3B B2B num número par de jogadas.

525
-=-'-------------- XADREZ BÁSICO
----------"'=-

O Rei, porém, pode efe- jogada preta, o era das Brancas .


tuar tal manobra, realizando 47. ... P3T
o movimento triangular do 48. P3T BID
Rei, já visto no capítulo de As Pretas são forçadas a
finais, à página 150. O monar- abandonar sua melhor posição
ca branco movimenta-se e de defesa. Se 48 .... , RJB, ou
volta à sua posição inicial em 48 .... , R 1R, as Brancas se-
três jogadas; assim, R4D, R4B guem com 49. R6B e ganham .
e R5D. Tal procedimento é 49. CxB RxC
eficaz para o ganho, desde que 50.RxP e ganham.
não possa ser imitado pelo Rei Em resumo:
preto, o que se dá no caso Nas lutas individuais de
presente, visto que o monarca Bispo bom x Bispo estático e
do segundo jogador pode voltar Cavalo x Bispo estático, assu-
a 20 apenas vindo de 1D ou mem grande importância os
2BD. Não podendo o Rei preto chamados "lances de perda de
imitar o movimento triangular tempo", possíveis com a Torre,
do monarca branco, a partida com o Bispo e com o Rei, mas
das Pretas estará percüda. impossíveis com o Cavalo
45. R4D! RIR somente.
Tem o mesmo valor de 45. 2 - Tais manobras serão
... , RJB. vitoriosas desde que não pos-
Na partida em questão, os sam ser repetidas pelo adver-
dois adversários de Eliskases, sário; caso contrário, haverá
que jogavam em consulta, empate.
realizaram 45 . . .. , P3TR?; e 3 Para pretender ganhar,
após 46. R5D! tiveram que o lado superior deve contar
abandonar, por se encontrarem com pelo menos três pontos
em "zugzwang". débeis do adversário .
Interessante é a alternativa
45 .. . . , B1D, à qual se seguiria
46. R4B!, B2B ; 47. R5D, BlC; 3 - O Cavalo Contra o
48. C4O!, B2B; 49. C6B, e Bispo Dinâmico
ganham as Brancas penetrando
com o Rei via 6R. PARTIDA N" 21
46.R4B R2D Amsterdam, 1937
47.R5D 3ª partida de exibição após o
E agora o lance pertence às "match" pelo Campeonato
Pretas, quando, após a 44ª Mundial

526
. = e _ __ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------"""1-

Abertura Reti A abertura não foi favorável


Brancas Pretas a Alekhine, pois as Brancas
A. Alekhine M. Euwe ficaram com o Bispo da mesma
1. C3BR P4D cor de seus Peões avançados e
2. P4B P3BD por trás deles (Bispo mau es-
3. P3R tático). O BR preto, ao con-
Usuais são 3. P3CD e 3. trário, é um Bispo bom. Para
P3CR. Vide estudo teórico contornar essa desvantagem
página 427. estratégica, teria sido melhor
3. ... B4B 9. P3D, com a idéia de jogar
Tem por objetivo evitar P4R, após adequada prepa-
que o BD preto se torne um ração.
Bispo mau estático, pois assim 9 . ... C3BR
ficará fora da cadeia de Peões. 10 . B2D P3TD!
Alekhine considerou pe- Um bom laneo,:, com a fi-
rigosa essa jogada, recomen- nalidade de:
dando antes 3 .... , C3B. a) opor-se à ameaça 11. TI BD,
4.PxP PxP seguido de 12. CSCD e;
5.D3C D2B b) preparar B3D, sem os peri-
6. BSC+? gos de CSCD das Brancas.
Uma interroga.,:ão do pró- 11 . 0-0 B3D
prio Alekhine, que indica como 12. TRlB!
correta a jogada 6. C3B, pois, E não 12 . TDlB, porque
após 6 .... , P3R; 7. BSC+, C3B; Alekhine, a estas alturas, já se
8. D4 T, ameaçam as Brancas encontrava preocupado com
C4D, com vantagem. seu BD inativo, e planejava um
O lance do texto permite meio de fazê-lo jogar. Por isso
às Pretas conseguir igualdade. moveu a TR, reservando a TO
6. ... B2D! para apoiar o avanço do PTD,
7.C3B P3R essencial para o objetivo em
Euwe ameaça, agora, 8 .... , mira.
C3BD, tornando sem efeito a 12 .... D3C
sexta jogada de seu adversário. As Pretas desejam a troca
Daí Alekhine trocar os Bispos. das Damas, pois dispõem de
8.BxB+ CxB vantagem posicional, decor-
9. P4D rente da posse do melhor Bis-
po, vantagem essa que mais se
As Brancas ficaram com o acentua com a troca de peças.
Bispo mau estático 13.D2B TDIB

- - - - - - - - - - - ~=-
527
- = - - - - - - - - - X A D R E Z BÁSICO ---------~

14. P4TD! 21. ... BxC


22. PDxB!
Início de um plano
surpreendente Re~iravolta na posição
Aparentemente sem finali- Graças ao genial plano,
dade, este lance é o início de Alekhine conseguiu valorizar
um plano surpreendente, que seu BD e assegurar-se maioria
yjsa dar jogo ao BD. de Peões na ala da Dama, uma
14. ... 0-0 vantagem eficiente para o final.
Se 14 .... , P4 TO, as Brancas Numa conferência reali-
teriam a casa SCD para seu zada em 1941, na sede do Clu-
Cavalo. be de Xadrez São Paulo, em
15.PST D2B que esta partida foi apresentada
16. DlC DlC como ilustração do tema do
17. P3T!
Bispo dinâmico contra o Ca-
Para defender o PTR e jogar
valo, o mestre Eliskases,
livremente com o CR. Ja 17.
"secundante" de Alekhine na
P4CD não seria bom, por 17.
luta pela disputa do campeo-
... , P4R!; 18. Px.P, CxP; ... , BxC;
nato mundial, traz à baila as
ameaçando 20 .... , BxP+; ou
seguintes declarações de
20 .... , PSD.
Alekhine: "Todos os meus es-
17 ... . T3B
forços nesta partida tiveram
18. P4CD TSB
uma Única finalidade: res-
19. C4TD TxT+
suscitar o Bispo morto com que
20.BxT CSR
21. CSB! me brindara a abertura.
Eis aqui a profundidade do Despertou muita admi-
plano de Alekhine. Este Cavalo ração o extenso plano de jogar
cria às Pretas uma situação o Pm a ST, o PCD a 4C e o
embaraçosa, pois: Cavalo a 5B, via 4TD, para
a) não pode ser desalojado por retomar com o PD, no caso de
um Peão (21. ... , P3CD?; 22. ser o Cavalo capturado. :'J o
CxPT, ganhando um Peão); entretanto, esse plano, que
b) de não ser ehminado, sua domi- modificou completamente o
nante posição compensaria a aspecto da luta, nada ma.is foi
desvantagem do Bispo estático e; do que o resultado natural de
c) se capturado, podera serre- considerações posicionais."
tomado de PD e o Bispo branco 22 .... C4R
de estatico passaria à dinâmico. 23 . CxC DxC

528
~~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini -------"""--

24. B2C D2B 29 .. .. D4C?


25 . D3D P3B
26.TIBD! A psicologia em xadrez
Ameaçando 27. P6B! Uma das características do
26 . ... D3B jogo de Euwe é procurar a tro-
ca de Damas em posições
inferiores e, com freqüência,
tal conduta lhe aumenta a
inferioridade, ou mesmo lhe
apressa a derrota , como acon-
teceu no caso presente e na
primeira partida do Torneio
pelo Campeonato do Mundo,
em 1948, contra o russo Bot-
winnik.
Em um artigo publicado
DIAGRAMA 495 logo após sua brilhante vitória
Posição após 28 .... , D3B.
favorável às Brancas. nessa competição, sob o título
"Minha luta pelo Campeonato
Luta de Bispo dinâmico Mundial", o campeão chamou
contra Cavalo a atenção para essa e outras
Chegamos, assim, a uma particularidades, não só do
luta de Bispo mau dinâmico mestre holandês, como de seus
contra Cavalo, com mais peças outros adversários (V Smyslov,
no tabuleiro, favorável ao pri- P. Keres e S. ResheYSky) e va-
meiro, como sabemos. rias de suas vitórias foram de-
O Cavalo pode ser desa- vidas ao exato conhecimento
lojado por meio do P3B e os do estilo de cada um, de suas
Peões colocados de tal manei- peculiaridades, da reação dian-
ra, que impeçam o Cavalo pre- te de situações que podem ser
to de tomar as casas centrais; proYocadas.
por conseguinte, o Cavalo, não É a aplicação da psicologia
tendo pontos de apoio, será de ao xadrez, esgrimida com su-
pouco valor. cesso no passado pelo grande
27 . P3B C4C mestre alemão Emanuel Las-
28 .TID! C2B ker ( con siderado o fundador
29 . P4B! de uma verdadeira escola psi-
Estorva o salto do Ca\'alo a cológica), brilhantemente de-
4R e ameaça 30 . PSB . senvolvida por Alekhine, em

529
.=e__________ XADREZ BÁSICO -----------"'=-

seu tempo, e, igualmente de- Ou 33 . ... , PSD ; 34. BxP!,


senvolvida, pelo campeão se- TxB ?; 35 . T8R mate .
guinte, Botwinnik . 34 . B4D!
Na partida em curso, apre - Bloqueando o Peão passado
ciamos o ex-campeão mundial das Pretas.
Max Euwe ceder a seus im- 34 ... TIT
pulsos psicológicos, propondo 35 . P6B!
a troca de Damas. Mas o faz Um remate possível,
com infelicidade. A casa SCD devido à superioridade do
branca é um "hole" e, após a Bispo branco sobre o Cavalo
troca das Damas nessa casa, o inimigo. Se 35 . .. . , PxP ; a
"hole"perde importância, além continuação seria 36 . BSB+,
de dar ao primeiro jogador a RlC; 37. P6T!, ClD (37 .... ,
possibilidade de criar um Peão TxP?; 38.T8R mate); 38 . P7T,
passado, mediante a ruptura seguidos lances brancos T7R,
P6T ou P6B, além de pos- B6C, BxC, T7C e T8C, ga-
sibilitar, igualmente, a ruptura nhando.
P4R! 35. .. . ClD
Preferível seria 29. 36. BSB+ RlC
TlD. 37. T8R+ Abandonam.
30. DxD PxD Após 37 .... , R2B; seguir-
31. P4R! TlD sc-ia 38. PxP, TI C; 39. TxC ,
O final está ganho para as TxT; 40. P6T etc.
Brancas. Esta partida nos ensina que
Se 31 .... , PxP, seguiria 32. o tema do Bispo bom, do Bispo
T7D e: mau estático e dinâmico pode
a) 32 .... , CID; 33. R2B, e as ser um ponto decisivo no meio
Pretas ficariam paralisadas; jogo.
b) 32 .... , TlC; 33. P6B!, PxP;
34 . P6T,T1T; 35. P7T, CID; 4 - O Cavalo Contra o
36. B4D, seguido de 37. B6C e Bispo Bom
ganham as Brancas .
32. PxP PxP PARTIDA W 22
Se 32 . .. . , TxP; a conti- Roterdã, 1937
nuação vencedora seria 33. T xT, Campeonato do Mundo - 2ª
PxT; 34. P6B!, PxP; 35. P6T partida do "match"
etc. Gambito da Dama
33. TIR! RlB - Defesa Eslava

530
--"""'---------- Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - " " " -

Brancas Pretas Se 10.TlB?, a continuação


A. Alekhine M . Euwe seria 1O. . .. , PxB; 11. P4R,
1.P4D P4D D7T, e as Pretas teriam me -
2. P4BD P3BD lhor jogo.
3. C3BR C3B 10 ... . PxB
4.C3B PxP 11. P4R D6C
5. P4TD B4B 12.PxB C2D
6 . C5R P3R! 13.PxP PxP
Vide estudo teórico da De- Ambos os lados apresen-
fesa Eslava à página 405 . tam fraquezas. O PD branco fi-
7. B5C B5CD cou isolado, porém, em com-
8. CxP5B D4D pensação, é delicada a posição
Lance agressivo, atacando o dos Peões pretos, e do próprio
Cavalo e impedindo, no mo- Rei, que está inseguro.
mento, o avanço P4R do ini- 14. B2R 0-0-0
migo.Taxado de inconveniente 15. 0 -0
por alguns críticos, foi, porém, Alekhine opina que esta
consid erado bom lance pelo posição oferece idênticas
próprio Alekhine. possibilidades ofensivas a um e
Após curta e forte tensão, outro lado .
as Pretas atingem po siç ão 15 . ... P4R!
equilibrada. Boa jogada de Euwe, que
9. BxC permite instalar o Cavalo preto
Inferiores seriam as conti- numa forte posição. Seria pe-
nuações: rigosa para as Pretas a alter-
a) 9. C3R, por 9 ... . , D4T; 10. nativa 15 . . .. , C3C; por 16.
CxB, DxC, e; P5T!, CST; 17 . D3R, CxP;
b) 9. D3C,por 9 . ... , C3T, com 18 . TR 1B, e as Brancas teriam
vantagem para as Pretas. forte ataque na ala da Dama.
9. ... DxC 16.PxP CxP
Retomada preferivel a 9 ... . , 17. DI B BxC?
PxB, por 10. C3R, D4T; 11 .
D3C, e as Brancas teciam ligeira Um erro estratégico de Eui-ve
vantagem. O então campeão mundial
10. D2D! Euwe t e meu o lance de
A ameaça preta era I O.... , Alekhine 18 . C4R, daí essa
BxC+; 11. PxB, DxP+; 12. troca que, na verdad e , se re-
D2D, DxT+; etc. A jogada de velou inoportuna e debilitante.
Alekhinc é única na posição. Como bem opina seu grande

531
XADREZ BÁSICO
-""'"------------- -----------"""'-

rival, seria preferível 17. . .. , É muito sutil esta jogada de


TR1C, pois se 18. C4R (18. Alekhine. Ameaça P4BR, ex-
D3R, DxPC!), seguir-se-ia 18. pulsando o Cavalo inimigo de
... , C6B+; 19. BxC, DxB; 20. sua forte posição, o gue não
C3C, O5C, e as Pretas, dis- seria possível sem o lance do
pondo de um forte Bispo, te- texto, pois a 22. P4BR?, as
riam posição satisfatória. Pretas responderiam 2 2 .... ,
Após a debil jogada de T7D!; 23. TRIR, C6D!.
Euwe, adquirem as Brancas 22. ... O7D
partida superior, pois são elas A vantagem do Bispo bom
gue retêm um Bispo forte, branco contra o Cavalo inimigo
superior ao Cavalo inimigo, (vantagem para o final) en-
uma vez que esta última peça contra-se ainda apagada, devi-
será facilmente desalojada de do à ex.istêocia de muitas peças
sua forte posição atual. Um no tabuleiro. Para usufruírem
bom exemplo, que acentua o essa primazia, as Brancas de-
desvelo que se deve ter ao vem procurar a troca das Da-
realizar a troca de um Bispo por mas e de uma Torre.
um Cavalo. O final, gue então se apre-
18. PxB TRIC sentará, será conduzido com
19. D3R RIC mais facilidade pelo primeiro
Defendendo o PTD do jogador.
ataque da Dama adversária . Com 22 .... , D7D, Euwe
Após o pequeno rogue, o PTR propõe a troca das Damas,
automaticamente passa a ser pois acreditou atenuar a forte
defendido pelo Rei; já no ameaça deAlekhine P4BR e, ao
grande roque, com freqüência mesmo tempo, obter com-
se requer a jogada R 1C, para pensação por sua desvanta-
proteger o PTD. É um tempo gem estrategica (Cavalo X
que se perde, ou, de uma Bispo bom), em instalando
maneira geral, uma das van- uma Torre na setima hori-
tagens do pequeno rogue. zontal.
20. P3C T2D Veremos como o genial
21.TDI C! O7B Alekhine refuta as intenções
É evidente que não e de seu velho rival.
possível 21 .... , DxPT; por 22. 23. DxD
TIT!. Uma troca que, como já sa-
22.TRlR! bemos, torna mais aproveitável

532
,,..J_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ___,-=-

a vantagem estratégica das Porém, tais casas ( com


Brancas. Ewna aplicação pratica exceção da 3R apenas) se en-
da teoria da simplificação de contram protegidas, ou facil-
Capablanca. mente protegidas, pelo Bispo
23 .... TxD que corre por diagonais da
24. P4BR C3C mesma cor dessas casas fracas .
Tal fato possibilita medir a força
A força do Bispo bom na do Bispo bom, pois ele atenua
defesa das casas fracas a fraqueza das chamadas casas
Denominam-se casas fracas fracas.
aquelas que não mais podem Nenhum valor tem, igual -
ser defendidas por Peões. A mente, a casa fraca de 3R, visto
fraqueza dessas casas é pos- encontrar-se numa coluna
sibilitar sua ocupação por peças dominada pela Torre branca de
inimigas, que assim ganham em IR.
eficiência e em poder. 25.B4B (IC)ID
Desde que essas casas se Aparentemente é forte a
originam de movimentos de posição das Torres pretas,
Peões (daí a regra: todo avan- dobradas em coluna aberta.
ço de Peão provoca enfra- Porém Alekhine se encar-
quecimento de casas), não se rega de desfazer essa harmonia
poderá jogar xadrez sem a e, com seu próximo lance,
criação de tais debilidades. força a troca de uma Torre .
As casas fracas são verda- 26.T6R!
deiramente importantes quan- A ameaça é simplesmente
do podem ser aproveitadas (só 27. TxPBR (se 26 .. .. , P4BR;
é débil o que pode ser apro- 27. T68) e não 27. TxPBD ?, a
veitado) e tanto mais próximas que seguiria 27 .... ,T8D+; 28.
se encontram, ,ia de regra, do TxT, TxT+; e 29 ... . , PxT.
Rei. Se não é possível jogar sem Contra 26.T6R! não podem as
criá-las, dever-se-á, porém, Pretas responder 26 . .. , T7BD,
tratar de protegê-las por meio por 27. B6T!, P3C;TxPBD, etc.
de peças. 26. ... T(ID)3D
As Brancas têm casas fracas 27.T(lC)IR R2B
em 3D, 4R, 3BR, 4CR, 3TR e 28.TxT TxT
3R, que poderiam ser ocupa- Se 28 .... , RxT; segue-se 29.
das, por exemplo, pelo Cavalo B8C!, ameaçando BxP eT6R+,
preto. ganhando um peão.

533
_.,,,,,.___________ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - - - " " " - -

Superioridade do Bispo bom Cavalo nas casas do primeiro


sobre o Cavalo jogador 40, 5R , 5CR e 4TR .
Não dispondo, a.inda, o CavaJo
preto de apoios centrais , para
se aproximar do Rei branco,
torna-se ele uma p eça de
combate muito débiJ.
Numa luta individual de
Bispo bom x Cavalo (com
Peões, naturalmente, mas sem
Torres), as Brancas não po-
deriam ganhar, dado que a
posição seria de equilíbrio .
DIAGRAMA 496
Posição após 28 ..... TxT.
Mas, com uma Torre de cada
O Bispo branco é superior ao Cavalo lado, são grandes as possibi-
adversário.
lidades das Brancas de obte-
rem a vitória.
O Cavalo, peça de curto 29. P4T
raio de ação, para ser eficiente, Para poder jogar 30. R2B e
deve estar bem próximo das se 30 .... , T7D+; 31 . R3B , sem
peças inimigas; dai necessitar preocupar-se com o PTR .
de fortes pontos centrais de 29. .. . R2D
apoio. O Bispo, ao contrário, 30. R2B C2R
peça de longo alcance, age 31. R3B C4D?
mesmo à distância. Na posição Em sua obra póstuma
do diagrama acima , dispõe o Legado!, diz Alekhine: "Após
Bispo branco de um grande esta ultima jogada, a posição
numero de casas, visto não se das Pretas se converte rapi-
encontrar obstruído por seus damente em desesperadora,
Peões, nem pelos do adver- já que o Rei branco pode ata-
sário, o Cavalo, ao contrário, car e ganhar o Peão de 2TR.
tem limitada sua ação. O Bispo, Porém, é duvidoso que a parti-
na limitação dos movimentos da pudesse salvar-se pela
do Cavalo, atua em harmonia resposta 31. ... , P4BR . As
com seus Peões; o primeiro Brancas, então, não jogariam
domina as casas de cor branca imediatamente 3 2. P4C, por
e os Peões, as casas de cor causa de 32 .... , PxP+ ; 'B .
preta, impedindo os saltos do RxP,T3C+; seguido de 34 .. .. ,

534
,l:§11 Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini
-='----- - - - - - ------~

C4B, com contra-ataque. Com 35. BlC RIR


32. PSTR, seguido de P4C, Se 35 .... ,T4D; 36. P5BR!
libertariam seu PBR com efei- 36.RST R2B
tos desastrosos para as Pretas, 37. B2T+
urna vez que sua maioria, no O Bispo é uma peça de
flanco da Dama, é somente longo alcance. Age mesmo à
nominal, pela passiva disposi- distância, ao contrário do
ção de suas peças." Cavalo, de curto raio de ação.
32. B3D P3TR Este xeque de Bispo é im-
Se 32 .. .. , CxP,após 33. BxP, portante, porque afasta o Rei
terÍarnos uma posição típica da preto da casa 2B.
luta de Bispo contra Cavalo Se, imediatamente, 37.
com Peões L\Tes em ambos os RxP, as Pretas seguiriam com
lados, francamente favod.,·el às 37 ... . , P4B+, e 38 .. .. , R3B,
Brancas, pois enquanto o Bispo ameaçando 39 .. .. ,TlD, e .. . ,
pode apoiar o avanço de seus Tl TR +, tornando duvidosa a
Peões e de-fender-se do avanço vitória das Brancas .
dos Peões inimigos, o Cavalo 37 .... RIB
somente pode realizar uma 38.RxP T7D
dessas fun-ções . É mais um Ou 38 .. .. , C4B+; 39. R6C,
argumento da superioridade CxPC ; 40 . PSB, e o PTR
do Bispo sobre o Cavalo nas igualmente aYança.
posições abertas. 39 . B6R T6D
33 . BSB+ RID 40.P4C TxP
34 . R4C C2R 41. P5C
Ou 34 . CxPBD; 35. Abandonam.
R5T, CxP ; 36 . RxP, e o avanço Se 41 .... , PxP; 42. PBxP, e
do PT passado ganha a partida. o ganho é fácil.

X- OS DOIS BISPOS
Generalidades

Segundo a teoria, nas partidas abertas, dois Bispos são mais


fortes do que dois Cavalos e até mais fortes de que um Bispo
mais wn Cavalo.
Eis um tema dos mais cüfíceis em xadrez, arma esgrimida com
sucesso pelos modernos mestres, porém, fazendo-se justiça, noção

535
.=.___________ XADREZ BÁSICO ----------.i<=-

teórica demonstrada pela primeira vez por Steinitz, em fms do


século XIX, e, principalmente, naqueles casos em que um dos
lados possui Bispo e Cavalo.

Importância do Tema

Muito embora se trate de um tema de xadrez superior,


ocorrendo nas partidas de mestres, é um assunto que deve ser
conhecido por enxadristas de qualquer categoria, visto que, muitas
vezes, na análise de uma posição, ou no julgamento de uma
abertura ou defesa, o par de Bispos é o fator que prepondera, ou
o único que se destaca para ajudar e valorizar uma situação criada.
As possibilidades técnicas, que surgem da posse de ambos os
Bispos contra dois Cavalos, ou Bispo e Cavalo, permitem
desnivelar, muitas vezes, posições aparentemente equilibradas.
A sábia exploração dessa vantagem autoriza ganhar partidas a
primeira vista iguais.
É um tema que ensina, ainda, o cuidado e as considerações
devidas, quando se trata de trocar um Bispo por um Cavalo,
mesmo na fase da abertura. Tal troca somente deve ser efetuada
quando se possuir a segurança de que se conseguiram com-
pensações muito sérias , ou que exista a possibilidade de obrigar o
rival a que, por sua vez, troque um de seus Bispos.
A estratégia moderna do xadrez tem sua maior base de
êxito na sábia conservação do par de Bispos e, salvo oportuni-
dades especiais (posições bloqueadas, por exemplo), os dois
Bispos ganham sempre contra dois Cavalos, ou Bispo e Cava-
lo, quando quem maneja tal vantagem souber explorar os re-
cursos táticos que derivam do maior domínio das casas esta-
belecidas por essas peças.

Superioridade elo par de Bispos sobre os dois


CaYalos e sobre Bispo e CaYalo

Já sabemos que um Bispo, em sua melhor posição, em 4D,


por exemplo, domina treze casas e, na pior colocação, 1T, por
exemplo, sete casas; e que o Cavalo, na posição melhor, domina
oito, enquanto que na pior posição, apenas duas casas .

536
-"""------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~ ~

Matematicamente, pois, nas posições abertas, ou com poucos


Peões, é o Bispo superior ao Cavalo. Mas, o valor dessas peças é
considerado igual, visto o Cavalo apresentar certas compensações ,
como ser capaz de saltar sobre as demais peças e dominar, embora
alternadamente, casas brancas e pretas. Não se deve concluir,
porém, que dois Bispos tenham o mesmo valor de dois Cavalos.
Dois Bispos, em sua melhor posição, dominam vinte e seis casas;
dois Cavalos, apenas dezesseis. Matematicamente, o par de Bispos
é superior a dois Cavalos e mesmo a Bispo e Cavalo (Bispo e Cavalo
dominam apenas vinte e uma casas). Ao mesmo tempo, controlam
tanto casas brancas como pretas, o gue lhes dá vantagem inconteste.
Dois Cavalos, é certo, podem saltar sobre as demais peças, o
que não é possível ao par de Bispos, mas essa única compensação
não é de molde a diminuir a vantagem do par de Bispos, mesmo
porque, quando nos referimos ao par de Bispos como vantagem,
nos cingimos às posições abertas, com poucos Peões no tabuleiro,
visto que, nas posições bloqueadas, com cadeias de Peões de ambos
os lados, os Cavalos são peças superiores aos Bispos . Nas posições
abertas, ao contrário, o valor dos Bispos é superior, pois
constituem peças de longo alcance, operando mesmo a distância,
dominando numerosas casas, enquanto os Cavalos, de curto raio
de ação, são peças de valor inferior.
Essa superioridade do par de Bispos estende-se também contra
Bispo e Cavalo, muito embora não tão acentuadamente como
contra o par de Cavalos.
Quando os dois Bispos se encontram juntos, na mesma hori-
zontal, ou na mesma coluna (exemplo 3CD e 3BD, ou 3CD e
2CD), passam a agir sobre grande número de casas juntas,
formando barreira intransponível à passagem de peças inimigas,
como é, principalmente, o caso do Rei adversário.
Devido a esses argumentos, modernamente houve modificação
no valor dessas peças. Hoje, atribui-se, de uma maneira geral, ao
Cavalo o valor de três Peões e ao Bispo, o de três e meio Peões.
Os dois Bispos, quando presentes, valem por oito Peões.

O Par de Bispos é uma Yantagem para o Final

Nem sempre a vantagem do par de Bispos é de significação


decisiva, pois pode estar compensada ou ser suprimida por

537
J"\I...._________ XADREZ BÁSICO _ ~
_ _ _ _ _ _ ____.:?!,._

vantagens do lado oposto. Porém, afora essas eventualidades, é


uma vantagem real e, bem trabalhada, produzirá resultados
vitoriosos.
Essa superioridade manifesta-se do meio jogo para o final e,
principalmente, na última fase da partida, quando se trata de
atacar o Rei inimigo, bem como obter o avanço de seus Peões
livres, ao mesmo tempo que impedir o avanço dos Peões livres
do adversário.
Constituindo, essencialmente , uma vantagem para o final,
compreende-se, pois, a necessidade da troca de várias peças,
segundo a teoria da simplificação de Capablanca, reduzindo-
se a partida a uma luta dessas peças (2BB x 2cc ou 2BB x
B+C e Peões, naturalmente), ou, quando muito, com a
companhia de uma única Torre, pois, para a exploração de uma
vantagem duradoura (como é o caso do par de Bispos), é bom
conservar, muitas vezes, pelo menos uma Torre, evitando a
troca total dessas peças.

Em que Consiste a Vantagem e como l1snfruí-la

A vantagem do par de Bispos é, em essência, uma vantagem


em mobilidade, e deve ser aproveitada para levar o adversário a
uma posição restringida,ou meio restringida; enfim, com menor
espaço. Essa posição restringida é aproveitada, a seguir, pelo
clássico ataque a uma das alas, ou, então, pela transferência dessa
vantagem numa outra, mais facilmente explorável.
A vantagem do par de Bispos não significa que se deva
forçosamente ganhar a partida, explorando essa vantagem até o
fün. Ela pode também ser o meio para obter wna vantagem maior,
ou de mais fácil exploração.
Vejamos de que maneira essa vantagem conduz à vitória:
1 - O par de Bispos pode levar diretamente à decisão. De"ido
à maior mobilidade do lado que o possui, e à restrição da posição
inimiga, o clássico ataque a uma das alas termina de maneira
dtoriosa. Tal procedimento, cumpre frisar, é raro e sucede
ocasionalmente.
2 lndireumente, o par de Bispos pode desempenhar papel
importante, porque obriga o adversário a tomar precauções, e

538
~
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ ~

com isso limita sua liberdade de ação. Ciente da força do par de


Bispo, o jogador contrário procura eliminá-lo, ou trocar uma de suas
peças; porém, muitas vezes, esse objetivo é alcançado à custa de
alguma outra desvantagem material ou posicional. E, fre-
qüentemente, essa desvantagem costuma ser mais prejudicial do
que a constante ameaça dos dois Bispos, visto que, digamo-lo,
agora, a vantagem do par de Bispos não é fácil de ser aproveitada;
requer técnica aprimorada e completo conhecimento do tema.
3 -- E difícil conservar o par de Bispos até o final,
principalmente se o adversário dispõe de Bispo e Cavalo e está
animado de intenções "episcopalícidas" . Não raro dão-se
transferências dessa vantagem por outras, como:
a) Bispo bom x Bispo estático.
b) Bispo bom x Cava.lo (com mais peças no tabuleiro).
c) Bispo dinâmico x Cavalo (com mais peças no tabuleiro).
d) Fraquezas permanentes no campo adversário (Peões débeis,
casas fracas, "holes").
e) Vantagem material, inclusive .
Essa transferência de vantagem, claro é, pode ser deli-
beradamente procurada pelo lado que possui os dois Bispos e,
freqüentemente, é o melhor procedimento para forçar a vitória.

Técnica na EÀ-ploração do Par de Bispos

Estudaremos, neste capítulo, aquelas posições que, sem serem


fechadas, tão pouco apresentem o caráter de completamente
abertas; isto é, com a existência de vários Peões, mesmo naqueles
casos em que o Cavalo, ou os Cavalos, tenham fortes pontos de
apoio, como nas casas 4D, SR, etc.
Na exploração dessa vantagem existem algumas regras gerais.
São elas:

Li.m.itação da mobilidade das peças adversárias e, em particular,


do Cavalo ou dos Cavalos.

Após as trocas e aproximação do final puro, isto é, 2BB x


2CC, ou 2BB x B+C, ou, quando muito, com a presença de uma
Torre para cada lado (e Peões, naturalmente), o primeiro objetivo

539
XADREZ BÁSICO
-=~' - - - - - - - - - - - -----------"=-

é limitar, restringir a mobilidade das peças adversárias e, em


particular, do Cavalo, ou dos Cavalos, uma vez que é justamente
a existência dessas peças que confere inferioridade ao seu
possuidor. A limitação dos movimentos do Cavalo, ou dos Cavalos,
é a chave de todos estes finais .
Desde que os Cavalos, por seu curto raio de ação, necessitam
de pontos de apoio, principalmente junto às forças inimigas, o
objetivo primeiro é impedir ou destruir esse pontos de
sustentação, a fim de impedir o Cavalo para retaguarda . Decorre
daí:
a) O lado que tem os 2BB deve adiantar seus Peões, para que
sejam inacessíveis aos Cavalos os pontos de apoio. Desta forma,
reduz-se o Cavalo a uma completa passividade, quase nula.
b) Bloquear os Peões inimigos, impedindo que, pelo avanço,
possam criar apoios aos seus Cavalos.
Esse o método (movimentos restritivos de peças), que se vê
nas partidas clássicas de Steinitz, que foi o primeiro enxadrista a
apontar a superioridade do par de Bispos e demonstrá-la na
prática.
Tal método pode também ser utilizado na luta de Bispo bom x
Cavalo (vide tema anterior), porém é muito mais raro, porque o
avanço dos Peões debilita amiúde a posição e dá ensejo a que
penetrem as figuras adversárias. Com dois Bispos, que cobrem
ambas as cores, pode-se proceder sem temores a esses avanços .

2 - Criação de fraquezas nos Peões inimigos

É importante enfraquecer a estrutura de Peões inimigos com


o objetivo não somente de torná-los mais facilmente capturáveis,
como de produzir ''holes" (casassem defesa de Peões), por onde
devem penetrar as peças atacantes e, em particular, o Rei.

3 - Irrupção do Rei na posição inimiga

Após restrição da posição inimiga (pelo confinamento dos


Cavalos) e criação de debilidades nos Peões inimigos e nas casas
adversárias, o Rei deve penetrar na posição contrária, para ganhar
material. O ganho de material é o fruto de uma vantagem
posicional.

540
-"~""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ ___..b.:...

4 · Criação de um Peão passado

A disposição dos Peões de ambos os lados pode estar balan-


ceada, ou não .
O último caso refere-se àquelas situações em que numa das
alas existe maioria de Peões (lx0, 2xl, 3x2, etc . ) . Nessas posi-
ções, o Peão passado de ala, em potencial, ou o Peão passado ja
formado, é uma vantagem quase ganhante.
Sera ele facilmente escoltado pelos Bispos rumo à oitava
horizontal e promoção; geralmente, seu avanço custa urna peça
ao adversario. Aqui o par de Bispos é de grande valor, pois,
enquanto escolta seu Peão passado, fiscaliza o avanço dos Peões
inimigos na outra ala e impede mesmo o avanço de eventual Peão
passado inimigo.
Já o par de Cavalos, ou o Bispo e o Cavalo, apenas podem
atender a uma dessas funções, isto é, ou protegem o avanço de
sua maioria, ou impedem o avanço da maioria adversaria.

5 Troca de peças no momento oportuno

Em momento oportuno e, principalmente, após a entrada do


Rei na posição inimiga, deve-se trocar um dos Bispos, para obter
seja uma vantagem material, seja a transferência para um fmal
superior, como Bispo bom x Bispo mau, ou Bispo bom x Cavalo.
E, a seguir, vejamos alguns exemplos classicos, como ilustração
do tema.

PARTIDA Nº 23 aparecimento da variante 4 .


Londres, 1883 P4D, PxP; 5. BSC!, que da
Abertura Ruy Lopez superioridade às Brancas.
Brancas Pretas 4.P4D PxP
B. English W Steinitz 5.CxP B2C
1. P4R P4R 6. B3R C3B
2. C3BR C3BD 7. CD3B 0-0
3. BSC P3CR 8. 0-0 C2R!
Uma defesa empregada em Preparando ... , P4D; que
varias ocasiões por Steinitz e libera completamente o jogo
Pillsbuty e abandonada após o preto, dando-lhe igualdade.

541
XADREZ BÁSICO
-'=''---------- ----------'"""'-

9 . 020 realizarem o profilático lance


Ou 9. PSR, CIR; 10 . P4B, P3TR .
P3O; e o PR avançado torna- 13. BxC BxB
se alvo de ataque. Com o tex-
tual ameaçam as Brancas As Pretas estão de posse
B6TR, para eu minar o forte BR do par de Bispos
inimigo. Quem desconheça o tema
9 .... P4O que vimos estudando, julgará a
10. PxP C(2R)xP posição equilibrada, mas, na
11. CxC OxC verdade, a posição de Steinitz
12. B2R é superior; a razão dessa supe-
Não era agora possível 12. rioridade é o par de Bispos em
B6T, por 12 .... , BxB; 13. OxB, partida aberta, o qual concede
OxC, ganhando uma peça. às Pretas maior mobiüdade.
Com 12. B2R, as Brancas Para explorar tal vantagem,
concedem ao segundo jogador o objetivo primeiro das Pretas
a vantagem do par de Bispos. é realizar trocas, para chegar
Tal concessão (sem mútua logo ao final, onde essa van-
compensação) dificilmente se tagem realmente se acentua.
vê nas partidas dos mestres 14. C3C
modernos, mas cumpre frisar Antecipando-se à ameaça
que a noção teórica da primazia ... , TO 1O, mas entrando nos
do par de Bispos não estava planos do adversário, que é
ainda difundida na época trocar peças e chegar a uma
(1883), sendo o próprio Stei- posição com apenas as peças de
nitz, como já vimos, o primei- desequilíbrio estratégico.
ro enxadrista que se apercebeu 14. ... DxO
dessa vantagem. 15. CxO TOID
12. ... C5C É claro que, se 15 ... . , BxP;
Ameaça capturar o Bispo de 16. TOJ C, seguido de 17 . TxP.
3R, o qual não pode afastar-se 16. P3BO
de sua casa, visto ter de atender
à defesa do Cavalo. A fraqueza da casa 3D branca
O lance do Cavalo a 5CR é O PCO estava agora di-
típico em muitas ocasiões retamente ameaçado com 16.
semelhantes, ameaçando o ... , BxP, pois se 17. TO 1 C,
Bispo colocado em 3R; daí em B5O!; 18. TxP?, BxB; 19. PxB,
muitas aberturas as Brancas TxC; ganhando as Pretas uma

542
~,i,;.l~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini -----------"'"'-

peça. Defender o PCD com 16. evitam as Pretas o salto do


TD 1 C, igualmente não ser- Cavalo à casa 4D branca, única
viria, por 16 .... , B4B! Logo, o casa avançada defendida por
avanço 16. P3BD foi forçado; wn Peão branco.
porém, tal jogada cria uma 18 . P3TR B3R
debilidade séria no território 19. TRIO P4BD
branco, a casa 3D, que não mais Agora o Cavalo não mais
pode ser vigiada, nem por tem a casa 4D para nela se
Peões, nem pelo Bispo. instalar.
Com o avanço P3BD, as O sistema de confmamento
Brancas situaram o Peão em dos Cavalos consiste, funda-
casa da mesma cor do Bispo, mentalmente, em tirar-lhes as
quando, atendendo a estratégia boas casas em que possam estar
enxadrística, quem dispuser de apoiados por Peões.
um único Bispo deverá situar 20. BSC P3B
seus Peões em casas de cor 21. B4B R2B
contrária, a fim de compensar Diante do final, que se
a falta do outro Bispo. aproxima, trata Steinítz de
A debilidade da casa 3D avizinhar seu Rei do centro.
se acentua no fmal, quando se 22. P3B
torna via de penetração para as Já, agora, não cabem as
peças inimigas. considerações feitas após 16.
16 ... TRlR P3BD. A casa 3R do primeiro
17. C3C P3C jogador, de cor preta, torna-se
A idéia não é defender o wna casa fraca por não dispor
PTD, indiretamente defendido mais da proteção de um Peão,
que se encontra, pois, por mas sua fraqueza é compensada
exemplo, 17 .... , P3TR (em pela existência do Bispo bran-
vez de 17 .... , P3C); 18 . co, que domina casas da mes-
BxPTD, P3C!, seguido de 19. ma cor.
. . . , TI T, ganhando o Bispo. 22 .... P4CR
O objetivo é, isso sim, O leitor deve observar
firmar a cadeia de Peões pre- como Steinitz situa seus Peões
tos, P2TD, P3CD e P4BD, nas casas de cor idêntica a do
colocados em casas da mesma Bispo rival, tirando-lhe, assim,
cor do Bispo branco, para cada vez mais liberdade.
restringir-lhe a atividade. Ao 23 . TxT TxT
mesmo tempo, após ... , P4BD, 24. B3R P3TR!

543
XADREZ BÁSICO
~~-------- ----------=-

Evita a instalação do Cavalo A fraqueza das casas brancas


na casa 4R (após C2O e C4R), do primeiro jogador
casa essa apoiada por um Peão O forte Bispo preto de
branco. 5 BD domina todas as casas
As Pretas querem jogar ... , fracas de cor branca do pri-
P4BR com essa finalidade, mas meiro jogador.
antes devem defender o PCR. A colocação do Bispo na
25. TlR P4B mesma coluna ou na mesma
O Cavalo está agora eli- horizontal em que se encontra
minado como peça ativa, pois um Cavalo, e separado deste
lhe são inacessíveis as casas mais duas casas, é altamente efi-
avançadas. ciente, por dominar todos os
26. P4BR B3BI saltos do Cavalo. Já o Cavalo é
Se 27. PxP, PxP! incapaz de cercar o Bispo dessa
27. P3C P4TD maneira. Eis mais um ponto da
Com a idéia de ... , P5T. superioridade do Bispo sobre o
Os ataques de Peões ca- Cavalo, em posições abertas.
racterizam a luta contra os 30. R2B PxP
Cavalos. 31 . BxPBR B4CR!
28. CJB PST Ameaçando 32 .. . . , BxB; e
29. P3T após 33. PxB, T7D+, ganham
Evitando 29 .... , P6T; que se- as Pretas.
ria desastroso para as Brancas. Steinitz permite agora a
29. .. . BSB! troca de seu Bispo do Rei, pois
tem suficiente vantagem para
ganhar a partida.
32.BxB
Ou 32. R3R, TIR+; 33. R2B,
TxT;34 . RxT,R3R,eganham
as Pretas, penetrando com seu
Rei na posição inimiga, via 4D
e SR.
32. .. . PxB

Transferência da vantagem do
par de Bispos• Final de Bispo
DIAGRAMA 497
Posição após 29 ..... B5B! bom x Cavalo
As Brancas estão restringidas. Eis um caso de transfe-
rência da vantagem do par de

544
.i:k._1_ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------'lt!:!,""'-

Bispos . Steinitz desfaz-se de 1 - Obtenção do par de


um dos Bispos, ficando com wn Bispos contra Bispo e Cavalo do
final de Bispo bom x Cavalo, adversário.
além de peças já em boa po- 2 - Troca das Damas , para
sição; para ganhar só lhe falta a chegar mais facilmente ao final.
irrupção do Rei preto na po- 3 - Criação da casa fraca
sição inimiga. 3D das Brancas.
33.R3R R3B 4 - Restrição dos movi-
34. P4T mentos do Bispo e, principal-
Se 34. T 1T, as Pretas ga- mente, do Cavalo das Brancas.
nhariam com 34 .... , R4R, 5 - Mais wna simplificação,
seguido de ... , PSB+; e ... , com a troca de wna Torre .
T7D. 6 -Após restrição máxima
34 . ... PxP das peças brancas, troca de um
35.PxP T!R+ dos Bispos pretos para atingir a
36.R2B TxT um final de Bispo bom x
Esta última troca permite Cavalo, francamente superior
ganho fácil. às Pretas.
37.RxT R4R 7 - Irrupção do Rei preto
O Peão passado das Brancas na posição inimiga e vitória
é ineficaz; não pode avançar, pelo avanço de um Peão
pois facilmente seria captu- passado das Pretas.
rado. E o Cavalo nada pode
fazer para ajudá-lo.
38. C2R BxC
39. RxB RSB PARTIDA N° 24
40. P4B R5C San Sebastian, 1912
41.R3R PSB+! Abertura dos Quatro Cavalos
E não 41 .... , RxP?, por 42. Brancas Pretas
R4B, e ganhariam as Brancas! Tarrasch Rubinstein
O final foi bem calculado pelo 1. P4R P4R
mestre Steinitz. 2. C3BR C3BD
42. R4R P6B 3. C3B C3B
43.R3R R6C 4.BSC 848
Abandonam. 5. CxP C5D
Em resumo, para as Pretas, 6.B4T
as etapas mais importantes nesta O correto era 6. B2R!
partida foram, corno segue: 6. ... 0-0
7.P3D P4D

545
~_ _ _ _ _ _ _ XADREZ B Á S I C O - - - - - - ~ ~

8. BSCR P3B Começam nos movimentos


9. D2D TIR restritivos de Peões
10.P4B P4C! Esta e a seguinte jogada preta
11 . B3C P3TR têm a finalidade de restringir
12. B4TR CxPR os movimentos do Cavalo, ex-
13. BxD CxD pulsando-o para lugares mais
14. RxC TxB distantes.
15. C2R CxC 19. C4C P4TR
16. RxC TlR 20. C2B
17.RlB B2C E agora seria interessante
18. P3B para as Brancas um plano à base
Deixamos de comentar a de P4D, C3D, PSB, C4B e C6R
complexa luta desenvolvida na ou C6C, valorizando seu Ca-
abertura, para nos ater à análise valo. Conseguiriam ainda as
do final, que se inicia, tendo as Brancas Peões avançados em
Pretas vantagem posicional, casa de cor preta, compen-
que decorre da superioridade sando, assim, a ausência do
do par de Bispos sobre Bispo e Bispo de igual cor.
Cavalo. 20. ... B6R!
Em seu livro Los Grandes Rubinstein explora a fra-
Maestros dei Tablcro, diz Ri- queza das casas pretas e, pela
cardo Reti: " ... a partida tem ameaça ao PBR, embaraça o
um interesse especial, porque avanço de PD irúrrúgo.
Tarrasch, grande conhecedor 21. BID
do método de Steirútz, é um Defende indiretamente o
mestre experimentado na van- Peão atacado pela ameaça ao
tagem dos dois Bispos. PTR inirrúgo; ao mesmo tempo
Por conseguinte, apresenta prepara-se, após o inedthel
ele tenaz resistência, em con- avanço de seu Peão a 3CR, a
traste com os oponentes de ocupar com o Bispo a diagonal
Steirútz, os quais, provavel- 1TR-8TD, onde o Bispo preto
mente, nem sempre estiveram poderia agir com grande força
atentos aos perigos. Apesar Sem duvida, uma jogada que
disso, não pôde escapar da revela a classe magistral de
derrota contra a quase mi- que era dotado omestreTarrasch.
lagrosa precisão com que Ru- 21. ... PST
binstein conduz suas forças à 22. P3CR
vitória". É preciso defender o Peão
18 .... P3B atacado.

546
~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _ _IP-<,_

22. .. . P4T mitiam que tais cadeias de Peões


inutihzassem seus Bispos.
Enfraquecimento dos Peões 26. ... TDlD
brancos da ala da Dama É claro que se 26 .... , PxP;
lnicia agora o grande mes- 27 . BxP, ganhando a quahdade .
tre polonês Rubinstein um 27 . PxPD PxPD
avanço de Peões na ala da Da- 28.TRlD
ma, que tem por fmalidade: A ameaça era 28 ... . , BxC;
1 - abrir e simplificar a po- 29. RxB, BxP.
sição; 28.... T2R
2 -enfraquecer a estrutura dos 29. C4C
Peões brancos dessa ala e: Após longo "sono", esboça
3 - permitir posterior entrada o Cavalo leve despertar .. .
do Rei preto atraves de uma das 29. ... PxP
fraquezas criadas. 30.PxP
23. B3B
Se 30. CxB, seguiria 30 .... ,
Agora a Torre está pro-
TxC; 31. PxP,TxP; etc.
tegida de eventual ataque do
30. ... B5D
Bispo de 2C.
É verdadeiramente impo-
23.... PSC
nente a colocação deste Bispo,
24.R2C PxPB
fiscalizando as enfraquecidas
25. PxPB B3T
casas pretas do adversário.
Quem tem o par de Bispos
31.TDJB T2C
deve abrir o jogo e simplificar
32.T2B
a posição. É justamente o que
conseguiu Rubinstein com o Era preciso evitar a entrada
avanço de seus Peões da ala da da Torre na setima horizontal.
Dama. O BD preto passa, por 32. ... R2B!
conseguinte, a ter maior ação. Aproximando o Rei para o
26. P4B! final que já se vislumbra, e
A cadeia dos Peões pretos procurando tambem defender
de 380 e 4D limita a atividade o PD, a fim de substituir a Torre
do Bispo branco. Daí procurar de 1D nessa função.
Tarrasch destruir essa for- 33.C2B
mação a fim de dar mais jogo Volta o Cavalo ao seu antigo
ao seu Bispo. Como diz Reti, leito.
crítico profundo e perspicaz, os 33 .... T7C
adversários de Steinitz, por As Pretas procuram a troca elas
desconhecerem o tema, per- Torres, visto terem conseguido

547
-""''----------- XADREZ BÁSICO
-----------=-

sunciente vantagem para o final, Deste modo, as casas bran-


ou seja, a limitação das peças cas 4BD e 4R, apoiadas que
brancas e a entrada de seu Rei estão pelo Peão de 3D, são ina-
na ala da Dama inimiga; já é cessíveis ao Cavalo por causa da
tempo, pois, de reduzir a par- presença do PD preto. Da mes-
tida aqueles elementos que ma forma, o PBR preto impede
apresentam desequilíbrio es- a instalação do Cavalo nas casas
tratégico entre si (2BB x B+C), SR e SCR, ambas apoiadas pelo
segundo a teoria de Capablanca. Peão branco de 4BR .
34.TxT BxT
35.T2D BSD Última tentativa das Brancas
para valorizar o Cavalo
Tarrasch, grande conhe-
cedor ria superioridade do par
de Bispos e da inocuidade do
Cavalo em tais posições, con-
cebe um plano que tome ativa
a ação dessa peça, à base de C3T,
PSB, C4B e C6R. Se realizável,
a superioridade das Pretas
esfumar-se-ia. Porém,
DIAGRAMA 498
Rubinstein, cujas partidas são a
Posição após 35 .... , B5D. mais perfeita demonstração dos
O par de Bispos dá vantagem
posicional às Pretas. ensinamentos de Steinitz,
encontra meios para frustrar
tal intento.
36.C3T R3R
A passividade do Cavalo
Impedindo PSB, seguido
branco
de C4B, não obstante tal impe-
A posição do diagrama é
instrutiva; com efeito, analise- dimento não ser definitivo, pois
se a passividade do Cavalo o Rei será afastado dessa casa .
branco. Tal peça, para ser efi- As Pretas não devem per-
ciente, necessita de susten- mitir a criação de um ponto de
tação, mas seus dois pontos de apoio para o Cavalo branco, que
apoio dominam casas, que, por se transformaria em peça muito
sua vez, se acham sob controle forte.
de Peões pretos. 37.T2BD R3D

548
- = ' - - - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostin.i ------~lz;a,,~

Evitando o ataque da Torre c) fraqueza das casas pretas


branca em 68. Grave erro seria decorrente da ausência do Bis-
37 .. .. , BxP?, por 38. T2D!, po que corre por iguais casas .
ganhando uma peça. 42.R3B
38. P5B Se 42. C2B, ganham as
O plano de Tarrasch se Pretas com 42 .... , BxC; 43.
afigura vitorioso, já que o RxB, R5B.
prosseguimento com C4B e 42 . ... R5D
C6R parece inevitável. 43.B3C B2C
38. ... TIBD!
Força nova simplificação Uma brilhante análise de Fine
com ganho de tempo, para com- Comentando este lance em
bater o objetivo de Tarrasch. seu livro Basic Chess Endings,
39. B10 diz Reuben Fine: "Seria mais
Se 39. TxT, segue 39 . ... , simples 43 ... . , BxP; 44. BxP,
B8BR, e se então 45. B7C!, a
BxT; 40. P4C, B4R!, e as
continuação seria 45 .... , BxC!;
Brancas não mais poderiam
46 . B6T!!, R6B!!!; 47. R3C!,
jogar C4B. Se 39.T2D,T6B!
R7C; 48 . B4B, B8BR; 49. BxB,
39. ... TxT+
RxP;50. R3B,B3T; 51. B5C,
40. BxT R4R
R6C;52 . R4R,PST;53.R4D,
41. P4C
P6T, e as Pretas ganham!"
Forçado, para defender o
Sem dúvida, uma análise
PBR, mas agora C4B não mais
magnífica de Fine, mas difícil
é possível.
de ser achada no tabuleiro,
41. ... B6R! mormente pela exigüidade do
Dá passagem ao Rei e tempo com que Rubinstein se
coloca o Bispo na posição ideal encontrava e que se pode de-
para imobilizar o Cavalo, isto é, duzir do seguinte lance preto.
na mesma horizontal e 44. R2R B3TD
separado dele duas casas . Uma repetição de jogadas
O final torna-se fácil a devida, provaYelmente, ao re-
Rubinstein graças à: lógio controlador do tempo que
a) suas manobras anteriores, cada jogador gasta na partida.
que enfraqueceram os Peões da As Brancas estão em
ala da Dama branca (plano "zugzwang".
iniciado com 22 . ... , P4TD); 45 . 82B
b) imobilização do Cavalo Se45 . BxP,segue45 .... , BxP+;
inimigo e; 46 . R3B, B8BR; transpondo a

549
-=-'-------------- XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ~ ;~

posição para a variante descrita finalidade de simplificar a


por Fine. posição e enfraquecer os Peões
45. ... B4CD resultantes nessa ala, para
46. P4T B2D permitir posterior penetração
Ameaça agora 47 .... , P3C! do Rei preto nesse setor.
47. R3B R6B! 3 • Simplificação com 33.
48. RxB . . . , T7C, para reduzir a par-
Por fim é eliminado o po- tida a um final típico de 2BB x
deroso Bispo preto, mas numa B+C.
fase em que a partida já está 4 - A esplêndida manobra
completamente perdida para de Rubinstein, iniciada com
as Brancas. O final de Bispo 38 . .. . , TlBD!, forçando nova
bom x Cavalo está ganho sem simplificação e evitando a con-
dificuldades . secução do plano das Brancas,
48 . . .. PSD+ que era criar um ponto forte
49.R2R RxB para seu Cavalo em 6R.
S0.C4B BxPT 5 - Penetração do Rei preto
51. C6R na posição inimiga pelas
As Brancas conseguiram enfraquecidas casas pretas do
instalar seu Cavalo em 6R, mas primeiro jogador.
essa satisfação é fugaz, em face 6 - A transferência da
do desenlace que é imediato. partida para um final de Bispo
51. .. . B6C bom x Cavalo, facilmente
52. CxPD+ R7C ganho para as Pretas.
53. C5C P5T Por outro lado, cumpre as-
54.R3R P6T sinalar os esforços de Tarrasch,
55. CxP RxC que, por conhecer o tema da
56.R4D R5C superioridade do par de Bis-
Abandonam. pos, procurou oferecer forte
Nesta partida é interessante resistência, demonstrada :
assinalar seus pontos essenciais, 1 - Pelo seu lance 26 . P4B 1,
após o advento do par de Bispos para destruir a cadeia de Peões
pretos, e que são os seguintes: pretos da ala da Dama, a qual
1 - Confinamento do Cava- restringe os movimentos do
lo branco, com 18 .... , P3B, e Bispo branco.
19 .... , P4TR. 2 - A elaboração de um
2 - Avanço dos Peões pre- plano, iniciado com 36. C3T,
tos da ala da Dama, com a tendo em mira valorizar seu

550
·~
~ - - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'.Agostini - - - - - - ~ I = •

Cavalo, dando-lhe um ponto Uma jogada estrategicamente


de apóio. defeituosa
Seus esforços, contudo, Esta partida, o próprio
foram infrutíferos, devido à Grau apresenta-a corno ilus-
alta precisão de seu fortíssimo tração do terna que vimos es-
rival, o polonês Akiba Ru- tudando (superioridade do par
binstein, em seu tempo, um de Bispos), num artigo em
dos maiores jogadores do "AjedrezAmericano", de 1942.
mundo e considerado, jun- Criticando este seu último
tamente com Tarrasch, os mais lance, diz o grande didata: "Pri-
sérios adversários do então meiro indício de que o jogador
campeão mundial Emanuel argentino, nessa época (1927),
Lasker. desconhecia a importância da
Enquanto Tarrasch conse- superioridade do par de Bis-
guiu medir-se com Lasker - pos. E o detalhe é nlioso, se se
embora sem vencê-lo - o recorda que já era campeão
grande mestre Rubinstein, por nacional e que jogava talvez
lhe faltarem recursos finan- melhor do que agora (1942),
ceiros, jamais pôde satisfazer por seu maior entusiasmo, sua
essa justa ambição. maior juventude e menor nú-
mero de erros sérios em que
incorria.
Porém é evidente - a jo-
PARTIDA Nª 25 gada 7. B5C o prova - que es-
Londres, 1927 trategicamente seu jogo ofe-
PD - Defesa Semi-Tarrasch recia falhas graves, pois não
Brancas Pretas é possível aceitar como boa
R. Grau G. Maroczy essa jogada, que lhe cria tecni-
1. C3BR C3BR camente a obrigação de trocar
2. P4D P4D o Bispo, que agora se situa em
3.P4B P3R 5C, precisamente seu melhor
4.C3B P4B Bispo, o que origina a debi-
5. PxPD CxP lidade definitiva das casas
6.P3R brancas.
Aqui se joga também 6 . Poder-se-á realizar isso em
P4R. Vide estudo teórico à troca de alguns tempos im-
página 404. portantes, mas estes podem
6. .. . C3BD recobrar-se; tal tipo de vanta-
7. B5C gem costuma diluir-se, quando

551
XADREZ BÁSICO
--"""------------- -----------"""'-

não se transforma rapida- conceder ao adversário ne-


mente em vitória. nhuma compensação.
Em troca, a falta de um dos Na boa preparação da
Bispos, desde que o rival man- abertura está, indubitavel-
tenha ambos, é geralmente um mente, o segredo da supe-
mal orgânico da posição, que rioridade dos Bispos sobre os
só se consegue atenuar uma vez Cavalos.
que se torne possível eliminar 9. ... BxB
um dos Bispos. Se tal não su- 10. CxC DxC!
cede, basta este detalhe para As Pretas desejam a
se ter a vitória, porque a vanta- permuta das Damas e bem sa-
gem se acentua à medida que bemos porque: o par de Bispos
se avizinha o final da partida ." é uma vantagem que se dis-
7. ... PxP tingue no final. Este é um
8. DxP exemplo de como o conhe-
A retomada de Peão daria cimento do tema facilita o
às Brancas a desvantagem de raciocínio, principalmente
um Peão isolado. quando se trata de simplificar
A outra continuação 8. CxP uma posição.
originaria a seguinte variante: 11. 0-0 B4B
8 .... , CxC; 9. PxC, B2D; 10. 12. DxD BxD
0-0, CxC; 11. BxB+, DxB;
12. PBxC, e as Pretas ficariam Fatores da superioridade
com maioria de Peões na ala da das Pretas
Dama (uma vantagem para o A posição já oferece um
final) e posse de Bispo superior. desequilíbrio estratégico apre-
A única compensação branca, ciável. Os dois Bispos con-
o melhor centro, seria inócua, ferem às Pretas uma maior
devido à posição estar sim- mobilidade.
plificada . As casas brancas do pri-
8. ... B2D meiro jogador, são muito dé-
9. BxC beis principalmente a casa 3D,
que é uma casa fraca, por lhe
Surge o par de Bispos faltar a defesa de um Peão. Sé
Um vício estratégico, mas o Bispo trocado das Brancas
fruto da jogada anterior deste fosse o BD, sua posição não
Bispo. seria tão grave, pois os Peões
As Pretas têm, agora, a van- de 2CD e 3R estariam domi-
tagem do par de Bispos, sem nando casas pretas, substituindo

552
"",l:$J,..___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - ~ -

parcialmente o Bispo dessa cor, tos 2CR, 3BR e 4R, limitando,


enquanto o outro Bispo "igiaria outrossim, a ação do Bispo
as casas de cor branca . inimigo.
Quem dispõem de Bispo e 14. B3B R2B
Cavalo contra os dois Bispos 15. TRID TRID
de ve manobrar de modo a
colocar seus Peões em casos
correspondentes ao do Bispo
ausente . Um exemplo é a po-
sição ocorrida na partida, que
terminou empatada, Orlando
Roças x E. Eliskases, Rio de
Janeiro, 1943,após27 .... ,850:
Brancas: R2D, C3D, B4BR,
P2TD, P3CD, P4BD, P4R,
P3BR, P2CR e P4TR.
DIAGRAMA 499
Pretas: R2R, B2BR, B5D, Posição após 15 ..... TR 1D.
P3TD, P3CD, P3BD, P4BD, A posição das Pretas é bem superior.

P3BR, P3CR e P4TR.


Deste modo, os Peões bran- Muitos jogadores fortes, e
cos não obstruem o Bispo e, até de primeira categoria,
colocados em casas brancas, desconhecendo o tema em
substituem parcialmente o estudo, apreciarão a posição
Bispo ausente. como equilibrada . Mesmo
As casas fracas pretas do Grau di z honestamente: "As-
primeiro jogador não apre- sim o supunha quando joguei
sentam gravidade, por existir o este final. Porém, pode-s e
Bispo que as fiscaliza. afirmar que, ao contrário, a
Na partida em estudo situação das Brancas é muito
(Grau x Maroczy) veremos de delicada e devem jogar com
que maneira essas casas fracas, bastante cautela a fim de evitar
sobretudo 30, terão influência a derrota, que talvez já se apre
no desenrolar da partida . sente inevitável.
13. B2D P3B O Bispo de 4D é muito
Lance característico que: forte e sua ação há de obrigar
restringe os movimentos do que aum entem as debilidades
Cavalo e prepara, ao mesmo das Brancas . Agora ataca o PTD
tempo, a cadeia de Peões pre- e escra"iza a TO na sua defesa.

553
_.=,.__________
XADREZ BÁSICO -----------=-

Jogando-se P3TD, fica a casa Cavalo, visto que seu ponto


3CD a mercê do Bispo, que, de apoio (o P3R) age em casas
desde esse ponto (3CD), vul- (4D e 4BR) igualmente fis-
nera a casa I D e, após o lance caliza-das pelo PR preto.
P3CD, ficará sem ponto de 19. ... TDIB
apoio o Bispo de 3B; isto 20. TxT BxT!
também é importante". Conservando a pressão so-
16. ClR P4R bre o Bispo injmigo.
17. T2D B3C 21. TlBD B2R
É característico dos mestres Maroczy desenvolve, nesta
realizar lances preventivos, partida, um estilo de jogo claro
como o do texto, retirando o e harmoruoso, comparável ao
Bispo antes de ser atacado pelo de Capablanca em seus me-
Cavalo inimigo em 3D. Reri via lhores dias. Sua ameaça, agora,
nessa tática um dos fatores da é . .. , B6T, explorando a casa
grande força de Capablanca. fraca 3T, o que obriga à troca
18. P3CD forçada das Torres, atingindo
Para jogar com a TD, as assim um final puro de dois
Brancas devem antes proteger Bispos contra Bispo e Cavalo,
seu PTD, mas, além de criar que lhe é francamente favo-
nova debilidade (a casa 3T), rável.
deixa o Bispo sem defesa, o que 22. B2C TxT+
será aproveitado pelas Pretas, 23. BxT B6D!
como veremos. O grande finalista hungaro
18 .... BSR! explora habilmente a fraqueza
Ampliando o raio de ação das casas brancas de seu ad-
desse Bispo, diminuído que versário. Evita, agora, a apro-
fora pelo avanço P3CD branco ximação do Rei branco rumo à
e, ao mesmo tempo, propondo ala da Dama, zona de pe-
a troca das Torres, favorável ao netração das peças pretas.
segundo jogador. 24. C2D B4BD!
Observar de que maneira Impede a manobra P3B e
domina este Bispo as enfra- R2B .
quecidas casas brancas do 25 . C4B R3R
primeiro jogador. 26 . C2D
19 . C3B De nada serviria 26. B2D,
A nada de positivo con- ou 26. 82 C, visto que, após 2.
duzem os movimentos deste ... , R4D, segwdo de ... , P4CD,

554
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - ~

e ... , PSCD, os Peões da ala da rioridade do par de Bispos em


Dama seriam fixados e a segwr partidas abertas.
capturados. Como bem disse Roberto
26. .. . R4D Grau, o mestre Maroczy ditou
Este Rei está idealmente cátedra no assunto .
colocado para agir com efi-
ciência plena.
27. P3TR P4TD! Formação do peão passado.
28. R2T Seu bloqueio por peças
Contrastando com o mo-
narca rival, o Rei branco, impe-
dido de atuar na ala da Dama,
tende a afastar-se mais ainda do
campo de luta.
28. ... P4CD!
29. P3T
Opondo-se à ameaça ... ,
85C, segwdo de ... , 8xC, ... ,
PSC, e ... , 878, ganhando sem
dificuldade. DIAGRAMA 500
As Brancas jogam e ganham.
29. ... PSC
30. P4TD P4B Esta posição ocorreu na
31. 82C P58 partida P. S. Leonhardt x O. S.
Abandonam. Bernstein, Barmen, 1905, e
Esta decisão, longe de ser ilustra a grande força do Peão
precipitada, está justificada, passado de ala, quando acom-
porgue após 32. PxP, ganham panhado da vantagem do par de
as Pretas em ambas as varian- Bispos.
tes: A técnica, para ganhar estes
a) 32 .... , PxP; 33 . 8xP, 8xP; finais, consiste nas seguintes
segwdo de 34 .... , B6R, e 35. fases :
... , 878D. 1 - Colocar as peças ata-
6)32 ... . ,8xP;33.BxP;B6R; cantes nas melhores casas e
34. C3B, B78D; 35. B7B, 8xPC; restringir a mobilidade das
36 . 8xP, 8xP+; 37 . P3C, 83D, peças inimigas principalmente
segwdo de .. , BxPT; etc. do Cavalo.
Uma magnifica demonstra- 2 - Forçar um Peão pas-
ção de técnica enxadrística, sado, ou wn Peão passado em
tendo por base o tema da supe- potencial, numa das alas .

555
--""''--------------- XADREZ BÁSICO - - -- - - - - - - = -

3 -Avançar o mais rapida- Captura forçada : se 1 .


mente possível esses Peões. P3R; 2. P7D!
4 •- Em relação ao bloqueio 2. BxP
do Peão passado pelo inimigo, E, agora, temos a distri-
há duas eventuaudades: buição não balanceada de Peões
a) de não ser possível esse na ala da Dama; isto e, as Bran-
bloqueio pelo Rei inimigo, o cas têm maioria de Peões nessa
avanço do Peão passado lateral ala (2xl), o que equivale a um
acaba custando uma peça e; Peão passado em potencial.
b) conseguindo o Rei inimigo A força de semeThante Peão
impedir o avanço do Peão, a com o par de Bispos, constitui
manobra ganhante consiste em quase uma vantagem ganhante.
conduzir o Rei, que aspira à Os dois Bispos dominam todas
vitória, para a ala oposta a do as casas que o Peão tem que
Peão passado, a fim de, jun- a
vencer para chegar oitava
tamente com os Bispos, ganhar horizontal. Alem de realizar
material ou conseguir a entrada essa escolta ao Peão passado, os
do Rei na posição inimiga. Bispos impedem tambem o
Vejamos a continuação da avanço de eventual Peão pas-
partida Leonhardt x Bernstein. sado ou da maioria de Peões
inimigos em outra ala.
1• FASE 2. ... C4B
Praticamente concluída, Vai o Cavalo a procura de
pois as peças brancas se en- outro sítio mais favorável. É
contram bem dispostas, o Bispo claro que 2 . ... , C8B? seria um
preto restringido pela ação erro por 3. B2B, seguido de
dos Peões brancos e o Cavalo, 4. R2R e 5 . BIC, ganhando o
apesar de se encontrar em ter- Cavalo.
ritório inimigo, e ineficaz, por- 3.B2B
quanto as Brancas lhe impe- Lógico, conservando o par
dem qualquer salto perigoso. de Bispos! Permitindo as
O Cavalo só e ativo quando Brancas a troca de 4 . . .. , CDB,
dispõe do apoio de seus Peões, a partida estaria com toda cer-
o que não e o caso presente. teza empatada, pois, muito
embora tenham as Brancas
2' FASE maioria de Peões na ala da
A formação do Peão passa- Dama, a presença dos Bispos
do e a manobra que vai seguir. de cores opostas daria possi-
1. P6D! PxP bilidades amplas de empate.

556
~ ' - - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni - - - - - -----"""'--

3 .. .. B3T para formar o Peão passado. A


4 . R4R ameaça é P4C, P5C, e, se
Defende o PB atacado e então, .. . , PxP, P5T! , P6T, P7T
centraüza o Rei, posição ideal e PST=D!
para o final. 7 . ... B2C
4 . ... C2R Precavendo-se contra a ci-
Não se vê bom futuro para tada manobra.
este Cavalo. Encontra-se ele na 8. R2R!
mesma horizontal do BR Nem sempre convém ter
branco e separado deste duas muita pressa. Por exemplo,
colunas, justamente naquela se 8. P4C? a continuação seria
posição em que mais se aprecia 8 .... , B6B; 9. P5C, PxP; 10 .
sua inferioridade, visto que o PxP, RIR; 11. B7T, R2D; 12 .
Bispo lhe toma os saltos 1BD, P6C, B5D, e as Pretas teriam
3BD e 40. possibilidades de luta.
5. PSD! 8. ... B6B
Restringe mais ainda a po- Aparentemente impedi-
sição inimiga e ameaça ganhar ram as Pretas o avanço do Peão
o P2TD preto. passado em potencial.
5. ... P4B+ Mas este é o caso em que o
6.R3B bloqueio dos Peões brancos
As Pretas mantêm o Rei não foi feito pelo Rei .
branco escrayjzado na defesa Como este Bispo, sozinho,
do PBR, mas nem por isso sua será insuficiente para conter os
posição se torna mais livre, Peões, o avanço da maioria cus-
yjsto que o Bispo preto, igual- tará material ao adversário. ''fo
mente, fica Ümitado no ataque caso de ser possível ao Rei
ao Peão. preto bloquear os Peões bran-
6 . ... P3T cos, estando, por exemplo, em
Uma maneira indireta de 1 CD, a manobra de ganho das
defender esse Peão, pois a 7. Brancas seria, ap6s imobilizar
BxP, CxP. Não servia 6 .... , o Rei preto nesse bloqueio,
P4T, por 7. B6C!, ganhando o conduzir seu Rei aala oposta e
Peão. procurar penetrar na posição
7. P4TD inimiga para capturar os Peões
dessa ala.
3• FASE Essa manobra veremos no
Inicia-se o avanço da maio- estudo do diagrama seguinte.
ria de Peões, da ala da Dama,

557
-""''--------- XADREZ BÁSICO __________,"""--

4ªFASE Peão Passado.


O avanço do Peão passado Seu Bloqueio pelo Rei Inimigo
só é sustado mediante sacrificio
de peça .
9. R3D! B5C
10. BxP
Ganhando o Peão e explo-
rando a impossibilidade da
captura do PD branco, pois a
1O. ... , CxP; segue 11. R4B,
C2B; 12. RxB, CxB+; 13. RSC,
C2B+; 14.R6C,C4D+; 15.R7C,
e nada impede o avanço do PTD. DIAGRAMA 501
Jogam as Pretas.
10. ... P3T
11. B7C Ocorreu esta posição na
Claro, defendendo o PD. partida W. Hascnfus x R. Fine,
11. ... P4C Kemeri, 1937, e ilustra mais
12 . PxP PxP um caso da força do Peão pas-
Nenhum temor causa a sado de ala acompanhado do
maioria de Peões pretos na ala par de Bispos .
do Rei, porque é facilmente Seremos breves nos co-
bloqueada pela ação dos Bispos mentários, já que o exemplo
brancos. anterior permite compreender
13. R4B B7D este outro .
14. P4C 1. .. ' B4BR!
E não há meios de as Pretas É gritante a debilidade das
embaraçarem a promoção de casas brancas do primeiro jo-
um dos Peões brancos. gador.
O avanço do PTD e do 2. ClR B8C!
PCD custa às Pretas pelo me- 3. B2D R2T
nos uma peça. Se, por exem- 4 . R2B R3C
plo, 14 . ... , RlR, uma conti- 5. R3R R4B
nuação possível seria 15. PST, 6 . PST P4CR!
RlD; 16 . P6T, R2B; 17 . P5C, Este lance garante às Pretas
P5B; 18. P6C+ , R 1C; 19 . B6B, um Peão passado na ala do Rei,
B6R ; 20. P7T+, R 1B; 21. PST visto que as Brancas não podem
=D mate . jogar 7. PxP, por 7 .... , BxP+;
8. R2R, BxB; 9. RxB, R5R; 10.

558
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ~ - = -

R 1B, B6D; 11. R2D, B4C; 12. E, agora, a entrada do Rei


C2B,B3T; 13. P4C,B5B; 14.RIB, sentencia a partida.
B6D!, ganhando. 23.RxP RxPD
7. C3D B7B 24. R3T B2R
8 . CSB PxP+ 25 . R4C R6D
9 . PxP P3C E o PD decide o final. Se
10. PxP PxP 26.BIR,PSD;27.PSB,R7R,
11. C7D P4C ganhando facilmente.
12. P4C PST!
13. CSB
Pela primeira vez, no es- PARTIDA W 26
tudo deste tema, vimos um Rosário (Argentina), 1939
Cavalo numa casa forte, com PD - Defesa Índia da Dama
sólido apoio. Mas, a força do Brancas Pretas
Peão passado lateral é de tal J. Cristia E. Eliskases
ordem que autoriza mesmo 1. P4D C3BR
certa liberdade ao Cavalo. 2. C3BR P3CD
13. ... P6C 3. P3R B2C
14. PxP PxP 4. B3D P4B
IS. R3B BSTR Vide estudo teórico desta
16.B3R B8D+ defesa à página 418.
17. R2C RSC 5. CD2D P3C
Este é o caso cm que o Rei 6. 0-0 B2C
bloqueia o avanço do Peão 7. P3B 0-0
passado. Vejamos como pro- 8. D2R C3B
ceder de acordo com a regra 9.P4R PxP
já estudada. 10. PxP
18. B2D B6B+
19. RIC R4B Um erro estratégico
20. B3R BSR A retomada de Peão cons-
21. B2D P7C titui uma falta estratcgica, pois
Imobilizado o Rei branco vai permitir a troca do Bispo de
no bloqueio do Peão passado, 3D por um Cavalo.
tratam as Pretas de ganhar Preferível seria 10. CxP. A
material. Por isso ameaçam 2 2. outra continuação 1O. PSR
... , B6C, para seguir com ... , não seria recomendável, por
BxP. 10 .... , C4D!, e se 11. PxP,
22.CxB RxC CSB; seguido de 12 .... , CxB,

559
~'------------- XADREZ BÁSICO -----------"""'-

eliminando, da mesma forma, Quando se de\·e simplificar


o Bispo visado. Um lance facil de achar para
10. ... CSCD! guem sabe o valor da sim-
A resposta adeguada a de- plificação, guando se dispõe do
feituosa jogada das Brancas. par de Bispos e do domínio da
11.TlR coluna BD.
Resignando-se a perder seu 15. DxD TxD
Bispo de 3D, mas outros lances 16. BxC
seriam igualmente pouco satis- Novo erro estratégico e des-
fat6rios. Assim: ta vez mais grave a:nda, por-
a) 11. BlC, B3TD!; 12. C48, guanto faz desaparecer o único
P4D; 13 . PxP,TlB!; 14. P3CD, Bispo das Brancas, deixando as
CRxP, e as Pretas ficariam com Pretas com ampla vantagem
jogo preferível. posicional, visto possuírem o
b) 11. 848, P4D; 12. PxP, par de Bispos contra o par de
CDxPD, e o PD branco isolado Cavalos em posição aberta.
daria às Pretas melhor posição. Mas como defender o PCD
c) 11 BSC, P3TD; 12. 84T, e o PR atacados? Se 16. PSR, se-
P4CD; 13. 83C,P4D!; 14. PSR, gue 16 ..... , C4D; 17. C3R,CxC;
CSR; 15. P3TD, C3BD; 16. CxC, 18. TxC, P38!; 19. PxP, PxP;
PxC; 17. DxP, C4T; 18. D3R, e as Pretas ganham o PCD.
CxB; 19. DxC, BxC; 20. PxB, 16.... BxB
DxP, e o jogo das Pretas seria 17.TDIC P3D
igualmente preferível. 18. C3R T2B
11. ... T1B 19.ClD
Não hapressa em tomar o Para defender o PR, gue
Bispo, por isso Eliskases pro- continuava ameaçado .
cura desenvolver suas peças e 19. ... P4CD!
ocupar a importante coluna E começam os avanços tí-
BD. Se 1 2. B 1C, segue 12 ... . , picos de Peões para restringir
C7B!; 13 . BxC,TxB; etc. os Cavalos inimigos.
12 . ClB D2B 20 . PSR PxP
13. BSCR CxB 21.PxP B2C
Agora sim, pois as Brancas A troca de Peões beneficiou
ameaçavam 14.TDlB, seguido sobremaneira as Pretas, gue
de 15. BIC. têm sua vantagem acrescida
14. DxC D78! (28Bx2CC) guanto mais
aberta for a posição.

560
~- ~ - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni
~ __________,tu,_

22 . C4D PSC! 27 . PxP B3TD!


Impede agora o salto C3BD. A posição do diagrama
Se 23. CSC, T4B; 24 . CxP?, acima mostra o contraste entre
TIT!, ganhando o Cavalo. a ação dos Bispos pretos e os
23.P4B Cavalos brancos. Os primeiros
Para defender o PR avan- são ativos, pois agem mesmo à
çado e libertar a T 1R dessa cüstância, enquanto os Cavalos,
simples função. Porém, tem o peças de curto raio de ação,
grave inconveniente de enfra- quando lhes faltam os pontos
quecer mais ainda as casas de apoio, carecem de ,·alor
pretas do primeiro jogador e, como elementos de luta.
principalmente, a diagonal O Peão preto de SCD
aberta sobre o Rei. proíbe o salto do Cavalo a 3BD;
23 .... TSB o Bispo de 3TD toma conta da
24.C2R P3B! casa 3D branca e o BR, em
Para romper a cadeia de atacando o PR inimigo, escra-
Peões brancos 4BR-5R, que viza a Torre branca em sua
restringia o BR preto. De- defesa.
monstra, também, como tirar Agora a Torre preta ni ser
proveito de um Peão central manobrada para ocupar a sé-
avançado, de difícil susten- tima horizontal.
tação. 28. C2B T1D!
25.TIBD TxT 29.T4R T7D!
Uma troca que apraz às 30. P3CD
Pretas, pois simplifica a posição Se 30. TxP, BxP, seguido de
e mais salienta a vantagem 31 . ... , BSD.
posicional do par de Bispos. 30. ... T4D
26.CxT PxP 31.TxP
Para compensar a perda do
PR, que parece inevitável. Se
31. P6R, T7D!, com as amea-
ças de 32 .... , B7C, e 32 .... ,
85D.
31 .... B3TI

DIAGRAMA 502
Posição após 27 .... , B3TD!
As Pretas têm vantagem posicional
suficiente para o ganho.

561
..-=s,.__________ XADREZ BÁSlCO ----------=-

Como salvar o Cavalo ata- Esta partida demonstra a


cado? fraqueza do par de Cavalos na
32.T4TD luta contra o par de Bispos, nas
Esta defesa pelo contra- posições abertas.
ataque, Única na posição, é De nada valem os Cavalos,
tambem ineficaz. quando lhes faltam os pontos
32 .... B6R! de apoio. Perdem em efi-
33. P3TR ciência, desde que não possam
Se 33.TxB,T8D mate! atuar próximo às forças
33 . ... T8D+ inimigas.
34.R2T BxC Seus movimentos são fa-
Abandonam . cilmente tolhidos pela ação dos
As Brancas perdem uma Bispos, que os inutiüzam como
peça. forças de combate .

P.A.R'l'ID.A,.S DE i\IESTRES
Sob este título veremos algumas partidas jogadas entre grandes
mestres contemporâneos, nas quais se projetam vários temas
estudados neste livro (temas posicionais e de combinação) .
Novamente aconselhamos aos leitores que voltem ao capítulo
quarto para o estudo teórico de cada abertura em particular, cuja
indicação (número da página) será feita em cada uma das partidas
a examinar.

Rotterdam, 1940
PARTIDA N 2 27 (9ª do "match")
Principais temas em jogo: PD - Defesa Índia da Dama
Brancas Pretas
1 -Avanço PSD branco não M. Euwe P. Keres
provocado. 1. P4D C3BR
2 - Formação de Peão 2. P4BD P3R
passado defendido. 3. C3BR P3CD
3 - Avanço-sacrifício do 4. P3CR B2C
Peão passado. 5.B2C B2R
4 - Domínio absoluto da 6. 0-0 0-0
coluna aberta . 7.C3B CSR
5 - A força do par de Bispos 8. D2B CxC
sobre o roque. 9. DxC P3D

562
~ " - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------"":,..

Ou 9 .... , BSR, opondo-se PD com ganho de tempo pelo


~

ao avanço P4R. Vide estudo ataque à Dama branca.


teórico desta defesa às páginas 15. D2R B3BR!
416 e 417. Com as seguintes finali-
10. O2B P4BR dades :
Impedindo o avanço P4R a) amnentar a mobilidade deste
das Brancas. Bispo;
11. ClR b) impedir o avanço P4CD e;
A idéia deste lance é forçar c) preparar a defesa ... , T 1R
a troca dos Bispos, para tornar para o PR, que será atacado por
possível o avanço P4R. B3T das Brancas.
11.... DlB 16 . B3T TlR
12.P4R C2D 17. B3R 010
13.PSD 18.BxC PxP!
Original defesa indireta do
Inconveniências do avanço não PR.
provocado do Peão central Se 18 .... , PxB; seguiria 19.
O lance 13. PSD restringe, BxP+, ganhando um Peão.
é verdade, a posição preta, mas 19.B6R+ RlT
deixa ao adversário as casas 20.TtD
4BD e 4R à sua disposição, uma Se 20. PxP, a resposta seria
das inconveniências do avan- 20 .... , BxPD!
ço não provocado (por outro 20. ... PDxB
Peão) do Peão central. Mais 21. C2C
ainda, permite a abertura da Claro, não é possível 21.
coluna BR a favor das Pretas. PxP, por 21 .... , BxPD!, ga-
Acertado seria 13. PxP, PxP nhando.
(13 .... , TxP?; 14. B3T! ); 14 . 21. ... PSD
PSD, criando uma casa forte
para o Cavalo em 6R . A partida está
13. ... PBxP! estrategicamente ganha para as
14. DxP Pretas
Não é possível 14. BxP, por Estrategicamente a partida
14 ... . , C3B, e as Pretas ga- está decidida a favor de Keres,
nhariam um Peão. que possui o poderoso par de
14 .... C4B Bispos, um forte Peão passado
Ocupando a casa 4BD central defendido e o domínio
tornada fraca pelo avanço do da coluna aberta do Rei.

563
--""-"------------- XADREZ BÁSICO
-----------=-

A maneira pela qual o Avanço-sacrifício do Peão


brilhante mestre estoniano ( e passado
posteriormente cidadão sovié- Keres inicia uma linda
tico), transforma essa vanta- com-binação, que decide a
gem posicional em vitória é partida . O avanço-sacrifício do
muito instrutiva . forte Peão passado de 5 D
22.P4B objetiva dar a casa 5D ao Bispo
preto, explorando, destarte, a
fra-queza da diagonal de cor
pre-ta aberta sobre o roque.
23.TxP DxT!!
Magistral! As duas Torres e
os dois Bispos pretos serão
superiores a Dama, Torre e
Cavalo das Brancas.
24. DxD B5D+
Atua agora este Bispo pode-
rosamente sobre o roque bran-
DIAGRAMA 503
Posição após 22. P4B lance que co, ocupando a excelente casa
compromete a partida das Brancas. deixada vaga pelo sacrifício de
seu PD passado.
Euwe pretendeu com seu 25.T2B
lance 22. P4B dar apoio ao seu Após 25. R 1T, as Pretas ga-
Bispo de 6R, ameaçado que nhariam com 25 .. . . , TxB;
estava por 22 .... , B18. Mas seguido de ... , illlR, e ... , DR.
esse avanço abre perigosa- 25. ... TxB
mente a diagonal sobre o roque 26. RlB TDlR!
branco, a qual se torna valiosa Superior a 26 .... , BxT, o
para o segundo jogador, por Bispo preto de 5D vale mais
possuir o Bispo de casas pretas. que a Torre inimiga.
Evidentemente o ex-cam- 27. P5B T4R
peão mundial não preiu a com- 28. P6B PxP
binação realizada por Keres. 29.T2D BIB!!
Caso contrário, teria jogado
22. C4B, seguido de 23. D4C. Um Bispo eficiente
22. ... P6D!! Ameaça a pregadura do
Cavalo com 30 .... , B6T, e mate
em8R.

564
--",?:$d"'"------- Dr. Orfeu GJberto D'Agostini _ _ _ _ _ ____.._cei..

30. C4B T6R 4. P3D C3BR


31. DtC T6B+ 5. C2D
32. R2C TxC! Uma idéia de Keres, su-
A abertura da coluna CR é perior a 5. C3BD, pois evita a
decisiva. pregadura 5 .... , BSCD.
33.PxT TtC+ Vide estudo teórico à pá-
34. R3B BSC+ gina 370.
35. R4R TJR+ 5. ... PxP
36. RSD B6B+ 6.BxP DxP
As Brancas abandonam. Estas jogadas prematuras de
Após 37. D4R, BxD mate. Dama não são recomendáveis.
Os Bispos pretos bem mere- Correto seria 6 .... , CxP.
ciam promoção a cardeal. .. 7. CR3B B4BD
Uma partida vigorosa, com 8.O2R+ O3R
uma combinação final bri- 9.CSR 0-0
lhante e onde se desenvolve- 10. C4R CxC
ram vários dos temas já estu- 11. DxC P3CR
dados neste livro.
O roque preto ficou
enfraquecido
PARTIDA N " 28 Com jogadas simples e
Principais temas em jogo : enérgicas, Keres conseguiu
l - Desenvolvimento ace- melhor jogo dispondo de boas
lerado de peças. possibilidades de ataque ao
2 - Expansão de Peão cen- roque inimigo, enfraquecido
tral não bloqueado. pelo avanço do PCR.
3 - O poder do par de Bis- Se 11 . ... , P4B, as Brancas
pos sobre o roque . jogariam 12. O2R, ameaçando
4 - Domínio de coluna 13 . B4B.
aberta. 12 . P4CD!
5 - · Ataque ao roque. Para desenvolver rapida-
mente o BD na importante
Leningrado, 1940 diagonal 1TD-8TR.
PR - Contra Gambito Falkbeer 12.... B2R
Brancas Pretas 13.B2C B3B
P. Keres V Petrov 14. 0-0-0
1. P4R P4R É soberbo o desenvolvi-
2. P4BR P4D mento das peças brancas.
3. PxPD. PSR 14. ... C3B

565
XADREZ BÁSICO
-="-'-------- - - - - - - - - ~ =.~-
"-

15 . P4TR! Se a) 21 ... . , DxB, segue 22.


Ata9ue clássico de ala, D8R+,TIB (22 .... , R2T; 23 .
9uando as Pretas têm o PCR D8T mate); 23 . DxP mate .
em3C b) 21. ... , CxD; 22 . T8D+,
15 . ... P4TR R2T; 23 . T8T mate .
16 . P4C! BxC 21. ... P3B
17. PxB DxPC 22.TxC! DxB
18. D3R CxPC 23. D8R+ Abandonam.
Com desenvolvimento atra- A 23 .... ,TIB, seguiria 24.
sado, perdem as Pretas ainda DxP mate.
mais tempo na captura de
Peões. Porém, se 18 .... , B3R,
seguiria 19. TDJC e 20. D6T. PARTIDA Nº 29
19. P6R! Principais temas em jogo:
Abrindo a diagonal para BD. l - Ocupação de "holc".
19. ... C4D 2 - Avanço central de Peões
Ou a) 19 .... , BxP; 20. bem preparado.
D6T! 3 - Exploração de casas
b) 19 .... , CDB; 20. PxC, fracas.
PxP; 21.TD1B!,T4B; 22.TRlC, 4 - Força de um Peão passa-
R2B ; 23.TxD,TxT+; 24. R2B, do.
PxT; 25. D5R, e as Brancas 5 - Levantamento do blo-
ganham (análises de Keres). queio ao Peão passado.
20. PxP+ TxP
21.B4B!! AVRO (Holanda), 1938 .
Jogada magistral! PD ·- Defesa 1\Jimzowitch
Brancas Pretas
Botwinnik Capablanca
1. P4D C3BR
2. P4BD P3R
3. C3BD BSC
4.P3R P4D
5. P3TD BxC+
6.PxB P4B
7. PxPD PRxP
8. B3D 0-0
9. C2R P3CD
Posição após a brilhante jogada
21. 8481! 10. 0-0 83T

566
-=-'-------- Dr. Orfeu Gill,erto D'A,,oostini ---------'""'-

Vide estudo teórico da 21. D2B!


abertura a página 414. As Opondo-se a 21 ... . , C(6)4B,
Pretas eliminam o forte BR que daria boa posição as Pretas.
· inimigo, mas em troca seu 21.... P3C
Cavalo ficará numa posição 22. P4B
desfavorável. Com a terrível ameaça de
11. BxB CxB PSB.
12 . B2C 020 22 .... P4B
13. P4TD TRIR 23. PxPe.p. CxPB
14. 030 PSB 24 . PSB

Definem -se os planos de Superioridade do plano de


Capablanca Botwinnik
Com se u último lance O plano do jogador so-
pretende Capablanca: \-iético revelou-se superior ao
1 - Restringir a ação do BD de seu genial adversário. Em
adversário (P4BD das Brancas troca do PTD perdido, as
valorizaria o Bispo). Brancas obtiveram o deslo-
2 Explorar o ''hole" for- camento da Dama e do Cavalo
mado na casa preta 6CD. inimigos e um forte ataque ao
Trata-se de um plano de Rei preto.
execução lenta, que será ven- 24 .... TxT
cido por vigoroso ataque 25.TxT TlR
central das Brancas. 26.T6R!
15. O2B ClC Uma jogada típica nestas
Iniciando a longa viagem posições .
rumo a 6CD. Para livrar-se da Torre
16.TDlR C3B branca, as Pretas devem con-
17 . C3C C4TD ceder ao seu rival um forte Peão
18.P3B C6C passado.
Por fim consegue o mestre 26 . ... TxT
cubano tomar posse da casa 27. PxT
fraca de 6CD (''hole") e, como
conseqüência, ganhar o PTD Forma-se perigoso Peão
inimigo. Porém, agora se ini - passado
cia o bem preparado ataque Botwinnik possui, agora,
central de Botwinnik. um poderoso Peão móvel,
19. P4R! DxP difícil de ser bloqueado.
20. PSR C2D 27. ... R2C

567
-""-''-------------
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - -~

28. D4B! que o bloqu eador deve ter o


Botwinnik explora habil- 'couro duro', não ser, sobre-
mente a fraqueza das casas modo, suscetível; de fato, a
pretas de seu contendor. sensibilidade excessiva dos Reis
28. ... DlR e das Damas não concordam
29 . DSR D2R com o papel do bloqueador.
A tentativa 29 .. . . , C4TD, Uma peça menos impor-
deslocando essa peça para a tante - •Cavalo ou Bispo - pode,
defesa, seria contestada com assim, manter -se contra um
30. BlB!, C3B (se 30 .. .. , D2R; ataque (solicitando os esforços
31. B3T!); 31. D7B+, C2R necessários), enquanto a Dama
(31. ... , RlC; 32. B6T, C2R; reage frente à menor descon-
33. BSC, e as Brancas ganham); sideração, retirando-se da sala
32. B3T,R1B;33. D4B,R2C; com sua orgulhosa cabeça
34. DSC,etc. levantada.
30. B3T! ! O Rei também é muito
mau bloqueador, porém, nos
finais, sempre faz sentir seus
privilégios reais".
30. ... DxB
31. CST+
Magnifico e contundente.
O ganho, conquanto longo, é
matematicamente seguro.
31.. .. PxC
32. DSC+ R\B
DIAGRAMA 505 33. DxC+ RlC
Posição após 30. BJT!!
34. P7R D8B+
A expulsão do bloqueador O forte Peão passado de-
Este lance teria feito as cide a partida . Segue-se uma
delícias de Nimzowitcb, o série de xeques, até situar-se o
grande estudioso do Peão pas- Rei branco em lugar seguro.
sado e do bloqueio. 35.R2B D7B+
Discorrendo sobre o blo- 36. R3C 060+
queador, diz Nimzowitch, em 37. R4T DSR+
Mi Sistema : 38 . RxP D7R+
"Quanto mais baixa a 39.R4T DSR+
linhagem da peça bloqueadora, 40.P4C D8R+
tanto melhor. Creio, também, 41. RST Abandonam.

568
_______ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _______lt,!,-=..

Não há defesa contra a ( 1948), Botwinnik afirmou tra-


ameaça D8B. tar-se esta partida de uma das
Apreciamos nesta partida a melhores produções em toda a
idealização e o desenvolvi- sua longa carreira de enxa-
mento de dois planos distintos. drista.
Capablanca agiu na ala da
Dama, procurando restringir o
BD inimigo e explorar o "hole" PARTIDA N" 30
criado na casa adversária 3CD. Principais temas em jogo:
Como fruto de seus esforços 1 - Captura de Peão, na
ganhou um Peão, mas perma- abertura, com prejuízo do de-
neceu com a Dama e o Cavalo senvolvimento.
em posição desfavorável, 2 - Os perigos da falta do
afastados do campo de luta. roque.
Botwinnik, ao contrário, 3 - Ataque ao Rei centra-
trabalhou no centro e na ala lizado.
do Rei. Realizou um forte X Olimpíada
avanço central, muito bem - Helsinque, 19S2
preparado, obrigando as Pretas Gambito da Dama Aceito
a conce-der-lhe um perigoso Brancas Pretas
Peão passado. J. Bolbochan L. Evans
Explorando habilmente a !. P4D P4D
fraqueza das casas pretas de 2. C3BR C3BR
Capablanca, conseguiu o mes- 3. P4B PxP
tre soviético criar, para si, uma 4. P3R P3TD
posição ganhadora. O débil S.BxP P3R
bloqueio de seu Peão passado 6. 0-0 P4B
(a Dama não é eficiente como 7. D2R C3B
peça bloqueadora, pois, ata- 8. C3B! P4CD
cada, deve retirar-se da casa 9.B3C PxP
que ocupa) foi levantado me- 10. PxP
diante magnífico sacrifício de Ou 1O. TI D, B2R; 11. PxP,
peça, decidindo-se a partida 0-0; 12. PSD!, e as Brancas
graças ao poderoso Peão pas- têm jogo superior.
sado bem escudado por sua Vide estudo teórico desta
Dama. variante às páginas 408 e 409.
Em declarações prestadas A jogada de Júlio Bolbochan,
logo após conquistar o título de 10. PxP, implica no sacrifício
campeão mundial de xadrez do PD.

569
XADREZ BÁSICO
~ -------- -----------="-

10 . ... CxP? A centralização da Dama


Perda de tempo. Em vez de A Dama branca, centrali-
capturar o Peão, melhor teria zada, adquire força extraor-
sido 1O. ... , B2R, apressando dinária. Evita, principalmen-
o desenvolvimento da ala do te, o desenvolvimento do Bispo
Rei. Esse voraz apetite, na aber- preto e impede qualquer con-
tura, contra um mestre, costu- trajogo adversário.
ma resultar em indigestão, 15.... B2C
que é o caso desta partida. 16. B3R D3B
11 . CxC DxC 17. 850 !
12. C5D! A pregadura do PR preto
Bolbochan começa a ex- pela Dama consente ao mestre
plorar sua superioridade po- argentino atuar na casa 5D,
sicional decorrente do melhor como se não esti"esse atacada
desenvolvimento de suas peças. por Peão inimigo.
Ameaça, agora, seja 13. C7B+, 17. .. . DI B
seja 13. B3R, seguido de TR 1D 18 . BxB DxB
e TDlB, com domínio com- 19 . P4TD !
pleto do tabuleiro. Bolbochan não dá tréguas
12 .... CxC ao seu rival. Ameaça, agora,
13 .TlD! C6B 20 . PxP, PxP; 21.TxT+, DxT;
O campeão norte - ame - 22 . DxPC+, R2R; 23. T7D+,
ricano trata de obstruir a colu- R3B; 24 . D5C mate.
na BD, tornando-a inoperante 19.... TlB
para as Brancas. 20 . PxP DxP
14. PxC O3C A retomada de Dama é
A captura 14 . . .. , DxPBD forçada. Se 20 .... , PxP; 21. T7T!
seria má, por 15. B2C, etc. dá ganho imediato às Brancas.
15 . DSR!! 21. D4D!
Cada lance de Bolbochan
contém uma ameaça aguda.
No caso: 22. TDIC!, D3B
(forçado, para defender a casa
2D); 23. T6C, O2B; 24. B4B!,
D2R (ou 24 .... , O2T; 25.

DIAGRAMA 506
Posição após 15. DSRI!
Dama branca paralisa a posição inimiga.

570
-""''L___ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu GJberto D'Agosti.ni ----------"'"'-

TxP+!, ganhando a Dama); 25. Budapeste, 1950


D4T+, seguido de mate. PD · · Defesa Eslava
A falta do roque e a posição Brancas Pretas
centralizada do Rei das Pretas Boleslavsky Smyslov
autorizam ao primeiro jogador l . P4D P4D
a elaboração de constantes 2. P4BD P3BD
ameaças. 3. C3BD C3B
21. ... P4R 4.C3B PxP
22. D4CR! TIO 5. P4TD P4B
23.TxT+ RxT Usual é 5 . B4B (vide
24.TlD+ R2R estudo teórico à página 406).
25. D58!! Abandonam . A jogada de Smyslov pretende
As Pretas não têm defesa transformar a partida no Gam-
contra 26. B5B+, DxB; 27. 17D+ bito da Dama Aceito, mas à
e mate a seguir. Se 25 .. .. , R 1R, custa de um tempo.
após 26. 86C!, igualmente, não 6 . P4R!
haveria salvação. Superior a 6. P3R.
Uma partida que prova 6. ... PxP
ser má poütica capturar Peões 7. DxP
na abertura (10 .... , CxP) em Tendo conseguido melhor
prejuizo do desenvolvimento . desenvolvimento, o mestre
Com base na melhor disposi• russo BoleslaYsky não hesita em
ção de suas peças, na falta do trocar as Damas.
desenvolvimento inimigo e, 7 . ... DxD
principalmente, da ausência do 8. CxD P3R
roque preto, as Brancas obti· 9. C(4)5C C3T
veram uma vitória em grande 10. BxP B48
estilo. 11. B48'

As Brancas têm ,·antagem no


desenvolvimento
PARTIDA N 11 31 Com jogadas simples, Bo-
Principais temas em jogo : leslavsky conseguiu aprecihel
1 - Vantagem no desen- vantagem em desenvohunen-
volvimento. to. Inicia, agora, o ataque a casa
2 - Criação de casa fraca 3D adversária .
(''hole"). 11. . .. R2R
3 - Exploração de casas 12. 0-0 82D
fracas (''holes"). 13 . PSR!

571
XADREZ BÁSICO
--""'"---------- -----------"""'-

A casa preta 3D é um "hole" de tempo, pois atacam o Cava-


A casa preta 3 D é uma casa lo inimigo . A Única defesa
fraca (''bole") pois não dispõe consistirá em 15 .... , P3CR,
da defesa de um Peão. Seu que irá determinar nova debi-
domínio é importante, visto lidade, o "hole" de 3BR, fra-
situar-se em pleno território queza de caráter permanente,
inimigo e próximo do Rei objetivo ideal do jogo de po-
preto. sição.
A posse da casa fraca 3D é 15 .... P3CR
o objetivo do primeiro jogador. 16. C4R!
A debilidade desse ponto Rumo a casa fraca 3BR.
tornar-se-á maior, desde que 16.... BxB
seja eliminado o BR preto, 17. PxB T7B
tarefa que Bolcslavsky realizará O soviético Smyslov pro-
com pleno êxito. cura compensações com a
13. ... C4T Torre na sétima horizontal.
14. B3R! 18. C(5)6D! TlBR
Magnífica jogada. O Bispo Não era possível 18 .... ,
atacado retrocede com ganho TxB,porl9.TxP+,RlD;20.
de tempo, visto atacar o BR ini- T8B+, ganhando a Torre.
migo, única peça que defende 19.BxC3T PxB
a casa fraca preta 3D. A troca 20. P4CR!
14 .... , BxB, além de eliminar Para jogar C6B .
o citado Bispo, abrirá a coluna 20. ... C2C
BR para as Brancas, vantagens 21 . C6B!
mais que suficientes e com-
pensadoras da debilidade dos
Peões brancos dobrados, que
resultariam na coluna Rei.
14 ... . TRlBD
15 . B2R!

No jogo posicional, deve-se


trabalhar para a criação de
debilidades permanentes
Com 15. B2 R ! as Brancas DIAGRAMA 507
fogem a um ataque da Torre Posição após 21. C6B!
As Brancas ocuparam as
inimiga e o fazem com ganho casas fracas.

572
-""''---------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _______l.u._

As casas fracas foram Amsterdam, 1950


ocupadas PD - Defesa Eslava
As casas 3D e 3BR, não Brancas Pretas
defendidas por Peões (''holes" Najdorf Gudmunsson
= casas fracas), foram final- 1. P4D P4D
mente ocupadas pelos Cavalos 2. P4BD P3BD
brancos. 3. C3BR C3B
21. ... B3B 4 . C3B P3R
22.TRlB! Abandonam . 5.P3R CD2D
Se 22 .... , TxT, segue 23. 6. D2B
TxT, B2D; 24. T7B, Tl D; 25 . Variante Stoltz, para evitar a
C7C, etc. Variante Merano, linha das mais
Observamos, nesta parti- analisadas e discutidas da
da, de que maneira o melhor Defesa Eslava. Vide seu estudo
desenvolvimento das Brancas teórico à página 406.
contribuiu para a decisão do 6. ... B2R
jogo. Lance passivo. Mais dinâ-
As Brancas exploraram a mico seria 6 .. .. , B3D, como
casa fraca inimiga 3D, enfra- sucedeu na partida Najdorf x
quecendo-a, ainda mais, pela Koto,, Budapeste, 1950, que
troca do BR preto. Habilmente continuou : 7. B2R, 0-0; 8.
criaram nova debilidade em P3CD, D2R; 9. 0-0, PxP; 10.
3BR. A instalação dos Cavalos PxP, P4R; etc . , com bom jogo
nos "holes" do adversário para as Pretas .
decidiram, por frm, a partida. 7. P3CD 0-0
8. B2C P3CD
9 . B3D B2C
10.CSR!
PARTIDA Nª 32
Principais temas em jogo: As desvantagens da
1 - Enfraquecimento do 6• jogada preta
rogue. Percebem -se, claramente,
2 - Desmantelamento do agora, as desvantagens de 6 .... ,
roque mediante sacrifício. B2R. Além de tornar possível
3 - A jogada de espera. a instalação do Cavalo branco
4 - Domínio de coluna em SR, rouba à Dama preta a
aberta. casa 2R.
5 - Ataque ao roque . 10. .. . P3C

573
XADREZ BÁSICO
--""''------------ --------~

Para jogar ... , ClR, e ... , 15 .... P4R


P3B, expulsando o Cavalo 16. D2R D2R
branco. Porém, trata-se de um 17. D4C D2C
plano que enfraquece o roque 18. C2R
preto. Rumoa5TR,~a3CR. O
11. P48! ClR ataque branco é lento, mas
12. 0-0-0! P3B nada podem fazer as Pretas
Se 12 .... , P4BR, as Brancas para truncá-lo, devido à sua
teriam excelentes possibili- posição restringid_a e à de-
dades de ataque, graças às sarmonia existente entre suas
perspectivas de rupturas em peças.
4CR e 5TR. 18 . .. . PxPD
13. CxP!! 19.PR.xP C2B
É muito dissonante o bloco
Um sacrifício inesperado de peças pretas na ala da Dama.
Uma jogada que suscitou 20. RlC!
importantes controvérsias en -
tre os críticos.
Não acreditamos que o
mestre Najdorf tenha calcula-
do a combinação em seus mí-
nimos detalhes. Aliás, não se
fazia mister todo esse esforço
mental. Najdorf entrega seu
Cavalo por dois Peões e con-
segue, em troca, enfraquecer o
roque inimigo e excelentes
possibilidades de ataque. Com-
pensações suficientes, sem dú - DIAGRAMA 508
Posição após 20 . R1C!
vida, para a pequena des,·an-
tagem material que resulta para
as Brancas. Uma imprei·ista jogada
13 .... PxC de espera
14.BxP 83D Quando mais acesa se
15 . P5BR!! apresentava a luta, o polonês
Uma jogada magnífica . Com (naturalizado argentino) Naj-
ela chegam as Brancas a restrin- dorf intercala uma pacífica
gir a posição inimiga, dificultan- jogada de espera. O objetivo é
do a defesa do adversário. desocupar a casa 1BD para o

574
» l ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - ~ ~

BD agir na outra Jiagon.aJ que As Pretas não podem tomar


se origina dessa casa. este Cavalo :
20. ... TRIR a) 28 .... , BxC; 29. BxC,T2D;
21. C3C 30 . T8R +, seguido de mate
A qualidade (21. BxT) não inevitável.
interessava ao jogador das b) 28 .. . . , DxC; 29. BxB,
Brancas: "Aquila non capit seguido de 30. D5T, etc.
muscas " ... 28 . . .. BxB
21. . .. T2R 29. C7T+ R1C
Insuficiente seria 21. 30. 878+! Abandonam.
BxC, visto a abertura da coluna Contra qualquer tomada
TR ser decisiva para as Brancas. das Pretas seguir-se-ia 31 . D6C
22. C5T DIT mate .
23 . TR1R Nesta genial partida, obser-
vamos um ataque ao roque
As Brancas dominam preto, estimulado pelo seu
a coluna aberta enfraqu ecimento em virtude
23. . .. TxT do avanço do PCR preto .
24. TxT RIB O sacrifício do Cavalo por
Defende-se o monarca pre- dois Peões, realizado por Naj-
to por seus próprios movi - dorf, trouxe-lhe compen-
mentos, enquanto o bloco de sações, tais como o desmoro-
suas peças, na ala da Dama, namento do roque inimigo e
permanece em enervante pas- magníficas possibilidades de
sividade. ataque. Esse ataque foi algo
25. 818 lento, contudo Yitorioso, gra-
A razão da calma jogada de ças à posição restringida e à de-
espera do Rei (20. R 1C!). sarmonia entre as peças pretas .
25. ... TlD
26 . B4B! C4R
Com este sacrifício, pro-
curam as Pretas aliviar sua PARTIDA N" 33
congestionada posição. Principais temas em jogo:
Se 26 . .. . , BxB; 27 . DxB, e 1 ·- Falta de continuidade na
a entrada da Dama em 6D seria idéia de uma variante .
decisiva. 2 - Fixação do centro e
27. PxC BxP anulação de ataque ao roque.
28 . CxP! 3 - · Ataque ao roque.

575
XADREZ BÁSICO
..!Si'---------- ---------~

Nottingham, 1936 Com a idéia de CSR e P48,


Gambito da Dama Aceito construindo forte posição de
Brancas Pretas ataque, plano que Reshevsky
E. Lasker Reshevsky desmantela com facilidade.
1. P4D P4D 12. ... CD2D
2. P4BD PxP 13 . CSR C4D!
3. C3BR C3BR 14. BJB
4. P3R P3R
Após 14. BxB, DxB; 15 .
S. BxP P4B
P4B, CxCD; 16. PxC,TRIB,a
6.C3B
posição dos Peões pretos é su-
Usual é 6 . 0-0, seguido de
perior e reduzidas as possibili-
7. D2R.
dades de ataque das Brancas.
Vide estudo teórico a pá-
gina 408. Mas o retrocesso do Bispo,
6. ... P3TD além de implicar na perda de
7. 0-0 P4CD um tempo, vai deixar as Bran-
8. B3D cas com um Peão atrasado em
Nesta variante as Brancas 3B0.
devem retroceder com o Bis- 14 .... CxCD
po a 3CD, para não estorvar 15 . PxC C3B
eventual PSD, que faz parte da 16. P4TD
variante empregada. Aqui re- Entregando lID1 Peão, que,
side a primeira e a mais impor- sendo aceito ( 16 .... , PxP), daria
tante das falhas das Brancas . ensejo acontinuação 17. 82 C,
8. ... PxP! seguido de 18. P4BD, com boas
oportunidades de ataque .
Fixação do centro branco 16.... D4D!
Com seu último lance, o
grande mestre norte-ameri-
Ataque ao roque
cano Reshevsky consegue fixar
Reshevsky ignora o Peão
o centro inimigo. Após 9 . PxP,
oferecido pelo mestre alemão
perdem as Brancas seu centro
e procura o ataque direto ao Rei
móvel de Peões, pelo desapa-
recimento do PR. inimigo
9 . PxP B2C 17. C3B
10. BSC B2R O avanço 17 . P4BR pro-
11. D2R 0-0 moveria debilidades no roque
12. TDID branco.

576
~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini ----------"""'""

17 .... TR1B! CxB, ficando as Pretas com o


18. B2C par de Bispos.
21 .... CxC+
22. PxC D4C+
23. RlT DSC!
Abandonam.
Não há defesa contra a
ameaça 24 .... , BxP+.
A derrota de Lasker não
pode ser atribuída a esta ou
aquela jogada em particular.
Houve, sim, no grande mestre,
DIAGRAMA 509
uma omissão na idéia da aber-
Posição após 17 ..... TR18. tura empregada. As Brancas
As Pretas têm boa partida .
não cuidaram do avanço PSD,
essencial na variante empre-
Ou 18. PxP, PxP; 19. BxP, gada; ao contrário, prejudi-
TxP; 20 . DSR e as Brancas não caram-no, até, com 8. B3D.
teriam compensações pelo O ataque planejado pelas
débil Peão isolado. Brancas, sem a mobilidade do
18. ... CSR! centro (houve fixação do cen-
19.TlB tro), foi, de pronto, destruído
Outras continuações da- por Reshevsky, que alcançou,
riam, do mesmo modo, ex- por fim, merecida vitória.
celente posição para as Pretas.
a) 19. BxC, DxB; 20. DxD,
BxD, e as Pretas ficariam com PARTIDA J\:n 34
o par de Bispos. Principal tema em jogo :
b) 19. PxP, PxP; 20. BxP, 1 - Recursos táticos em
CxPBD; 21. BxC, TxB; etc: posições comprometidas.
19. ... C4C! Budapeste, 1952
20. PxP PxP PD - Defesa Nimzowitch
21. BxPC Brancas Pretas
Perde de imediato. Mas, B. Geller H. Golombek
mesmo após o necessário 21 . 1. P4D C3BR
C1 R, as Pretas obteriam po- 2. P4BD P3R
sição melhor: 21. ... , C6T+; 3. C3BD BSC
22. R 1T, CSB; seguido de .. . , 4. P3R P4B

577
.=,;.__________ XADREZ BÁSICO -----------"'=-

5 . P3TD 15. P6B! CxP


Sistema Saemisch retar- 16 . DxPT C3B!!
dado. Vide estudo teórico da Um lance magnífico, que
Variante Rubinstein (4 . P3R) e salva a partida do mestre inglês
da Variante Saemisch (4. P3TD) Golombek .
à página 414 . 17 . BxC DxB
5. ... PxP 18. DxT+ R2D
O correto é 5 .... , BxC+. 19. C5R+!
6.PxB PxC Por sua vez, Geller dá,
7. C3B! igualmente, mostra de gran-
O mestre soviético sacrifica de engenho. Após 19 . DxT,
um Peão a fim de desenvolver DxT+; 20. R2R, DxT; 21. me+,
o BD. R3D; 22. DxPB, DxPC, as
7 .... PxP Brancas teriam jogo difícil.
8. BxP P4D! 19. .. . CxC!
9. PSB P3CD 20. DxT C6B+!!
10. BSC+ B2D Abre a diagonal para a Da-
11. BxB+ CRxB! ma preta.
E não 11 .... , CDxB?, por 21. PxC DxT+
12. P6B, e nem 11. ... , DxB, 22. R2R D7T+
por 12. Px P, ficando as Brancas Empate por xeque per-
com vantagem em ambos os pétuo.
casos. Esta partida mereceu o l 0
12. D2B CD3B! prêmio de beleza, aconte-
Uma jogada bem calculada, cimento raro em partidas que
pois envolve a perda dos Peões terminam sem vencedor.
pretos da ala do Rei. Belo exemplo, que faz
13. BxP CxPC sobressair os recursos táticos,
14.DlC TICR salvando uma partida com-
prometida.

PARTIDA NQ 35
Principais temas em jogo:
l Forte posição de uma
peça.

DIAGRAMA 510
Posição após 16 .... , C3B11

578
~ ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - = -

2 - Abertura de coluna.
3 - Ataque ao roque .

Holanda, 1941
Abertura Ruy Lopez
Brancas Pretas
E. Bogoljubow M. Euwe
1.P4R P4R
2.C3BR C3BD
3. B5C P3TD
DIAGRAMA 511
4.B4T C3B Posição após 17 ....•
5. 0-0 CxP C6CI: início de
brilhante combinação.
Variante Aberta da Ruy Lo-
pez, a favorita de Euwe.
6. P4D P4CD Após 18. PxC, PxP; 19 .
7.B3C P4D Tl R, D5T, como seguiu na
8.PxP B3R partida.
9. P3B B48D 18 .... D5T!
A alternativa é 9 .... , B2R. 19. PxC PxP
Vide estudo teórico a página 20.B3R P3B!
352.
10. CD2D 0-0 Uma jogada intermediária de
11. B2B P4B grande valor
Esta posição é bastante Euwe planejou ... , B5C,
conhecida de Euwe. Na partida para evitar a fuga do Rei bran-
Lasker x Rubinstein, São co. Se imediatamente 20 .... ,
Petersburgo, 1914, as Pretas B5 C; com 21 . BxP+, as Brancas
jogaram 11 .... , CxC, e após teriam defendido seu P3BR .
12. DxC!, P3B; 13. PxP, TxP; Daí a necessidade de defender
14.C4D,CxC; 15.PxC,B3C; previamente o PD com 20 ... . ,
16. P4 TD !, as Brancas ficaram P3B.
com melhor jogo. 21. TlBD
12.C3C B3C Se 21 . R 1B, seguiria 21 .... ,
13. CR4D CxC D8T+; 22. BJC (22. R2R,
14.CxC D2R DxP+; 23. R3D, TxP; etc.),
15. B3C BxC B6T; 23. D2R, BxP+; 24.
16.PxB P5B DxB, TxP+, e as Pretas ga-
17.P3B C6C! nham.
18.TlR 21. ... B5C!

579
XADREZ BÁSICO
- = ' - - - - - - - -- ----------=-

22.T2B D7T+ Terminou a combinação,


23.RlB TxP+!! com vantagem material para as
Pretas.
Segundo e dedsivo sacrifício 27.TxP TlBD
O ex-campeão mundial 28 .TxT+ BxT
(1935 a 1937), teórico profun- 29 . R3B P4TD
do, grande conhecedor das 30. B1D DSR
aberturas e completo m estre 31 . B2BD D7C
no jogo posicional, nestes últi- 32 . B3O PSC+
mos anos vem desenvolvendo 33 . R3C P5T+ 1
uma nova virtuosidade tática . 34. RxPT DxP
Um exemplo é esta partida, 35 .TICD D6T+
em que põe à mostra seus dotes Abandonam.
de perfeito combinador. As Brancas perdem o Bispo
Este segundo sacrifício é e a Torre .
decisivo. A forte colocação do Ca-
24. DxT valo preto em SR e a abertura
Ou 24. PxT, B6T+; 25 . da coluna BR permitiram que
T2C, DxT mate. as Pretas realizassem um ata-
24. ... DST+ que ao roqu e das Brancas, o
25.R2R DxP+! qual se iniciou com a entrega
Interessante pregadura da de um Cavalo e culminou com
Dama branca. um enérgico sacrifício de Torre
26 . R3D DxD que resoh·eu a partida.

580
- ~ ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ___J.e,_

Parecer da Federação Paulista ele Xadrez......... 7


Parecer da Confederação Brasileira de Xacb.'ez 9

Prrfücio................... .. . .. ... . . .. . . .. . . .. . .. . . .. . . .. . .. . . .. . . .. 11

Capítulo I
REGRAS DO X..IDRE~ E NOÇÕES
PRELIMI;;. ARES

XADREZ: DEFlNIÇÃO E FINALIDADE.. . .... . ......... 17


Elementos do Xadrez: TabuJeiro e Peças. .. ......... . .... .. 17
OTabuJeiro....................... .. ............... .. . .. . .... .. .. 17
As Peças. Posição l.n.icial das Peças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Movimentos das Peças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . .. . .. . . . 20
O Bispo ............ ...... ... .. ...... ... ................... . 20
A Torre . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . 20
A Dama............................ . ..... ... ... ....... . .. .. .. 21
O Rei .................. .... . .......... ........... .. .... ... 21
O Peão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
O Cavalo.. .. ...... ... ............ ....... .. ... .......... ..... 22
Valor Comparativo das Peças .. .. .. . . . . . .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. . 23
!.imite e Modificação no Movimento das Peças .. .. . ... .. 24
Captura das Peças . .. .. .. .. .. .. .. . . . .. .. . .. .. .. . . . . . . . .. . . . . . .. . 27
Xeque e Xeque-Mate . . .. . .. . .. . . . . . . . . .. . .. .. .. . . .. .. . . . . . . . . 29
Como Proceder o Rei em Xeque................ ... . ... 29
Significação do Xeque-Mate .. . .. .. .. .. . . .. .. . . .. . .. .. . . . 31
Movimentos Fxtraordinarios............. ... .. . .. . .. . .. .. .. . 32
Roque . . . . .. . . . . . .. . .. . ... ............... . . .. . .. .. . . .. . . .. . . . 32
Tomar "En Passant" .. . ... ... . .. . . . . ... ..... .. . ... .... . .. . . . 34
Promoção do Peão .. . . .. . . . .. . . .. .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. .. . .. 35
Empate. .. ....... .. ... .................. .... ....... .... .. ... . ..... 37
Empate por comum acordo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 37
"Pat" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Empate por Xeque Perpétuo . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . . . . 38
Outros tipos de empate.......................... . .. ..... 38
Ritmo do Jogo . .. .. .. . ... ... . . .. . ............ ... .. ....... ... .. . 39

581
..lOSliL__________
XADREZ BÁSICO - - - - - - - - --"'""--

Peça Tocada. Peça Jogada. .. .... .... ... .. .. .. .. ... .... .. .. . 40


Notações . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Sistema Descritivo.. ...... .. ... ... ... ..... ... .. .. ...... .... 40
Abreviaturas e sinais convencionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Como anotar um lance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Reprodução de uma partida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Anotação de uma posição . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5l
Sistema Algébrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Sistema algébrico abreviado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Anotações de uma posição pelo Sistema Descritivo .. .. S3
COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE ANOTAÇÃO . . . 54
Notação Forsyth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Exercícios de Recapitulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S5
Posições de Mate......... . .. . .. .. ........ ..... ....... .......... 56
Termos Técnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Regulamento Internacional do Jogo De Xadrez ....... . .
Da saída. Das partidas anuladas. Execução dos lances . 63
Da arrumação das peças nas suas casas . Da peça
tocada. Dos lances irregulares. Das penalidades .
Do abandono obrigat6rio. Da conduta dos joga-
dores........ ........ .... . .................... ...... .. .. 63-66
A Partida de Xadrez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 66
Classificação das jogadas ........ . ................ .... . .... 66
Relações entre jogadas e respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Como conduzir uma partida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Partidas Explicadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Primeira Partida.. .... ... .... .. ........... ...... ... ... ...... 68
Segunda Partida. ..... ...... .. .......... .. ...... ............ 80
Terceira Partida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Quarta Partida . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 102
Sumário Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO XADREZ . SUA IMPOR -
TÂNCIA NA ORIENTAÇÃO DO ENXADRISTA ... .. 115
Escola Antiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Escola Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 8
Aplicações na prática das idéias da Escola
Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 19
Como conduzir as partidas . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . .. . . 120

582
~,,;;.J,..____ _ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ __..!.),>,=-

Capítulo II
OSFI~AIS
1 - IMPORTÂNCIA DO FINAL .......... .. .... ...... .. .. . . 123
II - - MATES ELEMENTAR ES . .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. . 124
1. A Dama ... ... .. . .......................................... 126
2.ATorre ................ . .. . .. .. .. .. .. ......... .. .. . ....... . 127
3. Os Dois Bispos .. ...... .. .. .. ... ........ .. . .. . .... .... .. 128
4. Bispo e Cavalo . .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. 129
III - FINAIS DE REI E PEÕES............................ .. 131
1 . Rei e Peão x Rei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1
Regra do Quadrado .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 132
Oposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2
Rei atrás do Peão .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. 134
Rei na frente do Peão .. .. .. .. . .. .. .. .. . .. .. .. . .. . .. . .. 135
Rei na 6• horizontal ganha sempre . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
O Peão da Torre faz exceção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
2. Rei e Peão x Rei e Peão ... .. .. .. . .. .... ............ .. .. 137
3. Rei e dois Peões x Rei .... ....... .............. ...... .. 138
4. Rei e dois Peões x Rei e Peão .. .. .. .. . .. . .. . .. .. .. .. .. 139
5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões .. .. . .. .. .. .. .. .. 141
6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões .. .... . .. . ..... . .. 144
7. Rei e três Peões x Rei e três Peões .. .. . .. . .. .. .. .. .. 146
8. Rei e quatro Peões x Rei e três Peões .. .. .. . .. . .. . .. 148
9. Finais com mais Peões .. .. .. . .. . .. .. .. .. . .. . .. . .. .. .. .. 149
10.A Manobra da Triangulação ....................... , .. 149
11. Síntese desses Finais ........... .. ... , . .. . .. . .. .. .. .. . . 150
12. Finais Diversos de Rei e Peões ................ ,... .. 150
IV - FINAIS DETORRES E PEÕES..................... .. 157
1.TorreePeãoxTorre ......... .. . .. .................... .. 158
1Q CASO: O Rei preto está na casa de promoção
do Peão branco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 8
Posição de Philidor .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 15 9
Manobra de Karstedt .. .. .. .. . .. .. .. .. . .. .. .. 160
Final de Berger .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. . .. . .. . 16 1
MANOBRA DE CHÉRON............. .. . 162
POSIÇÃO IDEAL DA TORRE
DEFENSIVA. PRINCÍPIO DASTRÊS

583
XADREZ BÁSICO

COLUNASUVRESENTREATORRE
DEFENSIVA E O PEÃO INIMIGO .... . 162
Fxceçõcs ..... ...... ..... ...................... . 164
20. CASO: O Rei preto está afastado da casa de
promoção do Peão branco ......................... .. 167
Posição de Lucena .......................... .. 167
Como atingir a posição de Lucena ........ . 168
Peão na 5' horizontal .................... . .. .. 169
Peão na 3' ou na 4' horizontal ............ .. 170
Peão na 2• horizontal ........ ................ . 174
Exceções 175
Peão na 7ª horizontal .... . ................... . 175
O Peão da Torre . .. .. . .. .... ... .... . .... . .. ... . 176
Peão da Torre na 7' horizontal .. . .. .. ..... . 176
O Rei branco está na frente do Peão .... . . 176
ATorre branca está na frente do Peão ....... . 177
ATorre preta está na frente do Peão .... .. . 178
Peão da Torre na 6' horizontal ............ . 179
Peão da Torre na 5ª, 4• ou 3• horizontal 179
Resumo do Final de Torre e Peão x Torre .. 180
2. FINAIS DIVERSOS DETORRE E PEÕES ..... .. 181
Torre x um Peão .... ... ............................ .. .. 181
Torre x dois Peõt>s ......... ......... .. .............. .. 183
3. Finais de Mestres .. .. ... .. ....... ........... . .. . ...... .. 185
V - FINAIS DIVERSOS ............. .. ...... ............... . 196
l . Cavalo x um Peão ..................................... . 197
2. Cavalo x dois Peões ........ ..... .................... . .. 197
3. Dois Cavalos x um Peão ............. . .. ... .. .... .. .. .. 197
4. Canlo e Peão x Rei .................................. .. 198
5. Final de Cavalos e Peões .... ....... ........... ....... . 199
6. Bispo x dois Peões ............... .. . .. ................ .. 200
7. Bispo e Peão da Torre x Rei ......................... .. 200
8. Bispo e Peão x Bispo .................................. . 201
9 . Final de Bispos e Peões .................. .. ........ .. .. 201
10 . Bispo Bom e Bispo Mau .... .... ..... .. .... ........ .. 202
l 1 . Ca\'alo e Peão x Bispo ................. .. ........... .. 203
12. Cavalo x Bispo Mau ........................ .... .. .. .. 204
13. Torre x Bispo ................................. . .. .. ... . 205
14. Torre x Cavalo ........ . ...... .. .... .. ........ ... .. .. .. ... . 206

584
___,,,..e.____ _ _ _ _ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ ___J"""--

15.DamaxumPeão . .. .... . ... .... . .......... ... ......... 208


16.DamaxTorre ....... ........... . .. ........ .. .. ......... 209
VI -REGRASPARAOFINAL........... . .............. . .. 210

Capítulo III _
ELEMENTOS DE COMBINAÇAO

JOGO DE POSIÇÃO E JOGO DE COMBINAÇÃO. 215


CONCEITOS DE ESTRATÉGIA, TÉCNICA E TÁTICA. 216
I - Ganho de Peças. ..... ... ... .. .. .. ... .... ... .......... ....... 217
1 - Princípio do Rei em Perigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 17
2 - Princípio da Peça Imóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 18
3 - Princípio da Peça Sobrecarregada . . . . . . . . . . . . . . . . .. 220
4 - Princípio do Ataque Simultâneo .. .. .. .. .. ...... ... 222
5 - Princípio da Peça sem Defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 24
6 - Princípio da Promoção do Peão .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. 225
II - Pregaduras 226
III - Promoções 2 28
IV -Ataque Duplo d o Cavalo ao Rei e à Dama .. . .. .. .. . . .. .. . 2 29
V -Ataque Duplo de Peão ("Garfo") . . .. .. .. .. .. .. . . .. . .. . 230
VI - Sacrifício de Dama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
VII - Ataques ao Rogue ... ..... .. . ........................... 233
1 -Ataques na Coluna TR Aberta (Falta o PTR) .. .. 235
2 - Ataques na Coluna CR Aberta (Falta o PCR) .... 237
3 - Ataques na Diagonal Aberta (Falta o PBR) . . . . . . . 239
4 -Ataques ao P2TR (Falta o Cavalo em 3BR) .. .. .. 241
5-AtaguesaoP2BR(FaltaaTorreem lBR) ....... . 242
6 - Ataques Devidos ao Avanço P3CR...... ... ...... .. 244
7 - Ataques Devidos ao Avanço P3TR .. .. .. .. .. .. . .. .. 245
VIII-Ataques Contra o Rei Centralizado ....... ....... .. . 247
IX - Entrega de Material para dar Mate. . .... .. ...... . .. ... 250
X - Desvio de Peças Defensivas .. .. .. .. .. .. .... .. .. ..... .. .. 251
XI - Perigos do Rei "Sem Respiração".. .. .. .. ... .. .... .. . .. 254
XIJ - Sacrifícios de Peças que Obstruem o Ataque .. . .. . 25 5
XIII - Manobras de Obstrução.............................. 257
XIV - Rei "Em Asfixia" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
XV - Atração do Rei Inimigo à Zona de Maior Perigo.. . 260
XVI - Sacrifício Imortal das Duas Torres . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3

585
.=.__________ XADREZ BÁSICO ----------"""'-

XVll - Torres na Sétima Horizontal .. . .. .. . .. . .. . .. .. . .. . . . . 265


XVlll - Sacrifícios de Peões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
XlX - Rupturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270
XX - Recursos em Posições Desesperadas . . . . . . . . . . . . . . . 27 5

Capítulo IV
AS ABERTURAS

I - PRINCÍPIOS GERAIS................. .. ...... . ...... . .. . 281


1. Generalidades........ . ... . .. . .... .... . ........ ... .. ... .. 281
2. Teoria das Aberturas.................................. . . 281
3. Conceitos Fundamentais nas Aberturas: o De-
senvolvimento e o Centro....... . ...... . .............. .. 282
4. O Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .. 283
A) Lances de Peões nas Aberturas . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3
B) Casas ideais para as Peças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285
C) Normas no Desenvolvimento das Peças .... .. 285
D) Posições Fechadas e Posições Abertas . . . . . . . . 288
E) Desenvolvimento Rápido nas Posições Abertas
- O Fator Tempo.... . ........ . ...................... .. 289
F) Ganho e Perda de Tempo na Abertura . . . . . . . . . 291
5. O Centro.... ... . .. . ... . .. ... . .. . . . .. . .... .. . .. ... . ... . . .. 297
A) Vantagens do Domínio do Centro.. . .... . .. .... 300
B) importância do Peão Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300
C) Conseqüências do Abandono do Centro . . . . . 304
Partida Ilustrativa: Ed. l.askerxAlekhine . . . . . . . . . . . 304
6. Domínio de Território . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
7. Abertura de Colunas para as Torres . ... .. ... . ... . . .. 309
Partida Ilustrativa: P. Morphy x Duque de
Brunswick . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 1
8. Mobilidade das Peças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3
Partida Ilustrativa: H. N. Pillsburyx Judd . . . . . . . . . 315
9. Debilidades - Teoria da Simplificação de Capablanca
-Análise de uma Posição na Abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . 317
1O. Aproveitamento das Vantagens da Abertura . . . . 319
Partidas Ilustrativas :
J. R. Capabianca x C. Jaffe........... ..... . ... ... 3 23
S. Gligoric x L. Prins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 23

586
_,i:,,';l~------ Dr. Orfeu Gilberto D'.Agoslini - - - - - - ~ ~

11. Regras Práticas nas Aberturas .... . ... .. ..... .. .. ... . 3 26


II - ABERTURAS DO PEÃO DO REI .......... ... ... ... . 327
1' PARTE -Aberturas com 1.P4R, P4R ........... ....... 327
l. Abertura do Centro.......... ............ ........... . .. 3 28
2. Abertura Escocesa .. .. .. . .. . . . . . . .. . . .. . . . .. . . .. . . . . . . . 329
3. Abertura "Giuoco Piano" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
Ataque Moller .. ... .. ... .. .. .. .... .. . .. .. . ... .. . ... ... . 333
Variante de Greco . .. ..... ..... ... ... .. .. .. .. . .. .. ... .. 334
Ataque de Greco .. .. . . .. .. .. ... . ... ... ... .. ... . ... ... . 334
Variante Bernstein . . . . . . .. . .. . . . . .. .. .. . .. . .. . . .. . .. . . 3 34
Variante Canal . . . ... . .. . .. . . .. . . .. . . . . .. . .. . .. . ... . .. .. 335
4. Defesa dos dois Cavalos ..... . ... ......... ... .... ...... 337
Ataque Fegatello . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 38
Variante Canal .. . .. .. . . . . . .. . .. .. .. .. .. .. .. . . .. .. .. .. .. 340
5. Ataque Max Lange. ..... ...... ... ... ... ... ... .. . .. .. .. .. 341
6. Abertura Ruy Lopez . . . . . . . . . . . . . . . ... ... .. . ... ... . .. .. 342
Defesa Clássica . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . .. . .. . .. 343
Defesa Bird............ .... ......... ... ... .. . . .. .. . ... .. 343
Defesa Steinitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344
Variante de Tarrasch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344
Defesa Berlinense.. ......... ......... .. ............... 345
Variante Rio de Janeiro .. . . .. . . . . . . .. . . .. . .. . .. .. 345
Defesa Morphy................... .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . 346
Variante Fechada da Defesa Morphy . . . . . . . . . . 34 7
Defesa T crugorin .. . . .. . . . . .. .. . .. . . . .. . . . . .. . 34 7
Contra-ataque Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348
Ataque Worrall .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . . . . .. . . . . . 350
Variante Aberta dà Defesa Morphy . . . . . . . . . . . . 35 2
Defesa Steinitz Retardada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3
Variante Siesta .. .. . .. .. .. .. .. .. . . ... .. . ... ... .. .. .. 356
Variante das Trocas ........ ..... .................. 356
7. Abertura dos quatro Cava.los. . ... ... .. .. .. .. .... ..... 3S8
Variante Simétrica.. .... ......... . ............... ... ... 3S9
Defesa Rubinstein .. .. .. . .. .. . ... . . .. . . .. . .. .. .. . .. . .. 360
8. Abertura dos três Cavalos .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. . .. . . .. 362
9. Defesa Philidor .. ... .. .. .. ...... ... .... ..... ... ... ... ... 362
10. Defesa Petroff .. .... .... .... ... ... ...... ........ .. . . . .. 363
Variante Lasker . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . 364

587
- ' = ' ' - - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _________.:.,:=...

Variante Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364


Variante Steinitz ........ .. ....... .. ........ ...... .... .. . 364
11 . Contragambito Greco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
12 . Contragambito do Peão da Dama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 365
13. Abertura Ponziarú .... .............. ................... .. . 365
14. AberturadoBispo .. ................... ... . ... ... . .... . ... 365
15. Abertura Vienense . ..... ........ ... ........ .......... .. .. 366
Os Gambitos..... ................ .. ...... .. .... ......... . .. ...... ... 368
16. Gambito do Rei...................... ....... . ........... . 369
Aceito... ........... ............................... .... .. .. 369
Gambito do Cavalo do Rei . . . . . . . .. . . . . . . . 369
Gambito do Bispo do Rei . . .. . . . . . . . .. . . . . 369
Recusado...... .......... ............................. .... 370
Contragambito Falkbeer . ...... .. . . . . . . . .. 370
17. Gambito Nórdico............................. .. ... ... ... 371
18. Gambito Escocês..... .. ................. .. ........... .. .. 372
19.GambitoEvans .................................... . ... .. .. 372
Aceito............... ......................... ......... .... 372
Recusado . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 37 3
2• PARTE-Aberturas em que as Pretas não respondem
1 .... , P4R .................................................... .. 374
1. Defesa Francesa . . . . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . 374
VariantedasTrocas ........................ ......... .. .. 375
Variante Clássica.................................... .... 375
Variante Rubinstein ... .. .. . . .. . . . .. .. ... ... . 376
VarianteWinawer ........................ . . 376
Variante Mac Cutcheon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 377
Variante RubinsteinAtrasada.......... .. .. 377
Ataque Chatard............................ . 377
VarianteTarrasch ... . .. . .. .. .. .. . .. ... ... .. .. .. .... ...... 378
Variante Nimzowitch .. . . . .. ... .. ... . .. ... .. .. ... . . .. . . 378
2. Defesa Caro-Kann .... . . . .... .. ........ .... ... . .. .......... 379
Ataque PanoffBotwinnik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381
Variante das Trocas........... .. ................... .. .. 381
VarianteTartakower .... .. .. . . ... .. .. .. .. ... .. . .... .... 382
3. Defesa Siciliana.......................................... .. . 383
Variante Scheveningen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384
Defesa Paulsen.......... . .... .. . . . . . . . . . . ... . 384

588
~
~.________ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - - - - -~
~

Defesa Boleslavsky .. ... .. ......... . . .. . .. 384


Defesa Boleslavsky-Najdorf ............ 384
Variante Draconiana ... . .... ...... . ........... . ... 388
Ataque Richter .. ... ... . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 389
VarianteNimzowitch .. ....... .. ... .. .. .. .... . ... 391
Sistema Fechado . . . .. .. .. . . .. ... .. . . . . . . . . . . . . . . . . 392
Gambito Wing ... .... .... . ... ......... ... .... ..... . 392
4. Defesa Alekhine . . . . . . . . . . . .. . . . .. .. . . .. . .. . . . . . . . . . .. . . 393
III -ABERTURAS DO PEÃO DA DAMA ... ... ... . .... . 394
I' PARTE -Aberturas com 1. P4D, P4D .. .. . .. .. . .. .. .. .. 394
A) Gambito da Dama . .. .......... . ... .. ... . .. . .. .... . .. .. 396
1. Defesa Ortodoxa e Defesas Afins .. .. .... . . .. ... 397
Ataque Rubinstein .. .. . .. . . . . . . .. .. .. ... . 397
Variante Argentina . ...... .. . .. . ... .. ..... . 398
"A luta por um tempo" . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398
Ataque Alekhine . .. ..... . .... . .. . .... .. ... 398
Ataque Vidmar . . . . . .. .. . . . .. . .. ... . .. . . .. . 399
Variante das Trocas . . . . .. .. .. . ... .. . .. . . .. 399
Ataque da Minoria . . . .. . . . . . . . . .. . .. 400
Defesa Cambridge Springs .. .. .. . .. .. .. . 401
Variante Manhattan.. ................. .. .. 402
Defesa Lasker . . . . . . . . . . . ... .. . .. . ... .. . . . . 402
Defesa Tarrasch........ ...... .. .. .... ... .. . 403
Defesa Semi-Tarrasch ... ... .. .. . ... . .. ... 404
Variante Ragosin .. . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . 404
Defesa T chigorin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404
Variante Duras . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . 405
2. Defesa Eslava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . .. . . . . . . . 405
Variante das Trocas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 406
Variante Merano . . . . . .. . . .. .. . . .. .. .. .. .. . 406
Variante Stonewall . . . .. . . .. . . .. .. .. . .. . .. 407
Ataque Krause . . . .. .. .. .. . . .. .. .. .. .. . .. .. 407
Ataque Alekhine .. ....... .......... .. . .... 407
Contragambito Winawer . . . . . . . . . . . . . . . . 408
3. Contragambito Albin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408
4 . Gambito da Dama Aceito. . ..... ... ... ..... .. ... .. 408
B) Aberturas com 1.P4D, P4D; em que as Brancas não
jogam o Gambito da Dama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . .. .. . 41 O

589
XADREZ BÁSICO
~ - ------- --------"""-

1 . Sistema Colle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 O
2. Variante Stonewall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
2' PARTE - Defesas em que as Pretas não jogam 1... . , P4D 41 2
A) Defesas Indianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 2
1. Defesa Nirnzowitch .. .. .. .. .. . .. . .. . .. . .. .. . . . . . .. 41 3
Variante Capablanca . . . . . . . .. . . .. . .. .. . . .. . .. 41 3
Variante Zurich ou Milner Barry.. .. ... 4 13
Variante Saernisch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 414
Variante Rubinstein .. .. . .. .. .. . .. . . .. .. . . . . .. 414
2. Defesa Índia da Dama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 15
Defesa Índia da Dama no 2Q Lance . . . . .. . .. . . . . 41 8
3. Variante Bogoljubow . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 418
4. Defesa Índia do Rei .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 419
5. Defesa Grunfeld . ... .... .. ... .... .... .. ... .. .. .... . 420
Variações Usuais após 1.P4D, C3BR ... .. .. .. .. .. . 423
1. Defesa Budapest .. ... ... .......... .. . .. . . . . 423
2. Contragarnbito Blurnenfeld . . . . . .. . . . . . . 4 23
B) Contragarnbito Benoni . . . . . . . . . . .. .. . . . . . .. . . . . . . . . . . 424
C) Defesa Holandesa .. . . . . .. . .. . . . . . . . . .. .. .. .. . .. .. .. . . . 424
Gambito Staunton . . .. . .. .. . . . . . . . . . . .. . . .. . .. . .. . . . . . 425
IV - Abertura Reti . . . . . . . .. . . . .. . . .. . . . . . . .. . .. . .. . .. .. . . .. . .. 4 26
V -Abertura Catalã ...... . . . . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . 427
VI - Abertura Inglesa . . .. . . . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . . . . . .. . .. . . .. . . 428
VII -Abertura Bird e Ataque Nirnzowitch - Gambito
Frorn. ..... ........ ...... ... . ... ...... ... . .. ... . . .. .. . .. . ...... 430
VIII - · Inovações e Corrigendas nas Aberturas. Mutações
no Conceito das Aberturas . O Segredo das Aberturas.. 431

Capítulo V
TEMAS POSICIONAIS DE iVIEIO JOGO E
FIN'AL- PARTIDAS DE JYIESTRE8 -
- POSIÇÕES RESTRINGIDAS - RUPTURAS --
ATAQUEAO FLANCO DO REI - CONTRA-ATAQUES
CENTRAIS . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . .. . .. . . . . 438
Origens e Inconvenientes da Posições Restringidas. 438
Corno Explorar urna Posição Restringida ............. 438
Condições para um Ataque .. . .. . . . . . . .. . . .. . .. . .. .. ... . . 438

590
~,?$,]~------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - -~ ~-

Condições para uma Ruptura .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 439


Partidas : 1 · W. Steinitz x Mac Donnell . . . . . . . . . . . 440
2 - S. Tarrasch x G. Marco ................. .. .... 443
3 - 1. Kashdan x S. Reshevsky .. .. .. .. .. . .. .. .. . 445
4-V. Smyslov x G. Barcza .. ................. .. .. 450
5 - A.KotovxG.Barcza .. .. ............... .. ... 452
6 - R. Spielmann x E. Eliskases .. . .. .. .. .. .. .. . 454
7 - A. Alekhine x M. Botwinnik ............ ... 457
8 - M. Eidelman x L. Engels ................ . .. 460
II - VITALIDADE DAS POSIÇÕES RESTRINGIDAS .. 463
Partida: 9 -A. Brinkmann x A. Nimzowitch ..... 463
III - O PEÃO ISOLADO .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. . .. .. 466
Origens do Peão Isolado . .. .. .. .. .. . .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. . 466
As Desvantagens do Peão Isolado.................... ... 467
Como Explorar um Peão Isolado.... .. .............. ... 467
Quando o Peão isolado é propositadamente desejado . 4 71
Compensações do Peão isolado...................... .. . 4 72
Quando o Peão isolado é vantajoso .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. . 4 72
Partidas: 10 -A. Andersen x L. Paulsen .. .. .. ... . 468
11 -A. Rubinstein x F. Marshall...... .. .... ... 471
IV - O PEÃO ATRASADO .. .. .. .. .. .. .. .. . .. . .. .. .. . .. . .. . 4 76
Origem e Fraquezas do Peão Atrasado.... .. ... ... ... .. 4 76
Como Explorar o Peão Atrasado .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. .. . 4 76
Partida: 12 - E. Eliskases x H. Keller.......... . .. 476
V · . O AVANÇO PSR BRANCO NAS ABERTURAS .. 481
Elemento de Força ou de Fraqueza .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 48 1
Quando PSR é Forte .. .. .. .. . .. . .. . .. .. . . .. . .. .. . .. . .. ... 481
Quando PSR é Fraco .. .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 482
Partidas : 13 - Foge] x M. Czerniak .. .. .. .. .. .. .. .. 483
14 - F. D.Yates x A. NimzO\vitch............. .. 485
15 G. Stoltz x D. Bronstein .. . .. .. .. .. .. .. .. .. 488
VI - O AVANÇO PSD BRANCO NAS ABERTURAS .. . 493
Elemento de Força ou de Fraqueza . .. .. .. . .. .. . .. . .. .. 49 3
Quando PSD é Forte .. .... ... ....... ...... ...... . .. . .. .. . 493
Quando PSD é Fraco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. 493
VII - O PEÃO PASSADO .. ...... .. .. ... ............... .... . 493
Definição e Generalidades . .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. . 494
Origens do Peão Passado . .. .. .. .. .. . .. .. . .. .. .. .. .. . . .. .. 494

591
--"""-------- XADREZ BÁSICO
--------"""'--

Aproveitamento do Peão Passado ..... .... .. ..... . .... . . 495


Como combater o Peão Passado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 497
Peões Passados Privilegiados. ... .... ...... .... .. .. ... .. .. 498
Peão passado distante . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 498
Peão passado defendido.. ....... ...... .. ... ... ...... . 498
Dois Peões passados ligados . ... ................... . . 498
Quando se Deve Avançar o Peão Passado? .. .. .. .... .. 500
Quando não se Deve Avançar o Peão Passado?....... 500
Partida : 16 - A. Nimzowitch xVon Gottschall .. .. 501
VIII - A MAIORIA DE PEÕES NUMA DAS ALAS . . . . 504
Generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 04
Origem da Maioria dos Peões .. . . .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. . 504
Como Aproveitar tal Vantagem.......................... 504
Quando é deliberadamente procurada na abertura... 508
A debilidade dos Peões dobrados....................... 508
Aberturas que concedem maioria de Peões .. . .. .. . . . 509
Partidas: 17 - S. Reshevsky x R. Fine .. .. .. . . .. .. . 505
18 - E. Lasker x S. Tarrasch . . . . . . . .. .. . . . . . .. .. . 508
IX - VALOR COMPARATIVO DOS BISPOS, DO BISPO
E DO CAVALO - CONCEITOS DE BISPO BOM, BISPO
MAU, BISPO ESTÁTICO E BISPO DINÂMICO. ..... . 513
Generalidades e Definições ....... . ... ........... ........ 513
Quadro Comparativo .. .. .. .. . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 514
Importância do Tema. ..... ......... .. ..... . .. . ............ 514
1 - O Bispo bom contra o Bispo mau estático . . . . . . . 516
Partida : 19 - J. R. Capablanca x B. Kostich.. . .... 515
2 - O Cavalo contra o Bispo Estático. ... .. . ...... ..... 520
Partida: 20 - E. Bogoljubow x Romanovsky ... . 520
3 - O Cavalo Contra o Bispo Dinâmico .. .......... ... 526
Partida: 21 -A . Alekhine x M. Euwe .......... .. .. 526
4 - O Cavalo contra o Bispo bom. ...... . ....... ...... . 530
Partida: 22 - A. Alekhine x M. Euwe .. .. . . .. . ... .. 530
X - OS DOIS BISPOS .. .. .. .. .. . .. .. .. . .. .. . . . .. .. .. ... ... . .. 535
Generalidades ..... ... ........ .. ... .. ... .... , .. , . . . . . . . . . . . . 5 35
Importância do Tema .... ......... .. ............. ....... ... 536
Superioridade do par de Bispos sobre os dois Cavalos
e sobre Bispo e Cavalo ....... ........ .. ... ... .. ... .... ... 536
O Par de Bispos é uma Vantagem para o Final . . . . . . . . 5 37
Em que Consiste a Vantagem e como Usufruí-la .. . . 5 38

592
- " " " ' - - - - - - Dr. Orfeu GJberto D'Agostini - - - - - - - - - " = -

Partidas : 23 - B. English x W. Steinitz . . . . . . . . . . . . 541


24-S.TarraschxA . Rubinstein ..... . .. ... . . ... 545
25 - R. Grau x G. Maroczy .. .. . . .. .. .. .. .. . . . .. 551
P. S. Leonhardt x O . S. Bernstein (Diag .. .. .. . ... 555
W. Hasenfus x R. Fine (Diag.) ... . .. .. .. .. .... .. 558
26 - J. M. Cristia x E . Eliskases . .. .. .... . . .. . .. 559
PARTIDAS DE MESTRES ............. .. .. .. .. ..... .. .. .. .. . 562
27 - M. Euwe x P. Keres .. .. .. .......... ..... .. . 562
28 - P. Keres xV. Petrov .. ........ .. .......... .. . 565
29 - M . Botwinnik x J. R. Capablanca .. .. .. .. .. 5 66
30 - Júlio Bolbochan x Larry Evans .. .. .. .. .. 569
31 - 1. Boleslavsky x V. Smyslov ..... ..... . ..... 571
32 - M. Najdorf x J. Gudmunsson .. .. . . .. . . .. 573
33 - E. Lasker x S. Reshevsky.................. 575
34 - J. Geller x H . Golombek ... .. . .. .. . . . . .. . 577
35 - E. Bogoljubo-w x M . Euwe .. .. .. .. . .. . . . . 578
ÍNDICES ESPECIAIS
I - ÍNDICE EXPLICATIVO...... . .. ....... .. .. .. .... ... 595
II - ÍNDICE NOMINAL.................. ...... ...... .. . 603
III - ÍNDICE DE PARTIDAS COMPLETAS . . . . . .. . . 607
IV - ÍNDICE BIBLIOGRÁFICO... ........... ......... 609

593
-""'L------ Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ __J'""'1.

I- ÍNDICE EXPLICATIVO
(Os números se referem às páginas)

A Ataques ao roque, 233


Abandono obrigatório, 65 Ataques na coluna TR aber-
Abertura, 58 ta, 235
Aberturas do Peão da Dama, Ataques na coluna CR aber-
394 ta, 237
Aberturas do Peão do Rei, 327 Ataques na diagonal aberta,
Abreviaturas e sinais conven- 239
cionais, 44 Ataques ao P2TR, 241
Ação central direta, 71 Ataques ao P2BR, 242
Ação central indireta, 71 Ataques devidos ao avanço
"Ahogado", 58 P3CR, 244
Ala da Dama, 41, 58 Ataques devidos ao avanço
Ala do Rei, 41, 58 P3TR, 245
Anilise de uma posição na aber- Outros exemplos , 565,573,
tura, 319 577,579
Anotações de uma posição (sis- Ataques contra o Rei centra-
tema algébrico), 53 lizado, 247,569
Anotação de uma posição (sis- Ataques não devem sofrer
tema descritivo), 51 protelações desnecessárias,
Aplicações na prática das idéias 455
da escola moderna, 119 Ataques prematuros, sem esta-
Aproveitamento das vantagens bilização do centro, fracas-
da abertura, 319 sam sempre, 461
Arrumação das peças nas suas Ataques simultâneos, 222
casas, 64 Atração do Rei inimigo à de
Ataque a baioneta, 457 maior perigo, 260
Ataque Fegatello, 116 , 338 Avanço bem preparado dos
Ataque direto à peça inimiga, Peões centrais, 566
78 Avanço dos Peões centrais deve
Ataque duplo de Cavalo ao Rei ser bem meditado, 521
e Dama, 229 Avanço PSR branco nas aber-
Ataque duplo de Peão ("garfo"), turas, 481
230 Elementos de força ou de
Ataque indireto à peça inimiga, fraqueza, 481
78 Quando PSR é forte, 481

595
_,,,..__________ XADREZ BÁSICO ------------=-

Quando PSR é fraco, 482 Cavalo x Bispo bom, 5 30


Avanço P 5 D branco nas Cavalo x Bispo dinâmico, 526
aberturas, 493 Cavalo x Bispo estático, 520
Elemento de força ou de Centro, 58, 297
fraqueza, 493 Classificação das debilidades,
Quando PSD é forte, 493 317
Quando PSD é fraco, 493 Classificação das jogadas 66
B Clima de tensão central nas
Bispo bom x Bispo mau, 515 aberturas, 95
Bloqueio de uma maioria de Cobrir um xeque, 58
Peões, 511 Coluna, 17
Brancas, 58 Colunas abertas, 309
e Aberturas de colunas para as
Captura das peças, 25, 27, 58, Torres, 75, 77,309,579
217,218 Colunas abertas são também
Captura de Peões na abertura para as Torres, vias de acesso
em prejuízo do desenvol- a outras colunas, 100
vimento, 569 Como atuar com as Torres
Casas Fracas, 5 3 3 nas colunas abertas, 92
A força do Bispo bom na Como obter uma coluna
defesa das casas fracas, 533 sobre o roque inimigo, 77
Criação de casa fraca 5 3 3 Como tirar proveito das
Definição de casa fraca, 533 Torres, 112
Exemplos de casas fracas, Domínio absoluto de colunas
533,544,572 abertas, 112,565,575
Exploração de casas fracas, Como anotar um lance, 44
566,571 Como conduzir uma partida,
Ocupação de casas fracas, 67, 120
566,572 Como proceder o Rei em xe-
Casas ideais para as peças, 285 que, 29-30
Casas ideais para a Dama, Como raciocinar ao instalar
110-111 uma peça numa casa qual-
Casas ideais para o Rei, 111 quer, 82
Casas ideais para as Torres, Como reproduzir uma jogada,
111 46
Casas ideais para os Bispos, Como se conseguem diagonais
93, 110 abertas para os Bispos, 104-
Casas ideais para os Cavalos, 105
110 Comparação dos sistemas de

596
...c,i,til""------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini - - - - - ~ ~ ~

anotação, 54 Normas no desenvolvimen-


Conceitos de Bispo bom, Bispo to, 285
mau, Bispo estático e Bispo Vantagem no desenvolvimen-
dinâmico 513 to, 571
Conceitos de estratégia, téc- Desvio de peças defensivas,
nica e tática, 216 251
Conceitos fundamentais nas Deve-se prosseguir num ataque
aberturas, 282 com energia, 456
O desenvolvimento e o centro, Diagonal, 18, 59
282 Diagonal a troco de um Peão,
Condições para um ataque, 438 105
Condições para uma ruptura, Diferenças de estilo e suas re-
439 lações com os planos desen-
Conseqüências do abandono volvidos, 448
do centro, 304 Dois Bispos, 536
Conduta dos jogadores, 65 Importância do tema, 536
Contra-ataques centrais, 458, O par de Bispos é uma van-
463 tagem para o final, 537
Contra-ataque como defesa, 71 Em que consiste a vantagem
Coroar ou promover um Peão, e como usufruí-la, 538
59 O poder do par de Bispos
Cravar, pregar, 59 sobre o roque, 99, 565
D Superioridade do par de Bis-
Debilidades 3 17 pos sobre os dois Cavalos, e
Debilidade da casa 2BR, 81 sobre Bispo e Cavalo, 5 36
Debilidade dos Peões dobra- Técnica na exploração do par
dos, 508 de Bispos, 539
Defesas diretas, 78 Domínio de território, 307
Defesas indiretas, 79 Duplo, 59
Definição de xadrez 17 E
Desenvolvimento, 283 Eficiência do lance P4D das
troco de material, a, 92 Brancas nas aberturas do
centro, e, 11 3 PR,96, 112-113, 308
lógico, 109 Elementos de combinação,
rápido das peças, 84, 114, 215
565 Elementos do xadrez, 17
rápido nas posições abertas, Empate, 37, 59
289 Empate de comum acordo, 37

597
XADREZ BÁSICO
--"""L--------- ----------"""-

Empate por xeque perpétuo, Ganho de peças, 217


37 Ganho e perda de tempo na
Entrega de material para dar abertura, 291
mate, 250 "Garfo", 230
Enxadrista, 60 H
Escola antiga do xadrez, 115 Horizontal, 17-18, 60
Escola moderna do xadrez, l 18 I
Esquema reproduzindo toda a Imortalidade do xadrez, 448
estratégia a seguir nas aber- Importância do final, 123
turas, 320 Importância do Peão central,
Evolução histórica do xadrez 96, 300-301
Sua importância na orienta- Inconvenientes de se ganhar
ção do enxadrista, 115 Peões na abertura em pre-
Execução dos lances, 63 juízo do desenvolvimento,
Exercícios de recapitulação, 55 95
Expansão do Peão central não Inconvenientes do avanço não
bloqueado, 565 provocado do Peão central,
Explorac;ão de peça cravada, 563
114,226 Inovações e corrigendas nas
Exploração dos pontos débeis, aberturas, 431
475 J
F "J'adoube", 60
Fases de uma partida, 60 Jogada de espera, 574
Finais diversos, 196 Jogada intermediária, 579
Finais de Rei e Peões, 131 Jogadas estrategicamente de-
Finalidade do jogo de xadrez, feituosas, 509-51 O, 531, 560
17 Jogar ativamente, procurando
Flanco do Rei, 60 sempre a iniciativa, 83
Força de um Cavalo em 6R, 89 Jogo de combinação, 215
Força do par de Bispos ata- Jogo de posição, 215
cando o roque, 99,562,565 L
Forçar a partida, 60 Lance anormal, 282
Formação característica de Lance inicial recomendável,
Peões de Steinitz, 441 78
G Lance normal, 282
Gambito, 60 Lance ou jogada, 60
Ganhar a oposição, 60 Lances de desenvolvimento e
Ganhar a qualidade, 61 de ação central, 79

598
---"""'------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni - -- - - -"""'--

Lances de Peões nas aberturas, Movimento do Peão, 22


109, 283 Movimento da Torre, 20-21
Lances iniciais, 109 Movimentos extraordinários,
Lances irregulares, 64 32
Limite e modificação no movi- Movimentos relativos de Peões,
mento das peças, 24 546
Liquidar, 60 Mutações no conceito das aber-
M turas, 431
Maioria de Peões nwna das alas, N
504 No jogo posicional, deve-se
Aberturas que concedem trabalhar para a criação de
maioria de Peões, 508 debilidades permanentes,
Como aproveitar tal vanta- 468,572
gem , 504 Notações , 40
Origem da maioria de Peões, Notação Forsyth , 54
504 o
Quando a maioria é delibe- O centro deve estar bem segu-
radamente procurada nas ro e estabiHzado, antes de se
aberturas, 508 iniciar um ataque de flanco,
Manobra da triangulação, 149 447
Manobras de obstrução, 257 O contra-ataque a um centro
Mate, 29, 60 seguro e estabilizado não
Mate Legal, 115 produz resultados, 442
Mate Pastor, 115 O fator tempo em xadrez, 289
Mates elementares, 124 O lado que tem maior mobi-
Meio jogo, 60 lidade de peças, domina o
Melhor desenvolvimento e do- tabuleiro, 99
minio central possibilitam Oposição, 60, 132
ataque ao Rei inimigo, 98 O segredo das aberturas, 433
Método do contra-ataque, 328 p
Método do ponto forte, 328 "Pat", 37, 60
Mobilidade das peças, 60, 313, Partidas anuladas, 63
433 Partidas explicadas, 68
Movimento das peças, 20 Peão atrasado, 4 76
Movimento do Bispo, 20 Como explorar o Peão atra-
Movimento do Cavalo, 22 sado, 476, 479
Movimento da Dama, 21 Origem e fraquezas do Peão
Movimento do Rei, 21 atrasado, 4 76

599
XADREZ BÁSICO
-""''--------- ----------""'t-

Peão isolado, 61 , 466 Peçatocada,peçajogada,40,64


As desvantagens do Peão Peça imóvel, 218
isolado, 467, 469 Peça sem defesa, 224
Como explorar o Peão iso- Peça sobrecarregada, 220
lado, 467 Peças do xadrez, 19
Compensações do Peão iso- Peças maiores, 60
lado, 472 Peças menores, 60
Quando o Peão isolado é Penalidades em xadrez, 65
vantajoso, 471 Peões centrais, 61
Quando o Peão isolado é Peões das alas, 61
propositadamente desejado, Peões dobrados, 61
471 Perigos do Rei "sem respi-
Por que existem defesas que ração", 254
deliberadamente permitem Poder do BR branco em 5CD
o Peão isolado, 4 71 na abertura Ruy Lopez, 93
Peão passado, 60, 493 Posição ideal, 283
Avanço-sacrifício do Peão Posição inicial das peças, 19
passado, 562 Posição normal, 282
Como combater o Peão pas- Posições de mate, 56-57
sado, 497 Posições fechadas e posições
Definição de Peão passado, abertas, 288
494 Posições restringidas, 438
Força de um Peão passado, As posições restringidas são
567 de difícil manejo, 453
Levantamento do bloqueio Como explorar uma posição
ao Peão passado, 568 restringida, 438
Origem do Peão passado, O abandono do centro dá
494 origem às posições restrin-
Peão passado defendido, 499 gidas, 443
Peão passado distante, 498 O ataque é o meio para se
Peões passados ligados, 499 explorar uma posição res-
Peões passados privilegiados, tringida, 444
498 Origem e inconvenientes das
Quando se deve avançar o posições restringidas, 438
Peão passado?, 500 Posições restringidas = pas-
Quando não se deve avançar sividade, 442
o Peão passado?, 500 Quando são fortes as posi-
Peça bloqueadora, 497, 501 ções restringidas, 465

600
~ - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini _ _ _ _ ___,-=..

Uma pos1çao restringida Ritmo do jogo, 39


livra-se por trocas de peças, Roque, 32-33, 61
441,445,447,453 Enfraquecimento do roque,
Vitalidade das posições res- 76,573
tringidas, 463 Evitar enfraquecer o roque ,
Pregaduras, 61, 220, 226 74
Pretas, 61 Exemplos de roques débeis ,
Primeiro jogador, 61 113 , 234, 565
Princípios gerais das aberturas, Debilitar o roque inimigo no
281 momento exato, 75
Promoção do Peão, 35, 225, Desmantelamento do roque
228 mediante sacrifício, 573
Psicologia em xadrez, 529 Falta do roque, 113
Q Impedir o roque adversário,
Qualidade, 61 88
Qualidades do bloqueador, Importância do roque, 113
497,568 Inconvenientes do enfra-
Quebrar o centro de Peões do quecimento do roque, 79, 573
inimigo, 86 Os perigos da falta do roque,
Quem tem possibilidades de 569
ataque deve evitar a troca Razões para rocar o mais
desnecessária de peças, 95 cedo possível, 72
R Requisitos do roque, 33
Razões dos lances, 108 Rupturas, 270, 439
Recursos em posições deses- Ruptura bem preparada decide
peradas, 275,577 a partida, 445
Reforço de um ataque com as Rupturas sem preparo são ine-
Torres, 112 ficazes, 462
Regra do quadrado, 132 s
Regras práticas nas aberturas, Sacrifício de Dama, 232
326 Sacrifício imortal das duas
Regulamento Internacional do Torres, 263
Jogo de Xadrez, 63 Sacrifícios de peças que obs-
Relações entre jogadas e res- truem o ataque, 255
postas, 67 Sacrifícios de Peões , 89, 267
Rei "em asfixia", 259 Segundo jogador, 61
Reprodução de uma partida, 45 Sempre que possível, as Bran-
Resumo do fmal de Torre e Peão cas devem jogar P4D nas
xTorre, 180 aberturas do PR, 96

601
..S',L_________ XADREZ BÁSICO h...
_ _ _ _ _ _ _ __.o=.

Significação do xeque-mate, Triplo, 61


31-32 y
Síntese dos finais de Rei e Valor comparativo das peças,
Peões, 150 23
Sistema algébrico abreviado de Valor comparativo dos Bispos,
anotação, 53 do Bispo e do Cavalo, 513
Sistema algébrico de anotação, Vantagens do dorrúnio do cen-
52 tro, 300
Sistema descritivo de anotação, Variante, 62
40 Vitalidade das posições res-
T tringidas, 463
Tabuleiro de xadrez, 17, 61 X
Teoria das aberturas, 281 Xeque descoberto, 62
Teoria da simplificação de Xeque duplo, 62
Capablanca, 318 Xeque perpétuo, 38, 62
Termos técnicos, 58 Xeque e xeque-mate, 29, 62
Tomar "cn passant", 34, 61 z
Torre na sétima horizontal, 92, "Zugzwang", 62, 207, 209,
265 520,525
Transferência de debilidades,
318

602
- - = - - - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'.Agostini - - - - - - - ~ ~

II - ÍNDICE NOJVII'.\f_A.L
(Os números se referem às páginas)

A Bronstein. D., 344, 433, 488,


Albin, A., 396,408 . 489,490.
Alekhine.A., 158,187,190,191, e
192,255,305,313,322,330, Canal, E., 265,335,340.
357,360,391,393,394,398, Capablanca, J. R., 80, 107, 120,
407,412,432,433,446,447, 158,186,189,266,268,318,
448,449,450,458,459,460, 323,413,504,507,515,519,
462,473,514,527,528,531, 525,533,538,566,567,569.
532,534. Caro, 374,379,381,382, 395,
Alexander, C. H. O'D, 330 . 431,432,433,472,509.
Andersen, A., 232, 263, 468, Chatard, 227, 377.
469, 482, 498. Chéron,A., 162, 179-180.
Aspa, M., 108, 120. Colle, E., 310,410,411.
B Conde Jsouard, 253, 311.
Bayer, 140. Cristiá, J. M., 462.
Barcza, G., 343,450,452,482. Czerniak, M ., 483,486 .
Benoni, 412,424. D
Berger, J-, 148, l 5 l , 152, 161 , D'Agostini, O. G., 229.
162. De La Lhave, A., 269.
Bernstein, O. S., 334, 555. Dei Rio, E., 254.
Birch, J-, 524. Delmar, 256.
Bird, H. E., 343,358,430. Duelos . E. P., 138.
Blackburne, J- H., 154,262. Duque de Brunswick, 253, 311.
Blake, 367 . Duras, O., 405.
Blumenfeld, B., 423. E
Bogoljubow, E. D., 147,409,418, Eidelman, M., 460.
427,482,520,521,579. Eliskases, E., 184, 185,189,257,
Bolbochan, Julio, 569, 570. 269,335,387,454,455,476,
Boleslavsky, 1., 34 3, 3 84, 38 5, 479,482,524,528.
390, 571. Engels, L., 270, 460, 461.
Botwinnik, M., 189, 196, 353, English, B., 541 .
381,382,432,446,457,458, Euwe, M., 119,189,196,240,
459,462,472,473,504,530, 264,353,433,458,493,504,
566, 567, 569. 505,527,531,562,564,579.
Brinckmann, A., 463,492,504. Evans, Larry, 569.

603
-='---------- XADREZ BÁSICO ---------=--

Evans, Cap.W. D., 372,373,423 . Keller, H ., 476,482 .


F Keres, P. , 188, 189, 199 , 200,
Falkbeer, E., 324,432, 565. 310,333,351 , 370,401,433 ,
Fine , R. , 131 , 147, 150, 154, 493 , 504, 562 , 563 , 565 , 566 .
189 , 193,210, 339,346,351 , Kiesseritzki , L., 263 .
373,446,447,448,450 , 474 , Kbng y Horwitz, 151 , 206 .
492,504,505 , 507,549,558. Kmoch , H., 146.
Flohr, S., 189. Korchnoj, 390.
Fogel, 483, 486. Kosek, V., 2047.
Forgacs, L. , 27 3 . Kostich, B., 515,519,525 .
Forsyith, M., 54. Kotov, A., 390,452,454,573 .
Frorn, 430. Kottnauer, C., 386, 390.
Frydrnan, P., 310. Kovacs, 386.
G Krarner, 390.
Géller, J., 387 , 390,577,578. Krastedt, 160, 161 .
Gbgoric, S., 323, 385, 387. Krause, 233,407.
Golornbek, H., 578. Krogius, 269 .
Goethe, 17 . Kubbel, 259.
Grigorieff, E., 174. L
Grau,R., 551,553,554,555. Lasker, Ed ., 260, 304, 307, 337 .
Greco, G., 116, 333, 334. Lasker, Em., 17, 153, 156, 185,
Grunfeld E., 420 , 421,422,460, 187, 188, 223, 260 , 268, 274,
509. 277,286,307,372 , 373,402 ,
Gudin, 253 . 427,504,508,511 , 512,524 ,
Gudrnunsson, G., 573. 576,577,579.
Gunsberg, 17,158,500. Legal, 115-116.
II Leibinitz, 17.
Hasenfus, W., 558. Leonhardt, P. S., 504, 555 .
Han,,;tz, D., 239. Lokvenc, 385
Hurnerez, 387. Loyd, S , 258, 276.
Henneberger, W., 204. Lopez, R., 94, 101, 103, 108,
J 287,301,332,342,343 , 346,
Jaffe. e., 323. 348,353,357,358,433,445,
Judd, 315,482 . 450, 508.
K Lucena, 167, 168, 181.
Kann, 374,379,381,382,395, Lundin, 389.
431 , 432,433,472,509. YI
Kashdan , 445,450. Mac Cutcheon, 377.

604
~s'.1--..______ Dr. Orfeu Gilberto D'Agosti.ni -----~b;,,,~

Mac Donnell, A., 440,451. Paulsen, L., 384,468,482,498.


Mac Grouther, J., 524. Peterson, 357 .
Mackenzie, Cap., 256. PetTof, 443,515 .
Marco, G., 443,451,493. Petrov, V., 565.
Marini. L., 387. Philidor, F.A. D., 131,158,159,
Maroczy, G., 432,551, 553,555 . 160, 162, 165, 167,180,210,
Marshall, F. J., 341,342,348, 362,468.
349,367,471. Piazzini, L., 269.
Martinez, 330. Pillsbury, H. N., 157, 274, 315,
Matanovic, 386. 316,482,500,541.
Max Lange, 341. Pomar, A., 496.
Menchik. V, 203. Ponziani, 365.
Metger, 359. Prins, L., 323.
Mieses, J., 330, 485. Prokop, F. J., 188.
Milner-Barry, P. S., 413. R
Moeller, 333. Ragosin, V, 404.
Morphy, P., 253,311,312, 344, Ravinsky, 344.
346,347,352,356,358,450, Reichchelm, G., 153.
510. Reinfeld, F., 351.
Montaigne, 17. Reti, R., 264,288,426,427,431,
Mouret, 25 2. 432, 520, 546.
~ Reshevsky, S .. 189, 190, 199,
Naegeli, 191. 351,445,446,447,448,449,
Najdorf, M., 384,385,386,387, 492,496,504,505,506,576,
573,574,575. 577.
Nimzowitch, A., 204, 205, 266, Richter, K., 389,390,457.
313,378,391,413,416,418, Rico, 386.
430,432,463,464,465,466, Rinck, H., 276,258, 137.
469,476,483,485,487,492, Rjumin, N., 244.
493,497, soo, 501,504,566, Roças, O., 552.
568, 577. Romanovsky, P., 482,520,522 .
o Rossetto, H., 387.
Opocensky, 386. Rubinstein, A., 194,331, 358,
Otten, H., 200. 359,360,361,362,432,433,
p 471,473,474,475,545,546,
Palau, L., 263, 310. 547,548,550,579.
Panno, O., 387. s
Panoff, 381,382,432,472. Saemisch, F., 270,414.

605
XADREZ BÁSICO
--"""''------------ --------"""'--

Salomon, 387. Tartakower, S., 156, 248, 273,


Scharvatz, 264. 336,382.
Schclechter, C., 242. Tchigorin, M., 347, 348, 349,
ScheUhout, 203. 404.
Seibold, 342. Te Kolste, 263 .
Seitz, A., 198. Teichman, R., 154.
Smyslov, V., 343, 344,387,401, Thomas, G., 261.
433,450,482,571,572 . Thorold, 192.
Spielmann, R., 187, 250, 286, Torre, C. , 223,275.
331,335,367,455,456. p
Stamma, F., 257, 258. Unzicker, 385 .
Steiner, H., 80, 107, 119. V
Steinitz, W., 93, 107, 118, 119, Van Scheltinga, T. D., 146.
252,344,346,353,354,357, Viana, Caldas, 345.
368,439,440,446,451,473, Vidmar, M., 399.
496,537,540,541,542,543, Vogel, 102, 108,120,308 .
544,546. VonBardeleben,C.,93, 107,120,
Stahlberg, G., 156. 473,496.
Stauton, H., 425. Von Gottschall, 493,501.
Stoltz, G., 488. Von Hennig-Schara, , 404.
Szabo, L., 356,389. ,v
T Winawer, S. , 376,408.
Taimanov, M., 385. Wing, 392.
Tarrasch, S., 102, 108, 120, 158, Wjakhireff, A., 322.
194,277,308,330,341,344, WorralJ, 350.
370,378,403,404,440,443, y
451,460,471,472,473,474, Yates, F. D., 469.
485,493,504,508,509,510, z
545,546,547,548,549,550, Znosko-Borowsky, E., 198,356.
551. Zukertort, J. H., 261, 330.

606
~'---------- Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini --------'""'"'

Il1 - ÍI\TDICE DE PARTIDAS COMPLETAS


(Os nomes em negrito indicam os vencedores)

Alekhine x Botwinnik Nottingham, 1936 .... .. . .... 457


Alekhine x Euwe Rotterdam, 1937........... 531
Alekhine x Euwe Amsterdam, 1937 ..... . ....... 527
Andersen x Paulsen Viena, 1873 .......... .. ....... 468
Aspa x N. N. .... .. ... .. ........ ................. 108
Bogoljubow x Romanovsky Moscou, 1925 .. ............... 520
Bogoljubow x Euwe Holanda, 1941 ............... 579
Bolbochan x Evans Helsinque, 1952 .... .. .. ...... 569
Boleslavsky x Smyslov Budapeste, 1950 .. .. .......... 571
Botwinnik x Capablanca AVRO (Holanda), 1938 ..... 566
Brinckrnann x Nimzowitch Niendorf, 1927 .......... .. ... 463
Capablanca x H. Steiner Los Angeles, 1933 ............ 80
Capablanca x Jaffe Nova York, 1910 ............. 323
Capablanca x Kostich Havana, 1919 ................. 515
Cristiá x Eliskases Rosário, 1939 .................. 559
Eidelman x Engels São Paulo, 1952 .... .. .......... 460
Eliskases x Keller Berlim, 1939 .................. 4 76
English x Steinitz Londres, 1883 ........ .. ...... 541
Euwe x Keres Rotterdam, 1940 ............ 562
Foge] x Czerniak. Jerusalém, 1935 ....... .. ..... 483
Geller x Golombek Budapest, 1952 ...... .. ....... 577
Gligoric x Prins Estocolmo, 1952 ............. 323
Grau x Maroczy Londres, 1927 .......... ...... 551
Kashdan x Reshevsky Nova York, 1942 .............. 445
Keres x Petrov Leningrado, 1940 ........... 565
Korchnoj x Geller Moscou, 1953 ................ 390
Kotov x Barcza Estocolmo, 1952 ....... .. .... 452
Kramer x Kottnauer Beverwijk, 1954 ............. 390
Lasker, E. x Alekbine Scheveningen, 1913 ... 304-305
Lasker, E. x Reshevsky Nottingham, 1936 .... .... .. . :,76
Lasker, E. x Tarrasch Dusseldorf, 1908 ......... .. . 508
Morphy x Duque de Brunwick
e Conde lisouard Paris, 1858 ........... .. ....... 311
Najdorf x Gudmunsson Amsterdam, 1950 ............ 573
Nimzowitck x Van Gottschall Breslau, 1925 .......... .. ..... 501

607
~ - - - - - - - - XADREZ BÁSICO _ _ _ _ _ _ _ _.e=.

Pillsbury x Judd Saint Louis, 1899 . .. ......... 315


Reshevsky x Fine AVRO (Holanda), 1938 .... 505
Rubinstein x Marshall Breslau, 1912 ... .... .. . .... ... 471
Smyslov x Barcza Helsinque, 1952 .. ............ 450
Spielmann x Eliskases Viena, 1937 ...... .. ... ...... .. 454
Steinitz x Van Bardeleben Hastings, 1895 .. ... .. . . .. .... . 107
Steinitz x Mac Donnell DubÜn, 1865 ....... . .. . ... . .. 440
Sto ltz x Bronstein Helsinque, 1952 ...... .. .. .. .. 488
Tarrasch x Vogel ............ , 1910 ..... . ... .... .. 102
Tarrasch x Marco Viena, 1898 .......... . . ... . ... 443
Tarrasch x Rubinstein San Sebastian, 1912 ... ... .... 545
Yates x Nimzowitch Londres, 1927 ........ . .. ... .. 485

608
~,l:$.l~------ Dr. Orfeu Gill,erto D'Agostini ---------"""--

I\ - ÍNDICE BIBLIOGRÁFICO
(Obras consultadas para a elaboração deste livro)

Em Espanhol:
Ajedrez Mundial- Reuben Fine -- Buenos Aires, 1950Traducción
dei inglês, de Enrique P. Falcon .
Camino Fácil dei Ajedrez - Baruch H . Wood - Buenos Aires,
1952 - Traducido dei inglês por Máximo V. Podestá .
Capablanca )' Lasker en el Campeonato dei Mundo Arnoldo
Ellerman - Buenos Aires, 1952 .
Cartilla de Ajedrez - Roberto Grau - Buenos Aires, 1931 .
Classes de Ajedrez - Rafael Bensadon - Buenos Aires, 1952 .
Clave de las Aperturas - Dr. Max Euwe y Reuben Fine · - Buenos
Aires, 1950 - - Traducción del inglês por Héctor Rodriguez
Esconde.
Combínaciones en el Medio Juego - Kurt Richter - Buenos Aires,
1947.
Como Conducir los Finales - Eugenio Znosko Borovsky- - Buenos
Aires, 1952 - Traducción dei inglês por Máximo V. Podestá.
Curso de Ajedrez - Dr. Emanuel Lasker - · Paris, 1930-Traducido
del inglês por Agustin Garza Galindo.
Curso Superior deAjedrez - Ricardo Reti - Buenos Aires, 1924.
Desarolo de la Habilidad en Ajedrez -- Carlos Torre - México.
E/ Final - Miguel Czerniak - Buenos Aires.
E/ Gambito de la Dama · Luis Palau - Buenos Aires.
E] Gambito de La dama - Gedeon Stahlberg · Buenos Aires.
El Match Flohr X Botwinnik - Mikail Botwinnik Buenos Aires,
1935 - Traducido dei russo por León Simsilewch.
E/ Torneio de Mar Dei Plata - Luis Palau - Buenos Aires, 1941.
Estratagemas y Celadas en las Aperturas de Ajedrez - Eduardo
José Marchisotti - Buenos Aires, 1947.
Estudio Razonado de lasAperturas- Luis Marini - BuenosAires,
1944.
Exercícios de Combinadón con Finales Brilhantes - Luis Palau -
Buenos Aires, 1945 .
Finales de Ajedrez - Dr. Rey Ardid - Zaragoza, 1944.
Finales de Grandes Maestros -Aurelio A. de Bervis -- Buenos
Aires, 1915 .

609
...rs.1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ XADREZ BÁSICO - - - - - - - - ~~-

Fundamentos dei Juego de Posicion · Dr. Max Euwe - Buenos


Aires, 1946 .
Gran Torneio Internacional de Ajedrez de Madrid 1943 - Dr. A.
Alekhine - Madrid, 1944.
Ideas Modernas en las Aperturas de Ajedrez - Dr. Savielly
Tartakower - Buenos Afres, 1949 .
La Apertura Moderna 1. P4D - E. D. Bogoljubow Buenos Aires .
La Defensa Alekhine ( 1. P4R, C3BR) - Eugenio Znosko Borovsky
- Buenos Aires, 1936.
La Defensa Caro Kann - Damián Reca - Buenos Aires .
La Defensa Eslava - E. D. Bogoljubow - Buenos Aires 1936
Traducción del aleman de G. Holtey.
La Defensa Francesa - Miguel Czerniak Buenos Aires, 1943 .
La Pratica de Mi Sistema - •Aron Nimzowitch Buenos Aires, 1941
- Version castelana de Máximo V Podestá.
La Variante Bogoljubow en la Apertura Peão Dama ( 1. P4D,
C3BR; 2. C3BR, P3R; 3. P4B, BSC+) - "Eze" - Buenos Aires ,
1936 - Traducción del inglês de Luis Wugman.
Legado! - Dr. Alexandre Alekhine - Madrid, 1946.
Lo que Debe Saberse de lasAperturas - P. Romanovsky- Buenos
Aires, 1948.
Los Grandes Maestros de/Tablero (Maestros de Ayer) - Ricardo
Reti - Buenos Aires, 1948 - Traducción dei aleman por V. F.
Fort Barbosa.
Los Grandes Maestros dei Tablero (Maestros de Hoy) - Ricardo
Reti - Buenos Aires, 1948.
Manual de Ajedrez - E. Delaire -- Barcelona, 1931.
Mis Mejores Partidas de Ajedrez ( 1908 192 3) Dr. Alexandre
Alekine • • Montevidéo, 1929-Traducido de] inglês por"Passer
By".
Mis Mejores Partidas de Ajedrez ( 1924 1937) Dr. Alexandre
Alekhine - Buenos Aires, 1940 - Traducción de] inglês por
Adolfo A. Gabaret.
Mi Sistema -Aron Nimzowitch - Buenos Aires , 1947. -
Traducción de] aleman por D. A. Lachaga y S. W Lexow.
Ochos Astros de Lajedrez Mundial, Torneio A. VR. O., Holanda,
1938-Arnoldo Ellerman - Buenos Aires.
Partidas Selectas de Botwinnik - Miguel Czerniak - Buenos Aires,
1946.

610
- ~ ~ - - - - - - Dr. Orfeu Gill,erto D'Agostini -----------"'"-

Torneio de Entrenamiento - - Leningrado Moscou, 1934 - -Jose


M. Suarez - Buenos Aires .
Torneio Internacional de Maestros de Nueva York, 1924- Dr.
Alexandre Alekrune - Buenos Aires, 1946 - Traducción dei
inglês de Máximo V. Podestá.
Tratado Completo deAperturas - Luis Palau Buenos Aires, 1949.
Tratado Completo de las Aperturas - Eugenia Znosko Borovsky
Buenos Aires, 1950.
Tratado General de Ajedrez - Roberto Grau Buenos Aires.
Una Pieza Indefensa como ldea de Combinación - Eugenia Znosko
Borovsky - Buenos Aires, 19 35.

Em Inglês:
A Breviary of Chess - Dr. SaviellyTartakower London, 1946.
Adventure in Chess - Assiac - London, 1951.
Basic Chess Endings - Reuben Fine - Philadelphia, 1941.
Botwinnik, The lnvincible - Fred Reinfeld - Philadelphia, 1946.
Capa bianca 's Hundred Best Gam es of Chess - H. Golombek -
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Championship Chess - M. Botwinnik - London, l 950Translated
by Stephen Garry.
Chess From Morphy to Botwinnik - Imre Konig London, 1951 .
Chess Fundamentais - J. R. Capablanca - New York, 1921.
Chess Marches on! - Reuben Fine - Philadelphia, 1945.
Chess Openings - R. C. Griffth and H . GolombekLondon, 1949.
Chess Secrets - Edward Lasker - New York, 1951.
Chess Strategy andTatics - Fred Reinfeld and Irving Cherney -
Philadelphia, 1946.
Common Sense in Chess - Emanuel Lasker - Philadelphia 1946.
From my Games Dr. Max Euwe - London, 1938.
Groningen 1946 Jnternational Chess Tournament- Dr. Max Euwe
and H. Kmoch .
Instructive Positions from Master Chess - J. Mieses - London,
1938.
Judgement and Planning in Chess- Dr. Max Euwe - London,
1953 Translated by J. Ou Mont.
Keres' Best Games o[Chess- Fred Reinfeld - Philadelphia, 1942.
Meet the Masters - Dr. Max Emve - Philadelphia, 1940 -
Translated of"Zoo Schaken Zig" by L. Prins and B. H. Wood.

611
XADREZ BÁSICO
-"""'-------- --------"""'-

Modem Chess Openings - R. G. Griffth and J. H. Whithe -


Philadelphia. 1939 - Revised by Reuben Fine (6' edition).
Modem Chess Openings- R. G. Griffth and J. H. Whithe -
London, 1952 - Revised by Walter Korn (8• edition)
Modem Chess Strategy- Edward Lasker - London, 1951.
Modem Jdeas in Chess - - Richard Reti - Philadelphia.
My FiftyYears ofChess - Frank J. Marshall - NewYork, 1942.
Nimzowitch, The Hypermodern - - Fred Reinfed Philadelphia,
1948.
One Hundred Selected Games- M. Botwinnik London, 1951 - -
Translated by Stephen Garry.
Practical Chess Openings - Reuben Fine - - Philadelphia, 1948.
Resbevsky on Chess - Samuel Resbevsky - Philadelphia, 1948 .
R ubinstein 's Chess Masterpieces - Hans Kmoch -- Philadelphia,
1941.
Soviet Chess Nicolai Grekov - Philadelphia, 1949 - Translated
by Theodore Reich.
Tarrasch 's Best Games of Chess - Fred Reinfeld - Philadelphia,
1949.
TheArt ofSacrifice in Chess- RudolfSpielmann - London, 1935.
The Fireside Book of Chess - Irving Cherney and Fred Reinfeld
- NewYork, 1949.
The Game of Chess -- Dr. SiegbertTarrasch Philadelphia, 1940
Translated by G. E. Smith and T. G. Bone.
The Golden Treasury o[ Chess - Francis J. Weelmuth -
Philadelphia, 1943.
The Jdeas Behind the Chess Openings - Reuben Fine -
Philadelphia, 1943 .
The Imortal Games of Capablanca -- Fred Reinfeld- Philadelphia,
1942 .
The Middle Game in Chess- Eugenia Znosko Borovsky- London,
1938 .
The Middle Game in Chess - Reuben Fine - London, 1953.
The Rl15sians Paly Chess -- Irving Cherney - Philadelphia, 1947.
The lnknown Alekhine - Fred Reinfeld - London, 1949.
Winning Chess Traps - Irving Cherney - Philadelphia, 1946.
World Chess Chanpionship - H. Golombek - London, 1949.

612
À ~ - - - - - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini _ _ _ _ _ _b>-<,_

Em Fi:ancês:
L'abc des Échecs- Numa Preti-Paris, 1927 .
Les Fins de Partie - Henry Rink - Paris.
Traité Complet D' Échecs - André Cherón - Paris.

Em Italiano:
La Partita D'Oggi · · C ., Salvioli .

Em Português:
Leis do Xadre7. - F. V. Agarez, H . M. Ribas, J. C. de Almeida
Soares - Rio de janeiro, 1946 .
Jogo de Posição - Erich Eliskases - Rio de Janeiro, 1943.
Manual de Xadrez - Luiz Cabrerizo - São Paulo.
Manual de Xadrez- Dr. Ide! Becker - São Paulo, 1948.
Repertório de Aberturas · - Dr. Walter Cruz - Rio de janeiro,
l 952.
Xadrez Elementar- Eurico Penteado - São Paulo.

REVISTAS ESPECIALIZADAS EM XADREZ


(Consultadas para a elaboração deste livro)

Em Espanhol:
AJEDREZ CHILENO (Chile)
CAISSA (Argentina)
EL AJEDREZ ARGENTINO (Argentina)
EL AJEDREZ AMERICANO (Argentina)
ELAJEDREZ ESPANOL (Espanha)
EN ROQUE!! (Argentina)
JAQUE! (Argentina)
MUNDIAL (Uruguai)
SELECIONES DE AJEDREZ (Uruguai)

Em Inglês:
BRITSH CHESS MAGAZINE (Inglaterra)
CHESS (Inglaterra)
CHESS REVIEW (Estados Unidos)

Em Francês:
BULLETIN INTERNATIONAL DES INFORMATIONS

613
XADREZ BÁSICO
--=---- - - - - - - --------"""'-

ECHIQUÉENNES (Tchecoslova9uja)
CAHIERS DE L'ECHIQUIER FRANÇAJS (França)
FIDE (Tchecoslova9wa)
L'ECHIQUIER (Bélgica)
LA STRATÉGIE (França)

Em Italiano:
L'ITALIA SCACCHISTICA (Itália)

Em Português:
XADREZ BRASILEfRO (Brasil)
XADREZ CARIOCA (Brasil).

614

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