CHAVE DE PARTIDA DIRETA COM REVERSÃO
Nos processos e máquinas industriais, encontramos situações onde se faz
necessário à inversão do sentido de rotação dos motores elétricos trifásicos que
acionam estas máquinas. Vamos ver alguns exemplos:
elevadores (subir ou descer);
portões (abrir ou fechar);
correias transportadoras (esquerda ou direita);
ventiladores (ventilação ou exaustão), etc.
Para que se consiga inverter o sentido de rotação dos motores elétricos
trifásicos, você aprendeu na disciplina de máquinas elétricas que se faz necessário
trocar (inverter) duas fases do circuito de alimentação do motor.
Figura 1: inversão do sentido de rotação de motor trifásico.
No início da eletrotécnica industrial, eram utilizadas chaves de operação manual, que
permitiam acionar o motor no sentido de rotação horário ou anti-horário, bastando para
isto selecionar a posição da alavanca de comando. Internamente, um conjunto de
chaves é responsável em trocar a sequência das fases na saída da chave conforme
a posição selecionada. A figura 2 mostra um exemplo deste tipo de chave. Caso a
alavanca de comando esteja na posição “esquerda”, nos terminais de saída da chave
teríamos a sequência de fases F1-F2-F3. Caso a alavanca de comando esteja na
posição “direita”, nos terminais de saída da chave teríamos a sequência de fases F1-
F3-F2.
Dados
técnicos da
chave.
Alavanca de
comando.
Nesta posição
Nesta posição o eixo do
o eixo do motor gira em
motor gira em sentido
um sentido. contrário.
Figura 2: exemplo de chave reversora manual.
Atualmente este tipo de chave é utilizado para reversão do sentido de rotação de
motores elétricos com potências em torno de 5 cv. Já para os motores elétricos
utilizados nas indústrias, em máquinas onde se faz necessário a reversão do sentido
de rotação, utilizam-se chaves de partida direta reversora. Desta forma, a seleção do
sentido de rotação é feito através de botões (circuito de comando), que irão comandar
o circuito de força.
Estas chaves diferem das chaves de partida direta pelo fato de utilizarem
dois contactores no circuito de força, ou seja, cada contactor é responsável por
entregar ao motor uma sequência de fases diferente.
Devemos lembrar que a reversão do sentido de rotação de um motor
elétrico em funcionamento deve ser feita com cuidado, pois a corrente do motor nestes
casos atinge valores altos. O sistema mecânico de algumas máquinas no qual este
motor está conectado também deve ser bem dimensionado, afim de evitar danos
(quebra).
A figura 3 nos mostra o interior de um quadro elétrico, onde encontramos a
montagem de uma chave de partida direta reversora.
Disjuntor magnético tripolar
(função: proteção contra curto-
circuito).
Contactores K1 e K2 (função:
acionar/desacionar o motor e
alterar a sequência das fases
entregue ao motor).
Rele térmico (função: proteção
contra sobrecarga).
Botões de comando e lãmpadas
de sinalização fixadas na porta
do quadro elétrico.
Conectores para conexão a rede
elétrica e saída de cabos para os
motores.
Figura 3: chave de partida direta reversora montada dentro de quadro elétrico.
Estudando o circuito de força adiante, veremos que a bobina dos
contactores utilizados na chave de partida direta reversora nunca serão energizadas
ao mesmo tempo, o que acarretaria em um curto circuito no circuito de força.
Para que esta situação não ocorra, no circuito de comando utiliza-se um
contato auxiliar NF de K1 em série com a bobina de K2, e um conato auxiliar NF de
K2 em série com a bobina de K1. Assim, garantimos que quando a bobina de um
contactor seja energizada, a outra bobina não possa ser energizada acidentalmente.
Esta lógica utilizada nos circuitos de comando da-se o nome de intertravamento.
Esquema elétrico do circuito de força e comando da chave de partida direta
reversora.
Identificação da simbologia do circuito de força ou potência
L1, 2, 3, PE – rede elétrica trifásica com terra.
F1,2,3 – fusíveis do tipo retardado.
K1 – contatos principais do contactor K1.
K2 – contatos principais do contactor K2.
F4 – rele térmico de sobrecarga.
M1 – motor elétrico trifásico.
Identificação da simbologia do circuito de comando
F5, F6 – fusíveis do tipo retardado.
F4 – contato auxiliar NF do rele térmico de sobrecarga.
S1 – botoeira desliga contato NF.
S2 – botoeira liga motor sentido horário contato NA.
S3 – botoeira liga motor sentido anti-horário contato NA.
K1 (A1-A2) – bobina do contactor K1.
K1 (13-14) (23-24) (31-32) (41-42) – contatos auxiliares NA e NF do contactor K1.
K2 (A1-A2) – bobina do contactor K2.
K2 (13-14) (23-24) (31-32) (41-42) – contatos auxiliares NA e NF do contactor K2.
H1 – lâmpada sinalização motor ligado sentido horário.
H2 – lâmpada sinalização motor ligado sentido anti-horário.
H3 – lâmpada sinalização motor desligado.
Funcionamento
Partida do motor no sentido horário
1. Ao energizar a rede de alimentação, a lâmpada H3 acende sinalizando que o motor está
desacionado.
2. Pressionando-se a botão S2, energiza-se a bobina do contactor K1 (A1 – A2), que comanda seus
contatos principais e auxiliares:
K1 (31-32) passa para o estado aberto, impedindo que a bobina de K2 seja energizada
enquanto a bobina de K1 esteja energizada (chamado de contato de intertravamento).
K1 (41-42) passa para o estado aberto, desligando a lâmpada H3.
K1 (13-14) passa par o estado fechado, mantendo energizada a bobina de K1, mesmo após
soltarmos o botão S2 (chamado de contato de retenção).
K1 (23-24) passa para o estado fechado, a lâmpada H1 acende sinalizando que o motor está
acionado no sentido horário.
K1 (1-2/3-4/5-6) contatos de força que passam para o estado fechado, acionando o motor.
Partida do motor no sentido anti-horário
1. Ao energizar a rede de alimentação, a lâmpada H3 acende sinalizando que o motor está
desacionado.
2. Pressionando-se a botão S3, energiza-se a bobina do contactor K2 (A1 – A2), que comanda seus
contatos principais e auxiliares:
K2 (31-32) passa para o estado aberto, impedindo que a bobina de K1 seja energizada
enquanto a bobina de K2 esteja energizada (chamado de contato de intertravamento).
K2 (41-42) passa para o estado aberto, desligando a lâmpada H3.
K2 (13-14) passa par o estado fechado, mantendo energizada a bobina de K2, mesmo após
soltarmos o botão S3 (chamado de contato de retenção).
K2 (23-24) passa para o estado fechado, a lâmpada H2 acende sinalizando que o motor está
acionado no sentido anti-horário.
K2 (1-2/3-4/5-6) contatos de força que passam para o estado fechado, acionando o motor.
Parada normal
1. Para desacionar o motor, deve-se desenergizar a bobina de K1 ou K2, pressionando-se o botão S1.
2. Ao desenergizar a bobina de K1 ou K2, os contatos de força e comando voltam à condição inicial,
desacionando o motor. A lâmpada H1 ou H2 apaga-se, e a lâmpada H3 volta a acender.
Parada por sobrecarga
1. Se durante o funcionamento do motor ocorrer uma sobrecarga de natureza elétrica ou mecânica, e
sua corrente elétrica ultrapassar o valor nominal, esta será detectada pelo rele térmico F4. Quando
ocorrer a atuação do rele, seu contato auxiliar NF (95-96) passará para o estado aberto,
desenergizando a bobina de K1 ou K2.
2. Ao desenergizar a bobina de K1 ou K2, os contatos de força e comando voltam à condição inicial,
desacionando o motor. A lâmpada H1 ou H2 apaga-se, e a lâmpada H3 volta a acender. Protege-se
então as bobinas do motor de um sobreaquecimento.
3. Para uma nova partida do motor é necessário rearmar o rele térmico (ajuste manual ou automático).
Obs:
a tensão do circuito de comando deve ser igual a tensão das bobinas dos contactores e da tensão
das lâmpadas de sinalização. Os níveis de tensão mais utilizados na indústria são:
24 Vcc - 24 Vca - 110 Vca - 220 Vca
Por questões de segurança, deve-se dar prioridade a tensões de comando com níveis mais baixos.
Para você pensar...,
Problema detectado - uma correia transportadora é acionada por um motor
ligado a uma chave de partida direta reversora. Toda vez que o operador quer
reverter o sentido de funcionamento da correia, é necessário primeiro desligar a
mesma.
Sugestão - foi solicitado a equipe de manutenção elétrica uma mudança no
circuito de comando da chave, que permita ao operador reverter o sentido de
funcionamento da correia (reversão instantânea) sem precisar desligar o motor.
Resolução - você foi o eletricista encarregado de modificar o circuito de
comando. Como você resolveria o problema? Faça um desenho representando
o novo esquema do circuito de comando.