Licenciado para - Sérgio Santos Barroso - 45533547215 - Protegido por Eduzz.
com
m a n u al d a
escrita
criativa
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profis te à
sional
@karouescreve
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sumário
Apresentação...................................................................3
Mentalidade da escritora .......................................4
Conceitos básicos ......................................................14
Criação de personagens .......................................25
Escrevendo diálogos ...............................................48
Narrando uma história ..........................................64
Cenas e descrições ...................................................82
Escrevendo um conto ..........................................107
Estrutura do enredo .............................................. 113
Progressão narrativa .............................................138
Criação de mundo ..................................................157
Caderno de exercícios ..........................................175
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oi, irmã!
Seja bem-vinda ao nosso grupo de estudos!
Com esse material em mãos você poderá
começar a transformar a sua carreira e se
tornar uma escritora profissional.
Minha dica é que, se for possível, você imprima
esse documento, assim poderá rasbiscá-lo,
colar post-its e adaptar ele para se enquadrar
no método de estudos que mais funciona para
você.
Caso encontre algum erro, não hesite em
entrar em contato comigo para sinalizar, tudo
bem?
Obrigada por confiar em meu trabalho,
com carinho, Karou.
mentalidade
da escritora
módulo 1
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organização
e planejamento pessoal
Antes de começar falando da escrita, é preciso
falar da escritora. Não adianta aprender todos
os conceitos e técnicas se você não souber ou
se não tiver tempo disponível para aplicá-las.
Para que você sinta a transformação, é preciso
se dedicar aos seus estudos em escrita, por
isso, organize-se. Faça um planejamento
semanal e separe alguns dias para estudar
escrita também.
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inspiração
para ter boas ideias
Sempre recebo perguntas sobre como eu
consigo me inspirar e, bom, a resposta é
sempre a mesma: a inspiração vem de todos os
lados. Além da leitura de novos gêneros, as
temáticas em alta nas redes sociais também
me fazem refletir muito. Criatividade é algo
que pode ser desenvolvida e isso envolve sair
da sua zona de conforto.
Como ter ideias novas se você está sempre
consumindo o mesmo conteúdo? Lendo e
assistindo o mesmo gênero? Faça exercícios
para estimular a sua criatividade como:
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Ouvir atentamente as letras das músicas que
ouve e, caso ouça músicas internacionais,
busque pela tradução
Ler contos de gêneros diferentes: são leituras
curtas que agregam muito ao nosso acervo
literário e nos custam pouco tempo
Assistir filmes e séries que não estão na sua
zona de conforto
Observar as pessoas ao seu redor e atribuir a
elas uma história de vida, como se fosse uma
personagem;
Ler artigos científicos sobre o assunto sobre o
tema que você gostaria de escrever.
Normalmente eles nos mostram várias
nuances da mesma temática, abrindo nossos
olhos para outros caminhos;
Fazer exercícios de escrita: existem vários sites
que geram exercícios e eles
são ótimos para nos dar novas ideias.
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comparação
com outras autoras
Não se compare com outras autoras. Parece
mais fácil falar do que fazer? Sim, mas não é
por isso que você vai deixar de tentar.
Cada autora tem o seu processo e sua
realidade. Se você estuda e trabalha, como
você pode se comparar com uma autora que
se dedica integralmente à escrita?
Todo mundo possui uma realidade,
disponibilidade e contexto diferente e é esse o
pensamento que você precisa focar toda vez
que seu cérebro quiser se comparar com
outras pessoas.
Você é única e é isso que te torna especial.
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leitura crítica
(não o serviço literário!)
Sabe os livros que você lê diariamente? Já
parou para pensar em ler não apenas por
entretenimento, mas também para aprender
coisas novas?
Metade dos seus problemas como escritoras
seriam resolvidos se você analisasse os livros
que lê. Diálogos, narrações, construção e
evolução de personagens.
Note esses aspectos, grife, anote, perceba as
técnicas que os outros autores usam para que
você possa conhecer ainda mais do que o
mundinho literário tem para oferecer.
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tomada de
decisões
Escrever é tomar decisões. Muitas vezes
recebo mensagens de autores perguntando
qual conflito é melhor, qual a melhor
característica do personagem ou o melhor final
para o livro e, sinto dizer, isso ninguém pode
decidir além de você.
Aprenda a tomar suas decisões, escolher o
final da sua história construir o cenário, etc.
Não, você não pode colocar dois prólogos e
cinco epílogos ao final da história para tentar
agradar todos os tipos de leitores. É preciso
bancar as suas decisões. E se, aparentemente,
você tomar uma decisão errada desagradando
a maioria dos seus leitores, então você
aprenderá com esse erro.
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use e abuse
das emoções
Para finalizar esse módulo, é importante citar
algo que aprendi e mudou minha perspectiva
sobre escrita criativa. Na MasterClass do Neil
Gaiman, autor de Stardust, Coraline e outros
sucessos, ele fala que ser escritor é como andar
na rua pelado.
Você precisa ser honesto consigo mesmo, com
o que você sente e não ter medo do
julgamento dos outros.
Temos medo porque sabemos que ler nosso
livro é como entrar na nossa cabeça, as pessoas
sabem o que sentimos, pensamos, buscamos,
mas isso é algo que teremos que lidar.
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Ser um escritor de sucesso é ser honesto
consigo mesmo para que pessoas como você
se identifiquem e não o oposto.
Você não deve se preocupar primeiro com
quem vai ler, mas sim com você e as suas
emoções.
“Para escrever você precisa acreditar que você
é brilhante, que é a melhor ideia que você já
teve e, escrevendo isso, você colocará o
mundo em chamas”. Palavras do Neil, não
minhas.
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exercício
Planeje a sua semana e inclua nela
o seu objetivo durante o nosso
período de aulas. Separe o tempo
que achar necessário para estudar
escrita e/ou escrever.
Não esqueça de fazer o download
de planner para organizar sua
semana 7 dias após a compra do e-
book!
conceitos
básicos
módulo 2
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o que é escrita
criativa?
De acordo com Renato Modesto (2020), escrita
criativa é um texto que possui característica
artística, poética e imaginativa, pois pretende
contar uma história.
Um texto pode ter 3 objetivos:
a) convencer: jurídico, publicitário
b) informar: jornalísticos e acadêmicos
c) emocionar: poético, ficcional
aqui está a escrita
criativa, é o que
fazemos, não é?
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insigh
t
marke s de
ting
obs: para emocionar alguém é preciso
saber com quem você está falando, por
isso, é preciso definir o público a quem
você se refere.
Existe uma diferença entre texto, forma e
conteúdo e é preciso compreendê-las para
absorver todos os próximos módulos desse
documento.
a) texto: produção verbal ou não, construído
através de algum código (nosso idioma, por
exemplo) que possui o objetivo de comunicar
algo
b) forma: técnica de criação utilizada no texto,
potencializa o conteúdo para determinado
público, atingindo melhor o objetivo de
emocionar quando o texto é apresentado para
o leitor. Se trata da estrutura do texto, estilo,
ritmo e composição.
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c) conteúdo: o tema que vai se relacionar com
o leitor. Abordar no livro temas que são
significativos para o leitor é a melhor forma de
impactar. Se refere às ideias, conceitos e
sentimentos apresentados no livro.
Compreender esses elementos será
importante tanto na escrita quanto no
marketing do seu livro, o conteúdo, por
exemplo, é essencial para a criação de
conteúdo (como o nome já diz) haha.
insigh
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começando
a escrever
A maioria dos escritores, principalmente
aqueles que estão começando, se preocupam
muito em escrever para o público. Antes de
qualquer coisa, é preciso escrever para você
mesmo.
Pensar nos comentários e julgamentos de
terceiros sobre você e a sua escrita só vão
atrapalhar o seu processo.
O mais importante nesse começo é manter o
foco nas suas próprias emoções. Geralmente,
seus sentimentos são transmitidos para os
seus leitores, então durante a escrita se
concentre apenas nisso. c.
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Ah, e se você está em dúvida sobre o que
escrever, comece pensando no básico: o que
você gostaria de ler?
Além disso, como dito no módulo 1, preste
atenção nas pessoas ao seu redor, seja em sua
casa, na escola, faculdade, trabalho, etc.
Agora vamos seguir para um dos tópicos mais
importantes desse e-book.
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problemas
comuns
Solidão
Escrever é uma tarefa solitária. Significa que
você precisa sim do seu tempo, pois cada
escritor tem um processo diferente de escrita.
Alguns gostam de ouvir músicas relacionadas
ao tema/gênero do livro, outros passam horas
direto escrevendo sem pausa, alguns preferem
pequenas pausas para descansar, enfim.
Cada processo é um e você precisa conhecer o
seu, principalmente porque isso te ajuda a criar
uma rotina de escrita.
O lado ruim de realizar um trabalho sozinho é
que você precisa tomar suas próprias decisões,
sem consultar outras pessoas sobre estar ou
não seguindo o caminho certo. Porém, lembre-
se, não é porque é um processo solitário que
você está sozinho.
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Falta de prática
“Os melhores escritores são aqueles que
passam mais tempo praticando”.
Isso significa que, ainda que você não se sinta
preparada, ainda que acredite que a sua ideia
não é boa o suficiente, você precisa continuar.
Escrever não se trata de talento ou dom, mas
sim de uma habilidade que pode ser
aprimorada.
Você precisa ter a oportunidade de
experimentar, conhecer a sua escrita, descobrir
qual gênero você se sente mais confortável e
qual não te agrada tanto.
É muito importante testar para potencializar as
aptidões que você possui e talvez aprender
habilidades que queira, mas ainda não tem.
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Falta de boas ideias
As melhores ideias surgem em momentos
inesperados. Tente descobrir o que inspira você
e em que momento você está mais propício a
um pico de criatividade. Pode ser lendo outro
livro, assistindo, observando as pessoas, enfim.
Além disso, deixo a questão: a sua ideia
realmente não é boa ou você está se
autocriticando demais?
Um truque que pode ajudar a gerar novas
ideias é a pergunta “E se?”.
Por exemplo: as pessoas estão no mercado
fazendo compras. E se um rapaz chegar
atirando no local? E se esse rapaz for o
namorado de uma moça que está fazendo
compras?
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Não saber usar as palavras
Esse problema é mais comum do que parece.
Muitas vezes escrevemos, lemos, apagamos e
desistimos daquele texto porque ele não
parece bom o suficiente, porque parece que
ele não diz o que você estava pensando.
Pare de se cobrar tanto. Você só conseguirá
evoluir se praticar, mesmo quando não estiver
bem o suficiente. Quer ver?
Compare uma história antiga com uma mais
recente e perceba o quanto você evoluiu.
Lembre-se que nesse primeiro momento você
está escrevendo para si e não pense no
julgamento alheio. Deixe a crítica para o leitor
crítico. Aproveite o processo e se divirta com a
sua escrita. Uma etapa de cada vez.
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exercício
Pense em um ambiente que você
frequenta e lembre de uma pessoa
que você sempre vê lá, mas que você
não tem muita intimidade.
Escolha alguém que você não sabe
muito além do nome e/ou profissão,
assim você terá mais liberdade.
Crie um miniconto de até 1.000
palavras com essa pessoa como
personagem.
Pense na família dela, personalidade,
características psicológicas e a coloque
no enredo que achar melhor.
personagens
criação de
módulo 3
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tipos de
personagens
a alma da história
Alguma história que você já leu não tem
personagens? Um personagem é a alma de
uma história ficcional, pois é ele quem - quase
literalmente - vai dar vida ao seu enredo.
E não adianta ter um enredo incrível se seus
personagens não conseguem se comunicar
com seus leitores.
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Não necessariamente seu personagem precisa
ser uma pessoa, pode ser uma pedra, uma
cadeira, um garfo, enfim...
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A grande questão é que, normalmente,
atribuímos características humanas para esses
personagens e isso é chamado de
antropomorfismo.
Por exemplo: você já assistiu A Bela e a Fera?
Os personagens são velas, xícaras e armários.
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protagonistas
A história gira em torno dos objetivos, desejos,
medos e obstáculos desse (ou desses)
personagem(ns).
Normalmente, eles são considerados
heróis/heroínas, mocinhos/mocinhas por conta
dos aspectos morais que os cercam. Aquele
personagem clássico de novela das 21h.
Entretanto, é importante lembrar:
Não necessariamente os protagonistas
precisam ser o que a sociedade considera uma
“boa pessoa”, eles só precisam convencer os
seus leitores do que acreditam e isso é o mais
importante.
anota
aí
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Por exemplo: no meu livro, Entre Caixas, todos
os personagens entram em conflito com o que
é considerado certo e moral, todos possuem
defeitos e cometem crimes, mas ainda assim
são protagonistas e os leitores torcem por eles.
O desafio é convencer o público de que
aquelas pessoas merecem conquistar os seus
objetivos.
Um bom personagem precisa gerar empatia e
identificação. Isso significa que a pessoa que
você criar para dar vida a sua história precisa
parecer real para o público.
a) as motivações dos seus personagens em
geral precisam persuadir o público. Se a
motivação para o personagem conquistar o
seu objetivo for fraca, o público não vai
acreditar, não vai se colocar no lugar daquela
pessoa e, consequentemente, não sentirá
empatia pelo seu personagem.
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b) identificação se refere a olhar para o outro e
se encontrar ali também, ainda que o outro
seja completamente diferente.
Por exemplo: ao ler “A culpa é das estrelas",
você é capaz de chorar com as dores das
personagens ainda que não tenha perdido
alguém para o câncer, simplesmente porque o
autor foi convincente o suficiente para
transmitir a dor que envolve essa perda.
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representatividade
impor
tante
Aqui entra um tópico extremamente
importante: representatividade. Ao escrever
um personagem que faz parte de alguma
minoria social, principalmente se você não fizer
parte dela, é preciso ter muito cuidado.
Pesquise bastante sobre o grupo social que
deseja abordar e, acima de tudo, busque por
alguém que faça leitura sensível.
Esse serviço é prestado justamente por
pessoas que estudam ou que fazem parte
daquele grupo para ajustar os erros que você
pode ter cometido durante a escrita.
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antagonistas
Personagem (ou não) que se opõe aos desejos
e objetivos do protagonista.
Toda história precisa ter um antagonista? Sim.
Caso contrário, não haverá conflito. E sem
conflito não existe história.
Se o protagonista simplesmente conseguisse
alcançar os seus objetivos sem esforço algum,
sem ter que superar obstáculos, sem passar
por qualquer problema, os leitores não têm
algo que os prenda, assim como não tem pelo
que torcer durante a leitura.
Todo antagonista é um vilão? Não.
Um vilão é a personificação de um
antagonista, ou seja, um vilão é um
personagem que age contra os planos do
protagonista. Isso é o que chamamos de
antagonismo externo.
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Já o antagonista pode ser qualquer obstáculo
que vá de encontro com os desejos do
protagonista, inclusive seus próprios medos.
Pode ser, por exemplo, um trauma de infância,
uma guerra, uma doença, etc. Isso é o que
chamamos de antagonismo interno.
Por exemplo, no meu livro, Entre Caixas, o
antagonista dos personagens é, justamente, os
traumas de infância que eles possuem. Isso
impede que eles criem relações amorosas
sinceras e profundas e os fazem cometer
crimes.
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lembrete
Motivação do vilão: por que o vilão é um vilão?
O que fez dele ser uma pessoa com tendências
para a maldade? Por que o seu mocinho é o
herói? Ele é bom o tempo todo? Pense sobre
esses questionamentos ao criar seus
personagens.
Você já assistiu ao filme Coringa? Ele é
nitidamente um vilão, mas durante todo o
filme oscilamos em ficar chocados com as
suas atitudes e sofrer junto com ele quando
as pessoas o maltratam. Em determinado
momento, não nos importa mais que ele
toma atitudes ruins ou não porque nós
entendemos o porquê ele faz cada coisa e isso
se chama gerar empatia no leitor.
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Ainda que o vilão seja alguém que odiamos em
uma história, o construa pensando em
convencer o leitor dos seus motivos para ser
mal.
É importante lembrar, não justifique as ações
ruins dos seus personagens com transtornos
psicológicos. Isso é estigmatizante e prejudica
toda uma comunidade.
Seu personagem pode sim possuir sintomas
de algo, como crises de pânico, neuroses,
alucinações, mas evite diagnosticá-lo com
doenças como transtorno bipolar,
esquizofrenia, psicopatia/sociopatia, etc.
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secundários
São amigos dos protagonistas, trazendo
alguma ajuda, criando alianças, etc., ou trazem
ainda mais dificuldade para a trama, criando
ainda mais problemas além do antagonista
principal. Nesse último caso, se trata de um
secundário antagônico.
Pode acontecer do fator surpresa da história
ser, justamente, um personagem que
achávamos ser amigo do protagonista, ao final,
se revelar seu inimigo.
Ou até mesmo quando personagens
aparentemente sem importância, serem os
maiores arquitetos para destruir os planos do
principal. Nesse caso, é muito importante o
uso de pistas, ou o que chamamos de
foreshadowing.
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foreshadowing
Essa técnica de escrita, em português, significa
prenúncio. Se trata do recurso de deixar pistas
ao longo da história, ainda que sutis, para que
uma ideia seja aos poucos construída. “Ah, mas
eu quero surpreender meu leitor”. Então faça
isso da maneira certa.
Enganar o seu leitor nunca é a melhor opção.
As pistas que você deixar podem se tratar de
uma simples palavra, um olhar, um toque...
Porém, quando o leitor chegar ao final,
automaticamente seu cérebro vai fazer essa
conexão com aquelas cenas que passaram
despercebidas e ele vai se sentir enganado, não
por você, mas por si próprio, por não ter notado
o que estava óbvio.
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Outro recurso que os escritores adoram é fazer
com que o personagem que é antagonista e
vilão, ao final, se revele alguém bom.
Essa estratégia de enredo também precisa ser
muito bem trabalhada, pois ninguém muda de
uma hora para outra.
É preciso convencer o leitor de que aquela
mudança aconteceu aos poucos e por razões
plausíveis, afinal, ele não passou o livro todo
fazendo planos para acabar com a vida do
protagonista para, de repente, pedir desculpas
e ser seu amigo.
Nesse caso, estamos falando da evolução do
personagem e vamos explorar mais esse
assunto no tópico seguinte.
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exercício
1) Escolha um personagem de uma
série, filme ou livro que você goste e
detalhe as características dele de
acordo com as perguntas a seguir.
É protagonista, vilão ou secundário?
Qual o objetivo desse personagem?
O que você sabe sobre a vida dele?
Escolha bem pois vamos com esse
personagem durante todo o módulo.
2) Crie um personagem, ou use alguém
que você já tem e anote as mesmas
informações do primeiro tópico.
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criando
personagens
A criação de um personagem precisa ser
pensada para que ele converse com o público-
alvo e com o seu enredo simultaneamente. Isso
significa a partir do público-alvo daquela
história.
Quando uma história é pensada,
automaticamente um público-alvo é
determindo e essas pessoas podem se
identificar com o seu personagem de duas
formas: identificação realista, quando o público
se vê naquele personagem, ou uma
identificação utópica, quando o público quer
ser o personagem.
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Há situações em que as duas identificações são
mescladas: a personagem que se parece com o
públic-alvo se torna alguém que eles
gostariam de ser.
Por exemplo, a Disney fazia muito isso criando
personagens adolescentes, estudantes não-
populares que se tornavam princesas, astros
do rock ou simplesmente populares.
O filme Cidade de Deus, possui personagens
extremamente reais e que conversam com
uma população específica. Quem não faz
parte daquela realidade tem curiosidade em
conhecer, quem faz parte, se identifica com
algumas (senão todas) aquelas vivências.
Já As Crônicas de Nárnia se trata de uma
aventura vivida por crianças, um mundo
fantástico que acontece dentro de um
guarda-roupa. Quem não gostaria de abrir seu
armário e entrar num mundo mágico?
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biografia
O primeiro passo para construir seu
personagem pode ser a biografia. Pode ser
porque, caso você queira começar de outra
forma, não há o menor problema. O legal
começar por esse tópico é que você tem uma
visão geral do seu personagem.
Lembre-se de criar para seus personagens
apenas as informações úteis. Não adianta criar
uma árvore genealógica, com histórico de
doenças na família e origem étnica de cada um
se essas informações não forem usadas na sua
história.
Isso acaba criando em você a obrigação de
usar informações completamente
desnecessárias para o seu enredo. Se você
souber criar informações a mais e filtrá-las,
usando apenas o que importa, ótimo, caso
contrário, evite.
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Para saber quais informações serão úteis na
sua história, basta saber também quais você irá
usar e quais farão diferença em seu enredo.
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características
Um erro comum entre os escritores é criar
milhares de características para os seus
personagens e, em nenhum momento do livro,
fazê-lo agir daquela forma. É aqui que entra o
“mostre, não conte”.
Em vez de dizer em sua história que sua
personagem é egoísta e irritante, faça ela agir
dessa forma. Caso você não saiba exatamente
o que fazer, fique à vontade para pesquisar no
Google quais são as características de uma
pessoa egoísta, por exemplo e, ao longo da sua
história, faça sua personagem agir dessa forma.
Seu personagem precisa falar coisas egoístas
em diálogos, pensar dessa forma e, sempre
que possível, agir também. Assim seus leitores
terão a certeza daquele traço de personalidade
sem você precisar dizer na narração.
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Sempre recomendo que você escolha 3
características para seu personagem: se ele é o
bonzinho, duas boas e uma ruim, e for um
vilão, duas ruins e uma boa. Por quê? Ninguém
é 100% bom ou 100% ruim.
Escrever personagens imaculados e que não
cometem um erro sequer pode ser um erro,
pois ninguém é assim na vida real. Seu leitor
não é perfeito e é bom que ela veja o
protagonista cometer erros e pense: “eu
também já fiz isso”.
Além disso, use de recursos literários para
apresentar sua personagem mais profunda.
Usando o exemplo do autor Eldes Saullo: em
vez de dizer "ela tinha o nariz empinado", diga
"seu nariz bem delineado apontava na mesma
direção do seu ego".
Percebeu a diferença? Use metáforas,
analogias e o que mais se sentir à vontade
para apresentar seu personagem.
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planejando
personagens
perfil psicológico
Traçar o perfil psicológico da sua personagem
é importante porque estamos falando de todas
as ações que ela vai ter do início do livro ao fim.
Todos temos uma personalidade por conta de
quem somos e do que vivemos e é importante
lembrar que o seu personagem não nasce a
partir da página 1, ele tem um backstory.
Traduzindo, se trata de uma história de fundo,
um passado que levou seu personagem até
aquele ponto, as coisas que aconteceram
“antes do livro começar”.
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Você pode traçar o perfil psicológico através de
palavras-chave, mas tente ser específico para
não cometer o erro de, durante a escrita, tornar
seu ele alguém vago e “sem sal”, alguém
genérico.
E lembre-se que não é porque você vai criar o
passado do seu personagem que você precisa
criar um outro livro só para contar essa história.
escrevendo
diálogos
módulo 4
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bases do
diálogo
O diálogo por si só é um tema mais delicado de
abordar, pois não é possível ensinar onde
colocá-lo, por exemplo, ou qual é a hora certa
de usá-lo. Quando lemos um texto, no entanto,
é possível identificar quando está numa cena
de forma errada. Às vezes, notamos num livro
conversas entre os personagens sem o menor
nexo, que não agregam absolutamente nada
ao enredo e que poderiam ser resumidas pelo
narrador com uma frase.
A orientação mais importante relacionada ao
diálogo é que você só aprende com a prática e
com uma leitura crítica (aquela mencionada no
módulo 1). Aprenda a unir o útil ao agradável e
a usar as leituras que você faz por prazer
também como objeto de estudo.
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funções do diálogo
1) Revelar informações sobre seu personagem:
O próprio irá dizer (explicitamente ou não),
coisas sobre si e sobre os outros personagens
dentro do seu ponto de vista. O mais
importante dessa função é lembrar que é o seu
personagem quem está falando, logo, ele
possui uma perspectiva sobre si e sobre os
outros muito específica, ainda que distorcida.
Se ele também for o narrador, então
você pode manter a mesma forma de falar e o
posicionamento do personagem, se ele não for
o narrador, fique atento para não cometer o
erro da voz única, quando a narração
permanece idêntica em todos os pontos de
vista. Falaremos sobre isso mais para frente.
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1) Completar uma ação:
Vamos supor que o narrador diga que os
personagens estão entrando em uma casa
velha de madeira. Depois dessa introdução
apresentada, o narrador não precisa mais falar,
porque os próprios personagens podem
movimentar a cena, enquanto a história se
desenvolve.
Exemplo 1: Jana, Carlos e Maria caminhavam
pela mata em direção a uma antiga casa. Com
cuidado, Jana andava por entre os galhos
espalhados pelo chão. Ela estava apavorada.
Durante o trajeto, Carlos tentava acalmá-la,
carinhoso como sempre. Ao assistir a cena,
Maria reclamou, seguindo apressada em
direção a casa.
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Exemplo 2:
Jana, Carlos e Maria caminhavam pela mata
em direção a antiga casa.
— Eu estou com muito medo — disse Jana,
andando a passadas lentas.
— Calma, estou aqui com você — Carlos
segurou a sua mão, a acariciando
com o polegar. Jana sorriu com as bochechas
coradas.
— Vocês vão começar de novo? — Maria
revirou os olhos, andando com mais
velocidade até o destino.
No exemplo 1, o narrador nos apresenta a cena,
mas pela forma que ela é construída não
conhecemos os personagens de fato.
No exemplo 2, é possível perceber a relação
entre os personagens, a maneira que falam e
um pouco da sua personalidade ao mesmo
tempo em que a cena acontece.
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3) Equilíbrio com a narração e aproximação
personagem-leitor
No livro "O que Aconteceu com Annie" temos a
seguinte cena:
“— Então, a carta de recomendação é
excelente.
Só podia ser, eu mesmo a escrevi.
— Tudo aqui é impressionante.
Mentir é uma das minhas especialidades”
Esse exemplo nos faz prestar atenção em dois
pontos, tanto a maneira que a autora brincou
com a narração e com o diálogo, quanto às
pistas sobre quem é o personagem. Essa
história é narrada em primeira pessoa pelo
protagonista e o rapaz que conversa com ele é
o diretor da escola que está o contratando.
Uma pessoa que forja a sua própria carta de
recomendação, claramente possui um certo
desvio de caráter. Para completar, o próprio
personagem assume que mentir é uma de
suas especialidades.
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Observe que ele diz isso enquanto uma cena
em que ele está mentindo acontece.
Destrinchando esse diálogo podemos perceber
quantas técnicas estão embutidas nele,
inclusive a “mostre, não conte”.
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discursos
Existem formas, segundo a língua portuguesa,
de apresentar falas e pensamentos dos
personagens em um texto. São os três tipos de
discurso:
a) Discurso direto: é que o conhecemos,
quando usamos travessão e eles se
comunicam através das falas. O que o
personagem diz carrega suas características
linguísticas.
b) Discurso indireto: quando o narrador fala,
mostrando o que acontece através do seu
ponto de vista.
c) Discurso indireto livre: é uma união dos
discursos anteriores. É uma narração em
terceira pessoa, onde há interrupções do
personagem que está em foco narrativo.
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Ao ler, parece que o narrador está absorvendo
as dores e impressões de quem está em foco,
mas, tecnicamente, se trata de uma
interferência do próprio personagem.
Para ilustrar, trarei um exemplo do livro Escrita
Criativa para Iniciantes, do Marcelo Spalding:
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo
temerário. Para que estar catando defeitos no
próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.”
(Graciliano Ramos).
pensamento da
personagem no meio
da narração
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pontuação
Ao escrever um diálogo usa-se travessão. É
comum em histórias norteamericanas e
inglesas o uso de aspas, mas não no Brasil. O
uso das aspas pode dificultar a leitura e,
consequentemente, o entendimento do texto.
É possível usar aspas quando um pensamento
de personagem interrompe a narração. Ao
interromper um diálogo para incluir uma
narração, também usa-se travessão. E, toda vez
que um novo personagem fala, muda-se o
parágrafo. Por exemplo:
— Marcela, você viu aquele gato preto? —
perguntou Carmen, olhando em volta.
— Não, você deve estar vendo coisas de novo —
A amiga segurou o riso, deixando o cômodo.
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Após o travessão não se usa ponto quando o a
palavra que vier a seguir for um verbo dicendi,
além de ele vir com letra minúscula. “Dicendi”
significa “verbos de dizer” e eles servem,
justamente, para esse referir a forma que um
personagem está falando. Pedir, gritar,
perguntar, etc., são verbos dicendi.
Se após o diálogo vem uma cena, como na
parte que está grifada, então antes do
travessão tem um ponto e, logo, a frase
seguinte começa com letra maiúscula.
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aquilo que
não é dito
a) Tom de voz: quando as pessoas falam, elas
usam um tom de voz específico. Às vezes estão
sendo irônicas, às vezes podem estar mentindo
e tudo isso pode ser passado através de um
bom diálogo. Você pode escrever:
— Saia — gritou.
Ou você pode dizer:
— Saia!
É notável a diferença que uma pontuação
agrega ao diálogo. O tom de voz de um
personagem, dependendo das palavras ditas,
também ficam implícitas. Tente escrever uma
fala que passe o máximo possível de
informações e emoções para o leitor através
desses artifícios.
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b) Descrição de diálogo: o diálogo acontece
enquanto outras coisas também estão
acontecendo e esse é o princípio desse tópico.
É importante aprender a equilibrar as falas dos
personagens, com o que as movimentações ao
redor, a percepção dos personagens sobre o
que os outros falam, etc. Por exemplo:
— Olá! — Ana disse sem olhar em meus olhos.
— Olá? Como você tem a coragem de aparecer
aqui assim? — Levantei, batendo na mesa. A
vontade era de gritar, mas não queria chamar
mais atenção.
— Luiza, por favor! — Roberta colocou uma de
suas mãos em meus ombros. — Ouça o que ela
tem a dizer.
— Eu vim pedir desculpas, Luiza — Ana se
aproximou. Seus olhos estavam marejados,
mas aquela cena não me comovia mais.
Todos as falas estão com descrições logo após.
A cena possui 3 personagens e, por isso, é
preciso saber descrever o que cada uma está
fazendo ao lado da fala da personagem.
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Evite colocar a ação de uma personagem ao
fim do que outra fala, pois isso pode confundir
muito o leitor.
Quando tem mais de uma pessoa na cena, é
interessante que, quando uma se refere a outra
especificamente, ela fale seu nome. Talvez você
ainda não tenha percebido, mas fazemos isso
na vida real também. Isso ajuda ao leitor:
Fixar o nome das personagens;
Entender quem está fazendo o quê;
Perceber quem disse cada fala;
Não se perder no meio da cena.
A descrição também está relacionada com a
movimentação da cena. Como foi possível
perceber, dá para conhecer o ambiente
enquanto os personagens se movem. Não é
necessário escrever um parágrafo enorme e
cansativo sobre a ambientação do local se você
pode integrar tudo isso aos diálogos.
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c) Local em que a cena acontece: é importante
entender a dinâmica do local em que os
diálogos acontecem, pois, a forma que as
pessoas se comportam em público é bastante
diferente do comportamento em locais
privados.
Lembre-se que as pessoas podem gritar,
sussurrar, se afastar das outras para falar sobre
assuntos mais pessoais, etc. Parece um
detalhe, mas fazer seu personagem agir de
forma incoerente em público ou no privado
pode deixar o leitor confuso.
Exemplo: você está escrevendo um diálogo em
que um casal está em fase de divórcio. A
discussão começa num restaurante e termina
em casa. Com certeza a forma de agir no
restaurante terá muito mais informações
implícitas do que explícitas, ao contrário das
ações em casa.
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exercício
Reavalie os diálogos que você têm
escrito em sua história e note se você:
1) Cumpre as funções do diálogo;
2) Não comete os erros mais comuns.
Caso note erros em seus diálogos, basta
sinalizar e, no momento da releitura
final, corrija-os.
uma história
narrando
módulo 5
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como escolher
o narrador?
O narrador é o pilar principal de um livro. Ele
determina a forma que o conteúdo será
trabalhado e como isso chega ao público.
Através do narrador, o leitor vai conhecer a:
a) sua história;
b) forma que isso vai acontecer,
c) linguagem
d) o que é revelado;
e) como e quais personagens
serão apresentados;
O narrador, inclusive, é um personagem que
você cria. Não necessariamente ele fala da
mesma maneira que você, nem usa as mesmas
expressões, ainda que a história esteja em
terceira pessoa. Pense nele como um
personagem.
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Para decidir se a sua história será em primeira
ou terceira pessoa, que é a dúvida da maioria,
você precisa pensar em dois fatores:
1) O que eu quero que meus leitores sintam?
2) A partir de qual perspectiva eu consigo
atingir esse objetivo?
Um bom exemplo disso é que no meu livro,
Entre Caixas, usei os dois narradores
justamente porque precisava que o leitor
sentisse de formas diferentes.
A história é dividida em quatro partes, em três
delas usei o narrador observador, mas em uma
parte específica, em que o antagonista da
personagem eram seus próprios medos e
pensamentos, precisei usar a primeira pessoa.
Assim, o leitor consegue sentir exatamente
como o personagem sente.
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Pensar sobre quem conta a sua história,
também é pensar no tom de voz.
Diferente do tom de voz do personagem, aqui
é preciso decidir o tom em que você contará a
história. Cada narrador tem sua forma de falar,
explicitar os sentimentos dos personagens, se
será mais formal ou coloquial, se usará gírias. O
tom de voz depende do:
a) Gênero da história: se o seu livro é de terror e
você quer passar certa tensão, provavelmente
seu narrador assumirá um tom mais sério,
usará de algumas figuras de linguagem para
transmitir sensações e sentimentos e não será
muito brincalhão;
b) Público-alvo do livro: caso seus leitores
sejam jovens adolescentes, seu narrador pode
usar de ironia e sarcasmo e fazer brincadeiras
ao longo da narração;
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c) Tema da história: já se seu livro aborda
temas que precisam ser tratados com
seriedade, seu narrador precisará assumir certa
postura, já se seu livro trata de um tema
pesado, mas você quer manter a leitura leve,
será outro tom.
Como descobrir qual o tom certo?
Você precisa escrever. Não é algo que você
simplesmente decide, o tom de voz nasce
junto com o planejamento da história. No
momento que esses três pontos são
ponderados e você começa o seu processo de
escrita, basta ter um pouco de tato para
entender o que é melhor para o seu livro.
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narrador
onisciente
O narrador onisciente, que também é
onipresente, é um dos mais utilizados.
Normalmente, ele é usado em terceira pessoa
e não se trata de um personagem da história.
Esse narrador sabe exatamente o que se passa
com todos os personagens, seus sentimentos e
pensamentos e pode até “prever o futuro”,
soltando informações e pistas que podem
contribuir futuramente para o enredo.
Existe um mito literário de que o narrador em
terceira pessoa é imparcial e narra a história de
forma neutra, sem se envolver, mas isso não é
uma regra.
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Se um narrador em terceira pessoa tem o foco
narrativo na protagonista e conta a história da
perspectiva dela, ele pode sim soltar
informações ao mesmo tempo que coloca suas
opiniões e seus sentimentos, quase como se
estivesse absorvendo o pensamento daquele
personagem. O foco narrativo pode:
1) Estar em um mesmo personagem a história
inteira;
2) Mudar de personagem ao longo da história,
narrando as vivências de um e depois de outra
pessoa;
Quando se trata do narrador em terceira
pessoa, foco narrativo e pontos de vista são
termos que se confundem, pois ambos variam,
diferente do narrador personagem, como
veremos mais à frente. Quando o foco
narrativo é em terceira pessoa, ele pode
mudar, já que o narrador tem a liberdade de
passear pela história.
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Entretanto, é bom evitar alternar muitos
pontos de vista. Como disse Modesto (2020), é
como se o narrador colocasse uma câmera em
cima da cabeça de um personagem,
acompanhando-o por todos os lados.
Se essa mudança acontecer muitas vezes,
principalmente ao unir vários personagens
numa mesma cena, pode ser confuso para
você escrever ou para o leitor acompanhar.
Uma boa indicação de livro sobre pontos de
vista é Gone Girl (Garota Exemplar, em
português). O livro possui duas narrações, uma
de Nick Dune, o marido, e outra através do
diário de Amy Dune, a esposa.
Nó livro, é interessante perceber como nós
mudamos de opinião sobre a história toda vez
que termina uma narração, justamente pela
apresentação dos diferentes pontos de vista,
permitindo que o leitor tire suas próprias
conclusões.
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importante
Esse tópico tem um adendo: em algumas
séries, como How I Met Your Mother e
Euphoria, os protagonistas aparecem como
narradores oniscientes. Teoricamente, não faz o
menor sentido, já que eles não têm como estar
em determinados ambientes e saber o que se
passa quando não estão presentes, mas os
roteiristas e diretores tomaram essa liberdade
artística e funcionou muito bem.
Ted Mosby, protagonista de HIMYM, vez ou
outra comete erros na narração e afirma que
não lembra de uma cena ou outra. Já a Rue, de
Euphoria, narra tudo com muita propriedade,
situações de um passado distante, antes
mesmo dela existir, até cenas que a
personagem em si ainda não descobriu. O que
poderia ser um fiasco se tornou um agregador,
já que os telespectadores passaram a criar
várias teorias por conta disso.
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Alguns livros afirmam que o narrador
onisciente não é a melhor opção, pois
enfraquece a história já que ele conta
absolutamente tudo. Sendo preferível o
narrador onisciente seletivo, que tenha um
foco mais delimitado no ponto de vista de
alguém para gerar suspense e curiosidade nos
leitores.
Uma narração nesse sentido, ainda que tenha
outros personagens envolvidos, não falará
sobre os sentimentos e pensamentos não
explícitos ou não ditos por outros personagens
se não aquele que está no foco.
Acredito que, se bem feito, aplicando
determinadas técnicas (como o "mostre, não
conte", integrando narração ao diálogo, etc.)
esse problema não acontecerá.
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narrador
personagem
protagonista
Como o próprio nome diz, esse narrador faz
parte da história e conta aos leitores situações
que aconteceram consigo em primeira pessoa
(eu). Essa é uma boa escolha quando você quer
conectar imediatamente o leitor com a história
e com as dores e objetivos do personagem, já
que ele estará falando de si e do seu ponto de
vista em todo o tempo.
Quando narra algo que já aconteceu, o
narrador também tem a possibilidade de
deixar pistas para o leitor, o que pode ser uma
ótima tática para deixá-lo curioso com o que
está por vir.
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Quando narra fatos que estão acontecendo no
presente, acompanhamos o andamento da
história juntamente com o personagem, o que
pode nos aproximar da história.
Outro ponto interessante de usar o narrador
personagem é se conectar diretamente com o
seu público-alvo. O narrador personagem vai
se comportar, falar e pensar de uma maneira
que o leitor possa se identificar. Por exemplo,
quando um narrador adolescente usa
expressões coloquiais durante a narração.
Há um livro que estou escrevendo que se passa
em Salvador, na Bahia, e todo o cenário gira em
torno de uma disputa pelo controle do tráfico
em favelas. As histórias são narradas por dois
personagens principais e, devido ao contexto, é
importantíssimo que eles usem gírias e façam
o leitor se sentir dentro daquele cenário, que é
distante da realidade de muitos, ao mesmo
tempo em que é necessário que baianos, ao
lerem o livro, se identifiquem com aquele local.
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foco narrativo
x
ponto de vista
É necessário estabelecer aqui a diferença entre
foco narrativo e ponto de vista do narrador
quando se trata de um personagem. No caso
do narrador personagem, conhecemos apenas
os pensamentos, memórias, ações e descrições
da forma que aquela pessoa vê, sente e
imagina. Já o foco narrativo desse personagem
pode mudar.
Se o seu personagem está numa escola, por
exemplo, e está acontecendo ao mesmo
tempo um jogo de futebol no campo, uma
briga entre amigos ao seu lado e um pedido de
namoro na arquibancada, ele pode narrar
apenas o jogo, ainda que cite que as outras
situações estão acontecendo ao seu redor.
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Como podemos perceber, o foco narrativo do
personagem pode mudar. Mas, independente
do que ele estiver narrando, o ponto de vista
será sempre seu.
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narrador
personagem
coadjuvante
No livro Escrita Criativa para Iniciantes, o
escritor Marcelo Spalding cita um exemplo
perfeito sobre o uso de personagens
narradores que não são os principais: em um
trecho de Um Estudo em Vermelho, de Sir
Arthur Conan Doyle, ele destaca uma cena em
que Sherlock e Watson conversam, mas é esse
último quem narra. A ideia de usar Watson
implica em dois fatores:
a) Se Holmes se vangloriasse e narrasse toda a
sua inteligência do seu próprio ponto de vista,
poderia soar inverossímil e egocêntrico, mas
quando vem de Watson, alguém que convive
com ele, parece muito mais real;
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b) O fato do narrador ser alguém comum e não
com inimagináveis habilidades mentais - como
o leitor provavelmente é - faz com que haja
essa aproximação, por ser mais difícil
acompanhar os pensamentos de Sherlock.
Ou seja, podemos perceber que a função do
narrador coadjuvante pode ser aproximar o
leitor do protagonista, ainda que através de
uma perspectiva diferente.
No geral, um narrador em primeira pessoa, seja
protagonista ou coadjuvante pode brincar com
o leitor. Seu narrador pode mentir e manipular
o leitor (ainda que a história deixe pistas da
verdade), contando apenas a sua versão e
permitindo que ele se compadeça, gerando
empatia e conexão ainda que ele seja o grande
vilão da história.
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a voz única
Essa é uma das perguntas que mais recebo:
"Posso misturar narradores ao longo da
história?"
Sim, você pode. Tanto o narrador onisciente e o
personagem, quanto dois personagens. Porém,
e esse é um grande porém, é preciso fazer isso
com maestria, ou suas opções de ter mais de
um narrador não servirá de nada. É preciso que
os personagens estejam muito bem definidos,
inclusive pensando em gírias, vícios de
linguagem, expressões, entre outros.
No momento em que você mudar de narrador,
lembre-se que é outro personagem que está
falando, não é possível que a sua narração
permaneça da mesma forma, ainda que eles
contem exatamente o mesmo evento.
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Pense que você e sua amiga presenciaram
uma briga. Ao contá-la, vocês com certeza
fariam de formas diferentes. Caso isso não
aconteça, sua história terá uma única voz e o
fato de você ter mais de um narrador será inútil
e passará despercebido.
exercício
Descreva uma cena em que dois
personagens se reencontram depois
de anos se ver, mas do ponto de vista
de cada um deles.
descrições
cenas e
módulo 6
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mostre,
não conte
Durante todo esse módulo falei repetidas vezes
sobre “mostrar e não contar”, mas nesse tópico
gostaria de explicar a diferença entre mostrar e
contar e como exatamente essa técnica
funciona.
Ainda que a essa altura você acredite que saiba
como fazer tudo isso, muitos escritores
experientes ainda cometem o erro de contar o
tempo todo para o leitor algo que é de
responsabilidade dele entender.
Se eu digo:
“Ricardo está triste”, eu estou contando.
Porém, se eu digo:
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“Ricardo chorava sem parar, sozinho no canto
da sala”, eu estou mostrando e (dependendo
do contexto, é claro) você pode entender que
ele está triste.
De acordo com o livro “Show, don’t Tell” da
escritora Sandra Gerth, eis as diferenças entre
mostrar e contar:
a) Contar acontece quando você explicita aos
seus leitores conclusões e interpretações de
cenas, muitas vezes as deixando repetitivas.
Isso impede que o leitor pense por si mesmo e
aproveite a experiência da leitura, de imaginar
e sentir.
Gerth exemplifica que contar um livro dá a
mesma sensação de ler sobre um acidente de
carro num jornal. Mostrar, é como se você
estivesse vivendo o momento do acidente
junto com os personagens.
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b) Mostrar permite que o leitor una os detalhes
de um cenário e sinta os acontecimentos com
os seus cinco sentidos e a imaginação, tirando
suas próprias conclusões das cenas.
Contar te mostra fatos, mostrar te dá
emoções.
E toda essa reflexão feita pela Sandra Gerth é
uma ótima forma de introduzir o tema para
que seja mais fácil aplicar essa técnica na hora
da escrita.
Parece uma teoria de fácil compreensão, mas
nossos vícios de escrita nos impedem de
aplicá-la e é por isso que será preciso atenção
no momento da releitura. Na página seguinte
vou apresentar o que a Sandra chama de “red
flags”, ou seja, alguns sinais que aquilo que
você escreveu está contando e não mostrando:
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conclusões
Quando você narra uma cena e, em seguida,
explica aos seus leitores o que isso significa:
— Luna, eu preciso falar com você — Sarah
segurou as mãos da namorada.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou
Luna, franzindo o cenho.
— Eu acho que… Bem, não sei como dizer isso.
Ultimamente, as coisas mudaram entre nós e…
Sarah gaguejava, desviando o olhar. Ela estava
prestes a terminar a relação.
Se o leitor fizer uma interpretação mínima da
cena, pelas frases “clichês”, as palavras usadas,
os olhares desviados, entre outros elementos, é
fácil perceber que Sarah quer terminar a
relação com Luna, não é preciso uma
conclusão ao final da cena.
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linguagem abstrata
Quando o seu leitor não conseguir visualizar a
cena narrada, você está contando. Usar termos
vagos no momento da narração é um
obstáculo enorme para o leitor. O exemplo
presente no livro “Show, don’t tell” nos permite
compreender esse tópico.
“Ela checou os sinais vitais do homem.”
De quantas formas é possível checar os sinais
vitais de alguém? Como faz isso? Ao ler essa
frase, não é possível criar uma imagem
imediata.
“Ela se curvou e colocou dois dedos em seu
pescoço, sentindo um pulso fraco na ponta de
seus dedos”.
Com esse segundo exemplo é possível
imaginar exatamente cada ação.
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resumos
Sempre que você resume cenas importantes,
você está contando. Cada gênero literário tem
cenas marcantes, como o primeiro beijo do
casal em um romance, ou quando um
personagem morre em um suspense, uma
cena de medo no terror, etc.
Você provavelmente já viu comentários nas
bookredes de como os leitores odeiam quando
um autor escreve “e eles se amaram a noite
toda” em vez de narrar uma cena em que o
casal tem relações. Não que seja obrigatório
narrar, mas em um livro de romance, ou com
um relacionamento que os leitores gostam,
esse se torna um ponto alto do livro e esperado
pelos leitores.
Essa frase (e as que se parecem com ela) são
odiadas justamente porque o escritor está
contando e não mostrando.
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Os leitores que não possuem entendimento de
técnicas de escrita podem até não saber
exatamente o porquê não gosta que o autor
resume, acha que se trata de uma simples
curiosidade, quando na verdade há muito mais
envolvido.
No entanto, como dito por David Lodge no seu
livro "A arte da ficção", o resumo é válido
quando precisamos passar informações
desinteressantes no texto.
O que não é recomendado que aconteça, é
que seu texto se torne um apanhado de
resumos e não uma narração.
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Sempre que você resume cenas importantes,
você está contando. Cada gênero literário tem
cenas marcantes, como o primeiro beijo do
casal em um romance, ou quando um
personagem morre em um suspense, uma
cena de medo no terror, etc.
Você provavelmente já viu comentários nas
bookredes de como os leitores odeiam quando
um autor escreve “e eles se amaram a noite
toda” em vez de narrar uma cena em que o
casal tem relações. Não que seja obrigatório
narrar, mas em um livro de romance, ou com
um relacionamento que os leitores gostam,
esse se torna um ponto alto do livro e esperado
pelos leitores.
Essa frase (e as que se parecem com ela) são
odiadas justamente porque o escritor está
contando e não mostrando.
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backstory
Quando você relata determinados
acontecimentos, como em um livro de história,
você está contando. Um ótimo exemplo disso é
quando, principalmente em histórias de
fantasia, os autores decidem começar o
prólogo com um resumo do passado do
personagem, ou explicando o mundo. Evite
fazer isso. Falaremos mais sobre esse assunto
mais à frente no módulo de Criação de Mundo,
mas é importante que seus leitores conheçam
seu mundo e personagens enquanto a história
se desenvolve.
adjetivos e advérbios
Como já conversamos, sempre que possível,
evite advérbios e adjetivos. Óbvio que você não
vai deixar de usá-los, basta ter um filtro para
não passar do ponto.
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Para saber como substituir advérbios e
adjetivos apropriadamente, basta pesquisar
quais atitudes precisam ser tomadas para que
aquela característica seja perceptível. Em vez
de escrever “Lucas estava feliz”, se pergunte o
que Lucas estava fazendo para parecer feliz? Se
não são atitudes explícitas, você pode usar
sensações físicas.
verbos de ligação
Esses verbos têm a função de unir o sujeito a
uma característica. Assim como no tópico
anterior, você não vai banir o uso, mas sempre
que for possível substituílos por uma descrição.
Ser, estar, parecer, ficar, por exemplo, são
verbos de ligação. Eles demonstram na história
uma ação praticada ou sofrida e, normalmente,
eles vêm acompanhados de adjetivos. O
exemplo do tópico anterior “Lucas estava feliz”,
vale para esse também, pois “estar” é um verbo
de ligação.
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nomear emoções
Continuamos com o exemplo dos tópicos
anteriores. “Feliz”, “triste”, “bravo”, “assustado”,
“amargurado”, etc. Sempre que possível
mostrar ao seu leitor as ações que o vão fazer
compreender que o personagem se sente
assim.
palavras-filtro
Esse é um conceito que não é muito
disseminado no Brasil, mas a autora Sandra
Gerth explica que são termos que descrevem o
personagem percebendo ou pensando algo.
Aqui se encaixa as seguintes palavras: viu,
cheirou, ouviu, assistiu, percebeu, soube, entre
outras. Durante todo esse tópico foi aprendido
que é preciso mostrar ao leitor como os
personagens se sentem, mas não é por essa
razão que você limitará a descrição de uma
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cena a um simples resumo de algo, quando
você pode explicar com maior riqueza de
detalhes.
Eis o exemplo usado pela autora:
Contar: “Tina percebeu que perdeu as chaves”.
Mostrar: Tina colocou as mãos nos bolsos.
Droga! Sequer imaginava onde as teria
perdido.
exercício
Em um livro que está escrevendo, ou
em um livro que você gosta, busque por
cenas que estão sendo contadas e não
mostradas e tente reescrevê-las de uma
forma melhor.
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como criar
cenas
É um comportamento comum de quem está
começando a escrever não saber como
escrever cenas, ter dúvidas se está escrevendo
demais ou de menos e acabar fazendo
enormes parágrafos listando fatos importantes
e fazendo saltos temporais na história. Isso se
relaciona com os “resumos” que falamos no
tópico anterior. Por isso a grande dificuldade
de escrever contos: parece não ser possível
contar uma história em um espaço tão curto
de tempo.
Para muitos autores, é necessário
contextualizar todo o passado do personagem,
inclusive de seus ancestrais, para a história
fazer sentid (mas não é bem assim que
funciona).
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A prova disso é a quantidade de livros enormes
que temos por aí, mas que, pela minha
experiência com leitura crítica, poderiam
facilmente ser cortados pela metade.
Para desenvolver um personagem, você pode
escolher duas ou três cenas do passado dele e
mostrá-las ao seu leitor, desenvolvendo bem o
suficiente para que ele entenda a construção
do seu personagem. Manter uma cena por
mais de um parágrafo, até mesmo mais de
uma página, causa imersão no leitor, o fazendo
imaginar cada detalhe.
O autor Renato Modesto usa como exemplo
uma peça de teatro. Todas as vezes que a
cortina fecha para a troca de personagens ou
de cenário, é aquele momento em que parece
que estamos respirando novamente depois de
muito tempo prendendo o fôlego.
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Estávamos tão imersos no que acontecia no
palco que sequer percebemos o que estava
acontecendo ao nosso redor. Isso é estar
imerso numa cena e um resumo não nos
permite essa experiência.
De acordo com Modesto, existem quatro
elementos para a criação de uma cena:
a) Ações: dão a dinâmica da cena. Elas são
exteriores, explicitas, ou seja, podemos vê-las
acontecendo, se trata da movimentação em si.
É o que constrói a narrativa;
b) Descrições: o momento em que falamos
sobre a características das coisas, ambientes,
cenários, etc. Estão muito atreladas com
diálogos e ações.
c) Diálogos: já falamos sobre eles no módulo 5
e já sabemos sobre a sua importância.
d) Digressões: reflexões do narrador,
observações e algumas memórias.
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Vamos analisar o trecho a seguir do livro da
segunda parte do livro Entre Caixas, “Chame
meu nome”, para encontrar os quatro
elementos de uma cena. As observações em
torno da cena estarão em negrito:
“Seus lábios tinham sabor de sangue. Sua pele
cheirava ao desespero. Os olhos azuis quase
sem vida ainda gritavam por socorro. Seu
cabelo platinado era a única parte do seu corpo
que estava intacta e ainda exalava um perfume
doce.”
Aqui está uma descrição da aparência física da
personagem atrelada ao que acontece no
momento. Pela descrição é possível notar,
também, que a personagem está em perigo.
Vamos continuar analisando:
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“Aos poucos, suas mãos que lutavam contra o
corpo masculino a todo custo, foram perdendo
a força. Ela puxou o ar pela última vez.
— Chame o meu nome — sussurrou em seu
ouvido.
— Richard... — sibilou.
— Desculpe, Violet — encostou seus lábios nos
dela novamente.”
Esse primeiro diálogo apresenta o nome das
personagens e traz um elemento para a
trama, agora o título faz sentido para os
leitores.
"Ao sentir o corpo desfalecer sob si, Richard
afrouxou os dedos que seguravam o pescoço
da garota pálida. Ainda que despido, o corpo
de Violet já não era mais atrativo, não sem a
possibilidade de ouvi-la chamar o seu nome.
Ele se levantou da cama, vestiu suas roupas e
abriu as cortinas para que a luz do luar
preenchesse o ambiente.
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Richard tirou da mochila a sua câmera
fotográfica, buscou pelo ângulo perfeito e
começou a sessão de fotos. Antes, ajeitou uma
mecha do cabelo dela que estava fora do lugar.
Após tirar as melhores fotos, cobriu a garota e a
observou por alguns segundos na esperança
de assistir seu corpo voltar à vida
milagrosamente, mas não aconteceu. Nunca
acontecia. Ele deixou o quarto e abandonou
Violet coberta por um fino lençol naquela
madrugada fria. Não que fizesse alguma
diferença."
Nesse momento, vemos as ações. É possível
perceber a movimentação do personagem. O
ato de levantar, cobrir a garota, etc. Tudo isso
nos faz ver o que está acontecendo. Atrelado a
narração, houve algumas digressões.
Quando o narrador diz “Nunca acontecia”, faz
com que o leitor entenda que aquela ação de
Richard é recorrente. Já o “Não que fizesse
alguma diferença” traz certa personalidade ao
narrador.
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Lembra quando comentamos que não é
porque o narrador é em terceira pessoa que
ele será neutro em relação ao que acontece?
Eis a prova.
É interessante destacar que, enquanto eu
escrevia essa cena, não pensei nesses detalhes
propriamente ditos. O fato de já possuir
determinados conhecimentos em escrita
atrelados à prática nos permite aplicá-las cada
vez de forma mais natural. O momento de
releitura também é perfeito para isso.
“Eram três da manhã. Ao longe era possível
ouvir o som de gritos e música. Óbvio que na
madrugada de segunda os universitários
estariam festejando em algum lugar, não
importava se teriam aula em algumas horas.
Richard atravessou o campus a pé, observando
luzes de festa piscando há alguns quilômetros.
Lembrou-se do seu tempo de universitário,
todas as noites vivia as melhores festas de sua
vida, mas agora já não tinha mais idade para
beber até cair.
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Primeiro, porque a ressaca aos 22 anos não é a
mesma aos 28. Segundo, que ele se sentia em
uma vitrine, exposto, todos tirando fotos e
gravando vídeos o tempo todo. Ele não gostava
de aparecer, seu trabalho era atrás das
câmeras."
Nas partes destacadas observamos as
digressões, as reflexões do narrador. Ele tem
conclusões sobre a vida dos universitários, por
exemplo, e as expõe. Além disso, ele retoma
memórias de Richard sobre a vida quando
mais novo. Para completar, traz uma
importante informação a ser analisada: o
personagem não gosta de exposição, vive nas
sombras, pois “seu trabalho é atrás das
câmeras”. Ligando essa informação ao
momento em que ele tira sua câmera da
mochila, podemos entender que ele trabalha
com fotografia.
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“Quando se sentou em seu carro, prestes a ir
para casa, recebeu uma ligação:
— Certeza que você estava transando com
alguma universitária! — disse, assim que
Richard o atendeu.
— Você me conhece, Steve — Richard riu.
— Estou na festa do Mark, você não vem?
— Merda! — Richard olhou o relógio. — Esqueci
completamente.
— Ele vai ficar puto se você não aparecer...
— A patroa liberou você para sair hoje, foi? —
Richard brincou.
— Vá à merda, Rich.
Observe as funções de um diálogo. Com uma
frase podemos inferir várias informações sobre
os personagens. Pelas primeiras frases
destacadas é possível perceber que os amigos
de Richard sabem que ele é do tipo “pegador”
e se ele sai com várias garotas, o leitor pode se
perguntar se ele faz o mesmo que fez com
Violet com todas elas. Ainda que esse
processo não seja consciente, é possível deixar
uma pulga atrás da orelha.
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Com a pergunta que Richard fez para Steve
somado ao fato do narrador afirmar que
Richard brincou, supomos que não se trata de
uma “patroa” de verdade, mas talvez de uma
namorada ou esposa de Steve que não
permite que ele saia tanto.
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descrições
A descrição acontece quando precisamos
mostrar ao leitor como são os personagens, os
lugares, etc. O ideal no momento da descrição
é escolher as características mais pertinentes
para que aquele ambiente fique gravado na
mente do leitor como único.
De acordo com Renato Modesto, existem dois
tipos de descrição: denotativa ou objetiva e
conotativa ou subjetiva. Você provavelmente
deve ter ouvido esses termos durante os
tempos na escola, certo?
A descrição objetiva, como o próprio nome já
diz, vai direto ao ponto, demonstrando como é
aquele determinado ambiente. Já a descrição
conotativa usa metáforas e é aqui onde
precisamos conversar.
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Muitos escritores acreditam que a melhor
maneira de descrever é essa, deixando o texto
cansativo e repetitivo. Além disso, usar
metáforas clichês torna seu texto ainda mais
fraco, como se você não tivesse criatividade o
suficiente ou não se esforçasse para tentar sair
do convencional.
Outro ponto a ser abordado é: evite descrever
elementos que não são importantes para a
trama. Um dramaturgo chamado Tchekhov
uma vez disse que “se no primeiro ato você
coloca uma pistola na parede, ela tem que ser
disparada até o terceiro”.
Ele se referia a peças de teatro, mas vale aqui
também. Se você vai descrever um elemento,
gastar linhas da sua história e chamar atenção
do leitor, esse elemento precisa ser importante
para a trama. Não engane seu leitor ou perca o
tempo dele o fazendo se interessar por algo
irrelevante.
escrevendo
um conto
módulo 7
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Uma das perguntas que mais recebo sobre
esse gênero é: “qual o tamanho de um conto?”.
Pensar na estrutura do gênero é mais fácil, mas
como também gosto de um número para ter
como base, vou compartilhar o que encontrei
em um artigo escrito por Fernando Vrech
(2017):
Miniconto: até 1.000 palavras
Conto: entre 1000 e 7.500 palavras
Noveleta: entre 7.500 e 17.500 palavras
Novela: entre 17.500 e 40.000 palavras
Romance: acima de 40.000 palavras
Como eu gostei dessa explicação, adotei para
mim, mas não precisa seguir esses números
tãaaao ao pé da letra, tudo bem?
Então, vamos ao que interessa, como é a
escrita de um conto?
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1) Sua história terá apenas um tema para ser
trabalhado e discutido, até porque você não
terá espaço para discutir muita coisa. Não
precisa de subtramas, nem muitas reviravoltas.
2) Os cenários também serão limitados. Seu
enredo se desenvolverá em poucos ambientes.
Tente não se apegar muito a detalhes que não
são relevantes só para incrementar a
imaginação do leitor ao descrever esses locais.
Aqui só o mais importante irá para o livro.
3) Seu conto terá poucos personagens. Lembra
o que conversamos sobre os personagens
terem funções? Aqui isso é ainda mais
imprescindível. Se aparece aquele parente que
tem só um diálogo, ou a melhor amiga que
surge em duas cenas, deixa passar. Tenha um
protagonista, um ou dois secundários e vá com
Deus.
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4) Não economize sua criatividade. Faça o
possível para impactar o seu leitor da primeira
linha até a última. Principalmente quando se
trata de histórias curtas, não tem isso de
começar o capítulo mais tranquilo e deixar
para animar as coisas depois.
5) Lembra de quando você fez redação do
ENEM? Ou do que te ensinam sobre ela?
Introdução, desenvolvimento, conclusão.
Comece apresentando o problema, seus
personagens e o ambiente. Desenvolva o
conflito e como seus personagens passarão por
ele e finalize de uma forma impactante e
coerente.
6) No tópico acima eu falei sobre um único
conflito e aqui explicarei melhor sobre. Ao
contrário de uma história maior, onde vai
surgindo a sequência conflito > consequência >
conflito ao longo do livro, o conto terá apenas
um conflito e ele deverá sustentar toda a sua
história.
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7) Pense no que você quer causar em seus
leitores e como você vai contar isso. Qual
sentimento você quer causar? Deixe isso bem
claro no momento da escrita para você traçar
suas estratégias.
8) Não desperdice, de forma nenhuma,
parágrafos e diálogos repetindo informações.
Lembre-se da objetividade.
9) Planeje! E nem precisa planejar muito não.
Defina algumas cenas de virada e isso pode ser
o suficiente já que a complexidade de um
conto é muito menor que a de um romance.
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exercício
Escreva um miniconto de acordo com
as orientações abaixo:
1) Escolha um conflito, um único
problema que seus personagens
precisarão enfrentar. Sinta-se livre
quanto ao gênero da história.
2) Crie dois personagens principais para
o seu miniconto.
3) Antes de escrever, planeje as cenas
que estarão presentes na história. Faça
uma lista com todos os acontecimentos
mais importantes do conto
.
4) Se desligue da autocrítica e apenas
escreva livremente.
estrutura do
enredo
módulo 8
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elementos
que o compõe
O enredo é a história que você conta e
estruturá-lo, que é o que chamamos de
planejamento literário, se trata da maneira que
você organiza os fatos da história que você vai
contar. Ele pode ser dividido em três grandes
fases: apresentação, desenvolvimento e
resolução, essas fases são chamadas de atos e
vamos trabalhar melhor esse conceito em
breve. Vamos então aos elementos:
1) Temas
Normalmente, as histórias abordam temas. No
seu enredo, por exemplo, você pode discutir
violências sociais como racismo ou LGBTQIA+
fobia, falar sobre as consequências da
tecnologia na sociedade, como em Black
Mirror, ou o que sua criatividade permitir.
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Um dos maiores erros do escritor iniciante é
tratar de vários temas no seu livro e não
conseguir se aprofundar em nenhum deles. Se
você quiser escrever uma história longa ou
uma série de livros, você pode sim abordar
vários temas e criar vários núcleos de
personagens diferentes, assim você terá tempo
de trabalhar bem cada um deles. Caso
contrário, escolha um ou dois temas no
máximo.
Se você simplesmente jogar assuntos
polêmicos no seu livro, sua história vai
enfraquecer e o leitor vai esperar o
desenvolvimento de um assunto que nunca
chegará, pelo menos não da maneira esperada.
Isso pode fazer com que seu público pense que
você está fazendo o chamado “tokenismo”. Isso
acontece quando as pessoas usam as minorias
sociais apenas como forma de mostrar aos
outros que seu trabalho é sim inclusivo e/ou
representativo, buscando chamar atenção de
um determinado público e não ser apontado
como alguém preconceituoso.
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2) Encadeamento
É comum também inserir no enredo diversos
acontecimentos que não possuem relação
entre si.
Por exemplo, a melhor amiga da personagem
principal possui uma doença e durante todo o
enredo há uma comoção em torno disso, mas
o tema não é bem trabalhado e o fato dela ter
essa doença não faz diferença nenhuma no
enredo.
Sua história precisa de encadeamento. As
situações que acontecem precisam,
necessariamente, estar interligadas e afetar
umas às outras, ou não fará o menor sentido
acrescentá-las na sua história. É o mesmo
princípio do Tchekhov.
3) Conflito
O que move uma história é o conflito. Falei
sobre ele rapidamente no módulo de
personagens, mas aqui vou ser mais específica.
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O conflito se trata de algo que rompe com o
equilíbrio narrativo. Por exemplo:
"Andréia está andando na rua até que…"
Somente o uso do “até que” faz você entender
que algo novo vai acontecer, te deixando
curioso sobre o que está por vir.
"Até que encontra seu ex-namorado, Marcos."
E então eu te encaminhei para mais um passo,
pois é o momento em que você se pergunta
sobre quais serão as possíveis reações? Será
que o término foi tranquilo? Eles vão se
cumprimentar? Passar direto um pelo outro?
Assim vou te prendendo na minha história até
encontrar o desfecho.
Se a personagem estivesse apenas andando na
rua, cheirando flores, sorrindo para as pessoas,
em cinco minutos você desistiria de ler porque
o segredo de uma boa narrativa é, justamente,
um bom conflito.
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Como saber se o seu conflito é bom? Alguns
elementos precisam estar em acordo:
O problema que desequilibra o enredo precisa
ser convincente. Se for algo que pareça bobo,
que pode ser resolvido de forma rápida, então
não vale a pena investir nele, pois os leitores
estão curiosos para saber exatamente como
resolver aquela questão.
Um exemplo muito bom disso é o filme
Homem Aranha - Sem Volta Para Casa. Após
todos descobrirem que o Homem-Aranha é o
Peter Parker, tanto Peter quanto sua
namorada e seu melhor amigo não são
aprovados na Universidade. Para tentar
resolver o problema, Peter vai até o Doutor
Estranho pedir por um feitiço e então o Doutor
Estranho diz: “Você já tentou ligar para a
reitora?”
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De repente, aquele conflito passa a ser
considerado bobo demais, muito fácil de ser
resolvido, o que torna a cena cômica. Com essa
questão resolvida, a história poderia acabar ali,
mas ao longo do filme surgem novos
problemas.
1) A motivação dos seus personagens também
precisa ser convincente. Se o que causa o
conflito, ou seja, o antagonista, não tem um
fundamento ou uma boa razão para impedir os
sonhos da sua protagonista, dê adeus ao leitor,
pois ele não torcerá pelo seu personagem.
2) O desenvolvimento do conflito também é
importante e falaremos melhor sobre o
assunto no capítulo de Progressão Narrativa.
Como seu personagem vai resolver aquela
questão? Vai choramingar o livro inteiro e
reclamar da vida ou fazer algo sobre isso? Seu
protagonista precisa agir e lutar pelo que quer,
ou será uma história fadada a vitimização e
inércia, sem nada de interessante
acontecendo.
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Assim como no exemplo do filme do Homem-
Aranha, é interessante perceber que, em
grandes histórias, um conflito pode não ser o
suficiente para sustentar todo o livro. Isso
significa que sua história precisará se basear no
que chamo de TCCC, tríade conflito >
consequência > conflito.
Se o primeiro problema que surgiu no livro não
gerou consequência e causou mais problemas,
você não tem mais para onde ir e pode acabar
tendo bloqueios criativos. Lembre-se sempre
que toda cena precisa ter uma consequência.
Para finalizar esse tópico, trago um
ensinamento da Margaret Atwood, autora de
The Handmaid's Tale, em sua MasterClass. Ela
diz que o que está em seu livro não foi
inventado: aconteceu em algum momento, em
algum lugar. Não é como se ela possuísse uma
imaginação terrível, ela não inventou nada
daquilo, apenas reinterpretou elementos
sociais que já aconteceram.
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Por fim, ela diz que se você realmente quer
escrever e está tendo muita dificuldade,
significa que está com medo de alguma coisa,
mas isso não deve acontecer. A melhor
maneira de aprender a escrever, é escrevendo
e, nesse momento, é só você e a página. Antes
de duvidar do seu enredo e da sua capacidade
criativa, lembre-se que sua história é única
porque você é única. Se você estiver sempre
focando no que outras pessoas estão fazendo,
vai acabar escrevendo como elas. Olhe para
dentro de si e pense: sobre o que eu quero
escrever hoje?
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premissa
Para começar a estruturar a sua história,
primeiro é preciso conhecê-la e, para isso,
vamos começar com a premissa. Através dela
podemos definir o que acontece na sua história
do início ao fim, como um resumo.
O objetivo é escrever um parágrafo de, no
máximo, 12 linhas como uma forma de
conhecer o seu enredo para, em seguida,
estruturá-lo. Essa técnica faz parte do
planejamento presente no Story Planner, o
planejador de livros digital que eu criei e que te
ajuda a organizar sua história.
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1. Qual a situação inicial da sua trama?
Como estão seus personagens nesse
momento? O que está acontecendo?
2. Quem é o personagem principal?
Basta dizer o nome e, se for relevante para o
contexto, alguma informação adicional como o
seu trabalho, por exemplo.
3. O que o personagem principal quer
alcançar?
Qual o objetivo dele na história e o que o
motivou a sair da sua zona de conforto? Essa
pergunta é dividida em duas partes. A primeira,
que vou chamar de 3A, você diz o que o
personagem quer e, na segunda, que vou
chamar de 3B, você diz se ele conseguirá ou
não alcançar esse objetivo.
Lembre-se, a premissa não é como uma
sinopse, ela deve conter informações da sua
história que são consideradas “spoilers”, já que
quem fará e terá acesso a ela é você.
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4. O que ou quem pode ser o antagonista?
Pode ser uma pessoa (vilão) ou simplesmente
algo que impeça a personagem principal de
atingir o objetivo como um medo, uma guerra,
problemas financeiros, etc
.
5. O que o antagonista faz para impedir que a
protagonista alcance os seus objetivos?
Quais são as ações do seu antagonista que
interferem nos planos do seu protagonista?
Para ajudar, usarei como exemplo o livro que
viemos analisando durante todo esse módulo,
Entre Caixas, que foi planejado graças ao Felipe
Colbert, autor de “Escreva seu livro agora!” que
foi uma das referências usadas para construir o
Story Planner. A premissa abaixo se refere
apenas ao primeiro conto, já que o livro é
formado por quatro contos que se
complementam. Os números no texto
representam as perguntas acima.
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Exemplo:
(1) Após a chegada de Theo, seu irmão adotivo,
na Fazenda (2) Cameron (3A) passa a querer
conhecer o seu passado (3B) e conseguirá
descobrir sobre sua origem, apesar de (4)
Myrna, sua mãe adotiva, (5) não responder suas
perguntas, mentir e proibir que as crianças
toquem nesse assunto.
Se você tem vários personagens e subtramas,
sugiro que você tente fazer uma premissa para
cada arco. No final, elas vão se unir, mas para
organizar as suas ideias, é um bom começo.
Vou usar como exemplo Game Of Thrones,
uma série complexa, em que cada momento
um personagem é destaque.
Abaixo segue a premissa feita por mim da
história de Daenerys, caso você não queira
spoiler, pule esse exemplo:
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(1) Após perder sua família e ser vendida pelo
seu próprio irmão para um povo desconhecido
como noiva do líder, (2) Daenerys Targaryen
(3A) deseja a coroa que ela pensa ser sua por
direito, (3B) reencontra a sua força e retoma a
todo custo o Trono de Ferro. (4) Para isso, ela
precisou atravessar o Mar Estreito e construir
seu exército, (5), apesar de vários líderes
políticos não confiarem em seu potencial por
ser uma mulher jovem, até que ela se torna a
mãe de dragões.
Resumi bem? Observe que Daenerys não é a
personagem principal de GoT, mas é uma das
mais importantes e o que acontece com ela
dita o rumo de outros arcos. Dessa mesma
maneira, é possível construir uma premissa
para Jon Snow, Arya, entre outros.
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exercício
Construa a premissa da sua história
com base nos tópicos acima. Priorize
um livro que você está com bloqueio
criativo ou dificuldades há algum
tempo. Além disso, destaque também
quais são os temas e conflitos presentes
na história.
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estrutura de
três atos
Como disse no início da aula anterior, um
enredo possui três fases:
Ato 1: apresentação da trama, dos
personagens principais e secundários.
Essa é uma das partes mais importantes
porque é quando você precisa conquistar o
leitor e fazê-lo chegar na próxima etapa.
Ato 2: desenvolvimento dos conflitos
apresentados na fase anterior, aqui o
protagonista enfrenta os obstáculos que o
impedem de alcançar os objetivos.
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Ato 3: resolução da trama, o momento de
ligação dos pontos apresentação e resolução
do conflito (ou não, que é o que chamamos de
finais abertos).
O que faz sua história avançar através dos 3
atos são as cenas de virada. Elas se tratam de
qualquer incidente que une dois momentos da
história. Eles motivam o desenvolvimento do
seu livro, mudando a fase que seus
personagens estão. Definir as suas cenas de
virada fará com que você organize seu livro e
consiga, posteriormente, definir todas as cenas
do seu livro.
Para que as cenas funcionem bem, é bom que
você tenha uma ideia de quantos capítulos
você quer escrever - não é necessário precisão -
ou pelo menos o tamanho da história. Assim,
no próximo passo, você conseguirá construir
melhor.
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Você pode fazer uma lista com as cenas de
virada, como um resumo das cenas mais
importantes da sua história e assim você
saberá o caminho que deve seguir na escrita.
Atenção, aqui entramos no tópico das cenas de
virada. Elas estão inclusas nos três atos e tudo
isso ficará mais claro com exemplos.
ATO 1
Cena 1 - 10% do livro: o protagonista desconfia
que está sendo traído.
Se essa é a cena de virada que faz sua história
avançar, significa que você pode escrever
determinadas informações antes disso para
que chegue até esse momento. Como é o
casamento dessas pessoas? Eles possuem
filhos? Quais problemas enfrentam no dia-a-
dia? O que o levou a desconfiar que está sendo
traído? Como você vai demonstrar isso?
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ATO 2
Cena 3 - 50% do livro: o protagonista encontra
o amante de sua esposa e, acidentalmente, o
mata.
Desde a cena de virada 2, o que o protagonista
precisou fazer até chegar a cena de virada 3?
Cena 4 - 75% do livro: o protagonista é preso.
ATO 3
Cena 5 - 90% do livro: a cena do julgamento do
protagonista acontece e ele é inocentado.
Cena 6 - 100% do livro: desde que ele foi
inocentado, como isso impactou na vida do
personagem e das pessoas ao redor?
Usando as cenas de virada como base, você
sabe o que precisa escrever antes e depois.
Basta se fazer perguntas como no exemplo
acima.
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Uma lista com as cenas que seu livro terá já são
o suficiente para você conseguir escrever uma
história emocionante na medida certa e que
prende seu leitor durante todo o livro. Lembre-
se da TCCC, as cenas de virada terão
consequências e vão gerar novos conflitos.
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escaleta
Esse é o momento final e também o mais
importante. Esse tópico é opcional, mas
garanto que se você fizer, te ajuda muito! Você
já tem a premissa, as cenas de virada e agora
irá preencher os espaços entre as cenas com
todos os acontecimentos do seu livro. Pode
parecer trabalhoso, mas isso vai impedir que
você tenha bloqueios criativos ou,
simplesmente, abandone a escrita por não
conseguir desenvolver, não saber o que fazer
antes ou depois.
Lembre-se: você não escreverá simplesmente
uma cena, mas escreverá o conflito.
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Como essa cena agrega ao seu enredo? Se não
houver nenhuma função (ainda que seja
desenvolver a relação de personagens) então
pode apagar. Usarei o exemplo que o autor
Felipe Colbert usou em seu livro.
➔ Cena: o cachorro deitou na cama do gato.
➔ Cena com conflito: o cachorro deitou na
cama do gato, que não gostou nem um pouco.
Organize as cenas separando-as por capítulos,
para isso, você pode usar cenas de virada como
base. Para facilitar, faça uma tabela com as
informações abaixo:
Quando: o dia, a data ou a estação em que
aquela cena se passa, como você preferir. Se
houver grande passagem de tempo, pode pôr
"uma semana depois" ou "dez anos depois"
também em determinados locais. Se quiser,
pode colocar o turno, manhã, tarde ou noite.
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O quê: aqui você escreve o conflito, a cena em
si de maneira sucinta, sem muitos detalhes.
Essa é a coluna mais importante.
%: essa coluna é como um guia, nela você
escreverá apenas a cena de virada. Assim você
sabe as cenas que precisa escrever para chegar
até aquela cena de virada e em que
porcentagem do seu livro você está.
Ponto de vista: quem narra essa cena? Se a
história for narrada sempre pela mesma
pessoa, não precisa usá-la.
Onde: em que local a cena se passa? Na rua,
numa cafeteria, na casa de determinado
personagem?
Emoção interna: coluna opcional, mais
importante nas cenas que você terá que
trabalhar emoções. Nessa coluna você coloca o
que seu personagem está sentindo: raiva,
felicidade, tristeza.
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Emoção externa: já nessa coluna você escreve
como seu personagem vai demonstrar o que
estava sentindo na coluna anterior. Assim você
consegue aplicar o “mostre, não conte” mais
facilmente.
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exercício
Use um dos métodos citados para
planejar seu livro. Se for uma história, de
ficção especulativa, escreva apenas a
premissa e as cenas de virada.
progressão
narrativa
módulo 9
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Muitos escritores possuem dificuldade de
pensar e até mesmo de planejar o meio da
história. Possuem uma ideia do início, do fim,
mas o meio parece vazio, desconectado das
outras partes. Renato Modesto, autor de Curso
de Escrita Criativa, separou algumas
orientações que podem te ajudar a não deixar
o meio da sua história fraco e entediante.
Aumente a intensidade do conflito ao longo da
história: se seu protagonista e o seu vilão
possuem problemas, ao longo do enredo
lembre-se de fazer esses problemas crescerem
e não permanecerem o mesmo do início. Use a
técnica TCCC.
Dê atenção para as subtramas. Vamos falar
melhor sobre elas no tópico seguinte, mas se a
sua história tem mais de um conflito
acontecendo, é interessante desenvolvê-las
também no meio da história.
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É comum para escritores iniciantes trazer
algumas discussões e esquecer de aprofundar
elas ou de desenvolvê-las. Por essa razão, o
meio da história acaba ficando ainda mais
fraco.
Todo capítulo tem início, meio e um final em
aberto, que abre possibilidades, medos ou
dúvidas para os seus leitores. Se você escreveu
um capítulo inteiro em que nada de relevante
para a sua história acontece, reescreva-o
agora
.Existe uma técnica chamada cliffhanger, que é
muito usada no suspense por ser mais nítido
de perceber, mas pode ser utilizada em
qualquer gênero. Essa técnica se baseia em
finalizar os capítulos com cenas
surpreendentes, que colocam seu personagem
em confronto com um dilema, um problema,
gerando curiosidade e fazendo seu leitor
passar para o próximo capítulo imediatamente
para saber o que acontecerá.
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manipulação
temporal
Se a sua história não é contada em ordem
cronológica, você provavelmente está usando
os flashbacks (ou analepse, ato de contar algo
que já se passou) ou flashforwards (prolepse,
ato de contar algo do futuro), que são formas
de manipulação temporal.
Ao escrever um flashback, lembre dos
seguintes passos:
Gatilho: é interessante que algo aconteça
como se fosse um gatilho para o enredo trazer
à tona o flashback. Normalmente, o passado
está ligado com o presente, então tente
conectar as duas partes para que esse resgate
não aconteça “do nada”.
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Não confunda os leitores: (a não ser que seja
proposital): se o leitor não sabe o que é
presente, ou o que é passado, em que
momento o flashback começa e termina, você
está fazendo errado. Se você achar melhor,
pode usar separadores (algum símbolo) ou
reticências, datas, o que for melhor para ficar
nítido que um flashback está começando e/ou
terminando.
Você também pode deixar o flashback
integrado a narração, como se o personagem
estivesse recordando daquele momento e,
automaticamente, entrando no passado. Só
fique atenta no momento de retornar ao
presente.
O planejamento em uma história que possui
manipulação temporal é muito importante,
assim você consegue pensar também nos
gatilhos e em como vai trazer aquela
recordação.
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O flashback, normalmente, se trata da
lembrança de um momento específico, mais
precisamente de um conflito ou de algo
relevante para o enredo.
Por exemplo, o personagem está lavando louça
e lembra que ele e sua exnamorada sempre
brigavam porque ele nunca lavava a louça de
casa. Nesse momento, ele recorda de uma das
brigas que começou por aquele motivo, mas
terminou com ambos falando coisas terríveis
um para o outro, já mostrando aos leitores
problemas entre o casal.
Ou o personagem está lavando louça e lembra
que conheceu sua ex-namorada numa
cafeteria onde ela trabalhava e sempre ia até lá
e a observava lavando louças, até que um dia
teve coragem de conversar com ela.
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Pense na narração do flashback como aquele
momento em que um filme faz um corte
interessante, relacionando a mesma imagem
do presente no passado para introduzir a cena.
Porém, use o flashback se for uma cena que
você realmente precisa no seu livro. Não
adianta a cena ser linda se ela não acrescenta
em nada no seu livro.
Já o flashforward acontece muito quando o
narrador mostra um pedaço de uma cena e,
mais para a frente, os leitores veem a cena
completa, entendendo que se tratava de um
flashforward.
É muito comum usar tanto o flashback quanto
o flashforward em prólogos e epílogos,
aproveite para instigar seu leitor. Narre cenas
absurdas, curiosas fora de contexto e deixe
seus leitores interessados no que leem.
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Por exemplo, quando um filme começa com
uma cena de velório, sem mostrar de quem se
trata o enterro. Ou com um acidente sem
mostrar quem estava envolvido nele.
Você pode confundir seus leitores
(propositalmente) de várias formas, fazendo
eles acreditarem que o presente e o futuro são
complementares, quando na verdade são
completamente diferentes.
How I Met Your Mother é uma série que faz isso
muito bem. Eles colocam, por exemplo, uma
cena de pedido de casamento no final de uma
temporada e no início da próxima, mostram
um casamento acontecendo. Porém, no final
do episódio percebemos que aquele
casamento não é do mesmo casal que estava
envolvido no pedido de casamento.
A série This is Us também, fica a indicação :)
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Usando alguns desses artifícios sua progressão
narrativa, sua história consegue ser muito mais
cativante, pois gera curiosidade e mantem
seus leitores cada vez mais presos no mundo
que você criou.
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subtramas
Subtramas são acontecimentos da sua história
que influenciam na trama principal, apesar de
não estarem no foco da narração em todo o
tempo. Para construí-las, normalmente o
protagonista está vivendo mais de um conflito
ou os personagens secundários também
possuem suas próprias questões.
Personagens secundários são ótimos para
movimentar a história com conflitos, assim eles
conseguem ser úteis para o enredo principal e
influenciam na trama também. Lembra do que
falamos sobre encadeamento? Não esqueça
que os acontecimentos influenciam uns nos
outros no momento de construir um conflito.
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Você pode criar as suas subtramas na hora de
planejar a sua história. Na criação de um
personagem sempre pensamos na função dele
na história e, bom, se ele possui um conflito
vale pensar em como vai afetar a vida dos
protagonistas, seja para complicar ainda mais
ou ajudar.
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exercício
1) Analise, em alguma de suas histórias
ou em filmes e séries, a Tríade Conflito >
Consequência > Conflito. Para isso, note:
O conflito da história;
Como os personagens reagiram a
esse problema;
Os novos conflitos que esses
comportamentos geraram.
2) Pontue as subtramas que giram em
torno da trama principal respondendo
as perguntas abaixo:
Quem são os personagens
principais?
Quais são os seus objetivos e
obstáculos?
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verossimilhança
Todo mundo ficcional possui suas próprias
regras e elas precisam ser coerentes durante
toda a história. Se sua história se passa “no
mundo real”, usando a própria sociedade como
base, os acontecimentos precisam agir de
acordo com o que você apresentou. Se o
mundo foi criado inteiramente por você, onde
pessoas podem voar e têm poderes, então
precisa de ainda mais atenção.
De acordo com Renato Modesto (2020), ao ler
um livro o leitor e o autor fazem um acordo
chamado “suspensão da descrença”.
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Caso alguma delas seja descumprida ou deixe
de fazer sentido, o leitor automaticamente se
sente enganado, questiona sua história e vê
tudo como uma grande bobagem.
Se em um livro de fantasia, durante todo o
enredo o personagem precisava fazer
determinado feitiço para conseguir invocar um
poder e, de repente, ele consegue usar seu
poder sem fazer o feitiço, o leitor ficará bem
confuso se não houver uma explicação
plausível para a mudança repentina dessa
regra.
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deus ex
machina
Falando em plausibilidade, entramos no
assunto Deus Ex Machina. O termo vem da
época em que, no teatro grego, no final da
história um deus do Olimpo surgia usando
seus poderes para resolver todos os problemas
dos personagens.
Hoje, essa não é mais uma opção para resolver
o conflito do seu enredo. Como dito nos
tópicos anteriores, é necessário que a sua
história tenha encadeamento e que você use
pistas. Caso contrário, o leitor ficará confuso e
se sentirá enganado.
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terminando
um livro
Chegamos ao final do seu livro. Qual o final
perfeito? Entenda por final o terceiro ato do
seu livro, depois do momento de alta tensão é
hora de resolver os conflitos. Lembre-se,
escrever é tomar decisões. Como seu livro vai
acabar? De acordo com Modesto (2020)
existem 3 possibilidades:
a) O final feliz acontece quando os
personagens conseguem alcançar seus
objetivos ou aprendem lições (como nas
histórias de autoconhecimento) que foram
muito importantes. Normalmente, é um final
que agrada o leitor por ser confortável e deixá-
lo feliz também, já que ele passou todo o
enredo torcendo pelo protagonista.
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O final feliz também pode ser um final aberto
quando deixa claro que, por mais que as
circunstâncias sejam aquelas no momento,
elas podem mudar. O autor pode fazer isso
através de pistas ou de um epílogo.
b) O final trágico acontece quando os
protagonistas não alcançam os seus objetivos,
deixando o leitor triste ao não cumprir com as
expectativas. Há a possibilidade de, apesar do
final ser trágico, o leitor compreender os
motivos ou de odiar a história. Isso vai
depender da forma que você, escritora, vai
encadear os fatos. Se o protagonista age com
imoralidade para conseguir seus desejos a
reação do público será uma, mas se ele luta
bravamente de forma justa, a reação será
outra.
c) O final aberto é aquele em que o escritor
deixa a interpretação na mão do leitor,
trazendo possibilidades para o enredo.
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O lado bom desse final é que gera discussão
entre os leitores, onde eles podem criar teorias
e escolher a que mais agrada ou faz sentido. O
lado ruim é que muitos leitores não gostam de
finais abertos, mas como conversamos ao início
do módulo, você deve escolher.
Os finais abertos são ótimas opções para
duologias, trilogias e séries. No livro 1, por
exemplo, você pode trabalhar com 3 conflitos,
resolver 2 e deixar 1 em aberto para gerar
curiosidade em seus leitores e chama-los para
o próximo. Foi o que eu fiz com meu livro,
Entre Caixas.
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exercício
Crie finais alternativos para um dos
minicontos que você escreveu nos
exercícios passados. Se o final do seu
conto foi feliz, escreva um final trágico e
um final aberto ou vice-versa.
criação de
mundo
módulo 10
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antes de criar
Criar um mundo é uma das partes mais
divertidas de escrever uma ficção especulativa.
Esse gênero, como o nome já diz, se trata da
especulação sobre outros mundos, seja
distopia, fantasia, ficção científica, etc.
Temos tanta liberdade criativa ao fazê-lo, que
acabamos nos perdendo em nossos próprios
pensamentos. Para organizar a criação de um
universo, precisamos ir com calma e seguir
alguns passos, mas antes é importante saber o
que não devemos fazer. Preste atenção no
próximo tópico.
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erros mais
comuns
a) Enciclopédia: não há erro mais comum para
escritores de fantasia do que começar a
história com um resumo, explicando sobre
como é o funcionamento do mundo, contando
o passado dos personagens, etc. Você
apresenta o seu mundo conforme a história
acontece. Você pode sim fazer sua
enciclopédia se quiser, mas não para usar no
livro.
b) Nomes estranhos: sei que ficção
especulativa, muitas vezes, pede por um nome
diferente, mas se o seu leitor não consegue
pronunciar o nome do seu personagem, ele
será desconectado da história toda vez que
passar por ele.
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Antes de bater a cabeça no teclado, pronuncie
o nome em voz alta e veja se é tranquilo de
falar. Já vi autoras que nem mesmo sabiam
como pronunciar os nomes criados e, bom, isso
não faz o menor sentido.
c) Informações inúteis: você pode mergulhar
no seu mundo e ter a liberdade criativa que
desejar, crie plantas, animais, poderes, etc., mas
quando se trata de passar para o texto, leve
apenas o que for útil para o enredo. Lembra do
que conversamos sobre Tchekov’s Gun? O
elemento só deve estar na história se for
utilizado.
d) Esquecer do enredo: você pode até ter um
mundo completamente pronto, se você não
tiver um enredo, não vai ter livro. Kate Messner,
escritora de fantasia, sugere que primeiro se
crie o mundo e depois o enredo. Acredito que
isso seja uma armadilha, principalmente para
escritores iniciantes, pois o mundo se
desenvolve de acordo com o que o enredo
pede.
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Por exemplo, primeiro você pensa numa briga
de irmãos, então desenvolve para uma briga
pelo governo de um país que está em ruínas
porque o (insira aqui um elemento químico)
usado para fazer magia está acabando e aí sim
o seu mundo vai se formando, compreende?
Como criar um mundo em que você não sabe
o que será necessário?
e) Não criar um sistema de magia: se seu
mundo terá magia, é imprescindível se fazer
algumas perguntas como:
Quem tem poder e quem não tem?
Como as pessoas que possuem poder são
vistas pela sociedade?
É possível perder os poderes? Como?
Quais são os limites desse poder? O que são
capazes de fazer e o que não são capazes
de fazer?
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Dessa forma você consegue definir muito bem
as regras de magia e nada acontece de
repente, por exemplo, um personagem
desenvolver magia do nada sem nenhuma
explicação anterior ou pistas.
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informações
básicas
dados geográficos
Defina as características do local onde se passa
sua história, seja um país, uma cidade ou uma
pequena vila. É importante pensar nesses
detalhes porque vai influenciar nos tópicos
seguintes: vestimenta, alimentação e até
mesmo a cor da pele. As pessoas que vivem
em local de sol forte, provavelmente, serão um
pouco mais bronzeadas do que as que vivem
em local frio.
Isso também influencia nos recursos que elas
terão disponíveis, se determinado grupo vive
perto do mar, é possível que eles vivam da
pesca, se alimentem daqueles animais ou, pelo
menos, os encontrem com mais facilidade.
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Estes detalhes dão coerência a sua história.
Nesse momento, você pode pensar em:
Clima;
Relevo;
Fauna;
Flora;
Tamanho da população;
Como e em que condições as pessoas
nascem, crescem, vivem e morrem.
Não esqueça de criar apenas as informações
que serão úteis para a sua história, tudo bem?
No geral, muita coisa você descobrirá ao longo
do seu enredo. Por exemplo, ao escrever uma
determinada cena, talvez você precise pensar
em uma nova característica geográfica, ou até
mesmo alterar algo que já está definido e tudo
bem.
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dados históricos
Seu mundo fantástico surgiu de alguma forma,
com certeza. Essa é uma daquelas informações
que talvez você não use no seu livro de fato,
mas serve para criar coerência ao longo da
escrita, além de organizar seus pensamentos.
Agora pode parecer que não, mas ao longo do
processo você se perguntará várias vezes sobre
a origem do seu mundo. Além disso, pensar no
surgimento dele influencia diretamente nos
outros aspectos como fauna, flora, cultura, etc.
Sobre os dados históricos do seu mundo, é
importante pensar sobre:
a) Cultura e modo de vida
O que comem;
Tipo, cor, tamanho das roupas que vestem;
Como se divertem (comemorações e
eventos);
No que acreditam, quais são os valores
daquela sociedade;
Regras sociais e morais, desejos, etc.
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b) Política
Qual o modelo de governo vigente?
Como são as relações de poder? Quem
manda e quem obedece?
As pessoas aceitam esse governo?
O que acontece com quem não aceita?
O que acontece com as pessoas que não
aceitam e como elas se manifestam?
c) Religião
No que essas pessoas acreditam?
Esse povo tem deus ou deuses?
Como cultuam a esse deus?
Como reagem a quem é contra essa
religião?
Para seguir/participar é preciso fazer algo
ou agir de alguma maneiraespecífica?
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d) Leis:
Quem cria as leis?
Existem leis diferentes do mundo real?
Quais?
Em caso de descumprimento de leis, quais
são as punições?
Quem aplica essas punições?
Alguém fiscaliza o cumprimento delas?
e) Economia:
Qual moeda de troca eles possuem?
Como compram e vendem?
O que compram e vendem?
Quem tem mais e quem tem menos
dinheiro? Como esses grupos vivem?
Saiba que não tem problemas em usar
referências do mundo real. Criar um mundo do
zero dá muito trabalho, então está tudo bem se
você apenas interpretar as regras do mundo
real de uma maneira diferente.
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personagens
e o mundo
Para não cometer aquele erro de escrever uma
enciclopédia para apresentar seu mundo, o
ideal é usar seus personagens para fazê-lo. A
medida em que seu personagem agir, falar e
pensar, introduza informações do seu mundo.
Talvez determinados elementos precisem de
mais detalhamento, mas saiba filtrar o que
precisa ser explicado agora e o que pode ser
explicado depois.
Em vez de fazer um enorme parágrafo sobre
como o clima do local influencia a população,
você pode falar sobre a quantidade de roupas
que os personagens usam para se proteger do
frio ou a falta delas devido a uma pele
resistente.
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No lugar de contar que no mundo existem
dragões falantes, apenas coloque uma cena
em que seu personagem fala com um deles,
será muito mais impactante para o leitor.
Os seus personagens são o que movem a
história, então, por mais incrível que o seu
mundo seja, invista na interação com eles em
vez de encher o leitor de descrições longas e
cansativas.
Normalmente, livros de ficção especulativa
possuem muitos personagens e no momento
da escrita de diálogos, é comum que haja
alguns erros. Em uma conversa, quando um
grande grupo interage, todos falam, se movem
e pode ser difícil administrar tanta gente num
mesmo ambiente. Nesse caso, quando apenas
duas ou três pessoas na conversa importam,
tente afastá-las do grupo maior para que não
precise acrescentar falas e reações
desnecessárias.
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Outro problema que pode surgir quando se
tem muitos personagens é que alguns deles
podem acabar sendo esquecidos,
principalmente os menos importantes que não
aparecem em todos os capítulos. Para isso,
você pode usar a técnica de usar “Funny Hats”
ou “Chapéus engraçados” em português.
O Neil Gaiman explica em sua MasterClass que
essa técnica ajuda a diferenciar personagens.
Não se trata de um chapéu literal, mas pode
ser. Se o personagem usa uma roupa diferente
dos outros, como um chapéu amarelo, ou
possui uma cicatriz, um sotaque, etc., isso vai
diferenciá-lo. Se aplica principalmente aos
secundários, mas não exagere muito.
Por exemplo, você pode não lembrar o nome
do personagem, mas sabe que existe aquele
em Game Of Thrones que não possuía os
testículos, a mulher de cabelo vermelho ou a
garotinha que nasceu com uma doença que
marcou o seu rosto. Ah, cuidado para não
reforçar estereótipos!
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E como planejar tantos personagens? Como
saber se eles são importantes para a história?
Vou te ensinar uma técnica que pode ajudar
bastante no planejamento de seus
personagens:
Nome: nome do personagem;
Arquétipo: modo de ser;
Objetivo: o que o motiva? Qual a sua
função? Essa resposta sempre começa com
um verbo;
Obstáculo: o que o impede de alcançar os
objetivos?
Aparência: homem branco, cabelo preto,
forte
Raça: também vale para etnia e
naturalidade. Se são gnomos, aliens de um
planeta x, enfim.
Personalidade: Como seu personagem se
comporta? Lembre-se da regra das três
características, duas boas e uma ruim ou
vice-versa.
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Agora que seu mundo está criado com
personagens incríveis, é só começar a escrever,
aliás, é sobre isso que quero falar com você nas
próximas páginas.
orientações
finais
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De nada adianta ter estudado todo esse
Manual se você não colocar em prática, tudo
bem?
Faça um pequeno cronograma e tente
encaixar a escrita em sua rotina. Você pode
tentar fazer um exercício por semana, por
exemplo e não todos de uma vez. Mas tente.
Estude.
E se tiver qualquer dúvida, sabe onde me
encontrar, não é?
instagram: @karouescreve
e-mail: [email protected]
Espero que esse material tenha te ajudado a
dar o primeiro passo. Obrigada pela confiança
em meu trabalho.
Com carinho, Karou.
caderno de
exercícios
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aviso
Alguns exercícios foram feitos por mim e
outros foram retirados do livro 100
Exercícios de Escrita Criativa, por Mário
Falcão. Livro disponível no Kindle
Unlimited.
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1) Escreva sobre você em 3º pessoa, como uma
narrativa.
É obrigatório incluir nome, idade, região do
Brasil que você mora, música, filmes e livros
favoritos e algo que você ache interessante
sobre você. Pode incluir outros personagens
(familiares, amigos) e cenários que você passa
mais tempo (escola, faculdade, casa, trabalho).
2) Crie um miniconto com o tema quarentena.
É proibido o uso dos termos e palavras:
Coronavírus
Vírus
Distanciamento social
Pandemia
Mundo
Saudade
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3) Complete a história a seguir:
Estava andando na rua, prestando atenção nos
meus pés, como sempre e, de repente, parei.
Senti o perfume dela. Olhei em volta,
procurando-a e percebi que ao meu lado
estava aquela perfumaria. Lembro de
andarmos de mãos dadas por aquela mesma
rua há duas semanas, até nos depararmos com
aquela vitrine. O frasquinho em formato de
coração chamou a sua atenção e, como
criança, ela colocou o dedo do vidro.
Rapidamente, me puxou para dentro da loja,
pegou o frasquinho e borrifou um pouco em
seus pulsos e no pescoço, sorridente. Me
aproximei, sentindo aquele perfume que ficava
ainda melhor misturado com o cheiro da sua
pele. Senti alguém se esbarrar em mim, me
fazendo perceber que, apesar do perfume
ainda ser o mesmo, ela não estava mais ali.
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4) Escreva um prólogo de suspense.
Lembre-se das técnicas em “mostre, não
conte” para tentar passar emoções para seus
leitores.
5) Escreva um conto com o tema que preferir.
É obrigatório fazer o planejamento antes de
começar e utilizar o que já foi realizado nas
atividades anteriores. Mínimo de 5 laudas,
máximo de 10.
6) Escreva um pequeno texto a partir da frase
“Era madrugada quando ouvi gritos vindo
debaixo da minha cama”.
7) Faça uma lista de, pelo menos, 5 temas que
você acha interessante, escolha 2 e escreva um
miniconto a partir deles.
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8) Mostre, não conte.
Abaixo há uma lista de emoções, escolha a
emoção que deseja e faça com que sua
personagem demonstre o que sente através de
ações, falas ou pensamentos, mas em
momento nenhum do texto diga o nome da
emoção que ele está sentindo. Aplique o
“mostre, não conte”.
Lista de emoções:
Ansiedade
Desejo
Inveja
Tristeza
Alegria
Raiva
Dúvida
Nojo
Desprezo
Medo
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9) Escolha um gênero que você não tem
costume de escrever, mas gostaria, e faça o
brainstorming. Pense nos personagens,
enredo, apenas um esboço de um
planejamento.
10) Use os cinco sentidos e descreva uma cena
em que uma personagem está cozinhando.
11) Escreva, em terceira pessoa, uma carta para
você do futuro.
12) Descreva, de forma intensa, suas emoções e
impressões durante o trajeto de casa para a
escola/trabalho/faculdade, etc. Sinta-se livre
para descrever o que
achar necessário.
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13) Escreva uma cena romântica e inclua as
seguintes palavras:
Bigode
Gelatina
Tambor
Lágrimas
Urso polar
14) Escolha um livro ou filme que você gosta
muito e escreva um final alternativo.
15) Você virou morador de rua, e agora?
Escreva uma lauda sobre o seu primeiro dia
nessa situação.
16) 3 personagens são sobreviventes de um
naufrágio. O barco acabou de afundar, é
possível avistar uma ilha mais à frente. Narre
esse trajeto.
17) Sua personagem vai até o sebo, compra um
livro e percebe que ele deveria ser entregue
para alguém. Escreva um conto da busca dessa
moça pelo dono do livro.
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18) Escreva um miniconto de romance proibido
entre um professor e uma aluna universitária. É
preciso ter início, meio e fim.
19) Como você fingiria a sua própria morte?
20) Dois amigos de infância, que não se viam
há muitos anos, se reecontram. No meio da
conversa, um deles diz: “Eu vi nos jornais o que
aconteceu com a sua esposa”. Continue a
conversa.
21) Um incêndio. Um roubo. Um homem
fantasiado de drácula. Uma bola de futebol.
Interligue essas informações em uma história
que faça sentido.
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22) Abaixo há uma lista de gêneros e
subgêneros e uma lista de modelos narrativos.
Escolha um gênero e um modelo, combine-os
e crie algo novo. Deixe sua imaginação fluir o
máximo que puder! Faça o possível para fugir
de personagens padrões, tanto fisicamente,
quanto na personalidade. Tente escolher algo
que você não escreve comumente.
Lista de Gêneros: (sugiro que pesquise um
pouco antes de escolher)
1. Terror
2. Sick-lit
3. Fantasia/Realismo mágica
4. Farsa
5. Tragédia
6. Elegia
7. Fábula
8. Chick-lit
9. Distopia
10. Lad-lit
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Lista de clichês/modelos narrativos:
1. Triângulo amoroso
2. O popular que fica com a nerd por uma
aposta e se apaixona
3. Mocinha que é obrigada a casar com mafioso
e se apaixona
4. Secretária x CEO
5. Órfãos especiais: geralmente, acontece em
uma distopia ou um mundo fantástico. No
início da história surge alguém para dizer que
ele é o escolhido para salvar o mundo
fantástico.
6. A bad girl e o garoto bonzinho.
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23) Escreva um texto com base na imagem
abaixo:
24) Use sua imaginação e crie um mundo.
Defina, leis, regras, religião, economia e tudo
mais o que você conseguir.
25) Crie um diálogo entre dois aposentados
sentados num banco de praça.
26) Escreva sobre um término de namoro que
termina bem.
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27) Usando os mesmos personagens da
atividade anterior, escreva sobre o mesmo
término, mas com ele terminando muito mal.
28) Escreva um diálogo entre uma princesa e
um plebeu em tempos antigos.
29) Se seus familiares tivessem poderes, qual
seria?
30) Conte o sonho mais estranho que você já
teve.
31) Dois adolescentes se perdem na floresta.
Mostre as estratégias dele para tentar
sobreviver.
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32) Essa é a primeira linha de uma história.
33) E se você fosse um fantasma?
34) Seu personagem morre e descobre que há
vida após a morte. Conte sobre a experiência
dele.
35) Você é presidente do Brasil e descobre que
seu filho participa de um grupo
revolucionário contra o governo. Descreva a
discussão entre vocês.
referências
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Colbert, Felipe. Escreva seu livro agora: cenas e diálogos.
Publicação Independente. 1° Edição. 2017.
Falcão, Mário. 100 Exercícios de Escrita Criativa: Volume 1 –
Iniciantes. Editora Stieg. 1° Edição. 2017.
Gerth, Sandra. Show, don’t tell: How to write vivid
descriptions, handle backstory, and describe your characters’
emotions. Ylva Publishing. 1° Edição. 2016.
Lodge, David. A arte da ficção. L&PM Pocket. 1º Edição. 2010.
Messner, Kate. How To Build a Fictional World. Tedx. 2019.
Modesto, Renato. Curso de escrita criativa: técnicas e
exercícios para escritores. Publicação Independente. 2020.
Saullo, Eldes. O fabuloso planejador de livros. Casa do
Escritor. 2020.
Spalding, Marcelo. Escrita criativa para iniciantes. Editora
Metamorfose. 2° Edição. 2019.
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