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Análise de Alimentos para Zootecnistas

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M

Metodos pam
ATalTse deAlimetos
INCT CIENCIAANMAL
2a Edição
Métodos para Análise de
Alimentos
2 edição

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE3


CIENCIA ANIMAL

Organizadores
Edenio Detmann
Luiz Fernando Costa e Silva
Gabriel Cipriano Rocha
Malber Nathan Nobre Palma
João Paulo Pacheco Rodrigues

2021
INCT Ciência Aninmal

Exemplares deste livro podem ser adquiridos na:

Livraria UFV on-line


www.editora.ufv.br
Televendas: (31) 3612-2064/2067

Diagramação e Montagem:
Edson Agostinho Pereira: 31 3612-4623

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e

Classificação da Biblioteca Central da UFV

Métodos para análise de alimentos/Organizadores Edenio


Detmann... [ et al.]. - 2. ed.-Visconde do Rio Branco,
M593
2021 MG: Suprema, 2021.
350p.:il.;21cm.
ISBN 978-65-995122-2-3
Inclui bibliografia.

1. Nutrição animal. 2. Animais-Alimentos. 3. Alimentos-


Qualidade. I. Detmann, Edenio, 1974-. II. Silva, Luiz
Fernando Costa e, 1985-. 1I. Rocha, Gabriel Cipriano, 1983-.
V. Palma, Malber Nathan Nobre, 1990-. V. Rodrigues, João
Paulo Pacheco, 1988-. VI. Universidade Federal de Viçosa.
Departamento de Zootecnia. VII. Instituto Nacional de
Ciencia e Tecnologia de Ciência Animal (Brasil).

CDD 22. ed. 636.08552

Bibliotecária responsável: Renata de Fátima Alves CRB6/2578

E permitida a reprodugäo parcial desde que citada a fonte.

2
Métodos para Análise de Alimentos-2" Edição

Métodos para Análise de


Alimentos

2 ediçãoo

Organizadores
Edenio Detmann Luiz Fernando Costa e Silva
Zootecnista, M.Sc., D.Sc Zootecnista, M.Sc., D.Sc.
Professor Titular, DZO-UFV Research Manager
Pesquisador 1A do CNPq Alltech
Pesquisador do INCT-Ciência Animal

Malber Nathan Nobre Palma Gabriel Cipriano Rocha


Zootecnista, M.Sc., D.Sc Zootecnista, M.Sc., D.Sc
Bolsista PNPDICAPES
Professor Adjunto, DZ0-UFV
DZO-UFV Pesquisador do INCT-Ciência Animal

João Paulo Pacheco Rodrigues


Zootecnista, M.Sc, D.Sc
Professor Adjunto, UNIFESSPA
Pesquisador do INCT-Ciência Animal

2021

3
INCT Cência Animal

"But man does not limit himselfto seeing; he thinks and insists on learning the
meaning of the phenomena whose existence has been revealed to him by

observarion. So. he reasons, compares facts, puts questions on them, and by the
answers which he extracts, test one by another. This sort ofcontrol, by means of
reasoning andfacts, is what constitutes experiment, properly speaking; and it is
the nature of things outside us.
In the philosophic sense, observation shows, and experimemt teaches."

Claude Bernard
(1813-1878)
Métodos para Análise de Alimentos -

2" Edição

Prefácio
(Primeira Edição)
Após um "longo e tenebroso inverno", Conseguimos
disponibilizar a primeira edição dos Métodos para Análise de Alimentos
do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ciência Animal (INCT

CA).
Durante o estabelecimento do INCT-CA definiu-se como uma

de suas metas prioritárias a criação de uma Rede Nacional de Pesquisa


em Avaliação e Análise de Alimentos. O intuito primário deste ato

calcou sobre a real necessidade de se conhecer como as diferentes

instituições avaliavam os alimentos e como se podería, da melhor forma


de
possível, contrastar ou cotejar com exatidão e precisão os resultados
experimentos obtidos em diferentes instituições.
Em um primeiro momento de avaliações descobrim0s que

estávamos falando línguas bem diferentes e que necessitávamos

estabelecer um idioma comum para que nossa comunicação se tornasse

mais próxima do universal. Assim nasceu a idéia deste manual.

Durante o período em que o mesmo foi elaborado, muitas

avaliações conjuntas foram novamente realizadas, nas quais pudemos

aproximamos mais de um "idioma analítico" comum.


perceber que nos

Contudo, muito ainda precisa ser percorrido.


Parte dos parâmetros analíticos de alimentos presentes neste

manual não pôde ser adequadamente avaliada em ensaios de variação


5
INCT Ciêncio Animal

interlaboratorial. Isto constitui uma meta da Rede de Avaliação de


Alimentos. Assim, algumas decisões que resultaram no estabelecimento
de padrões de procedimentos foram estabelecidas com base em

experimentos conduzidos em uma única instituição ou, em pequenos


pontos, na experiência pessoal de membros do INCT-CA. Contudo, em

um futuro
próximo, desejamos que isto não seja mais do que história, pois
almejamos a avaliação científica/empírica de tudo o quanto aqui se expõe,
além da expansão do domínio de métodos abordados e divulgados.
Desta forma, estabelece-se claramente que esta primeira versão
constitui somente um chamamento usuários da análise de alimentos.
aos

Apliquem os métodos aqui estabelecidos. Identifiquem seus equívocos e


suas deficiências. Comuniquem ao INCT-CA. Identifiquem os métodos
que não foram, mas que deveriam ter sido abordados. Juntos, poderemos
trabalhar para que este manual possa se tornar uma referência de comum
acordo com todos aqueles que necessitem ter a análise de
alimentos como
ferramenta básica para o desenvolvimento de suas atividades de ensino,
pesquisae extensão.

Os Organizadores

6
N

Métodos para Análise de Alimentos - 2" Edição

Prefácio
(Segunda Edição)
Após quase dez anos, não sem muito trabalho, conseguimos

disponibilizar a segunda edição do "Métodos para Análise de Alimentos"


do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ciência Animal (INCT
CA).
Durante esse tempo,1 percebemos os erros cometidos na primeira

edição e tentamos, na medida do possível, corrigi-los e aperfeiçoar as

informações que disponibilizamos anteriormente.


Podemos assumir, sem grande culpa, que esse aperfeiçoamento
não foi fácil. Muitos assumem que o trabalho na área de análise de
alimentos é muitos simples, pois restringe-se ao laboratório. Ledo

engano. Muito foi feito, destacando-se o esforço de muitos estudantes de


graduação e pós-graduação e bolsistas de pós-doutoramento.
Certamente, a perfeição não atingimos. Contudo, coletivamente,
alcançamos algo maior do que o que foi atingido na primeira edição.
Melhorias sempre. A perfeição, infelizmente, nunca será alcançada.

Contudo, esperamos que a nova edição do Métodos para Análise de

Alimentos do INCT-CA venha minimizar as dificuldades que possam

existir nos laboratórios de análise de alimentos para animais das

instituições brasileiras.

Muitos dos métodos com os quais trabalhamos constituem

Nesses casos,
métodos empíricos, os quais definem os resultados per si.
7
N
INCT Ciencia Animal Métodos para Análise de Alimentos -2" Edição

seguir uma
linguagem comum é fundamental para que
conversar entre nós e
possamos
projetar algo maior que a simples soma das Agradecimentos
partes.
Esperamos que a revisão e ampliação da primeira
ediço possa Ao Instituto Nacional de Ciência
abranger algo maior do que fizemos há nove anos. No e
Tecnologia de Ciência
entanto, as críticas
esugestões continuam bem vindas para que, em uma terceira Animal (NCT-CA), pelo suporte financeiro e físico dado para a
edição,
possamos nos
aproximar ainda mais do elaboração dos estudos, das reuniões de trabalho e para a
execução de
objetivo de uma
linguagem
comum. ações que culminaram com a feitura deste manual.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e

Cordialmente, Tecnológico (CNPg), pelo constante apoio financeiro na forma de bolsas


de pesquisa e de
financiamento direto para a realização de ações
pertinentes às informações geradas para feitura deste manual.
Edenio Detmann
Coordenador da Rede de Avaliação de Alimentos A
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG), pelo apoio financeiro na forma de bolsas e de
INCT-CA
financiamento direto para condução de ensaios laboratoriais.
A CAPES, por prover bolsas de estudo
para estudantes de pós-
graduação, bolsas de pós-doutoramento (PNPD) e recursos financeiros,
sem os quais muito do que aqui é apresentado não poderia ter sido

realizado.
Ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Viçosa, por ceder suas instalações para realização de grande parte dos
testes laboratoriais necessários para ajustamento de métodos de análise de

alimentos.
As instituições componentes da Rede de Avaliações de

8 Alimentos do INCT-CA, por aceitarem o desafio e participarem nas ações


9
Métodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Ciência Animal
-

Edição

que culminaram nesse manual. Nossos enos nos mostraram a necessidade Codificação INCT-Ciência Animal
de encontrar um caminho conum. Esse foi nosso grande estorço e nossa

grande contribuição. A codificação dos métodos estabelecidos para análise de


Aos pesquisadores ligados ao INCT-CA, por contribuírem para alimentos segue o que foi estabelecido na primeira
edição do Manual. O
a condução de ações pertinentes à elaboraço deste manual. N objetivo principal da mesma é de estabelecer uma linguagem universal
Aos Drs. Luiz Femando Costa e Silva, Gabriel Cipriano Rocha, para todos aqueles que desejarem aplicar fundamentos aqui
Malber Nathan Nobre Palma e João Paulo Pacheco
Rodrigues, que
N os

estabelecidos e, quando necessáio, referencia-los em relatórios e artigos


atuaram como bolsistas de pós-doutoramento CAPES/PNPD ligados cientifico.
diretamente à elaboração da segunda edição deste Manual. A interpretação do código dos métodos de análise de alimentos é
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a exposta a seguir.
concretização deste novo esforçn e que, por motivos alheios à nossa
vontade, não foram citados aqui nominalmente. Estrutura do Código: Método X-YYY/Z

Campo X
Muito Obrigado! Estabelece qual a área em que o método específico se enquadra

dentro da análise de alimentos

Código de Area Area


G Métodos de anáises gerais
N Métodos de análises para compostos
nitrogenados
F Métodos de análises para compostos fibrosos
M Métodos deanádises paracompostos minerais

10 11
INCT Cineii Anima Métodos para Análise de Alimentos - 2"
Edição

Campo
Sumário
Estabelece o número do método dentro de cada
área para Capítulo Tema
INCT-CA.
o
Página
1 Obtenção e processamento de amostras 15
Campo Z **************

2 Secagem definitiva e matéria seca. 55


Estabelece qual aversão do método
******** **********

que está sendo exposta


Todos os métodos constantes na Matéria mineral. ******** ************************
65
primeiraediçãodeste Manual foram
identificados nesse campo pelo número "1", Nitrogênio (proteínabruta). *************** *** *** 75
pois constituíam a primeira 97
versão do método em si. Para Frações nitrogenadas proteica e não proteica . *******

aqueles que sofreram alterações, o valor do


107
campo Z foi alterado sequencialmente (vide, quando cabível, seção Gordura bruta..
1 Fibra 127
"Aualizações" em cada Capítulo). *********** ***********************************

8 Amido... ** * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 173

9 Carboidratos não fibrosos e matéria orgânica


185
residual. ************°******

10 Lignina .******************************************************
. 203

231
11 Fibra indigestível. ****************************** *********

249
12 Solução mineral ***************"°***********"**************

259
13 Fóstoroinorgânicototal. ******* *** ****°**
*********

269
14 Cromo..
L. 285
15 Nitrogênio amoniacal em tluidos biológicos..
301
16 Titânio .
Digestibilidade n vitro da maténa seca para
17 * * * * * * * * * ° * * * * * * * * * * * * * *
313
ru ntes .

Protocolos para condução de


ensaios de degradação
18 329
in situ em ruminantes . .

2 13
Métodos para Análise de Alimentos-2" Ediçäão

Capítulo 1

Obtenção e processamento de amostras

Definições básicas em amostrageme inferência em alimentos

A análise de alimentos constitui área relevante no ensino das

Ciências que estudam alimentos, pois fornece ferramentas e subsídios

para vári0s segmentos do controle de qualidade, do processamento e

do armazenamento, além das informações básicas acerca de seu

potencial e efetividade de utilização por animais e humanos.


Nesse ramo do conhecimento so estudados os alimentos; sua

composição química; sua ação no organismo; seu valor nutritivo


(algumas vezes também o valor alimentício); suas propriedades
fisicas, químicas, microbiológicas, sensoriais, toxicológicas; e
também adulterantes, contaminações, fraudes, etc. Assim, a ciência

análise de alimentos relaciona-se com tudo aquilo que, de alguma


forma, éalimento para os seres humanos e animais, desde a produção,
coleta e transporte da matéria-prima, até a venda como alimento

natural ou industrializado. Também é função da análise de alimentos


verificar se o alimento se enquadra nas especificações legais,

detectando a presença de adulterantes e aditivos prejudiciais à saúde.


Em resumo, relaciona-se com todos os diferentes aspectos que
envolvem um alimento, permitindo juízo sobre a qualidade do mesmo.
15
INCT Ciéncia Anima Métodos para Análise de Alimentos-2 Fdição

Em termos inferir
Nesse sentido, os alimentos devem ser submetidos a análises gerais. significa tirar conclusão. Estatisticamente, a

de controle de inferéncia conecta dois elementos chave processo de


qualidade e
composiçâo química, as quais sâo
no
avaliaçäo de

igualmente importantes na contabilização de propriedades nutritivas dados: a


população ea amostra. Segundo definições da ABNT (2010).
particulares. Assim. essas análises represcntam complementos
a populaçãco consiste da totalidade dos itens considerados, ao passo
importantes aos ensaios de alimentação. aos experimentos nutricionais que a amostra corresponde a uma das partes individuais em que uma

(Van Soest. 1967). à indústria sistemas de população é dividida. Assim, em termos gerais. a população constitui
e aos
produção.
Para controlar a qualidade dos alimentos e o todo, sendo a amostra uma fração deste. Para a realizaçio segura do
aceitação dentro de
limites satisfatórios, torna-se importante monitorar as processo de inferència faz-se necessárno que a fração (amostra) seja
características
das matérias-primas. ingredientes, dietas e alimentos um representante fidedigno de todas as caracteristicas do todo. pois
processados.
Isso pode ser feito através da avaliação de todos os alimentos ou isso possibilita que. ao entendermos a fração. podemos concluir (i.e..

ingredientes de um lote específico, o que, no entanto, além de inferir) sobre o todo. Em estatistica, chamamos essa caracteristica de

impraticável. inviabilizaria sua utilização posterior. Assim, o caminho representatividade. Por sua vez, a representatividade. em análise de

factível consiste em selecionar uma porção do produto total e assumir alimentos, é denominada de integridade de analito. a qual. portanto.

que a qualidade da porção selecionada é representativa de todo o lote indica a qualidade da amostra tomada do todo.

(Proctor & Meullenet. 1998). Esse procedimento é denominado de O termo populaçio, em análise de alinentos, não faz muito

amostragem. sentido, u a vez que nem sempre desejamos inferir sobre todo o milho
Assim, por definição, ou tarelo de soja existentes, mas apenas sobre lotes especiticos
a amostragem é o conjunto de operações
com quais obiém, do material estudo, utilizados determinado momento e/ou local. Assim,
os se em uma porção dquiridos ou em

relativamente pequena, de tamanho apropriado para o trabalho no o "todo" em análise de alimentos constitui um conceito populacional
laboratório, mas que ao mesmo tempo represente corretamente todo o mais restrito, sendo denominalo de unidade
de decisão, a qual
conjunto da amostra (Cecchi, 2003). partir do qual uma amostra é coletada e ao qual
representa o ateral a

A resultante do processo de amostrugem de alinentos uma interencia deve ser projetada. A unidade de decisão pode ser

constitui em habilitar o analisla a rcalizar um processo de inleréncin.

17
INCT Cn ii Animal todas para Ariip d Aiimernting
fri
veres,
onstituida por uma carrcta de gråo ou farelo, um silo, a enreçio feal desavisadamente, ohserv.amos resultados
que julgamos nO
total de um animal. um lote de feno, um piquete solb pastejo, cte. Condizentes e.
instintivamente, qualificamos como resultante
os
de
Nesse contexto, o processo de amostragem de alimentos se crros no método de análise
(e.g.. imprecisio do analista.
resume em tomar uma parte da unidade de decisão que preserve a no
"problemas"
cquipamento elou reagentes). Contudo, erro
global de estimaçã0
o

integridade de analito. ou seja. que preserve a earacterística ou representa mais do que isso. pois possun dois
componentes distintos
concentração do objeto de interesse como encontrada na unidade de (Figura 1.). O primeiro componente e. infelizmente.
algumas vezes
decisão. julgado como único, é o erro analitico total.
que representa a soma
Contudo. o conccito de amostra em análise de alimentos de todas asinterferèncias geradas pelo método de análise em sie todos
possui algumas diferenças marcantes em relação ao que ocorre na os elementos envoltos em sua
aplicaçio (e.g.. preparo de reagentes.
estatística. Em muitas situaçõces de análise de dados, as amostras manutenção e operação de
equipamentos; treinamento, pericia e zelo
finitos que, devido tratamento do analista).
produzem conjuntos numéricos após o
matemático/probabilístico. produzem os elementos que suportam a Todavia. o erro global de estimação é também atetado pelo
inferéncia. No entanto, na análise de alimentos a amostragem não é erro total de amostragem (Figura 1.),
qual representa o erro
o

estática como na simples avaliação de dados. O processo de cometido durante qualquer estidio da
reduçào de massa que causa
amostragem em análise de alimentos é dinâmico e formado por desvios na
integridade de analito da amostra avaliada em relaçdo à
diversas instáncias, iniciando-se na unidade de decisão e terminando unidade de decisdo. Com grande
probabiliukade, o erro total de
no momento da análise em si. Cada ctapa é crucial para manutenção amostragem intluencia mais o erro global de estimaçdo do que o erro
de imputar diferentes erros sobre analitico total. Dois
da integridade de analito e passível prineipais moüvos suportam tal atirmativa. Em
o resultado final. primeiro lugar, o erro total de amostragem representa um processo
Quando obtemos um resultado em laboratório, esse vemn
continuo composto por várias etapus, as individualmente, erros
quais,
a
acompanhado de um erro global de estimação, que representa poem ser cometidos e. consequentemente. propagados (Figura l.2).

divergéncia entre o valor da característica ou concentração expresso m segunko lugar, os erus de anwstragem são, em sua grande
amostra e o valor real concernente à unidade de decisdo, Muitas iwr, uegligenciaules e. por isso, polem agir silenciosamente sobre
pcla
J8
INCT Ciência Animal Meodos pra Analise de
Alimentos 2" Ediçio
o ero
global de
estimação. Se um ero analitico ocorrer.
podemos
repetir a anáise. Se um ero de
amostragem ocorrer, na maioria Erro Global de
massiva dos casos, não há retorno,
pois as unidades de decisão ficar:am
Estimação
no
passado e não há como re-amostrá-las.
Dessa forma. o conceito de amostra
representativa em análise
de alimentos é essencial e, em si, Erro Total de Erro Analitico
plural, pois percorre dinamicamente
um
processo longo e melindroso a fim de preservar Amostragem Total
a
integridade de
analito.
A primeira instância do processo de
amostragem resulta na
amostra primária, Erros devidos a Erros não devidos a
qual é
formmada por diferentes incrementos
a
processos de seleção processos de seleção
tomados da unidade decisão de acordo
com um
protocolo
de
amostragem. Por
definição, um incremento é a porção individual de
material coletada por uma
operação de amostragem simples que, emn Figura 1.1. Erro global de estimação e seus
componentes (Adaptado
conjunto, compõem a amostra primária. Por exemplo, em uma carreta de AAFC0, 2015; 2018).
de grãos, o incremento representa cada ponto de amostragem de um
calador de Comumente, a amostra primána possui massa superior
parede dupla. A amostra formada por todos de
ao
os
pontos necessário para envio ao laboratório. Nesse ponto introduzimos dois
amostragem constitui a amostra primária. O mesmo raciocínio é feito conceitos. Primeiro, o de amostra laboratorial, que representa
para pontos de amostragem em uma fatia de um silo ou em amostras o

material enviado e/ou recebido


fecais pontuais (i.e., amostras grab) em um animal em experimento de
ao
pelo laboratório. Essa amostra
normalmente representa uma amostra dividida, indica
metabolismo. a qual um

porção da amostra primária obtida sem nenhum viés. As operações de

divisões de amostras visando à manutenção da


integridade de analito
são normalmente denominadas de
quarteamento.

20
21
INCT Ciência Animal Mélodos para Análise de Alimentos - 2" Edição

A amostra laboratorial nem sempre poOssui características que Resultado da Análise Erro Analitico
a habilitam à análise. Assim, a mesma deve passar por
processamento
físico (i.e., secagem parcial e/ou
moagem) que a adeque para a análise.
Desse processo,
Porção Teste
produzimos a amostra analítica.
A amostra analítica, por sua vez, fornecerá pequenas alíquotas
que serão submetidas à análise Amostra Analítica
em si, asquais são denominadas de
porções teste. No momento em que uma porção teste é selecionada

(e.g., uma alíquota de 200-300 mg da amostra analítica para


avaliação Amostra Laboratorial
da concentração de nitrogênio), o processo de amostragem é
encerrado. Isso evidencia que a
amostragem em si constitui processo 1
contínuo, com múltiplos estádios e que, em cada estádio, erros podem Amostra Primária

ser cometidos os
quais comprometerão a integridade de analito, o
processo de inferência e a confiabilidade dos resultados. Logo, atribuir
Unidade de Decisão
aos erros analíticos a ampla responsabilidade por resultados julgados
como não condizentes pode ser uma atitude não tão racional assim. Figura 1.2. Fluxograma de influência de erros e da realização de
inferência em análise de alimentos (setas azuis indicam a
realização de inferência; setas vermelhas constituem ação
de erros de amostragem, a seta negra indica a
interterência causada por erros na análise em si).

Além das definições de amostra que seguem a dinâmica do

processo de amostragem (Figura 1.2). existem definições adicionais


de amostra que devem fazer parte do vocabulário do analista de

alimentos. São essas: amostra dividida, amostra replicada e

amostra composta. O conceito de amostra dividida foi previamente

22 23
Mélodos para Análise de
INCT Ciencia Animal Alimentos - 2" Edição

n a amostra
discutido. Amostras replicadas significam frações de uma amostra composta. Nesse cas0, OS incrementos (e.g.. pontos
colcta cm uma carreta de
tomadas sob condições comparáveis em qualquer ponto do pucesso farelo) devem ser
equivalentes; ou seja.
devem apresentar o mesmo
de amostragem. Esse conceito é comumente aplicado em duas peso na
formação da amostra
composta
instancias área de
i.C., a amostra primária).
em nossa
atuação. Primeiro, quando envia-se uma
amostra laboratorial, é prudente Contudo, a formação de amostras compostas nem
que uma contra-prova seja sempre
armazenada no local de origem. para os casos de perda da amostra segue esses preceitos. Um
exemplo simples pode ser construído a

laboratorial no transporte ou contestação dos resultados obtidos. Em partir da coleta fecal de ruminantes
experimentos
em de metabolismo.

segundo lugar. quando realizamos repetições em laboratório, Caso procedamos à coleta fecal pontual (i.e. amostras grab, tomadas
em
pressupõe-se que cada porção teste represente uma amostra replicada pequenas frações em momentos especificos). nossa amostra

da amostra analítica. composta deverá ser equivalente à cada coleta (nesse caso,

O conceito adicional final de amostra é o de amostra comumente, a amostra composta será formada por massa iguais de

composta, o qual constitui aquela amostra que, em qualquer instância amostra seca ao ar tomadas em cada tempo de amostragem). Por outro
do processo de amostragem, é obtida pela mistura de amostras antes lado, caso realizemos coletas totais de fezes durante três ou mais dias,

da análise si, objetivos de eficiência analítica a amostra composta será formada por alíquotas proporcionais a cada
em com ampliar a (i.e.,
reduzir custos ou o número de procedimentos analíticos). A dia. Em outras palavras, para os dias de maior exereção, a alíquota
interpretação incorreta do conceito de amostra composta constitui componente da amostra composta deverá ter maior peso na amostra

algumas vezes um comprometimento primordial do processo de final. Isso éé o que denominamos de amostra composta proporcional
inferência, sobretudo quando sua aplicação compromete o conceito de aos seus incrementos.

unidade experimental. Isso não deve ocorrer e atenção deve ser Considerando que a amostragem constitui processo contínuo
dirigida a isso. com múltiplos estádios. os erros se manifestarão de forma plural
Dessa forma, o conceito de amostra composta deve ser durante sua execuç+o. De tornma geral. os erros de amostragem se

aplicado corretamente. Com um raciocínio simples, entendemos que enquadrarão em dois grupos principais: serão ou não causados por
uma amostra primária, ao ser formada por incrementos, compreende processos de seleção de elementos (Figura 1.1).
24
INCT Ci nia Animal
Mctodos para Analise de iunentos c
Por definição, elementos são os componentes indivicduais quc
formam um dado material. podendo ser
Erros devidos|
gràos ou partículas para |a processos de
materiais sólidos. moléculas para materiais
líquidos ou uma mistura
seleção
de ambos para materiais
pastosos. Os materiais podem ser
Erros
classificados como materiais de elementos finitos Erros
ou infinitos. Os Aleatórios Sistemáticos
primeiros são formados por elementos que podem ser identificados e

selecionados individualmente ao acaso, como o caso de lotes de grãos Erro Erro por
integrais ou frutos. Os segundos, por sua vez, sâo formados por fundamental delimitação del
de
elementos que näo podem ser identificados e selecionados incremento
amostragem
individualmente ao acaso, como o caso de farelos, materiais em pó ou Erro por
material líquido, como óleos e outros líquidos (e.g., leite, urina, Erro por extração de
agrupamento incremento
melaço líquido). e segregação
A partir dessas definições, estabelece-se que os erros Erro na
associados a processos de seleção decorrem de equívocos ou ponderação de
incrementos
influências na retirada dos elementos de um material. Esses erros
Figura 1.3. Erros de amostragem devidos a processos de seleção e
podem ocorrer de forma aleatória ou sistemática (Figura 1.3). seus componentes (Adaptado de AAFCO. 2018).

Os emos aleatórios são aqueles que ocomem causas


por
inprevisiveis e que fogem ao controle do analista. Resumidanmente, isso
indica que um ineremento ou porção teste analisada terà uma
L
caracteristica ou valor diterente do incremento ou porção teste anterior
(conceitos adaptadosdeJCGM, 2008; INMETRO, 2014). Cada novo erro
aleatório poderå possuir módulo e/ou direção totalmente diferente do

26 27
1étodos para Análise de
Al1mentes-2 Edi

ometido no ineremento honogeneos. Uma mistura concentrada contendo farelos e grios inteios
ou
ponçåo teste que v poccdeu, Como såo
caractenisticos de cada avaliação, apereepydo do emo aleatório é dada por ou uma
silagem de milho possuem alta heterngeneidade de composição,
medidas de variabilidade (c.g.. variância pois seus clementos variam muito entre si.
amostral). Quanto maior o eo
aleatório, menor será a precisão do Adicionalmente, existe a heterngeneidade de distribuição. a
processo ou da análise.
Por outro lado, os emos sistemáticos qual se origina da distribuição não-aleatóra (embora incorra em erro
se manifestam de forma
constante sobre incrementos, anmostras alcatório) espacial e/ou temporal dos elementos dentro de uma unidade
e porções teste, fazendo com que
todos os resultados obtidos de decisão. A
se
desloquem em mesmo sentido e módulo heterogeneidade de distribuição espacial ocorme, por
em relação à característica ou à concentração real. Esse deslocamento é exemplo, quando transporta-se uma carga de gräos ou farelos em caretas.
também denominado viés. Em boa Com a trepidação durante o transporte, diferentes estratos horizontais são
parte dos casos, os erros sistemáticos
possuem causa conhecida. o que pemite que sejam corigidos com
fomados. Partículas menores e mais densas se concentram na parte
reinamento, boas práticas ou, em último caso, por intermédio de fatores inferior da carga. ao passo que particulas maiores e menos densas
de começão. Contudo, a
questão parece complicada em
ser mais predominam no estrato superior. Com a estratificação horizontal. produz-
amostragem. pois equívocos nos procedimentos dependem imensamente se uma heterogeneidade de distribuição vertical. Por outro lado. a
do fator humano, o
qual nem sempre reconhece a realização de práticas heterogeneidade de distribuição temporal ocome. por exemplo, com o

capazes de incorrer em erros sistemáticos na


formaçãão das diferentes armazenamento de silagem de milho em longos silos trincheira. A
amostras. Quanto maior o erro sistemático, menor será a exatidão na forragem retirada na entrada do silo será diferente daquela retirada no
expressão final de uma característica ou concentração. centro ou na parte posterior. pois foram depositadas em momentos
Os eros aleatórios devido à seleção de elementos ocorrem distintos (i.e., ficaram expostas ao ar por tempos diferentes, foram
basicamente devido à ocorrência de
heterogeneidades no material, as cortadas de campos distintos ou, se cortadas no mesmo campo, foram
quais ocorrem por dois motivos. A
heterogeneidade de composição cortadas em dias distintos).
origina-se de diferenças na composição entre elementos individuais em aleatório apresentado Figura l.3 é o erro
O primeirw emo na

uma unidade de decisão.


Materiais como farelo de soja, por tundamental de amostragem, o qual ocorme devido à heterogeneidade
exemplo,
possuem baixa heterogeneidade de composição, pois seus elementos silo

28
Métodos para Análise de
INCT Ciência Animal Alimentos -

2" Edição
O
segundo erro aleatório apresentado na Figura 1.3 é o erro
de composição da unidade de decisâo. Sua descrição quantitativa, dada
por
por intermédio de uma variância amostral, < (AAFCO, 2015; 2018): agrupamento e segregação, o qual decorre da
heterogeneidade de
distribuição dos elementos na unidade de decisão. De fornma
simplificada,
SEFA
HCxd sua
descrição quantitativa é dada por (AAFCO, 2018):
m

em que: s EFA = Variância do erro fundamental de amostragem; HC =


HD
EAS
n
heterogeneidade de composição; dnás = diàmetro máximo dos elementos;

e m= massa do incremento. em que: SEAS =


Vvariância do erro por agrupamento e
segregação;
Pela equação é possível deduzir algumas medidas a serem HD heterogeneidade
=
de distribuição;
e n número de increment0s.
=

adotadas no processo de amostragem em uma unidade de decisão. A aplicabilidade direta a ser retirada da
equação acima é: quanto
Primeiro, quanto maior a heterogeneidade de composição, maior será o maior a heterogeneidade de distribuição, maior deve ser o número de

ero aleatório passível de ocorrer. Para que um controle seja feito, duas- incrementos que comporão a amostra primária.
decisões podem ser tomadas. Primeiro, aumentar a massa de cada Os erros sistemáticos ligados a processos de seleção (Figura 1.3)
incremento na formação da amostra primária. Segundo, reduzir o podem ocorrer em três instâncias distintas, embora não haja pleno consenso
diâmetro dos elementos. Essa segunda medida nem sempre é possível na na literatura. A
primeira instância é denominada de erro na ponderação
prática, pois nem sempre é possível processar mecanicamente o material de incrementos, o qual resulta do uso de incrementos desproporcionais
antes da amostragem. A lógica dessa relação nos diz que seria mais (em massa ou volume) em relação a sua verdadeira importância em umna

adequado amostrar o milho moído em relação ao milho em gro. Se for amostra primária ou composta. A segunda instäncia é denominada de erro
factível, beneficios seriam obtidos em relação à precisão. Contudo, essa por extração de incremento, o qual resulta de remoção imprópria de um
equação nos será muito útil para justificar a aplicação do processamento incremento, resultando em perda de material durante a remoção. Por
mecânico ie., moagem) para formação de amostras analíticas e porções dtümo, temos o erro por delimitação de incremento, que é causado,
teste, o que veremos em um momento posterior deste Capítulo. principalmente, do uso de instnumentos de amostragem inadequados para a
situação em questão. Exemplos podem ser verificados em AAFC0 (2018).

30 31
INCT Cincia Aninat Métodos para Análise de Alimentos 2 Edição

de moinhos indevidamente
Por outro lado. todos os emos de limpos (ou não limpos) entre
amostragem que não cstão uma moagem e

assaciados outra.
a
praxessos de
seleção são de natureza sistenmática (Figura 1.4).
O primeiro desses é o erro de
integridade de analito, o qual resulta de
mudanças de concentração ou em características da amostra durante o Erros não devidos a
processos|
de seleão
processo de amostragem. Na nossa área de atuação a ocomência desse erro CEros sistemáticos)
é comum durante o
processanmento físico da amostra, notadamente durante
a
redução parcial da umidade de amostras. O uso de temperaturas
inadequadas (i.e., excessivamente altas) ou ambientes de secagem Erro por material estranho

inadequados (e.g., algumas vezes secagem em estufa, quando a

amostra/análise demanda liofilização) podem levar a alterações


Erro de recuperaçäo de
ireversíveis na amostra que comprometem a
integridade de analito. Perdas massa

por volatilização ou modificação das características químicas


por reações
não-enzimáicas são as causas mais comuns de
para o erro
integridade de Erro por introdução de
analito. contaminação
O erro
introdução de
por contaminação ocorre devido à
introdução não intencional de contaminantes, os quais podem incorrer em Erro de integridade de
anaito
concentração ou diluição do analito, introdução de materiais indesejados na
introdução de elementos causadores de interferências analíticas
amostra ou
Figura 1.4. Erros de amostragem não devidos a processos de seleção
de uma foma geral. Esse enro se assemelha à
contaminação cruzada em e seus componentes (Adaptado de AAFCO,
2018).
fábricas de rações e decorre, comumente, do uso de instrumentos de
amostragem utilizados sem a devida limpeza, o que carreia elementos de Por sua vez, o chamado erro de recuperação de massa decome
um da perda (mais comunm) ou ganho de massa de uma amostra durante o
processo para o outro. Outra forma comum de
imputar esse erro às
amostras Ocorre durante o
processamento mecânico da amostra com o uso processo de amostragem, afetandoa integridade tinal do analito. Na nossa

32
33
Mélodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Cincia Animal -

Edição

area, é mais comumente cometido durante CSColha Como incremento, amOstra


esse erro o pocessamento
sua
primária passará a ter uma alta

mecânico das amostras. Moinhos mal conservados levam à perda de fração de material mofado. Durante o uso da silagem. possivelmente esse
material por trestas durante a moagem, a qual pode comprometer a
pequeno "pedaço" será desprezado. Por que inclui-lo na amostra?
integridade de analito. Por outro lado, processos de moagem mal Um aspecto final dos problemas associados à amostragem foi

principalmente pelo uso de tempo aquém do necessário, com devidamente abordado pela AAFCO (2015: 2018):
conduzidos os denominados
o aproveitamento apenas do material moído nos primeiros minutos, blunders. Esses correspondem a equívocos ou, algumas vezes. acidentes

causarão viés integridade do analito. Lembrem-se: amostras possuem


na que resultam em perda ou comprometimento da informação, os quais
heterogeneidade de composição. 0 fato de uma fração da amostra levar podem ocorrer em qualquer estádio do processo de amostragem (e.g.
mais tempo para moer, indica que na amostra existe uma quebra de frascos, rotulagem incorreta, erTOS de anotação, falhas de
estratificação
física (1.e., uma fração é mais resistente å moagem que outra). equipamento, escolha de métodos incorretos). Os blunders, por sua
Estratificações físicas são, na maioria massiva dos casos, decorrentes de natureza, não podem ser considerados na avaliaço do erro total de

heterogeneidades de composição causadas por características químicas. amostragem, devendo ser prevenidos ao máximo com o devido preparo e
Por fim, temos o erro por material estranho. Durante a retirada atenção do amostrador/analista e com cuidados em todos os procedimentos
de uma amostra é comum encontrarmos materiais estranhos que não Sua ocorência, pode, algumas vezes. comprometer todo o processo,

pertencem naturalmente à unidade de decisão. Esses materiais são levando à necessidade, se possível. de se repetir todo o processo de

normalmente desprezados no uso do material e, de certa forma, não amostragem.


possuem representatividade frente à unidade de decisão como um todo. No Um dos principais comprometimentos gerados pelos blunders

entanto, ao permitir que o mesmo componha, por exemplo, uma amostra ocoTe sobre a integridade de evidencia Essa representa a segurança que

primária, sua participação na amostra será indevida e exagerada, nenhuma evidência tenha sido perdida ou comprometida desde o processo

comprometendo a integridade de analito da mesma. Como exemplo, de amostragem até a obtenção de resultados analíticos. A integridade de

suponhamos que você esteja amostrando um silo trincheira. De frente para evidência possui ampla relação com aspectos éticos ou legais da análise de
a fatia, você se depara com um pequeno nicho de material mofado. Esse alimentos e sua aplicação busca assegurar a integridade da amostra desde
a

pequeno nicho não tem representatividade no silo. Contudo, caso você o numérica do resultado
construção de u a amostra primára até a expressão
34 35
Métodos para Análise de Alimentos -2" Edição

final AARO, 2015). Como resultados Wagner, 2015: Wagner & Ramsey. 2015). O primeiro conhecimento será
os
podem ser usados para
diferentes fins. conceito de acerca das
propriedades do material amostrado quanto à
o
integridade de evidência pode variar em
a ser sua

funão dos mesmos. heterogeneidade (de composição e de distribuição). 0 segundo


Os mateniais avaliados em análise de alimentos para aniais sâo conhecimento é denominado de critérios de qualidade de amostragem,
Cxtremamente plurais em natureza. origem, local e forma de
OS quais demandam do analista conhecimento claro do propósito da
amazenamento e finalidade de aplicação. Usamos forragens, concentrados amostragem e da qualidade necessária dos dados a serem produzidos. Com
e suplementos minerais: avaliamos alimentos ofertados e sobras; avaliamos a junção funcional de ambos conhecimentos. a teoria de amostragem é
digestas e fezes coletadas sob diferentes protocolos; monitoramos matérias aplicada, a qual fomecerá as ferramentas cientificas para realização de uma

primas produtos
e finais: tomamos amostras de sacos, carretas, silos amostragem capaz de preservar a representatividade da amostra. Contudo,

forrageirose graneleiros; etc. Dessa formna, seria


praticamente impossível deve ser ressaltado que a aplicação da teoria de amostragem produzirá
definir procedimentos de amostragem padrão em apenas um efeitos nulos caso o conhecimento sobre a heterogeneidade do material e
Capítulo deste
Manual. Embora sugestões gerais tenham sido Os critérios de qualidade de amostragem não sejam definidos e conhecidos.
apresentadas na primeira
edição do mesmo, o comitê organizador desta nova edição optou por A partir da fusão de todos os aspectos. o analista se tormará apto a definir os
removê-los e deixar a cargo do usuário a busca por protocolos de amostragem adequados (Figura 1.5).
protocolos de
amostragem adequados aos seus objetivos. Sugestões de procedimentos
amostrais podem ser encontrados, por exemplo, em Butolo (2002), FAO Processamento físico de amostras
(2004), SINDIRAÇÕES (2017) e AAFCO (2018), além de trabalhos
científicos
O processamento fisico da amostra constitui a adequação de um
específicos de cada área.
Suporte teórico adicional ao aqui
amostra laboratorial para as análises em si, convertendo-a em amostra
discutido pode ser obtido em FAO (2013) ou no número especial sobre essa
analitica. Como a própria definição diz, essa etapa de processamento deve
temática publicado pelo Journal
of AOAC International (2015; v.98, n.2).
Contudo, restringir-se ao campo tisico, sem promover alterações quínicas na
torna-se imprescindível
destacar que, em qualquer
amostra (ou. pelo menos, com o mínimo de alteração possível), buscando-
situação, a definição de um protocolo de amostragem deverá se bascar em
de aualito frente observado na unidade de
dois conhecimentos básicos de ferramenta
se preservar a integridade ao
e no uso uma (Ramsey &
decisão. O processanento tisico engloba dois gupos distintos de ações, as

36 37
NC7iia Animal Métodos para Análise de Alimentos
- 2" Edição
quais paiem ou nãocomer enm conjunto (e, nonnalhmente, em A desidratação parcial da amostra laboratorial
sequência): possui alguns
desidratação parcial. também denominada de objetivos centrais. Em primeiro Iugar. parte das amostras laboratoriais
"pné-sceagem", e
processamento mecânico. também denominado de possuem teor de umidade elevado, o que facilitaria sua deterioração e.
moagem.
consequentemente, comprometeria a integridade de analito. Esse
pertil de amostras laboratoriais é comumente observado para
Confiabilldade
Representatlvidade forragens in natura, silagens. digestas. material fecal, etc. A

deterioração poderia, ao menos em tese. ser contornada pela

CQA TA PA
manutenço da amostra sob congelamento. Contudo. esse manejo gera
outro inconveniente, que surge da necessidade de contínuos ciclos de

descongelamento e recongelamento a cada vez que alíquotas precisam

Erro
ser tomadas para realização de algum procedimento analítico.
Materiais com teor de umidade inferior a 15%, normalmente, não

necessitam de acondicionamento sob refrigeração, salvo casos

Heterogeneldade especiais. Dessa forma. reduzir o teor de umidade da amostra

laboratorial facilita o manejo e armazenamento nas rotinas

dessas considerações, entende-se que a


laboratoriais. A partir
não constitui procedimento essencial para
PM desidratação parcial um

todos os materiais, pois. por exemplo. grãos, farelos e fenos já


Figura 1.5. Representação sistemática para obtenção de amostras umidade.
representativas (CQA, critérios de qualidade de possuem naturalmente baixo teor de
amostragem; TA, teoria de amostragem; PM, Por outro lado, materiais úmidos não são propícios
ao

propriedades do material amostrado; PA, protocolos de tendem flexíveis e resistentes à


amostragem). Adaptdado de Ramsey & Wagner (2015) e processamento mecânico. pois a ser

Wagner & Ramsey (2015). A direção das selas coloridas existem processos de
moagem por corte ou por impacto. Obviamente,
indicaaumento no critério indicado.
natura, como a moagem criogênica, na qual
moagem de materiais in
38 39
iNCT Ciëncia Anial
Métodos para Análise de Alimentos -2" Edição

material congelado a
baixíssimas temperaturas passa a
adquirir ntegridade de analito em comparação à secagem por frio (Ribeiro et
resistência fisica suficiente para o
processamento mecânico. Contudo, al., 2001; Pelletier et al., 2010;.Jacobs et al.. 2011: Morris et al. 2019).
entende-se que tais casos constituem
exceções nas rotinas Esse comprometimento na integridade de analito ocorre,
laboratoriais. Assim. a
desidratação parcial atribui resistência ffsica normalmente, por duas vias: volatilização e reações não enzimáicas.
que habilita a amostra laboratorial ao
processamento mecânico. A intensidade de volatilização dependerá de duas variáveis principais:
A
desidratação parcial de amostras laboratoriais pode ser concentração de compostos passíveis de volatilização e temperatura
realizada por intermédio de
secagem por frio ou por calor. de secagem. Em ambos os casos haverá uma relação diretamente
Inicialmente, que devemos entender é que
o
o
objetivo é apenas de proporcional com a intensidade do erro de integridade de analito.
reduzir o teor de umidade
do original material a níveis que se Por outro lado. as reaçoes não enzimáticas são diretamente
enquadram nos objetivos descritos anteriormente. Não há, e nem deve mediadas por calor e, comumente, envolvem a junção de compostos
haver,intenção de retirar toda a água do material. O conceito final de aminoacídicos e de carboidratos não estruturais. Os compostos
desidratação parcial é normalmente definido por uma amostra seca resultantes de tais reações são denominados de artefatos. Sua
em
equilíbrio com a umidade relativa do ar ou, simplesmente, resulta perda de integridade de analito devido
formação, em geral, em

amostra seca ao ar
(ASA). A noção clara desse conceito deve ser à alteração química do pertil de compostos nitrogenados (i.e.
preservada para que os procedimentos adotados na
desidratação aminoácidos so transtormados em compostos nitrogenados
parcial sejam aplicados sem equívocos. insolúveis e contabilizados como nitrogênio insolúvel em detergente
A escolha por frio calor
ou
dependerá basicamente dos neutro), aumento de compostos insolúveis (os quais podem acarretar

objetivos da análise final, o que definirá o grau de tolerância ao erro neutro e lignina) e decréscimo da
aumento da fibra em detergente
de integridade de analito, à enzimáticas é
e
disponibilidade de infra-estrutura e
digestibilidade da anmostra. A ocorrência de reações no

equipamentos. maiores que 60°C (Van Soest, 1994),


ampliada sob temperaturas
A secagem por calor é mais simples e
possui menor custo e
sendo este o limite máximo do calor a ser recomendado paraa
maior acessibilidade ao aparato necessário. Contudo, a submissão da
amostra
procedimentos de desidratação parcial.
a calor pOssui maior probabilidade de ocasíonar erro de

40

1
INCT Ciência Aninnal Mélodos para Andlise de Alimentos -2" Edição
As formas de
secagem por calor são tamanho do cristal de gelo formado
variadas, indo desde no interior da amostra. Por sua vez, 0

secagem à sombra em camada delgada até de micro-ondas. tamanho do cristal de gelo é diretamente
o uso
proporcional à temperatura de
Contudo, a forma mais rigorosa e indicada consiste no uso de estufa com congelamento. Logo, congelamentos por intermédio de freezeres
circulação forçada de qual permite o melhor controle das variáveis
ar, a convencionais não propiciam condições
adequadas ao processo de
fisicas envolvidas na redução do teor de umidade. Embora o forno de liofilização, sendo necessários processos mais adequados, como o uso de
micro-ondas seja atrativo, devido à acessibilidade e nitrogênio líquido ou ultra-freezeres. Isso demanda maior custo e,
rapidez, o controle da
temperatura no interior da amostra não é feito como na estufa. Assim, a consequentemente, maior investimento no processo.
secagem parcial por calor recomendada neste Manual baseia-se no uso de Embora a liofolizaço não isente as perdas por volatilização
estufa com circulação forçada de ar. A base física deste processo de (Morris et al., 2019), é improvável que comprometimentos da integridade
secagem consiste em imprimir à amostra temperatura superior à do de analito ocorram por reações não enzimáticas. Logo,
presume-se que a
ambiente, mas inferior à temperatura de ebuliço da água (i.e., 50-60°C). liofilização seja o padrão ouro do processo de desidratação parcial de
Isso causa aumento da excitação das moléculas de água, formando um amostras. Contudo, balizamentos entre a tolerância ao erro de integridade
micro-clima de alta umidade sobre a amostra. Essa umidade é retirada de analito e o custo do processo devem orientar a escolha do método

com o auxilio da corente de ar e, gradativamente, a água migra do interior adequado neste quesito.
para o exterior da anmostra. O ciclo de migração e retirada da água é Uma vez que a desidratação parcial foi executada (ou não,

repetido por tempo suficiente para que o teor de umidade demandado seja dependendo da amostra em si), passamos à segunda etapa do

alcançado. processamento f+sico, o que denominamos de processamento mecânico.

Por outro lado, a secagem por frio trabalha com uma propriedade Os objetivos dessa etapa são claros: reduzir a influencia da

específica da molécula de água que, sob baixíssimas temperaturas e sob heterogeneidade de composição e adequar a superfície específica da

vácuo, é capaz de sublimar, ou seja, migrar diretamente do estado sólido amostra analítica ao processo de análise em si.

para o estado gasoso. Contudo, esse processo, em termos instrumentais, No primeiro caso, temos uma observação clara do objetivo da

exige o congelamento da amostra sob temperaturas muito baixas (40°C). moagem da amostra. Por exemplo, a análise do teor de nitrogênio por

A eficiência do processo de liofilização é inversamente proporcional ao intermédio do método de Kjeldahl não detemina nenhum tamanho de

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INCT Ciência Animal Métodos para Análise de Alimentos 2"
-

Edição

partícula em especial. Como a amostra será totalmente digerida por um moagem, realize o quarteamento da amostra, reserve uma
parte moIda a

procedimento ácido. não há necessidade de moagem específica em si. 2 mm e destine outra parte para uma nova
moagemal mm.
Contudo, raciocinemos. O que escolher de Embora haja diversos tipos de
em uma amostra
silagem de moinhos., dois tipos são mais
milho? Meio grão. uma folha e uma parte de uma sabugo? Obviamete utilizados na análise de alimentos para animais. O
primeiro engloba
que não. Com a moagem. a amostra se torna mais homogênea e muito da alguns modelos de equipamentos que são de forma geral denominados de
influência devido à sua heterogeneidade de composição é contornado,o moinhos de facas. Suas principais características são: um conjunto de
que permite a obtenção de porções teste adequadas. lâminas localizadas no rotor central. denominadas de facas:
conjunto um

Por outro lado, há muitas análises que determinam de lâminas localizadas


superfícies na parede da câmara de moagem. denominadas de
específicas para que seus resultados sejam considerados adequados. Por contra-facas; e um mecanismo seletor de tamanho. denominado
exemplo, a análise de fibra em detergente neutro exige que as amostras peneira. Os moinhos de facas desintegram as amostras por corte. uma vez
sejam moidas com peneiras de porosidade de 1 mm. Por outro lado, as que o encontro das facas e contra-facas executam ação similar à de
incubações in situ para ruminantes demandam moagem em peneiras de tesouras. O mesmo foi projetado para materiais macios. como forragens
porosidade de 2 mm. Assim, antes de se executar o processamento e farelos, não sendo indicada a moagem direta de materiais duros. como
mecânico, faz-se necessário um correto planejamento considerando-se oSsos e catilagens.
todo o espectro de análises que serão realizadas. Haverá, normalmente, Por outro lado, os moinhos tipo "bola" são compostos por uma
dois tipos de decisões a serem tomadas. Primeiro, a moagem se baseará câmara de moagem de aço que é deslocada em movimento retilíneo do
naquela análise que define um tamanho de partículas particular. Segundo, vai-e-vem" contendo esfera de aço interior. Com
tipo uma em seu o

caso haja duas exigências distintas, a moagem deve ser executada em movimento, a esfera se choca com a amostra, reduzindo o tamanho de
múltiplos estádios. Suponha que seu espectro envolva análises de fibra Como não há mecanismo seletor, não há
partículas por impacto. como

em detergente neutro, incubações in situe proteína bruta por Kjeldahl. A controlar o tamanho final de moagem. Esse tipo de equipamento é
primeira exige I mm, a segunda 2 mm e a terceira não possui exigências. moagem de
utilizado na moagem de materiais duros, como ossos, ou na

Assim, a primeira instância da moagem será realizada a 2 mm. Após a inicial duros para que
materiais comuns para fragmentação em grão o

término do processo de moagem seja realizado em um moinho de facas.

44 45
Métodos pura Análise de Alimentos -2"
INCT Ciência Animal Edição

Sacos de papel podem ser utilizados


Um detalhe relevante no processo de moagem é direcionado a como
recipientes para
amostras com menor teor de umidade
materiais de alta concentração de gordura. O processo de moagem gera como forragens frescas.
calor, causando a fusão de parte da gordura, que forma placase impede a Forragens colhidas
íntegras (e.g., capins) devem ser previamente
seccionadas em fragmentos de 2a3 cm para otimizar a
moagem em ambos os tipos de moinhos. Assim, materiais com mais de perda de água
durante o processo. Para o caso de amostras fecais, de
10% de extrato etéreo devem ser parcialmente desengordurados para que digesta ou

forragens de alta umidade (e.g., cana-de-açúcar). os recipientes devem


o processamento mecânico seja factível. No caso de grãos de oleaginosas
(eg., caroço de algodão, grão de soja), os mesmos devem ser
ser bandejas, as quais, sugere-se, serem cobertas com filmes plásticos
parcialmente fragmentados em um almofariz e submetidos a um processo (sacolas), que previnem que as amostras fiquem aderidas nas bandejas
de extração intermitente da gordura (e.g., extraço de Soxleth) por seis a para o caso de bandejas de alumínio, previne-se também a

oito horas. Não se deve esquecer de contabilizar a gordura extraída nesse contaminação da amostra).

processo para a correta expressão das concentrações a posteriori.


Procedimentos

Redução do teor de umidade em estufa com circulação forçada de ar 1. Lave os recipientes e deixe secar na estufa a 50-60°C. Se utilizar
(Método G-001/2)
saco de papel deixe-o secar por oito horas. Retire da estufa e espere

entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ar. Esse


Aparatos
procedimento é importante para que não haja alteração da tara
-

Balança semi-analítica com preciso de 0,1 a 0,01 g durante o processo de secagem. pois estamos trabalhando com
- Bandejas de plástico ou alumínio
amostras secas em equilibrio com a umidade relativa do ar.
Sacos de papel
Sacos plásticos 2. Pese os recipientes e registre os pesos.
- Estufa com circulação forçada dear
3. Adicione uma amostra em cada recipiente e registre os pesos dos
com as amostras. Para o caso de sacos, o volume de
recipientes
amostra não deve ultrapassar 50% da altura do saco. A secagem em
46 47
NCT Ciência Animal Métodos para Análise de Alimentos -

2" Edição

bandejas deve ser realizada conm a amostra em camada delgada (i.e., -

Estufa com circulação forçada de ar

altura da amostra no deve ultrapassar cm).2 - Liofilizador

Sistema de congelamento (ultra-freezer ou nitrogênio líquido)


4. Agite os recipientes com as amostras com suavidade, para
uniformemente distribuir as amostras e expor o máximo de área à
Procedimentos
secagem.
1. Lave os recipientes e deixe secar em estufa a 50-60°C. Retire da
5. Coloque os recipientes com as amostras na estufa a 50-60°Ce deixe
estufa e espere entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ar.
secar por 24 a 72 horas. Se recipiente utilizado for sacos de papel,
o

este deve ser disposto com inclinação de 45°, perfurado na face 2. Pese os recipientes e registre os peso0s.
superior (3 a 4 furos feitos com um instrumento perfurante)) e
3. Adicione uma amostra em cada recipiente de modo a obter uma
permanecer aberto na estufa para otimizar a perda de umidade da
camada delgada (altura mácima de 1 a 2 cm). Para o caso de
amostra.
forragens colhidas íntegras (e.g., capins) devem ser previamente
6. Retire os recipientes com as amostras da estufa e espere 30 a 40 seccionadas em fragmentos de 2 a 3 cm para otimizar a perda de
minutos para entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ar.
água durante o processo.
Pese-os e registre os pesos.
4. Registre os pesos dos recipientes com as amostras.

Redução do teor de umidade por liofilização 5. Agite oS recipientes com as amostras com suavidade, para

(Método G-002/2) uniformemente distribuir as amostras.

com as amostras em ultra-freezer com a


Aparatos 6. Coloque os recipientes
inferior a -40°C e deixe por 8 a 12 horas, de
temperatura igual ou
-

Balança semi-analítica com precisão de 0,1 a 0,01 g de pequenos cristais de gelo. Parao
modo a promover a formação
Recipientes (bandejas)
48 49
INCT Ciencia Animal Métodos para Análise de Alimentos 20 Edição

Seca em
caso do uso de nitrogênio líquido. propiciem um "banho" sobre equilíbrio com a umidade relativa do ar (g); e %ASA =

material de forma a obter o congelamento rápido. percentual de "amostra seca ao ar";

7. Retire a amostra do ultra-freezer


após o congelamento em
ou
Exemplo de cálculo
nitrogênio líquido e coloque imediatamente no liofilizador por, no
mínimo, 24 horas. Considerando a aliquota 1 da tabela a seguir, tem-se o cálculo
da estimativa da "amostra
8. Retire amostras do
seca ao
ar
as liofilizador, espere 40 minutos para entrar em
equilíbrio com a umidade relativa do ar, pese e
registre os pesos. MN=(T+MN)-T=314,71-9,60=305,11g

Cálculo da concentração de "amostra seca ao ar" ASA=(T+ASA) -T=104,63-9,60=95,03 g

Para o cálculo da concentração de amostra ASA 95,03


seca ao ar, use as
6ASA=x100
MN 305,11
x100=31,15%
equações:

MN=(T+MN)-T Alíquota
Item

ASA=(T+ASA)-T Tara (g) 9,60 9,36 9,14


Tara +MN (g) 314.71 385,74 372,10
ASA
MN () 305,11 376,38 362,96
%ASA=TX100
Tara + ASA (g) 104.63 130,03 122,97

ASA (g) 95.03 120.67 113,83


em que: MN =
massa de amOstra em termos de matéria natural (g); T
%ASA 3115 32,06 31,36
= tara ou peso do recipiente utilizado (g); ASA =massa de amostra
%ASA (média) 31,52

50
Métodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Ciência Animal
-

Edição

JOINT COMMITTEE FOR GUIDES IN METROLOGY JCGM.


Literatura Citada
-

JCGM
100:2008. Evaluation des données de mesure - Guide pour
l'expression
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52 53
INCT Ciência Animal
Métodos para Análise de Alimentos 2"
-

Edição

Capítulo 2

Secagem definitiva e matéria seca


Definições básicas

O teor de umidade residual de uma amostra manejada em


laboratório representa a umidade remanescente em um alimento
úmido após sua
desidratação parcial em estufas com ventilação
forçada ou liofilizadores, ou a umidade total de alimentos com
baixo
teor de umidade, como grãos e farelos. Essa umidade érotineiramente

representada, por seu complemento, denominado "amostra seca em


estufa" (ASE), em virtude da maior facilidade dos cálculos posteriores
para quantificação dos teores dos componentes químicos nas

amostras.

Os teores de ASE de alimentos são normalmente obtidos no

Brasil por intermédio da secagem em estufas isentas de ventilação

forçada iguais ou superiores à temperatura de


sob temperaturas

ebulição da água (Silva & Queiroz, 2002). Contudo, diferentes


binômios tempo x temperatura podem conduzir a diferentes
alta de interação com amostras de
resultados, com possibilidade
diferentes origens e composições (Thiex & Richardson, 2003).

54 55
Métodos para Análise de Alimentos -2" Ediçdo
INCT Ciência Animal
Tabela 2.1. Exemplo teórico da influéncia das variações do teor de
A quantificação da ASE é uma das medidas mais importantes ASE na composição química de alimento volumoso
e utilizadas na análise de alimentos. pois a umidade de um alimento

está relacionada com sua estabilidade. qualidade e composição, Composição Laboratório" Diferencial

Item teórica (% (2-1:%)


afetar embalagem e o processamento dos
podendo a estocagem, a
ASE 89,79 95.00 +5.8
alimentos (Cecchi. 2003).
conhecimento do PB 8.91 8.42 -5,5
Em termos de rotina laboratorial, o correto

EE 3.34 3.16 -5.4


teor de ASE nas amostras se mostra adicionalmente relevante, uma

vez que estas são manejadas na base seca ao ar, ou seja, ainda contendo FDNcp 55 61.25 57.89 -5.
umidade. Desta forma, devido à impossibilidade de manejo de MM 5.57 5.26 -5.6
amostras totalmente secas, o teor de ASE é utilizado para correta CNF3 20,93 25,2 +20,7
dos teores obtidos base na matéria seca (MS) da ASE, "amostra seca em estufa": °B. proteína bruta: EE. extrato etéreo;
expressão com
FDNcp, fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína: MM,
amostra. Assim, por constituir denominador comum a todos os demais matéria mineral; CNF, carboidratos não fibrosos. Composição assumida
dos hipoteticamente com base na amostra seca ao ar para uma amostra de silagem
procedimentos laboratoriais, erros cometidos na quantificação
teores de ASE tornam-se vícios ou eros sistemáticos em todas as
de milho. CNF = 100-(PB + EE + FDNcp +
MM). Composição ajustada
para a matéria seca. Os cálculos consideram as diferenças entre dois
laboratórios quanto à estimativa de ASE. Para maiores detalhes, favor
avaliações, propagando-se, desta forma, ao entendimento global de
consultar Souza et al. (2015).
todas as demais características do alimento (Mertens, 2003; Souza et

al., 2015; Tabela 2.1). Observa-se que diferenças entre os teores de ASE se projetam
em magnitudes similares, mas em direções opostas, sobre os

componentes químicos analisados diretamente (Tabela 2.1). Contudo,


os vícios imputados sobre estes componentes são potencializados
sobre o teor do componente estimado por diferença, neste caso

carboidratos não-tibrosos. uma vez que este absorverá todos os erros

associados com os teores dos componentes químicos analisados

56 57
Métodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Ciência Animal
-

Edição
3. Coloque-os em dessecador devidamente preparado (máximo de 20
diretamente em mesma intensidade, mas com direção oposta
(Detmann & Valadares Filho, 2010). unidades por procedimento), a fim de esfriá-los. A
principal função
de um dessecador é
permitir o resfriamento das amostras após o

Secagem em estufa sem ventilação forçada de ar período de secagem sem absorver umidade, via uso de um
(Método G-003/1) dessecante, como a sílica gel. De forma particular, a sílica-gel é

Aparatos sugerida devido ao seu baixo custo, à facilidade de manejo e à


possibilidade de reciclagem e reuso. Assim, o dessecador deve estar
-

Balança analítica com precisâo de 0,0001g


sempre limpo, seco e possuir sílica gel na tonalidade azul escuro
- Dessecador
em seu interior. A área de contato entre o corpo do dessecador e sua
- Pesa-filtros
tampa deve ser levemente lubrificada com graxa de silicone de
-

Estufa sem circulação forçada de ar


forma a permitir um deslizamento adequado e melhorar a vedação
durante o período de resfriamento.
Procedimentos

1. Use balança analítica aferida 4. Após estabilização com a temperatura ambiente (normalmente em
pelo INMETRO, com precisão de
0,0001 g, sobre bancada torno de 30 minutos), pese os recipientes, removendo um de cada
especial de laboratório e em ambiente
climatizado (20-25°C ou de acordo vez do dessecador. As tampas são pesadas em conjunto com os
com as
especificações do
fabricante). Ligue a balança e aguarde 30 minutos para sua recipientes.
estabilização.
5. Adicione aos pesa-filtros aproximadamente 2 gramas da amostra
2. Lave os pesa- filtros deixe seca ao ar (preferencialmente moída em peneira de porosidade 1
e secar em estufa a 105°C por 16 horas
("uma noite"); caso estes estejam limpos, deixe por 2 horas na
mm). Agite os recipientes com as amostras com suavidade paraa
estufa 105°C. Atentar para que os
a
distribuir uniformemente as amostras e o máximo de área à
pesa-filtros permaneçam expor
sempre abertos quando colocados na estufa e com as tampas quando secagem.
no dessecador.

58
59
Métodos para Análise de Alimentos -2"
INCT Ciencia Animal
Edição

Exemplo de cálculo
6. Leve os pesa-filtros com amostras e pesos conhecidos à estufa a

105°C por 16 horas ou "uma noite" com a tampa aberta.


Considerando a aliquota 1 da tabela abaixo, têm-se o cálculo
7. permanência na estufa, coloque os conjuntos pesa-filtro + da estimativa da "amostra seca em estufa":
Após a

amostra novamente no dessecador e aguarde a estabilização com a

Durante a
temperatura ambiente, pese e registre os pesos. ASA=(PF+ASA)-PF=36,0057-33,9467=2,0590 g
dessecador e a pesagem os pesa-filtros devem
permanência no

permanecer fechados. ASE=(PF+ASE)-PF=35,9195-33,9467=1,9728 g

ASE 1,9728
Cálculo da concentração de "amostra seca em estufa"
%ASE=CAXL0
ASA 2.0590x100-95,81%
Para o cálculo da concentração de "amostra seca em estufa",

use as equações: Aliquota


Item
ASA=(PF+ASA)-PF 32.6543
PF (g) 33,9467 34,1165
PF+ASA (g) 36,0057 36,1062 34.5888
ASE=(PF+ASE)-PF
PE+ ASE () 35,9195 36,0244 34.5090
ASE ASA (g) 2,0590 1,9897 1.9345
%ASE=c
ASA
x100
ASE (g) 1.9728 1,9079 1.8547

PF peso do pesa %ASE 95,81 95,89 95.87


em que: ASA = massa de amostra seca ao ar (g); =

filtro (g); ASE = massa de "amostra seca em estufa" (g); %ASE =


%ASE (média) 95,86

percentual de "amostra seca em estufa".

60 61
INCT Ciencia Animal Métodos para Análise de Alimentos -

2" Edição
Cálculo da concentração de matéria seca Considerando-se as médias de %ASA (Capítulo 1) e de %ASE
obtidas nos exemplos, temos:
O cálculo da
concentração da matéria seca (MS) é realizado
considerando-se o número de etapas envolvidas na
secagem das amostras. %ASAX%ASE 31,52x95,86
Para amostras com baixo teor de
6MS= 100
= 30,22%
umidade, como é o caso de 100
grãos. farelos e fenos, a umidade é avaliada somente por intermédio
da ASE. Logo, o teor de MS Literatura Citada
corresponde ao teor de ASE; ou seja:
CECCHI, H.M. Fundamentos teóricos e práticos em anáise de alimentos.
%MS=%ASE 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. 207p.
em que: %MS
DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C. On the estimation of non-
=
percentual de matéria seca; %ASE =
percentual de
"amostra seca em estufa".
fibrous carbohydrates in feeds and diets. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterináriae Zootecnia, v.62, p.980-984, 2010.
Amostras com alto teor de MERTENS, DR. Challenges in measuring insoluble dietary fiber. Journal
umidade, como é o caso de of Animal Science, v.81, p.3233-3249, 2003.
silagens, forragens frescas, etc., a umidade do material é retirada em,
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de Alimentos. Métodos químicos e
ao menos, dois procedimentos de secagem
ventilaço (estufa com biológicos. 3 ed. Viçosa: Editora UFV, 2002. 235p.
forçada ou liofilizador e estufa sem ventilação forçada). Logo, o teor SOUZA, M.A.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C.; FRANCO,
M.O.; ROCHA, G.C.; CABRAL, L.S. Estudo colaborativo para avaliação
de MS é dado
pela ponderação dos resultados obtidos nos dos teores de matéria seca em alimentos. Revista Brasileira da Saúdee
Produção Animal, v.16, p. 617-631, 2015.
procedimentos sequenciais de secagem, ou seja:
THIEX, N.; RICHARDSON, C.R. Challenges in measuring moisture content
of feeds. Journal of Animal Science, v.81, p.3255-3266, 2003.
%ASAx%ASE
6MS=-
100

em que: %MS percentual de matéria seca; %ASA percentual de


=
=

"amostra seca ao ar" (ver


Capítulo 1); %ASE percentual de "amostra =

seca em estufa".

62
63
INCT Ciência Animal
Métodos para Análise de
Alimentos -20 Ediç
lição

Capítulo 3

Matéria mineral
Definições básicas
A matéria mineral (MM), ou cinzas, é constituída
pelo resíduo
inorgânic0 obtido após a
queima ou
ignição da matéria orgânica,a
qual é convertida em CO2, H20, SO2, N02, etc; e eliminada em
conjunto com as substâncias voláteis
decompostas pelo calor
(Harbers, 1998). O método consiste basicamente na
incineração do
alimento altas temperaturas por
em
temp0 suficiente para que ocorra
combustão total da matéria orgânica (Silva &
Queiroz, 2002; Cecchi,
2003).
Sendo a matéria seca total do alimento formada
pelas frações
orgânica e inorgânica, o teor de MM em alimentos constitui estimador
indireto do conteúdo de
componentes organicosS totais.
Adicionalmente, o conhecimento do teor de MM se faz necessário
para se conhecer a proporção dos componentes quantificados por

diferença em alimentos, como o extrativo não nitrogenado, os


carboidratos não-fibrosos e a matéria orgânica residual (ver Capítulo

9)

64
6
INCT Cíncia Animal Métodos para Análise de Alinentos 2"
- Edição

Atualizações Método da queima em mufla


(Método M-001/2)
O método anterior (M-001/1) foi modificado no tocante a dois

aspectos. Primeiro, devido à possibilidade de volatização de minerais Aparatos


(e.g.. Na. K. Mn. Zn) e. consequentemente, subestimação da MM
-

Balança analítica com precisão de 0,0001g


(Rowan et al. 1982: Thiex et al., 2012), procedeu-se à redução da
- Dessecador

temperatura de ignição e ajustamento do tempo total de queima.


-

Cadinhos de porcelana (abertura mínima sugerida de 18-20 cms)


Adicionalmente. a busca por maior eficiência no processo de
Estufa sem circulação forçada de ar
quantificação demandou a padronização qualitativa do resíduo obtido.
-

Forno mufla com temperatura controlada


Assim. o resíduo considerado adequado após ignição deve se

apresentar claro, sem indicações claras de retenção de carbono


Procedimentos
residual (Thiex et al., 2012). Nesse sentido, caso o material apresente
se com colaração cinza escuro ou enegrecido após o primeiro período 1. Use balança analítica aferida pelo INMETRO, com precisão de
de queima, introduziu-se etapa adicional que envolve a aeração do 0,0001 g, sobre bancada especial de laboratório e em ambiente
ambiente (i.e., entrada de oxigênio) interno da mufla, seguida de um climatizado (20-25°C ou de acordo com as especificações do
segundo período de queima, o qual espera-se auxiliar na eliminação fabricante). Ligue a balança e aguarde 30 minutos para sua
dos resíduos de matéria orgânica. Este procedimento constitui uma estabilização.
adaptação das sugestões apresentadas por Thiex et al. (2012).
2. Lave os cadinhos de porcelana e os deixe secar em estufa a 105°C

por 16 horas ("uma noite"). Caso os cadinhos de porcelana sejam

novos ou não sejam utilizados exclusivamente para avaliação de

MM é recomendável que os nmesmos passem por procedimento de

incineração previamente ao seu uso (ver passos 6a 8).

66 67
INCT Ciicia Animal Métodos para Análise de Alimentos 2*
-

Edigão
3. Coloque-os em dessecador devidamente preparado (máximo de 20 que se garanta resíduo mensurável de acordo com a sensibilidade
unidades por procedimento). a fim de esfriá-los. A analítica.
principal função
de um dessecador é permitir o resfriamento das amostras
após o 6. Acondicione os cadinhos contendo as amostras mufla.
periodo de secagem sem absorver umidade, via uso de um na Após ligar
dessecante. sílica De forma
o
equipamento, aguarde que o mesmo alcance a temperatura de
como a gel. particular, a sílica-gel é
550°C. E desejável uma rampa de
aquecimento de I hora para que
sugerida devido ao seu baixo custo, à facilidade de manejo e à
possibilidade de reciclagem e reuso. Assim, o dessecador deve estar
a temperatura de ignição seja alcançada.
sempre limpo, seco e possuir sílica gel na tonalidade azul escuro 7. Proceda à queima por 3 horas a 550°C. Após este termpo, desligue a
em seu interior. A área de contato entre o corpo do dessecador e sua mufla e deixe que a mesma resfrie fechada. A temperatura de retirada
tampa deve ser levemente lubrificada com graxa de silicone de deve estar entre 150 e 200°C.
forma a pernmitir um deslizamento adequado e melhorar a vedação
durante o período de resfriamento. 8. Caso os resíduos após ignição estejam claros, coloque os cadinhos de

porcelana no dessecador, deixe estabilizar com a temperatura


4. Após estabilização com a
temperatura ambiente (normalmente em ambiente. Siga as instruções gerais de uso do desseacador descritas no
tormo de 30 minutos), pese os cadinhos, removendo-0S um de cada passo 3. Pese e registre os pesos.
vez do dessecador, mantendo-o fechado entre as remoções dos
9. Em caso de resíduos cinza escuro ou enegrecidos, mantenha a porta da
recipientes.
mufla aberta por alguns minutos para garantir um suprimento de ar
5. Adicione nos cadinhos aproximadamente 2 gramas de amostra seca freseo e repita o procedimento de queima por 3 horas. Deixe resfriar
ao ar (preferencialmente moída em peneira de porosidade I mm). mova-os para o dessecador e pese como descrito nos passos 7 e 8.
A de amostra pode variar da sensibilidade
massa em função
analítica. Materiais com alto teor de minerais podem ser avaliados
com menor massa de amostra, ao passo que materiais com baixo

teor de minerais deverão avaliados maiores


ser com alíquotas para

69
A

Métodos para Análise de


INCT Ciência Animal Alimentos -

2" Edição

Cálculo da concentração de matéria mineral


MM 0,1100
Para o cálculo da concentração de matéria mineral, siga as
oMIMASA=ACAX100=02X100=5,25%
cquações
%MMMs /%MM ASA100 95,36
5,25
x100=5,48%
%ASE
MM=(CAD+MM)-CAAD

MM Alíquota
96MMASAASA100 Item 2

CAD() 36,6347 37,5441 37,7170

96MMMs= %%ASE
%MMMs %MMASAx100 CAD ASA (g) 38,7285 39,9254 39,7216
ASA (9) 2,0938 2,3813 2,0046

em que: MM = massa de matéria mineral (g); CAD =peso do cadinho CAD+MM (g) 36,7447 37,6701 37,8223

base
MM (g) 0,1100 0,1260 0,1053
(g); oMMASA =
percentual de matéria mineral com na amostra
%MMASA 5,25 5,29 5,25
seca ao ar; ASA = massa de amostra seca ao ar (g); 6MMus =

base matéria seca; %ASE


oASE 95,86
percentual de matéria mineral
=
com na

ToMMMs 5,48 5,52 5,48


percentual de ""amostra seca em estufa".
TOMMMs (média) 5,49
Exemplo de cálculo

tem-se o cálculo
Considerando a aliquota 1 da tabela a seguir,
da estimativa da matéria mineral:

ASA=(CAD +ASA)-CAD=38,7285-36,63472,0938 g

MM=(CAD+MM)-CAD=36,7447-36,6347=0,1100 g 71
70

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