Análise de Alimentos para Zootecnistas
Análise de Alimentos para Zootecnistas
Metodos pam
ATalTse deAlimetos
INCT CIENCIAANMAL
2a Edição
Métodos para Análise de
Alimentos
2 edição
Organizadores
Edenio Detmann
Luiz Fernando Costa e Silva
Gabriel Cipriano Rocha
Malber Nathan Nobre Palma
João Paulo Pacheco Rodrigues
2021
INCT Ciência Aninmal
Diagramação e Montagem:
Edson Agostinho Pereira: 31 3612-4623
2
Métodos para Análise de Alimentos-2" Edição
2 ediçãoo
Organizadores
Edenio Detmann Luiz Fernando Costa e Silva
Zootecnista, M.Sc., D.Sc Zootecnista, M.Sc., D.Sc.
Professor Titular, DZO-UFV Research Manager
Pesquisador 1A do CNPq Alltech
Pesquisador do INCT-Ciência Animal
2021
3
INCT Cência Animal
"But man does not limit himselfto seeing; he thinks and insists on learning the
meaning of the phenomena whose existence has been revealed to him by
observarion. So. he reasons, compares facts, puts questions on them, and by the
answers which he extracts, test one by another. This sort ofcontrol, by means of
reasoning andfacts, is what constitutes experiment, properly speaking; and it is
the nature of things outside us.
In the philosophic sense, observation shows, and experimemt teaches."
Claude Bernard
(1813-1878)
Métodos para Análise de Alimentos -
2" Edição
Prefácio
(Primeira Edição)
Após um "longo e tenebroso inverno", Conseguimos
disponibilizar a primeira edição dos Métodos para Análise de Alimentos
do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ciência Animal (INCT
CA).
Durante o estabelecimento do INCT-CA definiu-se como uma
um futuro
próximo, desejamos que isto não seja mais do que história, pois
almejamos a avaliação científica/empírica de tudo o quanto aqui se expõe,
além da expansão do domínio de métodos abordados e divulgados.
Desta forma, estabelece-se claramente que esta primeira versão
constitui somente um chamamento usuários da análise de alimentos.
aos
Os Organizadores
6
N
Prefácio
(Segunda Edição)
Após quase dez anos, não sem muito trabalho, conseguimos
instituições brasileiras.
Nesses casos,
métodos empíricos, os quais definem os resultados per si.
7
N
INCT Ciencia Animal Métodos para Análise de Alimentos -2" Edição
seguir uma
linguagem comum é fundamental para que
conversar entre nós e
possamos
projetar algo maior que a simples soma das Agradecimentos
partes.
Esperamos que a revisão e ampliação da primeira
ediço possa Ao Instituto Nacional de Ciência
abranger algo maior do que fizemos há nove anos. No e
Tecnologia de Ciência
entanto, as críticas
esugestões continuam bem vindas para que, em uma terceira Animal (NCT-CA), pelo suporte financeiro e físico dado para a
edição,
possamos nos
aproximar ainda mais do elaboração dos estudos, das reuniões de trabalho e para a
execução de
objetivo de uma
linguagem
comum. ações que culminaram com a feitura deste manual.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e
realizado.
Ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Viçosa, por ceder suas instalações para realização de grande parte dos
testes laboratoriais necessários para ajustamento de métodos de análise de
alimentos.
As instituições componentes da Rede de Avaliações de
Edição
que culminaram nesse manual. Nossos enos nos mostraram a necessidade Codificação INCT-Ciência Animal
de encontrar um caminho conum. Esse foi nosso grande estorço e nossa
Campo X
Muito Obrigado! Estabelece qual a área em que o método específico se enquadra
10 11
INCT Cineii Anima Métodos para Análise de Alimentos - 2"
Edição
Campo
Sumário
Estabelece o número do método dentro de cada
área para Capítulo Tema
INCT-CA.
o
Página
1 Obtenção e processamento de amostras 15
Campo Z **************
8 Amido... ** * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 173
10 Lignina .******************************************************
. 203
231
11 Fibra indigestível. ****************************** *********
249
12 Solução mineral ***************"°***********"**************
259
13 Fóstoroinorgânicototal. ******* *** ****°**
*********
269
14 Cromo..
L. 285
15 Nitrogênio amoniacal em tluidos biológicos..
301
16 Titânio .
Digestibilidade n vitro da maténa seca para
17 * * * * * * * * * ° * * * * * * * * * * * * * *
313
ru ntes .
2 13
Métodos para Análise de Alimentos-2" Ediçäão
Capítulo 1
Em termos inferir
Nesse sentido, os alimentos devem ser submetidos a análises gerais. significa tirar conclusão. Estatisticamente, a
(Van Soest. 1967). à indústria sistemas de população é dividida. Assim, em termos gerais. a população constitui
e aos
produção.
Para controlar a qualidade dos alimentos e o todo, sendo a amostra uma fração deste. Para a realizaçio segura do
aceitação dentro de
limites satisfatórios, torna-se importante monitorar as processo de inferència faz-se necessárno que a fração (amostra) seja
características
das matérias-primas. ingredientes, dietas e alimentos um representante fidedigno de todas as caracteristicas do todo. pois
processados.
Isso pode ser feito através da avaliação de todos os alimentos ou isso possibilita que. ao entendermos a fração. podemos concluir (i.e..
ingredientes de um lote específico, o que, no entanto, além de inferir) sobre o todo. Em estatistica, chamamos essa caracteristica de
impraticável. inviabilizaria sua utilização posterior. Assim, o caminho representatividade. Por sua vez, a representatividade. em análise de
factível consiste em selecionar uma porção do produto total e assumir alimentos, é denominada de integridade de analito. a qual. portanto.
que a qualidade da porção selecionada é representativa de todo o lote indica a qualidade da amostra tomada do todo.
(Proctor & Meullenet. 1998). Esse procedimento é denominado de O termo populaçio, em análise de alinentos, não faz muito
amostragem. sentido, u a vez que nem sempre desejamos inferir sobre todo o milho
Assim, por definição, ou tarelo de soja existentes, mas apenas sobre lotes especiticos
a amostragem é o conjunto de operações
com quais obiém, do material estudo, utilizados determinado momento e/ou local. Assim,
os se em uma porção dquiridos ou em
relativamente pequena, de tamanho apropriado para o trabalho no o "todo" em análise de alimentos constitui um conceito populacional
laboratório, mas que ao mesmo tempo represente corretamente todo o mais restrito, sendo denominalo de unidade
de decisão, a qual
conjunto da amostra (Cecchi, 2003). partir do qual uma amostra é coletada e ao qual
representa o ateral a
A resultante do processo de amostrugem de alinentos uma interencia deve ser projetada. A unidade de decisão pode ser
17
INCT Cn ii Animal todas para Ariip d Aiimernting
fri
veres,
onstituida por uma carrcta de gråo ou farelo, um silo, a enreçio feal desavisadamente, ohserv.amos resultados
que julgamos nO
total de um animal. um lote de feno, um piquete solb pastejo, cte. Condizentes e.
instintivamente, qualificamos como resultante
os
de
Nesse contexto, o processo de amostragem de alimentos se crros no método de análise
(e.g.. imprecisio do analista.
resume em tomar uma parte da unidade de decisão que preserve a no
"problemas"
cquipamento elou reagentes). Contudo, erro
global de estimaçã0
o
integridade de analito. ou seja. que preserve a earacterística ou representa mais do que isso. pois possun dois
componentes distintos
concentração do objeto de interesse como encontrada na unidade de (Figura 1.). O primeiro componente e. infelizmente.
algumas vezes
decisão. julgado como único, é o erro analitico total.
que representa a soma
Contudo. o conccito de amostra em análise de alimentos de todas asinterferèncias geradas pelo método de análise em sie todos
possui algumas diferenças marcantes em relação ao que ocorre na os elementos envoltos em sua
aplicaçio (e.g.. preparo de reagentes.
estatística. Em muitas situaçõces de análise de dados, as amostras manutenção e operação de
equipamentos; treinamento, pericia e zelo
finitos que, devido tratamento do analista).
produzem conjuntos numéricos após o
matemático/probabilístico. produzem os elementos que suportam a Todavia. o erro global de estimação é também atetado pelo
inferéncia. No entanto, na análise de alimentos a amostragem não é erro total de amostragem (Figura 1.),
qual representa o erro
o
estática como na simples avaliação de dados. O processo de cometido durante qualquer estidio da
reduçào de massa que causa
amostragem em análise de alimentos é dinâmico e formado por desvios na
integridade de analito da amostra avaliada em relaçdo à
diversas instáncias, iniciando-se na unidade de decisão e terminando unidade de decisdo. Com grande
probabiliukade, o erro total de
no momento da análise em si. Cada ctapa é crucial para manutenção amostragem intluencia mais o erro global de estimaçdo do que o erro
de imputar diferentes erros sobre analitico total. Dois
da integridade de analito e passível prineipais moüvos suportam tal atirmativa. Em
o resultado final. primeiro lugar, o erro total de amostragem representa um processo
Quando obtemos um resultado em laboratório, esse vemn
continuo composto por várias etapus, as individualmente, erros
quais,
a
acompanhado de um erro global de estimação, que representa poem ser cometidos e. consequentemente. propagados (Figura l.2).
divergéncia entre o valor da característica ou concentração expresso m segunko lugar, os erus de anwstragem são, em sua grande
amostra e o valor real concernente à unidade de decisdo, Muitas iwr, uegligenciaules e. por isso, polem agir silenciosamente sobre
pcla
J8
INCT Ciência Animal Meodos pra Analise de
Alimentos 2" Ediçio
o ero
global de
estimação. Se um ero analitico ocorrer.
podemos
repetir a anáise. Se um ero de
amostragem ocorrer, na maioria Erro Global de
massiva dos casos, não há retorno,
pois as unidades de decisão ficar:am
Estimação
no
passado e não há como re-amostrá-las.
Dessa forma. o conceito de amostra
representativa em análise
de alimentos é essencial e, em si, Erro Total de Erro Analitico
plural, pois percorre dinamicamente
um
processo longo e melindroso a fim de preservar Amostragem Total
a
integridade de
analito.
A primeira instância do processo de
amostragem resulta na
amostra primária, Erros devidos a Erros não devidos a
qual é
formmada por diferentes incrementos
a
processos de seleção processos de seleção
tomados da unidade decisão de acordo
com um
protocolo
de
amostragem. Por
definição, um incremento é a porção individual de
material coletada por uma
operação de amostragem simples que, emn Figura 1.1. Erro global de estimação e seus
componentes (Adaptado
conjunto, compõem a amostra primária. Por exemplo, em uma carreta de AAFC0, 2015; 2018).
de grãos, o incremento representa cada ponto de amostragem de um
calador de Comumente, a amostra primána possui massa superior
parede dupla. A amostra formada por todos de
ao
os
pontos necessário para envio ao laboratório. Nesse ponto introduzimos dois
amostragem constitui a amostra primária. O mesmo raciocínio é feito conceitos. Primeiro, o de amostra laboratorial, que representa
para pontos de amostragem em uma fatia de um silo ou em amostras o
20
21
INCT Ciência Animal Mélodos para Análise de Alimentos - 2" Edição
A amostra laboratorial nem sempre poOssui características que Resultado da Análise Erro Analitico
a habilitam à análise. Assim, a mesma deve passar por
processamento
físico (i.e., secagem parcial e/ou
moagem) que a adeque para a análise.
Desse processo,
Porção Teste
produzimos a amostra analítica.
A amostra analítica, por sua vez, fornecerá pequenas alíquotas
que serão submetidas à análise Amostra Analítica
em si, asquais são denominadas de
porções teste. No momento em que uma porção teste é selecionada
ser cometidos os
quais comprometerão a integridade de analito, o
processo de inferência e a confiabilidade dos resultados. Logo, atribuir
Unidade de Decisão
aos erros analíticos a ampla responsabilidade por resultados julgados
como não condizentes pode ser uma atitude não tão racional assim. Figura 1.2. Fluxograma de influência de erros e da realização de
inferência em análise de alimentos (setas azuis indicam a
realização de inferência; setas vermelhas constituem ação
de erros de amostragem, a seta negra indica a
interterência causada por erros na análise em si).
22 23
Mélodos para Análise de
INCT Ciencia Animal Alimentos - 2" Edição
n a amostra
discutido. Amostras replicadas significam frações de uma amostra composta. Nesse cas0, OS incrementos (e.g.. pontos
colcta cm uma carreta de
tomadas sob condições comparáveis em qualquer ponto do pucesso farelo) devem ser
equivalentes; ou seja.
devem apresentar o mesmo
de amostragem. Esse conceito é comumente aplicado em duas peso na
formação da amostra
composta
instancias área de
i.C., a amostra primária).
em nossa
atuação. Primeiro, quando envia-se uma
amostra laboratorial, é prudente Contudo, a formação de amostras compostas nem
que uma contra-prova seja sempre
armazenada no local de origem. para os casos de perda da amostra segue esses preceitos. Um
exemplo simples pode ser construído a
laboratorial no transporte ou contestação dos resultados obtidos. Em partir da coleta fecal de ruminantes
experimentos
em de metabolismo.
segundo lugar. quando realizamos repetições em laboratório, Caso procedamos à coleta fecal pontual (i.e. amostras grab, tomadas
em
pressupõe-se que cada porção teste represente uma amostra replicada pequenas frações em momentos especificos). nossa amostra
da amostra analítica. composta deverá ser equivalente à cada coleta (nesse caso,
O conceito adicional final de amostra é o de amostra comumente, a amostra composta será formada por massa iguais de
composta, o qual constitui aquela amostra que, em qualquer instância amostra seca ao ar tomadas em cada tempo de amostragem). Por outro
do processo de amostragem, é obtida pela mistura de amostras antes lado, caso realizemos coletas totais de fezes durante três ou mais dias,
da análise si, objetivos de eficiência analítica a amostra composta será formada por alíquotas proporcionais a cada
em com ampliar a (i.e.,
reduzir custos ou o número de procedimentos analíticos). A dia. Em outras palavras, para os dias de maior exereção, a alíquota
interpretação incorreta do conceito de amostra composta constitui componente da amostra composta deverá ter maior peso na amostra
algumas vezes um comprometimento primordial do processo de final. Isso éé o que denominamos de amostra composta proporcional
inferência, sobretudo quando sua aplicação compromete o conceito de aos seus incrementos.
unidade experimental. Isso não deve ocorrer e atenção deve ser Considerando que a amostragem constitui processo contínuo
dirigida a isso. com múltiplos estádios. os erros se manifestarão de forma plural
Dessa forma, o conceito de amostra composta deve ser durante sua execuç+o. De tornma geral. os erros de amostragem se
aplicado corretamente. Com um raciocínio simples, entendemos que enquadrarão em dois grupos principais: serão ou não causados por
uma amostra primária, ao ser formada por incrementos, compreende processos de seleção de elementos (Figura 1.1).
24
INCT Ci nia Animal
Mctodos para Analise de iunentos c
Por definição, elementos são os componentes indivicduais quc
formam um dado material. podendo ser
Erros devidos|
gràos ou partículas para |a processos de
materiais sólidos. moléculas para materiais
líquidos ou uma mistura
seleção
de ambos para materiais
pastosos. Os materiais podem ser
Erros
classificados como materiais de elementos finitos Erros
ou infinitos. Os Aleatórios Sistemáticos
primeiros são formados por elementos que podem ser identificados e
selecionados individualmente ao acaso, como o caso de lotes de grãos Erro Erro por
integrais ou frutos. Os segundos, por sua vez, sâo formados por fundamental delimitação del
de
elementos que näo podem ser identificados e selecionados incremento
amostragem
individualmente ao acaso, como o caso de farelos, materiais em pó ou Erro por
material líquido, como óleos e outros líquidos (e.g., leite, urina, Erro por extração de
agrupamento incremento
melaço líquido). e segregação
A partir dessas definições, estabelece-se que os erros Erro na
associados a processos de seleção decorrem de equívocos ou ponderação de
incrementos
influências na retirada dos elementos de um material. Esses erros
Figura 1.3. Erros de amostragem devidos a processos de seleção e
podem ocorrer de forma aleatória ou sistemática (Figura 1.3). seus componentes (Adaptado de AAFCO. 2018).
26 27
1étodos para Análise de
Al1mentes-2 Edi
ometido no ineremento honogeneos. Uma mistura concentrada contendo farelos e grios inteios
ou
ponçåo teste que v poccdeu, Como såo
caractenisticos de cada avaliação, apereepydo do emo aleatório é dada por ou uma
silagem de milho possuem alta heterngeneidade de composição,
medidas de variabilidade (c.g.. variância pois seus clementos variam muito entre si.
amostral). Quanto maior o eo
aleatório, menor será a precisão do Adicionalmente, existe a heterngeneidade de distribuição. a
processo ou da análise.
Por outro lado, os emos sistemáticos qual se origina da distribuição não-aleatóra (embora incorra em erro
se manifestam de forma
constante sobre incrementos, anmostras alcatório) espacial e/ou temporal dos elementos dentro de uma unidade
e porções teste, fazendo com que
todos os resultados obtidos de decisão. A
se
desloquem em mesmo sentido e módulo heterogeneidade de distribuição espacial ocorme, por
em relação à característica ou à concentração real. Esse deslocamento é exemplo, quando transporta-se uma carga de gräos ou farelos em caretas.
também denominado viés. Em boa Com a trepidação durante o transporte, diferentes estratos horizontais são
parte dos casos, os erros sistemáticos
possuem causa conhecida. o que pemite que sejam corigidos com
fomados. Partículas menores e mais densas se concentram na parte
reinamento, boas práticas ou, em último caso, por intermédio de fatores inferior da carga. ao passo que particulas maiores e menos densas
de começão. Contudo, a
questão parece complicada em
ser mais predominam no estrato superior. Com a estratificação horizontal. produz-
amostragem. pois equívocos nos procedimentos dependem imensamente se uma heterogeneidade de distribuição vertical. Por outro lado. a
do fator humano, o
qual nem sempre reconhece a realização de práticas heterogeneidade de distribuição temporal ocome. por exemplo, com o
28
Métodos para Análise de
INCT Ciência Animal Alimentos -
2" Edição
O
segundo erro aleatório apresentado na Figura 1.3 é o erro
de composição da unidade de decisâo. Sua descrição quantitativa, dada
por
por intermédio de uma variância amostral, < (AAFCO, 2015; 2018): agrupamento e segregação, o qual decorre da
heterogeneidade de
distribuição dos elementos na unidade de decisão. De fornma
simplificada,
SEFA
HCxd sua
descrição quantitativa é dada por (AAFCO, 2018):
m
adotadas no processo de amostragem em uma unidade de decisão. A aplicabilidade direta a ser retirada da
equação acima é: quanto
Primeiro, quanto maior a heterogeneidade de composição, maior será o maior a heterogeneidade de distribuição, maior deve ser o número de
ero aleatório passível de ocorrer. Para que um controle seja feito, duas- incrementos que comporão a amostra primária.
decisões podem ser tomadas. Primeiro, aumentar a massa de cada Os erros sistemáticos ligados a processos de seleção (Figura 1.3)
incremento na formação da amostra primária. Segundo, reduzir o podem ocorrer em três instâncias distintas, embora não haja pleno consenso
diâmetro dos elementos. Essa segunda medida nem sempre é possível na na literatura. A
primeira instância é denominada de erro na ponderação
prática, pois nem sempre é possível processar mecanicamente o material de incrementos, o qual resulta do uso de incrementos desproporcionais
antes da amostragem. A lógica dessa relação nos diz que seria mais (em massa ou volume) em relação a sua verdadeira importância em umna
adequado amostrar o milho moído em relação ao milho em gro. Se for amostra primária ou composta. A segunda instäncia é denominada de erro
factível, beneficios seriam obtidos em relação à precisão. Contudo, essa por extração de incremento, o qual resulta de remoção imprópria de um
equação nos será muito útil para justificar a aplicação do processamento incremento, resultando em perda de material durante a remoção. Por
mecânico ie., moagem) para formação de amostras analíticas e porções dtümo, temos o erro por delimitação de incremento, que é causado,
teste, o que veremos em um momento posterior deste Capítulo. principalmente, do uso de instnumentos de amostragem inadequados para a
situação em questão. Exemplos podem ser verificados em AAFC0 (2018).
30 31
INCT Cincia Aninat Métodos para Análise de Alimentos 2 Edição
de moinhos indevidamente
Por outro lado. todos os emos de limpos (ou não limpos) entre
amostragem que não cstão uma moagem e
assaciados outra.
a
praxessos de
seleção são de natureza sistenmática (Figura 1.4).
O primeiro desses é o erro de
integridade de analito, o qual resulta de
mudanças de concentração ou em características da amostra durante o Erros não devidos a
processos|
de seleão
processo de amostragem. Na nossa área de atuação a ocomência desse erro CEros sistemáticos)
é comum durante o
processanmento físico da amostra, notadamente durante
a
redução parcial da umidade de amostras. O uso de temperaturas
inadequadas (i.e., excessivamente altas) ou ambientes de secagem Erro por material estranho
32
33
Mélodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Cincia Animal -
Edição
mecânico das amostras. Moinhos mal conservados levam à perda de fração de material mofado. Durante o uso da silagem. possivelmente esse
material por trestas durante a moagem, a qual pode comprometer a
pequeno "pedaço" será desprezado. Por que inclui-lo na amostra?
integridade de analito. Por outro lado, processos de moagem mal Um aspecto final dos problemas associados à amostragem foi
principalmente pelo uso de tempo aquém do necessário, com devidamente abordado pela AAFCO (2015: 2018):
conduzidos os denominados
o aproveitamento apenas do material moído nos primeiros minutos, blunders. Esses correspondem a equívocos ou, algumas vezes. acidentes
heterogeneidades de composição causadas por características químicas. amostragem, devendo ser prevenidos ao máximo com o devido preparo e
Por fim, temos o erro por material estranho. Durante a retirada atenção do amostrador/analista e com cuidados em todos os procedimentos
de uma amostra é comum encontrarmos materiais estranhos que não Sua ocorência, pode, algumas vezes. comprometer todo o processo,
pertencem naturalmente à unidade de decisão. Esses materiais são levando à necessidade, se possível. de se repetir todo o processo de
entanto, ao permitir que o mesmo componha, por exemplo, uma amostra ocoTe sobre a integridade de evidencia Essa representa a segurança que
primária, sua participação na amostra será indevida e exagerada, nenhuma evidência tenha sido perdida ou comprometida desde o processo
comprometendo a integridade de analito da mesma. Como exemplo, de amostragem até a obtenção de resultados analíticos. A integridade de
suponhamos que você esteja amostrando um silo trincheira. De frente para evidência possui ampla relação com aspectos éticos ou legais da análise de
a fatia, você se depara com um pequeno nicho de material mofado. Esse alimentos e sua aplicação busca assegurar a integridade da amostra desde
a
pequeno nicho não tem representatividade no silo. Contudo, caso você o numérica do resultado
construção de u a amostra primára até a expressão
34 35
Métodos para Análise de Alimentos -2" Edição
final AARO, 2015). Como resultados Wagner, 2015: Wagner & Ramsey. 2015). O primeiro conhecimento será
os
podem ser usados para
diferentes fins. conceito de acerca das
propriedades do material amostrado quanto à
o
integridade de evidência pode variar em
a ser sua
primas produtos
e finais: tomamos amostras de sacos, carretas, silos amostragem capaz de preservar a representatividade da amostra. Contudo,
36 37
NC7iia Animal Métodos para Análise de Alimentos
- 2" Edição
quais paiem ou nãocomer enm conjunto (e, nonnalhmente, em A desidratação parcial da amostra laboratorial
sequência): possui alguns
desidratação parcial. também denominada de objetivos centrais. Em primeiro Iugar. parte das amostras laboratoriais
"pné-sceagem", e
processamento mecânico. também denominado de possuem teor de umidade elevado, o que facilitaria sua deterioração e.
moagem.
consequentemente, comprometeria a integridade de analito. Esse
pertil de amostras laboratoriais é comumente observado para
Confiabilldade
Representatlvidade forragens in natura, silagens. digestas. material fecal, etc. A
CQA TA PA
manutenço da amostra sob congelamento. Contudo. esse manejo gera
outro inconveniente, que surge da necessidade de contínuos ciclos de
Erro
ser tomadas para realização de algum procedimento analítico.
Materiais com teor de umidade inferior a 15%, normalmente, não
Wagner & Ramsey (2015). A direção das selas coloridas existem processos de
moagem por corte ou por impacto. Obviamente,
indicaaumento no critério indicado.
natura, como a moagem criogênica, na qual
moagem de materiais in
38 39
iNCT Ciëncia Anial
Métodos para Análise de Alimentos -2" Edição
material congelado a
baixíssimas temperaturas passa a
adquirir ntegridade de analito em comparação à secagem por frio (Ribeiro et
resistência fisica suficiente para o
processamento mecânico. Contudo, al., 2001; Pelletier et al., 2010;.Jacobs et al.. 2011: Morris et al. 2019).
entende-se que tais casos constituem
exceções nas rotinas Esse comprometimento na integridade de analito ocorre,
laboratoriais. Assim. a
desidratação parcial atribui resistência ffsica normalmente, por duas vias: volatilização e reações não enzimáicas.
que habilita a amostra laboratorial ao
processamento mecânico. A intensidade de volatilização dependerá de duas variáveis principais:
A
desidratação parcial de amostras laboratoriais pode ser concentração de compostos passíveis de volatilização e temperatura
realizada por intermédio de
secagem por frio ou por calor. de secagem. Em ambos os casos haverá uma relação diretamente
Inicialmente, que devemos entender é que
o
o
objetivo é apenas de proporcional com a intensidade do erro de integridade de analito.
reduzir o teor de umidade
do original material a níveis que se Por outro lado. as reaçoes não enzimáticas são diretamente
enquadram nos objetivos descritos anteriormente. Não há, e nem deve mediadas por calor e, comumente, envolvem a junção de compostos
haver,intenção de retirar toda a água do material. O conceito final de aminoacídicos e de carboidratos não estruturais. Os compostos
desidratação parcial é normalmente definido por uma amostra seca resultantes de tais reações são denominados de artefatos. Sua
em
equilíbrio com a umidade relativa do ar ou, simplesmente, resulta perda de integridade de analito devido
formação, em geral, em
amostra seca ao ar
(ASA). A noção clara desse conceito deve ser à alteração química do pertil de compostos nitrogenados (i.e.
preservada para que os procedimentos adotados na
desidratação aminoácidos so transtormados em compostos nitrogenados
parcial sejam aplicados sem equívocos. insolúveis e contabilizados como nitrogênio insolúvel em detergente
A escolha por frio calor
ou
dependerá basicamente dos neutro), aumento de compostos insolúveis (os quais podem acarretar
objetivos da análise final, o que definirá o grau de tolerância ao erro neutro e lignina) e decréscimo da
aumento da fibra em detergente
de integridade de analito, à enzimáticas é
e
disponibilidade de infra-estrutura e
digestibilidade da anmostra. A ocorrência de reações no
40
1
INCT Ciência Aninnal Mélodos para Andlise de Alimentos -2" Edição
As formas de
secagem por calor são tamanho do cristal de gelo formado
variadas, indo desde no interior da amostra. Por sua vez, 0
secagem à sombra em camada delgada até de micro-ondas. tamanho do cristal de gelo é diretamente
o uso
proporcional à temperatura de
Contudo, a forma mais rigorosa e indicada consiste no uso de estufa com congelamento. Logo, congelamentos por intermédio de freezeres
circulação forçada de qual permite o melhor controle das variáveis
ar, a convencionais não propiciam condições
adequadas ao processo de
fisicas envolvidas na redução do teor de umidade. Embora o forno de liofilização, sendo necessários processos mais adequados, como o uso de
micro-ondas seja atrativo, devido à acessibilidade e nitrogênio líquido ou ultra-freezeres. Isso demanda maior custo e,
rapidez, o controle da
temperatura no interior da amostra não é feito como na estufa. Assim, a consequentemente, maior investimento no processo.
secagem parcial por calor recomendada neste Manual baseia-se no uso de Embora a liofolizaço não isente as perdas por volatilização
estufa com circulação forçada de ar. A base física deste processo de (Morris et al., 2019), é improvável que comprometimentos da integridade
secagem consiste em imprimir à amostra temperatura superior à do de analito ocorram por reações não enzimáticas. Logo,
presume-se que a
ambiente, mas inferior à temperatura de ebuliço da água (i.e., 50-60°C). liofilização seja o padrão ouro do processo de desidratação parcial de
Isso causa aumento da excitação das moléculas de água, formando um amostras. Contudo, balizamentos entre a tolerância ao erro de integridade
micro-clima de alta umidade sobre a amostra. Essa umidade é retirada de analito e o custo do processo devem orientar a escolha do método
com o auxilio da corente de ar e, gradativamente, a água migra do interior adequado neste quesito.
para o exterior da anmostra. O ciclo de migração e retirada da água é Uma vez que a desidratação parcial foi executada (ou não,
repetido por tempo suficiente para que o teor de umidade demandado seja dependendo da amostra em si), passamos à segunda etapa do
Por outro lado, a secagem por frio trabalha com uma propriedade Os objetivos dessa etapa são claros: reduzir a influencia da
específica da molécula de água que, sob baixíssimas temperaturas e sob heterogeneidade de composição e adequar a superfície específica da
vácuo, é capaz de sublimar, ou seja, migrar diretamente do estado sólido amostra analítica ao processo de análise em si.
para o estado gasoso. Contudo, esse processo, em termos instrumentais, No primeiro caso, temos uma observação clara do objetivo da
exige o congelamento da amostra sob temperaturas muito baixas (40°C). moagem da amostra. Por exemplo, a análise do teor de nitrogênio por
A eficiência do processo de liofilização é inversamente proporcional ao intermédio do método de Kjeldahl não detemina nenhum tamanho de
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INCT Ciência Animal Métodos para Análise de Alimentos 2"
-
Edição
partícula em especial. Como a amostra será totalmente digerida por um moagem, realize o quarteamento da amostra, reserve uma
parte moIda a
procedimento ácido. não há necessidade de moagem específica em si. 2 mm e destine outra parte para uma nova
moagemal mm.
Contudo, raciocinemos. O que escolher de Embora haja diversos tipos de
em uma amostra
silagem de moinhos., dois tipos são mais
milho? Meio grão. uma folha e uma parte de uma sabugo? Obviamete utilizados na análise de alimentos para animais. O
primeiro engloba
que não. Com a moagem. a amostra se torna mais homogênea e muito da alguns modelos de equipamentos que são de forma geral denominados de
influência devido à sua heterogeneidade de composição é contornado,o moinhos de facas. Suas principais características são: um conjunto de
que permite a obtenção de porções teste adequadas. lâminas localizadas no rotor central. denominadas de facas:
conjunto um
caso haja duas exigências distintas, a moagem deve ser executada em movimento, a esfera se choca com a amostra, reduzindo o tamanho de
múltiplos estádios. Suponha que seu espectro envolva análises de fibra Como não há mecanismo seletor, não há
partículas por impacto. como
em detergente neutro, incubações in situe proteína bruta por Kjeldahl. A controlar o tamanho final de moagem. Esse tipo de equipamento é
primeira exige I mm, a segunda 2 mm e a terceira não possui exigências. moagem de
utilizado na moagem de materiais duros, como ossos, ou na
Assim, a primeira instância da moagem será realizada a 2 mm. Após a inicial duros para que
materiais comuns para fragmentação em grão o
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Métodos pura Análise de Alimentos -2"
INCT Ciência Animal Edição
oito horas. Não se deve esquecer de contabilizar a gordura extraída nesse contaminação da amostra).
Redução do teor de umidade em estufa com circulação forçada de ar 1. Lave os recipientes e deixe secar na estufa a 50-60°C. Se utilizar
(Método G-001/2)
saco de papel deixe-o secar por oito horas. Retire da estufa e espere
Balança semi-analítica com preciso de 0,1 a 0,01 g durante o processo de secagem. pois estamos trabalhando com
- Bandejas de plástico ou alumínio
amostras secas em equilibrio com a umidade relativa do ar.
Sacos de papel
Sacos plásticos 2. Pese os recipientes e registre os pesos.
- Estufa com circulação forçada dear
3. Adicione uma amostra em cada recipiente e registre os pesos dos
com as amostras. Para o caso de sacos, o volume de
recipientes
amostra não deve ultrapassar 50% da altura do saco. A secagem em
46 47
NCT Ciência Animal Métodos para Análise de Alimentos -
2" Edição
este deve ser disposto com inclinação de 45°, perfurado na face 2. Pese os recipientes e registre os peso0s.
superior (3 a 4 furos feitos com um instrumento perfurante)) e
3. Adicione uma amostra em cada recipiente de modo a obter uma
permanecer aberto na estufa para otimizar a perda de umidade da
camada delgada (altura mácima de 1 a 2 cm). Para o caso de
amostra.
forragens colhidas íntegras (e.g., capins) devem ser previamente
6. Retire os recipientes com as amostras da estufa e espere 30 a 40 seccionadas em fragmentos de 2 a 3 cm para otimizar a perda de
minutos para entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ar.
água durante o processo.
Pese-os e registre os pesos.
4. Registre os pesos dos recipientes com as amostras.
Redução do teor de umidade por liofilização 5. Agite oS recipientes com as amostras com suavidade, para
Balança semi-analítica com precisão de 0,1 a 0,01 g de pequenos cristais de gelo. Parao
modo a promover a formação
Recipientes (bandejas)
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INCT Ciencia Animal Métodos para Análise de Alimentos 20 Edição
Seca em
caso do uso de nitrogênio líquido. propiciem um "banho" sobre equilíbrio com a umidade relativa do ar (g); e %ASA =
MN=(T+MN)-T Alíquota
Item
50
Métodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Ciência Animal
-
Edição
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52 53
INCT Ciência Animal
Métodos para Análise de Alimentos 2"
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Edição
Capítulo 2
amostras.
54 55
Métodos para Análise de Alimentos -2" Ediçdo
INCT Ciência Animal
Tabela 2.1. Exemplo teórico da influéncia das variações do teor de
A quantificação da ASE é uma das medidas mais importantes ASE na composição química de alimento volumoso
e utilizadas na análise de alimentos. pois a umidade de um alimento
está relacionada com sua estabilidade. qualidade e composição, Composição Laboratório" Diferencial
vez que estas são manejadas na base seca ao ar, ou seja, ainda contendo FDNcp 55 61.25 57.89 -5.
umidade. Desta forma, devido à impossibilidade de manejo de MM 5.57 5.26 -5.6
amostras totalmente secas, o teor de ASE é utilizado para correta CNF3 20,93 25,2 +20,7
dos teores obtidos base na matéria seca (MS) da ASE, "amostra seca em estufa": °B. proteína bruta: EE. extrato etéreo;
expressão com
FDNcp, fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína: MM,
amostra. Assim, por constituir denominador comum a todos os demais matéria mineral; CNF, carboidratos não fibrosos. Composição assumida
dos hipoteticamente com base na amostra seca ao ar para uma amostra de silagem
procedimentos laboratoriais, erros cometidos na quantificação
teores de ASE tornam-se vícios ou eros sistemáticos em todas as
de milho. CNF = 100-(PB + EE + FDNcp +
MM). Composição ajustada
para a matéria seca. Os cálculos consideram as diferenças entre dois
laboratórios quanto à estimativa de ASE. Para maiores detalhes, favor
avaliações, propagando-se, desta forma, ao entendimento global de
consultar Souza et al. (2015).
todas as demais características do alimento (Mertens, 2003; Souza et
al., 2015; Tabela 2.1). Observa-se que diferenças entre os teores de ASE se projetam
em magnitudes similares, mas em direções opostas, sobre os
56 57
Métodos para Análise de Alimentos 2"
INCT Ciência Animal
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Edição
3. Coloque-os em dessecador devidamente preparado (máximo de 20
diretamente em mesma intensidade, mas com direção oposta
(Detmann & Valadares Filho, 2010). unidades por procedimento), a fim de esfriá-los. A
principal função
de um dessecador é
permitir o resfriamento das amostras após o
Secagem em estufa sem ventilação forçada de ar período de secagem sem absorver umidade, via uso de um
(Método G-003/1) dessecante, como a sílica gel. De forma particular, a sílica-gel é
1. Use balança analítica aferida 4. Após estabilização com a temperatura ambiente (normalmente em
pelo INMETRO, com precisão de
0,0001 g, sobre bancada torno de 30 minutos), pese os recipientes, removendo um de cada
especial de laboratório e em ambiente
climatizado (20-25°C ou de acordo vez do dessecador. As tampas são pesadas em conjunto com os
com as
especificações do
fabricante). Ligue a balança e aguarde 30 minutos para sua recipientes.
estabilização.
5. Adicione aos pesa-filtros aproximadamente 2 gramas da amostra
2. Lave os pesa- filtros deixe seca ao ar (preferencialmente moída em peneira de porosidade 1
e secar em estufa a 105°C por 16 horas
("uma noite"); caso estes estejam limpos, deixe por 2 horas na
mm). Agite os recipientes com as amostras com suavidade paraa
estufa 105°C. Atentar para que os
a
distribuir uniformemente as amostras e o máximo de área à
pesa-filtros permaneçam expor
sempre abertos quando colocados na estufa e com as tampas quando secagem.
no dessecador.
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Métodos para Análise de Alimentos -2"
INCT Ciencia Animal
Edição
Exemplo de cálculo
6. Leve os pesa-filtros com amostras e pesos conhecidos à estufa a
Durante a
temperatura ambiente, pese e registre os pesos. ASA=(PF+ASA)-PF=36,0057-33,9467=2,0590 g
dessecador e a pesagem os pesa-filtros devem
permanência no
ASE 1,9728
Cálculo da concentração de "amostra seca em estufa"
%ASE=CAXL0
ASA 2.0590x100-95,81%
Para o cálculo da concentração de "amostra seca em estufa",
60 61
INCT Ciencia Animal Métodos para Análise de Alimentos -
2" Edição
Cálculo da concentração de matéria seca Considerando-se as médias de %ASA (Capítulo 1) e de %ASE
obtidas nos exemplos, temos:
O cálculo da
concentração da matéria seca (MS) é realizado
considerando-se o número de etapas envolvidas na
secagem das amostras. %ASAX%ASE 31,52x95,86
Para amostras com baixo teor de
6MS= 100
= 30,22%
umidade, como é o caso de 100
grãos. farelos e fenos, a umidade é avaliada somente por intermédio
da ASE. Logo, o teor de MS Literatura Citada
corresponde ao teor de ASE; ou seja:
CECCHI, H.M. Fundamentos teóricos e práticos em anáise de alimentos.
%MS=%ASE 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. 207p.
em que: %MS
DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C. On the estimation of non-
=
percentual de matéria seca; %ASE =
percentual de
"amostra seca em estufa".
fibrous carbohydrates in feeds and diets. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterináriae Zootecnia, v.62, p.980-984, 2010.
Amostras com alto teor de MERTENS, DR. Challenges in measuring insoluble dietary fiber. Journal
umidade, como é o caso de of Animal Science, v.81, p.3233-3249, 2003.
silagens, forragens frescas, etc., a umidade do material é retirada em,
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de Alimentos. Métodos químicos e
ao menos, dois procedimentos de secagem
ventilaço (estufa com biológicos. 3 ed. Viçosa: Editora UFV, 2002. 235p.
forçada ou liofilizador e estufa sem ventilação forçada). Logo, o teor SOUZA, M.A.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C.; FRANCO,
M.O.; ROCHA, G.C.; CABRAL, L.S. Estudo colaborativo para avaliação
de MS é dado
pela ponderação dos resultados obtidos nos dos teores de matéria seca em alimentos. Revista Brasileira da Saúdee
Produção Animal, v.16, p. 617-631, 2015.
procedimentos sequenciais de secagem, ou seja:
THIEX, N.; RICHARDSON, C.R. Challenges in measuring moisture content
of feeds. Journal of Animal Science, v.81, p.3255-3266, 2003.
%ASAx%ASE
6MS=-
100
seca em estufa".
62
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INCT Ciência Animal
Métodos para Análise de
Alimentos -20 Ediç
lição
Capítulo 3
Matéria mineral
Definições básicas
A matéria mineral (MM), ou cinzas, é constituída
pelo resíduo
inorgânic0 obtido após a
queima ou
ignição da matéria orgânica,a
qual é convertida em CO2, H20, SO2, N02, etc; e eliminada em
conjunto com as substâncias voláteis
decompostas pelo calor
(Harbers, 1998). O método consiste basicamente na
incineração do
alimento altas temperaturas por
em
temp0 suficiente para que ocorra
combustão total da matéria orgânica (Silva &
Queiroz, 2002; Cecchi,
2003).
Sendo a matéria seca total do alimento formada
pelas frações
orgânica e inorgânica, o teor de MM em alimentos constitui estimador
indireto do conteúdo de
componentes organicosS totais.
Adicionalmente, o conhecimento do teor de MM se faz necessário
para se conhecer a proporção dos componentes quantificados por
9)
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6
INCT Cíncia Animal Métodos para Análise de Alinentos 2"
- Edição
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INCT Ciicia Animal Métodos para Análise de Alimentos 2*
-
Edigão
3. Coloque-os em dessecador devidamente preparado (máximo de 20 que se garanta resíduo mensurável de acordo com a sensibilidade
unidades por procedimento). a fim de esfriá-los. A analítica.
principal função
de um dessecador é permitir o resfriamento das amostras
após o 6. Acondicione os cadinhos contendo as amostras mufla.
periodo de secagem sem absorver umidade, via uso de um na Após ligar
dessecante. sílica De forma
o
equipamento, aguarde que o mesmo alcance a temperatura de
como a gel. particular, a sílica-gel é
550°C. E desejável uma rampa de
aquecimento de I hora para que
sugerida devido ao seu baixo custo, à facilidade de manejo e à
possibilidade de reciclagem e reuso. Assim, o dessecador deve estar
a temperatura de ignição seja alcançada.
sempre limpo, seco e possuir sílica gel na tonalidade azul escuro 7. Proceda à queima por 3 horas a 550°C. Após este termpo, desligue a
em seu interior. A área de contato entre o corpo do dessecador e sua mufla e deixe que a mesma resfrie fechada. A temperatura de retirada
tampa deve ser levemente lubrificada com graxa de silicone de deve estar entre 150 e 200°C.
forma a pernmitir um deslizamento adequado e melhorar a vedação
durante o período de resfriamento. 8. Caso os resíduos após ignição estejam claros, coloque os cadinhos de
69
A
2" Edição
MM Alíquota
96MMASAASA100 Item 2
96MMMs= %%ASE
%MMMs %MMASAx100 CAD ASA (g) 38,7285 39,9254 39,7216
ASA (9) 2,0938 2,3813 2,0046
em que: MM = massa de matéria mineral (g); CAD =peso do cadinho CAD+MM (g) 36,7447 37,6701 37,8223
base
MM (g) 0,1100 0,1260 0,1053
(g); oMMASA =
percentual de matéria mineral com na amostra
%MMASA 5,25 5,29 5,25
seca ao ar; ASA = massa de amostra seca ao ar (g); 6MMus =
tem-se o cálculo
Considerando a aliquota 1 da tabela a seguir,
da estimativa da matéria mineral:
ASA=(CAD +ASA)-CAD=38,7285-36,63472,0938 g
MM=(CAD+MM)-CAD=36,7447-36,6347=0,1100 g 71
70