ROTINAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Alimentação, Higiene, Descanso...
Tríplice da Educação
Infantil: cuidar, educar e
brincar
• Por muitos anos, preservou-se no Brasil a tradição
de uma Educação Infantil assistencialista e
compensatória, que sempre esteve dissociada da
Educação Básica.
1. As creches e pré-escolas existiam com a finalidade
de, na ausência das famílias, suprir necessidades
mais básicas das crianças, como alimentação e
higiene e também àquelas carências oriundas de
sua situação socioeconômica.
2. Com a promulgação da LDB (1996), é que a
Educação Infantil passou a integrar a Educação
Básica, ampliando as considerações a respeito do
caráter educativo destas instituições.
3. A partir disto, consolida-se a concepção de
Educação Infantil que vincula “cuidar e educar”
como características indissociáveis do processo
educativo; e que contempla diversos aspectos do
desenvolvimento infantil durante a vida escolar.
Cuidar, educar e
brincar
1. Os objetivos da Educação Infantil e os projetos
pedagógicos devem estar pautados pela promoção do
desenvolvimento da criança através da interação
social, valorizando a brincadeira como uma de suas
principais ferramentas de comunicação e
aprendizagem, e de expressão de saberes e
sentimentos.
2. Compreende-se hoje que as escolas de Educação
Infantil devem caracterizar-se como um espaço
muito mais agregador e acolhedor, em que diferentes
objetivos façam parte do cotidiano e que vise o
desenvolvimento global da criança.
3. Prioriza-se, assim, tanto aspectos mais elementares,
como os cuidados com a alimentação, higiene e
segurança, quanto o desenvolvimento físico,
intelectual, social e afetivo das crianças.
ROTINAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
1. ROTINA pode ser pensada como a
estruturação do trabalho cotidiano na
instituição de Educação Infantil e pode
receber nomenclaturas variadas, tais como:
rotina, horário, grade de horário, plano
diário, entre outros.
2. Quandonos referimos a uma rotina
estamos implicitamente dando a ideia de
tempo e espaço, já que nos referimos a
acontecimentos que ocorrem com uma
sequência e frequência determinada,
geralmente ligados a hábitos cotidianos e
tradições.
• A rotina exerce influência fundamental no desenvolvimento
infantil. Entre outros fatores, ela ensina a criança a conviver com
a realidade familiar e comunitária (bairro, escola etc.), além de
contribuir para o fortalecimento da autonomia.
A importância 1. A rotina implica regras que estabelecem limites. O limite gera uma
dose de frustração, e é importante aprender a conviver com esse
da rotina sentimento desde cedo. Além disso, a rotina vai ganhando
complexidade ao longo do desenvolvimento do indivíduo,
ensinando-o a agir em determinadas situações.
2. O estabelecimento de rotinas é um dos aspectos fundamentais
para dar segurança à criança. É assim também que ela desenvolve
habilidades e aprende a lidar com as solicitações do ambiente.
A rotina escolar
1. A rotina é uma estrutura básica organizadora na
vida coletiva da instituição, mas as atividades
recorrentes dela não precisam ser repetitivas, ou
seja, feitas da mesma maneira diariamente.
2. Mesmo as atividades rotineiras como dormir, se
alimentar, brincar, mudam ao longo do ano. A
melhor hora para o banho de Sol difere no verão
e no inverno, assim como o tempo destinado ao
descanso precisa respeitar as características das
diferentes faixas etárias, por exemplo. Ou seja, a
rotina também precisa de um olhar atento do
educador para que a flexibilidade exista.
3. Precisamos retirar o caráter pejorativo que nos
faz pensar em uma conduta automática ou
mecânica.
A rotina escolar
• Algumas atividades de rotina estão muito presentes nas
instituições, principalmente naquelas que atendem a
crianças muito pequenas (zero a três anos) ou que
atendem a crianças em período integral. Várias delas
estão relacionadas ao bem-estar da criança, e se não
forem atendidas dificilmente conseguiremos dar
continuidade a outras atividades educativas. A seguir
analisaremos algumas dessas atividades:
Alimentação
1. Geralmente ocorrem entre intervalos de três a
quatro horas, dependendo da idade do grupo. Com os
bebês esses momentos devem preferencialmente ser
individualizados, educadora e bebê, onde
aproveitamos o momento para além de alimentar
estabelecer uma interação e comunicação
privilegiada.
2. Gradativamente, geralmente a partir de um ano de
idade, podemos começar a alimentar a criança em
pequenos grupos, introduzindo aos poucos uma
autonomia alimentar e o caráter cultural e social das
refeições.
3. É importante também respeitar as individualidades
durante este momento, alguns comem mais rápido,
outros de forma mais lenta, em quantidades e
variedades diferentes.
4. O momento das refeições é um momento para
trabalharmos educação alimentar e a aquisição de
hábitos de alimentação saudáveis. O educador deve
estar atento às crianças que apresentam dificuldade
de alimentação e buscar estratégias dentro e fora do
contexto de alimentação.
Higiene
1. Vários devem ser os momentos dedicados à higiene das
crianças (lavação das mãos, escovação dos dentes, banho
etc.) que, gradativamente, vão incorporando a autonomia
para alguns hábitos de cuidado com o corpo. O educador
deve respeitar o ritmo e a necessidade fisiológica de cada
criança e auxiliá-las no desenvolvimento desta autonomia.
2. Desfralde: geralmente ocorre em torno dos dois anos de
idade da criança - É necessária para esta conquista a
parceria com a família, para que seja dada continuidade, em
casa, ao uso do banheiro. Esse processo muitas vezes é longo
e precisa da sensibilidade e paciência do adulto, para
respeitar o ritmo e possibilidades de cada criança. Enquanto
a criança não adquirir completamente este hábito, o
educador deverá sempre lembrá-la, de tempos em tempos,
da utilização do banheiro.
3. As mensagens transmitidas à criança deverão sempre ser de
estímulo (exemplo: que bom que você conseguiu usar o
vasinho!) e jamais de repreensão por não ter conseguido
corresponder às expectativas (exemplo: eu já não falei que o
lugar de fazer xixi é no banheiro? Que coisa feia!). Mesmo
quando a criança urinar ou evacuar na roupa devemos
incentivá-la, lembrando aquilo que deveria ter feito com
muito carinho (exemplo: não tem problema! Você ainda está
aprendendo!).
Higiene
1. Banho: O principal objetivo deve ser tornar o momento
prazeroso, estimulando a autonomia e o cuidado com
o próprio corpo. Esse é um momento para aquisição de
hábitos e estabelecimento de regras (roupas sujas
guardadas separadas das limpas etc.), onde o cuidar e
o educar caminham lado a lado.
2. Higiene dental: a escovação dos dentes é um hábito
que deve ser inserido desde o nascimento dos
primeiros dentes. Nos primeiros anos a escovação
deverá ser realizada pelo adulto ou com sua
supervisão, até que tenhamos a certeza de que a
criança poderá realizá-la adequadamente sozinha.
3. Mas, mesmo com os pequenos, devemos deixá-los
manusear as escovas e realizar tentativas de
escovação. Além dos cuidados com a saúde, essa
possibilidade favorece a coordenação motora da
criança.
4. Assim como a rotina alimentar, o momento da higiene,
também, contribui para o trabalho pedagógico da
instituição, mais uma vez, atrelamos o cuidar e o
educar.
Descanso
1. Quanto menor a idade maior a necessidade de
descanso. A organização do sono na instituição
deve respeitar as necessidades por faixa etária e
individuais. Os bebês apresentam um ritmo
próprio e não é possível estabelecer um horário
de descanso coletivo. O educador deve conhecer
bem o ritmo de cada um e oferecer o descanso
quando necessário.
2. Com as crianças um pouco mais velhas
(geralmente a partir de um ano de idade)
conseguimos gradativamente regular o horário
de descanso. Mesmo assim, precisamos estar
atentos às individualidades e aos instrumentos e
hábitos que cada criança possui para adormecer.
3. É importante também que o ambiente favoreça o
descanso: temperatura agradável, pouca
luminosidade, ausência de barulho, local limpo
e confortável.
Educação infantil. volume único / Karla Seabra, Sandra Sousa. Rio de Janeiro:
Fundação CECIERJ, 2010.