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Planificacao L

O documento discute a planificação linguística em Moçambique, onde coexistem diversas línguas como português, línguas bantu e outras. A planificação linguística envolve a promoção, manutenção e desenvolvimento das línguas. Em Moçambique, o português foi escolhido como língua oficial devido à história colonial, embora as línguas locais também sejam importantes para a identidade cultural.
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O documento discute a planificação linguística em Moçambique, onde coexistem diversas línguas como português, línguas bantu e outras. A planificação linguística envolve a promoção, manutenção e desenvolvimento das línguas. Em Moçambique, o português foi escolhido como língua oficial devido à história colonial, embora as línguas locais também sejam importantes para a identidade cultural.
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1. Introducão

Moçambique é um dos paises africanos linguisticamente heterogéneo, onde


coexistem diversas línguas: Línguas de origem asiática (urdu, gujarati e hindu),
Línguas de origem bantu e Língua Portuguesa, é por esta razão a questão
Linguística em Moçambique carece um estudo avançado. Para este trabalho
falaremos sobre a Planificação Linguística em África, com destaque em
Moçambique, onde iremos desenvolver as etapas da sua planificação para
compreender sua Política Linguística. O trabalho tem como objectivo geral,
compreender a Planificação Linguística em Moçambique, e constituem como os
objectivos específicos, identificar a Política Linguística de Moçambique,
caracterizar a planificação linguística em Moçambique, propor soluções das
politicas linguísticas em Moçambique, e para a materialização deste trabalho, foi
necessário o uso das diferentes obras de autores constantes das referências
bibliográficas, com destaque para Firmino
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2. A Planificação Linguística

A Planificação Linguística é a área da Política Linguística que se preocupa com


as intervenções sobre as línguas: a promoção de línguas; isto é, a criação de
programas de revitalização, manutenção, escrituralização, criação de escolas
bilingues e de legislação específica para a questão das línguas. Politicas
linguísticas se referem, conforme Calvet (2008), a decisão sobre as relações da
sociedade e das pessoas com as línguas.

Preocupa-se também com a questão dos direitos linguísticos e do património


linguístico.

2.1. Etapas da Planificação Linguística

 Selecção linguística;

 Tratamento de línguas minoritárias – repara-se a posição das línguas


minoritárias (uso na educação, administração e instituições diversas);

 Desenvolvimento linguístico- refere-se ao aspecto da sua escrita e fala, sua


revisão e tradução;

 Avaliação inicial da situação linguística de determinado meio, como: o número


de falantes da língua como L1 e L2, a sua distribuição social, o estatuto
sociolinguístico, a existência ou não da sua forma escrita e a sua elaboração
vocabular;

 Implementação – é a fase de aplicação do que foi concebido na língua;

 Avaliação – consiste em verificar se as línguas implementadas são aceites no


meio em que foram implementadas. Se haver uma falha, regressa-se à etapa
inicial;

O Português foi conferido o estatuto de língua oficial e promovido pelo discurso oficial
como língua da unidade nacional. A sua escolha como língua oficial e língua da unidade
nacional deveu-se a história do seu uso em Moçambique e o tipo de diversidade
linguística prevalecente no país,
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2.1 2. A Questão Linguística nos Países Africanos Pós-coloniais

A escolha entre Línguas autóctones e uma língua ex-colonial, ilustra o dilema


fundamental à volta da questão linguística nos países em desenvolvimento. Alguns
estudiosos ( p. e. Geertz 1973a; Fishman 1972b) tendem a conceptualizar o dilema
como resultado de dois diferentes objectivos que os países em desenvolvimentos
perseguem: por um lado, o estabelecimento de um quadro comunicacional que possa
estar a altura do caminho para a modernidade e, por outro lado, o desejo de preservar as
tradições locais.

Na visão de Firmino (2006:45), os fazedores de política tentam reformar as Línguas


africanas de forma que elas possam ser usadas em conexão com as novas actividades
sociais, tais como a educação informal. No entanto, tais esforços são normalmente
minados pelo facto de que se vale de recursos linguísticos das línguas ex-colonias, o que
recoloca os problemas que derivam o não conhecimento da língua ex-colonial. Um
exemplo típico é o processo de lexicalização das línguas africanas, que, muito
frequentemente, é modelada a partir de raízes e afixos da língua ex-colonial. Para quem
não tem o conhecimento da língua ex-colonial, o uso massivo de empréstimos dessa
língua na forma de palavras ou afixos conduz a dificuldade e barreiras linguísticas
semelhantes àquelas levantadas pelo uso da língua ex-colonial.

2.1.3. Política Linguística em Moçambique

A ideologia oficial entendia as divisões étnicas e regionais como grandes ameaças à


consolidação da nova nação˗estado moçambicana. O português apareceu como um
instrumento adequado não só para se sobrepor às diferenças linguísticas entre os
moçambicanos, mas sim para promover a consciência da unidade nacional.

Acrescenta-se que na altura em Moçambique ficou independente, só o Português estava


em posição de funcionar como uma linguagem do estado e superar a maior parte dos
problemas colocados pelas línguas autóctones que incluíam:

a) As línguas autóctones serem deficitárias em termos de planificação linguística


do corpus (carecia de gramáticas, estudos descritivos, ortografias padronizadas,
dicionários etc.);
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b) Nenhuma das línguas autóctones pode cobrir o país inteiro, razão pela qual são
regionalmente e etnicamente marcadas;
c) A elites integradas nas instituições do estado, de um modo geral não conheceram
suficientemente bem as línguas autóctones a ponto de as usar como línguas de
trabalho em actividades sociais.

O Ministério da Educação, num discurso de abertura de seminário de


padronização das ortografias das línguas moçambicanas organizado pelo
NELIMO em 1988, recordou os participantes do seguinte:
“A nossa independência foi feita para afirmar a nossa
cultura, a nossa personalidade moçambicana. As
exigências da unidade e do desenvolvimento passam pelo
conhecimento e reconhecimento da identidades e das
formas de consciência cultural particulares, de como elas
se manifestam através de práticas culturais concretas. Na
multiplicidade de expressões em que o tecido da nossa
identidade cultural se consubstancia, uma das suas
expressões mais privilegiadas é, sem dúvida, a das nossas
línguas nacionais. É no riquíssimo depositário das línguas
moçambicanas que residem e se preservam os principais
elementos constitutivos da nossa singularidade cultural.”
(NELIMO,1989:4).
Desta visão, a adopção do português como língua oficial e o seu reconhecimento como
língua de unidade nacional constitui uma estratégia política para facilitar a integração
nacional de Moçambique. O Português nunca era no entanto, associado à expressão da
moçambicanidade autêntica, nem às línguas autóctones era permitido o acesso às
actividades oficiais.

3. Panorama linguístico de Moçambique


Moçambique é um país multilingue, onde para além do Português, a língua oficial, são
faladas mais de vinte línguas bantu (Sitoe e Ngunga 2000) e algumas línguas
estrangeiras, como ilustra o quadro abaixo:
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Língua Província em que é mais falada como


língua materna
Maconde Cabo Delgado
Mwani Cabo Delgado
Yao Niassa
Nyanja Niassa, Tete, Zambézia
Macua Cabo Delgado, Nampula, Niassa,
Zambézia
Koti Nampula
Lomwe Zambézia
Chuwabo Zambézia
Nyungue Tete
Sena Manica, Sofala, Tete, Zambézia
Cibalke Manica
Ndau Manica, Sofala
Ciwutee Manica
Cimanyika Manica
Tshwa Inhambane
Bitonga Inhambane, Gaza
Chope Inhambane, Gaza
Changana Gaza, Maputo
Ronga Maputo

De acordo com os dados do Censo populacional de 2007 (chimbutane 2012), mais de


90% da população moçambicana fala, pelo menos, uma língua bantu. Cerca de 85,3%
desta população tem uma língua bantu como L1, contra 98,8 e 93,0% em 1980 e 1997,
respectivamente (Firmino 2000:16). A maior parte dos falantes da língua bantu como
L1 reside em zonas rurais, e os índices mais elevados de conhecimento destas línguas
verificam-se entre os recenseados com mais de 25 anos.
Por seu turno, de acordo com os resultados do Censo de 2007, o Portuguese é falado por
50.4% da população, sendo a L1 de 10,7% de falantes (chimbutane 2012. Em
Moçambique, o Português foi definido como língua de ensino, quer as escolas oficiais
quer as rudimentares, ao passo que as línguas locais podiam apenas ser usadas na
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instituição religiosa (Belchior 1965, Barreto 1977, Mazula 1995, Buendia Goméz
1999).

3.1. II Seminário sobre a


Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas

O II Seminário sobre a Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas


aconteceu numa altura em que estava em curso, a implementação, pelo INDE, do
Projecto Experimental de Educação Bilingue em Moçambique (PEBIMO), em Gaza
(em changana e Português) e em Tete (em Nyanja e Português). Os resultados desse
projecto divulgado um ano depois, e os resultados do II seminário galvanizaram as
discussões em torno da introdução das Línguas Moçambicanas no sistema de ensino no
âmbito da reforma do Ensino Básico levada a cabo pelo Ministério da Educação (INDE
2003).
Com efeito, a introdução das Línguas Moçambicanas no sistema de ensino catapultou a
produção escrita em quase todas as línguas. A partir de 2003, altura em que se introduz
o ensino em línguas moçambicanas, estas passam a revelar que os colonialistas
portugueses estavam errados ao afirmar que as línguas moçambicanas não poderiam ser
usadas no ensino (Duarte 2006). Durante esse período foi possível a:
a) Introdução de Linguística Bantu no instituto de Formação de Professores;
b) Introdução de Línguas Moçambicanas no ensino;
c) Introdução de curso de Licenciatura e Ensino de Línguas Bantu na Universidade
Eduardo Mondlane;
d) Abertura de Mestrado em Linguística com especialização em Linguística Bantu.
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4. Conclusão

Este trabalho analisa matérias relacionadas com a coexistência de línguas autóctones na


África, especialmente em Moçambique. Entretanto, o trabalho afirmou que um melhor
entendimento do funcionamento linguística em África requer um exame de dados
referente às praticas discursivas e ideológicas, o que precisa de ser planificado e, assim
fornecendo informações como as línguas autóctones são usadas nas diferentes
actividades sociais, bem como a evolução dinâmicas dos papéis associados a estas
línguas. Assim, ao iniciar a dinâmica do mercado linguístico, o presente estudo mostrou
que outras línguas estrangeiras tem se integradas na sociedade moçambicana, como
recurso linguísticos legítimos que os cidadãos manipulam nas actividades sociais.

A Panificação Linguística na África deve levar em conta a dinâmica dos mercados


linguísticos tais como são na prática.
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5. Bibliografia

Calvet, Louis˗Jean (1987). La Guerre des Langues et ess Politiques Linguistiques.


Paris: Payot
Chimbutane, Feliciano (2015) Multilinguismo e Multiculturalismo em Moçambique
Firmino, Gregório (2006) A Questão Linguística na África Pós-colonial, Maputo, 1ª ed.

Fishman, Joshua ( 1965) who speaks what language to whom and when

Honwana, Luis Bernardo (1993) Política cultural e identidade cultural. Maputo


NELIMO (1989) Relatório do 1º Seminário sobre a Padronização das Ortografias das
Línguas Moçambicanas, UEM Maputo, Maputo

NELIMO, Relatório do 3º Seminário sobre a Padronização das Ortografias das


Línguas Moçambicanas, UEM Maputo, Maputo 2012

Sitoe, B e Ngunga, A (2000) Relatório do II Seminário sobre a Padronização da


Ortografia de Línguas Moçambicanas. Maputo: NELIMO˗ Centro de Estudos da
Línguas moçambicanas, Universidade Eduardo Mondlane.

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