Papel Da Saliva Na Cavidade Oral
Papel Da Saliva Na Cavidade Oral
setembro de 2021
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO EGAS MONIZ
setembro de 2021
“O conhecimento dirige a prática; no entanto, a prática aumenta o conhecimento.”
Thomas Fuller
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, professor Dr. José Manuel Feliz, por ter aceitado orientar este
trabalho, pela sua simpatia, constante disponibilidade e apoio na realização deste projeto
e, logo desde o início, quando me ajudou na escolha do tema.
Aos meus pais, que sempre me apoiaram e motivaram ao longo deste percurso académico,
o que permitiu que conseguisse atingir os meus objetivos.
Aos meus avós, tios e primas, que sempre acreditaram nas minhas capacidades, sendo
elementos fundamentais durante este marcante trajeto.
Aos meus amigos e colegas que me acompanharam nestes anos de vida universitária, pela
simpatia demonstrada e considerável partilha de conhecimentos. Foram indispensáveis
para alcançar esta etapa com sucesso.
A saliva total é um fluido biológico secretado pelas glândulas salivares major (parótida,
submandibular e sublingual) e por algumas glândulas salivares minor ao qual se junta o
fluido crevicular. Apresenta uma variedade de compostos, nomeadamente: água,
eletrólitos, enzimas e proteínas, algumas destas com propriedades imunológicas. Este
biofluido desempenha múltiplas funções na cavidade oral, tais como: proteção/defesa
antibacteriana, manutenção do pH oral, integridade dentária e da mucosa oral, ajuda na
lubrificação, mastigação, deglutição, digestão e solubilização de alimentos. Além disso,
a saliva pode ser também utilizada nas várias ciências “ómicas”, para uma medicina mais
personalizada: genómica, transcriptómica, proteómica, metabolómica, interactómica e
fisiómica que, no caso específico da cavidade oral, se designa por oralómica.
O sistema imunitário é constituído por várias moléculas, células, tecidos e órgãos que, no
seu conjunto, identificam e atuam contra ameaças ao organismo. Existem dois
importantes tipos de imunidade: a imunidade inata, que forma a primeira e imediata linha
de defesa do organismo, em que atuam diversos mediadores celulares e moleculares; e a
imunidade adaptativa, também designada de adquirida ou específica, que desencadeia
respostas mediadas por células B e T e anticorpos, de modo a produzir uma resposta
protetora mais específica, eficaz e duradoura.
A saliva tem uma importante influência a nível da imunidade da cavidade oral, sendo que
existem na sua composição determinados biomarcadores imunológicos, nomeadamente:
citocinas, proteína C-reativa (PCR), metaloproteinases da matriz (MMPs) e
imunoglobulinas (Ig). Nesta classe, evidencia-se a presença da IgA, que se encontra em
elevada quantidade na saliva. Este anticorpo atua na proteção da mucosa oral, com
importantes propriedades antimicrobianas.
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ABSTRACT
Whole saliva is a biological fluid secreted by the major salivary glands (parotid,
submandibular and sublingual) and by some minor salivary glands to which crevicular
fluid is added. It presents a variety of compounds, namely: water, electrolytes, enzymes
and proteins, some of which have immune properties. This biofluid performs multiple
functions in the oral cavity, such as: antibacterial protection/defence, maintenance of oral
pH, dental integrity and oral mucosa, helps with lubrication, chewing, swallowing,
digestion and solubilization of food. In addition, saliva can also be used in the various
“omics” sciences, for a more personalized medicine: genomics, transcriptomics,
proteomics, metabolomics, interactomics and physiomics which, in the specific case of
the oral cavity, is called oralomics.
The immune system is made up of several molecules, cells, tissues and organs that, as a
whole, identify and act against threats to the body. There are two important types of
immunity: innate immunity, which forms the the body's first and immediate line of
defense, in which several cellular and molecular mediators act; and adaptive immunity,
also called acquired or specific immunity, which triggers responses mediated by B and T
cells and antibodies, in order to produce a more specific, effective and lasting protective
response.
Saliva has an important influence on the immunity of the oral cavity, with certain immune
biomarkers in its composition, namely: cytokines, C-reactive protein (PCR), matrix
metalloproteinases (MMPs) and immunoglobulins (Ig). In this class, the presence of IgA
is evident, which is found in high amounts in saliva. This antibody acts to protect the oral
mucosa, with important antimicrobial properties.
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ÍNDICE GERAL
I. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11
II. DESENVOLVIMENTO...........................................................................................13
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2.2. Tipos de imunidade .........................................................................................45
2.3.1.1. Citocinas.....................................................................................53
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 4 – Representação esquemática geral das células acinares e ductais que existem
numa glândula salivar major. Adaptado de Bowers et al., 2015. ....................................21
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 5 – Etapas da resposta imunitária. Adaptado de Murphy & Weaver, 2017. .......47
Tabela 8 – Principais funções associadas à IgA, IgG e IgM. Adaptado de Marshall et al.,
2018. ................................................................................................................................59
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LISTA DE ABREVIATURAS
IFN – Interferão
Ig – Imunoglobulina
IL – Interleucina
K+ – Ião potássio
MUC – Mucina
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PMNs – Neutrófilos polimorfonucleares
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Introdução
I. INTRODUÇÃO
A cavidade oral, também designada de boca, é uma estrutura do corpo humano com uma
organização anatómica e fisiológica bastante complexa. Para além dos seus componentes
anatómicos, visíveis macroscopicamente, existem, também, diversos elementos
moleculares, que se encontram essencialmente na saliva (Rosa, 2011).
Está descrito que a saliva, sendo um fluido biológico multifuncional, tem uma grande
aplicabilidade prática, nomeadamente ao nível da genómica, transcriptómica, proteómica,
metabolómica, interactómica e fisiómica (Rosa, 2011). Atualmente, evidencia-se a sua
utilização em testes genéticos laboratoriais. São efetuadas análises às amostras de
material genético existente na saliva (ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido
ribonucleico (RNA), proteínas e outros metabolitos), de modo a detetar doenças genéticas
e metabólicas, como a periodontite e a gengivite. Os testes realizados à saliva, pela sua
facilidade na colheita, apresentam um conjunto de vantagens, sendo que constituem um
meio importante para elaborar um diagnóstico acerca das condições em que a cavidade
oral se encontra. Permitem, também, avaliar a presença de determinados elementos,
designados de biomarcadores, que fornecem informações relevantes acerca do estado de
saúde geral do organismo (Woźniak et al., 2019).
É importante referir que o meio oral constitui a porta de entrada de vários agentes externos
ao próprio organismo humano, entre os quais se destacam os microrganismos, que
contribuem para a alteração da homeostasia da cavidade oral (Vila et al., 2019).
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
múltiplas doenças orais e também sistémicas. A saúde oral está diretamente relacionada
com a saúde geral de um indivíduo, sendo que, quando surge alguma perturbação a nível
oral, esta pode dar origem a patologias nos restantes sistemas orgânicos (Kane, 2017).
A saliva tem uma importante ação imunológica. Na sua composição, existem proteínas
que apresentam propriedades antimicrobianas, essenciais para a defesa da cavidade oral
contra os agentes patogénicos. Muitas destas proteínas imunológicas intervêm nos
processos de imunidade inata e adaptativa e pertencem ao grupo dos biomarcadores
salivares (Ahsan, 2018).
Este trabalho de revisão narrativa tem como objetivo atualizar o conhecimento relativo
às diversas propriedades da saliva, mais especificamente, a sua influência na proteção
imunológica da cavidade oral.
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Desenvolvimento
II. DESENVOLVIMENTO
A Biologia Oral dedica-se ao estudo dos vários processos biológicos que ocorrem na
cavidade oral. É importante abordar a cavidade oral como um todo. Assim, deve-se ter
em consideração não só as suas estruturas anatómicas, mas também a saliva, o seu fluido
envolvente, onde ocorrem diversos mecanismos a nível molecular (Rosa, 2011).
Lábio superior
Vestíbulo superior
Freio labial superior
Gengiva
Palato duro
Palato mole
Úvula
Bochecha
Língua
Freio lingual
Dentes
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Os lábios são elementos musculares constituídos pelo músculo orbicular da boca, tecido
conjuntivo e vasos sanguíneos. Devido à sua vascularização, apresentam uma coloração
característica, que varia desde o rosa-avermelhado ao vermelho escuro. A superfície
labial externa é revestida por pele, com epitélio estratificado queratinizado; e a margem
labial interna é contínua com a mucosa da cavidade oral. Além disso, os lábios superior
e inferior têm pregas mucosas associadas, designadas de freios (VanPutte et al., 2020).
Os lábios são formados por quatro camadas de tecido: cutâneo, muscular, glandular e
mucoso. Os pontos de união das extremidades dos lábios superior e inferior
denominam-se de comissuras labiais (Madani et al., 2014).
O palato consiste na estrutura superior da cavidade oral. É constituído por duas partes:
uma região anterior, designada de palato duro, formada por osso; e uma região posterior,
denominada de palato mole, não óssea, composta por músculo esquelético e tecido
conjuntivo. Apresenta, também, um prolongamento a nível posterior, que corresponde à
úvula. Além disso, o palato forma uma barreira entre as cavidades oral e nasal. Desta
forma, impede que os alimentos passem de uma região para a outra, durante os processos
de mastigação e deglutição (Madani et al., 2014; VanPutte et al., 2020).
De referir, também, que o palato pode apresentar diferentes formas, tais como em U ou
em V. Na linha média, existe uma elevação, designada de rafe palatina e, na região mais
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Desenvolvimento
As amígdalas linguais são estruturas constituídas por pequenas glândulas e por uma
grande quantidade de tecido linfoide. Localizam-se na parte posterior do dorso da língua
(VanPutte et al., 2020). Apresentam um tamanho variável e estendem-se até à região da
epiglote (Costello et al., 2016). Tal como as amígdalas palatinas, desempenham, também,
funções protetoras contra os agentes patogénicos que invadem a mucosa oral (Coleman
et al., 2018).
1.1.3. Língua
A língua é uma estrutura muscular que ocupa uma grande parte da cavidade oral. A sua
porção posterior encontra-se fixa, enquanto que a sua parte anterior é relativamente
móvel. Apresenta uma união ao pavimento da cavidade oral, através de uma prega de
tecido, designada de freio lingual (Madani et al., 2014; VanPutte et al., 2020).
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Além disso, a língua encontra-se coberta por epitélio pavimentoso estratificado e está
dividida em duas partes pelo sulco terminal. Os dois terços anteriores da superfície da
língua são constituídos por papilas, sendo que algumas apresentam recetores gustativos.
O terço posterior não é composto por papilas, tendo somente alguns terminais gustativos.
É constituído por pequenas glândulas e por um conjunto de tecido linfoide, que forma a
amígdala lingual (VanPutte et al., 2020).
Existem dois tipos de dentição: a dentição decídua, também conhecida como dentição de
leite ou primária; e a dentição permanente, também designada de adulta ou secundária. A
dentição decídua é, normalmente, constituída por vinte dentes, sendo que existem em
cada quadrante um incisivo central, um incisivo lateral, um canino e dois molares. A
dentição permanente é, geralmente, composta por trinta e dois dentes, sendo que existem
em cada quadrante um incisivo central, um incisivo lateral, um canino, dois pré-molares
e três molares. Muitas vezes, os terceiros molares estão ausentes na arcada dentária,
devido à necessidade de terem sido extraídos, por exemplo, em situações de falta de
espaço para erupcionarem, dor, irritação e infeção (Husain, 2017; Madani et al., 2014;
VanPutte et al., 2020).
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Desenvolvimento
Em termos anatómicos, um dente é uma estrutura constituída por uma coroa, um colo e
uma raiz. A coroa apresenta uma ou mais cúspides (pontas), sendo designada, na sua
totalidade, por coroa anatómica. A parte da coroa que se encontra exposta na cavidade
oral, que é visível, denomina-se de coroa clínica. O colo refere-se à porção do dente
situada entre a coroa e a raiz. A raiz corresponde à parte maior do dente, que permite a
sua fixação na arcada dentária (VanPutte et al., 2020).
Está descrito que existem variações morfológicas da coroa e da raiz, de acordo com o tipo
de dente e a sua localização na cavidade oral. Um dente pode apresentar apenas uma raiz
ou mais do que uma raiz (Creanor, 2016; Husain, 2017). Cada dente é composto por
quatro ou cinco faces, sendo que todos têm as faces vestibular, palatina ou lingual, mesial
e distal. No caso dos posteriores, existe, também, a face oclusal (Husain, 2017).
Esmalte
Dentina
Polpa
Gengiva
Cemento
Ligamento
periodontal
Osso alveolar
A polpa dentária é um tecido mole, não mineralizado, localizado no interior do dente, que
contém vasos sanguíneos e nervos. Apresenta funções nutritivas e sensoriais; sendo
constituída por duas partes: a câmara pulpar e o canal radicular. A câmara pulpar
localiza-se no centro da coroa do dente (Husain, 2017). O canal radicular refere-se à
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
região pulpar situada dentro da raiz, que termina num orifício, o forâmen apical, por onde
saem os vasos e os nervos (Husain, 2017; VanPutte et al., 2020). A polpa é revestida por
uma camada de células e tecido calcificado, designada de dentina. Ao nível da coroa, a
dentina encontra-se recoberta por uma substância com elevada dureza e acelular, o
esmalte, que atua na proteção do dente. Ao nível da raiz, a dentina é recoberta por uma
outra substância, o cemento radicular, que contribui para a fixação do dente no osso
alveolar (VanPutte et al., 2020). O esmalte, a dentina e o cemento são tecidos duros,
mineralizados (Husain, 2017).
A mucosa oral corresponde a uma estrutura húmida que reveste o interior da cavidade
oral. É constituída por epitélio pavimentoso estratificado, tecido conjuntivo e vasos
sanguíneos; e tem, normalmente, uma cor rosa (Ali, 2016; Cruchley & Bergmeier, 2018).
No entanto, a coloração da mucosa pode ser variável, devido a determinados fatores, tais
como: o grau de vascularização, queratinização e a espessura do epitélio. Geralmente, em
situações de inflamação, apresenta uma cor mais avermelhada. Relativamente ao seu
aspeto, a mucosa é mais lisa do que a pele, exceto na parte dorsal da língua, na gengiva e
na região das rugas palatinas (Cruchley & Bergmeier, 2018).
Está descrito que, em determinados indivíduos, pode existir na mucosa das bochechas
uma linha branca de tecido queratinizado, designada de linha alba. Esta linha situa-se na
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Desenvolvimento
direção do plano oclusal dos dentes; e pode ser causada por situações de mordida ou pela
ação abrasiva de restaurações dentárias rugosas (Cruchley & Bergmeier, 2018).
Existem três tipos de mucosa oral, de acordo com a sua localização na cavidade oral,
designadamente: mucosa mastigatória, mucosa de revestimento e mucosa especializada.
A mucosa mastigatória localiza-se no palato duro e na gengiva; sendo queratinizada, de
modo a resistir às forças da mastigação. A mucosa de revestimento encontra-se nas
bochechas, na superfície labial interna, no palato mole, no pavimento da boca, na
superfície ventral/inferior da língua e na mucosa alveolar; sendo macia e não
queratinizada. A mucosa especializada situa-se na superfície dorsal da língua; sendo
constituída por uma grande quantidade de papilas gustativas e terminações nervosas
sensoriais (Ali, 2016; Cruchley & Bergmeier, 2018).
A mucosa oral tem um papel relevante na defesa da cavidade oral contra microrganismos,
substâncias prejudiciais e lesões mecânicas. Esta capacidade protetora é possível, devido
à estrutura do epitélio e à presença de componentes da imunidade. Além disso, apresenta
funções sensoriais relacionadas com determinados estímulos, tais como: a dor, o toque, a
temperatura e o paladar (Cruchley & Bergmeier, 2018).
As glândulas salivares (Figura 3) são estruturas exócrinas que produzem saliva. Podem
ser divididas em glândulas salivares major e minor. Existem três pares de glândulas
salivares major, com uma localização bilateral, nomeadamente: a parótida, a
submandibular e a sublingual, que produzem cerca de 90% do total da saliva. As
glândulas salivares minor são responsáveis pela secreção de aproximadamente 10% do
total da saliva (Patel & Barros, 2015; Pedersen et al., 2018; Vila et al., 2019).
Relativamente à contribuição salivar de cada uma das glândulas major, a parótida produz
cerca de 20% do total da saliva glandular, a submandibular cerca de 65% e a sublingual
aproximadamente 5% (Vila et al., 2019).
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Glândulas
minor
Sublingual
Parótida
Submandibular
Parótida
Sublingual
Submandibular
A parótida corresponde à maior glândula salivar, sendo constituída por uma cápsula com
fibras de tecido conjuntivo. Apresenta um canal excretor, designado de canal de Stensen,
com a sua abertura localizada ao nível do segundo molar superior (Patel & Barros, 2015).
Situa-se à frente e abaixo da orelha (Vila et al., 2019). Pesa entre 15 a 30 gramas,
aproximadamente (Chojnowska et al., 2018).
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Desenvolvimento
As glândulas salivares minor são mais simples, sendo que apresentam um único canal
excretor. Existem cerca de 600 a 1000 glândulas minor, que se encontram distribuídas na
mucosa oral, em várias estruturas, tais como: nos lábios, nas bochechas, no palato, na
língua e nas superfícies retromolares (Bowers et al., 2015; Hernández & Taylor, 2020;
Patel & Barros, 2015; Pedersen et al., 2018). Podem, também, ser encontradas no
pavimento da boca, na úvula, na faringe e na laringe (Patel & Barros, 2015).
A nível histológico, as glândulas salivares major são constituídas por dois tipos de células:
as células acinares e as células ductais (Figura 4), que atuam de forma dinâmica, desde a
produção do fluido salivar até à sua libertação na cavidade oral (Bowers et al., 2015;
Hernández & Taylor, 2020; Roblegg et al., 2019).
Células
Células ductais
acinares
intercaladas Células ductais
interlobulares
ou excretoras
Figura 4 – Representação esquemática geral das células acinares e ductais que existem numa
glândula salivar major. Adaptado de Bowers et al., 2015.
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
As células acinares são responsáveis pela produção da saliva, sendo que formam
conjuntos, designados de ácinos, que correspondem às unidades de secreção da glândula
salivar. Podem ser divididas em dois tipos: as células serosas, que produzem uma saliva
mais fluida, rica em água e enzimas; e as células mucosas, que produzem uma saliva mais
espessa, rica em glicoproteínas salivares, as mucinas (Bowers et al., 2015; Hernández &
Taylor, 2020).
Está, também, descrito que existem células ao redor dos ácinos e dos ductos intercalados,
designadas de células mioepiteliais. Estas células encontram-se organizadas de forma
diferente nas várias glândulas salivares e têm a capacidade de contração (Pedersen et al.,
2018). De referir que auxiliam a glândula no processo de transporte do fluido salivar até
à cavidade oral (Roblegg et al., 2019).
De mencionar que as glândulas salivares major têm uma composição diversificada. Para
além dos vários tipos de células constituintes, são, também, formadas por um conjunto de
vasos sanguíneos e nervos (Pedersen et al., 2018).
As glândulas salivares major podem ser classificadas quanto ao tipo de células acinares
que apresentam. Assim sendo, a parótida é serosa, constituída por células serosas; a
submandibular é mista, composta por células serosas e mucosas, no entanto, tem maior
quantidade de células serosas; e a sublingual é, também, mista, mas com maior número
de células mucosas (Chojnowska et al., 2018; VanPutte et al., 2020).
Alguns autores classificaram, também, os três tipos de glândulas minor que existem na
língua. Está descrito que as de Weber são mucosas; as de von Ebner são serosas; e as de
Blandin e Nuhn são mistas (Bowers et al., 2015).
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Desenvolvimento
major e minor. As secreções salivares produzidas, que podem ser serosas, mucosas ou
seromucosas, permitem a hidratação dos tecidos orais (Qin et al., 2017). O fluido salivar
libertado pelas várias glândulas confere proteção às estruturas dentárias e à mucosa oral
(Proctor, 2018).
1.2. Saliva
1.2.1. Definição
Relativamente à sua origem, a saliva glandular consiste num fluido biológico produzido
e libertado pelas glândulas salivares major e minor na cavidade oral. Apresenta uma
variedade de componentes e de funções (Castañeda & Moya, 2012; Chojnowska et al.,
2018; Fatima et al., 2020; Rathnayake et al., 2017; Slowey, 2015; Sousa et al., 2019).
A saliva produzida nas glândulas salivares é estéril, mas deixa de o ser, assim que é
libertada na cavidade oral. A sua composição é alterada imediatamente, devido à mistura
que ocorre com os componentes existentes no meio oral (Castañeda & Moya, 2012).
Deste modo, a saliva total pode ser definida, no seu todo, como uma solução complexa,
constituída pela secreção proveniente das glândulas salivares, bem como por fluido
crevicular gengival (Zhang et al., 2016).
Além disso, é possível definir dois tipos de saliva: a saliva não estimulada e a saliva
estimulada. A saliva não estimulada refere-se ao fluido produzido em repouso, sem
estímulos, principalmente a partir da região abaixo da língua; e tem como objetivo manter
a lubrificação das várias estruturas da cavidade oral. A saliva estimulada é o fluido cuja
produção ocorre mediante estímulos, por exemplo, musculares ou olfativos; e
corresponde à maior quantidade da saliva secretada diariamente (Fatima et al., 2020).
1.2.2. Secreção
A secreção salivar glandular consiste num processo controlado pelo sistema nervoso
autónomo (Castañeda & Moya, 2012; Pedersen et al., 2018; Woźniak et al., 2019). De
referir que a sua regulação é efetuada através de vias reflexas, sendo que existe uma via
aferente, o centro salivar e uma via eferente (Pedersen et al., 2018).
O reflexo salivar pode ser desencadeado pelo paladar e pela mastigação, bem como por
estímulos associados ao olfato, à dor, à temperatura e ao pensamento. Relativamente ao
paladar, o reflexo resulta da ativação de quimiorrecetores presentes nas papilas gustativas
da língua. Em relação à mastigação, o reflexo ocorre devido à ativação de
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Está descrito que a atividade parassimpática contribui para a produção de uma grande
quantidade de saliva, com baixa concentração de proteínas; enquanto que a atividade
simpática é responsável por uma menor secreção de saliva, com elevada concentração de
proteínas (Pedersen et al., 2018). A saliva produzida pela ação do sistema parassimpático
é mais fluida e, no caso do sistema simpático, é mais viscosa (Castañeda & Moya, 2012).
Numa situação de repouso, sem estimulação das glândulas salivares, existe uma elevada
concentração de iões potássio (K+) e cloreto (Cl-) nas células acinares (Patel & Barros,
2015).
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Desenvolvimento
Existem determinados fatores que podem afetar a secreção salivar, tais como: o grau de
hidratação corporal, em que foi demonstrado que a desidratação aguda está relacionada
com a diminuição da secreção de saliva; o tamanho das glândulas salivares; e a perda de
ácinos secretores (Pedersen et al., 2018).
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Metabolitos de
Restos de alimentos medicamentos
Saliva estimulada
Figura 5 – Principais componentes da saliva total. Adaptado de Hernández & Taylor, 2020.
Em condições normais, a saliva caracteriza-se por ser um fluido incolor e sem cheiro
(Zhang et al., 2016). É ligeiramente ácida, com um valor de pH normal entre 6 e 7
26
Desenvolvimento
(Kaczor-Urbanowicz et al., 2016; Kerr & Tribble, 2015; Khurshid et al., 2016; Roblegg
et al., 2019; Wang et al., 2016).
Num indivíduo saudável, a quantidade de saliva produzida diariamente varia entre 0,5 e
1,5 litros (Bowers et al., 2015; Castañeda & Moya, 2012; Kaczor-Urbanowicz et al., 2016;
Khurshid et al., 2016; Rathnayake et al., 2017; Roblegg et al., 2019). A sua produção
oscila ao longo do dia (Castañeda & Moya, 2012).
Além disso, é possível comparar os dois tipos de saliva, não estimulada e estimulada,
relativamente a determinados parâmetros. Está descrito que a saliva não estimulada é
bastante hipotónica, com um pH neutro ou ligeiramente ácido; enquanto que a saliva
estimulada é menos hipotónica, com um pH alcalino (Hernández & Taylor, 2020). Numa
situação normal, no indivíduo adulto, a saliva não estimulada tem um fluxo salivar
contínuo de cerca de 0,25 a 0,35 mililitros por minuto; e a saliva estimulada apresenta um
fluxo de 1 a 3 mililitros por minuto, aproximadamente. Estes valores podem variar de
indivíduo para indivíduo (Almeida et al., 2008).
1.2.4. Funções
A saliva desempenha um conjunto de funções (Tabela 1), fundamentais para manter uma
boa saúde oral e geral. É importante referir que estas funções se encontram relacionadas
com os vários componentes salivares, os quais apresentam um determinado modo de ação
(Hernández & Taylor, 2020; Pedersen et al., 2018).
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
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Desenvolvimento
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Tabela 1 – Funções da saliva relacionadas com os seus componentes e o respetivo modo de ação.
Adaptado de Pedersen et al., 2018.
A clearance oral consiste numa das funções mais importantes da saliva. Está descrito que
este fluido tem a capacidade de eliminação de restos de alimentos, açúcares, ácidos e
microrganismos existentes na cavidade oral (Dawes et al., 2015; Fatima et al., 2020;
Pedersen et al., 2018; Proctor, 2018; Rathnayake et al., 2017; Zhang et al., 2016).
30
Desenvolvimento
que o bicarbonato é o componente com maior ação, seguido dos péptidos ricos em
histidina, da ureia e do fosfato (Roblegg et al., 2019). De salientar que a saliva é
fundamental na prevenção da desmineralização dentária (Kaczor-Urbanowicz et al.,
2016; Malathi et al., 2014; Pedersen et al., 2018; Proctor, 2018; Qin et al., 2017).
A película salivar adquirida é essencial para a homeostasia dos dentes, sendo que confere
proteção físico-química das superfícies dentárias e previne a adesão e colonização de
bactérias (Ahsan, 2018; Carbone et al., 2016; Fábián et al., 2012; Pedersen et al., 2018).
Esta estrutura consiste numa camada de proteínas que protege as superfícies dentárias de
alterações estruturais, como atrição, abrasão e erosão, e também do aparecimento de cárie
dentária (Dawes et al., 2015; Fatima et al., 2020; Proctor, 2018).
A ação antimicrobiana da saliva está relacionada com vários dos seus componentes
proteicos, apresentados, anteriormente, na Tabela 1. Destes constituintes, é de salientar a
presença das imunoglobulinas. Neste grupo, destaca-se a IgA secretora, que é
predominante na saliva glandular e a IgG proveniente do plasma, no fluido crevicular
gengival (Almeida et al., 2008; Castañeda & Moya, 2012; Dawes et al., 2015; Pedersen
et al., 2018; Roblegg et al., 2019).
A reparação dos tecidos é outra das funções desempenhadas pela saliva (Almeida et al.,
2008; Castañeda & Moya, 2012; Dawes et al., 2015; Dodds et al., 2015; Fatima et al.,
2020; Pedersen et al., 2018). A cavidade oral é frequentemente suscetível a diversos
fatores traumáticos, tais como mordidas na bochecha, causadas pelo próprio indivíduo e,
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Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
também, extrações dentárias (Dawes et al., 2015; Fatima et al., 2020). Na composição da
saliva, existem determinados fatores de crescimento, tais como o fator de crescimento
epidérmico (EGF) e o fator de crescimento de fibroblastos (FGF), que promovem a
cicatrização de feridas (Pedersen et al., 2018).
O paladar é uma função na qual a saliva tem um papel relevante. Este fluido tem a
capacidade de dissolução dos alimentos, distribuindo-os para as papilas gustativas, onde
existem quimiorrecetores para as substâncias gustativas (Almeida et al., 2008; Dawes et
al., 2015; Fatima et al., 2020; Patel & Barros, 2015; Pedersen et al., 2018).
A digestão inicial e a mastigação são funções em que a saliva tem uma ação fundamental.
Neste fluido, existem enzimas digestivas, tais como: a α-amilase, que é responsável pela
quebra das ligações α-1,4 – glicosídicas do amido; e a lipase. Além disso, a saliva
participa ativamente na formação do bolo alimentar e na deglutição, devido à presença de
água e mucinas (Dawes et al., 2015; Ekström et al., 2017; Pedersen et al., 2018).
Tal como referido anteriormente, o fluido crevicular gengival consiste num líquido que
se encontra presente no sulco gengival. Mistura-se com a saliva (glandular) na cavidade
oral e corresponde, assim, a um dos componentes da saliva total (Hernández & Taylor,
2020). No entanto, é possível comparar os dois fluidos, quanto à sua composição e
funções (Cruchley & Bergmeier, 2018).
Numa situação normal, o sulco gengival produz uma quantidade mínima de fluido
crevicular. Na periodontite, a área deste sulco pode aumentar dez vezes mais, produzindo
um maior volume de fluido. Surgem alterações ao nível da microcirculação, com o
desenvolvimento de pequenos vasos sanguíneos. Consequentemente, dá-se a
vasodilatação das arteríolas, havendo um aumento do fluxo sanguíneo. Assim, a
permeabilidade vascular torna-se aumentada, o que desencadeia a libertação de plasma,
células inflamatórias e proteínas imunológicas, havendo exsudação de fluido crevicular
em maior quantidade (Bibi et al., 2021).
32
Desenvolvimento
Relativamente à composição do fluido crevicular, está descrito que alguns dos seus
constituintes são semelhantes aos da saliva (Hernández & Taylor, 2020). É importante
salientar que, no fluido crevicular, existem vários componentes que contribuem para a
imunidade da cavidade oral (Figura 6), tais como: IgA, IgG (principal), IgM, lisozima,
peroxidase e leucócitos. Na saliva glandular, estão presentes alguns destes, como IgA,
lisozima e peroxidase, mas também outros compostos, como por exemplo: mucina e
lactoferrina (Cruchley & Bergmeier, 2018).
Imunidade oral
Figura 6 – Componentes da saliva glandular e do fluido crevicular gengival que contribuem para a
imunidade da cavidade oral. Adaptado de Cruchley & Bergmeier, 2018.
Para além das células, proteínas e enzimas que pertencem à composição do fluido
crevicular, existem outros elementos, nomeadamente: hidratos de carbono, lípidos, e
eletrólitos como cálcio, sódio, potássio, flúor e magnésio. De mencionar, também, que
podem ser adicionados ao fluido crevicular produtos provenientes do metabolismo dos
microrganismos, que se depositam no sulco gengival (Saloom & Carpenter, 2018).
33
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
No que se refere ao conteúdo proteico destes dois fluidos orais, estudos realizados
demonstraram que, comparativamente com a saliva proveniente das glândulas salivares,
o fluido crevicular apresenta uma maior quantidade de proteínas (Heller et al., 2016;
Odanaka et al., 2020).
Em relação à secreção do fluido crevicular, é referido que esta é maior durante o período
diurno, quando comparado com o noturno (Hernández & Taylor, 2020). Numa situação
em que o sulco gengival se encontra saudável, este fluido é libertado a uma taxa de
aproximadamente 3 microlitros por hora. No entanto, em condições de inflamação, como
na periodontite, a sua produção está, geralmente, aumentada. Assim sendo, de acordo com
o grau de inflamação, o fluxo pode ir até cerca de 44 microlitros por hora (Saloom &
Carpenter, 2018).
Existem outras situações em que a produção do fluido crevicular pode estar aumentada,
tais como: após a realização de procedimentos periodontais; durante o processo de
mastigação; em indivíduos fumadores; e na mulher, devido a alterações hormonais
(Hernández & Taylor, 2020).
Além disso, o fluido crevicular pode ser útil como meio auxiliar no diagnóstico da doença
periodontal, na avaliação dos resultados dos tratamentos efetuados e na determinação do
risco de desenvolver esta patologia (Quesada & Álvarez, 2017).
De referir que a colheita do fluido crevicular para análise pode ser feita, por exemplo,
com a utilização de micropipetas, tubos capilares ou tiras de papel absorvente. O último
destes métodos é considerado o menos traumático, fácil e rápido, se a técnica de recolha
for executada corretamente, com a tira de papel bem colocada no sulco gengival (Saloom
& Carpenter, 2018).
34
Desenvolvimento
1.2.6. Oraloma
É importante referir quais os elementos estudados por cada uma das ciências “ómicas”.
Assim, a genómica dedica-se ao estudo do conjunto de todos os genes humanos; a
transcriptómica ao conjunto de RNA; a proteómica às diversas proteínas; a metabolómica
aos vários metabolitos orgânicos; a interactómica às interações entre todas as moléculas
que pertencem ao sistema biológico; e a fisiómica relacionada com o contexto
morfológico, fisiológico e patológico do organismo humano (Rosa, 2011).
35
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
De modo a efetuar um diagnóstico eficaz a partir da saliva, é necessário haver uma seleção
adequada dos biomarcadores salivares, ou seja, devem ser corretamente identificados e
validados (Khan et al., 2017; Schafer et al., 2014). No que diz respeito às condições
patológicas da cavidade oral, evidencia-se a periodontite que apresenta um conjunto de
biomarcadores salivares associados (Tabela 2) (Zhang et al., 2015).
36
Desenvolvimento
Está descrito que existem vários tipos de testes genéticos, nos quais a saliva pode ser
utilizada, designadamente: para determinação de risco genético a nível familiar; para
deteção de mutações genéticas em células orais pré-cancerosas; em pesquisas forenses; e
em estudos epidemiológicos, a nível populacional (Nemoda, 2020).
Além disso, é importante salientar que a saliva possui determinadas vantagens como meio
de diagnóstico (Tabela 3), tais como: apresenta boa estabilidade; tem elevada
37
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
38
Desenvolvimento
Este sistema é constituído por um conjunto de várias moléculas, células, tecidos e órgãos
especializados, que têm como principal função, a proteção do organismo (Aounallah et
al., 2020; Catanzaro et al., 2018; Male et al., 2013; Marshall et al., 2018; Medina, 2016;
McComb et al., 2019). Tem a capacidade de impedir infeções, de forma coordenada,
devido à ação das células efetoras e das proteínas imunológicas que neutralizam os
agentes patogénicos (Abbas et al., 2019; Atkinson et al., 2015; Murphy & Weaver, 2017;
Nicholson, 2016; Sattler, 2017; Scully et al., 2017; Tomar & De, 2014).
Dos vários tipos de agentes nocivos que necessitam de ser eliminados, estes podem ser
externos ao organismo, tais como bactérias e vírus; e internos, como por exemplo células
tumorais (Bergthaler & Menche, 2017; Doan et al., 2013). É fundamental a resposta eficaz
do organismo às ameaças, que tem como objetivo prevenir doenças ou, no caso de alguma
doença já se encontrar instalada, tentar impedir o seu desenvolvimento (Kelley, 2007).
39
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
É referido, também, que o sistema imunitário pode apresentar variações de indivíduo para
indivíduo, de acordo com determinados fatores, tais como: a idade, o género, a presença
de patologias e as influências genéticas e ambientais (Brodin & Davis, 2016).
Tabela 4 – Funções dos órgãos linfoides primários e secundários. Adaptado de Scully et al., 2017.
40
Desenvolvimento
No que diz respeito à produção das células imunológicas, esta ocorre pela diferenciação
das células-tronco hematopoiéticas na medula óssea (Abbas et al., 2019; Catanzaro et al.,
2018; Delves et al., 2017; Lewis & Blutt, 2019; McComb et al., 2019; Murphy & Weaver,
2017; Rich & Chaplin, 2019).
Existem vários tipos de células que intervêm na resposta imunitária, tais como: as células
fagocitárias, os linfócitos e as células que auxiliam no controlo da inflamação. Muitas são
responsáveis pela secreção de moléculas com funções essenciais nos mecanismos de
imunidade, designadas por citocinas (Male et al., 2013).
apresentam um tempo de vida maior do que os neutrófilos (McComb et al., 2019; Taylor,
2018).
Além disso, no grupo das células fagocitárias, incluem-se, também, as células dendríticas.
Estas células participam no processo de fagocitose, no entanto, esta não é a sua principal
função no sistema imunitário. É referido que, quando identificam agentes patogénicos,
são responsáveis pela produção de citocinas que vão ativar outras células imunológicas,
como por exemplo os linfócitos T (Delves et al., 2017; Murphy & Weaver, 2017).
Relativamente à sua morfologia, estas células possuem vários prolongamentos que
facilitam o seu contacto com os antigénios do meio circundante (Delves et al., 2017).
2.1.3.2. Linfócitos
De mencionar que podem existir células B que produzem autoanticorpos, os quais reagem
contra o próprio organismo. Assim, para que não sejam libertados, há mecanismos para
selecionar e eliminar este tipo de células indesejadas (Tomar & De, 2014).
42
Desenvolvimento
Além disso, podem ser divididos em vários tipos que desempenham diferentes funções,
nomeadamente: linfócitos T helper ou auxiliares dos tipos 1 e 2; linfócitos T citotóxicos
e linfócitos T reguladores (Male et al., 2013).
Para além dos linfócitos T citotóxicos, existem outros tipos de células citotóxicas, como
as células natural killer (CNK) e os eosinófilos; que podem ser ativadas contra
determinadas infeções específicas (Male et al., 2013). As CNK circulam no sangue e
encontram-se, também, em diversos tecidos linfoides (Abbas et al., 2019). Estas CNK
têm a capacidade de eliminar células infetadas (Delves et al., 2017; Taylor, 2018).
No grupo dos linfócitos, é possível mencionar a presença dos linfócitos naive, que
correspondem a linfócitos B ou T maduros que nunca reconheceram um antigénio
estranho. Estas células localizam-se na circulação e nos órgãos linfoides. Têm um
43
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
tamanho menor e encontram-se numa fase de repouso, ou seja, não estão num processo
ativo de divisão, nem a desempenhar funções efetoras (Abbas et al., 2019).
Existem, também, os designados linfócitos de memória, que podem ser dos tipos B e T.
Estas células são produzidas durante processos infeciosos, mas podem sobreviver no
organismo vários meses ou anos após a remoção do agente causal. Distinguem-se dos
linfócitos naive e dos linfócitos efetores, através de determinadas proteínas que existem
na sua superfície (Abbas et al., 2019; Scully et al., 2017).
Em primeiro lugar, é fundamental referir que o processo inflamatório tem como principal
objetivo atrair determinadas células e moléculas imunológicas para o local de uma infeção
(Male et al., 2013). Assim, tem como finalidade a eliminação dos agentes prejudiciais,
como os microrganismos e os respetivos produtos, de modo a promover a reparação do
tecido infetado (Taylor, 2018).
44
Desenvolvimento
De mencionar que existem células que auxiliam no controlo da inflamação. Para além dos
neutrófilos, descritos anteriormente, existem outras células mediadoras da inflamação,
como por exemplo: os basófilos, os eosinófilos, os mastócitos e as plaquetas (Male et al.,
2013).
Relativamente aos basófilos e aos mastócitos, estas células possuem grânulos que contêm
diversos mediadores inflamatórios. Os mastócitos, geralmente, localizam-se junto aos
vasos sanguíneos em todos os tecidos e alguns dos mediadores que libertam atuam nas
paredes desses vasos. Os basófilos são células com funções semelhantes aos mastócitos,
no entanto, têm mobilidade e encontram-se em circulação (Abbas et al., 2019; Male et
al., 2013).
No que diz respeito às plaquetas, estas consistem em pequenos fragmentos celulares dos
megacariócitos e intervêm na coagulação sanguínea. Além disso, podem ser ativadas
durante as respostas imunitárias, libertando mediadores inflamatórios (Male et al., 2013).
A resposta imunitária pode ser dividida em dois tipos: a imunidade inata e a imunidade
adaptativa. Funcionam de forma inter-relacionada e apresentam várias células, moléculas
e proteínas (Abbas et al., 2019; Catanzaro et al., 2018; Marshall et al., 2018; Medina,
2016; Nicholson, 2016; Tomar & De, 2014; Yatim & Lakkis, 2015; Yu et al., 2019).
A imunidade inata apresenta uma resposta não específica e imediata; não retém memória
imunológica; e está presente em quase todas as formas de vida. Além disso, é formada
por quatro tipos de barreiras principais de defesa, nomeadamente: anatómicas, como por
exemplo a pele e as mucosas; fagocitárias, conferidas pelas células fagocitárias, como os
monócitos, os neutrófilos e os macrófagos; fisiológicas, como a temperatura e o pH baixo;
e inflamatórias, pela ação de determinadas células e proteínas (Marshall et al., 2018;
Tomar & De, 2014).
A imunidade adaptativa manifesta uma resposta específica; requer um maior tempo entre
a exposição ao antigénio e o início da resposta; retém memória imunológica; e está
presente apenas em vertebrados. De referir que é formada por mecanismos de imunidade
45
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Anatómicas
Imunidade Fagocitárias
Barreiras
inata
Fisiológicas
Inflamatórias
Imunidade
adaptativa
- Resposta específica
- Maior tempo entre a exposição ao antigénio e o início
da resposta
- Retém memória imunológica
- Presente apenas em vertebrados
46
Desenvolvimento
É fundamental mencionar que a resposta imunitária é constituída por várias etapas que
apresentam diferentes durações (Tabela 5). Está descrito que se inicia pela resposta
imunitária inata, seguidamente pela resposta imunitária adaptativa e termina com a
memória imunológica (Murphy & Weaver, 2017).
47
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Existem vários tipos de células principais que intervêm na imunidade inata (Tabela 6),
tais como: neutrófilos, macrófagos, CNK, mastócitos, basófilos, células dendríticas e
eosinófilos (Abbas et al., 2019; Atkinson et al., 2015; Delves et al., 2017; Dembic, 2015;
Marshall et al., 2018; McComb et al., 2019; Medina, 2016; Tomar & De, 2014). Todas
estas células desempenham determinadas funções e têm principais alvos sobre os quais
atuam (Marshall et al., 2018).
Para além destas células, também podem intervir as células linfoides inatas, que atuam na
regulação da resposta imunitária inata e contribuem para a homeostasia dos tecidos
(Marshall et al., 2018).
48
Desenvolvimento
Além disso, ocorre a ativação do sistema complemento, que consiste numa cascata de
reações bioquímicas com várias funções, nomeadamente de identificação e lise de
bactérias e outros agentes patogénicos. Assim, permite que sejam, posteriormente,
eliminados pelo processo de fagocitose (Atkinson et al., 2015; Marshall et al., 2018). A
ativação deste sistema pode ocorrer através de três vias: a via clássica, a via alternativa e
a via da lectina (Aounallah et al., 2020; McDonald & Levy, 2019). É regulada por várias
proteínas, designadas por reguladoras ou frenadoras (Dembic, 2015; McComb et al.,
2019).
49
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
No que se refere à via da lectina, esta é ativada pela associação da lectina de ligação à
manose a resíduos de manose presentes nas superfícies microbianas. A lectina de ligação
à manose liga-se a enzimas, as proteases de serina, que vão clivar C4 e C2, o que dá
origem a uma C3 convertase. Esta enzima vai ativar as etapas finais do complemento
(McDonald & Levy, 2019).
50
Desenvolvimento
51
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Apresentação do Reconhecimento do
antigénio aos linfócitos T antigénio pelos linfócitos B
Diferenciação dos
linfócitos T
52
Desenvolvimento
Para além dos biomarcadores imunológicos, existem várias proteínas na saliva que
contribuem para a imunidade oral, devido às suas importantes funções antibacterianas,
antifúngicas e antivirais (Huq et al., 2007; Pedersen et al., 2018; Rosa, 2011).
2.3.1.1. Citocinas
53
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
De referir que as citocinas presentes na saliva, para além de informarem acerca das
condições de imunidade oral, podem, também, fornecer indicações sobre determinados
processos de imunidade sistémica (Riis et al., 2020).
Estas proteínas podem atuar de três formas, nomeadamente: de forma autócrina, em que
afetam o comportamento das próprias células produtoras das citocinas; de forma
parácrina, ou seja, com ação sobre as células adjacentes; ou de forma endócrina, em que
afetam células que se encontram mais distantes, porque são transportadas pela corrente
sanguínea (por exemplo a IL-6). As vias mais utilizadas são a parácrina e autócrina
(Murphy & Weaver, 2017).
Existem vários tipos de citocinas, tais como: interleucinas (IL), interferões (IFN), fatores
de crescimento e fatores de necrose tumoral (TNF) (Dembic, 2015; Doan et al., 2013;
Murphy & Weaver, 2017; O’Shea et al., 2019; Riis et al., 2020).
As IL constituem o maior grupo de citocinas (McComb et al., 2019). Existem várias IL,
como por exemplo: IL-1, IL-2, IL-4, IL-6, IL-7, IL-8, IL-10, IL-12, IL-13, IL-15 e IL-17,
que desempenham importantes funções nos processos de imunidade (McComb et al.,
2019).
Os IFN têm a capacidade de atuar contra o cancro e as infeções virais. Podem ser
divididos em três grupos: o tipo I, constituído pelo IFNα e pelo IFNβ; o tipo II, formado
pelo IFNγ; e o tipo III, constituído pelo IFNλ (McComb et al., 2019).
No que diz respeito aos TNF, estes intervêm na regulação da citotoxicidade tumoral.
Neste grupo, incluem-se o TNFα e o TNFβ (McComb et al., 2019).
54
Desenvolvimento
55
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Vários estudos realizados demonstraram que esta proteína atua, essencialmente, como um
biomarcador de inflamação sistémica (Riis et al., 2020). É referido que pode ser utilizada
para avaliar a atividade inflamatória de uma doença e constitui um elemento auxiliar de
diagnóstico (Ansar & Ghosh, 2013).
Além disso, esta proteína tem a capacidade de ser transportada do sangue para a saliva.
Isto ocorre através de um processo de difusão pelos capilares que se encontram ao redor
das glândulas salivares (Riis et al., 2020).
De referir, também, que existem determinados fatores que podem alterar os níveis da
PCR, tais como: a idade, o género, os hábitos tabágicos, a quantidade de lípidos no
sangue, a pressão arterial e os fatores genéticos e ambientais (Sproston & Ashworth,
2018).
56
Desenvolvimento
Está descrito que a expressão das MMPs está aumentada em situações inflamatórias.
Além disso, a atividade destas enzimas pode ser influenciada por um conjunto de fatores,
nomeadamente: hormonas, fatores de crescimento, citocinas e influências genéticas (Cui
et al., 2017).
2.3.1.4. Imunoglobulinas
As Ig, também conhecidas como anticorpos, são proteínas produzidas pelos linfócitos B
e intervêm nos mecanismos de imunidade humoral (Riis et al., 2020). Têm a capacidade
de ativar o complemento, neutralizar e opsonizar vários tipos de agentes patogénicos, tais
como: bactérias, vírus e fungos (Gröschl, 2017; Riis et al., 2020).
Em termos gerais, no que se refere à estrutura de uma Ig (Figura 10), esta apresenta uma
forma aproximada de um “Y”, sendo constituída por dois tipos de cadeias de proteínas:
leves e pesadas. Existem duas cadeias leves e duas cadeias pesadas, ligadas por pontes
dissulfeto. Cada cadeia pesada está associada a uma cadeia leve e as duas cadeias pesadas
encontram-se unidas entre si. Além disso, destaca-se a presença de dois tipos principais
de fragmentos, designadamente: o fragmento Fab, no qual ocorre a ligação ao antigénio,
e o fragmento Fc, que permite a interação da Ig com moléculas e células efetoras. No
entanto, podem existir variações ao nível da estrutura dos diferentes tipos de Ig (Murphy
& Weaver, 2017).
57
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Cadeia leve
Fragmento Fab
Cadeia pesada
Pontes dissulfeto
Fragmento Fc
Tal como já foi mencionado no tópico 1.2.4., referente às funções da saliva, neste fluido,
é possível encontrar IgA secretora, IgG e IgM, sendo que a IgA secretora corresponde à
Ig predominante e provém sobretudo das glândulas salivares (Kerr & Tribble, 2015). A
IgA e a IgG, esta proveniente sobretudo do fluido crevicular gengival, são as mais comuns
no fluido salivar (Brandtzaeg, 2013).
58
Desenvolvimento
Tabela 8 – Principais funções associadas à IgA, IgG e IgM. Adaptado de Marshall et al., 2018.
59
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
2.3.2.1. Histatinas
Estas proteínas apresentam atividade antibacteriana e antifúngica (Huq et al., 2007; Rosa,
2011). Atuam contra determinadas estirpes de Streptococcus mutans e Porphyromonas
gingivallis; neutralizam os lipopolissacáridos da parede de bactérias gram-negativas; e
impedem o crescimento e desenvolvimento do fungo Candida albicans. Além disso, têm
a capacidade de inibir a secreção de histamina pelos mastócitos nos processos
inflamatórios (Rosa, 2011).
2.3.2.2. Cistatinas
As cistatinas são proteínas constituídas por vários resíduos de cisteína e secretadas pelas
glândulas parótida, submandibular e sublingual (Huq et al., 2007).
Estas proteínas protegem os tecidos orais contra a degradação provocada por proteinases
de cisteína libertadas por bactérias (Huq et al., 2007). Além disso, têm também
capacidades antivirais (Triana et al., 2012).
2.3.2.3. Mucinas
As mucinas consistem em glicoproteínas (Huq et al., 2007; Triana et al., 2012). São
secretadas pelas glândulas submandibular e sublingual e, também, por glândulas minor
mucosas presentes no palato e na mucosa labial (Dawes et al., 2015).
Estas moléculas têm a capacidade de formar géis hidrofílicos viscosos, que funcionam
como barreiras de defesa do epitélio oral contra a entrada de agentes patogénicos, como
as bactérias e os vírus, permitindo a sua agregação (Triana et al., 2012).
60
Desenvolvimento
2.3.2.4. Estaterinas
Estas proteínas atuam na lubrificação das superfícies dentárias (Huq et al., 2007). Têm a
capacidade de inibir a precipitação espontânea de sais de cálcio e fosfato nas superfícies
dentárias, o que contribui para o equilíbrio das estruturas dentárias, para além de
impedirem a ligação das bactérias potencialmente cariogénicas à superfície do dente
(Rosa, 2011).
2.3.2.5. Defensinas
Estas moléculas possuem ampla atividade antibacteriana, mas também atuam contra
fungos e vírus. Além disso, intervêm ao nível do sistema imunitário, visto que têm a
capacidade de ativar determinadas citocinas (Fábián et al., 2012).
2.3.2.6. Lisozima
A lisozima corresponde a uma proteína de baixo peso molecular (Fábián et al., 2012;
Triana et al., 2012). É secretada pelos ductos das glândulas parótida, submandibular e
sublingual (Huq et al., 2007). Deriva, também, do fluido crevicular gengival (Dawes et
al., 2015).
Esta proteína atua sobre a parede celular de bactérias, o que promove a sua destruição na
presença de saliva hipotónica (Rosa, 2011; Triana et al., 2012). Tem ação sobre bactérias
gram-positivas (Fábián et al., 2012).
2.3.2.7. Lactoferrina
A lactoferrina consiste numa glicoproteína (Huq et al., 2007) secretada pela glândula
parótida e presente no fluido crevicular gengival (Fábián et al., 2012).
Esta proteína liga-se ao ferro livre na saliva. Deste modo, exerce uma ação bactericida ou
bacteriostática sobre microrganismos que dependem de ferro, como por exemplo
Streptococcus mutans. Além disso, tem a capacidade de atuar contra fungos e vírus e
61
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
2.3.2.8. Peroxidase
A peroxidase é uma proteína produzida pelas glândulas salivares e está presente no fluido
crevicular gengival (Fábián et al., 2012).
2.3.2.9. α-amilase
A α-amilase trata-se de uma proteína secretada pela glândula parótida, sendo a mais
abundante que é produzida por esta glândula salivar (Huq et al., 2007).
2.3.2.10. Aglutinina
2.3.2.11. Calprotectina
A calprotectina consiste numa proteína ligante de cálcio e zinco (Huq et al., 2007). É
secretada pelos neutrófilos e pelas células epiteliais orais. Inibe o crescimento microbiano
e evita as reações inflamatórias que provocam a destruição dos tecidos orais (Fábián et
al., 2012).
62
Desenvolvimento
2.3.2.12. Catelicidina
63
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
A Imunologia é uma ciência bastante complexa que apresenta vários campos de atuação.
Dedica-se ao estudo dos processos de imunidade que ocorrem no organismo, a nível
celular e molecular e, também, encontra-se associada ao diagnóstico e tratamento de
patologias do sistema imunitário (Alcívar et al., 2018).
A saúde oral envolve a capacidade de realizar diversas funções, como falar, mastigar,
engolir e transmitir emoções, sem dor, desconforto e doença na cavidade oral. Além disso,
é essencial para o bem-estar físico e mental, sendo influenciada por fatores genéticos,
biológicos e ambientais (Glick et al., 2016).
É importante salientar que a saúde oral tem grande influência na saúde geral individual
(Alpert, 2016; Bergmeier, 2018; Kane, 2017). Está descrito que a cavidade oral constitui
um local favorável à entrada de múltiplos agentes patogénicos, causadores de doenças
(Alpert, 2016; Moutsopoulos & Konkel, 2018). Estes agentes patogénicos podem, por sua
vez, atingir facilmente outras partes do organismo, por exemplo, através da corrente
sanguínea. Deste modo, uma cavidade oral saudável é fundamental para prevenir
condições patológicas sistémicas (Alpert, 2016).
64
Desenvolvimento
De destacar que a integridade da mucosa oral e das estruturas dentárias, em conjunto com
uma flora oral normal, são requisitos essenciais para que haja uma situação de equilíbrio
oral. Assim sendo, de forma a evitar que os microrganismos prejudiciais penetrem na
mucosa oral, é importante a ação dos mecanismos de imunidade inata e adaptativa que
constituem o sistema imunitário (Atkinson et al., 2015).
65
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
66
Conclusão
III. CONCLUSÃO
A saliva glandular consiste num fluido biológico multifacetado, que apresenta uma
diversidade de componentes, funções e aplicações. É produzida nas glândulas salivares,
através de um conjunto de processos bioquímicos, nos quais intervêm várias células,
moléculas e iões. Quando é libertada no meio oral, mistura-se com outros compostos, tais
como o fluido crevicular gengival, os microrganismos e os restos de alimentos que
possam existir, o que conduz à formação da saliva total. Os diferentes constituintes
salivares intervêm na manutenção da saúde oral, na reparação dos tecidos, nos processos
digestivos iniciais e na articulação da fala.
Relativamente às suas aplicações práticas, a saliva pode ser utilizada nas várias ciências
“ómicas”. Verifica-se, assim, que este fluido oferece um conjunto de vantagens como
meio auxiliar no âmbito da pesquisa e diagnóstico de doenças.
Evidencia-se o papel da saliva na imunidade oral, na medida em que confere proteção dos
tecidos orais contra possíveis agressões. A este nível, a compreensão dos fundamentos da
Imunologia Oral é de elevada importância para explicar os processos que garantem a
integridade da cavidade oral.
67
Papel da saliva na imunidade da cavidade oral
Para além dos biomarcadores imunológicos, existem outros componentes da saliva que
contribuem para a imunidade da cavidade oral. Destaca-se a presença de várias proteínas
que desempenham importantes funções antimicrobianas, tais como: as histatinas, as
cistatinas, as mucinas, as estaterinas, as defensinas, a lisozima, a lactoferrina, a
peroxidase, a α-amilase, a aglutinina, a calprotectina, a catelicidina e as proteínas ricas
em prolina.
Tendo em conta que as reações imunológicas locais têm expressão a nível sistémico e
vice-versa, conclui-se, assim, que a presença da saliva é indispensável para assegurar e
manter o equilíbrio oral. Uma cavidade oral saudável advém de uma proteção
imunológica eficaz, o que evita a ocorrência de infeções e patologias orais.
Consequentemente, uma boa saúde oral contribui para prevenir o aparecimento e
desenvolvimento de doenças sistémicas, o que proporciona condições favoráveis de saúde
geral. Em suma, o funcionamento adequado de todo o organismo tem um impacto positivo
na qualidade de vida individual.
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ANEXOS