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(Livro 4) Sangue Mágico - Laura B. L - HBMM

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Livro Quatro

Sangue Mágico

Trono de Sangue e Medo

Laura B. L

Produzido por fãs

(Sem fins lucrativos)

Arte e edição: Ravena.

*1 Revisão e edição: Wolfie.

*2 Revisão, formatação e edição final: Mah.

⚠️ Contém 47 Capítulo no total.


+18.
Capítulo um

Ofegando pesadamente, a loba


continuou a correr com as garras do medo
apertando seu coração. Eles a haviam
encontrado. Aqueles malditos bastardos a
tinham visto.
As grandes árvores faziam da noite seu
pior inimigo. Mas isso não era um problema
para ela. Sua visão se ajustou bem,
ajudando-a a desviar de árvores, pedras e
buracos.
Seus pés se moviam a toda velocidade,
desesperados para escapar dos caçadores.
Ou melhor, assassinos. O boato era
verdade. Afinal, aqueles que a perseguiam
não eram meros caçadores mortais.
Os mortais não tinham esse poder, não
como eles.
Um grito escapou dela quando ela de
repente tropeçou. Algo estava enrolado em
seu tornozelo, prendendo-a ao chão. Seus
olhos procuraram suas pernas.
Raízes saindo do chão envolviam suas
pernas como garras afiadas, dentes de
cobra perfurando sua pele com cada
movimento.
Com lágrimas e desespero, ela tentou
removê-los. De suas unhas surgiram garras
de lobo.
As raízes foram cortadas em um único
movimento. Sem perder tempo, ela se
levantou e continuou correndo. Logo ela
alcançaria seu território.
Ela cheirou o ar, esperando saber se eles
estavam perto, mas não havia cheiro para
denunciá-los. Ninguém sabia seus nomes.
Mas sabia-se que ninguém sobrevivia se
fosse encontrado.
A cada respiração e suor, a loba se
arrependia agora mais do que nunca de ter
ficado em A Raposa e o Javali.
A taverna era uma das mais
frequentadas pelas criaturas dos Sete
Reinos. Um refúgio em terras mortais, um
lugar neutro. Todo mundo estava lá apenas
para se divertir.
A taverna era como um santuário para
os mais toleráveis. Seu dono, um feiticeiro,
havia fundado seu pequeno negócio há cem
anos.
E ela, como o resto, ia lá para passar as
horas, beber e conhecer outras pessoas. E
esta noite, foi como todas as outras.
Todos estavam bebendo, rindo,
gritando, cantando e dançando. Ninguém
estava prestando atenção quando eles
entraram. As duas fêmeas e o macho.
Nem mesmo ela.
E bastou um sorriso, um beijo e mais
álcool para ela sair com um dos dois
machos. Belos e suculentos lábios e olhos
como grãos de café.
Entre beijos e carícias abrigadas pelas
sombras de dois prédios a duas vielas da
taverna, a mulher a esfaqueou
traiçoeiramente com um punhal de prata.
Sem tempo para se transformar em seu
lobo, ela atacou o traidor, deixando-a
temporariamente desacordada e fugindo de
lá.
E assim ela se tornou a presa, fugindo e
sangrando sem parar. Incapaz de
transformar. Fraca.
Só mais um pouco, e ela alcançaria sua
mochila. Só um pouco mais. A prata anulou
sua capacidade de se comunicar através de
sua mente com seu povo, ela estava sozinha
à sua mercê.
O riso se transformou em ecos sinistros.
Lágrimas brotaram em seus olhos
incontrolavelmente. Eles estavam mais
perto do que ela pensava. O medo desceu
por suas costas como suor frio e calafrios.
Ramos se enrolaram em sua garganta,
parando-a abruptamente. Ela caiu com
força no chão. Suas mãos tentaram libertá-
la dos galhos das árvores, suas garras
emergiram novamente.
Raízes emergiram da terra,
aprisionando seus pés e mãos.
"Por favor", ela implorou, chorando, com
dor, perdendo a esperança.
"Por favor, não!"
Botas de couro preto polido pararam na
frente dela. "Shhhh", disse o homem. Seus
olhos não eram mortais. Eles eram de outro
reino. Aqueles que ela nunca tinha visto
antes.
Eram olhos quentes e convidativos que
poderiam atrair qualquer um. Ele era lindo,
muito bonito. Ela pensou então que talvez
ele usasse aquela beleza para atrair os
outros como eles faziam com ela.
"Termine agora." O traidor que a beijou
uma hora atrás e depois a esfaqueou falou.
O homem levantou a mão, torcendo-a
sutilmente. Fazendo uma raiz se erguer da
grama.
A loba arregalou os olhos. Observando
como a raiz se partiu em pedaços, formando
as garras de um lobo. Ela não teve tempo de
gritar quando seu coração foi subitamente
extraído de seu corpo.
Seus olhos ficaram instantaneamente
petrificados.
Morta.
"Devemos ir. Estamos perto de seu
bando," o traidor falou.
"Você tem o sangue?" O homem
perguntou. Fazendo com que as raízes
voltassem para onde elas pertenciam.
A outra mulher que apenas observava
de uma distância segura ofereceu-lhe o
frasco.
O sangue de demônio se espalhou perto
da loba, que jazia sem vida com os olhos
abertos.
"Esses idiotas vão pensar que era um do
Reino dos Demônios", disse o homem.
"Precisamos começar a rastrear os
vampiros. Rei Maxius não é tão brilhante,
pelo que ouvi. Então será fácil brincar com
eles," a mulher que ofereceu o frasco de
sangue falou.
O homem assentiu, levantando-se.
"Vamos. Os outros estão esperando por
nós."
Os três de repente viraram a cabeça
para uma parte da floresta quando os uivos
de lobisomens sacudiram os galhos das
árvores.
Sem perder mais tempo, eles
desapareceram no ar. Deixando o corpo de
uma inocente loba à mercê da noite.
as provas que trariam miséria e possível
guerra.
****

Enquanto isso, em outro reino, a


gigantesca parede de pedra sólida que
guardava a cidadela demoníaca olhava para
Tara com uma sensação de alívio. O eterno
cinza de seu céu ecoou estrondosamente.
Raios negros escondidos nas nuvens
alertaram sobre a chegada de um demônio
de alto escalão.
"Tem certeza que você vai ficar bem?"
Tara escutou a voz dela.
A demônio deu um olhar lânguido para
a parede maciça. "Espero que sim, meu
irmão provavelmente está ansioso para me
punir por tudo que fiz com ele."
"Vamos," Tara disse.
Demônios e mais demônios pararam
enquanto a observava caminhar com o
olhar fixo à frente.
Todos os olhos estavam em Sorana. A
demônio que traiu o rei e irmão por amor.
O ressentimento estava começando a
despertar em muitos, o ódio também, pois a
demônio nunca fora popular em seu próprio
reino.
Ela era considerada uma mulher
egoísta, indigna de confiança e
excessivamente bonita.
Sorana era considerada uma beleza
inigualável com seus cabelos pretos, olhos
cinzas e sobrancelhas pretas perfeitamente
arqueadas e cheias.
Mas aquela mulher não era confiável,
egoísta com um rosto atraente, agora estava
faltando alguma coisa. A maioria começou
a sentir quando ela passou.
Sorrisos maliciosos foram
compartilhados quando começou a ser
notado que a demônio não desfrutava mais
do poder que a distinguia dos outros.
Ela ainda seria imortal? Essa era agora
a dúvida de todos.
O poderoso e imponente palácio do Rei
Demônio dominava todo o reino. Suas
portas se abriram, deixando-as entrar e
enterrando-as nas brumas do Abismo.
Privando-os de ver ao seu redor.
O medo apareceu em Tara. Um medo
que tinha a ver com castigos e reprovações
por enfrentar o Rei. Seus olhos pousaram
no rosto de Sorana enquanto eram guiadas
pelas brumas.
"Você está com medo", ela afirmou.
Sorana suspirou. "Só um tolo não teria
medo de Lorcan."
O medo que Tara sentiu de repente era
de sua amiga. Era urgente, do tipo que
parecia iminente com batimentos cardíacos
frenéticos.
As brumas do Abismo se dissiparam e o
trono surgiu diante delas.
Os Cinco Lordes observavam de uma
distância segura. Seus rostos não traíam
nenhuma emoção.
Eles eram todos sérios, suas posturas
defensivas, músculos definidos, espadas de
mão e a força que chovia deles.
Tara achou um tanto ridículo acreditar
que duas mulheres pudessem enfrentá-los,
especialmente Sorana.
O peito de Tara de repente apertou
quando uma onda de poder de repente a
esfaqueou. E como uma força de magia,
seus olhos foram para uma figura que ela
nunca tinha visto antes.
Um homem que ela nunca tinha
conhecido antes. No entanto, ela podia ver
e sentir uma estranha conexão com ele.
Embora ela só pudesse ver seu perfil, ela
podia dizer que seu rosto masculino
possuía uma beleza incomparável.
O poder escorria dele. Seus ombros
largos estavam cobertos por um escudo
forjado de ferro frio em forma de penas
afiadas que chegavam quase aos pulsos.
Seu cabelo escuro, quase preto, caía
livremente sobre seus ombros. A conexão
estava lá. Uma que serpenteava dele para
ela como um fio verde delicado, invisível e
brilhante.
Tara desviou o olhar e voltou-se para os
Lordes Demônios. Não admira que suas
posições fossem defensivas.
Não por causa dela e de Sorana, mas por
causa do misterioso que ainda não havia se
virado.
O rei Lorcan olhou para Sorana
friamente, sem nenhum traço de afeto. A
Rainha, ao seu lado, tinha um olhar
silencioso. “Muito bem, Tara,” ela disse.
"Irmão", Sorana falou. Seu medo tinha
residido.
Rei Lorcan não respondeu a ela, no
entanto, sua atenção foi para Tara. "Um
acordo é um acordo, Fae." Sua voz era tão
fria e hostil como da primeira vez.
Tara não conseguia imaginá-lo relaxado
e sorrindo. Era como se seu rosto exibisse
aquela expressão permanente e sombria.
Ela, no entanto, manteve sua postura firme
e sua expressão calma.
"Dê o nome de sua recompensa", disse
ele.
Capítulo dois

O que ela poderia pedir agora? Philip


estava morto. Bianca e Reeona foram
resgatadas das garras de Riathan, o Senhor
da Corte das Lágrimas.
Então, seus olhos vagaram
involuntariamente para o homem à sua
esquerda.
Olhos verdes translúcidos a observavam
com admiração e talvez nostalgia. Tara
nunca o tinha visto antes, mas ela podia
reconhecer algumas de suas próprias
características nele. Kieran.
"Nós faremos?" Lorcan perguntou
novamente com uma pitada de impaciência.
Quando for a hora certa, reivindicarei
minha recompensa", disse ela.
Lorcan então olhou para o lado dela.
"Você encontrou o que estava procurando,
Lorde Kieran."
"De fato." O Senhor da Corte do Medo
assentiu. “Tara, é hora de voltar,” ele disse
a ela, estendendo a mão. Suas palavras
falavam de um lar que ela nunca
conhecera.
Um reino que nunca a viu crescer. Onde
sua mãe morreu. A mão de Kieran era a
porta que continha todas as suas respostas.
Ela se virou para Sorana. "Até a
próxima, demônio."
"Não se esqueça fae, sua promessa."
Sorana esticou os lábios em um meio
sorriso, fazendo com que o resto os olhasse
com curiosidade. Sem entender de que
promessa eles estavam falando.
Tara pegou a mão de Kieran.
Em um piscar de olhos, ela se viu em
um grande salão. Era majestoso, um como
nenhum outro. A magia pairava no ar.
Como pequenos brilhos de prata e âmbar.
Por um breve momento, sua mente
tentou induzi-la a acreditar que estava
flutuando no céu cheio de estrelas
brilhantes. Como partículas de poeira
cintilantes, a magia caiu em seus dedos.
Os brilhos prateados eram frios como
invernos curtos, enquanto aqueles suaves
brilhos de cobre caíam em seus braços,
derretendo-os e substituindo-os pelo frescor
do outono.
Absolutamente esplêndido, fazendo-a
rir pela primeira vez, atrás dele.
Tara balançou a cabeça. Não, ela não
conseguia mais pensar em Roderick. Ele
não valia a pena. Não quando ele tomou a
decisão de ignorá-la.
"Rei Cian." A voz de Kieran a fez se virar
de repente.
Sua respiração parou. Seus olhos se
arregalaram. Ainda incapaz de creditar o
que ela estava vendo. Suas palavras ficaram
presas em sua garganta.
O ar ao seu redor era opressivo, com a
mesma magia ela sentiu cada vez que esteve
perto dele em Crepúsculo.
Agora fazia sentido. Por que o próprio
homem a intimidava toda vez que ficava
perto dela naquele castelo cheio de
bastardos, imundícies e criminosos.
Tara olhou em seus profundos olhos
âmbar, aqueles que a lembravam do Senhor
do Crepúsculo e do Vento Noturno. Olhos
que se sentaram e tomaram aquela sopa
com ela em silêncio.
Que lhe ofereceu mais de uma vez a
estranha mas deliciosa fruta branca com
veias roxas.
"Bem-vinda, Tara da Corte dos Medos."
Sua voz estava mais grossa agora, mais
barítona, carregada de um poder
inconcebível para outros seres.
Sua postura, sentado em uma cadeira
solitária, feita de ferro frio. Era impossível
não afetá-lo. Mas com o Fae, você nunca
sabia o que era verdade e o que era real.
O Rei dos Unseelie estava vestido
elegantemente. Sua jaqueta verde estava
bordada com fios em forma de galhos secos
de uma árvore negra.
Tara então examinou a sala. Ramos de
outono e folhas dormiam em colunas
brancas como gelo. Ela olhou para o teto.
Tão profundo quanto a noite no auge do
inverno.
Seus olhos procuraram outros na sala.
Eram poucos, e cada um distinguível. Cada
um poderoso, vestido elegantemente com
jaquetas azuis, laranja, pretas e verdes.
Mas Tara então parou em um em
particular.
O rosto que usava seus cachos negros
indomáveis soltos. Seus olhos azuis se
destacavam contra sua pele bronzeada. O
vestido marrom sujo que ela sempre usava
na cozinha havia sumido.
Agora em seu lugar havia um capaz de
alimentar centenas de pessoas famintas no
mundo mortal.
Keya deu-lhe um sorriso e assentiu.
Uma mão possessiva em sua cintura fez
Tara olhar para o macho ao lado dela. Ele
era tão bonito quanto ela. Alto e de olhos
castanhos, lábios finos.
Todos eram inegavelmente lindos. Uma
beleza capaz de arrastar os outros à loucura
e à obsessão.
"Eu acredito que isto é seu," o Rei
Unseelie disse. E Tara sentiu um peso em
sua mão.
"Era você o tempo todo," ela disse
finalmente. O cristal que ela pensou ter
perdido estava agora em sua mão.
"Eu te disse, Tara. As consequências de
perdê-lo seriam terríveis para você." O fae
escuro que chamava a si mesmo de Rei se
levantou. E caminhou até ela. "Deixe-me
mostrar-lhe uma coisa", disse ele.
Tara olhou para Kieran, que assentiu,
silenciosamente assegurando-lhe que não
havia perigo em seguir o Rei.
Ela pegou a mão de Kian, e eles
desapareceram no ar. Ela ainda não podia
acreditar que ele poderia ser o Rei dos
Unseelie, conhecido pelo nome Cian, todo
esse tempo.
"É o mesmo lago." A voz de Kian soou ao
lado dela. Firme como toda a sua aparência
era.
Tara estava com os olhos fixados na
água do lago cercado pelo outono. A
superfície estava calma.
O cheiro de folhas laranja, vermelhas,
roxas, azuis e amarelas emitia uma
sensação de paz e melancolia.
As mesmas pedras empilhadas na
margem do lago estavam esperando por ela.
Incentivando-a a ir lá, lamber e olhar as
estrelas.
Era, sem dúvida, o mesmo lago. Apenas
suas árvores haviam mudado o verde de
suas folhas para um arco-íris de tons
vermelhos.
"Como isso é possível...?" Ela não podia
acreditar em seus olhos. Mas ela se lembrou
mais uma vez naquele momento que
quando se tratava dos fae, tudo que parecia
ser poderia ser enganoso.
"Dessa vez, eu só deixei você ver uma
parte dessa realidade." Kian apareceu no ar
perto da costa..
"Por que você se escondeu atrás da
figura de Cailtan?" Tara decidiu não
avançar até ele, lembrando-se daquela voz
melódica que a chamou quando viu seu
reflexo naquela água da última vez.
"Por que não?"
"Isso não responde minha pergunta
Kian? Ou devo chamá-lo de Rei Cian do
Unseelie agora?"
Ele soltou um sorriso. Deixando-a
maravilhada novamente. Todas as vezes
que ela interagiu com ele em Crepúsculo,
ele sempre foi severo e falou pouco.
Mas agora, era como se este lugar
revelasse um outro lado de seu
personagem.
"É engraçado, mas sinto uma sensação
de alívio agora que estou de volta aqui",
disse ele de repente, trazendo confusão na
forma de sobrancelhas franzidas. "O
Crepúsculo estava ficando chato."
—Por que você estava lá? Se não se
importa que eu pergunte. Quero dizer, você
é o Rei dos Unseelie, aqui sua espécie
precisava de você mais que todos esses
criminosos.
"Até os criminosos precisam ser
civilizados, Tara." Ele a olhou de lado.
"Justamente quando eu estava prestes a
perder a esperança de encontrar qualquer
coisa que me fizesse ficar mais um pouco,
você apareceu."
"O que você quer dizer?"
"Desde o primeiro momento que você
chegou, eu pude sentir você", ele confessou.
"Como?"
"As vantagens de ser quem eu sou." Kian
acenou com a mão, descartando a ideia.
"Por que você acha que não encontrou
outros caçadores que, como você,
procuravam capturar a demônio?"
Toda a sua jornada com Roderick foi
notavelmente tranquila, exceto pelo
demônio que a atacou naquele lago. E
aqueles lobisomens.
Mas em toda a sua estadia, Tara nunca
foi ameaçada por outros caçadores.
"Por que?" ela perguntou.
"Por que não?"
"Você poderia elaborar mais sobre sua
resposta?" ela disse, sua impaciência
crescendo com as respostas enigmáticas
dele.
Kian se virou e olhou para ela. Ela
pensou que ele iria puni-la por sua maneira
desrespeitosa de falar com ele. Embora seus
olhos fossem severos, sua reação a
surpreendeu novamente.
"Você é a criação perfeita do engano."
"O que?" Ela murmurou.
"Uma mestiça. Fae mortal e escuro. Algo
inconcebível para nossa espécie. Se não
fosse pelo que você é, você não estaria
aqui."
Em outras palavras, ela pensou, se ela
não tivesse despertado o interesse dele, ele
nunca a teria ajudado na Terra do
Crepúsculo, muito menos estaria
conversando com ele agora.
"O engano perfeito." Seus ricos olhos
âmbar rivalizavam com sua voz dominante
e forte. "Você é a primeira. A primeira
mestiça a combinar perfeitamente os dois
mundos.
"Enquanto os outros vão acreditar que
você é uma mortal fraca e humilde, eles vão
ignorar ao mesmo tempo que você é, de fato,
uma fada escura e imortal."
"Por que eu?"
"Eu acredito que é uma história que o
Senhor do Tribunal de Medos terá que
compartilhar com você."
"Então, todo esse tempo, você estava me
manipulando?"
"Eu certamente não usaria essa palavra.
Prefiro pensar que estou ajudando você."
Tara zombou. - O Rei dos Unseelie?
Ajudar a uma mestiça? Não creio que ser o
engano perfeito seja motivo suficiente para
despertar tal bondade altruísta em você.
"Cada ato, cada palavra, cada decepção,
cada lágrima derramada e cada dor sentida
fez de você quem você é hoje."
"O que você quer de mim?"
Porque agora que ela entendia que tudo
o que tinha acontecido com ela em
Crepúsculo era um produto dos jogos
manipulativos do Rei Unseelie, ela sabia
que havia uma razão por trás de tudo.
Ela zombou interiormente, lembrando-
se de cada coisa que tinha acontecido com
ela. Quando a bruxa Arietta a escolheu
como o jantar da fera, e ele não fez nada.
Quando ele curou suas feridas da
punição de Bairre, seu acordo com
Roderick...
"Quando chegar a hora, quero que você
seja a única a falar em meu nome", disse
ele.
"É uma oferta que posso recusar?" Sua
pergunta era provisória.
A ideia de ficar lá para sempre não era
algo que ela tinha pensado até agora. Muito
menos se tornar o porta-voz do fae mais
poderoso de todos.
Seus lábios se esticaram em um sorriso
malicioso e conhecedor. "Só quando seu
coração e seu dever se encontrarem
novamente."
Em outras palavras, ela não podia
recusar. Pelo menos não por agora. Não até
que seu coração e seu dever se
encontrassem novamente. Qualquer que
seja que isso significou.
Capítulo três

O ranger da neve talvez fosse tão


perigoso quanto a flecha que fora atirada
um momento antes.
O marrom de suas botas estava
manchado com o gelo macio que ainda
descia desde o momento em que ela se
levantou. E a cada passo, o som do gelo
quebrando marcava sua posição.
Tara encaixou uma flecha em seu arco
com firmeza e confiança e suas mãos,
puxou a corda e apontou. Fumaça saía de
sua boca a cada respiração. Seus olhos
procuraram o alvo junto com a ponta de sua
flecha. Todos os seus sentidos focados na
localização de seu inimigo.
Ela parou de repente, ladeada por cinco
árvores gigantes, e apontou para a direita.
Ele estava lá. Afinal, ela estava familiarizada
com seus truques.
Sem se mover e apenas olhando
fixamente para as rochas cobertas de neve,
ela esperou.
De repente, uma flecha foi atirada em
sua direção, mirando em seu coração. A
flecha atravessou a árvore em quase uma
fração de segundo enquanto ela
desaparecia no ar.
Tara surgiu e sorriu maliciosamente
quando viu a jaqueta preta clara de Airdan
com bordas douradas. E assim como ela
havia aprendido, ela mirou e lançou a
flecha.
Mas seu sorriso desapareceu quando
Airdan conseguiu escapar a tempo.
"Porcaria!" Ela exclamou.
A risada de Airdan ecoou pelo inverno
rigoroso. Deixando-a ainda mais furiosa
com sua zombaria.
"Você nunca pode vencer seu mestre,
Tara." Sua voz podia ser ouvido em todos os
lugares, provocando-a. Conhecendo muito
bem o efeito que teria.
Dois anos se passaram desde que ela
veio para esta Corte, e ainda assim, ela não
conseguia vencer o fae na caçada. Por mais
que as provocações de Airdan a irritassem,
Tara aprendeu a amá-lo como a um irmão.
Airdan se tornou um aliado em meio ao
caos, a mão que a ajudaria a enfrentar seus
próprios medos.
Como fae, ela teve que aprender a lutar,
dominar uma arma.
Naqueles primeiros dias, dois anos
atrás, após tentativas fracassadas de
espada e lança, Airdan logo descobriria que
a única arma que ela conseguia dominar era
o arco e flechas.
Aparentemente, ela só era boa em
apontar a flecha e acertar o alvo. Tara
treinou, dia e noite, outono e inverno sem
descanso.
Qualquer um pensaria que ela gostava
de fazer isso, e foi por isso que ela ficou
obcecada em dominar a arte do arco e
flecha. Mas só ela e Airdan sabiam o
verdadeiro motivo.
Sua obsessão com o treinamento era
apenas um pretexto.
Precisava ocupar a mente, sentir aquele
cansaço, a dor nos dedos e nos braços, e
qualquer coisa que a fizesse esquecer
aqueles que matara na Terra do
Crepúsculo.
Apenas a exaustão extrema a ajudou a
dormir.
Outra flecha disparou em sua direção, e
Tara se esquivou novamente, mirando e
atirando nas costas de Airdan.
Novamente ela errou.
A caça não era apenas um daqueles
típicos exercícios de habilidade. A caça
conseguiu ser letal de certa forma.
Seus olhos olharam para a ponta de sua
flecha. Enquanto o corpo era feito de
madeira, a extremidade havia sido banhada
pelo ferro frio. Um atributo que poderia
matar a imortalidade de um Fae.
Lorde Kieran havia concordado há
alguns meses que Airdan começasse a usar
as flechas nela. Seus motivos eram
baseados em sua proteção.
Tara deveria construir resistência ao
ferro frio. O que a ajudaria no futuro a
retardar ainda mais seu efeito.
Não é à toa que Kieran usava aquela
armadura de ferro frio costurada em suas
roupas o tempo todo. O ferro frio não tinha
mais nenhum efeito sobre ele. Ou assim
pensou.
Um grito quebrou em sua garganta
quando a dor como uma queimadura se
espalhou por seu braço. O sangue estava
começando a manchar sua jaqueta azul
clara.
De joelhos, ela caiu. Agarrando a flecha
e. gritando, ela puxou-o de seu braço. A
fraqueza começou a percorrê-la.
O efeito não foi tão doloroso quanto
naquele primeiro dia em que ela foi ferida
com um. Durante um mês inteiro, ela esteve
em estado de sono profundo. Seus
músculos constantemente doíam depois
disso.
Mas agora, o dano não era tão grave a
ponto de deixá-la desmaiar diante de
qualquer inimigo real. Ela não morreria,
mas deveria dormir algumas horas depois
que as ervas fossem administradas.
"Você perdeu de novo. Tsk, tsk, tsk."
Airdan apareceu na frente dela.
Carregando-a em seus braços e emergindo
na enorme casa do Senhor da Corte dos
Medos.
Um lugar marcado pelas cores preto e
verde e dourado.
Kieran apareceu de repente. Seus olhos
verdes translúcidos examinaram a cena
friamente. Mas Airdan sabia muito bem que
por trás dessa indiferença, seu amigo se
importava com Tara.
E ele estava sempre atento a ela e seu
progresso. E embora Tara acreditasse que
só ele sabia sobre seus pesadelos, Lorde
Kieran também estava ciente.
"Traga o remédio, rápido!" Kieran cuspiu
para o jovem servo que sempre ficava perto
do quarto de Tara.
Airdan colocou Tara em sua cama. Sua
temperatura corporal começou a cair
vertiginosamente.
"Aqui está, senhor." O jovem servo de
olhos negros e cabelo quase violeta escuro
estendeu o frasco de líquido verde.
Uma mistura de papoula, sândalo e
agave acabaria com o veneno de ferro com
certeza.
Lord Kieran arrancou o frasco do jovem
e foi até ela, pegando sua cabeça
gentilmente. "Beba", ele ordenou. E ela,
trêmula, abriu a boca e engoliu
apressadamente.
Soltando um suspiro, ela fechou os
olhos. "Obrigada", ela murmurou.
A carranca de Kieran afrouxou um
pouco. Não importa o quê, a saúde de Tara
era sua prioridade. A jovem era a cara de
sua amada irmã Lady Breena.
Ele podia até ver alguns de seus
maneirismos em sua filha.
Ele protegeria Tara com sua vida. Até ele
sabia que Airdan também o faria. "Deixe-a
descansar", disse ele e fez o resto deles
desaparecer.
Tara puxou a colcha para ela, cobrindo-
se até o pescoço, protegendo-se do frio
interior que ameaçava estremecer e cair no
sono que as ervas produziam.
Descalça na escuridão, ela olhou para
cima. Os longos galhos das árvores
escondiam as estrelas. No fundo, ela já
sabia o que era aquele lugar.
O som da água correndo lhe disse que o
rio estava próximo, como sempre. Houve
um silêncio total. A floresta estava vazia das
pequenas coisas que despertavam na noite.
No entanto, ela seguiu em frente, rígida,
sabendo muito bem que o predador mais
gigante de todos espreitava nas brumas que
flutuavam entre as árvores. Seus passos se
transformaram em uma corrida frenética.
Medo, suor e o desejo de não morrer a
impulsionaram a toda velocidade. Ela
tropeçou de repente, não havia dor, mas
havia sangue em seu joelho.
Seus olhos procuraram o culpado de
sua queda, e ela engasgou. Quatro corpos
ali. Homens todos, seus olhos arregalados e
frios. Ela se aproximou deles.
Suas mãos tremiam, seu coração batia
furiosamente.
"Assassino", os quatro mortos falaram
em uníssono, fazendo-a explodir em um
grito.
Tara de repente abriu os olhos.
Engolindo saliva e descobrindo que sua
garganta estava seca. Sentada na cama, um
copo de água apareceu em sua mesa ao lado
da cama preta de dossel.
Era o mesmo sonho que a atormentava.
Fazia semanas desde que ela o teve, e ela
pensou que talvez sua tortura finalmente
tivesse acabado. Ela olhou para fora.
Grandes arcos formavam duas grandes
janelas em seu quarto. Não havia vento frio
soprando naquele instante.
Tara levantou a mão e, com um
movimento sutil do pulso, levantou o véu
invisível que protegia o fogo em sua lareira.
A brisa gelada esfriou seu corpo,
secando os vestígios de suor. O efeito do
ferro frio se foi.
Ainda com as botas, ela caminhou até a
janela, sentando-se na beirada dela e
observando enquanto o inverno cobria a
terra da Corte dos Medos. Colinas, lagos e
rios compunham a paisagem.
Tudo era branco como algodão, mas o
que ela mais amava no inverno naquele
reino era ver as luzes âmbar riscando a
superfície como uma aurora boreal.
Era o poder de Cian, Rei dos Unseelie.
O quanto sua vida havia mudado em
dois anos. Ela se tornou uma fada sombria
e imortal, vivendo em uma casa simples em
uma aldeia remota para outro reino com
uma vista como a que ela tinha agora.
Com a mão em seu pescoço tentando
proteger seus músculos. a dor em seu
coração a lembrou novamente. Dedos
roçaram os dois pequenos furos.
Não importa o quanto ela tentasse, ela
não conseguia esquecê-lo. Ela não podia
cravar o rosto de Roderick de sua memória.
Ela não conseguia se livrar da
lembrança de seus beijos e daquela última
noite em que se viram pela última vez.
Ela nunca mais ouviu falar dele. Ele
tinha conseguido deixar Crepúsculo?
Airdan queria contar a ela sobre ele no
início, mas ela se recusou a ouvi-lo,
especialmente quando ela achava que ele
estava de alguma forma justificando o
vampiro. Era melhor não saber sobre ele.
Não para encorajar seu coração com
notícias de sua vida ou destruir seu coração
ainda mais sabendo que ele estava com
outra pessoa ou pior com aquela maldita
bruxa Arietta.
Soltando outro suspiro, ela decidiu
retornar ao reino mortal. Embora o tempo
na terra das fadas fosse percebido de forma
diferente, ela contava os dias e as noites
como os mortais faziam.
Fazia uma semana desde que ela tinha
visto sua querida amiga. A demônio
certamente ficaria furiosa com ela.
Tara apareceu na frente da porta de
Sorana.
Capítulo quatro

As janelas da sala estavam abertas, o


cheiro de comida e música jazz a lembravam
que hoje era sábado.
Ela bateu três vezes.
"Chegando!" A demônio gritou. Tara
sorriu, balançando a cabeça.
A porta se abriu e um par de olhos azuis
cheios de lágrimas a encarou.
Tara franziu a testa. "O que aconteceu
com você?"
"As malditas cebolas!" Sorana enxugou
os olhos com as mãos. "Merda!" ela
amaldiçoou e correu para a cozinha.
Tara entrou e fechou a porta. Os dedos
da tola ainda estavam sujos de suco de
cebola, e ela se enxugou com eles.
Enquanto Sorana enxugava os olhos
com a toalha de cozinha, que não era mais
branca, mas uma mistura de manchas
vermelhas e marrons, Tara se serviu de uma
taça de vinho e começou a inspecionar os
arredores.
Cebolas e pimentões em cubos, pedaços
de carne, molhos, pitadas de sal espalhadas
por toda a mesa. Crostas de farinha em uma
área, gotas de leite em outra, era uma
bagunça.
Com um grande gole, ela começou a se
arrepender de ter vindo hoje.
"Por favor, não me diga que você está
cozinhando o que eu acho que é."
Sorana bebeu de sua taça de vinho até
o fim. Pegando a colher de pau e apontando-
a para o rosto, ela disse: "Vou acertar desta
vez".
"Espero que você tenha algo melhor
nesse refrigerador no caso de não funcionar
para você novamente."
"Cadela", a demônio disse a ela. E com
um sorriso malicioso, ela continuou
dizendo: "Nada desta vez. Você vai comer
isso."
A fumaça das frigideiras fez Tara tossir.
A demônio tinha tudo em chamas
novamente, e a casa outrora pequena
tornou-se um mar de fumaça quase cinza e
cheiro de cebola queimada.
A Rainha Demônio deu a ela esta casa
como um presente. De acordo com Sorana,
este costumava ser o lar de Daphne, a
Rainha Demônio, antes de se tornar
imortal.
E com a permissão do Rei Demônio,
Sorana veio morar aqui.
Sorana acreditava que não havia
sentido em viver no reino demoníaco
quando ela havia perdido todos os seus
poderes. Ela ficou apenas com sua
imortalidade.
"Bianca e Gordon estão vindo hoje à
noite", disse ela enquanto despejava farinha
e leite na carne. Tara não podia imaginar
como isso seria no final.
"Ouvi dizer que Bianca tem um novo
namorado. Reeona me disse que está
emocionada." Tara falava agora da lareira,
arrumando os pedaços de lenha na lareira
acesa.
O inverno havia começado na terra dos
mortais.
"E Gordon também encontrou uma
namorada", gritou Sorana da cozinha.
Depois que Tara retornou à Corte dos
Medos, ela se reuniu com Reeona e Bianca,
que decidiram retornar ao mundo mortal.
Bianca não queria nada com a Corte
depois de ver com seus próprios olhos como
os “puros” desprezavam ela e sua mãe como
uma traidora por ter concebido de um
mortal que nem sequer era seu
companheiro.
E não é que Tara fosse tratada de forma
diferente. Ela sabia muito bem que por trás
de sorrisos e conversas civilizadas, havia
tanto desdém.
Mas ninguém ousava insultar o sangue
do Senhor da Corte dos Medos, muito
menos um mestiço que era um pouco
favorecido pelo Rei dos Unseelie. Pelo menos
aqueles fae acreditavam nos rumores.
"Eles virão com seus acompanhante?"
Tara voltou para a cozinha agora,
despejando mais vinho na xícara dela e de
Sorana.
"Sim, por que você acha que eu estou
cozinhando tanta comida?" Sorana ergueu
uma sobrancelha.
"Você está tentando recebê-los, ou você
quer assustá-los para o resto da vida?" Tara
zombou, seu nariz encolhendo novamente
com o cheiro que a panela estava exalando.
"Ahah muito engraçado." Sorana
ofereceu-lhe uma colher.
Ela olhou para a demônio e depois para
o molho branco com listras marrons que
estava mole na colher. "Você está falando
sério?"
"Eu preciso de uma opinião." Sorana
deu de ombros.
"Eu posso dar a você sem ter que
provar." Ela encheu a boca com vinho,
preparando seu pobre paladar para provar
o que quer que o demônio estivesse
cozinhando.
Sorana enfiou a colher na boca, fazendo
o molho cair na língua. Sua pele se eriçou,
sua língua gritando por água ou vinho ou o
que fosse necessário para enxaguar o gosto
horrível.
O sabor do leite, com muito e muito sal,
vinagre, farinha, pimenta-do-reino e suco
de carne, era simplesmente um dos piores
que ela já havia provado.
"Mmmm," Tara fingiu. "O gosto é ótimo."
"Sério?" de Sorana
"Experimentou?"
"Sim, eu gosto, mas não sei se os outros
vão gostar também." Olhos alargado
esperançosamente.
"Eles vão adorar." Tara mentiu. Ela
ainda não conseguia entender como o
paladar da demônio era tão diferente do
resto.
Talvez algo estivesse errado com ela.
Não era possível que ela não pudesse dizer
a diferença entre uma refeição
perfeitamente temperada e a dela.
Sorana, entrando mais confiante na
cozinha, olhou-a de cima a baixo.
Observando pela primeira vez seu traje.
"Caçando de novo?"
"Sim," Tara suspirou.
"E você perdeu de novo?" A demônio
olhou para uma parte de sua roupa
manchada de sangue onde a flecha havia
entrado. "Vá tomar um banho e coloque
mais... roupas mortais."
Ela e Sorana ficaram muito próximas
durante todo esse tempo. A demônio era
agora a única amiga confidente que
possuía, e ela sabia que, para Sorana, sua
amizade era inestimável.
Elas se apoiaram durante aquele
período sombrio em que Tara ainda sofria
com a ausência de Roderick e Sorana com
todos os abusos e decepções que sofreu e
suportou.
Pelo menos ela não tinha perdido a
esperança de encontrar seu verdadeiro
companheiro.
A água quente do chuveiro estava
caindo furiosamente sobre ela. Seus ombros
relaxaram. E com a testa apoiada no azulejo
branco, ela fechou os olhos.
Tara tentou muitas vezes encontrar
lógica para que Roderick a tivesse feito sua
Noiva se, no final, ele decidisse abandoná-
la. O vampiro não podia ser imune ao
vínculo.
Ele também deve ter sofrido a separação
por tanto tempo. Naquela noite tudo mudou
para ela. Enquanto seu corpo se tornou
imortal, seu coração acabou em pedaços.
Ela sabia que com sua marca, ela se
tornou imortal. Pelo menos foi o que Airdan
explicou a ela antes que ela se recusasse a
ouvi-lo mais.
As duas perfurações em seu pescoço a
deixaram mais forte.
E embora ela já se sentisse em paz com
tudo o que tinha acontecido, a única coisa
que ela estava determinada era que ela
nunca confiaria nele novamente se ele
decidisse aparecer.
Seu coração não suportaria se ele
aparecesse novamente e depois partisse
sem outra palavra. Ela certamente nunca
iria procurá-lo novamente.
Afinal, dois anos se passaram, e ele não
veio procurá-la.
Vozes na sala indicavam que Bianca e
Gordon haviam chegado. Tara saiu
correndo do chuveiro e vestiu uma calça
jeans azul clara e um pulôver de manga
curta, o cabelo solto.
De alguma forma escondendo a marca
em seu pescoço. Ninguém sabia que ela
estava marcada por um vampiro, exceto a
demônio, Airdan, Kieran e o Rei Unseelie.
"Venha, Nigel." O sorriso de Bianca era
daqueles que se usa no início de todo
relacionamento.
Um onde você não pode conter o desejo
de ver aquela pessoa o tempo todo e onde
borboletas vibram constantemente em seu
estômago.
"É um prazer finalmente conhecê-la,
senhorita Tara. Bianca tem me contou
muito sobre você." O namorado de Bianca,
Nigel, ofereceu-lhe a mão.
Seus olhos azuis eram fundos, seu
cabelo ruivo curto, penteado para trás,
franjando um rosto tenso. Nigel era alto,
seus músculos magros o faziam parecer
frágil.
Algo estava enervando sobre ele, o que
era muito sério para ela descobrir, mas fez
muitos se virarem para admirar seu rosto.
"O prazer é meu. E espero que minha
querida irmãzinha tenha falado apenas
coisas boas sobre mim." Tara sorriu.
Nigel abraçou Bianca. Era um gesto
possessivo que só Bianca acharia
reconfortante. "Absolutamente", disse ele.
"Tara, Sorana, esta é Yrsa Tarr." Gordon
falou agora. "Minha namorada." O mestiço
lobisomem apresentou sua namorada
então. Outra loba. Observando como os três
trocaram sorrisos,
"Muito bonita, sua namorada Gordon."
Sorana piscou para ele.
Tara olhou nos olhos de Gordon. Eles
eram castanhos claros.
Olhos que possuíam o brilho inocente de
um jovem menino órfão.
Gordon agiu como se nada tivesse
acontecido dois anos atrás.
Ignorando as vicissitudes de Tara e o
sequestro de Bianca.
O que quer que Roderick tenha feito, ele
fez o mestiço de cabelos encaracolados e
lábios grossos esquecer tudo o que
aconteceu.
E por ordem do próprio Senhor do
Tribunal dos Medos. Bianca e Reeona
nunca deveriam falar do Reino Unseelie.
Nem mesmo Bianca sabia que embora
Tara pertencesse à Corte dos Medos, ela
respondia apenas Cian, o Rei Unseelie.
Tornando-a de alguma forma influente.
"Você pode se sentar", disse Sorana.
"Tara, você vem me ajudar?"
O resto sentou-se à mesa que estava
pronta para o jantar.
"O que você acha?" Sorana murmurou
enquanto colocava fatias de pão em uma
cesta.
"Ele é muito bonito. Eu posso ver porque
Bianca é louca por ele."
"Sim. E a namorada de Gordon também.
Talvez eu corte meu cabelo e fique loira
como ela", confessou Sorana.
"Você é linda, Sorana. Você não precisa
mudar nada."
"Eu já sei que sou bonita." Sorana
suspirou.
"E humilde também." Tara ergueu uma
sobrancelha em um tom sarcástico.
"Mas eu amo seu cabelo loiro curto."
Sorana pegou vários pratos de comida e foi
até a mesa.
Yrsa Tarr era uma beleza frágil. Os olhos
azuis e o corpo esguio acompanhavam uma
voz delicada, a de uma senhora que jamais
ousaria levantar a voz.
E embora ela fosse uma mulher
graciosa, Tara notou um olhar sofrido.
Como se sua alma estivesse escondendo
medos passados e lágrimas que estavam
impregnadas em seu rosto.
"Bianca, por favor, faça as honras",
apontou Tara com um sorriso pretensioso.
"Você comprou comida?" Bianca
perguntou a Sorana.
"Não, eu fiz tudo sozinha," a demônio
respondeu com entusiasmo.
Bianca engoliu em seco. Bem, ela sabia
sobre as proezas culinárias da demônio.
"Tara, por favor, você faz a honra."
"Não. É a sua vez. Você e Gordon devem
servir suas namoradas primeiro." Tara
tentou fazer uma cara séria.
Logo Gordon e Bianca estavam
ocupados servindo Nigel e Yrsa.
"Mmm cheira bem", Yrsa falou. Tara
começou a encher sua taça de cristal com
vinho tinto. "Isso é muito." Yrsa a deteve,
observando seu copo quase transbordar.
"Você vai precisar." Tara sorriu para ela
e começou a fazer o mesmo com o copo de
Nigel.
Ouviu-se o tilintar de talheres e copos.
"Você vai comer apenas pão?" Sorana
franziu a testa ao vê-la sozinha bebendo
vinho e comendo as fatias de pão com
manteiga.
"Eu não estou com muita fome." Tara
franziu o nariz.
Mas a demônio ainda não tinha
percebido como o resto deles estava
tentando engolir a comida. Ou como Gordon
cuspiu em seu prato. Ou como Yrsa bebeu
freneticamente o vinho, quase esvaziando o
copo.
"Você gosta disso?" perguntou Sorana.
Estalando seu primeiro gole em sua boca. E
enquanto ela observava Bianca e Gordon
cuspir a comida no prato, ela se virou para
Tara.
"Sua vadia. Você me disse que tinha um
gosto bom."
Tara começou a rir, observando a
demônio pegou a garrafa de vinho e bebeu
direto. "Podemos por favor comer um pouco
de comida de verdade agora?" Bianca pegou
o copo de água e bebeu rapidamente.

Sorana foi até a cozinha para pegar o


estoque de lasanha congelada e pré-cozida
que ela havia comprado secretamente se
alguma de suas receitas não desse certo.
"Então, Nigel, o que você faz?"
perguntou Tara. Sentindo a necessidade de
conhecer o novo companheiro de sua irmã.
Na ausência de Phillip, ela sentiu mais
responsabilidade do que nunca de cuidar
dela.
"Tara, que pergunta rude," Bianca a
repreendeu.
"Não é uma pergunta rude, querida
irmã. Eu só quero saber mais sobre o seu
namorado."
"Não se preocupe, princesa." Nigel
sorriu para Bianca. "É lógico que sua irmã
gostaria de saber mais sobre o homem com
quem você está."
Os lábios de Tara, congelados em um
sorriso discreto, ameaçaram desaparecer e
substituí-lo por uma carranca.
"Eu trabalho para "
Nigel mal começou a responder quando
gritos entraram pela janela, interrompendo-
o.
Todos foram até a porta, saindo
correndo.
Ao lado deles, o resto dos que viviam na
terra mestiça, onde viviam os mestiços e os
que haviam escolhido viver fora dos reinos,
desciam pela rua principal da pequena
cidade.
A confusão estava em toda parte.

Perguntas sobre quem tinha visto algo


ou o que era estavam no ar. Ninguém sabia
de nada, mas todos ainda estavam
procurando. A violência não era comum
naquela cidade.
O medo havia despertado em Tara uma
imagem fraca, algo que ela não conseguia
ver claramente. E isso só pode significar
uma coisa.
Quem quer que tenha provocado
aqueles gritos fez questão de esconder o
rosto.
O medo se foi. E essa pessoa
provavelmente já estava morta.
Tara parou na entrada de uma rua
estreita ladeada. com paralelepípedos.
Ladeada pelas laterais de dois prédios, ela
começou a andar.
"Por que estamos tomando este
caminho?" Sorana murmurou ao lado dela.
Tara se certificou de que eles estavam
sozinhos primeiro. Certificando-se de que
os outros estavam longe dela. Ninguém
sabia a extensão de seu poder. Muito menos
de onde era. "Acho que o grito veio daqui."
Ambos caminharam lentamente,
observando as lacunas que as sombras
faziam em cada porta, canto e janela.
A mão de Sorana agarrou seu braço de
repente. Parando ela. Ela se virou para
olhar. "Quem diabos poderia ter feito uma
coisa dessas?"
Capítulo cinco

O corpo de uma jovem, com apenas


dezessete anos, jazia flácido. Sentado e
encostado na porta de alguém.
Sua pele era tão pálida quanto a lua
crescente que observava de seu silêncio
eterno entre as nuvens. Seus olhos abertos
eram como poças negras.
Como se o próprio abismo os tivesse
invadido e destruído cada parte dela,
roubando a luz de sua alma e deixando-a
morta para o mundo.
Os olhos de Tara foram para seu
pescoço. Fios de sangue corriam da ferida
visível que causou sua morte até a base do
pescoço.
Sorana se aproximou, abaixou-se e
moveu o rosto para olhar melhor para o
pescoço. Seu cabelo era encaracolado e loiro
artificial; havia manchas de seu sangue em
alguns dos fios.
“É como se ela tivesse sido drenada.”
Sorana se levantou. “Quem fez isso fez
questão de não deixar rastros.” Seu olhar
treinou em qualquer evidência que
apontasse o contrário.
Mas quanto mais perto ela olhava, mais
ela desistia.
Tara continuou olhando para os dois
buracos em sua garganta. Ela não pôde
deixar de pensar em quão doloroso poderia
ter sido encontrar um destino tão horrível.
Seu assassino não teve piedade.
A jovem sofreu uma morte lenta e cruel.
Um vampiro tinha feito tal atrocidade,
ou assim parecia. A mordida parecia
desesperada, a de um animal sanguinário.
Pois não eram dois pontinhos como os
que ela tateou no lado esquerdo do pescoço,
mas a mordida de alguém ganancioso e sem
nenhuma culpa ou empatia.
Mas mais uma vez, ela lembrou, não era
da natureza dos vampiros ser
misericordiosos com suas presas. O sangue
era sua fonte de vida. A única coisa que os
tornava fortes e imortais.
“Você acha que um vampiro fez isso?”
perguntou Tara.
“Aparentemente sim.”
“Porque ela?” Tara franziu a testa,
perguntando-se por que a jovem foi
escolhida por seu assassino de todos os
alvos possíveis.
“O que você quer dizer?” Sorana voltou
para o lado dela enquanto os outros se
aproximavam para descobrir o cadáver.
Um homem de meia-idade, com mechas
prateadas manchando seus cabelos
castanhos e barba longa, raiada de branco,
desatou a chorar ao ver a jovem. Sua filha.
Tara e Sorana recuaram ainda mais, um
círculo de pessoas formando uma parede,
agora bloqueando a visão da garota.
“Ela era um lobisomem. Vampiros tiram
sangue de mortais ou bruxas, mas de um
lobisomem? Eu não sei. Não é natural.” Ela
afastou Sorana dos outros.
Bianca e Nigel comentavam incrédulos
com Gordon, enquanto a pobre Yrsa tentava
evitar olhar para o corpo.
“Mas você viu a mordida”, disse Sorana
desta vez. “Talvez tenha sido um daqueles
neófitos, como eles os chamam.”
“Um neófito...” Tara contemplou. “Seu
Sire deve tê-lo acompanhado. Eu pensei que
os vampiros tinham certas regras em
relação aos neófitos.
“Até onde eu sei, uma vez que um
neófito nasce, ele não deve deixar o reino
dos vampiros por pelo menos algumas
décadas. Precisamente para evitar o caos no
reino mortal.”
“Quem fez isso vai pagar por isso”,
declarou Gordon com raiva. Indignado ao
ver um de sua espécie morto pela mão de
outro ser.
“Isso só trará conflitos entre vampiros e
lobisomens”, disse Nigel. Seus olhos, como
duas safiras, olharam para Tara por um
momento. “Vamos, princesa.” Sua mão
agarrou a de Bianca.
“Sorana, voltaremos outra noite”, disse
Bianca adeus. “Tchau, Tara.” E ela a beijou
na bochecha.
Um vento gelado e forte passou pelos
braços de Tara, esfriando-a por apenas
alguns segundos. O medo estava presente.
Um segredo estava sendo escondido. Ela
olhou para as quatro figuras que agora
estavam se afastando.
O medo veio de um deles. O curioso é
que ela não conseguia discernir de quem. E
o medo de ser descoberto estava vindo como
rajadas de vento invernal.
Tara viu o pai abraçando a filha pelas
aberturas formadas pela parede de corpos.
Os gritos do homem eclipsaram
qualquer murmúrio na multidão, seus
braços em volta dela, evitando a todo custo
se separar dela. Uma visão de partir o
coração.
“Devemos ir,” Sorana falou suavemente.
Tara exalou e foi se virar quando seus
olhos encontraram outra pessoa entre os
que ainda estavam perto do cadáver.
Alguém que não estava lá até agora.
A escuridão a ajudou a se esconder à
vista de todos. Uma espécie de escuridão
tomou a forma de uma espessa fumaça
negra que se movia ao redor dela. Como se
estivesse fazendo uso de sombras. Uma
barreira protetora.
Tara olhou para a multidão. Ninguém
parecia notar.
“Quem é ela?” Ela perguntou a Sorana.
“Quem é quem?”
“A mulher entre a garota de casaco
vermelho e os dois adolescentes,” Tara
murmurou.
Sorana procurou. “Eu não vejo
ninguém”, ela finalmente respondeu. “Onde
você a vê?”
Mas Tara não disse mais nada e
continuou olhando para a mulher
escondida. Cabelo curto e loiro escuro. Seu
cabelo acabou Logo abaixo das orelhas e era
ondulado.
Uma faixa de cabelo estava no alto da
frente de sua cabeça, enfeitando seu estilo
único.
Seu vestido de franjas e saltos altos a
tornavam mais alta do que muitos homens
ao seu redor.
Seu rosto de repente se virou,
encontrando os olhos de Tara diretamente.
Como se ela soubesse o tempo todo que era
ela quem a estava observando.
Bonito com origens eslavas. Não havia
necessidade de verificar se ela tinha presas
ou não. Foi algo que, por um estranho
instinto, ela reconheceu assim que colocou
os olhos nela.
A vampira era poderosa, que agora a
observava com olhares confusos como se
não pudesse acreditar que alguém pudesse
vê-la por trás do véu de fumaça negra que
se movia ao seu redor.
“O que você está olhando?”
A voz de Sorana quebrou a pequena
situação em que ambos se encontravam. A
vampiro desapareceu instantaneamente.
“Nada. Vamos.” Tara começou a andar.
Uma vez dentro da casa, ela ajudou a
demônio a limpar a mesa.
“Isso está ficando sério”, disse Sorana
da cozinha,
Preparando duas xícaras de chá de
maçã. “Os mortos estão aumentando.”
“Por que eles fariam algo assim?” Tara
perguntou, sentada em frente à lareira.
“Obrigada,” ela disse enquanto recebia a
xícara de chá.
“Para se divertir?” Sorana disse de sua
cadeira vermelha com flores pretas.
“Que maneira distorcida isso seria. Você
não acha?”
“Mas é uma possibilidade. Até agora, e
pelo que ouvi, não há um padrão ligando
todas essas mortes. É aleatório.”
“Eu podia sentir o medo de muitos esta
noite.” Tara tomou um pequeno gole.
Recordando agora como foi esmagador por
um momento sentir o medo de todos.
Mas graças ao treinamento de Kieran,
ela agora podia controlar tais sensações. A
angústia era geral. Todo mundo estava
começando a temer que eles pudessem ser
os próximos.
“Você soube se houve mais mortes em
algum reino?”
“Você se lembra de Maret?” Sorana
perguntou, e vendo A expressão intrigada
de sua amiga, ela continuou.
“Ela é uma das demônias que pertence
aos Cinco Lordes do meu irmão. A única
que me visita de todos eles e me informa
sobre certos eventos.
“Seu espião, em outras palavras?” Tara
ergueu uma sobrancelha e zombou.
“Eu a chamaria de uma espécie de
amiga. Uma daquelas que aparecem de vez
em quando com as últimas fofocas.” Sorana
sorriu maliciosamente.
“De qualquer forma, a coisa é que a
última vez que ela me disse isso vários
cadáveres foram encontrados na terra dos
licanos, bruxas e vampiros.
“E não só isso, em alguns deles, o
sangue de demônio também foi
encontrado.”
“Algum de vocês está envolvido?”
“Acho que não. Quando matamos, o
fazemos sem desperdiçar uma gota de
nosso sangue.”
“Talvez você esteja certa. Talvez seja um
jogo macabro que alguém ou algum grupo
está jogando.” Tara recostou-se no sofá.
“Pelos chifres de Lorcan!” Sorana soltou
um suspiro de alarme.
“Ugh, você me queimou!” Vurni
apareceu em cima do colo da demônio. O
cheiro proeminente de álcool encheu o ar. O
clurichaun carregava sua habitual garrafa
de vinho e roupas esfarrapadas.
Hoje ele usava uma meia com um
buraco no dedo do pé e outra quase sem
elástico que amassava no tornozelo.
“Da próxima vez, você saberá como é
realmente ser queimado clurichaun!”
Sorana levantou-se abruptamente, fazendo-
o cair de nádegas no chão.
“Meu tapete!” gritou a demônio
enquanto observava uma mancha vermelha
crescer em seu tapete azul.
“Você foi convocado para a Corte do
Rei.” Vurni ignorou a demônio e se virou
para Tara.
Pegando sua garrafa de vinho quase
vazia depois que a maior parte foi absorvida
pelo tapete de Sorana e desapareceu
“Eu juro que um dia desses vou matar
aquele clurichaun”, disse Sorana.
“Temo que devo ir.” Tara colocou a
xícara de chá na cozinha. “Cuide-se, ok?”
Ela abraçou a demônio.
“Não se preocupe”, Sorana a assegurou.
“Tome cuidado.”
Capítulo seis

Como da primeira vez, o salão da Corte


do Rei Unseelie estava cheio desses brilhos
prateados e acobreados. A magia era
apenas para ser vista lá em sua corte.
Como minúsculas partículas de poeira,
eles flutuaram pelo ar e tocaram a pele,
penetrando e lançando uma sensação
calorosa e feliz. Uma sensação de êxtase e
poder.
Grandes colunas de pedra polida,
verdes como folhas na primavera,
sustentavam o teto escuro do salão. Tara
não pôde deixar de olhar para cima
novamente.
Constelações de estrelas brilhantes e
prateadas moviam-se pelo teto de um azul
tão escuro que poderia ser confundido com
preto.
Era como uma forma de lembrá-la de
que o mundo era mais significativo do que
ela pensava. Como se cada constelação
contivesse infinitas possibilidades e
centenas de futuros ocultos.
As solas de seus sapatos ressoavam a
cada passo que ela dava. O chão agia quase
como um espelho, espelhando sua forma
quase em detalhes.
Sua cadeira austera permaneceu no
mesmo lugar. Era a única coisa que não se
encaixava com todo o esplendor e magia do
local.
Distraída por apenas um momento, ela
não viu quando uma porta pesada se abriu.
Só quando ela ouviu o chilrear de
dezenas de pequenos pássaros esvoaçando
no ar ela parou.
Além da porta, a noite estava rompendo.
O som da cascata de água podia ser ouvida
fracamente além do jardim que ela podia ver
de seu lugar.
Os passarinhos cantavam naquele
gorjeio matinal. Cada um era diferente do
outro.
Penas como ouro, azul como topázio e
verde como granada voavam em torno umas
das outras, criando um redemoinho de
desenhos multicoloridos nas gotas de prata
e cobre flutuando no ar.
Mais pássaros passaram por aquela
porta. Suas penas eram uma mistura de
vermelho brilhante e preto, verde e amarelo,
branco cremoso e verde esmeralda.
A beleza de seus arredores era
inigualável. O lugar era uma daquelas
cenas de sonho. Cheio de luz e cor, de magia
eterna e a promessa de mais.
Coisas que não descreviam
precisamente como eles chamavam esse
lugar. O Tribunal das Trevas,
“Tara.” Keya surgiu na frente dela. Sua
voz era delicada. Seus cachos esvoaçantes e
olhos distintos. Cumprimentou-a com uma
gentileza ainda estranha a ela.
Keya era um dos de alto escalão nesta
Corte. Seu companheiro era um bem
inestimável e um dos mais próximos do rei.
Depois de dois outonos, Tara foi
convocada novamente.
Os nervos se formaram na boca do
estômago com o pensamento
De ver Cian novamente.
O rosto escuro mais poderoso de todos
carregava uma graça cínica, e seu brilho
poderoso era capaz de rasgar a vontade de
muitos.
Embora ela tivesse compartilhado mais
de uma conversa com ele, ela não podia
deixar de se sentir intimidada por sua
presença.
“Há quanto tempo.” Tara abriu um
sorriso.
“Como você tem estado?” Os olhos de
Keya foram para seu pescoço.
O desconforto repentino que o
significado da pergunta continha foi
evidenciado por um pigarro. “Eu estou
bem,” Tara respondeu secamente com um
sorriso quase falso. Algo que Keya notou.
Os pássaros ainda se moviam acima de
sua cabeça e para todos os cantos da sala.
Keya, notando seus olhos observando
alguns deles, disse. “Eles são lindos, não
são?”
“Sim. Que tipo de pássaros são eles?”
Tara perguntou, ainda olhando enquanto a
magia se fragmentava em partículas de
poeira rodopiando com as centenas de asas
esvoaçantes.
“Os espíritos das trevas.”
Ela olhou para Keya, que agora estava
olhando para cima. “A escuridão vem de
muitas formas. O que se vê nem sempre é a
verdade.
“A mais bela pode conter a escuridão
mais perigosa. Ele está esperando por você
no lago.”
Não havia vestígios da atitude
indiferente de Keya. Seus lábios carnudos e
vermelhos desenharam um sorriso que
iluminou seu rosto magnífico.
Keya nunca pertenceu aos servos. Ela
era uma feérica superior com sua pele
bronzeada, olhos azuis e cachos grossos.
Ela foi a companheira do general mais
poderoso em todas as eras.
Como Keya havia dito a ela dois anos
atrás, ela havia perdido uma aposta com
Cian e teve que ir para Crepúsculo para
servir como cozinheira até que o Rei
achasse apropriado que a aposta fosse
cumprida.
Tara se materializou nesse mesmo lago
que o Rei Unseelie uma vez a trouxe para
conhecer. Onde a água calma guardava
segredos obscuros e sombras espreitavam
no fundo.
Ao contrário da Corte dos Medos, a
Corte do Rei carregava aquele perpétuo
espírito outonal.
Em uma daquelas lesões intermináveis
que Keiran lhe dera, ela aprendeu que o Rei
preferia a mistura de cores que a estação
mantinha.
Nunca a luz do sol como o verão, nunca
a escuridão completa como o inverno. Mas
o meio-termo de ambos. Ao contrário da
Corte dos Medos, onde o inverno raramente
mudava para o outono.
Eras poderiam passar, e o inverno
poderia cobrir a terra e as folhas
incansavelmente.
Cian estava sentado em um conjunto de
rochas sobrepondo a costa. Seus olhos
foram de seus pés descalços para suas
costas nuas e musculosas.
Seu olhar vagou sobre seus ombros
largos e a escuridão.
Tinta que cobria parte de sua pele.
Símbolos sagrados e ancestrais em
forma de espirais e ondulações que ela não
conseguia decifrar cobriam parte de sua
nudez. Revestindo uma grande parte de
suas costas e todos os seus braços.
Seu domínio escorria penetrantemente.
Fazendo-a se sentir quase sufocada.
“Duvido que o vampiro gostaria de saber
que você está olhando para outro macho.”
Sua voz era tão forte quanto seu peito.
Tara zombou. E se aproximou dele.
Sentar-se ao lado dele.
Os olhos de Cian, âmbares e intensos,
olharam fixamente para as folhas das
árvores na frente dele. Puros roxos e tons de
vermelho.
“Eu não acho que ele se importaria
neste momento”, ela se aventurou a dizer.
Se Lord Kieran estivesse por perto
naquele momento, ela certamente ganharia
uma bronca por essa maneira casual de
falar com o rei e até mesmo sentar ao lado
dele como se não fosse nada.
“Claro, ele se importaria.” Cian girou
para olhar para ela.
“Você é o que a espécie dele chama de
companheira, e nós chamamos de alma
gêmea. O ciúme sempre será parte desse
tipo de vínculo. Não importa os termos do
relacionamento.”
“Você não me chamou para falar sobre
isso, não é?” Tara exalou Impaciente.
“Por que você me chamou?” Tara ergueu
uma sobrancelha.
“Todos os Reinos foram chamados. Em
exatamente cinco noites, você deve ir para o
Reino Mortal.”
“Por que?”
“Você é minha escolhida fora deste
reino, Tara. Você se encontrará com os
líderes designados de cada reino. Como eu,
cada Rei e Rainha enviará um membro de
seu reino.”
“Por que vocês não se encontram???
“Muitos de nós preferem ficar nas
sombras. Cada reino enviará um membro
confiável para discutir e concordar com o
futuro de todos os reinos.”
“Em outras palavras, somos
mensageiros?”
O semblante de Cian ficou duro. E ela
engoliu nervosamente. “Alguém está
massacrando impiedosamente os membros
dos reinos. Os assassinatos estão
acontecendo há três invernos agora.”
“E por que é agora que os reinos
decidiram se encontrar?”
“A princípio, esses assassinatos foram
realizados no reino mortal. Ninguém
considerou isso uma ameaça. E de alguma
forma, quem está cometendo esse crime
conseguiu entrar em certos reinos.”
“Você acha que eles poderiam entrar
aqui?” Tara olhou em volta
Como se instintivamente ela sentisse a
necessidade de protegê-lo de alguém.
“Acho que não. Pelo menos não no meu
domínio.” Seus olhos mudaram em apenas
um flash.
Tara jurou internamente que ela podia
ver aquela sugestão de escuridão
misturando-se com seus olhos âmbar. Um
poder sombrio, mais maravilhoso do que ela
podia imaginar.
Como se nuvens escuras se formassem
de repente nas profundezas de sua íris e
depois desaparecessem. Ela engoliu em
seco como se quisesse se livrar do gosto de
poder bruto que o distinguia.
“Mas talvez na terra do Seelie, eles
fariam?” Ela o interrompeu.
“Não é qualquer um que pode entrar nos
reinos sem ser visto ou detectado de alguma
forma.”
Tara pensou por um momento.
“Nenhuma bruxa ou feiticeiro possuiria um
poder tão imenso para atravessar sem ser
detectado.” Seus olhos verdes encontraram
os dele novamente. “Você acha que é um fae
fazendo isso?”
“Isso é o que eu suspeito”, disse ele.
“O que você quer que eu faça então?”
Tara franziu a testa. “Não tenho ideia de
como essas coisas são tratadas. Não estou
preparado para isso.”
“Você será”, ele respondeu com firmeza.
E por um momento, ela acreditou. “Você vai
à reunião. Você vai ouvir tudo o que eles
dizem e propõem.”
“Isso seria uma coisa fácil de fazer.”
Cian se levantou. A cada movimento,
suas costas se flexionavam. Uma ação
rítmica e sedutora. Se ela fosse humana, ela
simplesmente não poderia ser imune à
atração sexual que ele exalava.
Afinal, os fae eram seres sexuais. Que
escravizavam os mais fracos com sua beleza
e sexualidade crua. Olhando para as
tatuagens em suas costas, ela se levantou
também.
O Rei Unseelie se virou para ela.
“Ninguém vai esperar que um fae da minha
corte venha para a reunião.
“Mas não revele absolutamente nada
sobre você. Deixe-os pensar que, por algum
motivo, você é fraco. Arrogantes eles serão.
E, portanto, eles vão tratá-lo como a sujeira
no sapato deles.
“Conquiste a confiança deles, e talvez
eles se aproximem de você gradualmente.”
“Você não vai confiar neles?”
“Cada reino cuidará de seus próprios
interesses. Se eles devem manter as
informações para se salvar ou ganhar
alguma coisa, eles o farão. Não importa o
que aconteça.”
“Posso te fazer uma pergunta?” Ela
disse.
Ele assentiu. Dando permissão a ela.
—Por que quer que assistamos a esta
reunião? Sempre pensei que os Unseelie
não estivessem interessados em assuntos
fora de seus próprios assuntos.
“Se um fae está envolvido, eu quero
saber quem é.”
Ela pensou por um momento. Tentando
decifrar se havia algum outro motivo oculto
em sua resposta. E por mais que uma
pergunta estivesse na ponta de sua língua,
ela se conformou com a resposta dele.
“Então, onde será a reunião?”
Afinal, ele era seu rei, e ela seguia suas
ordens.
Capítulo sete

O vento predominante soprava forte


naquela noite. Trazendo o início do inverno
no reino mortal.
Olhando para baixo de uma colina, Tara
avistou as ruínas de um templo cercado por
árvores e pinheiros não muito altos.
Rochas em vários lugares deram forma
ao que deve ter sido uma espécie de lugar
sagrado celta.
O templo em questão havia sido
construído séculos atrás. Longe de
qualquer tipo de intruso.

Um véu invisível que só ela e o resto


podiam ver cercava o perímetro, protegendo
contra a entrada de qualquer outra pessoa.
O véu era uma barreira mágica
transparente.
Ondulações alaranjadas que se moviam
em sequência moldavam a magia. Magia
negra. Ela o reconheceu imediatamente.
Por centenas de séculos, os membros
mais poderosos de todos os reinos se
reuniram lá.
Conflitos foram concluídos dentro das
ruínas, e tratados assinados que durariam
anos também foram realizados lá. E Tara
agora pertenceria a esse círculo de poder.
Dizer que ela estava nervosa seria um
eufemismo. Os jogos de política e
espionagem eram para aqueles que tinham
talento para jogá-los.
Não para quem, como ela, só fazia o
papel de mensageiro sem o menor
conhecimento de como fazê-lo.
Mechas de seu cabelo saltavam para seu
rosto com cada lufada de ar frio. A ponta de
sua longa capa de camurça verde-escura
esvoaçava contra seus tornozelos.
E em forma de galhos de árvores, fios de
ouro embelezavam a bainha. Suas botas
marrons até o tornozelo a protegiam da
baixa temperatura e da umidade da terra.
Tara surgiu na entrada do templo. O véu
não fez nada além de oscilar, fraturando por
um instante o movimento constante de suas
ondas alaranjadas.
A boca da entrada era composta por
pedras lisas que lembravam pequenas
colunas e paredes não muito largas. O
musgo cobria a superfície. Não passava de
uma caverna.
Ela cruzou, duvidando se ela tinha
chegado a tempo antes do resto. Sua
silhueta se fundiu com a escuridão
enquanto ela se movia em direção ao
núcleo.
O ar musgoso a saudou, e
imediatamente se acendeu. Começou a
brotar no ar, iluminando-a a cada passo por
um corredor ladeado por espirais
esculpidas nas paredes.
Símbolos antigos logo se tornaram
familiares para ela em algumas de suas
formas. As runas celtas e pagãs serviam
talvez como escudo de proteção contra
alguma coisa.
O lugar parecia ser mais velho do que
ela acreditava
Magia antiga e imaculada ainda
permanecia dentro do templo, era fraca,
quase imperceptível, mas sendo real, ela
tinha a vantagem de senti-la. Algo clicou em
sua mente.
Agora ela se lembrava por que algumas
daquelas formas nas paredes pareciam
familiares. Ela tinha visto isto não muito
tempo atrás... As costas de Cian estavam
tatuadas com alguns deles.
Levando-a a concluir que este lugar não
era apenas sagrado para os reinos. Desde o
início dos tempos, um poder mais antigo
ainda estava escondido lá.
Pequenas chamas azuis continuavam
explodindo no ar enquanto ela continuava.
Refletindo listras azuis e prateadas em seu
rosto. A temperatura estava tão fria quanto
lá fora.
Na frente dela, duas portas estreitas e
retangulares com as mesmas espirais
retorcidas gravadas nelas apareceram. Tara
parou.
As portas eram de madeira preta como
se tivessem sido queimadas há milênios,
mas conseguiram sobreviver graças a algum
tipo de feitiço. Ela colocou as duas mãos em
sua superfície e empurrou.
Uma antecâmara com assentos de pedra
dispostos em um padrão circular surgiu
diante dela. E cada uma das cadeiras era
ocupada por um membro de cada Reino,
exceto dois.

Não havia nada notável sobre o interior.


Era um lugar montado em uma pilha de
pedras. Não muito bem iluminados, as
mesmas chamas pairavam sobre todos eles.
Um acima de cada, para ser preciso.
Mas não foi só isso que chamou sua
atenção. Cada membro carregava uma
chama de cor diferente acima de sua
cabeça, e Tara se perguntou o que isso
significava?
Ela encontrou os outros observando-a
com curiosidade.
Seu olhar procurou cada cadeira de
pedra que estava sendo ocupada por seres
imortais como ela.
Cada um carregava aquela força e poder
que escorria de seus poros como uma forma
de intimidação.
Sem dúvida, todos deveriam ser
temidos. E nenhum era menos do que o
outro. Cada um era detentor de sua própria
magia e habilidade. E, no entanto, ninguém
podia esconder seus medos mais profundos
dela.
Uma fraqueza que ela descobriria a cada
passo que dava.
Por trás de toda aquela fachada fria e
distante, havia as lágrimas e a covardia que,
se o Medo os vencesse, revelaria a
insegurança e a fragilidade que cada um
possuía.
Seu olhar vagou sobre cada rosto,
demorando-se em um. Permanecendo
inexpressiva, ela fez questão de não mostrar
nenhuma surpresa.
Ela era a mesma vampira que tinha
visto no beco algumas noites atrás, quando
encontraram o cadáver da jovem. Agora ela
estava sentada com suas longas pernas
cruzadas.
Seu cabelo curto e loiro escuro foi
estilizado como na década de 1920. Uma
pena presa por uma fita de pequenas
pérolas decorava seu penteado.
Se a vampira estava tão surpresa
quanto ela a encontrou lá, ela também não
mostrou nenhum sinal disso. Seus olhos
verdes eslavos a olharam em apenas um
fragmento de segundo.
Dando-lhe total atenção ao Lycan ao seu
lado.
Tara alcançou sua cadeira. Tomando
um assento. Uma chama apareceu acima
dela. Prata com tons de azul claro muito
fracos. O que isto significa? Ela imaginou.
Todos a encaravam como se esperassem
que ela dissesse alguma coisa; ela olhou
para a direita. Evitando seu olhar da
chama.

O Lycan estava, sem dúvida, lutando


pelo domínio. Seu corpo largo e braços
volumosos eram tão atraentes quanto seu
rosto.
Sua pele escura complementava seus
olhos quase amarelos, que constantemente
mudavam para preto. Ele era
definitivamente um dos homens mais
atraentes que ela já tinha visto.
Tara então notou suas mãos fechadas
em punhos. Mãos que eram um reflexo de
muito trabalho e treinamento.
Ela olhou nos olhos dele, notando agora
a dificuldade com que ele parecia aguentar
a situação. Sua respiração estava mais
difícil. Sem dúvida ele estava tentando
controlar seu licano.
Tara seguiu a direção de seu olhar,
querendo saber o que o deixou tão nervoso
E na outra extremidade do círculo, uma
bruxa ruiva estava com as mãos
entrelaçadas e os lábios quase apertados
como se estivesse segurando a vontade de
dizer algo a ele.
A mulher olhou para ela por um
momento e então desviou o olhar para o
Lycan. Relaxando sua compostura
instantaneamente. Respirando fundo,
fazendo com que o Lycan siga o exemplo.
Embora sua pose pudesse indicar um
certo distanciamento das outras, a mulher
de cabelos ruivos com o rosto abençoado
por Hécate estava tão nervosa quanto ele.
E antes que ela entendesse o que estava
acontecendo entre eles, o medo da bruxa
veio a ela como um balde de água fria. Ela
estava com medo de que o Lycan a
rejeitasse.
Um medo muito familiar, muito familiar.
Um que a lembrava quando conheceu
Roderick.
Companheiros. Ambos eram
companheiros. A tensão era palpável no ar
entre eles. Ninguém disse nada, mas era
evidente que todos sabiam que algo estava
acontecendo entre eles.
“Você não vai nos dizer o seu nome?”
Tara olhou para o vampiro. Sua
pergunta veio com um sotaque distante do
Leste Europeu.
Com as pernas cruzadas, as costas
apoiadas no sólido encosto de pedra, a
vampira deixou claro o quão confiante ela
estava. Sua voz carregava um sutil ato de
autoconfiança.
Seus olhos longos e felinos tinham um
brilho de inteligência escondido em um
comportamento arrogante.
“Tara.”

“De onde?” a bruxa que estava olhando


fixamente para o Lycan um segundo atrás
perguntou.
“Unseelie,” outro respondeu. Tara o
avaliou. Cabelo loiro como o mais puro
ouro, olhos azuis como um céu de verão e
um maxilar perfeito faziam parte da beleza
do rosto claro.
As palavras de Cian ecoaram de volta
para ela. Muito previsível.
Os dois estavam duelando olhares. Ele,
apesar de toda a finesse que pensava
possuir, não conseguia esconder seu
descontentamento ao vê-la, enquanto Tara
apenas o observava com indiferença.
Como se ele fosse a única mosca
irritante em todo o grupo.
Os olhares que antes eram curiosos se
transformaram em espanto. E o próprio
Lycan, que estava controlando sua besta
um momento atrás, a cheirou.
Tara arqueou uma sobrancelha e olhou
para ele. “Eles não te ensinaram que cheirar
um estranho não é educado?”
“Você cheira humano”, disse o Lycan.
“Então?” Tara estreitou os olhos.
“Impossível.” Os olhos da bruxa foram
de seu companheiro para ela. “Fae escuro
não se mistura com mortais.”

“Eu nunca disse que sou um. Mas se


isso acontecer, eu suponha que há sempre
uma primeira vez para tudo. Você Não
acha?” Tara respondeu casualmente.
“De qual Tribunal você foi enviado?” O
fae da Corte Seelie perguntou.
Capítulo oito

Enquanto rostos sombrios como Kieran,


Airdan e o próprio Rei possuíam uma beleza
assustadora e mortal.
O tipo que não importa o quanto sua
mente gritasse o quão perigoso era um beijo
de um deles, seu corpo reagia a cada
respiração e olhar que eles davam.
No entanto, a beleza do rosto de luz
poderia ser tão cativante quanto as de seu
vizinho, mas era uma beleza destinada a
evocar um amor puro e limpo e a promessa
de felicidade eterna.
“E seu nome é?” perguntou Tara.
“Cyran, do reino Seelie,” ele respondeu
com orgulho.
Tara apenas olhou para ele com tédio.
Seus olhos foram para o vampiro. “E qual é
o seu?” Ela decidiu ignorar o rosto.

“Meu nome é Vera, e como você pode


ver...” Ela sorriu. Mostrando a ponta de
suas presas.
Ela se perguntou se a vampira conhecia
Roderick. Talvez sim, talvez eles fossem
amigos, talvez mais do que isso. Vera era
linda. Ela poderia ter qualquer homem a
seus pés.
E uma faísca de ciúme veio à tona
inesperadamente. A última coisa que ela
podia pensar agora era seu companheiro e
a perspectiva de outra mulher em sua vida.
Repreendendo a si mesma, ela
empurrou Roderick para fora de seus
pensamentos.
As sobrancelhas de Vera se uniram
lentamente. Houve algo sobre Tara que
exercia autoridade sobre ela.
Um sentimento que ela experimentou
quando a viu pela primeira vez, era
estranho, considerando que o único que
poderia evocar tal coisa nela era o próprio
Rei dos vampiros.
Seus olhos não deixaram os de Tara,
que por sua vez observava o demônio que
ainda permanecia em silêncio.
“Meu nome é Hado.” A voz do Lycan fez
Tara virar a cabeça. “Eu venho do Reino dos
Lycans. Falo por dois Reinos. O Lycan e o
Reino das Sombras.”
“Por que dois?” disse Tara.

“Porque sua Rainha Luna é a Mestra do


Reino das Sombras.” Tara agora olhou para
a bruxa que respondeu: “Meu nome é
Starlet Nox. Eu sou uma bruxa.”
“Meu nome é Ximera do Reino do
Dragão.” Ela assentiu respeitosamente para
a fêmea de sangue de dragão.
Seus olhos negros, seu cabelo longo e
encaracolado, e tão negro quanto suas
pupilas eram intimidantes, apesar de quão
inofensiva ela parecia por sua baixa
estatura e esbeltez.
Era notável como a delicada mulher não
tinha realmente medo de seus próprios
medos.
“Mais alguém está vindo?” Tara
perguntou, olhando para o único lugar
vazio que restava.
O demônio sentado ao lado de Ximera
não disse uma palavra. Não havia
necessidade. Não quando ambos se
conheciam perfeitamente bem.
Teias, um dos Cinco Lordes Demônios,
a observava de sua posição severamente.
Ele era o único que sabia quem ela
realmente era.
“Aqueles que têm que estar aqui já estão
aqui.” Ximera disse estoicamente. Um
lampejo de fúria cinza que logo desapareceu
endureceu ainda mais sua postura. Talvez
revelando um vislumbre dos olhos de seu
dragão.
Vera falou agora. “Ela é nova. Ela não
sabe por quê.”
“Aquele excremento pertence a uma
família de mortais que por gerações se
encarregaram de garantir que nada afeta o
Reino Mortal. O último a sentar lá traiu a
todos nós.”
“Por que?” perguntou Tara.
“Por que mais seria?” Ximera interveio.
Seus lábios formaram uma linha dura.
“Cobiça. O traidor queria mais riqueza,
poder, influência.”
“E o que você fez com ele?
“Nós o matamos”, respondeu Hado.
Vocês?” Os olhos de Tara percorreram
todos ali. Ninguém falou. O silêncio foi uma
confirmação suficiente.
“Podemos começar agora?” Cyran, o
rosto de luz, disse impacientemente. “Eu
não tenho tempo para aulas de história.”
“Tempo?” Vera zombou. “É engraçado
que um Fae diga isso.”
“Vera, não comece,” a bruxa de cabelo
vermelho como lava de um vulcão a avisou.
“Como todos sabemos, os Sete Reinos
foram convocados novamente depois de
seiscentos anos.” Ximera começou a dizer.
“Alguém, ou melhor, um grupo, está
assassinando impiedosamente nosso povo.”

“Desde quando isso está acontecendo?”


perguntou Tara. Querendo coletar a
informação, Sorana ocasionalmente a faria.
“Os primeiros assassinatos começaram
cerca de dois anos atrás. No Reino Mortal e
de alguma forma que ainda não sabemos,
eles começaram a cruzar os reinos sem
serem detectados”, continuou Starlet,
“Primeiro, acreditava-se que eles
visavam aqueles que viviam no reino mortal.
Cada vítima parecia aleatória. Ninguém
conseguia explicar por que as mortes
estavam ocorrendo.
“Mas o estranho é que eles encontraram
evidências incriminando outros reinos em
cada uma das vítimas. O que gerou muitas
disputas,” Hado terminou, seus olhos mal
deixando Starlet.
“Ninguém nunca sobreviveu?” Tara
perguntou novamente.
“Não”, respondeu Ximera.
“Quais reinos já sofreram mortes em
seus próprios domínios?” Ela olhou para
Ximera. “Todos, exceto até onde
conhecemos os Unseelie,” Cyran Respondeu
ela.
Todos os seis rostos estavam fixos nela.
“Eu acredito que dentro desse grupo, um
Fae está com eles,” Tara deixou escapar de
repente, e seus olhos verdes escureceram
por um momento e se voltaram para Cyran.
“Um Seelie? É isso que você quer dizer?”
Cyran zombou como se o gesto fosse feito
para descartar sua ideia absurda.
“Eu não disse que era um de vocês. Não
coloque palavras na minha boca que eu
ainda não disse, fae.” A voz de Tara saiu
áspera.
“Somente um Unseelie falaria tal tolice.”
Cyran estreitou os olhos. E ele estava certo.
Esse era o objetivo dela.
Por mais que Cyran odiasse admitir, o
Fae escuro sempre foi de alguma forma
superior a seus vizinhos.
E era altamente duvidoso que Cian, o
Rei dos Unseelie, não soubesse sobre um
traidor potencial em sua terra. Mas nada
era certo na vida e na morte.
“Como eu disse, um fae deve estar
ajudando os outros. Apenas um fae pode
entrar e sair de qualquer reino sem que
ninguém perceba.”
“Cyran,” Vera interrompeu. “Você sabe
se algum de seu povo passa mais tempo fora
de seu reino do que o normal?”
“Muitos de nós passam algum tempo
longe da corte Seelie”, ele Respondeu.

“O que nós devemos fazer então?”


Starlet perguntou, chamando a atenção do
Lycan para ela.
A tensão entre os dois foi crescendo com
cada minuto que passava. Todos podiam
sentir. E o medo do Lycan apareceu como
uma chama ardente.
Angústia e dor misturadas. Medo de que
a bruxa também o rejeitasse.
“Acho que devemos começar olhando
desde o início”,
Ximera respondeu.
“Quem foi a primeira vítima?” Starlet
perguntou novamente.
“Não sabemos ao certo. Mas devemos
pelo menos começar com os primeiros.
Talvez tenhamos algumas pistas”, disse
Hado, olhando para ela com saudade.
“Devemos começar procurando no Reino
Mortal. Um dos primeiros foi encontrado
perto da taverna Raposa e Javali.
“Devemos nos dividir em dois grupos.
Alguns procuram o Reino Mortal e o resto
entre os Reinos. Presumo que os respectivos
reis e rainhas nos deram acesso?”
Ximera ergueu uma sobrancelha. Pausa
em Tara.
“As Cortes Unseelie estão fora dos
limites,” esclareceu Tara.

“Por que não estou surpreso?” Hado deu


um meio sorriso.
“Posso assegurar-lhe que meu rei
ajudará de qualquer maneira necessária
para resolver este problema. Como você
pode ver, aqui estou eu.”
“O Rei dos Unseelie enviou um mortal
aparentemente, ou mestiço.” Cyran
zombou. Fazendo com que todos voltassem
o foco para ela.
A pergunta estava em seus olhos. Por
que alguém como
Ela vem da corte Unseelie?
“Se o Rei dela a enviou, é porque ele
confia nela. Mortal ou não, ela foi escolhida.
Isso, pelo menos, diz algo sobre ela.
“E se isso não for suficiente para você,
então olhe novamente para a chama
pairando sobre sua cabeça,” Ximera
respondeu a Cyran.
Sua postura e palavras falavam de
alguém sábio. Alguém que pensa antes de
agir.
“Bem, como todos vocês já ouviram, há
um novo Rei em meu reino.” Vera anunciou
com um sorriso..
“Ouvi dizer que seu novo Rei é mais
mortal que o anterior. Dizem que ele leva à
morte pela mão”, disse Ximera novamente.

“Isso mesmo. O Rei quer conhecer todos


vocês. Nenhum de vocês o conhece. E ele
não é alguém para ser levado de ânimo leve.
“Ele quer aproveitar a ocasião de uma
festa para Conhecer você. Todos os
governantes coroados conhecem nossos
rostos, Exceto para ele.
“E se você quiser ter acesso à nossa
terra, conhecer o rei é um requisito.”
“Muito bem. Quando será a reunião?”
Starlet perguntou
“Amanhã”, respondeu Vera.
O batimento cardíaco de Tara acelerou
de repente. O pensamento de ir para o reino
dos vampiros fez seu peito apertar. Ela
queria recusar educadamente e fugir como
uma covarde
Talvez Cian a perdoaria, mas
provavelmente não. Ela sabia que não tinha
escolha a não ser ir para lá. Mais cedo ou
mais tarde, ela teria que enfrentar a
possibilidade de ver seu companheiro
novamente.

Talvez Roderick não estivesse lá.


Capítulo nove

De pé na frente de um espelho mais alto


do que ela, cercado de madeira de ébano,
Tara olhou para si mesma.
Na noite anterior, ela mal conseguira
dormir, pensando em todas as chances de
encontrar Roderick mais uma vez. Talvez
todas as suas preocupações fossem em vão.
Ela olhou para seu corpo. Sua pele
adquirira uma beleza imortal que pertencia
apenas ao rosto
O espelho revelou uma mulher
orgulhosa e autoconfiante. Sua figura foi
moldada pelo vestido que ela havia
escolhido.
A cor parecia apropriada quando ela
decidiu usá-la. Mas agora, ela estava
começando a se arrepender por algum
motivo.
“Você com certeza está mais bonita.”
Airdan apareceu ao seu lado depois de ser
anunciado. Seus lábios se curvaram em um
sorriso. “O Rei dos Vampiros não vai tirar os
olhos de você esta noite. Ou de qualquer
outro.”

“Eu não estou interessada em ganhar a


atenção daquele rei,” Tara zombou. “Eu só
vou porque eu tenho que ir.”
Seus olhos percorreram o tecido de seu
vestido. Banhado em escarlate. Suas
mangas compridas tinham linhas
costuradas em torno de seus pulsos que se
misturavam para formar uma coroa
dourada.
As mesmas linhas formavam um anel de
ouro rico na área da cintura. Seu cabelo
castanho estava preso em um coque baixo.
“Mas você certamente tem a aparência
de uma verdadeira rainha.”
Airdan sorriu. Tara franziu as
sobrancelhas e se virou para olhar para ele,
Ignorando seu comentário. “Você acha
que ele vai estar lá?”
Ele a observou por alguns segundos,
decidindo se agora seria a oportunidade de
deixá-la saber. Mas se ele fizesse isso, então
a surpresa não seria nada divertida.
Afinal, ela se recusou a ouvi-lo quando
ele quis dizer a ela uma vez. Ela poderia
muito bem aprender a lição. Sua boca se
torceu em um meio sorriso travesso.
“Provavelmente. Mas com quem você
deveria se preocupar, seria o rei deles.”
“Ele não pode fazer nada comigo,
mesmo que quisesse.”
Airdan sorriu. “É imprudente
subestimar os outros. Dada uma chance, o
Rei Vampiro pode vencer em uma luta com
Lord Kieran.
E isso certamente seria algo para se
contemplar, já que o Senhor da Corte dos
Medos está atrás do Rei dos Unseelie, o
mais poderoso.”
“Agora, isso seria algo para ver. Kieran
sendo derrotado pelo Rei dos Vampiros.”
Tara sorriu.
“Tenho um leve pressentimento de que
esta noite o rei deles não tirará os olhos de
você. Quem sabe, talvez, quando você
voltar, você não será mais Tara da Corte dos
Medos, mas uma rainha.”
Ela revirou os olhos para ele. “Rainha
dos Vampiros? Eu acho que não. Eu não
saberia o que fazer com todos eles em
primeiro lugar. Você pode imaginar?
Nenhum deles dorme, e eu ficaria
vulnerável por algumas horas dormindo.
Além disso, o rei não pode reivindicar
alguém que foi marcado por outra pessoa.”
Com as mãos atrás das costas, Airdan
olhou para o chão por um momento e depois
de volta para ela. “O rei cuidaria do seu
sono”, ele brincou.
“Um conselho, Tara?” Airdan disse em
um tom mais severo, apagando toda
zombaria. “Aconteça o que acontecer esta
noite, não deixe o ressentimento fazer você
fugir.”
“Se eu encontrar Roderick esta noite,
nada que ele queira me dizer mudará minha
opinião sobre ele.

Não importa quantas razões ele tivesse


para me abandonar ou quão justificáveis
fossem essas razões, ele deveria pelo menos
ter se explicado para mim. Eu o teria
ajudado de qualquer maneira que pudesse.”
Ela deu uma última olhada em si
mesma no espelho. “Adeus, Airdan.
“Tome cuidado.”
Tons de azul escuro, rosa, laranja e roxo
compunham a entrada do castelo do Rei
Vampiro, e em meio a essas cores
galácticas, minúsculos diamantes
prateados brilhavam na superfície de
ambas as portas.
Tara nunca tinha visto nada parecido.
Pelo menos, fora das Cortes dos Unseelie.
Uma porta tinha a cor perpétua da
noite, um tom profundo e eterno de azul
onde centenas de brilhos se espalhavam por
todo o lugar. Era como olhar para a solidão
encarnada com um silêncio infinito.
Este Reino, sem dúvida, favoreceu a
magia. Alguma bruxa ou feiticeiro teria sido
o cérebro de tal extravagância.
Tara então olhou para a outra porta. Tão
diferente do outro, mas tão perto. Rosa,
laranja e roxo combinavam perfeitamente.
Quem parasse para olhar de perto podia
ver como aquelas sombras agiam como
nuvens escondendo um sol distante.
Nascer e pôr do sol..
Se a porta da noite eterna fosse um
lembrete de que aqueles que escolheram
sombras e sangue viveriam para sempre
nas trevas, a outra porta, a porta da luz, a
porta da vida...
Foi um lembrete bonito, mas muito
cruel, de que a luz é o pior inimigo deste
Reino, e que a vida cheia de luz e calor
pertence apenas ao passado.
As palavras de Roderick voltaram para
ela. Na Terra do Crepúsculo, ele dissera que
não sentia falta do sol e, na verdade, o
odiava, mas ela nunca ousara perguntar
por quê.
Roderick usava aquela expressão sem
emoção como se nada o afetasse, seus olhos
nunca revelando nada além do que ele
queria dar a conhecer, exceto naquela noite
na montanha.
Embora tenha sido apenas por um
instante, Tara viu uma pitada de raiva
quando ele se referiu ao sol. Foi o único
momento em que ela soube que havia uma
história cheia de lembranças tristes por trás
daquele ódio.
Algo que o aproximou de sua
mortalidade perdida.
Endireitando os ombros, levantando o
queixo e certificando-se de que o Feitiço
escondia os dois orifícios em seu pescoço,
ela subiu os degraus. As portas que davam
para dentro se abriram sozinhas.
Um longo e largo corredor se abriu na
frente dela. Grandes janelas em arco
deixavam entrar a luz do luar.
Luzes prateadas filtravam-se através
das vidraças, iluminando o caminho
acarpetado cor de vinho com padrões florais
creme, preto e marrom que levavam a outra
porta que ela vislumbrou da entrada.
Ela olhou para as janelas. A lua parecia
mais proeminente do que o normal. Branco
estilizado. Radiante e cheio. Muito
provavelmente, era falso. Apenas outro tipo
de magia, ela pensou.
O ar rodeou seu pescoço, indiferente.
Como uma leve brisa em uma manhã de
primavera, ele se enrolou em seus dedos,
movendo-se entre eles até deixá-los e
continuou com seus braços deixando
formigamento.
Escorregadio e sutil, ela sentiu a magia
pagã no ar novamente. Magia negra,
domada, controlada.
A mesma magia que existia no castelo
abriu a porta. Apresentando-a à música
sendo dançada por dezenas de vampiros.
Todos ricamente vestidos de azul como
a noite, vermelho como sangue e preto como
a própria escuridão.
As notas alegres e rítmicas de uma valsa
às vezes se tornavam melancólicas.
Sozinho. Uma música que falava do
passado. Um é chamado de morte.
Enquanto caminhava, sua audição
estava fixada na música, sentindo aquela
aura emotiva perversa e sinistra no coração
de cada nota. Como se a peça fosse feita
para atrair e depois abandonar.
Desarmando os sentidos e
transformando sua vítima em escrava do
feitiço de cada nota musical, preparando
você para a doce proposta de uma morte
sem dor e sem idade.
Não era mais aquele som agradável que
anulava toda a sanidade. O som era a voz
da morte oportuna. Tão atraente e perigoso
quanto os vampiros que estavam lá.
Quando ela entrou no salão de baile,
seus olhos se desviaram para cima. Um céu
azul escuro cheio de estrelas adicionava um
romance letal à noite. O teto era de vidro,
formando uma cúpula.
Grandes tochas ancoradas nas paredes
cinzentas do castelo iluminavam parte do
espaço, e luzes quentes iluminavam alguns
rostos.
Um daqueles criados com copos cheios
de vinho tinto parou diante de um grupo.
Um deles bebeu de um dos copos.
Ele colocou a língua para fora depois e
lambeu o lábio inferior, aproveitando cada
gota. O vinho parecia muito espesso,
manchando o interior do copo cada vez que
o vampiro bebia dele.
Tara lembrou então que vampiros, é
claro, não bebiam vinho. Não havia nada
além de sangue em todos os copos que ela
viu.
Ela continuou a avançar, contornando
os corpos que giravam ao ritmo da valsa
sem fim.
Não notando até agora que muitos não
pararam de olhar para ela desde que ela
entrou.

Seus olhos escanearam cada rosto que


ela encontrou ao longo do caminho, dizendo
a si mesma que ela estava apenas
procurando por um sinal de Ximera, o
Lycan e os outros.
Mas sua mente só conseguia pensar em
um nome. Um dono de olhos negros com íris
vermelhas.
“Aí está você!” Vera apareceu na frente
dela, fazendo-a parar de repente.
Seus olhos usavam maquiagem mais
acentuada; suas pálpebras estavam
alinhadas com perfeição, fazendo seus
olhos verdes eslavos parecerem maiores.
Vera era definitivamente incrivelmente
linda.
Sua figura foi delineada por um vestido
preto ajustado a ela
Curvas quase inexistentes. Pequenos
strass anexados ao tecido de seu vestido a
fazia se destacar acima de muitos.
“Siga-me. Os outros estão esperando do
outro lado. O Rei ainda não chegou.”
Naquele momento, os nervos vieram
com a menção do Rei dos Vampiros. Talvez
fosse porque as próprias palavras de Airdan
voltaram para ela.
Tara descartou a ideia novamente como
se fosse o pensamento mais ridículo.
Alcançando o outro lado da sala, ela
avistou o grupo. Com um aceno de cabeça,
ela cumprimentou cada um. “Boa noite a
todos.
“Boa noite. Tara.” Ximera foi a única que
respondeu.
O lorde demônio não disse nada, mas
retornou a saudação.
Sempre distante e sem palavras.
A bruxa e o Lycan ficaram lado a lado. A
julgar pelo olhar nos rostos um do outro,
eles provavelmente ainda não se aceitaram.
Seus semblantes estavam tensos. Perto,
lado a lado, e ainda incapazes de tocar suas
mãos. Especialmente Hado. Era
compreensível que a situação fosse
desafiadora para o Lycan
Afinal, ele estava em território inimigo.
E sua companheira estava a poucos
centímetros dele.
E quanto ao fae das Cortes Seelie, sua
boca era composta por uma linha fina. Suas
roupas eram azuis e brancas, muito
perfeitas e limpas. Pura arrogância.
Tara revirou os olhos internamente. O
idiota obviamente achava que era superior
a todos ali.
“Vinho?” Um dos muitos servos estava
na frente deles. Todos olharam com
expectativa para os copos, pensando
exatamente a mesma coisa. Sangue ou
vinho?
Vera pegou dois copos, dando um para
Tara e a bruxa. “É apenas vinho”, disse ela
com um sorriso, mostrando a ponta de suas
presas afiadas.
Tara tomou um grande gole, querendo
acalmar a ansiedade que tinha começado a
crescer com a espera.
“Onde está o seu rei?” Cyran retrucou,
recusando-se a bebida que Vera lhe
oferecera.
“Ele tinha alguns negócios para tratar
mais cedo. Mas ele estará aqui em breve.” O
sorriso educado de Vera desapareceu com a
pergunta de Cyran, que balançou a cabeça
como se fosse o próprio rei e estivesse
esperando.
A música mudou. Com outro gole de
vinho, Tara olhou ao redor em profunda
reflexão.
Passando por alguns rostos, seu olhar
arrastou-se para as tochas e portas do
outro lado da sala, até que seus olhos
pararam em um vampiro masculino parado
na extremidade da sala do outro lado.
Escondido em sua própria escuridão,
veio de seu corpo, como nuvens de fumaça,
movendo-se ao seu redor, escondendo sua
forma. Estóico e imperturbável, o Vampiro
provavelmente era um guarda protegendo
uma das portas.
Ele não se moveu, mas arrastou seu
olhar ao redor da sala até alcançá-la. Suas
sobrancelhas negras se juntaram.
Era o mesmo olhar que Vera lhe dera
naquele beco quando encontraram a garota
morta no reino mortal. Como se Tara
estivesse vendo algo que não deveria.
“Você pode vê-lo”, Vera sussurrou ao
lado dela. Isto não era uma pergunta, mas
uma confirmação.
Tara virou a cabeça para encontrá-la,
sobrancelhas franzidas exatamente como o
outro vampiro que ainda a observava do
outro lado.
“Curioso”, continuou Vera.
“Por que curioso?” ela perguntou,
intrigada.
Vera apenas piscou um sorriso para ela.
Mas o som das portas atraiu o olhar de
todos. A dança parou, embora a música
continuasse. Todos os vampiros baixaram a
cabeça com as mãos no coração.
Embora Tara não pudesse ver bem de
sua posição, ela tinha certeza de que era o
rei.
O eco de seus passos confiantes ficou
mais alto quando ele entrou. E quem
obstruía o caminho se afastava para abrir
caminho para ele.
O poder do Rei era pulsante,
avassalador e sombrio. Um sentimento
familiar que ela logo sentiu.
A temperatura da sala ficou mais fria.
Seu cabelo loiro escuro fez Tara acreditar
em coisas que não eram possíveis. Seu
coração disparou freneticamente.
Sua respiração parou por um instante
quando o rosto de seu companheiro
apareceu na frente dela.
“Boa noite a todos. Bem-vindos.” O som
de sua voz enviou um calafrio por sua
espinha impiedosamente.
Olhos negros com íris vermelho-sangue
que expressavam nada além de indiferença.
Seu cabelo curto ainda possuía aquele loiro
quase escuro.
Sua jaqueta de veludo azul meia-noite
destacava, ainda mais suas costas largas e
os músculos de seus braços. Ambas as
mãos estavam escondidas nos bolsos da
calça.
Ainda com o pescoço curvado e a mão
no coração, Vera sorriu: “Meu Rei”.

Roderick?

O nome dele surgiu em sua mente.


Desnorteada.
Capítulo dez

Os olhos de Tara eram incapazes de


deixar seu rosto.
Nem uma vez Roderick deu a ela mais
do que um breve olhar. Uma saudação fria
como se os dois nunca tivessem se
conhecido antes. Como se sua própria
companheira não estivesse na frente dele.
Seus dedos agarraram o copo de vinho
com mais força. Cada batida de seu coração
era forte, cheia de raiva nervosa.
Mas também a tristeza cortou seu peito.
Roderick não a reconheceu. Ele a ignorou
enquanto dava a Vera um daqueles sorrisos
tímidos e convidativos.
Ele levantou o braço. Tara olhou nos
olhos dele, procurando por algo que a
fizesse acreditar que ele não a estava
ignorando e que tudo não passava de um
mal-entendido.
Seus dedos pareciam estender-se em
sua direção. Mas não foi a mão dela que o
pegou.
Era Starlet. Com seu vestido preto e
dourado apertado na cintura e a curva de
seus seios à mostra, a bruxa era
enigmática.
Enquanto os dois se afastavam para o
coração da dança. Tara travou os olhos com
o Lycan. Seus olhos estavam
completamente pretos.
Sua besta estava dominando sua forma
humana. Mas Hado não parecia zangado.
Seus olhos Lycan carregavam sofrimento
neles enquanto ele seguia a figura da bruxa.
Seu olhar voltou para Roderick. Os dois
começaram a dançar, absortos em uma
conversa particular, um sorriso ocasional
surgindo.
Tara sorriu ironicamente para si
mesma. O que exatamente ela esperava?
Que seu companheiro, o novo Rei dos
Vampiros, imploraria seu perdão, se
ajoelharia diante dela e imploraria que o
aceitasse?
Tolice dela esperar que talvez, apenas
talvez, ele a pedisse para voltar. E mais tola
ela pensou agora, porque ela percebeu que
ainda não tinha superado ele.
Tara colocou a taça de vinho em uma
das bandejas quando um dos servos
passou.
Seu dever estava mais do que cumprido.
Pelo menos o rei agora conhecia seu rosto
como Vera havia dito.
Não havia absolutamente nada mais a
fazer, e ela realmente só queria sair de lá.
O feitiço que ela usava escondia a marca
de sua mordida, mas não aliviou a leve dor
ardente que ela sentiu desde que ele entrou
no quarto. Como se a marca tivesse
ganhado vida pela segunda vez.
Pronta para se despedir do resto, uma
mão de repente pegou a dela, puxando-a
para longe do grupo.
"O que você está fazendo?" ela exclamou
enquanto observava o Lycan se juntar à
dança implacável.
"Dançando, o que você acha?" Hado
disse a ela. Seu tom estava cheio de raiva
contida.
"Mas eu não quero dançar," Tara
protestou.
"Tarde demais para isso." Hado parou,
agarrando-a pela cintura, puxando-a muito
perto de seu peito.
Ao contrário do resto dos vampiros, o
Lycan estava vestido de acordo com a moda
ditada pelo mundo mortal. Seu terno preto
cortado com perfeição o fazia parecer
irresistível.
"A próxima vez que você me maltratar,
eu vou te matar." Seus olhos verdes
tornaram-se tons mais escuros. O poder
jorrou dela como nenhum outro.
E o Lycan estava se esforçando ao
máximo para não abaixar a cabeça em
submissão. Não era como o poder de um
desses alfas.
A mulher em seus braços possuía uma
autoridade superior, algo que talvez
nenhum alfa pudesse resistir, exceto o Rei
de todos os Lycans.
Os vampiros ao redor deles pararam
quando sentiram a mudança na atmosfera
– a nova autoridade colidindo com a do Rei.
Mas antes que todos começassem a
inclinar a cabeça em obediência, a calma
voltou. Libertando-a de qualquer possível
suspeita.
Todos continuaram suas conversas e
danças como se nada tivesse acontecido.
Os olhos de Tara foram do rosto
angustiado de Hado para o outro casal logo
atrás dele.
Encontrando o olhar firme de Roderick,
ele virou o rosto na direção da bruxa ruiva
que ele segurava em seus braços. E Tara viu
os cantos de seus olhos suavizarem um
pouco.
Outra pontada de ciúmes. Ela tentou
ignorá-lo, concentrando-se no Lycan agora.
"Você não acha isso patético?" Ela
perguntou a ele. Hado não entendeu sua
pergunta, fazendo-a revirar os olhos. "Por
que você deixou o rei dos vampiros levar sua
companheira?"
"É tão óbvio que somos companheiros?"
Hado, soltou um sorriso sem humor. A dor
apareceu em seus olhos novamente. Tara
assentiu, sentindo pena dele. Simpatizando
perfeitamente com como ele estava se
sentindo agora.
Ver sua companheira nos braços de
outra pessoa. Não era justo que ambos
estivessem passando por isso quando
aqueles dois pareciam se conhecer tão bem.
"Nós iremos?" ela perguntou
novamente, querendo saber as razões dele.
"Nós não tivemos a chance de discutir
isso."
"Isso é uma desculpa de merda." Tara
respondeu em um tom sutil. algo que não
contrastava com suas palavras.
"O que você sabe?" Hado disse, não
gostando do jeito que ela falou com ele.
"Muito mais do que você pensa," ela
murmurou, esquecendo que o Lycan podia
ouvi-la perfeitamente bem com sua
habilidade auditiva superior. Mas Hado não
comentou sobre isso.
Ambos continuaram a se mover pelo
salão de baile. Sempre perto de Starlet e
Roderick. Obviamente, Hado não conseguiu
conter seu ciúme.
E embora Tara quisesse revelar a ele a
angústia que tinha visto na bruxa, ela
decidiu ficar quieta.
Por outro lado, Starlet os observava de
vez em quando, com as sobrancelhas
constantemente franzidas. Seus olhos
mudaram de Hado para ela.
Um fluxo de emoções estava em cada
um de seus olhares. Dor, raiva, desejo e
mais raiva.
Roderick, no entanto, nunca olhou em
sua direção. E então ela decidiu ignorá-lo
também.
Logo, mais focada em sua dança com o
Lycan, ela esqueceu o casal que eles
estavam perseguindo pela sala, graças a
Hado e sua perseguição. Patético mesmo.
Mas Hado parecia perseverar em vencer
a batalha ciumenta que a bruxa e ele
estavam tendo.
As notas melancólicas da valsa viajaram
no ar, dando-lhe as boas-vindas e
suplicando-lhe que se abandonasse aos
braços da morte.
E por mais tentador que fosse, ela
sempre mantinha um olhar atento ao seu
redor. O lugar estava vivo com magia negra.
Em cada nota musical, no ar e na noite
eterna. Era a isca perfeita para fazer os
outros sucumbirem.
Hado comentava algo de vez em quando.
e ela respondia, ocasionalmente fingindo
interesse na conversa.
Seu olhar vagou ao redor da sala,
estudando outros casais dançando ou em
pé perto da valsa. Algumas usavam roupas
exageradas, como vestidos com grandes
babados e tecidos que arrastavam pelo
chão. Cada mulher era bonita à sua
maneira.
Os homens eram atraentes com suas
feições, alguns suaves e frágeis em beleza e
outros duros. Seus olhos então se
detiveram em uma vampira em particular.
Suas presas roçaram o pescoço de seu
parceiro, brincando com a doce tentação de
mordê-lo. Era ousado e cheio de
sexualidade.
Mas o que chamou sua atenção não foi
isso. Era que o macho, ao que parecia, era
humano.
Enquanto o vampiro brincava com seu
pescoço, ele parecia sorrir, apreciando
aquela língua sedutora e a ponta daquelas
presas.
Mas Tara olhou para ele mais de perto,
descobrindo algo que dizia o oposto em seus
olhos. Ele não estava sorrindo, ele não
estava se divertindo. O humano fingia
gostar.
Olhando para onde os dois estavam, o
humano de repente travou os olhos com ela.
E Tara então sentiu seu medo. Ele tinha
medo do fracasso. Algo que ele tinha que
fazer, e logo.
Mas ele temia não conseguir atingir seu
objetivo.
Foi estranho. Vampiros deveriam
confundir a mente dos humanos, incapazes
de raciocinar. Enviando felicidade ao corpo
e apagando todas as suas memórias.
A vampira pegou sua mão e caminhou
até uma das portas.
Algo não estava certo.
"Hado," Tara interrompeu seu monólogo
agora sobre vampiros e licanos. "Há algo
errado. Acho que eles estão aqui."
"O que você quer dizer?"
"Siga-me primeiro, e eu lhe direi no
caminho. Apenas sorria e siga minha
liderança."
Ela pegou sua mão, sorrindo para ele
como se ele fosse o único homem que
importasse, esculpindo uma imagem íntima
através de sorrisos e carícias íntimas.
Hado tentou seguir sua liderança, mas
achou desafiador. Seu sorriso estava
contraído, um que não alcançava seus
olhos.
Ambos chegaram à porta, abrindo-a
com as mãos apertadas.
O mesmo guarda que ela tinha visto
estava observando a própria entrada pela
qual o mortal e o vampiro haviam
desaparecido.
Seu rosto estava inexpressivo. Se ele
suspeitasse de alguma coisa, ele não a
deixaria ver.
“Que porra está acontecendo?” Hado
soltou a mão abruptamente assim que a
porta se fechou atrás dele. A porta levava a
uma escada que descia em espiral.
Tochas penduradas em suas paredes.
Com Hado atrás dela, Tara desceu
rapidamente cada degrau.
“Onde estamos indo?” Hado perguntou.
“Enquanto estávamos dançando, vi um
mortal com um vampiro.”
“E? Vampiros os trazem para este lugar
como seus Animais de estimação malditos
de sangue.”
“Sim.” Tara parou em um dos degraus e
se virou para ele. “Mas o mortal não era
controlado mentalmente. Ele estava
perfeitamente ciente de tudo.”
Hado baixou a sobrancelha.
“Exatamente,” Tara continuou,
adivinhando a suspeita nos olhos do Lycan.
“Isso não parece estranho para você?”
Tara continuou descendo até chegar a
um longo corredor igualmente iluminado
por tochas. Uma única porta estava fechada
no final.
"Ele estava fingindo".
Capítulo onze

“Como você saberia disso?” Hado


caminhou ao lado dela. Abrindo a porta e
saindo em um beco ladeado por duas torres
pertencentes ao castelo e conectadas por
uma ponte estreita.
“Você pode cheirá-los?” Tara perguntou
a ele, intencionalmente esquecendo de
responder sua pergunta.
Hado cheirou o ar, franzindo o nariz a
cada cheirada. “Bem ali.”
Ambos continuaram para a direita. O
beco tornou-se mais largo quando chegou a
outra interseção.

A rua de paralelepípedos estava


banhada pelo interminável orvalho da noite.
O Lycan ainda estava farejando o ar com
urgência. Ele parou no cruzamento com
Tara em seus calcanhares.
“Para onde?” ela exigiu, ainda tentando
procurar o medo que estava ficando cada
vez mais fraco.
“Sumiu.”
Ambos se apressaram. As ruas estavam
vazias, ladeadas por edifícios nobres
centenários. Edifícios de dois andares,
feitos de pedra e madeira.
Hado virou à esquerda. A nova rota foi
mergulhada em
Melancolia.
Hado levantou a mão, parando-a no
lugar. Ele cheirou o ar novamente. Suas
pupilas se contraíram. Um grito ecoou pela
escuridão da rua.
Tara sentiu o medo da vampira. Ambos
correram em direção ao grito.
Ao contrário do Lycan, que podia ver
perfeitamente na escuridão, Tara só
conseguia distinguir sombras em
movimento rápido. Uma bola de cristal
emergiu de sua mão. Um brilho âmbar
brilhante irrompeu da noite.
As mãos de Hado se tornaram garras.
Movendo-se a uma velocidade incrível atrás
do humano que fugiu para uma direção
diferente.
Tara deu um passo à frente na direção
da mulher. A ponta de suas presas afiadas
roçou seu lábio inferior. Uma adaga havia
sido enterrada perto de seu coração.
“Deixe-me ajudá-la.” Disse Tara. Com
cuidado, ela puxou a adaga. O vampiro
gritou com o movimento. O sangue jorrou
da ferida. “A ferida vai fechar?”
“Prata.” Os olhos da vampira
escanearam a adaga em sua mão.
Tara olhou para a adaga.
“Não nos mata se você não enterrá-lo no
coração”, disse a mulher com voz hesitante.
“Mas uma ferida com um desses...” Ela
apontou novamente para a adaga.
“Isso pode nos deixar fracos por um
momento. A ferida já está fechando. Eu
posso sentir isso.”
“Eu preciso ir atrás do Lycan. Você vai
ficar bem?” Tara perguntou, e o vampiro
assentiu.
Sem perder mais tempo, ela foi atrás de
Hado, dobrou uma esquina e encontrou
outra rua que pelo menos estava iluminada
por postes vitorianos.
Nada. Não havia sinal dele. Enquanto
Tara descia mais duas ruas, um barulho
como o de uma fera a fez correr na direção
de onde ela o ouvira.
Ela encontrou Hado com a mão no
pescoço do próprio humano que havia
esfaqueado a vampira.
"Não o mate!" ela gritou para ele. Mas
Hado não a ouviria. "Hado!" Tara exclamou
novamente.
Pelo olhar em seu rosto, mais alguns
segundos e o humano estaria morto.
"Precisamos dele vivo!"
O medo de não morrer estava saindo
fortemente do humano. Medo do Lycan.
Medo dela. Medo da própria morte e de não
ver a esposa.
Hado o soltou. O humano tossiu alto
enquanto mal conseguia se segurar no chão
e se levantar.
Hado se abaixou, agarrando seu rosto
com força, fazendo-o gemer de dor. "Por que
você fez isso? Fale!" O medo cresceu. Ele
permeou o ar ao redor deles.
"Por que você fez isso?" Tara interveio.
Isso forçou mais medo nele.
O humano começou a tremer, gritando:
"Por favor, não! Por favor!", exclamou Hado.
"Eles vão me matar", disse o mortal,
soluçando.
"Eles vão matá-lo de qualquer maneira
quando você voltar para eles", respondeu
Hado. "Quando eles sabem que você
falhou."
Tara olhou diretamente em seus olhos
cinzas, entrando em sua mente, criando um
medo irreal, terror de um futuro incerto.
O humano abriu os olhos, a angústia
percorrendo cada centímetro de seu corpo
até que agarrou sua alma e ficou lá.
Lágrimas escorriam por suas bochechas
recém-barbeadas.
"Eles me prometeram..." Saliva cuspiu
de sua boca devido à força que Hado
continuou exercendo com os dedos em seu
rosto.
"Falar!" Hado rosnou. De suas unhas, as
longas garras de seu Lycan estavam
começando a emergir, perfurando as
bochechas do mortal.
Outro gemido suplicante veio do mortal.
Hado o agarrou pelo pescoço, deixando seu
rosto marcado com pequenos arranhões.
Fora da periferia de seus olhos, Tara viu
outra pessoa. O mesmo vampiro macho que
observava tudo e todos no castelo.

Escondido na fumaça preta, o guarda se


aproximou deles.
“Temos companhia,” Tara falou. Hado
virou o rosto e então olhou para o vampiro.
As sombras negras como fumaça
desapareceram.
O guarda vampiro assentiu, como se
aprovasse a Situação.
“Eles me disseram que se eu matasse
um deles, eles me devolveriam minha
esposa”, confessou o mortal, atraindo a
atenção dos três.
“Como você sabe sobre vampiros?” Tara
se aproximou. Sua voz gélida e olhos de aço
o prenderam no local.
O frio irreal que ela procurava saiu por
entre os dedos dele, ameaçando com o medo
de morrer sozinha em um inverno rigoroso.
“Por favor, pare,” o mortal implorou
novamente. Tremendo.
Sentindo suas mãos e pés congelarem.
“Fale!” A voz de Tara saiu áspera. Uma
única palavra cheia de autoridade. O
guarda vampiro olhou para ela com os olhos
apertados.
“Não sei seus nomes. Só recebi um
bilhete onde deveria encontrá-los.”
“O que mais?” Hado o sacudiu. Suas
garras cravaram na carne de seu pescoço.
“Eu não sei mais nada, eu juro.”

“Ele está mentindo,” Tara disse


seriamente. Nada do que ele estava dizendo
fazia sentido.
“Mate-o”, disse o vampiro que estava
calado até agora.
Os olhos do mortal se arregalaram de
medo ao pensar em morrer. “Eu tenho um
nome! Eu posso te dar um nome. Isso é tudo
que eu sei. Por favor, eles vão matar minha
esposa. Eu preciso salvá-la.”
“Diga-nos o nome”, disse o guarda.
“Hu” O mortal engasgou de repente e
caiu para o lado. Uma faca havia sido
arremessada, enterrando-se na nuca dele.
O vampiro, Hado, e ela imediatamente
entraram em alerta.
Procurando em todos os lugares.
Tara viu um lampejo de uma silhueta.
Fêmea. Escondido em um canto feito por
um dos prédios.
Seu cabelo mal estava saindo do capuz.
E ela poderia jurar que era de cor clara. O
resto de seu rosto estava escondido pelo
capuz.
“Pronto”, disse ela para Hado, que, junto
com o vampiro, não poupou tempo em
perseguir a mulher.
Tara, que foi deixada para trás,
assobiou de repente. A dor aguda em sua
perna a impediu de segui-los.

Sua coxa doía. Um pequeno dardo perto


de seu joelho havia sido lançado,
perfurando-a. Agarrando o dardo e
puxando-o com força, ela viu a ponta afiada.
Ela olhou ao redor. Sobre um dos
telhados estava um homem. Seu rosto
estava escondido como o da mulher de
cabelos claros. E em sua mão estava uma
pequena zarabatana.
O estranho ainda a observava como se
esperasse algo dela. E depois de alguns
segundos, ele desapareceu de repente.
Tara olhou para a ponta do dardo
novamente.
Ferro frio.
Foi banhado em ferro frio. E embora a
ferida não fosse profunda, nem a deixasse
inconsciente, ainda era dolorosa. Ela podia
sentir fios de sangue deslizando lentamente
por sua perna.
"Ela escapou?" Ela viu Hado correndo
em sua direção.

Com um aceno sutil de sua mão, ela


desvaneceu o dardo, e sua ferida tornou-se
inexistente para os olhos e nariz do Lycan e
dos outros usando um feitiço.
"Ela desapareceu assim." Hado
respondeu.
“Devemos voltar ao castelo,” o guarda
vampiro apareceu na frente deles. Sua voz
era rouca, quase rude. Seus olhos eram de
um azul pálido contra seu cabelo preto
puxado para trás em um coque curto.
Ela começou a andar, ignorando a
queimação que se transformava em dor a
cada passo.
“Você está bem?” Hado franziu a testa
com seu olhar sobre as pernas dela.
“Sim. Meus pés doem por causa dos
meus sapatos,” ela mentiu.
E embora Hado pudesse ter acreditado
nela, o olhar no rosto do vampiro dizia o
contrário. Mas em vez de dizer qualquer
coisa, ele apenas escolheu ficar em silêncio.
De volta ao castelo, as notas finais de
uma valsa deixaram os músicos ainda mais
animados.
Lutando, Tara caminhou com Hado em
direção a Cyran, Teias, Starlet e Ximera. O
guarda deu outra volta assim que eles
entraram no corredor.

Ela continuou tentando andar sem


parar, engolindo a dor que sentia na perna.
Embora a ferida fosse leve, ferro frio ainda
era veneno para sua espécie.
Pelo menos com o feitiço, ninguém
sentiria o cheiro de seu sangue. Vampiros
sorridentes envolvidos em conversas
estranhas a seus ouvidos cruzaram na
frente dela.
Às vezes ela sentia o dano do dardo por
tontura espontânea que ela tentava a todo
custo esconder. Logo ela teria que sair dali
se não quisesse desabar no chão.
"Tem certeza que você está bem?" Hado
sussurrou em seu carro. O rosto de Tara
estava lentamente mostrando sinais de
palidez.
"Eu estou bem," ela o assegurou,
sentindo a mão dele em suas costas. Hado
não estava convencido.
E o gesto era o de um homem bem-
educado. Sua mão de alguma forma
garantiu que ela permanecesse de pé sem
vacilar.

Alcançando o resto, Starlet os observou


friamente. Seus olhos foram da mão de
Hado nas costas de Tara para ela.
"Onde você estava?" perguntou Ximera.
Hado se afastou de Tara imediatamente.
Seus olhos treinaram na bruxa. "Um
vampiro foi atacado esta noite." Começou a
contar-lhes tudo o que tinha acontecido.
Tara tentou prestar atenção aos
comentários e hipóteses que eles estavam
fazendo, mas a dor estava começando a
incomodá-la ainda mais enquanto ela
continuava parada ali.
Seus lábios vermelhos estavam secos.
Ela os enxugou com a língua para umedecê-
los.
Um vampiro com cabelo preto
encaracolado e olhos castanhos claros se
aproximou deles. Embora ele fosse alto e
magro, havia uma ferocidade em seu olhar
que a deixou inquieta.
"O rei gostaria de uma palavra com
vocês dois." Seus olhos estavam sobre ela
em particular.
Capítulo Doze

"Com licença..." Ximera interveio.


O vampiro olhou para ela, seus olhos se
deslocando para ela. Ximera não era uma
das mulheres mais baixas que Tara já
conhecera.
Mas em comparação com o resto dos
que estavam lá, ela certamente não se
destacava por sua constituição, apesar de
ser um dos seres mais poderosos de um
dragão feminino.
"Se o rei deseja falar com eles, devemos
estar lá também. O que aconteceu esta noite
diz respeito a todos nós."
O vampiro não fez nada além de
observá-la por um momento.
Seus olhos eram como os de um
predador examinando sua presa.
Com passos lentos, mas seguros para
seu destino, ele se aproximou de Ximera,
que teve que levantar a cabeça ainda mais
para encontrar seu olhar.
E apesar do ar assassino que o vampiro
usava, o olhar de Ximera não expressava
nada além de determinação.
A fêmea dragão era feroz. Com seus
cachos amarrados para trás. não havia uma
gota de medo nela.
"O Rei pediu exclusivamente para se
encontrar com o Sr. Hado e a Srta. Tara."
Se por um instante ele pareceu decidido
a rosna-la, algo deve ter mudado no
processo, porque seu tom de voz saiu mais
calmo do que parecia.
"Tenho certeza de que o resultado da
reunião será compartilhado com seu
grupo." O canto de seus lábios se ergueu
ligeiramente em um sorriso que não era
nada sedutor, mas um tanto sombrio.
“Se não houver outra objeção...” O
vampiro olhou para o resto até que seu
olhar permaneceu em Tara. "Me siga."
Tara e Hado seguiram o vampiro, que
andou à frente deles com um pouco mais de
pressa do que Tara teria preferido. A perna
dela doía demais. A tontura veio e foi.
Sua garganta parecia mais seca. Ela
precisava voltar para sua Corte e beber o
maldito remédio.
Se Kieran a visse agora, certamente a
forçaria a suportar a dor, acostumar-se com
a sensação do veneno porque acreditava
que tornaria seu corpo mais resistente ao
ferro frio.
Mas Tara não queria suportar a dor, não
quando cercada por um grupo que
compreendia todos os sete Reinos.
Especialmente não quando ela estava
prestes a se encontrar Roderick cara a cara.
Depois de passar por algumas dezenas
de vampiros, ela e Hado continuaram por
uma porta quase invisível. Era uma
daquelas que, à primeira vista, parecia ser
a própria muralha do interior do castelo.
O vampiro apenas a empurrou, e a porta
que parecia uma parede deixou uma
abertura grande o suficiente para Hado, que
era o mais musculoso dos três, passar.
Tara tentou não mancar, mas na
velocidade que o vampiro estava indo, era
quase impossível não fazê-lo. E em uma
dessas pontadas, ela sentiu uma tontura
repentina, e sua mão agarrou o braço de
Hado.
“Não minta de novo”, Hado sussurrou
para ela. Ambos pararam. “Eu posso ver
que você não está bem.”
“Há algum problema?” O vampiro de
repente apareceu na frente deles.
“Não,” Tara respondeu, endireitando-se.
“O Rei não gosta de esperar.” O vampiro
então olhou para a mão dela ainda na de
Hado.
Hado entrelaçou seu braço com o dela.
Ele estendeu a mão em direção ao
corredor sombrio e frio pelo qual estavam
andando até agora e disse com um sorriso:
“Seu rei não gosta de ficar esperando.”
O vampiro olhou para ele com desdém e
então se virou e começou a andar.
“Tente apoiar seu peso em mim”,
sussurrou Hado em seu ouvido.
O corredor então levava a um salão tão
grande quanto aquele onde a bola estava
sendo realizada. No entanto, era tão
diferente ao mesmo tempo.
Grandes pinturas penduradas nas
paredes, imagens de guerras entre
humanos e orgias entre vampiros e Mortais.
Como se tudo isso não tivesse outro
propósito senão fazê-los lembrar de onde
vieram e no que se tornaram. Memórias do
passado e do presente.
O chão estava coberto por um tapete
aveludado cor de safira. Salas de cadeiras
vermelhas e pretas foram colocadas em
posições estratégicas, misturadas com a
ocasional cadeira e sofá de espaldar alto.
A jornada pela sala estava se tornando
quase uma provação para Tara. Apoiando
quase todo o seu peso no Lycan, ela andou
com pressa.
O vampiro abriu outra porta, e eles
entraram em outra sala que parecia um hall
de entrada formidável, só que não havia
uma única peça de decoração lá.
Havia apenas uma larga escadaria que
levava a uma espécie de corredor-varanda.
“Eu posso carregá-la se você precisar,”
Hado disse a ela quando notou seu rosto
enquanto ela olhava para as escadas.
"Não. Obrigado. Eu vou ficar bem." Tara
o soltou e começou a subir cada degrau,
apoiando-se no corrimão, os lábios
apertando a cada subida.
Finalmente, ela exalou quando chegou
ao topo. E depois de andar por outro
corredor, o vampiro parou em uma porta
colocada em um arco grosso.
A dor em sua perna ainda era
implacável, mas agora estava misturada
com uma nova. Era a marca amaldiçoando
suas veias. O sangue que corria por seu
corpo.
Sangue que carregava a essência do Rei
dos Vampiros.
Era como se seu próprio corpo soubesse
que ele estava perto.
A porta se abriu, revelando Vera. "Vou
pegá-los da próxima vez, Francis", disse ela,
bastante irritada.
"Não é minha culpa que eles sejam
lentos", respondeu Francis.
Seu nome não tinha nada a ver com o ar
predatório que carregava. O nome de
Francis soava mais como alguém bom
demais, nada como seu atual dono.
"Vera, deixe-os entrar", a voz de
Roderick foi ouvida do outro lado da porta.
Tara não se sentia tão ansiosa quanto
pensava.
E ela sabia que tinha mais a ver com o
desconforto na perna dela. E naquele
momento, ela aceitou e apreciou a dor por
distraí-la de tudo que Roderick a estava
fazendo sentir.
Era melhor enfrentá-lo assim. Distraído
pela dor.
Tara foi a primeira a entrar depois de
Vera. E seus olhos imediatamente o
encontraram.
Roderick estava sentado na cabeceira da
mesa. Seus olhos frívolos olhavam apenas
para o rosto dela. "Sente-se", disse ele.
Vera e o vampiro chamado Francis
estavam atrás da cadeira de Roderick.
Tara e Hado sentaram-se um ao lado do
outro, com ela mais longe do rei.
"Disseram-me que um dos meus
vampiros foi atacado por um mortal. E que
vocês dois a ajudaram." Sua voz, embora
masculina, saiu suave, baixa como se o
assunto fosse muito chato para ele.
"Devo agradecer a ambos." Roderick
olhou primeiro para Hado e depois para
Tara.
"De nada." O tom de Hado saiu mais
áspero do que o previsto.
E Tara só podia adivinhar que o Lycan
tinha apenas uma coisa em mente:
provavelmente arrancar a cabeça de
Roderick por ter dançado com a bruxa.
Roderick, no entanto, não se incomodou
com a ferocidade. "Você viu quem matou o
mortal?"
Hado olhou para Tara, que olhava de vez
em quando para Roderick, concentrando-se
apenas na dor na perna, que mantinha
esticada debaixo da mesa.
Seu olhar passou das grossas cortinas
vermelhas que adornavam uma falsa janela
para o lustre de ouro que pendia do teto
com dezenas de velas já quase derretidas
pela chama constante em cada uma.
A sala era grande o suficiente para caber
na mesa em que eles estavam sentados e
dois sofás longos, quase marrom-sangue.
Não havia nada de distintivo nisso. Era
apenas uma sala aparentemente privada.
"Achamos que era uma mulher",
continuou Hado. "Nós não podíamos ver seu
rosto, mas pelo menos seu cabelo parecia
ser louro."
"Mmm," Roderick parecia pensativo,
seus olhos agora fixos em Tara. "Há mais
alguma coisa que aconteceu esta noite?"
Tara olhou para ele, lembrando-se agora
do homem no telhado que havia atirado o
dardo nela.
"Não", ela acabou respondendo.
"Muito bem," Roderick assentiu
levemente. "Todos vocês vão, exceto Tara."
Hado fez uma careta e olhou para Tara,
que parecia repentinamente nervosa.
"Rei Roderick, a Srta. Tara precisa
voltar..." Hado começou a dizer, querendo
salvá-la da situação precária em que ele
acreditava que ela estava. Sabendo que ela
devia estar com algum tipo de dor física.
Roderick de repente mostrou suas
presas junto com um silvo.
Hado soltou um grunhido desenfreado,
fazendo Francis e Vera assobiarem através
de suas longas presas.
A tensão cresceu na atmosfera. Eles
estavam prontos para atacar uns aos
outros.
“Não se preocupe, Hado. Eu fico,” Tara
murmurou para ele. Roderick, ainda com
suas presas para fora, a observou
duramente. Como se o que ela dissera não
fosse do seu agrado.
"Muito bem." Hado se levantou
indignado. Francis e Vera o seguiram. Ele
desapareceu enquanto fechava a porta,
deixando-os finalmente sozinhos.
Capítulo treze

Tara então olhou para Roderick. Enfim


sós.
Por mais que ela se ressentisse dele, por
mais que ela o odiasse naquele instante por
escolher ignorá-la esta noite, por sorrir para
outra mulher, sua atração por ele era
impossível de desfazer.
Ela o amava. Mas mais do que isso, ela
se amava. Então ela decidiu tratá-lo com o
mesmo distanciamento.
“Sobre o que você quer falar?” ela
perguntou a ele em um tom casual.
“Diga-me, além da mulher, havia mais
alguém?”
Ele perguntou com aquele mesmo tom
arrogante que ela já conhecia.
“É por isso que você me fez ficar?” Tara
ergueu uma sobrancelha.

“Para que mais você achou que era?”


“Não tenho certeza. Mas você ouviu
Hado. Acabamos de ver uma mulher de
cabelos claros. Isso é tudo.”
“Como você está se sentindo?” Sua
pergunta a pegou de surpresa. Mas ela não
fez nada além de olhar para ele com
indiferença.
“Perfeitamente bem.”
“Tem certeza?” De repente, ele
reapareceu atrás dela. A cadeira que ele
ocupava até agora, vazia. Ele estava tão
perto dela que ela mal conseguia respirar
com firmeza. Seus lábios, muito perto de
sua orelha.
Ela sentiu uma explosão de calor dentro
dela, lembrando brevemente da sensação
dos lábios dele em seu corpo.
“Eu posso sentir suas emoções, Tara.
Eu posso sentir quando você está triste,
quando você está tão feliz que é
irritantemente contagiante. Eu posso sentir
quando você está com dor, como agora.
Tara lutou para controlar sua
respiração agora irregular.
Ele sabia perfeitamente bem o que
estava fazendo com ela, deixando sua
respiração acariciar seu pescoço com cada
palavra falada suavemente, fazendo o
desejo surgir entre suas pernas,
umedecendo seu sexo.

“E eu sei quando você está excitada


também, Tara, querida. Eu sei que se eu
levantar esse vestido agora e tocar o que me
pertence, eu vou descobrir o quão molhada
você está.
Então não minta para mim,” ele disse
provocativamente, e puxando
Longe de seu pescoço, ele agarrou sua
cadeira, virando-se Ela olhou de repente
para ele. Tara engasgou com o movimento
repentino.
“O que você está escondendo? Você não
pode mentir para mim, minha querida.” Sua
voz era régia agora.
Tara tentou se recompor. Suas
bochechas provavelmente tinham aquele
tom rosado mais pronunciado agora que ela
sabia que ele podia sentir o cheiro de sua
excitação.
Ela engoliu em seco e decidiu se
levantar, não gostando da posição de
desvantagem enquanto ela estava sentada e
ele de pé.
A dor latejante em sua perna que tinha
sido esquecida quando ele sussurrou em
seu ouvido veio à tona novamente.
“Quando o Lycan e um de seus guardas
foram atrás da mulher, eu vi alguém no
telhado. Um homem. Eu não podia ver seu
rosto.”

“Como você se machucou?”


“Ele jogou um dardo na minha perna.
Banhado em ferro frio,” Tara suspirou,
descansando as mãos sobre a mesa,
tentando encontrar algo para se apoiar.
“É por isso que você não foi capaz de se
curar?” Os músculos de sua mandíbula se
contraíram.
“Não é da sua conta.” Ela cruzou os
braços.
Roderick se aproximou dela. Ela
manteve sua posição, tentando não desviar
o olhar. Se ela o fizesse, ele venceria.
Se ela desviasse o olhar, seria uma
derrota, como se ela estivesse admitindo
que a proximidade dele a afetou mais do que
ela queria deixar transparecer.
Tara moveu-se de seus olhos para sua
boca e então voltou seus olhos novamente
quando notou um leve movimento neles.
Era quase impossível ver, mas ela
imaginou que a situação parecia divertida
para ele.
“Se isso é tudo que você queria falar,
então eu estou saindo agora.” Ela tentou se
afastar dele, mas Roderick não se moveu do
lugar.
Seus olhos negros perfuraram os dela,
provocando um calor dentro dela.
Ela sentiu aquela atração que ele tinha
sobre ela. Desejo de sentir seus lábios nos
dela, sentir seu pênis dentro dela,
acalmando o desejo que seu sexo sentia.
Roderick saiu do caminho no instante
em que a porta se abriu. Foi um movimento
tão rápido que Tara teve certeza de que foi
calculado.
Como se ele soubesse que alguém
estava do outro lado muito antes que ela
percebesse.
“Eu estava procurando por você.” Um
homem de pelo menos quarenta e poucos
anos entrou. Seus olhos castanhos se
destacaram em seu rosto. Seus cabelos
grisalhos falavam de uma velhice congelada
no tempo. Seu olhar, de eterna solidão.
Aqueles mesmos olhos castanhos a
observavam agora. “Eu não sabia que você
tinha companhia.” Sua voz estava quase.
Meloso, como um pai falando com um filho
pequeno.
“Eu estava saindo,” Tara respondeu.
"Posso voltar mais tarde..."
“Não precisa, Iulian,” Roderick o cortou.
“Tara e eu terminamos nossa conversa.”
Havia uma certa familiaridade com
Roderick pronunciando o nome dela na
frente do novo estranho que se chamava
Iulian.

Tara olhou para os dois por alguns


segundos, curiosa
Por que os olhos de Iulian pareciam ter
se iluminado assim que Roderick revelou
sua identidade. Iulian desapareceu no ar e
apareceu na frente dela usando aquele
mesmo tipo de fumaça preta que rodopiava
ao redor de seu corpo.
“Prazer em conhecê-la, Tara.” Ele pegou
a mão dela, e Tara deixou que ele a beijasse
perto de seus dedos.
“Iulian, não vamos segurar Tara por
mais tempo,” Roderick interveio.
Tara ofereceu a Iulian apenas um aceno
de cabeça. Ela caminhou até a porta, e a voz
de Roderick a deteve quando ela a abriu.
“Tara?”
“Sim?”
“Vamos nos ver em breve.”
Suas palavras lhe falavam do futuro.
Um que estava mais perto do que ela teria
acreditado na época. Tara não respondeu e
fechou a porta atrás dela.
“Você nunca me disse que ela era tão
bonita,” Iulian se virou para Roderick.
“Isso é só para eu saber e para os outros
ignorarem.”
Iulian soltou uma risada. “Ela tem você
em suas garras, e ela nem sabe disso.”
“Não fale bobagem.”

“A bruxa te contou alguma coisa?”


“Starlet diz que a rainha Evanora ainda
não encontrou nada que possa rastreá-los.”
“E o que Vera diz?” Iulian sentou-se em
um dos sofás.
“Vera diz que Tara acha que pelo menos
um fae está dentro desse grupo. “Roderick
se sentou em frente a ele.
“O que você fez foi arriscado esta noite,
meu filho.” O olhar de Iulian ficou
preocupado.
“Foi necessário. Madelene foi uma
grande ajuda, afinal.”
“Essa prostituta teve sorte desta vez que
a adaga não a matou.”
Roderick arqueou uma sobrancelha
zombeteira. “Você ainda a odeia? Iulian, já
faz duzentos anos. Você deve seguir em
frente. Ela definitivamente fez isso.”
“Eu nunca perdoo. Você sabe disso. Mas
não vamos falar mais sobre ela. Não vale a
pena.” Iulian acenou com a mão como se
quisesse apagar toda a conversa que tinha
a ver com Madelene.
“Vamos falar sobre o que mais importa
agora. Por que você ignorou Tara esta noite?
Você não está preocupado com o que ela
pode pensar?”
“Eu me importo, sim. Mas eu não
poderia arriscar que o mortal a visse
comigo. Quem sabe se ele teria conseguido
escapar.”
"Você está certo. Mas ainda assim, você
deve esclarecer as coisas com ela, meu
filho."
"Por enquanto, não é sensato deixar
todos saberem quem ela é. para mim."
"O que mais está acontecendo?"
perguntou Iulian. "Eu conheço esse olhar."
"Tara está ferida. Alguém dentro desse
grupo deve ser a toupeira. Quem quer que
seja, ele sabia que ela era uma fae quando
decidiu atacá-la esta noite."
Os olhos de Iulian se transformaram em
uma chama de fúria. "E ainda pretende
manter sua companheira longe de você? Ela
deve ficar aqui conosco onde podemos
protegê-la."
"Acalme-se, Iulian. Tara é minha. E ela
é mais capaz do que você pensa. Ela não é
fraca.
Mas se meus laços com ela vierem à
tona, eles podem ser usados contra mim.
Ou pior, contra ela. E não quero colocá-la
em perigo."

"E o que você vai fazer enquanto isso?"


"Boa noite, Iulian." Roderick se levantou
e desapareceu.
Capítulo Quatorze

A amargura encheu a boca de Tara


assim que ela apareceu na Corte dos Medos.
O vínculo familiar que a ligava a Kieran a
levava ao quarto onde ela se sentava com ele
e Airdan para comer todas as noites.
As vezes Ayva e Aine os acompanhavam.
As duas irmãs estavam entre as mulheres
mais intrigantes que ela já conhecera.
Enquanto Aine possuía um senso de
humor sombrio e uma mente aguçada
capaz de silenciar o mais arrogante do
rosto, Ayva foi quem levou a luta, sua
impulsividade e teimosia rivalizando com
sua beleza indiscutível.
Embora Airdan e Kieran fossem uma
companhia divertida, nada se comparava às
irmãs. Tara sempre se divertia com todas as
vezes que Ayva discutia com Airdan.

Se ela não soubesse melhor, ela diria


que por trás de cada conversa turbulenta
entre os dois, havia luxúria.
Mas esta noite, Ayva e Aine estavam
ausentes.
"Por que você está aqui tão cedo?"
Airdan olhou para ela. Suas gargalhadas
que ela tinha ouvido perfeitamente da porta
pararam. Tara viu a diversão travessa em
seus olhos.
"Eu espero que você certamente tenha
se divertido, pequena fada." Tara olhou para
ele triunfante. Se havia uma coisa que
Airdan odiava era ser chamado assim. Um
nome que todo fae odiava, até mesmo o
Seelie.
"Porque esta será sua última noite."
"Não me diga que não foi muito
engraçado," Airdan zombou. "Seu tio riu
também." Airdan apontou o garfo para
Kieran, que também olhou para Tara
zombeteiramente.
"Você não sabe o quão envergonhado eu
estava." Tara aproximou-se da mesa,
mancando, atraindo a atenção de ambos.

Kieran imediatamente se levantou. "O


que aconteceu com você?"
"Eles fizeram outra tentativa em um dos
vampiros esta noite. E no processo, alguém
jogou um dardo banhado em ferro frio em
mim."
"Como você está se sentindo?" Kieran
perguntou preocupado.
“Dói pra caramba,” Tara disse e revirou
os olhos quando viu a expressão de Kieran
endurecer.
O Senhor da Corte dos Medos não
gostava de ouvir palavras rudes.
Kieran pode ser tão poderoso quanto ele
e também. bonito para seu ego, mas Tara
não conseguia imaginá-lo flertando com
alguém. Ele sempre parecia sério. E ela
raramente o via sorrir.
Se não fosse pelas irmãs e Airdan, ela
pensaria que seu tio não passava de uma
concha vazia. "Eu preciso do remédio."
"Absolutamente não", respondeu
Kieran. "Sente-se", ele ordenou a ela. "Você
deve aprender a suportar a dor. Esta noite
é uma lição que você deve aprender. Você
viu quem era o agressor?"

"Não. Eu sei que era um homem. Mas


também havia uma mulher com ele." Tara
sentou-se, resignada. Por que ela sequer
mencionou pedir a única coisa capaz de
cobrir a dor que o ferro frio causava?
Vendo a expressão séria de Kieran, ela
perguntou. “O que há de errado?”
“Eles sabem o que você é.” Kieran não
voltou para sua cadeira. Seu braço se
estendeu, e com um leve movimento de seus
dedos, uma taça apareceu na frente dela.
Esta noite o Grão-Senhor havia
abandonado sua típica armadura de penas
feita de ferro frio.
Ele parecia estranhamente acessível,
com sua jaqueta preta enrolada até a
metade de seus antebraços e calças pretas.
Ele usava uma beleza calma e distante,
com cabelo preto caindo sobre os ombros e
seus olhos verdes translúcidos.
Às vezes, Tara pensava ter visto a
solidão em seu olhar. Talvez porque ele não
tinha uma companheira ao seu lado.
Depois de tomar um gole de seu vinho,
Tara assentiu. “Eu também acho. E
suspeito que um dos membros dos outros
reinos está nos traindo.”

Tara torceu o pulso levemente para a


esquerda, e o dardo apareceu na mesa.
Kieran a pegou, examinando-a.
“Você deve ter mais cuidado por agora.”
Airdan, que estava rindo há alguns
minutos, falou com toda a seriedade.
“Quem quer que seja, fez isso como um
aviso”, declarou Kieran. “Assassiná-lo não
está nos planos deles... por enquanto.”
“O que aconteceu esta noite com o Rei
dos Vampiros?” A pergunta de Airdan a fez
olhar para ele com raiva.
“A culpa é sua. Você não queria que eu
falasse sobre ele”, disse Airdan na
defensiva, soltando um sorriso que
provavelmente estava prestes a se
transformar em gargalhadas.
Tara tomou um gole do vinho das fadas
de sua taça. Sua garganta se alegrou com o
gosto agridoce que funcionava como uma
espécie de droga para ajudar a suportar o
ferimento em sua perna. “Nada.”
“O que você quer dizer com nada?”
Kieran perguntou, desta vez recostando-se
em sua cadeira habitual.
“Exatamente nada. E eu não quero falar
sobre isso. É tarde, e eu preciso descansar
se puder.” Seus olhos foram para a perna
ferida.
Reviver o que aconteceu esta noite com
Roderick não estava em seus planos.

Dois anos atrás, ele decidiu cortar os


laços com ela. Dois anos depois, sua
indiferença doeu novamente.
E se não fosse apenas por aquele
pequeno encontro, Tara teria acreditado
que ele era realmente indiferente a ela.
Enquanto ele dizia em voz alta tudo o
que podia sentir através do vínculo, ela
permaneceu em silêncio.
Apesar de se sentir oprimida por sua
presença, por sua força inebriante que
queria dominá-la, Tara sentiu através do
vínculo o que ele estava sentindo naquele
momento. Roderick também estava
excitado.
Ela não podia sentir suas emoções, uma
coisa estranha de fato. Tentar descobrir o
que ele sentia era como entrar em um vazio
e de repente bater em uma pedra. Uma
parede maciça feita de pedra preta.
Talvez então, ela pensou na época, que
sentir sua excitação fosse intencional, como
se ele tivesse se permitido naquele momento
deixá-la saber o que sentia também.
Chamando-a para agradá-lo e tirar a
agonia que oprimia seus sentidos.
Aparecendo em seu quarto, ela tirou o
vestido. Depois de limpar a ferida, ela
deslizou em sua cama, o braço sobre os
olhos.

Com um suspiro, suas pálpebras se


fecharam, encontrando sonhos que fizeram
seu corpo reagir à ideia de sentir aquelas
presas nela novamente.
No dia seguinte, Tara se encontrou
novamente com os outros membros de cada
reino.
A primeira meia hora foi gasta
discutindo como o vampiro que tinha sido
atacado não tinha percebido que o humano
não estava de alguma forma sob algum tipo
de hipnose, como eles continuavam
chamando.
Talvez o vampiro fosse burro, ou talvez
sua luxúria e fome a tornassem descuidada.
E embora Tara fosse uma das que
pensaram nisso esta manhã enquanto
vestia seu jeans azul e camisa branca,
cortesia de Sorana, havia algo de errado
nisso.
Por que Roderick não agiu sozinho?
Ontem à noite, enquanto Hado lhe contava
o que havia acontecido, ela notou a calma
com que ele ouviu a história.
Na verdade, ele mostrou interesse e
talvez preocupação pelo que aconteceu às
vezes, mas não foi suficiente.

A menos que ele fosse o tipo de rei que


não se importava com o que acontecia com
aqueles que não eram tão próximos a ele.
Vera, porém, limitou-se a sanar todas as
suspeitas, sempre defendendo o julgamento
de seu rei.
Mas mesmo assim, ele certamente tinha
o que precisava para perceber se um
humano é controlado pela mente ou não.
Algo não batia.
O guarda também era outra coisa. Era
óbvio que ele foi atrás de Hado e ela. Por
quê? Talvez o guarda soubesse algo sobre
esse humano?
Após a reunião, foi acordado que eles se
dividiriam em dois grupos. Sem esperar que
outros escolhessem, Cyran decidiu que
Ximera e Teias seriam suficientes em seu
grupo.
Deixando Vera, Hado, a bruxa e ela
mesma em outra. Não que Tara estivesse
totalmente desconfortável com eles.
Mas toda vez que ela via a bruxa, ela não
podia deixar de querer incutir nela o mais
profundo dos medos.
A inveja era uma coisa terrível. Talvez
fosse uma emoção tão perigosa quanto o
próprio ódio. E para o bem da investigação,
Tara escondeu esse desconforto bem no
fundo dela.

O grupo de Cyran começaria a procurar


pelos ataques que ocorreram no Reino das
Bruxas. Foi esse reino que primeiro
começou a sofrer os assassinatos.
E Tara, com o resto, começaria indo à
taverna Raposa e Javali no mundo mortal.
A mulher lobisomem morta há dois anos
pertencia ao bando mais forte da área.
Seu Alpha controlava três cidades,
exceto Falkirk, a única cidade controlada
pelas bruxas e onde a taberna Fox and Boar
estava localizada.
A taverna ficava em uma rua deserta,
entre uma loja de tatuagem, que estava com
placa fechada na época, e uma oficina de
motos que por acaso ainda estava aberta,
mas não havia ninguém à vista.
Aquela parte da cidade não era tão
movimentada nem tão atraente. As casas
pareciam estar mais distantes umas das
outras. E a rua onde Tara estava
principalmente estava deserta.
A própria taverna se destacava de
alguma forma em um lugar quase inóspito.
Era coberto de madeira por fora, com uma
placa cursiva com o nome do bar pendurada
acima da entrada.
Um feitiço foi lançado sobre a taverna.
Parecia um típico pub decadente, quase
sem clientes, com as luzes apagadas do lado
de fora. As quatro janelas compridas
mostravam apenas cortinas fechadas.
Mas de sua posição, ela podia ouvir o
barulho vindo de dentro.
Hado foi o primeiro a entrar.
Capítulo quinze

A taverna em si estava lotada. Bruxas e


lobisomens pareciam ser a principal
clientela ali. O demônio ocasional e pessoas
do reino do dragão também podem ser
encontrados. Mas muito poucos.
Várias mesas compridas estavam
ocupadas por grupos alegres e animados,
alguns dançando sobre a mesa, enquanto
outros os animavam com palmas e gritos.
Até a maioria dos bancos do bar estava
ocupada.
A notícia se espalhou sobre este lugar.
Supostamente era famosa por ser uma zona
neutra. O cheiro de álcool dominava o ar.
Violinos animavam as orelhas.
Lá dentro estava quente, tão quente que
Tara podia sentir o jeans começando a
grudar em suas pernas.

“Como posso ajudá-lo?” Um par de olhos


azuis claros e secretamente apreensivos
encontraram seu olhar.
“Olá, Paulus,” Starlet disse a ele.
“Starlet Nox.” Paulus cumprimentou
com um sorriso tenso, o desdém em seu
olhar.
“Precisamos falar com você em
particular.” Ficou claro que Starlet não se
importava nem um pouco com os
sentimentos do feiticeiro por ela.
Paulus era um daqueles homens que
faziam você virar a cabeça duas vezes para
olhar para ele. E não era que ele fosse
bonito.
Com seus olhos azuis e cabelo quase
louro-branco caindo até o meio das costas,
a mandíbula do feiticeiro era muito longa,
seu nariz reto o suficiente para perder todo
o apelo.
O que fazia um olhar duas vezes não era
seu rosto, mas sua altura. O bruxo tinha
pelo menos dois metros e meio de altura e,
embora seu rosto não fosse perfeito, ele era
tão musculoso quanto Hado.
“Como você pode ver, esta noite, a
taverna está muito cheia”, sua voz saiu
quase nasal.
“E como você vê...” Starlet deu um passo
à frente, sua expressão severa. “Precisamos
falar com você. Eu não acho que você quer
causar uma cena na frente de seus clientes,
não é?”
“Você está me ameaçando?” Ele
estreitou os olhos. “Minha Taverna é um
lugar neutro.” Starlet sorriu suavemente.
“Se é isso que você quer manter, mostrar
para seus clientes, tudo bem. Mas você sabe
bem onde está sua lealdade. Ou estou
errada?” Tara observou Paulus cerrar os
dentes.
Obviamente ficou sob sua pele.
“Siga-me”, disse ele finalmente.
O quarteto passou a segui-lo, passando
pelo bar, onde naquele momento, o barman,
uma bruxa de pele bronzeada e cabelos
cacheados, os observava com curiosidade.
Chegaram ao final de um corredor onde
uma porta permanecia fechada. Barreiras
de proteção cobriam toda a parede e a porta.
O bruxo era cauteloso. Muito cauteloso,
a julgar pelas proteções que Tara podia ver.
Aqueles eram fortes, capazes de repelir
todos os tipos de criaturas.
Paulus baixou as defesas das alas para
entrar no pequeno quarto.
Com eles ali, o espaço era sufocante.
Papéis com notas e números estavam bem
arrumados no canto de sua mesa de
madeira avermelhada.

Uma cadeira de couro desgastada


estava encostada em um armário cheio de
livros.
A iluminação mal era brilhante o
suficiente. O cheiro de coisas velhas e
guardadas fez Tara esfregar o nariz.
Tudo parecia muito velho e escasso para
alguém como Paulus, que tinha clientela
todas as noites. O dinheiro não deve ser um
problema para ele.
“Boa tentativa.” Starlet sentou-se na
única cadeira ao lado da dele. Hado a
observou, sem entender por que ela disse
isso. “Vamos, Paulus, não temos todo o
tempo do mundo”, disse ela.
Ele exalou com desdém. A sala
semelhante a um caixão de repente se
tornou uma espécie de escritório da
biblioteca. Suas paredes se alargaram,
criando mais espaço para respirar.
Uma longa mesa estava perto da janela
com vista para um pequeno jardim cercado.
Garrafas de vidro de diferentes tamanhos e
cores foram colocadas aqui e ali..
Ervas verdes, violetas e vermelhas
estavam em cima de um diário aberto cheio
de notas. E Tara achava que Paulus não
tinha a melhor caligrafia.
Um sofá vermelho apareceu atrás deles,
acompanhado por uma lareira e duas
cadeiras de espaldar alto. O cheiro antigo
estava desaparecendo com o cheiro da
lenha queimada da lareira.
“Muito melhor.” Starlet deu-lhe um
sorriso sem humor.
“O que você quer?” Paulus disse atrás de
sua mesa.
Tara estava sentada em uma das
cadeiras, sempre perto da porta. Vera no
sofá sentou de lado para assistir a troca
entre Starlet e o feiticeiro. Hado, como
guardião, estava atrás de sua companheira.
“Você provavelmente já ouviu falar sobre
os assassinatos que estão acontecendo.”
Starlet começou a dizer.
“Sim. O que isso tem a ver comigo?”
Paulus perguntou defensivamente.
“Há dois anos, uma das primeiras
vítimas foi vista em sua taverna”,
interrompeu Vera. Com as pernas cruzadas
e um braço esticado no sofá, ela parecia
mais relaxada do que nunca.
“E daí? Eles vêm de todas as partes
daqui.” Paulus deu-lhe um olhar azedo. Um
que não conseguiu afetar a vampira.
“Ouvi dizer que você nunca esquece os
rostos que vêm à sua casa,” Tara falou
agora.
“Isso é um absurdo. Em todos os anos
que estive aqui, Milhares passaram por
aqui. É impossível lembrar-me de todos
eles.”

Tara o encarou. Os olhos azuis de


Paulus se moveram agitados entre Starlet e
ela.
Suas mãos, embora entrelaçadas,
flexionaram levemente os polegares, um em
cima do outro. Um claro sinal de
nervosismo. Ele tinha medo de Starlet.
“Nós dois sabemos que isso não é
verdade.” Starlet estreitou os olhos. “Aposto
que se eu olhar atrás desses livros, dentro
da parede. Vou encontrar o livro.” A
mandíbula do bruxo se contraiu. “Você não
o tem direito.”
Starlet soltou uma risada feminina.
“Que livro?” Vera interrompeu.
“Um que registra todos os nomes e datas
de todos que já pisaram neste lugar”, disse
Starlet, olhando sempre para Paulus.
“Eu não posso trair meus clientes.”
Paulus endureceu o olhar. “Nenhum deles
sabe que você mantém seus nomes”, Starlet
continuou. Eu me pergunto se aqueles
clientes que você se importa tanto, sabem
que você mantém suas identidades.”
Tara se levantou. Ainda relutante em
procurar o livro, Paulus cerrou os punhos.
“Nós não temos tempo, Paulus, eu
deveria buscá-lo, ou você vai?” Starlet se
inclinou para ele, tamborilando os dedos na
mesa.

Depois do que pareceu uma batalha de


vontade, ele se levantou e encarou uma
seção de sua estante.
Ele levantou a mão direita e, após o
sussurro de algumas palavras em outra
língua, a estante tornou-se uma parede
sólida.
Com a palma da mão pressionada
contra a superfície, a parede pareceu
ranger. Arenito caiu no chão e um livro
gigante saiu.
O livro caiu sobre a mesa. Estava
coberto de couro marrom, desbotado pelo
tempo. As bordas de suas páginas pareciam
gastas pelos séculos. O ar na sala ficou mais
frio.
Os olhos de Paulus mudaram de seus
azuis claros para os mais escuros. Seu
olhar se tornou afiado quando ele abriu a
capa do livro e encontrou a primeira página.
“Sibil Thatcher,” Starlet mencionou.
Vera e Tara se posicionaram ao lado de
Hado.
Paulus colocou a palma da mão em cima
da primeira página. Fechando os olhos,
seus lábios se apressaram.
E enquanto ele falava, o livro respondia.
Mover suas páginas tão rápido fez seu
cabelo se mover ao vento que a magia criou.

O esvoaçar das páginas parou de


repente. Tara observou enquanto a tinta de
um nome escurecia sobre cada letra,
brilhando sobre o resto dos nomes.
“A última vez que Sibil Thatcher esteve
aqui foi há dois anos. No segundo dia do
quarto mês do ano.”
“Eu quero uma lista de todos que foram
à sua taverna naquela noite, Starlet disse a
ele.
“Eu não posso fazer isso.” Raiva
derretida o atravessou.
“De novo...” Starlet cruzou as mãos no
colo. “Eu não me importo. Faça o que eu
digo, ou então vou fechar esta taverna para
sempre.”
Tara observou como o olho direito do
bruxo quase fez uma contração nervosa.
Seus punhos estavam tão brancos com
a força com que ele os estava apertando, e
por um momento, ela pensou que ele fosse
explodir de fúria que obviamente estava
tentando controlar.
“Você não pode fazer isso. A Rainha não
vai permitir isso.”
“Você acha? Experimente. Tente não
seguir minhas ordens e veja se Evanora vem
correndo em sua defesa.” A bruxa deu-lhe
um olhar severo. Cheio de autoconfiança.

Paulus engasgou quando a mão de Vera


de repente agarrou seu pescoço. Ele era
alto, muito alto, com grandes músculos por
toda parte, mas isso não impediu Vera de
sair de seu lugar.
“Estou ficando cansada disso.” A
vampira murmurou.
Nem Tara nem Hado se moveram para
avisar Vera que esta não era a maneira
correta de fazer as coisas neste caso. “Me
solte,” Paulus respondeu, imperturbável.
“Dê-nos os nomes. Este não é um jogo
de merda”, disse Vera, inclinando-se para
mais perto do feiticeiro.
Mas Paulus permaneceu em silêncio,
encarando-a desafiadoramente. Tara ficou
tentada a usar seu medo contra ele.
Mas, novamente, ela não queria tirar
nenhuma conclusão sobre ela. Ela não
confiava em ninguém. Nem mesmo Hado.
Qualquer um neste grupo poderia ser o
traidor.
Capítulo Dezesseis

Vera deixou sua boca se contorcer em


um sorriso. Suas presas perfuraram seu
pescoço violentamente, fazendo-o gritar.
Seu sangue escorreu pelo pescoço,
manchando algumas de suas roupas.
Foi uma atitude imprudente da parte
deles. Mas necessário se eles queriam
respostas rapidamente.
“Deixe-o ir, Vera”, disse Starlet.
O sangue jorrou da boca de Vera
quando escorregou de seu pescoço. “Mmm.
Nada mal para um feiticeiro.” Sua língua
deslizou em seus lábios. Então ela o soltou.
“Sua puta!” Paulus exclamou com uma
mão cobrindo o pescoço ainda sangrando.
“Agora, Paulus, dê-nos a lista.” A voz de
Starlet soou suavemente.
O feiticeiro, que ainda parecia relutante,
finalmente criou a lista.
“Obrigada.” Starlet se levantou, pegando
o papel e lendo. “Três nomes estão
faltando.”
“Isso é impossível.” Paulus voltou para
verificar o livro. Tara viu as sobrancelhas
dele franzirem ao encontrar a entrada que
faltava.
“Quão conveniente.” Vera estava
sentada de pernas cruzadas na mesa, o
rosto ainda manchado de sangue.
“Eu não tive nada a ver com isso.”
Paulus olhou para Starlet. “Não há como
meu livro ter falhado em registrar aqueles
que entram na minha taverna.”

“Não mais.” Starlet dobrou o papel.


“Obrigado, Paulus, pela ajuda.”
Os quatro saíram do escritório,
deixando o feiticeiro olhando para seu livro.
Uma vez do lado de fora, Starlet foi
direto ao ponto. “Hado e eu vamos para a
Matilha de Sibil.” Vera deu a Tara um olhar
conhecedor. “É melhor assim do que
aparecer com um vampiro.”
“Sem ressentimentos”, Vera sorriu.
“O que devemos fazer nesse meio
tempo? Esperar por você?” perguntou Tara,
“Boa ideia”, respondeu Hado.
“Vera e eu vamos para aquele bando
também. Eu não me importo se eles não
gostam de vampiros. Mas nós não vamos
ficar aqui, está claro?” Tara disparou.
Irritação rolou em sua língua.
Com Paulus, ela deixou a bruxa assumir
o controle da situação porque parecia
pertinente ao momento. Mas dado que um
deles era um traidor, ela não queria ser
deixada para trás.
Qualquer informação que a matilha
pudesse dar a eles poderia ser relevante
para encontrar uma pista.
“Tenha cuidado como você fala comigo,
mestiça.” Starlet se aproximou dela.

A raiva acelerou seu sangue. Os olhos


de Tara brilharam em um verde-cobre
oxidado. “Ou o quê?”
Um grunhido veio de seu lado. O Lycan
não gostou de como Tara reagiu em relação
a sua companheira, e ela não se importou.
Uma bola de fogo irrompeu de uma das
mãos de Starlet. Tara olhou para ele, sem
medo nenhum. Pelo contrário, ela queria
que a bruxa lhe desse o motivo para fazê-la
chorar e implorar.
Seus dedos coçavam com o desejo de
usar seu poder sobre ela.
“Starlet,” Hado sussurrou em seu
ouvido. A bola de fogo desapareceu. Os
olhos de Starlet se suavizaram quando
encontraram o Lycan.
Inalando ar profundo para se acalmar,
ela disse. “Como eu disse antes, nós dois
iremos para o bando, e você ficará aqui e
esperará.”
“E como eu te disse antes, nós iremos
com você.” A resposta de Tara fez uma bola
de fogo aparecer e ser lançada contra ela de
repente.
Mas a chama nunca tocou seu rosto,
permanecendo suspensa no ar mesmo
assim. “Boa tentativa.”
Tara arqueou uma sobrancelha que,
embora parecesse zombeteira, seu olhar
continha toda a vingança que precisava
para se livrar da bruxa de uma vez por
todas.
A bruxa franziu a testa, vendo que sua
magia não a afetava. A bola de fogo se foi. E
os olhos da bruxa começaram a se
arregalar, o terror começando a se formar
em sua mente – o terror de perder Hado.
O canto dos lábios de Tara se curvou
ligeiramente. Um de prazer ao ver os
primeiros vestígios de um medo que ela
induziu na bruxa. Mas a voz de Vera a
distraiu.
“Eu gosto dela.”
Ninguém percebeu o que estava
acontecendo, exceto Starlet, que observou
Tara com reconhecimento. Como se naquele
momento ela tivesse descoberto do que era
capaz.
“Bem, isso foi muito divertido, mas
devemos ir para o bando.” Vera continuou.
O olhar de Starlet, ainda fixo, disse
tudo. Ela sabia. Ela sabia agora que tipo de
Unseelie Tara era. Mas por alguma razão,
ela não disse nada. Por quê?
Tara ficou desconfiada. Por que não
dizer nada agora na frente de Vera e Hado?
A bruxa foi discreta ou tinha outros planos
com essa nova informação.
Tara cometeu o erro sobre o qual Cian a
avisou: se entregar. Para se dar a conhecer.
Mas a bruxa a enervou. Talvez fosse aquela
arrogância com que ela se portava.
Mas o problema era que ela via Roderick
toda vez que olhava para ela. A
possessividade a atingiu como um raio. E o
ciúme estava florescendo novamente. Tara
odiava isso. Ela odiava se sentir assim.
O vínculo era uma daquelas coisas que
ninguém conseguia explicar por que existia.
Nem mesmo Sorcha. O vidente que vivia nas
Montanhas do Medo.

****

A mulher era mais velha que Kieran.


Muito mais intimidante. Ao se lembrar dela,
o corpo de Tara estremeceu
Após o momento constrangedor do
calor, eles foram até a matilha de Sibil. Seu
Alfa era um daqueles que mal conseguia
controlar seu lobo.
E em mais de uma ocasião, a tensão
cresceu entre Vera e o Alfa. Mas com a
presença de Hado, o Beta do Alpha Rei, a
reunião deu certo.
Sibil Thatcher não tinha inimigos
conhecidos. Era uma mulher afável e
respeitava a hierarquia.

Ela não tinha nada fora do comum, o


que indicava que sua morte não tinha
sentido.
“Foi aqui que a encontramos.” Apontou
Thomas. O Alfa os levou ao local onde Sibil
foi encontrada morta. “O coração dela foi
arrancado friamente.”
Tara observou enquanto ele cerrava os
dentes. Claro, ele ficou indignado com a
morte de um dos seus. “Você disse que
encontraram sangue de demônio nela.” Ela
se agachou, examinando o chão.
Thomas assentiu. “No começo,
pensamos que era um deles. Mas depois
descobrimos que outros assassinatos
semelhantes ao de Sibil pareciam ter sido
realizados por vampiros e bruxas.
“Até humanos. E por mais difícil que
seja para mim admitir, se fosse um
demônio, não teríamos sido capazes de fazer
nada.”
Ela entendeu a raiva brilhando em seus
olhos. Não havia como rastrear os
demônios. Não há como ir para o reino
deles. E se o fizessem, as chances eram de
que nunca mais voltassem.
Tara fechou os olhos. A magia que havia
sido usada ainda podia ser sentida. Era
fraco, quase inexistente depois de dois
anos. Seus olhos foram para Starlet, que
estava agachada com a palma da mão em
cima da terra.
Para uma bruxa como ela, não importa
o quão poderosa ela fosse, ela não podia
detectar o poder que os fae da luz deixaram
impresso ali.
Um fae que tinha o poder de controlar a
natureza. Não muitos fae de luz poderiam
ter tal magia. Mas isso não significava que
sua busca seria reduzida a menos de dez.
Pelo menos algumas dúzias de fadas da
luz poderiam influenciar a natureza.
“Nada.” Starlet declarou. Seus olhos
encontraram os de Tara, que balançou a
cabeça.
Mas Starlet não acreditou nela.
Tara se levantou. “Você sabe se alguém
que ela conhecia a viu naquela noite com
mais alguém?”
“Eu não sei. Ela tinha uma amiga. Acho
que Jessica era o nome dela.” Disse
Thomaz.
“E o sobrenome dela?”
“Eu não me lembro. Mas vou dizer ao
meu Beta para investigar
Matilha de Alpha Kenneth. Ela era de lá.
Nunca a procuramos. Não achamos que
fosse ela. Ouvi dizer que eles eram bons
amigos.”

“Assim que você obtiver a informação,


avise-nos”, Hado
Disse-lhe. Eles apertaram as mãos.
“Eu vou”, disse Thomas e então
começou a se despedir do resto, deixando-
os lá.
“Nós devemos ir para o Reino
Demoníaco,” Vera observou. “Se eles estão
usando sangue de demônio para
enquadrar, o Rei Demônio pode saber de
alguma coisa.”
“O Reino Demoníaco não é tão fácil de
acessar. Por alguma razão, todo mundo
evita ir lá.” Hado disse a ele..
“Felizmente, temos o Lorde Demônio.
Teias pode facilitar uma audiência com seu
Rei.” O olhar anteriormente severo da bruxa
ficou mais suave quando ela encontrou o
Lycan. “Eu devo voltar.” Vera interrompeu o
momento para ambos.
“Vejo você amanhã à noite.” Seus olhos
felinos se estabeleceu em Tara. “Boa noite.”

Mais tarde, Tara apareceu perto da casa


de Sorana depois de ir ver Reeona.
Fazia vários dias desde a última vez que
ela a viu, e a mulher que era a única figura
materna que ela já conheceu certamente
ficaria mais do que zangada se outro dia
passasse sem vê-la.

A casa de Reeona ficava a poucos


quarteirões do chalé de Sorana. A cidade
onde vivia a maioria dos mestiços já estava
silenciosa àquela hora. Então ela decidiu
caminhar um pouco a distância.
Seu corpo formigava com o pensamento
do rosto de seu companheiro.
Seu coração batia com ansiedade ao
pensar nele, mas sua mente a forçou a se
acalmar, procurando em suas memórias
todas as razões pelas quais ela deveria se
afastar dele completamente.

A nuca coçava. Ela endureceu, fazendo


uma pausa. Seu olhar varreu os arredores,
pois ela podia sentir os olhos de outra
pessoa sobre ela. Ela sugou o ar sutilmente.
– Não havia medo.
Passos...
Ela começou a andar, e aqueles olhos a
seguiram novamente. Em vez de
desaparecer de lá, ela queria descobrir
quem era.
Talvez fosse seu agressor, e se fosse,
esta poderia ser uma daquelas raras
oportunidades em que ela saberia quem ele
era.
Ela se virou quando sentiu uma
presença atrás dela e se assustou quando
seus olhos encontraram o mínimo que ela
esperava ver. “O que você está fazendo
aqui?”
“Eu queria ver você. Precisamos
conversar.” Os olhos de Roderick
queimaram com algo que ela sabia. Algo que
ela sentiu também quando ela trancou os
olhos com ele.
“Sobre o que?” Tara se afastou dele. Tê-
lo por perto roubou o ar de seus pulmões e
a fez querer coisas que ela sabia que não
deveria fazer. Ou melhor, que ela não queria
fazer.
Ele olhou para trás dela. “Melhor em
algum lugar mais privado.” Sem aviso, sua
mão agarrou sua cintura, puxando-a com
força e emergindo em um quarto espaçoso.
Um com uma cama grande, onde a lua
cheia era perfeita demais, a noite era
atemporal, e as estrelas as testemunhas
sem fim.
Capítulo Dezessete

Uma ampla lareira estava na frente dela.


Fios de luzes quentes tremeluziam em parte
do espaço.

Dois magníficos castiçais dourados


repousavam sobre ela. E um retrato de um
homem dominava a maior parte da parede,
Entre os livros alinhados de cada lado.
Seus olhos azuis observaram Tara
severamente.
E embora seu rosto tivesse um ar quase
nobre, com seus cabelos grisalhos
perfeitamente alinhados e barba curta com
costeletas grossas, suas roupas eram
modestas o suficiente para confundi-lo com
um mero plebeu.
Duas opulentas cadeiras de veludo
vermelho estavam estrategicamente
colocadas em frente à lareira.
Seu olhar varreu como se seus olhos
estivessem devorando e registrando tudo
que ela encontrava. Sua mente, ansiosa
para criar uma memória... mais uma
memória dele...
Um par de portas abertas revelou outra
sala, uma nas sombras, onde a luz da
lareira não podia alcançar. Suas
sobrancelhas franziram ligeiramente.
Desamparada, seu estômago vibrou. O
nervosismo do tipo bobo, que apertou seu
coração, fazendo seu pulso bater mais
rápido.
Enquanto o espaço em que se
encontrava era um pequeno salão, o outro,
envolto em sombras, era um quarto privado.
Os olhos de Tara estavam grudados na
enorme cama que esperava na escuridão.
“Você me trouxe para o seu quarto?” Ela
fixou seu olhar em Roderick.
Aquele que não parou de olhar para ela
desde que a trouxe ficou em silêncio por um
momento. A visão dela de pé em seus
aposentos era uma visão única. Tara
pertencia ali.
Seu rosto indiferente escondia o desejo
que sentia por ela. A fome corroeu suas
entranhas ao pensar nela. E por mais que
ele sentisse o desejo de estender a mão,
beijá-la e tocá-la, ele não o fez.
Ele estava com medo que ela o
recusasse.
Um medo guardado atrás de uma
máscara fria. “É o lugar mais seguro para
conversar.” Ele finalmente falou.
O calor do fogo acariciou sua pele de
forma quase cruel, fazendo sua língua
umedecer os lábios.
O movimento não passou despercebido
por Roderick. Seu olhar mudou de seus
olhos para aquele vislumbre de sua língua
rosa. Seus ouvidos treinados na mudança
em seu batimento cardíaco.
“Quem é ele?” Tara perguntou de
repente. Uma maneira de desviar sua
atenção, e ele sabia disso.

“Meu pai.”

Ela olhou para o retrato novamente.


Surpresa ao encontrar algo tão pessoal
sobre ele. Roderick sempre se comportou
secretamente, distante. Era impossível
saber o que ele estava pensando ou
sentindo.
Sua frieza, mais de uma vez, a afastou.
No entanto, de uma forma ou de outra, ela
sempre conseguia ignorar sua maneira
indiferente, a seriedade com que ele se
portava.
O vampiro era um homem intimidador,
muito feroz. E ela tinha certeza que se não
fosse pelo fato de que ele era seu
companheiro, ela ficaria intimidada por sua
presença sozinha.
O homem no retrato não possuía
características semelhantes a Roderick. Seu
nariz era longo e reto, olhos azuis estreitos
e seus músculos magros.
E pela maneira como o pintor traçou as
linhas de sua construção, o homem não
parecia ser muito alto.
“Meu pai me adotou quando eu tinha
onze anos. Há muito tempo. O homem que
engravidou minha mãe se foi antes de eu
nascer.”

Não admira que pai e filho não fossem


parecidos. Tara pensou por um momento
que ele havia lido sua mente.
"Seu rosto é um espelho de seus
pensamentos. Posso ver a pergunta em seus
olhos." Ele disse novamente.
"Eu sinto Muito." Tara desviou o olhar
da pintura e o considerou. O pensamento de
que Roderick tinha sido uma criança,
humano, órfão durante os primeiros dez
anos de sua vida a fez perceber pela
primeira vez que ele nem sempre foi imortal,
nem sempre foi o que ele era agora, um
vampiro .Que alguém o tivesse abandonado
a fez sentir uma sensação de solidão.
Um músculo em sua mandíbula se
contraiu. O pensamento de Tara sentindo
simpatia por ele o fazia parecer vulnerável,
e ele o detestava com todo o seu ser naquele
momento.
"Você não tem que sentir pena de mim."
Sua voz saiu mais gelada do que ele
pretendia. Mas isso não a impediu.
Tara instintivamente se moveu em
direção a ele. Levantando a cabeça para
olhar para ele. Ela pegou a mão dele, e seus
olhos verdes translúcidos permaneceram
em seus dedos.

Seus dedos eram longos, viris. Mãos de


um homem que viveu e matou. De um
homem que já foi humano. Eram as mãos
de um imortal e de um rei.
“Sentir compaixão não o torna
vulnerável, Roderick”
O vermelho de suas íris se intensificou.
Ela largou a mão dele e deu um passo para
trás. O vínculo que os unia a fazia sentir
coisas que ela achava que enterrava.
A mão de Roderick segurou sua
bochecha. Suas suaves carícias com o
polegar enviaram uma sensação de
formigamento pelo corpo dela.
”Sua voz profunda saiu em um sussurro
suave. “Tara...”
“Por que?” Ela desabafou de repente.
Afastando-se de sua mão, daquele
sentimento que ele despertou quando a
tocou.
Estar perto dele não a deixava pensar
com clareza. E como o ar sumiu naquele
momento, seus pulmões voltaram a
funcionar, fazendo-a respirar novamente.
“Eu tive de fazer isto.”
“Por que?” Toda a vulnerabilidade que
ela havia mostrado alguns segundos antes
desapareceu. E Roderick observou como o
verde de seus olhos escureceu.

“Foi a única maneira de conseguir o que


eu estava procurando. A única maneira de
confirmar todas as minhas suspeitas.
Arietta me fez acreditar que ela era minha
companheira.
“E eu vivi sob a ilusão por anos. Mas só
foi preciso conhecer você para me fazer
desconfiar.”
“Onde ela está?”
“Morta.”
Tara não ficou surpresa em sentir nada
com essas palavras. A bruxa merecia. “Por
que você me fez acreditar que você a
escolheu?”
“Na época, eu pensei que era a única
maneira de fazer você ir embora. Você tinha
acabado de se tornar imortal, e você teve
que aprender a controlar sua magia.”
“Como você sabia...?” Seus olhos
brilharam quando as lágrimas começaram
a se acumular neles.
“O Fae...” Roderick respondeu,
percebendo o erro que cometera há dois
anos. O erro de deixá-la ir. De causar-lhe
miséria.
“Airdan?” Uma lágrima escorreu por sua
bochecha, e ela a enxugou rapidamente.
“Então, vocês dois concordaram ou melhor,
decidiram por mim pelas minhas costas?”
Fúria derramou de sua boca.

“Naquela época, você estava morrendo,


Tara.” Roderick se aproximou dela. “Você
estava muito fraca. Você tinha ido além dos
limites do seu poder. O acasalamento era a
única maneira de você se tornar o que você
é hoje...”
Tara ergueu a mão. “Espere...” Ela
franziu a testa. “Você dormiu comigo só
porque eu estava morrendo?”
“Eu sei o que você está tentando fazer.”
Foi a vez de Roderick sentir a fúria que a
açoitava. “Eu acasalei com você porque eu
queria tanto quanto você naquela noite. Eu
queria você.
“A única diferença era que eu tinha que
fazer isso naquela noite, ou você morreria.
E você pode acreditar no que quiser sobre
mim. Mas eu não estava disposto a perder
você, nem naquela noite, nem nunca.
“Eu não me importo se você me odeia,
Tara. Tudo que me importa é saber que você
está viva.”
“Por que você me evitou na outra noite?”
ela estalou.
“Porque eu não queria que eles
soubessem que você era minha
companheira. Uma decisão que tomei para
protegê-la.”
“Me protejer?” Tara zombou. “De que
exatamente?”

“Eu sabia que um dos meus vampiros


seria atacado naquela noite. Se eu evitei
você, é porque eu não queria que eles
soubessem quem você era para mim.”
“O mortal... você sabia o que ele ia fazer
naquela noite?”
“Isso mesmo. Eu tinha outros planos.
Mas você e o Lycan interveio. Já faz algum
tempo que estamos tentando rastreá-los.
“Até agora, a única pista que
encontramos foi que há pelo menos duas
bruxas dentro desse grupo. E Vera me disse
que você acha que um Fae pode estar entre
eles.”
Tara não se moveu. “É por isso que você
me trouxe aqui?
Obter informações de mim?”
Roderick cerrou os dentes. “Vera me
disse que você foi ver onde uma das vítimas
foi encontrada morta. Você e Starlet não
encontraram nada... supostamente.”
“Talvez Starlet tenha a resposta que
você procura.” Sua voz tinha um tom de
ciúme. Algo que a fez se odiar e depois odiá-
lo enquanto observava o canto de sua boca
se erguer levemente.
“Não importa o quão poderosa Starlet ou
mesmo sua Rainha seja. Você, meu amor, é
muito mais poderosa. Sua espécie está no
topo da cadeia alimentar.”

“Não encontrei nada.” Ela decidiu,


ignorando suas palavras.
Capítulo Dezoito

“Você entende que é do nosso interesse


acabar com esse assunto?” Roderick
escondeu as mãos nos bolsos.
“Você pode ser meu companheiro,
Roderick. Mas você não é meu rei.”
Seu rosto endureceu ainda mais. A raiva
cintilou em seus olhos com as palavras
dela. “Eu nunca serei seu rei, Tara. Você é
minha igual. E eu nunca exigiria que você
fizesse algo que não desejasse.”
Seu olhar permaneceu sobre ela por um
tempo. Ansioso, longo e constante. O tipo
que silenciosamente implorou por perdão.
Incapaz de dizer isso em voz alta por medo
de não ser perdoado.
Às vezes a ignorância era a melhor
opção. Para silenciar as tristezas e misérias
da alma.
Ele achava que viver uma vida
desprovida de paixão, ausente de toda
alegria, era melhor do que viver uma vida
imortal de arrependimento por causa
desses sentimentos.
O amor era uma fraqueza. Ele sabia
disso. Era um sentimento que ele sempre
odiou e tentou escapar por um longo tempo.
Mas o amor encontrou uma maneira de
surpreendê-lo.
E por mais que odiasse admitir, desta
vez, apenas desta vez, ele queria abraçar
essa vulnerabilidade com todas as suas
forças. Porque de alguma forma, ela o
lembrava de parte da humanidade perdida.
E enquanto dar voz às suas emoções
não era sua xícara de chá, ele decidiu que
este era o momento certo para recuperar
sua maior vulnerabilidade: ela.
“Eu sinto Muito.” Ele começou a dizer.
“Sinto muito porque eu deixei você dois
anos atrás. Porque eu fiz você pensar que
eu não queria você. Quando a verdade era,
eu queria você mais do que tudo. E eu ainda
quero.
“Sinto muito por todas as coisas que eu
disse a você que fizeram você chorar, que
fizeram você me odiar. Meu coração,
embora morto, sempre foi seu.
“Mesmo quando minha mente estava
lutando, meu coração sabia que era você
desde o momento em que meus olhos
encontraram você.”

Cada palavra martelava nela, palavras


que não ajudavam sua força de vontade,
palavras que ameaçavam esquecer a dor e
aceitá-lo. Uma lágrima deslizou por sua
bochecha novamente.
Ela não tinha notado que seus olhos
estavam brilhando. “Por que você está me
dizendo isso agora?”
“Porque eu não quero cometer o mesmo
erro. Porque eu não quero te perder...”
Ela balançou a cabeça, interrompendo-
o. “O problema é, Roderick, você nunca
confiou em mim, e ainda não confia.
“Você decidiu por conta própria que me
manter no escuro, sem saber, era o melhor
curso de ação. Você me fez acreditar que
meu próprio companheiro me usou, que ele
não me queria.”
Roderick apareceu na frente dela
instantaneamente. “Tara...” A mão dele
tentou segurar o rosto dela, mas ela o
impediu.
“Por favor, não.” Sua voz quebrou. “Eu
não posso me entregar a um homem que
não confia em mim. Que para realizar seus
planos. Ele é capaz de mentir para mim.
Você me machucou. Você mentiu para mim.
“Como posso confiar em você quando
você não confia?” Seus olhos marejados
fitaram o chão, tentando se recompor. Seu
coração gritou por perdão, mas ela não
estava pronta. Ela não podia.
Dedos fortes ergueram seu queixo,
fazendo com que ela encontrasse os olhos
de um homem arrependido, cheio de um
profundo desejo por ela, um olhar triste.
“Eu vou esperar.” Ele disse. “Eu vou esperar
o tempo que for preciso para você.”
Tara desviou o rosto das mãos dele. Seu
toque fez seu corpo arder de desejo. Um
que, embora no fundo ela quisesse ceder,
ela rejeitou a ideia.
Ela desapareceu de lá, deixando-o
sozinho.
Roderick olhou para o vazio. Sua
ausência só fez sua ira crescer. Uma raiva
que era dedicada apenas a si mesmo. Com
um rosnado, uma das cadeiras voou contra
a parede.
Pedaços de madeira caíram no chão.
Seus olhos raivosos e presas alongadas
encaravam a cadeira desmembrada.
Passando a mão pelo cabelo
desesperadamente, ele fechou os olhos. As
lágrimas de Tara eram tudo que ele podia
ver. O desgosto em seu rosto, a decepção.
E ele não podia deixar de se sentir
culpado. Uma emoção que só o enchia de
arrependimento. Ele sempre agiu à sua
maneira, com seus próprios planos.

A solidão da imortalidade lhe ensinara


que a única pessoa em quem podia confiar
era ele mesmo.
Ele havia cometido o maior erro de
todos. Ele sabia disso agora.
O erro de agir sozinhp na crença de que
isso a salvaria. E ele a salvou, mas a que
custo? Ao custo dela odiá-lo?
Na época, não importava para ele,
confiante de que uma vez que ela voltasse
para ele, ela perdoaria suas ações, mas
agora... ela era tudo para ele.
E se para recuperar seu amor e
confiança, ele tinha que ser honesto com ela
sobre tudo, então ele o faria. Pois se havia
uma coisa de que ele tinha certeza, era que
nunca mais a perderia.
Roderick apareceu em uma das
câmaras privadas de Iulian, o chefe do clã
Noctis. “Por que essa cara?” A voz de Vera
foi ouvida do outro lado da sala. Sangue
manchava seus lábios e queixo.
A humana, de joelhos, ainda tinha os
olhos fechados. Gemidos escaparam de sua
boca pálida e ligeiramente aberta.
“O que há de errado?” Iulian dispensou
o humano que acabava de acordar daquele
devaneio mortal a que o tinha submetido. A
mulher e o homem, ambos mortais, foram
levados para fora, deixando-os sozinhos.

Roderick não disse nada, sentado na


cadeira ao lado de Iulian, perto da grande
janela que revelava um vislumbre de lascas
de prata na superfície de um piso de pedra
york, sem carpete.
“Há algum problema com algum de seus
lacaios?” Seu senhor arqueou uma
sobrancelha.
Roderick olhou de lado para ele.
“Se não for isso, então é algo a ver com
Minha Rainha?” Não fosse o fato de que
Iulian era seu senhor, Roderick teria
arrancado sua cabeça com a mera menção
de Minha Rainha. A possessividade que ele
sentiu de Tara não o irritou.
Pelo contrário, era algo que o fazia se
sentir mais vivo do que nunca. Ela era dele.
Só dele. “E a julgar pela sua aparência, não
foi como eu esperava.” Iulian continuou.
“É complicado”, respondeu Roderick,
com as mãos no braços.
“O que vocês dois estão falando?” Vera
franziu o cenho. “De que rainha você está
falando?”
Iulian olhou para Roderick, uma
pergunta silenciosa sobre revelar a
identidade de Tara para Vera.
Os olhos do Rei Vampiro de repente se
tornaram ameaçadores. Fixado em Vera.
“Tara é minha companheira.”

Vera ficou boquiaberta. Seus olhos


foram de Iulian para Roderick e de volta
para Iulian como se procurasse
confirmação dele.
“É verdade.” Iulian sorriu. “Tara, a fada
sombria, é sua rainha.”
“E agora você está me dizendo!” Vera
passou do espanto à raiva. Levantando-se,
suas longas presas e as sombras de fumaça
ao redor de seu corpo dançavam ferozmente
enquanto ela andava de um lado para o
outro.
Vera sempre foi uma mestra do drama
de palco perfeito. “Não admira que a
primeira vez que a vi, senti algo estranho.”
“Como o quê?” Iulian perguntou
curioso, fazendo um campanário com os
dedos.
Vera fez uma pausa. “Uma autoridade
que me fez baixar a cabeça... agora eu
entendo o porquê.” Ela zombou. “Por que ela
não está com você?” Ela parou em seu
caminho e olhou para Roderick.
“É uma longa história.”
“Tudo com você sempre foi complicado.”
Vera estalou, suas presas se alongando.
“Não me provoque, Vera. Guarde suas
presas.” Roderick disse de sua cadeira. Sua
voz era baixa, mas autoritária.

“Eu peço desculpas.” Ela disse,


retraindo suas presas. “Qual é o plano?”
“Eu nem acho que ele tem mais um, a
julgar pelo olhar em seu rosto.” Iulian
zombou. “Sua companheira é mais teimosa
do que parece.”
Roderick deu a ele um olhar zangado,
um que não intimidou seu senhor nem um
pouco.
“E forte,” Vera disse enquanto se
sentava no sofá. “Agora que me lembro,
todos vimos como no templo, a chama que
apareceu acima de sua cabeça era prata e
azul.
“A chama mais poderosa de acordo com
a magia do templo.” Vera falou com um
olhar pensativo. “Quando eu vi, meu
primeiro pensamento foi que a mestiça era
mais poderosa que todos nós.
“O pensamento de ela ser uma rainha
nunca passou pela minha cabeça.”
“Eu quero que você cuide dela,”
Roderick ordenou a ela.

“Você não precisa mencionar isso. A Fae


é minha Rainha. Eu gosto dela...” Ela sorriu
ao lembrar do confronto entre Tara e
Starlet. “De que Tribunal ela é?”
“Essa é a única informação que
Roderick não está disposto a compartilhar.”
A expressão de Iulian mudou para sombria.
“E a identidade de quem Tara é para este
reino deve permanecer nesta sala sozinha.
Está claro?”
“É claro.” Vera assentiu.
“Pelo menos até sabermos quem está
por trás de todos esses assassinatos”, disse
Roderick. “Seja quem for, eles sabem o que
ela é. E eles devem saber sobre todos vocês.
Há um traidor entre vocês, Vera.”
“Estou ciente disso. A história está se
repetindo. Da última vez foi o humano que
nos traiu. E agora temos outro traidor.” Ela
disse, levantando-se.
“Muito bem. Vou deixar vocês dois
sozinhos. Ao contrário de vocês, eu tenho
uma Rainha para proteger."
Ela foi embora.
Capítulo Dezenove

A tempestade que varre a ilha poderia


ter sido uma surpresa se ele não a tivesse
previsto.
Os ventos fortes empurravam a chuva
com tanta força que, a cada passo que Finn
dava na floresta que povoava a ilha, ele
sentia a água batendo furiosamente em seu
rosto.
Como se milhares de lâminas
minúsculas e finas estivessem caindo com
o propósito de irritá-lo.
Ele amaldiçoou baixinho quando sua
capa ficou mais pesada de toda a lama
endurecida na parte inferior de seu casaco,
deixando suas calças enlameadas também.
Ele amaldiçoou novamente o momento
da decisão de Allegra de reuni-los nesta
maldita ilha. Por alguma razão, a ideia de
sua autonomeada chefe da tarefa o fez se
sentir amargo.
Allegra era boa no que era. Mais do que
bom. Mas ele estava melhor. Superior. A
diferença era que ele não estava fodendo o
chefe.
Finn saiu da floresta e encontrou o
prado, A chuva e o vento eram piores ali.
Sem o apoio das árvores, o vento batia mais
forte.
A casa de pedra ficava no meio do prado.
As flores ao redor ainda estavam intactas,
apesar da chuva monstruosa. Luzes
amarelas indicavam que Allegra já estava
dentro.
Abrindo a porta, ele entrou, tirando sua
capa e jogando-a no chão. Os olhos de
Allegra registraram seus movimentos com
indiferença casual.
Ela não era estranha ao ressentimento
que ele sentia por ela. Ela podia ver
claramente em seu rosto.
“Você está atrasado.” Ela disse
enquanto tomava um gole de uma taça de
prata. A luz das velas fazia seu cabelo
parecer anoitecer na Corte do Sol.
A bruxa era linda, bonita demais para
seu próprio bem... e benefício. Finn não se
deixou enganar por aquela beleza delicada
que escondia a magia negra que corria em
seu sangue
Não é à toa que o chefe estava transando
com ela. Ela carregava isso perigo ao seu
redor que fez os outros se sentirem atraídos
por ela.
“Eu não estou atrasado. Você está
adiantada.” Ele cuspiu no chão. “De quem é
essa casa?”
“De uma ninfa.”
Finn ergueu uma sobrancelha. Olhando
em volta. Um caldeirão estava pendurado
acima da lenha, e o sofá onde Allegra estava
sentada estava coberta de peles.

“E onde está a ninfa?”


Allegra revirou os olhos. “Eu não a matei
se é isso que você pensa. Eu tentei, mas não
consegui.” Ela se levantou e caminhou até
uma das portas, abrindo-a e deixando-o
espiar dentro.
“A ninfa é amaldiçoada. Impossível
matar.”
Ele caminhou para frente. A ninfa
estava sentada perto da janela e, embora ele
não pudesse ver seu rosto inteiro, ele sabia
que ela era, sem dúvida, dotada de uma
beleza inegável.
Seu cabelo longo e ondulado caiu
graciosamente pelas costas e ombros. Suas
mãos eram delicadas e pálidas, sua pele
possuía um brilho puro.
A curva de seus seios podia ser vista
através do cetim azul-celeste de seu vestido.
E como se a ninfa soubesse exatamente o
que ele estava olhando, ela virou o rosto
para longe da janela.
Finn prendeu a respiração por alguns
segundos. Preso em seus olhos azuis. Como
os do verão que ele não conseguia parar de
pensar.
“Tome cuidado.” A voz de Allegra o tirou
de seu devaneio. “Se você continuar
olhando para ela, você será pego em seu
feitiço.”

“Não vai acontecer.” Finn olhou para


Allegra. “Ao contrário dos outros...” ele
enfatizou a última palavra. “...Eu posso
resistir a qualquer magia.” Allegra zombou.
“Claro... o Unseelie também.” Seu tom,
sarcástico.
E era verdade. Mas Finn odiava esse
fato. Ele odiava quando alguém o lembrava
que ele não era melhor que o Fae sombrio
apesar de ser melhor que outros imortais.
“Qual é o seu nome?” ele perguntou à
ninfa.
“Meriel.” O som de sua voz era tão
delicado como se fossem as notas de uma
harpa estimulando o sonho. Meriel se
afastou da janela.
“Você veio para me resgatar?” seus
lábios carnudos se esticaram em um sorriso
que iluminou ainda mais seu rosto. Acima
Finn se aproximou dela. A cicatriz
estreita e quase visível em seu belo rosto
atraiu o olhar de Meriel. Sua mão segurou
sua bochecha, e seus lábios finos tocaram
os dela.
Meriel gemeu, sentindo um desejo
consumindo-a pela primeira vez em muito
tempo.
“Não.” Ele sussurrou para ela. Sua
expressão ficou sombria, e ele saiu da sala.
Sim, a ninfa era linda, mas beijá-la parecia
cair em um buraco profundo e escuro.
Não havia nada como o beijo de um
mortal. Cheio de luxúria facilmente
avassaladora.
“Ele não está feliz.” Allegra começou a
dizer.
“Eu não dou a mínima.” Ele se sentou
em uma cadeira forrada com veludo azul
escuro. Claro, o chefe não ficaria feliz com o
que aconteceu da última vez.
Mas nem todo plano poderia funcionar
perfeitamente. Pelo menos eles não foram
pegos.
“Essa atitude não vai te levar a lugar
nenhum.” Allegra estava na frente dele. “Se
você quer chegar à Corte Unseelie, você deve
fazer o que lhe é dito.”
“Ainda estou me perguntando como ele
vai entregar o que me prometeu.” Ele
estreitou os olhos. “Eu até me pergunto
como ele poderá ajudá-la a se vingar pelo
que foi feito com sua irmã?”
“Ele vai.”
“A confiança pode te matar, bruxa. Eu
não confiaria tanto nele se eu fosse você. Ele
conhece nossas razões, mas manteve as
dele em segredo.”
“Isso não é problema seu.” Allegra
desprezada. “Seu problema, no entanto,
seria que quase fomos pegos no reino dos
Vampiros. E você machucou a Fae escuro...
aquela mestiça.”
“Era isso, ou ela iria nos descobrir.”
“Ele deixou claro que ela não deve ser
prejudicada por nenhuma razão”, disse ela
de repente, ira em seu tom de voz. Finn, no
entanto, não se sentiu nem um pouco
ameaçado.
“Você já se perguntou por quê? Quão
interessado ele está na mestiça?”
“Eu não sei. Eu também não estou
curioso.” Allegra suspirou, inclinando a
cabeça ligeiramente como se pensasse.
“Bem, de qualquer maneira, ele não
deveria se preocupar tanto. Você matou o
mortal antes que ele revelasse qualquer
detalhe.” Ele suspirou.
“Quando é a grande tempestade?”
“Em seis noites.
“Você sabe qual é o plano.”
Finn franziu a testa, irritado. “A Caçada
Selvagem pode ser perigosa. Podemos ser
pegos assim que começar.” “É por isso que
você deve se certificar de que isso não
aconteça.
A mestiça não deve estar entre eles.
Você compreende?”
Allegra ergueu uma sobrancelha para
reforçar suas palavras com aquele gesto.
“Eu devo ir agora. Vejo você em seis noites.”

“Você está partindo nesta tempestade?”


“Esta ilha me dá arrepios. Há tanta
magia no ar que entorpece a minha. Além
disso, com a tempestade, é mais fácil passar
despercebida Tenho que chegar a essa
caverna logo.”
Ajustando o capuz, ela desapareceu
atrás da porta que se fechava.
Finn olhou para a janela. O rugido da
tempestade era um dos ruídos que ele mais
odiava. As palavras de Allegra o trouxeram
de volta à promessa feita a ele.
Se ele cumprisse o que tinha que fazer,
para exterminar os membros de cada reino,
ele faria isso, desde que lhe fosse dado o que
ele pediu. Mas algo o fez hesitar.
Por que o mestiço, a Fae escuro, não
podia estar entre os mortos? Qual era o
interesse particular do chefe por ela?
Pensou Finn.
Outra ideia se formou em sua cabeça.
Um plano contingente para garantir o
acordo que lhe foi dado.
Ele descobriria por que a mestiça não
poderia ser tocada ou machucada, e se
certificaria de usá-la quando chegasse a
hora. Algo lhe dizia que ela seria a chave
para sua própria agenda.
Levantando-se, ele agarrou sua capa e
saiu.
Capítulo vinte

O clima dentro do Templo agora estava


tenso. Todos olharam com expectativa para
Vera e Cyran. Ninguém disse nada. Nem
mesmo Tara, que havia sido a causa de tal
briga.
Vera saltou sobre o Fae com suas presas
apontadas para seu pescoço. Mas ele reagiu
mais rápido do que ela, jogando-a contra a
parede decadente e prendendo-a lá com sua
magia.
Os olhos aguçados de Cyran lançaram
um olhar áspero.
Embora o fae da luz fosse tido em alta
opinião entre os outros imortais dos sete
reinos, não havia dúvida de que por trás de
todo o esplendor que o tornava
magnificamente bonito, havia um caçador.
Um tão cruel como o Fae escuro. A
diferença era que todos sabiam bem que os
Unseelie eram os mais terríveis, enquanto
os Seelie eram tolerantes com outros seres
imortais, até mortais.

“Da próxima vez que você tentar isso de


novo, eu vou arrancar suas presas, e o sol
vai queimar esse seu lindo rosto.”
Vera lutou para se libertar da magia que
a prendia à parede.
Tara observou enquanto os olhos de
Cyran se deleitavam com a tortura que ele
infligia.
Sem ser capaz de se conter, ela se
levantou de sua cadeira e foi ficar ao lado
dele. Não aguentava mais ver Vera naquela
situação.
O olhar do vampiro perseguiu cada
movimento dela.
“Você não acha que está sendo muito
duro com ela?” Tara argumentou.
“Fique fora disso.” Ele respondeu com
escárnio.
Mas era impossível não. Não quando o
vampiro estava apenas tentando defendê-la
de um dos comentários sarcásticos de
Cyran.
“Da próxima vez...” Ela se virou para
olhar para ele. Ela levantou a mão
esquerda, o dedo indicador e o dedo do
coração juntos, ela acenou. E a magia
segurando Vera se foi, liberando-a.
“Escolha um que realmente tem algo
para lutar com um Fae.”

“Você está me ameaçando?” Cyran se


aproximou dela. Ela viu seus punhos
cerrados e os cantos de seus olhos se
estreitarem.
Vendo Vera com a intenção de se
aproximar para defendê-la novamente, ela
disse. “Afaste-se.”
A vampira parou em seu caminho. O
rosto de Tara não traiu nenhuma emoção.
Inclinando-se mais perto do Fae, ela
sussurrou. —Tome como quiser. Use sua
magia nela de novo, e realmente verá do que
é feito um Unseelie.
Os lábios de Cyran se separaram em um
som zombeteiro. Não afetado por suas
palavras. “Eu nunca vi uma mestiça tão
arrogante pensar que ela pode enfrentar um
Fae puro. Realmente seria um pouco
divertido ver você tentar e falhar.”
Ela ofereceu um sorriso fraco. E Cyran
observou como o verde translúcido de seus
olhos se aprofundou. “Algum dia, eu vou te
dar a satisfação de me ver tentar.”

Então ela se virou para olhar para Vera.


“Da próxima vez que ele abrir a boca para
dizer coisas estúpidas sobre mim, não se
incomode em me defender. Eu posso lidar
com isso perfeitamente bem sozinha.”

Com suas palavras, os olhos de Vera se


iluminaram com um brilho nos olhos.
Incapaz de evitar pensar que o destino tinha
feito bem em emparelhar um Fae escuro
com Roderick.
E ela desejou naquele instante que
Roderick fosse tão capaz em assuntos do
coração quanto ele era com a própria Morte.
Os homens eram tolos, não importa se
fossem mais fortes e maiores. Seus cérebros
não funcionavam quando se tratava de
amor.
Mas Vera se convenceu agora, enquanto
observava Tara, que não importa o quão
distante Roderick fosse, e não importa o
quão implacável ele fosse, ele perderia todas
as batalhas com sua companheira.
Uma imagem que a fez rir por dentro.
Tara recostou-se em seu assento.
“Bem... já que a distração acabou...”
Ximera começou a dizer. “Como estávamos
dizendo pouco antes de Cyran decidir abrir
a boca para não dizer nada relevante,
encontramos uma testemunha que viu uma
das mortes.
“Ele não podia ver seus rostos, mas
afirmou que os dois assassinos eram
mulheres.”
“Apenas dois? Não havia um terceiro?”
Tara franziu a testa.

“Duas mulheres e uma delas era loira.”


Ximera continuou. “Se havia um terceiro,
não foi visto em todo o Reino. Mesmo a
Rainha Evanora não detectou qualquer
presença estranha.”
“Ela pode detectar se outra não-bruxa
entra?” Vera perguntou desta vez.
“Sim, exceto se fosse um fae.” Ximera
exalou o ar. Seus olhos percorreram o chão
por um momento. Como se a exaustão
estivesse tomando conta deles, piscando
lentamente uma vez.
“Sabemos que pelo menos três
assassinos estão envolvidos. E um deles é
loiro.” Vera declarou. —Talvez o terceiro
seja um macho. Talvez seja o Fae que
suspeitamos. Seu olhar foi para Cyran.
“Supondo que é um Fae que está
ajudando os assassinatos, por que ele faria
isso?” A voz de Cyran ecoou estranhamente
no ar. E Tara pensou ter percebido uma
pitada de preocupação na voz dele.
“O que uma bruxa, ou um lobisomem,
ou qualquer outra pessoa poderia fornecer
um fae?”
“Finalmente, você diz algo útil.” Tara
continuou, ganhando uma carranca dele.
“Mas sua pergunta faz sentido.”
Ela continuou. “O que um fae teria a
ganhar com tudo isso? Ou melhor, o que
todos por trás de todos esses assassinatos
teriam a ganhar?
Por que criar confusão?”
“Não estamos olhando para o quadro
maior”, disse Hado pensativo.
“O problema não seria apenas o motivo
desses assassinos.” A voz do Lorde Demônio
foi ouvida pela primeira vez. Uma voz
masculina agradável.
Teias olhou para Hado e depois de volta
para ela.
—Deve haver um líder. Alguém que lhes
prometeu algo. Algo que nenhum deles,
nem mesmo os Fae, podem conseguir por
conta própria. E não temos ideia de quando
acontecerá o próximo assassinato.
“Talvez o Fae seja o líder.” Ximera
apontou.
Teias balançou a cabeça. “Acho que não.
Mas a ideia não deve ser descartada. A
pergunta que devemos nos fazer é: o que
eles conseguiriam matando todas aquelas
pessoas?”
Um silêncio pensativo deixou o Templo
vazio por segundos.
“Em primeiro lugar, eles fariam com que
todos os Reinos começassem a caçá-los.
Ninguém quer intrusos em suas terras.
Muito menos sabendo que não podem
detectá-los.”

Starlet falou desta vez.


“Hado, seu rei também não sentiu nada
de estranho?”
Ele balançou sua cabeça. “Nem mesmo
minha Rainha Luna. Suas sombras não
foram capazes de perceber nada.”
Tara ficou em silêncio.
Dois anos atrás, os assassinatos
começaram, primeiro no Reino Mortal. Lá,
era para ser mais fácil começar. Ao
contrário dos outros Reinos, ninguém se
importaria muito com o que aconteceria lá.
De acordo com Cyran, todos os Reinos
sofreram mortes estranhas e aleatórias.
Que tipo de magia os assassinos tinham
que nem mesmo o Reino Seelie conseguiu
detectá-los? Por que um Fae da Luz
cometeria tais atrocidades?
Eles apenas fariam com que todos os
Reinos começassem a procurá-los. Por que
ganhar atenção? E como se naquele
instante a última peça do quebra-cabeça se
encaixasse, ela falou.
“Ao cometer todos esses assassinatos,
eles sabiam que ganhariam atenção. Eles
queriam chamar a atenção de todos os
Reinos.”
Suas palavras acalmaram a discussão
entre Vera e Ximera.

“Bem, se é isso que eles queriam, eles


conseguiram”, respondeu Vera.
“E ganhando a atenção de todos os
reinos, isso levaria a esta reunião.” Ela disse
novamente.
“Nós?” perguntou Ximera. “Você acha
que nós somos o alvo?”
“É uma possibilidade.”
“Mas por que?” O rosto de Ximera
refletia confusão.
“A razão ainda não sabemos. Mas deve
ser uma das razões pelas quais não consigo
pensar em nenhuma outra.” Os olhos de
Tara foram para o demônio.
“Precisamos falar com o seu rei.” Teias,
que estava sentado com as mãos apoiadas
em cada coxa, endireitou-se. “E o motivo?”
“Assassinos têm usado sangue de
demônio para enquadrar. Ao contrário de
outros imortais, os demônios não são
propensos a deixar seu Reino. E é meu
entendimento que seu Rei está bem ciente
do que acontece em seu Reino.”
O tecido de couro que abraçava os
braços de Teia se apertou com o movimento
de seus músculos. Seus olhos escuros
endureceram. Ela, no entanto, não piscou,
disposta a esperar por sua prontidão.
Teias, o General das Legiões, não era um
mero Lorde Demônio. Havia algo mais nele,
como um poder mais escuro escondido sob
seu olhar hermético. Nada a ver com o poder
de um demônio.
E se ela podia sentir isso, provavelmente
todo mundo também podia.
“O que me faz pensar...” Cyran
interrompeu.
“Como eles podem deixar um demônio
morto em seu Reino? Sua Rainha controla o
Abismo, ou assim eu ouvi. Com um poder
como esse, o poder da Morte e ela nem o Rei
sabiam quem entrou?”
Os olhos de Teias não traíram nada. Seu
olhar escuro abandonou o inquisitivo de
Cyran e encontrou Tara novamente. “Ir para
o meu Reino envolve muitas coisas. Não
boas, devo dizer. Só você pode ir.”
“Porque ela?” Starlet exigiu. Claramente
discordando da ideia.
“Por que não?” Tara ergueu uma
sobrancelha. “Você tem algum problema
com isso?”
“Por que a Fae escuro deveria ir com
você?” sua pergunta cheia de suspeitas foi
dirigida a Teias.
“Porque eu decidi assim. Qualquer um
que tenha um problema com isso pode
beijar minha bunda.”
Um assobio suave veio do outro lado.
Tara olhou para Vera, que sorriu para ela.
“Agora isso é um macho.” Ela brincou. Tara
só queria revirar os olhos.
“Starlet, uma das coisas sobre ir para o
Reino Demoníaco é que se você encontrou
seu companheiro, ele ou ela sentirá que
perdeu você para sempre.” Hado exalou.
Lembrando como isso afetou seu rei
quando sua companheira foi lá para
entregar a alma daquela maldita bruxa
Bridget. “Em outras palavras, é como se
você tivesse morrido.”
As palavras de Hado fizeram o coração
de Tara pular uma batida. Ela não sabia.
Sorana nunca havia mencionado tal coisa
para ela. Roderick então deve ter percebido
isso na primeira vez que ela foi lá. Mas ele
nunca disse nada sobre isso.
E como se ela sentisse o peso de um
olhar sobre ela, ela
Olhou para cima. Era Vera.
A vampira estava olhando para ela de
forma estranha, com um apelo silencioso
para retirar a ideia de ir. Era estranho
mesmo. Vera não deveria saber de seu
relacionamento com Roderick, ou assim ela
pensava.
“Tenho certeza que você pode levar
outra pessoa com você.” Cyran virou-se
para Teias.
“Não.” Disse o lorde demônio
categoricamente. “Apenas um.”
Tara se levantou. “Eu irei com você.”
O cabelo preto de Teias puxado para
trás em um coque bagunçado revelou um
rosto bronzeado, sobrancelhas finas
complementando o formato de seus olhos
caídos
Levantando-se, ele se aproximou dela
lentamente, ajustando o couro de seu
colete. Sua estatura comandava o ar do
Templo.
“Não. Eu deveria ir!” Vera de repente se
interpôs entre eles.
“O que você está fazendo?”
“Eu não tenho nada a perder.” Vera
virou-se para vê-la, de costas para Teias.
“E você acha que eu tenho algo a
perder?” Ela apertou a mandíbula, os olhos
fixos em Vera intensamente. Olhando para
ela desafiando-a a dizer qualquer outra
coisa. Suas suspeitas aumentaram.
A atitude da vampira não era típica. E
sem poder se conter, Vera olhou para baixo.
“Interessante.” A voz de Cyran soou
como um boato, Todos ouviram
perfeitamente.
Capítulo vinte e um

Tara olhou para ele de lado. E então ela


disse ao demônio: “Leve-me agora.”
Teias agarrou-a pelo braço e a levou
para o Reino Demoníaco, para a sala do
trono.
As brumas do Abismo tornavam
impossível ver além das janelas e varandas.
“Por que eu?” Ela precisava saber.
“De todas as opções, você é a mais
aceitável.” Isso foi tudo o que ele disse.

“Teias, Por que você trouxe ela para cá?”


A voz de Lorcan a assustou, fazendo-a virar.
“Melhor era ela do que as outras.”
Foi a primeira vez que Lorcan apareceu
parecendo mais despreocupado. Sua
jaqueta preta se foi, uma camisa branca
enrolada até os cotovelos. E seu cabelo
parecia um pouco desgrenhado.
“O que você quer?” Lorcan disse com
hostilidade.
Mas isso não fez Tara vacilar. Embora o
Rei Demônio fosse intimidador como o
inferno, ela se lembrou de que era, quem
pertencia ao topo da cadeia alimentar,
assim como Roderick havia dito a ela.
“Voce pode estar informado de que o
sangue de demônio foi usado para
enquadrar outros reinos.”

“Onde você quer chegar?” O Rei


Demônio estreitou seus olhos ligeiramente.
“O resto dos membros acham estranho
que você e sua Rainha não possam detectar
ninguém estranho em seu Reino. Não
quando um deles foi morto lá dentro.”
“Eles estão todos cientes do que está
envolvido ao entrar em meu Reino” Lorcan
avançou em direção a ela.
Tara não pôde deixar de notar seus
braços. Embora suas mãos estivessem
escondidas nos bolsos, ela podia ver a tinta
de formas estranhas tatuadas em seus
antebraços subindo até os ombros
escondida sob a camisa.
“Ninguém foi tolo o suficiente para
entrar aqui. Nem mesmo um Fae”.
“Devo acreditar então que se um
Fae, Unseelie ou Seelie entrasse neste reino,
você saberia disso”? Ela perguntou curiosa.
“Pode ter certeza”, interveio Teias.
“Então como você explica que um de
seus demônios morreu? Eu pensei que
vocês eram difíceis de matar.
“Somente demônios superiores podem
deixar este Reino.
Eu sei, nenhum morreu ainda.” Lorcan
disse.
Teias olhou para Lorcan por um breve
momento e então disse. “Provavelmente um
dos nossos foi enganado de alguma forma e
deu seu sangue sem saber as
consequências que isso traria.”
“Ou ele deu por um preço muito
tentador para recusar.” Tara arqueou uma
sobrancelha.
“O que meus demônios fazem com o
sangue deles não é problema meu, desde
que eles não prejudiquem meu Reino e
meus demônios.” Tara observou como um
músculo na mandíbula de Lorcan se
contraiu.
Se sim, então por que Teias estava com
eles?
“Teias atende apenas para meras
formalidades”, Lorcan falou como se tivesse
ouvido seus pensamentos. “Ninguém
entrou neste Reino, e certamente nenhum
dos meus demônios morreu."
"Por que você deixou todo mundo
assumir o contrário?" Ela se virou para
Teias.
“Porque não estamos interessados em
falar sobre o que acontece ou não acontece
em nosso domínio. Nosso sangue é veneno
para bruxas. Não é adequado para
vampiros. É uma droga para lobisomens.
“Se o boato se espalhar de que não nos
importamos com sua distribuição, isso pode
levar a conflitos indesejados. Mas sua teoria
me fez pensar que talvez seja hora de
levarmos isso mais a sério.”
E o que aconteceria se um Fae tentasse
isso? Pensou Tara. As palavras de Teias
chamaram a atenção de Lorcan
rapidamente. “O que você está falando?”
“É uma teoria que Tara inventou. Todos
esses assassinatos não têm nada em
comum. Eles são apenas aleatórios. Talvez
quem está por trás de tudo isso esteja
apenas procurando a atenção dos Reinos.”
“Bem, eles já têm.” Lorcan disse
indiferente.
“Mas não é suficiente.” O pensamento
lhe ocorreu naquele batimento cardíaco.
“Eles tentaram atacar no Reino dos
Vampiros. Mas eles falharam.”
Seus olhos avistaram Teias. “E
estávamos todos lá.” Sua voz terminou em
um sussurro.
“Eles sabem sobre nós.” Teias seguiu
sua linha de pensamento.
Por algum estranho instinto, ela decidiu
descartar o demônio como um possível
traidor por enquanto. Teias era muito leal
ao seu Rei.
E Lorcan não era um demônio faminto
por mais poder. Sua vida imortal girava em
torno de sua rainha. Seu medo de perdê-la
veio a ela como um gosto amargo. Então ela
escolheu expressar suas suspeitas.

“Acho que há alguém no grupo que está


nos traindo.” “Como você sabe?” Lorcan
perguntou, preocupação em sua voz.
“Porque naquela noite, fui atacado. Foi
um aviso.”
“Você não está dizendo toda a verdade.”
Os olhos de Lorcan se apertaram. O Rei
Demônio tinha o poder de saber quem
estava mentindo e quem não estava.
Ela havia pulado a parte sobre o dardo
mergulhado em ferro frio. Ninguém tinha
que saber que a Fae escuro estava
construindo resistência à única coisa que
poderia matar sua imortalidade.
“Essa não é a questão.” Tara olhou para
ele desafiadoramente. “A questão é que, se
eles sabem quem somos, estão mais
próximos do que pensamos.”
Teias deu a Lorcan um olhar claramente
significativo.
“Encontre Sorana e traga-a.” Disse o
Rei.
Ela fez uma careta, confusa com a
menção repentina de Sorana. “O que isso
tem a ver com o que acabei de dizer?”
“Se eles sabem quem você é, então eles
devem conhecer seus movimentos. Eu
entendo que você e minha irmã formaram
uma estranha amizade. Ela pode estar em
perigo pelo que sabemos.” Lorcan olhou
para ela direto e frio.
O pensamento não lhe ocorreu. Reeona
e Bianca também podem estar em perigo.
“Se isso é tudo, Teias, por favor, escolte-
a para fora do meu Reino.” Lorcan
desapareceu no ar sem outra palavra.
Deixando-a sem palavras.
“O que devemos fazer?” Sua frustração
foi dirigida a Teias.
“Neste momento, estou mais
preocupado em pegar Sorana. O resto pode
esperar.”
A mão dele se fechou em seu braço, e ela
sentiu a sensação familiar de se dissolver no
ar, sentiu o peso de seu corpo desaparecer.
Ambos surgiram na porta da casa onde
Sorana morava. A luz da varanda estava
apagada. A lâmpada estava quebrada.
Arrepios sacudiram seu corpo. E o corpo
de Teias se apertou quando ele empurrou a
porta, derrubando-a no chão. O quarto
estava intacto, tudo em seu devido lugar
A sala estava intacta, tudo em seu
devido lugar e envolto na escuridão do
interior. A demônio se foi. Em vez disso, um
rosto familiar estava sentado em sua
poltrona favorita.

“Roderick?”

“Onde ela está?”


Teias desembainhou sua espada
naquele momento, mirando direto no
coração de seu companheiro, que se
levantou em um piscar de olhos, agarrando
a lâmina afiada da lâmina com a mão
arrancando-a com força brutal da mão de
Teias.
Mas o demônio rapidamente respondeu
com os punhos procurando quebrar os
ossos de Roderick, que os evitou com
sucesso.
Lâmpadas e objetos caíam no chão a
cada golpe. Panelas e vasos foram
quebrados em pedaços.
“O suficiente!” exclamou Tara. E embora
a voz dela não os detivesse naquele instante
em particular, ambos conseguiram parar
em algum momento. As presas de Roderick
pegaram seus olhos.
“Onde está Sorana?” Ela perguntou a
ele.
A expressão de raiva em seu rosto
causou arrepios na espinha dela. Ignorando
o demônio, ele apareceu na frente dela em
um piscar de olhos. A borda de suas íris foi
injetada com fúria sangrenta.
“O que diabos está errado com você!” Ele
gritou para ela. “Você tem alguma porra de
ideia de como você me fez sentir? Eu pensei
que você estava morta!”

Teias baixou a espada, fazendo uma


careta para os dois.
“Não é hora de falar sobre isso.” Ela
disse entre os dentes cerrados.
“Eu não dou a mínima se é a hora ou
não!”
“E eu não dou a mínima para o que está
acontecendo entre vocês dois,” Teias
interveio. “Onde diabos está Sorana?” ele
perguntou ao vampiro.
Roderick olhou para ele de lado. “Não
sei. Vim aqui porque queria saber o que
tinha acontecido com Tara.”
Teias aproximou-se dele. “É melhor você
estar dizendo a verdade.”
Roderick sibilou, mostrando suas
presas.
“Teias, ele não está mentindo.” Tara se
aproximou de ambos. “Talvez ela tenha ido
a algum lugar.”
“O que devemos fazer agora? Não
sabemos se-“
“O que diabos vocês todos fizeram na
minha casa?” A voz de Sorana fez os três
virarem a cabeça simultaneamente à porta.
“Onde você estava?” Tara avançou em
direção a ela com passos apressados.
A demônio carregando uma bolsa com
algumas caixas olhou para sua casa com
uma carranca na testa. “Fui na casa da
Reeona pegar umas lâmpadas. Como você
pode ver, não tenho luz...”
Seus olhos cinzentos caíram no chão.
“Nem lâmpadas agora. Meu vaso! O que
você está fazendo na minha casa?” Com
passos apressados, ela colocou as caixas na
mesa e começou a examinar os danos.
“Lorcan diz que você tem que voltar.”
Sorana olhou para o General das
Legiões Demoníacas. “Por que?”
“Você está em perigo.”
“Eu sempre estive em perigo.” Sorana
virou as costas para ele.
“Isso não é uma piada, Sorana.”

Exalando o ar, ela revirou os olhos para


ele. “Nada a ver com o que Lorcan pensa ou
diz é uma piada. Eu sei disso muito bem.
Mas estou bem. Como você pode ver. Eu não
vou voltar lá.”
Teias passou a mão pela cabeça,
afastando as longas mechas do rosto.
Frustrado. “Se você não for comigo, o rei
virá procurá-lo pessoalmente.”
“Tudo bem. Deixe-o vir então.”
“Você nunca vai mudar, demônio.” Teias
deixou transparecer sua irritação em sua
voz.

“Que divertido seria se eu fizesse?”


Sorana ergueu as sobrancelhas com um
meio sorriso.
Tara observou enquanto Teias
desaparecia no ar. E seu olhar foi direto
para Roderick. Seus olhos pretos e
vermelhos pareciam ferozes, seus ombros
largos tensos, seus punhos em ambos os
lados de seu corpo.
“Tenho coisas para fazer...” Olhando
para os dois, Sorana disse e foi para seu
quarto, fechando a porta.
Roderick se aproximou lentamente dela,
fazendo com que ela levantasse a cabeça
para olhá-lo diretamente nos olhos. “Eu
pensei que você estava morta.”
Seu olhar suavizou. “Eu tive que ir.” Ela
tentou explicar.
“Por que você fez isso?” Sua voz ficou
fria. “Você sabia o que aconteceria, e mesmo
assim você foi.”
“Eu tinha que fazer isso. Eu tinha que
falar com o Rei Demônio.” Tara disse
defensivamente.
“Você não precisava. Mas você queria ir,
mesmo sabendo o que iria acontecer!”
“Você não entende-“ Tara disse com os
olhos arregalados fervendo. Roderick
agarrou sua cabeça de ambos os lados,
puxando-a mais perto dele. Seus olhos
ferozes perfuraram os dela
descontroladamente. “EU pensei que você
estava morta! Caramba!”
“Eu sinto Muito!” Ela gritou com ele.
Olhando para ela gravemente, ele falou
em um tom mais baixo: “Não, você não está
arrependida. Se estivesse, você não teria ido
lá em primeiro lugar.
“Essa é a segunda vez que eu sinto que
você deixou de existir neste mundo. E você
não tem ideia de como é isso.”
Tara engoliu em seco. Sentindo um nó
na garganta.
“A diferença entre então e agora é que a
primeira vez que eu soube que você estava
no Reino Demoníaco porque aquele Fae me
avisou. Mas desta vez, eu pensei que você
estava realmente morta. Se não fosse por
Vera...”
“Ela sabe sobre nós?” Ela sussurrou.
Roderick, no entanto, não respondeu.
Ele apenas olhou para ela com raiva,
tristeza, querendo estender a mão e abraçá-
la. E beijá-la. Mas ele manteve sua posição.
Relutantemente.
“Agora que confirmei que você está viva,
vou deixá-la em paz.”
Seu nome pairou no ar quando ela o
chamou, mas ele se foi dentro daquela
fumaça preta que escondia sua forma,
agindo como um escudo sombrio.
Capítulo vinte e dois

A porta do quarto se abriu.


"Sei que não estamos em boas relações
com ele, mas tenho que concordar com ele
desta vez", disse Sorana. "Isso foi cruel",
Tara colocou as palmas das mãos no
rosto, esfregando-o. "Eu posso entender
totalmente que ele está furioso comigo..."
"Não, você não pode. A única maneira de
você entender por que ele era assim é se
você sentir que ele morreu também." A
demônio pegou uma cadeira, subiu nela e
substituiu a lâmpada antiga pela nova.
Apenas o pensamento de Roderick
morrendo fez seu coração encolher além da
crença. Tara não conseguia se ver ou
imaginar um mundo sem ele. "Eu me sinto
horrível agora."
"Pelo menos você sente alguma coisa.
Seria pior se você estivesse morta por
dentro."
A sala iluminou-se novamente. Ela
observou Sorana naquele momento. Seu
olhar cinza era pesado, mas como o de um
céu tempestuoso solitário.
A demônio fixou seu olhar na luz
amarela da lâmpada, paralisada. Sua mente
estava em outro lugar. O medo de não poder
sentir novamente inundou o ar como
quando o cheiro da chuva permeia o vento.
"Sorana..." Ela se levantou. "Do que você
tem medo?"
A demônio fechou os olhos. Sabendo
muito bem, ela não podia esconder nada de
sua amiga. Expirando: "Temo que quando
Arietta conseguiu tirar meu poder..."
Ela ergueu as mãos, examinando-as
como se, olhando persistentemente para
elas, sua magia voltasse. "Ela pegou outra
coisa de mim."
"O que é isso?"
"Sensações. Emoções. Não tenho
certeza."
"Que tipo de -"
"Acho que ela tirou minha capacidade
de sentir." Sorana sorriu levemente. "É por
isso que não consigo sentir o gosto da
comida. Não consigo sentir alegria, apenas
dor.
"E o que eu mais temo é que ela tenha
tirado minha capacidade de reconhecer
meu verdadeiro companheiro. Se ele existe
mesmo."
Tara segurou suas mãos. "Por que você
não me contou isso antes? Eu vi você rir e
dançar...”
“Porque era mais fácil fingir que estava
feliz. Meus problemas não eram nada
comparados aos seus. É algo com o qual
aprendi a viver. É por isso que acho que
você deve entender seu companheiro.
“O que você acha que faria se estivesse
no lugar dele?”
A culpa a enrolou como um laço duro,
petrificando-a em seu lugar. Sentindo-se de
alguma forma egoísta. Não ter considerado
os sentimentos de Roderick.
“Sorana, você continuou pesquisando
como pode recuperar seus poderes?”
“Eu não encontrei nada. O feitiço de
Arietta foi feito com sangue, sangue de
Aronan e meu. Eu não acho que com ele
morto, eu posso reverter qualquer feitiço.”
Sorana levou a mão ao peito, fechando
os olhos brevemente.
“Mas quando você estava em
Crepúsculo, você sentiu que amava Aronan
como seu companheiro. Eu vi você
apreciando a comida de Keya-“
“Sim, mas aparentemente, quando
Aronan morreu, o feitiço que me prendia a
ele fez o resto desaparecer. Na época, eu
pensei que o vazio que eu sentia era porque
eu estava livre dele.
“Mas então eu percebi que algo estava
errado comigo. Eu posso sentir dor, mas
nada mais. É como se toda a alegria que eu
podia sentir, toda a satisfação que eu podia
sentir, fosse arrancada de mim. Eu não
consigo nem chorar. Para a felicidade.”
Os braços de Tara a envolveram. “Nós
vamos consertar isso. Tem que haver uma
maneira de reverter tudo. Eu vou te ajudar.
Eu prometo.”
“Sua idiota... Você sabe o que acabou de
fazer?” Sorana se afastou do abraço.
“Você é a idiota.” Tara sorriu para ela.
“E eu sei o que acabei de fazer.”
“A promessa de um fae é poderosa. Você
não pode se livrar dessa promessa até
cumpri-la.
“Eu sei.”
Sorana zombou. “Você é o fae mais
idiota que eu já conheci.”
“Ai. Obrigado. Eu também te amo.”
“Pare de perder tempo e vá encontrar
seu vampiro. Ele está certo.”
“Você vai ficar bem?” Tara colocou as
duas mãos nos ombros.
“Seu irmão virá procurá-la. Você deve ir
com ele. Você estará segura lá até que
peguemos os assassinos. Eles podem muito
bem conhecer sua relação comigo.”
“Bobagem. Nada vai acontecer comigo.
Eu sou como uma maldita barata imunda.
Eu sempre sobrevivi. Além disso, eu não
quero voltar para lá. Aquele lugar deixou de
ser minha casa há muito tempo.
“E toda vez que olho para Lorcan, tudo
que vejo é como eu o traí por um demônio
que nem era meu companheiro.”
“Seu irmão te ama. Caso contrário, ele
não teria se dado ao trabalho de procurar
por você.”
“Tanto faz. Apenas dê o fora.” Sorana se
afastou dela, procurando o resto das
lâmpadas novas.
“Vejo você amanha.”
Ressurgindo nos aposentos privados de
Roderick, ela encontrou o lugar vazio.
O brilho quente que a saudara na
primeira vez não estava mais lá. O frio
estava descaradamente entrando pelas
janelas escancaradas.

A sala poderia muito bem ter


mergulhado na escuridão completa se não
fosse pelos pequenos filtros prateados de
luz vindos do céu e lançando luz no chão.
Ela abriu a porta.

Luzes suaves, amareladas, mas


adequadas, revelavam o caminho de um
corredor largo sem outra porta além
daquela por onde ela havia saído.
Seus olhos perscrutaram as paredes
pretas com suas cornijas e rodapés
brancos. Pequenas lâmpadas presas em
ambos os lados eram responsáveis pela
iluminação.
Tara caminhou confiante em direção às
escadas que desciam para uma sala comum
e continuou descendo dois andares usando
feitiço.
Se alguém a visse, pensaria que ela era
outra vampira vagando pelos aposentos
privados do rei. Vestindo um vestido preto
na altura do joelho ajustado às suas curvas,
a casa de Roderick era sombria. Tranquilo.
Escuro.
O estranho era que isso não a fazia
temer a magnitude de um lugar tão
melancólico e sombrio. O silêncio podia ser
intimidador, mas ela sentiu que a acalmou.
Talvez fosse porque era o lugar onde seu
companheiro vivia. Era seu espaço pessoal.
Seu porto seguro.
Na sala comum, havia mais duas
portas. Ambos fechados. Tara olhou para as
mechas, apertando os lábios como se
tentasse reprimir seu crescente nervosismo.
Engolindo saliva, ela olhou para trás
novamente. Um longo sofá vermelho
aveludado dava para uma única janela
quadrada que dava para um jardim privado.
Exalando, ela decidiu por uma das
portas.
Sua respiração ficou presa.
Com olhos assustados, ela olhou para a
boca de Roderick. O sangue escorria do
pescoço da mulher que ele segurava em
seus braços.
Um nó se formou em seu peito. O ato de
se alimentar parecia íntimo demais. A
imagem dele bebendo de uma mulher que
não ela a deixou desconfortável e de repente
furiosa com ele.
Roderick levantou a cabeça. Com
insensibilidade característica, ele deixou
cair o corpo da mulher no chão.
E então ela viu não apenas um corpo,
mas dois. Um homem de cinquenta e
poucos anos e uma mulher de trinta. Ambos
humanos. Ambos mortos.
“Por que você veio?”
Ela arrastou o olhar, encontrando-o no
meio do caminho. Roderick
A tinha reconhecido por trás do feitiço.
“Como você...” “Seus olhos. É a única coisa
real que posso ver por trás da magia que
você está usando.” Ele respondeu.
“Desculpe por ter interrompido seu
jantar.” Seus olhos voltaram para o chão,
especificamente para a mulher. O feitiço
desaparecendo. E ele, como se soubesse o
que ela estava pensando naquele momento,
disse: “Você está chateado?”
“O que?” Ela baixou a sobrancelha,
focando seu olhar em algo além dos olhos
dele. Admirando naquele momento como a
camisa preta que ele usava se encaixava
perfeitamente em seus braços musculosos.
“Que eu me alimento de uma fêmea?”
Sua voz era baixa, quase rouca.
“Não.”
O canto de seus lábios se ergueu
suavemente. “Mentirosa.”
E seu coração não podia deixar de
acelerar. Roderick era dolorosamente
bonito. Letal. E ela viu um brilho de
diversão em suas íris.
Como se o resultado do que ele estava
fazendo o enchesse de orgulho, de
confiança. E ela suspeitava que essa
mudança sutil era porque ele podia ouvir
seu pulso perfeitamente. Sinta todas as
mudanças dela.
Suas bochechas também poderiam
estar cortadas de vergonha.
“É apenas comida para mim, Tara. Nada
mais.”
“Eu sei.” Ela admitiu inconscientemente
de alguma forma que ele estava certo. Era
ciúme.
“É melhor sairmos daqui. Este não é um
bom lugar para conversar.” Roderick
caminhou atrás dela, fechando a porta e
deixando-os na sala comunal.
“Eu queria dizer... bem... de alguma
forma eu sei que agi um pouco egoísta da
minha parte quando fui ver o Rei Demônio.”
Ela olhou para ele com olhos de
expectativa, respirando como se para livrar-
se do desconforto que suas palavras a
fizeram sentir.
“Você não precisa se desculpar.” Ele a
cortou. “Acho que eu merecia, um castigo
por fazer tudo o que fiz há dois anos.”
Ela não sabia por que, mas o que ele
tinha acabado de dizer a fez se sentir pior.
Em vez de fazê-la se sentir calma e
envergonhada, isso a deixou com raiva.
Como se ela o tivesse feito sentir aquela
dor de propósito. Como forma de vingança.
“Eu não fiz isso de propósito, se é isso que
você está insinuando.” Seus olhos se
estreitaram.
“Eu nunca disse que você fez.” Ele
respondeu com muita calma.
Um silêncio tenso preencheu o espaço
entre eles. “Mas você insinuou isso de uma
maneira.”
“Tara...” O nome dela soou áspero em
sua boca. Um músculo em sua mandíbula
pulsou.
“Eu disse o que precisava dizer, boa
noite-“
Ela não viu isso chegando. Talvez se
tivesse, ela o teria impedido. Ou então ela
queria acreditar. Os lábios dela foram
subitamente invadidos pelos dele, cortando
todos os pensamentos.
Foi um beijo impiedoso, áspero e
exigente. Onde o desejo era mais forte que a
razão.
Onde o passado não existia mais,
apenas o presente, o agora, enquanto seus
braços musculosos a puxavam para mais
perto dele, apertando-a com força, sem
vontade de deixá-la ir.
A língua dela respondeu à dele, um
gemido incontido saiu de sua garganta,
fazendo com que seu corpo inteiro se
apertasse de desejo. Fazia muito tempo
desde aquela noite.
Muitas noites, ela pensou em sentir
seus lábios novamente, suas mãos em sua
cintura, e o perigo que suas longas e
atraentes presas despertavam nela.
Ela engasgou quando sentiu suas
costas baterem na parede com força, e a
mão áspera dele agarrou seu cabelo com
força. A dor só aumentou o desespero de
sentir seu pênis duro dentro dela.
Suas mãos buscaram o cabelo dele,
mexendo-o enquanto ela aprofundava o
beijo, enquanto a ponta de uma de suas
presas feria parte de seus lábios, deixando
manchas de sangue em suas bocas.
Roderick rosnou com voz rouca.
Satisfação em cada poro de seu ser.
O sangue de seu companheiro era
inigualável. O desejo de fodê-la e beber ao
mesmo tempo era como a bebida mais
viciante. Por dois anos, ele imaginou vê-la
novamente, tocá-la.
Ele imaginou inúmeras vezes como ele
iria fodê-la, fazer amor com ela, bebê-la e
fodê-la novamente. Mas a realidade sempre
superou a imaginação.
Bastou um beijo dela e uma gota de seu
sangue para levá-lo àquele lugar sem
limites onde só ela existia.
Mas o sonho foi interrompido mais
rápido do que ele esperava quando ela
abruptamente se afastou dele.
Seu peito estava subindo e descendo,
seus lábios inchados e seu corpo tremendo
mesmo com desejo. Ela o queria muito, e é
por isso que ela estava com raiva de si
mesma.
Isso era precisamente o que ela queria
evitar. Estar perto dele. Não havia dúvida de
que ela precisava estar com ele, muito mais
do que ele podia imaginar.
Mas a dor em Crepúsculo ainda estava
viva em sua memória. Em seu coração. E
por mais que ela quisesse continuar com
aquele beijo, ela ainda não conseguia
perdoá-lo.
“Isso não significa nada.” Ela viu como
o olhar ardente em seus olhos ficou frio,
indiferente.
“Isso significa tudo.”
Seu corpo estava rígido, ainda
acalmando todo aquele desejo reprimido.
Stone-ainda em sua posição. Seus dedos
coçaram com o desejo de tocá-la
novamente. Mas ele era mais sábio do que
isso.
Afinal, o momento de fraqueza havia
passado. E agora eles estavam de volta à
estaca zero. Ele precisava disso. Para vê-la
e tocá-la. Para saber que ela estava viva.
A sensação que ele tinha experimentado
um tempo atrás tinha sido tão aterrorizante
que ele só conseguia pensar agora que a
verdadeira morte era melhor do que a
sensação de perder a coisa mais preciosa
que seu coração continha.
Vera chegara tarde. Encontrando-o de
joelhos, gritando. Uma dor sem fim e
aterrorizante. Perdê-la tinha sido pior do
que a própria morte.
Era a segunda vez que o sentia. A única
diferença era que ele sabia o motivo de sua
agonia na primeira vez. É por isso que ele
suportou a dor porque sabia que não era
real. Foi temporário.
Ele olhou para os lábios dela com o
gosto do sangue dela ainda na língua. Seus
olhos vagaram pelo rosto dela até que se
fixaram naqueles olhos verdes que
significavam seu único refúgio. “Eu sinto
sua falta.”
Suas palavras a silenciaram. Fazendo a
dela ficar presa na garganta.
“Você não tem que dizer nada.”

“Eu... eu deveria ir.” Isso foi tudo o que


ela conseguiu dizer. Sentindo-se de alguma
forma estúpido.
Roderick assentiu. Segurando o que ele
queria dizer a ela.

Não vá embora.
Capítulo vinte e três

Após o encontro com Roderick, Tara não


quis voltar para sua Corte. Ela não queria
ficar sozinha. E mesmo que Airdan e Kieran
estivessem lá, não eram eles que falariam
sobre seus assuntos particulares.
Então ela decidiu ir dormir na casa de
Reeona.
Quando ela chegou, tudo estava quieto
e escuro. Provavelmente estavam todos
dormindo. Tirando a jaqueta e os sapatos,
ela se deitou no sofá. Olhos fixos na
lâmpada do teto apagada.
Ainda assim, a sensação de suas mãos
permaneceu em seu corpo. Ela levou os
dedos aos lábios. Traçando seu beijo de
memória.

Eu sinto sua falta.

Significa tudo.

A voz dele ecoou em sua mente.


“Também sinto saudade.” Ela
sussurrou, seus olhos ardendo com
lágrimas.
Por que tudo tinha que ser tão
complicado? Por que ela não podia dizer sim
para ele? Ela certamente queria.
Soltando um suspiro, ela bateu no
travesseiro decorativo e o colocou sob a
cabeça, virando de lado e olhando para a
janela fechada.

Não foi tão fácil.

Durante todo esse tempo, ela acreditou


em muitas coisas. Ela pensou que ele não a
queria. E mesmo que sua confissão tenha
provado o contrário, ainda não foi
suficiente.
Não quando ele não confiava nela para
tomar decisões que tinham a ver com os
dois.

Tara fechou os olhos.

****

O repentino tilintar de xícaras e colheres


fez seus olhos se abrirem e imediatamente
os fecharam novamente quando a luz do sol
penetrou brilhantemente pela janela.
Embora a luz do sol parecesse brilhante,
Tara sabia que a temperatura estava fria o
suficiente para congelar a grama pela
manhã.
Esticando-se, ela se sentou no sofá,
esfregando os olhos.
“Sinto muito. Tentamos fazer o mínimo
de barulho possível.”
“Sinto muito. Tentamos fazer o mínimo
de barulho possível.”
Uma voz masculina a fez se virar na
direção da cozinha. Nigel, namorado de
Bianca, disse se desculpando.
“Está bem.” Ela respondeu, levantando-
se e indo ao banheiro.
“Você quer tomar café da manhã com a
gente?” ele perguntou novamente.
Tara disse que sim antes de desaparecer
atrás da porta do banheiro. A água gelada
da pia despertou sua pele. O rosto familiar
olhou para ela do outro lado do espelho,
impotente.
Seus olhos verdes translúcidos
pareciam silenciados por quaisquer
sentimentos que a encheram na noite
passada quando ela estava com Roderick.
Seu corpo sentia falta dele. Seu coração
ainda mais.
Com um suspiro, ela saiu do banheiro,
encontrando Bianca e Nigel na mesa
comendo.
“Tem chá, suco e leite”, Nigel disse a ela
com um sorriso.
“Obrigada.” Isso era tudo o que ela
queria dizer.
Havia algo em Nigel que a deixava
cautelosa. Um pensamento que ela ainda
não havia expressado para Bianca. Sabendo
que ela reagiria mal se lhe contasse suas
suspeitas.
Ela só esperava que Bianca, em sua
paixão cega, não tivesse dito a ele que todos
eram parte do Unseelie. Afinal, Nigel era um
feiticeiro menor.
E era bem sabido que muitas bruxas e
feiticeiros não perderiam a oportunidade de
colocar as mãos no sangue de um fae. A
única coisa que poderia criar o mais forte
dos feitiços.

Até ela ouviu falar de imortalidade.

“Por que você não dormiu no seu lugar


de sempre?” Bianca mordeu sua torrada.
“Estava cansada e decidi vir. Estava por
perto.”

“Bianca me disse que você trabalha em


um dos bares do centro.”
Ela olhou para Nigel.
“Yrsa e Gordon foram lá na outra noite.”
O comentário de Nigel fez Bianca olhar
rapidamente para Tara, que parecia
despreocupada. Ela fez isso há muito
tempo, quando tinha um namorado
humano e vivia entre os mortais.
Ela certamente não trabalhava mais em
um bar, e ainda assim essa parecia ser a
história que sua irmã havia criado para seu
namorado para fazer parecer que eles eram
todos uma família mestiça de bruxas.
O feitiço que Reeona havia imposto a si
mesma e a Bianca funcionava como uma
forma de enganá-las sobre sua verdadeira
essência. “Ah, eles fizeram?” disse Tara.
“Bem, eles não encontraram você...”
“Claro, eles não encontraram porque eu
não estava lá.” Ela continuou a valsar em
torno da mentira.
Nigel pegou outra torrada com geleia e,
franzindo levemente a testa, continuou: —
Achei que você estivesse trabalhando
naquela noite. Perguntei a Bianca porque
Yrsa e Gordon queriam saber.
“Bianca não sabe tudo sobre minha
agenda.” O constrangimento que ela sentiu
ao falar sobre aquela mentira quase
transpareceu em seu tom de voz.
“Você quer mais café, querido?” Bianca
começou a encher mais a xícara dele.
Tentando de alguma forma fazê-lo esquecer
o assunto.
“Obrigado.” Ele respondeu.
“Tara, esta noite Gordon e Yrsa estão
vindo aqui para tomar uma bebida, se você
quiser vir.”
“Eu não sei, Bianca. Eu tenho coisas
para fazer.”
“Você está trabalhando no bar esta
noite?” A pergunta de Nigel a irritou muito.
“Eu tenho outras coisas pra fazer.”
Bianca colocou outra torrada no prato
dele, incentivando-o a continuar comendo e
calando-o.
“A propósito, mamãe está fora desde
cedo. Ela me pediu para dizer para você
esperar por ela hoje. Ela quer que você coma
conosco à tarde.”
A ideia de ficar com Bianca e
especialmente com Nigel até que Reeona
voltasse à tarde não era algo que ela queria.
Talvez ela pudesse passar o tempo na casa
de Sorana.
Terminando com sua última mordida,
Tara se levantou. “Bem... eu devo ir agora.
Estarei de volta à tarde para o almoço.”
Nigel se levantou imediatamente.
“Por que você está de pé?” Bianca
ergueu uma sobrancelha.
“É educado. Se uma mulher se levanta
da mesa, os homens devem fazê-lo
também.” Ele respondeu com um sorriso.
Seus olhos azuis foram de Bianca para ela.
Ela olhou para Nigel de perto por alguns
segundos. Que algo que ela tinha visto nele
ainda estava retumbando no fundo de sua
mente.
O medo que ela quase podia sentir o
cheiro dele não era visível. Estava lá... por
trás daqueles olhos azuis amigáveis que
podiam ficar frios a qualquer momento.
Seu medo estava escondido atrás de um
véu negro em sua mente. Talvez outro não
tivesse notado, mas ela podia sentir no ar,
sendo quem ela era. O que a fez mais
desconfiada dele.
Talvez ela devesse contar a Reeona.
“Até logo.” Ela agarrou sua jaqueta
assim que uma batida soou na porta.
Quando ela abriu, ela congelou em
descrença.
“Tara.” Sua voz rouca era exatamente
como ela se lembrava agora. Educado e
calmo.
“O que você está fazendo aqui?” Sua
mão ainda não saiu da porta.
Talvez a pergunta não fosse a correta. E
ela pensou que estava sendo rude com ele.
Mas ao vê-lo, a surpresa foi demais.
Afinal, ela nunca teria acreditado que
seu ex-namorado apareceria novamente,
muito menos lá.
“Me desculpe por ter surgido do nada
assim. Eu não significa dominar você-“
“Não... só estou surpresa, só isso.” Ela
engoliu.
“Quem é, Tara?” A voz de Bianca veio
pela porta. E com ele o som de seus sapatos.
Tara virou-se para vê-la. Abrindo ainda
mais a porta. “Este é Marcus.”
Bianca olhou para ele hesitante. Então
ela fez uma careta. Era evidente que o nome
soava familiar. Só que ninguém jamais
conheceu seu ex-namorado antes. “Meu ex
namorado.” Ela finalmente disse..
Tara virou os olhos para ele enquanto
ele estendia a mão para sua irmã. Marcus
parecia impecável como sempre.
Seu cabelo estava penteado para um
lado, preto como azeviche, e seu escuro
Olhos azuis ainda tinham aquela pitada
de inteligência e travessura
Que ela conhecia e costumava amar.
Mas isso foi tudo no passado.
“Você quer entrar?” perguntou Bianca.
Tara sentiu os olhos de Marcus se
fixarem nela. Virando-se para vê-lo, ela
sorriu para ele, “Entre. Minha irmã e seu
namorado estavam tomando café da
manhã. Você pode entrar se quiser.”
“Obrigado, mas eu já tomei café da
manhã. Só vou demorar alguns minutos.”
Marcus olhou para o relógio. Fazendo seus
olhos contemplarem a pele coberta de
tatuagens que a ponta de sua jaqueta de
couro preta revelava.
Uma tatuagem que ela conhecia muito
bem, símbolos pretos e linhas do pulso ao
ombro pintados no braço direito.
Depois de se cumprimentarem, Tara o
conduziu até o pequeno terraço da casa
onde Reeona havia plantado tulipas
vermelhas sozinha.
“Belo lugar,” Marcus acariciou uma das
flores e se virou para ela.
“Obrigado. Por que você veio?”
“Eu vejo que você não está muito feliz
por eu ter aparecido.” Ele sorriu se
desculpando.
“Não é uma questão de estar feliz em vê-
lo, Marcus. Mas faz quanto tempo? Seis
anos, talvez sete desde que terminamos?
Estou curiosa, isso é tudo.”
“Nós terminamos?” Sua sobrancelha
negra arqueou. “Você terminou comigo,
lembra? Se dependesse de mim, você teria
meu anel em seu dedo agora.” Seu olhar
caiu para as mãos dela.
“Você não tem companheiro.”
“Por que você veio?” Tara não lhe deu
detalhes sobre seu relacionamento com seu
companheiro. Não com um mortal, e
certamente não com Marcus,
“Eu tinha alguns negócios da empresa
para tratar na cidade e queria ver você.”
Tara lembrou-se dele falando sobre
como era pesado seguir os passos de seu
pai. Nos quase três anos que seu
relacionamento com ele durou, ela nunca
conheceu ele ou sua mãe.
Marcus veio de uma família
extremamente rica. E, no entanto, ele
nunca se gabou disso. “Você ainda está
trabalhando para sua família?”
“Eu sou o chefe agora.” Ele quase
revirou os olhos.
“Como você sabia exatamente onde me
encontrar?” A pergunta dela o pegou de
surpresa.
“Eu tenho meus recursos.”
“Quais? Porque eu nunca te dei o
endereço da minha antiga casa e muito
menos desta.” Tara cruzou os braços.
Marcus suspirou. “Outra noite, eu
estava em um bar com alguns amigos. Eu
ouvi quando um menino e sua namorada
perguntou ao barman sobre você. O barman
Parecia não saber quem você era.
“Então eles deram sua descrição física.
Eu imediatamente soube que era você. E
não pude evitar. Perguntei a eles sobre você,
e eles me deram este endereço.”
Lá dentro, Tara amaldiçoou Gordon. Ele
e sua namorada realmente estiveram no
mesmo bar que Marcus.
“Posso levá-la para uma bebida hoje à
noite?” Marcus perguntou.
“Não posso.”
“Seu namorado não vai deixar você?”
“Por que você acha que dizer não
significa que eu tenho um namorado?”
“Se você não tem namorado, então o que
está te impedindo?”
“Não posso. Tenho coisas para fazer.
Além disso, não acho que seja a coisa certa
a fazer.”
Ele olhou para baixo por um momento.
“Eu entendo... Posso te perguntar uma
coisa?”
Ele quase parecia nervoso. E apenas por
uma fração de segundo, ela sentiu pena
dele. Ela sentiu que estava sendo muito
rude.
Marcus não tinha culpa de nada.
Ele era apenas mais um mortal vivendo
em seus melhores anos fisicamente. O
relacionamento deles nunca teria um futuro
desde o início. Ela sabia disso desde o
momento em que começou a namorar com
ele.
“O que?”
“Por que você terminou comigo?”
Tara exalou. “Marcus, você realmente
quer voltar ao passado? Eu tinha que
cuidar da minha família. Meu pai estava
doente. Você tinha seus próprios planos. E
eu não queria te atrasar.”
Como explicar a verdade para ele? Que
ela não era mortal, que Phillips estava sob o
feitiço de uma bruxa, que ela precisava
encontrar uma cura?
Os mortais não deveriam saber da
existência dos outros reinos, muito menos
dos Fae. Nenhum deles acreditaria que
houvesse mais criaturas e magia no mundo
de qualquer maneira.
E Marcus não foi diferente. Se ela
tivesse dito a ele que ele teria rido no
começo, então disse que ela estava louca e
que ela estava usando uma desculpa cheia
de fantasia para terminar com ele.
“Aquela vez que eu deixei você ir... eu
pensei que você realmente queria terminar
comigo porque mais.” Ele disse. Você não
amou
“O passado ficou para trás, Marcus.”
“E ainda, eu nunca fui capaz de tirar
você da minha mente, Tara. Mas como você
diz, o passado é o passado.” Inclinou-se
para lhe dar um beijo na bochecha.
Prolongando mais do que o esperado.
Tara recuou imediatamente,
desconfortável com tamanha proximidade.
Anos atrás, o efeito teria sido o oposto.
Marcus ainda era tão atraente quanto ela o
vira da última vez.
Mas o amor que ela sentia por ele há
muito havia sido esquecido. Mesmo muito
antes de ela ter encontrado Roderick.
“Foi bom ver você, Tara.”
“Cuide-se.”
Ela guiou Marcus para fora. E antes que
ele entrasse em seu carro de luxo, Sorana
chamou seu nome. Capturando sua
atenção.
“Seus amigos?”
“E quem é você?” Sorana perguntou com
uma carranca.
“Um amigo.” Ele disse maliciosamente,
implicando exatamente o oposto do
significado de amigo. “Eu não sabia que
Tara tinha um ex-namorado.”
Ela deu uma cotovelada em Sorana.
“Você não está com frio?” Marcus
perguntou a demônio.
Ela estava vestindo jeans rasgados e
uma camiseta preta, seu cabelo preto
puxado para trás em um coque alto.
Olhando mais de perto, Sorana e Marcus
poderiam ser confundidos com irmãos.
"Estou congelando." Sorana mentiu.
"Mas eu tive que correr para cá e esqueci de
pegar um casaco. Eu sou Sorana, a
propósito." Ela estendeu sua mão,
E quando Marcus pegou a dela. Tara viu
os olhos da demônio se fixarem na tatuagem
de tinta preta em sua mão direita,
começando em seu pulso. Sua expressão
facial mudou de repente.
"Eu gostaria de pagar uma bebida para
vocês, meninas, mas não acho que Tara
gostaria", disse Marcus.
"Tenho certeza de que podemos arranjar
algo no futuro." Sorana sorriu. Mas seus
olhos não.
Quando ele finalmente saiu, disse
Sorana. "Ex-namorado, ha?" ela zombou.
"Você tem bom gosto. Seu vampiro sabe que
você recebe visitas de outros homens em
sua casa?"
"Primeiro de tudo, eu não recebo visitas
de outros homens em minha casa. Em
segundo lugar, eu nem sei por que ele
entrou na minha vida novamente. E por
último, Roderick não deveria saber disso.
Não se eu quiser Marcus acabar
decapitado."
“Bom ponto.”
“Você está aqui para o quê?”
Entraram na casa.
“Bem, eu queria experimentar algumas
receitas novas. Reeona prometeu que me
deixaria alguns ovos e manteiga aqui.”
“Quem é o pobre coitado que vai comer
sua comida agora?” Tara perguntou como
se a conversa com Sorana sobre sua
incapacidade de sentir não tivesse
acontecido.
“Bianca e Gordon.” Sorana riu. “Há
quanto tempo você conhece Marcus?”
“É uma longa história.”
“Ele sempre usava tatuagens?” Sorana
sentou-se à mesa da cozinha. Nigel e Bianca
aparentemente subiram.
“Sim porque?”
“Nenhuma razão.”
“Eu conheço esse rosto. Qual é o
problema?”
“Acho que já vi isso em algum lugar, só
isso.”
“O quê? A tatuagem?” Tara colocou os
ovos e a manteiga na mesa.
Sorana assentiu. “Você vai ficar aqui na
casa? Ou você quer ir comigo?” Ela estava
colocando os ovos em uma tigela.
Tara estava prestes a responder, mas a
demônio soltou um grito agudo quando
Vurni apareceu na frente dela,
especificamente em cima de dois ovos.
Quebrando-os no local.
O fedor de álcool encheu a cozinha.
“Maldito seja, seu inseto!” Sorana
exclamou com os dentes cerrados,
agarrando-o pelo carro. “Que mal eu fiz
nesta vida para merecer isso.”
O rosto de Vurni, enrugado, usava uma
barba suja com o que parecia ser comida.
Ambas as meias tinham buracos nos dedos
dos pés. Suas calças pareciam rasgadas nas
pontas.
Vurni parecia mais desalinhado do que
o normal, com as mangas arregaçadas até
os cotovelos em um tom que parecia ter sido
branco meses, se não anos, atrás.
“Solte-me, demônio!” sua voz estava
rosnando. “São apenas dois ovos!”
“Que você quebrou!”
Tara levou as mãos às têmporas. “Por
favor, pare de lutar. Não estamos sozinhos.”
Vurni então olhou para ela, libertando-
se do aperto de Sorana e caindo de bunda
na mesa. Seus olhos se fixaram na escada e
depois nela novamente.
Sua testa estava franzida como se fosse
um sinal de desaprovação. “Você sabe para
que eu vim.” E sem olhar duas vezes para a
demônio, ele desapareceu no ar.
Os planos haviam mudado. Tara deveria
retornar ao Tribunal dasTrevas.
Capítulo vinte e quatro

Tara desceu um corredor largo com


pressa.
Na Corte das Trevas, tudo estava
mudando constantemente. O cenário
mudou de forma e cor. Uma ilusão criada
para enganar e tornar a memória de curto
prazo.
Portas abertas de ambos os lados
revelavam jardins, florestas e lagos no
brilho da noite. E em cada um deles, os
espíritos das trevas – encarnados em
passarinhos de todas as cores – voaram
enquanto ela passava.
Não havia luz além da luz das estrelas
de todos os céus que cada porta continha.
Outra pesada porta em arco a
aguardava a poucos passos de distância.
Era o único que estava fechado e colocado
no meio da parede. Não havia outros.
Quanto mais se aproximava, mais
notava que era feito de ferro frio.
Assim que ela parou, um rosto familiar
apareceu assim que foi aberta.
“Aine?” Os olhos de Tara examinaram
seu rosto. Lábios inchados, cabelos pretos
soltos, penteados desordenadamente como
se alguém os tivesse agarrado com as mãos,
torcendo-os e deixando-os cair.
E o brilho contido em sua pele fez Tara
entender naquele momento que Aine estava
fazendo sexo agora. E com ninguém menos
que o Rei dos Unseelie.
“Você deveria tentar isso algum dia.” Os
lábios de Aine sorriram maliciosamente.
“Ele não é um homem comum...” Aine
inclinou a cabeça na direção da porta
fechada agora. “Ele é o mais delicioso dos
brutos.”
“Desde quando você e ele têm um caso?”
Tara franziu a testa, observando os olhos
violetas de Aine brilharem intensamente.
Excitação percorria cada poro dela.
“Caso?” O olhar de Aine era divertido.
“Isso é uma coisa humana”
O rei precisa ser alimentado. E eu só
lhe dou o que ele precisa.”
Os olhos de Tara se arregalaram. “Você
está me dizendo que ele se alimenta de
sexo?”
Aine acariciou sua bochecha duas vezes
suavemente. “Coitadinha, o quanto você
precisa aprender conosco. Vejo você no
jantar hoje à noite?” Sem esperar por uma
resposta, ela se afastou.
Claro, Tara tinha que aprender mais
sobre os Unseelie. Mas ela nunca tinha
ouvido falar de um fae que se alimentasse
de sexo. Airdan deve ter deixado essa
informação de propósito. Por quê?
A porta se abriu novamente, e ela não se
surpreendeu quando, em vez de encontrar
um quarto cheio de cheiro de sexo,
encontrou o lago cercado pelo outono e sob
um céu noturno.
Ninguém estava lá além dela.
Olhando ao redor, uma ondulação na
água chamou sua atenção. E quando Cian,
o Rei dos Unseelie, emergiu do lago, Tara
não pôde deixar de pensar que o homem
parecia sair de um céu cheio de estrelas.
Milhares e centenas de milhares de
luzes brilhantes na superfície do lago
tornavam a escuridão abaixo nada mais que
um sonho.
O ar ao redor de Cian parecia estar mais
vibrante agora. E ela não pôde deixar de
pensar no que Aine havia dito a ela.
Talvez depois de se alimentar dela
através do sexo, toda a sua aura tenha se
alterado. Mais proeminente do que já era.
Cian parecia mais poderoso do que
nunca com suas tatuagens
Que parecia se mover.
Ele estava completamente nu. Mas nem
uma vez ela baixou o olhar. Embora ela
quisesse por pura curiosidade,
Ela preferiu não.
“Você é a primeira mulher que não vai
olhar além do meu rosto.” Ele disse.
E ela acreditou nele. Ela era
provavelmente a única tola que não olhava
além de seu pescoço. Seus dedos se
contraíram e uma toalha emergiu,
deixando-a cair em suas mãos.
“Eu aprecio sua bondade.” Cian
começou a enrolar a toalha ao redor de seus
quadris. Passando as mãos pelo cabelo
molhado, seus olhos âmbar fixos nela.
“Diga-me.”
“Bem... suas suspeitas estavam certas.
Um fae está por trás de todos esses
assassinatos. Seelie. Eu fui a um dos
lugares onde uma mulher lobisomem
morreu. Tenho certeza que um Seelie que
tem o poder de manipular a natureza estava
lá.”
“Pelo menos uma dúzia deles tem poder
suficiente para manipular a natureza à
vontade.” Ele observou.
“Eu também acho que quem quer que
seja Fae, ele sabe quem o resto dos outros
membros e eu somos. Eles atiraram em
mim com um dardo revestido de ferro frio.”
“Não para matar você.” Ele afirmou.
"Para impedi-la de fazer alguma coisa.
Presumo que você não viu quem era."
“Não. Mas eu sei que era um macho.
Talvez fosse o mesmo Fae.”
“Pode ser.”
“Você tem alguma ideia de por que os
membros de cada reino são o alvo final?”
perguntou Tara.
“É isso que você acha?”
“Acho que não há outra razão além
disso.
“Ao matar aleatoriamente, se infiltrar
nos reinos e deixar corpos em todos os
lugares, a única coisa que eles
conseguiriam seria chamar a atenção de
todos.
“Eles atacaram no Reino dos Vampiros
conosco lá. Não houve outra morte relatada
por dias.”
“Por que um fae da luz se misturaria
com bruxas? O que ele ganharia com isso?”
“O Lorde Demônio pensa que há um
líder entre eles. Talvez o líder tenha o que
todos precisam.”
“E todos eles têm o que esse líder
precisa.”
Tara lembrou-se de Sorcha, a vidente.
“Você acha que Sorcha viu alguma coisa?”
Seus olhos examinaram a água. “Sorcha
não vê além dos Unseelie e nós. A menos
que nos afete diretamente.”
“Talvez devêssemos perguntar a ela.”
Tara deu de ombros.
“Eu vou eu mesmo. Tenho que fazer
uma visita à velha de qualquer forma.”
Cian deu as costas para ela, deixando
um silêncio natural entre eles.
“Se você não precisa de mim. Eu deveria
ir.” Ela estava prestes a se virar quando as
palavras dele a detiveram.
“A Caçada Selvagem está chegando em
breve.”
“Caça selvagem?”
Cian girou para olhar para ela.
“Você deve se alimentar logo se quiser
sobreviver.” Seu olhar era severo à primeira
vista, mas se ela olhasse mais longe, ela
poderia ver que seus olhos cor de âmbar
tinham um brilho divertido, cheio de
sexualidade crua.
Cian desapareceu.
Alimentar? Ela pensou em confusão.
O rei precisa ser alimentado. E eu só lhe
dou o que ele precisa.
As palavras de Aine voltaram para ela
em uma explosão.
“Ele está falando sobre fazer sexo?” ela
murmurou.
Mas como ela poderia se alimentar de
sexo se ela nem sabia como fazê-lo? E com
quem? Ela não iria dormir com nenhum
cara.
E o rosto de Roderick apareceu em sua
mente. O pensamento então se tornou um
súbito nervosismo misturado com
antecipação. Tara balançou a cabeça. Foi
uma loucura.
De volta à Corte dos Medos, sentada à
mesa, ela estava agora tomando seu vinho
enquanto observava Airdan flertando Com
Aine.
A Fae simplesmente mexeu a bebida
quente em sua xícara de flores negras com
sua colher de ouro.
Tara a olhava de vez em quando. Com a
pergunta pairando no fundo de sua mente.
E não saber como perguntar a ela sobre isso
com Kieran e Airdan presentes.
Mas Aine, embora parecesse estar
prestando atenção em sua xícara, estava
ciente de seus arredores. “Tara, minha
querida, não fique envergonhada. Pergunte
o que quiser.” Ela Piscou para ela.
“Sobre o que?” Airdan olhou para eles
com curiosidade.
“Nada.” Tara cedeu nervosamente de
uma vez.
“Eu sei o que é”, disse Ayva quase
casualmente enquanto colocava uma
pequena fruta na boca.
Embora seu rosto fosse idêntico ao de
sua irmã, Ayva não possuía as curvas
voluptuosas de Aine. Seus estilos também
eram muito diferentes.
Enquanto Aine usava vestidos
decotados e justos, Ayva era mais
conservadora e na maioria das vezes
preferia usar calças de seda tão macia e de
pernas largas.
Das duas, Ayva se considerava a dura,
a guerreira.
“O que é isso?” Airdan se inclinou sobre
a mesa agora.
Tara olhou para as duas irmãs,
silenciosamente dizendo a elas que não
ousassem dizer nada, mas Aine não pôde
evitar.
“Tara quer saber como somos
alimentados.”
Kieran engasgou com o vinho naquele
momento. Tossiu duas vezes.
As bochechas de Tara ficaram
vermelhas de vergonha.
“Posso perguntar por que você quer
saber Tara?” Airdan disse com toda a
seriedade que pôde manter sobre um
assunto tão delicado como esse.
“Ela me viu saindo do quarto do rei.”
Aine deu um passo à frente para dizer.
“Como foi?” sua irmã perguntou como
se fosse a conversa mais natural do mundo.
“Você sabe como foi...” Aine respondeu
com um sorriso.
“Mas eu fiquei com fome.”
“Eu posso te alimentar...” Airdan disse a
ela.
Aine o olhou de cima a baixo. “Tentador,
mas não, obrigado.”
“Quando você diz que ficou com fome...”
Tara quis saber. “Você quer dizer aquilo...”
“O rei não deixa ninguém se alimentar
dele. Só sua alma gêmea pode fazer isso.”
Ayva respondeu a ela.
“E ainda assim o sortudo não foi
encontrado”, disse Aine com um suspiro.
Não havia ciúme em suas palavras. O que
significava que seu relacionamento com o
rei era puramente físico.
“De qualquer forma... nossa espécie
pode se alimentar fisicamente de comida.
“Nosso poder é ilimitado, mas se
usarmos muito, podemos drenar a força do
nosso corpo, por isso é importante sempre
manter o equilíbrio e usar nosso poder sem
nos esgotar.
“Precisamos pegar o que o corpo libera
quando está em seu mais vulnerável e em
êxtase.”
“É instintivo, Tara.” Ayva continuou.
“Seu vampiro não tem ideia do que ele tem
em suas mãos.”
“O que?”
“Assim como ele pode sentir o que você
gosta, você pode saber instintivamente o
que o excita mais. Chame isso de um poder
inato em nós. Nós o usamos no ato de nos
alimentar.
“E enquanto estamos fazendo isso, eles
estão tendo o melhor momento de suas
vidas chatas.” Ayva terminou.
Airdan e Kieran permaneceram em
silêncio. Um olhava para a janela e o outro
se concentrava em seu prato.
“O rei me disse que devo me alimentar
logo se quiser sobreviver à Caçada
Selvagem.” Tara olhou para os dois.
“A Caçada Selvagem é mais perigosa do
que o nome indica. É a única vez em que os
Seelie e Unseelie vão caçar juntos.”
“O que exatamente?”
“Fêmeas e machos. Mas isso não é o pior
de tudo.” Ayva disse com desdém. “O pior é
que ninguém sabe quem são os sacrifícios.
Os espíritos das Trevas e da Luz escolhem
quem será a presa.”
“como?”
“Ninguém sabe. Você descobre quando
acorda no meio das Terras Selvagens. Isso é
parte do nosso território. Apenas Fae sem
Cortes e pessoas inferiores solitárias moram
lá.
“Eles não são nada como nós. A caçada
começa naquele território e termina do
outro lado do Rio da Dor. Território Seelie.”
“Você já esteve na Caçada Selvagem?”
Tara parecia mais preocupada do que ela
pensava que estaria.
“Ayva era.” Aine olhou para a irmã com
olhos solidários.
Ayva olhou para Tara. “Uma vez que
você é pego, quem quer que seja, um Lorde
pertencente aos Seelie ou Unseelie, ou
qualquer outro fae com um posto inferior,
você está destinado a estar com eles para
sempre.
“Não importa se é por prazer ou para
limpar a casa deles. Se você sobreviver à
noite, ainda estará livre. Mas essa é a parte
mais difícil de todas. Sobreviver.”
“É por isso que o Rei disse para você se
alimentar. Você vai precisar de toda a sua
energia para usar seu poder ao máximo se
você for escolhido.” Airdan interrompeu.
“Quando é a caça?”
“Nas próximas quatro noites,” Kieran
respondeu desta vez, só que sem olhar para
ela.
Se Ayva e Aine estivessem preocupadas
com a Caçada Selvagem, ela teria que
considerar suas opções. A ideia de se
alimentar de alguém que não fosse seu
companheiro estava totalmente fora de
questão.
Como dizer a Roderick... não... como
pedir a ele para alimentá-la para
sobreviver?
Todos voltaram à conversa sobre
alimentação. Exceto pela única voz que não
estava sendo ouvida era a dela e a de
Kieran. Ela olhou para ele.
Lá estava novamente. Pensou Tara. O
olhar distante com que observava os outros.
Como se sua mente estivesse em outro
lugar.
Havia uma qualidade solitária nele. Um
vazio que ninguém conseguira preencher.
Nem mesmo as amantes que Tara vira
entrar e sair de seu quarto.
Kieran era uma força impenetrável, um
Fae escuro que se alimentava do medo de
todos.
Uma lembrança lhe veio naquele
momento. As palavras de Airdan a fizeram
acreditar que o Senhor da Corte dos Medos
realmente havia encontrado sua
companheira. Mas Airdan descartou a ideia
imediatamente com uma risada nervosa.
Tara olhou para Kieran novamente.
Talvez o olhar distante não fosse por causa
da solidão em seu coração.
Não. Em vez disso, poderia ser o olhar
de um homem lutando consigo mesmo,
ansiando por amor.
Capítulo vinte e cinco

Foi uma daquelas noites que parecem


não ter fim. Por mais irônico que parecesse,
considerando que Eu, em seu reino, a
escuridão era perpétua.
Sempre a mesma Lua. E Roderick
estava olhando para ela com indiferença
agora. Não havia alegria em vê-la. Não
quando ele tinha que cumprir os deveres
tediosos que seu status agora exigia.
E sem sua companheira, tudo ficou
cansativo.
O último encontro com o clã de Izora
tinha sido chato pra caralho. Izora era uma
das simpatizantes do ex-rei Maxius. E mais
uma vez, ela exigiu liberdade para matar.
A podridão que fervilhava nas ruas
desapareceu com a chegada de Roderick, e
uma nova ordem assumiu. Todos podiam
continuar se alimentando de mortais, mas
tinham que fazer isso de forma limpa.
Nenhum cadáver podia ser jogado na
rua. Muito menos chamando a atenção para
si mesmos no Reino Mortal.
A punição seria o Sol ou a decapitação.
Mas Izora não entendeu as novas regras ou
não quis.
E embora Iulian suspeitasse que ela
pudesse se rebelar contra ele, essa
preocupação não o deixava inquieto ou
paranoico. Ele não tinha intenção de
prestar atenção em Izora.
Em vez disso, se ela começasse uma
guerra contra ele, ela lhe faria um tremendo
favor.
Primeiro, ele a mataria, e então se os
outros clãs quisessem que ele desistisse do
trono, ele o entregaria de bom grado. Ele
não foi criado para governar. Ele foi feito
para a guerra.
Roderick começou a desabotoar a
camisa, começando pelas mangas.
“O que você quer agora?” Ele perguntou
sem olhar para a porta. Ao som de batidas,
ele fechou os olhos, imaginando se alguém
o deixaria sozinho por algumas horas.
Mas, aparentemente, Vera tinha algo
urgente a dizer para ousar perturbá-lo.
“Dois de nosso povo estão mortos.”
Roderick se virou.
“Eles foram encontrados em suas casas.
Um é o segundo de Malco e o outro...” Vera
fez uma pausa por um momento.
“Quem era o outro?” Roderick
perguntou com a severidade típica.
“Celeste.”
“O Senhor do Clã Mallory?” Ele fez uma
careta.
“Ambos decapitados.”
“Como isso é possível? Celeste era uma
das antigas. Mais velha que eu.
“Draven, seu segundo, disse que como
sempre, ela tinha um homem e uma
mulher, ambos humanos, esperando por
ela em seu quarto principal. Draven
confirmou que eles eram humanos quando
os deixou entrar.”
“Onde estão os humanos?”
“Esse é o problema. Eles se foram. É
como se eles tivessem desaparecido.
Ninguém os viu sair.”
“O que Malco diz?”
“Seu segundo foi em uma daquelas
orgias particulares a que ele costumava ir.
Algumas pessoas dizem que o viram
saindo com uma mulher de cabelos loiros.
Todo mundo achava que ela era humana de
qualquer maneira.”
“Eles não são humanos...” Roderick
disse. “Eles estão usando algum tipo de
magia que os ajuda a se parecer com um. E
isso não é qualquer magia que uma bruxa
ou feiticeiro pode usar.”
“Talvez Tara saiba uma vez que ela anda
pela sala”, respondeu Vera.
“Se você está preocupado que ela pense
que você está apenas usando ela, você deve
primeiro pensar no fato de que estamos
todos em perigo.”
Ela continuou quando pensou ter visto
alguma hesitação em seu rosto.
“Leve-me para onde Celeste foi
encontrada.” Roderick não comentou o que
Vera havia dito, desconsiderando-a.
Vera tinha o hábito de assumir as coisas
e expressá-las. E ao invés de dizer algo para
ela que ela tomaria como uma bronca, ele
decidiu que era melhor deixar o assunto
para lá. Vera e ele tinham uma relação
especial.
Ambos eram irmãos em formação. Iulian
era tanto seu senhor quanto dela. Só foi ele
quem foi considerado o Príncipe dos Noctis.
Sendo o primeiro filho gerado por Iulian,
Um dos vampiros antigos ainda
existentes.
É por isso que Roderick sempre foi
tratado com o mesmo respeito que seu
Senhor. Só que era o medo, que ele incutiu
em todos ao longo dos séculos, construindo
uma reputação própria.
Sua sede de sangue, sua velocidade e
sua eficiência na luta.
Sua lealdade a seu Senhor e seu clã fez
com que, ao longo dos anos, o que começou
como uma piada de Vera se tornasse um
apelido que mais tarde se espalharia para
os outros reinos. O Príncipe da Morte.
Pois era a própria morte que ele
retratava.
O corpo seminu de Celeste jazia no chão
perto de sua cama. A cabeça dela, perto da
varanda. Seus olhos negros ainda estavam
abertos, suas presas congeladas.
“Parece que assim que as portas se
fecharam, ela nem teve tempo de ver o que
eles fariam”, disse Draven enquanto pegava
sua cabeça e a colocava em cima da cama.
Fechando os olhos.
“Por enquanto, você será o único
Encarregado de administrar seu clã.”
Roderick disse a ele. “Em duas noites, eu
quero saber quem é o novo Senhor.
Se tivesse sido Maxius, ele teria decidido
quem seria o novo chefe do clã de Draven.
Maxius gostava de controle. Mas Roderick
respeitava a tradição.
O vampiro mais velho e poderoso de um
clã seria o próximo na sucessão. Neste caso,
Draven e Seskel deveriam disputar a nova
posição deixada por Celeste.
“Sim senhor.” Draven baixou a cabeça.

Roderick se agachou. Seu olhar fixo no


braço esquerdo de Celeste. Parte de sua pele
parecia cinzas sendo esfregadas na
superfície.
“O que é aquilo?” Vera se aproximou.
Roderick levantou o braço dela e,
aproximando a boca, soprou na superfície
da pele. A cinza cinzenta subiu
ligeiramente, transformando-se em uma
partícula de pó de obsidiana.
Movendo-se e criando o que pareciam
ser palavras.
“O que diz?” Draven franziu a testa.
“Você vai pagar pelo que fez. Vejo você
em breve, Rei Roderick.” Vera leu em voz
alta.
Roderick soltou a mão de Celeste de
repente quando seu corpo começou a se
transformar no mesmo pó de obsidiana que
estava em seu braço.
“Isso é mais pessoal do que
pensávamos.” A calma com que ele falava
enervou Vera.
“Você está brincando comigo?”
“Draven, quero notícias em duas
noites.” Ele ordenou e saiu da sala com Vera
em seus calcanhares.
Na casa dos Noctis, Vera deu um passo
à frente para dizer: “Alguém está brincando
com a gente, com você.”
“É estranho, não é?” Roderick sentou-se
na cadeira de costas para a janela que
ocupava a maior parte da parede.
Não é estranho, Roderick. Quem quer
que seja essa pessoa que guarda algum tipo
de ressentimento por você, está com um
Fae. Vera observou enquanto ele fazia um
campanário com os dedos. Seu silêncio
claramente a irritou.
“Então o que você vai fazer?”
“Mmmm... Eu me pergunto o que eu
poderia ter feito no passado que deixou
alguém tão ferido e sedento de vingança.”
“Você está perguntando seriamente?”
Vera zombou. “Você passou sua vida em
guerras, matando. Não estou surpreso se
você tem mais de mil pessoas ressentidas
esperando que você pague pelo que fez.”
“Porque agora?”
“Por que não? Talvez tenha sido agora
que essa pessoa descobriu onde você
realmente está.”
“Não, eu não penso assim.” Ele estreitou
os olhos, deixando cair os braços sobre os
braços da cadeira. “Se a pessoa que quer
vingança é uma das bruxas, então tudo o
que eu fiz deve ter sido recente.
“As bruxas não vivem por tantos
séculos, não se você é poderoso o suficiente
para fazer um acordo com o próprio Rei
Demônio ou se você possui sangue fae.”
Vera arqueou uma sobrancelha. “Um
fae está entre eles.”
“Poderia muito bem.” Seus olhos
focaram nela. “Mais do que nunca, você
deve proteger Tara. Eles sabem o que ela é.
“Mas a vantagem que temos é que eles
não sabem quem ela é para mim, para este
Reino. E assim deve ficar até que tudo
acabe.”
“Tudo bem. Não se preocupe com isso.
Você quer que eu peça a Tara para verificar
a casa de Celeste e Malco?”
“Não há necessidade. Eu mesmo vou
buscá-la.”
“Vou embora então. Estou com fome.”
Roderick assentiu.
Encontrar Tara foi a parte mais
desafiadora, desde que ela permanecesse
em sua corte.
Mas Roderick conhecia alguém que
poderia fazer isso.
Reeona era uma fada, afinal.
Ele saiu com o pensamento de encontrá-
la fixa em sua mente.
Enquanto a escuridão se movia ao redor
dele como fumaça preta, ele apareceu bem
na porta de Reeona. Levantando o punho,
ele bateu duas vezes.
A casa estava quieta. Era tarde, e a área
ao redor estava em um silêncio mortal.
Os primeiros flocos de neve começavam
a cobrir a superfície das ruas e os telhados
das casas.
Ninguém parecia tê-lo ouvido, pois não
havia sinal de alguém indo até a porta.
Roderick bateu novamente. Desta vez mais
alto, sem se importar com as rachaduras
que aparecem na porta vermelha recém-
pintada.
As palpitações aceleradas de um pulso o
alertaram de que alguém estava descendo
as escadas com pressa. Ele esperou.
Um homem que ele nunca tinha visto
antes abriu a porta. Roderick observou
enquanto seus olhos azuis o procuravam,
mas não conseguiam encontrá-lo.
Ele, escondido em sua escuridão, o
examinou, estudando-o.
Apesar de sua altura, o homem parecia
fraco. Seus olhos azuis eram tão comuns
quanto as centenas que ele tinha visto ao
longo dos séculos.
Seu cabelo ruivo lembrava o de Starlet
Nox, uma das bruxas mais poderosas.
Um descendente da família Nox e, mais
importante, um parente direto de Alistair
Nox, o feiticeiro que muitos consideravam o
melhor de todos, mesmo com rumores de
ser mais poderoso que a própria Rainha
Evanora.
“Quem era, Nigel?” A voz de Bianca
Foi ouvido atrás dele.
“Não era ninguém.
Depois de dar uma boa olhada no
homem à sua frente, não havia dúvida na
mente de Roderick de que ele era apenas
um bruxo menor, o que o deixou curioso.
Por que a irmã de Tara se envolveu com
alguém como ele? Bianca não deveria evitar
interagir com feiticeiros?
O homem fechou a porta.
Roderick ergueu o punho novamente e,
quando estava prestes a bater, a porta se
abriu novamente.
Desta vez foi Reeona. Embora ela não
pudesse encontrá-lo dentro do escudo
escuro que ele usava, o fae inferior sabia
muito bem que era ele.
“O que você está fazendo aqui?”
Ele podia muito bem ver que ele não era
o favorito dela. Reeona não parecia nada
satisfeita em encontrá-lo na frente de sua
casa.
“Quem é, mãe?” Bianca perguntou da
escada.
“Vá dormir,” Reeona disse com um
aceno de cabeça para Nigel.
“Eu preciso ver Tara.” Roderick foi direto
ao ponto.
“Este não é o horário de visita. Além
disso, ela não está aqui.”
“Eu sei. Mas eu não fiz uma pergunta,
Reeona.” Um músculo em sua mandíbula se
contraiu.
“Quem você pensa que é para exigir
alguma coisa?” Ela o repreendeu.
“Eu sou seu companheiro.”
A expressão dela mudou. Não porque ela
não sabia sobre o relacionamento entre ele
e Tara – pelo contrário, ela sabia tudo sobre
isso. Mas ela também sabia por que ele
disse isso.
Para os fae, almas gêmeas eram
sagradas.
E era contra sua natureza impedir que
alguém quisesse ver seu companheiro. E
Roderick sabia disso muito bem.
“Você já se perguntou se ela pode nunca
querer vê-lo novamente?”
“Isso é entre ela e eu.” Sua voz tornou-
se tão gelada quanto o frio da noite. “Eu
aprecio sua preocupação, no entanto.”
Seus lábios permaneceram franzidos,
seus olhos endurecendo. “Espere aqui.” Ela
fechou a porta, bem na cara dele. Mas isso
não o fez recuar. Novamente, ele esperou.
Alguns minutos se passaram, talvez até
vinte.
Ele olhou para a esquerda, seus olhos
vagando dos pés descalços de Tara até onde
sua camisola de cetim prateado revelava
parte de sua clavícula.
O cabelo dela caía livremente pelas
costas, e a mão dele coçava para tocá-lo e
sentir seu cheiro de eucalipto.
“O que aconteceu?” ela perguntou.
“Reeona me disse que você queria me ver?”
Tara sabia que ele não a procuraria
diretamente aqui a menos que fosse
necessário. Roderick era do tipo que
preferia não se envolver com os outros, a
menos que fosse necessário.
Ele não era o tipo de homem que
apareceria em uma casa para conhecer a
família de sua namorada.
Roderick era, no entanto, o tipo de
homem que não dava a mínima para o que
os outros pensavam ou queriam. Ele era
aquele macho que só se importava com o
que sua companheira queria e pensava.
Então, quando Reeona apareceu em seu
quarto, ela que estava lendo não hesitou em
vir.
“Desculpe se interrompi alguma coisa.”
Seus olhos voltaram a olhar para suas
pernas nuas. As bordas de suas íris ficaram
vermelhas, suas presas começaram a se
alongar. Ele fechou os olhos. Apertando a
mandíbula.
A imagem dela era tão sedutora que seu
corpo mal podia resistir. E Tara percebeu
isso.
“Eu estava lendo.” Ela respondeu,
limpando a garganta, capturando sua
atenção novamente. Só que desta vez, ele
manteve os olhos em seu rosto.
“Eu preciso que você venha comigo. Dois
dos meus vampiros foram mortos esta
noite.”
“Como isso aconteceu?” Ela cruzou os
braços.
Os flocos de neve ficaram maiores com
o passar dos minutos. A temperatura esta
noite foi uma das mais baixas do ano.
E ao vê-la com as pernas nuas e apenas
um pano fino cobrindo parte de seu corpo,
Roderick tirou a jaqueta e se aproximou
dela.
Como fumaça preta, a escuridão saiu
dele, envolvendo-a. Prendendo-a com ele. O
frio tornou-se quente naquele espaço
escuro. E ainda assim ele colocou sua
jaqueta sobre ela.
“Obrigada.” Ela olhou diretamente nos
olhos dele. A tentação estava lá novamente.
Tão perto e tão longe.
“Você pode vir comigo? Eu preciso de
sua ajuda.” Ele disse, e ela assentiu e a
escuridão que os escondia da noite os fez
desaparecer.
Sem saber que outra pessoa os tinha
visto.
Capítulo vinte e seis

O ar dentro da sala onde Tara estava era


de arrepiar
A decoração, no entanto, exibia cores
quentes. Auto-retratos e paisagens de
montanhas e rios pendiam das paredes.
Enquanto alguns mostravam a mesma
mulher com roupas e penteados conforme a
moda mudou no Reino Mortal, as outras
pinturas pareciam servir como um
lembrete de que o sol ainda existia.
Tons como amarelo, violeta e laranja se
estendiam sobre as montanhas e brilhavam
na superfície dos rios.
Tara inspecionou cada um, parando no
que parecia ser o mais antigo de todos. Um
autorretrato feito há mais de mil anos.
A mulher usava seu cabelo preto curto
muito liso. As extremidades desceu até os
ombros. Ela usava um vestido liso e branco
Sua pele estava bronzeada, seus olhos
escuros e grandes.
O rosto, em geral, não parecia tão
detalhado quanto os outros. Mas a julgar
pela semelhança com as outras pinturas,
era a mesma mulher.
E se ela não estava enganada, então a
mulher que possuía este quarto era, sem
dúvida, uma velha vampira.
Tara continuou a vasculhar a sala. O
chão era acarpetado, e seus pés descalços o
atravessavam sem fazer barulho.
Puxando a jaqueta de Roderick mais
apertada ao redor dela, seus olhos o
encontraram fechando todas as janelas e
portas francesas brancas que davam para
uma vasta varanda cheia de plantas verdes
e trepadeiras nas grades.
“Este era o quarto de Celeste. Ela estava
com dois humanos quando foi vista pela
última vez.”
Tara virou-se para olhar a pintura
egípcia ao lado da cama.
“Você não tem ideia de quantas vezes ela
mudou de nome. Amunet, esse era o nome
verdadeiro dela.” Ele disse.
“Ela era velha. Ela deveria ser uma das
vampiras mais fortes em seu reino.” Ela
olhou para as manchas de sangue ainda
deixadas no tapete e nos lençóis de linho.
“Também achei.”
Roderick a viu se curvar e colocar a mão
no chão, seus olhos verdes olhando
atentamente para o local onde o corpo de
Celeste se desintegrou em pó de obsidiana.
“Você disse que eles eram humanos?”
“Isso foi confirmado por Draven, seu
segundo.”
Tara balançou a cabeça. “A magia das
bruxas foi usada aqui.” Sua mão tocou o
chão, e com a ponta de seu dedo, ela tocou
um pó preto que se misturou com o sangue
do vampiro. “O que é isto?”
Isso...” Roderick se agachou ao lado
dela. “É o que fez seu corpo desaparecer.
Eles deixaram uma mensagem.”
“Que mensagem?”
Ela se levantou ao lado dele.
“Vou pagar pelo que fiz.”
“A mensagem era para você?” Ela
ergueu a sobrancelha.
“Parece que alguém tem rancor contra
mim.” Seus olhos viajam até o peito dela.
“Você não tem nada com o que se
preocupar.” Ele disse ao ouvir o pulso dela
acelerar.
“Você nunca vai se livrar de mim.” O
humor adicionado às suas palavras.
Mas Tara não sorriu. Ela lambeu os
lábios inconscientemente.
“Você precisa ser mais cuidadoso agora.
Qualquer um que entre neste Reino como
um humano pode muito bem não ser. Há
magia de bruxa aqui. Mas eu também posso
sentir a presença do Fae. Muito
provavelmente, ele usou o feitiço para
enganar Draven.”
“Eu suspeitava disso.”
“E o outro vampiro morto?”
“Venha.” Roderick estendeu a mão.
Seus dedos se fecharam ao redor dos
dela quando ela deslizou a mão na dele.
Puxando-a para mais perto dele, a
escuridão os envolveu novamente,
deixando-os agora em uma sala menor. As
paredes eram forradas com papel vermelho
e flores creme.
O cheiro ali era diferente do quarto de
Celeste. Enquanto o dela cheirava a plantas
frescas, ali, exatamente onde ela estava
agora, cheirava a sangue e sexo.
Cadeiras de vários tipos, veludo preto,
branco e vermelho, foram colocadas
estrategicamente. O ponto focal do quarto
era uma grande cama com dossel, onde
cortinas pretas pendiam das quatro torres
de madeira em cada canto.
Tara olhou para o céu da sala. Correntes
grossas estavam penduradas ali. E ela só
podia imaginar que tipo de atividade esses
vampiros estavam fazendo lá.
Ela foi dar o primeiro passo quando
sentiu o pé tocar em algo molhado. A
repulsa subiu em sua garganta quando viu
que era sangue.
Era quase impossível sair com o tapete
vermelho cobrindo toda a superfície.
Ver Roderick abrir a porta e chamar
alguém a distraiu por um momento da
sensação quase viscosa que sentiu entre os
dedos dos pés.
“Por que você está pedindo isso?” Uma
voz masculina disse do outro lado.
A porta permaneceu mal aberta, e ela
não podia ver quem estava ali.
“Obrigado, Malco.” Roderick fechou a
porta.
“O que você está fazendo?” ela
perguntou quando os braços dele
deslizaram atrás de suas pernas e ao redor
de sua cintura. Pegando-a e levando-a para
um espaço na sala onde o tapete estava
limpo.
Depositando-a no chão, ele se agachou.
“Eu posso fazer isso sozinho.” Tara
tentou se afastar, percebendo o que ele
faria, mas era tarde demais.
Ele agarrou seu tornozelo e começou a
limpar seus pés.
Suas mãos ásperas e viris faziam seu
trabalho com destreza. Sua expressão
estava fixa como se a tarefa exigisse o
máximo de foco.
Tara imaginou as mãos dele subindo do
tornozelo até a parte interna das coxas. Se
ela olhasse para cima, sua boca estaria
quase exatamente onde seu sexo estava
ficando molhado.
A imagem dele usando sua língua em
seu clitóris enquanto ela se agarrava
àqueles ombros largos e musculosos fez
seus mamilos endurecerem sob o tecido fino
de suas roupas.
Como os dedos dela se perderam em seu
cabelo loiro escuro curto.
Ou como suas presas a morderam
enquanto ele a fodia com força... tão forte
enquanto ela estava suspensa naquelas
correntes penduradas no teto.
Tara não pôde deixar de engolir.
Como seria se alimentar dele? Ela
pensou.
Ela só podia imaginar que fosse duro,
áspero e doloroso, onde seu sangue
mancharia seus seios enquanto ele bebia
dela.
“O que você está pensando, Tara?” Ele
disse de repente. Seu tom de voz era baixo,
profundo e rouco.
Roderick tentou manter o controle. Mas
ela não estava facilitando Foi o suficiente
para abraçá-la e sentir seu calor, mas
Aparentemente, sua companheira tinha
outros planos.
O cheiro de sua excitação veio tão forte
para ele que por um momento, sua mente
ficou em branco enquanto suas mãos
continuavam a limpar mecanicamente sua
pele.
Foi uma fodida tentação. Fazendo seu
próprio pênis ficar duro apenas cheirando-
a. Ele não podia ler mentes, mas isso não
era necessário. Ele podia muito bem
adivinhar o que ela estava pensando.
Ele então começou a colocar um par de
chinelos masculinos. Seus pés finos mal
eram visíveis.
Seus olhos subiram para os dela.
Tara observou enquanto seu olhar
começava a vagar lentamente. Sentindo-o
nos lábios, nos ombros e nos seios. Seus
mamilos duros eram visíveis contra o tecido
de sua camisola.
Um calor despertou dentro dela com
cada uma de suas observações. Um olhar
metódico, como se sua mente estivesse
planejando o que fazer com cada parte de
seu corpo. E ela estava morrendo de
vontade de saber.
Roderick era mais alto que ela.
Imponente, suas costas largas roubaram o
ar de seus pulmões. O espaço na sala
parecia cada vez menor.
Ele levantou a mão e afastou uma
mecha do cabelo dela da bochecha. Mas
seus dedos não pararam apenas com isso.
Tara sentiu-os correr ao longo da veia em
seu pescoço.
Foi um movimento calculista como se
ele estivesse procurando o melhor lugar
para afundar suas presas.
Sua pele formigava ao senti-lo tão perto.
Seus olhos procuraram sua boca.
Sua mandíbula apertou. Parecia que ele
estava se segurando para não fazer algo
com ela.
Seu hálito quente acariciou sua boca,
tentando-o a possuí-la.
Naquele maldito quarto onde um
vampiro tinha morrido horas antes.
Suas bocas estavam tão próximas que
mal se acariciavam.
Uma batida na porta a fez recuar de
repente. Tirando-a do devaneio que nublava
seu julgamento.
“Quem é esse?” O rosto de Roderick
ficou frio.
Vera abriu a porta. “Ah, você ainda está
aqui. Achei que poderia ter me atrasado.”
Ela entrou, ignorando seu olhar assassino.
“Não atrasado, mas prematuro como
sempre, sim.” Ele estreitou os olhos.
“Não é minha culpa. Seja mais rápido da
próxima vez.” Vera lhe disse
zombeteiramente.
Tara aproveitou aquele momento e
limpou a garganta, chamando os dois a
atenção.
“Minha rainha.” Vera baixou a cabeça.
Com absoluta seriedade.
“Por favor, não se dirija a mim assim. Eu
não sou uma rainha.” Ela respondeu sem
jeito.
E embora suas palavras pudessem ter
machucado Roderick, elas não
machucaram. Pelo contrário, ver Vera tratá-
la como ela merecia fez com que ele se
sentisse orgulhoso de certa forma.
“Sinto muito, minha rainha”, disse Vera
novamente. “Mas eu não posso parar de
fazer isso. Você é parte de nós agora.”
“Vera... pare,” Roderick ordenou a ela.
Ele podia sentir o jeito de Tara mudar
drasticamente a cada palavra que Vera
falava. Ele podia sentir seu poder
despertando no final de seu vínculo.
Ele observou como os olhos dela ficaram
verdes escuros. E quando seus lábios
formaram uma linha dura. Todo o seu rosto
ficou em carne viva. Se ele não a impedisse
logo, Vera experimentaria um verdadeiro
terror.
Capítulo vinte e sete

Ele sorriu secretamente enquanto


olhava para sua noiva. À primeira vista,
Tara parecia ser alguém que seguia o fluxo.
Sem reclamar.
Mas a verdade era diferente, uma que
ele descobriu enquanto estava com ela na
Terra do Crepúsculo. Se ela foi com o fluxo,
foi porque o fluxo a levaria para onde ela
queria estar.
Não importa se os outros achavam que
ela era muito mole ou muito áspera. Sua
maneira de aceitar as coisas não significava
que ela realmente as aprovava. Ou que ela,
sem dúvida, os aceitaria para sempre.
Ou que ela se importava. E ele admirava
isso nela. Sua quietude, seu silêncio
poderia significar a própria guerra, uma vez
que ela decidisse liberá-la.
Mas antes que ele tivesse que detê-la, os
primeiros vestígios de seu poder
desapareceram.
Tara tirou sua jaqueta, “Eu não preciso
mais.”
“Fique.” Ele disse.
Ela olhou em seus olhos enquanto ele a
ignorava. Todo o calor em seu olhar de
alguns minutos atrás se transformou em
uma escuridão gelada. E sua expressão
ansiosa para beijar voltou ao seu olhar
normalmente frio e distante.
“Este é o lugar onde o outro vampiro foi
encontrado,” Vera falou de uma
espreguiçadeira com o braço direito
enrolado.
Tara se aproximou.
“Eu não acho que o Fae estava aqui.
Mas uma bruxa estava.”
“Então como ela poderia ter passado
como humana?” Vera perguntou a ela.
“Pode ser que o Fae tenha colocado um
feitiço nela. Se ele estivesse por perto,
poderia tê-la ajudado a se esconder à vista
de todos.
“Ambos foram decapitados na mesma
época”, Vera olhou para Roderick.
“Alguém o viu sair com a mulher?”
“Uma das pessoas na festa disse que a
mulher tinha cabelos claros ou algo assim.”
Vera continuou “Ela é provavelmente a
mesma loira que vimos aqui.” Tara
examinou o quarto com cuidado. “Se ela
estivesse aqui, e as outras duas com
Celeste, significa que o grupo deles não é
tão grande quanto se pensava.”
“Não sei se pode ser assim, minha
rainha...”
Os olhos de Tara endureceram. “Eu
disse para você não-“
Mas Vera a cortou se desculpando com
o olhar. “Os rumores que ouvimos eram de
que era um grupo de pelo menos dez.”
“E ainda assim, até agora, os únicos que
vimos em ação são as duas bruxas e os
Fae”, disse Roderick. Suas mãos estavam
escondidas nos bolsos enquanto seus olhos
iam de Vera para Tara.
“Talvez os outros fossem apenas seres
menores. Isca para atrair vítimas por um
preço menor, nada a ver com o plano deles.”
Tara disse a ele.
Roderick baixou o olhar em uma
expressão profundamente pensativa. “Pelo
menos agora sabemos o motivo de um
deles.”
“Você.”
Ele olhou para Tara enquanto a ouvia
dizer.
“Devemos aproveitar isso.” Ela disse
novamente.
“Como?” Vera perguntou com
sobrancelhas intrigantes.
Os olhos de Tara foram para Roderick.
Ele podia começar a adivinhar o que ela
estava sugerindo. A ideia não era absurda,
mas era demais
Perigoso... para ela.
“Não.” Ele disse sem rodeios.
“O que?” Vera olhou para ele.
“Mais cedo ou mais tarde, todos
saberão. O lorde demônio deve ter
suspeitado disso agora.” Explicou Tara.
“Eu entendo que você não quer que
ninguém saiba por enquanto. Mas se
queremos usar a informação como isca,
esta é a hora de fazê-lo.”
“Você pode me dizer do que está
falando?” Vera os interrompeu.
“Você percebe que, se fizermos isso, não
apenas sua vida, mas a do demônio, Reeona
e Bianca também estarão em perigo.” Sua
voz era áspera, mas isso não a intimidou
nem um pouco.
“Eu sei. Mas é um risco que temos que
correr. Vou falar com eles e ver se consigo
convencê-los a voltar para seus reinos por
um tempo.”
Ela observou enquanto ele passava a
mão pelo cabelo. E como o músculo em sua
mandíbula se contraiu.
“É uma oportunidade a não perder. Você
não deve se preocupar muito. Esta bruxa
virá atrás de mim. E você estará lá. Eu
permanecerei no Reino Mortal, e você estará
comigo. Perto de mim.”
Ele suspirou em resignação. Embora o
plano não fosse do seu agrado, Tara estava
certa. A única maneira de atraí-los era jogar
uma isca.
E nada melhor do que a notícia de que o
Rei dos Vampiros tinha encontrado sua
companheira. “Tudo bem. Como você quer
fazer isso?”
Ambos se viraram para Vera, que
pigarreou naquele momento. Tentando
chamar a atenção deles. “Por favor, Vossas
Majestades...” Ela murmurou.
Ganhando um olhar de repreensão dos
dois. Mas ela não dava a mínima. “Você
pode me dizer de que plano você está
falando?”
“Nosso vínculo permaneceu em segredo
até agora. Assim que a notícia se espalhar,
aquela bruxa... fará tudo o que puder para
chegar até mim. Eu sou sua Noiva, afinal.”
As sobrancelhas de Vera se ergueram
levemente, “Um plano meio perigoso, você
não acha?”
Tara sorriu, “Estou feliz que você pelo
menos acha que é um pouco.”
“Como vamos fazer isso então?”
“Você vai começar a espalhar a notícia
aqui,” Tara disse a ela. “E quando nos
encontrarmos amanhã à noite com os
outros membros do grupo, você vai deixar
cair a informação.”
“Eles não vão ficar felizes.” O vampiro
disse depois de um assobio.
“Eles saberão que você responde não só
ao Unseelie, mas a vampiros também.”
“Honestamente, eu não dou a mínima
para o que eles pensam.” Tara deu de
ombros.
“Eles vão aproveitar todas as
oportunidades para fazer algo contra você.”
“E ainda assim, eles não têm.” Ela refletiu
por um momento.
“Talvez quando eles descobrirem sobre
seu relacionamento com ele, eles
descubram.” Vera expressou.
Depois de um breve silêncio, ela se
virou.
“Onde você está indo?” Roderick
perguntou a ela.
“O tempo não está do nosso lado, e eu
tenho que começar a dar as boas notícias.”
Vera deslizou um sorriso para Tara, que em
troca revirou os olhos.
No entanto, nada disso fez o olhar
severo de Roderick relaxar. A ideia de todos
saberem da existência de sua companheira
não era algo que ele gostasse
particularmente, não agora, não na
situação em que se encontravam.
“Eu sei o que você está pensando.”
A voz dela o distraiu de seus
pensamentos.
“Eu não sabia que você podia ler
mentes.” Uma ligeira curva apareceu em
seus lábios.
“Eu não. Mas eu posso ver isso em seu
rosto. Sentir, mais como.”
“Pode dar errado.” Ele voltou com toda a
seriedade.
“Desde quando Roderick, o Príncipe da
Morte, vacilou em alguma coisa?”
E embora ela pretendesse adicionar um
toque de humor ao momento, ela falhou
Seus olhos permanecem nela
atentamente. Um sentimento oculto que ela
podia facilmente ver e cheirar nos outros,
exceto nele.
Mas a sombra da dúvida estava lá
novamente.
“Você está com medo?”
Quando o viu pela primeira vez, viu
apenas um vazio negro, sem sentir nada. É
por isso que ela sempre pensou que ele não
possuía nenhum medo. E isso, de certa
forma, a assustou.
Porque quem não tem medo não sente,
como Reeona costumava dizer a ela. Mas a
sombra da dúvida tinha começado naquele
baile algumas noites atrás. Quando ela
sentiu sua excitação.
Então, outra teoria começou a se formar
em sua cabeça. Talvez ele tivesse o poder de
esconder o que sentia. Um escudo
protegendo sua mente e coração. Que nem
mesmo um fae como ela poderia saber.
E justamente quando ela pensou que ele
nunca admitiria tal coisa, ele falou,
deixando-a tão quieta que ela se esqueceu
de respirar.
“Só porque você não vê meus medos não
significa que eles não estejam lá. Eu sempre
tenho medo por você, Tara. Medo de nunca
mais te ver. Medo de te deixar sozinha.”
Seus olhos viajaram para o peito dela, e
ele os fechou por alguns segundos. “Esse é
o som que eu mais aprecio...” Ele olhou de
volta para ela. “As batidas do seu coração.”
Ela viu como sua frieza se transformou
em calor novamente. Seus olhos vermelho-
escuros sorriram. “Eu tenho que admitir, eu
gosto de te deixar nervosa”
“Eu não estou nervosa.” Ela disse
defensivamente. Seus olhos foram dele para
a lareira e de volta para ele.
“Seu coração diz o contrário.”
Caramba. Era impossível esconder
qualquer coisa dele quando seu próprio
batimento cardíaco a traiu:
A porta se abriu de repente. E Tara
estava mentalmente grata pela interrupção.
“É verdade?” Um homem com cabelo
escuro e encaracolado e nariz romano
apareceu.
Seu rosto parecia mais jovem que o de
Roderick. No entanto, suas feições
empalideceram em comparação com o resto
dele.
O vampiro de olhos escuros era alto e
bem vestido, com seu terno cinza de três
peças e um relógio de ouro pendurado em
um botão do colete.
“Este é Malco, o Senhor do Clã de
Sangue Morto.” Roderick
Disse a ela.
“Então é verdade.” Os olhos de Malco se
arregalaram e ele soltou uma risada.
Aproximando-se com passos largos até ela.
“Minha rainha.” Ele se curvou.
Tara ofereceu a mão direita para lhe dar
um aperto de mão mais informal. Mas
Malco pegou sua mão e aproximou seus
lábios, beijando-a.
“Já chega, Malco,” Roderick disse em
um grunhido baixo.
“Quando Vera me contou, eu não
acreditei.” Malco virou-se para ele.
“Por um momento, pensei que
estávamos condenados a ficar sozinhos com
você.”
Malco era um daqueles conhecidos que
bem, poderiam ser chamados de amigos.
Os dois se conheciam há pelo menos
seis séculos. E embora Malco fosse um
vampiro mais jovem que ele, ele era forte o
suficiente para comandar um clã.
Seu carisma, inteligência e habilidade
com armas o tornavam intimidador entre
outros vampiros.
E embora Roderick não o considerasse
alguém em quem confiasse inteiramente,
havia sempre aquela facilidade de conversa
e brincadeiras entre eles.
Malco e seu clã estavam entre os mais
leais a ele.
“Meu nome é Tara. Um prazer.”
“Não, minha rainha, o prazer pertence a
todos nós.” Malco colocou as mãos atrás
das costas. “Vera disse que você é do
Unseelie.”
“Isso mesmo.”
“Esta é a melhor notícia que ouvi desde
que esse assumiu o trono.” Ele acenou para
Roderick. E ela apertou os lábios para não
rir. Ela gostava de Malco.
E o engraçado era que ele não estava
intimidado por seu companheiro.
“Se você não se importa Malco, eu devo
levar Tara para o Noctis,” Roderick
interrompeu com uma carranca. Foi mais
do que suficiente para apresentar os dois.
E se dependesse dele, Malco nunca mais
falaria com ela. Malco conseguira o que ele
ainda não conseguira. Faze-la rir.
E vendo que era outra pessoa que havia
provocado seu súbito bom humor, sentiu
ciúmes.
“Claro, meu rei.” Malco curvou-se para
os dois e deixou o quarto.
“É necessário que eu vá agora?” Tara
perguntou a ele.
“Seria a coisa sensata a fazer.”
Deslizando a mão dela na dele, ambos
agora emergiram em um salão retangular
onde centenas de outros retratos e outras
pinturas estavam penduradas nas paredes.
As longas cortinas pretas penduradas
nas enormes janelas tornavam a sala ainda
mais sombria. E embora não fosse um estilo
que Tara gostasse, ela não podia deixar de
reconhecer o gosto meticuloso na
decoração.
Sofás e cadeiras de um azul profundo e
reluzentes davam à sala uma aparência
gótica. Lustres de ouro pendiam do teto.
Plantas enormes e rosas cor-de-rosa
escuras lotavam cantos e outros espaços
perto dos sofás e cadeiras.
O ar estava ligeiramente frio. O cheiro
era limpo e fresco.
Mas tudo isso ficou para trás quando ela
percebeu o silêncio profundo e os olhares
expectantes.
Dezenas de vampiros a observavam.
Alguns com surpresa, outros com
aprovação.
Tara inalou profundamente, fechando
os olhos brevemente. Prendendo a atenção
de todos. O medo estava no ar. Medo dele,
medo dela.
Ela abriu os olhos. Encontrando todos
os vampiros com as mãos ao lado de seus
corações e suas cabeças inclinadas.
O Clã Noctis deu as boas-vindas à sua
Rainha.
Capítulo vinte e oito

O som da porta se fechando foi ouvido


quando Roderick a fechou atrás dela.
A exaustão estava começando a
aparecer depois de trocar saudações com
cada um dos membros do Clã Noctis por
horas. O clã mais antigo e influente de
todos.
Iulian tinha levado seu tempo
explicando a ela como funcionava a
hierarquia de cada clã, quem eram os
aliados de Roderick e quem não eram.
Outros não hesitaram em expressar o
que pensavam dele. Eles estavam
orgulhosos de sua brutalidade e da frieza
que ele mostrava ao lidar com os assuntos
do reino.
E ninguém temia que com a nova rainha
isso mudasse.
Todos confiavam cegamente em
Roderick como rei.
Todos o respeitavam e o temiam, exceto
Iulian, seu Senhor.
Tara se lembrou do rosto de Francis
agora. O vampiro que ela conheceu na noite
do baile levou ela e Hado para onde
Roderick os esperava.
Seus olhos eram como pires. O medo
governou cada parte de seu corpo quando
ele descobriu sua verdadeira identidade.
Murmurando um pedido de desculpas pela
maneira como ele a tratou.
Assegurando que ele nunca teria se
dirigido a ela informalmente se ele soubesse
quem ela realmente era.
Mas isso não importava para ela. Tara
nunca sentiu ares de graças e a necessidade
de outros beijarem seus pés.
Agora, em seus aposentos privados, ela
se lembrava da história sobre os clãs que
Iulian lhe contara. “Por que de todos os clãs,
você, o Noctis, é o único que pode usar a
escuridão para desaparecer e aparecer
quando quiser.”
Roderick caminhou até uma pequena
mesa onde tinha uma garrafa de vinho.
Certamente, ele não bebeu nada além de
sangue.
Mas para ela, ele procurou tudo o que
ela precisaria neste quarto, em seus
aposentos privados. Até a cama enorme.
“Como Iulian te disse, Sangue Morto é o
clã descendente direto do primeiro mortal
amaldiçoado com a luz do sol. O primeiro
vampiro.”
Ele se aproximou dela e lhe entregou
uma bebida, que ela pegou e o seguiu até as
duas cadeiras em frente à lareira acesa.
Tara tirou sua jaqueta, sentindo seus
olhos em seu corpo, até mesmo correndo
por suas pernas nuas. Um gesto que a
deixou nervosa por um momento. E ela
estava mais do que certa de que ele sabia
disso.
Seus olhos a observavam como os do
felino mais perigoso do mundo observando
uma gazela.
E embora ela pensasse que era assim
que ele olhava para o mundo, o olhar tinha
outro nível de significado quando se tratava
dela. Um onde seus orgasmos e gemidos
estavam envolvidos.
“Eles deveriam ser os mais poderosos.”
Ela disse, divertindo-se com a agudeza em
seu olhar.
Roderick assentiu. “Isso mesmo, e eles
poderiam ter sido se não fosse o primeiro
filho criado a cobiça para ser mais forte do
que Seu senhor.”
Tara cruzou as pernas, colocando o
punho sob o queixo, descansando a cabeça
Roderick ficou em silêncio então. O
tempo parecia ter parado ao redor dele
apenas com a visão dela. Tão casual. Tão
livre. Lá em seu quarto, em seu reino.
A luz do fogo a abraçou com reflexos
quentes, fazendo seu cabelo castanho
brilhar como bronze. Ele se sentiu mais vivo
do que nunca para primeira vez, com ela lá.
Observando-o, esperando por ele, pronto
para ouvi-lo.
Tara observou enquanto seu pomo de
Adão balançava para cima e para baixo. E
por um momento, ela pensou ter visto um
brilho mais claro em suas íris. Como se o
próprio fogo fosse refratado neles,
tornando-os mais mortais.
“E o que mais?”
“O primeiro filho cobiçou o poder de seu
Senhor. Nenhum outro clã, nem mesmo os
Noctis, sabe que o primeiro filho criado fez
um acordo com a bruxa que colocou a
maldição.
“Ressentindo seu ex-amado, ela
concedeu ao primeiro filho criado o que ele
queria. Concedendo-lhe o poder das trevas.
Escondendo-se à vista de todos. Tornando-
o mais rápido do que qualquer outro, mais
mortal.”
“E ele começou seu próprio clã.” Tara
continuou.
“E então o primeiro vampiro morreu. E
todos os seus descendentes começaram a se
dividir. Formando alianças e guerras. Até
nos tornarmos o que somos hoje.”
“Por que ninguém sabe que o poder do
Noctis vem da mesma bruxa?”
Ele olhou de lado para ela, então para
as chamas crepitando da lareira.
“Você não quer dizer...” o pensamento
de repente cruzou sua mente.
“Isso mesmo...” Ele olhou para ela
agora.
“Ninguém sabe porque o primeiro filho
criado ainda está vivo. Se outros clãs
soubessem de sua existência, a guerra
começaria entre nós, em uma busca para
vingar um vampiro que está morto há
milhares de anos.”
Ela franziu a testa, ajustando-se na
cadeira. “Onde estão o resto dos vampiros
que foram criados pelo primeiro vampiro?”
“Como eu disse, depois que o primeiro
vampiro morreu, as guerras começaram.”
“Então eles estão mortos?”
Tara tomou um gole do vinho. Sentindo
o gosto doce e azedo deslizando por sua
garganta, fazendo seu corpo abraçar o calor
da bebida.
“Apenas o mais velho ainda está de pé.”
“Espere... como você sabe de tudo isso?
Ninguém sabe além de você?”
A curva de seus lábios se elevou.
“Você é o primeiro criado?” ela
desabafou.
Sua resposta foi uma risada calorosa. O
som de sua risada era contagiante, cheio de
humor, fazendo-a sorrir.
Os cantos dos olhos dele se enrugaram
de tanto rir, como se ela tivesse dito a coisa
mais engraçada que ele já ouvira. Ela ficou
encantada com a visão de suas presas
brancas. Ele tinha o sorriso perfeito,
branco, limpo e uniforme.
Um daqueles sorrisos viris que
poderiam chamar a atenção de uma sala
cheia de pessoas. Tornando-o mais atraente
do que já era.
E ela se perguntou naquele momento
quantas outras mulheres o viram rir como
fazia agora.
“Não, eu não sou.” Ele disse depois que
sua risada morreu. Embora seus olhos
ainda possuíssem aquela brincadeira que
ela havia provocado nele.
“Então quem é?”
“Quem você acha que é?”
“Se é não você, então alguém lhe contou
essa história...” Ela abriu os olhos. “Iulian?”
“De fato.”
“Eu não esperava isso.”
“A eternidade o mudou. Ele não é mais
o mesmo, ou assim eu acho.”
“A bruxa deve ter sido poderosa como o
inferno para ter feito tudo isso.”
“Tara, só você e eu sabemos do segredo
dele-“
“O segredo está seguro comigo.”
“Obrigada.”
Ela então se lembrou de algo. Depois
que seu plano fosse posto em ação,
Roderick precisaria entrar em contato com
ela se algo acontecesse.
Ela levantou a mão, e acima de sua
palma, o cristal apareceu.
“Eu quero dar isso para você.”
Ele pegou o cristal de nuances
intrínsecas. “Este é-“ “É o mesmo cristal que
costumávamos ir para Crepúsculo.”
“Eu pensei que você tinha perdido.”
“Alguém o tirou de mim. É uma longa
história. Se você precisar me encontrar, o
cristal o levará até mim.”
“Mas quando tentei usar dessa vez, não
consegui.” Ele estreitou os olhos.
“Eu sei. Aprendi depois disso que a
única maneira que alguém poderia usá-lo
era dando-o livremente. Coisa de Fae.”
Em uma dessas conversas com Kieran,
Tara aprendeu que tal objeto mágico só
poderia ser usado por uma criatura não
feérica se um feérico o desse livremente..
Mesmo que o cristal tivesse sido
roubado na Terra do Crepúsculo por um
daqueles bastardos criminosos, eles nunca
poderiam tê-lo usado.
Mas o Rei Unseelie, que se chamava
Kian e tinha usado o feitiço para criar
Cailtan em crepúsculo, não queria que o
cristal caísse em mãos de não-fadas.
Ele fez questão de roubá-la
secretamente enquanto eles estavam lá.
Kieran confessou a ela que Sorcha, a
vidente que vivia nas Montanhas do Pavor,
deu um objeto tão mágico para sua mãe,
Lady Breena.
Seus olhos estudaram o vidro.
Tara agora percebia que acabara de dar
a ele, em outras palavras, a chave de sua
casa. O Rei dos Vampiros teria acesso ao
único reino que permanecia oculto e
distante do resto.
Sentindo sua apreensão, ele disse a ela.
“Eu prometo que vou cuidar disso. Confie
em mim.”
“Tudo bem.” Ela se levantou, deixando a
taça de vinho de lado no chão. “Eu deveria
ir agora. Não tenho ideia de quanto tempo
estou aqui.”
Ela olhou pela janela. A noite era a
mesma, mas ela podia sentir o sono
começando a tomar conta de seus olhos.
Roderick não se ofereceu para ficar, pois
sabia que se ela quisesse ficar, ficaria. E
assim como ele disse a ela, ele iria esperar
por ela. Esta noite foi o começo de muitos.
Talvez ela ainda não soubesse, mas ele
sabia.
E mais do que nunca, ele estava
disposto a esperar por ela, por seu perdão.
“Eu diria boa noite...” Ela falou. “Mas eu
não sei se seria apropriado, considerando
que está sempre escuro aqui.”
Com o cristal pendurado em um cordão
de couro escuro, ele apareceu na frente
dela, tão perto que ela engasgou de
surpresa.
Sua mão segurou sua bochecha, e ele
trouxe seus lábios mais perto, pressionando
um beijo no outro lado de seu rosto. “Boa
noite.”
Ela olhou para ele. Este lado que ele
continuava mostrando a ela uma e outra vez
era totalmente novo e sedutor. Ameaçando
quebrar todas as barreiras que ela havia
colocado em seu coração.
“Mantenha o cristal seguro.” Ela
sussurrou, desaparecendo no ar.
Capítulo vinte nove

Se seus cálculos estivessem corretos, a


Caçada Selvagem aconteceria pela amanhã.
E Tara agora se encontrava no reino
onde as bestas mais extraordinárias
voaram os céus mais amplos que poderiam
existir. A Terra dos dragões.
Ximera recebeu a notícia de que um dos
seus foi encontrado morto. Um jovem que
estava saindo da puberdade e entrando na
idade adulta.
A rainha dragão ficou furiosa. Foi a
terceira vítima. E eles ainda não
conseguiram pegar os assassinos.
Eles estavam todos lá, cada membro de
cada reino.
O corpo do jovem jazia na margem de
um vasto lago azul tão claro que, embora a
noite reinasse, ela podia ver a areia e as
rochas sob a água.
A poucos metros de distância estava a
entrada da floresta verde-escuro e marrom.
Densas com árvores tão altas que era
impossível para qualquer um sem asas
subir nelas.
Seus galhos começaram mais alto do
que ela já tinha visto em uma arvore comum
nas florestas mortais.
Cyran se aproximou do corpo. Tocando
a terra úmida ao seu redor. Levando-o ao
nariz.
Seus olhos claros foram para os dela.
Todos os traços de arrogância se foram.
E em seu lugar pela primeira vez estava
a compreensão. Ele sabia que era um fae.
Um dos seus. Uma ovelha negra.
“Os fae usaram as raízes das árvores
para extrair seu coração.”
Tara olhou novamente para o corpo do
jovem. Um buraco estava em seu peito.
Vazio, sem coração batendo. Nenhuma
evidência havia sido deixada para trás como
em outras ocasiões. A morte não fazia
sentido. Porque lá? Porque agora?
Vera se aproximou dela. “Minha Rainha,
devemos voltar. O Rei-“
“Rainha?” Starlet foi a primeira a
perguntar.
A vampira estava colocando seu plano
em ação. O traidor estava lá entre eles. E se
ele ou ela fosse parente da bruxa que queria
se vingar de Roderick, a informação
chegaria a eles mais rápido.
“O Rei dos vampiros é meu
companheiro,” Tara respondeu como se não
houvesse nada de extraordinário nisso.
“Desde quando?” A sobrancelha de
Ximera se apertou. A notícia não pareceu
cair bem com ela.
“Desde a noite do Baile.”
“E você ficou calada sobre algo tão
importante como isso?” A mulher dragão
disse novamente.
“Eu não acho que era um assunto que
deveria incluir todos vocês.”
Tara arqueou uma sobrancelha
“Em outras circunstâncias, não. Mas
isso é totalmente diferente.” Starlet
interveio.
“Sério?” Tara estreitou os olhos. “Então
eu suponho que você disse a todos que você
e o Beta Lycan são companheiros?”
O rosto da bruxa empalideceu. Hado,
soltou um rosnado. Seus olhos mudaram
para preto, seu Lycan tentando assumir o
controle de seu corpo. Todos observaram
quando a bruxa colocou a mão em seu
braço, acalmando-o instantaneamente.
O olhar de Starlet não era nada
amigável. “Isso mesmo.” Seus olhos foram
para cada rosto até ficarem fixos nela.
“Hado é meu companheiro.”
Cyran levou um momento para balançar
a cabeça como se a revelação fosse a coisa
mais chata que ele já tinha ouvido. “Então,
quatro reinos são aliados agora.”
“O destino joga um jogo estranho.” Vera
aproveitou a oportunidade para dizer.
Cyran fez uma careta como se não
entendesse seu ponto de vista e tivesse dito
algo realmente idiota. “Se terminarmos com
as revelações...”
Ele olhou para Vera então, “...e com a
bobagem, devemos concentre-se no
problema em mãos agora.”
Era típico dele minimizar a questão.
Vera lançou-lhe um olhar desdenhoso.
“Nenhuma testemunha?” Tara
perguntou a Ximera. Fazendo exatamente
como Cyran disse. Havia coisas mais
urgentes para lidar.
“Sua mãe diz que ele saiu esta manhã,
como sempre, para voar nesta área.”
“Por que aqui em particular?” Hado
perguntou.
“Porque é onde dizem que a magia do
reino nasceu. Naquela floresta. Existe uma
crença entre nós de que voar sobre as
árvores nesta floresta traz sorte e mais
poder para as asas.”
Ximera apontou para as árvores.
Todos se viraram para olhar na direção
da floresta.
A escuridão entre suas árvores e a
quietude que enchia o ar a lembravam de
crepúsculo. Um lugar tão perigoso e tão
cheio de vida.
Suas florestas sob a escuridão da noite
eram semelhantes à que estava à sua frente
agora. Só que enquanto estivesse na Terra
do Crepúsculo, ela poderia encontrar
qualquer tipo de criatura. Aqui, apenas
dragões eram encontrados.
“Qual é a verdade nisso?” perguntou
Cyran.
“Estas são apenas lendas e contos que
muitos preferem acreditar.”
Outra memória voltou para ela. O
dragão que vagava pela Terra do
Crepúsculo.
Por que estava lá e não aqui? Ele parecia
ser muito forte... muito poderoso, e ainda
assim sua mente carregava dor e medo.
Starlet e Hado se afastaram mais da
água, examinando os arredores.
A magia do lugar enrolada em seus
dedos como agulhas elétricas,
E se ela podia sentir, Cyran também
podia.
O fae da luz voltou seus olhos para o
céu. Olhando com alguma descrença para o
azul escuro, céu estrelado e algumas
nuvens se movendo lentamente.
Parece que ele não tinha essa visão em
seu próprio reino.
Tara tinha ouvido falar que o domínio
Seelie era realmente lindo. Ainda mais que
o Unseelie.
“É perigoso entrar lá?” Vera perguntou
a Ximera.
Seus calcanhares afundaram na lama
enquanto ela se afastava da margem,
tentando alcançar a grama verde úmida.
“Não para shifters de dragão de alto
escalão.”
“Diga-me que você ouviu isso.” A voz de
Hado a alertou.
Todos olhavam com expectativa para a
escuridão rastejando por entre as árvores.
“O que você ouviu?” Starlet murmurou,
parando ao lado dele.
“Há algo lá.” Ele respondeu.
“Talvez seja um dragão.” Cyran se
aproximou deles.
O Lycan começou a se aproximar da
linha na entrada da floresta.
Tara olhou para Teias, que retribuiu a
mesma preocupação. Enquanto o Lorde
Demônio lentamente desembainhava sua
espada, Starlet conjurou chamas em cada
uma de suas mãos.
“Não há dragão lá.”
Ela se virou para ver Ximera, que estava
olhando na direção da floresta com seus
olhos de dragão reptiliano.
Hado, que havia parado para cheirar o
ar com cautela, deu outro passo e depois
outro.
Tara fechou os olhos e respirou fundo.
Medo.
Tão leve, tão indescritível que poderia
ser quase imperceptível. Era um medo
tímido, escondido atrás de uma concha
negra como se tivesse sido armazenado no
coração da própria escuridão.
E não pertencia a nenhum deles.
O medo do sofrimento passado
familiarmente veio a ela. Onde ela sentiu
isso antes?
Ela ouviu quando Hado disse: “Loba”.
“Hado, espere...” Tara abriu os olhos de
repente.
E tudo parecia como se o próprio tempo
tivesse parado naquele instante. Tara
observou enquanto Vera se virava, tentando
alcançá-la com pressa. Mas era tarde
demais.
Uma esfera colossal apareceu do nada.
Como um sol transparente, prendeu todos
eles. Tara, que havia ficado perto da água,
correu em direção a eles.
Tentando empurrar a esfera com seu
poder. Feridas se abriram em suas mãos. A
esfera estava tão quente quanto as malditas
chamas de um fogo.
Os gritos de Vera a aterrorizaram.
Assistia enquanto a esfera acendia e seus
olhos sangravam.
Tara soltou um grito. Seus dedos
estavam se debatendo freneticamente
contra a esfera que os prendia. O sangue
escorria por seus braços com cada nova
ferida.
Mas a dor não importava, não quando
ela viu o resto deles tentando escapar.
Vera estava morrendo no chão.
Seus olhos observaram quando
rachaduras apareceram de repente na
esfera que parecia um sol.
“Está quebrando!”
E com mais ferocidade do que nunca,
todos lá dentro usaram sua força para sair
de lá.
A magia era de um Seelie. Um poderoso.
A fada estava lá com eles. Escondido no
coração da floresta.
E enquanto Tara não tinha poder
suficiente para se livrar da esfera, ela tinha
um que os Seelie temiam.
E justo quando ela usaria o mais puro
dos medos para enfraquecer os fae, onde
quer que estivesse, os gritos e rosnados
morreram.
Se foi.
Todos eles desapareceram.
E ela não tinha ideia de onde.
Tara olhou para o espaço onde todos
haviam desaparecido. Suas mãos estavam
sangrando, mas logo se curariam.
Ela estava sozinha. Tão sozinha que, por
um momento, ela tentou entender o que
havia acontecido.
Ela se virou para olhar para o corpo do
jovem e depois para a floresta.
Tudo tinha sido uma armadilha.
O jovem tinha morrido para atraí-los
para esta floresta.
Isolado.
Como isso pode ter acontecido?
Cyran era um fae também. Um de alto
escalão. Por que ele não pareceu quebrar a
esfera, ou melhor, o portal?
Tara lembrou-se de seu rosto quando
ficou preso junto com o resto. Ele parecia
usar sua magia, mas não parecia ser
suficiente. Como se ele não estivesse se
esforçando o suficiente.
Tara se sentia um fracasso agora. Sendo
Unseelie, ela não podia manejar tal poder?
Por quê?
Ela era tão fraca?
Ela sabia que um fae puro-sangue era
muito mais poderoso que ela. Mas ainda
assim, ela tinha magia e imortalidade.
Talvez... talvez... a alimentação a
enchesse de energia suficiente para
Alcançar sua magia completa.
O bater no céu a fez olhar para cima. Um
dragão seguido por outros rugiu acima dela,
pousando com um grande baque no chão.
As enormes asas se transformaram em
mãos delgadas. A Rainha dos Dragões,
Avina, aproximou-se dela com passos
apressados. Seus cachos grossos caíram
sobre seus ombros furiosamente, assim
como seu olhar.
“O que aconteceu?!”
“Foi tudo uma armadilha. Ele levou
todos embora.” Explicou Tara.
Ela deveria se apressar e avisar os
outros.
“Para onde!”
“Eu não sei. Eu não tenho ideia.” Ela
tentou explicar. “Eu preciso ir.” E ela
desapareceu de lá, deixando Avina mais
furiosa do que nunca.
Os dragões tinham visto a luz do outro
lado, além das colinas que separavam a
floresta da aldeia.
Tara apareceu na casa de Noctis.
Ignorando as saudações de qualquer um
dos vampiros.
“Onde ele está?” A urgência com que ela
perguntou a um deles
Alarmou o resto.
“Ele está se encontrando com nosso
Senhor.”
“Minha rainha, aconteceu alguma
coisa?”
Tara ignorou as perguntas. “Onde?!”
“No andar de cima, a porta no final do
corredor.”
Ela subiu os degraus até chegar ao
corredor. A porta no final se abriu.
Roderick tinha ouvido seu pulso
frenético. “O que aconteceu?” Sua voz se
enfureceu, seu corpo pronto para
despedaçar quem a colocou assim.
Iulian apareceu atrás dele.
“Todos eles desapareceram. Incluindo
Vera.”
“Como?”
“Uma armadilha. Para nos atrair para a
terra dos dragões. Outro corpo foi
encontrado. Estávamos lá quando de
repente uma esfera os prendeu dentro. Era
uma espécie de portal que os Seelie usam.”
“Minha querida, você está machucada?”
Iulian olhou para sua mancha de sangue
nas mãos.
Roderick a inspecionou. “Elas estão se
curando.”
“Nós temos que fazer alguma coisa. Eu
não tenho ideia para onde eles poderiam tê-
los levado. Eu tenho que avisar Sorana, ela
deve entrar em contato com seu irmão.
Talvez Kieran possa me ajudar.”
“Iuliian, eu estou deixando você no
comando por agora de qualquer problema
que aparecer aqui.”
“Fique seguro, meu filho”.
Ela e Roderick desapareceram e se
materializaram em frente à casa de Sorana.
Tara abriu a porta.
“Ela não está aqui.” Roderick disse que
estava atrás dela.
Mas ela podia ouvir o som do chuveiro
funcionando. Abrindo o banheiro, ela viu
como o poste que segurava a cortina azul
estava no chão, exceto que a cortina havia
sumido.
A casa estava vazia.
Tudo parecia normal, exceto pela
ausência de Sorana.
E pelo que parece, a demônio foi pega
enquanto tomava banho.
Roderick, que ficou para trás para
revistou o resto da casa,
Apareceu com um pedaço de papel.
Ela se aproximou dele enquanto ele lia
em voz alta.

“Eu persigo por esporte. Eu sou o que os


selvagens mais gostam. Eu sou parte da
história. Eu sou parte da sua. Quando a
noite chega, eu sou o que a luz e a escuridão
mais esperam.”

“É um enigma”, disse ele.


Capítulo trinta

“Que tipo de jogo doentio é esse?” Ela


olhou ao redor do quarto. Pensando que ela
encontraria outra pista.
Mas, para sua decepção, tudo parecia
normal como sempre. Exalando o ar, ela
olhou novamente para o papel em suas
mãos. Tomando-o, ela o leu em voz alta
novamente.
“Quando a noite chega, eu sou o que a
luz e as trevas mais esperam.”
“Isso faz algum sentido?” Ele perguntou,
examinando as próprias palavras escritas.
“Eu persigo por esporte, sou o que os
selvagens mais gostam. Sou parte da
história. Sou parte da sua.”
“O que os selvagens mais gostam? Há
um monte de coisas que os selvagens
gostam, eu acho.
“Mas também é algum tipo de coisa que
eles fazem por esporte.” Roderick caminhou
em direção à porta aberta, olhando para o
campo aberto
Do outro lado da estrada estreita.
Pensando.

A noite no Reino Mortal parecia mais


natural do que seu próprio reino.
Se ele escolhesse ficar ali, viver
escondido durante o dia e passear à noite,
pelo menos, talvez a passagem do tempo
fosse mais agradável.
Não maçante e tedioso como às vezes se
sentia em seu próprio reino.
Ele olhou para a lua. Esta noite era
crescente. Não cheia perpétua como a que
ele enfrentou de seu quarto.
O que o fez recuar séculos, quando em
vez de ter sede de sangue, ele teve sede de
água. Para comida de verdade. Seu pai, um
camponês de nascimento, tinha sido um
homem nobre demais para sua sorte
A Casa de O’Melaghlin era a família que
governava as vastas terras onde ele havia
crescido.
Órfão de pai, e só com a mãe, desde
cedo, aprendeu que a única maneira de
sobreviver era roubando dos outros pobres
coitados que viviam da lavoura e da
pecuária.
Mais de uma vez, ele roubou, sendo
apenas uma criança, mais de uma vez ele
foi pego, e todas essas vezes, foi sua mãe
que o salvou Sempre pagando as
consequências.

A culpa que ele sentia agora. Muitas


vezes ela ficou doente.
Sua mãe mal tinha forças para
continuar trabalhando. E quando ela
conseguiu juntar moedas, a Casa
O’Melaghlin acabou levando mais da
metade delas.
Deixando-os com fome no final do dia.
Mas foi com a chegada de seu pai
adotivo MacLaine que suas vidas mudaram
para melhor. O homem possuía um pedaço
de terra e animais.
E embora, a princípio, desconfiasse de
sua proximidade com sua mãe e de seu
sorriso compassivo para com ele, mais tarde
descobriu que o homem realmente amava
sua mãe.
E talvez ele não o amasse, mas pelo bem
de sua mãe, ele cuidou do filho dela.
Aos onze anos, não sabia ler nem
escrever, apenas roubar. Mas seu novo pai
lhe ensinou o que podia. Ele o ensinou a
trabalhar para ganhar sua própria comida
em vez de roubar.
E, por um momento, descobriu que
tinha sido feliz durante aqueles anos em
que, ao abrigo do sol forte e do suor que
escorria pelos braços e pescoço, foi caçar
com o pai.

Curtindo a perseguição, a adrenalina de


pegar a comida.
Lembrou-se de como seu pai ficou
furioso por ele deixar os animais escaparem
naquela época. Ele não poderia machucá-
los. Era como se no momento ele fosse atirar
a flecha, os olhos de seu alvo olharia para
ele, esperando que ele fizesse sua escolha.
Quase implorando para que ele não o
fizesse.
Ele não podia fazê-lo. Ele não podia
matar com seu corpo magro e esbelto e suas
mãos sujas e minúsculas.
No entanto, a punição de seu pai foi
deixá-lo sem comida para que ele
aprendesse uma lição. E ele fez isso quando
sentiu a dor no estômago por falta de
comida. Enchendo-se apenas com água.
A caça tornou-se sua vida cotidiana.
Tornou-se uma espécie de esporte para ele
nos próximos anos. Até que veio a guerra, e
a caça se tornou um massacre de selvagens.
Viva ou morra.
Ele descartou essa memória agora.
Aqueles eram tempos sombrios. Onde a
infância foi deixada para trás, tornando-se
um homem e depois o que ele era hoje
Roderick releu o enigma.

Algo clicou em sua mente. Agora ele


entendeu. A chave estava lá o tempo todo
em suas memórias.
Caçando. A resposta foi a caça.
“Tara, é tudo sobre caça.”
Ela olhou para ele. “A Caçada
Selvagem”.
Agora fazia sentido. Que outro lugar
poderia ser senão onde a Caçada Selvagem
aconteceria. Aine havia dito a ela que os
espíritos das Trevas e da Luz escolhiam
suas presas.
“Caça selvagem?” Roderick perguntou
“É uma tradição Fae. Todo mundo sabe
das brechas entre os Seelie e Unseelie. A
noite da Caçada Selvagem é a única noite
em que os dois se reúnem na tradição.
“Nenhuma rivalidade. Começa no
território Unseelie e termina antes do
nascer do sol nas terras Seelie.”
“Então a demônio está lá.”
“Sim... e talvez os outros também.”
“Por que?”
“A Caçada Selvagem não é apenas
escapar do Fae. Você tem que sobreviver.
Muitas criaturas habitam os dois territórios
“Pelo que eu entendi, o Fae seria a
menor de suas preocupações. A Caçada
Selvagem acontecerá amanhã à noite. Nós
temos que-“

Roderick se virou tão rápido que ela mal


conseguia registrar o que estava
acontecendo um grito quebrou entre eles
“Quem diabos é você, e o que você está
fazendo aqui?” Ele disse ameaçadoramente
com suas presas expostas Sua mão travada
no pescoço de Yrsa
Ele assobiou com raiva. Ele estreitou os
olhos, respirando fundo. “Seu cheiro...
mestiça.”
“Roderick,” Tara correu até ele. “Deixe
ela ir.
Seus ombros relaxaram um pouco
quando ela colocou a mão em seu braço.
Yrsa caiu no chão, tossindo, tentando
respirar. Seu olhos azuis estavam
lacrimejantes.
“Você está bem?” Tara ofereceu-lhe uma
mão. O que ela não tomou antes de dar uma
olhada em Roderick.
Tara viu uma pitada de ódio neles... mas
ela não podia culpá-la, não quando ele a
atacou sem motivo. “O que você está
fazendo aqui?”
Como um anel vermelho, as marcas das
mãos de Roderick manchavam sua frágil
beleza. Yrsa era realmente uma beleza.
Delicado
Ela tinha o rosto de uma heroína em
perigo, que, depois de um longo caminho

cheio de espinhos e pedras e


derramando lágrimas, encontraria a
felicidade ao lado de um príncipe. Enquanto
seus olhos azuis pareciam o próprio céu em
pleno verão, seus lábios carnudos e rosados
foram feitos para pecar.
E, no entanto, por um momento, Tara
pensou ter visto um rosto como dela não faz
muito tempo.
“Eu vim porque não conseguimos
encontrar Bianca.”
O pânico prendeu Tara no lugar.
“Gordon está com Reeona na casa
tentando confortá-la.”
“E quanto a Nigel?”
“Nenhum sinal dele também.” Yrsa
exalou.
“Você tem alguma ideia de onde ele pode
estar?”
“Nós fomos ao apartamento de Nigel do
outro lado da cidade. Mas eles não estavam
lá. Eu ouvi Nigel falando com Bianca sobre
as celebrações de Yule no reino das bruxas,
no entanto.”
“Eu tenho que ir ver Reeona. Você pode
verificar com a Rainha das Bruxas? Ela
pode saber como localizar Nigel.” Tara
virou-se para Roderick.

Ignorando a curiosidade nos olhos de


Yrsa, que observavam o vampiro com
particular interesse.
“Não se preocupe.” Seus olhos foram
dela para Yrsa e depois para ela novamente.
“Tome cuidado.”
Quando ele desapareceu, Tara
desapareceu no ar sem esperar por mais um
segundo e não se importando com a
curiosidade de Yrsa.
As luzes estavam acesas na sala de
Reeona, mas não havia ninguém lá.
Ela percebeu imediatamente. Não havia
sinal de que Reeona ou Bianca que
estivessem na casa. A televisão estava
ligada. O volume estava alto demais para o
gosto dela.
Uma sensação ruim fez seu corpo
tremer. Tara desligou a TV
E seus olhos caíram para o chão da
cozinha.
Um suor frio escorreu por suas costas.

Sangue.

Com passos apressados, ela foi verificar.


Ela engasgou, cobrindo a boca com a mão,
os olhos fixos no rosto de Gordon.
Morto. Ele estava morto O melhor amigo
de Bianca jazia no chão com os olhos
abertos, vazios de vida. O sangue que
manchava o chão escorria de seu peito.
Onde uma adaga de prata foi enterrada em
seu coração.
Ela se agachou, mãos trêmulas.
Fechando as pálpebras. Seu corpo ainda
estava quente. A morte ainda não tinha
acabado de despojá-lo de seu calor e beleza.
Gordon... seus lábios não mostrariam
mais aquela risada infantil que fazia Bianca
rir. Sua voz não seria mais ouvida. Nem
suas piadas, nem suas histórias. Gordon se
foi. E assassinado.
Tara se levantou, com as costas rígidas.
Feito isso. A única que sabia onde ele
estava e onde estavam os outros.
Por que ela não podia ver isso de
primeira? Como foi que ela nunca
percebeu? A única pista estava ali, bem na
frente de seus olhos. Mas ela não olhou.
Ela era uma idiota, sem dúvida. E por
causa disso, Gordon estava morto.
O som da porta se fechando chamou sua
atenção. Tara se virou, sabendo quem era.
“Foi você.”
Yrsa, inclinando a cabeça para o lado,
olhou na direção da cozinha onde Gordon
não respirava mais. E com falsa tristeza no
rosto, ela disse: “Ele era um menino tão
bom.”

Foi Yrsa que esteve lá no Reino dos


Vampiros, e na noite do Baile. E então com
o segundo clã de Malco
Tara olhou para seu cabelo. Ela era a
loira de cabelos curtos que havia matado os
outros. Um dos assassinos. Mas Yrsa era
um lobisomem Não uma bruxa
Tara franziu a testa. Lembrando-se do
que Roderick havia dito um momento atrás
na casa de Sorana enquanto ela segurava
Yrsa pelo pescoço.
“Você é uma mestiça.”
“A filha de um cachorro com uma
bruxa”, disse Yrsa com um sorriso de
escárnio. Você não precisava ser um
adivinho para saber que ela não tinha a
menor consideração pelo pai.
“Devo confessar que estava prestes a
enlouquecer escondendo minha magia de
você. Mas o vampiro percebeu isso apenas
por se aproximar. Seu companheiro, eu
acho?”
“Onde eles estão?” perguntou Tara.
Reeona, Bianca e Sorana estavam em
perigo. E enquanto ela queria saber por que
Yrsa e seu povo estavam fazendo isso, ela
precisava colocar sua família e seu amigo
em segurança.
“Tsk. Tsk. Tsk.” Ela estalou a língua.
“Essa é a parte mais engraçada... por que
eu te contaria?”

A fúria se enrolou nela. Tara chamou ao


medo, às profundezas do medo absoluto.
Yrsa começou a rir. “Boa tentativa.”
O poder de Tara não funcionou nela.
Yrsa tinha algum tipo de escudo que a
protegia de sua magia.
“As vantagens de ter um Fae ao seu
lado. Com apenas uma gota de sangue e o
ingrediente certo, nenhum Unseelie ou
Seelie pode usar sua magia contra uma
bruxa.”
Tara cerrou os punhos, pronta para se
jogar na bruxa, sua magia não funcionaria,
mas uma surra ela lhe daria. A cadela não
iria se safar com isso.
Yrsa começou a entoar um feitiço. O
orgulho brilhou em seus olhos quando um
vento começou a soprar pelo interior da
casa, derrubando objetos decorativos.
Tara zombou com raiva. Qualquer que
fosse o feitiço que ela estava lançando, não
estava funcionando nela.
“Sua cadela!” Tara deu um soco no nariz
dela. E depois outro, e depois outro. “Parece
que aquele fae não te ensinou que sua
magia não funciona em nós.” Outro soco
causou um lábio rachado.
Uma risada escapou da garganta de
Yrsa, parando o punho de Tara perto de seu
olho direito. “Quem disse que o feitiço era
para você?”
As sobrancelhas de Tara se arquearam
Uma luz amarela incandescente piscou
lá dentro. O som de um par de botas a fez
se virar. Mãos a agarraram com força por
trás, arrastando-a.
Tirando a chance de ver seu rosto. A
cara do Fae, jogando-a no coração da luz.
Tudo virou escuridão. Suas costas
bateram no chão com força.
Sua chegada havia interrompido o
silêncio que prendia as profundezas da
Floresta onde ela estava agora.
Sua magia se misturou com a magia do
lugar. Escuro, puro, e familiar. Tara estava
de pé num pulo.
Ela estava em território Unseelie.
Nas Florestas.
E embora ela não tivesse sido escolhida
pelos espíritos da luz e das trevas – ela sabia
que tinha sido deixada lá. Ela sabia que
estava presa no território onde a Caçada
Selvagem aconteceria.
Woodland era uma floresta de árvores
de obsidiana com um brilho roxo em seus
troncos e galhos. Sem nenhuma folha.
Eram árvores nuas com formas
retorcidas como se estivessem olhando para
ela e pairando sobre ela, perseguindo-a.
Flores silvestres violetas cresciam na
base de cada árvore, conectando-as umas
às outras, possuindo o mesmo brilho
cativante à primeira vista. Mas ela sabia que
poderia muito bem ser uma armadilha.
A terra sob seus sapatos não estava
seca. Não estava enlameado. Era algo
intermediário.
O ar estava seco. Não havia frio, nem
calor. A escuridão parecia rondar as
profundezas da floresta. Era impossível
determinar se era noite ali ou não. Nuvens
escuras cobriam as copas das árvores
O relinchar dos cavalos a fez virar para
a direita. O galope ressoou no chão. Formas
encapuzadas apareceram além. No topo o
mais estranho e ainda cavalos mais
extraordinários que ela já tinha visto
Eles tinham enormes asas negras em
seus lados e chifres em suas cabeças.
Pareciam que os próprios deuses haviam
descido dos céus e reencarnado naqueles
cavalos.
Mas seu espanto desapareceu quando a
atenção dos cavaleiros pousou sobre ela.
Ela deu um passo para trás.
O medo que ela usou para os outros a
dominou quando ela percebeu os cavaleiros
indo em direção a ela, ela começou a correr
Seus palpites estavam errados.

A Caçada Selvagem havia começado e


ela agora fazia parte dela.
Capítulo trinta e um

Na noite mais longa do ano, o solstício


de inverno, todas as bruxas se reuniram
para celebrar o feriado pagão Yule, um
período cheio de magia, centrado em
renovação e renascimento.
Roderick chegou na sala do trono de
Evanora. O salão estava cheio de luz de
velas. Um altar colossal cercado por coroas
de sempre-vivas parecia ser a estrela das
festividades pagãs.
A sala tinha as cores mais agradáveis,
comida de dar água na boca e a lareira mais
grande que ele já tinha visto.
Mas o espírito da celebração parou no
tempo quando a atenção de todos se voltou
para ele. Ninguém esperava que um
vampiro aparecesse do nada.
As bruxas não eram como os Fae, nem
um pouco. Sua magia era uma habilidade
herdada que foi alimentada por feitiços e
outras feitiçarias. Somente aqueles
abençoados por Hécate, a deusa pagã, ou
com

ancestrais de outros reinos


desenvolveram essa magia inata.
No entanto, abençoados ou não, eles
certamente podiam sentir como os outros
eram fortes. E o vampiro de pé no meio do
salão não era para ser subestimado
“Eu ouvi falar de você, vampiro,”
Evanora disse.
Maquiagem preta circulou seus olhos,
destacando o tom claro de suas íris.
Roderick sabia que a mulher era mais
velha do que parecia. Muitos acreditavam
que ela era muito mole para exercer a
autoridade que comandava em seu alto
trono.
Como cumprimento, ele ofereceu um
aceno respeitoso. “Rainha Evanora, peço
desculpas se interrompi as comemorações.
Mas tenho um assunto urgente para
discutir com você.”
“Você fez uma entrada e tanto, Rei dos
Vampiros.
“Mais uma vez, peço desculpas por
isso.” Roderick observou enquanto seus
olhos se deslocavam dele para um
Feiticeiro. Um com olhos roxos e cabelos
brancos
Ele o reconheceu imediatamente. Era
Alistair Nox. Primo de Starlet.

Rumores antigos diziam que o feiticeiro


era o braço direito de Evanora. Seu
conselheiro mais confiável. E por muitos
relatos, mais poderoso do que ela.
A família Nox veio de uma linhagem
antiga. Starlet até mencionou que sua
herança tirou força da raça do dragão.
“Isso também diz respeito ao Sr. Nox”,
acrescentou Roderick, captando o interesse
de Alistair.
Ela o estudou de sua cadeira, feita de
ossos negros de formato estranho e
símbolos pagãos sagrados.
Naquele momento, um sentimento
sinistro atingiu Roderick. Era como se ela
estivesse olhando além do presente. Além
do passado.
Evanora de repente engasgou.
Todo mundo sabia. E ele também
Evanora estava perdida em uma de suas
visões.
Levantando-se de sua cadeira, ela disse:
“Siga-me.”
Caminhando lado a lado, ele e Alistair a
seguiram até uma sala privada.
A sala continha centenas de livros
velhos empilhados nos cantos.
E uma mesa enorme que dava para um
campo aberto repleta de túmulos.

O lugar era sombrio e cheio de bagunça.


Jarras de líquidos amarelos e pretos com
roedores e répteis enchiam a prateleira
atrás da mesa. Alistair fechou a porta atrás
dele.
“O que você quer?” Evanora disse, indo
direto ao ponto.
“Eu preciso localizar um bruxo menor.”
“Por que?”
“O bruxo em questão tem alguém com
ele.
“Por que o Sr. Nox deveria estar
interessado no que você tem a dizer?”
Roderick então contou a eles tudo o que
havia acontecido. De quem era sua
companheira até o que aconteceu com
Starlet.
“Se Starlet foi levada para o território
Fae, não há nada que eu possa fazer. O
poder de um Fae excede o nosso,” Alistair
comentou, seu olhar roxo cheio de
preocupação.
“Ela me disse que tinha encontrado seu
companheiro.” Ele continuou: “Eu sei que é
Hado, o Beta Lycan. Devo confiar que os
dois podem sobreviver.”
“Os Fae são muito secretos e não
confiáveis. Eu não sei se um encontro com
a Rainha dos Seelie é possível,” Evanora
explicou “E você acha que esse cara Nigel
tem algo a ver com todos os assassinatos
que estão acontecendo? “
“Isso é o que suspeitamos.”
“E essa garota, Bianca... Você diz que
ela é uma mestiça Fae escura?”
Roderick viu que sua pergunta era de
curiosidade genuína sem malícia. Se ele
tivesse visto qualquer tipo de brilho
ganancioso nos olhos de Evanora, ele teria
tomado uma abordagem diferente, mais
ameaçadora.
“Isso mesmo”, ele disse em vez disso.
“Nada vem de graça”, disse ela.
“Isso é o que eu presumi antes de vir e
pedir sua ajuda. Diga seu preço”
“Eu quero o sangue de um Fae. Um
poderoso.”
“Não. Escolha outra coisa.” Ele manteve
o rosto impassível.
Evanora ergueu as sobrancelhas negras
e bem delineadas com a resposta
contundente. “Não? Nada é impossível
quando alguém tão desesperado quanto
você precisa de ajuda.
“Ainda menos impossível quando você
está ligado a um Fae sombrio. Embora
mestiça, ela ainda é poderosa. Uma
raridade.”
Roderick sibilou, mostrando suas
presas furiosamente. Ele nunca daria o
sangue de sua companheira para ela... Ou
qualquer outra pessoa.
Ele queria ajudar Tara, mas não estava
desesperado o suficiente para trocar um
favor por seu sangue. Chame-o de egoísta.
Ele não deu a mínima para que alguém
pensava dele porque ele seria o homem mais
egoísta conhecido quando se tratava de sua
companheira.
Evanora nem vacilou com a visão de
suas presas. Mas Roderick sentiu que
Alistair deu um passo à frente, pronto para
defendê-la caso ele acabasse afundando
suas presas nela.
“O sangue de um Fae, ou nada.” Ela
disse, finalmente
Roderick retraiu suas presas. “... Nada,
será então.”
Sua resposta fez Evanora franzir a testa
e apertar os lábios vermelhos.
“Espere.” A voz de Alistair o parou pouco
antes de Roderick abrir a porta. “Não tem
que ser o sangue de um Fae. Mas suponho
que um favor parece justo?”
“O que você quer dizer?” perguntou
Evanora.
“Esqueça o sangue”, disse Alistair a ela.
“Nós podemos ajudar o vampiro, e ele vai
retribuir o favor quando for a hora certa de
pedir.”

Roderick estreitou os olhos. “O favor de


que fala não terá nada a ver com a
necessidade do sangue de qualquer Fae e
certamente não envolverá ou prejudicará
minha companheira.”
“Muito bem”, respondeu Alistair. Ele
cruzou as mãos atrás das costas.
Roderick sabia que este favor envolveria
os Fae no futuro. Mas contanto que não
incluísse Tara, ou alguém próximo a ela, ele
poderia lidar com o resto mais tarde.
Ele assentiu. “Combinado.”
“Eu vou procurar essa pessoa, Nigel,
devolver a irmã mestiça e sua mãe para você
se ela estiver com eles, e então quando
chegar a hora, eu vou receber meu favor,”
Evanora disse a ele.
“Se você me der licença...” Alistair
interrompeu, “eu preciso começar a
procurar uma maneira de entrar em contato
com a Rainha Seelie.”
Depois de fechar a porta e retornar ao
grande salão, Roderick também se
despediu. “Que você tenha uma boa
celebração. Estarei esperando notícias
suas.”
“Espere...” Evanora se aproximou dele.
Ela levantou a mão, dedos estendendo-
se para tocar o contorno de sua mandíbula,
mas Roderick pegou a mão antes que
pudesse tocá-lo. “O que eu vi, devo dizer a
você.” A melancolia nublou seu olhar “Ela
vai sofrer, Vampiro... Assim que você for
embora.”
“O que você quer dizer?”
“Você é o que ela precisa. O que seu
reino precisa. Mas sua morte ficará entre
você e tudo que você ama e valoriza. Eu vi
sua morte, mas não tenho certeza se será
assim.
Seu futuro está escondido nas brumas
da escuridão. É incerto. Aproveite o tempo
que você tem com ela. Pode ser o seu último.
Vá e salve sua companheira. Ela está em
perigo.
Sem outra palavra, ela se afastou
apressadamente dele. Sua última frase o
preocupou. Tara. Algo estava errado com
ela.
Roderick se materializou na casa de
Reeona. O cheiro de sangue flutuou para
suas narinas, encontrando o corpo do
lobisomem
Tara não estava lá. Nem o Reeona.
A cada passo metódico que dava, seus
sentidos aguçavam o cheiro e o som
aprimoravam. Eu não sou o único aqui.
Parado perto da escada, ele observou a
porta da frente fechada. Seus olhos
desceram para a maçaneta. Fechada.

Roderick fechou os olhos por alguns


segundos. O mais fraco batimentos
cardíacos atingiram seus ouvidos.
Ele se virou tão rápido que Yrsa não
conseguiu chegar perto o suficiente para
enfiar a adaga nele. Ele assobiou em seu
rosto, agarrando-a pela garganta e
levantando-a no ar.
“Você!”
Yrsa lutou para se afastar dele. Suas
mãos largaram a adaga e foram
desesperadamente para as dele, tentando
sair de seu aperto.
Era inútil entoar um feitiço quando ela
mal conseguia respirar.
“Mestiça,” ele cuspiu.
E embora ele pudesse acabar com ela ali
mesmo, com um simples movimento do
pulso, Roderick decidiu conceder-lhe mais
alguns minutos de vida.
Interessou-lhe saber o que a havia
motivado a fazer o que fizera.
Ele a abaixou no chão.
Yrsa inalou profundamente, ou pelo
menos o máximo que pôde. Mesmo com o
pescoço ainda preso em suas mãos, ela
tentou respirar.
Seu pulso acelerou. Roderick notou que
suas pupilas se dilatavam enquanto os
contornos de seu rosto endureciam.
Roderick sabia que ela estava cerrando os
punhos, pronta para atacá-lo em qualquer
oportunidade.
Em vez disso, ela cuspiu nele
ferozmente.
Embora enojado por tal ato, Roderick
enxugou o rosto calmamente. Limpando os
vestígios de sua saliva repugnante.
“Você vai pagar pelo que fez.” Seus olhos
grandes e cruéis pareciam habitar a própria
loucura.
“Então é você.” Ele ergueu as
sobrancelhas ligeiramente. “Aquele que
quer vingança. Um grande ato, desintegrar
o corpo de um dos meus vampiros. Alguma
magia, de fato”
“Eu vou tirar tudo de você. A única coisa
que você vai desejar é a própria morte.”
Em uma voz profunda e quase
entediada, Roderick disse: “Apenas antes,
me disseram que a própria morte virá para
mim.
Talvez tenha chegado a hora de eu
descansar dessa eternidade tediosa. A
única coisa que me incomoda é que não
estarei com minha companheira. Mas ela
vai encontrar outro companheiro.”
Ele odiava cada palavra. Ela era só dele.
E faria tudo o que pudesse para não morrer.
Yrsa baixou a sobrancelha. Decifrando
sua atitude e suas palavras frias

“Você não está enganando ninguém. Eu


sei que vou morrer, mas o que me conforta
é que você ficará sem sua companheira. Eu
não sou a única que a quer.”
Roderick sibilou como um gato irritado.
Suas íris vermelhas se aprofundaram.
“Diga-me quem mais está atrás dela.”
“Você não pode me obrigar. O sangue de
Fae é mais poderoso do que vocês.”
“Você é uma vergonha para este
mundo.”
Yrsa soltou uma risada, sem um pingo
de humor, perversa o suficiente para que
ficasse claro que ela era louca. “E de quem
é a culpa? Você matou a única pessoa que
eu amava. E ela era tão idiota que confiava
em um assassino como você.”
“De quem você está falando?”
“Minha irmã. Arietta.”
Roderick fez uma pausa para olhar
atentamente para o rosto de Yrsa.
Procurando em sua memória antiga, uma
relacionada a ela.
Muitos séculos se passaram, e apenas
uma vez ele pôs os olhos em Yrsa. Naquela
época, ela era conhecida como Allegra. Ela
era muito mais jovem então, vivendo em um
dos covens mais pobres. Abandonada pela
própria irmã. Era irônico vê-la agora,
buscando vingança contra uma irmã que
nunca se importou com ela. Uma mulher que
só falava dela com desdém.
Allegra, a desgraçada, não fazia ideia do
quanto sua irmã a detestava. Ser filha de um
lobisomem com sua mãe uma Bruxa de um
dos covens mais poderosos da época.

Seus lábios formaram um sorriso


sardônico. “Deixe-me ver se entendi direito.
Aquele pobre lobisomem, morto na cozinha,
morreu porque você buscava vingança?
Para vingar sua irmã?”
“Você a matou!” ela gritou com ódio.
“Nunca neguei esse fato. O absurdo é
que você fez tudo isso por alguém que não
te amava”
Seus olhos, assim como os de sua irmã
Arietta, olharam para ele sombriamente.
Silenciosamente. O ódio de Allegra cresceu
ainda mais.
“O quê? O gato comeu sua língua?”
Roderick apertou seu aperto.
Seu rosto ficou vermelho, seus olhos
raivosos e brilhantes. Lágrimas se
acumulando neles.
Roderick exalou entediado.
“Deixe-me dizer-lhe outra verdade.
Aquela irmã, Arietta... por quem você
sacrificou sua vida, colocou você naquele
clã e nunca mais voltou porque ela não
queria ver seu rosto.
Enquanto você esperava que ela o
tirasse de lá, da sua miséria, quando você
era apenas uma criança, sua querida irmã
Arietta odiava você por ser o que você é.
Ela nunca te amou e nunca perdoou a
própria mãe por dormir com um cachorro.
É uma pena que você não tenha visto como
Arietta implorou quando soube que eu a
mataria.
Ela era uma desgraçada como você. Não
me considero uma pessoa benevolente. Mas
acho que esta noite eu poderia estar. Você
verá sua irmã mais velha novamente. Dê a
ela meus cumprimentos.”
Sua voz quebrou em um grito, quase um
choro. Quanto mais força ele exercia nos
músculos do pescoço dela, mais palavras
saíam arrastadas de sua boca.
O corpo de Allegra era um peso morto
em sua mão.
Ele pode ter perdido a chance de
descobrir quem era o resto das pessoas com
ela. Mas a cadela iria morrer mais cedo ou
mais tarde, mais cedo parecia.
Yrsa, ou melhor, Allegra, caiu no chão.
Enfiando a mão no bolso da calça,
Roderick pegou o cristal. Seus dedos
acariciaram a superfície áspera nas bordas.
“Leve-me para Tara.”
Uma luz âmbar cresceu do coração do
cristal, explodindo no ar e engolindo-o.
Capítulo trinta e dois

Tara estava correndo o mais rápido que


podia. Mais de uma vez, ela tentou sair, mas
todas as vezes ela desaparecia no ar e
aparecia no mesmo lugar. Ela estava presa
lá, nas Florestas
Embora ela ainda pudesse usar a
maioria de seus poderes, ela não conseguiu
desaparecer.
Parecia que a magia da noite havia
determinado que a caçada deveria ser justa
para todos.
Tara acreditava, no entanto, que a
caçada não era tão justa quanto parecia.
Enquanto os caçadores estavam a cavalo, o
resto, como ela, tinha
Fugir usando a força de suas pernas.
Os cavalos com asas enormes e chifres
de veado a seguiram por trás. Seus pés
pisaram no chão tão perto que formou um
nó em seu estômago.
Uma flecha passou perto de seu rosto
com uma velocidade extrema, fazendo com
que ela abaixasse a cabeça de repente. Ela
continuou correndo, esquivando-se das
árvores sem folhas e pisoteando as flores
silvestres de cor violeta que as envolviam.
Toda vez que suas botas esmagavam as
flores, ela jurava que ouvia gritos. O som
aterrorizante a encheu de pavor.
Às vezes até parecia que as flores
estavam realmente vivas, como se por trás
do brilho roxo, cada uma tivesse boca e
olhos.
Em qualquer outra ocasião, ela ficaria
curiosa para descobrir, não era o momento.
A cada segundo, ela sentia que estava
indo mais fundo na floresta. Era inútil.
Nenhum caminho levaria a qualquer lugar
seguro, longe de toda a escuridão e da
sensação de estar sendo perseguido.
O súbito aparecimento de uma luz no ar
a fez tropeçar.
Com as mãos no chão, a luz incomum
voou direto para ela, aproximando-se de seu
nariz. Como um vaga-lume brilhante e
quente, começou a se mover na mesma
direção que ela estava indo, longe dos
cavaleiros que se aproximavam.
Rapidamente, ela se levantou e
continuou correndo.
Os cavalos não estavam tão próximos
quanto antes, mas ela ainda podia ouvi-los
à distância.

O que quer que ela fizesse, ela sabia que


não podia perder de vista a luz. A sensação
de proteção a puxando para isso. Um que
prometia escapar do perigo.
A luz do vaga-lume se moveu pelo ar. E
ela sabia que deveria seguir. A luz estava em
casa. Eram risos e conversas no calor de
uma lareira.
Sua respiração havia retornado, e ela
desacelerou para o conforto de um passeio
vagaroso.
Mas ela parou. Seus pensamentos
estavam ficando nebulosos, mas algo estava
dizendo a ela para se virar.
Ela olhou para trás.
O grupo de cavaleiros havia
desaparecido, exceto um.
O cavalo que ele montava estava
bufando e esticando as asas como se
estivesse tentando voar, mas não
conseguia. Parecia que o próprio animal
queria correr em direção a ela. Apenas o Fae
segurava as rédeas, mantendo-o à vontade.
O cavaleiro esperou nas costas do
cavalo. Seu rosto permaneceu oculto. Sob
seu capuz de veludo preto, e ainda assim ela
podia sentir seus olhos sobre ela. Alguma
estranha intuição dizia que ele não
representava perigo.

A luz pequena e quente apareceu diante


de seus olhos. Proteção. A luz era proteção.
Tara se virou, continuando em frente,
seguindo a luz.
Ela se confortou com a sensação de paz
ao redor. O tempo parecia estar congelado,
esperando que ela chegasse ao lugar onde
tudo terminaria
Em algum lugar no fundo de sua mente,
um pensamento permaneceu que ela tinha
andado muito longe do cavaleiro Fae
escondido na sombra de seu capuz.
Mas suas pernas pareciam diferentes,
obedecendo ao vaga-lume na frente de seu
nariz, forçando sua mente a acreditar que
estava no caminho certo. A cada poucos
momentos, ela despertava desse estado de
sonho
E sentir-se consciente de seu entorno. O
Fae estava seguindo ela com cautela. Cada
bufo de seu cavalo o denunciando.
A hesitação veio e se foi. Ela estava com
medo de ser capturada por ele. Mas o terror
de seguir cegamente uma luz também
parecia absurdo
Uma coisa que vagava por um lugar
como este, que não tinha rosto, nem voz.
Não era para ser confiável.
Suas botas encontraram lama e depois
água. Ela continuou.

Quanto mais ela ia, mais ela sentia o


chão se inclinando para baixo. A água
começou a subir por suas pernas,
encharcando seu jeans azul claro e depois
chegando às mãos. Seu suéter começou a
ficar mais pesado.
A razão gritou com ela de novo e de
novo, insistindo que isso não era salvação,
mas condenação. Tudo o que ela podia ouvir
era o bater de seus dentes. A pele sobre seus
braços e pescoço eriçados. Seus dedos
estavam tão gelados quanto a água
Que estava agora acima de seus
cotovelos.
Não. Não. Este não é o caminho.
O pensamento surgiu em sua cabeça.
Seus dedos flexionaram sob a água.
Ela não queria continuar.
A água não estava boa. Ela tentou
fechar a mão direita em punho, querendo
recuperar sua liberdade.
Não. Eu não quero continuar.
Seus cílios tremularam para cima e para
baixo de repente, e então novamente Tara
ofegou. Assustada ao descobrir onde ela
estava. Olhando ao redor freneticamente,
ela encontrou a luz que ela pensou que a
levaria a algum lugar seguro, em vez disso
a levou para um pântano cheio de água
turva. Se ela desse mais um passo, sua
cabeça estaria completamente debaixo
d’água.
A luz agora pairava perto da superfície
do pântano.
Um bufo vindo do cavalo a fez olhar ao
redor. O cavaleiro Fae que a seguia estava
esperando perto da beira do pântano.
Se ela nadasse para a segurança, ele a
pegaria. Mas se ela ficasse ali, na água, algo
pior poderia acontecer. Se algo tão inocente
como uma pequena luz foi capaz de atraí-la
para lá, ela não queria saber o que mais
essas águas continham.
Ela se debateu com mais força. A essa
altura, qualquer monstro no pântano teria
certeza de sua presença.
Tara olhou novamente para o Fae e
nadou em direção a ele.
Acima de tudo, sua prioridade era a
sobrevivência, e o pântano não apresentava
nenhuma chance disso. Quando a água
estava em sua cintura, ela voltou a andar.
Seus olhos procuraram possíveis rotas
de fuga, para o caso de os Fae continuarem
caçando-a uma vez que ela estivesse fora da
água. Foi uma pena que ela não estava
carregando.
Seu grito ecoou no ar.
Algo tinha agarrado seu tornozelo.

Quando ela foi violentamente puxada


para trás, suas unhas cavaram na lama
diante dela, pressionando com força para
evitar que ela fosse arrastada para as
profundezas.
Ela olhou para o Fae. “Ajuda “
Mas a escuridão da água silenciou seu
grito
Nas profundezas da água, ela se
debateu para alcançar a superfície
novamente. Mas o que a tinha era mais
forte. Unhas afiadas perfuraram suas
botas, perfurando sua pele. Mas aquela dor
não era nada comparada a como seus
pulmões queimavam por falta de ar.
Ela não conseguia ver nada.
Logo ela estaria inconsciente e à mercê
do monstro. Ela precisava se controlar. Às
vezes, a pressão tornava a capacidade de
pensar quase impossível.
O monstro pareceu desacelerar, e ela
aproveitou os poucos segundos que teve
para se libertar. Suas mãos encontraram
uma mão viscosa. Ela fechou os olhos e
convocou seu poder.
Um manto de medo aprisionou o
monstro.
Quando Tara chegou ao fundo, ela
impulsivamente empurrou para a
superfície, afastando-se do que quer que a
tivesse levado.

O silêncio nas profundezas do pântano


foi quebrado por um grito. Esse monstro
parecia impossível, mas na terra dos Fae,
nada era impossível.
Tara moveu as mãos e os pés
freneticamente, tentando alcançar o topo,
em direção ao ar que seus pulmões
precisavam desesperadamente.
Apenas quando ela pensou que estava
fora de alcance, ela explodiu no Ar.
Ela respirou, inalando com força. Seus
músculos doíam com o esforço, mas ela não
parou de se mover. Ela nadou até chegar à
margem, depois emergiu na margem quase
rastejando.
Ofegando pesadamente, ela se
endireitou quando viu o cavaleiro Fae.
Ele desceu de seu cavalo, que abriu
suas asas novamente magnificamente e o
cavaleiro Fae caminhou em direção a ela.
Quando o Fae parou na frente, Tara
recuperou sua postura.
Seus olhos se moveram para o braço
direito dele. Símbolos como os de Cian
foram pintados em sua pele bronzeada. As
runas tatuadas não eram claras para ela,
indo do pulso até o ombro. Ele usava calças
marrons claras, botas e uma capa preta.

A capa caiu para trás, e o cavaleiro


encontrou sua cautela com um sorriso
“Que bom que você saiu da água. Eu
estava prestes a pensar que tinha que pular
para tirá-la.” Sua voz masculina combinava
com sua estatura. Seu cabelo era curto e
escuro, e as bordas de suas íris eram verde-
escuras, misturando-se em um tom
dourado quente.
“Não me toque!”
O Fae, elevando-se sobre ela, estreitou o
olhar ligeiramente. Como se ele não
entendesse por que ela estava reagindo a ele
assim.
Ele era um Unseelie, e enquanto isso lhe
dava algum alívio, ela não podia contar com
ele para ajudá-la.
“Eu acho que há um erro.” O Fae ergueu
as mãos. “Eu não vim de tão longe para
levar você comigo. Meu nome é Jarrah.”
Seus lábios finos revelaram um sorriso
perfeito e generoso demais.
Jarrah?
Ela o olhou de cima a baixo. Ele
certamente exibia a aura carismática que
ela ouvira sobre ele.
Se ele era quem dizia, então ela
definitivamente estava em seu território.
Ayva e Aine tinham falado dele. Ele era
o Senhor do Tribunal da Floresta.

Ele era o único Lorde que deixaria o


Reino em busca de entretenimento.
Provavelmente o único que tolerou misturar
com não-Fae.
O boato era que ele adorava se alimentar
de fêmeas mortais e mestiças. Ele não tinha
nenhum problema com os outros sabendo
que ele era o Senhor de uma das cortes
Unseelie.
Embora Cian desaprovasse, e o tivesse
avisado mais de uma vez, ele deixou ir no
final. Enquanto Jarrah não trouxera
problema para o Reino, era para ser deixado
fazer.
“Meu Senhor, eu pensei que-“
“Eu sei o que você estava pensando.
Estávamos perseguindo um Fae leve
quando encontramos você. Eu soube
imediatamente que você era parente de
Kieran.
Os outros não estavam nem um pouco
interessados em rastreá-la quando eu disse
a eles quem você era.”
“Por que você está me seguindo?”
“Aquela coisa que você vê aí?” Ele
gesticulou em direção à água.
A mesma luz pequena, parecida com um
vaga-lume, estava agora indo em uma
direção diferente, indo para as árvores.
“Isso é um fogo-fátuo. Seu objetivo é
guiá-lo pela floresta, fazendo você perder o
senso de tempo e direção, finalmente
levando você a essas águas.”
“E ainda-“
Jarrah levantou a mão, cortando-a, “Eu
não te ajudei porque eu queria ver por mim
mesmo se você realmente é o sangue de
Kieran. Aquele homem é aterrorizante, e
todos sabem que sua família é a mais
poderosa. Mas todos duvidam do novo
membro da família, que agora posso ver que
é um mestiço.”
Tara observou enquanto os olhos dele a
seguiam desde o cabelo molhado e
emaranhado até as botas, julgando-a.
“Pelo menos sua mente é forte. Eu tenho
que dizer, pela primeira vez de um meio-
sangue, você não era ruim. Pelo menos você
não se afogou. Bem, só porque nossa
adorável senhora decidiu deixar no último
minuto .
“Senhora? O que havia debaixo
daquelas águas não era uma dama
adorável.” Ela murmurou. Um arrepio
percorreu sua espinha, lembrando a
sensação de ser arrastada para o fundo.
Não conseguir respirar.
“Ela é Shishiga. Ela não ataca a menos
que você interrompa o sono dela. Então,
tecnicamente, a culpa é sua.”

Ela arrastou seu olhar de volta para a


água novamente. E engasgou em susto
quando viu que o Shishiga estava perto da
costa.
A água a cobriu da cintura para baixo.
Ela era tão magra que Tara podia ver os
ossos de seus braços e ombros
pronunciados. Seu vestido estava em
farrapos, e seu cabelo estava despenteado
O Shishiga a observava atentamente.
“Aparentemente, ela odeia você.” Jarrah
brincou
Ela se virou para ele, encontrando seus
lábios tão perto dos dela que ela
instintivamente pulou para trás.
Jarrah sorriu. Ele era tão cativante que
ela podia facilmente entender por que
alguém se sentiria atraído por ele.
Ele virou as costas para ela e dirigiu-se
ao seu cavalo sem palavra. Escalando
habilmente.
“Você está indo?
“Se fosse qualquer outra ocasião, eu te
ajudaria, eu até te levaria comigo para onde
você quisesse ir, mas esta noite as regras
são diferentes.
Eu sei que você está desesperada por
ajuda, mas eu confio que se você sobreviveu
a Shishiga e sua amiguinha, tudo que eu
posso te oferecer é um conselho, ou dois.”

Seu cavalo relinchou.


Ele acariciou o pescoço do cavalo,
sussurrando em seu ouvido
Jarrah olhou para ela, apontando para
um caminho “Vá por ali. Vai te levar a uma
cabana que só eu conheço. Você pode ficar
lá até o amanhecer.
“Evite as águas do pântano, não toque
nas flores violetas a menos que estejam
protegidas. Eles podem ser vingativos e, por
qualquer motivo, não sobem em uma
árvore. Não se você não quiser acabar como
um...
-oh e por último, você provavelmente
descobriu, você pode usar seus poderes
para evitar ser caçado, mas você não pode
deixar a caça até o amanhecer.”
O cavalo abriu as asas e eles galoparam
na direção oposta
“É isso?!” Ela gritou com ele, encontrou
apenas com a visão de sua volta.
Ele se foi.
“Excelente.” Ela assobiou.
O caminho que Jarrah havia apontado
para ela parecia tão sinistro e indigno de
confiança quanto o resto da floresta.
Só um idiota confiaria em um Fae na
noite da Caçada Selvagem.
A única diferença era que, talvez, Jarrah
não tivesse más intenções. Não se ele não
quisesse que seu aliado, o Senhor da Corte
dos Medos, retaliasse contra ele por
enganá-la.
Kieran não tinha ideia de que ela estava
lá. Ela só podia esperar que ele ou Airdan
estivessem caçando.
Seus olhos voltaram para onde ele havia
desaparecido.
Se ela fosse por ali, quem sabia o que ela
poderia encontrar, mas pelo menos ela
sabia que todos aqueles cavaleiros tinham
ido naquela direção, e então talvez ela
pudesse encontrar Sorana e o resto lá.
Ela olhou para frente. Fechando os
olhos e soltando um suspiro. As
probabilidades estavam contra ela, mas ela
iria correr o risco.
A cabana de Jarrah teria que esperar.
Capítulo Trinta e três

Tara olhou para as flores agora,


evitando pisar nelas enquanto tentava
memorizar o ambiente. Era tão fácil se
perder aqui.
As Florestas eram uma das cinco cortes
do Reino Unseelie. Seu vasto território
estava cheio de incertezas. Os mortais
conheciam muitos mitos e lendas, histórias
de todos os tipos de criaturas assustadoras
que residiam ali. Lembrando Jarrah, ela se
perguntou agora como seria sua casa.
Poderia ser tão triste quanto as árvores ao
redor dela?
Pelo menos a casa de Kieran estava
quente, apesar das Montanhas do Medo que
margeavam a fronteira da Corte das Trevas.
A terra que circundava a Corte das
Trevas era branca, imutável e fria.
O inverno parecia não querer morrer, e
embora Kieran tivesse o poder de forçar o
outono a entrar, ele preferia a visão do Lago
Branco imaculado e da floresta de cristal.
Mas aqui, não havia nada bonito à vista.
Talvez as pessoas que vivem aqui tenham
uma opinião completamente diferente.
Um rugido a fez parar em seu caminho.
Uma chama explodiu no ar, revelando
parcialmente a cabeça de um dragão
obscurecida da vista.
Durante os poucos segundos que a luz
da chama durou, ela viu pequenas criaturas
voando ao redor do Dragão.
Outro rugido sacudiu o silêncio da
floresta – um cheio de fúria e sofrimento.
O Dragão cuspiu fogo novamente, e Tara
pôde ver sua localização exata.
Ela correu em direção a ela.
Tara diminuiu a velocidade, observando
o Dragão tentar escapar das cordas mágicas
que prendiam suas poderosas asas
membranosas.
O dragão olhou para ela.
As pupilas reptilianas mudaram para as
mais redondas. E Tara imediatamente
reconheceu dois olhos familiares
Ximera.
Risadas e risos a fez virar e notar o
minúscula criatura flutuando acima.
Pixies.
Ximera estava implorando por ajuda. As
cordas em suas asas e pernas estavam
encantadas. Fino como fio e forte como ferro
Tara cobriu a cabeça e se abaixou
quando Ximera abriu a boca e, com um
rugido, soltou outra chama.
“Calma! Se você me incinerar, como vou
ajudá-la?”
Pixies eram pequenas criaturas
travessas que usavam sua invisibilidade em
seus jogos para enganar os outros Ximera
era incapaz de vê-los a menos que eles
quisessem. Somente pessoas dessas terras
podiam vê-los o tempo todo.
Tara assobiou.
As Pixies de pele verde pararam no ar.
Eles pareciam pequenos demônios com
chifres vermelhos brilhantes saindo de suas
cabeças minúsculas. Seus dentes eram
afiados, suas orelhas pontudas e suas asas
semelhantes a borboletas.

As Pixies pareciam estar falando sua


língua.
Um deles voou em direção a Tara. Agora
ela podia ver sua estrutura barriguda mais
de perto, ela notou como seus olhos eram
levemente pontudos, chegando até as
têmporas.
“Solte o Dragão agora.” Tara avisou, sem
saber se a Pixie a entenderia ou não.
Ela podia ouvir o bater de suas asas.
“O Dragão é nosso.” A Pixie disse, para
sua surpresa, revelando uma voz
estridente.
Ela estreitou os olhos. “Você faz parte da
Caçada Selvagem?”
— O Dragão está em nosso território e
temos o direito de caçá-lo. Vocês Fae
sempre acham que podem vir aqui e pegar
o que quiserem.
A Pixie colocou suas duas pequenas
mãos em sua barriga redonda.
Devido à sua natureza Fae menor, eles
não podiam mentir, então Tara entendeu
que isso significava que eles não faziam
parte da caçada.
“Nós dois sabemos que esta noite você
não pode aceitar o que foi oferecido à
Caçada Selvagem.”

“E o que um mestiço saberia de nossas


tradições?” O rosto da Pixie estava
zombando, provocando risadas estridentes
dos outros.
Ximera, ainda em sua forma de dragão,
soprou fumaça de seu nariz enquanto
Se ela estava bufando, Tara se lembrava
dos cavalos que ela tinha visto antes.
Inquieta por estar livre da posição em que
estava sendo mantida.
“Por que você quer um dragão de
qualquer maneira?”
“Com um Dragão em nossa posse, os
Gnomos não vão mais
Veio para destruir nossas casas.” A Pixie
respondeu.
“Ela é muito grande para você. Além
disso, você prefere correr o risco dela
incendiar suas casas?”
Pixies eram muito apegados às suas
casas. Se ela quisesse provocar raiva ou
medo, tudo o que ela tinha que fazer era
fazê-los ver a ameaça.

Ela poderia ter usado seu poder sobre


eles, mas ao contrário de outras criaturas,
Pixies não eram cruéis e tentavam evitar
confrontar um Fae.
“Se eu te der o Dragão...”
Tara sabia que tinha acertado.
“O que você quer em troca?”

“Eu quero que você me traga um desses


cavalos que os Fae estão usando.”
“Por que?” Ela certamente não daria
nada se isso significasse que o cavalo
estaria em perigo.

“Nós não vamos comer se é isso que você


está pensando. Nós gostamos de cavalos...
Eles são tão lindos.”
O resto das Pixies acenou com a cabeça,
suas mãozinhas juntos como se estivessem
esperando por um deleite.
“Faça uma promessa”, declarou Tara.
“Nós não temos que prometer nada,
muito menos para você mestiça. Você quer
o Dragão ou não?” O Pixie mudou de seu
comportamento feliz para um raivoso e
arrogante.
“Eu acho que é a segunda vez que você
me chama de mestiço. Eu realmente não me
importo de ser um. Mas tenho a impressão
de que você me chama assim de forma
depreciativa.”
Ela ergueu uma sobrancelha.
“Eu não tenho muito tempo, Pixie. Faça
sua promessa.”
Mas a Pixies se afastou dela e falou com
as outras Pixies em sua língua. Fios
mágicos apareceram amarrando a boca do
Dragão como fios de açúcar derretido.
“Como você quiser”, disse Tara em voz
baixa
Tara convocou o poder do medo, ele
voou no ar como uma praga infecciosa.
O terror de perder suas casas para o
Dragão oprimiu cada Pixie. Gritos agudos
começaram a encher o espaço.
Com as mãos na cabeça e a boca
trêmula, as Pixies começaram a se separar,
voando apressadamente.
Tara se agachou, agarrando a Pixie com
quem ela havia falado em suas mãos.
A criatura estava tremendo. Seu corpo
magro escondia sua cabeça e parecia estar
soluçando.
“Por favor pare.” A Pixie implorou a ela.
-Tara os libertou do poder do medo. E
ela viu a barriguinha redonda da Pixie se
movendo para cima e para baixo enquanto
diminuía.
“Você deveria ter feito essa promessa
quando eu lhe dei uma chance. Agora você
vai ficar sem um dragão e sem um cavalo.
Vá para casa.”
Sem olhar para ela, a Pixie voou para
longe, seguindo o resto de seus parentes
Tara virou-se para o Dragão.
Levantando sua mão e torcendo seu pulso,
as cordas que seguravam Ximera no lugar
desapareceram

O Dragão rugiu e esticou suas asas e


lentamente desapareceu até que Ximera se
mexeu e apareceu nua diante dela.
“Obrigada.
“Sem problemas.” Tara tirou a camisa
preta que vestia e, embora ainda
encharcada, era melhor do que nada.
Mantendo-se em uma camiseta preta e
jeans, Tara ofereceu a camisa para Ximera
para que pelo menos cobrisse parte de seu
corpo.
E quando a mulher Dragão o tirou de
suas mãos, os olhos de Tara congelaram em
seu braço.
Tintas pretas em formas que ela tinha
visto antes corriam do cotovelo ao ombro.
“Como é que você tem essas marcas?”
Ximera congelou. Olhando para ela com
cautela.
“Foi há muito tempo.”
“Como?”
“Por quê você se importa?” Ximera
deixou escapar defensivamente.
“Eu vi essa mesma tatuagem em outra
pessoa não muito tempo atrás. Por que você
tem a mesma?”

Os olhos negros de Ximera se


arregalaram esperançosamente. Como se a
revelação de que outra pessoa carregava a
mesma marca fosse a melhor notícia que ela
ouvira em muito tempo.
“Onde você o viu?” Ela se inclinou para
mais perto de Tara.
Sendo muito mais alta, Tara agora teve
que abaixar a cabeça ligeiramente.
“Eu nunca disse que era um ele.”
“Diga-me! Onde você o viu?” Ximera
agarrou seu braço com força, suas unhas
de dragão cavando em sua pele.
“Me solte, Ximera.”
“Não até que você me diga-“
Mas Tara se afastou dela abruptamente,
ouvindo cavalos galopando em sua direção.
Um vento súbito contra seu rosto a fez
voltar atrás. Ximera havia se transformado
em seu dragão novamente e estava voando
no oposto. Direção dos cavaleiros. Sem ela.
De todo o grupo de representantes de
cada reino, Ximera foi provavelmente a
única que lhe deu a impressão de não ser
má.
Os Shifter Dragão geralmente não eram
conhecidos por serem perversos e
arrogantes. Muito pelo contrário.
Tara supôs que, mais uma vez, as
aparências enganavam.

***

Sozinha novamente, nas franjas da


floresta, Tara começou a correr o mais
rápido que podia, desviando das árvores e
flores que surgiam de repente, isso estava
se tornando rapidamente, pois sua
prioridade era fugir dos cavaleiros que se
aproximavam.
Eles começaram a segui-la novamente
enquanto ela voltava para as árvores.
Agora, os cavalos pareciam perto, e ela
forçou suas pernas a correr
Ainda mais rápido.
Em breve, sua energia seria gasta. A
luta com o Shishiga tomou mais energia do
que ela pensava.
Ela virou a cabeça, querendo saber o
quão perto eles estavam dela.
Três cavaleiros a perseguiam.
Se fosse Airdan ou Kieran, então estaria
seguro...
Ela gemeu quando atingiu o chão com
força. Ela havia tropeçado em uma raiz que
estava escondida sob um manto de flores.
O líquido roxo queimou sua mão. Ela
estremeceu de dor. Uma das flores derreteu
na palma da mão quando ela caiu sobre ela.
Com tanta dor, ela mal podia registrar o
som dos cavalos se aproximando.
Inspecionando sua mão, ela viu que quanto
mais o líquido roxo permanecia na pele,
mais profundamente a queimava.
Ela arrancou parte de sua camiseta
preta e começou a limpar o líquido grudado
em sua mão, estremecendo de dor.
“Breena?”
Uma voz gritou atrás dela.
Suas costas ficaram rígidas
“Inversão de marcha.” Disse a mesma
voz, mais dura desta vez.
Tara os encarou.
Todos eles tinham capuzes, em vez de
preto aveludado como Jarrah, sua cor era
cinza claro com fios pretos bordados em
padrões de lágrima.
O cavaleiro no meio deu um passo à
frente em direção a ela. Seu cavalo olhou
para ela sem preocupação. Tinha asas de
obsidiana e chifres de veado
Pelo que ele a chamou, ela sabia
exatamente quem ele era. Ela olhou para
cima, encontrando um rosto que ela tinha
ouvido falar, mas nunca tinha visto.
Seus olhos cinzas e cabelos castanhos
ondulados delineavam seu rosto que,
embora bonito, era desprovido de qualquer
emoção.
Formas pretas e prateadas estavam
pintadas no lado esquerdo de sua
bochecha. Começando das têmporas até os
ombros.

Ele usava o rosto de um homem culpado


pela morte de sua mãe e pelo sequestro de
Reeona e Bianca. Ele era inimigo de Kieran
e o homem que queria matá-la ao nascer.
O Fae diante dela não era outro senão
Riathan. O Senhor do Tribunal de
Lágrimas.
Capítulo trinta e quatro

Nada poderia prepará-la para aquele


momento.
Tara sabia que ele existia. Que seu
nome pertencia a alguém real. Mas vê-lo
agora, ali na frente dela, de repente parecia
irreal. Era inegável, o infame Riathan estava
lá com ela.
“Então, você é a mestiça.” Disse um dos
cavaleiros, o rosto escondido na sombra do
capuz. “do Tribunal de Medos”.
Ela deu a ele um rápido olhar e voltou
seu olhar para Riathan. Ele não tinha falado
desde que ele ordenou que ela se virasse.
Embora sua expressão fosse vazia, era
fácil detectar a descrença em seus olhos de
aço. Ela sabia por quê.

Disseram-lhe que sua semelhança com


a mãe era estranha. E Riathan viu isso.
Mas sua descrença durou pouco. Seu
olhar mudou para aço, ele finalmente
percebeu que era a filha mestiça, não a
mulher que ele estava obsessivamente
apaixonado.
Um arco de madeira e uma flecha
dourada apareceram em suas mãos.
As regras esticaram a corda.
“Tem certeza?” perguntou o mesmo Fae
que tinha falado antes.
Tara olhou diretamente nos olhos de
Riathan. Desafiando ele. Foi uma má ideia,
uma estúpida, realmente. Mas se ele ia
matá-la, então ela o faria olhar nos olhos
dela.
Um lampejo de dúvida apareceu em seu
olhar cinza apenas para ser extinto pelo
som de sua flecha sendo lançada do arco.
Uma mão bateu no ombro de Tara com
força, fazendo com que suas costas
encontrassem o chão.
Ela não entendeu por alguns segundos
exatamente o que tinha acontecido.
Roderick! Ele esteve aqui.
Tudo aconteceu tão rápido que ela não
viu o momento exato em que Roderick
pegou a flecha em sua mão.

Ela se levantou rapidamente. Os dois


Faes que acompanhavam Riathan
desmontaram de seus cavalos e tentaram
atacá-lo.
No entanto, seu companheiro estava se
movendo muito mais rápido do que eles.
Tara olhou para Riathan. Em seu
cavalo, estoico e frio. Ele seguiu os
movimentos de Roderick de perto, que
esfaqueou a flecha dourada no pescoço de
um de seus Fae.
“Atrás de você!” Tara gritou.
Mas Roderick sabia de antemão que
seria atacado por trás. Tara nunca tinha
visto nada parecido. O Fae segurava em sua
mão uma lança feita de gotas de chuva.
Uma como pequenas e transparentes como
lágrimas derramadas dos próprios céus.
Ela nunca tinha visto tal magia antes, e
era quase tão impressionante quanto
aterrorizante.
Estes eram Fae da Corte de Riathan. A
terceira corte mais poderosa.
O coração de Tara disparou quando o
movimento captou o canto de seu olho.
De seu cavalo, Riathan já parecia
assustador o suficiente, mas agora,
enquanto caminhava em direção a seu
companheiro, cada movimento seu se
tornou uma pura ameaça. Tara sabia
exatamente o que ele estava planejando
fazer.
O poder do Tribunal das Lágrimas não
estava em infligir medo, mas dor.
Um que se especializou em fazer sofrer.
Capaz de secar o corpo. Roubando a última
gota de lágrimas até não sobrar nada,
finalmente fazendo o coração parar.
Se ela tivesse se alimentado como Cian
sugeriu, ela poderia ter sido forte o
suficiente para fazer Riathan recuar. Mas o
poder dela fez pouco mais do que fazê-lo
fechar os olhos e parar de repente.
Agora, ele estava olhando para ela, como
se o medo que ela induziu em sua mente
não fosse nada mais do que um daqueles
duendes traquinas voando sobre sua
cabeça.

“Você não é metade do que sua mãe


era.” Sua voz era lúgubre e sem tom.
“Você não tem o direito de mencionar
minha mãe.”
E embora seus olhos tivessem um brilho
de sofrimento neles, isso não a fez sentir
pena dele nem um pouco.
“Por sua causa, ela está morta!.
“Eu nunca mataria Breena
Foi a primeira vez que seu jeito frio e
ameaçador vacilou.

“E ainda assim você fez.” Ela rosnou


“Eu não. Ela já estava fraca quando
cheguei...”
Um dos grunhidos Fae gritou, roubando
sua atenção enquanto as presas de
Roderick se enterravam em seu pescoço,
rasgando carne e jogando-o em uma árvore
onde o outro Fae estava se recuperando da
flecha no pescoço.
Em um piscar de olhos, Roderick
apareceu na frente dela como um escudo.
Ele cuspiu o sangue em fúria. Como se
fosse a coisa mais imunda que ele já tinha
provado.
Riathan o observou de perto, intrigado
com a conexão que poderia existir entre ela
e o Vampiro.
“Você é o Rei dos Vampiros.” Riathan se
virou para ver os outros dois Fae se
recuperando e caminhando em direção a
eles.
“Tente tocá-la novamente, e não
hesitarei em destruir tudo o que você
possui.”
“É seu companheiro.” Riathan voltou
seu olhar para ela. Nem um pouco
intimidado por suas palavras.
“A mestiça é a realeza agora?” um dos
Fae disse, estreitando as sobrancelhas
e com a mão no pescoço manchada de
sangue.

Roderick assobiou com o comentário,


agarrando o Fae pelo colarinho. Quando
Riathan estava prestes a atacá-lo, um
súbito estalar de dedos cegou a todos.
Então, não havia nada além de completa
escuridão.
“Eu pensei que você tinha superado seu
ódio por Riathan.”
Ela conhecia aquela voz. Poderoso e
cheio de mistérios mais antigos que o reino
mortal.
Se a noite abrigava os Bosques, agora
não havia nada além de pura escuridão. As
árvores desapareceram junto com as flores,
os Pixies e os Shishiga
Sua mente lhe disse que ela não estava
sozinha, que Roderick estava perto, que
Riathan e os outros estavam também.
Mas ela não viu nada além de escuridão
ao seu redor, e se sentindo sozinha,
abandonada, sem esperança.
Um lugar onde o indesejado acabou.
Onde a escuridão era a única mão amiga
que a ajudaria com sua solidão, fazendo-a
sentir como se não tivesse ninguém, nada.
Era o nada. Silêncio absoluto. Sem frio,
sem calor. Era o começo de tudo e o fim de
tudo.

A magia neste lugar era tão crua que a


forçou a se curvar em reverência.
Não havia dúvida de quem era o dono de
tal poder
Com outro estalar de dedos, a escuridão
desapareceu, e seus olhos encontraram as
asas mais magníficas que ela já tinha visto.
Asas tão escuras quanto o poder dos seres,
faíscas queimando de suas extremidades.
O cavalo era igualmente majestoso.
Seus olhos não eram negros, eram do
mesmo tom das faíscas que suas asas
soltavam.
Cian era o dono deste cavalo.

“Meu rei.”

Os dois Fae baixaram suas cabeças.


Tara caminhou em direção a Roderick.
Embora seu rosto estivesse impassível,
Ela sentiu através de seu vínculo como
o lugar da escuridão de alguma forma o
afetou. Suas íris vermelhas e pretas duras
olharam desafiadoramente para Cian. Ela
revistou-o através do vínculo novamente.
Ela queria saber como ele se sentia, e ela
sentiu. Roderick deixou o vínculo entre eles
se abrir, deixando-a conhecer suas
emoções.

O Rei Vampiro não sentiu medo em


relação ao Fae mais poderoso. Não havia
nenhum indício de intimidação. Tara estava
cheia de orgulho.
“É assim que você trata um rei?” Cian
levantou uma sobrancelha. Seu olhar fixo
em Riathan. “O que o Rei dos Vampiros deve
pensar de nós? Ele deve pensar que sua
rainha não é respeitada entre sua própria
espécie.”
Riathan manteve sua atenção no chão.
Seus lábios formaram uma linha reta.
“Peço desculpas, meu rei.”

“Não é para mim que você deve se


desculpar, Riathan. É para a filha de Lady
Breena e seu companheiro.”
Tara observou enquanto Riathan cerrou
os punhos com tanta força que os nós dos
dedos empalideceram. Então ele fez algo
que ela nunca poderia esperar. Ele se virou
para ela.
“Você nunca deveria ter nascido.”

Na tentativa de acalmá-lo. Tara agarrou


o braço de Roderick enquanto ele mostrava
suas presas para Riathan.
Seguido pelos outros dois Fae, o Senhor
da Corte das Lágrimas subiu em seu cavalo.
Curvando sua cabeça para Cian, e se
afastou deles.

“Não leve a sério, Tara.” Cian


interrompeu “Riathan não é tão ruim
quanto parece.”
“Eu tenho que discordar de você, meu
rei.”
Cian riu. “Aposto que Kieran diria o
mesmo. A propósito, eu vi um dragão
voando recentemente. Achei estranho ver
uma criatura dessas nas terras de Jarrah.”
“Todos nós fomos enganados. Até a
demônio, Sorana, você a conheceu na Terra
do Crepúsculo, foi trazida aqui. Eu não
podia ver seu rosto, mas foi um Seelie que
me trouxe aqui. Através de um portal” disse
Tara.
“Mmm... Interessante. Isso reduz nossa
busca a dois.”
Cian respondeu.

“Você sabe quem pode ser?” disse Tara.


As sobrancelhas pretas de Cian subiram
ligeiramente. “Eu certamente os conheço.
Vou continuar a partir daqui. Acredito que
seus deveres não são mais necessários,
Tara, Rainha dos Vampiros.”
Cian olhou para Roderick e então de
volta para ela.

“Você deu a ele o cristal.” Ele disse de


repente, esquecendo o outro assunto que o
trouxera ali.
“Ele é meu companheiro.” Tara
reconheceu.
“O cristal estará seguro comigo”, disse
Roderick.
“Eu sei.”
Tara achou incomum quão
notavelmente calmo o Rei dos Unseelie
parecia. Nada parecia perturbar seu estado
de paz
Seus olhos sorridentes fizeram com que
ela e Roderick o olhassem com curiosidade.
“Eu sei...” Cian disse novamente.
“Disseram-me que alguém especial vai
trazê-lo de volta para mim.”
Cian curvou sua cabeça
respeitosamente para os dois. Um rei
cumprimentando outro e sua rainha.
“Caçada feliz”.
Cian e seu cavalo desapareceram como
se um buraco negro tivesse surgido e os
engolido.
Roderick virou-se para ela.
“Quem era o outro?” “Esse foi Riathan.
O único culpado por eu crescer sem minha
mãe.”
Os cantos de seus olhos suavizaram

Roderick beijou a bochecha de Tara e


então sussurrou em seu ouvido “Nunca
acredite nele ou em qualquer outra
pessoa... a melhor coisa que já aconteceu a
este mundo foi você estar nele.”
Ela olhou para ele, seus olhos verdes
brilhando. Seu olhar se moveu para os
lábios dele.
Ela precisava disso. Ela precisava dele
mais do que nunca. Ela segurou seu rosto
em suas mãos e o puxou para ela. Sua boca
colidiu com a dele com força total
Roderick não perdeu tempo em envolver
os braços em volta da cintura dela.
Buscando sua língua e avidamente
encontrando um beijo profundo e molhado.
O medo em seu beijo o fez se agarrar a
ela ainda mais forte. Devorando-a com seu
abraço masculino, seus braços fortes
protegendo-a da Floresta, de Riathan, de
toda a dor e miséria que ela conhecia
Ela sentiu que sua respiração era o
único ar que ele precisava. As mãos dela ao
redor de seu pescoço e ombros eram o único
“casaco” que ele queria. Seu sangue era o
amanhecer que ele uma vez adorou e
perdeu.
Tara era dia e noite. Ela era a vida, ela
era a eternidade, e ela era dele.

Ele separou seus lábios dos dela.


Apreciando sua respiração irregular
Observando seu peito subir e descer do
beijo.
“Eu te amo.” Ele disse.
O ar morreu. Ela olhou em seus olhos.
Roderick abriu o vínculo entre eles,
revelando a verdade para ela. Deixando-a
saber seus verdadeiros sentimentos.
Foi uma emoção avassaladora, mas que
a fez sentir puro êxtase
Os cantos de seus lábios se ergueram
suavemente. “Seus olhos... estão
brilhando.”
Ela sentiu seus lábios sorrirem para ele.
“Eu amo-“
Um barulho próximo engoliu o que ela
estava prestes a dizer.
As presas de Roderick se alongaram.
Ambos olharam atentamente para a
parte da floresta de onde o barulho parecia
vir.
Alguém estava correndo a toda
velocidade.
Roderick esticou os braços, junto com o
resto do corpo. Ele estava esperando e
pronto.
Um borrão rápido apareceu entre as
árvores. Roderick parou instantaneamente,
envolvendo-se em fumaça preta e
desaparecendo à vontade.

“Graças a Deus é você.” Com alívio, Vera


fechou os olhos. A mão dele a prendeu no
chão, apertada ao redor de seu pescoço.
Tara correu até eles, ajudando Vera a se
levantar. Sangue escorria em seu rosto, e
qualquer dor que ela tinha visto quando a
esfera chegou ao reino do Dragão se foi.
“Você está bem?”
“Melhor agora. Estou feliz por você estar
aqui.” Vera a abraçou.
“Basta”, disse Roderick.
“Calma. Foi um abraço de família. Mas
se você se sentir excluído. Venha, sua
irmãzinha vai te dar um.” Vera abriu os
braços e caminhou até ele.
Tara queria rir, mas mordeu a língua.
“Você é ridícula.” Roderick puxou as
mãos dela. “Diga-me, por que você estava
correndo?”
O medo encheu os olhos de Vera. “Eles
estão me perseguindo.”
“Quem?” perguntou Tara.
Um barulho colocou os três em alerta.
“Eles estão aqui.” Vera pegou a mão
dela. “Eu tentei matar um deles, mas sua
pele era tão grossa que pensei que tinha
perdido uma presa.” Ela murmurou.
Uma dúzia de formas emergiu das
sombras da floresta. Flechas e arcos,
picaretas e cordas faziam parte de sua
camuflagem. Eles eram tão altos quanto
sua cintura.
Todos eles tinham sobrancelhas
franzidas, lábios apertados e olhos escuros
e profundos que estavam fixos em Vera.
“Você está falando sério?” Roderick
olhou para Vera.
Tara observou enquanto ele fechava os
olhos momentaneamente e mãos em uma
de suas sobrancelhas.
Gnomos.

Vera estava fugindo dos gnomos, e agora


eles os olhavam com expressões hostis.
Capítulo trinta e cinco

“Ela é nossa”, o Gnomo que parecia ser


o líder apontou para Vera com seu
machado. “Entregue-a para nós, e iremos
tranquilamente”
Tara sentiu os dedos de Vera apertarem
os dela. “Calma.”
Vera olhou de lado para ela. O cheiro de
seu medo grudou no nariz de Tara como
uma máscara invisível, quase a sufocando
com intensidade.

“Certamente, deve haver alguma


maneira de resolver isso?”
O líder balançou a cabeça, rosnados
ecoaram atrás dele.
“Ela atacou um dos nossos.” Ele olhou
para trás e fez sina Um dos gnomos deu um
passo à frente. Esticando o pescoço.
O pescoço do gnomo que Vera atacou
não tinha sinal de mordida. Não havia
sangue. “O que eu deveria ver?” ela
perguntou. Um tanto confusa.
Outro gnomo deu um passo à frente.
Preso à sua cintura estava um cinto de
ferramentas. Usando uma corda que
atravessava seu torso, um grande machado
pendia de suas costas e descansava em seu
ombro.
Sua mandíbula estava coberta por uma
barba preta suja e seu cabelo estava pouco
visível sob um chapéu parecido com uma
boina que já tinha visto dias melhores.
Aproximando-se do Gnomo que tinha
sido alvo de Vera, ele levou os dedos ao
pescoço. “Foi aqui que ela tentou mordê-lo.
Machucando sua pele com essas presas.”
“Por que você fez isso?” Roderick virou-
se para Vera.
“Eu estava com fome.” Ela sussurrou.
Tara fechou os olhos e balançou a
cabeça.

“Nós podemos ouvir você.” O líder


gnomo a repreendeu.
“Olha... Existe alguma maneira de
consertarmos isso?”
Tara esperava negociar Gnomos não
eram seres agressivos e não buscavam
conflito a menos que justificado. Tara
queria evitar usar seus poderes sobre eles
ou, pior, Roderick os aniquilando se eles
decidissem tomar Vera à força.
O líder assentiu. “Dê ela para nós.
“Por que não discutimos nossas outras
opções?”
“Não há outro.”
Tara exalou. “Ouça, você não deveria
insistir em levá-la. Vera pode não ter sido
forte o suficiente para matar um dos seus,
mas ele...” ela gesticulou com o polegar, “...
ele vai. O Rei dos Vampiros.”
O Gnomo deslizou o olhar dela para
Roderick. Seus olhos brilharam com
preocupação, transmitindo-a ao resto de
seus companheiros.
“Não temos medo.” Ele disse, sua
bravura envolta em medo.
“Sim... Sim, você tem. Todo mundo tem.
Eu sou da Corte dos Medos. Eu posso sentir
o cheiro do medo, vê-lo e usá-lo contra você
se eu quiser.”

Os Gnomos ofegaram em uníssono,


recuando instintivamente. Os olhos do líder
gnomo se arregalaram, engolindo saliva.
Encarando-a com incredulidade.
Ela esperava essa reação. Todos temiam
enfrentar um Fae da Corte dos Medos. Pois
era onde aqueles que se atreviam a ofender
as regras do Rei dos Unseelie acabavam.
Tara nunca esteve lá. O único lugar que
foi falado como um mito entre os Fae. Um
castelo feito de medo e escuridão. Onde o
poder de Kieran e Cian coexistiu.
Todos evitaram confrontar um Fae da
Corte de Kieran. Era melhor que o mito
ficasse na imaginação e não se tornasse
uma realidade de carne e osso.
“Não vale a pena, Rybz”, disse o Gnomo
que havia sido agredido por Vera. “Pelo
menos eu não estou morto.”
Rybz olhou para os outros gnomos que
esperavam ansiosamente por sua decisão, e
então virou-se para Roderick.
Por um instante, ela pensou que ele iria
finalmente reconsiderar, mas a hesitação
em seu olhar desapareceu e foi substituída
por teimosia
“Não. Ela nos atacou primeiro, então ela
deve pagar.
Roderick avançou em direção a ele. Com
sua altura imponente, a cabeça do Gnomo
mal chegava à cintura. A cada passo, ele
exalava um poder vicioso e predatório. Seu
olhar baixou para Rybz
“Roderick!” Tara tentou impedi-lo,
temendo pelas vidas dos Gnomos.
Mas ele continuou. Ignorando a
preocupação evidente em seu tom.
Com uma velocidade inacreditável, ele
agarrou o Gnomo pelo pescoço, levantando-
o.
Os outros Gnomos ofegaram, recuando
ainda mais com medo do poder de seu
companheiro.
“Roderick, por favor, não o mate.” Tara
implorou.
“Não se preocupe, companheira. Eu só
quero mostrar a eles o que vai acontecer se
eles não saírem neste instante.”
Um grito rouco veio da garganta de
Rybz. Fios de sangue escorreram por seu
pescoço. Ele caiu no chão, tocando sua
garganta, tentando parar o sangue
Roderick esfaqueou sua pele firme com
suas presas. Ele olhou para todos eles.
“Você tem exatamente cinco segundos para
sair. Estou avisando. Eu não comi e estou
com muita fome.
Suas mãos eram pequenas, mas
robustas com calos visíveis nos edos e
palmas.

Eles agarraram os braços de Rybz,


levantando-o do chão, assustados e
choramingando com a dor que ele estava
sentindo.
Os gnomos não eram criaturas
malignas, mas escolheram um momento
ruim para reivindicar retribuição.
Sem outra palavra, eles se afastaram
deles. Observando o terror se espalhar entre
eles.
“Você não deveria ter feito isso” Tara se
virou para ele, vendo manchas de sangue
deixadas em seus lábios,
“O que você teria feito então?” Ele
ergueu uma sobrancelha. “Eu não o matei,
Tara. Eu só dei a eles um aviso.”
Por um momento, a tensão cresceu
entre eles, encontrando seu olhar
penetrante, sentindo o calor de seus olhos
nela. O calor de seu olhar foi ameaçado pela
frieza de seu temperamento.
Seus lábios estavam secos, ela passou a
língua sobre eles, umedecendo-os e
chamando a atenção de seus olhos.
“Olá?” Vera olhou para os dois. “Está
quente aqui fora, não
Roderick olhou para ela com uma
carranca. “Como eu disse antes... você
continua aparecendo nos momentos mais
inconvenientes.”

Vera levou a mão ao peito, fingindo-se


magoada com as palavras dele. “Oh irmão,
eu sinto muito.”
“Vera,” Tara olhou para ela agora. “O
que você sabe sobre os outros”.
“Quando o portal nos deixou aqui, ele
nos separou. Eu vi Hado e Starlet não muito
tempo atrás. O Lycan estava lutando contra
alguns Fae, eu presumo Seelies, porque eles
se pareciam com Cyran.
Eles estavam tentando levar Starlet. Eu
poderia tê-los ajudado, mas não o fiz.”
“Por que não?”
“Cada um de nós deve sobreviver o
melhor que pudermos, minha rainha. Se eu
os ajudasse, corria o risco de ser pego.”
Embora Starlet não fosse sua favorita,
ela não poderia ter feito o mesmo que Vera
se estivesse em seu lugar
Ela teria ficado para ajudá-los. E talvez,
depois que ela os ajudasse, eles a traíssem
como Ximera fez, mas sua consciência seria
apaziguada.
“Eu conheci Ximera não muito tempo
atrás. Alguns Pixies a prenderam. Cadela
me abandonou quando os caçadores
apareceram.”
“Nunca gostei dela”, confessou Vera
“Por que?”

Ela exalou.

“Há muito tempo, quando o


representante do Reino Mortal ainda vivia,
todos nós estávamos trabalhando para
capturar um clã que se transformou em
magia negra. Aterrorizando os mortais.
Trazendo pragas e mortes horríveis para as
cidades.
Você sabe que o mundo humano não
deve saber da nossa existência. A princípio,
ninguém percebeu. Na época em que Hado,
o Beta Lycan parou de frequentar as
reuniões, Starlet se tornou a nova
representante de seu reino, substituindo
Alistair Nox, seu primo.
Starlet e eu começamos a notar o
estranho comportamento entre o
representante do reino mortal e Ximera.
Pensávamos que eles não gostavam um do
outro.
Sempre havia essa estranha inquietação
entre eles quando. Mas então, quando
começamos a capturar as Bruxas,
percebemos que elas estavam sempre
juntas.
Ou que eles acabaram
coincidentemente juntos no mesmo lugar.
Ele parecia sempre se preocupar com ela, e
Ximera, claro, o salvou primeiro antes de
nos salvar.

Não havia dúvida de que aqueles dois


estavam fodendo. Ximera começou a ficar
mais mal-humorada e ciumenta. Possessiva
com o mortal. Ela estava sempre
procurando brigas comigo e Starlet.
Pensando que roubaríamos a atenção dele.”
Vera soltou um sorriso de escárnio.
“Idiota.”
“Então o que aconteceu?”
“O mortal veio de uma família poderosa.
Sua riqueza se acumulou ao longo dos
séculos. A única família que sabia da
existência de outros reinos. Eu não sei suas
origens. Eles sempre se mantiveram em
silêncio.
Nunca houve problemas com eles.
Embora fossem poderosos no Reino Mortal,
a família sabia que eles não eram nada para
os outros reinos. Mas o mortal que Ximera
fodeu, certamente não pensava assim.
Ele queria mais. Ele queria que os
outros reinos valorizassem sua família e o
que eles poderiam trazer para outros reinos.
Ele queria mais poder, e fez um acordo com
o Rei Demônio para não envelhecer.
Mas isso não impediu Cyran de tratá-lo
como um inseto em seu mundo. Ou de
Teias, levando ele a sério, mas você conhece
o Lorde Demônio.

Ele é um homem de poucas palavras.


Ele realmente não se importa com qualquer
outro assunto que não tenha nada a ver
com seu reino. Sua indiferença não é
dedicada a um. O demônio é tão silencioso
e cruel.
Descobrimos então que o mortal estava
planejando assumir o controle do clã de
Bruxas que estávamos caçando. Seu plano
era expandir esse controle com outros
Covens.”
“Mas como um mortal, ele poderia
controlar outros Covens?” perguntou Tara.
“Sua família possuía muitos artefatos
mágicos, coletados ao longo dos anos, como
o Desejo Falado. Um artefato que dizem
pertencer aos Seelie.
O artefato, quando muda de dono,
concede um único desejo.
E ele fez uso desse desejo.”
“Como você sabe tudo isso?”
“O mortal pode desfrutar de certa
imortalidade e possuir certos artefatos, mas
Starlet é uma bruxa poderosa.
Com sua feitiçaria, ela foi capaz de
entrar em sua mente. Descobrir que ele e
Ximera não apenas fodiam, mas eram, de
fato, companheiros. Claro, ele nunca soube
que sua mente foi invadida.”

Um pressentimento estranho percorreu


seu corpo, sua mente amarrando tudo
junto.
Mas não...não poderia ser.
Ela queria acreditar.
“O que há de errado?” Roderick
perguntou, sentindo sua mudança.
“Ximera tinha marcas em seu braço...”
“A marca do vínculo do Dragão. Ela
sempre a escondia quando o mortal
morria.”
“Espere... como o mortal morreu?”
“Quando estávamos prestes a executá-
lo, cortando sua cabeça, Ximera nos
implorou para deixá-la fazer isso. Starlet e
eu convencemos os outros a deixá-la matá-
lo. Afinal, era seu companheiro.”
“Você viu como ela o matou?”
Vera balançou a cabeça. “Ela pediu
privacidade.”
“Mas você viu a cabeça?”
“Ela preferiu trazer o coração dele.”
“Ah Merda.” Os olhos de Tara se
arregalaram. “Ela nunca o matou, Vera.”
“O que?”
“Conheço alguém que tem as mesmas
marcas que ela. E quando eu disse a ela, ela
queria saber onde essa pessoa estava.”
Não poderia ser ele.
“Qual era o nome da família dele?”

“Hustchwell. Seu nome era Marcus


Hustchwell.”
Capítulo trinta e seis

O sangue sumiu de seu rosto. Não podia


ser ele, e ainda assim era o mesmo nome.
Marcus. A tatuagem que cobria parte de seu
braço era a mesma que Ximera usava,
exatamente no mesmo lugar.
Eles têm as mesmas formas e a mesma
cor. Não poderia ser uma coincidência que
ele tinha entrado em sua vida anos atrás.
Ou tinha?
Tara queria acreditar que não era. Que
o homem que ela uma vez amou e confiou
não a traiu assim. Não porque ela ficou
profundamente magoada com a decepção.
Ela não sentiu nenhum amor por ele,
nenhum desejo, nada. Mas saber que o
amor que uma vez lhe dera era parte de uma
mentira a fez sentir-se indignada.

Marcus...

Talvez ele soubesse sobre ela o tempo


todo. Talvez ele tenha se aproximado dela
anos atrás, sabendo o que ela era. Mas
então ela não era ninguém. Ela estava
apenas fingindo ser outra mortal. Nada
fazia sentido.
"Eu o conheço", ela sussurrou entre os
dentes.
A fúria turvou o ar, enrolando-se ao
redor dela como uma tempestade prestes a
desatar no meio do oceano. Ela sentiu
Roderick endurecer.
Sua boca possuía a dela com uma fome
que ela conhecia apenas com ele. Ela olhou
para ele, vendo que por trás daquela raiva,
havia algo mais.
Possessividade. E Tara não pôde deixar
de engolir a intensidade crua em seus olhos.
Fazendo com que o fogo que residia em seu
interior subisse novamente, provocando
calor no ápice de suas pernas.
A intensidade de seu olhar, a selvageria
de seus olhos despertaram o fogo em seu
corpo. Incitando a chama adormecida de
seu sexo a crescer em uma chama
devoradora que só ele sabia como acalmar.
“Quem diabos é ele?” Sua voz masculina
saiu em voz baixa,

Tom ameaçador, como uma fera


esperando o momento de atacar.
“Antes de você, eu tinha uma vida-“ Ela
começou a explicar.
Mas ele a interrompeu, aproximando-se
lentamente, sem tirar os olhos dela. “Quem
diabos é ele, Tara?”
“Meu ex namorado.” Ela detectou o
nervosismo em sua voz.
Ela sentiu uma urgência como nunca
antes. Tara queria reivindicar sua boca para
assegurar-lhe que não havia nada com que
se preocupar. Que ela só queria ele. Mas, ao
mesmo tempo, ela hesitou.
Roderick era lindo e letal. Capaz de
atiçar o fogo interior que a consumia cada
vez que ele estava perto dela.
Sua robustez, seus músculos poderosos
e o som de sua voz eram uma mistura
inebriante que despertou seu sexo, fazendo-
o pulsar com a necessidade de ser
explorada por ele.
Mas tão bonito e letal como ele era, seu
companheiro poderia ser mordaz.
Ele era um homem que intimidava, com
uma reputação que remontava a séculos.
Ele era um assassino. Um guerreiro cruel
que se alimentava do sangue de seu
inimigo.

E enquanto a possessividade de seu


olhar despertava um calor dentro dela, a
raiva abrigada em seus olhos era a do
Príncipe da Morte.
“Quando foi a última vez que você o
viu?” Sua pergunta fez seu coração começa
a bater rápido. Como se para criar uma
pontada de culpa que não existe “Não muito
tempo atrás.” Ela engoliu saliva, tentando
acalmar o nervosismo inútil em seu
coração.
“Quando?”
“Há alguns dias. Ele acabou de aparecer
na minha casa.”
“Como ele sabia onde você morava?”
Seus olhos se estreitaram. Fixando-a com
seu olhar. Esperar a resposta o faria
procurar Marcus e matá-lo.
“Segundo ele, ele estava em um bar da
cidade quando viu Gordon e Yrsa
conversando com o barman. Ele me disse
isso, Gordon e Yrsa disseram a ele onde eu
morava.”
A princípio, ela não achou nada
suspeito, mas lembrar o que Marcus havia
compartilhado com ela a fez sentir como se
uma conspiração tivesse surgido.
Yrsa era uma assassina que matou
outras vítimas inocentes e matou Gordon.
Seria possível que Marcus tivesse mentido?
Que ele e Yrsa se conheciam?
“Aquela cadela mestiça está morta.”
Roderick disparou.
“Você a matou?”
“Claro que eu a matei. Eu fui para a casa
de Reeona e encontrei você desaparecida. O
lobisomem estava morto na cozinha. E a
mestiça tentou me matar.
-Acontece que era ela quem buscava
vingança. A cadela era Irmã de Arietta.”
“Yrsa era irmã de Arietta?”
“Sim, ela era. A última vez que a vi, ela
era apenas uma criança. Arietta nunca a
quis, e a abandonou em um dos Clãs mais
pobres. -E esta Yrsa, cujo nome verdadeiro
era Allegra, pensou que a Irmã realmente a
amava.”
“Não é à toa que seu rosto parecia
familiar. Ela escondia bem sua essência, eu
não tinha ideia de que ela era uma parte
Bruxa também.”
“A mãe dormiu com um lobisomem e
teve Allegra. Arietta nunca perdoou isso.”
Ouvi-lo falar de algo tão pessoal sobre
Arietta fez seu ciúme abrigar suas emoções.
O pensamento de Roderick com outra
mulher era como um veneno que destruiu
todos os outros sentimentos

Ela observou enquanto ele sorria.


Sentindo precisamente o que ela sentia
“Você está com ciúmes, minha querida?”
“Você é um idiota.” Tara revirou os olhos
para ele, ignorando-o, sentindo sua mão de
repente ser pega pela dele e seus lábios
colidiram furiosamente nos dele. Ela gemeu
quando sentiu a língua dele entrar em sua
boca, procurando a dela, saboreando-a. Foi
um beijo de conquista. Não era romântico,
não era doce, não era macio.
Foi um beijo como as ondas mais
poderosas de um mar no meio de uma
tempestade. Tentando conquistar os ventos
de um furacão.
Roderick permitiu que Tara ficasse sem
ar.
“Você é a única. Você é minha. Nunca se
esqueça disso.” Ele sussurrou.
Os olhos dela observaram sua boca,
implorando silenciosamente para que ela o
deixasse beijá-la novamente, para devorar
cada parte de seu corpo com a língua e as
mãos. Um músculo se contraiu na linha de
sua mandíbula.
Ele se inclinou perto de sua orelha
“Logo. Quando sairmos daqui, vou te
foder com tanta força que meu pau será a
única coisa que você vai implorar para ter
enterrado dentro de você. E eu vou beber
todo esse suco quando você gozar na minha
cara.”
Se o beijo dele acendeu um desejo
carnal nela, suas palavras desencadearam
uma luxúria faminta que fez seu sexo se
contorcer com o pensamento de sua língua
e seu pênis enterrado nela.
Roderick beijou o pulso de sua
garganta.
Seu pênis pressionou com força contra
sua barriga. Tara estava mais do que pronta
para ele. O cheiro de sua excitação era
prova disso.
“Merda, isso foi fodidamente quente.”
Vera respirou
A névoa lasciva se dissipou um pouco,
fazendo Tara recuar e olhar para Vera.
“Eu estou te dizendo... eu prefiro ter
uma buceta do que um pau, mas o que ele
acabou de dizer... isso me fez querer ter um
pau também.”
Ele resmungou com a interferência de
Vera
“Ah, por favor, sério?” Vera ergueu as
sobrancelhas. “Você não pode me acusar de
ser indesejável novamente quando eu estive
aqui todo esse tempo vendo você foder a
boca dela.”

“Devemos continuar. Ainda temos que


encontrar os outros.” Tara tentou mudar de
assunto.
“O que vamos fazer sobre Ximera?”
perguntou Vera. “Se Marcus está vivo, então
ela não cumpriu seu dever.”
“Ainda não sabemos se Marcus está por
trás de tudo isso.” Ela pensou.
“Esse Marcus... ele é imortal?”
perguntou Roderick. Mas Tara sabia que
havia uma promessa de morte em suas
palavras.
“De acordo com Teias na época, o ex-Rei
Demônio, Rothvaln lhe deu juventude em
troca de um dos artefatos que Marcus
possuía.
Tecnicamente ele é imortal porque viveu
mais do que qualquer outro humano. Mas
suponho que cortar a cabeça dele faria com
que ele morra.”
Roderick olhou para Tara. Querendo
descobrir se o pensamento da morte de
Marcus produziria alguma dor ou tristeza
nela.
“Se Marcus for culpado, você pode
matá-lo.” Ela disse confiante.
“Você pode ter certeza que eu vou,
companheira.” Roderick segurou a ponta de
seu queixo, levantando sua cabeça e
roçando seus lábios levemente contra os
dela.

Cócegas vibraram em seu estômago,


fazendo com que seu coração batesse forte,
construindo antecipação. O efeito que ele
tinha sobre ela com sua proximidade, com
a sensação de seus lábios e presas.
Ele soltou um sorriso. Satisfeito com a
reação dela.
“Que surpresa...”, Vera interveio
novamente. Roderick a observou irritado.
“Eu apenas fodo e mato.” A voz de Vera
mudou para um tom mais barítono.
Imitando-o, sem dúvida. “Você não sabe
quantas vezes eu ouvi isso.”
Tara inclinou a cabeça e estreitou os
olhos, olhando para Roderick. “Então, você
apenas fode e mata?”
Um músculo em sua mandíbula se
contraiu. Seus olhos focaram em Vera
ferozmente. “Você nunca cala a boca?” “O
que eu disse agora?” Vera parecia ingênua,
mas Tara sabia bem que ela gostava de
brincar com ele. “Diga-me se não é
verdade.”
“Não dê ouvidos a ela.” Roderick virou-
se para Tara. A preocupação brilhou em
seus olhos. Como se temesse que isso
mudasse as coisas entre eles.

“Ah, mas eu quero ouvi-la.” Ela queria


jogar junto com Vera “Diga-me, Vera, o que
mais ele disse?”
Vera soltou uma bufada irônica. “Tantas
coisas-“
“Não temos muito tempo.” Ele rosnou.
Seus olhos foram para cima “Eu posso
sentir o sol se aproximando. Precisamos
sair daqui rapidamente”
“Ele está certo”, disse Vera.
“Eu não posso sair daqui sem encontrar
Sorana primeiro.”
“Quem é Sorana?”
“Uma demônio e uma amiga.”
“E eu pensei que ia ser o seu favorito.
Não sei se é a mesma pessoa, mas lembro
de ter visto uma mulher nua correndo.”
“O que ela parecia?”
“Cabelo preto e quente.”
“Pode ser ela.” Tara olhou para
Roderick. “Mas também pode ser um Fae
sombrio.”
“Leve-nos para onde você a viu.” Ele
disse
“Aquela área estava cheia de caçadores.
Se formos lá, estaremos em desvantagem.”
“Não se preocupe com isso. Se virmos
um grupo de Gnomos novamente, eu dou
sua permissão para correr.” Roderick
respondeu.

Os olhos de Vera se arregalaram como


pires. “Você pode apostar sua bunda que eu
vou.”
Caminharam como se por longas horas.
Os três cruzaram as profundezas da
floresta. De vez em quando, ela sentia olhos
na nuca. Como se ela estivesse sendo
observada das sombras das árvores. E
Roderick sempre a seguia. Nunca ao lado
dela .
Enquanto Vera caminhava na frente
dela. Como se tivessem formado um escudo
protetor. Protegendo-a do perigo.
De vez em quando, ele deslizava a mão
pelas costas dela, movendo-se ao lado dela,
acariciando-a, como se sentisse a
inquietação que a enchia enquanto
caminhavam.
As árvores começaram a mudar de suas
formas mais tortas, ficando retas com
galhos brotando folhas verdes de primavera
enquanto continuavam.
A temperatura estava quente contra sua
pele. Criando as primeiras gotas de suor
acima de suas sobrancelhas.
O solo era fértil, e o cheiro que abundava
na nova paisagem era algo como nenhum
outro, como o de um jardim fresco numa
manhã de verão depois de uma noite de
chuva.

Ela podia sentir isso em seus ossos. Eles


estavam entrando no território Seelie.
Capítulo trinta e sete

A sensação de ser seguida ainda a


assombrava. Tara se virou para olhar. Seus
olhos percorreram além das sombras
negras da noite, misturando-se com as
vastas árvores cobertas de folhas.
“O que é isso?”
Ela olhou para Roderick. “Eu não sei.
Eu sinto que não estamos sozinhos.”
Roderick olhou ao redor com cuidado,
procurando por um batimento cardíaco ou
algo assim. Qualquer coisa que indicasse a
ele que a inquietação que sua companheira
sentia era baseada em algo real.
Mas não havia batimentos cardíacos.
Isso não o fez ignorar suas palavras. Bem,
ele sabia do mal que este reino reservava.
“É melhor irmos.” Ele pegou a mão dela.
À medida que caminhavam, a brisa da
noite tornava-se mais perceptível. Estava
mais frio e trazia consigo o cheiro do rio. O
caminho que seguiram começou a se abrir
em tufos de musgo, samambaias e flores
prateadas.

Tara olhou para as flores. Como se


apenas a cor deles tivesse lhe dado uma
sensação de mau presságio. Um sentimento
que ela não conseguia colocar em palavras,
mas carregava uma emoção estranha e
indesejada.
Algo que a fez pensar em Riathan.
Ela estava bem ciente de que o território
Seelie fazia fronteira com a Corte da
Floresta e a Corte das Lágrimas.
De fato, parte do Rio da Dor separava o
território Seelie da Corte das Lágrimas.
Olhando para as flores alinhadas em
uma ligeira encosta camuflada por mais
árvores, ela engoliu saliva, apertando a mão
na de seu companheiro, que a olhou com
preocupação novamente.
Por mais algum tempo, eles
caminharam, e as flores prateadas
começaram a desaparecer junto com as
árvores.
O som da água corrente os aqueceu do
rio que se aproximava que margeava a terra
de Riathan. Esta noite, a magia de ambos
os territórios havia apagado os muros da
fronteira.
Não havia Seelie Fae para impedi-la de
ficar do lado que ela iria.
Não era para ser de nascença.

Os três pararam. O silêncio da noite foi


interrompido por vozes melancólicas. Suave
e lírico. Vozes fantasmagóricas que
cantavam notas de saudade em uma noite
solitária.
Embora ela não as entendesse, as
palavras falavam de dor e tristeza,
promessa e solidão.
Tara sentiu Roderick guiando-a,
levando-a à fonte da melodia triste cantada
por espíritos sinistros.
O Rio da Dor apareceu diante de seus
olhos. A água estava tão negra quanto o
céu, mas tão convidativa quanto o próprio
sol. Brilhantes faíscas brancas como
estrelas flutuavam na superfície.
Sabia-se que o Rio da Dor pertencia à
Corte de Riathan, mesmo que parte de sua
água chegasse ao território Seelie.
Ninguém em sã consciência se
aproximaria do rio. Não se eles querem
experimentar todo o sofrimento conhecido.
A luz que ele não ousava se aproximar
dali. Não, a menos que eles procurassem ter
sua felicidade roubada e a tristeza os
governasse.
Tara sabia que sob aquelas águas
viviam as Sereias da Tristeza. Criaturas
malévolas e ainda capazes de atrair com
suas vozes. Seus olhos percorreram o rio.

O canto exato ecoou no ar como uma


triste canção de ninar. Certamente devem
ser eles. Atraindo todos os que estavam por
perto, prometendo consolo para a alma.

Eles eram as únicas criaturas que


podiam cruzar o território Seelie e Unseelie
sem consequências. A lealdade deles não
pertencia a nenhuma Corte.
“O que é este lugar?” perguntou
Roderick.
“Eles chamam isso de Rio da Dor. Sob
nenhuma circunstância devemos tocar a
água.”
“É lindo.” Vera deu um passo à frente.
Seu rosto fixo na superfície cintilante.
Tara agarrou sua mão, puxando-a para
eles. Vera balançou a cabeça, seu olhar
confuso, como se a mão de Tara na dela a
trouxesse de volta à realidade.
“Nós devemos ir.” Roderick disse, com a
mão ainda cobrindo a dela.
Mas as vozes ainda enchiam o ar
enquanto contornavam o rio. Às vezes eles
desapareciam, mas duravam apenas alguns
segundos antes de começarem de novo,
mais altos e mais atraentes.
A mesma sensação de ser observado
permaneceu. Alguém os estava seguindo.
Alguém muito astuto, muito poderoso para
ser visto
Se esse alguém queria atacá-los, estava
demorando muito.
O que estava esperando? Ela pensou.
“Você ouviu isso?” perguntou Vera.
Ela e Roderick pararam, esforçando-se
para ouvir o que Vera havia sentido
“Eu não ouço nada.
“Sim... alguém está tocando música.”
Vera sorriu, e Tara observou seus olhos
vidrados como se sua mente tivesse fugido
para outro lugar.
Vera começou a andar, alheia a eles.
“Vera!” Roderick a chamou. Mas ela não
estava ouvindo
“Você não pode ouvir, Roderick?” ela
perguntou com um olhar sonhador. “O
violino.”
“Que violino?” Tara foi atrás dela. “Não
há nada aqui, Vera.”
Mas ela continuou andando,
procurando o violino que tocava notas tão
doces que despertavam a calma.
Descendo um leve declive de volta para
a margem, Roderick agarrou Vera com
tanta força que a vampira caiu na areia
preta.
“Não há nada.” Suas palavras foram
cortadas abruptamente, voltando em
direção à água.
Vera não estava delirando. O som da
floresta, da água e do vento tocava as cordas
de um violino. Um macho jovem, mas
deslumbrante, estava sentado em uma
pedra acima da água. Ele estava
completamente nu.
Seu cabelo tinha o mesmo brilho branco
da superfície do rio. E de sua testa, cavalos
brancos se destacavam, suas pontas
curvando-se quase até o crânio.

Suas mãos possuíam a destreza para


fazer música. Seus olhos estavam apenas
em seus dedos majestosos tocando as
cordas.
“Quem diabos é ele agora?” Roderick se
enfureceu.
“Ele deve ser um espírito da água,” Tara
murmurou.
Seus olhos foram para Vera, que estava
ansiosa para soltar a mão que Roderick a
segurava. Por alguma razão, ela foi afetada
pela música. Suas pernas tiveram vontade
de seguir o jovem e sua música.
Era verdade que a música era
encantadora. Como uma daquelas músicas
cantadas sob um céu azul escuro cheio de
estrelas no meio de um prado primaveril. As
vozes fantasmagóricas acompanhavam o
ritmo do violino.
E, no entanto, nem ela nem seu
companheiro estavam tão atraídos por isso.
Não como Vera estava.
“Tara.” A voz de Roderick a atraiu. Ele
apontou para o outro lado do rio. E quando
ela foi olhar, seu coração afundou.
“Sorana!” Seu choro não quebrou a
música.
A demônio estava do outro lado do rio,
nua, os tornozelos cobertos pela água do
Rio da Dor.
Seus olhos azuis olharam para ela, mas
baixaram para a água novamente.
“Sorana, não olhe para a água. Volte.
Sou eu, Tara! Sorana!”
Os braços de Roderick envolveram sua
cintura com força. “Me solte! Não podemos
deixá-la continuar!”
Ela se debateu em seus braços.
“E eu não vou deixar você entrar!”
Roderick gritou com raiva para ela “Olhe
para ela! Você nunca vai chegar a tempo se
pular agora.”
Tara congelou em seus braços e olhou
para Sorana. A água veio até a cintura.
Uma lágrima escorreu pelo cheque de
Tara. “Sorana Olhe para mim, Sorana!” Mas
a demônio se recusou a fazê-lo.
Tara olhou com medo, procurou suas
garras para golpeá-la. Para acordá-la do
transe em que parecia estar. Mas nada
aconteceu. Era como se o rio anulasse
completamente seu poder.
Três figuras apareceram atrás de
Sorana, perto da borda, mas fora do alcance
da água.
Tara observou enquanto Riathan tirava
o capuz. Seu arco apareceu em suas mãos
com a flecha dourada apontada para as
costas de Sorana
O som de mais cavalos a levou a olhar
para o lado.
Airdan e Kieran, junto com outros seis
faes, estavam lá.
A capa de Kieran era verde como seus
olhos. Simples e sem ostentação. Seu torso
nu revelou as runas pintadas em seu torso
e braços.
“Kieran,” Tara o chamou, encontrando
seus olhos brevemente.
Ele ergueu os olhos de seu cavalo por
um segundo, e seus olhos que sempre
foram gentis com ela agora eram duros e
frios, olhando apenas para Sorana.
“Por favor, Kieran, ajude-a. Por favor,”
ela implorou. Airdan olhou para ela com
pesar. Mas nem fez nada para parar a
demônio nem Riathan, que lançou a flecha.
Tara gritou para a demônio novamente.
A flecha dourada tocou seu ombro e
desapareceu no ar como poeira. A água
lentamente começou a cobrir seu pescoço.
Roderick procurou confortá-la enquanto
beijava sua bochecha. Mas Tara soluçou
inconsolável enquanto observava os olhos
de Sorana olhando para ela.
Uma última vez antes que a água a
cobrisse completamente.
Engolindo o leve sorriso em seu rosto
como se ela finalmente a tivesse
reconhecido.
Capítulo trinta e oito

A água fria abraçou o corpo de Sorana,


arrastando-a para as profundezas do rio.
Sentindo pressão em seus pulmões, ela
ainda seguiu
Ela não estava respirando, mas suas
pernas seguiram o caminho da reia preta
que o rio escondia em suas profundezas.
Seus olhos se voltaram para a
superfície. As pequenas estrelas brancas
brilhantes iluminavam parte da
profundidade. Estava muito calmo lá
embaixo. O rio que a consumia despertou a
dor que ela aprendera a esconder.
Sorana apertou os lábios, aceitando a
falta de ar. Mas o silêncio que ela encontrou
lá foi a única coisa que a manteve em
movimento. Ela fechou os olhos,
observando o rosto de Rothvaln sorrir para
ela.
Ele era tão bonito quanto ela se
lembrava, com seu sorriso e olhos escuros
que derreteram sua alma com um único
olhar.
Seu amor por ele se tornou uma
obsessão. Ela sabia disso agora. Sua paixão
por ele não tinha sido saudável.
A memória de Rothvaln, o Rei impostor
dos Demônios, a levou de volta aos tempos
em que ele dividia sua cama com ela. Onde
ela lhe deu sua inocência, tornando-se uma
mulher em seus braços e em sua cama.
A sensação de sua boca acariciando
seus seios ainda permanecia em suas
melhores lembranças
E suas sobrancelhas franziram quando
ela agora viu o sorriso dele desaparecer, e
em seu lugar, um rosto sombrio e
indiferente tomou conta de sua memória.
Rothvaln estava furioso com ela, e agora
ela podia ver o quanto ele odiava quando ela
o acariciava e implorava por sua atenção.
Ele não a amava, nunca a amou, mas ela
nunca admitiu isso.
Seu amor a cegou a ponto de fazer o
imperdoável. Só porque ela temia que, se
não o fizesse, ele a deixaria

A dor apertou seu peito quando o rosto


de seu irmão veio à tona. Ela traiu sua
própria carne e sangue, seu irmão, por
Rothvaln
A dor consumia sua alma agora, e ela
sentiu as lágrimas brotando em seus olhos
mesmo com os olhos fechados. O rosto de
Lorcan quando Rothvaln revelou a ele que
ela o havia traído.
Seu irmão tinha ficado desapontado
com ela. Seus olhos cinzas observaram ela
com desdém. E embora ela soubesse que ele
estava procurando por ela,
Ela sabia que sua confiança nela não
existia mais.
Seu irmão não a amava mais, mas ele
ainda se importava com ela porque ela era
parte de seu sangue. Nada mais
A tristeza rasgou seu coração agora, e
seus lábios tremeram com as memórias
enquanto suas pernas continuavam se
movendo.
Suas memórias iam desde a tortura de
Rothvaln até a noite em que ela chegou à
Terra do Crepúsculo. O demônio que era o
fiel servo de Rothvaln morreu apenas
entrando na terra.
Um grupo de lobisomens os encontrou
na floresta, e o filho da puta

Ofereceu seu corpo como pagamento


para deixá-lo seguir seu caminho ileso.
Mas os lobisomens eram tão vis quanto
ele, e eles rasgaram o demônio separando
em minutos. Cortando-o em pedaços e
deixando-o apodrecer lá.
No entanto, não estava tudo acabado
com a demônio.
O medo da próxima lembrança a fez
estremecer.
Ela foi forçada ao chão, com os braços
presos à terra, enquanto as mãos subiam
pela saia de seu vestido, tocando
violentamente suas coxas, querendo
encontrar o que ela havia oferecido a
Rothvaln em sua cama.
Ela gritou e lutou para fugir, mas eles
eram maiores e mais fortes, e quando ela
pensou que seria levada à força, o rosto de
Kian apareceu no ar junto com Vurni.
O medo da lembrança foi engolido pelo
alívio. Kian tinha a salvado de ser
brutalmente tomada à força por aqueles
monstros.
Ele nunca disse a ela por que estava lá,
mas não importava porque ela confiava nele
naquele momento. Ele era sua única
esperança. E ela o seguiu até o castelo de
Vento Noturno. Outra prisão.

Um que acabou drenando-a quase


vazia. A alegria de acreditar que tinha
encontrado seu companheiro era falsa.
Nunca tinha existido. Foi o resultado da
magia negra daquela bruxa Arietta
Aronan nunca tinha sido seu
companheiro, e ele abusou de seu coração e
corpo. E ela permitiu isso porque ela
tolamente acreditava que sua conexão com
ele era genuína e única.
Se Rothvaln destruiu seu coração e
mente, Aronan quebrou sua alma.
Ela tinha sido nada mais do que um
peão. Ela percebeu agora que ela nunca
soube o que era o amor verdadeiro. O que
era ser amado incondicionalmente.
E embora a raiva deles fosse o que ela
ainda sentia, ódio por si mesma era a única
coisa que a mantinha acordada todas as
noites.
Tara não sabia, mas Sorana não dormia,
não comia e não sentia. Ela estava apenas
vivendo uma vida sem sentido. E ela estava
cansada disso.
Ela abriu os olhos para encontrar
sombras azuis cintilantes. Encontrar Duas
Sirens.
Ela nunca tinha visto um, mas tinha
ouvido falar deles. Todos eles vivem aqui na
terra das fadas.

Seus olhos eram negros com um brilho


prateado no centro, seus dentes eram
serrilhados, seus torsos estavam nus com
seios redondos, cheios e perfeitos.
Mas a coisa mais maravilhosa sobre eles
eram suas caudas de peixe. Tons brilhantes
de azul e longos.
Enquanto nadavam ao redor dela,
cabelos tão azuis quanto suas caudas
flutuavam e balançavam com seus
movimentos.
Uma das Sirens abriu a boca e soprou
em seu rosto.
Sorana sentiu seus pulmões clarearem
e, em vez disso, sentiu-se respirando
debaixo d’água.
“O que temos aqui?” disse a mesma
sereia.
“Tanta dor, tão deliciosa.” A segunda
sereia falou.
“Quem é Você?” Sorana perguntou,
ouvindo sua voz claramente debaixo d’água
“Meu nome é Aethira,” a segunda sereia
respondeu. “Esta é Aenora.” Ela apontou
para a primeira.
“E eu sou Aegalin.” Um terceiro
apareceu na frente dela.
Os olhos de Sorana foram para seu
rosto. Seu cabelo era prateado com tons de
azul, seus olhos negros como os de suas
irmãs. No entanto, Aegalin era diferente.
Seu cabelo parecia capturar o poder do
solitário. Lua fria.
“Sua mente é fraca”, Aegalin disse a ela.
“De fato lamentável. Porque há mais em
você, mulher do medo.”
“Eu só quero que tudo acabe. Eu não
quero sentir mais. Eu não posso mais.” A
própria voz de Sorana era fraca, quase
chorosa a dor foi demais.
Aegalin parou perto de seu rosto e olhou
diretamente em seus olhos. “Eles tiraram
quase tudo de você. Tudo o que resta é a
dor.”
“Eu não quero isso.” Sorana balançou a
cabeça. “Prefiro não existir se tiver que viver
com o sentimento de perda.”
“Se eu aceitar sua dor, não haverá mais
nada, fêmea de medo.
Você viverá, mas não saberá o que é
alegria, nem tristeza,
Nem seus olhos derramarão mais
lágrimas. Você não vai amar quando sua
Hora chegar.” “Não quero nada. Eu já tive o
suficiente. Já amei o suficiente, então não
tenho nada. Quebrada. Não quero mais
fazer isso.”
Aegalin a observou por um breve
momento. Seu cabelo prateado flutuava ao
redor dela, e seus olhos negros de repente
engoliram o brilho que mantinha seu
centro.

As três sereias começaram a dançar ao


redor dela. Suas vozes eram sussurros que
ela não entendia. Suas mãos eram agora
unhas compridas que arranhavam sua pele
enquanto cada uma tocava a área de seu
coração. O peso da dor começou a diminuir.
Seu coração começou a palpitar
Levemente, sua mente liberou o fardo de
suas memórias.
E todas as emoções e sentimentos dos
rostos que sua memória guardava
começaram a derreter. Agora eles não eram
nada mais do que rostos. Rostos familiares
que não despertavam mais nenhuma
emoção.
Os lábios de Sorana se curvaram em um
sorriso de alívio. Era pura liberdade. E ela
não se arrependeu. Ela não podia porque
sua decisão não a fazia sentir nada agora.
Ela olhou para os fios de seu cabelo.
Observando como a cor preta se desvaneceu
e uma prata fez seu caminho.
As sereias pararam na frente dela.
“Sua dor nos manterá satisfeitos por
algum tempo, criatura”, disse Aethira.
“Sua dor era deliciosa, pura.” Aenora
riu. “O melhor que provei em muito tempo.”
Mas Sorana fixou os olhos em Aegalin.
Ao contrário de suas irmãs, ela permaneceu
em silêncio, observando-a quase com
curiosidade. Seus olhos negros mais uma
vez tinham um brilho no centro.
E eles olharam para a superfície e
depois para ela.
“Quando você emergir, você não será
mais quem você era uma vez. Você pertence
a um fae escuro agora. Nosso presente só
pode ser devolvido para nós quando o
verdadeiro companheiro resgatar o que você
perdeu.”
“Dois corações, um verdadeiro e um
falso”, disse Aenora. “Um é feito de dor, o
outro é feito de medo.”
“Nada que dissermos a ela agora
importará para ela. Ela nem mesmo
reconhecerá seu companheiro.” Aethira
sussurrou no ouvido de Aegalin, embora
Sorana podia ouvi-la muito bem.
“Talvez não agora”, respondeu Aegalin
sem tirar os olhos Sorana “Suba à
superfície, minha senhora. Ele está
esperando
E os três se afastaram dela.
Mesmo que Sorana soubesse que estava
sozinha no fundo do rio, não provocou
nenhuma emoção. Não havia medo. Não
havia nada.
Apenas ela e seu coração envolto em
sombras.

Seus olhos encontraram um rosto


dolorosamente convidativo quando ela saiu
da água. Seus olhos eram como nuvens
cinzentas em um dia chuvoso. Seu cabelo
encaracolado moldava perfeitamente seu
rosto oval.
Sorana observou enquanto os olhos dele
percorriam o rosto dela até as pernas. Um
olhar possessivo e ainda assim nada
despertou nela. Escutou uma voz.

“A voz dela!”

Ela se virou para olhar para Tara.

A única amiga que ela já teve a sorte de


conhecer. E embora Sorana soubesse que
sempre seria leal a essa amizade, ver as
lágrimas de Tara não a fez sentir nada.
Seus lábios rosados perfeitos se
esticaram em um sorriso que nunca
alcançou seus olhos.
Tara viu imediatamente
Sorana era diferente. Seu cabelo preto
era prateado. Seu olhar estava distante, e
sua alma estava vazia.
“Vá para casa, Tara,” ela disse, virando-
se e aceitando a mão de Riathan, que a
havia reivindicado como um dos fae com ele
colocou sua capa sobre ela, escondendo sua
nudez e a ajudou a montar no cavalo de
Riathan.
O poder bruto e abrupto pegou Tara de
surpresa. Ela olhou para o lado. Ela não
tinha notado. Kieran e Airdan haviam
descido de seus cavalos e agora estavam ao
lado dela.
Ambos olharam para Sorana
E Tara olhou para ela. Sorana aceitou a
carícia gentil de Riathan em seu rosto com
olhos entediados.
“Sorana, lembre-se da minha
promessa”, ela gritou para ela do outro lado
do rio.
Sorana olhou para ela, e então seus
olhos deslizaram para Kieran e Airdan e
então de volta para Kieran. Mas foi um olhar
vazio e rápido que não teve nenhum
significado.
Riathan pegou as rédeas de seu cavalo,
que esticou as asas e partiu em uma nova
direção.
Capítulo trinta e nove

“Por que você não fez nada!” Tara


invadiu Kieran com raiva

“Tara!” Roderick agarrou-a pelo pulso,


mas ela se afastou dele.
“Por que você deixou Riathan levá-la?”
“Uma vez que ela estava na água, não
conseguimos tirá-la”, disse Airdan, seu
rosto exibindo um lampejo de culpa.
“Por que não? O Senhor da Corte dos
Medos não deveria ser o mais poderoso
depois do nosso Rei?”
“Tara!” A voz de Kieran ecoou no ar.
Seus translúcido olhos verdes olharam para
ela, enfurecidos. Suas sobrancelhas negras
esticadas.
“Pare com isso.”
E Tara captou um súbito lampejo de
preocupação em seu olhar, um que
rapidamente desapareceu com as seguintes
palavras. Seus olhos estavam fixos em
Roderick agora.
“Você deveria sair, Rei dos Vampiros. O
sol está prestes a nascer. A parede que
separa um território do outro está
começando a se reconstruir. Você precisa
sair agora.”
Kieran virou as costas para ela e, sem
outra palavra subiu em seu cavalo com
Airdan em seus calcanhares
“Você só vai se afastar?” ela gritou para
ele.
“Você deveria ir ao Rei Demônio e contar
a ele as novidades. Eu estarei esperando por
você.” Ele desapareceu junto com Airdan e
os outros que vieram com ele.
Ela suspirou, esfregando o rosto,
tentando limpar o cansaço dos olhos.
Sentindo uma mão deslizar ao redor de sua
cintura, ela descansou a cabeça no peito de
Roderick.
“Nós devemos ir.” Sua voz alcançou sua
alma como um bálsamo para os ouvidos
dela.
“E o resto?” Ela ergueu os olhos.
“Vamos torcer para que eles tenham
conseguido escapar. Você não pode salvar
todos, Tara.” Sua mão acariciou sua
bochecha, confortando-a
“Eu não salvei ninguém.”
“Você libertou Ximera daqueles
duendes.”
Tara olhou para Vera, que estava
sentada no chão, olhando para a água, com
as mãos nos joelhos. A noite estava ficando
mais transparente, levando o eco das vozes
que atraíram Vera e Sorana para o rio.
“Vamos lá.”
Roderick tirou o cristal do bolso e pegou
Vera pelo braço.
E os três apareceram na casa de Noctis
“Leve Vera para beber sangue. Ela está
fraca.” Roderick instruiu um dos vampiros
que guardavam o vestíbulo.

A escuridão subindo de seu corpo como


sombras envolveu Tara sem aviso, apenas
para deixá-la em seus aposentos privados.
“Eu preciso falar com o Rei Demônio
“Nós iremos juntos.”
“Eu posso ir sozinha,” ela protestou.
“Absolutamente não. Eu não vou deixar
você em paz. Nós iremos juntos e
voltaremos juntos.”
Seus lábios roçaram os dela. Seus olhos
vacilaram por um momento.
“O que há de errado?” Tara perguntou,
vendo sua carranca.
“Eu preciso beber.”
“Você pode tirar isso de mim”, ela disse
a ele sem medo.
“Por mais que eu queira, minha
querida... estou com muita fome.”
Ela estreitou os olhos. “Eu sou imortal.”
“Eu não vou correr nenhum risco com
você, Tara. Seu sangue é o melhor que eu já
provei. Mas eu não vou satisfazer minha
fome de sangue com você. Eu quero muito
você.”
“Eu não vou correr o risco de perder
você.”
Ela olhou para baixo, e ele colocou as
mãos em suas bochechas e levantou seu
rosto perto do dele.

“Como eu disse antes, é apenas comida


para mim. Não há emoção por trás do
simples ato de ser alimentado.” Seus lábios
deixaram um beijo em sua testa. “Espere
por mim. Não vai demorar muito. Descanse
um pouco.”
Ela assentiu e foi na ponta dos pés até a
boca dele, beijando-o. “Eu vou esperar por
você”
Sozinha no quarto dele, ela abriu a porta
dupla que dava para a cama de lençóis de
cetim preto. A varanda privada era
comprida, feita de arenito.
Inclinando-se e colocando os braços no
parapeito, ela fechou os olhos quando uma
brisa procurou contato com ela. Trazendo
escuridão silenciosa e eterna.
Ainda vestindo roupas molhadas de sua
luta com o shishiga no pântano, ela tirou as
botas e andou descalça. Seus olhos foram
para a lua. Não parecia tão prateado como
da última vez, não como o cabelo de Sorana
“O que você fez, Sorana?” Sua pergunta
foi um sussurro para o céu. A demônio
emergiu do Rio da Dor como outra pessoa e
ela queria saber o que havia acontecido
debaixo d’água nada de bom com certeza,
ela pensou .
Não quando sua cor preta se
desvaneceu, não quando ela viu aqueles
olhos cinzentos vazios. Não havia faíscas
neles.
Tara queria se lembrar agora quando
tinha visto aquela faísca pela última vez. Ela
franziu a testa, percebendo que enquanto
os lábios de Sorana sorriam
Para ela, seus olhos não.
Enquanto ouviam a música, Sorana a
observava como um espectador distante
enquanto cantava a letra. Que tipo de amiga
ela era?
O brilho em seus olhos nunca esteve lá,
pelo menos não desde que Tara a conheceu
na Terra do Crepúsculo.
Mas ela iria manter sua promessa. Ela
faria tudo o que pudesse para devolver o
que Sorana havia perdido. A demônio tinha
cometido muitos erros. Coisas do passado.
Mas ela provou a ela que ela era tão leal
quanto Reeona.
“Merda”, ela murmurou por entre os
dentes, lembrando que Bianca e Reeona
também haviam desaparecido. O dia
parecia não acabar, nem a noite.
Tara virou-se para procurar Roderick.
Ao fazê-lo, um grito assustado saiu de sua
boca.
“Há quanto tempo você está parado aí?”
Roderick atendeu com as mãos nos dois
bolsos e encostado na porta. “Não muito
tempo.” Ele não queria interromper sua paz
e tranquilidade
Deliciando-se por sua vez com sua
figura graciosa e seu cabelo esvoaçante que
se movia levemente sobre os ombros de vez
em quando.
Tara cruzou os braços. “Bela vista que
você tem daqui.” O jardim que adorava a
paisagem estava perfeitamente cuidado com
rosas cor-de-rosa envelhecidas e estátuas
de amantes, alguns se beijando e outros
com um perseguindo o outro.
“Estou feliz que você tenha gostado. Eu
estava preocupado que pudesse não ser do
seu agrado.” Ela pensou ter notado uma
pitada de sarcasmo. Foi difícil de imaginar
Roderick se preocupando com algo tão
humano e sensível como jardinagem. Os
cantos de seus lábios se ergueram
levemente, mas abaixou novament
“O que é isso?” ele perguntou.
“Com tudo o que aconteceu, esqueci
completamente de Bianca e Reeona. Você
conseguiu falar com a rainha das bruxas?
Ele assentiu. “Ela vai nos ajudar.
“E o que ela pediu em troca?”
“Um favor.”
“Que tipo de favor?”
“Eu não sei. Quando chegar a hora, eu
serei informado,” Roderick respondeu
secamente, evitando o assunto ainda mais,
lembrando da visão que Evanora lhe
dissera. Professando sua própria morte.
“Eu quero ir falar com ela. Talvez ela
devesse saber algo sobre eles.”
“Você não quer descansar um pouco
primeiro?”
“Eu posso não descansar até que eu
saiba que ambos estão bem.”
“Você precisa dormir e comer.” Seus
olhos examinaram o rosto dela,
Preocupado.

“Estou bem.”

Vendo sua teimosia, ele deu um passo à


frente e a agarrou na mão. “Pelo menos
troque de roupa.”
Tara atravessou a soleira da porta,
parando na frente de outra porta.
“Este é o banheiro. Você encontrará o
que precisa. Roupas, sapatos. A água está
quente.”
“Quando você teve tempo para preparar
tudo isso?”
“Você estava tão absorta em
pensamentos que não ouviu os outros indo
e vindo.” Roderick beijou sua têmpora.
“Vai.”

***

Após o banho, ela se sentiu revigorada


As roupas que ela encontrou no enorme
mármore preto, o armário do banheiro eram
exatamente do tamanho dela.
Ela vestiu uma calça jeans preta, e uma
blusa vermelha com comprimento. Mangas
largas, combinando a roupa com botas
pretas de cano alto
Saindo do banheiro, seus olhos
encontraram os dele e seu olhar escaneou
seu corpo avidamente. Roderick havia
trocado de roupa. Vestido impiedosamente
de preto com um terno de três peças.
“Você está pronta?” ele disse enquanto
terminava de ajustar o terno.
Ela não queria nada mais do que
explorar todo o corpo dele com as mãos,
começando pelo pescoço
Em seguida, seguindo as linhas duras
de seus ombros largos e braços
musculosos, correndo ao longo de seu
abdômen e subindo novamente para seu
cabelo. Despenteando-o com os dedos
enquanto o beijava.
“Linda como sempre.” Sua voz a trouxe
para fora dos pensamentos dela.
Roderick estendeu a mão. “Podemos?”
Tara colocou a mão em cima da dele, e
sombras escuras os cercaram, deixando-os
no trono das bruxas.

Ao contrário de algumas horas antes, o


trono estava agora vazio. Ainda tinha as
decorações das festas pagãs.
Seus olhos foram das colunas maciças
para a cadeira de ossos escuros da rainha
Evanora.
“Não há ninguém aqui”, ela murmurou
para ele.
“Estamos, minha querida.” Evanora e
Alistair apareceram na frente deles.
“Rainha Evanora.” Tara inclinou a
cabeça em respeito, esquecendo que agora
ela também era.
Evanora sorriu para ela. “Primeira vez
que eu vi um inclinar da rainha para outro.”
Tara franziu a testa, captando
tardiamente o significado de suas palavras.
Ela ainda não estava acostumada com a
ideia de que ela era de fato uma rainha.
“Pedimos desculpas por apenas
aparecer, mas-“
“Eu sei, minha querida. Nenhum pedido
de desculpas é necessário.” Seus olhos
claros sob uma máscara negra de
maquiagem a observavam, e Tara pensou
que ela sentia uma certa pena neles. Algo
que ela não gostou nada.
“E então?” perguntou Roderick. “Você
descobriu alguma coisa?”

“Nigel foi encontrado morto no Reino


Mortal, em outra cidade a centenas de
quilômetros da Terra Mestiça. Não havia
sinal da fae mestiça e de sua mãe.
“O que nos faz pensar,” Alistar interveio,
“que só existem dois lugares que podem
fazer com que o feitiço dê errado. Eles
devem estar no território Unseelie ou
Seelie.”
“Unseelie não pode ser. Eu teria sabido
agora que eles estavam lá.” Tara suspirou.
“Eles devem estar na terra dos Seelie.”
Capítulo quarenta

“Por outro lado, Starlet finalmente


apareceu, junto com seu companheiro.
Ambos decidiram ir para a residência dela.
Você não saberia por acaso o que
aconteceu?” perguntou Evanora.
“Os dois estão bem?”
“Com feridas superficiais aqui e ali, mas
aparentemente bem.”
“Pelo menos ambos estão seguros.”
Roderick, que ficou em silêncio por alguns
minutos, falou novamente. “Temos que ir.
Outro negócio nos espera.” Ele não queria
dar explicações ou detalhes sobre o que

havia ocorrido em território fae. Se


Starlet quisesse contar a eles, ela faria, mas
nem ele nem Tara falariam sobre isso.
“Boa sorte.” Evanora o olhou
diretamente nos olhos com um olhar que
dizia mais do que isso.
Seus olhos se voltaram para Tara
“Tenha em mente que você é uma rainha.”
Tara inclinou a cabeça ligeiramente,
confusa com a brusquidão de Evanora.
“Adeus, Rei e Rainha dos Vampiros.”
Alistair curvou-se para eles
respeitosamente.
Com a mão de Roderick na dela, ela
usou sua magia para desaparecer de lá e
chegar à entrada do palácio do Rei
Demônio.
A magia ali era muito diferente de
qualquer outra. Era como se o poder
absoluto daquele reino impedisse a intrusão
de qualquer outra criatura no palácio de
Lorcan e Daphne.
Não importa o quê, ela e Roderick
seguiram o caminho que levou ao Rei
Demônio. Ambos envoltos nas brumas do
Abismo, e em nenhum momento ele soltou
a mão dela
Roderick caminhou ao lado dela, seu
olhar direto à frente, firme. Tara o observou.
Parecia que ele não gostava de estar nesse
tipo de ambiente. Onde não havia
visibilidade alguma.
Cercado por uma fumaça cinza que não
o deixou ver além.
O chão em que estavam. Se ela fosse
descrever este lugar, ela diria que o chão era
uma obsidiana polida
Pedra, sem brilho.
As névoas desapareceram, e eles
encontraram a Rainha Demônio de alguma
forma confortando Lorcan.
Tara podia verde sua posição de pé que
um músculo em sua mandíbula se contraiu
quando seus olhos focaram na mão
encorajadora de Daphne, acariciando sua
palma.
Lorcan voltou sua atenção para eles.

Seus olhos brilharam com raiva


controlada, e ela podia sentir Roderick ficar
rígido ao mesmo tempo. Não com medo de
Lorcan. Havia apenas uma razão – ele
estava com medo por ela
Que alguns desses demônios iriam
machucá-la
Um barulho a fez se virar, encontrando
o resto dos Lordes Demônios. Olhando para
cada rosto, ela não encontrou Teias.
“Rei dos Vampiros.” A voz de Daphne fez
sua atenção voltar para a frente. “Então os
rumores são verdadeiros.” Daphne olhou
para ela agora. “Nós nos encontramos
novamente, Rainha dos Vampiros.”
Tara a cumprimentou com a mesma
cortesia.
Com o rosto ainda teimoso e impassível,
Lorcan começou a cumprimentá-los como
Roderick.
“Onde está Teias?” Lorcan perguntou
sem perder mais tempo com saudações.
Sua pergunta a fez franzir o cenho. Ela
sentiu tanta decepção que o nome de sua
irmã não foi o primeiro a sair de sua boca.
“Fomos enganados no Reino do Dragão.
Fomos todos levados para o território fae.
Sorana também foi sequestrada e deixada
lá.” Sua voz estava zangada com a frieza de
Lorcan.
Não importava se a demônio tivesse
cometido erros no passado. Ela merecia
toda preocupação com seu bem-estar. E se
seu reino estava disposto a abandoná-la
agora. Tara certamente não o faria.
“Explique o que aconteceu.”
E assim ela fez.
“Se Teias não voltou, é porque alguém o
caçou lá”, finalizou Tara.
“Impossível. Teias é o melhor de todos
nós.”
Roderick virou-se para ver quem havia
falado, encontrando Myron, um dos Lordes.

“Aparentemente não é o melhor se eles


o pegarem.” Havia irritação em sua voz.
A tensão aumentou no ar com as
palavras de Roderick.
“Talvez devêssemos fazer um acordo
com a Rainha dos Seelie.” Lorcan olhou
para Myron.
“É isso?” Tara ficou indignada e enojada
com essas pessoas. Como puderam todos
falar de Teias e não mencionar o nome de
Sorana? Eles odiavam tanto a demônio?
“O que você quer dizer?” Daphne
interveio.
Mas Tara apenas olhou para Lorcan.
“Sorana é sua irmã. Ela está presa lá
também.”
“Você não disse que ela pertence a um
dos faes escuros agora? Que ela concordou
em ir com ele?” Lorcan respondeu com o
mesmo ódio com que ela havia feito sua
pergunta
“Porque ela não tinha escolha!”
“Ela sempre teve escolhas. Ela apenas
escolheu aquelas que só a favoreciam, Srta.
Tara.”
“É Rainha para você, Rei dos
Demônios.”
Roderick optou por não se intrometer na
conversa, vendo exatamente como sua
companheira estava lidando sozinha. E
quando ela corrigiu Lorcan, seus lábios se
ergueram em um sorriso orgulhoso.
“Sorana pode ter cometido muitos erros,
mas ela não merece ter seu próprio povo
dando as costas para ela, especialmente seu
irmão. Veja por este lado.
“Se ela não tivesse traído você naquela
época, você nunca teria conhecido sua
Companheira, considerando o ódio que você
sentiu pelos mortais. Toda a sua vida.
Sorana me contou.”
Seus olhos verdes olharam para os
escuros de Daphne e depois para Lorcan
novamente. E por um momento, ela viu
arrependimento em seu olhar, mas
provavelmente não era real, não depois do
que ela estava aprendendo lá.
“A recompensa que você me deve. Eu
quero reivindicá-la agora.”
“Eu sei o que a Rainha Vampira vai
pedir,” Lorcan enfatizou seu título.
“Eu posso trazer alguém de volta à vida,
tirar a vida de alguém e incendiar um reino
inteiro, mas a única coisa que não posso
fazer é quebrar quaisquer laços entre
companheiros ou desfazer a magia de um
fae. Nesse caso. Sorana está sozinha. “
“E também Teias,” Tara disse entre
dentes. “E ainda assim você estava disposto
a buscar uma audiência com a Rainha dos
Seelie.”

A sala ficou em silêncio. Tara exalou.


Não havia sentido em continuar com
isso. Não quando estava claro que esses
demônios não ajudariam Sorana.
“Vamos lá.” Ela pegou a mão de
Roderick. Por mais que ela não quisesse
dizer isso a eles, ela não podia evitar. Ela se
voltou para Lorcan e Daphne. “Sorana lhe
contou o que aconteceu na Terra do
Crepúsculo?”
O músculo da mandíbula de Lorcan se
contraiu. Seus olhos estavam frios como
seu coração. “Claro que não,” Tara zombou
com ódio em seus olhos. “Certamente ela
sabia que nada do que ela havia sofrido
importaria para você, irmão dela.
“Você sofreu milhares de anos trancado,
mas pelo menos estava sozinho, sem
ninguém para abusar de você. Mas Sorana
sofreu muito mais do que isso. Certamente,
parte disso foi culpa dela por trair você.
Ela se arrependeu, mas você não se
importou com isso. E ainda assim ela ainda
estava sorrindo quando não sentiu nada.
Quando tudo foi tirado dela.
E eu só posso estar feliz agora que ela
está longe de você. Ela não precisa de você.
Ela tem minha Corte e a mim, e isso é o
suficiente.”

Foi mais do que suficiente. Tara iria


manter sua promessa.
Ela ainda não sabia como, mas primeiro
tiraria Sorana da Corte das Lágrimas e
descobriria e reverteria o que Sorana havia
feito nas profundezas do Rio da Dor.
Lorcan estava certo sobre uma coisa.
Sorana tinha escolhas, mas suas escolhas a
levaram a onde ela estava hoje. E talvez
fosse o desejo de Sorana se tornar o que ela
era agora.
Mas Tara colocaria algum sentido nela.
Ela tinha que mostrar a Sorana que nem
tudo estava perdido. Sempre havia luz no
fim do túnel e, por menor que fosse, ainda
era uma saída.
Se ao menos o verdadeiro companheiro
de Sorana aparecesse... ela só esperava que
quem quer que fosse não seria cruel como
Aronan ou Rothvaln.
No silêncio constrangedor depois que
ela falou, as brumas do Abismo mais uma
vez os escoltaram até a saída. E ambos
apareceram novamente nos aposentos
privados de Roderick.
“Você está bem?”
Tara balançou a cabeça, sentando-se no
canto da cama, cobrindo o rosto com as
duas mãos. “Estou cansado. Sinto que não
faço uma pausa há séculos

“Vera vai trazer um pouco de comida


para você. Você precisa descansar por
algumas horas”, Roderick disse a ela.
Sem protestar, ela foi ao banheiro e
trocou de roupa por uma camisola de cetim
preto com um roupão combinando.
Ela encontrou uma mesa perto da
varanda aberta quando abriu a porta. O
casaco de Roderick estava em cima da
cama.
Ele se sentou relaxado, sua camisa
preta enrolada quase até os cotovelos. As
veias se destacaram em suas mãos, fruto de
um treinamento físico exigente.
Olhando para o céu, ele virou o rosto,
sentindo o olhar dela sobre ele. Seus olhos
percorreram seu corpo, memorizando sua
silhueta e o balanço de seus quadris
enquanto ela se aproximava, sentando-se
em frente a ele.
Ele nunca tinha visto tanta beleza em
sua vida. Ela era a perfeição.
E um desgraçado miserável como ele
teve a sorte de ter sidoo emparelhado com
ela.
Se ele soubesse centenas de anos atrás
que esse momento chegaria, ele faria tudo
de novo para chegar até ela e sentar lá,
observando-a enquanto ela comia
obedientemente a comida que Vera trouxe
do Reino Mortal para ela.

Seu olhar descansou nos movimentos


de sua garganta enquanto ela engolia ou
quando ela abria a boca para formar um
pequeno o para continuar comendo.
Ele poderia ficar lá por muito tempo,
apenas observando-a estar perto dele.
Fazendo algo tão comum quanto comer. Se
sua mãe estivesse viva, ela sem dúvida riria
dele. Ela certamente gostaria de Tara.
“O que você está pensando?” Ela tomou
um gole de vinho. “Você está sorrido.”
“Nada em particular”, disse ele. “Você
gosta da comida?”
“Sim. Obrigado.” Ela se recostou na
cadeira, colocando os talheres no prato. “Eu
tenho que ir ver Kieran em breve. Talvez ele
saiba como localizar Reeona e Bianca, e
como tirar Sorana de lá.”
“Você deveria dormir um pouco
primeiro. Os problemas voltarão quando
você acordar. Você precisa descansar
primeiro para continuar. Não adianta
Reeona e Bianca se você parar de dormir e
comer.”
Tara fechou os olhos por um momento,
sentindo o ar entrando pela varanda aberta
roçar seu rosto e pescoço e o silêncio da
noite tentando acalmar suas preocupações.

Ela abriu os olhos e encontrou seu


olhar. Isso era o que ela queria, o que ela
queria desde que o encontrou. Para sentar
lá com ele como se fosse uma das muitas
noites. Para conversar e rir juntos.
Para tê-lo perto dela Mas ela tinha uma
promessa a cumprir e um dever para com
sua família. Ela não podia se deixar levar
por suas próprias fantasias. Pelo menos não
agora.
Esta noite, no entanto, ela esqueceria o
mundo. Esta noite sozinha. Ela se
permitiria fazer o que realmente desejava,
livre de obrigações e emoções.
Levantando-se, ela desamarrou o
roupão de cetim, deixando-o cair no chão,
revelando o tecido macio e fino de sua
camisola.
Não havia nenhuma gota de nervosismo
nela, apenas pura determinação e
antecipação enquanto ela avançava para
ele. Montando nele, com as mãos em seus
ombros.
Sem uma palavra, seus lábios
encontraram os dele. Suas mãos viris foram
de suas nádegas, subiram pelas costas e
desceram novamente. Roderick respondeu
com um beijo suave e nostálgico.

Sua língua exigia entrada, e ele deu a


ela, transformando o beijo em algo mais cru,
duro. Um beijo faminto por todo o tempo
perdido sem se ver.
Uma de suas mãos se enroscou em seu
cabelo, puxando-a com força contra sua
boca, com a intenção de não deixá-la
escapar.
Gemidos romperam dela quando seu
membro pressionou contra seu clitóris.
Rígido, esperando ser puxado para fora dos
botões de sua calça.
Sua boca deixou a dela e começou a
beijar seu pescoço, descendo até seus
ombros enquanto a alça de sua camisola
caía de um. Tara gemeu, arqueando as
costas quando um de seus mamilos fez
contato com a língua dele.
Suas mãos se agarraram aos ombros
dele para apoio enquanto ele saboreava
seus seios carnudos, trazendo umidade
para seu sexo. Seus quadris começaram a
se mover em um movimento sensual.
Roderick gemeu com o balanço e a
fricção que ela estava criando enquanto
buscava seu orgasmo.
Ele se levantou com as mãos em suas
nádegas, suas pernas travadas ao redor de
sua cintura, enquanto ela continuava
beijando sua boca ferozmente.
Ele a carregou para a cama, jogando-a
no colchão e observando enquanto seus
seios saltavam com o movimento súbito.
Seus mamilos rosa escuros estavam duros
para ele.
Ele a beijou novamente enquanto suas
mãos acariciavam suas coxas, encontrando
a umidade no meio.
Ela soltou outro gemido quando seus
dedos começaram a esfregar a carne de seu
clitóris e sua língua dançaram em um de
seus mamilos.
O movimento rápido de seus dedos
começou a despertar um orgasmo. Seus
gemidos quebrando em um clímax rápido.
Mas ele não tinha acabado. Ela sentiu os
dedos dele entrarem nela, movendo-se
lentamente, torturando-a com outra
liberação.
Ele a beijou com força, com a fome de
um homem apaixonado.
Seus lábios começaram a descer
lentamente, explorando-a, até chegar onde
seus dedos estavam.
“Olhe para mim”, ele ordenou a ela. E
ela abriu os olhos.
Ela observou como sua língua deslizou
sobre seu clitóris, explorando seus lábios
internos e então alcançando o coração do
prazer. Incapaz de evitar, ela começou a se
mover contra sua boca.
“Roderick,” ela sussurrou. Implorando-
lhe que continuasse, que continuasse o
delicioso tormento que a levaria a encontrar
aquela explosão. Ele gemeu contra seu sexo
Sua língua e dedos se moviam
incessantemente, fazendo seus gemidos
ficarem mais altos até que seu corpo
explodiu.
Ela observou como ele provou seus
sucos em seus dedos, fazendo suas presas
crescerem mais e o vermelho de sua íris
mais proeminente. No entanto, não havia
terror nela.
Ela queria sentir essas presas nela. Para
ver seus olhos enquanto ele a fodia com
força.
“Tire suas roupas. Eu quero que você
me foda com força”, disse ela.
“Está Desesperada?” O canto de seus
lábios se ergueu.
“Por isso... sim”, disse ela, olhando para
o pênis duro e pronto que mostrava contra
suas calças.
“Como quiser, minha rainha.”
Roderick arrancou o vestido amarrado
ao redor de sua cintura com força brutal,
deixando-a nua e exposta à sua língua
faminta. Suas longas presas doíam com a
necessidade de mordê-la
Nua como ela estava, ele se sentou de
joelhos, pegando seu tornozelo e beijando-
o, trabalhando seu caminho até o interior
de sua coxa.
Tara engasgou ao sentir uma pontada
afiada perto de seu sexo, a dor repentina
então substituída por uma sensação
estranha começando a despertar um
formigamento em sua barriga,
desenrolando um calor que despertou outro
orgasmo.
Sua língua lambeu onde ele tinha
mordido, e ela arqueou as costas,
convidando-o a continuar com o resto de
seu corpo.
“Roderick, por favor...” ela implorou
quase sem voz.
Sua boca continuou a subir até
encontrar seus seios novamente, brincando
com seus mamilos maliciosamente
enquanto seus dedos a penetravam de
brincadeira, fazendo-a sucumbir em
torturado prazer.
Sua coluna arqueou novamente quando
a dor sacudiu seu prazer perto do mamilo,
acima de seu coração. Ela podia sentir o
sangue encharcando seu peito,
E novamente a dor desapareceu quando
sua língua prendeu o sangue.
Suas mãos se enredaram em seu cabelo,
e seus quadris procuraram seus dedos
furiosamente, seus gemidos mais altos
agora, sentindo-se à beira do precipício.

“Você está me fodendo. Olhe para mim.”


Sua voz saiu rouca, possessiva.
E justamente quando Tara pensou que
o orgasmo viria, ele substituiu os dedos por
seu pênis, entrando nela brutalmente,
fazendo-a gritar de felicidade. Seu orgasmo
veio com força, fazendo com que suas
paredes internas se apertassem
Seu pênis era longo e largo, enchendo-a
dolorosamente no início até que seu corpo
se ajustasse a ele.
“Me observe enquanto eu te fodo,” ele
comandou e retornou com força, fazendo
com que ela agarrasse os lençóis com força.
De novo e de novo, ele entrou
furiosamente e então lentamente saiu,
torturando-a.
“Foda-se, mova-se mais rápido”, disse
ela, fazendo-o rir. Isso é o que ele queria,
ouvi-la implorar por seu pau.
Roderick se moveu tão rápido que ela
mal conseguia entender o que estava
acontecendo até perceber sua posição. Com
a bunda no ar e os cotovelos apoiados na
cama.
Ela o sentiu abrir bem suas pernas de
costas para ele, agarrando-a pelos cabelos e
puxando-a para ele enquanto seu pênis a
penetrava com força novamente.

“É isso que você quer?” ele sussurrou


em seu ouvido enquanto a penetrava de
novo e de novo, forte e rápido o suficiente
para que ela explodisse em mais êxtase,
sentindo o prazer atômico percorrendo seu
corpo inteiro, mas ele não parava.
Soltando-a e deixando-a cair na cama,
ele segurou seus quadris, espancando-a
com força, fazendo-a gemer a cada impulso.
Seus dedos dançaram sobre seu clitóris
sem piedade
Seu corpo não parecia esgotar-se com o
imenso prazer que seu pênis estava
entregando. Ela sentiu outro orgasmo
crescendo, mas Roderick tinha outros
planos.
Ele a pegou de surpresa, levantando-a
da cama e jogando-a contra a parede,
encontrando sua boca poderosamente
enquanto empurrava nela agora, de pé com
as pernas presas em volta de sua cintura.
Tara sentiu a ponta de suas presas
roçar a pele delicada de seu pescoço e
mordê-la um momento depois. O orgasmo
explodiu junto com a dor da mordida.
Roderick rugiu contra seu pescoço,
liberando seu próprio orgasmo dentro dela.
Ela abriu os olhos para ver sua boca
manchada com seu sangue.

E ela deslizou a língua sobre os lábios


dele, provando, sentindo seu pau ainda
duro dentro dela, e ele começou a se mover
novamente.
Nenhum deles tinha terminado ainda.
Mas desta vez, foi a vez dela. Ela queria
prová-lo e fazer tudo sozinha.
Sentando-o no pequeno sofá perto da
varanda, ela começou a beijar cada parte
dele, descendo para sua masculinidade,
admirando as veias de seu pau duro como
pedra. A coroa deu água na boca.
E por algum estranho instinto, ela sabia
como levá-lo à beira da loucura.
“Porra, Tara, se você continuar olhando
para o meu pau assim, eu vou gozar na sua
cara.”
Ela sorriu para ele, deslizando os olhos
por seu abdômen duro e braços
musculosos.

Tara acariciou seus músculos enquanto


beijava perto de seu pênis e testículos. Ela
soltou um hálito quente no interior de suas
coxas, fazendo-o soltar um suspiro trêmulo.
Em nenhum momento ele tirou os olhos
dela.
Sua língua deslizou delicadamente em
torno de seus testículos enquanto sua mão
agarrou seu pênis, movendo-o lentamente
para cima e para baixo.

“Foda-se”, ela o ouviu dizer. Sua boca


engoliu seu eixo em um movimento fazendo-
o fechar os olhos e ofegar guturalmente. Ela
não sabia como, mas sua magia estava
funcionando naquele momento.
A sensação que Roderick estava
experimentando era como nenhuma outra,
sentindo sua boca engolir seu pau até o fim.
Mas só Tara sabia que mal conseguia comer
metade.
Era a isso que as irmãs se referiam. O
instinto de um fae quando se tratava de dar
prazer antes de se alimentar.
Roderick agarrou seu cabelo,
levantando e trazendo seus quadris para
cima e para baixo enquanto ele fodia sua
boca, sentindo-a engolir todo o seu
comprimento enquanto sua língua brincava
com a ponta de sua coroa.
“Merda”, ele rugiu com seu orgasmo,
deixando-a beber em sua essência. Mas sua
companheira não tinha terminado.
Tara continuou, nunca deixando seu
pau descansar.
Ela continuou dando prazer a ele com
sua magia e boca até que outro orgasmo
explodiu dele.
Ela podia sentir isso. Novas energias
percorreram sua espinha, enchendo-a com
força imortal, sentindo seu poder despertar
sob o formigamento de seus dedos.
E ela podia ver um brilho quente
emanando de seu corpo, iluminando sua
pele.
Ela teve mais dois orgasmos dele apenas
com a boca.
“Porra, Tara, você é uma garota
travessa”, disse ele, pegando-a pelos
quadris, empurrando-a para baixo,
enterrando seu pau nela novamente.
Com a lua como testemunha, eles se
perderam no prazer do corpo um do outro
inúmeras vezes até que ela mal conseguia
acompanhar, sentindo que suas pernas
haviam perdido a força.
“Durma,” ele murmurou em seu ouvido,
beijando seu ombro.
Tara fechou os olhos, sentindo os braços
dele envolvendo-a possessivamente.
Capítulo quarenta e um

Tara abriu os olhos para encontrar as


portas da varanda ainda abertas. Bocejando
e se espreguiçando, ela alcançou o outro
lado da cama, encontrando-o frio e vazio.

Sentando-se, ela agarrou os lençóis


para cobrir sua nudez e levantou.
Ela caminhou até a varanda. Seu
coração acelerou ao ver as costas largas e
musculosas de Roderick. Com as duas
mãos apoiadas no parapeito, ele observava
tudo e nada ao mesmo tempo.
Parecia absorto em seus pensamentos.
Silenciosamente, ela caminhou até ele e
beijou suas costas.
O canto de seus lábios se erguendo
suavemente, ele puxou a palma de sua mão,
deixando um beijo ali.
“Como você está se sentindo?” ele
perguntou, puxando-a para mais perto e
deslizando os braços ao redor de sua
cintura.
“Melhor,” ela atrevidamente disse a ele,
ficando na ponta dos pés e beijando seus
lábios. “Algo errado?”
Apesar de seu rosto composto, ela notou
algo diferente em seu olhar. Como se algum
tipo de pensamento perturbador estivesse
rolando em sua mente.
“Não é nada.”

Roderick havia passado horas


observando-a dormir, fascinado pela
suavidade de seu rosto com os olhos
fechados e a boca ligeiramente aberta.

Seu próprio coração estava leve agora,


cheio de uma felicidade desconhecida que o
fez se sentir subitamente vulnerável, e
pior... o fez sentir medo.
Medo de que essa felicidade lhe fosse
tirada. Que ela seria tirada dele. A visão de
Evanora deixou um gosto amargo em sua
boca agora.
A bruxa nunca errava no que via. A
mesma morte que ele desejou quando era
mortal viria para ele agora.
O que seria de Tara?
O pensamento de nunca mais vê-la fez
seus dedos ficarem pálidos quando ele
cerrou os punhos. Por que o destino lhe deu
uma companheira quando também lhe deu
infortúnio?
Ele tinha sido tão cruel que agora estava
recebendo sua punição? Talvez todos
aqueles fantasmas que ele arrastou com ele
finalmente tivessem paz agora que ele
sofreria o mesmo destino que eles.
Talvez aqueles que ele matou também
fossem companheiros, fossem filhos, pais e
maridos, e ele tirou suas vidas. E agora era
a vez dele
O destino veio para ele, chamando-o
com olhos verdes translúcidos, fazendo-o
acreditar que, finalmente, a eternidade
tinha um propósito.

Ele olhou para o rosto dela, desde a


forma de suas sobrancelhas levemente
arqueadas até a forma amendoada de seus
olhos. Olhou para seus cílios, correndo ao
longo da ponte de seu narizinho perfeito até
os lábios.
Seu polegar roçou a borda de sua boca,
gravando cada linha, cor e textura em sua
mente. Memorizando cada detalhe de seu
rosto para levar a memória dela quando a
morte chegasse para ele.
“Você está bem?” ela perguntou. Seus
olhos a observavam com desejo, mas não
era luxúria.
Era mais uma esperança de que o
momento nunca acabasse – sendo ali, só os
dois, naquela sacada, duraria para sempre.
Não havia dúvida de que ele a amava.
Seus olhos tornaram evidente sem a
necessidade de palavras.
“Fique mais algumas horas”, ele pediu,
beijando a pulsação de seu pescoço, perto
dos dois minúsculos buracos vermelhos
que ele havia deixado em sua pele.
Por mais que ela precisasse falar com
Kieran e procurar por Ximera, ela não podia
negar seu desejo. Mais algumas horas não
fariam mais estragos. E ela não queria sair
do lado dele.
Ela deslizou a mão pelo pescoço dele,
puxando-o para ela, os lábios dele tocando
os dela com ternura. Ele trancou seu aperto
ao redor de sua cintura, pressionando-a
contra seu pênis duro. No entanto, o beijo
não foi desesperado. A suavidade do beijo
dele dançou contra o dela como as notas
suaves e melancólicas de um piano.
Sua língua encontrou a dela,
provocando-a com devoção enquanto suas
mãos percorriam seu peito.
Roderick a levantou do chão, segurando
suas nádegas enquanto a carregava para a
cama, sem quebrar o beijo.
Suas costas tocaram suavemente contra
os lençóis de cetim preto.
Ele olhou em seus olhos verdes.
“Eu te amo.” Sua voz saiu como um
sussurro carregado de promessa e
esperança.
Roderick segurou sua boca ferozmente,
beijando-a tão apaixonadamente que o ar
não existia mais, deixando-a abalada
enquanto ele adorava seu corpo com seus
beijos.
Tara gemeu com a ternura com que ele
excitava seu corpo. Desta vez, ele entraria
nela com a paixão de um homem
loucamente apaixonado.
Sua língua novamente encontrou seu
sexo, seios, estômago, braços e pernas.
Roderick dedicou-se a acariciar o corpo dela
com os lábios e a língua.
Levando-a ao auge do prazer mais de
uma vez. Para Tara, aquele momento que
ela compartilhou com ele prometia um
futuro com ele.
Para ele, foi como um adeus silencioso,
memorizando cada centímetro de seu corpo,
seu gosto, os sons que ela fazia quando ele
tocava suas áreas mais sensíveis.
Roderick a observou, acariciando seu
cabelo depois de levá-la ao clímax.
“Espero que você me perdoe por tudo”,
disse ele enquanto seu corpo ainda
descansou em cima dela.
“Eu acho que te perdoei há muito
tempo, você não acha?” Seu sorriso irônico
atraiu o dele.
Mas ele não estava apenas falando sobre
o que ele a fez passar. Ele estava falando
sobre o que aconteceria no futuro. Quando
ele não estaria mais lá com ela.
E embora tivesse decidido nunca mais
mentir para ela, desta vez guardaria isso
para si mesmo por causa dela. Não havia
necessidade de acrescentar outro fardo às
suas preocupações.
Ele iria aproveitar cada momento com
ela até que a morte chegasse para ele

Se Evanora tivesse profetizado tal futuro


para ele em um mundo onde Tara não
existia, ele iria ignorá-lo e esperar pela
morte com indiferença. Porque a morte não
era o que o assustava. Isso nunca.
Nem fez agora.
Seu medo, no entanto, era deixá-la e
nunca mais vê-la.
Sem saber o que aconteceria com ela
uma vez que ele não estivesse com ela.
Roderick caiu de costas agora, Tara
montada nele. As mechas desgrenhadas de
seu cabelo roçaram sua pele enquanto ela
se inclinava para perto de seu rosto,
beijando-o devotadamente.
Ele sentiu as pontas dos dedos dela
roçarem as pontas de suas presas,
fascinada por algo tão letal e belo ao mesmo
tempo.
“Eu gosto da sensação de suas presas
em mim.” Ela beijou a ponta de um com a
língua. “Eu gosto do jeito que você me beija,
do jeito que você me toca, eu gosto do jeito
que você me olha quando goza dentro de
mim.”
Seus olhos baixaram para sua barriga
lisa
Ele teria filhos, e não haveria nada dele
neste mundo .

O pensamento não lhe ocorrera até


agora.
Vendo como seus olhos estavam fixos
em sua barriga e como sua expressão havia
mudado, ela disse a ele: “Você está estranho
hoje. Algo está errado com você, e você não
quer me dizer.”
“Gostaria de ver você com a barriga
inchada. Vejo você com um filho nosso.”
“Eu não sabia que você queria ser pai,”
ela disse com um sorriso, suas
sobrancelhas franzidas.
“Eu nunca pensei sobre isso até que
você apareceu.”
O canto de sua boca subiu mais. “Eu
acho que você seria o melhor pai para o
nosso filho.”
“Eu não posso te dar filhos, Tara,” ele
deixou escapar amargamente, desapontado
consigo mesmo pela primeira vez. Ele
poderia dar a ela qualquer coisa que ela
pedisse, exceto isso.
Ela sentiu a emoção em suas palavras e
colocou a mão em sua bochecha, beijando-
o.
“Eu sei que vampiros não podem
procriar. E enquanto a ideia de ter filhos
sempre esteve em minha mente, não é
importante o suficiente para me impedir de
estar com você.
“Eu prefiro ter uma vida com você, só
você e eu, do que uma vida com outra
pessoa e ter meus próprios filhos. Não
podemos ter filhos. E daí?” Ela deu de
ombros.
“Criar não é o propósito da vida. O
propósito da vida é viver com intensidade e,
no meu caso, com quem eu amo. Esse é
você. Eu não preciso ter filhos para ser feliz,
Roderick. Você sozinho já faça-me feliz.”
Ela desceu para a boca dele, sem
esperar que ele dissesse nada. Tudo o que
ela havia dito era verdade. Qual seria o
sentido de ter filhos sem ele? Ele era mais
do que suficiente.

***

No lado sul da Cidade das Esmeraldas,


o castelo da Rainha de Seelie ficava no topo
de uma montanha verde adornada pelas
rosas que cresciam ali.
O sol havia parado de brilhar algumas
horas atrás, e o frescor do verão
acompanhava a quietude do céu escuro
coberto de estrelas cintilantes.
Freya dormia na alcova mais alta do
castelo. Seu quarto, cercado por rosas de
marfim, cheirava tão naturalmente e
etereamente lindo quanto sua dona.
Com as pálpebras fechadas, os sonhos
começaram a surgir.
Seus lábios sorriram involuntariamente
enquanto ela observava além de suas
pálpebras fechadas enquanto a estrela azul
que ela segurava em sua mão fugia,
saltando para o chão coberto pela grama
mais verde, longe dela e se escondendo no
Lago do Brilho.

Trancada em seu sonho, ela olhou para


o céu, sorrindo. O sol brilhava ainda mais
forte, bronzeando sua pele lisa e impecável.
Ela fechou os olhos, apreciando como os
raios do sol aqueciam seu rosto.

Seu reino era, sem dúvida, muito mais


bonito que o de seu vizinho. Embora ela
nunca tivesse pisado lá, ela tinha ouvido
histórias das Cortes Unseelie.
No entanto, sua curiosidade a fez querer
ir para lá. Mas aquele bastardo tinha
alguma magia proibindo a entrada de
qualquer outra pessoa que não seja um Fae
das Trevas.
O ódio que ela tinha por ele. Apenas
uma vez ela o viu, e foi mais do que
suficiente para fazê-la detestá-lo pelo resto
de seus anos.

Uma sombra negra obscureceu o sol, e


suas sobrancelhas se arquearam,
encontrando escuridão completa.
Freya olhou para os lados, para cima e
para baixo, para os pés. Tudo estava escuro
como breu.
Sua voz, crua e assombrosa, soou atrás
dela. “Pensando em mim de novo, minha
querida?” Cian perguntou com diversão em
seus olhos.
Freya não impediu que seus olhos
percorressem todo o corpo dele. O Rei
Unseelie vestia uma túnica preta que
deixava parte de seu peito até seu abdômen
aberto, revelando as antigas runas tatuadas
em sua pele.
Uma faixa na cintura escondia sua
masculinidade.
“O que você está fazendo aqui?” Seus
olhos azuis cristalinos se comportaram
novamente como os de uma rainha em
território hostil.
Cian olhou ao redor.
Os cantos de seus olhos se contraíram
por um segundo. O que exatamente ele viu?
Quando não havia nada além de escuridão
ao redor deles.
“Eu estava curioso para saber com o que
a Rainha dos Seelie sonha,” ele respondeu
enquanto a circulava. Dada a maneira como
ele estava olhando para a escuridão, Freya
pensou que talvez ele tivesse visto algo que
ela não podia.
Freya era poderosa, e ambos sabiam
disso. E, no entanto, sua presença a
enervava mais do que qualquer coisa
Talvez fosse por quem ele era, ou talvez
ela ainda não tivesse esquecido a
experiência única de sentir seus lábios nos
dela.
Para ele, tinha sido apenas um jogo de
conquista. Para ela, foi o melhor macho que
ela já provou.
Ela zombou. “Curioso sobre mim?”
Cian parou atrás dela.
Ela era alta, muito mais alta do que a
média das mulheres mortais, e ainda assim
seus lábios ásperos e sensuais podiam tocar
sua têmpora sem a necessidade de ele se
inclinar.
Ao sentir os dedos dele acariciando sua
pele, ela se afastou dele, vendo mais
escuridão.
“Estou sempre curioso para saber o que
se passa por essa sua mente brilhante” Sua
voz soou como a de um retumbante
Ecoar em uma sala vazia.
“Pare de jogar e me diga o que você
quer.”
Freya pensou que ele havia
desaparecido completamente de seu sonho
por causa do silêncio abrupto e da falta de
resposta dele.
Ela não mostrou nenhuma reação à sua
aparição repentina e proximidade.
Seus olhos âmbar estavam fixos nos
dela. “Como está Mael?”
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Duvido que tenha cruzado o véu do
sono para vir me interrogar sobre um de
meus senhores. Mas se realmente quer
saber, ele está muito bem. Sendo quem é,
está ocupado cuidando de sua corte.
“Mmm... E Finn? Eu sei que a última
guerra entre nossas terras deixou uma
marca profunda em seu rosto delicado.”
“Você quer dizer o ferimento que o
Senhor do Tribunal de Medos infligiu nele
com sua espada?”
“Seu povo valoriza a beleza mais do que
qualquer outra coisa.

Toda vez que Finn vê seu rosto


desfigurado, ele sente um imenso odio por
nós. Muito mais do que ele já tem por quem
somos.”
“Ele nunca expressou tal emoção
publicamente, pelo menos não para mim,
mas suponho que seria normal. Você não
acha?” Freya falou em um tom suave e
controlado, escondendo o desconforto que
suas perguntas a faziam sentir.

“Mas eu me pergunto se o ódio dele seria


forte o suficiente para atacar um de minha
espécie depois da guerra?”
“O que você está falando?”
“Minha querida Freya,” ele murmurou
em seu ouvido. “Você conhece esses jogos,
são os que eu mais gosto. E eu sempre
ganho. Então não finja que não conhece os
movimentos do seu próprio irmão. “Diga ao
Finn que se ele tentar alguma coisa contra
um dos meus faes novamente, não será
Lorde Kieran quem irá desfigurar seu
rosto.”
Com a ameaça em suas palavras, seus
olhos brilhantes o observaram
estoicamente.
“Finn não fez nada, eu não sei onde você
ouviu o boato de que ele foi considerado
culpado de um atentado contra você, mas
quem quer que seja está lhe dando a
informação errada.”
Seu olhar ficou dourado, transparente e
frio, e Freya sentiu sua pele formigar com o
poder que ele exalava agora. Cru e cruel
Mas ela não vacilou. Ele estava
mostrando a ela apenas uma parte do que
ele era capaz. Ele queria intimidá-la
“Salve seu maldito poder. Eu sou uma
Rainha.”

Seus lábios se curvaram em um sorriso


cativante que nunca alcançou seus olhos, e
Freya não pôde deixar de observar
enquanto seus lábios se curvavam para
cima.
“Uma Rainha que gostava de estar na
mesma cama com o Rei dos Unseelie. O que
você acha que Finn diria?”
“Isso foi claramente um erro. Um que eu
enterrei lá atrás.”
Cian deu a ela um olhar zombeteiro
como ela falhou em fazê-lo acreditar que ela
tinha esquecido aquele tempo.

“Se eu ouvir falar de um dos meus fae


sendo atacado novamente por um dos seus,
da próxima vez não será através do seu
sonho que eu retornarei”, ele terminou com
toda a seriedade, revelando a frase final de
uma guerra em potencial.
A mandíbula de Freya se apertou, seus
olhos fixos nos dele. “Você pode ser a filha
de Nuadu, o Rei dos Deuses, mas lembre-se
que eu sou o único rival que você, o Rei dos
Unseelie, tem. — Você é realmente
poderosa, Freya. Mas como você diz... eu
sou filho do Rei dos Deuses. Então não me
tente para mostrar meu poder em seu
reino.”

Ele desviou o olhar, momentaneamente


distraído pela cor do cabelo dela. “Vermelho
não combina com você.”
Ele virou as costas para ela, e Freya de
repente abriu os olhos, encontrando-se em
seu quarto. Cravando as unhas nas palmas
das mãos, ela saiu do quarto
Descendo as escadas com raiva, ela
parou na frente da porta, abrindo-a e
fechando-a.
“Acorde!” Sua demanda trovejou dentro
do quarto de Finn.
“Qual é o problema com você agora?”
Finn, que tinha conseguido dormir
depois de vários dias sem poder descansar,
sentou-se na cama preguiçosamente,
olhando para Freya com aborrecimento.
Especialmente o cabelo dela, que era
naturalmente loiro, mas desapareceu
novamente
Seus brilhantes fios de cabelo agora
tinham a mesma cor avermelhada do mortal
que eles trouxeram para os jogos. A beleza
de Freya nunca havia sido disputada entre
sua própria espécie até a chegada da
mortal.
Finn ainda não a tinha visto. Mas a
notícia que começou entre os guardas das
celas se espalhou por todas as Cortes até
chegar até ele.

O boato falava de uma mulher com


cabelos como a chama mais quente e olhos
azuis mais escuros que a própria noite.
Obviamente, Freya não gostou nem um
pouco disso.
Mas Finn e os outros acreditavam que
sua mudança radical de seu habitual loiro
platinado para um vermelho dourado era,
sem dúvida, devido à sua rivalidade com a
mortal.
“O que quer que você estava planejando
contra o Unseelie, termine agora.”
“Eu não vou.” Finn se levantou,
caminhando até a mesa onde guardava a
bebida. Bebendo o vinho das fadas, ele
suspirou enquanto ouvia Freya
“Ele sabe que é você.”
“Eu não esperaria nada menos dele.” O
luar banhava seu corpo em reflexos
prateados. Mesmo com a cicatriz no rosto,
ele ainda possuía qualidades físicas que
atrairiam qualquer mulher.
Ele era alto com braços longos e
definidos. Suas orelhas pontudas se
destacavam de seu cabelo loiro.
E embora o seu já não fosse considerado
o mais atraente rosto entre os Seelies, ele
ainda atraia centenas de mulheres e
admiradores.

“Finn.” Freya agarrou o braço dele,


virando-o para ela. “Pare agora com tudo
isso. Encontraremos outro caminho.”
Mas ele puxou o braço da mão dela.
“Não. Eu não cheguei tão longe para
desistir de tudo só porque ele te fez uma
visita e te deixou com medo. Não agora.
“Eu estava seguindo o mestiço na noite
da caçada e descobri que Marcus era o ex-
namorado dela”, ele zombou
“Agora eu entendo por que ele estava tão
determinado a garantir que ela não se
machucasse. Idiota. Ele pensa que tem
poder sobre mim. A mestiça é a chave para
sua Corte.”
─Se você prosseguir com isso, não terei
escolha a não ser ir à guerra contra os
Unseelie. E desta vez, Cian não enviará o
Senhor da Corte dos Medos. Ele
pessoalmente travará guerra contra nós,─
ela disse.
“Suponho que você está atrasada então,
querida irmã. Você não deve perder mais
tempo comigo, e você deve começar a
planejar estratégias para ganhar a guerra
desta vez.”
Freya saiu furiosa consigo mesma por
permitir que ele carregasse sua vingança
em primeiro lugar.

Se o Rei dos Unseelie sabia que Finn


estava por trás de todos aqueles
assassinatos, a mestiça também sabia.
Agora ela tinha que encontrar Cyran
O bastardo arrogante ainda não tinha
ideia de que era Finn, mas isso não seria
um problema para ele. Cyran era leal à sua
própria espécie, afinal .
Capítulo quarenta e dois.

Três dias se passaram desde a noite da


Caçada.
Três noites foram passadas nos braços
de Roderick, fazendo amor e conversando
por longas horas.
Agora, sentada no escritório de Kieran,
ela já estava sentindo falta de seu vampiro.
Embora ela dissesse que ele poderia ir
com ela, Francis apareceu para relatar que
um dos vampiros do clã de Izora havia
deixado pelo menos trinta mortos no Reino
Mortal.
De acordo com Roderick, Maxius, o rei
anterior assassinado por ele, tinha
seguidores porque eles tinham rédea solta
para beber e matar. Izora era uma delas.

E embora a solução mais rápida para


acabar com uma possível rebelião fosse
cortar sua cabeça, ainda havia regras a
seguir.
Izora era uma vampira antiga, e mesmo
que Roderick tivesse a maioria dos clãs a
seu favor, ele não poderia agir dessa forma
contra o líder de um clã, especialmente um
que fosse considerado antigo.
A única maneira que ele, como Rei,
poderia remover o líder de um clã sem
consultar o resto era se uma tentativa fosse
feita contra a vida do próprio Rei ou de seu
companheiro ou senhor.
Roderick, portanto, não teve escolha a
não ser ir para Izora.
Enquanto isso, ela agora estava sentada
na frente da mesa de Kieran,
Esperando por ele. As prateleiras de
livros chegavam ao teto, repousando sobre
a madeira. Atrás da cadeira de Kieran havia
uma parede feita de gelo semelhante a
vidro, revelando o Lago Branco além da
floresta coberta de neve.
A Corte dos Medos é realmente
magnífica.
A casa do Senhor da Corte dos Medos
ficava no topo de um penhasco, dificultando
o acesso.

Tara olhou para a porta quando a ouviu


abrir.
Kieran apareceu, envolto em uma roupa
preta de couro e pano. Seu cabelo preto
tinha um aspecto selvagem, assim como seu
olhar.
“Eu não pensei que você levaria tanto
tempo para vir”, disse ele sem olhar para ela
“Como você está, Tara?” Airdan
perguntou, andando atrás de Kieran
“Bem. Vamos ao que interessa,” ela
disse com as mãos cruzadas sobre as
pernas cruzadas.
Cian “Bianca e Breena foram
sequestradas por um dos Seelie. Cian
parecia saber quem o fae estava ajudando
os outros a cometer os crimes. Mas ele não
me disse seu nome.
“Há também a possibilidade de que meu
ex-namorado esteja envolvido em tudo
isso.”
“Ex-namorado?” Kieran apontou

Ela assentiu. “Quando eu vivia entre os


mortais, eu tinha um relacionamento com
um deles. Nós terminamos porque eu tinha
que ajudar a Reeona com o Phillip.
“Para encurtar a história, Marcus
apareceu na casa de Reeona há pouco
tempo com a desculpa de que queria me ver.

“Mas então Vera, a vampira que você viu


comigo no Rio da Dor, me contou sobre o
representante do Reino Mortal que foi morto
séculos atrás, e acontece que Marcus e
aquele mortal são o mesmo.”
“Por que ele não morreu?” Airdan
perguntou, sentado à sua direita, vestido
com a mesma roupa de couro.
“Porque seu companheiro, o
representante do Reino do Dragão, enganou
a todos, pegando outro coração que não era
dele, deixando-o escapar.
“Na noite da Caçada, descobri que
Ximera, a mulher dragão, tem as mesmas
marcas de vínculo que Marcus. Ela deve
estar trabalhando com os fae da luz para
enquadrar o resto”
Airdan olhou para Kieran como se
tivesse permissão silenciosa. E embora este
não tenha dito uma palavra, Airdan recebeu
a confirmação de que ele podia falar
“Cian veio nos informar quem é o fae
responsável. Seu nome é Finn. Existem dois
faes Seelie capazes de criar tal portal
usando o poder do sol.
“Um é Finn, o irmão da Rainha Seelie, e
o outro é Mael, o atual Senhor da Corte do
Sol.

“Mael é novo no cargo, pois Finn foi


destituído de seu título por sua própria irmã
por não manter o equilíbrio necessário.”
“Por que então Finn miraria em outros
reinos?” Suas sobrancelhas erguidas
encontraram o olhar de Kieran.
“Porque ele está tentando entrar neste
Tribunal”, respondeu ele. “Através de você.
Ou assim nós suspeitamos. Finn busca
vingança por uma guerra que aconteceu
entre as duas Cortes séculos atrás.
“Obviamente, o gosto de perder não caiu
bem com ele.”
“Existe alguma outra maneira para os
Seelie entrarem no território Unseelie?”
“Eles podem fazer isso com a ajuda de
uma das Cortes ou com o cristal.” Kieran
respondeu
À menção do cristal, seu coração pulou
uma batida. Roderick
“Cian me disse que seu companheiro
possui o cristal agora.” Continuou Kieran.
“Eu não confio no Rei dos Vampiros, mas
confio em seu julgamento, Tara.”
“Roderick manterá o cristal seguro”,
disse ela.
“Não adianta mantê-lo seguro se Finn
descobrir que ele tem o cristal,” Airdan
interrompeu. Não havia vestígios de seu
olhar amigável. Em seu lugar estava o braço
direito feérico escuro do Senhor da Corte
dos Medos.
“Então qual é o plano com Finn?”
Ela agora percebia que os assassinatos
eram apenas o começo, com a intenção de
chamar a atenção de todos os reinos e fazer
com que o próprio Rei dos Unseelie enviasse
seus próprios.
Sem um fae envolvido nos assassinatos,
Cian nunca teria se incomodado em enviar
um membro de seu Reino. Yrsa, Nigel e os
outros, incluindo Marcus, eram peões em
um plano muito maior.
Um que desencadearia uma guerra
entre os Seelie e os Unseelie. Finn sem
dúvida pretendia usar o representante
Unseelie para entrar no território
“Meu conselho é ficar aqui na Corte por
um tempo. Você pode até trazer seu
companheiro com você com o cristal.”
Kieran se inclinou sobre a mesa, os braços
apoiados na superfície.
“Se Finn atacar um dos vampiros,
Roderick não vai apenas sentar aqui e
esperar. Ele não virá. Ele não é o tipo de
homem que espera pelo inimigo. E eu
também não vou ficar aqui, longe de dele.”
“Achei que você diria isso.” Kieran
exalou, e ela notou apenas agora que seus
olhos refletiam cansaço. Ele tinha os olhos
de alguém que não conseguia dormir há
semanas.
“Há também a questão de Riathan.” Ela
mudou de assunto, observando como um
músculo em sua mandíbula se contraiu
com a menção do nome.
“Ele é o menor dos nossos problemas
agora,” Kieran afirmou friamente.
“Eu não vou deixar Sorana ficar lá,”
Tara fez uma careta para ele com raiva.
De repente, ele deu um soco na mesa.
Ela pulou em choque com sua perda
momentânea de controle. “Ela decidiu ir
com ele.”
“Porque ele a marcou na Caçada como
sua!” Tara se levantou com raiva quando ele
o fez.
“Mas ela não revidou. Você a viu. Ela foi
com ele.”
Sem dúvida, a questão de Finn e a
possível guerra devem tê-lo à beira de
explodir em fúria contra todos.
Kieran virou as costas para ela, os dedos
na ponta do nariz
Tara olhou para Airdan. Seu olhar
estava na mesa, pensativo.
Ela inalou. “Eu conheço Sorana, Kieran.
As coisas pelas quais ela passou... eu nem
saberia por onde começar.”

Ele soltou um sorriso de escárnio,


virando-se para ela. “Que coisas? Tipo
traindo seu próprio irmão só porque ela não
podia mantê-la pernas fechadas?”
“Não fale sobre ela assim. Ela cometeu
esse erro, mas ela fez isso porque estava
apaixonada.”
“Eu não preciso resgatar esse tipo de
mulher, Tara.
Bem melhor ficar longe dela. Mais cedo
ou mais tarde, ela vai te trair”
“Ela é minha amiga, Kieran.” Ela cerrou
os dentes
“Não vou abandoná-la. Prometi a ela que
a ajudaria. Ela já sofreu demais.
“O homem que ela amava, aquele por
quem ela traiu seu irmão, a usou, a
torturou, e então havia o outro demônio, um
que eu me matei, que não parava de abusar
dela, fazendo-a acreditar que ele era seu
companheiro.
“Sorana aguentou o abuso dele porque
ela achava que ele era seu companheiro.
Quando ele nunca foi!”
Ela observou como o olhar zangado de
Kieran cintilou com uma faísca de
curiosidade, combinando com Airdan.
“O que você quer dizer com ela pensou
que o demônio era seu companheiro?”
perguntou Airdan.

“É uma longa história. Mas o bastardo


conspirou com uma bruxa para criar um
vínculo falso, fazendo Sorana acreditar que
ele era seu companheiro. E depois que
matei o demônio, o feitiço foi quebrado.”
“E o verdadeiro companheiro da sua
amiga?” Tara olhou para Airdan.
“E ele?” ela perguntou em perplexidade.
“Sua amiga já viu o companheiro dela?
Ela pelo menos sabe quem ele é?”
Ela baixou as sobrancelhas. “Eu não
acho que ela já o viu, e se ela viu, eu não
acho que ela o reconheceria.”
“Por que?” perguntou Airdan.
“Algo mudou quando o feitiço foi
quebrado. Sorana confessou que temia não
o reconhecer se conseguisse encontrá-lo.”
Os olhos de Airdan olharam para ela,
ligeiramente arregalados.
“O que?” Ela perguntou a ele.
“Você quer dizer... Sorana pode não
sentir nada?”
“Exatamente. Eu não acho que ela foi
com Riathan tão facilmente porque ela
queria. Eu não acho que as coisas são o que
parecem,” Tara terminou, olhando para
Kieran.
“Eu entendo que Sorana é o menor dos
seus problemas agora. Ela não significa
nada para você, mas estou pedindo que por
favor me ajude a tirá-la de lá.”

O rosto de Kieran estava frio e


impassível com as mãos nos quadris.
“Eu não acho que nada pode ser feito
neste momento. É contra a regra da Caçada
pegar a presa de outro quando ela foi
conquistada de forma justa e honesta.” Sua
voz era suave e profunda.
“Talvez haja alguma maneira de
negociar com Riathan.
“Aquele desgraçado não vai barganhar
comigo, especialmente se ele acha que
Sorana tem alguma importância para
minha Corte ou para mim.” Respondeu
Kieran.
“A Sorana pode interagir com outra
Corte? Posso visitá-la ou ela pode sair da
Corte de Riathan?”
“Só se Riathan desejar”, disse Airdan.
“Ou se ele confiar nela o suficiente para
deixá-la sair.”
“Quando você resgatou Bianca e Reeona
da Corte das Lágrimas, como você fez isso?”
“Eu entrei quando Riathan estava fora,
usando uma de suas fêmeas.”
“Você não pode fazer o mesmo desta
vez?”
“Por direito, Sorana pertence a Riathan.
Eu não posso simplesmente entrar e levá-
la. O Rei puniria toda a minha Corte por
quebrar as regras da Caçada.”

“Mas Riathan matou minha mãe e sua


irmã. E ainda assim ele ficou impune.”

“Nós conversamos sobre isso. Tara


Quando encontramos Breena, ela estava
nos braços de Riathan, mas ele não a matou
Breena estava muito fraca depois que ela
deu à luz você.
“Era desconhecido para nós até então
que dar à luz um mestiço e transferir magia
para ele no nascimento pode causar a morte
da mãe. Breena queria protegê-la até o
último momento.”
Foi a segunda vez que ele explicou.
E embora não fosse sua intenção fazê-la
se sentir culpada pela morte de sua mãe, ela
não pôde evitar. Se ela tivesse nascido puro-
sangue, sua mãe não teria que morrer.
Não quando ela teria nascido com sua
própria magia. Não havia necessidade de
roubar nada de seus pais.
Percebendo como o sangue em seu rosto
se esvaiu. Olhos de Kieran a olhou com
simpatia
“Eu não quero que você pense que sua
mãe morreu porque ela precisava dar à luz
a você. Talvez ela pudesse ter vivido.
“Nunca foi minha intenção casá-la com
Riathan Reeona me disse mais tarde que
Breena fugiu pensando que eu iria casá-la
com ele ou fazer algo com seu bebê.
“Mas nunca foi minha intenção fazer
minha irmã sofrer, muito menos separá-la
de sua filha.”
“Vamos encontrar uma maneira de tirar
Sorana de lá”, Airdan falou com ela de seu
assento. “Não se preocupe.”
Tara assentiu e se levantou,
caminhando em direção à porta. “Tara...”
Kieran a chamou. “Não foi sua culpa.”
Parando na porta, ela se virou. “É por
isso que você nunca me procurou? Por que
você nunca quis saber de mim?”
Foi a primeira vez que ela perguntou a
ele no que ela sempre acreditou.
Ela nunca tinha feito isso até agora
porque ela não queria que ele soubesse que
a ausência de sua família de sangue a
afetou em todos os anos que ela cresceu
sem eles.
“Eu sempre soube onde você estava.
Tara. Se eu não te procurei, é porque sua
vida era muito melhor do que a vida que
você teria aqui na minha Corte. Nem todos
os Fae são toleráveis.
“E eu não queria que você sofresse os
olhares de ódio dos outros. Eu só pensava
no seu bem. Era o que eu achava certo na
época. Mas mais uma vez, eu estava errado.

“Você pertence a este Reino e minha


Corte, tanto quanto eu e tanto quanto
Breena fez.”
Mas ela apenas olhou em seus olhos,
escolhendo não acreditar nele. “Vejo você
mais tarde”, disse ela, fechando a porta
atrás dela.
Capítulo quarenta e três

Uma sensação horrível tomou conta


dela quando ela pisou na rua em frente à
entrada da mansão do clã Noctis.
As portas se abriram e Francis e Vera,
junto com alguns vampiros, saíram às
pressas. Seus rostos pareciam urgentes e
temerosos.
“Você está aqui! Eu pensei que eles
tinham levado você também!” Vera disse
aliviada, agarrando seu braço e puxando-a
para longe dos portões de metal que
ladeavam a mansão. Seus olhos varreram
freneticamente a rua.
“O que está acontecendo? Onde está
Roderick?” Tara soltou seu braço, parando
abruptamente, observando enquanto os
portões de metal eram trancados por um
homem com cabelo tão ruivo que
obviamente não era natural. “Quem é ele?”

“Seu nome é Jasper. Ele é um feiticeiro.


Ele está ajudando a criar um feitiço que
proíbe outros, não do clã, de entrar na
Mansão. Ele é o companheiro de Francis.”
Ela não sabia que Francis tinha um
companheiro. Ela olhou para Jasper. Suas
mãos estavam abertas, sua boca correndo
enquanto ele lançava o encantamento. Tara
sentiu o ar mudar, e um selo começou a se
formar ao redor da mansão.
Roderick não estava lá com eles.
“Onde está Roderick?” Um aperto em
seu peito brilhou de repente, a mesma
sensação horrível de quando ela chegou.
“Nós não sabemos onde ele está.” A voz
de Vera soou trêmula.
“Depois que ele foi ver Izora, ele mandou
dizer que estava indo para o Reino Mortal
procurar o vampiro que matou todas
aquelas pessoas. Achamos que algo
aconteceu com ele.
“Já que ele é o rei, ele pode sentir o
perigo para a coroa e seu clã.”
“Você falou com Izora?”
“Nós tentamos falar com ela, mas eles
não nos deixaram entrar em sua mansão.
Nem mesmo Iulian poderia. É contra as
regras. Só o Rei pode entrar sem permissão
E, bem, a Rainha também.”

Tara assentiu, mandíbula apertada.


Izora não mostrava o rosto, ignorando a
visita do Clã Noctis. Mas ela era a maldita
Rainha desta reino, e ninguém se
esconderia dela.
Especialmente não quando seu
companheiro estava faltando.
Tara encontrou os olhares de Francis e
Jasper. Todos ouviram a conversa.
“Diga a Iulian que vamos voltar para ver
Izora.” Ela olhou para Vera. “Francis, você
vem também.”
“Pode ser perigoso, Sua Majestade.”
Jasper inclinou a cabeça em respeito Sua
voz era suave e não tão profunda.
“Você fica aqui, protegendo o selo que
você acabou de fazer. Vera—” Tara olhou
para ela. “Na nossa ausência, você atuará
como líder do clã.”
“Tara.”
Ela olhou para Iulian, que estava ao
lado dela de repente.
“Iulian, se Roderick estivesse em perigo,
você sentiria alguma coisa já que você é seu
Senhor?”
Ele balançou a cabeça, as mãos atrás
das costas. “Não, isso não funciona com a
nossa espécie. Você tem planos de visitar
Izora?”

Ela ergueu uma sobrancelha. “Essa


puta vai saber oque é o verdadeiro medo.”
Com Iulian e Francis flanqueando seus
lados, ela levantou a mão, e com o
movimento de seu pulso, os portões
dourados da grande entrada da mansão de
Izora explodiram em pedaços.
Os vampiros que guardavam a escada
assistiram horrorizados enquanto seus
olhos se concentravam na porta.
“Vossa Majestade, perdoe-nos, mas não
podemos deixá-los entrar.” Um deles baixou
a cabeça. Tara sentiu o cheiro do medo dele
como o mais atraente dos aromas.
“Mova-se! Ela ordenou.
Mas o vampiro, chefe de segurança de
Izora, parecia relutante em fazê-lo. Com um
joelho no chão e a cabeça ainda abaixada,
ele disse: “Por favor, Sua Majestade, não
nos obrigue a agir.”
“Você está ameaçando sua rainha?”
Tara estreitou os olhos, olhando para ele e,
em seguida, desviando o olhar para cada
um dos vampiros que olhavam
nervosamente.
“Você não pertence aqui.” Um vampiro
de olhos azuis e cabelos platinados falou
das portas da casa.
Tara podia sentir Francis e Iulian
enrijecerem, mas confiando nela.

Ela subiu cada degrau até alcançá-lo.


“Seu nome?”
“Rufus, segundo do clã de Izora.” Havia
orgulho na maneira como ele revelou sua
identidade.
Ela observou enquanto aqueles olhos
azuis frios a examinavam.
“Rufus, eu vou te dar uma chance antes
que você tente minha paciência.”
O olhar dele passou do rosto dela para
as pernas de forma desaprovadora, como se
o que estava diante dele não fosse nada
mais do que uma sanguessuga imunda
“Duvido que você e os outros dois com você
possam enfrentar um clã inteiro”
Tara o encarou nos olhos. “Deixe-me
confessar uma coisa para você, Meu
companheiro, seu rei, tem me alimentado.”
Ela ergueu os dedos, olhando para eles
quando a curva de sua boca se curvou. “Eu
não preciso de Iulian, Francis, ou mesmo
Roderick. Só eu sou o suficiente para
acabar com você e seu clã”
E sem lhe dar mais tempo, ela
desencadeou o medo sobre ele, vendo como
seus olhos azuis estavam cobertos pelo
desespero e horror que ela o estava fazendo
sentir.
Rufus gemeu, encolhendo-se no chão
enquanto todo o seu corpo tremeu. Tara se
virou, olhando por cima do degrau para o
resto dos vampiros guardando a entrada.
Ela fechou os olhos e respirou fundo.
Gritos de súplica encheram seus ouvidos.
Os gritos de vampiros implorando por
misericórdia. Mas ela não mostraria
misericórdia.
Não quando todos eram responsáveis
pela rebelião sgir contra o Rei.
Os gritos foram desaparecendo
gradualmente. Apenas murmúrios de terror
permaneceram.
Nenhum deles estava morto, mas eles
foram afetados, mentalmente
Incapacitados e incapazes de escapar do
medo que ainda sentiam. “Roderick é um
homem de sorte.” Iulian falou pela primeira
vez desde que eles chegaram
“Temos sorte de tê-la.” Francis disse
com admiração.
Com um movimento de seus dedos, as
portas seladas da mansão de Izora se
abriram para a vontade de Tara.
E mais vampiros sibilantes com suas
presas à mostra correram. Em direção a
eles
E embora Iulian e Francis fossem mais
do que capazes de protegê-la, Tara olhou
para cima, e como se sentisse o movimento,
seus olhos translúcidos encontraram os do
vampiro que tinha decidido atacar primeiro

Tara viu os olhos cheios de raiva fixados


em sua ruga junto com suas sobrancelhas
em questão de milissegundos. O vampiro
caiu no chão. E depois outro, e outro.
Um Francis atordoado a examinou.
Seus olhos estavam fechados e suas
narinas estavam fechadas na tentativa de
inalar profundamente.
Tara abriu os olhos.
Rostos cheios de medo mal podiam
explicar o que estava acontecendo com eles
quando ouviram suas botas ecoarem no
corredor.
Tara ignorou cada um. Com Iulian e
Francis atrás dela, eles subiram a ampla
escadaria atapetada em preto e vermelho.
“Lembre-me de nunca cometer erros”,
ela ouviu Francis dizer a Iulian. Em outro
momento, ela poderia ter se virado e rido da
intimidação que ele sentiu.
Mas Roderick havia desaparecido, e um
medo desolado invadiu seu coração ao
pensar que Finn tinha algo a ver com isso.
Ela continuou subindo as escadas até
chegar a um corredor ladeado

Por paredes cobertas de papel de parede


vermelho com folhas de árvores douradas.
Lustres pendurados no teto.

Não se podia deixar de reconhecer a


ostentação da mansão
Enquanto Tara seguia o caminho para a
porta feita de ouro puro no final do corredor,
ela não ficou surpresa quando mais
vampiros chegaram.
Ela deu a cada um deles uma dose de
terror, deixando-os no chão tremendo.
Vendo-os assim, eles não pareciam mais tão
aterrorizantes quanto ela costumava pensar
que eram.
Ela levantou a mão e com outro
movimento de seu pulso, a porta voou,
fazendo um som estrondoso quando atingiu
o chão.
Pelo menos mais cinco vampiros
apareceram, bloqueando seu caminho.
Tara inclinou a cabeça, procurando
medo novamente. Sua arma mais letal. Se
não a temiam antes, agora aprenderiam a
ter medo dela.
Coagidos pelas garras do medo, os
vampiros saíram do caminho. Ela podia ver
um deles lutando contra sua magia, a julgar
por seus dentes cerrados, punhos cerrados
e grandes presas.
Mas o desgraçado não tinha chance
contra ela.
Entrando em uma sala adornada com
ornamentos de ouro e estátuas, Tara
encontrou Izora em um sofá azul escuro

“Você deve ser Izora.” Ela parou na


frente dela. “Que lugar é este.” Ela
examinou seus arredores, impressionada.
“Onde está o Rei” ela disse bruscamente.
Metade dos seios exuberantes de Izora
estavam expostos, o resto escondido em um
espartilho dourado que se juntava a sua
saia cintilante. Seus olhos castanhos.
Assistindo Tara com medo
Suas longas unhas pintadas de preto
estavam arranhando o tecido do sofá
“Eu não sei do que você está falando.”
Sua voz não era tão feminina quanto seu
físico. Era a voz de uma mulher pronta para
a guerra
Tara se aproximou dela lentamente,
com Iulian e Francis seguindo atrás.

“Não é coincidência que depois que


Roderick veio te ver, seu clã decidiu se
rebelar contra ele e contra mim, contra o
Clã dos Noctis.
“Você tem duas escolhas. Ou você me
diz gentilmente onde Roderick está e eu
deixo você viver, ou eu te mato e faço todo o
seu clã desaparecer.”
“Você não pode me matar ou meus
vampiros só porque você quer...

É contra as regras. “A voz de Izora


parecia mais confiante,
Acreditando em suas próprias
afirmações.
“Sim, as regras dos vampiros. Mas eu
não sou um vampiro. Eu sou um fae. Eu
não jogo pelas suas regras. Especialmente
quando se trata do meu companheiro.”
Isso pareceu deixar Izora ainda mais em
pânico. “Eu não fiz nada para o rei.”
Tara fechou os olhos e suspirou
profundamente, abrindo-os novamente e
focando nas pupilas de Izora.
Izora começou a tremer, seus olhos
arregalados fixos em Iulian e Francis. E
Tara tinha apenas começado a colocar um
pouco de sua magia nela.
“Diga-me, Izora, o que aconteceu com
Roderick?”
“Por favor, pare com isso. Por favor,
não.” Sua voz nada mais era do que um
soluço suplicante.
“Diga-me!” Tara perdeu a paciência.
Izora saltou. “Não fui eu. Um homem
apareceu aqui duas noites atrás. Ele me
propôs um acordo. Eu lhe daria Roderick, e
ele me ajudaria a conseguir a coroa.”
Iulian mostrou suas longas presas,
sibilando.

“O que você fez com meu filho?” As mãos


de Iulian agarraram seu pescoço com força,
fazendo-a gemer.
Izora estava tão assustada que mal
conseguia compreender o que estava
acontecendo e o que ela estava dizendo. “Eu
só tive que criar uma distração e tirar
Roderick do Reino.”
“Quem era o homem?” perguntou Tara.
“Eu não sei o nome dele. Ele era um fae.”
O rosto de Tara empalideceu.
Não não não.
Seu coração começou a bater tão forte
que ela podia sentir as batidas em seus
ouvidos.
“Como era o fae?” A voz de Iulian estava
furiosa. “Ele usou um glamour.” Tara olhou
para ele.
“Eu não sei. Não consigo me lembrar”,
disse Izora entre gemidos.
“Como vamos saber qual fae fez isso?”
Francis perguntou, aproximando-se dela.
“Só um poderia ter feito isso.” Ela olhou
para Izora, depois para Iulian. “Ela cometeu
traição.”
Iulian não precisou ouvir duas vezes.
Com um movimento limpo e seguro e força
brutal, a cabeça de Izora foi jogada no chão.
“Quais são suas ordens, minha rainha?”
perguntou Francis.

“Volte para a casa. Roderick me disse


que os Noctis têm mais clãs do lado deles.”
“Não se preocupe, vamos manter a
ordem aqui.” Iulian se adiantou e beijou sua
testa.
O gesto quase paternal a pegou de
surpresa. Ela viu em seus olhos tanto
carinho e respeito por ela
“Eu vou encontrar Roderick.”
“Tome cuidado.” Iulian baixou a cabeça,
seguido por Francis.
Tara desapareceu no ar e chegou à Corte
dos Medos.
Capítulo quarenta e quatro

Uma alta montanha de rochas brancas


e cinzentas atrás das Colinas Douradas no
Pátio da Natureza abrigava a entrada da
Prisão do Amanhecer.
Os incontáveis túneis pareciam passar
por muitas masmorras dentro da
montanha. Alguns dos túneis eram
tortuosos, escuros e traiçoeiros. Outros
lideraram para cima
Algumas masmorras eram feitas de
quartzo transparente e outras de pedras
mais escuras. Suas portas eram feitas de
grossas barras de ferro frio, outras de
sorvera e outras da mais pura prata.

Muitas celas estavam localizadas no


coração da montanha, mergulhadas na
escuridão total. Mas em outros, o teto era
aberto, permitindo ao prisioneiro sentir a
luz e ver a transição da noite para o dia.
Ajoelhado em um piso de quartzo
transparente com os olhos fechados,
Roderick novamente puxou as correntes
presas às duas paredes laterais.
Coleiras de aço prendiam seus pulsos. A
corrente era tão curta que seus braços
estavam estendidos, proibindo-o de
procurar a única coisa que o tiraria de lá –
o cristal.
Ao puxar de novo, o tinido das correntes
reverberou pelas passagens estreitas da
prisão.

Ele abriu os olhos, vendo o céu noturno


e uma lua crescente prateada brilhante. A
porta era feita de barras de prata, tão
grossas que não havia como alcançar o
espaço entre elas.
A liberdade parecia ao seu alcance, mas
parecia impossível se libertar das algemas.
Não havia dúvida em sua mente de que
Izora devia ter feito parte do plano de seu
sequestro. Porque quando ele chegou onde
deveria encontrar o vampiro para culpar, ele
só encontrou uma armadilha

Os outros dois vampiros que foram com


ele para o Reino Mortal provavelmente
estavam mortos.
Olhando para cima novamente, ele
inspecionou cautelosamente o telhado
rochoso aberto.
O amanhecer iria romper em breve.
O Fae que o trouxe através de um portal
de luz ardente o deixou à mercê dos outros
que guardavam a prisão.
Roderick viu seus rostos virarem de
surpresa ao vê-lo ali, ajoelhado no chão
enquanto seus olhos sangravam da esfera
de luz que o atraiu para lá.
O mesmo que prendeu Vera no Reino
dos Dragões
“Meu Senhor...” Roderick ouviu um
deles dizer.
Seus uniformes eram brancos, botas
pretas imaculadas, com rostos
perfeitamente modelados. Cada um usava
um cinto preto com uma espada presa.
Suas orelhas longas e pontudas saíam de
seus cabelos dourados.
“Coloque-o em uma das masmorras
reservadas para vampiros”, disse-lhes o Fae
que o capturou com sua esfera de luz.
“Sim, meu senhor.”

A masmorra destinada aos vampiros era


onde ele estava agora. Foi a primeira vez que
ele esteve no Reino Seelie, e ele se sentiu
impotente contra um poder maior que ele.
Tara deve estar preocupada. Até agora,
ela tinha que saber que ele estava faltando
Ele precisava sair antes que ela
decidisse vir atrás dele – se ela souber onde
ele estava
Ele puxou as correntes novamente,
adicionando mais força e soltando um
grunhido de frustração.

Nada.
“Pare com isso. As correntes anulam
qualquer tipo de magia”, uma voz feminina
ecoou na cela ao lado dele.
“Quem é Você?”
“Que diferença faz?” a mulher disse com
uma pitada de raiva em sua voz.
“Você é humana?” ele perguntou. Sua
curiosidade foi despertada pelo como seu
coração batia. Embora sua voz soasse
assim
De uma pessoa cheia de autoconfiança,
seu batimento cardíaco estava ligeiramente

Trêmulo.

“Sorte minha,” ela disse


sarcasticamente. “E você? O que você é?”
“Que diferença faz?” Roderick olhou
para a parede como se pudesse vê-la.
“Justo”
“Acho que você não sabe como se livrar
dessas correntes”, ele disse. Ele certamente
foi estúpido, perguntando a uma prisioneira
humana.
“Eles não os colocaram em mim. Eles
não precisariam, considerando que eu sou
humana.”
“Então como você sabe o que eles são?”
“Eu sou mortal, mas não sou estúpida,”
ela zombou. “Eu sei muito bem que nós
mortais não estamos sozinhos neste
mundo.”
Roderick sentiu algo mais escondido em
sua resposta. Mas ele não estava
interessado em aprofundar mais
Ele olhou sombriamente para o céu,
sentindo o formigamento familiar em suas
mãos. A tensão em seu corpo era um sinal
de que o amanhecer chegaria em apenas
alguns minutos.

Tara.

Tinha que ser uma piada do destino. De


joelhos, acorrentado em uma cela,
esperando para ver o sol pela primeira vez
em séculos. Seu fim estava próximo, tão
próximo que ele balançou a cabeça,
relutante em aceitá-lo
Não agora que ele e Tara poderiam
finalmente ter uma vida.
Torcendo a corrente em um de seus
punhos, ele puxou um lado novamente com
toda a força. Suas esperanças aumentaram
quando a corrente começou a se soltar da
parede.
O som da corrente caindo no chão
alertou a humana.
“O que você está fazendo?” a humana
perguntou.
Roderick enfiou a mão no bolso para
pegar o cristal.
“Leve-me para Tara.”
Mas nada estava acontecendo, embora
ele repetisse repetidamente
“Quem é Tara?” a humana perguntou
novamente.
Mas o tempo estava se esgotando. A
noite começou a desaparecer. O brilho das
estrelas diminuía a cada minuto que
passava, e ele começou a ficar mais fraco
enquanto tentava quebrar a outra corrente
da parede.
Mas uma sensação de queimação fez um
rosnado explodir dele quando os primeiros
raios de luz entraram na cela,
amaldiçoando-o pela última vez.
“O que está acontecendo? Você está
bem?” ele ouviu a humana dizer
Ele estava queimando. Este foi o fim.
Ajoelhado no chão feito de cristais de
quartzo que captavam a luz do sol e a
multiplicavam mil vezes, fazendo o chão
brilhar como o próprio sol, queimando suas
pernas e transformando-as em cinzas.
Ele não podia se mover. Não havia ponto
de retorno. Seus dedos se tornaram cinzas,
desintegrando-se no ar como poeira.
“Abra a maldita porta agora!” alguém
gritou, mas ele não conseguiu se virar para
ver.
“Minha Rainha, foram ordens de Lorde
Finn.” Um dos guardas
Apressadamente abriu a cela.
“Esse é o Rei dos Vampiros! O
companheiro de uma Unseelie!”
O guardião olhou assustado para Freya,
depois para o que restava de Roderick. “Eu
não sabia disso. Lorde Finn-“
“Eu não quero mais ouvir você. Eu
tenho que limpar essa bagunça agora.”
Freya tinha um olhar azul e perigoso,
cheio de raiva e desapego.

Levantando as mãos e movendo-as no ar


em poucas linhas, ela moveu a luz do sol,
deixando a cela nas sombras.

Então ela o deixou no salão do trono dos


vampiros, no chão, morrendo lentamente.

***

“O que aconteceu?” Airdan disse


quando ouviu os passos urgentes de Tara.
“A fae Seelie levou Roderick.”
“Tem certeza?” Ele ficou ao lado dela,
procurando por Kieran.
“Um dos vampiros me disse. O vampiro
era o chefe de um dos clãs. Ela ajudou no
sequestro de Roderick. Eu preciso ir para o
Reino Seelie.
“Sozinho, você não pode ir. Kieran terá
que ir com você... Tara...” Airdan parou em
seu caminho.
“O que?”
“Se a Corte dos Medos decidir acusar o
Seelie de sequestro, e seu companheiro não
estiver lá, isso pode ter sérias
consequências.”
“Olhe para mim, Airdan.” Seus lábios
estavam pressionados em uma linha reta,
os olhos fixos nele. “Você acha que eu me
importo com as consequências? Eu quero
Roderick-“

“Você deveria se preocupar com as


consequências.”
Tara girou ao som da voz de Cian atrás
dela.
“Meu Rei” Airdan abaixou a cabeça.
Tara também.
Kieran também estava lá. Como sempre,
sua expressão era fria e imperturbável.
Um calafrio percorreu sua espinha
enquanto seus olhos viajaram para o rosto
de Cian.
Seu olhar âmbar frio fez um nó subir em
sua garganta. O medo percorreu suas
pernas e mente, deixando-a incapaz de se
mover do local sob seu escrutínio.
Cian estava vestido como a escuridão de
seu poder. Sua jaqueta preta tinha uma
gola alta e irregular. A frente era fechada
com tiras curtas e fivelas, e as mangas
compridas tinham bainhas abertas.
Suas calças eram do mesmo preto,
ajustando-se magnificamente em suas
pernas.
Cian era sedutor. Sua boa aparência
masculina pode se tornar a ruína da mulher
mais arrogante e autoconfiante.
Mas Cian não era o único macho
atraente ali no momento.

Airdan também estava.

A beleza de Kieran era tão empolgante


quanto a de Cian. Ambos tinham cabelos
pretos e corpos moldados pelos próprios
deuses.
Mas um era o Senhor de uma Corte, e o
outro o próprio Rei.
“Suas decisões colocaram as Cortes de
meus Reinos em perigo,” Cian disse. Não
havia vestígios do estranho relacionamento
que ela conseguira construir com ele.
“Eu não entendo-“ Tara não sabia o que
ele estava se referindo
Para.

“O cristal que você deu ao Rei dos


Vampiros caiu nas mãos dos Seelies.”
“Então Roderick está no Reino Seelie?”
Seus olhos se arregalaram,
Na esperança de confirmar sua
localização.
“Tara”
A voz de Kieran era como uma faca
afiada cortando qualquer esperança que ela
sentia. “Esse não é o problema. Os Seelies
têm o cristal.”
“Tudo bem, mas eles não podem fazer
nada com isso. Você me disse... que só
funcionaria se um Fae voluntariamente der
a outro, caso contrário...”

“Você não entendeu, Tara,” Kieran disse


com os dentes cerrados “Isso foi para outras
criaturas, mas isso não funciona com
outros Fae, nem Seelies. Agora eles podem
entrar neste Reino escondidos.
“Seu companheiro colocou todos nós em
perigo. Você colocou em risco sua corte.”
Ela balançou a cabeça, a angústia
torcendo seu coração e revirando seu
estômago enquanto as lágrimas se
acumulavam em seus olhos.
“Roderick nunca teria dado o cristal.
Não. Ele não poderia ter dado. Algo
aconteceu com ele. Nós temos que ir ao
território Seelie para resgatá-lo.” Ela olhou
suplicante para Kieran
“O Rei Vampiro é o menor dos nossos
problemas, Tara. Se ele estivesse morto,
você já teria sentido isso agora,” Kieran
retrucou.
“Então você não vai me ajudar a tirá-lo
de lá?” Sua voz era baixa, como a calmaria
antes da tempestade. Mas Kieran não
respondeu. “Ele é meu companheiro! Como
você pode fazer isso comigo? Ele pode
morrer lá, a qualquer momento. Por favor,
por favor, por favor, eu imploro, Kieran “Ela
de joelhos bateram no chão, lágrimas
revestindo suas bochechas.

“Eu imploro a você. Eu o amo. Não posso


perdê-lo”, disse ela através de mais soluços.
Houve silêncio.
Tara notou os sapatos pretos de Cian se
aproximando dela. Seu olhar parecia frio e
indiferente, cheio de poder cru e insensível.
“Por suas escolhas, Tara da Corte dos
Medos, você será punida. Você
comprometeu sua Corte, os Fae que vivem
sob meu domínio. Você colocou em risco a
segurança do meu Reino.
“E por isso, você será banido do Reino
Unseelie ate que se julgue o contrário.”
Tara olhou para cima e encontrou o
olhar de Cian, ofegante enquanto as
pulseiras de metal e ouro brilhavam em
seus pulsos. Runas foram marcadas na
superfície, fazendo-a sentir a rejeição do
Reino.
Banido do Reino Unseelie
Levantando-se e enxugando suas
lágrimas, ela olhou para Kieran, ignorando
Cian. “Não se atreva a me procurar ou falar
comigo novamente, eu rejeito ser parte de
sua linhagem e sua Corte.”
Então ela olhou para Cian. “Se meu erro
foi que eu dei ao meu companheiro a única
coisa que poderia trazê-lo para mim, então
eu teria cometido esse erro repetidamente.

“Mas você não entenderia isso ou não


até encontrar seu companheiro.”
“Tara...” A voz de Airdan era suave.
Mas ela não olhou para ele; em vez
disso, ela desapareceu.
“Não se preocupe, Kieran, ela
retornará,” Cian disse.
“Eu não entendo por que não lhe
dissemos a verdade.”
Airdan olhou para eles. “O que está
acontecendo?”
“Sorcha sugeriu banir Tara por
enquanto. Pelo menos até que a nova guerra
termine”, confidenciou Kieran.
“Por que?”
“Porque ela pode morrer. E se isso
acontecer. Eu nunca me perdoaria”
Capítulo quarenta e cinco

Na mansão Noctis, Tara encontrou


Jasper e Francis parados no vestíbulo,
parecendo inquietos.
“O que aconteceu?”
“O rei está aqui”, disse Francis.
Seu coração pulou uma batida com a
boa notícia, e ela soltou um suspiro de
alívio. Mas os rostos de Jasper e Francis
traíram consternação. E o alívio que ela
sentiu por alguns segundos se transformou
em medo novamente.
“O que há de errado?”
“Você deveria ir para o castelo.”
Chegando na sala do trono, ela
encontrou alguns Noctis formando um anel
no meio. Alguns olharam para o chão.
Outros, notando sua presença, a olhavam
com incerteza e silenciosa simpatia em seus
olhos.
Ela continuou a avançar, e os vampiros
abriram o caminho, revelando um corpo
feito de cinzas escuras.A vontade de chorar
encontrou a resposta violenta de seu
coração quando ela o viu
Seu companheiro estava deitado no
chão.
Seu belo rosto era apenas o resultado
horrível de algo tão vital e belo quanto o Sol.
Seu cabelo se foi.
Suas presas não eram brancas, mas
pretas e quebradiças. Ele não tinha
sobrancelhas ou cílios.
Tara olhou para o resto dele, vendo que
ambas as mãos e parte de suas pernas
estavam faltando.
Ela levantou a mão, querendo senti-lo,
mas parou de medo.
Sua mão trêmula perto de seu rosto
queimava com a necessidade de alcançá-lo,
mas se o fizesse, as cinzas se espalhariam e
ele desapareceria para sempre.
“Quão?” Sua voz estava trêmula.
Iulian se aproximou dela, colocando a
mão em seu ombro. “Vera o encontrou aqui.
Ninguém sabe como aconteceu ou quem o
deixou aqui”
Como ele pode estar assim? Apenas
algumas horas antes, ele estava fazendo
amor com ela. O que ela viu agora foi o
fantasma de um guerreiro, de um rei , um
vampiro, famoso pelas guerras que lutou e
pelos inimigos que derrotou. E os Seelie
eram os culpados por ele estar nesse
estado... Sua Corte negou a ela a ajuda que
ela havia pedido.
E por causa disso, seu companheiro
estava à beira da morte.
“Você deve se preparar.” Disse Iulian.
“Ele não tem muito tempo de sobra.”
“O sangue não o ajudaria?” Ela enxugou
as lágrimas, ainda ajoelhando-se ao lado
dele.
“Não. Não há como o sangue retornar ao
seu corpo. Ele não é nada além de cinzas.”
“Que escolha temos?” Ela não conseguia
tirar os olhos de Roderick. Ele estava
morrendo, mas ela também, junto com ele.

“Não há outro... pelo menos não um em


nosso poder.”

Ela voltou seu olhar para Iulian, como


se sua resposta tivesse trazido de volta uma
parte crucial de sua memória.
O Rei Demônio.
Olhando para Roderick, ela se levantou.
“Certifique-se de que ninguém o mova.”
“O que você planeja fazer?” disse Vera.
“Para encontrar a única esperança que
tenho.”
As brumas do Abismo envolveram Tara,
guiando-a para a localização de Lorcan.
“Onde ele está?” Ela encontrou apenas
Daphne, de pé com as mãos entrelaçadas
como se seu único propósito fosse esperar
por ela.
“O rei tem outros assuntos para tratar.”
Sua voz era plana.
“Diga a ele para voltar imediatamente.
Eu vim para reivindicar minha
recompensa”, disse Tara.
Voz estava irada.
Os olhos de Daphne olharam para ela
por alguns segundos. Se a maneira como
Tara se dirigiu a ela causou ofensa, Daphne
não deixou transparecer. Mas Tara não
dava a mínima se ela estava ofendida ou
não.
“Me diga o que você quer?” disse a
Rainha dos Demônios.

“Eu quero que você salve meu


companheiro.” Ela engoliu em seco quando
a imagem de Roderick em cinzas brilhou em
sua mente. “Lorcan disse uma vez que ele
era capaz de trazer a vida de volta. Eu
preciso que ele venha comigo agora.”
“Como eu disse antes, ele está ocupado
cuidando de assuntos oficiais.”
A raiva de Tara estava prestes a
explodir, mas Daphne agarrou sua mão e
disse: “Eu vou no lugar dele”.

***
As portas do trono do Rei Vampiro foram
seladas, proibindo outros clãs de entrar.
Os Noctis eram os únicos autorizados a
entrar e guardavam todas as entradas e
saídas.
Iulian e os outros olharam para Daphne
incrédulos, reconhecendo ela desde a única
vez que a viram, quando o rei Maxius ainda
estava vivo.
Daphne olhou para Roderick, erguendo
o olhar para encontrar o de Tara. Tara
odiava como os olhos cor de mel de Daphne
a mantinham em uma pena silenciosa.
O doce aroma do medo despertou os
poderes de Tara. Os vampiros ao redor dela
recuaram de pavor quando o poder do
Abismo se manifestou como fumaça cinza.

Nuvens sombrias moviam-se ao redor de


Roderick, espessas e geladas, criando uma
brisa sinistra que rasgou sua vida.
A morte tinha mais de uma face. O
Abismo foi um deles seu poder estava na
própria morte.
O grito de Tara não impediu a morte em
si. Sua voz lamentou a perda. Nada poderia
se comparar ao vazio deixado nela quando
Roderick desapareceu. Seu corpo se foi, e
com ele, seu vínculo.
Suas cinzas rodopiaram no ar,
misturando-se com a névoa do Abismo.
“O que você fez? Você o matou.”
Encontrando sua voz através do choro, ela
tentou pegar suas cinzas em uma última
tentativa de salvá-lo, para evitar que ele
desaparecesse completamente.
A névoa do Abismo começou a ficar mais
espessa e escura, movendo-se. Através do
ar como um redemoinho de água, atraindo
as cinzas do Rei Vampiro e prendendo-as
em seu núcleo.
Ninguém disse nada. Ninguém sabia
exatamente o que estava acontecendo. Eles
só sabiam de duas coisas com certeza: o rei
tinha ido embora, e os clãs começariam a
lutar pela coroa assim que a notícia se
espalhasse.

Os olhos de Daphne estavam focados


em seu poder.
Com as palmas das mãos no ar, ela as
aproximou, fazendo com que a névoa
rodopiante diminuísse de tamanho,
eventualmente se tornando uma pequena
bola de fumaça cinza que pairava acima de
sua palma direita.
Olhando para o chão onde ele esteve,
Tara sentiu como se o tempo tivesse parado.
O que ela tinha feito? Lágrimas rolaram
por suas bochechas.
Onde estivera o vínculo, agora havia
apenas um vazio.
Roderick... seu companheiro estava
morto. “Por que?” A voz dela era quase um
sussurro. “Você matou ele.” Ela se levantou
e olhou para Daphne. “Você o matou!”
Ela gritou, avançando em sua direção,
mas suas mãos encontraram ar.
A Rainha dos Demônios se foi.
Tara tentou ir atrás dela, mas não teve
sucesso quando Daphne fechou o portal
para o Reino Demoníaco.
Outro grito de partir o coração encheu o
ar quando ela caiu impotente de joelhos no
chão, cabisbaixa. Chorando
inconsolavelmente pela morte de Roderick.
O pouco que restava dela, Daphne
arrancou.

A mesma dor permaneceu. Inequívoca e


implacável.
Recusando-se a abrir os olhos, Tara
permaneceu na mesma posição, os joelhos
apertados contra o peito, curvada pela
única coisa que a fazia sentir-se perto dele.
A camisa de Roderick se tornou a única
coisa que ela queria usar, sua jaqueta o
único casaco em que ela encontrou consolo
temporário.
Na noite anterior ela o tinha visto
novamente. Suas cinzas se transformaram
em carne e sangue. Ela viu seu queixo
quadrado, nariz reto, olhos escuros e cabelo
novamente.
Roderick a chamou novamente,
pedindo-lhe para salvá-lo. Então ele sorriu
para ela, mostrando suas presas, beijando-
a com a mesma paixão que ela sentiu uma
vez.
E mais uma vez, ela pensou que sentia
que o vínculo não havia morrido como ele.
Em cada sonho, ela sempre sentia o vínculo
tomar seu lugar novamente, a conexão
entre eles reconstruída.
Mas então a visão se foi, e tudo o que
restou foi a realidade que ela não queria
enfrentar.

Sua única saída era abraçar as roupas


dele, dormir nos mesmos lençóis que sua
carne tocara pela última vez e ficar no
mesmo quarto onde a lua cheia deixava sua
luz prateada filtrar pela janela
Novas lágrimas silenciosas rolaram por
seu rosto, e ela cheirou mais forte em sua
jaqueta.
Ela tentou mais de uma vez retornar ao
Reino Demoníaco, e todas as tentativas
falharam.
Como era possível que ela, uma fae, não
pudesse lutar contra isso? Ela olhou
novamente para as pulseiras em seu pulso,
feitas de ouro grosso com runas antigas.
Lembrando-a do castigo que o Rei
Unseelie lhe impôs, banindo-a.
Talvez Lorcan tivesse o mesmo poder.
Ela sabia que o Rei Demônio era um dos
homens mais perigosos.
Mas por que? Por que eles foram tão
cruéis? Mantê-la fora quando eles deviam
saber que ela estava desesperada?
A Rainha Demônio falhou em sua
promessa, e agora ela estava se
escondendo. Não mostrando o rosto.
A dor se transformou em raiva,
desespero, ódio e ressentimento contra
todos aqueles que a traíram, contra aqueles
que não a ajudaram. Transformando-a em
um fantasma de seu passado.

Roderick se foi. Ele não existia mais,


porra. Não haveria mais de seus beijos, não
mais de sua voz profunda que sempre fazia
os joelhos dela fraquejarem, acendendo
uma faísca de desejo selvagem de ser dele.
De que valia a eternidade para ela se ele
se fosse?
O som da porta se fechando não a fez
querer olhar para cima para ver quem era.
“Tara...” Era Vera novamente. “Você
precisa comer.”
A mesma bandeja que ela havia deixado
horas atrás foi substituída por comida.
Vera caminhou até a cama, sentando-se
e colocando a mão em seu ombro “Tara...”
Mas ela manteve os olhos fechados.
“Ele não gostaria que você ficasse assim
por causa dele. O que você acha que ele
faria se visse que você não comeu nada por
uma semana?”
Ela estalou os olhos abertos. “Ele não
faria nada! Porque ele não está aqui. Ele
está morto! Então saia de mim e saia daqui!”
Ela olhou para Vera com olhos raivosos,
vermelhos e inchados.
Mas Vera não fez o que queria, ficou
parada, olhando as janelas fechadas

“Vá embora, Vera, por favor.” Sua voz


estava novamente quebrada,fraca.

“Eu sei que o que vou te dizer não tem


importância para você Roderick não está
aqui. Nosso Rei não está aqui. Mas a Rainha
está. Precisamos de você. Os clãs já
começaram a propor o próximo Rei.
“Eles afirmam que você não é forte o
suficiente para estar no trono e que você
não é um vampiro.” Vera olhou para ela.
Tara, no entanto, apenas olhou para a
parede sem expressão “Por favor, Tara, se
você não quer fazer isso por nós, tudo bem.
Mas faça isso por Roderick. Ele odiava ser
rei. Ele odiava sentar naquela cadeira com
a coroa e ouvindo as queixas dos outros.
“Ele preferia sua espada. E mesmo que
ele odiasse sua nova responsabilidade, ele
continuou a cumpri-la. Porque sua lealdade
sempre foi ao seu Reino.”
O olhar de Tara ficou trêmulo.
Roderick era seu companheiro, mas
também era o governante do reino. E o clã
Noctis era sua vida, sua família. Vera estava
certa sobre uma coisa
Mesmo que ele se foi, ainda havia seu
Reino e seu clã. E ela tinha que arcar com
essa responsabilidade por ele.
“Por favor, coma alguma coisa” Vera se
levantou e saiu da sala.

Tara olhou para a bandeja de comida.


Abotoando a jaqueta de Roderick, ela
caminhou até a mesa. Ela se sentou na
mesma cadeira em frente a ele, trazendo de
volta a memória daquela noite depois da
Caçada.
Ele estava sentado, observando-a com
um sorriso secreto. Ela quase podia
imaginá-lo agora. Sentado em frente a ela,
relaxado, as mangas da camisa enroladas
até os cotovelos, observando-a enquanto ela
comida.
Aproximando a bandeja dela, o cheiro
da comida lentamente aguçou seu apetite.
Seus olhos voltaram para a cadeira vazia.
“Sinto sua falta”, disse ela, soltando um
soluço ofegante. “Tanto... eu não quero
continuar sem você. Eu não quero a
eternidade sem você.” Ela pegou a colher de
prata e a mergulhou na sopa. Mexendo.
“Por você, ajudarei seu clã uma última
vez. E então irei para longe daqui, deixando
para trás tudo o que pertencia a você.
“E eu vou viver meus dias e noites
apenas com a lembrança de que você já foi
nesta vida.”
E ela levou a colher à boca, engolindo
em seco e deixando escapar uma lágrima.
Capítulo quarenta e seis

Depois de um longo banho, Tara se


vestiu e deslizou as mãos pelo tecido de seu
vestido. Era vermelho escuro, com mangas
compridas e um decote em coração.
Seu cabelo castanho estava preso em
tranças que formavam uma coroa ao redor
de sua cabeça.
“Você está magnífica. Como sempre.”
Vera deu-lhe um sorriso.
“Isto é seu por direito.”
Tara levou a coroa. Seu design era
pesado com pontas pretas. Gemas
vermelhas forravam a base das pontas. Era
uma joia antiga e maravilhosamente bela e
sombria.
Ela o colocou na cabeça e adicionou um
pouco de magia para ajustá-lo para evitar
que escorregasse
“Minha rainha.” Com a mão no coração,
Vera fez uma reverência.
“Você é uma grande mulher, Vera, e
mais do que isso, uma amiga.” Ela deu a
Vera um sorriso gentil e agradecido.
“Por que eu sinto que você está dizendo
adeus?”
“Porque é isso que estou fazendo.”
“Mas você é parte de nós agora.” Vera
segurou suas mãos. “O Clã Noctis quer você
aqui. Iulian, Francis, eu... todo mundo.”
Tara a abraçou “Eu não posso. Acho que
não posso mais viver neste lugar. Me faz
sentir falta dele a cada hora, a cada minuto,
a cada segundo. Eu morri, Vera. Eu morri
com ele.
“Preciso me separar deste lugar para
pelo menos encontrar forças para continuar
vivendo sem ele.”
Tara sentiu a cabeça de Vera acenar
enquanto seu abraço ficava mais apertado.
“Esta é a sua casa. Este lugar sempre vai
esperar por você. Eu prometo que ninguém
vai tocar neste quarto.”
“Minha querida amiga...” Tara beijou
sua bochecha. “Devemos ir?” Elas saíram, e
as portas do trono se abriram.
Rostos familiares e desconhecidos a
observavam em antecipação enquanto ela
caminhava confiante com o queixo erguido
e o olhar fixo na cadeira.
Ninguém viu um traço de dor em seu
rosto ou a tristeza em seus olhos enquanto
observavam a companheira do rei morto.
Todo mundo tinha ouvido falar do Fae
escuro, mas poucos tinham visto seu rosto.
Tanto Malco quanto Iulian se curvaram
a ela. Ela viu Vera se levantar ao lado para
seu senhor.

Ela subiu os cinco degraus, parando na


frente de todos sem sentar na cadeira.
“Sua Majestade.” Malco foi para a frente.
“Sabemos que você ainda está passando por
um momento difícil devido à morte do rei
“E enquanto alguns de nós preferiam
esperar mais algumas noites, outros clãs
sentem que chegou a hora de escolher um
novo governante.”
“Por que temos que nos dirigir a ela
como Vossa Majestade? Ela é apenas uma
estranha.”
Tara procurou o homem que disse isso
e encontrou um vampiro com olhos da
sombra da terra encharcada de chuva. Seu
rabo de cavalo era um loiro sujo, e seus
membros eram muito curtos para fazê-lo
parecer intimidador.
Algumas horas antes, Vera havia
detalhado como funcionava o poder de cada
clã e como o novo rei ou rainha era
determinado.
Cada clã proporia o mais forte de seus
vampiros, e dentro de três noites, cada
vampiro lutaria entre si até a morte.
“E você é?” Ela ergueu uma
sobrancelha.
“Ezequiel da Casa Beladona.” Sua voz
era estertora

“De acordo com o costume deste Reino,


Ezequiel, após a morte do Rei, e sua
companheira ainda viva, ele ou ela tem o
poder de governar até que um novo Rei tome
a coroa”
“Você é apenas uma estranha. Ninguém
sabia de sua existência até ontem.” Cada
palavra tinha um tom sarcástico.
“Diga-me, Ezequiel, quem gosta de
você... acha que não tenho o direito de usar
acoroa deste reino?”
A coroa em sua cabeça pesava muito
quando ela sentiu as responsabilidades de
seu companheiro pela primeira vez. Mas
nada disso transparecia em seu rosto.
Ninguém viu o cansaço em seus olhos
ou o desejo de acabar com isso e ir embora
para sempre.
Sua pergunta fez muitos olharem uns
para os outros. E ela sentiu
Medo no ar. Medo dela
Ela não conseguiu se conter. Os cantos
de seus lábios se torceram em um sorriso
medido e controlado, ausente de alegria ou
tristeza.
Era o sorriso de uma governante com
poder na mão e sem medo de perdê-lo.
Um vampiro deu um passo à frente, um
com cabelo preto encaracolado e lábios
carnudos. Ele se apresentou com as mãos
atrás das costas. “Thome do Clã do Luar.”
O olhar de Tara foi para outro vampiro
que deu um único passo à frente. Seus
olhos verdes a olharam com desdém.
“Thaddeus do clã Sangue Morte.”
“Lâmia.” A voz de Ezequiel fez todos
procurarem outro vampiro.
Lâmia avançou. Seu vestido dourado
apertado na cintura, revelando um corpo
esbelto e sedutor
Seu cabelo era brilhante e loiro, e seus
gélidos olhos azuis olharam para Ezekiel
enquanto ela, ao contrário dos outros,
continuou andando até ficar na frente de
Tara.
“Lâmia do Clã Guarda-Sol”
Vera voltou seu olhar para Tara
enquanto murmúrios enchiam o salão.
O Clã Guarda sol era conhecido por sua
crueldade. E todos sabiam que seu ex-líder,
Izora, era um dos que se opunham ao novo
sistema imposto por Roderick. Os
murmúrios quebraram no salão no
momento em que Lamia, a nova chefe do
Clã Guarda-sol, curvou-se para Tara com a
mão em seu coração
“Como você ousa!” Ezekiel gritou com
raiva, mostrando suas longas presas.
Lamia virou-se para olhá-lo. “Meu clã
jura lealdade à Rainha Tara dos Noctis.”

Isso significava que agora havia mais


clãs a seu favor.
“Você vai pagar.” Thaddeus atacou
Lamia tão rápido que Tara mal conseguia
registrar os movimentos de todos.
O clã Sangue Morte começou a lutar
contra o de Lamia, criando o caos.
“Pare!” Sua voz era trovejante, mas sem
sucesso. Fechando os olhos, ela pegou seu
poder e o jogou no clã de Thaddeus, Ezekiel
e Thome.
Tara desceu os degraus..
Ninguém entendia exatamente o que
estava acontecendo ou por que três clãs
estavam de repente se encolhendo e
tremendo, presos em suas próprias mentes.
Mas eles sabiam que ela era responsável
por qualquer magia que estivesse sendo
usada. Alguns estavam com os olhos bem
fechados com as mãos sobre a cabeça..
Outros olhavam para o chão de
mármore enquanto seus olhos corriam de
um lado para o outro enquanto se
ajoelhavam.
“Quem se atrever a contrariar-me verá
as consequências. Eu sou sua Rainha. E
não permitirei que ninguém me desrespeite.
Levante-se.”
Mas nenhum dos três líderes do clã o
fez. Eles não podiam agir como o horror que
escravizava suas mentes queimando seus
corpos.
“Eu disse levante-se!” Tara levantou a
mão, e Ezekiel, Thorne e Thaddeus se
levantaram com um sutil aceno de seu dedo
indicador e médio.
“Se eu quiser... eu posso fazer todos
vocês se curvarem para mim agora, na
frente de todos. Não se esqueçam de quem
tem o poder aqui.
“A próxima vez que alguns de vocês
decidirem atacar outro clã neste salão, eu
vou levá-lo pessoalmente para a luz do sol.”
Liberando o poder sobre eles, ela se
virou para olhar para os outros,
encontrando choque e mais medo
“Em três noites, quero conhecer o novo
Rei dos Vampiros.”
Desaparecendo daquele local, ela entrou
na câmara que tinha sido dela e de
Roderick.
Tirando a coroa, ela a deixou cair na
cama quando alguém bateu na porta.
“Minha rainha.”
“Vera, você não precisa me chamar
assim. Eu te disse.”
“Tara, minha Rainha” Vera sorriu para
ela, “Você deixou todos no salão de boca
aberta.”
“Talvez eu não devesse ter feito isso.
Mas não pude evitar. Aqueles três me
lembravam Izora. Se ela traiu Roderick tão
facilmente, aqueles três ou qualquer outro
clã poderia fazê-lo no futuro.”
Vera cruzou os braços, assentindo
pensativa. “Um novo boato começou entre
os outros quando você partiu. Ninguém
quer que você vá embora.”
“Eles querem que eu permaneça
Rainha?” Tara zombou.
“Se você fosse a consorte de um
vampiro, sim, mas todo mundo sabe que
ninguém vai ocupar o lugar de Roderick em
sua vida. Eles querem você como aliado.
“Não é todo dia que um fae do Reino
Unseelie é visto ou seu poder
testemunhado.”
“Você sabe que o Noctis terá um aliado
em mim. Mas isso é tudo.”
“Eu sei.” Vera olhou para a coroa e
depois para ela. “O que você planeja fazer
agora?”
“A família com a qual cresci está
desaparecida. Provavelmente no Reino dos
Seelies. Não posso fazer nada por eles. Não
posso entrar nesse território sem um Lorde
da Corte Unseelie para me apoiar.
“E a sua Corte?”
Tara não queria dizer a ela o significado
das pulseiras de ouro que ela tinha em cada
pulso. Qualquer um pensaria que eles eram
bonitos, mas a verdade é que eles estavam
longe disso.
“É complicado.”

Vera decidiu não se aprofundar nisso,


entendendo que os negócios dos fae só
diziam respeito a eles.
“O que vamos fazer sobre o outro
problema? Marcus e Ximera. Marcus não
pode ficar impune.”
Tara tinha esquecido tudo sobre isso.
Ela só conseguia pensar em uma coisa, uma
pessoa. Dele.
O nó em seu peito se apertou mais ao
pensar em Roderick. O fato de ela estar
sozinha. E não viver mais.
Olhando para Vera, ela disse: “Devemos
procurar Starlet. A bruxa pode ajudar a
localizá-los.”
“Tara, se você não quiser fazer isso, você
sabe que ninguém vai dizer nada. Podemos
acabar com isso de uma vez por todas.”

“Eu sei.” Ela soltou um suspiro. “Mas eu


vou com você.
“Quando você pretende partir?”
“É melhor acabarmos com isso de uma
vez por todas.” Tara ofereceu sua mão, e
ambos foram para o castelo de Evanora.
As portas começaram a se abrir
lentamente como se sentissem o poder
contido dentro de Tara, de uma forma ou de
outra reconhecendo-a como algo superior.
Vera caminhou ao lado dela
A Rainha das Bruxas estava usando um
vestido preto com uma cauda enorme. Parte
do tecido era renda que cobria seus braços
e ombros até o pescoço.
“Rainha dos Vampiros.”
“Rainha Evanora.” Tara não retribuiu o
sorriso.
“Sinto muito pela sua perda.” A voz de
Evanora era suave, com um tom simpático.
Odiando as palavras que a lembravam
de sua perda, ela disse: “Precisamos ver
Starlet”.
“Ela reside na Casa de Nox. Posso
perguntar por que você
Gostaria de falar com ela?”
“Você se importaria se conversássemos
em algum lugar mais privado? Eu gostaria
que Starlet e seu companheiro estivessem
presentes também.”
“Claro”, disse Evanora. Seus olhos
foram para a janela, e o grasnar de um corvo
chamou a atenção de Vera e Tara. “Traga
Starlet. Eu quero o companheiro dela
também.”
Mais uma vez, o corvo fez outro som e
abriu as asas, voando para longe deles.
“Por aqui,” Evanora indicou
Pouco tempo depois, ela e Vera se
encontraram em uma câmara privada no
topo do castelo.
Não havia janelas. A sala era circular
devido à sua localização em uma das torres.
Castiçais de metal enferrujados
sustentavam velas para manter a sala
iluminada. “Este é um espaço privado.”
Tara olhou para os sofás velhos e um
tanto mal cuidados. Grossas teias de
aranha se formaram nos cantos do teto.
“Eu não acho que este seja um espaço
privado.” Ela apontou a cabeça para cima.
“As aranhas também sabem ouvir.”
Evanora sorriu para ela. “Eles não estão
aqui agora. Eu mesma me certifiquei disso.”
A porta se abriu de repente, revelando
Starlet e Hado
Os olhos de Tara foram imediatamente
para o pescoço da ruiva, vendo a marca de
Hado
“Sra. Nox”
“Minha Rainha” Starlet respondeu a
Evanora. “Recebi a mensagem.”
Starlet voltou seu olhar para Tara. “Eu
ouvi sobre Roderick. Sinto muito, Tara”
Hado parecia querer dizer algo a ela,
mas no final, ele apenas encontrou seus
olhos com palavras ocultas de conforto e um
aceno de cabeça.
Tara suspirou após o breve momento
que ameaçou deixá-la desconfortável
“Eu não sei se você ouviu, mas Marcus
Hustchwell ainda está vivo.
“Aparentemente, ele pode estar por trás
de todos esses assassinatos, conspirando
com algumas bruxas, feiticeiros e os fae da
luz que levaram você para a Caçada.”
Ela explicou sua história com Marcus,
como eles se conheceram, como ele
reapareceu, e o confronto com Yrsa,
“A Ximera sabe?” Hado perguntou.
“Ela sabe agora”, respondeu Vera.
“Você acha que foi ela quem nos traiu?”
Starlet olhou para Tara
“Não. Não pode ter sido ela.”
“Então Cyran.”
“Eu não tenho certeza se ele fez isso ou
não.” Tara estreitou os olhos
Pensativamente
“Tem que ser ele. Ele provavelmente está
ajudando os fae,” Vera murmurou.
“Pode ser. Acho que Marcus estava
buscando vingança contra todos vocês pelo
que aconteceu então. E por falar nisso, ele
conspirou com outros.
“A ideia era chamar a atenção dos reinos
com os assassinatos, reunir todos vocês de
volta, reunindo todos em um só lugar.”
“Mas Marcus nunca foi esperto o
suficiente para planejar uma coisa dessas.”
Starlet franziu a testa e inclinou a
cabeça.
“Porque a vingança de Marcus serviu
apenas para realizar um plano maior.”
Evanora olhou para Tara. “Estou certo?”
“Exatamente.” Tara assentiu. “Marcus
nunca foi o cérebro de tudo isso. Ele era
apenas mais um peão. Eu acho que ele fez
um acordo com o fae
“Ele iria se vingar, se livrar de todos
vocês, puni-los por uma eternidade, e que
melhor maneira do que transformá-lo em
Pessoas escravizadas
“E o fae?” Hado perguntou, fazendo
todos olharem para ele.

“Vamos apenas dizer que o fae


finalmente conseguiu o que estava
procurando.” Ela não diria mais nada.
Embora seu reino a tivesse banido, os
negócios dos fae pertenciam apenas a eles.
“Precisamos localizar Marcus”, disse
Hado
“Vou trabalhar nisso.” Havia
determinação na voz de Starlet.
“Quanto tempo vai demorar?”
perguntou Vera.
“Alguns minutos. Você pode esperar em
meus aposentos.”
“Perfeito”, respondeu Vera.
“Ela pode ficar por um momento?” disse
Evanora.
Tara olhou para Vera, sinalizando para
ela não se preocupar e que ela a alcançaria
mais tarde. Uma vez sozinha, ela voltou seu
olhar para a Rainha das Bruxas
“Eu acho que sei a que essa conversa vai
levar.” Seus olhos piscaram intuitivamente.
“Roderick me disse que um favor tinha que
ser devolvido em troca da ajuda que você
deu a ele.”
Os dentes brancos de Evanora se
revelaram quando seus lábios pintados de
vermelho se abriram em um sorriso. “De
fato.”
“Roderick se foi.” Tara a estudou por um
momento, finalmente percebendo o que ela
pretendia. “Você quer coletar esse favor de
mim.”
O rosto de Evanora se iluminou quando
ela se aproximou de um dos castiçais. “Ele
sabia.”
“Sabia o quê?” Os cantos de seus olhos
se enrugaram cautelosamente.
“Que ele ia morrer.” Evanora pegou a
pequena chama da vela derretida,
apagando-a com a ponta dos dedos.
“Nunca pensei que aconteceria tão
rápido. Minhas visões raramente mostram
o momento certo para acontecer.
Roderick escondeu a verdade dela, e ela
não tinha ideia. Mas o fato era que nada
mais importava para ela, a menos que ele
estivesse vivo
“Vou honrar a barganha que Roderick
fez com você, nem mais, nem menos.” Suas
palavras careciam de emoção.
“Ele é um homem de sorte. Sua
companheira é uma verdadeira rainha.”
“Ele era,” Tara disse secamente, vendo o
sorriso de Evanora novamente. Isso a
deixou inquieta
“Meu corvo vai levá-lo para a residência
de Starlet.”
Tara virou as costas e saiu.
Quando o feitiço de Starlet revelou que
Marcus estava no Reino do Dragão, não
houve surpresa. Ximera deve tê-lo
encontrado
Tara e os outros estavam no topo de
uma colina que descia até um rio que flui
suavemente. Do outro lado da margem,
árvores luxuriantes e verdes ladeavam o
caminho, formando uma floresta escura de
pinheiros.
A noite escondeu sua chegada.
“A casa fica além daquela floresta”,
declarou Starlet.
“Vamos,” Hado agarrou a mão de sua
companheira.
Tara e Vera deram as mãos a elas, e as
quatro apareceram na frente da pequena
porta da cabana. Hado chutou a porta com
um único golpe com a perna esquerda,
derrubando-a no chão.
Ximera saiu nua do único quarto. Os
olhos dela se alargou quando ela os
conheceu.
E os olhos de Tara se arrastaram para o
homem grande e familiar atrás dela.
Marcus.
“Você é um traidor”, Vera sibilou através
de suas longas presas.
Mas Marcus não fez nenhum
movimento para proteger Ximera da ira da
vampira. Seus olhos apenas olhavam para
a mulher perto da porta.
“Tara.” Um músculo em sua mandíbula
apertou
“Cala a boca, seu assassino!” Hado
rosnou, empurrando Ximera para o chão e
agarrando Marcus pelo pescoço.
“Eu nunca quis te machucar, Tara. Você
nunca fez parte disso.”
Ximera arqueou as sobrancelhas,
olhando furiosamente para Marcus e depois
para Tara. “Ele é meu!” Seus olhos
mostravam que seu dragão estava na
superfície.
“Cala a boca!” Vera agarrou-a pela
garganta. “Você nos enganou. Você ajudou
um assassino a viver!”
Ximera lutou para sair do aperto de
Vera. “Ele é meu companheiro por favor,
não faça isso.”
“Você é escória, Marcus.” Starlet se
aproximou. “Você matou todos esses
inocentes apenas por vingança?”
Marcus olhou para Tara. “O que eu
disse em sua casa era verdade. Meu amor
por você sempre foi verdadeiro.”
Tara apenas o encarou em silêncio.
Suas palavras não tiveram efeito sobre ela.
Que tipo de homem ele era? Tendo sua
metade perfeita ao seu lado, ele ainda
declararia que amava outra? Ximera tinha
sido enganada.
Tapa!
Ximera respondeu naquele momento
com um grito. Um que Tara conhecia
perfeitamente e que ainda estava dentro de
sua garganta, querendo soltá-lo ao vento.
Hado soltou Marcus.
Com a força de seu Lycan, ele
finalmente cumpriu a sentença
Que Ximera não podia.
Marcus estava morto.
Tara olhou para o homem que uma vez
pensou que amava e confiava. Marcus tinha
sido um desses homens carismáticos,
dotado de um físico que qualquer mulher
diria que era lindo de morrer.
Um homem que sabia como seduzi-la e
amá-la. Mas o Marcus que ela conhecia era
apenas uma sombra desse homem avarento
que era desconhecido para ela.
Tara não sentiu nada. Nada para ele.
Sua morte não representou nenhuma perda
Para ela.
Ao ver Ximera, o medo se moveu com a
força de uma tempestade, envolvendo a
mente de Ximera, bloqueando sua
transformação. Seus gritos podiam cortar o
próprio vidro das janelas.
“Ela é toda sua,” Tara disse para Starlet
e Vera. “Eu acabei por aqui.”
“Onde você está indo?”
“Não se preocupe. Em três dias, eu vou
voltar.”
“Tenha cuidado, ok?” Vera a abraçou.
“Eu vou.”
Capítulo quarenta e sete

Por que ela escolheu aquele mesmo


lugar para fugir por alguns dias?
Tara não conseguia explicar em termos
de bom senso, considerando o quão
perigoso era Crepúsculo, onde criminosos e
bastardos de todos os reinos vinham para
escapar de suas sentenças.
Uma terra fascinante cheia de magia
infestada de mal e sangue.
E ainda assim ela sentiu a necessidade
de voltar. A necessidade de tocar novamente
a grama verde do prado onde Meriel, a ninfa
amaldiçoada, vivia.
A necessidade de voltar a andar sob as
noites da Terra do Crepúsculo. Sob seu céu
estrelado negado de luas.
Se alguém lhe perguntasse por que ela
estava lá, ela só poderia responder com uma
palavra.

Roderick.

Ela queria voltar através de suas


memórias com ele. Os bons e os ruins.
“Você está aqui de novo?”
Ela se virou, encontrando o mesmo
homem para quem ela deu as moedas
quando ela chegou. A última vez que ela o
viu foi bem ali, onde eles estavam agora no
prado fresco que cercava a casa de Meriel.
Seus olhos percorreram as mãos
ossudas e os dentes podres. Seu quadro se
deteriorou novamente, revelando a fome
que sofreu
“Muito poucos oferecem ajuda em troca
da minha.” Seus lábios, rachados por falta
de água, se esticaram dolorosamente,
mostrando um sorriso feio.

“Você mudou.”

“O tempo passou,” ela disse a ele como


se fosse a resposta óbvia.
“Por que seu companheiro não está com
você?”
Tara evitou olhar para seus dentes
pretos, mirando apenas em seus olhos
fundos. “Ele está morto.”
“Uma pena. Eu apostava que ele voltaria
aqui algum dia.”
“Por que?”
“Crepusculo é uma terra onde a magia
tem vida. Onde a magia é antiga e forte, mas
às vezes vulnerável contra seres como
Cailtan.” Seus olhos sorriram com um
brilho intrigante.
Ele sabia quem Cailtan realmente era?
“Crepusculo precisava de alguém para
manter a ordem nesta terra e livrá-la da
sujeira aqui. Alguém de mente forte, que
não fosse ganancioso o suficiente para se
corromper.”
“Eu não acho que ele iria querer-“
“Só se você quisesse.” O homem sorriu
novamente.
Pequenas luzes verdes piscaram ao
redor dela. Ela enfiou o nariz no ar e inalou,
cheirando o frescor da noite, sentindo uma
estranha calma em seu coração.
“Raramente a morte trará surpresas
agradáveis”, disse o homem, e sua forma
derreteu como fumaça.
Depois disso, ela nunca foi para Vento
Noturno. O castelo onde Kian usou a
aparência de Cailtan com o feitiço fingindo
ser o Senhor do castelo
Depois de contemplar a longa noite de
Crepúsculo, ela retornou ao mundo mortal,
ficando na casa de Sorana por três noites.
E todas as noites, Roderick voltava à
vida, dizendo a ela que a amava, apenas
para desaparecer
Seus sonhos se tornaram pesadelos,
fazendo-a acreditar que o vínculo havia
renascido, apenas para abrir os olhos e
sentir o mesmo vazio.
A noite passada tinha sido o sonho mais
cruel de todos. Ele fez amor com ela
enquanto ela lhe deu seu sangue com a
intenção de que ele vivesse, olhando em
seus olhos, sentindo o vínculo crescer
novamente.
Foi um sonho cruel que a deixou com a
sensação de que o vínculo estava curado.
Mas Tara sabia melhor. O que ela estava
sentindo não era mais do que a ilusão de
um sonho.
Talvez fosse hora de ela retornar ao
Reino dos Vampiros para conhecer o novo
rei
Finalmente havia chegado o momento
em que ela não seria mais a Rainha dos
Vampiros, e a coroa de Roderick pertenceria
a outro Tara não tinha pensado muito no
que aconteceria a seguir ou que ela faria
quando a noite acabasse.
Bianca e Reeona ainda estavam
desaparecidas, e ela se sentia impotente
para fazer qualquer coisa por elas.
Seus olhos foram para o teto. Com a
mão na barriga, ela suspirou. Ela teve muito
tempo para pensar em algo.
Levantando-se, ela fez seu caminho
para o banheiro, soltando um grito quando
viu Airdan na sala.
“O que você está fazendo aqui?” Sua
raiva ressurgiu ao ver ele.
“Tara,” Airdan olhou para ela com
vergonha. “Por favor me escute primeiro.”
“Não tenho nada a dizer a você. Você
deixou sua posição clara naquele dia. Saia
daqui.
“Não seja tola, Tara.”
“Tolice?” Sua testa enrugou.
“Eu fui tolo quando implorei a Kieran e
ao Rei que me ajudassem a salvar minha
companheiro!? Me chame de tola
novamente quando você encontrar sua
companheira e ela morrer porque você não
pode fazer nada para detê-lo.
“Eu posso entender as razões-“ Airdan
se aproximou lentamente, como um leão
para sua presa.
“Você não pode entender nada, Airdan.
Você não pode entender que quando seu
companheiro morre, você morre também.
Porque não resta mais nada. Eu pensei que
você fosse meu amigo, Airdan.
“Eu te perdoei pelo que aconteceu na
Terra do Crepúsculo, quando você não fez
nada para impedi-los de enviar Sorana e eu
para sermos mortos por aquele dragão
negro. Eu entendi suas razões mais tarde.
“Porque Kian era o rei, e você tinha que
obedecê-lo. Mas eu nunca soube o quão leal
você era quando me viu implorando de
joelhos para salvar a vida do meu
companheiro. Naquele dia eu perdi tudo.
Airdan deu-lhe um longo olhar.
“Conosco, nada é o que parece, minha
querida Tara. Nos encontraremos
novamente em breve.”
Não houve desculpas. Nada.
“Ou melhor nunca.” Ela fechou a porta
do banheiro.
Quando ela saiu com uma toalha
enrolada em si mesma, ela viu um vestido
azul escuro com dezenas de pequenos
diamantes costurados no tecido.
Um pedaço de papel estava em cima.
Abrindo-o, ela reconheceu a caligrafia
de Airdan
“Um vestido para uma rainha.”
Ela olhou para o vestido com desdém,
não querendo aceitar
Qualquer coisa dele. Mas o guarda-
roupa de Sorana não possuía nada
apropriado.
Jogando o papel no lixo, ela pegou o
vestido e colocou
Ela terminou colocando um salto preto,
deixando o cabelo solto e levemente
ondulado.
O vestido era de um tecido macio que
caía lindamente em seu corpo, realçando
cada curva.
Dando uma última olhada no espelho,
ela surgiu na entrada do castelo. As portas
estavam abertas com as cores mais belas e
mágicas que o Reino oferecia.
Os vampiros que guardavam a entrada
baixaram a cabeça. “Sua Majestade.”
Ela não corrigiu o erro deles. Talvez o
tivessem feito por respeito. No entanto, ela
não se considerava mais governante do
Reino
“O Rei está esperando por você...” disse
um deles, confirmando que os clãs haviam
encontrado o novo dono da coroa.
Tara olhou para o vampiro com pele
bronzeada e olhos castanhos. Seu cabelo
ondulado estava preso em um coque curto,
e seu rosto era bonito.
“De qual clã é o Rei?” Ela queria saber
antes de conhecê-lo, temendo que se fosse
um dos clãs que estivesse contra ela, ela
usaria seu poder novamente.
“Nós estávamos esperando por você.”
Vera apareceu naquele momento.
Seus olhos estavam perfeitamente
cobertos de maquiagem, e seu vestido era
prateado, cheio de brilhos cintilantes que se
assemelhavam ao dela.

“Sua Majestade.”
Tara começou a andar novamente.
“Você não deveria mais se dirigir a mim
desse jeito, Vera. Você tem um novo Rei.”
Vera seguiu atrás dela, sem dizer mais
palavras.
“Você está muito quieta hoje. Qual é o
problema? O novo rei não é do seu agrado?”
Ela olhou de lado para ela.
“Ainda estou decidindo se gosto dele ou
não. Ele é muito possessivo com sua
companheira. Seu rosto, embora justo, tem
a marca da indiferença nele.” Vera
respondeu.
Uma sensação estranhamente estranha
percorreu suas costas, como um
formigamento que despertou cada fibra de
seu corpo. Mas ela ignorou
Tara parou. “Quem é a companheira
dele?”
“Outra que ainda estou decidindo se
gosto ou não.”
Tara soltou uma zombaria e balançou a
cabeça. “É melhor você decidir
rapidamente, porque eles serão os novos
governantes.”
“Acredite em mim, tempo é o que temos
de sobra.”
Quando ela chegou à sala onde todos
estavam esperando, as portas se abriram, e
ela encontrou todos em silêncio. Alguém
estava atrás dela, e uma sensação de calor
percorreu sua espinha.
Todos estavam olhando para trás dela.
Tara olhou para a cadeira do Rei. Estava
vazio.
Seus arredores de repente ficaram
escuros. Sombras negras como fumaça
construíram um manto ao redor dela,
escondendo-a de todos.
Seu coração pulou uma batida, e
lágrimas encheram seus olhos quando ela o
sentiu. Mãos agarraram sua cintura, e seus
lábios beijaram a pulsação em sua
garganta. Não era possível, e ainda assim...
Ela se virou e encontrou o mesmo rosto
que tinha visto em seus sonhos.
Suas mãos cobriram suas bochechas,
enxugando as lágrimas que caíam. Roderick
beijou suas pálpebras e depois a ponta de
seu nariz.
“Minha Tara.” Sua boca desceu para a
dela em um beijo lento e devotado. Que de
repente se tornou um voraz, profundo.
Roderick era real. Não um sonho... ele
estava lá em carne e osso, beijando-a.
Seus braços musculosos a envolveram
possessivamente enquanto sua língua
roçava a dela.
Quebrando o beijo, mas não o soltando,
a testa pressionada contra a dela, ela queria
saber. “Eu senti tanto sua falta.”
As formas negras recuaram, e Tara
notou que todos estavam agora olhando
para eles.
Ela procurou o olhar de Roderick
“Parece que ninguém queria me desafiar
pela coroa”, ele sussurrou em seu ouvido
com um sorriso.
“Você é o Rei que Vera falou.” Sua boca
se desenhou em um sorriso que alcançou
seus translúcidos olhos verdes.
Tara procurou sua amiga, encontrando-
a ao lado de Iulian. Vera assentiu com um
sorriso.
“Vamos sair daqui.” A voz de Roderick
fez sua pele corar. E ela se deixou levar em
suas sombras escuras.
Emergindo em seu quarto, ele pegou
sua boca novamente.
“Eu pensei que tinha perdido você.”
“Eu estou aqui agora, e eu nunca vou
sair de novo. Eu prometo.”
Roderick a carregou para o sofá e a
sentou em seu colo. Sua mão acariciou suas
costas, e seu rosto enterrado na base de seu
pescoço, traçando beijos em sua garganta.
“Por que você demorou tanto para
voltar?”
Ela sentiu frio quando ele puxou a boca
para longe de sua garganta, eventualmente
encontrando seus olhos.
“A Rainha Demônio aparentemente
ainda não sabe como controlar o poder do
Abismo.
“E quando ela usou seu poder em mim,
demorou mais do que o normal. Vamos
apenas dizer que quando o Rei Demônio
retornou, foi ele quem completou a cura.”
Tara estendeu a mão e tocou seu rosto,
olhando em seus olhos. “Eu te amo. Mais do
que tudo neste mundo. Eu nunca mais
quero me separar de você a partir deste
momento.”
Seus lábios beijaram os dela
suavemente. “Bom. Porque eu nunca
pretendo deixar você ir. Você é minha, Tara.
Só minha.”
Ele pegou uma de suas mãos e beijou
seus dedos. “O que é isto?” ele perguntou
quando notou uma das pulseiras de ouro.
“É uma longa história.” Ela suspirou.
“Eu prometo que vou te dizer mais tarde.”
“Você está bem?” Ele tocou a pulseira
novamente. “Você não está em perigo com
isso?”
Seu lábio se ergueu em um meio sorriso
quando ela balançou a cabeça. “Não. Estou
Banida.. Esses...”
Ela gesticulou para as pulseiras. —São
apenas o castigo que o Rei Unseelie me
impôs. Proibindo-me de retornar ao Reino.
Mas não quero falar sobre isso agora.
“E o que você quer?” Ele moveu uma
mecha de seu cabelo para o lado,
colocando-a atrás da orelha.
“Você. Só você. Todo o resto pode
esperar.”
Seus lábios pressionaram com força
contra os dela, e Tara se rendeu à sua
paixão.
“Eu te amo”, ele sussurrou em seu
ouvido depois de um beijo.
Afinal, o mundo poderia esperar mais
algumas horas.

Fim do Livro Quatro

Continua....

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