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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR

CAMPUS CASCAVEL
CURSO DE DIREITO

ARTIGO CIENTÍFICO

DIREITO DESPORTIVO

Artigo Científico submetido à Universidade


Paranaense – UNIPAR, Campus Cascavel,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Direito.

Aldino Jorge Bueno R.A. 4.080

Cascavel
2007
Autor:

Nome: Aldino Jorge Bueno


Curso: Direito RA: 4080
CPF: 036160099-28 RG: 6.994.689-5
End. Res: Rua Lions Club, 294 – Jd. Maria Luiza
Fone: 3225-0697 Email: [email protected]

Professor(a) Orientador (a):

Nome: Fabíola Marese de Freitas


Email: [email protected]
Coordenadora do Curso de Direito da UNIPAR

2
DIREITO DESPORTIVO1

Aldino Jorge Bueno2

Fabíola Marese de Freitas3

RESUMO: O presente artigo objetiva buscar uma compreensão maior do que é o


Direito Desportivo, e a sua amplitude e desafios, e por conseqüência, atentar para a
importância da atuação da Justiça Desportiva no atual momento, complexo, das relações
existentes no âmbito desportivo. Desde logo, vem este artigo tentar auxiliar na
introdução ao estudo do Direito Desportivo, haja vista, que apesar de excelentes
trabalhos já publicados, ser, muito escassa a bibliografia brasileira acerca deste tema.
Dificultando assim, o acesso a este novo mundo do Direito, pois é inegável, o destaque,
cada vez maior, que o direito desportivo e a atuação da justiça desportiva têm ganhado
em nosso meio, tanto de mídia, como profissional e por conseguinte acadêmico.

1
Artigo científico apresentado como requisito parcial da avaliação para obtenção do título de Bacharel
em Direito na Universidade Paranaense – UNIPAR, Campus de Cascavel.
2
Acadêmico de Direito da Universidade Paranaense – UNIPAR, Campus de Cascavel.
3
Professora Coordenadora do curso de Direito da Universidade Paranaense – UNIPAR, Cascavel

3
DIREITO DESPORTIVO

INTRODUÇÃO

Em tempos como o de hoje, em que o Brasil vive intensamente a realização de


um grande evento esportivo em nosso país, fica ainda mais evidenciado, a vocação
natural, que o nosso povo tem para a prática esportiva. Tanto é verdade que em nossa
Carta Magna foi garantido como dever do Estado, fomentar a prática do Desporto.

Deve-se considerar que o Esporte, está cada vez mais globalizado e


profissional, tornando as disputas esportivas, em suma, grandes negócios. Daí se faz
necessário, termos regras claras e justas, regendo este novo mundo de negócios, que se
tornou o esporte. Esses acontecimentos nas práticas desportivas foram acompanhados,
como não poderia deixar de ser, também pelo Direito.

Tendo o Direito Desportivo, cada vez mais destaque, tanto no ramo


profissional como acadêmico, entendemos ser, de grande importância, tentar
compreender melhor, como funciona e como está constituído o ordenamento jurídico do
desporto nacional, e por conseguinte, identificarmos os desafios que o Direito
Desportivo deve enfrentar para aprimorar a atuação da Justiça Desportiva, e ter também,
o seu devido reconhecimento pelo mundo jurídico.

Estudar os problemas e as soluções do Direito Desportivo Brasileiro, bem


como a atuação da Justiça Desportiva, é uma tarefa árdua, pois mesmo o esporte sendo
um campo de paixões e de progresso para a cultura, a educação, a política e a economia
do nosso país, o Direito Desportivo nacional é altamente reduzido, dificultando o
trabalho, não apenas dos operadores de direito especializados nesta área, mas também a
vida dos próprios estudantes de direito, que poderiam se interresar por este campo de
trabalho, que está cada vez mais ampliado.

4
1 O que é o Direito Desportivo e a atuação da Justiça Desportiva.

Para melhor se entender o que é o direito desportivo, é de grande valia,


observar o que nos ensina Mello Filho (1996, p.6 ), que conceitua Direito Desportivo
“como sendo o conjunto de técnicas, regras, instrumentos jurídicos sistematizados, que
tenham por fim disciplinar os comportamentos exigíveis na prática dos desportos em
suas diversas modalidades.”

Importante ressaltar a característica do Direito Desportivo de ser um “direito


misto”, pois atua tanto no campo do direito privado, com normas de Direito Civil,
Trabalhista e Comercial, quanto no campo do direito público.

O fato de ser, o direito aplicável ao desporto, único e peculiar, é inegável.


Melo Filho (1996,p.15), nos ensina ainda que “ o desporto é, sobretudo, e antes de tudo,
uma criatura da lei. Na verdade, não há nenhuma atividade humana que congregue tanto
o direito como o desporto: os códigos de justiça desportiva, as regras de jogo,
regulamentos de competições, as leis de transferências de atletas, os estatutos e
regimentos das entidades desportivas, as regulamentações do doping, as normas de
prevenção e punição da violência associadas ao desporto, enfim sem essa normatização
o desporto seria caótico e desordenado, à falta de uma regulamentação e de regras para
definir quem ganha e quem perde.”

A constituição de 1988, reconheceu a existência da justiça desportiva, e ainda


estabeleceu um limite formal de conhecimento dos litígios desportivos, sendo que estes,
só poderão ser matéria de análise do poder judiciário comum, quando estiverem
esgotadas as instâncias da justiça desportiva. Senão vejamos:

Art. 217 da CF. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais


e não formais, como direito de cada um, observados:
(...)

5
§ 1º O Poder judiciário só admitirá ações relativas a disciplina e as
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da Justiça
Desportiva, regulada em lei.

A lei Pelé (9.615/98), dividiu a organização do desporto nacional entre as


entidades de direito público, que são responsáveis pela organização do desporto, e as
entidades de direito privado, encarregadas da coordenação, da administração, da
normatização, do apoio e da prática do desporto, assim como as incumbidas da Justiça
Desportiva, formando assim o Sistema Nacional do Desporto.

Paulo Schimitt (2005, p.7), nos ensina que a justiça desportiva pode ser
conceituada como o conjunto de instâncias desportivas autônomas e independentes das
entidades de administração do desporto, dotadas de personalidade jurídica de direito
público ou privado, com atribuições de dirimir os conflitos de natureza desportiva e de
competência limitada ao processo e julgamento de infrações disciplinares definidas em
códigos desportivos.

Importante ressaltar, como observa o Código Brasileiro de Justiça Comentado,


da Ed. Quartier Latin, (2006, p.18) que a Justiça Desportiva não pertence ao Poder
Judiciário. Pois os órgãos do Poder Judiciário gozam de prerrogativas e envergam
atribuições específicas e delimitadas pela Constituição.

Já os tribunais de justiça desportiva constituem unidades autônomas


vinculadas as entidades de administração do desporto, que por definição da Lei Pelé,
são pessoas jurídicas de direito privado. Portanto a justiça desportiva tem natureza
privada e deve seguir a estrutura imposta pela Lei nº 9.615/98 ( Lei Pelé)

Levando-se em conta as particularidades do litígio desportivo, podemos


afirmar que a justiça desportiva é a melhor forma para a solução destes conflitos, pois
permite a custos mínimos, de forma eficaz, e respeitando os princípios inerentes ao
devido processo legal, a solução rápida e devidamente fundamentada.

6
2 O Direito Desportivo na História.

Para melhor compreender-se o papel do direito desportivo nos dias de hoje, é


importante observarmos a sua evolução na história.

O desporto sempre necessitou de normas e regras para a sua realização, e isto


fez com que ele fosse uma das primeiras manifestações do direito no mundo. Importante
também ressaltar que o desporto possui por si só, uma particularidade que muito
contribuiu para a sua inserção no mundo jurídico: o poder de auto regulamentação. Pois
sabemos que a disputa esportiva por mais simples e desorganizada que seja, necessita
que as regras do jogo sejam estabelecidas.

O direito desportivo como ciência é muito recente na história. Entretanto,


desde a antiguidade, já havia leis que regulavam as disputas. Em cima disto, afirma José
Afonso da Silva (2001, p.23), que a legislação desportiva tem suas mais longínquas
origens incrustadas nas regras que os povos primitivos aceitaram como sagradas e
cumpriam escrupulosamente, até porque, os jogos nunca perderam as ligações que os
reuniam às cerimônias religiosas, terminando sempre como um culto a um Deus ou a
um Herói.

Na Grécia Antiga, as normas que organizavam as disputas, em que hoje


identificamos como direito desportivo, eram submetidas à apreciação dos sábios e
filósofos.

Na Idade Média as normas desportivas carregavam um caráter mais ético-


religioso, devido a relação Estado-Religião na época.

No Renascimento, o desporto voltou a representar, em muitas vezes, a disputa


pela honra, pois muitos atletas colocavam a própria vida em jogo, por exemplo, em
duelos de armas. Importante ressaltar aqui, que as normas que regulamentavam estas
disputas eram muito claras e rígidas, e que a sua inobservância, mesmo em caso de
vitória, significava ao individuo o declínio total da glória e de sua honra.

7
Na Idade Moderna, os estudantes universitários, principalmente os Ingleses,
deram uma nova amplitude para as normas desportivas. Estabeleceram de forma escrita
e codificada regras universais para o esporte, principalmente ao futebol, que veio a ser o
primeiro esporte que teve unicidade de regras em âmbito mundial. Podemos, então
afirmar, que a Inglaterra foi o berço da legislação positiva do desporto.

Para se ter uma idéia de como o direito desportivo, como ciência é recente, a
expressão Direito Desportivo foi empregado pela primeira vez por Suglia em Milão, no
ano de 1929, e desde 1940 em Roma, publica-se a Rivista di Diritto Sportivo

No Brasil, na história da legislação desportiva, se percebe a falta de diplomas


legais, que organizasse as atividades, o que ocasionou em muitas vezes, a necessidade
de se utilizar legislações de outros ramos para julgar os litígios desportivos.É fato,
também que a legislação brasileira do desporto cresceu de forma desordenada em nosso
país.

Para se compreender a evolução do nosso direito desportivo, Marcilio Ramos


Krieger (1999, p.03-07), divide em três períodos distintos a história das normas
desportivas. O primeiro período vai de 1932 a 1945, e que é marcado por uma fase de
destaque da educação física, pois, com o pensamento fascista implantado em nosso país,
acreditava-se que através da prática desportiva, se obtinha a “evolução da raça”. As
normas referentes ao desporto implementadas nesta época, eram claras cópias da
legislação Italiana.

No segundo período, que vai da década de 50 até a década de 80, uma nova
fase foi instalada na legislação desportiva brasileira, todavia as normas sobre o nosso
desporto, mantiveram uma visão autoritária e intervencionista do Estado em relação ao
desporto.

O último período vai desde a promulgação da constituinte de 1988 até os dias


atuais. A própria Constituição Federal de 1988, marcou nova fase para o nosso Direito
Desportivo, com os inúmeros dispositivos que tratam do desporto. Dando assim, um
caráter totalmente diferenciado do que tinha até então o desporto, podendo-se agora
verificar uma prevalência da iniciativa privada sobre o controle do Estado.

8
3 Princípios do direito desportivo

Como todas as demais áreas do Direito, a legislação desportiva atende a um


conjunto sistematizado de princípios e normas, reunidos de forma coordenada e lógica.
Os princípios que orientam o regime jurídico desportivo nos ajudam a entender o
espírito das leis, e a sua inobservância na interpretação das normas, pode gerar a
nulidade do processo desportivo, como nos ensina Paulo Schimitt, (2006, p.11).

A relevância da existência de princípios, norteando e sustentando todo o


sistema jurídico desportivo, é tanto, que o próprio Código Brasileiro de Justiça
Desportiva, elenca um rol de princípios orientadores. Senão vejamos:

Art.2º do CBJD. O presente código observará os seguintes princípios:

I- ampla defesa;
II- celeridade;
III- contraditório;
IV- economia processual;
V- impessoalidade;
VI- independência;
VII- legalidade;
VIII- moralidade;
IX- motivação;
X- oficialidade;
XI- oralidade;
XII- proporcionalidade;
XIII- publicidade;
XIV- razoabilidade;

Para melhor compreensão da abrangência, que cada um destes princípios tem


no âmbito do direito desportivo, é interresante observar o que nós ensina acerca destes
princípios o Código Brasileiro de Justiça Comentado, da Ed. Quartier Latin (2006, p.24-
29):

O princípio da Legalidade é pressuposto de um Estado de Direito, e de uma


sociedade estável e organizada. Para o regime jurídico desportivo, a legalidade é quem
configura e rege a harmonia no sistema coeso de princípios e normas.

9
O princípio da Moralidade no ordenamento jurídico desportivo, consiste em
garantir que serão observados os valores basilares da prática desportiva, como o
congraçamento, a competitividade, a socialização e o respeito entre os competidores e
às leis e regras da competição.

O princípio da Publicidade garante no âmbito da Justiça Desportiva, a


transparência e a publicidade dos atos e comportamentos. É evidente, que nos casos
excepcionais previstos em lei, é garantido o sigilo. Mas em suma, as instâncias
desportivas têm o dever de divulgar os seus atos para dar-lhes conhecimento geral,
assegurando o direito à informação de todos os interresados.

O princípio da Impessoalidade decorre do tratamento isonômico que a Justiça


Desportiva deve dispensar a todos os participantes dos eventos esportivos, independente
se o denunciado é dirigente, organizador, coordenador, árbitro, atleta ou até mesmo
membro da própria instância desportiva.

O princípio da Oficialidade permite que a Justiça Desportiva promova a


responsabilidade daqueles que transgrediram determinada norma disciplinar, sem a
necessidade da manifestação antecipada das partes envolvidas, ou seja, a Justiça
desportiva pode de ofício tomar atitudes em casos de relevância para o ordenamento
desportivo.

Os princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, tem, assim como em outros


ramos do direito, uma grande importância no ordenamento jurídico desportivo. Pois ele
garante que mesmo obrigado, pela própria natureza, a proferir decisões rápidas e com a
celeridade processual inerentes às competições desportivas, a instância desportiva deve
permitir que o acusado tenha todas as condições de defesa.

O princípio da Oralidade permite que alguns atos da Justiça Desportiva, sejam


feitos de forma oral, para garantir a rapidez que muitas vezes as peculiaridades das
competições desportivas necessitam. Todavia, alguns atos dependem da forma escrita
como os termos de citação, intimação, denúncia.

10
O princípio da Economia Processual visa no ordenamento jurídico desportivo,
evitar que atos desnecessários sejam praticados, ocasionando assim uma maior
morosidade na Justiça Desportiva.

O princípio da Motivação, obriga que as decisões adotadas pela Justiça


Desportiva devem ser legalmente fundamentadas de fato e de direito. Isso visa oferecer
ao denunciado a possibilidade de conhecer as razões, de uma denúncia ou decisão,
contra si.

O Princípio da Independência assegura, que, mesmo que a Justiça Desportiva


esteja vinculada de forma econômica às entidades de administração do desporto, pois
estas têm a obrigação de manter a estrutura daquela, ela deve atuar com independência
total.

O principio da razoabilidade exige que os membros da Justiça Desportiva


atuem com ponderação, bom senso e prudência em seus julgamentos. Esta conduta é tão
importante para o direito desportivo, que Melo Filho (1995,p.16), afirma que: “O
grande desafio da Justiça Desportiva é impedir que a razoabilidade exigida da Justiça,
não seja comprometida pela emocionalidade inerente ao Desporto.”

Como já dito anteriormente, entender o papel dos princípios no ordenamento


jurídico desportivo, facilita a interpretação do mesmo. Inclusive sendo possível assim,
preenchermos as lacunas existentes em nossa legislação desportiva.

4 Das fontes positivas do Direito Desportivo

O Direito Desportivo tem como fontes a Constituição Federal, as leis


ordinárias e complementares, os Códigos de Justiça Desportiva, e as resoluções a atos
normativos das entidades, nacionais ou internacionais, competentes.

É válido ressaltar, que dentro das inúmeras legislações existentes para o


ordenamento jurídico desportivo, devemos destacar o Código Brasileiro de Justiça
Desportiva, a Lei Geral sobre o Desporto nº 9.615/1998, a chamada lei Pelé, a Lei nº

11
10.673/2003, conhecida como Estatuto do Torcedor, e claro, a própria Constituição
Federal.

A constituição de 1988 reconheceu a Justiça desportiva e tratou de normas


gerais o desporto e sua justiça, esperando assim, normas especiais para regulamentar o
ordenamento jurídico desportivo.

A lei Pelé, como uma norma especial, tratou de regulamentar o desporto


nacional e a justiça desportiva, atribuindo assim o espaço, as obrigações e deveres de
cada uma das entidades pertencentes ao Sistema Nacional do Desporto.

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva, estabeleceu a organização da


Justiça e o rito do processo desportivo, estabeleceu ainda que todas as entidades
pertencentes ao Sistema Nacional do Desporto, estão sob a égide do CBJD. Devemos
ressaltar ainda, que é o Conselho nacional do Esporte quem aprova os Códigos de
Justiça Desportiva, bem como suas alterações.

5 Da organização da Justiça Desportiva

A lei Pelé, Lei nº 9615/98, como já dito, regulamentou e delimitou a atuação


da Justiça Desportiva, como por exemplo podemos observar no art. 52º:

Art. 52º. Aos Tribunais de Justiça Desportiva, unidades autônomas e


independentes das entidades de administração do desporto de cada
sistema, compete processar e julgar, em última instância, as questões de
descumprimento de normas relativas à disciplina e às competições
desportivas, sempre assegurados a ampla defesa e o contraditório.

Por sua vez, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, tratou de organizar a


estrutura da Justiça Desportiva, senão vejamos:

12
Art. 3º. São órgãos da Justiça Desportiva, autônomos e independentes das
entidades de administração do desporto, com o custeio de seu
funcionamento promovido na forma da Lei:
I- O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com a
mesma jurisdição da correspondente entidade nacional de administração
do desporto;
II- Os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), com a mesma
jurisdição da correspondente entidade regional de administração do
desporto;
III- As Comissões Disciplinares (CD), colegiado de primeira
instância dos órgãos judicantes mencionados nos incisos I e II dispensável
deste artigo.

Neste estrutura hierárquica o STJD é o órgão máximo da Justiça desportiva,


enquanto os TJDs são órgãos de primeira instância com jurisdição regional. Por sua vez
as Comissões disciplinares correspondem a primeira instância tanto no STJD, quanto
nos TJDs.

O Superior Tribunal de Justiça é composto por nove membros, que são os


auditores. A indicação destes membros é feita de forma dividida, eles são indicados
pelas correspondentes entidades que organizam o desporto, pelas entidades que
praticam o desporto, pelos representantes dos árbitros, e pelo Conselho Federal da
OAB.

Os Tribunais de Justiça Desportiva, também são composto por nove auditores,


e suas indicações atendem a mesma forma que é feita ao STJD.

As Comissões Disciplinares, tanto no STJD, quanto no TJD, são compostas


por cinco membros, indicados pelos órgãos judicantes. Importante, também ressaltar
que poderão ser criadas quantas Comissões Disciplinares for necessária, para o devido
funcionamento do órgão julgador. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva em seu art.
16º, veda a possibilidade de algumas pessoas de exercerem função na Justiça
Desportiva, em especial aos membros do Conselho Nacional do Esporte, os dirigentes

13
das entidades de administração do desporto, assim como os dirigentes das entidades de
prática do desporto.

Nos órgãos judicantes, existe a distribuição de funções para administrar o


órgão e julgar os processos, as principais funções são a Presidência, a Procuradoria
Geral e a Secretária.

Os Presidentes dos tribunais, tanto do STJD, como no TJD, são os


responsáveis pelo bom andamento do trabalho das inúmeras comissões, e do órgão
como um todo. De forma resumida cabe ao Presidente determinar a pauta de julgamento
dos processos, marcando dia e hora das sessões, conduzir os trabalhos e nomear o
auditor relator do processo.

A procuradoria exerce um importante papel na justiça desportiva, pois dela é a


função de promover, de denunciar, de buscar a responsabilização daqueles que
infringirem as normas desportivas. Podemos até afirmar que a procuradoria tem papel
semelhante ao que o Ministério Público exerce em relação à justiça comum. Para
melhor entendermos a função da procuradoria na justiça desportiva, devemos observar o
que ensina Marcílio Krieger (1999, p.14): “A procuradoria, na Justiça Desportiva, é
quem toma a iniciativa para que o processo se concretize, e o faz através da denúncia. É
o órgão a quem incumbe intentar a ação penal disciplinar correspondente à infração
praticada, promovendo os termos acusatório necessários”. Os procuradores são
escolhidos pelo respectivo órgão judicante (STJD ou TJD).

As secretarias dos Órgãos judicantes, são as responsáveis pela parte


administrativa dos órgãos, e também, pela execução do serviço cartorial dos atos e
termos processuais.

6 Da Competência da Justiça Desportiva

Sobre a competência da Justiça Desportiva, não podemos confundir sua


abrangência, pois a ela, foi dado o poder de jurisdição acerca apenas das questões
relativas a disciplina e a conduta nas competições desportivas. Importante ressaltarmos

14
que Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé), determina a competência dos órgãos da Justiça
Desportiva. Vejamos o Art. 50º da Lei:

Art. 50º. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça


Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações disciplinares
e às competições desportivas, serão definidas em códigos desportivos,
facultando-se as ligas constituir seus próprios órgãos judicantes
desportivos, com atuação restrita às suas competições.”

O nosso Código Brasileiro de Justiça Desportiva trata de forma muito clara a


competência de cada órgão judicante do sistema jurídico desportivo e estabelece que
todas as entidades pertencentes ao Sistema Nacional do Desporto, bem como seus
filiados direta ou indiretamente, devem se submeter à Justiça Desportiva.

Devemos ter clara, a noção de espaço de atuação da justiça desportiva, pois a


própria Constituição limitou de forma bem especial a competência da justiça desportiva
ao campo da disciplina e das competições desportivas. Sendo que, mesmo as ações
relativas à disciplina e às competições desportivas poderão submeter-se ao Poder
Judiciário após esgotarem-se as instâncias da Justiça Desportiva.

Ressalte-se ainda, que nem todas as ações inerentes ao mundo desportivo


deverão ser julgados pela Justiça Desportiva, muito pelo contrário, pois, como já dito,
apenas as questões relativas a disciplina e conduta desportiva poderão ser apreciadas
pela Justiça Desportiva. Não há de se pensar, que outras questões, que envolvam as
entidades pertencentes ao Sistema Nacional do Desporto, como relação de trabalho,
divisão de rendas com a previdência, questões financeiras do clube, enfim, nenhuma
outra questão, que não seja sobre disciplina e conduta nas competições desportivas, será
de competência da Justiça Desportiva.

Para finalizar este entendimento, deve-se observar o que Melo Filho (1996,
p.34), compreende como ações relativas à disciplina e conduta nas competições
desportivas. “Ações relativas às competições desportivas são as condutas comissivas ou
omissivas que importem em desrespeito, descumprimento ou perturbação às regras

15
oficiais de jogo ou ao desenvolvimento normal da atividade competitiva, desde que tais
faltas e sanções estejam previstas nos Códigos de Justiça Desportiva.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desporto sempre teve papel de destaque na evolução da história, como já


vimos, desde a antiguidade existiam formas de disputas esportivas, onde muitas vezes o
perdedor pagava com a própria vida. Todavia, com o desenvolvimento progressivo da
prática desportiva, houve a evolução natural das formas de disputas e das organizações
esportivas.

Este desenvolvimento desportivo, trouxe uma série de novidades e


modificações nas relações entre aqueles que competem, aqueles a quem os atletas
representam e os que organizam tais competições. E quando há um inter-relacionamento
entre diversos agentes, assim como em outros ramos da vida humana, há a necessidade
da presença do ordenamento jurídico para regular tal relação, pois, como já constatado,
a prática desportiva esta cada vez mais ligada a interesses econômicos de grandes
mercados consumidores deste lazer.

O direito desportivo em nosso país vem progressivamente ganhando destaque,


muito graças ao fato que o próprio desporto foi guindado à esfera de proteção
constitucional na carta de 1988. É fato, que a legislação desportiva ainda é um pouco
escassa no Brasil, todavia já foi dado passos importantes no sentido de dar, o devido
embasamento legal para as relações existentes no mundo desportivo, como é o caso da
Codificação moderna dada a atuação da Justiça Desportiva, no CBJD, devemos ressaltar
também, leis importantes para o ordenamento Jurídico Desportivo, como é o caso da
própria Lei Pelé, da Lei do Estatuto do Torcedor, da Lei 9.532/97 que tratou dos
tributos aplicáveis ao Desporto, da Lei nº 6.354/76 que regulamentou as relações de
trabalho do atleta profissional, dentre outras que formam o ordenamento jurídico
desportivo nacional.

Evidente que o direito desportivo, ainda deve superar inúmeros obstáculos,


para, de fato se consolidar e ter o devido reconhecimento do mundo jurídico, pelo

16
importante papel que representa para sociedade, atuando como regulador, das relações,
cada vez mais complexas, que tem se estabelecido no esporte. Para tanto, é necessário
que o nosso Direito Desportivo, passe pela formação de uma unidade sistemática de
princípios e normas, identificadores e peculiares de uma realidade, distinta das demais
ramificações do Direito.

Contudo, a sociedade não pode negar, que o aperfeiçoamento da Justiça


Desportiva e do Direito Desportivo, já se reflete, de maneira nítida e positiva, no
comportamento de todos os envolvido nas competições desportivas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Código Brasileiro de Justiça Desportiva Comentado, São Paulo: Quartier Latin.


2006.

KRIEGER, Marcílio César Ramos. Lei Pelé e legislação desportiva anotadas. Rio de
Janeiro: Forense, 1999.

MELO FILHO, Álvaro, Direito Desportivo atual. Rio de Janeiro: Forense,1996. P2

MELO FILHO, Álvaro. O desporto na ordem jurídica constitucional brasileira, São


Paulo: Malheiros, 1995.

SCHMITT, Paulo Marcos. Regime Jurídico e Princípios do Direito Desportivo. São


Paulo: IBDD. 2005.

SILVA, José Afonso da. Novo regime Jurídico do Desporto. Brasília; Brasília
Jurídica, 2001. p.177.

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