CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
STEBAN
“SEMINÁRIO TEOLÓGICO
EVANGÉLICO BATISTA
NACIONAL”
CURSO BÁSICO EM TEOLOGIA
TEONTOLOGIA
01
DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA:
Teologia sistemática é menos narrativa, menos história, menos dados
de pesquisa. É o estudo das coisas de Deus de uma maneira sistemática e
ordenada, onde não apenas consideramos o que esse e aquele texto dizem,
mas onde consideramos tudo o que a Palavra diz sobre a revelação,
inclusive a escrita (Bibliologia), depois tudo o que a Palavra nos diz sobre
quem Deus (Teologia Própria ou Doutrina de Deus, ou ainda
Teontologia) depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem é Jesus
(Cristologia), e depois quem é o Espírito Santo (Paracletologia ou
Pneumatologia), depois, a teologia sistemática prossegue para considerar a
doutrina do homem (Antropologia Religiosa), do pecado
(Hamartiologia), dos Anjos (Angelologia), da salvação (Soteriologia), da
Igreja (Eclesiologia) do fim dos tempo (Escatologia). Teologia
sistemática é uma maneira de olhar para a revelação de Deus que
fortemente afirma a coerência e consistência de tudo o que Deus revela.
DEFINIÇÃO DE TEONTOLOGIA/TEOLOGIA
PRÓPRIA OU DOUTRINA DE DEUS:
É um locus (área de estudo) da Teologia sistemática que estuda sobre
Deus, mais especificamente, sobre Deus Pai. Não supõem que seja uma
descrição exata do ser de Deus. Apesar de levantar e tentar responder
questões a seu respeito.
A Palavra Teontologia tem o seguinte significado: Teo/Théos = Deus,
onto/ontos = ente ou ser e logia/logos = estudo ou tratado.
O TEÓLOGO A.B. LANGSTON DAR A SEGUINTE
CONCEITUAÇÃO DE DEUS, pois ele diz que DEUS não pode ser
“definido”, pois ELE é infinito, mas se pode conceituá-lo >>
“DEUS É ESPIRITO PESSOAL, PERFEITAMENTE BOM,
QUE, EM SANTO AMOR, CRIA, SUSTENTA E DIRIGE TUDO”
1.2
STEBAN–SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BATISTA NACIONAL
OUTRAS DEFINIÇÕES (CONCEITUAÇÕES) DE DEUS:
1) Definição (conceituações) Filosófica de Platão: Deus é o começo, o
meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a
causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente,
onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e
bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a
fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e,
especialmente, a causa de todo o bem.
2) Definições (conceituações) Bíblicas: As expressões "Deus é
Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz " (IJo.1:5), são expressões da
natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é
amor" (IJo.4:7) é expressão de Sua personalidade. (ITm.6:16) A
Bíblia não dá nenhuma definição de Deus. Deus não pode ser
definido pelo homem. ´(PROVA )
A Bíblia não se preocupa em apresentar provas da existência de Deus.
Para ela a existência de Deus é um fato. Deus não pode ser provado pela
argumentação racional do homem. As provas são assunto de filosofia.
A Bíblia não apresenta Deus como um ser de atributos. O Deus
apresentado na Bíblia é uma pessoa. O capítulo dos atributos de Deus é de
origem filosófica.
Uma definição normalmente aceita pelos evangélicos: Deus é Espírito
Pessoal, perfeitamente bom que, em Santo Amor, cria, sustenta e dirige
tudo
I) A ESSÊNCIA DE DEUS: A idéia Cristã de Deus:
1- E’LE É ESPÍRITO PESSOAL. Deus é um ser que sabe, que
sente, que tem vontade própria.
Não há necessidade de uma definição de espírito, se dermos valor aos
poderes espirituais que temos, isto é, aos poderes de pensar, amar e querer.
O espírito é um ser real, verdadeiro, mas invisível. É constituído dos
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poderes de pensar, sentir, querer, e ainda os de consciência própria e
direção própria.
O ensinamento da Bíblia é que Deus é Espírito. No Antigo Test., as
vezes, Deus se apresenta debaixo de certas formas, mas nunca se confunde
com a matéria ... e importa que os seus adoradores, o adorem em espírito e
em verdade.
Deus é espírito perfeito, Seus pensamentos são perfeitos, seus
sentimentos puríssimos sua vontade Santa, sua consciência própria e
absoluta sua determinação própria. Em Deus não há desequilíbrio entre os
poderes de pensar, sentir e querer. Cada um deles ou todos juntos,
desempenham de maneira perfeitíssima as suas funções.
Cada ato de uma pessoa exige a ação proporcional de cada uma dessas
faculdades. Numa pessoa que se deixa dominar pelos sentimentos, todos os
seus atos se orientam pela paixão. Noutra predomina o poder de pensar, e
ainda noutra, o de querer: operando estes poderes desarmonicamente, só
podem levar a pessoa a produzir atos imperfeitos. EM DEUS NÃO É
ASSIM.
Nele todos estes poderes são equilibrados e harmônicos. Deus como
Espírito tem todos os poderes se um espírito no mais alto grau de perfeição.
Deus é perfeito.
2- E’LE É PESSOAL. Se Deus fosse impessoal como ensina a filosofia
panteísta, não poderia haver religião, nem moral perfeita. Para ambas é
indispensável haver relações pessoais entre Deus e o homem, e estas seriam
impossíveis na hipótese panteista. Como adorar um ser inconsciente? E
como poderia este receber o culto e julgar os atos morais dos homens?
Quando nos referimos a Deus como pessoa, nos referimos a um Ser
que pensa, sente, quer e que tem ainda mais, o poder de consciência própria
e de direção própria. ESPÍRITO PESSOAL É UM ESPÍRITO
CONTITUÍDO DESSES PODERES. (PROVA )
3- E’LE TEM CONSCIÊNCIA PRÓPRIA. Quer dizer o poder que a
pessoa tem de estar cônscia de si mesma. Este poder de conhecer-se a si
mesmo é peculiar a um espírito, a uma pessoa. Tal faculdade não a possui
nenhuma criatura de Deus, a não ser o homem. A consciência própria é
perfeita em Deus , Deus conhece a si mesmo o mais perfeitamente
possível. Ele conhece o seu interior e exterior, em todas as relações
imagináveis, nunca houve, nem há e jamais haverá surpresa alguma para
Deus em relação a si mesmo. Ele conhece a sua própria vontade. Deus sabe
o que era, o que é, e o que há de ser. O conhecimento que Deus tem de si
mesmo é perfeito. um espírito pessoal é então, um ser constituído dos
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poderes de saber, querer e sentir e o poder de conhecer-se a si mesmo
4- E’LE TEM DIREÇÃO PRÓPRIA. A Segunda qualidade de um
espírito pessoal é direção própria. Este poder baseia-se no poder de
conhecimento próprio.
Só um ser que conheça a si mesmo é que está em condições de dirigir-
se, de ter direção própria. Direção própria quer dizer que a pessoa se dirige
a si mesmo e não é dirigida por outra. Quer dizer que a pessoa é autônoma.
Tudo o que é necessário à direção própria acha-se dentro da própria pessoa.
A direção própria em Deus é uma benção absoluta. Nenhuma
circunstância exterior determina ou influi nos planos ou nos atos de Deus.
Nele mesmo está o motivo e a explicação de tudo o que faz. O motivo de
tudo quanto Deus faz está nele mesmo. Jesus diante de seus algozes é um
exemplo disso. Ele nunca perdeu a serenidade e a direção própria. Se
alguém vos bater numa face, virai-lhe também a outra.
5- DEUS É PERFEITAMENTE BOM. O bom em Deus é perfeito: Nada
há de mais nem de menos em seu caráter. Deus não é bom para alguns e
mau para outros. Ele é o mesmo para todos em tudo: Na sua essência, na
sua natureza, no seu coração, nos seus desejos, nos seus planos, nos seus
atos, nos seus pensamentos mais íntimos; enfim Deus é bom em tudo. Os
melhores amigos (homens), são raros, são bons em certas relações: Alguns
para a família, outros para a Pátria, e ainda outros para o amigo. Deus,
porém, é bom para todos, até mesmo para os seus inimigos ( os pecadores).
Não há comparação entre a bondade de Deus e a bondade do homem. Não
há ninguém bom como Deus.
A própria natureza nos ensina muito da bondade de Deus;é porém, na
vida, no caráter e na morte de Jesus que temos dela a expressão máxima, a
expressão mais sublime e gloriosa. Só na vida é que se pode revelar
completamente o caráter de Deus.
Quem quer saber se Deus é bom ou não, deve acompanhar Jesus em
seus sofrimentos, em seus trabalhos e em seu sacrifício.
Deve procurar compreender a razão de sua morte e a glória de sua
ressurreição, porque só em Jesus é que temos plenamente revelada a
bondade de Deus Rm. 5.8
6- DEUS CRIA, SUSTENTA E GOVERNA TUDO.
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a) DEUS CRIA TUDO. O verbo criar, na vida prática, tem dois
sentidos distintos: fazer existir o que nunca existiu, e multiplicar o
que já existe. No primeiro capítulo de Gênesis e palavra aparece nos
dois sentidos, no princípio criou Deus os céus e a terra, isto é, Deus
fez existir o que nunca antes existira em forma alguma. Declara
também a Bíblia que Deus fez a terra e as águas produzirem, e assim
encontramos as duas idéias: A de fazer existe e criação de Deus. O
verbo hebraico BARÁ, que no 1º verso de Gen. É traduzido por criar
No Princípio criou Deus ... pode ter o sentido comum de multiplicar,
mas quando usado na forma verbal, em o que ali se acha, tem o sentido
especial de criar SEM MATERIAL PREEXISTENTE. Isto é, o que
afirmam eminentes autoridades no conhecimento da língua hebraica.
Mas na idéia de multiplicar e encontrada nos vers. 11 e 12: Disse
Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera.
A maior criação de Deus é o homem. Na formação do corpo humano,
Deus aproveitou o pó já existente. Não vamos, portanto negar que Deus
criou e Deus desenvolveu a sua criação. TODAS AS COISAS FORAM
FEITAS POR ELE, E SEM ELE NADA DO QUE FOI FEITO SE FEZ.
NELE ESTAVA A VIDA E A VIDA ERA A LUZ DOS HOMENS. Jo.
1.3,4; Col. 1.16; Rm.11.36.
b) DEUS SUSTENTA TUDO. A Bíblia declara que aquele que criou
o universo é também quem o sustenta.
A causa que originou a criação é a mesma que preserva tudo o que foi
criado. Uma das maravilhas do universo é a força que o preserva e sustenta.
O universo é vastíssimo. Há estrelas tão distantes do nosso planeta, que não
obstante a sua luz percorrer cinqüenta mil léguas por segundo, ainda assim
essa luz gasta milhares de anos para chegar a terra. Ficamos admirados
quando consideramos a força necessária para chegar a terra. Ficamos
admirados quando consideramos a força necessária para sustentar e mover
os planetas do universo. Para impelir qualquer maquinismo, gasta-se como
temos observado, muita energia: quanta força não é necessária para fazer
girar todos os sistemas planetários de que se compõe o universo Quanta
força há sido gasta desde o primeiro dia Nunca faltou energia para mover e
sustentar o planetas. De onde vem essa força TODA FORÇA VEM DE
DEUS. Como pai cuida da família, assim Deus faz em relação ao universo.
A Bíblia declara-nos que nenhum passarinho cairá por terra sem que Deus
o saiba. Diz-nos ainda o Salmista que esse mesmo Deus é o nosso Pastor e
que, por isso, nada nos faltará.
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c) DEUS GOVERNA TUDO. Para o homem bom, o pensamento de
que Deus governa tudo deve ser de grande consolação. Ensina-nos a
Bíblia que Deus governa tudo. Sl. 105.13-22. Rm.8.22, Sl 76.10, Gn.
39.21, Dn. 1.9 As Escrituras ensinam que esse governo providencial
de Deus é de âmbito universal, incluindo todas as ações de todas as
criaturas; que é poderoso, sendo o governante da onipotência; que é
o sábio, visto que resultado da infinita sabedoria de Deus; o que é
Santo, conforme é exigido por sua excelência moral.
7- A SOBERANIA DE DEUS:
Soberania é o atributo pelo qual Deus, sem nenhuma influência alheia
à sua natureza, governa o mundo moral que criou. Do mesmo modo que o
seu poder infinito se manifesta no seio da natureza, controlado somente por
sua própria vontade, assim também a sua soberania absoluta só é limitada
por sua vontade santa. ( PROVA)
Dizer que Deus é soberano é dizer que, tendo conhecimento e poder
perfeitos, Ele governa as coisas segundo a sua própria vontade.
Através dessa soberania, Deus opera por um plano (Ef. 1.11). Deus
ainda trabalha em seu universo (Jo 5. 17).
- A SOBERANIA DE DEUS INCLUI:
I) Coisas dentro da nossa vista: A natureza em toda sua extensão
ilimitada e suas inumeráveis minúcias; os homens, em todas as suas obras e
costume passados, presentes e futuros; o tempo, como todo o seu progresso
sempre crescente.
II) Coisas além de nossas vistas: Os céus, o universo, os anjos, a
eternidade, a extensão passada e futura do tempo até se perder no infinito.
Algumas passagens bíblicas sobre a soberania de Deus: Gn. 50.19,20
Ex.9.12 Sl. 33.8-15 , Is. 14.24 , Is. 46.9 , Dn. 4.35 , Mt. 11.25 , Mt.25.34
8- A RETIDÃO DE DEUS
A retidão de Deus é a imposição de leis e exigências retas. Nesse
atributo, vemos revelado o empenho de Deus pela santidade que sempre o
impele a fazer e a exigir o que é reto. Todos os requisitos exigidos por
Deus aos homens são absolutamente retos em seu caráter.
Textos bíblicos: Sl. 145.17 ,Jr. 12.1 ,Jo. 17.25 , Ed. 9.15
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9- A FIDELIDADE DE DEUS – II Tm. 2:13//Js. 21:45
Deus é fiel a seu povo. Todas as promessas de Deus que ainda não
foram cumpridas, por certo, ainda se cumprirão. Deus é o fiel criador
(I Pe.4.19).
No campo das Suas relações com o Israel antigo e com o Israel atual
representado pela Igreja, inúmeras são as provas da Sua fidelidade
Gn.22.18.
10- A MISERICÓRDIA DE DEUS
É aquele princípio e qualidade que descreve Sua disposição e ação em
relação aos pecaminosos e sofredores, sustando penalidades merecidas e
aliviando os angustiados.
Textos bíblicos Sl. 103.8 ,Sl. 145.8 , Sl. 86.15 , Sl. 62.12 , Dt.4.31
11- A BONDADE DE DEUS
Rm. 2.4 A bondade é uma modalidade do amor de Deus. Ele alimenta
os seres irracionais e salva os homens perdidos, trazendo-os ao
arrependimento. A figura do bem pastor procurando a ovelha perdida e
levando-a nós ombros para redil, é a imagem dos atos bondosos de Deus
para fazer o pródigo cair em si.
II) ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA DE DE DEUS:
Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que
é essencial ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos.
A) Substância de Deus:
1) Há uma substância, isto é, Deus é Espírito
2) Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro
Espírito, sem mistura com a matéria (Jo.4:24).
B) Atributos de Deus: Sua substância é Espírito e Seus atributos são
as qualidades ou propriedades dessa substância. Atributos é a manifestação
do Ser de Deus.
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- A EXISTÊNCIA DE DEUS
Fontes das evidências da existência de Deus
A Criação
A Natureza Humana
A História da Humanidade
Argumentos Naturalistas ou filosóficos para a Existência de Deus.
a)O universo deve ter uma Primeira Causa ou um Criador –
argumento cosmológico, da palavra grega “cosmos”, que significa
“mundo”. A razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio.
Todo efeito deve ter uma causa suficiente. O universo, sendo o efeito, por
conseguinte deve ter uma causa. A conclusão deste argumento está em
Gênesis 1.1 e Sl. 19:1.
b)O desígnio evidente no universo aponta para uma Mente Suprema
– argumento teleológico, de “teleos”, que significa “desígnio ou
propósito”. O desígnio e a formosura implicam um arquiteto; portanto, o
universo é a obra dum Arquiteto dotado de inteligência suficiente para
explicar sua obra. Presumir que o universo “aconteceu” ou que é resultado
do ajuntamento casual dos átomos, é pura insensatez. (Sl 53.1).
c)A natureza do homem com seus impulsos e aspirações, assinala a
existência de um governador pessoal – argumento antropológico ( ou
Moral), da palavra grega “anthropos”, que significa “homem”. O homem
dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do
bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de ação que deve
seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse conhecimento chama-se
“consciência”. A conclusão a que se chega é que há um Legislador que
idealizou uma norma de conduta para o homem e fez a natureza humana
capaz de compreender esse ideal. (Dt 28).
d)A história humana dá evidências duma providência que governa
sobre tudo – argumento histórico. Toda a história bíblica foi escrita para
revelar Deus na história, ilustrando a obra de Deus nos negócios humanos.
“A história da humanidade, o surgimento e declínio de nações, como
Babilônia e Roma, mostram que o progresso acompanha o uso das
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faculdades dadas por Deus e a obediência à sua lei, e que o declínio
nacional e a podridão moral seguem a desobediência” (D. L. Pierson).
e)A crença é universal – argumento ontológico. A crença na
existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça
humana. O sentimento religioso está presente na própria natureza humana.
Certo escritor expressou: “O homem é incuravelmente religioso”. O
argumento ontológico salienta que a própria idéia de Deus não seria
possível se Deus não existisse. O pensamento humano indica sempre a
existência de algo além de si. Embora existindo opiniões contrárias a
existência de Deus, estas, de forma alguma, anulam a grande realidade da
existência de um ser Soberano e Criador de todas as coisas.
III) OS ATRIBUTOS DE DEUS
A. Definição. Um atributo é uma propriedade intrínseca ao seu
sujeito, pela qual ele pode ser distinguido ou identificado.
B. Classificações. A maioria dos sistemas de classificação dos
atributos baseia-se no fato de que alguns deles pertencem exclusivamente a
Deus e outros se encontram, de maneira limitada e num sentido relativo,
também no homem ; assim, a terminologia dessas classificações inclui
incomunicáveis ou especiais (só Deus os possui) e comunicáveis ou morais
(o ser humano os possui, mas em menor escala).
*ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS OU ESPECIAIS DE DEUS
1. Eternidade - Deus não está sujeito à sucessão do tempo. Gênesis
21:33; Salmo 90:2. Seria o tempo irreal para Deus? Não; Ele reconhece a
continuidade dos acontecimentos, mas todos os acontecimentos, passados,
presentes e futuros, são igualmente vividos para Ele.
2. Imutabilidade - Deus é imutável em natureza e prática, Tiago 1:17.
Será que Deus muda de idéia ou Se arrepende (Gn 6:6), como parece
acontecer de nossa perspectiva; ou seria isto uma expressão do decreto
permissivo de Deus? Ou uma maneira antropomórfica de descrever
aparentes mudanças no curso dos acontecimentos.
3. Onipresença - Deus está em todo lugar (não em todas as coisas,
que é o panteísmo) Salmo 139:7-12.
4. Soberania - Deus é o governante supremo do universo, I Tm. 6:15-
16; I Cr. 29:10-11.
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5. Onisciência - Deus conhece todas as coisas, reais e possíveis -
Mateus 11:21.
6. Onipotência - Deus possui todo o poder- Apocalipse 19:6
7. Singularidade e Simplicidade: Deus não é composto de partes,
pois toda composição implica imperfeição. O composto depende,
necessariamente, dos elementos que o constituem. Deus é, portanto,
perfeitamente simples. Um atributo não é mais importante do que outro;
todos eles constituem o Ser de Deus. Deus é único no sentido de
singularidade como também de simplicidade. Singularidade: Deus é único,
numericamente um; há um só Deus. Simplicidade: Deus não está dividido
em partes, pois Ele não é composto; entretanto seus atributos são
enfatizados em momentos diferentes. Sendo infinitamente simples, Deus é
infinitamente uno e indivisível. Mas é também absolutamente único. Supor
dois ou mais Deuses igualmente perfeitos, seria absurdo. Dois Deuses
seriam idênticos e então se confundiriam, ou seriam diferentes e então não
poderiam ser ambos infinitamente perfeitos. 1Re 8.60; Dt 6.4; Mc 12.29,
32; 1Co 8.6; 1Tm 2.5; Jo 17.3; Ef 4.6.
*ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS OU MORAIS DE DEUS
1. Justiça como Equidade moral, imparcialidade no trato com Suas
criaturas. Atos 17:31.
2. Amor: A busca divina do bem maior das criaturas na manifestação
de Sua vontade. Efésios 2:4-5.
3. Verdade: Concordância e coerência com tudo que é representado
pelo próprio Deus. João 14:6.
4. Liberdade: Independência divina de Suas criaturas. Isaías 40:13-
14.
5. Santidade: Retidão moral. 1 João 1:5.
6. Inteligência: Sendo tudo, em Deus, infinito, sua inteligência e sua
ciência são também infinitas. Para saber, Ele não precisa raciocinar. Tudo
vê e conhece. “… quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser
restituído?”
7. Vontade: A vontade divina não possui limites e é livre de todo
obstáculo. Deus basta querer para fazer. Age com absoluta independência e
sem contradição. “Todos os moradores da terra são por ele reputados em
nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os
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moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que
fazes” Dn 4.35.
8. sabedoria: A inteligência infinitamente perfeita de Deus gera a
sabedoria absoluta que O faz empregar os meios mais eficazes para os fins
mais dignos. Deus Tudo governa com inteligência, segurança e ordem. Rm
11:33-36.
9. Bondade: Deus é amor infinito e perfeito. Deus é bom em si
mesmo; absolutamente nada lhe pode ser acrescentado ou melhorado, pois
ele não é incompleto ou defeituoso. Ele é o Sumo bem para suas criaturas;
a fonte de todo bem. Sua bondade se manifesta para todas as suas criaturas,
pois é a perfeição que o leva a tratar benévolo e generosamente todas as
suas criaturas. Este atributo de Deus implica que Ele é o parâmetro
definitivo do que é bom, e tudo o que Ele é e faz é digno de aprovação. Gn
1.31; Sl 145.9, 15-16; Sl 100.5; Sl 106.1; Lc 18.18-19; Rm 12.2; Tg 1.17;
1Jo 1.5; At 14.17.
10. justiça: Sendo em grau infinito, inteligente, sábio e bom, Deus é
justo. Possuindo santidade absoluta que é ordem do amor, Ele age com
justiça infinitamente perfeita. Por isso, pune o mal e recompensa o bem.
Deus sempre age segundo o que é justo, e que Ele mesmo é o parâmetro
definitivo do que é justo. Dt 32.4: “Ele é a Rocha; suas obras são perfeitas,
porque todos os seus caminhos são justos; Deus é fiel e sem iniquidade;
justo e reto é ele”. Outras referências: Ed 9.15; Ne 9.8; Sl 119.137; 145.17;
Jr 12.1; Lm 2.29; 3.4; Ap 16.5; Dt 32.4; Rm 3.25-26; Jó 40.2,8; Rm
9.20,21.
IV) OS NOMES DE DEUS (PROVA)
A. Nomes Primários do A.T.
1. Javé (Yahweh). a. Significado. O Auto-Existente (de Êxodo 3:14,
“Eu Sou o Que Sou”). b. Características. É o nome do relacionamento entre
o verdadeiro Deus e Seu povo, e, quando usado, enfatiza a santidade de
Deus, o Seu ódio pelo pecado e amor aos pecadores.
2. Elohim. a. Significado. O Forte. b. Características, é uma palavra
usada para o verdadeiro Deus e deuses pagãos. É um substantivo plural, o
chamado plural majestático. O plural permite a revelação subseqüente da
Trindade no N.T., mas não ensina a Trindade propriamente dita.
3. Adonai. a. Significado. Senhor, mestre, b. Características. Usado
para homens e Deus, e indica o relacionamento senhor-servo.
B. Nomes Compostos do A.T. 1. Com EL. a. El Elyon, traduzido por
Altíssimo (lit. o mais forte dos fortes, Is 14:13-14). b. El Roí, o Forte que
Vê (Gn 16:13). c. El Shaddai, traduzido por Deus Todo-Poderoso (Gn
11
17:1-20). d. El Olam, o eterno Deus (Is 40:28). 2. Com Javé. a. Javé Jireh,
o Senhor provera (Gn 22:13-14). b. Javé Nissi, o Senhor é minha bandeira
(Êx 17:15). c. Javé Shalom, o Senhor é paz (Jz 6:24). d. Javé Sabbaoth, o
Senhor dos Exércitos (1 Sm 1:3). e. Javé Raaah, o Senhor é meu Pastor (SI
23:1). f. Javé Tsidkenu, o Senhor justiça nossa (Jr 23:6). g. JavéÉl Gmo-
lah, o Senhor Deus da recompensa (Jr 51:56). h. Javé Nakeh, o Senhor que
fere (Ez 7?:9). i. Javé Shammah, o Senhor que está presente (lit., lá) (Ez
48:35).
V) A TRINDADE
A. Definição. Há apenas um Deus, mas, na unidade da Divindade, há
três pessoas eternas e iguais entre si, idênticas em substância mas distintas
em existência (ou subsistência).
B. Prova.
1. Indícios no A.T. O A.T. não revela a Trindade mas dá lugar e
indícios par,a uma revelação posterior. a. Passagens que usam a palavra
plural Elohim e pronomes plurais para se referirem a Deus (Gn 1:1, 26; Is
6:8). b. Passagens que falam do Anjo do Senhor (Gn 22:11, 15-16).
2. Confirmações no N.T. No N.T. há revelação clara de que Pai,
Filho e Espírito são Deus; assim, uma Triunidade ou Trindade (nenhuma
das duas palavras está na Bíblia), a. O Pai é Deus (Jo 6:27; Ef 4:6). b. Jesus
Cristo é Deus (Hb 1:8). c. O Espírito é Deus (At 5:3-4). d. As três pessoas
são igualmente associadas e apresentadas como um só ser (Mt 28:19,
“nome”; 2 Co 13:13).
A doutrina da trindade consiste em que a essência única de Deus
subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo que constituem a
pessoa única de Deus. Alfredo Borges Teixeira.
TRINDADE É a tríplice manifestação de Deus ou a Sua
manifestação do Pai, no Filho e no Espírito Santo (Langston).
(PROVA )
Esta Doutrina escapa à possibilidade da razão. Entendê-la é uma
questão de fé. É uma doutrina misteriosa que conhecemos através da
revelação registrada nas Sagradas Escrituras. Não devemos entender a
Trindade como sendo tri-teísmo, mas sim, como Tri-Unidade. Não
significa a existência de três deuses, mas um só Deus em três pessoas. As
três pessoas da Trindade são inteiramente distintas uma das outras, ainda
que não exista uma sem a outra. Por certo o Pai não é o filho, nem o Filho é
o Espírito Santo. O Pai é Deus e, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus.
Contudo há um só Deus: Deus é uno e trino.
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a) A DOUTRINA REVELADA NO ANTIGO TESTAMENTO
No A.T. esta doutrina é subentendida, visto que, não há afirmações
diretas. É importante notarmos que a doutrina da Trindade não põe em
perigo a unidade de Deus, pois esta, era a preocupação dos autores
inspirados.
De diversas maneiras, a Trindade é claramente sugerida no Antigo
Testamento:
a.a) Pelo nome hebraico dado a Deus que mui freqüentemente é
encontrado na forma plural, Elohim. Gn. 1.1
a.b) Pelo emprego da palavra hebraico único - A palavra que significa
um no sentido absoluto, conforme se emprega em expressões como o
único, é yacheed. Essa palavra não é usada nunca no hebraico para
expressar a unidade da divindade. Ao contrário, emprega-se achad, que
indica unidade composta. (I Tim. 2.5 Mc. 12.29).
Mesmo a despeito do intenso monoteísmo judeu, a palavra plural era
empregada para designar Deus único, isto porque existe pluralidade de
pessoas na divindade. Torrey
a.c) Pelos pronomes pessoais no plural acerca de Deus. Gn. 1.26 ,
Is.40.14 Gn. 1.27 Is. 6.8 ,Gn. 11.7.
a.d) A função de Jeová no Ant. Test. como o Redentor e Salvador
do Seu povo é atribuída ao Filho no Novo Test. (Mt.1.21, 23 Lc. 1.76-79
,Jo.4.42).
b) A DOUTRINA NO NOVO TESTAMENTO - No Novo
Testamento esta doutrina é plenamente revelada:
b.a) O Pai é Deus (Jo 6.27; I Pe.1.2)
b.b) O Filho é expressamente chamado de Deus (Jo.1.1e 8, 20.28; At.
20.28; Rm. 9.15; Tito 2.13; Hb. 8; I Jo. 5.20)
b.c) O Filho possui os atributos de Deus
b.c.1) Vida: João 1.4 ? 14.16
b.c.2) Imutabilidade: Hb. 13.8
b.c.3) Eternidade: Jo. 1.1; Cl. 1.17; I Jo. 5.20
b.c.4) Santidade
b.c.5) Onipresença Mt. 28.20
b.c.6) Onisciência: Jo. 2.24,25; 16.30
b.d) O Filho faz Obras que só Deus faz:
b.d.1) Criação: Jo. 1.3; I Co. 8.6
b.d.2) Preservação: Col. 1.17
b.d.3) Perdoa pesados: Mc. 2.6-11
b.d.4) Salva os pecados: : Lc. 19.10
13
b.d.5) Todas as coisas lhe estão sujeitas: I Co. 15.27-28; Col.
3.11
b.d.6) Onisciência: Jo. 2.24,25; 16.30
b.e) Na comissão Apostólica: Mt. 28.19,20
b.f) Na Benção Apostólica: 2 Co. 13.13
b.g) No Batismo de Jesus: Mt. 3.16,17
b.h) No ensino de Cristo: Jo 14.16
b.i) No ensino de Paulo: I Co. 12.4-6
b.j) Sobre o Espírito Santo:
b.j.1) É reconhecido como Deus (At. 5.3,4; I Co 3.16)
b.j.2) As obras de Deus são atribuídas ao Espírito Santo: Jo 16.8
b.j.3) O Espírito Santo tem os mesmos atributos de Deus:
Rm.15.30
c) AS TRÊS PESSOAS DA TRINDADE
O Pai e o Filho são Pessoas distintas uma da outra: Jo.5.32,37; Sl.2.7;
Jo 1.14 e 10.36 ; Gl.4.4)
O Espírito Santo é uma pessoa:
1) Designações próprias da personalidade são atribuídas ao Espírito
Santo:
a) Ele: Jo.16.14
b) Parácleto: Jo.16.7
2) Seu nome é mencionado em conecção com outras pessoas:
a) Com os cristãos: At. 15.28
b) Com Cristo: Jo. 16.14
c) Com o Pai e o Filho: Mt. 28.19
3) Ele age como personalidade:
a) Gn. 6.3 b) Lc. 12.12
4) Ele é atingido como pessoa pelos atos de outros:
a) Is. 63.10 b) At. 5.3,4,9
SUMÁRIO DO ENSINO DO NOVO TESTAMENTO
A) Um Pai que é Deus: Rm. 1.7
B) Um Filho que é Deus: Hb. 1.8
C) Um Espírito Santo que é Deus: At. 5.3,4
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VI ) A RELAÇÃO DE DEUS COM O UNIVERSO – “DO
SENHOR É A TERRA E A SUA PLENITUDE, O MUNDO E
AQUELES QUE NELE HABITAM, SL. 24.1”.
*AO TRATARMOS DA RELAÇÃO DE DEUS PARA COM O
UNIVERSO EXAMINAREMOS OS SEGUINTES PONTOS:
1) DEUS É A ORIGEM DO UNIVERSO
As Escrituras Sagradas declaram-nos que Deus criou o universo.
Concluímos, daí, que o universo não tem existência própria. Não é
eterno, teve princípio e, por conseguinte, terá fim. Quando foi criado o
universo não impede a teologia investigar. Este problema é inteiramente
científico, e não teológico. Se a ciência puder descobrir a data da criação e
resolver esta questão, a teologia lhe ficaria muito
agradecida. A Bíblia nada diz sobre este da Gênesis. Ela apenas declara:
No principio criou Deus os céus e a terra. Reafirmamos, pois, o que
dissemos no início deste capítulo:
2) DEUS É UM ESPÍRITO LIVRE MAIOR QUE O UNIVERSO
Sendo Deus o criador do universo, não pode ser menor do que ele,
visto que, como já sabemos a sociedade, a causa não pode ser menor do
que o efeito. Deus é um Espírito livre maior que o universo, que está em
constante atividade por toda parte e que habita no universo, sem, contudo,
estar por ele envolvido. Assim como o espírito do homem é maior do que o
corpo, Deus é maior do que o universo. Entende-se por imanência que
Deus está no universo, não só onipresente, mas presente. Entende-se por
transcendência que a capacidade de Deus é inexaurível, e é sempre superior
as suas atividades aqui no universo.
Deus não está ocupado de tal maneira que não poderia, se quisesse,
atender a muitos outros universo, e é transcendente do universo.
3) DEUS TEM UM PROPÓSITO ESPIRITUAL PARA O UNIVERSO
Um espírito capaz de dar existência a um universo tal como o que
contemplamos não o faria sem ter em vista um mui grande propósito;
grande, compreensivo e até glorioso para o próprio universo. A
15
ordem, a unidade, a uniformidade que notamos no universo inteiro testifica
desde grande propósito do seu criador. Certamente há um alvo, por Deus
fixado, e para esse alvo caminha o universo inteiro. Há um fim glorioso,
por causa do qual e para o qual foram criadas todas as coisas.
E, este alvo sublime, este fim glorioso, é todo moral e espiritual.
Desde que Deus é Espírito, o fim de todas as coisas há de ser espiritual. O
universo inteiro só pode ser realmente compreendido do ponto de vista
espiritual. Tudo tem por fim a glória de Deus e a salvação do homem.
4) DEUS NÃO IMPEDIU A ENTRADA DO MAL NO UNIVERSO
Encontramos no Éden a árvore da ciência do bem e do mal. Ainda
entre as coisas criadas por Deus, aí se apresenta o mal.
Mas, que é o mal? O que Deus criou não era para prejuízo do homem.
E sabemos que, ás vezes, o que é mal para um é bem para outro. O mal é,
então relativo.
Não se deve confundir o mal com o pecado, porque o mal existiu antes
do pecado.
Talvez seja necessário ao espírito, enquanto incorporado, o
sofrimento.
Dizem as Escrituras que Jesus foi aperfeiçoado pelo sofrimento (Hb
2.9,10). Vemos, assim, como Deus pode usar do mal na administração do
universo. Deus odeia o pecado por causa do seu caráter. E também por
causa da natureza do pecado.
Segundo as Escrituras, o pecado entrou na raça pelo primeiro homem,
Adão(Rm. 5.12). Quanto a origem do pecado, afirmamos que se originou
de um ato livre e voluntário praticado pelo homem em plena luz da
consciência.
Por que Deus deixou Adão pecar? Talvez não possamos jamais
responder satisfatoriamente a esta pergunta; não é difícil, contudo, mostrar
que Deus não é, de forma alguma, culpado da presença no universo.
O homem, espírito livre e mortal, é a coroa da criação. Mas a
liberdade indica que havia possibilidade de errar e pecar. A liberdade
indica que havia possibilidade de errar e pecar. A liberdade pressupõe
faculdade de escolha, e esta, por seu turno, pressupões a existência de duas
coisas de natureza diferente para serem escolhidas. Não se pode escolher
quando há um só objetivo. O homem tinha diante de si o bem e o mal. Era
mister uma escolha. Mas não obstante todos os avisos de Deus e os apelos
16
do bem, o homem escolheu ou mal. A culpa, portanto, está com ele, e não
em-Deus.
VII - O MAL
Para as religiões judaico-cristãs Deus é onipotente, onipresente e
onisciente, isto é, Deus pode tudo, está presente em tudo e está ciente de
tudo. Talvez você já se tenha perguntado: então, Deus fez e está no mal?
Esta pergunta fez Santo Agostinho afirmar que “Deus não é a origem do
mal”, pois Ele deu ao ser humano o livre-arbítrio. Mas Agostinho precisa
explicar por que Deus teria criado o mundo de tal maneira a permitir que
existissem tais males ou deficiências naturais e morais. Sua resposta girou
em torno da ideia de que os humanos são seres racionais. Ele argumentou
que, para que Deus criasse criaturas racionais, como os seres humanos,
tinha de lhes dar o livre-arbítrio.Ter livre-arbítrio significa ser capaz de
escolher – inclusive escolher entre o bem e o mal. Por essa razão, Deus
teve de deixar aberta a possibilidade de que o primeiro homem, Adão,
escolhesse o mal em vez do bem. Segundo Agostinho, toda a geração
humana foi condenada após o pecado original. Apesar disso, Deus decidiu
que alguns homens deviam ser poupados da condenação eterna, e
providenciou o seu “projeto” de salvação em seu Filho. Para Agostinho,
nenhum homem é digno da salvação de Deus. Estamos completamente
dependentes da Sua graça.
A) DEUS NÃO CRIOU O MAL (texto escrito pelo Pastor Claudemir
Pedroso e reproduzido sob sua autorização)
*Deus é onipotente. Isto significa que ele pode fazer todas as
coisas, exceto aquilo que for contrário à sua natureza.
Gn.1:31- Deus viu que tudo o que ele fez era muito bom.
Jó 34:10 - Longe de Deus a impiedade e a perversidade.
Dt.32:4- Todas as suas obras são perfeitas.
Mt.7:17-18- A árvore boa não produz maus frutos.
Mt.12:33-35 - A árvore má não produz bons frutos.
Sl.34:8- Provai e vede que o Senhor é bom.
*Sendo bom, ele não criaria o mal
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Sl.5:4 - Com Deus não subsiste o mal.
Sl.15:1-3 - Quem não faz mal ao próximo habitará com o Senhor.
Sl.23:4- Não temeria mal algum porque tu estás comigo.
Is.11:9 - Não se fará mal algum... porque o conhecimento de Deus
dominará.
Gn.50:20 - Deus transformou o mal em bem na vida de José.
Jr.29:11 - Deus tem pensamentos de paz e não de mal
Am.5:14 - Buscai o bem e não o mal e o Senhor estará convosco.
Sof .3:15 - O Sr.está no meio de ti e não verás nenhum mal.
João 3:20-21 - Quem pratica o mal não vem para a luz. (Contrário a Deus).
Sl.13:6 - O Senhor tem feito bem.
Hab.1:13- Deus não pode ver o mal. Não poderia também criá-lo.
II Tim.2:13 - Deus não pode negar a si mesmo. Não poderia criar o mal.
Tg.1:13 - A tentação não vem de Deus. O mal também não viria.
I Jo.1:5 - Deus é luz e nele não há trevas.
*Se Deus tivesse criado o mal, ele não poderia condenar quem o
pratica.
Jz.2:11-14 - Julgamento de Deus contra os males praticados por Israel
I Rs.11:6 - Julgamento de Deus contra os males praticados pelos reis.
Sl.34:12-16 - Julgamento de Deus contra os que praticam o mal
I Pd.3:12 - Julgamento de Deus contra os que praticam o mal.
*Se Deus tivesse criado o mal, sua luta contra o mal seria incoerente,
uma contradição.
I Jo.3:8 - Jesus se manifestou para desfazer as obras do Diabo.
III Jo.11 -Quem faz bem é de Deus. Quem faz mal não tem visto a Deus.
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*Se Deus tivesse criado o mal, Jesus não oraria para que fôssemos
guardados do mal e nós não oraríamos para que Deus nos livrasse do
mal. (Mat.6:13 Jo.17:15).
Algumas pessoas não admitem que exista algo sem que Deus tenha criado.
Se pensarmos assim, atribuiremos a Deus a existência do pecado.
B) DEUS PERMITIU O SURGIMENTO DO MAL
-ORIGEM DO MAL (ASPECTO MORAL)
Para afirmarmos que Deus criou o mal antes do pecado angelical,
precisaríamos apresentar algum indício desse fato. Evidentemente, não
podemos. A Bíblia não nos diz isto. Nenhum mal ocorreu antes do pecado
de Lúcifer. Portanto, nada mais justo do que atribuir a ele os "direitos
autorais" do mal.
Deus criou os seres angelicais perfeitos. Eles, porém, deixaram o seu
estado original (Jd.6). Por exemplo : Deus criou a galinha com a
capacidade de botar ovos e assim se multiplicar. A galinha botou os ovos.
O homem veio e quebrou os ovos e fez uma omelete. Podemos dizer que
Deus criou a omelete ? De modo nenhum. A omelete foi feita pelo homem
usando o que Deus havia criado.
Lúcifer foi criado perfeito e assim foi até o momento quando quis ser maior
que Deus. Esse foi o primeiro mal. Daí em diante, Satanás personificou o
mal e trabalha para que ele continue acontecendo, pois acontecer é
essencial à sua realidade e inerente ao seu significado.
Is.14:12-16 Ez.28:1-19 Entendemos que tais textos fazem menção ilustrada
ao pecado de Lúcifer.
Jo.8:44 - Satanás é o pai da mentira. Nisso vemos sua originalidade
maligna. A mentira não existiria se ele não a tivesse inventado. Assim
também o mal.
-EXTENSÃO DO MAL (ASPECTO FÍSICO)
Todo mal físico iniciou-se no jardim do Éden como uma extensão do mal
moral. Sua primeira manifestação foi na serpente. Daí podemos até supor
que os próprios animais têm, ou tinham, algum tipo livre-arbítrio. Caso
contrário, Deus não amaldiçoaria a serpente pela sua participação na
tentação do homem. Depois da queda do homem, o mal físico tornou-se
19
uma realidade. A própria natureza tornou-se contrária ao ser humano. A
terra passou a não corresponder ao seu trabalho e nasceram cardos e
abrolhos.
C) AS RELAÇÕES ENTRE DEUS E O MAL NO VELHO
TESTAMENTO
Algumas menções que o Velho Testamento faz vinculando o mal a Deus
são evidências do nível de revelação teológica que eles tinham. Assim
como disseram que o sol parou, quando, de fato, a terra é que teve seu
movimento interrompido.
Satanás atacou Jó e ele atribuiu o mal a Deus. O Senhor permitiu que
aquele mal acontecesse, mas ele não foi seu idealizador. Jó 2:7-10.
Davi recenseou o povo. O autor de II Samuel disse que foi ordem de Deus
(24:1). O autor de I Crônicas disse que foi incitação de Satanás (21:1). Os
dois textos concordam entre si na seqüência do episódio. Ambos relatam
que Deus castigou Davi por causa do senso. Daí concluímos que Deus não
havia mandado que ele contasse o povo. Foi um mal e sua origem foi
Satanás. A visão de II Samuel é a de que Deus está no controle soberano de
tudo. Deus permitiu a ação de Satanás. Entretanto, não foi o Senhor o
idealizador daquele mal.
I Sm.16:23 - Espírito mau da parte de Deus
I Rs.22: 19-23 - Espírito de mentira enviado por Deus
D) DEUS SE UTILIZA DO MAL PARA DESTRUIR O MAL
Deus usa o mal como seu próprio antídoto assim como fazemos o soro
antiofídico com o próprio veneno da serpente. (Sl.18:25-26).
O que o homem semear isso também ceifará (Gl.6:7).
Deus canaliza o mal para sua auto-destruição. Aqui nos referimos ao mal
físico ou no sentido de calamidade, infelicidade ou castigo. O mal físico é
conseqüência e castigo contra o mal moral. Nesse sentido se enquadra o
texto de Isaías 45:7. Tal versículo não poderia se referir ao mal de forma
geral porque, se assim fosse, o mais coerente seria o verbo criar no
passado: "Eu criei o mal".
Is.45:7 - Is.47:11 - Mal feito por Deus = castigo (calamidade).
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I Sm.28:10 - Mal feito por Deus = castigo
A morte é um mal. Deus usou a morte de Cristo para vencer a própria
morte. Jesus tomou sobre si o pecado para vencer o pecado. (Rm.8:3)
DEUS É O SENHOR ABSOLUTO E PONTO FINAL.
STEBAN- Seminário Teológico Evangélico Batista Nacional/CBN-RJ.
Autores desta apostila: Pr. Joel da Silva Gomes, Pr. José Ivan Lessa
Vanderlei e Pr. Claudemir Pedroso// Parte do material cedido também pelo
Seminário da Ig. Batista Evangélica do Grotão.// Revisor: Pr. Joel da Silva
Gomes.
Atenção: Proibida a reprodução sem a autorização dos autores ou do
revisor.