Estudo Dirigido de Integrais

Marcos Paizante - @paizantemarcos

Sabemos que a solução da integral

ˆ  
x+1
dx
x

é encontrada da seguinte forma:

ˆ   ˆ  
x+1 x 1
dx = + dx
x x x
ˆ  
1
= 1+ dx
x
= x + ln |x| + C

Onde o fato de o denominador ser apenas x torna essa questão bem simples. Porém,
no cálculo da primitiva
ˆ  
x
dx
x−1
não podemos decompor o integrando em uma soma de grações. Então qual será a
solução?
Note que fazendo a substituição u = x−1, temos que du = dx e que x = u+1 a integral
acima se reescreve do seguinte modo:

ˆ  
u+1
du
u

que é a integral resolvida anteriormente, ou seja,

ˆ  
u+1
du = u + ln |u| + C
u

e, após desfazer a substituição, temos:

ˆ  
x
dx = x − 1 + ln |x − 1| + C
x−1

1
Exercı́cios Propostos
Questão

Encontre as primitivas:
ˆ
x
1. dx;
x+2

ˆ
3x
2. dx;
x−4

ˆ
x+5
3. dx.
x+3

Respostas
1. x − 2 ln |x + 2| + C

2. 3x + 12 ln |x − 4| + C;

3. x + 2 ln |x + 3| + C.

2
Integrais
Nesta seção vamos resolver uma integral usando o método da substituição.

Questão

Resolva a integral

ˆ
t
dt
t4 + 1

Solução: Sabemos que

ˆ
1
dt = arctg t + C
t2 + 1
du
Assim é natural pensar na substituição u = t2 e du = 2tdt ∴ dt = . Assim, após
2
fazermos a substituição, a integral pedida se torna

ˆ ˆ
du/2 1 1 arctg (u)
= du = +C
u2 + 1 2 u2 + 1 2
E, desfazendo a substituição, finalmente chegamos a

ˆ
t arctg (t2 )
dt = +C
t4 + 1 2

3
 Caderno de Cálculo 1
Prof.: Marcos Paizante - @paizantemarcos

Nesta nota vamos calcular a primitiva de uma função usando integração por
partes.

Questão

Calcule

ˆ
x tg2 x dx

Solução: Antes de calcular a primitiva devemos reescrever a integral acima em uma

forma mais amigável,
´ pois não sabemos de imediato a integral da função tg2 x, mas
sabemos que sec2 x dx = tg x + C assim, a fim de integrar a função tg2 x, convém
usar a identidade
tg2 x = sec2 x − 1.
Portanto a integral acima fica
ˆ ˆ ˆ
2 2


x sec x − 1 dx = x sec x dx − x dx (#)

x2
A segunda integral no lado direito da igualdade acima é trivial, e vale + C2 , já a
2
primeira integral deve se calculada usando integração por partes.

Seja u = x e dv = sec2 x dx. Assim temos du = dx e v = tg x. Então usemos a

fórmula de integração por partes

ˆ ˆ
u dv = uv − vdu

Assim
ˆ ˆ
2
x sec x dx = x tg x − tg x dx (∗)

4
A segunda integral no lado direito da igualdade acima se resolve usando a substituição
simples w = cos x ∴ dw = − sen x dx, assim
ˆ ˆ ˆ
sen x 1
tg x dx = dx = · (−dw = − ln |w| + C2 = − ln | cos x| + C2
cos x w

Substituindo o resultado acima em (∗), temos:

ˆ
x sec2 x dx = x tg x + ln | cos x| + C

e, substituindo o resultado acima em (#), finalmente, temos:

ˆ
x2
x tg2 x dx = x tg x + ln | cos x| − +C
2

5
 Integral do Dia
Prof.: Marcos Paizante - @paizantemarcos

Questão

Calcule a seguinte integral:

ˆ e2
1
dx
e x ln x(1 + (ln x)2)

Fatos que ajudam:

• Frações parciais: Prove que

1 1 x
= −
x(1 + x2) x 1 + x2
• Use uma substituição simples e prove que
ˆ
x 1
2
dx = ln (x2 + 1) + C
1+x 2

ARRASTE PARA O LADO ⇒

6
Solução:
1
A presença das funções ln x e no integrando sugerem a sub-
x
stituição
1
u = ln x du = dx,
x
mas antes de fazer a substituição vamos reescrever a integral em
uma forma mais amigável
ˆ e2
1 1
·
2) x
dx
e ln x(1 + (ln x)
Então a integral sem os limites de integração fica
ˆ
1
du
u(1 + u2)
Usando a decomposição em frações parciais exibida no fato que
ajuda, a integral acima fica
ˆ ˆ  
1 1 u
du = − du
u(1 + u2) u 1 + u2
1 1
A integral de é trivial e a integral da função é dada
u 1 + u2
nos fatos que ajudam. Então, usando o segundo fato que ajuda,
chegamos em
ˆ
1 1 2
du = ln u − ln (u + 1) + C
u(1 + u2) 2

7
Agora, desfazendo a substituição, chegamos em
ˆ
1 1
2
dx = ln (ln x) − ln ((ln x)2 + 1) + C
x ln x(1 + (ln x) ) 2
E por fim, aplicando os limites de integração, temos:
ˆ e2 e2
1 1
2
dx = ln (ln x) − ln ((ln x2 + 1)
e x ln x(1 + (ln x) ) 2 e
 
1 1
= ln (ln e2) − ln ((ln e2)2 + 1) − ln (ln e) − ln ((ln e)2 + 1)
2 2
 
1 1
= ln 2 − ln ((2)2 + 1) − ln 1 − ln (12 + 1)
2 2
1 1
= ln 2 − ln 5 + ln 2
2 2
Então, finalmemte chegamos ao seguinte resultado

ˆ e2
1 3 ln 2 − ln 5
dx =
e x ln x(1 + (ln x)2) 2

ou

ˆ e2
1 1 8
dx = ln
e x ln x(1 + (ln x)2) 2 5

8
 Integral do Dia
Marcos Paizante - @paizantemarcos

Questão

Calcule a primitiva
ˆ
cos x
√ dx
2
4 − sen x

Observação: Note que o 4 dentro do radical no denominador do

integrando
√ ”atrapalha” o que seria uma integração rápida, pois
se fosse 1 − senx, usarı́amos a identidade cosx = 1 − sen2 x e o
problema seria resolvido de maneira trivial.
Solução: De acordo com a observação devemos fazemos a sub-
stituição sen x = 2 sen u ⇒ cos xdx = 2 cos udu a fim de poder-
mos usar a identidade mencionada, e assim a integral se reescreve
como
ˆ ˆ
2 cos u 2 cos u
p du = p du
4 − (2 sen u)2 4 (1 − sen2 u)
ˆ ˆ
2 cos u cos u
√ √

= du = du
2 1 − sen2 u cos2 u
ˆ ˆ


cos u
= du = du = u + C
cos u

9
Mas
sen x  sen x 
sen x = 2 sen u ⇒ sen u = ⇒ u = arcsen
2 2
E, após desfazer a substituição, chegamos no seguinte resultado
ˆ
cos x  sen x 
√ dx = arcsen +C
4 − sen2 x 2

10
 Integral do Dia
Prof. Marcos Paizante - @paizantemarcos

Calcule a primitiva
ˆ
sen 2x
dx .
1 + cos4 x

Solução:

Esta integral será resolvida fazendo uma substituição simples

mas antes vamos reescrevê-la de uma forma mais amigável
ˆ
2 sen x cos x
dx .
1 + cos4 x
onde usamos a fórmula trigonométrica do seno do arco dobro, a
saber, sen 2α = 2 sen α cos α, então, fazendo a substituição
u = cos x ⇒ du = − sen x dx,
temos que a integral fica
ˆ
2u
− du
1 + u4
Agora fazendo uma nova substituição: z = u2 ⇒ dz = 2u du,
temos que integral agora fica
ˆ
1
− dz = − arctg z + C
1 + z2
11
Agora, desfazendo as substituições, temos:
− arctg u2 + C ⇒ − arctg (cos2 x) + C
Portanto, finalmente chgamos ao resultado
ˆ
sen 2x 2
dx = − arctg (cos x) + C
1 + cos4 x

12
 Caderno de Cálculo 1
Prof.: Marcos Paizante - @paizantemarcos

Nesta nota vamos resolver a questão 19 da lista 00 de Cálculo

Aplicado II.

Exercı́cio

Encontre a priitiva abaixo:

ˆ
1 + ln2 x + ln3 x
dx
x ln x

Solução:
Note que é natural considerarmos a substituição
1
u = ln x ⇒ du = dx
x
Vamos reecrever a integral acima numa forma que facilite ”enxergar”
a substituição ˆ
1 + ln2 x + ln3 x 1
· dx
ln x x
Agora, realizando a substituição, temos:
ˆ ˆ 
1 + u2 + u3 1 u2 u3

du = + + du
u u u u
ˆ  
1 2
= +u+u du
u
u2 u3
= ln |u| + + +C
2 3

13
 E, desfazendo a substituição, finalmente temos:

ˆ
1 + ln2 x + ln3 x ln2 x ln3 x
dx = ln | ln x| + + +C .
x ln x 2 3

Observação:
Atenção com a notação

lnk x = (ln x)k

14
 Caderno de Cálculo 1
Prof. Marcos Paizante - @paizantemarcos

Nesta nota vamos resolver uma integral da lista 12 da disci-

plina MAT4161 da PUCRIO.
É uma questão sobre integração por partes.

Exercı́cio

Calcule a integral ˆ
x2 ln x dx .

Fatos que ajudam:

• Fórmula da integração por partes

ˆ ˆ
udv = uv − vdu .

• Regra: Para escolher quem será função u na integração

por partes, deve-se observar a regra LIATE como ordem
descrescente de preferência para ser u. Onde:
L: Logarı́tmica, I: Inversa trigonométrica A: Algébrica,
T: Trigonométrica e E: Exponencial

15
Solução: A integral que desejamos deve ser resolvida usando
integração por por partes pois trata-se de uma integral envol-
vendo uma função algébrica e uma logarı́tmica. Observando a
regra LIATE enunciada nos fatos que ajudam, vamos eleger as
funções u e dv na integral em questão.

2 x3
dv = x ⇒ v=
3
1
u = ln x ⇒ du = dx
x
Assim, usando a fórmula de integração por partes, temos:
ˆ 3 ˆ 3
2
2 x x 1
x ln x dx = · ln x − · dx
|{z} | {z } 3 3  x

u dv
ˆ
x3 1
= ln x − x2 dx
3 3
x3 1 x3
= ln x − · +C
3 3 3
Portanto

ˆ
2 x3 x3
x ln x dx = ln x − +C
3 9

16
 Caderno de Cálculo 3
Prof. Marcos Paizante - @paizantemarcos

Exercı́cio

Calcule a integral ¨
ye−xy dA
R
onde R = [0, 2] × [0, 3].

Solução:

Como a região de integração é retangular com os limites das

variáveis x e y constantes, não importa a ordem de integração,
portanto pode ser dA = dxdy ou dA = dydx.
Interpretando a região R como uma região do tipo II, ou seja,
com dA = dxdy, a integral fica escrita da seguinte forma:
ˆ 3ˆ 2
ye−xy dxdy
0 0

Resolvendo
ˆ 3 2
e−xy ∗
y· dy
0 −y 0

17
∗
´ kx
Lembre-se que ekx dx = ek + c
ˆ 3 ˆ 3
−xy 2 −2y −0·y



−e 0
dy = −e − −e dy
0 0
ˆ 3 3
−2y

e−2y
= −e + 1 dy = − +y
0 −2 0
´ ky
(lembre-se novamente do detalhe na integral do tipo e dy)
e−2·3
 −2·0 
e
+3− +0
2 2
e−6 1 e−6 5
+3− = +
2 2 2 2
E, após uma manipulação algébrica, chegamos ao seguinte resul-
tado:
ˆ 3ˆ 2
1
ye−xy dxdy = (e−6 + 5) .
0 0 2

18
 Gotı́cula de Matemática
Prof. Marcos Paizante @paizantemarcos

Uma identidade interessante

ˆ 1 ˆ 1
n m
x (1 − x) dx = xm(1 − x)ndx
0 0

Fato que ajuda

ˆ b ˆ a
f (x)dx = − f (x)dx (1)
a b

Vamos provar a identidade, a qual está, novamente, exibida abaixo:

ˆ 1 ˆ 1
xn(1 − x)mdx = xm(1 − x)ndx . (2)
0 0

Façamos, no primeiro membro de (18), u = 1 − x ⇒ du = −dx

e x = 1 − u. Mas se x = 0 ⇒ u = 1 e se x = 1 ⇒ u = 0
então o primeiro membro se torna
ˆ 0
= (1 − u)num(−du).
1

Usando (17) temos que a expressão anterior se torna

ˆ 1
=− (1 − u)num(−du).
0

19
Cancelando os sinais de menos, temos que o primeiro membro de
(18) é equivalente a
ˆ 1
= (1 − u)numdu .
0

Como, neste caso, u é uma variável muda, temos a igualdade

entre o primeiro e segundo membros de (18):
ˆ 1 ˆ 1
xn(1−x)mdx = xm(1−x)ndx
0 0

20
 Estudo Dirigo de Integrais
Prof. Marcos Paizante Wpp: (21) 99294-9496

Lembretes Úteis

•
ˆ
− cos kx
sen kx dx = +C
k

•
ˆ
sen kx
cos kx dx = +C
k

•
ˆ
kx ekx
e dx = +C
k

•
ˆ
1
dx = ln |x| + C
x

•
ˆ
1
dx = arctg x + C
1 + x2

21
Exercı́cios:

1. Usee a substituição u = a + bx para provar que:

ˆ
1 1
(a) dx = ln |a + bx| + C;
a + bx b
ˆ
1 1 (a + bx)−n+1 1
(b) dx = + C = − ·
(a + bx)n b −n + 1 b(n − 1)
1
;
(a + bx)n−1
Exemplo:
ˆ
1 1
dy = +C
(1 − 2y)2 2(1 − 2y)
Neste caso a = 1, b = −2 e n = 2.

22