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ZoneamentoCoutada 9

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PROPOSTA DE ZONEAMENTO DA COUTADA OFICIAL Nº.

Antecedentes

Coutadas Oficiais, são áreas delimitadas do domínio público, destinadas a caça


desportiva, fomento do turismo cinegético e protecção das espécies, nas quais o direito de
caçar só é reconhecido por via de um contrato de concessão celebrado entre o operador e
o Estado.

A criação das coutadas ocorreu maioritariamente na década 60. Hoje, o crescimento


populacional no interior das coutadas, seja por factores naturais ou por movimentações
voluntárias ou involuntárias, origina situações de conflitos latentes de interesse entre as
populações e os concessionários das coutadas.

A Coutada Oficial nº.9 foi criada pela Portaria nº 22097, publicada no Boletim Oficial nº
16, de 19 de Abril de 1969, abarcando uma área de cerca de 433.000 ha (quatrocentos e
trinta e três mil hectares) e está situada nos Distritos de Macossa, Guro, Tambara e Bárue.

Desde da sua criação as coutadas em particular a coutada 9, sofreram efeitos de guerras


sucessivas. Segundo a história local a área da coutada 9 foi fortemente afectada Guerra de
libertação Nacional e pela Guerra dos 16 anos. Esta situção aliada a demanada da caça
furtiva devido a falta de fiscalização dos recuros contribuiu bastante na redução dos
efectivos de animais dentro da couatada.

A aprovação de novos instrumentos de política e legislação nomeadamente:: (I) Política


de floresta e Fauna Bravia, aprovada em 1997 (II) Lei de Floresta e Fauna Bravia,
aprovada em 1997. (III) Regulamento da Lei de Floresta e Fauna Bravia, aprovado em
2002 (IV) Política do Turismo, aprovada em 2003 e (V) Lei do Turismo, aprovada em
2004, suscitaram o reajustamento do contrato anteriormente celebrado com o Ministério
da Agricultura.

Pretendendo-se uma maior participação das comunidades e consequente obtenção de


benefícios, bem como a redução da área de caça exclusiva em função do zoneamento, foi
assinado, no dia 23 de Março de 2005, o contrato de gestão de exploração e
desenvolvimento da Coutada Oficial nº 9, entre o Ministério do Turismo e a Empresa Rio
Save Safaris.

O recente censo faunístico (aéreo), cujos cálculos ainda decorrem, realizado em Setembro
de 2005, demonstrou que a densidade ( /Km2) ainda é baixa e que a coutada pode
seguramente comportar muitos mais animais.

Os carnívoros formam o grupo com maior número de espécies ameaçadas. Em geral são
mamíferos grandes (leão, leopardo, hiena, etc) e que precisam de extensas áreas de uso.
Os felídeos foram durante muito tempo caçados para comercialização de peles, rituais
tradicionais ou devido ao medo que as populações têm dos mesmos.

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica
Uma continuada fiscalização para limitar a caça fortiva, a redução de número de pessoas
vivendo no interior da zona exclusiva de caça e a abertura de mais pontos de
abeberamento combinada com a gestão participativa e eficiente dos demais recursos
naturais, aumentarão rapidamente os efectivos de muita espécies. De entre as espécies
observadas, aquando do censo faunístico, destacam-se: Cudo, macaco-cão, facocero,
porco-bravo, elefante, gondonga, pala pala, elande, impala, oriibi, chango, búfalo, e
zebra.

Enquadramento institucional

O Turismo é um sector económico em constante crescimento que pode trazer muitos


benefícios ao país. É um sector de trabalho intensivo e abrangente em termos de
habilidades e níveis de formação. Está ligado a uma diversidade de sectores económicos
como transporte, agricultura, alimentação e bebidas, serviços financeiros, construção e
artesanato , etc.

No âmbito da conservação quando gerido de forma adequada, o turismo fortalece a


viabilidade económica das áreas protegidas e reduz a pressão sobre o ambiente. A
Política e Estratégia do Turismo tem, entre outros, os seguintes objectivos:
 Contribuir para a criação de emprego, crescimento económico e alívio à Pobreza.
 Desenvolver um Turismo responsável e sustentável.
 Participar na conservação e protecção da biodiversidade.
 Preservar os valores culturais e orgulho nacional.
 Melhorar a qualidade de vida dos moçambicanos.

Sendo a conservação o processo que o Governo e a sociedade civil usam para proteger os
recursos naturais, e o turismo um dos que mais uso fez desses recursos, torna-se evidente
que o turismo e a conservação não podem ser separados.

Assim, é necessário trabalhar no sentido da conservação apoiar o turismo a alcançar os


seus objectivos e simultaneamente como é que o turismo também ajuda a conservação a
atingir os seus objectivos.

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica
Introdução

A exploração das coutadas pelos privados é uma grande contribuição para a economia do
país. Neste contexto, o zoneamento destas áreas é fundamental acomodar vários
interesses, necessários para o desenvolvimento do país e para melhorar a segurança
alimentar e nutricional das famílias e reduzir a pobreza absoluta em paraticular às
comunidades rurais.

O Governo de Moçambique representado pelo Ministério de Agricultura está desde de


Maio de 2002 a implementar o projecto de Segurança Alimentar e Nutricional familiar na
cidade de Chimoio e distritos de Macossa e Tambara.

O projecto é financiado pelo Fundo de Sobrevivência Belga e tem assistência técnica da


FAO. O objectivo principal do projecto é melhorar duma forma sustentável a segurança
alimentar familiar e melhorar a situação nutricional dos grupos populacionais vulneráveis
e combater a pobreza absoluta nas zonas rurais, urbanas e periurbanas de Moçambaique.

Um dos objectivos imediatos do projecto é Melhorar a segurança alimentar e nutricional


familiar através da participação efectiva das comunidades locais na tomada de decisão
sobre a gestão sustentável dos recursos naturais. Um dos factores determinantes de
segurança alimentar e nutricional das famílias é a disponibilidade alimentar que depende
de vários factores tais como: a terra, mão de obra, clima, trabalho agrícola, insumos,
donativos, ofertas, recursos naturais etc.

No caso da existência de coutadas, o acesso aos recursos naturais pelas comunidades é


limitado tendo em conta o espirito de exploração dos recursos neste locais. Sendo assim,
com a assistência técnica da FAO, a Direcção Provincial de Turismo de Manica em
coordenação com os Serviços Provinciais de Geografia e Cadastro, Serviços Provinciaias
de Florestas e Fauna Bravia, operador da coutada 9, autoridades dos distritos de Macossa,
Tambara e Guro, comunidades locais e seus representantes, desenvolveram o zoneamento
da coutada 9, que visa melhorar o relacionamento entre as actividades económicas de
safaris e as comunidades locais de forma a criar condições de canalização dos benefícios
resultantes das actividades de safaris e promover a conservação e protecção da
biodiversidade.

Zoneamento

Zoneamento é a divisão e classificação do património florestal e faunístico de acordo


com o tipo de vegetação e uso alternativo da terra.

Causas que contribuiram para o Zoneamento da coutada 9?

Como já foi referido, a coutada 9 foi criada nos anos 60. São várias as razões, que
motivaram o zoneamento da coutada 9, tais como:
 Crescimento e movimentação demográfica,
Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,
DPTurismo de Manica
 A pressão no uso dos recursos naturais devido ao crescimento populacional;
 Existência de conflito homen – animal;
 Existência de conflito Homem –Homem
 Existência e recursos naturais e culturais para o desenvolvimento do turismo
cinegético;
 Existência de um ecossistema saudável com grande potencial faunístico;
 A necessidade de desenvolver uma gestão participativa com base na comunidade
local;
 Necessidade de melhorar o acesso aos recursos naturais pelas comunidades que
vivem dentro da coutada.
 Existência de um clima favorável de negociação e partilha de benefícios entre o
operador da coutada e as comunidades locais.
 Existência de interesse por parte da comunidade, operador da coutada, governo
local em organizar melhor a utilização dos recursos naturais dentro da coutada.

Como foi realizado o Zoneamento da coutada 9?


O processo de zoneamento consistiu várias fases:

1.Preparação da metodologia

Para a preparação da metodologia do zoneamento da coutada 9 foram realizados três


encontros técnicos para discutir os procedimentos, guiões e fichas de inquéritos,
incluindo os recursos necessários para o trabalho de campo. Participaram nos encontros
técnicos da FAO, SPFFB, SPGC, DPTUR, Gabinete Jurídico da DPA.

Os encontros serviram também para harmonizar os conceitos e melhorar o entendimento


sobre os aspectos relevantes do zoneamento, tendo em conta a população, cultura local,
desenvolvimento sócio – económico e turístico, conservação dos recursos naturais e
melhoramento da segurança alimentar e nutricional das famílias.

2.Divulgação da informação

Para assegurar maior participação dos diferentes intervenientes no processo de


zoneamento foi realizado no distrito de Macossa o seminário sobre o zoneamento da
coutada 9, que serviu para informar as comunidades, governo do distrito, operadores e
outros interessados sobre os objectivos e as vantagens do zoneamento. Participaram neste
seminário representantes da comunidade e autoridades locais dos distritos de Guro,
Tambara e Macossa. O seminário serviu para a calendarização das actividades do
zoneamento nas diferentes zonas dos distritos acima referidos.

3.Trabalho técnico de Delimitação das áreas e constatações no terreno

O trabalho técnico consistiu em caminhadas conjuntas ( Técnicos dos SPGC, SPFFB,


DPTurismo, técnicos das DDA, técnicos da FAO e Membros das comunidades locais e

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica
seus representantes) de campo para o georeferenciamento dos limites entre as áreas pre-
definidas no escritório.

O trabalho consistiu no georeferenciamento das linhas de separação (limites) entre as


diferentes áreas de interesse, (zona agrária e residencial, zona tampão e zona de caça
para o operador da coutada).

Durante o trabalho de campo, foram ainda georeferenciadas algumas infra-estruturas


sociais básicas que constituem polos de atracção para a concentração das populações e
outras zonas de importância histórica e ou cultural da região.

No decurso destes trabalho constatou-se que existem algumas infra-estruturas que foram
implantadas sem observar a cohabitalidade ou não do homem com os animais bravios
que abundam na região, pondo em risco a sobrivivência dos animais ou do homem que ai
se estabelece a procura destas infra-esturas sociais básicas.

Na confluência dos rios Tsentche e rio Muira, existe uma escola, que na opinião da
equipa do campo está deslocada para o interior, fazendo com que as populações penetrem
cada vez mais para zonas que outrora foram habitadas por animais. A mesma área é rica
em recursos florestais que estão a ser explorados clandestinamente.

Ao longo de uma picada interna Guro – Macossa nota-se também uma concentração
considerável de populações devido a existência desta via de acesso e alguns fontenários (
Furo) de água e moageiras que por sua natureza são polos de atracção, a zona é rica em
recursos florestais e faunísticos ( Búfalos, Kudos, Palapalas, Elandes e outros), perigando
de certa maneira a conservação e a existência destes animais devido a caça furtiva
praticada pela comunidade local e outros proveniente de zonas vizinhas.

Em todas as zonas, o iniciou do trabalho foi sempre antecedido por uma reunião com a
participação da comunidade e dos lideres locais e outros influentes escolhidos pelas
autoridades locais, estes seriam portadores da mensagem e objectivos do zoneamnto aos
residentes da zona.

Resultado do processo de zoneamento

Baseado no trabalho de campo incluindo consulta local, a coutada 9 ficou dividida em


três zonas fundamentais ( zona de utilização múltipla, zonas tampão ou de gestão
comunitária e zona de caça ), segundo a planta topográfica produzida.

 A planta topográfica produzida deve servir de instrumento de base no processo


de planificação das actividades a ser desenvolvidas nas área residencial.

 Servir de guião orientador para a implantação das infra-esturas sociais básicas


para evitar o conflito homem-animal que ambos procuram de um habitat seguro
para a sua sobrivivência.

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica
 É necessário fazer-se um levantamento da estrutura social organizacional para a
identificação dos membros que farão parte dos comités de gestão e sua formação
incluindo a troca de experiências.

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica
Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica, DPTurismo de Manica Page 7
Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica, DPTurismo de Manica Page 8
Vantagens do Zoneamento da coutada 9.

Dos encontros havidos, os Governos distritais (Tambara, Macossa e Guro), ficou claro
que o zoneamento iria trazer vantagens multiplas, para todos os intervenientes no
processo de gestão dos recursos naturais (Comunidade, sector privado, Estado e outros
interessados no desenvolvimento local do país.

Ficou claro que o zoneamento vai em grande medida reduzir os conflitos Homem –
animal, e Homem – Homem, porque haverá uma informação e imagem clara do ponto de
situação da coutada através da separação das diferentes zonas de utilização do recurso,
definidas por zona de utilização múltipla, zona tampão ou de gestão comunitária dos
recursos naturais e zona de caça.

Para além dos benifícios previstos na Lei de Florestas e Fauna Bravia, exemplo 20% das
taxas de exploração florestal e faunística, a comunidade tem a capacidade de gerar os
seus próprios rendimentos através da gestão comunitária dos recursos na zona de gestão
comunitária, criação a longo termo de zonas nas áreas comunitárias para atracção de
Turístas.

Por outro lado já estão formados e capacitados os comités de gestão dos recursos
naturais, que neste momento tem fundos de desenvolvimento comunitário, alguns
guardados no Banco, na cidade do Chimoio, outros a desenvolverem actividades de
benefício comunitário para a melhoria da segurança alimentar e nutricional das famílias
tais como compra de moagem para cereais na zona de Buzua no distrito de Tambara,
construção de Posto de Socorro Comunitário na zona de Dunda no distrito de Macossa.

Outra vantagem importante do zoneamento da coutada 9, é o estabelecimento de infra-


estruturas sócio-económicas em local previamente definidas tendo em conta o Plano
Estratégico de desenvolvimento do distrito.

O zoneamento permite maior organização da comunidade, melhor acesso aos recursos


naturais pela comunidade e melhor distribuição dos benefícios no âmbito da partilha entre
a comunidade e o operador, incluindo os 20% das taxas provenientes da exploração dos
recursos.

Há maior participação da comunidade na gestão dos recursos naturais , incluindo na


tomada de decisão sobre o tipo de micro-projectos de segurança alimentar e nutricional
podem ser implementados nas zonas previamente definidas.

Também o zoneamento permite maior e melhor distribuição da carne dos animais


caçados pelos turista nas áreas de coutada e permite melhor acesso a carne de caça miúda
para o consumo próprio.

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica
O zoneamento permite fortificar as parcerias já criadas entre o operador e comunidade
através de acordos para a partilha de beneficios valores monetários mediante
compromisso da participação da comunidade no maneio dos recursos naturais.

O zoneamento permite maior controlo na utilização dos recursos naturais por todos os
intervenientes (comunidade, Estado e sector privado).

 Descrição dos Critérios da definição das areas –zona de


múltiplo uso, tampão e caça Vantagens e desvantagens ,
(Sr Adamo Valy coutada 9), tendo em conta os 25%, 75%
da distribuição de benefícios e área de utilização múltipla.

Considerações finais

A aprovação do Zoneamento da coutada 9, pelo Governo da Provincia de Manica vai


permitir a consolidação das experiências desenvolvidas nos distritos de Tambara,
Macossa e Guro em relação ao modelo de participação comunitária na gestão dos
recursos naturais em areas de conservação.

Esta experiência, poderá servir de base para o desenvolvimento da mesma abordagem nos
outros distritos onde existem coutadas e outras areas de consevação tais como: Machaze,
Mussurize na província de Manica, onde a FAO e o Governo de Moçambique está a
iniciar novo prjecto de de Protecção e Melhoria de Segurança alimentar e Nutricional dos
Agregados Familiares Vulneráveis em Áreas Afectadas pelo HIV/SIDA e até expandir
para o país inteiro.

A aprovação do zoneamento da coutada 9 pelo Governo da Província vai permitir que


todas as acções dos Planos Estratégicos de Desenvolvimento dos distritos sejam
harmonizadas e integradas nas três zonas previamente estabelecidas, tendo em conta a
conservação dos recursos naturais e ambiente, desenvolvimento sócio- económico do
duistrito, melhoria da segurança alimentar e nutricional das famílias que vivem dentro da
coutada.

Elaborado por: Catarina Chidiamassamba no trabalho conjunto FAO, DPA-Manica,


DPTurismo de Manica

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