Interpretação de Textos Narrativos
Interpretação de Textos Narrativos
A Candidata: A Supervisora:
_____________________ ________________________
(Helena Anastáncia Orlando Bata) (Doutora Crisófia Langa da Câmara)
Índice
Declaração de Honra .................................................................................................................iv
Resumo ...................................................................................................................................... v
Abstract .....................................................................................................................................vi
1. Introdução .......................................................................................................................... 1
3. Metodologia ..................................................................................................................... 13
3.5.1.População ................................................................................................................16
Declaração de Honra
Eu, Helena Anastáncia Orlando Bata, declaro que esta Monografia Científica é resultado da
minha investigação pessoal e das orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original
e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e nas
referências bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
Assinatura:__________________________________
Resumo
O presente estudo contou com a participação de uma população de quatro (4) professores de
língua portuguesa e quatrocentos e oitos (408) alunos da 10ª classe. Onde a amostra foi de dois
(2) professores da disciplina supracitada e cem (100) alunos da 10ª classe da escola em
referência. Os resultados desta pesquisa mostram que parte dos alunos entrevistados têm
dificuldade de interpretar textos narrativos por não saberem ler. Para os alunos que sabem
ler o texto, as dificuldades estão no facto destes fazerem uma leitura sem respeitar os sinais
de pontuação, e as dificuldades de se expressarem usando a linguagem formal pois
preferem usar linguagem coloquial. Os factores que influenciam negativamente a leitura e
interpretação dos textos narrativos pelos alunos são o fraco domínio da própria língua
portuguesa que se conjuga à falta de embasamento e a falta de hábito de ler. Os dados
mostram igualmente que os professores também têm contribuído para os alunos tenham
dificuldades de interpretação de textos narrativos visto que recorrem a explicação do
significado das palavras e não do conteúdo do texto narrativo como um todo, o que
facilitaria desta tipologia de texto. Além disso, os professores não ensinam os alunos a ler
devagar, reconhecer conceitos, bem como produzir um resumo para cada parágrafo, de
modo a apoiá-los na estruturação das informações face a leitura de um texto. Esta estratégia
é inadequada, pois como referem vários autores, o leitor hábil não descodifica cada palavra
de forma isolada mas reconhece de imediato as palavras encontradas.
Abstract
The research entitled Interpretation of Narrative Texts: case of students in the 10th class of
Escola Secundária de Chibuto (2020-2023), had as its main objective to analyze how
students interpret narrative texts in the classroom. The research uses qualitative and
quantitative approaches, the latter of which allowed the conversion of student responses
into numerical data for subsequent construction of graphs and tables showing the
percentage of responses. The first allowed us to analyze the data collected. The research is
of an applied nature and taking into account the objectives, it is classified as descriptive
research. For data collection, bibliographical research, interviews and surveys were used,
and for data analysis, the content analysis technique was used.
The present study included the participation of a population of four (4) Portuguese
language teachers and four hundred and eight (408) 10th grade students. Where the sample
was two (2) teachers of the aforementioned subject and one hundred (100) students from
the 10th grade of the school in question. The results of this research show that some of the
students interviewed have difficulty interpreting narrative texts because they do not know
how to read. For students who know how to read the text, the difficulties lie in the fact that
they read without respecting the punctuation marks, and the difficulties in expressing
themselves using formal language as they prefer to use colloquial language. The factors
that negatively influence the reading and interpretation of narrative texts by students are the
poor command of the Portuguese language itself, which is combined with the lack of
foundation and the lack of reading habit. The data also shows that teachers have also
contributed to students having difficulties interpreting narrative texts as they resort to
explaining the meaning of words and not the content of the narrative text as a whole, which
would facilitate this type of text. Furthermore, teachers do not teach students to read slowly,
recognize concepts, and produce a summary for each paragraph, in order to support them in
structuring information when reading a text. This strategy is inappropriate, because, as
several authors point out, the skilled reader does not decode each word in isolation but
immediately recognizes the words found.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pelo dom da vida, amor e protecção que sempre me
proporcionou de forma incondicional.
À minha supervisora Doutora Crisófia Langa da Câmara, pela dedicação e orientação que
tornaram esta monografia numa realidade, agradeço-a do fundo do coração.
À todos que directa ou indirectamente participaram na elaboração deste trabalho, vai o meu
grande e profundo
KHANIMAMBO!
viii
Dedicatória
Dedico esta monografia às minhas filhas Eliandra e Alyssia pelo amor e todo o apoio
incondicional em todos os momentos da minha vida.
ix
Índice de tabelas
Índice de gráficos
%-Percentagem
p.-Pagina
s/d-Sem data
1. Introdução
1.1.Contextualização
De acordo com Lajolo (1993), a leitura não consiste na decifração do sentido do texto, mas
sim na capacidade de dar significado ao texto, conseguir reconhecer nele o tipo de leitura
pretendida pelo seu autor.
Desta forma, tendo em conta o exposto acima a presente pesquisa intitulada Interpretação
de Textos Narrativos: caso de alunos da 10ª classe da escola secundária de Chibuto (2020-
2023), tem como objectivo principal é analisar as estratégias de interpretação de textos
narrativos na sala de aula.
No capítulo III, o quadro teórico, onde descrevemos as lentes através das quais
analisaremos os nossos dados. No capítulo IV, a metodologia usada para a recolha e
2
1.2.Problema
No acto de leitura, o leitor não apenas confere significado para o texto, mas também,
segundo Rocha & Santos (2017), deve ter a competência para interpretar e fornecer sentido
ao que lê, usando procedimentos através de estratégias tais como: ler devagar, reconhecer
conceitos, bem como produzir um resumo para cada parágrafo, de modo a apoiá-lo na
estruturação das informações lidas no texto.
Como pode se perceber, a ausência destas estratégias pode contribuir para as dificuldades
de interpretação de textos narrativos e no aproveitamento pedagógico na língua portuguesa.
O presente trabalho pretende analisar as estratégias de interpretação deste género textual.
O interesse pelo tema deriva do facto de durante o estágio pedagógico na escola em
referência, termos verificado alunos que demonstram dificuldades de interpretação de
textos narrativos e estendendo-se a outras disciplinas, o que acaba influenciando o alcance
dos objectivos definidos no programa do ensino.
Face à realidade acima exposta, a presente pesquisa é norteada pela seguinte pergunta:
Quais são as estratégias adoptadas para interpretação de textos narrativos pelos alunos
da 10ª classe da Escola Secundária de Chibuto?
1.3. Objectivos
1.4. Hipóteses
Que estratégias são propostas pela literatura para a interpretação dos textos
narrativos?
1.6. Justificativa
Nessa perspectiva, a interpretação textual tem de ser feita conforme os objectivos pré-
estabelecidos, visando sempre uma interacção leitor-autor.
Esta pesquisa é sobre a interpretação de textos narrativos pelos alunos da10ª classe.
2. Revisão da literatura
2.1. Conceptualização
Leitura
Para Marcuschi (2008, p.41), a leitura “trata-se de uma atividade que implica estratégias de
seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência.”
Seguindo os dizeres dos autores acima citados, percebemos que ler é construir significados,
ou seja, a leitura é um processo mediante o qual se compreende a linguagem escrita, sendo
o leitor um sujeito activo que interage com o texto.
Texto narrativo
“Considera-se texto narrativo aquele que conta uma determinada história localizando os
acontecimentos no tempo e no espaço. A história é contada por um narrador que pode
participar directa ou indirectamente seguindo uma estrutura textual e categoria narrativa”
(Mello, 1998, p.26).
Ler não é uma actividade simples como muitos pensam, não é somente reconhecer as letras,
sílabas, palavras ou textos. Dolz & Schneuwly (2004), em seus estudos, acreditam que a
abordagem e o estudo da língua devem ser feitos por meio dos textos, e sugerem a
utilização dos diferentes géneros textuais, sejam eles orais ou escritos, em sala de aula.
Segundo Costa (2009, p. 8) “o processo de leitura não apenas avança o simples acto de
decodificação do código escrito, mas também estabelece relações entre os conhecimentos
prévios do leitor”. Diante do enfoque do autor, o leitor constrói o significado do texto
através de decodificação do conhecimento adquirido com a leitura. Visto que o texto é
carregado de significado, mas que a construção realizada pelo leitor, por meio da leitura,
envolve o seu conhecimento prévio e seus objectivos, diferenciando sentido constituído
pelo autor do texto.
Esse conhecimento adquirido sobre a leitura mostra o que vamos acumulando em nossa
memória ao longo de nossa vida, sendo explorado no entendimento dos textos lidos.
Solé (2014, p. 40) diz que é possível atribuir significado no que se lê, “a partir dos nossos
conhecimentos prévios, a partir daquilo que já sabemos, do que já fazia parte da nossa.”
Inseridos nesta concepção ascendente, encontram-se alguns dos modelos de leitura que são
referidos por Amor (2003) como é o caso do modelo estruturalista que defende a
associação de um significado a um estímulo visual, por meio da associação grafema-
fonema. Deste modo, a leitura estaria confinada à dimensão da palavra. Outro modelo
relacionado com a concepção ascendente da leitura é o modelo de processamento de dados,
preconizado por Kato (1987). Este modelo defende a existência de um estímulo sensorial
que está na base da tarefa da leitura, que provocará uma resposta. A leitura era, então,
entendida como uma série de tarefas que processariam a compreensão ao nível da palavra,
da frase e finalmente da conversão do material lido num enunciado fonético.
O modelo da leitura sem mediação sonora de Luria (1970), embora se inscreva numa
perspectiva ascendente, fornece ao estudo da compreensão leitora a noção de que a
reconstrução fonológica não é um dado relevante, uma vez que os leitores experientes
deixam “de extrair letras e sílabas isoladas (…) adivinham o sentido das palavras como um
todo. Nesse processo, o contexto da palavra ajuda-o enormemente. De tal modo que, em
certos casos, o número de traços distintivos necessários para um reconhecimento preciso da
palavra pode ser reduzido a quase zero” (Luria, 1970, cit. em Amor, 2003, p.85)
Estes modelos consideram que a compreensão leitora está dependente das estruturas de
conhecimento preexistentes, na memória do leitor. Por outras palavras, a compreensão
depende dos esquemas que o sujeito actualiza, serão estes que lhe permitirão antecipar e
inferir a informação do texto, através da formulação de hipóteses. Como referem Martín &
Gallego (2001, p.14), “o leitor não lê letra a letra, mas utiliza os seus conhecimentos
prévios, para compreender o texto. Desta forma, o leitor activa o seu conhecimento para
completar ou antecipar informação, sendo que este conhecimento é mais importante que o
reconhecimento de palavras.”
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Dada a importância que estes modelos atribuem aos esquemas, julgamos ser conveniente fazer
uma abordagem da teoria dos esquemas, na compreensão de textos, a partir dos contributos da
psicologia cognitiva.
O leitor tem que usar as suas estruturas cognitivas e, ao mesmo tempo, deve ser capaz de
manipular processos ou seja, estratégias e habilidades de leitura. O texto aporta a intenção
do autor, possui uma determinada forma e conteúdo que influenciam e condicionam a
compreensão. Contudo, gostaríamos de destacar também a importância do contexto, que
embora não fazendo parte do texto, influi na sua compreensão. Assim, como defende
Giasson (1990), o contexto psicológico (intenção de leitura, interesse pelo texto,
motivação, etc.), o contexto social (as intervenções dos professores, dos colegas ou do
espaço social onde decorre a leitura) e o contexto físico (tempo disponível, barulho…)
influenciam a compreensão do material escrito.
Deste modo, o modelo contemporâneo de compreensão da leitura demonstra que estas três
variáveis têm de ser consideradas aquando do ensino da compreensão leitora, em contexto
escolar, dado que elas estarão sempre em jogo durante todas as experiências de leitura que
os indivíduos terão de levar a cabo ao longo da sua vida.
Antunes (2003, p. 77) afirma que “é preciso ter em mente que, o grau de familiaridade do
leitor com o conteúdo veiculado pelo texto interfere, também, no modo de realizar a leitura.
Somente uma leitura aprofundada, na qual o aluno é capaz de enxergar os implícitos,
permite que ele depreenda as reais intenções que cada texto traz.” Concordando com esta
visão, Lajolo (2001, p.45) acrescenta que “essa pressão deve ser explicitada a partir de
estratégias de leitura que possibilitem ao aluno compreender e reconhecer os elementos e
características do texto. Desse modo, o aluno terá condições de se posicionar diante do que
lê, interpretando o texto.”
Analisando sob ponto de vista dos autores acima, faz-se necessário buscar novas formas de
ensinar, com metodologias diferenciadas, no sentido de promover o envolvimento e o
interesse do aluno pelo texto. Esse envolvimento é criado através da realização de uma
leitura silenciosa e individual e não em grupo ou em voz alta como acontece nas nossas
escolas. Acredita-se que tal envolvimento poderá contribuir para a promoção de uma
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leitura crítica do aluno, fazendo-o interpretar textos, formar sua própria opinião e despertar
o seu interesse pelos estudos de língua portuguesa, tornando mais efectivas as suas
produções escritas e promovendo um discurso mais coerente e significativo.
Ataíde & Pacheco (2013, p.41) lembram-nos que “um texto narrativo pode ter várias
interpretações conforme o conhecimento que o leitor tem sobre o mundo, experiências
vividas, suas ideologias, crenças, valores. Contudo, esta deve ser feita em função da sua
estrutura e elementos que compõem o texto narrativo”.
Sobre esse assunto, Ferreira (2001, p.17), apela que no processo de interpretação do texto
narrativo:
deve-se valorizar o saber que o aluno traz como resultado de suas vivências, de suas visões de mundo e
instrumentalizá-lo a partir de várias leituras que vão transpor seu saber comum numa linguagem bem
mais elaborada e convencionada nas diferentes esferas sociais para poderem interagir com esses
discursos.
As ideias avançadas por vários autores sobre o processo de interpretação do Texto Narrativo,
distancia-se daquilo que tem sido prática na sala de aula de algumas escolas moçambicanas,
visto que, a maneira como é feita a leitura (em voz alta e muitas vezes em conjunto), não
propicia a interacção individual aluno e texto. Ainda assim, a interpretação é construída ou
conjuntamente entre o professor e os alunos ou, apenas pelo professor ou manual de ensino e
imposta aos alunos que se limitam a anotar, descurando-se a possibilidade destes emitir sua
opinião sobre o texto.
Segundo Koch (2002), cabe ao professor levar os alunos a reflectirem individualmente sobre
o texto narrativo, orientando os critérios de interpretação e que elementos devem identificar
no texto, e só assim permitirá que cada aluno expresse sua compreensão e a interpretação que
faz em relação as suas vivências e visão do mundo.
Para Freire (2010) a interpretação de um texto narrativo depende da maneira como o leitor
faz a sua leitura, pois a leitura de mundo precede a leitura da palavra, assim sendo, a leitura
individualizada além de prazerosa e concreta, transforma o mundo, transforma o saber
pragmático em um saber contextualizado, transforma conceitos em saberes e verdades. Isso é
o que se espera ao se propor o aluno ou qualquer leitor, a interpretação de textos narrativos.
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Assim, de modo a permitir o alcance dos objectivos preconizados, o presente trabalho guiou-se
pelas seguintes lentes: leitura, interpretação e textos narrativos.
3. Metodologia
Para Fonseca (2002), a conjugação das pesquisas qualitativa e quantitativa permite com
que o pesquisador obtenha mais informações do que se poderia conseguir utilizando as
duas pesquisas de maneira isolada.
Conforme Mattar (2001), a pesquisa quantitativa busca a validação das hipóteses mediante
o uso de dados organizados e estatísticos, isto é, quantifica os dados e estende ou
generaliza os resultados da amostra para os interessados.
3.1.1. Natureza
Quanto à natureza, o presente trabalho classifica-se como sendo a pesquisa aplicada que
segundo Silva (2004, cit. em Prodanov & Ernani, 2013, p.51), pois, tem como finalidade
“gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos”.
No que se refere aos métodos de abordagem, foi usado o método indutivo, que conforme
Marconi & Lakatos (2009, p.90) “é aquele cuja aproximação dos fenómenos caminha
geralmente para os planos cada vez mais particulares às leis e teorias”.
Desta feita, para este estudo, partindo das concepções particulares de cada informante da
pesquisa, apresentamos uma análise sistemática dos dados e produzimos generalizações
que nos permitiram estudar na globalidade as dificuldades de interpretação de textos
narrativos.
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A escolha por esta técnica justifica-se pela facilidade que oferece de obtenção de dados
sem gerar suspeitas na população estudada, e para esta pesquisa, a observação directa, foi
utilizada na identificação e descrição das estratégias de interpretação de textos narrativos
pelos alunos da 10ª classe da escola secundária de Chibuto.
3.3.2. Entrevista
Bogdan & Biklen (1994) consideram que a entrevista é utilizada para recolher dados
descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver
intuitivamente aspectos do mundo.
3.3.3. Inquérito
É constituído por uma série de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do pesquisador (Marconi, 1992).
Usamos o inquérito pela facilidade que oferece de se interrogar maior número de pessoas,
num curto espaço de tempo. Assim, colocamos questões fechadas ou de sim / não que
foram respondidas pelos alunos da 10ª classe da Escola Secundária de Chibuto.
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3.5. Amostragem
3.5.1.População
Deste modo, a população que constituiu o presente estudo foram todos os professores da
disciplina de Português e os alunos da 10ª classe da escola secundária de Chibuto. Dito
doutra forma, a população da presente pesquisa foi composta 408 alunos, sendo 219 do
sexo masculino e 189 do sexo feminino e 4 professores da disciplina de Português da
escola em referência.
Assim, para os professores foi usada a entrevista semi-estrutura que permite maior
interacção e proximidade com a pesquisa (entrevistadora, neste caso), visto que estes por
estarem em menor número e também por serem os profissionais da área com uma
formação superior, acredita-se que possuem bases científicas suficientes para debater
assuntos ligados à temática em estudos. Facto que permitirá com que as bases sejam
formadas, portanto, partindo das compreensões e das perspectivas dos professores
entrevistados.
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Professor 02 02 04 Entrevista
3.5.2. Amostra
Deste modo, tomando em conta as dez turmas que totalizam a 10ª classe na Escola
Secundária de Chibuto, no curso diurno, a nossa amostra envolveu duas turmas, o que
significa que fomos trabalhar com 100 alunos das turmas 1 e 2, sendo 49 do sexo
masculino e 51 do sexo feminino. Quanto aos professores, trabalhamos com dois (2)
professores de Português, que leccionam a 10ª classe na escola em referência.
Como se pode ver na tabela abaixo, a amostra tem uma divisão por sexo. Os professores
que participaram da pesquisa foram seleccionados dois (2), onde um é do sexo masculino e
a outra é do sexo feminino.
No que diz respeito aos alunos, as duas turmas (1 e 2) seleccionadas para representarem
toda a 10ª classe da Escola Secundária de Chibuto apresentam um total de 49 homens e 51
mulheres.
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Professor 01 01 02 Entrevista
A eleição desta escola para presente pesquisa deveu-se ao facto de termos observado o
problema do estudo na mesma, suscitando desta feita o interesse pela abordagem do
assunto.
Além, no que diz respeito ao efectivo docente, a escola secundária de Chibuto conta um
total de 68 professores, dentre os quais 12 leccionam a disciplina de Português, onde 4
destes trabalham com 10ª classe.
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Quanto ao efectivo discente, a escola encontra-se a funcionar com um total de 4550 alunos
distribuídos em 3 períodos lectivos (manhã, tarde e noite).
4.2.Resultados da pesquisa
Em segundo lugar, temos os dados obtidos através do inquérito com os 100 alunos que
fizeram parte desta pesquisa.
De lembrar que este capitulo é guiado pelos conceitos discutidos na revisão da literatura,
que são: a leitura, o texto narrativo e estratégias de interpretação do texto narrativo.
Depois dos dados biógrafos preenchidos pelo professor, a primeira pergunta foi por
“quantos dias trabalha com a leitura e interpretação dos textos na sala de aula?”
Em resposta o professor P-E-1 disse: “assim que eu tenho quatro aulas por semana mas em
dois dias, num dia trabalho com a leitura e interpretação do texto, e no outro dia trabalho
com a gramática”.
Tal como referiu o Professor o P-E-1, o professor P-E-2 em resposta a mesma pergunta
disse: “em todas as minhas aulas aplico a leitura e em duas delas acontece a interpretação
textual com os alunos”.
As respostas destes professores parecem sugerir que para eles, tal como Sole (1998, p.32)
refere, “a aquisição da leitura é imprescindível para agir com a autonomia nas sociedades
letradas”. No entanto, as mesmas respostas mostram que ambos os professores tem
aplicado as actividades de leitura em momentos diferentes, onde um deles não tem
aplicado o exercício da leitura de assídua mas na verdade deve ser tratado de forma
contínua tal como sugere Almeida (2018, p.35) “Os adultos devem criar momentos para
que a criança possa apresentar o gosto por ler, para tal devem disponibilizar diferentes
21
O que significa que a leitura deve ser vista pelos professores como uma actividade
imprescindível nas suas aulas.
A segunda pergunta foi “os alunos conseguem interpretar com facilidade ou não os textos
narrativos?”, Em resposta o professor P-E-1 disse que “os alunos não conseguem com
facilidade, eles apresentam muitas dificuldade”.
O professor P-E-2 deu uma resposta mais ou menos similar. Segundo ele, “nem todos os
alunos possuem dificuldades de interpretação, mas mesmo assim a maioria deles têm
muitas dificuldades”.
As respostas dos confirmam o sugerido por Almeida (2018, p.36) para quem
o leitor apresenta dificuldades na compreensão de textos devido ao desconhecimento que tem sobre o
tema abordado e o vocabulário empregado. Para minimizar tal situação, antes da leitura deve-se
conversar sobre o tema do texto que irão ler e desenvolver o vocabulário.
Desta feita, é chamada a necessidade de o professor usar como uma das estratégias para a
superação das dificuldades de leitura o anúncio antecipado do tema a ser tratado no texto a
ser lido futuramente e apoiar-se também no trabalho de desenvolvimento do vocabulário dos
seus alunos.
Seguindo, esta questão fez-se uma outra que é “quais são as dificuldades que os alunos
apresentam na interpretação dos textos narrativos?” e o professor P-E-1 respondeu: “acredito
eu que a maior dificuldade de alguns alunos é eles não saberem praticamente nada de leitura e
os que sabem ler, somente efectuam uma leitura sem pontuação, sem entoação e não fazem
uma reflexão no que estão a ler.
O P-E-2, por sua vez, afirmou que “verifico dificuldades ligadas ao uso e entoação dos sinais
de pontuação, falta de coesão na leitura.”
Dos depoimentos acima expostos, conclui-se que a maioria dos alunos possui dificuldades de
interpretação dos textos narrativos e dessas dificuldades a maior é a de não saberem ler.
Sendo que as outras dificuldades, sobretudo os que dominam a leitura, estão ligados à
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concordância, desrespeito pelos sinais de pontuação, deixando, deste modo, o texto sem
coesão, o que acaba dificultando a reflexão da leitura, afectando a compreensão e a temática
do texto.
Nesta perspectiva dos pronunciamentos dos professores, Koch & Elias (2011, p.11) revelam
que “a leitura é uma actividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos
do leitor.” Seguindo esta ideia do autor, se o aluno possui dificuldade na leitura, torna-se
impossível interpretar para, posteriormente, chegar à compreensão do que leu, visto que o
contacto directo com o texto produz uma visão mais ampla de conhecimento.
Correia (2001, p.9) afirma que “a grande maioria dos alunos não lê e, provavelmente,
quando lê, o fazem de forma inadequada (...). A grande maioria dos alunos apresenta
dificuldades não só na compreensão do texto, como também na redação.”
Por sua vez, Santos (2017, p.11) revela que “os alunos demonstram ter “preguiça” e falta de
interesse de ler e escrever. (...) A compreensão textual é razoável, pois não demonstram
criatividade e muitas vezes falta vontade.”
O professor cujo código é P-E-1 disse: “eu acredito que os factores que influenciam
negativamente a leitura e interpretação dos textos narrativos pelos alunos são o fraco domínio
da própria língua portuguesa que se conjuga à falta de embasamento e a falta de hábito de
ler.”
Já o P-E-2 afirmou que “para mim, vejo o não domínio da língua portuguesa que se resume
no fraco domínio do vocabulário que pode ser causado pelo baixo poder de compra que não
possibilita que os meus alunos adquiram livros, revistas e até mesmo os jornais que
permitiriam que a leitura se torne parte integral do quotidiano dos alunos enriquecendo o seu
vocabulário, o que facilitaria a própria interpretação do texto.”
Diante das afirmações, compreende-se que os professores concordam que um dos factores da
fraca interpretação dos textos narrativos é o fraco domínio da língua portuguesa que é
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conjugada à falta de hábito de ler e à situação financeira dos alunos que não permite a compra
de livros para a leitura assídua dos textos e o convívio permanente com o vocabulário.
O que os professores entrevistados referiram já foi antes exposto por Solé (1998). De acordo
com o autor, “muitos discentes, talvez, não tenham oportunidades longe da escola, de
familiarizar-se com a leitura; talvez não vejam adultos lendo; talvez ninguém lhes leia livros
com frequência” (Solé, 1998, p. 5). Essas carências no contexto familiar do aluno trazem
resultados negativos e os levam a ter antipatia pelas aulas de leitura e interpretação textual, o
que dificulta o aprendizado, uma vez que não há interesse.
Podendo-se apontar umas mais pormenorizadamente, como afirma Ferraz (2007, p. 19), “por
vezes, a língua da casa colide com a língua da escola”. Os alunos não ouviram histórias, nem
tiveram contacto com livros, por isso, é importante que logo nas classes iniciais, seja
proporcionado o acesso aos diferentes portadores textuais, de modo a que as diferenças sejam
minimizadas. Muitos alunos não têm livros em casa, a escola deve proporcionar esse contacto
para se tornarem leitores. Não nos podemos esquecer que, como afirma Ferraz (2007, p.79):
A escola é atualmente frequentada por alunos que, adquiriram a língua em meios sociais e culturais
marcantes por características diversas e, por isso, têm um desenvolvimento linguístico e cognitivo
diferente dos que têm origem em meios social e culturalmente diferentes (para não falar de alunos que,
nas nossas escolas, aprendem Português como língua não materna).
(...) muitas vezes os leitores menos hábeis ou que principiam a ler em língua estrangeira, sentem
necessidade de saber o significado de todas as palavras do texto. Esse desconhecimento, aparentemente
fácil de resolver, é muitas vezes causa de um bloqueio que impede a continuação da leitura e a
consequente incompreensão do material escrito.
Nesse aspecto, estes resultados significam a confirmação de uma das hipóteses desta pesquisa
“o pouco domínio da língua portuguesa pode estar a contribuir para as dificuldades
apresentadas pelos alunos 10ª classe na interpretação dos textos narrativos.”
Por último perguntamos “quais as estratégias que usa para ajudar os alunos a superar estas
dificuldades de leitura e interpretação?” Assim o P-E-1 afirmou que “eu leio o texto
juntamente com os meus alunos, oriento o levantamento de palavras difíceis e elaboro
perguntas adicionais de fácil compreensão.”
O professor acrescenta, “costumo fazer o reconto da mesma história do texto lido, faço a
troca de palavras de difícil compreensão em 'quinhentas' para que os alunos possam entender
um pouco o que a mensagem que o autor pretende passar aos leitores.” (P-E-1, 2023).
24
Face a estes depoimentos, conclui-se que os professores usam mais a estratégia de explicação
do significado de palavras para facilitarem a interpretação dos textos narrativos pelos alunos.
Porém esta estratégia mostra-se inadequada para esta actividade de interpretação, visto que
segundo Pinho (2010, p. 25) “(...) a procura exaustiva do significado de todas as palavras
desconhecidas pode revelar-se uma tarefa desmotivante.”
a utilização de uma série de estratégias de inferência que nos parecem relevantes, no ensino de línguas,
como a análise da morfologia das palavras, o valor do contexto ou dos referentes gramaticais e
semânticos que rodeiam a palavra desconhecida, o recurso a termos de outras línguas e evidentemente
o uso do dicionário, como último recurso. Também se admite o uso de ilustrações ou de outro tipo de
material gráfico de apoio à descoberta do sentido das palavras. Nesta perspectiva, a utilização dos
conhecimentos prévios do leitor desempenha um papel fundamental na execução destas estratégias de
inferência.
Sob esse ponto de vista Pinho (2010, p.26) afirma que “a superação desta dificuldade terá que
passar pela análise dos textos numa perspectiva holística, ou seja, considerando o texto como
um todo e como uma estrutura.”
Aos alunos foi dirigido um inquérito com perguntas fechadas e suas respostas foram
posteriormente representadas nos gráficos e nas tabelas. Aqui também, como forma de
garantir a confidencialidade, não foram adicionados os nomes dos inqueridos.
Desta forma, começou-se com a seguinte questão: O texto narrativo é uma prosa ou um
poema?
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A Poema 12 12%
B Prosa 74 74%
Nesta primeira pergunta, como se pode ver no gráfico 1 em paralelo com a tabela número 3,
ao serem chamados para classificarem o texto narrativo quanto à mancha gráfica, dos 100
alunos inqueridos, 74 correspondentes a 74% responderam correctamente assinalando que se
tratava de uma “prosa”, no entanto, 12 alunos equivalentes a 12% responderam de forma
errada que é um “poema”, e 14 formulários dos 100 que distribuímos aos inqueridos, esta
pergunta não foi respondida. Ou seja, 14% dos alunos não deu resposta.
Estas repostas à primeira pergunta nos levam a concluir que os alunos apesar de estarem a
frequentar a 10ª classe, que é uma classe que fecha o primeiro ciclo do ensino secundário
geral (ESG), alguns ainda apresentam dificuldades para distinguir os textos narrativos de
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outras tipologias textuais, sobretudo no que diz respeito à sua mancha gráfica. Uma outra
situação que chamou a atenção da pesquisadora, foi o facto de alguns alunos não terem
respondido a esta questão o que leva a concluir que isso esteja associado ao que os
professores nos apuraram na entrevista, que alguns alunos apresentam sérias dificuldades de
leituras e interpretação.
O que significa que, o facto dos professores de língua portuguesa se preocuparem em ensinar
para apenas cumprir com o programa de ensino acaba transformando alunos em passivos,
sem a capacidade de reflectir sobre os conteúdos estudados.
De relembrar que os professores para superarem as dificuldades têm optado pela estratégia de
explicação do significado de palavras para facilitarem a interpretação dos textos narrativos
pelos alunos, o que se mostra inadequado para a solução destes problemas.
Esta realidade associa-se à afirmação de Koche, Boff & Marinello (2017), que afirmam que a
metodologia tradicional usada pelos professores permite apenas que o aluno foque em
decorar o conteúdo ministrado para ser aprovado nos testes, do que aprender, de facto, o
conteúdo, o que lhes impede de ter a perspicácia de questionar o assunto mencionado.
A segunda questão do inquérito foi “com que frequência você lê os textos narrativos fora da
escola?”
Na segunda questão, o gráfico 2 nos mostra 55% dos inqueridos, responderam que lêm textos
narrativos “nos tempos livres”, já 17% que lêm esta tipologia textual “apenas nas aulas de
Português”. Por sua vez, 10% respondeu que lê “uma vez por dia”, mas 18% dos inqueridos
responderam que “Não gosto dos textos narrativos.”
Desta forma, nesta segunda questão conclui-se que os alunos não têm tido o hábito de ler os
textos narrativos, o que de certa forma, leva às dificuldades de interpretação deste tipo de
texto na sala de aula tal como afirma Brito (s/d, p.7)
os alunos estão conscientes de que a leitura ajuda na produção textual, porém são poucos os que
costumam apresentar o prazer pela leitura, não tendo a oportunidade de conhecer novas palavras,
expressões, formas gramaticais e, desse modo, tornar-se um melhor escritor.
Em seguida fez-se a terceira pergunta, “Quais são as dificuldades que você tem em relação
aos textos narrativos?”
28
A Identificação da 48 48%
estrutura da
narrativa
O gráfico 3 e a tabela 5, apresentam as respostas dos alunos sobre as suas dificuldades face
aos textos narrativos. Onde 48% que equivalem a 48 inqueridos afirmam que têm
dificuldades para “identificar estrutura da narrativa”, 22 alunos correspondentes a 22%
responderam que têm dificuldade para “identificar o tipo de narrativa”, 16% apontaram para a
dificuldade de “leitura do texto narrativo” e, por sua vez, 14 alunos equivalentes a 14%
assinalaram que possuem dificuldades na “caracterização das personagens.”
Como pode se perceber, os alunos apresentam várias dificuldades de textos narrativos, sendo
que a maior delas, como apurado na entrevista com os professores, é leitura do próprio texto
narrativo. Estas dificuldades colocam em causa a aprendizagem da disciplina de Português
sob o ponto de vista sócioconstrutivista, como afirma Pinho (2010, p.46) “O estudo do texto
narrativo centra-se na aquisição de estratégias que permitam ao aluno aprofundar a relação
afectiva e intelectual com as obras para que possa traçar o seu percurso enquanto leitor e construir
a sua autonomia face ao conhecimento” .
A última questão do inquérito com os alunos foi “Depois da aula de Português sobre os textos
narrativos, consegues interpretar os textos que aprenderam?”.
A Sim 28 28%
B Não 72 72%
A pergunta quatro, que procurava o ponto de vista dos alunos sobre a eficácia das estratégias
metodológicas usadas pelos professores no trabalho com a interpretação dos narrativos,
segundo os dados do gráfico 4 e da tabela 6, teve 28% que são 28 alunos respondendo que
“sim” a forma como o professor ensina a interpretação dos textos narrativos facilita a sua
percepção, mas a maioria, ou seja, 72 alunos correspondentes assinalaram “não”.
Em suma, estas respostas, nos levam ao entendimento de que a primeira hipótese desta
pesquisa que diz “A utilização inadequada das estratégias para a interpretação de textos
narrativos na 10ª classe dificulta a interpretação dos textos narrativos pelos alunos” foi
confirmada. Isto porque se 72% da amostra dos alunos afirma que não conseguem entender a
interpretação dos textos narrativos com a forma como o professor ensina, significa que as
estratégias usadas pelo educador não são suficientemente adequadas para o cumprimento dos
objectivos preconizados.
o professor de língua ao promover a leitura, na sala de aula, e a consequente compreensão dos textos,
tem que partir de sólidos conhecimentos teóricos sobre o modo como os alunos compreendem o texto.
Será a partir destes conhecimentos, que o professor poderá aliar à sua prática pedagógica, actividades
didácticas capazes de promover uma efectiva interpretação dos textos escritos.
Por isso, propomo-nos partir, da concepção de que ler é compreender, para reflectir sobre o processo
que está inerente à compreensão do material lido.
Desta forma, percebe-se que para interpretar um texto é necessário ter competência técnica, isto é,
saber ler exige concentração (treinada pela memória visual e auditiva); noção de tempo e de
espaço (fundamentais para situar a história e as personagens) e competência linguística.
O presente capítulo, fez a análise e discussão dos resultados colectados na escola secundária
de Chibuto, onde foi feita a descrição do local do estudo, ou seja, a localização e
caracterização da escola em referência e em seguida foram apresentados, analisados e
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discutidos os dados obtidos por meio da entrevista com os professores e inqueridos com os
alunos.
5. Conclusões e sugestões
5.1. Conclusões
O trabalhou mostrou que parte dos alunos tem dificuldade de não saber ler, o que dificulta
a interpretação destes. Para os alunos que sabem ler o texto, as dificuldades estão no facto
destes fazerem uma leitura sem respeitar os sinais de pontuação, e as dificuldades de se
expressarem com base na linguagem formal, pois optam pela linguagem coloquial.
A falta de domínio de leitura tem sido o problema que impossibilita a interpretação dos
textos narrativos visto que ela leva os alunos a não lerem os textos narrativos fora do
ambiente escolar, como visto nas respostas de uma das perguntas do inquérito usado para a
recolha de dados.
No entanto, tendo em conta que os objectivos deste trabalho são descrever as estratégias de
interpretação de textos narrativos adoptadas pelos professores de língua portuguesa da 10ª
classe na escola secundária de Chibuto e explicar as estratégias de interpretação de textos
narrativos adoptados pelos professores de língua portuguesa da 10ª classe na escola
secundária de Chibuto, os dados mostram que os professores também têm contribuído para
os alunos tenham dificuldades de interpretação de textos narrativos visto que recorrem a
explicação do significado das palavras e não do conteúdo do texto narrativo como um todo,
o que facilitaria desta tipologia de texto. Além disso, os professores não ensinam os alunos
a ler devagar, reconhecer conceitos, bem como produzir um resumo para cada parágrafo,
de modo a apoiá-los na estruturação das informações face a leitura de um texto. No entanto,
estas estratégias se mostram inadequadas, pois como referem vários autores, o leitor hábil
não descodifica uma a uma cada palavra, mas reconhece de imediato as palavras
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encontradas, o que confirma a primeira hipótese deste estudo que diz que “A utilização
inadequada das estratégias para a interpretação de textos narrativos na 10ª classe dificulta a
interpretação dos textos narrativos pelos alunos.”
Foi possível também confirmar a hipótese segundo a qual “O pouco domínio da língua
portuguesa pode estar a contribuir para as dificuldades apresentadas pelos alunos 10ª
classe na interpretação dos textos narrativos” uma vez que os resultados desta pesquisa
levam ao entendimento de que há ausência de uma alfabetização que comece do meio
familiar que circunda o aluno facto que impossibilita um domínio da língua portuguesa por
via da qual se facilitaria a interpretação dos textos narrativos no processo de ensino-
aprendizagem desta disciplina.
Contudo, apesar dos problemas aqui descritos defendemos que é possível utilizar o texto
narrativo para o desenvolvimento das capacidades dos nossos alunos e melhorar o domínio
da língua portuguesa como visto durante o trabalho isso torna-se possível através da
concentração durante a leitura. Neste percurso, certamente, não existe espaço para a
simplificação dos recursos, nem para a passividade do professor no momento de criar ou
de desenvolver nos seus alunos a vontade de ler e interpretar o texto narrativo.
5.2. Sugestões/recomendações
Para a superação das dificuldades dos alunos no acto da interpretação dos textos narrativos
nas aulas da disciplina de Português, recomenda-se:
Um outro aspecto, foi a indisponibilidade dos professores nos dias marcados para a
entrevista, obrigando-nos a adiar para outros dias que não estavam previamente definidos
para a recolha de dados.
O facto da nossa colecta de dados ter coincidido na semana de correção e entrega das
avaliações trimestrais (AT's) nos fez ter pouco tempo para a concretização completa do
plano de assistência das aulas, o que levou ao facto de nos basearmos somente nas aulas
assistidas durante o estágio pedagógico, estas nos levaram a detectar o problema da
presente pesquisa.
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6. Referência Bibliográficas
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Gil, A.C. (2008). Como elaborar projecto de pesquisa. (4ª. ed.). São Paulo, Brasil: Atlas.
Köche, V.S; Boff, O.M.B; Marinello, A.F. (2017).Leitura e produção textual: Gêneros
Lajolo, M. (1993). Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática.
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Solé, I. (2014). Estratégias de leitura. (6ª. ed.) Porto Alegre, Brasil: Penso.
1. Por quantos dias trabalha com a leitura e interpretação dos textos na sala de aula?”
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3. Quais são as dificuldades que os alunos apresentam na interpretação dos textos narrativos?
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4. Que factores acha que estão por detrás das dificuldades de interpretação dos textos
narrativos pelos alunos?
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5. Quais são as estratégias que usa para ajudar os alunos a superar estas dificuldades de
leitura e interpretação?
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Classe____Turma______CD. data___/___2023
3. Quais são as dificuldades que você tem em relação aos textos narrativos.
Leitura do texto
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Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) e/ou participar na
pesquisa de campo referente a pesquisa intitulada “Dificuldades de Interpretação de
Textos Narrativos: caso da 10ª classe da Escola Secundária de Chibuto (2020-2023)”,
desenvolvida por Helena Anastáncia Orlando Bata, estudante do curso de Licenciatura em
Ensino de Português promovido Universidade Aberta ISCED (UnISCED). Fui
informado(a) ainda que poderei contactar ou consultar a qualquer momento que julgar
necessário através do telefone no 863294923.
Fui informado(a) dos objectivos estritamente académicos do estudo, que em linhas gerais é
analisar as dificuldades de interpretação de textos narrativos pelos alunos da 10ª classe da
Escola Secundária de Chibuto.
Como participante da pesquisa declaro que concordo em ser entrevistado(a) uma ou mais
vezes pelo pesquisador em local e duração previamente ajustados, permitindo ( )/ ou não
permitindo ( ) a gravação de entrevistas.
Fui também esclarecido(a) que a minha colaboração se fará de forma anónima, por meio de
entrevista semiestruturada, observação e o acesso e análise de dados colectados se farão
apenas pela pesquisadora e/ou seu orientador.
Fui ainda informado(a) pela pesquisadora que tenho a liberdade de deixar de responder a
qualquer pergunta ou posso-me retirar desse estudo a qualquer momento, temporária ou
definitivamente.