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Monitoramento de Mastofauna em SC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CAMPUS CURITIBANOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOSSISTEMAS AGRÍCOLAS E NATURAIS

Monalisa Ribeiro Camargo

Monitoramento da Mastofauna de Médio e Grande Porte no Parque Estadual Rio


Canoas no Município de Campos Novos/SC

CURITIBANOS
2021
Monalisa Ribeiro Camargo

Monitoramento da Mastofauna de Médio e Grande Porte no Parque Estadual Rio


Canoas no Município de Campos Novos/SC

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação


em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN) do
Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de
Santa Catarina – Campus de Curitibanos.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Tavela.


Área de Concentração: Manejo e Conservação de
Ecossistemas Agrícolas e Naturais.
Linha de Pesquisa: Ecologia de Ecossistemas

Curitibanos
2021
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da
Biblioteca Universitária da UFSC.

Monalisa Ribeiro Camargo


Monitoramento da Mastofauna de Médio e Grande Porte no Parque Estadual Rio
Canoas no Município de Campos Novos/SC

O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca


examinadora composta pelos seguintes membros:

Alexandre Siminski, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Fernanda de Fátima Rodrigues da Silva, Drª.


Universidade Federal de Viçosa (CCSS/UFV)

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi
julgado adequado para obtenção do título de mestre em ciência.

____________________________
Coordenação do Programa de Pós-Graduação

____________________________
Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Tavela
Orientador

Curitibanos, 2021.
Este trabalho é dedicado a minha família.
AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Santa Catarina pelo ensino público de qualidade.


Ao meu orientador, prof. Dr. Tavela, por toda ajuda, compreensão, incentivo e
investimentos financeiros durante a pesquisa.
A coordenação, professores e técnicos atuantes no Programa de Pós-graduação em
Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN) e demais professores e alunos de doutorado e
pós-doutorado que estiveram presentes em algumas disciplinas compartilhando conhecimento.
Ao Instituto do Meio Ambiente por disponibilizar a área de pesquisa, estrutura,
equipamentos e pessoal, em especial a Leila por sempre acompanhar a pesquisa.
A OSCIP Grimpeiro, Thaís, Michel, Nathana, Jean, Geovana, por todo apoio logístico,
pelas trilhas percorridas, pelas conversas e por todas as contribuições ao trabalho.
Aos estagiários (as) Geovane, Átila, Bruna e amigos (as) por auxiliar nas coletas de
campo.
Aos meus colegas de turmas, todos ficarão sempre em meu coração e agradeço por
cada conselho, por cada ajuda nas disciplinas, em especial a Ketlin pelo apoio durante os dias
de permanência em Curitibanos, ao André e sua esposa Carla pela paciência e construções nos
trabalhos.
Ao professor Marcos, por acreditar no meu potencial e indicar o caminho para a
realização deste sonho que foi cursar o mestrado.
A Secretaria de Educação de Indaial, por flexibilizar minha jornada de trabalho no ano
de 2019.
Aos meus amigos das famílias Juvenal e CEJA por todo o incentivo e auxílio nesta
caminhada. A família Cury, meu amigo Vitor e minha amiga Lilian por acolherem meus filhos
nos momentos que eu estive longe deles. A minha Cláudia pelo auxílio no inglês.
A minha família, por me apoiarem em cada momento, aqui não existem palavras para
descrever o quanto vocês são importantes em minha vida.
RESUMO

O Brasil destaca-se mundialmente pela riqueza de espécies de mamíferos. Neste contexto, os


monitoramentos de fauna são fundamentais para a obtenção de dados sobre a riqueza e
diversidade de espécies. Em virtude de sua elevada biodiversidade o bioma Mata Atlântica é
considerado área prioritária de conservação dentro do conceito de hotspots, sendo o segundo
bioma com maior riqueza de espécies da fauna. A área deste estudo pertence à Floresta
Ombrófila Mista, também chamada de Mata de Araucária, ou Floresta de Araucária, associada
ao bioma Mata Atlântica. Uma peculiaridade é a área de transição dos biomas, um sistema
ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual, esta é encontrada
unicamente no vale fluvial do Rio Canoas, estando concentrada nas porções inferiores do
mesmo. Dessa forma, o presente estudo objetivou realizar o monitoramento das espécies de
mamíferos de médio e grande porte ocorrentes no Parque Estadual Rio Canoas do município de
Campos Novos (SC), com destaque para as espécies ameaçadas de extinção, topos de cadeias
alimentares e exóticas invasoras. Para o monitoramento foram utilizadas armadilhas
fotográficas não iscadas, visualização direta e interpretação de vestígios durante os anos de
2019 e 2020. Os dados foram analisados a partir dos registros de ocorrência das espécies na
área em estudo, sendo que a Ordem Carnívora (6) obteve maior representatividade em número
de registros, seguida da ordem Cetartiodactyla (3), Rodentia (2), e as demais Artiodactyla,
Cingulata, Pilosa e Primates (1), distribuídas entre 11 famílias, 13 gêneros e 15 espécies. Essa
lista contemplou 27,27% dos mamíferos de médio e grande porte de Santa Catarina (n=55). As
espécies com maior abundância relativa foram: Nasua nasua (Linnaeus, 1766) (27,07 %),
Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758) (23,31 %) e Mazama gouazoubira (Fischer,
1814) (18,05%), outras sete espécies estão categorizadas em algum nível de ameaça nas listas
vermelhas a nível global, nacional ou estadual sendo: Leopardus wiedii (Schinz, 1821), Tayassu
pecari (Link, 1795), Puma concolor (Linnaeus, 1771), Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-
Hilaire, 1803), Cuniculus paca (Linnaeus, 1766), Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758), Leopardus
pardalis (Linnaeus, 1758). A espécie Sus scrofa (Linnaeus, 1758) foi identificada como exótica
invasora. Um registro inédito para a área monitorada foi a ocorrência de Tayassu pecari (Link,
1795) antes considerado extinto na unidade de conservação. A diversidade biológica foi obtida
através de dois índices: Índice de Diversidade de Shannon- Wiener (H') e Índice de
Equitabilidade de Pielou (J). O Índice de Diversidade de Shannon- Wiener (H') é baseado no
número de indivíduos de cada táxon (espécies) presentes nas unidades amostrais. Quanto mais
alto o valor obtido, maior é a diversidade biológica da comunidade amostrada e neste estudo
resultou em 2,093. O Índice de Equitabilidade de Pielou (J) se refere à distribuição dos
indivíduos entre as espécies, sendo inversamente proporcional à dominância. Quanto mais
próximo de 1 for o valor obtido por este índice, mais homogênea é a distribuição dos indivíduos
entre as espécies e foi calculado em 0,7728. Estes resultados estão dentro do padrão esperado
para uma área em processo de regeneração da Floresta Ombrófila Mista indicando que a
unidade de conservação está sendo utilizada como refúgio pela fauna contribuindo com
informações importantes acerca da riqueza e distribuição das populações de mamíferos da Mata
Atlântica.

Palavras-chave: Unidade de Conservação. Mamíferos. Espécies Exóticas Invasoras. Mata


Atlântica.
ABSTRACT

Brazil stands out worldwide in the richness of mammal species. In this context, fauna
monitoring is essential to obtain data on species richness and diversity. Due to its high
biodiversity, the Atlantic Forest biome is considered a priority conservation area within the
concept of hotspots, being the second biome with the greatest richness of fauna species. The
study area belongs to the Mixed Ombrophilous Forest, also called the Araucaria Forest,
associated with the Atlantic Forest biome. A peculiarity is the transition area of the biomes, an
ecotone system between the Mixed Ombrophilous Forest and the Seasonal Deciduous Forest,
which is found only in the river valley of the Canoas River, being concentrated in its lower
portions. Thus, this study aimed to monitor the species of medium and large mammals occurring
in the Rio Canoas State Park in the country of Campos Novos (SC) with emphasis on
endangered species, tops of food chains and invasive aliens. For monitoring, non-baited camera
traps, direct visualization and interpretation of traces were used during the years 2019 and 2020.
Data were analyzed from the records of occurrence of species in the area under study, the Order
Carnivore (6) obtained the highest representativeness in number of records, followed by the
order Cetartiodactyla (3), Rodentia (2), and the others Artiodactyla, Cingulata, Pilosa and
Primates (1), distributed among 11 families, 13 genera and 15 species. The list included 27.27%
of medium and large mammals in Santa Catarina (n=55). The species with the highest relative
abundance were: Nasua nasua (Linnaeus, 1766) (27.07%), Dasypus (Dasypus) novemcinctus
(Linnaeus, 1758) (23.31%) and Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) (18.05 %), other seven
species are categorized at some level of threat in the red lists at the global, national or state
level, Leopardus wiedii (Schinz, 1821), Tayassu pecari (Link, 1795), Puma concolor
(Linnaeus, 1771), Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803), Cuniculus paca
(Linnaeus, 1766), Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758).
The species Sus scrofa (Linnaeus, 1758) has been identified as an invasive alien. An
unprecedented record for the monitored area was the occurrence of Tayassu pecari (Link, 1795)
previously considered extinct in the conservation unit. The biological diversity was obtained
through two indexes: Shannon-Wiener Diversity Index (H’) and Index of Pielou´s Equitability
(J). The Shannon-Wiener Diversity Index (H´) is based on the number of individuals of each
taxon (species) present in the sampling units. How much more high the value obtained, the
greater the biological diversity of the sampled community and in this study resulted in 2,093.
Pielou´s Equitability Index (J) refers to the distribution of individuals among species, being
inversely proportional to dominance. How much more close to 1 is the value obtained by this
index, the more homogeneous is the distribution of individuals among species and was
calculated at 0,7728. These results are within the expected pattern for an area in the process of
regeneration of the Mixed Ombrophilous Forest, indicating that the conservation unit is being
used as a refuge by fauna, contributing with important information about the richness and
distribution of mammal populations in the Atlantic Forest.

Key-words: Conservation Unit. Mammals. Invasive Alien Species. Atlantic forest.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa da localização da área de estudos, Parque Estadual Rio Canoas – PAERC,
Município de Campos Novos- SC. Sendo (A) a localização do estado de Santa Catarina no
território brasileiro, (B) a localização do município de Campos Novos no estado e (C) a
localização da área de estudo no município de Campos Novos, onde as linhas de contorno preto
representam os municípios vizinhos, Celso Ramos, Abdon Batista e Anita Garibaldi. A linha
de contorno vermelha representa o perímetro da área de 1.133,25 hectares do PAERC. As linhas
de contorno azul representam os cursos d´água .......................................................................23
Figura 2 - Mapa com a localização dos doze pontos de amostragem por armadilhas fotográficas
de borda e interior no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC, nos
anos de 2019 e 2020...................................................................................................................25
Figura 3 - Instalação de uma armadilha fotográfica não iscada, no Parque Estadual Rio Canoas
no Município de Campos Novos- SC, período de 2019 e 2020. Sendo (A) vista da instalação da
armadilha número 8 (cemitério). E (B) vista da captura de imagens pela armadilha número 8
(cemitério).................................................................................................................................26
Figura 4 - Ocorrência de Eira barbara barbara (Linnaeus, 1758) através do uso de armadilha
fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC...41
Figura 5 - Registro noturno da ocorrência de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) através de
armadilhas fotográficas não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.................................................................................................................................43
Figura 6 - Registro noturno da ocorrência de Leopardus wiedii (Schinz, 1821) através de
armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.................................................................................................................................45
Figura 7 - Sinais de ocorrência de Puma concolor (Linnaeus, 1771) através do registro de fezes
em trilhas próximas a maior lagoa do Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.................................................................................................................................47
Figura 8 - Ocorrência de Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803) através de
armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.................................................................................................................................49
Figura 9 - Ocorrência de Nasua nasua (Linnaeus, 1766) através de armadilhas fotográficas não
iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC .........................51
Figura 10 - Registro de filmagem da ocorrência de Sus scrofa (Linnaeus, 1758) através do uso
de armadilhas fotográficas não iscadas no interior Parque Estadual Rio Canoas no Município
de Campos Novos- SC..............................................................................................................53
Figura 11 - Ocorrência de Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758) através de armadilhas fotográficas
não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC ...................57
Figura 12 - Ocorrência de Tayassu pecari (Link, 1795) através de armadilha fotográfica não
iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC............................58
Figura 13 - Ocorrência de Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) através de armadilha
fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC .60
Figura 14 - Registro da ocorrência de Dasypus (Dasypus) novemcinctus através de visualização
direta em área próxima ao final da trilha da cachoeira no Parque Estadual Rio Canoas no
Município de Campos Novos- SC.............................................................................................62
Figura 15 - Registro através do uso de armadilha fotográfica não iscada identificando a
ocorrência de Tamandua tetradactyla (Linnaeus,1758) no Parque Estadual Rio Canoas no
Município de Campos Novos- SC.............................................................................................64
Figura 16 - Ocorrência de Sapajus apella (Linnaeus, 1758) através da metodologia de armadilha
fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos-
SC..............................................................................................................................................66
Figura 17 - Registro noturno da ocorrência de Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) através do uso
de armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.................................................................................................................................68
Figura 18 - Registro da ocorrência de Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) através do uso
de armadilhas fotográficas não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de
Campos Novos- SC...................................................................................................................70
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Abundância relativa das espécies da mastofauna de médio e grande porte do PAERC*
no período de 2019 e 2020.........................................................................................................30
Tabela 2 - Índices de diversidade para o monitoramento da mastofauna de médio e grande porte
em remanescentes de Mata Atlântica em Santa Catarina...........................................................37
Tabela 3 - Composição da mastofauna de médio e grande porte do PAERC* (2019 e 2020)
amostrada por meio de armadilhas fotográficas, visualização ou interpretação de vestígios….39
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Curva de rarefação do monitoramento da mastofauna de médio e grande porte do


PAERC utilizando as metodologias de armadilha fotográfica, interpretação de vestígios e
visualização direta nos anos de 2019 e 2020..............................................................................34
Gráfico 2 - Estimativa de riqueza do monitoramento da mastofauna de médio e grande porte do
PAERC utilizando as metodologias de armadilha fotográfica, interpretação de vestígios e
visualização direta nos anos de 2019 e 2020..............................................................................35
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
2 HIPÓTESE ..................................................................................................................... 15
3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 15
3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 15
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 15
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .....................................................................................16
4.1 IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA MASTOFAUNA ...............................16
4.2 TÉCNICAS DE MONITORAMENTO ........................................................................... 18
5 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 21
5.1 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 21
5.2 DELINEAMENTO ESPACIAL ..................................................................................... 24
5.3 MONITORAMENTO DA FAUNA ................................................................................ 25
5.4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................ 27
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 29
6.1 MONITORAMENTO DA FAUNA: OCORRÊNCIA E ÍNDICES ............................... 29
6.1.1 Armadilhas fotográficas ................................................................................................ 31
6.1.2 Visualização direta e interpretação de vestígios ......................................................... 32
6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POPULAÇÕES AMOSTRADAS ............................. 40
6.2.1 Ordem Carnívora .......................................................................................................... 40
6.2.2 Ordem Cetartiodactyla ................................................................................................. 53
6.2.3 Ordem Cingulata ........................................................................................................... 62
6.2.4 Ordem Pilosa .................................................................................................................. 64
6.2.5 Ordem Primates ............................................................................................................. 66
6.2.6 Ordem Rodentia ............................................................................................................ 68
7 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 71
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 72
9 ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Nº 011/2019 DBIO .......................... 73
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74
13

1 INTRODUÇÃO

O Brasil destaca-se mundialmente pela riqueza de mamíferos com mais de 700


espécies reconhecidas, pertencentes a 11 Ordens (ICMBIO, 2018). A Mata Atlântica é o
segundo bioma com maior riqueza de espécies da fauna, atrás da Amazônia e seguido do
Cerrado (ICMBIO, 2018; QUINTELA et al., 2020). Em regiões onde a mastofauna não foi
descrita, ou pouco é estudada, os levantamentos de fauna são essenciais para obter informações
sobre a ocorrência localizada de espécies (CASTRO et al, 2015) e podem fornecer subsídio
para a conservação e para o manejo de áreas indispensáveis à manutenção das populações
silvestres ali existentes (BÔLLA, 2017).
O Parque Estadual Rio Canoas (PAERC) está situado no município de Campos Novos
- SC e é considerado como área de extrema prioridade para a conservação de mamíferos. O
levantamento realizado entre os anos de 2002-2004 para a implantação do parque registrou a
ocorrência de 28 espécies de mamíferos, entre elas três espécies ameaçadas de extinção. Outras
23 espécies foram registradas fora do PAERC, em áreas marginais àquelas que foram inundadas
pela UHE Campos Novos (2002-2004) (PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL
RIO RIO CANOAS, 2007).
Os mamíferos carnívoros são, naturalmente, inclinados a entrar em conflito com o
homem devido às suas extensas áreas de vida, seus requerimentos alimentares e comportamento
predatório, que os colocam em conflito com os humanos (SOUZA, 2018). Além disso,
pesquisas relacionadas à conscientização ambiental, levantamento da flora e fauna precisam ser
realizadas continuamente já que o PAERC tem uma área extensa, e trata-se de uma unidade de
conservação. Esta deve auxiliar nas necessidades de abrigo, alimentação e reprodução das
populações de mamíferos da região (WOLFART et al, 2013). Dessa forma, para uma maior
obtenção de conhecimento e divulgação desse ambiente fazem-se necessários tais estudos,
gerando assim o consequente estímulo do desenvolvimento sustentável da região e a prática da
educação ambiental (CORRÊA; BAGATINI, 2016).
Os projetos que envolvem elementos para a conservação da fauna, com maior ou
menor participação de comunidades locais, têm um papel urgente a ser desempenhado no
esforço para diminuir a intensidade da crise global de extinção de espécies em curso
(BENEVIDES; FRANCO; BRAZ, 2017), especialmente quando envolvem o conhecimento
sobre a dinâmica de ocupação e uso dos hábitats. Sendo assim, os levantamentos e
monitoramentos de animais de médio e grande porte podem contribuir para elucidar uma série
14

de questões associadas a ecologia dos ecossistemas naturais e agropecuários, pelo fato de muitas
dessas espécies serem indicadoras da qualidade ambiental. Nesse sentido, a aplicação de
metodologias combinadas para o monitoramento da mastofauna terrestre de médio e grande
porte, como armadilhas fotográficas, visualização direta e interpretação de vestígios, podem
fornecer maior precisão sobre a fauna local (CASTRO et al., 2015; BÔLLA et al., 2017).
O presente trabalho contempla a linha de pesquisa de Ecologia de Ecossistemas do
PPGEAN (Programa de Pós-Graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais) pois trata-se de
um estudo ligado à taxonomia, ecologia, biogeografia, diversidade e variabilidade de animais,
necessários para sustentar as funções chave, as estruturas e os processos dos ecossistemas
agrícolas e naturais. Seus resultados poderão servir para implementar ações de manejo,
conservação de espécies, monitoramento de exóticos invasores, educação ambiental no
PAERC, bem como colaborar com a atualização do plano de manejo da unidade.
15

2 HIPÓTESE

Há ocorrência de espécies de mamíferos de médio e grande porte no PAERC, entre


elas, espécies ameaçadas de extinção, topos de cadeias alimentares e provavelmente exóticas
invasoras. A ocorrência dessas populações, com ecologia e dinâmica peculiar, tem tendência a
ser similar a descrita por outros trabalhos realizados na Floresta Ombrófila Mista (FOM).

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Realizar o monitoramento das espécies de mamíferos terrestres de médio e grande


porte ocorrentes no Parque Estadual Rio Canoas do município de Campos Novos (SC).

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Determinar a ocorrência de mamíferos de médio e grande porte, raros,


ameaçados, exóticos e domésticos na área do PAERC;
 Identificar os locais de preferência de deslocamento de grupos conforme os
pontos elegíveis estabelecidos nos quadrantes no PAERC;
 Determinar os locais de ocorrência considerando interior e limites do PAERC
(borda) conforme os pontos elegíveis estabelecidos nos quadrantes;
 Aplicar um protocolo para monitoramento de mamíferos de médio e grande
porte;
 Fornecer dados sistematizados para atualização do plano de manejo da unidade.
16

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA MASTOFAUNA

Compreender o estado de conservação da biodiversidade é o ponto de partida para um


planejamento sistemático das medidas que devem ser tomadas para reduzir o risco de extinção
de espécies, garantir sua sobrevivência e, consequentemente, manter a funcionalidade dos
ecossistemas (ICMBIO, 2018). O estado de Santa Catarina registra a ocorrência de muitas
espécies em habitat florestais e campos abertos, sendo áreas com relevância para a conservação
da mastofauna (BÔLLA, 2017).
Castro et al. (2015) consideraram mamíferos de médio e grande porte como sendo
aqueles com massa corporal maior que um quilograma na fase adulta. Com ocorrência
confirmada no Parque Estadual Rio Canoas, através das metodologias de armadilha fotográfica,
interpretação de vestígios e entrevistas com moradores dos arredores, podemos exemplificar:
Cuniculus paca (Linnaeus, 1766); Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758); Nasua
nasua (Linnaeus, 1766); Puma concolor (Linnaeus, 1771) (PLANO DE MANEJO DO
PARQUE ESTADUAL RIO RIO CANOAS, 2007).
A relação de espécies presentes nas Unidades de Conservação são de extrema
importância para a gestão da unidade, sendo que gerar uma lista não é um mero exercício
numérico, mas também um elemento-chave para refletir um "estado da arte" do conhecimento,
bem como uma ferramenta para fins de gestão e política científica (FARINAS; PARDINAS;
CHEMISQUY, 2018). As áreas de proteção ambiental como as UC´s são utilizadas como
refúgio pela fauna e atualmente são a principal forma de minimizar o risco de extinção de
espécies, porém para a garantia da manutenção da biodiversidade necessitam-se de formas
variadas de conservação (HENDGES, 2015; BÔLLA,2017; MMMA, 2018).
Neste contexto, os animais de topo de cadeia alimentar são considerados como
“espécie guarda-chuva”, numa alusão a uma cobertura total das exigências ecológicas de toda
a comunidade onde ocorrem; “espécie bandeira”, por conseguirem atrair toda a atenção
necessária para a mobilização de campanhas ambientais; e como “espécie-chave”, por
cumprirem importantes funções de manutenção do equilíbrio da comunidade (SILVEIRA,
2004).
Estudos contínuos sobre a ocorrência de espécies são importantes para o
monitoramento de mamíferos na área utilizada, bem como para a realização de estudos
17

populacionais e ecológicos (LEITE et al., 2016). As espécies consideradas espécies-chave nos


ecossistemas, como por exemplo, Panthera onca, Leopardus wieddi e Speothos venaticus,
fomentam a necessidade de estudos específicos sobre a biologia dessas espécies, pois
influenciam diretamente nas populações de suas presas e indiretamente nas populações animais
e vegetais relacionadas a estas (SILVEIRA, 2004).
O comportamento territorial de onça-parda, observado por Paula et al. (2015), mostra
a vulnerabilidade desta espécie às ações antrópicas, como a caça, atropelamentos e o contato
com patógenos entre animais silvestres e domésticos. Contudo, por ser um predador topo de
cadeia alimentar generalista, e possuir grande área de vida, suas populações dependem de todo
mosaico da paisagem para manter sua viabilidade em longo prazo, sendo necessárias ações de
conservação em âmbito regional (VALENTI-ROESE, 2014).
Por outro lado, diversos fatores afetam o equilíbrio de ambientes naturais, sendo a
introdução de espécies exóticas invasoras a segunda maior causa de desequilíbrios ecológicos,
ficando atrás apenas para a perda e a fragmentação de habitats (MMA, 2019). Em ambientes
florestais nativos as espécies exóticas invasoras afetam os processos ecológicos dos
ecossistemas, como ciclagem de nutrientes, produtividade vegetal, cadeias tróficas,
polinização, dispersão de sementes e sucessão ecológica, além de interferir na densidade de
espécies nativas, na fisionomia e nas taxas de decomposição (ZILLER, 2000).
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), espécie exótica
invasora é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural e devido ao seu
potencial invasor e a capacidade de excluir as espécies nativas diretamente, ou pela competição
por recursos, transformam a estrutura e a composição dos ecossistemas, homogeneizando os
ambientes e destruindo as características peculiares que a biodiversidade local proporciona
(MMA, 2019).
Na linha evolutiva do planeta houve dispersões de espécies para locais distintos da sua
área de distribuição natural, porém no passado o ritmo dos acontecimentos era mais lentos
quando comparados aos últimos séculos e décadas, onde as atividades humanas de transporte,
comércio e turismo foram aumentadas e facilitadas (ZILLER; ZALBA, 2007). Referente a
fauna invasora no Brasil que necessita de medidas de prevenção, controle e monitoramento
devido a expansão da área de ocupação, podemos citar as espécies Sus scrofa (javali e suas
cruzas) e Callithrix jacchus (sagui-de-tufo-branco) (MMA,2019).
18

4.2 TÉCNICAS DE MONITORAMENTO

As técnicas utilizadas para monitoramento de mastofauna terrestre de médio e grande


porte são, geralmente, as armadilhas fotográficas, interpretação de vestígios (visualização direta
ou censo por transecção linear, busca ativa por vestígios) e parcelas de areia ( SANTOS;
MENDES-OLIVEIRA, 2012; SRBEK-ARAUJO; CHIARELLO, 2013; BÔLLA, 2017;).
Sendo a combinação de diferentes métodos fundamental para registrar a riqueza da comunidade
de mamíferos na área deste estudo (SANTOS; MENDES-OLIVEIRA, 2012).
Cunha (2013), entre as técnicas descritas em seu estudo, considera que as armadilhas
fotográficas são o método mais completo, universal e menos subjetivo de se desenvolver
estudos de monitoramento de populações e comunidades de mamíferos de médio e grande porte
quando comparado a métodos de interpretação de vestígios. Além disso, elas têm se mostrado
uma ferramenta importante na captura de imagens de espécies noturnas e esquivas (GOULART,
2008).
As armadilhas fotográficas são instaladas ao longo das áreas de estudo, posicionadas
em média a 30 cm do solo (CASTRO et al., 2015). O equipamento constitui-se de uma câmera
fotográfica munida de um sensor de infravermelho programado para disparar quando algum
animal interromper o feixe do sensor (GOULART, 2008). Porém, o investimento financeiro
inicial é maior e é necessário utilizar um planejamento adequado para garantir alta eficácia:

(...) Falhas na operação de câmeras e o número de eventos fotográficos não


informativos (falsos positivos ou imagens parciais) consomem tempo de trabalho de
campo e de laboratório, o que deve ser considerado no planejamento de estudos em
larga escala geográfica. No nosso caso, cerca de 13% do esforço de campo foi perdido
devido a falhas de equipamento, e cerca de 83% do tempo de trabalho do laboratório
foi investido no processamento de eventos fotográficos não informativos (MORAN
et al., 2018).

Uma das contribuições mais valiosas da captura de câmeras é a gravação contínua e


detalhada, que não pode ser obtida usando outros métodos de pesquisa ativa ou armadilhas
convencionais, incluindo a data e hora exatas de cada evento de captura, fornecendo dados úteis
sobre o comportamento das espécies (OUBOTER; KADOSOE, 2016).
Algumas características dos animais podem ser utilizadas para sua classificação e
individualização como, por exemplo, a pelagem das onças. A pelagem pintada possui padrões
únicos de tal forma que uma fotografia de seu corpo pode, comparativamente, individualizar
cada animal (SILVEIRA, 2004). Desta forma, além de índices de abundância de fauna, as
19

fotografias podem fornecer dados sobre a densidade de determinadas espécies (que possam ser
individualizadas) (SILVEIRA, 2004).
Outras características físicas, como cicatrizes, manchas, tamanho e órgão genital, que
em alguns casos estão evidentes na fotografia também podem ser utilizadas para a obtenção de
um número mínimo de animais fotografados (SILVEIRA, 2004). Para a identificação de alguns
indivíduos de jaguatirica, Goulart (2008) utilizou a combinação de caracteres como o sexo e o
padrão das manchas, pintas e listras.
Os métodos de interpretação de vestígios consideram traços diretos quando ocorre
busca por visualização direta, avistamentos ou vocalizações, realizadas pelo pesquisador ou
terceiros (entrevistados, funcionários da UC, etc.); e indiretos quando os registros ocorrem por
meio de vestígios como pegadas, rastros, arranhões, fezes, tocas e evidências de forrageamento
(SILVEIRA, 2004; WOLFART, 2013; CASTRO et al., 2015; LEITE et al, 2016). Sendo que,
ambos envolvem a capacidade do pesquisador de identificar rastros das espécies alvo e um bom
conhecimento e acesso da área de estudo (SILVEIRA, 2004).
O método de visualização direta necessita de caminhadas lentas para realizar as
observações e em silêncio para não afugentar os animais. As observações procuram contemplar
todos os ângulos possíveis e, desta forma, registrar mamíferos em suas atividades diurnas
(WOLFART, 2013). Em conjunto com esse método são, geralmente, aplicados os métodos de
interpretação indiretos. Para isso, o terreno e solo da área de estudo ideais para encontrar rastros
deve ser: arenoso, plano e com solo exposto, de forma a permitir a impressão de rastros
(SILVEIRA, 2004). Quando não ocorrem essas condições de terreno e solo, o método pode ser
adaptado utilizando-se conjuntos de parcelas de areia no interior da mata, chamadas de
armadilhas de pegadas. Elas são iscadas diariamente e os rastros deixados pelos mamíferos são
medidos, fotografados em escala e, na maioria das vezes, produzidos contramoldes de gesso
para auxiliar na identificação (WOLFART, 2013).
Em um estudo para descrever a composição de médios e grandes mamíferos no cerrado
brasileiro, Leite et al. (2016) utilizaram a metodologia de traços diretos (vistas e vocalizações)
e indiretos (pegadas, rastros e evidências de forrageamento). As buscas ocorreram nos períodos
diurnos e noturnos nos transectos lineares, totalizando 834 km de busca ativa. Os registros
obtidos foram catalogados usando régua ou objeto para traçar o tamanho da referência
encontrada, e registrados também a data, a localização e as observações. A identificação e
classificação foram realizadas com o auxílio de literatura especializada. O estudo resultou na
20

obtenção de 1146 registros e na identificação de 27 espécies de mamíferos silvestres de médio


e grande porte, sendo 16 famílias distribuídas em nove ordens.
Amostras não invasivas, como fezes, são fontes confiáveis para o conhecimento
biológico não só da espécie em questão, mas de toda sua cadeia alimentar, além de ser um
método barato de monitoramento in situ (SOUZA, 2018). A utilização de materiais orgânicos
ou rastros pode ser empregada no estudo de espécies que são difíceis de serem observadas ou
capturadas, como a onça parda (SOUZA, 2018).
De modo geral, é necessário estabelecer critérios para a seleção dos pontos amostrais
e transectos, estes variam de acordo com os objetivos do estudo e espécies alvo. Utilizando o
método de armadilhas fotográficas e outras fontes de dados (coleções zoológicas, bibliografia,
avistamentos diretos e indiretos e entrevistas), os critérios adotados por Moran et al. (2018)
para a determinação dos pontos amostrais foram: 1) acessibilidade por via aquática, rodoviária
ou trilhas ao longo do ano; 2) evidência indireta da presença de fauna; 3) cobertura e
composição florestal; 4) proximidade de fontes de água; 5) proximidade de possíveis áreas de
abrigo para a vida selvagem.
Os pontos amostrais, ou estações, descritos na pesquisa realizada por Goulart (2008)
foram similares aos adotados por Moran et al. (2018), sendo considerado a largura da área de
passagem onde foram instaladas as armadilhas. Classificando como trilhas ou estradas; a
proximidade com corpos d’água; e a densidade da vegetação classificando como área aberta,
cobertura intermediária e dossel denso. As classificações propostas pelos autores foram feitas
durante as saídas de campo e com auxílio de programa computacional, considerando um raio
de 50 metros ao redor das armadilhas instaladas.
Algumas espécies têm forte relação com estradas e áreas abertas, algumas preferem
trilhas largas e cobertura vegetal intermediária, outras utilizam trilhas mais estreitas
relacionadas com cobertura vegetal mais densa (GOULART, 2008). A preferência por
determinada área está relacionada com a espécie. Em sua tese, Silveira (2004) compara a
ecologia de onça-pintada e onça-parda, descrevendo a sensibilidade a estresses ambientais
decorrentes das atividades antrópicas por onça-pintada, sendo que sua permanência numa área
está diretamente relacionada às abundâncias de suas principais presas, ao contrário da onça-
parda que se demonstra mais tolerante às atividades antrópicas.
Existem outros sistemas de monitoramento que envolvem a captura, contenção
química de animais e radiotelemetria, os quais são métodos mais invasivos e de maior
investimento, utilizados especificamente para onças ou grandes predadores. (SILVEIRA,
21

2004). Por exemplo a radiotelemetria que consiste em rádio receptores e colares contendo
equipamento de posicionamento global (GPS) e transmissor via satélite, com baterias que
duram de 24 a 42 meses. Após a captura é colocado um radiocolar, o animal passa a ser
monitorado sempre que o sinal de seu radiotransmissor é captado pelas antenas de
radiotelemetria. Geralmente após o tempo programado o radiocolar desprende-se do corpo do
animal. As condições topográficas e climáticas especificas podem interferir na comunicação
entre o radiocolar e o satélite, dificultando ou impedindo a obtenção das informações por
determinado período (SILVEIRA, 2004; SOUZA, 2018).

5 MATERIAL E MÉTODOS

Este projeto obteve autorização de pesquisa Nº 011/2019 DBIO (Anexo A) vinculada


ao parecer técnico N° 18/2019 GEBIO, emitida em Florianópolis no dia 19 de julho de 2019
pelo Instituto do Meio Ambiente, órgão gestor das Unidades de Conservação do Estado de
Santa Catarina, com validade até 18 de julho de 2023. Houve anuência da cogestão do parque,
a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Grimpeiro.
Não houve necessidade de aprovação do projeto na Comissão de Ética no Uso de
Animais porque nesse estudo não houve manuseio ou uso de vertebrados, e as metodologias
aplicadas não foram invasivas.

5.1 ÁREA DE ESTUDO

Atualmente os ecossistemas sofrem danos significativos quanto a perda de


biodiversidade. Uma forma de proteção aos biomas é através da criação de Unidades de
Conservação (MMMA, 2018). Em Santa Catarina, o Instituto do Meio Ambiente (IMA)
gerencia sete unidades da categoria Parque, onde o uso da área é mais permissivo e o acesso
público é regulamentado; e três unidades da categoria Reserva, onde o acesso para fins de
pesquisa é permitido e o manejo da unidade é mais restritivo (PLANO DE MANEJO DO
PARQUE ESTADUAL RIO RIO CANOAS, 2007).
O presente estudo será realizado no Parque Estadual Rio Canoas (PAERC), cuja gestão
a nível estadual é do IMA e cogestão é da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP) Grimpeiro (PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL RIO RIO CANOAS,
22

2007). O Parque foi criado pelo decreto n° 1.871, de 27 de maio de 2004 e é uma Unidade de
Conservação situada no município de Campos Novos – SC, coordenadas geográficas (UTM):
x=479430.568 / y=6948650.996, limites confrontantes: Estrada Municipal Campos Novos e
município de Abdon Batista. O clima da região onde se encontra o Parque é do tipo subtropical
mesotérmico brando superúmido (tipo Cfb segundo Köppen), com precipitação uniformemente
distribuída durante o ano e com verões brandos (PLANO DE MANEJO DO PARQUE
ESTADUAL RIO CANOAS, 2007).
A maior parte da área do parque pertence à Floresta Ombrófila Mista, também
chamada de Mata de Araucária, ou Floresta de Araucária, associada ao bioma Mata Atlântica.
Uma peculiaridade é a área de transição dos biomas, um sistema ecótono entre a Floresta
Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual, esta é encontrada unicamente no vale fluvial
do Rio Canoas, estando concentrada nas porções inferiores do mesmo (PLANO DE MANEJO
DO PARQUE ESTADUAL RIO CANOAS, 2007). Em virtude de sua elevada biodiversidade,
essa área é considerada prioritária para conservação dentro do conceito de hotspots (CORRÊA;
BAGATINI, 2016).
Com área de 1.133,25 hectares, o PAERC dispõe de infraestrutura para visitação,
realização de pesquisa, auditório e quatro trilhas ecológicas com duplo sentido de circulação:
Trilha das Águas (4.400 metros de extensão) e a Trilha do Cemitério (600 metros), que estão
aptas a uso público; e a Trilha do Mirante do Lago (6.500 metros de extensão) e a trilha do
Lajeado do Roberto (3.400 metros) que estão em processo de reestruturação (PLANO DE
MANEJO DO PARQUE ESTADUAL RIO RIO CANOAS, 2007).
Os remanescentes florestais avançados, alterados parcialmente pela extração
madeireira seletiva, representam a maior área de cobertura vegetal, seguidos de áreas em
diferentes estágios sucessionais de regeneração, as quais representam uma porção
significativamente menor da Unidade de Conservação. Conforme descrito no Plano de Manejo
(2007), a área do parque é o maior remanescente da Floresta Ombrófila Mista presente na região
do entorno do reservatório do Aproveitamento Hidrelétrico de Campos Novos.
No início da criação da UC a relação com a vizinhança era um dilema, existiam queixas
dos agricultores sobre prejuízos que os animais como os felinos geram a seus cultivares e
criações. Portanto, houve, nos anos de 2015 e 2016, a tentativa de reuniões com os moradores
do entorno para explanações de técnicas de socialização com a fauna local, porém, essas ações
não tiveram êxito (CORRÊA; BAGATINI, 2016). Souza, 2018 confirma que algumas espécies,
23

como as de grandes predadores, que possuem efeito regulatório no ecossistema, costumam gerar
conflitos diretos com o homem.
A Figura 1 representa o mapa de localização da UC pertencente à Floresta Ombrófila
Mista também chamada de Mata de Araucária, ou Floresta de Araucária, associada ao bioma
Mata Atlântica. Uma peculiaridade é a área de transição dos biomas, um sistema ecótono entre
a Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual, esta é encontrada unicamente no
vale fluvial do Rio Canoas, estando concentrada nas porções inferiores do mesmo.

Figura 1 - Mapa da localização da área de estudos, Parque Estadual Rio Canoas – PAERC,
Município de Campos Novos- SC. Sendo (A) a localização do estado de Santa Catarina no
território brasileiro, (B) a localização do município de Campos Novos no estado e (C) a
localização da área de estudo no município de Campos Novos, onde as linhas de contorno
preto representam os municípios vizinhos, Celso Ramos, Abdon Batista e Anita Garibaldi. A
linha de contorno vermelha representa o perímetro da área de 1.133,25 hectares do PAERC.
As linhas de contorno azul representam os cursos d´água.

B C

p
Fonte: A autora (2020).
24

5.2 DELINEAMENTO ESPACIAL

Considerando as trilhas já existentes, adaptou-se a metodologia de Nobre et al. (2014)


para a implantação das estações de amostragens. A primeira atividade realizada foi sobrepor o
arquivo vetorial dos limites da UC (shape) à Grade Nacional de Pontos Amostrais – GNPA
estabelecida para o Inventário Florestal Nacional – IFN (Serviço Florestal Brasileiro – SFB/
Embrapa Florestas, 2012).
Essa grade foi constituída por pontos equidistantes de 1,25 X 1,25 Km, espalhados
uniformemente por toda a área do território nacional. Desse modo, considerando os pontos da
Grade Nacional que estão dentro dos limites da UC, com área de 1.133 km2, obtivemos doze
potenciais pontos para implantação das estações de amostragem.
O processo de seleção dos pontos elegíveis baseou-se no zoneamento da UC, sendo
avaliados conforme a facilidade de acesso à área, as trilhas já existentes nas quais vinham
ocorrendo avistamentos diretos de animais, áreas próximas às lagoas, fontes de água e divisas
do parque. Após determinados os doze pontos elegíveis, foi realizada uma excursão na área de
estudo no mês de julho de 2019, sendo a acessibilidade aos locais verificada in loco.
Os pontos potenciais para a instalação de armadilhas fotográficas foram
georeferenciados com auxílio de um GPS Garmin, e identificados com fitas zebradas
biodegradáveis. Posteriormente, após uma avaliação espacial de distribuição dentro dos
quadrantes desejados, foram instaladas as armadilhas fotográficas conforme observado na
Figura 2 e consideradas como armadilhas de borda as de numeração 2,3,4, 11 e 12 devido à
proximidade com as divisas e como interior do Parque as de número 1,5,6,7,8,9 e 10.
25

Figura 2 - Mapa com a localização dos doze pontos de amostragem por armadilhas
fotográficas de borda e interior no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC, nos anos de 2019 e 2020.

Fonte: A autora (2020).

Integraram a equipe de pesquisa três colaboradores da OSCIP Grimpeiro, os quais


auxiliaram no reconhecimento das áreas em campo. Os acessos para os pontos 1 e 2 ocorreram
pela estrada da Trilha do Lajeado Roberto; e seguindo o perímetro do Parque puderam ser
acessados os pontos 3 e 4 pela estrada de divisa do Parque sentido a localidade de “Palmeira”,
estes percursos foram realizados de automóvel. Os demais pontos foram percorridos a pé, no
interior do Parque, por equipes de duas a três pessoas, através das trilhas já existentes. As doze
armadilhas foram instaladas de modo a cobrir todos os quadrantes demarcados, exceto nos casos
de impossibilidade de acesso.

5.3 MONITORAMENTO DA FAUNA

Os estudos de monitoramento de fauna sugerem uma combinação de metodologias a


fim de identificar e monitorar com maior precisão a fauna local (DUPRAT; ANDRIOLO, 2011;
SOUZA,2018). Sendo assim, as metodologias adotadas neste estudo foram: armadilhas
26

fotográficas, visualização direta e interpretação de vestígios. As amostragens para visualização


direta e interpretação de vestígios foram realizadas nos percursos das trilhas dos pontos
elegíveis, durante o início da manhã até o final da tarde, horário com luminosidade natural. Nas
ocorrências de chuvas fortes durante as amostragens as mesmas foram interrompidas, pois as
condições para observação diminuem e os animais tendem a esconderem-se (SILVEIRA;
CADEMARTORI, 2017). Para a metodologia de armadilha fotográfica as mesmas foram
mantidas sempre em funcionamento durante os períodos diurnos e noturnos.
Foram instaladas doze armadilhas fotográficas, estas correspondem a câmeras
fotográficas com sensores de movimento e infravermelho, instaladas a 45 cm do solo, com 1,0
km a 1,5 km de distanciamento no decorrer das trilhas nos pontos elegíveis, programadas para
fotografar e filmar. As câmeras foram numeradas aleatoriamente de 1 até 12, sendo marcado
um ponto referencial para cada armadilha para facilitar a identificação das localidades, sendo:
ARM 1 (bueiro); ARM 2 (cachoeira), ARM 3 (estrada divisa Lopes), ARM 4 (divisa Lopes),
ARM 5 (xaxim); ARM 6 (taquaras) ARM 7 (Jerivá), ARM 8 (cemitério), AMR 9 (Cedro) ARM
10 (banhado), ARM 11 (duas fitas) e ARM 12 (pé de limão). Não foram utilizadas iscas
conforme exemplificado na Figura 3.

Figura 3 - Instalação de uma armadilha fotográfica não iscada, no Parque Estadual Rio
Canoas no Município de Campos Novos- SC, período de 2019 e 2020. Sendo (A) vista da
instalação da armadilha número 8 (cemitério). E (B) vista da captura de imagens pela
armadilha número 8 (cemitério).

A B

Fonte: A autora (2019).


27

O esforço amostral para os registros fotográficos foi calculado através do número de


armadilhas fotográficas ativas (período em que a armadilha foi instalada e não apresentou falhas
de gravação) multiplicado pelo número de dias amostrados. Para cada dia considerou-se o
período de 24 horas.
A visualização direta utiliza do método categorizado como contagem por distância, ao
percorrer as trilhas são contados os indivíduos avistados. Adicionalmente à visualização direta
foi realizada a técnica de interpretação de vestígios. Vestígios são todos os tipos de indícios
indiretos de que uma determinada espécie esteve presente na área, como pegadas, pelos, fezes,
ossos e carcaças (CUNHA, 2013). As amostragens em campo tiveram o auxílio de guias de
identificação, com imagens dos grupos indicadores, e todos os dados coletados foram
sistematizados em tabelas para posterior análise.

5.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para o monitoramento foram registradas a presença, quantidade e posicionamento de


mamíferos de médio e grande porte, segundo metodologia de Nobre et al. (2014).A partir dos
dados registrados de ocorrência das espécies na área foi elaborada uma lista da composição de
mamíferos de médio e grande porte, indicando a nomenclatura científica, nome popular e
abundância relativa de cada espécie dentro do grupo (KASPER, 2007), considerando a
metodologia de armadilha fotográfica, que equivale à proporção de registros de uma espécie
com relação ao total de registros de todas as espécies e também a abundância relativa
considerando a combinação dos dados de registros das três metodologias: armadilha
fotográfica, visualização direta e interpretação de vestígios.
A curva de rarefação de espécies foi obtida pelo método de rarefação utilizando o
índice de “Mao Tau”, com intervalo de confiança de 95% no programa Excel ® (2016). A
diversidade biológica foi obtida através de dois índices: Índice de Diversidade de Shannon-
Wiener (H') e Índice de Equitabilidade de Pielou. Os cálculos foram realizados no programa
Pastv3® (Paleontological STatistical versão 3.15). Para estimar a riqueza de espécies foram
utilizados dois métodos: O estimador Jackknife de primeira ordem (Jackknife 1) e o estimador
Chao de segunda ordem (Chao 2), calculados no programa EstimateS 8.2.0®. Todos os gráficos
foram produzidos no Programa Excel ® (2016) (ZANZINI, 2005; KANIESKI et al., 2012).
A nomenclatura taxonômica foi elaborada de acordo com a lista da Sociedade
Brasileira de Mastozoologia (CT-SBMz), versão 2021-1. A análise do status a nível global de
28

conservação foi baseada na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional


para Conservação da Natureza – IUCN (2021); o status a nível nacional foi definido com base
no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2018); e o status a nível
estadual considerou a Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção de Santa Catarina
(CONSEMA, 2011). A análise do status de espécie exótica invasora considerou a base de dados
do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental (2021).
29

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 MONITORAMENTO DA FAUNA: OCORRÊNCIA E ÍNDICES

No presente estudo, através da combinação de metodologias utilizadas para o


monitoramento, foi possível identificar a presença de 6 ordens da mastofauna de médio e grande
porte na área do PAERC, com maior representatividade em número de registros foi a Carnívora
(6), seguida da ordem Cetartiodactyla (4), Rodentia (2), e as demais Cingulata, Pilosa e Primates
(1), distribuídas entre 11 famílias, 13 gêneros e 15 espécies (Tabela 1). Corroborando os
resultados do presente trabalho, em um estudo na Reserva Biológica das Araucárias, PR, com
paisagem similar, a ordem Carnívora também obteve a maior representatividade, sendo 40%
dos registros no período de monitoramento, seguido de Cetartiodactyla, Cingulata e Rodentia
com 13,3% do total de espécies em cada ordem (BENDER et al, 2015).
A lista de composição das espécies do PAERC deste estudo contemplou 27,27% dos
mamíferos de médio e grande porte de Santa Catarina (n=55) (CHEREM et al., 2004), este
resultado está dentro do padrão esperado para uma área em processo de regeneração da Floresta
Ombrófila Mista e corrobora com outros estudos do bioma Mata Atlântica quando considerado
os aspectos de tamanho da área de estudo, paisagem e uso da UC (BOGONI et al., 2013;
HENDGES, 2015; SANTOS et al, 2018).
Os dados de ocorrência de mamíferos sistematizados pela CT-SBMz contabilizam 762
espécies no Brasil, distribuídas em 11 ordens, 51 famílias e 249 gêneros, com maior diversidade
estão as ordens Rodentia (263), Chiroptera (181) e Primates (126) (ABREU et al, 2021). Já para
o bioma da Mata Atlântica, especificamente na região sul do estado de Santa Catarina, Bôlla et
al, (2017) sistematizaram dados disponíveis em bases online com metodologias de coletas de
dados em campo e registros da literatura, considerando mamíferos de médio e grande porte e
morcegos, registrando a ocorrência de 10 ordens e 62 espécies, sendo a ordem Carnívora a
segunda mais rica com 12 espécies.
Analisando os dados quantitativos combinados entre as três metodologias adotadas
neste estudo verificou-se que as espécies com maior abundância relativa foram: Nasua nasua
(Linnaeus, 1766) (27,07 %), Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758) (23,31 %) e
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) (18,05%). Já algumas espécies da família Felidae,
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Leopardus wiedii (Schinz, 1821) e Puma yagouaroundi
(É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803) tiveram a abundância relativa inferior a 5%. Esta família tem
30

como característica animais denominados como topo de cadeia alimentar, portanto é esperado
que ocorram em menor abundância e que façam a regulação natural das populações de espécies
presas nas teias alimentares. A presença dos felinos sugere a abundância das presas e, portanto,
indica um ecossistema em equilíbrio (SOUZA, 2018).
Na tabela 1 foram sistematizados os dados referentes a abundância relativa das
espécies da mastofauna de médio e grande porte do PAERC através das metodologias de
armadilhas fotográfica, visualização direta e interpretação de vestígios durante o período
estudado (entre os anos de 2019 e 2020), sendo que o número de ocorrências foi obtido pela
observação de cada indivíduo por registros fotográficos, filmagens, avistamentos ou
interpretação de vestígios. Quando houve mais de um indivíduo num mesmo registro,
considerou-se que cada um seria anotado como ocorrência isolada.

Tabela 1 - Abundância relativa das espécies da mastofauna de médio e grande porte do


PAERC* no período de 2019 e 2020.
N° ocorrências (AR%) Total
Espécie
AF VD IV (AR%)
Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) 2 - - 2 (1,50)
Dasyprocta azarae (Lichtenstein,
4 - - 4 (3,01)
1823)
Dasypus (Dasypus) novemcinctus
28 3 (100) P 31 (23,31)
(Linnaeus, 1758)
Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758) 2 - - 2 (1,50)
Eira barbara (Linnaeus, 1758) 6 - - 6 (4,51)
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) 6 - - 6 (4,51)
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) 1 - - 1 (0,75)
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) 23 - 1 (12,5) 24 (18,05)
Nasua nasua (Linnaeus, 1766) 36 - - 36 (27,07)
Puma concolor (Linnaeus, 1771) - - 7 (87,5) 7 (5,26)
Puma yagouaroundi (É. Geoffroy
1 - - 1 (0,75)
Saint-Hilaire, 1803)
Sapajus apella (Linnaeus, 1758) 5 - - 5 (3,76)
Sus scrofa (Linnaeus, 1758) 3 - - 3 (2,26)
Tamandua tetradactyla
1 - - 1 (0,75)
(Linnaeus,1758)
Tayassu pecari (Link, 1795) 4 - - 4 (3,01)
122
Total (%) 3 (100) 8 (100) 133 (100)
(100)
Abundância relativa (AR%); Armadilha fotográfica - AF; Visualização direta – VD;
Interpretação de vestígios – IV; Presente – P. *Parque Estadual Rio Canoas
Fonte: A autora (2021).
31

6.1.1 Armadilhas fotográficas

Para o ano de 2019 obtivemos 38.160 horas/armadilha fotográfica e no ano de 2020


obtivemos 18.720 horas/armadilha fotográfica. Totalizando um esforço amostral de 56.880
horas/armadilha fotográfica, sendo estas distribuídas de forma não homogênea no período deste
estudo.
Através da metodologia de armadilhas fotográficas foram obtidos 160 registros
fotográficos de mamíferos (consideramos como um registro o disparo da armadilha e a gravação
em foto e/ou vídeo), excluindo-se os registros de fotos e/ou vídeos sequenciais, considerando o
intervalo mínimo de uma hora entre os registros. Foram identificados como referentes a animais
de médio ou grande porte 99 registros. Nestes, foi possível a identificação de 122 avistamentos,
pois houve registros onde mais de um animal foi avistado.
Além disso, houve um registro de mamífero de pequeno porte, portanto, não inserido
na lista deste estudo e seis registros nos quais não foi possível a identificação por falha do
equipamento que comprometia a nitidez da imagem. Foram obtidos 53 registros de fauna de
outros grupos de animais; 51 registros considerados como falha de amostragem ou do
equipamento, onde o equipamento disparou e a imagem não foi nítida, devido a falha do próprio
equipamento ou posicionamento incorreto da armadilha; 353 registros de vegetação (onde
observou-se chuva, galho caído, movimentação de folhas); 3 registros de infração (pessoas sem
autorização de permanência na área do PAERC); e uma armadilha com problemas no ajuste da
sensibilidade com 708 disparos contínuos na primeira amostragem e 366 disparos contínuos na
segunda amostragem (onde observou-se a movimentação de folhas, galhos e insetos).
No presente estudo foi registrada a presença de 14 espécies, nesta metodologia, sendo
elas: Cuniculus paca (Linnaeus, 1766), Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823), Dasypus
(Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758), Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758), Eira barbara
(Linnaeus, 1758), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Leopardus wiedii (Schinz, 1821),
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814), Nasua nasua (Linnaeus, 1766), Puma yagouaroundi (É.
Geoffroy Saint-Hilaire, 1803), Sapajus apella (Linnaeus, 1758), Sus scrofa (Linnaeus, 1758),
Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) e Tayassu pecari (Link, 1795). O trabalho
desenvolvido por Santos et al (2018) em três transectos equidistantes por 600 metros no Parque
Ecológico Rancho dos Bugres (PERB, 28º29’S e 49º15’W), área de um remanescente de
Floresta Ombrófila Densa com características do parque ser aberto à visitação pública,
32

utilizando a metodologia de armadilha fotográfica, identificou 9 espécies de mamíferos,


distribuídos nas ordens Carnívora, Cingulata e Rodentia, totalizando 106 registros.

6.1.2 Visualização direta e interpretação de vestígios

Foram realizadas oito excursões à campo durante o período de 13 meses entre: julho
a dezembro de 2019, janeiro a abril de 2020 e agosto a novembro de 2020, totalizando um
esforço amostral de 170 horas de busca ativa para visualização direta e interpretação de
vestígios, sendo o local de início da amostragem sempre alternado. Justifica-se o período de
interrupção das amostragens devido a pandemia do COVID-19, normas técnicas restringindo o
acesso a área de pesquisa e posterior recomendações de isolamento social, não sendo possível
realizar as viagens para coletar os dados em campo.
Para as metodologias de visualização direta e interpretação de vestígios foi totalizado
um esforço amostral de 170 horas de busca ativa, sendo o local de início da amostragem sempre
alternado entre as incursões a campo. Na metodologia de visualização direta foi identificada
somente a espécie Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758), sendo a mais abundante
do gênero Dasypus e com amplas áreas de ocorrência (TESTA, 2019). Foram obtidos três
registros em datas diferentes, sendo em um deles avistada uma fêmea com filhotes, no outro
um indivíduo saindo da toca e um registro de um indivíduo atravessando a trilha principal. Esse
método não se mostrou eficiente neste estudo, devido principalmente a dois fatores: a supressão
da vegetação exótica invasora e a vegetação em regeneração nas trilhas não roçadas. Esses
fatores provocaram mudanças no ambiente e barulho que possivelmente afugentou a fauna nos
períodos amostrados (WOLFART, 2013).
Na metodologia de interpretação de vestígios foram registradas a presença de 3
espécies: Puma concolor (Linnaeus, 1771), Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) e Dasypus
(Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758). Assim como na visualização direta, essa
metodologia mostrou-se pouco eficiente neste estudo, devido possivelmente aos fatores citados
anteriormente. Considerando trabalhos em paisagem similares esperávamos encontrar através
dessa metodologia outras populações, a exemplo de Alouatta guariba (Humboldt, 1812), por
registros de vocalização (DUPRAT; ANDRIOLO, 2011).
Souza (2018) relata que amostras não invasivas de Puma concolor, tais como as fezes,
são fontes confiáveis para o conhecimento biológico não só da espécie em questão, mas de toda
sua cadeia alimentar, além de ser um método barato de monitoramento de espécies in situ. No
33

presente trabalho, os vestígios da presença do Puma concolor (Linnaeus, 1771) foram


observados através de pegadas em diferentes pontos da trilha principal, próximos a maior Lagoa
do parque, onde o terreno permitia a impressão de rastros; fezes foram encontradas em
diferentes pontos da trilha principal; e marcações de ranhuras nas árvores da trilha principal.
Já para a espécie Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) foram identificadas pegadas
também próximas a maior Lagoa do PAERC. Este método de interpretação através do registro
de pegadas não se mostrou eficiente neste estudo para as demais espécies devido principalmente
ao forrageamento das trilhas percorridas, e assemelha-se aos resultados descritos por Duprat e
Andriolo (2011), onde foram utilizadas armadilhas preenchidas com areia fina umedecida e
iscadas, espalhadas ao longo das trilhas dentro do fragmento florestal, as pegadas foram
registradas somente nas armadilhas e ausentes nas trilhas. O método apresentou limitações e
apresenta melhores resultados para espécies que percorrem longos trechos, trilhas e em
condições adequadas para impressão dos rastros no solo (SRBEK-ARAUJO; CHIARELLO,
2013; BÔLLA, 2017; DUPRAT; ANDRIOLO, 2011; SANTOS; MENDES-OLIVEIRA,
2012).
Os registros de vestígios da presença Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus,
1758) foram através de tocas presentes próximas as armadilhas fotográficas, permitindo a
correta identificação da espécie quando fotografados ou filmados. Contudo, em diversos pontos
do PAERC, próximos aos pontos elegíveis e em trilhas secundárias de acesso a estes pontos,
também foram visualizadas tocas. Essa espécie tem como característica a utilização de áreas
com maior cobertura vegetal, fazem as tocas escavando sob rochas, raízes ou troncos de árvores
formando assim novos hábitats e podem ser considerados como engenheiros do ecossistema.
Demais mamíferos também utilizam as tocas construídas como abrigo ou para predação de
pequenos roedores, portanto, esta espécie tem forte influência na distribuição e abundância de
outros grupos (SILVEIRA; CADEMARTORI, 2017)
Não houve registros de animais domésticos nas três metodologias aplicadas, indicando
a efetividade da instalação de cercas para controle da entrada desses animais nas áreas ao
entorno onde frequentemente eram avistados. A ocorrência desses animais possivelmente
causaria um desequilíbrio nas populações nativas devido a perseguição e predação da fauna
nativa e seria um indicativo da ocorrência de caça ilegal nas áreas do interior do PAERC
(CORRÊA; BAGATINI, 2016; HENDGES, 2015).
A curva de rarefação utilizada para avaliar a suficiência do esforço amostral demonstra
que este estudo foi suficiente para registrar a maioria das espécies de mamíferos de médio e
34

grande porte de ocorrência no PAERC, tendo em vista que a curva começou a estabilizar a partir
do décimo mês de amostragem. A curva está apresentada no gráfico 1, e é possível observar no
primeiro mês de amostragem o registro da presença de 4 espécies e o aumento da curva até o
décimo mês de amostragem indicando a estabilização da mesma após o registro da presença de
15 espécies.

Gráfico 1 - Curva de rarefação do monitoramento da mastofauna de médio e grande porte do


PAERC* utilizando as metodologias de armadilha fotográfica, interpretação de vestígios e
visualização direta nos anos de 2019 e 2020.
16
Número cumulativo de

14
12
10
espécies

8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Amostragens (em meses)

*Parque Estadual Rio Canoas


Fonte: A autora (2021).

Para estimar a riqueza de espécies utilizamos dois métodos: O estimador Jackknife de


primeira ordem (Jackknife 1) e o estimador Chao de segunda ordem (Chao 2), ambos calculados
no programa EstimateS 8.2.0®. O estimador Jackknife 1 estimou em 19 espécies para a área e
o estimador Chao 2 estimou 16 espécies para a área, apresentados no gráfico 2.
35

Gráfico 2 - Estimativa de riqueza do monitoramento da mastofauna de médio e grande porte


do PAERC* utilizando as metodologias de armadilha fotográfica, interpretação de vestígios e
visualização direta nos anos de 2019 e 2020.
20
18
16
Número de espécies

14
12
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Amostragens (meses)

Chao 2 Jackknife 1

*Parque Estadual Rio Canoas


Fonte: A autora (2021).

Utilizando as metodologias de captura, registro de pegadas, pelos, fezes, vocalizações,


armadilhas fotográficas e entrevista com moradores do entorno a ENERCAN (2004) realizou o
monitoramento da fauna no decorrer dos rios Ibicuí e Canoas, no período de julho de 2002 e
julho de 2004, e elaborou a lista da composição da fauna para o Plano de Manejo do PAERC.
Comparando esses dados presentes no Plano de Manejo, especificando os mamíferos de Médio
e Grande Porte registrados no interior do PAERC temos as seguintes espécies que foram
registradas naquele momento, mas sem registro de ocorrência no presente trabalho: Allouata
guariba (Macaco Bugio), Cerdocyon thous (Graxaim-do-mato), Hidrochaeris hidrochaeris
(Capivara), Leopardus tigrinus (Gato-do-mato pequeno), Lontra longicaudis (Lontra), Mazama
americana (Veado-mateiro) e Procyon cancrivorus (Mão-pelada) (PLANO DE MANEJO DO
PARQUE ESTADUAL RIO RIO CANOAS, 2007).
Da mesma forma, fora dos limites do PAERC nas áreas que foram inundadas pela
Usina Hidrelétrica de Campos Novos há registros prévios a supressão da vegetação que
identificaram a ocorrências de espécies que não foram amostradas no presente trabalho:
Monodelphis brevicaudis (Cuíca), Cabassous sp. - provavelmente C. tatouay (Tatu-de-rabo-
mole), Dasypus hybridus (Tatu-mulita), Euphractus sexcinctus (Tatu-peludo), Pseudalopex
gymnocercus (Graxaim-do-campo), Galictis cuja (Furão), Lontra longicaudis (Lontra),
Mazama rufina (Veado-bororó), Sphiggurus villosus (Ouriço-cacheiro) e Myocastor coypus
36

(Ratão-do-banhado) (PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL RIO RIO CANOAS,


2007).
Houveram algumas particularidades nas metodologias aplicadas neste estudo, os
equipamentos utilizados na metodologia de armadilhas fotográficas não funcionaram durante
todas as estações dos anos amostrados de forma homogênea. Entretanto, o fator de sazonalidade
para mamíferos de médio e grande geralmente não é considerado, pois essas populações não
apresentam variações sazonais em ambientes subtropicais quando considerado riqueza,
equitabilidade e composição das espécie. Variações significativas podem ser encontradas
quando analisados dados referente a abundância, devido a disponibilidade de recursos como
alimento e água, portanto, as populações tendem a utilizar de forma sazonal determinado habitat
(BOGONI et al., 2013; KASPER, 2007).
As trilhas percorridas não ofereceram condições ideais para o registro de pegadas e a
movimentação de máquinas e equipamentos com alto barulho para supressão de vegetação
foram fatores que fortemente influenciaram nos resultados da composição da mastofauna, pois
a fauna tende a afugentar-se rapidamente (DUPRAT; ANDRIOLO, 2011; WOLFART, 2013).
O índice de diversidade biológica de Shannon-Weaver (H’) para esse estudo resultou
em 2,093. Esse índice mostra a diversidade da população em estudo, sendo que quanto maior o
seu valor, maior a diversidade (ZANZINI, 2005; KANIESKI et al., 2012). O índice de Pielou
(J’) foi calculado em 0,7728. Esse índice representa a equabilidade das espécies, sendo
diretamente proporcional a uniformidade da abundância das espécies (ZANZINI, 2005;
KANIESKI et al., 2012). Os resultados são semelhantes estatisticamente a estudos realizados
no bioma da Mata Atlântica porém com diferenças nas metodologias adotadas nos outros
estudos (BOGONI et al., 2013), os dados dos índices de biodiversidade estão sintetizados na
Tabela 2:
37

Tabela 2 – Índices de diversidade para o monitoramento da mastofauna de médio e grande


porte em remanescentes de Mata Atlântica em Santa Catarina.
Valores Remanescentes de Mata Atlântica no município
Presente de Ipumirim-SC (BOGONI et al., 2013)
estudo* Fragmento A Fragmento B Fragmento C
Riqueza 15 10 7 6
Registros
133 19 19 10
mastofauna
H’ 2,093 2,117 1,795 1,696
J’ 0,7728 0,946 0,922 0,946
Chao2 16, 22,500 7,125 8,250
* Parque Estadual Rio Canoas nos anos de 2019 e 2020.
Fonte: A autora, 2021.

Na área do PAERC foram registrados sete espécies: Cuniculus paca (Linnaeus, 1766),
Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), Leopardus wiedii
(Schinz, 1821), Puma concolor (Linnaeus, 1771), Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-
Hilaire, 1803) e Tayassu pecari (Link, 1795), categorizadas em algum nível de ameaça nas
listas vermelhas. Alguns estudos apontam um elevado número de espécies com grau de ameaça
na Mata Atlântica, por exemplo, Duprat & Andriolo (2011) registraram a ocorrência de 7
espécies com algum grau de ameaça, dentre as 21 registradas no estudo (considerou somente a
classificação a nível nacional); já o estudo realizado por Hendges (2015) registrou 6 espécies
ameaçadas, em um total de 23 registros de ocorrência (considerou as listas nacional e estadual).
Este fator pode ser explicado devido ao bioma da Mata Atlântica deter a maior
quantidade de espécies ameaçadas, 50,5% e deste total 38,5% são endêmicos desse bioma. As
causas para a perda da biodiversidade são diversas e estão relacionadas principalmente a perda,
fragmentação e degradação dos habitats ou a retirada dos indivíduos da natureza (MMA, 2018).
Classificados em categorias de ameaça de extinção em nível global (IUCN, 2021-1)
foram registrados no presente trabalho: Leopardus wiedii (Schinz, 1821), quase ameaçado (NT)
e Tayassu pecari (Link, 1795), vulnerável (VU). Com classificação de ameaça de extinção a
nível nacional (MMA, 2018) foram registrados: Leopardus wiedii (Schinz, 1821), vulnerável
(VU); Puma concolor (Linnaeus, 1771), vulnerável (VU); Puma yagouaroundi (É. Geoffroy
Saint-Hilaire, 1803), vulnerável (VU) e Tayassu pecari (Link, 1795), vulnerável (VU). Já com
grau de ameaça a nível regional, no território catarinense (CONSEMA, 2011), o presente estudo
38

revelou ocorrência de Cuniculus paca (Linnaeus, 1766), vulnerável (VU); Dicotyles tajacu
(Linnaeus, 1758), vulnerável (VU); Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), em perigo (PT);
Puma concolor (Linnaeus, 1771), vulnerável (VU); e Tayassu pecari (Link, 1795), em perigo
crítico (CR) na Unidade de Conservação estudada.
Destacam-se na lista como registros inéditos no monitoramento de fauna na UC as
espécies: Tayassu pecari (Link, 1795), Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758) e Sus scrofa
(Linnaeus, 1758), como citado anteriormente as duas primeiras espécies encontram-se com grau
de ameaça de extinção, conhecidas como porcos do mato são animais silvestres nativos do
Brasil e não podem ser abatidos conforme Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Por
apresentarem características semelhantes aos Javali acabam sendo confundidos como exóticos
invasores (IBAMA, 2020). A espécie Sus scrofa está categorizada como uma espécie exótica
invasora, sendo que diversos estudos apontam prejuízos ao ambiente devido a sua rápida
ocupação da paisagem e competição com a fauna nativa (ZILLER; ZALBA, 2007LEE, 2002;
MMA,2019).
Considerando o somatório dos dados das três metodologias adotadas neste trabalho,
foi elaborada uma lista da composição e status de conservação da mastofauna de médio e grande
porte registrada na área interna do PAERC durante os anos de 2019 e 2020, apresentada na
Tabela 3. Os animais foram separados por Ordem, Família, Gênero, Espécie (CT-SBMz, versão
2021-1), nome popular e classificados segundo o status de conservação nos níveis global,
nacional, estadual (IUCN, 2021; MMA, 2018; CONSEMA, 2011) e exótica invasora no Brasil
(HÓRUS, 2021).
39

Tabela 3 - Composição e status de conservação da mastofauna de médio e grande porte do


PAERC* (2019 e 2020) amostrada por meio de armadilhas fotográficas, visualização ou
interpretação de vestígios.
Status de conservação
Nomenclatura científica Nome popular
IUCN BR SC
Ordem Carnívora
Família Mustelidae
Eira barbara (Linnaeus, 1758) Irara LC LC NC
Família Felidae
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Jaguatirica LC LC PT
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Gato-maracajá NT VU NC
Puma concolor (Linnaeus, 1771) Leão-baio LC VU VU
Puma yagouaroundi (É. Geoffroy
Gato-mourisco LC VU NC
Saint-Hilaire, 1803)
Família Procyonidae
Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Quati LC LC NC
Ordem Cetartiodactyla
Família Tayassuidae
Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758) Cateto LC LC VU
Tayassu pecari (Link, 1795) Queixada VU VU CR
Família Cervidae
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Veado Catingueiro LC LC NC
Família Suidae
Sus scrofa (Linnaeus, 1758) Javali LC EI EI
Ordem Cingulata
Família Dasypodidae
Dasypus (Dasypus) novemcinctus
Tatu Galinha LC LC NC
(Linnaeus, 1758)
Ordem Pilosa
Família Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla
Tamanduá Mirim LC LC NC
(Linnaeus,1758)
Ordem Primates
Família Cebidae
Sapajus apella (Linnaeus, 1758) Macaco Prego LC LC NC
Ordem Rodentia
Família Cuniculidae
Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) Paca LC LC VU
Família Dasyproctidae
Dasyprocta azarae (Lichtenstein,
Cutia DD LC NC
1823)
BR – Brasil; SC – Santa Catarina; LC – Menos Preocupante; EI – Exótica Invasora; PT – Em Perigo; NT –
Quase ameaçado; VU - Vulnerável; CR – Em Perigo Crítico; DD – Dados deficientes; NC – Não consta na lista.
*Parque Estadual Rio Canoas
Fonte: A autora (2021).
40

6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POPULAÇÕES AMOSTRADAS

Cada população amostrada desempenha determinada função na teia alimentar, seja


como presa ou predador garantindo o equilíbrio do ecossistema. Algumas populações provocam
danos a flora e a fauna, a exemplo de Sus scrofa (Linnaeus, 1758), por ser considerada uma
espécie exótica invasora ocasiona desequilíbrios nas funções ecossistêmicas (HENDGES,
2015). Ao oposto, a presença de populações a exemplo de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)
indicam o equilibro das funções ecossistêmicas por regularem as populações de suas presas
(SILVA,2013).
Portanto, faz-se necessária a análise descritiva de cada população amostrada para
melhor compreender a dinâmica do ecossistema local e sugerir intervenções quando necessário.
O material a seguir constitui base teórica e o estado da arte sobre as espécies de mamíferos de
médio e grande porte encontradas no Parque Estadual Rio Canoas entre os anos de 2019 e 2020,
por meio de armadilhas fotográficas, avistamentos e interpretação de vestígios.

6.2.1 Ordem Carnívora

Família Mustelidae
Eira barbara barbara (Linnaeus, 1758)

Identificação: Foi registrada a presença de Eira barbara barbara (Linnaeus, 1758),


popularmente conhecida por Irara (Figura 4).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Totalizando 4 registros diurnos (fotográficos e filmagens) e 6 avistamentos, sendo
possível a visualização de indivíduo fêmea adulta e filhote. Conforme descrito por Presley
(2000), as populações estão distribuídas geograficamente desde o sul do México até a
Argentina, e na maior parte da América do Sul e Central. No Brasil ocorrem em quase todo o
território, sendo comumente encontrada na Mata Atlântica em áreas de vegetação densa.
41

Figura 4 - Ocorrência de Eira barbara barbara (Linnaeus, 1758) através do uso de


armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Caracteriza-se como um mamífero terrestre de porte médio com
padrão arborícola, tem preferência por ambientes florestais, mas convive com paisagens
alteradas pelos humanos (plantações, pomares, campos) aproveitando-se dos recursos
encontrados. Sua dieta é onívora oportunista, come frutas, insetos, mel e outros animais, utiliza
do olfato para fazer a predação e a maioria de suas presas são de ambientes florestais fechados
(PRESLEY, 2000).
O corpo varia entre 56 a 68 cm de cumprimento, e a cauda longa varia entre 37,5 a 47
cm, com massa corporal entre 3,7 a 11,1 kg. Tem o hábito de escalar e correr, suas patas são
adaptadas com garras fortes, corpo musculoso e delgado com uma leve corcunda. A pelagem é
marrom, apresentando uma gradação de marrom para cinza do corpo para cabeça com uma
mancha amarelada na parte inferior do pescoço (Presley 2000). Os indivíduos têm o hábito
primariamente solitário, podendo ocorrer em casais. Na natureza, as fêmeas criam os filhotes
sozinhas (ENCKE, 1968). Um estudo na Reserva Biológica Estadual do Sassafrás, Santa
Catarina, Brasil, identificou através de registros fotográficos dois tipos de coloração de
pelagem: corpo escuro com cabeça e pescoço cinzas e corpo, cabeça e pescoço branco-
42

amarelados, sendo a coloração branco-amarelado com menor ocorrência e poucos estudos


descritos (TORTATO; ALTHOFF, 2007).
Os registros ocorreram nos pontos elegíveis número 1 e 12, indicando que os indivíduos
também fazem uso de áreas externas aos limites do PAERC. Conforme Presley (2000), uma
fêmea com filhotes apresenta uma área de vida relativamente grande para o seu tamanho, no
estudo com radiotelemetria monitorou uma fêmea e seus filhotes e foi verificado que até os 3
meses de vida do filhote eles utilizam em torno de 225 hectares de ambiente, passando a
aumentar essa área para 900 hectares após esse período.
Status de conservação: As populações de Eira barbara barbara (Linnaeus, 1758) não estão
inseridas nas listas de espécies ameaçadas, logo não tem ações especificas de conservação. No
entanto, ela vem sofrendo impactos com a perda de habitat e conflitos com o ser humano, por
aproveitar-se de culturas e principalmente com apicultores pelos danos as colmeias, visto que
o animal alimenta-se de mel, sendo assim, destaca-se a necessidade de pesquisas relacionadas
a densidade populacional e as relações com o homem (RODRIGUES et al., 2013).
43

Família Felidae
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)

Identificação: Foi registrada a ocorrência de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), nome


popular Jaguatirica (Figura 5).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Foram obtidos 6 registros de filmagens diurnas e noturnas, sendo no total 6
avistamentos.

Figura 5 – Registro noturno da ocorrência de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) através


de armadilhas fotográficas não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de
Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Os padrões de pelagem com rosetas, manchas ou cicatrizes


permitem individualizar os animais (GOULART, 2008; KASPER et al, 2015; SILVEIRA,
2004), sendo assim, analisando os registros foi possível a individualização de dois animais, um
com porte menor (1 registro de filmagem) e outro com porte maior (2 registros de filmagens,
sendo registrado em 26/10/2019 às 23:26 horas e 24/11/2019 às 02:34 horas, ambos os registros
no período noturno). Os outros 3 registros não foram possíveis a individualização dos animais
44

monitorados, pois os mesmos apareceram atrás das folhagens ou em ângulo que não permitiu
observar os padrões das rosetas, estes registros ocorreram nos períodos diurno e noturno.
Status de conservação: A nível estadual catarinense encontra-se na categoria em perigo
(CONSEMA, 2011). Os registros ocorreram no ponto de amostragem número 1 indicando a
possibilidade dos animais estarem fazendo uso de áreas aos limites do PAERC. Em um estudo
recente no Parque Estadual do Turvo, sul do Brasil, a estimativa de densidade populacional foi
de 0,14 a 0,26 indivíduos por km², em torno de 24 a 45 indivíduos fazendo uso da área da UC,
concluíram no estudo a não viabilidade de conservação da espécie a longo prazo em um
fragmento florestal, porém se mantido o corredor ecológico a estimativa passava a ser de uma
população com 1.680 indivíduos, e viável geneticamente a longo prazo (KASPER et al, 2015).
45

Leopardus wiedii (Schinz, 1821)

Identificação: Foi identificada a espécie Leopardus wiedii (Schinz, 1821) nome popular Gato
Maracajá (Figura 6).
Metodologia: Armadilha fotográfica
Registros: Um arquivo de filmagem noturno, com um indivíduo adulto no ponto elegível
número 9.

Figura 6 – Registro noturno da ocorrência de Leopardus wiedii (Schinz, 1821) através de


armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: A massa corporal varia entre 2,6 a 3,9 kg, são considerados como
felinos pequenos, com variação do tamanho do corpo até a cabeça de 463 a 790 mm e a cauda
com comprimento de 331 a 510 mm, a pelagem apresenta manchas marrom escuras com fileiras
longitudinais. Se reproduzem o ano todo, com ninhada de um a dois filhotes por gestação em
um período de 81 dias. A expectativa de vida descrita é de 20 anos (cativeiro). É um animal
carnívoro, predando outros mamíferos terrestres de menor porte e até arbóreos, algumas aves e
seus ovos, anfíbios, répteis, artrópodes e frutas (KRAKAUER, 2002).
46

Status de conservação: A nível global encontra-se quase ameaçado (IUCN, 2021), a nível
nacional está na categoria vulnerável (MMA, 2018) e não consta na lista de espécies ameaçadas
em Santa Catarina (CONSEMA, 2011). No passado a caça para retirada de sua pele foi o
principal motivo do declínio da população, embora ainda ocorra de forma ilegal (KRAKAUER,
2002). Conflitos com os humanos também são relatados por conta da predação de animais
domésticos, principalmente aves (KRAKAUER, 2002; OLIVEIRA et al., 2013). Por utilizar
áreas florestadas, a fragmentação e perda de habitats também são fortes ameaças à espécie
(KRAKAUER, 2002). A população foi estimada em 4.700 - 20.000 indivíduos no território
brasileiro e, devido as ameaças sofridas pela espécie, estima-se uma perda de 10% da população
em um período de 15 anos (OLIVEIRA et al., 2013).
São consideradas ações importantes para a conservação da espécie, a manutenção e
aumentos de áreas florestais, especialmente no bioma da Mata Atlântica, a conectividades de
áreas fragmentadas e estudos da ecologia da espécie (OLIVEIRA et al., 2013). Os registros do
presente estudo ocorreram no ponto de amostragem número 9, indicando a possibilidade dos
animais estarem fazendo uso de áreas internas do PAERC, reforçando a importância da UC
para a manutenção da população.
47

Puma concolor (Linnaeus, 1771)

Identificação: Foi possível a identificação da ocorrência de Puma concolor (Linnaeus, 1771),


comumente chamado de Leão-baio (Figura 7).
Metodologia: Interpretação de vestígios (fezes, pegadas e ranhuras em troncos).
Registros: Em trilhas paralelas aos pontos elegíveis e próximo a maior Lagoa do PAERC.

Figura 7 - Sinais de ocorrência de Puma concolor (Linnaeus, 1771) através do registro de


fezes em trilhas próximas a maior lagoa do Parque Estadual Rio Canoas no Município de
Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Está presente em todos os biomas do Brasil, o estudo realizado
por Paula et al. (2015) indica que a espécie fez uso de 610km², a maior área já registrada para
esse espécie. Nos indivíduos adultos o comprimento total varia de 1,5 e 2,75 m e o peso de 22
a 70 kg, a coloração da pelagem é marrom-acinzentada clara a marrom avermelhado escura,
com manchas mais claras na parte de baixo do corpo, em áreas de ambientes abertos a pelagem
tem tendência de ser mais clara. A vocalização é parecida com um miado, o que a difere de
outros felinos de porte maior. É um animal solitário, as fêmeas podem ser observadas com os
filhotes, em média de 1 até 6. Possui hábito noturno (PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA
CONSERVAÇÃO DA ONÇA-PARDA, 2018).
48

Status de conservação: A nível nacional e estadual, nas listas de espécies ameaçadas, está na
categoria vulnerável (MMA, 2018; CONSEMA, 2011). Miotto et al. (2011) registraram
evidências de conflito com os humanos, relataram no estudo o encontro de onze animais mortos
no período de monitoramento (4 anos), como se trata de animais topo de cadeia alimentar, esse
número pode ser considerado elevado. A fragmentação dos habitats, a caça, atropelamentos e o
contato com patógenos entre animais silvestres e domésticos são as principais ameaças a
espécie (PAULA et al., 2015).
Conforme o Plano de Ação Nacional Para Conservação da Onça-Parda (2018), essa
espécie apresenta “tamanhos populacionais naturalmente baixos e a reposição de indivíduos é
lenta, ou seja, a perda de indivíduos da população, por caça ou atropelamento, é extremamente
impactante à espécie”. Esses carnívoros regulam ainda as populações de suas presas, equilibram
as cadeias tróficas e propiciam a manutenção do ecossistema (SILVEIRA, 2004). Os registros,
no presente estudo, ocorreram em trilhas indicando a utilização de áreas internas do PAERC,
reforçando a importância da UC para a manutenção da população. É necessário realizar o
“manejo a nível de paisagem”, conectando áreas fragmentadas através de corredores ecológicos
para passagem da fauna (MIOTTO et al., 2011).
49

Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803)

Identificação: Foi registrado a presença do Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire,


1803), nome popular Gato Mourisco (Figura 8).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Registro de filmagem diurno, com um animal adulto avistado no ponto de
amostragem número 10.

Figura 8 - Ocorrência de Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803) através de


armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: É um felino com ampla distribuição no território brasileiro, porém
ocorre em baixa densidade populacional (ALMEIDA et al., 2018) e muitas informações sobre
sua ecologia ainda são desconhecidas (MAGIOLI; FERRAZ, 2018). Assim como os registros
de ocorrência do Puma concolor (Linnaeus, 1771), os registros também indicam que o Puma
yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803) está utilizando áreas internas do PAERC. Na
literatura é descrito a utilização de habitats abertos e fechados (CASO et al., 2015). Possui
hábitos diurnos, terrestre e consegue escalar árvores, a área de vida é variável conforme as
características do ambiente, como por exemplo a fragmentação da área e composição da fauna
50

local, sendo o estimado entre 0,01 e 0,05 animais/km2, chegando a 0,1 e 0,25 indivíduos/km2
em densidades mais altas (ALMEIDA et al., 2018). Possuem em média de 4,5 a 9 kg e o
comprimento varia entre 505 a 770 mm, o comprimento da cauda varia entre 330 a 600 mm, os
machos são um pouco maiores que as fêmeas. Apresentam dois tipos de cor de pelagem: preto
acinzentado escuro e outra mais avermelhada (RICK, 2004).
Status de conservação: A nível nacional está na categoria vulnerável (MMA, 2018) e não consta
na lista de espécies ameaçadas de Santa Catarina (CONSEMA, 2011). A perda e fragmentação
de habitats é a principal ameaça a espécie, e estima-se uma perda populacional de 10 % em 15
anos, portanto, recomenda-se desenvolver atividades de educação ambiental visando a
conservação, pois é considerado uma “espécie bandeira” tendo como principal público as
comunidades rurais (CASO et al., 2015; ALMEIDA et al., 2018).
51

Família Procyonidae
Nasua nasua (Linnaeus, 1766)

Identificação: Foram registrados indivíduos de Nasua nasua (Linnaeus, 1766), comumente


chamado de Quati (Figura 9).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Através de fotos e vídeos diurnos e noturnos, sendo no total 19 registros e 36
avistamentos. Ponto de amostragem, 10, 1 e 5.

Figura 9 - Ocorrência de Nasua nasua (Linnaeus, 1766) através de armadilhas fotográficas


não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Os adultos possuem entre 3 a 6 kg de massa corpórea, medem de


73 a 136 cm incluindo a cauda. A pelagem é de cor castanho-escuro, acinzentada ou similar a
ferrugem brilhante, a cauda é preta ou marrom com anéis amarelados. Tem garras e membros
fortes que permitem subir em árvores e procurar por alimento em troncos podres. Tem, em
média, quatro filhotes por gestação. Tempo de vida relativamente curto, entre 7 a 8 anos na
natureza, a maturidade sexual nas fêmeas ocorre por volta dos 2 anos de idade e nos machos
aos 3 anos. São animais de hábito onívoro, sendo os felinos são os seus principais predadores.
52

Vivem em áreas florestais, principalmente vegetações secundárias e áreas de borda (BRADDY,


2003).
Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como menos preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e não consta na lista de espécies
ameaçadas de Santa Catarina (CONSEMA, 2011).
53

6.2.2 Ordem Cetartiodactyla

Família Suidae
Sus scrofa (Linnaeus, 1758)

Identificação: Um indivíduo da espécie exótica invasora Sus scrofa (Linnaeus, 1758),


popularmente conhecido por Javali (Figura 10).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Os registros de ocorrência foram todos no mesmo ponto de amostragem, ponto
número 5, área delimitada como interior do PAERC, nos meses de novembro de 2019, março
e abril de 2020, sendo portanto, o indicativo da introdução ou colonização na UC.

Figura 10 – Registro de filmagem da ocorrência de Sus scrofa (Linnaeus, 1758) através do


uso de armadilhas fotográficas não iscadas no interior Parque Estadual Rio Canoas no
Município de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Variam entre os indivíduos, dependendo dos antecedentes e


habitat. Em média os adultos em entre 127 cm a 190 cm (medida da ponta do focinho até a
ponta do cauda) e massa corporal em média de 35kg até 90 kg, possuem pelos longo e escuros.
Os machos adultos possuem caninos inferiores grandes e alinhados para o exterior da boca, ao
54

atingir a maturidade sexual isolam-se do grupo. As fêmeas atingem a maturidade e iniciam a


reprodução entre 6 a 10 meses de idade e formam grupos de 12 a 24 animais, incluindo os
filhotes que apresentam listras longitudinais marrom-avermelhadas e pretas no dorso. Possui
alimentação diversificada, desde plantas, invertebrados, pequenos animais e ovos (IBAMA,
2020).
Status de conservação: A nível global não apresenta risco de ameaça, sendo categorizado como
pouco preocupante. No Brasil e no Estado de SC é considerada uma espécie exótica invasora
(IUCN, 2021; MMA, 2018; CONSEMA, 2011; HÓRUS, 2021) “(...) com altas densidades nas
florestas tropicais da Mata Atlântica (ROSA, 2018)”.
Base teórica: No Brasil, desde a sua introdução as populações vêm sendo registradas em
diversos estados do país devido a sua facilidade de adaptação e disponibilidade de recursos
(IBAMA, 2020). Outros trabalhos na região sul do Brasil registraram a presença de Sus scrofa,
por exemplo, Bender et al. (2018) monitoraram mamíferos de médio porte entre os anos de
2014 até 2017 na Reserva Biológica das Araucárias, PR, identificaram 30 espécies dentre elas
três exóticas invasoras: Canis lupus familiaris, Lepus europaeus e Sus scrofa.
Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente (2019) e Nascimento (2011), podem se tornar
espécies invasoras as espécies exóticas capazes de ultrapassar as barreiras de:
1- Introdução ou colonização
2- Estabelecimento ou reprodução
3- Dispersão ou ocupação na paisagem
Quando uma espécie é transportada para outras áreas, ocupando um espaço fora de sua
área geográfica, com adaptação dessa espécie e alteração do ecossistema caracteriza-se o
processo conhecido como invasão biológica (NASCIMENTO, 2011). A ocupação da paisagem
por populações invasoras é influenciada por suas características genéticas, sendo que incluir
estudos de ecologia evolutiva é fundamental para compreender as características que
determinam o sucesso das invasões (LEE, 2002). Em muitos casos esse processo demanda um
tempo considerável para ocupação da paisagem, porém, pode ser acelerado pela ação humana,
em função do cultivo e manejo a elas dispensados (ZILLER; ZALBA, 2007).
O estudo da evolução constitui parte importante para responder questões relacionadas
as espécies invasoras, estas frequentemente são resultados de eventos evolutivos, formando
populações adaptáveis as condições de espaço e tempo (LEE, 2002). “As bioinvasoras têm que
enfrentar pressões seletivas novas bem como novas situações de stress”, desta forma, elas estão
sujeitas a pressões evolutivas, as quais cinco destacam-se (SOUZA et al., 2015):
55

• Bottlenecks (gargalo de garrafa)


• Founder effect (efeito fundador)
• Rearranjos genômicos (transposons, polyploidia, etc)
• Hibridização
• Modificação do genoma induzida pelo estresse

“Em populações naturais pequenas, o acaso tem um papel importante na determinação


de quais genes estarão presentes na próxima geração, força evolutiva conhecida como
deriva genética. Um caso extremo de deriva é a redução drástica do tamanho
populacional, que tem como consequência a redução dos níveis de variação gênica da
população (bottleneck). A chegada acidental de um ou poucos indivíduos de uma
espécie em um novo ambiente, como se dá no caso das bioinvasões, é um exemplo de
bottleneck (conhecido, nesse caso, como efeito fundador). Modelos teóricos têm sido
desenvolvidos para o estudo dessa dinâmica da bioinvasão” (LEE,2002).

Algumas características são comuns as espécies invasoras (LEE, 2002; MMA,2019):


• Rápida capacidade de ocupação da paisagem
• Crescimento acelerado
• Competição com as nativas
• Longo período de frutificação/reprodução
• Grande número de sementes/ovos/filhotes
• Sementes/ovos pequenos e com longa viabilidade
• Transporte pelo vento, animais ou em meios de transporte
As Unidades de Conservação (UC) também são afetadas por esta problemática, no
estudo realizado por Justo, Hofmann e Almerão (2019), em unidades federais e estaduais na
região Sul do Brasil, através de entrevistas com os gestores, eles confirmaram a presença de
alguma espécie exótica invasora em suas unidades, como por exemplo: Lebre europeia,
cachorro doméstico, javali e gato doméstico. Analisando os planos de manejo foram
identificadas 87 espécies exóticas invasoras com 770 registros nas UC´s pesquisadas, das quais
54% e 46% foram espécies de plantas e animais respectivamente.
Considerando as informações apresentadas, o conjunto de ações descritas por Souza
(2009), visam diminuir os impactos negativos causados pelas invasões biológicas: a
identificação de espécies que poderão se tornar problemáticas, com a finalidade de prevenir as
formas de introdução e estabelecimento; divulgação do conhecimento sobre a temática;
monitoramento dos ambientes “identificando as espécies nativas e determinando a presença,
distribuição e abundância de espécies introduzidas”; e a avaliação dos ambientes invadidos
(disponibilidade de alimentos, competição, fauna e flora local, entre outros).
56

Controle da espécie: No caso de Sus scrofa (Linnaeus, 1758), estudos apontam alternativas
eficientes para o controle dessas populações como a prevenção da introdução através da
instalação de cercas e comedouros para atrair os indivíduos para outras áreas, e quando esta
prevenção falha a erradicação através da caça, armadilhas para apreensão e abate dos animais.
No caso de populações estabelecidas com alta densidade, onde não é possível realizar a
erradicação recomenda-se o controle populacional e a busca de estratégias para a mitigação dos
impactos ao ambiente (Wickline, 2014; IBAMA, 2020). Na área do presente estudo
recomendamos a continuidade do monitoramento da fauna para determinar se está havendo
impacto negativo na área como competição com a fauna local ou supressão da regeneração da
flora, inclusive nas áreas onde não há cercas instaladas sendo possíveis rotas de passagem de
animais.
57

Família Tayassuidae
Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758)

Identificação: Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758), nome popular Cateto (Figura 11).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Através de fotos diurnas, totalizando 25 registros, sendo alguns sequenciais, e
considerando o intervalo de 1 hora entre os registros contabilizamos 2 avistamentos em dias
alternados nos pontos de amostragem 11 e 12.

Figura 11 - Ocorrência de Dicotyles tajacu (Linnaeus, 1758) através de armadilhas


fotográficas não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: No Brasil está presente em todos os biomas, ocorre em bandos de
5 a 25 indivíduos, sendo esse grupo dividido em grupos menores de um a três indivíduos durante
o dia. Possuem em média 18 kg de massa corporal, nascem geralmente dois filhotes por
gestação. São dispersores de sementes, sendo ainda considerados como uma espécie indicadora
de qualidade ambiental. Convivem com alterações no ambiente, porém se a perturbação for
intensa, deixam de fazer uso da área. Na Mata Atlântica a estimativa de uso de área é de 102 a
287 hectares (DESBIEZ et al., 2012).
58

Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como pouco preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e consta na lista de espécies
ameaçadas em Santa Catarina como vulnerável (CONSEMA, 2011). No bioma Mata Atlântica
as principais ameaças à espécie são a caça, fragmentação, perda de habitat e a introdução da
espécie exótica invasora Sus scrofa (Linnaeus, 1758) (DESBIEZ et al., 2012).

Tayassu pecari (Link, 1795)

Identificação: Tayassu pecari (Link, 1795) popularmente chamado de Queixada (Figura 12).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Foram obtidos 29 registros diurnos e 4 avistamentos, onde foi possível identificar 3
indivíduos em um mesmo registro, nos pontos de amostragem 11 e 12.

Figura 12 - Ocorrência de Tayassu pecari (Link, 1795) através de armadilha fotográfica


não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: No passado era distribuído em todo o território brasileiro, porém
devido a ameaças, como perda e fragmentação de hábitats, alterações nos habitats e caça, a
população vem sendo reduzida, a estimativa de área de vida é de 19 a 200 km² por grupo, cada
grupos tem em média 150 indivíduos. No bioma Mata Atlântica a estimativa é de 1.879
59

hectares, desde que os recursos chave estejam disponíveis e o ambiente não perturbado
(KEUROGHLIAN, 2018), portanto, são considerados como uma espécie indicadora de
qualidade ambiental, sendo que sua ocorrência aponta ambientes bem conservados (DESBIEZ
et al., 2012). Necessitam de grandes áreas porque efetuam grandes deslocamento e troca
genética entre populações, precisando de áreas conectadas, vivem em florestas principalmente
com vegetação primária e também utilizam as bordas. São classificados como frugívoros,
desempenhando uma importante função na dispersão de sementes. O predador principal é o
Puma concolor (Linnaeus, 1771) (KEUROGHLIAN, 2018). Realiza atividades diurnas e
noturnas, vivem em média 13,3 anos. Os filhotes nascem em número de 1 a 4 por gestação, que
dura em média 158 dias (CSOMOS, 2001).
Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como vulnerável (IUCN, 2021; MMA, 2018) e na lista de espécies ameaçadas no
estado catarinense está em perigo crítico (CONSEMA, 2011). Estima-se uma perda
populacional de 30% em 18 anos ou três gerações (KEUROGHLIAN, 2018).
60

Família Cervidae
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814)

Identificação: Mazama gouazoubira (Fischer, 1814), nome comum Veado (Figura 13).
Metodologia: Armadilha fotográfica e interpretação de vestígios, com a identificação de
pegadas nas trilhas percorridas.
Registros: Foram obtidos 27 registros (diurnos e noturnos) nos pontos de amostragem 1,5,9,10
e 11.

Figura 13 - Ocorrência de Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) através de armadilha


fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos Novos-
SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Amplamente distribuído na região neotropical, no estudo


realizado por Grotta-Neto et al. (2019), em uma região do Pantanal brasileiro a espécie foi
monitorada através da investigação de padrões de uso de hábitat, onde constatou-se menor
atividade em ambientes fechados, sugerido descanso e forrageamento. Logo em ambientes
abertos constatou-se maior atividade, sugerindo a busca por recursos. Apresentam em média 17
kg de massa corporal, o comprimento total do corpo varia entre 850 a 1050 mm, um filhote por
gestação que dura em média 8 meses. A expectativa de vida é de 13 anos na natureza, e
61

apresentam comportamento solitário, a dieta é frugívora. Os principais predadores são os felinos


e o homem (HARALSON, 2004).
Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como pouco preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e não consta na lista de espécies
ameaçadas de Santa Catarina (CONSEMA, 2011). A caça e a perda de habitats representam
ameaças à espécie (HARALSON, 2004).
62

6.2.3 Ordem Cingulata

Família Dasypodidae
Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758)

Identificação: Foi identificado Dasypus (Dasypus) novemcinctus (Linnaeus, 1758), comumente


chamado de Tatu Galinha (Figura 14).
Metodologia: Armadilha fotográfica, avistamento direto e interpretação de vestígios (tocas).
Registros: Através de 47 registros de fotos e filmagens (diurnos e noturnos) e 31 avistamentos.
Em um avistamento direto foi possível identificar uma fêmea com filhotes saindo da trilha em
direção a mata densa. Pontos de amostragem: 3,4,8,1,10,12, 9 e trilhas dos pontos elegíveis.
Em diversos pontos das trilhas e caminhos percorridos foram visualizadas tocas.

Figura 14 – Registro da ocorrência de Dasypus (Dasypus) novemcinctus através de


visualização direta em área próxima ao final da trilha da cachoeira no Parque Estadual Rio
Canoas no Município de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: São mamíferos terrestres de hábitos crepuscular/noturno,


amplamente distribuídos pelo território nacional e são bioindicadores de patógenos humanos.
Possuem alimentação variada desde pequenos vertebrados, carniça, frutos, fungos, mas são
63

considerados insetívoros oportunistas (TESTA et al., 2019). Apresentam o comportamento de


escavar para a construção de tocas e forrageamento, sendo considerados como engenheiros do
ecossistema CLERICI et al.,2018). As florestas com cobertura densa afetam de forma positiva
suas populações, utilizam também ambientes florestais perturbados desde que apresentem os
recursos necessários, principalmente cursos d´agua (RODRIGUES; CHIARELLO, 2018).
Possuem em média 5,5 kg e comprimento médio de 0,752 mm, sendo os machos um pouco
maiores do que as fêmeas. Reproduzem-se uma vez ao ano, em média de 4 filhotes por gestação
e um período de 4 meses de gestação. Tempo de vida de 7 a 20 anos na natureza (MCDONALD
& LARSON, 2011).
Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional
constam como pouco preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e não consta na lista de espécies
ameaçadas em Santa Catarina (CONSEMA, 2011).
64

6.2.4 Ordem Pilosa

Família Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla (Linnaeus,1758)

Identificação: Um indivíduo de Tamandua tetradactyla (Linnaeus,1758), nome comum


Tamanduá Mirim (Figura 15).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Foi identificado por foto (noturna) no ponto número 12.

Figura 15 – Registro através do uso de armadilha fotográfica não iscada identificando a


ocorrência de Tamandua tetradactyla (Linnaeus,1758) no Parque Estadual Rio Canoas no
Município de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Está amplamente distribuído no território brasileiro, os adultos


tem em média 7 kg de massa corporal, comprimento entre 47 a 77 cm, e a cauda com 40 a 68
cm em média. Gestação com um único filhote e duração em torno de 130 a 190 dias. A
expectativa de vida, em cativeiro, é de 19 anos. Possui pelos curtos e longos de tonalidade
amarelada com duas listras pretas envolvendo o animal, lembrando um colete. Possui hábitos
65

noturnos e, de modo geral, alimenta-se de cupins e formigas. Pode ser encontrado desde
florestas até mangues, o uso do hábitat está relacionado a temperatura (OHANA et al., 2012).
Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como pouco preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e não consta na lista de espécies
ameaçadas de Santa Catarina (CONSEMA, 2011). Contudo, as populações sofrem com a perda
e fragmentação de habitat, caça/comércio ilegal e atropelamento, sendo rotineiramente
encaminhados animais debilitados para centros de triagem. Quando mantidos em cativeiros
ilegais sofrem de doenças principalmente parasitológicas e acabam vindo a óbito
(BERTASSONI & RIBEIRO, 2019; OHANA et al., 2012; SOUSA, 2018).
66

6.2.5 Ordem Primates

Família Cebidae
Sapajus apella (Linnaeus, 1758)

Identificação: Foi registrado a ocorrência de Sapajus apella (Linnaeus, 1758), popularmente


chamado de Macaco-prego (Figura 16).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Foi confirmada através de 3 registros de filmagens diurno, sendo 5 indivíduos
avistados. Em um vídeo sequencial foi possível perceber a população fazendo uso do mesmo
habitat que uma população de Nasua nasua (Linnaeus, 1766), no ponto número 5.

Figura 16 - Ocorrência de Sapajus apella (Linnaeus, 1758) através da metodologia de


armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de Campos
Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Possuem capacidade de adaptação a paisagens modificadas. As


fêmeas têm em média 3 kg e os machos próximo a 4 kg de massa corporal, no comprimento do
corpo variam entre 421 mm da cabeça ao corpo e 438 mm de cauda. A expectativa de vida é
em média de 46 anos, 1 filhote por gestação que dura em média de 155 dias. Formam grupos
67

de 5 a 20 animais, podendo chegar até 40 animais por grupo. Em relação a alimentação são
frugívoros-insetívoros, com dieta bem diversificada sendo considerados também como animais
generalistas (ALVES et al., 2012).
Status de conservação: Mesmo com a perda e fragmentação dos hábitats e outras ameaças, a
espécie não corre risco de diminuição populacional devido ao fato de tolerar paisagens
modificadas, portanto, nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como pouco preocupante e não consta na lista de espécies ameaçadas de Santa Catarina
(IUCN, 2021; MMA, 2018; CONSEMA, 2011; ALVES et al., 2012).
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6.2.6 Ordem Rodentia

Família Cuniculidae
Cuniculus paca (Linnaeus, 1766)

Identificação: Cuniculus paca (Linnaeus, 1766), nome popular Paca (Figura 17).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Através de 2 registros de filmagens noturno, sendo 2 avistamentos no ponto de
amostragem número 1.

Figura 17 – Registro noturno da ocorrência de Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) através do


uso de armadilha fotográfica não iscada no Parque Estadual Rio Canoas no Município de
Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: Adaptam-se aos diferentes tipos de paisagem, utilizando áreas
agrícolas como corredores ecológicos. Possuem de 7 a 12 kg de massa corporal e 60 a 82 cm
de comprimento do corpo. São monogâmicas, o casal permanece pela vida toda e formam grupo
junto com os filhotes, utilizam uma área aproximada de 3 hectares. Tem 1 a 2 filhotes por
gestação que dura entre 97 a 118 dias e podem se reproduzir o ano inteiro. A expectativa de
vida é de 12,5 anos. São animais de hábitos noturnos e frugívoros (MACDONALD, 2013).
69

Status de conservação: Nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a nível global e nacional,
constam como pouco preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e na lista de espécies ameaçadas
de Santa Catarina consta como vulnerável (CONSEMA, 2011). Uma das principais ameaças à
espécie é a caça, seja na natureza pelos felinos e outros predadores da cadeia alimentar, ou por
pressão antrópica (MACDONALD, 2013).
70

Família Dasyproctidae

Identificação: Foi registrado a ocorrência da Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823), nome


comum Cutia (Figura 18).
Metodologia: Armadilha fotográfica.
Registros: Foi confirmada através de 4 registros de vídeos (diurno e noturno) sendo possível
identificar 4 avistamentos nos pontos de ocorrência número 1 e 4.

Figura 18 – Registro da ocorrência de Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) através do


uso de armadilhas fotográficas não iscadas no Parque Estadual Rio Canoas no Município
de Campos Novos- SC.

Fonte: A autora (2021).

Dimensões e massa corporal: É um animal terrestre de hábitos diurnos, possui pelagem de cor
preta com manchas esbranquiçadas e amareladas; com média 2,4 a 3,2 kg de massa corporal;
comprimento da cabeça ao corpo entre 45 e 57,5 cm, a cauda é relativamente pequena com 1,4
a 3,3 cm; dois a três filhotes por gestação (média de 104 dias). É avistada com frequência em
áreas florestadas (OLIVEIRA, 2006).
Status de conservação: Na lista de espécies ameaçadas de extinção, à nível global, os dados são
deficientes para definir o status de conservação; à nível nacional consta como pouco
preocupante (IUCN, 2021; MMA, 2018) e não consta na lista de espécies ameaçadas de Santa
Catarina (CONSEMA, 2011).
71

7 CONCLUSÕES

O monitoramento registrou aproximadamente 30% dos mamíferos de médio e grande


porte descritos para o estado de Santa Catarina. De acordo com outras pesquisas na Floresta
Ombrófila Mista e dados do PAERC, ainda não sistematizados, é provável a ocorrência de
outros táxons na unidade de conservação, porém, através das metodologias empregadas, estes
são os dados reais registrados e contribuem com informações importantes acerca da mastofauna
da região, atualização do plano de manejo da unidade e podem ser utilizados como informação
nas atividades de educação ambiental realizadas pelo Parque.
A hipótese descrita foi aceita, pois registramos 15 mamíferos de médio e grande porte
no PAERC, 7 espécies com algum grau de ameaçada de extinção nas listas a nível global,
nacional ou estadual, topos de cadeias alimentares como os felinos e Sus scrofa (Linnaeus,
1758) espécie exótica invasora, sendo os resultados similares a outros trabalhos desenvolvidos
na Floresta Ombrófila Mista (FOM).
A metodologia de armadilha fotográfica foi a mais eficiente neste estudo quando
comparada a visualização direta e a interpretação de vestígios, registrando no total de 14
espécies das 15 amostradas, além de fornecer imagens que possibilitaram a individualização de
alguns grupos ou contagem de indivíduos. A proximidade de recursos hídricos nos pontos
elegíveis favoreceu o sucesso do emprego desta metodologia.
Foram registradas neste trabalho sete espécies incluídas nas listas de ameaça de
extinção à nível global, nacional ou estadual, este resultado pode ser explicado devido aos
fatores como a perda e fragmentação de hábitats associado às pressões antrópicas, evidenciando
a importância da criação e manutenção do PAERC para a conservação da biodiversidade.
A presença dos felinos e os registros de Tayassu pecari (Link, 1795), este antes
considerado extinto na unidade de conservação conforme dados do plano de manejo, reforçam
a importância da conservação dos habitats para a manutenção das populações e a necessidade
da conectividade entre os fragmentos para a garantia do fluxo gênico. Pesquisas relacionadas a
família Felidae, principalmente a espécie Puma concolor (Linnaeus, 1771), considerada
ameaçada de extinção (vulnerável) em Santa Catarina, podem fornecer dados importantes
acerca da conectividade entre fragmentos da Floresta Ombrófila Mista, visto que a espécie
utiliza grandes áreas.
A identificação de um indivíduo de Sus scrofa (Linnaeus, 1758) no interior do parque
indica o início do processo de colonização da espécie exótica invasora e requer a continuidade
72

do monitoramento para esclarecer se está ocorrendo danos ao ambiente, competição com a


fauna local, se há mais indivíduos na unidade de conservação não registrados nesse estudo e
quais serão as indicações de medidas de controle a serem adotadas pela gestão do Parque.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Recomenda-se a continuidade do monitoramento da mastofauna e o início do


levantamento de dados nos aproximados 94 hectares acrescidos na área total do PAERC no
final do ano de 2020. Os esforços de levantamento e monitoramento são fundamentais para a
obtenção de dados sobre a mastofauna local, para o presente e para contribuições futuras.
Inventários de outros grupos biológicos, principalmente de vertebrados e da flora, são ainda
necessários, devendo ser incentivados.
73

9 ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Nº 011/2019 DBIO


74

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