Manual de Delineamento Da PPRG UFC
Manual de Delineamento Da PPRG UFC
DE
ODONTOLOGIA
RESTAURADORA
DISCIPLINA DE
PRÓTESE PARCIAL
REMOVÍVEL
PROFESSORES
DELINEAMENTO MARCELO
PARCIAL
REMOVÍVEL MONITORA
TÉCNICA DE APPLEGATTE
MONALISA
VASCONCELOS
DELINEAMENTO EM PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL
SUMÁRIO
CONCEITOS E OBJETIVOS
· Localizar interferências
As inteferências são elementos que prejudicam a inserção da prótese, podendo ser de
perfil dentário (ex: mesializações, giroversões ou anatomias dentárias acentuadamente
convexas); ósseo (ex: tórus maxilar/mandibular) ou mucoso (ex: hiperplasias gengivais).
Localizá-las permite confecionar alívios ou contornar as regiões de interferências,
prevenindo a ocorrência de lesões e promovendo conforto.
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P.R
A B C
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Conhecendo o DELINEADOR
O delineador é formado por dois componentes principais: o delineador propriamente
dito, a mesa analisadora e um jogo de pontas acessórias, ilustrados em sequência:
Mandril
A base ou plataforma recebe a mesa analisadora e apresenta-se com uma superfície lisa
para permitir sua movimentação. A haste vertical fixa pode ser em alguns tipos de
delineadores extensíveis em comprimento, porém sua função principal é contrabalancear
o peso das hastes móveis e apoiá-las mecanicamente em suas funções. A haste horizontal
móvel permite amplos movimentos de lateralidade, enquanto a haste vertical móvel
realiza movimentos verticais para cima e para baixo. Na extremidade da haste vertical
móvel têm-se um mandril.
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Garras fixas
Garra móvel
Parafuso da garra móvel
Base da platina
Trava da trava da junta universal
Junta universal
A platina ou mesa reclinável é formada por uma mesa porta modelo, apresentando 3
garras, sendo 2 fixas e uma móvel. Nessas garras, estabiliza-se o modelo de gesso, que
pode ser travado por meio do parafuso da garra móvel. A base circular liga-se a mesa
porta modelo, através da junta universal – assim chamada porque permite sua
movimentação em todos os sentidos – contudo, a trava presente na base da platina,
quando acionada, bloqueia a performance da junta.
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METODOLOGIA DE APPLEGATE
Esse método, permite estabelecer o eixo de inserção mais satisfatório e que proporciona
maiores vantagens de paralelismo (menor desgaste de planos guia), maior retenção,
melhor estética (principalmente para os casos que envolvem pilares anteriores) e menor
interferência com o rebordo.
OBS: O modelo de gesso deve estar bem recortado e planificado em suas superfícies, pois
isso garante maior estabilidade e adaptação a platina.
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O terceiro passo é dado pela análise inicial do paralelismo, através da ponta exploradora.
Como nessa etapa é apenas possível identificar zonas de interferências, comumente
executamos diretamente o passo seguinte, pois ele permite além de localizar interferências,
corrigi-las, se necessário.
Quarto passo: análise ou confecção de planos guias. Vamos identificar o paralelismo entre
as superfícies dentárias proximais. Para esse fim, utilizamos a faca de corte horizontal (pois
ela apresenta maior área de contato). A faca é inserida no mandril e posicionada na
região médio-incisal ou médio-oclusal dos dentes, o paralelismo é notado quando a faca
toca totalmente essas áreas.
OBS: Busca-se o paralelismo das regiões medial e incisal/oclusal dos dentes, pois estas
superfícies receberão componentes rígidos da PPR, incapazes de resistirem a deformidades
em sua estrutura. Portanto, é preciso que essas zonas sejam planas, livres de interferências e
sem excesso de retenção. A região cervical, por ser naturalmente retentiva, destina-se a
receber o único elemento da PPR que não é rígido: a parte ativa (1/3 final) do braço de
retenção dos grampos retentores.
Caso não seja observado toque paralelo da faca na região médio-oclusal ou médio-incisal,
podemos corrigir essa interferência de duas formas:
1. Fazendo um pequeno desgaste na superfície proximal onde se localiza a interferência,
e depois copia-se esse desgaste para a boca do paciente.
2. Modificando a posição da mesa em sentido anteroposterior. Damos preferência a
alterar o plano da platina, quando notamos que o desgaste poderá ultrapassar o nível
de esmalte.
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Figura 20: Plano Guia e ângulo de expulsividade (13). Fonte: Dos Autores
Figura 21: Plano Guia e ângulo de expulsividade (17). Fonte: Dos Autores
Ao fim dessa análise, nota-se que não existe pelo menos duas superfícies paralelas, mas que
os ângulos de expulsividade parecem exigir desgastes mínimos. Portanto, o próximo passo será
fazer os desgastes e avaliar se eles são, de fato, pequenos o suficiente para serem aplicáveis,
limitando-se a esmalte e corrigindo as interferências.
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Observe a nova relação da faca com as superfícies proximais, após confecção dos planos
guias:
Quinto passo: traçar o equador protético. Com o grafite em posição na calha ou porta
grafite, corremos sua ponta por todas as faces dos dentes, seguindo a anatomia dentária.
Observe o exemplo:
Figura 23: Delineamento em faces
vestibulares. Fonte: Dos Autores
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Desgastes de planos
guias executados
anteriormente
Área expulsiva
Área retentiva
Sexto passo: localização dos terminais retentivos. Utilizamos para esta etapa, o disco
calibrador de 0,25mm e um lápis para marcação dos pontos. A seleção desse diâmetro
está relacionada a liga metálica utilizada comumente em nossa clínica (cobalto-cromo),
pois ela suporta pequenas distorções, como a movimentação fisiológica dos dentes (cerca
de 0,1mm). Para verificar a adequada retenção, tanto o disco deve tocar a região cervical
delimitada pelo equador protético como a haste vertical deve encostar-se ao dente,
simultaneamente. Caso haja apenas toque do disco, significa que não há retenção efetiva,
e quando há apenas o toque da haste, significa que esta retenção é maior que 0,25mm.
A fim de ilustrar como localiza-se as posições dos terminais retentivos, continuaremos com
estudo do modelo:
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Note na imagem acima que, há toque apenas do disco, denotando ausência efetiva de
retenção e havendo a formação de um ângulo de expulsividade (V) no elemento 13.
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A mesma situação repete-se nos elementos 16 e 17: toque apenas do disco com notável
ângulo de expulsivo.
OBS: Note que não se analisou retenção para o elemento 11, nesta situação tomada como
exemplo. Isso ocorreu, pois, sendo esta uma área anterior, devemos priorizar a escolha de
grampos com estética satisfatória como o grampo em Y na palatina. A retenção deste
grampo se dá pelo atrito da peça no espaço do preparo feito para receber o apoio cingular,
chamamos esta retenção de secundária ou adicional.
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OBS: Como não há retenção adequada nos pilares localizados no arco direito, temos quatro
possibilidades para compensação dos ângulos expulsivos:
Tendo em vista que, o tracejado do equador protético delimitado ficou muito rente a cervical
(figura 24), encontrar retenção na superfície palatina não seria boa opção. Portanto, o
próximo passo seria movimentar a mesa, neste exemplo moveu-se a mesa para a direita,
cerca de 30º graus:
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OBS: Note que há a formação de um triângulo virtual, composto pelo disco horizontal, pela
haste vertical do calibrador e a face cervical do elemento 23. A este polígono chamamos de
triângulo de retenção.
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Continuando a busca pela localização dos terminais retentivos, nota-se que, para o
elemento 13, agora há toque mútuo entre disco, haste e dente, denotando retenção
adequada. Marca-se esse ponto.
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OBS: A priore, em situações como acima (dois molares contíguos) indica-se a utilização de
grampo circunferencial geminado, que apresentaria seus terminais ativos na porção mais
mesial da face cervical vestibular do elemento 16 e na porção mais distal da face cervical
vestibular do elemento 17. Porém, é importante lembrar que o grampo geminado não é
a única alternativa nessa situação, pode-se pensar ainda, em colocar retentor apenas no
elemento 16, como o grampo de Gillet ou de Akers. O problema é que este elemento não
apresentou retenção em nenhum ponto de toda sua porção cervical.
Sabendo que o único elemento que não apresentaou adequada retenção foi o16, deve-
se agora analisar quais as possibilidades de compensação da expulsividade presente
nesse dente. A primeira alternativa seria através da reanatomização da face vestibular,
adicionando em sessão clínica resina composta, conferindo maior convergência a
cervical dentária.
Outra possibilidade seria confeccionar uma canaleta na porção cervical, na qual o terço
final (parte ativa) do braço de oposição se acomodaria, encaixando-se na depressão
criada, impedindo seu deslocamento vertical. Essa canaleta também é chamada
“dimple”, deve ser um desgaste raso, confeccionado apenas em esmalte dentário,
utilizando-se de uma broca esférica.
OBS: Apesar das movimentações executadas terem sido pequenas é necessário certificar-se
de que não houve interferência no eixo de inserção. Por isso, é importante conferir se após
executada a movimentação da platina, houve perda da relação dos planos guias!!
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Mesial do elemento 11
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OBS: Note que não se perdeu em nenhuma proximal a relação ideal com os planos guias.
Contudo, se houvesse ocorrido prejuízo na relação de paralelismo entre as proximais, de
modo a não haver, pelo menos, duas proximais paralelas entre si, o melhor seria retomar a
posição inicial (quando se encontrou o eixo de inserção mais retilíneo) e planejar criar
retenções com os recursos clínicos de adição de resina composta e confecção de dimples
para os pilares com deficiências retentivas.
Em seguida, nota-se no exemplo tomado que há paralelismo entre rebordo e palato duro
e não há interferências dentárias nessa região.
Figura 36: Interferências ósseas. Fonte: Dos Autores
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Oitavo passo: registro da platina. Fazer o registro da platina significa marcar a última
posição da mesa porta modelo, fixando o eixo de inserção determinado como o mais ideal,
considerando todos os fatores como planos guias, áreas retentivas, interferências e estética.
Sua finalidade é o rápido reposicionamento do modelo na situação definida como a mais
adequada no delineamento, quando o dentista ou o protético necessitem rever ou tirar
alguma dúvida sobre o planejamento.
Existem várias formas se registrar o eixo de inserção e a última posição da platina. O mais
utilizado por sua simplicidade é a marcação em três pontos: lateral, anterior e posterior.
Com a faca de corte horizontal adaptada ao mandril, elege-se três pontos, sendo
um anterior, outro lateral e outro posterior na base do modelo de gesso.
Aproximando-se a faca para cada um destes pontos, contorna-se com um lápis a
ponta acessória, registrando sua relação de íntimo contato com a base do
modelo .
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Como se faz?
1. Materiais necessários:
- vaselina ou glicerina
- resina DuraLay
- pote dapen
- maxicut montada em peça reta
- Espátula lecron ou espátula 7
2. O primeiro passo é isolar os dentes que foram feitos planos guias e seus adjacentes.
Pega-se um pedaço de algodão ou microbrush ou pincel para embeber os pilares
com vaselina.
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3. Manipula-se a resina acrílica de baixa alteração dimensional até sua fase plástica,
faz-se uma bolinha com a resina, adaptando-a na região oclusal até medial do
dente desgastado e do seu adjacente, caso exista. Levar o guia até o dente
adjacente, ajudará a conferir estabilidade ao guia.
OBS: Remover o excesso de resina na porção cervical do dente, caso ocorra
escoamento para esta região.
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Figura 41: Reproduzindo o desgaste do dente para o guia. Fonte: Dos Autores
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COROAS FRESADAS
Figura 44: Coroa fresada convencional. Fonte: Ana Louise de Carvalho, 2018.
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OBS: Existem outros tipos de coroas fresadas que dispensam a necessidade de grampos
retentores, são as chamadas coroas telescópicas, que se apresentam em vários subtipos.
São um excelente recurso para compensar necessidades estéticas, porém possuem alto
custo. As coroas telescópicas são compostas por dois componentes: uma coroa primária,
que é cimentada ao dente pilar e uma outra coroa acoplado a prótese parcial removível,
os dois elementos apresentam diâmetros diferentes, permitindo o encaixe de um sobre o
outro. A retenção se dá pela fricção entre as paredes paralelas das coroas durante a
inserção e a remoção da prótese. Essa tecnologia é amplamente utilizada na odontologia
europeia, já no Brasil ainda não é tão comum.
Sela metaloplástica
Coroa secundária
telescópica cilíndrica
Coroa primária
telescópica cilíndrica
Conector maior
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REFERÊNCIAS
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