Quando eu estou perdendo meu controle, a cidade gira ao meu redor
Você é o único
que sabe, você diminui isso
The Fray
06 de março 2023
Seattle
Madrugada de domingo…
Foi só mais um pesadelo…
Só mais um pesadelo…
Mais um pesadelo…
Um pesadelo…
Pesadelo…
Um grito ensurdecedor saiu da minha garganta quase rompendo minhas cordas vocais e
estourando meus tímpanos, aquelas vozes tem que se calarem elas dizem coisas pelas
quais não era verdade e eu sabia que não era só me custava fazer meu cérebro também
acreditar
ASSASSINA… Não, não sou uma
Aquele bilhete
Aquelas rosas
Cerro os punhos batendo-os contra a porta do banheiro, tinha que desaparecer todas
aquelas malditas coisas, deviam desaparecer, aqueles malditos demônios deviam me
abandonar
Minha visão não passa de meros borrões a sensação de estar se afogando preenche meu
corpo é como se água inundasse meus pulmões me impossibilitando de respirar, de me
mover. A dor que se espalhava pelo meu peito era horrenda a sensação era de estar sendo
comprimido ou de um buraco enorme sendo projetado em mim
Meus olhos azuis já não eram como antes, agora não passava de coisas cinzentas, sem
vidas eram águas escuras mortas, diria. Eles estavam fixos e vidrados em algum ponto
indefinido
— So… so… socorro… – minha voz não passava de sussurros enquanto me arrastava até
a porta
Eu preciso de ar. Ar é tudo que preciso
Nem meus ouvidos eram capazes de captar meus murmúrios mas aquela voz ainda se faz
presente no meu cérebro " ASSASSINA ", " PROCURE RESPOSTAS COM ELE ", "
ASSASSINA ", " RESPOSTAS "
Estava tentando golpear coisas pelas quais só meu cérebro via, meu pesadelo havia me
levado até terras áridas entre o despertar e dormir
Em meio ao breu tateio a porta em busca da maçaneta eu vou encontrá-la só preciso me
concentrar. Só. Preciso. Me. Concentrar, lágrimas banharam meu rosto um som agudo,
angustiado e longo que ficava cada vez mais intenso ressoava pelo quarto
Observar o desespero em minhas ações chegava a doer. Eu sabia que a socos, a porta
nunca se abriria, eu sabia que assim nunca " escaparia " mas mesmo assim precisa tentar
Voltei para escuridão que banhava meu quarto, apanhando as chaves do carro. Suspiro
enfim a abrindo. O corredor está envolto na penumbra, a única luz vem da lua mas é quase
imperceptível devido a massa densa de nuvens carregadas em sua volta
Com a ajuda do corrimão deixei que meus pés escorregassem degraus abaixo, logo pude
ver o hall de entrada corri até a porta e a puxei com certa agressividade e desespero mas
ela não se abriu
Me apressei em ir até a sala de estar, ao lado de uma das poltronas continha um conjunto
de mesas de apoio lateral em uma delas tinha um abajur logo ao lado algumas revistas de
culinária nas quais Eliza adorava passar horas folheando e por cima uma pequena caixa de
veludo preto
— Achei – murmurei com as chaves em mãos, assim que destranquei a porta caminhei até
meu carro
O vento maltratava toda a minha pele exposta por isso decidi deixar as janelas fechadas,
arranquei saindo da propriedade Campos Sales. Acelerei o carro saindo do condomínio em
alta velocidade não me importando com o barulho estrondoso que vinha da minha bebê, os
pneus guincharam contra o asfalto entrando no meio do tráfego de Seattle indo em alguma
direção
Fiz a primeira curva em alta velocidade, acelerando impacientemente enquanto
ultrapassava o primeiro motorista e logo em seguida o segundo isso durou cerca de 10
minutos até que finalmente a tempestade que me era prometida naquela noite caiu a chuva
fria caía em grandes rajadas e o céu se iluminava diante dos relâmpagos
Meu carro foi preenchido pelo som do meu coração a solavancos, uma respiração
desregulada e claro o barulho da chuva. Exitei por uns instantes mas algo maior tipo uma
força magnética, algo pelo qual meu corpo ansiava me chamou
Desci do carro recebendo um dilúvio bater contra meu rosto mas não me importei dei alguns
passos adiante, andando sobre a tempestade sem pressa. Deixo a chuva encharcar meu
cabelo, molhar meu shorts e blusa de dormir olhei para o céu por meros segundos era
impossível encarar aquela imensidão debaixo dessa aguaceira
Senti uma estranha sensação, a mesma sensação que ele me causava eu não sabia como
e porquê vim parar justo aqui mas de um coisa eu sabia ele era o único capaz de diminuir
esse buraco do meu peito, ele era o único capaz de tranquilizar meu demônios
Da forma que pude coloquei minha mãos sobre o supercílio evitando que a água batesse
contra meus olhos, encarei aquele enorme prédio mal conseguir conter os lábios quando se
repuxaram num sorriso ao vê-lo
A escuridão da noite banhava seu corpo mas de certa maneira algo dentro de mim sabia
que era ele
— James!! – gritei pelo seu nome numa tentativa falha de sobressair o barulho da chuva
Os cabelos grudaram no meu rosto, costas e ombros a chuva não dava uma trégua se quer,
ainda o via ali parado na sacada de sua cobertura, chamei por James umas quatro vezes
até vê aquela sombra desaparecer
Porquê só ele tinha respostas?
— Oi olhos lindos – sua voz rouca me causou arrepios profundos, endireitei o pescoço
juntamente da postura para observar melhor seu olhar vazio e exausto
— Você veio – era apenas um pensamento que acabou soando alto demais arrancando lhe
um sorriso, um sorriso que só James era capaz de fazer
— Você chama eu venho, sou facinho, facinho! – seus dedos tocaram minhas bochechas
ensopadas devido a chuva
Seu tão sutil toque queimou minha pele algo em mim se revirou deixando aquele mundo
vazio para trás, James pra mim era ainda uma grande confusão um ponto de interrogação
talvez
Só me dei conta de que toda aquela inquietude havia se acabado quando outra vez sua voz
ecoou
— Vamos! – sua mão se entrelaçou na minha me puxando para fugirmos da chuva
Soltei um risinho impedindo seu ato
— Tem medo da chuva James?...
— Não, Srta – ele sorriu daquele jeito — Só não vejo graça em me banhar nas águas do
senhor, agora vamos!
Impedir novamente, o mesmo bufa irritado
— Eu não vejo graça porque prefiro queimar nas chamas do inferno – sua respiração
quente batia contra meu rosto, a voz estava completamente rouca me deixando extasiada
— Estar disposta a fazer isso comigo assim como agora?
Não pude esconder a sensação prazerosa que me subiu entre as pernas, ele sorriu algo tão
profundo e verdadeiro me fazendo sentir inebriada pelo seu gesto
Seus braços rodearam minhas pernas jogando meu corpo sobre seu ombro me deixando
com uma visão invertida do mundo
— JAMES!!! – gritei desesperada enquanto esperneava
Ele soltou um risinho debochado caminhando em direção ao elevador
— Você vai me deixar cair… grrr me põe no chão!!
— Nunca deixaria você cair olhos lindos – sua voz rouca e arrastada enviou ondas de
prazer por todo meu corpo arrepiando até os pequeninos fios de cabelo
Entramos no elevador privativo, pude ver quando ele apertou o botão do décimo quinto
andar onde era sua luxuosa cobertura
— James o sangue vai descer para MINHA CABEÇA!!!
— Porquê está com esse micro shorts?
Massageou minha bunda logo acertando um tapa, ofeguei manhosa
— Porquê está sem camisa?
— Ciúmes? Saiba que sou só seu Campos Sales…
Não contive o sorrisinho idiota que se alastrou pelo meu rosto. Entramos em seu
apartamento e ali se encontrava da mesma maneira que estive nas outras vezes assim
como aquela maldita pergunta que me perguntei desde a primeira vez que pisei neste lugar
— Porque seu apartamento ultrapassa os limites de um " conceito aberto " ? – questionei
observando o meu redor voltar ao normal
— Para que eu consiga te observar de todos os cantos e lugares, de todas as formas e
jeitos
— Mentiroso – empurrei levemente seu peito
James se virou caminhando para longe indo de encontro a um armário e retirando de lá
uma toalha branca, na verdade tão branca que chegou a dor meus olhos
— Porquê não toma um banho! Vou pegar uma roupa para você
Assenti e caminhei até seu banheiro, subi os três largos e compridos degraus da escada de
porcelanato preto contornei a banheira e mais adiante passei pelas portas do box que iam
de encontro do teto ao chão. Tudo aqui eram em tons escuros, frios e até mórbidos com
pequenos detalhes em dourado o que dava um ar sofisticado
Flash daquele dia invadiram minha mente assim que analisei seu nicho mas dispensei
quaisquer lembranças pois o que começou bem terminou de uma forma totalmente contrária
Removi as peças que cobriam meu corpo deixando as no gancho juntamente da toalha para
fora do box, a água quente abraçava meu corpo relaxando até os músculos mais
tensionados fechei meus olhos saboreando o único barulho que se fazia presente
Aquela sensação, aquela mesma aproximação era sempre um mar de eletricidade, uma
onda de sentimentos, era como da primeira vez que me tocou. Suavemente seus lábios
tocaram meu ombro, pendi a cabeça para trás me deleitando da paz que se instalou sobre
mim. Passamos uns bons minutos assim trocando pequenas mas internamente eram
grandes carícias depois fomos nos deitar e impressionantemente eu dormi, sem receio eu
abracei o sono me aconchegando mais no peito de James
***
Eu acordei de repente, de um sonho ou pesadelo, e meu pulso está disparado. Viro-me em
pânico e para meu alívio, James está dormindo ao meu
lado. Porque eu me movi, ele se agita e se mexe em seu sono, estendendo seu braço sobre
mim e descansa a cabeça no meu ombro, suspirando baixinho.
Eu respiro fundo e firmo o olhar em seu rosto adorável. Um rosto que é agora tão familiar,
todas as suas expressões, falas e toques eternamente gravadas na minha mente e no meu
corpo. Com a ponta dos dedos toquei seu rosto, toquei na tatuagem acima do supercílio
depois deslizei eles pelo seu rosto contornando a mandíbula
Sorri largamente passeando meu indicador no contorno dos lábios, sorri novamente vendo o
pequeno biquinho que se formou. Afastei os cachos rebeldes que caiam sobre sua testa
contemplando um pouco mais aquela vista
— Deseja uma foto?
Ainda de olhos fechados ele murmurou sua voz totalmente rouca e grossa me congelando
instantaneamente
— Não para estava tão… bom
Sorri. Acariciei mais uma vez seu rosto depois plantei um beijo molhado em seus lábios
— Está com fome? – ele perguntou me olhando no fundo dos olhos
— Não
— Você nunca está!
Ele franziu o cenho pigarreando logo em seguida depois se levantou enquanto caminhava
para o banheiro pude analisar suas costas vendo o quanto estavam arranhadas aquilo me
trouxe um certo desconforto mas me limitei para não pensar no assunto
Fugi das suas vistas indo até a cozinha, sim eu estava morta de fome mas eu não deveria
ganhar nem mais um quilo sequer só que todo esses pensamentos foram para o ralo ao
abrir o freezer e vê bem ali diante da minha fuça o melhor sorvete de baunilha, Ben & Jerry
Pego o pote e deixo-lhe sobre a ilha rapidamente vago por sua cozinha e digamos que não
foi nada difícil achar os talheres, me sentei sobre a ilha mesmo levando uma colherada
daquela maravilha até minha boca
Hum….
Outra colherada e porra isso tá muito bom!! Quando ergo meu rosto seus olhos
semicerrados, me analisa de forma profunda sua língua desliza sobre os dentes superiores.
Ah, essa língua. Sinto-me sem fôlego. Um desejo escuro, pronto e gratuito corre quente em
minhas veias
— Pensei que estava sem fome – ele dispara, apenas dou de ombros degustando mais o
sorvete de baunilha
Passo meus olhos fazendo uma pequena análise, James se vestia todo de preto como
quase sempre usava alguns anéis de prata em ambas as mãos e sinceramente, isso o
deixava cem vezes mais gostoso. Seus cabelos estavam semi úmidos caindo sobre sua
testa
Gostoso. Gostoso. Gostoso
Ele acaricia meu rosto com as costas dos
seus dedos, e seu toque ressoa nas profundezas da minha alma. Ele se curva, beija meus
lábios brevemente
— Eu poderia ficar horas, dias, semanas, meses e até anos só observando esses dois e
imensos lagos cristalinos
Ruborizo. De certa forma não estava acostumada a receber elogios de James
Ele se posiciona entre minhas pernas pousando as mãos sobre minhas coxas desenhando
coisas desconexas com a ponta dos dedos, coisas pelas quais não me atento devido às
enormes íris caramelos em minha frente geralmente se encontravam tão escuras, vazias e
perdidas? Mas hoje nesse instante estão tão radiante
— Oh, frio… – soltei um suspiro assim que o sorvete pingou sobre a pele da minha coxa
alastrando um friozinho
Ele sorriu ladino. Estava realmente se divertindo, e seu bom humor é contagiante seu corpo
se curvou, seus lábios prontamente com sua língua deslizava por toda extensão coletando
cada gota do sorvete
— Hmmm…
— Gostosa! – murmurou baixinho raspando seus dentes em minha pele
Escavando uma colher de baunilha, ele coloca em sua boca suas órbitas se reviram mas
pelo fato de que o sabor é incrível
— Quer um pouco? – ele brinca
Ele escava outra colherada e me oferece, eu abro a boca, então ele bota rapidamente em
sua boca
Okay, isso me excitou e muito
Outra colherada, mas agora seu destino é outro concentrou o sorvete no meio da parte
superior da coxa assistindo ele se derreter lentamente… está mais frio do que antes, mas
estranhamente queima eu tento verdadeiramente permanecer quieta, apesar da
combinação inebriante do frio e do seu toque quente
Mas meus quadris começam a se mover involuntariamente, girando no seu próprio ritmo
James segue a linha do sorvete pelo meu corpo, sugando e lambendo pelo caminho dentro
e ao redor da coxa
Eu gemo. Merda. É frio, é quente, é tentador, mas ele não para
Sua boca se colidiu na minha de modo feroz o fogo que se espalhou pelas minhas veias a
partir deste ponto é surreal, as mãos de James se mantiam uma de cada lado do meu rosto
me prendendo ali, como se eu quisesse fugir – pensei
— Que inferno! – murmura contra meus lábios
— Atende pode ser importante
— Se for importante ligaram…
O cômodo novamente é banhado pelo toque do seu celular repetidas vezes James se
afastou para atender sua ligação mas aquilo não durou nem dois segundos quando
resmungou um palavrão e logo desligou
— Temos que ir!
— Temos que ir?
— É chama o elevador privativo enquanto eu pego as chaves, okay?!
Aquilo me soou como uma ordem mas não contestei, murmurei algo em resposta
caminhando até a porta principal para que eu possa chamar o elevador, assim que foi feito
esperei por ele ao lado de fora
A caixa metálica finalmente se abriu entramos sem dirigirmos a palavra um ao outro, toque
ou qualquer outra merda nada não teve absolutamente nada
Argh… porque ele tá estranho??
Paramos na garagem subterrânea do prédio e surpreendentemente meu carro ocupava
uma vaga ali
— Pega a McLaren e vai para sua casa, me espera por lá…
— Que porra! Da pra me dizer que merda tá acontecendo??? James ontem eu vim aqui
através de respostas mas tudo que você sabe fazer é me deixar no escuro
— Não estou te deixando eu… estou…
— Já entendi! Cadê as chaves do meu carro – estendo minha mão no aguardo dela
— Você vai na McLaren!
E de novo suas íris de tornaram sombrias afinal porque nunca tipo, nunca os dias com
James terminam bem?
— Vai no meu carro e eu irei no seu – suas mãos pousaram uma de cada lado do rosto
afagando minhas bochechas — Por favor, dirige rápido e toma cuidado ao mesmo tempo
Me vi assenti para aquela loucura toda. Estou em um completo blecaute ele era um mar de
mistério, de informações pelas quais acho que nunca irei descobrir
James me beijou mas não como das últimas vezes, dessa vez continha algo a mais que
desejo sexual não sei era como, como… me faltam palavras pra dizer como era algo a mais
Foi um beijo suave, calmo bem diferente dos outros gostaria de congelar o tempo só pra
viver esse momento para sempre por que no fundo sinto que não irá durar e isso me dói
— O-o que foi isso?
— Um beijo!... Com carinho – deixa um breve selinho em meus lábios
Quando se afasta noto em seu rosto um sorriso aquela maldita droga de sorriso, sim James
conquistaria quem fosse só com um sorriso e devo admitir que essa possibilidade me correi
por dentro
— Faz de novo pra mim não me esquecer – sussurrei com olhos pedintes
Lentamente se aproximou, acariciou minha bochechas com seus polegares a prata de seus
anéis entraram em contato com minha pele e não estava fria mas sim quente, queimava
tudo em mim queimava quando se tratava do toque de James enfim me beijou, como antes
suavemente deixando nossas respirações equilibradas desfrutando da companhia um do
outro
— James porque isso parece uma despedida? – perguntei enquanto me afastava para
olhalo
— Porquê é, você está indo para casa e eu já chego lá
E então sorriu…
Impaciente ligo o carro, e o motor ronrona com vida o retirei do estacionamento já quase no
final da curva avistei ele saindo as pressas como se fugisse de algo, haviam outros três
carros nessa mesma direção e logo atrás deles estava eu
Era impossível ultrapassalos mesmo com toda a minha abilidade e velocidade do carro, a
cada tentativa eles agiam como códigos de fato era para me impedir de passar mas
porquê??? Em nenhum momento parei de me questionar o que estava acontecendo???
PORRA. Bati inúmeras vezes no volante aquele aperto voltando a ansiedade me
preenchendo
De novo não. De novo não. De novo não. De novo não. De novo não. De novo não. De
novo não. De novo não. De novo não. De novo não.
Girei o volante abruptamente saindo daquela rua entrando numa outra que teria o mesmo
destino da minha rota principal, se tudo ocorresse bem logo em frente encontraria três
torres de 12 andares, uma delas coberta com um gigantesco mural da Agatha Christie
Boa garota – meu subconsciente diz assim que encontro as três torres
Fiz a curva entrando novamente naquela rota em frente, não havia nenhum sinal da
Porsche nem dos outros três carros pretos, olhei meu retrovisor avistando eles não tão
longe assim de mim, me permiti assistir por breves segundos a forma pela qual dirigia
Com maestria ele dominava as ruas contornando os carros com uma agilidade
impressionante se livrando de quaisquer ameaças. Segui pela direita podendo ainda avistar
quando o mesmo entrou pela esquerda foram preciso mais algumas voltas para enfim entra
no meu condomínio e estar diante da mansão Campos Sales
Meu coração incha com uma euforia nervosa e inebriante olho ao meu redor, avaliando meu
entorno de volta ao falso lar. Um calafrio de medo corre por mim é uma inquietude na qual
não tenho controle, adentro a casa e a primeira coisa que noto é a surpresa estampada no
rosto de meus pais
— Até que enfim senhor obrigado!! – mamãe me abraça fortemente me aconchegando em
seus braços
— O que houve?
Ela me analisa checando cada milímetro do meu corpo parece buscar por algo, mas o que
exatamente eu não sei
— Cristalzinho… – papai também fez questão de me apertar contra si
Senti falta disso mas mesmo assim tinha que me afastar pois ele roubava o pouco ar que
entrará pelas minhas narinas
— Papai sentir falta do seu abraço de verdade mas você está cortando o meu ar
— Eu não quero te perder nunca, nunca mais quero sentir algo do tipo
Que?
— Porque está dizendo isso?
— Já sabemos dos tiros! Ah cristalzinho eu sinto tanto
— Tiros?
— Eliza creio que ela não está bem chame o médico – ele analisa meu rosto
minuciosamente também busca por algo mas o que?? — Vai ficar tudo bem não se
preocupe com o carro… depois compramos outro
— Do que está falando pai??
— Recebemos as fotos do seu carro não precisa esconder isso de mim okay? Não irei te
julgar, você está aqui e é só o que me importa
— Quais f-fotos? – perguntei baixinho
Aquela dor vai se alastrando percorrendo com rapidez cada parte do meu corpo oh Deus
quando isso irá acabar?...
— Mandaram as fotos do seu carro completamente baleado, vidros estourados e… – seus
lábios treme com a lembrança — E…
Eu fico paralisada como um zumbi completo, o meu coração batendo forte, meu sangue
bombeado, sem ser realmente capaz de mover um músculo. Na minha mente, tudo que eu
posso pensar é: James era ele naquele carro. O pensamento repetindo como um mantra
uma e outra vez.
Antes de tudo se perder eu sussurrei pelo seu nome, senti lágrimas pinicarem meus olhos e
então tudo se apagou e eu desmaiei…