Polícia Militar do Ceará
PMCE
DOUTRINA E DIRETRIZES
OPERACIONAIS DAS RONDAS DE
AÇÕES INTENSIVAS E
OSTENSIVAS
PRINCÍPIOS ELEMENTARES
1. Condições para servir no RAIO.
1.1. Para servir nas Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas – RAIO,
observar-se-á o seguinte:
Voluntariedade;
Predisposição para a pilotagem de motocicletas;
Estar classificado no mínimo no comportamento “BOM”;;
Obter habilitação no Curso de Especialização em Policiamento com
Motocicletas;
Nunca haver passado pela condição de Ausente, Desertor,
Desaparecido ou Extraviado;
Não estar “sub-judice” por atos estranhos ao serviço Policial-Militar,
ou referentes à conduta desabonadora ou imoral, ressalvando-se os
casos das excludentes de criminalidade, nem ter sido submetido a
Conselho de Disciplina, Processo Administrativo Disciplinar e a
Conselho de Justificação;
Nunca ter permanecido de LTS por problemas psíquicos e/ou
neurológicos.
2. Composição de uma equipe do RAIO.
2.1. As equipes do RAIO, na formação padrão, serão compostas por 05 (cinco)
policiais militares e, na formação excepcional, por 04 (quatro); cada um com a
sua função já predeterminada, ou seja, comandante, subcomandante, 3º homem, 4º
homem (garupa) e 5º homem, e, estando na formação excepcional, a função do 5º
homem será absorvida pelo subcomandante.
A coordenação do serviço das equipes estará a cargo do oficial de serviço.
PADRÃO EXCEPCIONAL
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3. Funções dentro da equipe.
3.1. 1º Homem (cmt da equipe) – É o responsável pelo comando,
coordenação e controle da equipe. A ele cabe toda responsabilidade pela
ocorrência, sendo assessorado pelos demais da equipe.
No patrulhamento, é quem determina o itinerário e os locais a serem
patrulhados. É o encarregado da comunicação via rádio, exceto quando
em deslocamento e durante a primeira fase da abordagem, quando essa
função é exercida pelo 4º homem (garupeiro) e pelo 5º Homem
(segurança periférico), respectivamente.
Na abordagem é o responsável pela comunicação com os abordados,
devendo ao final realizar um trabalho de relações públicas, mostrando a
necessidade da presença e atuação da polícia.
3.2. 2º Homem (sub-cmt da equipe) – É o elemento de segurança
da equipe durante a abordagem. Faz toda a checagem dos documentos
dos veículos abordados. Auxilia o 3º homem nas vistorias em veículos e
buscas pessoais.
É responsável pela confecção das ocorrências registradas pelo
CIOPS. Em locais de ocorrência, havendo divisão da equipe, esse sempre
acompanha o 1º homem. Assume as funções do 1º homem em seus
eventuais impedimentos. Quanto aos procedimentos da abordagem,
quando a equipe contar com apenas quatro integrantes, não sendo por
impedimento do 1º homem, assume a função de 5º homem.
3.3. 3º Homem (piloto que conduz o garupeiro) – Nas abordagens,
é o encarregado pela busca pessoal e revista em veículos.
Em locais de ocorrência, havendo divisão da equipe, este sempre
acompanha o 4º homem. Quanto aos procedimentos da abordagem,
assume as funções do 2º homem quando a equipe contar com apenas 04
(quatro) integrantes. Se o 2º homem estiver na função do 1º, assumirá
todas as funções;
3.4. 4º Homem (garupeiro) – É o encarregado pela comunicação
via rádio durante os deslocamentos. É o principal responsável pela
segurança da equipe, quando os demais estão montados nas motos bem
como nas paradas e saídas de P.B.
Em patrulhamento, é quem está com as mãos e a atenção livres,
portanto deve estar sempre de arma empunhada e apoiada na coxa (dedo
fora do gatilho), atento em todas as direções, inclusive a retaguarda da
equipe. É responsável pelas anotações de mensagens curtas em
patrulhamento, tais como endereços de ocorrências, dados e
características de pessoas e veículos;
Na primeira fase da abordagem é o único elemento de segurança da
equipe, somente descendo da moto, quando o 1º Homem já estiver
posicionado na segurança. Até então, além de montado, mantém-se em
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condições de contrapor a uma possível reação dos abordados. Havendo
divisão da equipe, este acompanha o 3º Homem.
3.5. 5º Homem (segurança periférico) – É o responsável pela
segurança periférica da equipe durante as abordagens, incluindo aí,
trânsito, transeuntes e possíveis escoltas a abordados. É o responsável
pelas motocicletas da equipe e segurança externa nos locais de
ocorrências, onde havendo divisão da equipe, este sempre acompanha o
1º e 2º Homens.
Obs1: Todos os componentes do RAIO devem estar cientes das funções do 1º ao 5º
Homem, em razão de possíveis indisponibilidades de componentes com conseqüente
realocação.
Obs2: Quando houver estagiário na equipe, este não ocupará as funções de 3ºhomem
e 4º homem (garupa), até que seja submetido a treinamento específico de cada
função.
4. Armamento, equipamento e viatura.
4.1. Cada equipe do RAIO deve contar com:
a) Quatro ou três motocicletas, de acordo com a formação Padrão ou
Excepcional, respectivamente; equipadas com sirene e intermitente,
protetores de pernas e protetores de punhos; com no mínimo 02
(dois) HT´s.
4.2. Cada componente da equipe deverá estar equipado com:
a) 01 (uma) pistola. 40 mm, com 04 (quatro) carregadores contendo 11
(onze) munições cada; O Garupa, além da pistola, deverá portar
uma Carabina, Taurus, Cal.40, contendo 2 (dois) carregadores com
30 (trinta) munições cada;
b) 01 (um) colete balístico nível III;
c) 01 (um) capacete motociclístico fechado;
d) 01 (um) par de coturnos de motociclista;
e) 01 (um) fardamento completo característico da atividade
operacional com motocicletas;
f) 01 (um) par de algemas;
g) 01 (uma) tonfa.
Obs. Ao ser empregada no Policiamento de Estádio e em
manifestações, a Equipe contará também com o uso de uma
Espingarda Cal.12, contendo munições de impacto controlado que
será manuseada pelo Garupa.
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4.3. Cada policial deve portar individualmente:
a) Identidade;
b) CNH devidamente revalidada;
c) Lanterna;
5. Horário de serviço.
5.1 Os horários de serviço são flexíveis, dependendo da necessidade de
emprego das equipes, tendo em vista o aumento dos índices criminais,
respeitando-se sempre o limite de 06 (seis) a 08 (oito) horas diárias e a
impossibilidade de emprego das equipes após a meia-noite, salvo casos de
extrema necessidade.
Turno A – 9h45min às 17h
Turno B – 16h45min às 00h
6.Entrada de serviço.
6.1. As motocicletas devem estar devidamente limpas e com suas
manutenções periódicas em dia;
6.2. Cada equipe dará sua entrada de serviço na CIOPS, informando os
prefixos das motocicletas, número da Equipe nomes e matrículas de
todos os componentes além de informar a área de atuação, antes de
sair do Quartel;
6.3. A área de atuação das equipes já está predeterminada na escala de
serviço; podendo, entretanto, ocorrer, durante o serviço, algum
remanejamento para outra área, caso haja necessidade;
6.4. Cada condutor de motociclista RAIO deverá realizar uma rápida
inspeção na motocicleta antes de sair para o serviço, verificando o
estado dos freios, o funcionamento das luzes, o nível do óleo do motor,
a calibragem dos pneus e todos os itens relacionados à manutenção
de 1º escalão;
6.5. Ao apresentar-se para o serviço, o policial já deverá ter realizado o
devido abastecimento da motocicleta (tanque cheio);
6.6. Todo e qualquer sinistro que venha a ocorrer com a motocicleta
durante o serviço deverá ser constado em Relatório.
7. Comunicação via rádio.
7.1. Toda comunicação deverá ser passada através da CIOPS, ou com
aquiescência desta;
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7.2. Toda comunicação de ocorrência será passada pela CIOPS,
diretamente ao Comandante da Equipe RAIO (1º Homem), que
determinará a maneira de resolvê-la;
7.3. Quando uma equipe se deparar com ocorrência, transmite as
informações à CIOPS;
7.4. Quando alguma ocorrência estiver em andamento, todas as equipes
darão prioridade às comunicações decorrentes dela, pois em caso de
apoio, a rede estará livre para comunicação. Somente o comando
cobra as informações;
7.5. A disciplina de rede CIOPS deve ser rigorosamente observada, não
sendo permitidas comunicações administrativas, tampouco
comunicações particulares;
7.6. Quando uma equipe é chamada no rádio, estando em deslocamento,
o garupeiro deve responder da seguinte forma: que está S-33,
informando o S-17. Se a equipe estiver em PB, ou na fase inicial da
abordagem, cabe ao comandante ou ao segurança periférico,
respectivamente, o descrito anteriormente.
8. Normas de patrulhamento e atendimento de
ocorrência
8.1. A velocidade da equipe em patrulhamento deve ser de 30 (trinta)
km/h, de maneira que permita uma boa observação de tudo em volta,
ou seja, ver e ser visto. Nos atendimentos de ocorrências em vias
urbanas, a velocidade máxima será de 80 km/h, sempre observando
as normas de segurança para pilotagem com motocicleta, salvo para
apoiar companheiros que estejam pedindo s21 em troca de tiros com
marginais;
8.2. O patrulhamento e abordagens deverão ser efetuados, de forma que
não venham a atrapalhar o tráfego normal de veículos, salvo em
situações que inviabilizem essa observância;
8.3. Quando em patrulhamento, a distância entre as motocicletas da
equipe deve ser tal que não permita que bicicletas, mobiletes, motos
ou até veículos permaneçam entre os componentes da equipe;
8.4. Em trânsito lento e em semáforos fechados, a equipe deverá manter
distância do veículo da frente, facilitando assim possíveis manobras e
saídas rápidas;
8.5. Para aumento da segurança, não sendo a via de tráfego muito
intenso, não se permite que outro veículo permaneça muito próximo e
a retaguarda da equipe;
8.6. Em patrulhamento ou PB, todos os componentes da equipe devem se
policiar quanto à postura e compostura, buscando sempre um
comportamento ético e profissional;
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8.7. Quanto a veículos, atentar para o aspecto geral tais como: placas
velhas em veículos novos, reação dos ocupantes ao avistar a equipe,
objetos no interior, sinais de luz (piscando faróis), arrancadas
bruscas, excesso de velocidade, faróis apagados à noite, apenas um
passageiro e sentado no banco de trás, dificuldade de conduzir o
veículo, etc.
8.8. Qualquer homem da equipe que observar algo suspeito deve alertar
o comandante e os demais para averiguação;
8.9. Quando em patrulhamento, as regras de trânsito devem ser
respeitadas;
8.10. Quando em situação de emergência for necessário infringir normas
de trânsito, deve-se ter a máxima cautela, não obstante os sinais de
advertência ligados, bem como gerar uma ficha de ocorrências junto
à CIOPS;
8.11. Ao ser lançado em uma ocorrência na rede ou para a equipe, antes
de iniciar o deslocamento, o comandante deve em conjunto com os
demais integrantes traçar o melhor itinerário;
8.12. Nos deslocamentos de ocorrência, todos os componentes devem
estar preocupados com os companheiros que vem a retaguarda,
observando sempre ao retrovisor se um ou outro não ficou para trás;
8.13. Com chuva, a equipe estacionará em locais cobertos, estratégicos e
visíveis ao público, procurando sempre um cruzamento, exceto em
casos de extrema urgência;
8.14. Ao fazer um PB, a equipe deve realizar um ligeiro reconhecimento
da área, passando pelo local “em quadrado” (volta no quarteirão),
para só então, fazer uma parada;
8.15. Quando a equipe estiver em PB, sendo o local aberto, um dos
policiais deve ficar com a frente voltada para a retaguarda dos
demais;
8.16. É vedado à equipe, fazer PB em locais incompatíveis com a
atividade de polícia ostensiva, tais como botecos, bares e outros do
tipo;
8.17. Em PB, a equipe estacionará as motos de forma uniformizada, e o
garupeiro descerá rapidamente, sem retirar o capacete, se postará
em segurança e a retaguarda, atento ao fluxo de pessoas. Os demais
componentes da equipe descem das motos, e procuram uma posição
idêntica. Só então, o garupeiro aproximar-se-á das motos e fará a
retirada do capacete, retornando a posição de vigilância;
8.18. Ao manobrar as motos em locais de risco (tipo favelas, becos, etc.)
para maior proteção da equipe, o 4º Homem (garupeiro) deverá
descer da moto, mantendo-se alerta em todas as direções;
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8.19. Em qualquer estabelecimento que a equipe faça PB ou adentre, o
garupeiro deve se inteirar do endereço, para possível pedido de apoio
em caso de emergência;
8.20. Na saída do PB, o comandante da equipe avisa ao 4º Homem
(garupeiro) para preparar-se para a saída. Nessa saída, o 4º
Homem (garupeiro) coloca o capacete e volta para a segurança,
enquanto os demais montam e ligam as motos, só aí o garupeiro
monta rapidamente e a equipe segue em patrulhamento;
8.21. Ocorrendo distanciamento dos integrantes da equipe de suas
motos, face à ocorrência, o 5º Homem fica na segurança delas,
colocando-se em posição estratégica onde tenha uma ampla visão e
lhe possibilite a cobertura e o abrigo se necessário for;
8.22. As Equipes RAIO não se desmembram, agem sempre como
unidade, mesmo em ocorrências conjuntas com outras equipes, exceto
em perseguições a pé ou a veículos, quando os indivíduos fugitivos se
dividirem, nunca ficando um componente sozinho;
8.23. As equipes RAIO deverão primar pela cortesia e
urbanidade com as demais modalidades de policiamento e outras
equipes do Pelotão de Motos, cumprimentando-as e prestando os
devidos apoios.
9. Das Viaturas de Apoio
9.1 As Equipes RAIO serão sempre apoiadas por viaturas de quatro
rodas do BPRAIO, utilizadas para transportar os delinquentes presos
pelas composições, para auxiliar as Equipes nos locais de crime e em
Operações; e para prestar apoio aos policiais militares, pertencentes
ao Grupo, que por ventura venham a se acidentar;
9.2 Os pré-requisitos exigidos para os policiais militares componentes
das Viaturas são os mesmos exigidos para qualquer componente do
RAIO;
9.3 Todo integrante das composições das Viaturas deve possuir condições
técnicas de assumir funções dentro de uma Equipe RAIO e estar
sempre disponível para assumi-la, quando for necessário;
9.4 O horário de serviço das Viaturas de apoio serão sempre colocados
em função do horário das Equipes do RAIO de serviço;
9.5 As Viaturas serão empregadas em áreas de patrulhamento, a critério
do oficial de serviço e do planejamento e determinação do
Comandante da Base RAIO, desde que estejam sempre prontas para
prestar apoio às Equipes de serviço, quando for necessário;
9.6 As Equipes das Viaturas, sempre que possível, serão compostas por 4
(quatro) integrantes: Comandante, motorista e 02 (dois)
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patrulheiros; nunca poderão atuar sem que haja, no mínimo, 3 (três)
integrantes: Comandante, motorista e 01 (um) patrulheiro;
9.7 Todas as normas relativas ao RAIO se aplicam aos componentes das
Viaturas, exceto aquelas que dizem respeito, exclusivamente, aos
motociclistas.
10. Término do serviço
10.1 No encerramento do serviço, após dar ciência ao oficial do raio e à
CIOPS, as equipes deslocam-se individualmente e em patrulhamento
para a sede da unidade raio;
10.2 O comandante da equipe encaminha ao oficial de serviço as
ocorrências e outros documentos;
10.3 Cada piloto deverá inspecionar sua motocicleta ao final do serviço, a
fim de verificar possível avaria;
10.4 O serviço deve sempre começar e terminar na sede da unidade raio,
onde as equipes se reúnem, no início e ao término do serviço;
NÍVEIS DE ABORDAGENS
Os níveis da abordagem são determinados, levando-se em
consideração fatores de suspeição, que se traduzem em maiores ou
menores riscos para a equipe.
1. Abordagem nível 1
É a abordagem mais simples, porém sem nenhuma redução nos
critérios de segurança. Ex: para orientar algum condutor infrator de
normas de trânsito ou para simples verificação de documentos. Esse tipo
de abordagem raramente será realizado por equipes RAIO.
2. Abordagem nível 2
É aquela realizada quando há algum tipo de suspeição, porém sem
evidências concretas que relacionem os abordados a um fato delituoso
ocorrido. Nessa abordagem, realiza-se uma busca pessoal, pautando-se
pelo mínimo de desconforto aos abordados. Todos os integrantes da
equipe devem estar empunhando suas armas na “posição sul”. Aqui não
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se recomenda enquadrar em “linha de visada” os abordados, exceto se
o nível da abordagem redundar em progressão.
3. Abordagem nível 3
É aquela realizada quando há grande suspeição, corroborada por
fortes indícios que sugerem estar os abordados relacionados com um fato
delituoso ocorrido. Nesse nível o desconforto aos abordados será
relativamente desconsiderado, em razão da possibilidade iminente de
reação por parte dos abordados. Aqui se recomenda enquadrar os
abordados em “linha de visada”, até que dependendo do caso, se
chegue a uma redução no nível da abordagem, quando deve
imediatamente cessar a visada e todo e qualquer desconforto. Deve ser
adotado durante toda a abordagem posição de segurança, devendo o
Policial Militar manter a calma e o equilíbrio. Nessa abordagem, faz-se
uma busca mais detalhada nas pessoas, consultando antecedentes
criminais, verificando sinais de adulteração em chassis e motores, armas
ou drogas escondidas em veículos e etc.
4.Abordagem nível 4
É aquela realizada quando os abordados são encontrados na
flagrância do delito, ou logo após com objetos ou condutas que façam
presumir serem eles os autores do fato delituoso ocorrido. Nesse nível não
há que se falar em desconforto, evidentemente deve ser respeitada a
dignidade da pessoa. Aqui, os abordados devem ser colocados
horizontalmente ao solo, em decúbito ventral, algemados, para depois se
proceder à busca, sendo conduzidos à delegacia para a lavratura do
flagrante.
Obs: As abordagens de níveis 1, 2, 3, podem ser progressivas, isto é, começar em um
nível e terminar em outro mais elevado. As de níveis 2 e 3, regressivas, em ambas as
situações concorrem para isso as evidências que forem surgindo no seu decorrer. Em
razão disso é que o nível de atenção e segurança deve ser o mesmo para todas elas,
variando progressivamente ou regressivamente para cada caso, o nível da energia
empregada contra os abordados.
PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM RAIO
As abordagens RAIO serão pautadas pelos seguintes princípios:
1. Discricionariedade – Significa dizer que a abordagem será decidida
de acordo com a conveniência e circunstâncias que se apresentem,
valendo-se do “poder de polícia do Estado” (fiscalização).
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2. Surpresa – A abordagem será rápida e inopinada.
3. Ação vigorosa – Os procedimentos da abordagem serão firmes e
enérgicos.
4. Segurança – Todas as condutas da abordagem visam à segurança da
equipe e dos abordados.
5. Legalidade – Apesar de discricionária, inopinada e enérgica, a
abordagem deve estar investida da legalidade e do respeito aos direitos
do cidadão.
TIPOS DE ABORDAGEM
1. Abordagem a motociclistas
Esta é a principal atividade das equipes RAIO. O Grupo foi criado
para combater os marginais que usam este tipo de veículos na prática
delituosa, estimulados pela facilidade de se desvencilharem dos
congestionamentos do trânsito durante a fuga.
1.1. Na abordagem a motoqueiros, sendo possível, faz-se um
acompanhamento até um ponto mais apropriado ao procedimento,
evitando-se abordar em pontos de tráfego intenso, ou grande
aglomeração de pessoas em esquinas, curvas ou cruzamentos, em
semáforos, portas de escolas e creches;
1.2. A motocicleta da equipe com o 3º e 4º Homens aproxima-se de
dois a três metros da moto a ser abordada, a retaguarda e num
ângulo aproximado de quarenta e cinco graus. O piloto (3º Homem)
aciona a sirene alertando os abordados para a abordagem.
Determina que encostem e parem o veículo. Simultaneamente, dá um
pequeno toque no freio, reduzindo ao máximo o ângulo anterior, a
fim de dificultar possível reação do garupeiro abordado. Em
momento algum da fase inicial da abordagem, se fica lado a lado ou
ultrapassa os abordados;
1.3. O 1º Homem pára à retaguarda da moto abordada e já descendo
de sua moto, determina aos abordados que também desçam com as
mãos sobre a cabeça. Simultaneamente, o 4º Homem (garupeiro) já
se encontra de arma empunhada, dedo fora do gatilho, em condições
de enquadrar os abordados em “linha de visada”, para o caso de
reação do garupeiro abordado. Deve-se evitar apontar a arma para
os abordados se a abordagem for menor ou igual ao nível 2;
1.4. O 4º Homem (garupeiro) deve descer de sua moto
simultaneamente aos abordados;
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1.5. O 5º Homem desce rapidamente e assume a segurança periférica,
à retaguarda da equipe, bloqueando na fase inicial da abordagem
(por ser a fase mais crítica), a passagem de trânsito e transeuntes;
1.6. O 1º Homem determinará aos abordados que sigam para a
calçada, mantendo as mãos sobre a cabeça, afastando lateralmente
dois metros um do outro, com a frente voltada para o lado oposto da
via;
1.7. Os 1º, 2º, 3º e 4º Homens, posicionam em “leque” a retaguarda
dos abordados, ficando o 1º Homem à direita e o 4º Homem à
esquerda. O 2º e o 3º Homens ficam no centro;
1.8. O 3º Homem coloca sua arma no coldre e executa a busca pessoal,
perguntando antes de iniciá-la, se os abordados estão portando
armas ou drogas. Ao final afasta-se ficando próximo à moto
abordada, que será por ele vistoriada;
1.9. Feita a busca, e não sendo encontradas armas, os componentes da
equipe coldreiam suas armas;
1.10. O 1º Homem autoriza aos abordados a retirada dos capacetes e
solicita-lhes os documentos pessoais e do veículo, repassando-os ao
2º Homem, que fará toda a checagem junto ao CIOPS e registro da
abordagem em formulário próprio. O 3º Homem faz a vistoria no
veículo buscando armas, drogas, etc.
1.11. Enquanto o 2º e 3º Homens checam o veículo e documentos, o 1º
e 4º Homens trazem cada um dos abordados para si, afastando-os
um do outro, e fazem o confronto das informações extraídas deles,
verificando se há sintonia no que dizem;
Obs: passada a primeira fase da abordagem, deve cessar todo e qualquer
constrangimento aos abordados, tais como obrigá-los a permanecer com as mãos para
trás, etc.
1.12. Terminados todos os procedimentos de checagem e estando tudo
sem alteração, o 1º Homem agrupa os abordados, entrega-lhes os
documentos fazendo as vezes de relações públicas, mostrando a
necessidade daquele trabalho da polícia e a razão das condutas
tomadas na abordagem. Agradece, a fim de evidenciar para o público
que porventura presenciou a abordagem, que aquelas pessoas não
são marginais.
1.13. Exceto o 5º Homem, que permanece na segurança periférica, todos
os demais aguardam sobre a calçada, até que os abordados retornem
ao trânsito. Aí o 4º Homem coloca o capacete e assume o lugar do
5º Homem, que juntamente com os demais vão para suas motos
colocando-as para funcionar. O 4º Homem então reassume a
garupa do 3º Homem e a equipe retorna ao patrulhamento.
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Abordagem
1ª FASE 2ª FASE
4º 4º
2º
3º
3º
3º 1º 2º
1º
4º
1º
5º
2º
5º 5º
2. Abordagem a veículos
É um trabalho de maior risco para as equipe do RAIO, pois em caso
de tratar-se de marginas, sua reação tornar-se-á mais fácil, uma vez que
somente o 4º Homem estará em condições de contrapor a reação,
tornando-se vulnerável a esse tipo de abordagem.
Temos ainda o fator massa do veículo a ser abordado que, por ser
maior, poderá ser arremessado contra as motos da equipe.
Havendo reação dos abordados, estando eles em veículos e em fuga,
a equipe deve recuar, evitando troca de tiros, limitando-se a segui-los à
distância e solicitando apoio imediato.
Na abordagem a veículos, observar-se-á o previsto no item 1.1 da
abordagem a motos, ou seja, sendo possível, faz-se um acompanhamento
até um ponto mais apropriado ao procedimento, evitando-se abordar em
pontos de tráfego intenso, grande aglomeração de pessoas em esquinas,
curvas ou cruzamentos, em semáforos, portas de escolas e creches, etc;
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2.1. Numa abordagem a veículos, a equipe não poderá ultrapassar ou
ficar lado a lado com esse, e deve-se manter uma distância de
segurança, pois além do risco de arremesso dele contra a equipe, seus
ocupantes podem reagir com arma de fogo.
2.2. Com sinais sonoros e gestos, os 3º e 4º Homens determinam que o
condutor encoste e pare;
2.3. Em o veículo parando, os componentes da equipe descem
rapidamente, posicionando-se em condições de abrigarem-se atrás de
suas respectivas motos, todos de armas em punho, “posição sul”,
prontos para enfrentarem uma possível reação dos abordados;
2.4. O 1º Homem determina ao condutor que desligue o veículo, que
todos desçam com as mãos sobre a cabeça e se postem na traseira do
carro, colocando as mãos sobre seu teto;
2.5. A equipe abre um leque com o 1º Homem na extremidade direita e o
4º Homem na esquerda, o 2º e 3º Homens no centro;
2.6. O comandante vai até o vidro lateral direito e verifica se no banco
traseiro não tem algum indivíduo escondido e retorna para o início
das buscas, indagando antes de iniciá-la se os abordados portam
armas e drogas consigo ou no veículo;
2.7. O 3º Homem coloca a arma no coldre iniciando a busca pessoal nos
suspeitos;
2.8. Logo após a busca pessoal, todos os componentes coldreiam suas
armas. O 4º Homem dá a volta pela frente do veículo, postando-se
na calçada, para onde os abordados serão encaminhados.
2.9. O comandante solicita a documentação ao condutor. Se os
documentos estiverem no interior do veículo, não se permite que o
condutor vá pegá-los, devendo este apontar o local em que se
encontram, e o 3º Homem os apanharão;
2.10. O condutor é informado que seu veículo será vistoriado e é
convidado a acompanhar visualmente;
2.11. Os 3º e 2º Homens farão a vistoria e checagem do veículo e
dependendo do caso, dos abordados, junto ao CIOPS;
2.12. O 1º Homem determina ao condutor que destranque o porta-
malas, quando o 3º Homem verifica se no interior não há mais
alguém homiziado ou reféns. Nesse momento a atenção da equipe
deve estar voltada para o porta-malas, de onde pode sair outro
marginal;
2.13. Aplica-se aqui o mesmo dos itens 1.12 e 1.13 da abordagem a motos.
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Abordagem
1ª FASE 2ª FASE
4º
3º
2º
3º 1º
4º
2º 1º
3º
1º
4º
5º
2º
5º
5º
PROCEDIMENTOS EM OCORRÊNCIAS DE
ROUBO A BANCO E OUTROS
ESTABELECIMENTOS COMERCIAS
1. Ao ser acionada para o atendimento deste tipo de ocorrência, a
equipe solicitará ao CIOPS todos os dados disponíveis como local,
ponto de referência, características dos meliantes, tipo de veículo
usado na fuga, placa, etc;
2. Durante os deslocamentos, os componentes devem estar atentos, pois
podem deparar-se com os marginais em fuga;
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3. Ao se aproximar do local, deve-se desligar os sinais sonoros e
luminosos, concluindo a aproximação com cautela;
4. Os componentes da equipe descem rapidamente das motos, retiram
as chaves da ignição e o comandante da equipe informa o CIOPS que
se encontra no local. O 5º Homem abriga-se fazendo a segurança
das motos;
5. Não se deve parar as motos em frente ao local do roubo, e sim no
mínimo a 50 (cinqüenta) metros, colocando as motos na pista para
bloquear o tráfego no local, fazendo o restante da progressão a pé,
procurando valer-se dos obstáculos para abrigo e cobertura.
6. Antes de iniciar tal progressão, far-se-á uma varredura visual do
local e adjacências, objetivando detectar possível escolta dos
meliantes e atentando para: pessoas no interior de veículos, veículos
em funcionamento, motociclista a postos, pessoas sem ocupação
presumida e suspeitos em geral;
7. O comandante da equipe, após estar protegido, aguardará que
alguém saia do estabelecimento para averiguar se tudo está normal.
Em caso desta primeira recepção ser feita por guarda ou vigia,
atentar para o crachá do mesmo, bem como se sua arma está no
coldre, além de sua fisionomia. Estando suspeito qualquer desses
itens, deve-se fazer a busca e identificá-lo;
8. Notando qualquer anormalidade, recomenda-se aguardar a chegada
de reforço para a entrada no estabelecimento, fazendo a contenção e
isolamento, solicitando o apoio imediato do GATE;
9. A entrada no estabelecimento será feita com o máximo de cautela,
instante em que todos procuram proteger-se, mantendo uma
distância de três a cinco metros uns dos outros, evitando, assim,
serem alvejados coletivamente por uma rajada ou arremesso de
granada. Deve-se reduzir o volume do HT e desligar o aparelho
celular, para não denunciar a posição do policial;
10. Em caso de tomada de reféns, visando acalmar a situação, deve-se
evitar disparos de arma de fogo, solicitando ao CIOPS que seja
acionado o GCRISE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. Nenhum transeunte deverá cruzar a área da abordagem, até
que se faça a busca pessoal nos abordados. Em locais de fluxo
intenso de pessoas, após a busca, visando não causar transtornos às
pessoas, permite-se flexibilizar essa observância;
2. A educação e polidez no trato com as pessoas são
fundamentais, pois toda abordagem causa constrangimento ao
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cidadão. Porém a energia não é dispensável, uma vez que a atitude
firme e bem coordenada inibe reações por parte dos abordados;
3. Havendo fortes suspeitas sobre mulheres, deve-se solicitar
uma pessoa do povo e do mesmo sexo, para colaborar na busca.
Antes de realizar a busca, deve-se rapidamente instruir essa pessoa
como proceder;
4. Na impossibilidade física de desembarque do abordado por
qualquer motivo, o 1º Homem da equipe manda-o colocar as mãos
na cabeça, e o 3º Homem aproxima-se e checa os motivos da
impossibilidade. Faz-se uma ligeira busca nessa pessoa alí mesmo,
bem como no veículo;
5. Cuidado especial deve-se ter com abordados agressivos, que
recusam-se a submeter-se à revista. Pode tratar-se de pessoas
ignorantes da atividade policial, tentando dissuadir os policiais da
abordagem, ou ainda procurando desviar a atenção de algo ilícito
escondido em seu veículo ou indumentária, ou dissimular uma
reação. Essas pessoas devem ser advertidas para os crimes de
desobediência, desacato e resistência, por se oporem ao exercício de
polícia do Estado. Permanecendo a resistência, devem ser
incontinenti detidas e conduzidas à Delegacia de Polícia mais
próxima, onde serão autuadas;
6. Se for detectada presença de refém por ocasião da
abordagem, somente após a revista pessoal completa de todos e
certeza de sua condição, é que como tal será tratado. Um
delinqüente pode tentar passar-se por vítima, e no primeiro
descuido dos policiais, reagir liberando a si e aos demais;
7. Em caso de abordagem a alguma autoridade, tais como juízes,
promotores, políticos, delegados, policiais civis e militares,
recomenda-se flexibilizar nas condutas da abordagem, permitindo
que estas pessoas identifiquem-se e não sejam submetidas a busca.
Porém a equipe deve estar atenta para possível dissimulação.
8. Não se permite conversa entre os abordados, até que se faça a
checagem de suas informações. Havendo maiores indícios de
suspeição, deve-se separá-los para indagações do tipo (para onde
estavam indo, nome do seu companheiro ali naquela abordagem,
onde um e outro trabalham, onde moram e etc) e posterior
confrontação das assertivas;
9. Atenção especial deve ser dada a cicatrizes e tatuagens, pois
podem indicar algum ex-detento, integrante de gangues ou
foragidos;
10. Após revista em veículos, tudo deve ser recolocado exatamente
no local em que estava, e as portas fechadas;
11. Ao se vistoriar documentos, deve-se solicitar ao condutor que
os retire do porta-documentos para comprovar a autenticidade do
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papel através da textura, usando o tato. Não é recomendado que o
próprio policial retire esse documento, uma vez que poderá rasgar-
se em razão da aderência ao plástico, constituindo constrangimento
para a equipe;
12. Não se deve em hipótese alguma, pegar a carteira do
abordado com o objetivo de extrair documento, pois pode ensejar
aos policiais acusação de conduta desonesta;
13. Não se deve tocar nos abordados a título de colocá-los na
posição correta para busca, muito menos qualquer tipo de agressão.
Tudo deve ser resolvido de viva voz ou com detenção, se houver
latente resistência.
Fortaleza, 01 de janeiro de 2017.
Roger Sherman Ferreira de Sousa- CAP. QOPM.
P3 do BPRAIO
Mat. 151334-1-4
Confere:
Francisco Márcio de Oliveira – TEN-CEL. QOPM.
Comandante do BPRAIO
Mat. 103.439-1-7
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