COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE DOZE VARIEDADES CLONAIS DE
CACAUEIRO NO PERÍMETRO TABULEIROS DE RUSSAS - CEARÁ
CONTEXTUALIZAÇÃO
Em meados de 2009, o Engenheiro Agrônomo Adolfo Moura intermediou a solicitação
de apoio técnico-científico junto à Ceplac/Cepec para avaliação do cacaueiro em
ambiente semiárido (Perímetro Irrigado Tabuleiros de Russas, entre Russas/CE e
Limoeiro do Norte/CE), a pedido da União dos Agronegócios no Vale do Jaguaribe –
Univale. Essa iniciativa fazia parte do programa de identificação e avaliação de
alternativas agrícolas para o interior do Ceará, ação com participação da Embrapa-
Semiárido (CEPATSA).
Após exposição de motivos e conseqüente discussão técnica, a Ceplac – Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, decidiu apoiar a iniciativa da Univale com a
liberação de técnicos para implantação de uma área experimental, uma vez que, a
possibilidade de expansão da cacauicultura para áreas não tradicionais poderia gerar
divisas para o país, seja pela diminuição da importação ou, até mesmo, por contribuir
para retornar o Brasil ao papel de exportador de cacau. Além disso, poderia gerar
benefícios em forma de emprego e renda da região do semiárido brasileiro.
Os pesquisadores da Ceplac Paulo Cesar Lima Marrocos e George Andrade Sodré
prepararam um plano de trabalho que previa todas as fases de implantação de área
com cacaueiros, condução em campo e avaliação de qualidade de amêndoas. Nesse
contexto, foi feito um Convênio de Cooperação Técnica entre a Ceplac e a Univale, e,
o experimento está em curso graças ao Projeto de Culturas Alternativas para o
Ceará, com recursos da ADECE, BNB (ETENE-FUNDECI), SEBRAE-CE e
EMBRAPA-Semiárido.
IMPLANTAÇÃO DA ÁREA
A implantação da área de cacaueiros foi realizada em lote da Fazenda FRUTACOR no
Perímetro Irrigado de Tabuleiros de Russas. O solo foi classificado como areia
quartzosa com textura arenosa, contendo 5% de argila total.
a) Plantio no espaçamento 4 x 2 m – as mudas de cacaueiros foram plantadas entre
duas bananeiras, mantendo o espaçamento de 4 metros entre filas e dois metros entre
plantas. O sistema de irrigação utilizado foi o de gotejamento em fileiras duplas, com
aplicação de macro e micronutrientes, densidade populacional ajustada para 1250
plantas/ha, controle químico de plantas invasoras, controle de pragas e de doenças,
visualização na Figura 1 A.
b) Plantio no espaçamento 4 x 3 x 2 m – as mudas de cacaueiros foram plantadas
em fileiras duplas, localizadas entre duas filas de bananeiras com espaçamento de 6m
entre si, mantendo o espaçamento de 2 metros entre filas de cacaueiros e 3 metros
entre plantas (em quincôncio) e de 4 metros entre filas duplas de cacaueiros. O
sistema de irrigação utilizado foi o de microaspersão, com aplicação de macro e
micronutrientes, densidade populacional ajustada para 1111 plantas/ha, controle
químico de plantas invasoras, controle de pragas e de doenças, visualização na Figura
1 B.
Figura 1. A - Aspecto do plantio e do sistema de irrigação por gotejamento utilizado e;
B – aspecto do plantio e do sistema de irrigação por microaspersão.
PROPOSTA
Avaliar o comportamento agronômico de doze variedades de cacaueiro (PH 15, PH 16,
PH 17, CEPEC 2004, CEPEC 2006, CEPEC 2007, CCN 10, CCN 51, PS 1319, CA
1.4, CP 49, e SJ 02) no semiárido do Ceará, em dois espaçamentos e dois sistemas
de irrigação.
Durante as Visitas Técnicas realizadas por Pesquisadores da Ceplac ao Tabuleiro de
Russas foram, também, programadas e realizadas atividades de treinamento de mão
de obra sobre os diversos aspectos do manejo e apresentação de Seminários (Figura
3) para atualização do conhecimento sobre o cultivo do cacaueiro (Figura 2).
Figura 2 – Detalhe do treinamento e da poda do cacaueiro preservando-se a estrutura
da planta em equilíbrio e, se possível, assumindo a forma de taça.
Figura 3 – Apresentação de Seminário Técnico sobre o Manejo do Cacaueiro,
realizado pelo Engenheiro Agrônomo da Ceplac, Milton José da Conceição.
PRINCIPAIS RESULTADOS
Até o momento, muitas informações sobre comportamento do cacaueiro irrigado no
Tabuleiro de Russas (Russas-CE) já foram obtidas pelos pesquisadores, com
destaque para:
a precocidade do clone Cepec 2002;
a necessidade de conforto térmico e de quebra-vento para crescimento
das plantas;
a dificuldade de fazer enxertia no campo;
os riscos de salinização da folhagem quando se usa a irrigação por
microaspersão;
a importância de manter as plantas com boa nutrição e sem stress
hídrico; e,
a colheita de frutos com coloração da casca ainda esverdeada (Figura 4).
Figura 4 - Plantas em produção clone Cepec 2002 e primeira colheita aos 24 meses.
Paulo Cesar Lima Marrocos, D.Sc.
George Andrade Sodré. D.Sc.
CEPLAC/CEPEC