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EDUCAÇÃO TUTORIAL - DO CONHECIMENTO TEÓRICO À

EXPERIÊNCIA VIVENCIADA POR DOCENTES E DISCENTES DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC)

Ana Maria Iorio Dias1


Ana Lúcia Ponte Freitas2

O Programa de Educação Tutorial (PET) foi criado e implantado em 1979 pela CAPES
como um Programa acadêmico direcionado a estudantes regularmente matriculados em cursos de
graduação. Desde sua criação, os grupos são selecionados pelas Instituições de Ensino Superior
(IES) que participam do Programa, recebendo orientação acadêmica de professores selecionados
para serem tutores. Até o ano de 1999, o Programa foi coordenado pela CAPES e a partir de 31 de
dezembro de 1999 teve sua gestão transferida para a Secretaria de Educação Superior - SESu/MEC,
ficando sob a responsabilidade do Departamento de Projetos Especiais de Modernização e
Qualificação do Ensino Superior - DEPEM. Desde então, vem sendo executado, levando em conta
as diretrizes e os interesses acadêmicos das Universidades às quais se vincula, e que passaram a ser
responsáveis por sua estruturação e coordenação. Em 2003, a sigla PET que significava Programa
Especial de Treinamento teve o nome alterado para Programa de Educação Tutorial. Na
Universidade Federal do Ceará, a institucionalização dos Grupos PET3 na Pró-Reitoria de
Graduação vem se consolidando, notadamente a partir da excelente relação entre esses segmentos,
pela efetiva formação e permanente atuação da Comissão Local de Acompanhamento e Avaliação
(CLAA), criada e implementada nos moldes da Comissão Nacional de Acompanhamento e
Avaliação (CNAA), e que desenvolve reuniões sistemáticas de discussões sobre temas relevantes e
sobre a avaliação e o acompanhamento dos grupos na UFC, socialização de experiências, orientação
coletiva para elaboração dos relatórios e planos de atividades, metodologia de atuação junto aos
grupos e ao INTERPET 4, além da coordenação das demandas e das aplicações dos recursos
advindos da(o) SESu/DEPEM/MEC. Nesse sentido, pode-se, seguramente se afirmar que, na
CLAA, também se confirma um dos princípios norteadores do PET – qual seja o da ação tutorial,
entendida aqui como ação de acompanhamento, de orientação, de cuidado pedagógico e de
implementação de atitudes construtivas, que visam o desenvolvimento pessoal, profissional e
institucional dos atores envolvidos - docentes e discentes.
Essa ação na Comissão, de fato, torna-se um reflexo do que ocorre em cada grupo, onde a
ação tutorial se manifesta em toda a sua plenitude, seja nas atividades de Ensino, de Pesquisa ou de
Extensão – buscando integrar e solidificar cada vez mais o tripé que carateriza (e por isso,
diferencia-se dos demais) o ensino verdadeiramente universitário. Dentre as atividades de Ensino e
de Apoio à Graduação pode–se destacar a participação dos que fazem os grupos PET na UFC na
elaboração dos novos projetos pedagógicos de seus respectivos cursos; a promoção de cursos,
oficinas, seminários didáticos e técnicos; a recepção de novos estudantes; o apoio à matrícula dos
estudantes de seus respectivos cursos; o acompanhamento aos recém-ingressos5; a realização de

1
Pró-Reitora de Graduação da UFC.
2
Tutora do PET – Biologia da UFC.
3
A UFC possui 17 grupos PET, cada um com 12 estudantes bolsistas: Agronomia, Biologia, Computação,
Economia, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia de
Pesca, Engenharia Química, Geografia, História, Medicina, Odontologia, Pedagogia, Psicologia e Química
Industrial.
4
Reunião permanente e sistemática de encontro dos grupos PET no Estado do Ceará, envolvendo os 17
grupos da UFC e os 5 grupos da UECE – Universidade Estadual do Ceará.
5
Na UFC, há um Programa Recém-Ingresso, destinado à recepção/ao acolhimento de estudantes que fazem
a matrícula após a aprovação no vestibular, mas que só ingressarão no curso no segundo semestre letivo. A
eles são ofertadas diversas opções de cursos, seja para entrosamento com os veteranos e com o curso que

1
visitas técnicas e de trabalhos de campo; o desenvolvimento de monitoria voluntária; a
sistematização de grupos de estudo e de trabalho; a implementação de atividades culturais; a
realização de estágio; a participação em reuniões, congressos e seminários; a participação em
encontros universitários, encontros do PET e SBPC; a realização de cursos de idiomas estrangeiros.
Nas atividades de Pesquisa e Publicações a ênfase recai em pesquisas - individuais ou coletivas-
com publicações em diferentes manifestações (trabalhos/resumos publicados em anais; livros;
artigos em periódicos; jornais etc). Nas atividades de Extensão, pode-se destacar o
desenvolvimento de atividades com a comunidade acadêmica (demais estudantes dos cursos aos
quais os grupos estão vinculados) e com a comunidade externa à UFC, atividades com escolas de
ensino fundamental e médio (feiras de profissões, oficinas, etc). Além disso, há as atividades
INTERPET e a permanente busca de articulação com a Instituição UFC como um todo –
evidenciando que a ação tutorial tem que ultrapassar as fronteiras internas de cada grupo.
De que maneira a experiência profissional docente pode se modificar e modificar o
conhecimento conceitual adquirido, para formar /orientar / ensinar, a partir da educação tutorial? Ao
analisar a experiência vivenciada pelos grupos, pode-se constatar o quanto houve de aprendizagem,
através das mais diversas situações que criaram possibilidades significativas, seja para docentes,
seja para discentes. A partir do cenário pedagógico instituído pelo Programa, pode-se confrontar os
conhecimentos adquiridos ao longo de anos de estudos, como ferramenta ideal para garantia de
sucesso profissional, com a realidade na forma como ela se apresenta. Entre o ideal teórico e o real
do cotidiano, sempre houve/haverá marcada diferença. Com a ação tutorial busca-se, portanto,
estabelecer metas, organizar planos e assumir posturas, com os “scripts” sendo invariavelmente
readaptados diante das vivências, dos saberes e das particularidades de cada um – docente e
discente. Das lições, destacam-se:
1. - o comprometimento com o programa – práticas responsáveis na busca do cumprimento dos
manuais e portarias contendo o regimento geral do programa;
2. - o comprometimento com a formação dos bolsistas - estabelecendo mecanismos de diálogo
sobre assuntos variados, procurando levar em conta as concepções prévias dos estudantes,
gerais ou específicas e conceitos científicos;
3. - o desempenho do papel do tutor como mediador – no grupo PET o professor tutor não é o
único responsável pela geração de conflitos, mas seja o mais indicado para mediar e
conciliar, acelerar as decisões, induzir a escolha dos caminhos de modo a gerar o processo
de aprendizagem. É interessante observar que em muitas situações os conflitos podem surgir
como “conseqüência” da atividade coletiva do grupo;
4. a presença constante do tutor no grupo: esta prática se faz essencial para a condução do
grupo – não se trata aqui de impor uma autoridade, mas marcar presença em todas as
situações, participar das decisões, vivenciar perdas e comemorar vitórias juntinhos;
5. a manifestação de afetividade e o relacionamento grupal: lembrar datas comemorativas:
aniversários, datas celebrativas de interesse da maioria; um abraço, uma palavra sincera
sempre cai muito bem aos ouvidos de todos;
6. a valorização de feitos e atitudes do grupo: parabenizar e incentivar fazem parte do processo
de formação;
7. a aplicação dos conhecimentos gerais do tutor: é importante a formação científica e cultural
do professor tutor na orientação do bolsista PET, porém o uso destas não poderá gerar no
estudante uma especialização precoce;
8. o ser exemplo: de caráter, determinação e força de vontade em tudo. Esta é uma herança que
é transmitida através do convívio, de fatos observados, dos exemplos absorvidos.

escolheram, seja para aprendizagem significativa acerca de temática contemporânea.

2
No desejo de saber ensinar, formar excelentes cientistas ou notáveis professores - reflexos
da prática docente – pode-se compreender que o PET tem se revelado: um modelo de aprender
muito mais que de ensinar. E, na construção do saber em grupo, surgem o crescimento, a formação
e o aprendizado. As contradições geradas pela diversidade de personalidades muitas vezes
colocaram estudantes bolsistas e tutores em uma incômoda situação de conflito, mas as
transformações geradas, para satisfazer as condições de coerência e generalidade exigidas, iam
sendo construídas passo-a-passo pelo grupo - e, com isso, pode-se afirmar, seguramente, que
sempre valeu a experiência da tutoria na condução grupo.

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