UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
unesp “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Campus de Araraquara
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E LÍNGUA PORTUGUESA
PROCESSO SELETIVO 2021 – INGRESSO 2022
1ª ETAPA MESTRADO: PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Orientações para a prova:
A prova dissertativa de conhecimentos específicos deve ser realizada em idioma português.
Você deve preservar o anonimato, nomeando o arquivo da prova com o número da sua inscrição.
A prova de conhecimentos específicos será constituída por 8 (oito) questões referentes aos tópicos
indicados no Edital 07/2021-DTA-FCL/CA, das quais os candidatos deverão responder a 2 (duas). As
respostas deverão ser enviadas pelos candidatos no período das 8 às 12h do dia 24/11/2021, por meio do
formulário online específico para esta finalidade: https://forms.gle/o3khnENUhhn6Htn37
A prova será avaliada conforme os critérios constantes no referido Edital e será pontuada com nota de 0
(zero) a 10 (dez), valendo 5,0 (cinco) pontos cada questão respondida. Será considerada(o) aprovada(o) a
candidata/o candidato que obtiver nota igual ou superior a 6 (seis).
*******************************************
QUESTÃO 1
Camacho (2012) assim se expressa a respeito da natureza intrinsecamente variável das línguas
naturais:
“Se as línguas naturais humanas consistem em sistemas organizados de forma e
conteúdo, seria estranho que a variação não fosse uma das suas propriedades mais
marcantes e significativas. Na realidade, a diversidade é uma propriedade funcional
e inerente dos sistemas linguísticos, e o papel da sociolinguística é exatamente
enfocá-la como objeto de estudo, em suas determinações linguísticas e não
linguísticas” (CAMACHO, 2012, p.60)
Discuta os exemplos abaixo a partir das ideias expostas pelo autor e dos demais pressupostos da
Sociolinguística. Explore em sua discussão os conceitos de norma-padrão, variedade, variação, mudança,
prestígio.
(a) A gente trabaia em Araraquara.
(b) Nós trabalhamos em Araraquara.
(c) Em Araraquara trabalhamos nós.
(d) A gente trabalha em Araraquara.
(e) Nóis trabaia em Araraquara.
(f) Trabalhamos em Araraquara.
(g) A gente trabalhamos em Araraquara.
QUESTÃO 2
Faculdade de Ciências e Letras
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Com base nos exemplos abaixo e nos excertos citados em seguida, escreva um pequeno texto sobre
a formação do plural dos nomes portugueses, cujo radical termina em consoante, comparando os pontos
de vista advindos de estudos das áreas de Fonologia e Morfologia.
rapaz - rapazes
mar – mares
mal – males
colar – colares
cruz – cruzes
“As alterações sonoras que ocorrem nas formas básicas dos morfemas, ao se realizarem
foneticamente, são explicadas através de regras que caracterizam processos fonológicos”.
(CAGLIARI, 2002. p. 99).
“Podemos considerar que, em mares e cruzes, foi acrescentado o alomorfe -es (da desinência -s)
aos radicais mar e cruz; mar-es; cruz-es”. (KEHDI, 1990. p. 31).
“Já sabemos que os nomes terminados por consoantes no singular (mar, animal, paz, etc.)
correspondem a uma forma teórica com um tema de vogal e (/i/ átono final); *mare, *animale,
*paze”. (MATTOSO CÂMARA JR, 1985. p. 94-95).
“A inserção ou epêntese de uma vogal acontece para tornar uma sílaba canônica, desfazendo uma
estrutura mal formada, sendo que essa estrutura mal formada pode aparecer no início, no meio ou
no final de palavras”. (CAGLIARI, 1999, p. 132).
QUESTÃO 3
Ao tratar das propriedades gramaticais da sentença (ou frase, oração), Castilho (2010) traz a
seguinte definição:
“A oração é um grupo de palavras composto de dois constituintes básicos, o sintagma nominal e o
sintagma verbal, conectados pela relação predicativa, que é o que constitui toda oração e é
assinalada por certos indícios formais” (Alarcos Llorach, 1968/1970, apud Castilho, 2010, p. 250)
Considerando que:
(i) o Sintagma Nominal dessa estrutura tende a desempenhar a função de sujeito sintático,
(ii) o sujeito é entendido na gramática tradicional como “o ser sobre o qual se faz uma declaração”,
(iii) a concordância verbal é apontada nas obras de cunho normativo como mecanismo para a
indicação da função de sujeito,
discuta o estatuto sintático dos Sintagmas Nominais assinalados nas sentenças abaixo:
a) A casa da fazenda, ela era uma casa antiga, tipo colonial brasileiro. (amostra de fala – Projeto
Nurc-SP)
b) Segue abaixo algumas simulações de empréstimo consignado que o Banco oferece. (folheto
publicitário)
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c) A florada das orquídeas duram de uma semana a três meses, dependendo da espécie. (Seção
Lazer, O Estado de S. Paulo, 5/11/2006)
QUESTÃO 4
Explique e demonstre a estratégica semântico-pragmática utilizada pelo enunciador da charge
abaixo reproduzida para a construção do sentido de seu discurso, explicitado por meio da relação dialógica
estabelecida com seu enunciatário e considerado o referente presumido de acontecimentos históricos, aos
quais responde e sobre os quais se posiciona.
Charge de Leandro Assis e de Triscila Oliveira, publicada no jornal Folha de S. Paulo em 23/09/2020
QUESTÃO 5
Nas abordagens discursivas, uma concepção comum e central é a de enunciado e a de enunciação.
Considerando a montagem que segue abaixo, explicite a concepção de enunciado/enunciação por meio de
uma perspectiva teórica discursiva específica escolhida por você e, a partir do ponto de vista metodológico
da corrente discursiva eleita, explique como o texto sincrético é constituído.
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Montagem J. Baptiste Debret (“Escravos carregando o patrão”) e “O Brasil Não Pode Parar”.
Fonte: Twitter Michel Melamed/Reprodução. Acesso em: 12 de novembro de 2021.
QUESTÃO 6
As Ciências do Léxico, como o próprio nome indica, tem como objeto o léxico, entendido como o
conjunto do vocabulário de dada língua. Dentre as vertentes de estudo dessas ciências destacamos o uso
do vocabulário como tema atual e que desperta novas abordagens e estudos interdisciplinares, como a
Lexicologia Construcionista (LIMA, 2010); a interação entre Terminologia, Morfologia e Linguística de
Corpus (ALMEIDA; VALE, 2010) e a Lexicografia Pedagógica (KRIEGER, 2007), dentre outros.
Com base na bibliografia sugerida, escolha uma das Ciências do Léxico (Lexicologia, Lexicografia e
Terminologia) e apresente reflexões de natureza teórica e/ou prática que possam evidenciar a repercussão
da perspectiva do léxico em uso para a construção do conhecimento em diferentes campos do saber.
Para isso, considere, por exemplo:
• A descrição do léxico em uso.
• O falante e a sociedade como protagonistas dos estudos lexicais.
• O registro do uso das unidades léxicas nos dicionários.
• O estudo da palavra e de sua função social.
QUESTÃO 7
Com base no texto abaixo, discuta qual deve ser a posição do estudioso da linguagem em relação à
posição inatista e interacionista.
“Entre os desafios da agenda científica do século XXI, tempos de extraordinárias e urgentes
descobertas e demandas, figuram temas que ainda exigem maiores contornos explicativos, como
aqueles que são caros aos linguistas, estudiosos da linguagem e dos processos afeitos a ela.
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Referimo-nos a questões como a gênese da linguagem, a relação da linguagem com a constituição e
o desenvolvimento de nossa vida mental, os modos de se conceber o processo de aquisição
linguística pela criança. Quanto a este último ponto, pergunta-se ainda, à hora atual, se a linguagem
deriva de uma programação biológica específica ou é modulada pela cognição social, intersubjetiva,
perspectivada e compartilhada pelos indivíduos imersos em múltiplas rotinas e atividades
significativas de vida em sociedade. Em termos mais simples e diretos, a pergunta que protagoniza
a controvérsia que opõe inatistas e interacionistas é se a linguagem é inata (tese principal do
inatismo) ou adquirida (tese principal do interacionismo); se ela é uma faculdade mental ou, antes,
uma prática social, derivada ou construída pelas nossas experiências psicossociais das quais a
linguagem é, certamente, a mais radical.” (Morato, E. M. A controvérsia inatismo x interacionismo
no campo da linguística: a que será que se destina?, 10.10.2013;
https://www.comciencia.br/comciencia/index.php?section=8&edicao=92&id=1138)
QUESTÃO 8
O uso de tecnologias digitais de informação e de comunicação no campo do ensino e da
aprendizagem de LE constitui-se terreno fértil de investigação desde muito antes da pandemia ocasionada
pela COVID-19, que levou à necessidade sine qua non de se lançar mão de recursos digitais em processos
educacionais. Tal fato decorre, conforme assevera Kenski (2012, p. 44), da constatação de que “a presença
de uma determinada tecnologia pode induzir profundas mudanças na maneira de organizar o ensino” e, em
concordância com a autora e em complementação a sua afirmação, também a aprendizagem.
Tendo em vista, assim, abordagens contemporâneas de ensino de línguas estrangeiras:
1. Analise as mudanças que o uso “adequado” (cf., p. ex., Kenski, 2012) de recursos digitais pode
acarretar no processo de aprendizagem de uma LE (antes e durante o contexto pandêmico);
2. Com base em Kenski (2012) e/ou em outros autores, discuta, ainda, o que é o uso ADEQUADO
desses recursos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, G. M. de B.; VALE, O. Do texto ao termo: interação entre Terminologia, Morfologia e Linguística
de Corpus na extração semi-automática de termos. In: ISQUERDO, A. N.; FINATTO, M. J. B. (orgs.). As
ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. Vol. IV. Campo Grande-MS: Editora UFMS; Porto
Alegre: UFRGS Editora, 2010, p. 483-500.
CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CAGLIARI, L. C. Análise fonológica. Introdução à teoria e à prática, com especial destaque para o modelo
fonêmico. Campinas: Mercado de Letras, 2002.
CAGLIARI, L. C. Fonologia do português: Análise pela Geometria de Traços (Parte II). Campinas: Edição do
autor, 1999.
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CAMACHO, R. Sociolinguística. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. Introdução à linguística: domínios e
fronteiras, v. 1, 9 ed. São Paulo: Cortez, 2012.
KEHDI, V. Morfemas do Português. São Paulo: Ática, 1990.
KENSKI, V. M. Educação e tecnologia: o novo ritmo da informação. Campinas: Editora Papirus, 2007.
KRIEGER, M. da G. O dicionário de língua como potencial instrumento didático. In. ISQUERDO, A. N.; ALVES,
I. M. (orgs.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. V. III. Campo Grande-MS: Editora
UFMS; São Paulo: Humanitas, 2007, p. 295-310.
LIMA, W. F. A “lexicologia construcionista”: uma proposta alternativa de estudo do léxico na linguagem em
uso. In. ISQUERDO, A. N.; ALVES, I. M. (orgs.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. V.
III. Campo Grande-MS: Editora UFMS; São Paulo: Humanitas, 2007, p. 125-136.
MATTOSO CÂMARA JR, J. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1985.
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