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PÓS-GRADUAÇÃO

DIREITO IMOBILIÁRIO
Publicidade registal
Publicidade registal
a) Factos sujeitos a registo;

b) Actos de registo relativos a contratos sobre imóveis e respectivo conteúdo;

c) Efeitos do seu registo.

Delfim Costa
Bibliografia

JANUÁRIO, Rui e GAMEIRO, António. Direito Registral Predial . Lisboa: Quid Juris. 2016. ISBN: 9789727247561

GONZÁLEZ, José Alberto R. L. e JANUÁRIO, Rui. Direito Registral Predial – Noções Práticas. 3ª. Lisboa: Quid
Juris. 2007. ISBN: 9789727243501

FIGUEIREDO, David Martins Lopes. Titulação de Negócios Jurídicos sobre Imóveis. 3ª Edição. 3ª Edição-
Reimpressão 2019. Coimbra: Almedina. 2019. ISBN: 9789724074610

GUERREIRO, J. A. Mouteira. Temas de Registos e de Notariado. Coimbra: Almedina. 2010. ISBN:


9789724041186

JARDIM, Mónica. Escritos de Direito Notarial e Direito Registal. Reimpressão da 1ª Edição. Coimbra: Almedina.
2017. ISBN: 9789724060224

LOPES, Joaquim Seabra. Direito dos Registos e do Notariado. 11.ª Edição. Coimbra: Almedina. 2020. ISBN:
9789724084473

PEREIRA, Fernanda. A Titulação dos Negócios - Aspetos Jurídicos, Fiscais e Registais. Campinas: Librum Editora.
2019. ISBN: 9789895438280
Delfim Costa
Registos

Delfim Costa
DIREITO REGISTRAL?

Antes de entrar propriamente no registo predial, vamos definir o que se pode entender por direito registral.

Assim, podemos defini-lo como o conjunto de normas que regulam os processos e os efeitos decorrentes da
publicidade de determinados direitos, tendo em vista a segurança do comércio jurídico.

IMÓVEIS ATIVIDADE MERCANTIL VEÍCULOS AUTOMÓVEIS

registo predial registo comercial registo automóvel

Delfim Costa
DIREITO REGISTRAL?

O direito registral é um direito especial que visa proteger o tráfico jurídico,


legitimar situações e publicitar direitos. O que importa, fundamentalmente é que os
direitos inscritos no registo sejam cognoscíveis por todos, ultrapassando-se, assim, a
demonstração concreta que foram conhecidos por determinado sujeito de direito.

Delfim Costa
O REGITO PREDIAL?

O registo predial tem por função publicar/publicitar os direitos, ónus ou encargos que recaem sobre os
prédios.
O objeto do registo predial é então a situação jurídica do prédio rústico, urbano ou misto, resultante ou não de
uma operação de transformação fundiária ou de uma operação urbanística, mas, em qualquer caso, o bem que está
no comércio jurídico e, portanto, a coisa que é objecto de um direito de propriedade privada.

Para que serve o registo predial?


Qual o seu escopo ou finalidade?
Será só mais uma formalidade ou uma burocracia, que acresce a tantas outras que são impostas aos cidadãos
e às empresas, ou terá a publicidade registal uma função que está para além da simples notoriedade dos factos
jurídicos produzidos com referência ao prédio?

Delfim Costa
O REGITO PREDIAL?

Artigo 1.º CRP


Fins do registo
O registo predial destina-se essencialmente a dar publicidade à situação jurídica dos prédios, tendo em vista a
segurança do comércio jurídico imobiliário.

Efetivamente, além da divulgação da situação jurídica dos prédios, o registo predial visa garantir a segurança
jurídica.

Presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito nos precisos termos em que o registo o define.
(artigo 7.º do CRP)

Delfim Costa
O REGITO PREDIAL?

Os actos registrais são importantes por várias razões:


• A garantia do direito de propriedade (entendido em sentido amplo);
• A tributação da riqueza imobiliária;
• A garantia do crédito;
• A eficácia prática das decisões judiciais relativas a imóveis;
• A redução dos litígios relativos a imóveis;
• O desenvolvimento dos mercados imobiliários;
• A facilitação das reformas fundiárias;
• A promoção do desenvolvimento imobiliário;
• A promoção do planeamento urbanístico e das infra-estruturas:
• A da gestão ambiental;
• A produção de dados estatísticos.

Delfim Costa
Banco Mundial
«Um registo de propriedade é fundamental para o desenvolvimento de uma economia de mercado que
funcione. Aumenta a segurança jurídica, diminui os custos das transferências dos bens e proporciona um mecanismo
de baixo custo para resolver eventuais disputas sobre os bens».

A) Na medida em que um sistema registral preste uma informação rigorosa, célere, atempada e simétrica,
contribui para um bom funcionamento do mercado e, portanto, contribui para o crescimento económico.

B) Os registos atuam sobre um dos elementos centrais do sistema económico que é o da definição, atribuição
e proteção dos direitos de propriedade.

C) Sem direitos de propriedade não há mercado e sem direitos de propriedade eficientes não há mercados
eficientes e sem estes não há crescimento económico.

Delfim Costa
Evolução e relevância social do Registo Predial
A existência de registos públicos de imóveis é antiga e visou historicamente vários propósitos, desde alguns de
natureza fiscal até outros de natureza política.
O nascimento do registo predial, com a natureza que hoje tem, está ligado à evolução das garantias sobre
imóveis.
Foi a necessidade de melhorar os meios de tornar as hipotecas conhecidas que levou à sua instituição. Do
registo deste tipo específico de direito sobre imóveis passou-se para um registo geral de direitos sobre imóveis.

O ordenamento jurídico tem como uma das suas missões específicas combater a incerteza e a insegurança,
dever que cumpre de duas formas:
➢ a posteriori, através do processo, resolvendo a incerteza atual;
➢ e a priori ou preventivamente, evitando a incerteza futura, procurando dar certeza e segurança às
situações e às relações concretas intersubjetivas, criando meios e instrumentos aptos a produzir tal
certeza e segurança, colocando-os à disposição dos particulares

Delfim Costa
A tutela do tráfico imobiliário tem por base a preocupação de dar a máxima tranquilidade e segurança
possível a quem desembolsa dinheiro para adquirir imóveis ou para o emprestar mediante a garantia de uma
hipoteca, e esta tranquilidade e segurança só se pode conseguir pondo-se à disposição dos terceiros adquirentes
um sistema de Registo ou de publicidade registal que elimine ou diminua, notavelmente, o perigo de adquirir de
quem não seja proprietário, de obter uma hipoteca sobre bens não pertencentes àquele que dá o bem em garantia
ou de adquirir uma propriedade gravada com ónus desconhecidos.

Delfim Costa
A necessidade de dar a conhecer os factos, atos e contratos a quem neles não seja parte nem neles tenha
intervindo motivou que a ciência jurídica tivesse concebido e criado meios instrumentais vocacionados e
estruturalmente orientados para proporcionar esse conhecimento.

É que, sendo a documentação autêntica – sobretudo a cargo da atividade notarial – de essencial importância
para a certeza e segurança dos actos e das relações jurídicas, a verdade é que somente através do título o
conhecimento desses mesmos actos e relações fica circunscrito às partes, ou seja, restringido a quem nele
interveio.

Para que todos os outros (omne gentes) possam igualmente aceder a esse conhecimento – e também para
que o ato lhes possa ser oponível – é necessário que o conteúdo do documento seja publicitado.

Delfim Costa
A necessidade pública de ser conhecida a situação jurídica dos prédios é evidente e de há muito foi
reconhecida.
Ao longo da evolução histórica compreendeu-se ainda que se a esse simples conhecimento fosse adicionada
uma presunção da verdade do que é publicitado e uma garantia de eficácia (para as partes e terceiros) e
consequente oponibilidade – sobretudo para efeitos de maior confiança na contratação – então o “sistema”
publicitário tornar-se-ia mais eficaz, melhorando as próprias condições do comércio jurídico.

Em Portugal, o registo predial moderno foi lançado por um decreto de 26 de Outubro de 1836, que aprovou a
primeira «lei hipotecária». Desde então foram inúmeros os diplomas sobre a matéria - o que demonstra, por um
lado, a falta de ideias consensuais sobre a política legislativa a seguir e, por outro, a enorme relevância do assunto.

Delfim Costa
Em Portugal:

• 1836 – Registo das Hipotecas

• 1863 – Criado o Registo Predial (publicação da Lei Hipotecária)

• Conservatórias – criadas em 1869

• 1929 – Código do Registo Predial

• 1984 – Código vigente (DL 224/84)

Delfim Costa
Atualmente, vigora o Código do Registo Predial aprovado pelo Decreto-Lei n.º 224/84, de 6 de Julho –
entretanto objeto de muitas alterações.

Nesta evolução da legislação portuguesa sobre registo predial impõe-se, porém, uma referência ao Decreto-Lei
n.º 116/2008, de 4 de Julho de 2008, que, levando mais longe iniciativas legislativas anteriores, introduzindo
importantes alterações quer ao Código do Registo Predial, quer ao Código do Notariado e Código Civil.

Alargou a rede de “balcões únicos” (isto é, a possibilidade de os cidadãos só terem de fazer uma deslocação
para realizarem os actos relativos à constituição e transmissão de direitos reais sobre imóveis), que passou a
abranger serviços de registo, notários, advogados, câmaras de comércio e indústria e solicitadores.

Delfim Costa
Atualmente, vigora o Código do Registo Predial aprovado pelo Decreto-Lei n.º 224/84, de 6 de Julho –
entretanto objeto de muitas alterações.

Nesta evolução da legislação portuguesa sobre registo predial impõe-se, porém, uma referência ao Decreto-Lei
n.º 116/2008, de 4 de Julho de 2008, que, levando mais longe iniciativas legislativas anteriores, introduzindo
importantes alterações quer ao Código do Registo Predial, quer ao Código do Notariado e Código Civil.

CÂMARAS DE
SERVIÇOS DE
NOTÁRIOS ADVOGADOS SOLICITADORES COMÉRCIO E
REGISTO
INDUSTRIA

Delfim Costa
O Decreto-Lei n.º 116/2008 de 04 de julho, alterou a forma de diversos actos, permitindo em alternativa à
escritura pública o documento particular autenticado.

Artigo 22.º DL 116/2008 de 04 de julho


Forma dos actos
Sem prejuízo do disposto em lei especial, só são válidos se forem celebrados por escritura pública ou documento
particular autenticado os seguintes actos:
a) Os actos que importem reconhecimento, constituição, aquisição, modificação, divisão ou extinção dos direitos de
propriedade, usufruto, uso e habitação, superfície ou servidão sobre coisas imóveis;
b) Os actos de constituição, alteração e distrate de consignação de rendimentos e de fixação ou alteração de prestações
mensais de alimentos, quando onerem coisas imóveis;
c) Os actos de alienação, repúdio e renúncia de herança ou legado, de que façam parte coisas imóveis;
d) Os actos de constituição e liquidação de sociedades civis, se esta for a forma exigida para a transmissão dos bens com que
os sócios entram para a sociedade;
e) Os actos de constituição e de modificação de hipotecas, a cessão destas ou do grau de prioridade do seu registo e a cessão
ou penhor de créditos hipotecários;
f) As divisões de coisa comum e as partilhas de patrimónios hereditários, societários ou outros patrimónios comuns de que
façam parte coisas imóveis;
g) Todos os demais actos que importem reconhecimento, constituição, aquisição, modificação, divisão ou extinção dos direitos
de propriedade, usufruto, uso e habitação, superfície ou servidão sobre imóveis, para os quais a lei não preveja forma
especial.

Delfim Costa
Artigo 38.º Decreto-Lei n.º 76-A/2006 de 29 de março
Extensão do regime dos reconhecimentos de assinaturas e da autenticação e tradução de documentos
1 - Sem prejuízo da competência atribuída a outras entidades, as câmaras de comércio e indústria, reconhecidas
nos termos do Decreto-Lei n.º 244/92, de 29 de Outubro, os conservadores, os oficiais de registo, os advogados
e os solicitadores podem fazer reconhecimentos simples e com menções especiais, presenciais e por
semelhança, autenticar documentos particulares, certificar, ou fazer e certificar, traduções de documentos
nos termos previstos na lei notarial.
2 - Os reconhecimentos, as autenticações e as certificações efectuados pelas entidades previstas nos números
anteriores conferem ao documento a mesma força probatória que teria se tais actos tivessem sido realizados
com intervenção notarial.
3 - Os actos referidos no n.º 1 apenas podem ser validamente praticados pelas câmaras de comércio e indústria,
advogados e solicitadores mediante registo em sistema informático, cujo funcionamento, respectivos termos e
custos associados são definidos por portaria do Ministro da Justiça.
4 - Enquanto o sistema informático não estiver disponível, a obrigação de registo referida no número anterior
não se aplica à prática dos actos previstos nos Decretos-Leis n.os 237/2001, de 30 de Agosto, e 28/2000, de 13
de Março.
5 - O montante a cobrar, pelas entidades mencionadas no n.º 3, pela prestação dos serviços referidos no n.º 1,
não pode exceder o valor resultante da tabela de honorários e encargos aplicável à actividade notarial exercida
ao abrigo do Estatuto do Notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/2004, de 4 de Fevereiro.

Delfim Costa
A competência para lavrar escrituras públicas continua a pertencer aos notários.

A competência para exarar termos de autenticação em documento particular pertence (art.º 38.º do Decreto-Lei
n.º 76-A/2006, de 29 de Março):
a) Aos notários (art.º 4.º n.º 2, c) do CN);
b) Às câmaras de comércio e indústria;
c) Aos conservadores;
d) Aos oficiais de registo;
e) Aos advogados; e
f) Aos solicitadores.

Delfim Costa
Noção de registo predial

Conjunto de normas que regulam os processos e os efeitos decorrentes da publicidade dos direitos,
tendo em vista a segurança do comércio jurídico.

Direito registal formal - Define os aspetos técnicos do registo: organização – suportes documentais e
regras do processo registal
Direito registal material - Contempla o ingresso dos factos no registo e define o seu valor e efeitos

Instituto público e jurídico destinado a dar publicidade à situação jurídica dos prédios com vista à
segurança do comércio jurídico imobiliário.

Delfim Costa
Carácter estatal
O registo predial é levado a cabo pelo Estado, por serviços estatais designados por «conservatórias do registo
predial» – que são serviços desconcentrados do Instituto dos Registos e do Notariado (antiga Direcção-Geral dos
Registos e do Notariado).

Descentralização
O registo predial português está organizado descentralizadamente (ou se se preferir, desconcentradamente),
ou seja, há uma conservatória por cada circunscrição territorial, não havendo um registo central. Na sede de cada
concelho há uma conservatória, com competência em toda a área territorial do mesmo concelho; quando o volume
de serviço o justifique, pode haver mais de uma conservatória na área de cada concelho.
Também esta característica do sistema português não é uma necessidade. São concebíveis registos de âmbito
nacional. Mais: tendo em vista as possibilidades conferidas pela informática, parece desejável que se caminhe nesse
sentido.

Delfim Costa
Até à Reforma de 2008, a descentralização implicava que os atos de registo predial tivessem de ser requeridos
e efetuados na conservatória da área de localização do prédio relevante, bem como que as certidões dos factos
registados tivessem de ser requisitadas a tal conservatória.
Desde então, o artigo 6.º-A do Decreto-Lei n.º 519-F2/79, de 29 de Dezembro, introduzido pelo artigo 18.º do
Decreto-Lei n.º 116/2008, dispõe que «os actos de registo predial podem ser efectuados e os respectivos meios de
prova obtidos em qualquer serviço do registo predial, independentemente da sua localização geográfica» – o que,
embora não tenha representado a abolição do princípio da descentralização geográfica, o atenuou claramente,
isentando os cidadãos de muitos dos incómodos dele resultantes.

Delfim Costa
Organização
do
registo

Delfim Costa
Organização do registo - Suportes documentais

Diário – em suporte informático, destinado à anotação cronológica dos pedidos de registo e respetivos
documentos;

Fichas de registo – em suporte informático, destinadas a descrições, inscrições, averbamentos e anotações.

Artigo 22.º CRP


Diário e fichas
Existem nos serviços de registo:
a) Um diário, em suporte informático, destinado à anotação cronológica dos pedidos de registo e respetivos
documentos;
b) Fichas de registo, em suporte informático, destinadas a descrições, inscrições, averbamentos e anotações.

Delfim Costa
Organização do registo - Suportes documentais

Ordenação das fichas – são ordenadas por freguesias e, dentro de cada uma delas, pelos respetivos números de
descrição.

Artigo 23.º CRP


Ordenação das fichas
As fichas de registo são ordenadas por freguesias e, dentro de cada uma delas, pelos respetivos números de
descrição.

Delfim Costa
Organização do registo - suportes documentais

Delfim Costa
Ficheiro real – constituído por verbetes indicadores dos prédios, ordenados por freguesias nos seguintes termos:
• Prédios urbanos, por ruas e números de polícia;
• Prédios urbanos, por artigos de matriz;
• Prédios rústicos, por artigos de matriz;

Ficheiro pessoal – constituído por verbetes indicadores dos proprietários, ordenados alfabeticamente.

Ficam arquivados, eletronicamente, pela ordem das apresentações os documentos que serviram de base à
realização dos registos, bem como o comprovativo do pedido.

Artigo 24.º CRP


Verbetes reais e pessoais
1 - Para efeitos de busca, haverá em cada conservatória um ficheiro real e um ficheiro pessoal.
2 - O ficheiro real é constituído por verbetes indicadores dos prédios, ordenados por freguesias nos seguintes termos:
a) Prédios urbanos, por ruas e números de polícia;
b) Prédios urbanos, por artigos de matriz;
c) Prédios rústicos, por artigos de matriz precedidos das respetivas secções, sendo cadastrais.
3 - O ficheiro pessoal é constituído por verbetes indicadores dos proprietários ou possuidores dos prédios, ordenados
alfabeticamente.
Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial

O art.202º do Código Civil estabelece o regime das coisas:

Artigo 202º
Noção
1 - Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas.
...
O art. 204º do Código Civil estipula o que se considera coisas imóveis:

Artigo 204º
Coisas imóveis
1 – São coisas imóveis:
a) Os prédios rústicos e urbanos;
b) As águas;
c) As árvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados ao solo;
d) Os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas anteriores;
e) As partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos.
2 – Entende-se por prédio rústico uma parte delimitada do solo e as construções nele existentes que não tenham autonomia
económica, e por prédio urbano qualquer edifício incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro.
3 – É parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de permanência.
Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial

Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (DL nº 287/2003, de 12 de Novembro)

O art. 2º estabelece o conceito de prédio:

Artigo 2º
Conceito de prédio
1 — Para efeitos do presente Código, prédio é toda a fracção de território, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções
de qualquer natureza nela incorporados ou assentes, com carácter de permanência, desde que faça parte do património de uma
pessoa singular ou colectiva e, em circunstâncias normais, tenha valor económico, bem como as águas, plantações, edifícios ou
construções, nas circunstâncias anteriores, dotados de autonomia económica em relação ao terreno onde se encontrem implantados,
embora situados numa fracção de território que constitua parte integrante de um património diverso ou não tenha natureza
patrimonial.
2 — Os edifícios ou construções, ainda que móveis por natureza, são havidos como tendo carácter de permanência quando afectos a
fins não transitórios.
3 — Presume-se o carácter de permanência quando os edifícios ou construções estiverem assentes no mesmo local por um período
superior a um ano.
4 — Para efeitos deste imposto, cada fracção autónoma, no regime de propriedade horizontal, é havida como constituindo um prédio.

Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial

Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (DL nº 287/2003, de 12 de Novembro)

O art. 3º estabelece o conceito de prédios rústicos:

Artigo 3º
Prédios rústicos
1 — São prédios rústicos os terrenos situados fora de um aglomerado urbano que não sejam de classificar como terrenos para construção, nos
termos do nº 3 do artigo 6º, desde que:
a) Estejam afectos ou, na falta de concreta afectação, tenham como destino normal uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, tais
como são considerados para efeitos do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS);
b) Não tendo a afectação indicada na alínea anterior, não se encontrem construídos ou disponham apenas de edifícios ou construções de
carácter acessório, sem autonomia económica e de reduzido valor.
2 — São também prédios rústicos os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano, desde que, por força de disposição legalmente
aprovada, não possam ter utilização geradora de quaisquer rendimentos ou só possam ter utilização geradora de rendimentos agrícolas e
estejam ater, de facto, esta afectação.
3 — São ainda prédios rústicos:
a) Os edifícios e construções directamente afectos à produção de rendimentos agrícolas, quando situados nos terrenos referidos nos números
anteriores;
b) As águase plantações nas situações a que se refere o nº1 do artigo 2º.
4 — Para efeitos do presente Código, consideram-se aglomerados urbanos, além dos situados dentro de perímetros legalmente fixados, os
núcleos com um mínimo de 10 fogos servidos por arruamentos de utilização pública, sendo o seu perímetro delimitado por pontos distanciados
50 m do eixo dos arruamentos, no sentido transversal, e 20 m da última edificação, no sentido dos arruamentos.
Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial

Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (DL nº 287/2003, de 12 de Novembro

O art. 4º estabelece o conceito de prédios urbanos:

Artigo 4º
Prédios urbanos
Prédios urbanos são todos aqueles que não devam ser classificados como rústicos, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte.

O art. 5º estabelece o conceito de prédios mistos:

Artigo 5º
Prédios mistos
1 — Sempre que um prédio tenha partes rústica e urbana é classificado, na íntegra, de acordo com a parte principal.
2 — Se nenhuma das partes puder ser classificada como principal, o prédio é havido como misto.

Delfim Costa
Finalidade da DESCRIÇÃO

A descrição predial tem por fim a identificação física, económica e fiscal dos prédios;
Cada prédio – uma descrição (princípio da especialidade);

Artigo 79.º CRP


Finalidade
1 - A descrição tem por fim a identificação física, económica e fiscal dos prédios.
2 - De cada prédio é feita uma descrição distinta.
3 - No seguimento da descrição do prédio são lançadas as inscrições ou as correspondentes cotas de referência.
4 - Sempre que se cancelem ou caduquem as inscrições correspondentes, ou se transfiram os seus efeitos mediante novo registo, as
inscrições ou as cotas de referência devem publicitar que a informação deixou de estar em vigor.

Delfim Costa
Finalidade da DESCRIÇÃO

Delfim Costa
Abertura das descrições
As descrições são abertas na dependência
o De uma inscrição.
o De um averbamento.
o Em caso de recusa.

Artigo 80.º CRP


Abertura de descrições
1 - As descrições são feitas na dependência de uma inscrição ou de um averbamento.
2 - O disposto no número anterior não impede a abertura da descrição, em caso de recusa, para os efeitos previstos no n.º 3 do artigo
69.º e, se a descrição resultar de desanexação de outro prédio, deve ser feita a anotação da desanexação na ficha deste último.
3 - O registo das operações de transformação fundiária e das suas alterações dá lugar à descrição dos lotes ou parcelas que já se
encontrem juridicamente individualizados.

Delfim Costa
Menções gerais das descrições

Artigo 82.º CRP


Menções gerais das descrições
1 - O extrato da descrição deve conter:
a) O número de ordem privativo dentro de cada freguesia, seguido dos algarismos correspondentes à data da apresentação de que
depende;
b) A natureza rústica, urbana ou mista do prédio;
c) A denominação do prédio e a sua situação por referência ao lugar, rua, números de polícia ou confrontações;
d) A composição sumária e a área do prédio;
e) [Revogada];
f) A situação matricial do prédio expressa pelo artigo de matriz, definitivo ou provisório, ou pela menção de estar omisso.
2 - Na descrição genérica de prédio ou prédios em regime de propriedade horizontal é mencionada a série das letras correspondentes
às frações e na de empreendimento turístico classificado para fins turísticos esta circunstância, bem como as letras correspondentes às
unidades de alojamento, quando existam.
3 - Na descrição de prédio resultante de anexação ou desanexação de outros são mencionados os números das respetivas descrições.

Delfim Costa
Descrições da Propriedade horizontal/Direito real de habitação periódica

Artigo 81.º CRP


Descrições subordinadas
1 - No caso de constituição de propriedade horizontal ou do direito de habitação periódica, além da descrição genérica do prédio ou do
empreendimento turístico, é feita uma descrição distinta para cada fração autónoma ou unidade de alojamento ou apartamento.
2 - As frações temporais do direito de habitação periódica são descritas com subordinação à descrição da unidade de alojamento ou
apartamento.

Artigo 83.º CRP


Menções das descrições subordinadas
1 - A descrição de cada fração autónoma deve conter:
a) O número da descrição genérica do prédio, seguido da letra ou letras da fração, segundo a ordem alfabética;
b) As menções das alíneas c), d) e f) do n.º 1 do artigo anterior indispensáveis para identificar a fração;
c) A menção do fim a que se destina, se constar do título.
2 - A descrição de cada unidade de alojamento ou apartamento deve conter:
a) O número da descrição genérica do empreendimento turístico seguido da letra ou letras da unidade de alojamento ou
apartamento, segundo a ordem alfabética;
b) As menções das alíneas c), d) e f) do n.º 1 do artigo anterior indispensáveis para identificar a unidade de alojamento ou o
apartamento.
3 - Às frações temporais é atribuído o número do empreendimento turístico e, havendo-a, a letra da unidade de alojamento ou
apartamento, mencionando-se o início e o termo do período de cada direito de habitação.
Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Artigo 88.º CRP


Alteração da descrição
1 - Os elementos das descrições podem ser alterados, completados ou retificados por averbamento.
2 - As alterações resultantes de averbamentos não prejudicam os direitos de quem neles não teve intervenção, desde que definidos em
inscrições anteriores.

Artigo 89.º CRP


Requisitos gerais
Os averbamentos à descrição devem conter os seguintes elementos:
a) O número de ordem privativo;
b) O número e a data da apresentação correspondente ou, se desta não dependerem, a data em que são feitos;
c) A menção dos elementos da descrição alterados, completados ou retificados.

Artigo 90.º CRP


Atualização oficiosa das descrições
1 - Os elementos das descrições devem ser oficiosamente atualizados quando a alteração possa ser comprovada por um dos seguintes
meios:
a) Acesso à base de dados da entidade competente;
b) Documento emitido pela entidade competente; ou
c) Documento efetuado com intervenção da pessoa com legitimidade para pedir a atualização.
2 - Enquanto não se verificar a intervenção prevista na alínea c) do número anterior, a atualização é anotada à descrição, inutilizando-se a
anotação se a intervenção não ocorrer dentro do prazo de vigência do registo que lhe deu origem.
3 - Por decisão do presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, I. P., quando se mostrem reunidas as condições técnicas e exista
harmonização na informação constante das competentes bases de dados, os elementos da descrição podem ser atualizados automaticamente.
Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Artigo 90.º-A CRP


Anotações especiais à descrição
1 - Além de outros casos previstos na lei, é especialmente anotada à descrição:
a) A existência de autorização de utilização;
b) A existência de ficha técnica de habitação;
c) A classificação como empreendimento turístico em propriedade plural, com indicação das descrições prediais que o integram.
2 - A existência de autorização de utilização é anotada mediante a indicação do respetivo número e da data de emissão.
3 - Se as condições técnicas o permitirem, o disposto nos números anteriores deve ser efetuado de forma totalmente automática, nos
termos de portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça.
4 - A realização da anotação prevista na alínea b) do n.º 1 depende da existência das condições técnicas previstas no número anterior.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Referências matriciais/Prova da situação matricial

Para a realização de atos de registo deve ser feita prova da inscrição na matriz, da declaração para inscrição,
quando devida, se o prédio estiver omisso, ou da pendência de pedido de alteração ou retificação.

• Acesso direto à informação constante da base de dados ou solicitação oficiosa e gratuita – art.º 31.º, n.º 2;

• A declaração para inscrição na matriz pode ser feita pelos serviços de registo – art.º 31.º, n.º 4;

• Dispensa da prova da inscrição na matriz – art.º 31.º, n.º 5:


✓ Cancelamentos dos registos;
✓ Se já tiver sido feita prova no serviço de registo há menos de um ano.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Artigo 31.º CRP


Prova da situação matricial
1 - Para a realização de atos de registo deve ser feita prova da inscrição na matriz, da declaração para inscrição,
quando devida, se o prédio estiver omisso, ou da pendência de pedido de alteração ou retificação.
2 - A prova da inscrição na matriz deve ser obtida pelo serviço de registo mediante acesso direto à informação
constante da base de dados das entidades competentes ou, em caso de impossibilidade, mediante emissão gratuita do
documento comprovativo por tais entidades, a solicitação oficiosa do serviço de registo.
3 - Se a declaração para inscrição na matriz, ou o pedido da sua alteração ou retificação não tiverem sido feitos pelo
proprietário ou possuidor, deve ser feita prova de que o interessado, sendo terceiro, deu conhecimento às entidades
competentes da omissão, alteração ou erro existente.
4 - A declaração para inscrição na matriz, ou o pedido da sua alteração ou retificação, pode ser feita pelos serviços de
registo, a pedido do interessado e de acordo com as declarações por ele prestadas.
5 - A prova exigida no n.º 1 é dispensada para os cancelamentos de registos e ainda se já tiver sido feita perante serviço
de registo ou no ato sujeito a registo há menos de um ano.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Harmonização entre a descrição e inscrição matricial


REGRA:
Deve harmonização entre a descrição e a inscrição matricial quanto:
• Localização;
• Área; e
• Artigos de matriz ou o pedido de retificação ou alteração.

EXCEÇÃO:
Descrição de prédios urbanos e rústicos ainda não submetidos ao cadastro geométrico, a harmonização
limita-se:
• Artigos matriciais;
• Área dos prédios.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

O artigo 28.º-A do CRP prevê as situações de dispensa de harmonização:


➢ Entre a descrição e a matriz, quanto aos prédios descritos;
➢ Entre o título e a matriz, quanto aos prédios não descritos.

Consagra um aumento das margens de tolerância, dispensando a harmonização se a diferença, em relação à


área maior, não exceder:
➢ 20 %, nos prédios rústicos não submetidos ao cadastro geométrico;
➢ 5 %, nos prédios rústicos submetidos ao cadastro geométrico;
➢ 10 %, nos prédios urbanos ou terrenos para construção.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Artigo 28.º CRP


Harmonização
1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, deve haver harmonização quanto à localização, à área e ao artigo da
matriz, entre a descrição e a inscrição matricial ou o pedido de retificação ou alteração desta.
2 - Na descrição dos prédios urbanos e dos prédios rústicos ainda não submetidos ao cadastro geométrico a exigência de
harmonização é limitada aos artigos matriciais e à área dos prédios.
3 - Nos títulos respeitantes a factos sujeitos a registo deve haver harmonização com a matriz, nos termos dos n.os 1 e 2, e
com a respetiva descrição, salvo se quanto a esta os interessados esclarecerem que a divergência resulta de alteração
superveniente ou de simples erro de medição.

Artigo 28.º-A CRP


Dispensa de harmonização
Caso exista diferença, quanto à área, entre a descrição e a inscrição matricial ou, tratando-se de prédio não descrito,
entre o título e a inscrição matricial, é dispensada a harmonização se a diferença não exceder, em relação à área maior:
a) 20 %, nos prédios rústicos não submetidos ao cadastro geométrico;
b) 5 %, nos prédios rústicos submetidos ao cadastro geométrico;
c) 10 %, nos prédios urbanos ou terrenos para construção.
Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Segundo o art.º 28.º-B do CRP

A atualização da descrição, dentro dos limites fixados no art.º 28.º-A, é possível se o proprietário inscrito declarar
que a área correta é a que consta da matriz, sem ter que dar qualquer outra explicação – art.º 28.º-B, n.º 1;

Se se tratar de prédio não descrito, e existir divergência entre o título e a matriz, dentro dos limites fixados no
art.º 28.º-A, abre-se a descrição com a área constante da matriz, se o interessado declarar que é essa a área correta –
art.º 28.º-B, n.º 2;

Esta faculdade apenas pode, porém, ser utilizada uma única vez pelos interessados, devendo mencionar-se na
descrição o recurso a esta faculdade.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Artigo 28.º-B CRP


Abertura ou atualização da descrição
1 - A área constante da descrição predial pode ser atualizada, no limite das percentagens fixadas no artigo 28.º-A, se o
proprietário inscrito declarar que a área correta é a que consta da matriz.
2 - Se estiver em causa um prédio não descrito, aplica-se o disposto no número anterior, descrevendo-se o prédio com a
área constante da matriz, se o interessado declarar que é essa a área correta.
3 - O recurso à faculdade para proceder à atualização da descrição ou à sua abertura, prevista nos números
anteriores, apenas pode ser efetuado uma única vez.
4 - O exercício da faculdade prevista no número anterior deve ser mencionado na descrição.

EXEMPLO
“Declara-se que relativamente às áreas dos prédios apresentados a registo, as corretas são as constantes na matriz,
pelo que se atualiza as mesmas nos termos do artigo 28º-B do Código do Registo Predial.”
(em declarações complementares)

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

HAVENDO ERRO DE MEDIÇÃO, O ARTIGO 28.º-C DO CRP DIZ O SEGUINTE:

n.º 1 – Divergência de área entre a descrição e o título, no limite das percentagens fixadas no art.28.º-A

A área da descrição pode ser atualizada (em conformidade com a que consta do título) desde que:
a) Não tenha havido recurso à faculdade prevista no art.28.º-B (prévia atualização da descrição em conformidade
com a área constante da matriz); e
b) O proprietário inscrito esclareça que a divergência provém de simples erro de medição (independentemente
de se tratar de matriz cadastral ou não cadastral).

EXEMPLO
“As partes declara-se que relativamente às áreas dos prédios descritos sob a verbas TRÊS e CINCO, as corretas são
as constantes na matriz, pelo que se atualiza as mesmas nos termos do artigo 28º-B do Código do Registo Predial.”
(no título)
Delfim Costa
Averbamentos à descrição

n.º 2 - Divergência de área entre a descrição e o título, em percentagens superiores às previstas no art.28.º-A.
Nestas situações, para que a descrição possa ser atualizada não basta a invocação da existência de erro de
medição. Torna-se necessário comprovar a efetiva existência desse erro.

Matriz cadastral:
➢ Com base na inscrição matricial donde conste a retificação da área e declaração que confirme que a
configuração geométrica do prédio não sofreu alteração.

Matriz não cadastral:


➢ Apresentação de planta elaborada por técnico habilitado e declaração do titular de que não houve alteração
na configuração geométrica do prédio; ou
➢ Apresentação de planta do prédio e declaração dos confinantes de que não ocorreu alteração na configuração
geométrica do prédio.
Delfim Costa
Princípio da legalidade

Artigo 28.º-C CRP


Erro de medição
1 - Quando exista divergência de área, entre a descrição e o título, no limite das percentagens previstas no artigo 28.º-
A, e não tenha havido recurso à faculdade prevista no artigo anterior, a atualização da descrição pode ser efetuada se
o proprietário inscrito esclarecer que a divergência provém de simples erro de medição.
2 - Quando exista divergência de área, entre a descrição e o título, em percentagens superiores às previstas no artigo
28.º-A, a atualização da descrição é feita nos seguintes termos:
a) Na matriz cadastral, o erro de medição é comprovado com base na informação da inscrição matricial donde conste a
retificação da área e em declaração que confirme que a configuração geométrica do prédio não sofreu alteração;
b) Na matriz não cadastral, o erro a que se refere a alínea anterior é comprovado pela apresentação dos seguintes
documentos:
i) Planta do prédio elaborada por técnico habilitado e declaração do titular de que não ocorreu alteração na
configuração do prédio; ou
ii) Planta do prédio e declaração dos confinantes de que não ocorreu alteração na configuração do prédio.
3 - A assinatura de qualquer proprietário confinante pode ser suprida pela sua notificação judicial, desde que não seja
deduzida oposição no prazo de 15 dias.
4 - A oposição referida no número anterior é anotada à descrição.

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

EXEMPLO
Exmo.(a) Senhor(a)
Conservador(a) da Conservatória
do Registo Predial de Esposende

Investimentos Imobiliários, S. A., NIPC. 500 000 000, com sede social na Rua do Montinho, n.º 12 da União
de Freguesias de Ribeira do Neiva, Azões, Duas Igrejas, Goães, Godinhaços, Pedregais, Portela das Cabras, Rio Mau,
concelho de Vila Verde, aqui representada pelo seu Administrador Nuno António Fernandes Pinto,

vem expor e requerer a Vossa Ex.ª o seguinte:

1 – A requerente é atualmente, dona e legítimo possuidora, de um prédio urbano sito na Rua do Agrelo, n.º 24 da
União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, inscrito na matriz predial urbana sob o n.º 456 (proveniente
do artigo urbano 123da extinta freguesia de Marinhas).
2 - Encontra-se o mesmo, descrito na Conservatória do Registo Predial de Esposende sob o n.º 2020/MARINHAS, e
inscrito a seu favor pela Ap. 5 de 2003/01/27;

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

3 – Com as seguintes áreas:


Área Total: 280,00 m2
Área coberta: 224,00 m2
Área Descoberta: 56,00 m2
4 - Contudo, procedeu-se a um levantamento topográfico, e verificou-se que o prédio tem na realidade as áreas que
se passa a mencionar:
Área total: 328,00 m2
Área coberta: 224,00 m2
Área Descoberta: 104,00 m2,
5 – Ou seja, a área total do prédio é de 328,00 m², e não a área de280,00 m² como por lapso vem indicado na
descrição.
6 – O facto que esteve na origem da fixação da área em 280,00 m², foi muito provavelmente erro de medição.
7 - Foi feita a retificação da área na matriz, conforme duplicado da Mod. I do IMI apresentada no Serviço de Finanças
de Esposende em 27/03/2015, sendo que esta alteração não acarreta prejuízo para a requerente;

Assim, face aos factos expostos e ao abrigo do artigo 28º-C do Código do Registo Predial,
requere-se a Vossa Ex.ª a que se digne proceder à rectificação da descrição n.º 2020/MARINHAS,
no sentido de ficar a constar:

Delfim Costa
Averbamentos à descrição

Prédio urbano de dois pavimentos, destinado a armazéns e actividade industrial, sito na Rua do Agrelo, n.º 24
da União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, concelho de Esposende, inscrito na matriz predial urbana
sob o artigo n.º 456, com e valor patrimonial de € 77.220,00 e com as seguintes áreas:
Área Total: 328,00 m2;
Área Coberta: 224,00 m2;
Área Descoberta: 104,00 m2;

Mais DECLARA, nos termos da 2ª parte, alínea i) da alínea b), n.º 2 do art. 28º-C do Código do Registo Predial,
que o prédio, artigo urbano n.º 456 da União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, concelho de
Esposende, e descrito na Conservatória do Registo Predial de Esposende sob o n.º 2020/MARINHAS, sempre teve a
configuração fundamentada na Planta Topográfica apresentada, não tendo havido quaisquer alteração da sua
configuração.

Junta:
- Planta, nos termos da 1ª parte, alínea i) da alínea b), n.º 2 do art. 28º-C do Código do Registo Predial, assinada por
técnico habilitado.
Pede deferimento.
Esposende, 25 de novembo de 2020

______________________________________________ Delfim Costa


Averbamentos à descrição

Delfim Costa
Finalidade das INSCRIÇÕES

Visam definir a situação jurídica dos prédios;


É a figura tabular especialmente destinada a dar publicidade aos direitos registáveis;
A essência da inscrição é a de recolher e publicar a constituição, modificação, reconhecimento e transmissão dos
direitos reais imobiliários.

Artigo 91.º CRP


Finalidade da inscrição
1 - As inscrições visam definir a situação jurídica dos prédios, mediante extrato dos factos a eles referentes.
2 - As inscrições só podem ser lavradas com referência a descrições genéricas ou subordinadas.
3 - A inscrição de qualquer facto respeitante a várias descrições é lavrada na ficha de cada uma destas.

Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES

Artigo 93.º CRP


Requisitos gerais
1 - Do extrato da inscrição deve constar:
a) [Revogada];
b) O número, a data e a hora da apresentação;
c) Caso a inscrição seja provisória, a menção de que o é por natureza ou por dúvidas, com indicação, no primeiro caso, do número e
alínea aplicáveis do artigo anterior e, sendo provisória nos termos das alíneas g) ou i) do n.º 1 do artigo 92.º, a data em que o registo
foi confirmado;
d) O facto que se inscreve;
e) A identificação dos sujeitos ativos do facto inscrito, pela menção do nome completo, número de identificação fiscal, estado e
residência das pessoas singulares, ou da denominação ou firma, número de pessoa coletiva e sede das pessoas coletivas, bem como a
menção do nome do cônjuge e do regime de bens do casamento, se os sujeitos forem casados, ou, sendo solteiros, a indicação de
serem maiores ou menores;
f) Respeitando o facto a diversos prédios, a menção dessa circunstância;
g) Tratando-se de inscrição de ampliação, o número da inscrição ampliada.
h) A nacionalidade dos sujeitos ativos, caso estes sejam estrangeiros, quando conste do título.
2 - Os sujeitos passivos são indicados, em cada inscrição, somente pelo nome e número de identificação fiscal, no caso das pessoas
singulares, ou pela denominação ou firma e número de pessoa coletiva, no caso das pessoas coletivas.
3 - Quando os sujeitos da inscrição não puderem ser identificados pela forma prevista neste artigo, mencionar-se-ão as circunstâncias
que permitam determinar a sua identidade. Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES

Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES
Segundo o artigo 94.º do CRP, do extrato das inscrições constarão obrigatoriamente as seguintes
convenções ou cláusulas acessórias
➢ Reserva de propriedade – art.º 409.º CC;
➢ Venda a retro – art.º 927.º CC;
➢ Cláusulas fideicomissárias – art.º 2286.º CC;
➢ Pessoa a nomear – art.º 452.º CC;
➢ Reserva de dispor dos bens doados ou reversão deles – art.º 959.º e 960.º CC;

Artigo 94.º CRP


Convenções e cláusulas acessórias
Do extrato das inscrições constarão obrigatoriamente as seguintes convenções ou cláusulas acessórias:
a) As convenções de reserva de propriedade e de venda a retro estipuladas em contrato de alienação;
b) As cláusulas fideicomissárias, de pessoa a nomear, de reserva de dispor de bens doados ou de reversão deles e, em geral, outras
cláusulas suspensivas ou resolutivas que condicionem os efeitos de atos de disposição ou oneração;
c) As cláusulas que excluam da responsabilidade por dívidas o beneficiário de bens doados ou deixados;
d) A convenção de indivisão da compropriedade, quando estipulada no título de constituição ou aquisição.

Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES

O artigo 95.º do CRP, do extrato das inscrições deve ainda conter menções especiais:
• Na de usufruto ou de uso e habitação e na de direito de superfície, o conteúdo dos direitos e as obrigações
dos titulares e, na parte regulada pelo título, a causa e a duração, quando determinada;
• Na de servidão, o encargo imposto, a duração, quando temporária, e a causa;
• Na de promessa de alienação ou de oneração de bens, o prazo da promessa, se estiver fixado;
• Na de eventual redução das doações, a indicação dos sujeitos da doação;
• Na de penhora ou de arresto, a identificação do processo, a data do facto e a quantia exequenda ou por
que se promove o arresto e ainda, caso a inscrição seja provisória nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo
92.º, o nome, estado e residência do titular da inscrição;
• Na de consignação de rendimentos, o prazo de duração ou, se for por tempo indeterminado, a quantia
para cujo pagamento se fez a consignação e a importância a descontar em cada ano, se tiver sido
estipulada uma quantia fixa;
• Na de constituição de propriedade horizontal, o valor relativo de cada fração, expresso em percentagem ou
permilagem, a existência de regulamento, caso este conste do título constitutivo, e os direitos dos
condóminos neste título especialmente regulados e, na de alteração do título constitutivo, a descrição da
alteração;
• Na de renúncia à indemnização por aumento de valor, a especificação das obras e o montante da
indemnização ou, na sua falta, o da avaliação do prédio; Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES

Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES

Delfim Costa
Averbamentos à INSCRIÇÃO

Nos termos do artigo 100.º do CRP a inscrição pode ser completada, atualizada ou restringida por
averbamento.

Artigo 100.º CRP


Alteração das inscrições
1 - A inscrição pode ser completada, atualizada ou restringida por averbamento.
2 - Salvo disposição em contrário, o facto que amplie o objeto ou os direitos e os ónus ou encargos, definidos na
inscrição, apenas poderá ser registado mediante nova inscrição.
3 - É averbada à inscrição da propriedade, feita nos termos do n.º 2 do artigo 98.º, a extinção do usufruto ou uso e
habitação, sem prejuízo do cancelamento oficioso do respetivo registo, se existir.
4 - Os averbamentos são lançados a cada uma das inscrições lavradas nos termos do n.º 3 do artigo 91.º

O artigo 101.º do CRPestipula os factos que são registados por averbamento às respetivas inscrições.

Delfim Costa
Processo de Registo

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Em concretização de medida constante do programa SIMPLEX, entram em vigor, no dia 21 de Julho, algumas das
medidas de simplificação de atos e procedimentos introduzidas no Código do Registo Predial pelo Decreto-Lei nº
116/2008, de 4 de Julho.

Obrigatoriedade do registo - adota-se um sistema de registo predial obrigatório (e não apenas tendencialmente,
como até agora), potenciando a coincidência entre a realidade física, substantiva e registral, contribuindo, por esta
via, para aumentar a segurança no comércio jurídico imobiliário.

Desde 1 de outubro de 1984 até 21 de julho de 2008 o registo predial era indiretamente obrigatório.
(Principio da legitimação de direitos)

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Factos sujeitos a registo obrigatório

➢ Os factos previstos no artigo 2.º, exceto:

1. Os que devam ingressar provisoriamente por natureza, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 92.º;
2. A aquisição sem determinação de parte ou direito;
3. Os factos que incidam sobre direitos de algum ou alguns dos titulares da inscrição de bens integrados em
herança indivisa;

➢ As ações, decisões e providências cautelares, referidas no art.º 3.º exceto:


1. As ações de impugnação pauliana;
2. Os procedimentos que tenham por fim o decretamento do arresto e do arrolamento, bem como de
quaisquer outras providências que afetem a livre disposição dos bens;

➢ As alterações aos elementos da descrição que devam ser comunicados por entidade pública, nos termos n.º 3 do
artigo 90.º e do n.º 3 do artigo 90.º A.

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Artigo 8.º-A CRP


Obrigatoriedade do registo
1 - É obrigatório submeter a registo:
a) Os factos referidos no artigo 2.º, exceto:
i) Quando devam ingressar provisoriamente por natureza no registo, nos termos do n.º 1 do artigo 92.º;
ii) Quando se trate de aquisição sem determinação de parte ou direito;
iii) Aqueles que incidam sobre direitos de algum ou alguns dos titulares da inscrição de bens integrados em herança indivisa;
iv) A constituição de hipoteca e o seu cancelamento, neste último caso se efetuado com base em documento de que conste o
consentimento do credor;
v) A promessa de alienação ou oneração, os pactos de preferência e a disposição testamentária de preferência, se lhes tiver sido
atribuída eficácia real.
b) As ações, decisões e providências, referidas no artigo 3.º, salvo as ações de impugnação pauliana e os procedimentos mencionados
na alínea d) do n.º 1 do mesmo artigo;
c) [Revogada].
2 - O registo da providência cautelar não é obrigatório se já se encontrar pedido o registo da ação principal.

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Artigo 2.º CRP


Factos sujeitos a registo
1 - Estão sujeitos a registo:
a) Os factos jurídicos que determinem a constituição, o reconhecimento, a aquisição ou a modificação dos direitos de propriedade,
usufruto, uso e habitação, superfície ou servidão;
b) Os factos jurídicos que determinem a constituição ou a modificação da propriedade horizontal e do direito de habitação
periódica;
c) Os factos jurídicos confirmativos de convenções anuláveis ou resolúveis que tenham por objeto os direitos mencionados na
alínea a);
d) As operações de transformação fundiária resultantes de loteamento, de estruturação de compropriedade e de reparcelamento,
bem como as respetivas alterações;
e) A mera posse;
f) A promessa de alienação ou oneração, os pactos de preferência e a disposição testamentária de preferência, se lhes tiver sido
atribuída eficácia real, bem como a cessão da posição contratual emergente desses factos;
g) A cessão de bens aos credores;
h) A hipoteca, a sua cessão ou modificação, a cessão do grau de prioridade do respetivo registo e a consignação de rendimentos;
i) A transmissão de créditos garantidos por hipoteca ou consignação de rendimentos, quando importe transmissão de garantia;
j) A afetação de imóveis ao caucionamento das reservas técnicas das companhias de seguros, bem como ao caucionamento da
responsabilidade das entidades patronais;
l) A locação financeira e as suas transmissões;
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

m) O arrendamento por mais de seis anos e as suas transmissões ou sublocações, excetuado o arrendamento rural;
n) A penhora e a declaração de insolvência;
o) O penhor, a penhora, o arresto e o arrolamento de créditos garantidos por hipoteca ou consignação de rendimentos e quaisquer
outros atos ou providências que incidam sobre os mesmos créditos;
p) A apreensão em processo penal;
q) A constituição do apanágio e as suas alterações;
r) O ónus de eventual redução das doações sujeitas a colação;
s) O ónus de casa de renda limitada ou de renda económica sobre os prédios assim classificados;
t) O ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola;
u) A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis
situados nas zonas marginais das estradas nacionais ou abrangidos por planos de melhoramentos municipais;
v) Quaisquer outras restrições ao direito de propriedade, quaisquer outros encargos e quaisquer outros factos sujeitos por lei a
registo;
x) A concessão em bens do domínio público e as suas transmissões, quando sobre o direito concedido se pretenda registar
hipoteca;
z) Os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus ou encargos registados;
aa) O título constitutivo do empreendimento turístico e suas alterações.
2 - O disposto na alínea a) do número anterior não abrange a comunicabilidade de bens resultante do regime matrimonial

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Artigo 3.º CRP


Ações, decisões, procedimentos e providências sujeitos a registo
1 - Estão igualmente sujeitos a registo:
a)As ações que tenham por fim, principal ou acessório, o reconhecimento, a constituição, a modificação ou a extinção de algum dos
direitos referidos no artigo anterior, bem como as ações de impugnação pauliana;
b) As ações que tenham por fim, principal ou acessório, a reforma, a declaração de nulidade ou a anulação de um registo ou do seu
cancelamento;
c) As decisões finais das ações referidas nas alíneas anteriores, logo que transitem em julgado;
d) Os procedimentos que tenham por fim o decretamento do arresto e do arrolamento, bem como de quaisquer outras
providências que afetem a livre disposição de bens;
e) As providências decretadas nos procedimentos referidos na alínea anterior.
2 - [Revogado].
3 - [Revogado].

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Artigo 90.º CRP


Atualização oficiosa das descrições
1 - Os elementos das descrições devem ser oficiosamente atualizados quando a alteração possa ser comprovada por um dos seguintes meios:
a) Acesso à base de dados da entidade competente;
b) Documento emitido pela entidade competente; ou
c) Documento efetuado com intervenção da pessoa com legitimidade para pedir a atualização.
2 - Enquanto não se verificar a intervenção prevista na alínea c) do número anterior, a atualização é anotada à descrição, inutilizando-se a
anotação se a intervenção não ocorrer dentro do prazo de vigência do registo que lhe deu origem.
3 - Por decisão do presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, I. P., quando se mostrem reunidas as condições técnicas e exista
harmonização na informação constante das competentes bases de dados, os elementos da descrição podem ser atualizados automaticamente.

Artigo 90.º-A CRP


Anotações especiais à descrição
1 - Além de outros casos previstos na lei, é especialmente anotada à descrição:
a) A existência de autorização de utilização;
b) A existência de ficha técnica de habitação;
c) A classificação como empreendimento turístico em propriedade plural, com indicação das descrições prediais que o integram.
2 - A existência de autorização de utilização é anotada mediante a indicação do respetivo número e da data de emissão.
3 - Se as condições técnicas o permitirem, o disposto nos números anteriores deve ser efetuado de forma totalmente automática, nos termos de
portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça.
4 - A realização da anotação prevista na alínea b) do n.º 1 depende da existência das condições técnicas previstas no número anterior.

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Sujeitos da Obrigação de Registar


A obrigação de promover o registo dos factos obrigatoriamente a ele sujeitos junto da Conservatória de
Registo Predial incumbe às entidades referidas no artigo 8.º-B do CRP, a saber:
a) As entidades públicas que intervenham como sujeitos ativos ou que pratiquem atos que impliquem
alterações aos elementos da descrição para os efeitos previstos no n.º 1 do art.º 90.º;
b) As entidades que celebrem a escritura pública, autentiquem documentos particulares ou reconheçam as
assinaturas nele apostas;
c) As instituições de crédito e as sociedades financeiras quando intervenham como sujeitos ativos;
d) As entidades públicas que intervenham como sujeitos passivos;
e) As instituições de crédito e as sociedades financeiras quando intervenham como sujeitos passivos;
f) As demais entidades que sejam sujeitos ativos do facto objeto de registo.

(estes de acordo com o n.º 1, do artigo 8.º-B do CRP )


Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Sujeitos da Obrigação de Registar – art. 8.º-B, n.º 3


• Tribunais - Acções, decisões e outros procedimentos e providências judiciais;
• Ministério público - Adjudicação em processo de inventário de bens imóveis a incapaz ou ausente em
parte incerta;
• Agentes de execução – Penhoras
• Administradores de insolvência – Declaração de insolvência
• As instituições de crédito e sociedades financeiras - ficam obrigadas a promover o registo de todos
os factos constantes do título e não apenas aqueles em que intervenham como sujeitos activos ou
passivos – art.º 8.º-B, n.º 4.

A obrigação de pedir o registo cessa no caso de este se mostrar promovido por qualquer outra entidade que
tenha legitimidade.

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Artigo 8.º-B CRP


Sujeitos da obrigação de registar
1 - Salvo o disposto no n.º 3, devem promover o registo dos factos obrigatoriamente a ele sujeitos as entidades que
celebrem a escritura pública, autentiquem os documentos particulares ou reconheçam as assinaturas neles apostas ou,
quando tais entidades não intervenham, os sujeitos ativos do facto sujeito a registo.
2 - [Revogado].
3 - Estão ainda obrigados a promover o registo:
a) Os tribunais no que respeita às ações, às decisões e a outros procedimentos e providências ou atos judiciais;
b) O Ministério Público, no que respeita às apreensões em processo penal que tenha autorizado, ordenado ou validado,
e quando, em processo de inventário, for adjudicado a incapaz ou ausente em parte incerta qualquer direito sobre
imóveis;
c) Os agentes de execução, ou o oficial de justiça que realize diligências próprias do agente de execução, quanto ao
registo das penhoras, e os administradores judiciais, quanto ao registo da declaração de insolvência.
4 - [Revogado].
5 - A obrigação de pedir o registo cessa no caso de este se mostrar promovido por qualquer outra entidade que tenha
legitimidade.
6 - [Revogado].
7 - [Revogado].

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

O regime da obrigatoriedade do registo apenas se aplica:

1. Aos factos, ações e outros atos sujeitos a registo predial obrigatório; e


2. Que tenham ocorrido após a entrada em vigor do DL 116/2008 (art.º 33.º, n.º 1)
Artigo 33.º DL 116/2008
Âmbito de aplicação e regime transitório de incentivo à promoção do registo
1 - O regime da obrigatoriedade do registo previsto no artigo 8.º-A, aditado pelo artigo 2.º deste diploma ao Código do Registo Predial, apenas se aplica aos factos,
acções e outros actos sujeitos a registo predial obrigatório que ocorram após a entrada em vigor deste diploma.
2 - É gratuito o registo dos factos titulados antes da data da publicação do presente decreto-lei, por ele sujeitos ao regime da obrigatoriedade de registo, se for pedido
até 2 de Dezembro de 2010.
3 - (Revogado pelo D/L n.º 99/2010, de 2/9.)

Prazos para a promoção do registo – art.º 8.º-C


Regra:

O registo deve ser pedido no prazo de 2 meses a contar da data da titulação dos factos;
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Prazos para a promoção do registo – art.º 8.º-C


Exceções

Deve ser pedido no prazo de 10 dias:


➢ O registo das acções referidas na alínea a) e b) do artigo 3.º, sujeitas a registo obrigatório, após a
data da audiência de julgamento (n.º 2)
➢ O registo das decisões finais, proferidas nestas acções, a contar do trânsito em julgado (n.º 3)
➢ O registo das providências cautelares decretadas nos procedimentos de arresto, arrolamento e
outras que afectem a livre disposição de bens), a contar da data em que foram efectuadas (n.º 4)

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

Artigo 8.º-C CRP


Prazos para promover o registo
1 - Salvo o disposto nos números seguintes, ou disposição legal em contrário, o registo deve ser pedido no prazo de dois
meses a contar da data em que os factos tiverem sido titulados.
2 - O registo das ações referidas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 3.º, sujeitas a registo obrigatório, deve ser pedido
até ao termo do prazo de 10 dias após a data da audiência de julgamento.
3 - O registo das decisões finais proferidas nas ações referidas no número anterior deve ser pedido no prazo de um mês
a contar da data do respetivo trânsito em julgado.
4 - O registo das providências cautelares decretadas nos procedimentos referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º,
assim como o registo do ato a que se refere a alínea p) do n.º 1 do artigo 2.º, devem ser pedidos no prazo de um mês a
contar da data em que os factos tiverem sido titulados.
5 - [Revogado].
6 - [Revogado].
7 - Os factos sujeitos a registo titulados em serviço de registo competente são imediatamente apresentados.

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO

O artigo 8.º -D, do CRP impõe cominações às entidades que, nos termos do artigo 8.º B estão obrigadas a
promover o registo.

Artigo 8.º-D CRP


Cumprimento tardio da obrigação de registar
1 - A promoção do registo fora dos prazos referidos no artigo anterior determina o pagamento acrescido de quantia
igual à que estiver prevista a título de emolumento, independentemente da gratuitidade, isenção ou redução de que o
ato beneficie.
2 - O disposto no número anterior não se aplica aos tribunais e ao Ministério Público.
3 - A responsabilidade pelo pagamento da quantia prevista no n.º 1 recai sobre a entidade que está obrigada a
promover o registo e não sobre aquela que é responsável pelo pagamento do emolumento, nos termos do n.º 2 do
artigo 151.º.

Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Artigo 151.º CRP
Pagamento das quantias devidas
1 - No momento do pedido deve ser entregue, a título de preparo, a quantia provável do total da conta.
2 - É responsável pelo pagamento dos emolumentos o sujeito ativo dos factos, não obstante o disposto nos números seguintes e na legislação
própria relativamente ao pagamento de emolumentos, taxas e outros encargos devidos pela prática dos atos previstos no presente código.
3 - Sem prejuízo da responsabilidade imputada ao sujeito ativo e ao sujeito da obrigação de registar, e salvo o disposto nos números
seguintes, quem apresenta o registo ou pede o ato deve proceder à entrega das importâncias devidas, nestas se incluindo a sanção
pecuniária pelo cumprimento tardio da obrigação de registar.
4 - Os tribunais, no que respeita à comunicação das ações, decisões e outros procedimentos e providências ou atos judiciais sujeitos a registo, e
o Ministério Público no que respeita à comunicação das apreensões em processo penal que tenha autorizado, ordenado ou validado, são
dispensados do pagamento prévio dos emolumentos e taxas, devendo estas quantias entrar em regra de custas.
5 - Quando o pedido for efetuado pelas entidades que celebrem escrituras públicas, autentiquem documentos particulares que titulem factos
sujeitos a registo, ou reconheçam as assinaturas neles apostas, estas entidades devem obter do sujeito ativo do facto, previamente à titulação
ou ao reconhecimento, os emolumentos e taxas devidos pelo registo.
6 - [Revogado].
7 - [Revogado].
8 - [Revogado].
9 - Quando o preparo não tiver sido feito e não tiver havido rejeição nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 66.º, o serviço de registo notifica
o interessado para no prazo de dois dias proceder à entrega das quantias em falta.
10 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável quando o preparo venha a mostrar-se insuficiente ou quando tenha havido
suprimento de deficiências nos termos do n.º 8 do artigo 73.º.
11 - O pagamento das quantias devidas é feito nos termos previstos na legislação própria relativa ao pagamento de emolumentos, taxas e
outros encargos devidos pela prática dos atos.

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

De acordo com o artigo 41.º-B do CRP, o pedido de registo pode ser feito:
• Pessoalmente
Quando o pedido é efectuado presencialmente em serviço de registo;

• Via eletrónica
Regulamentado pela Port.ª n.º 1535/2008, de 30 de Dezembro;

• Correio
Remetido por carta registada – art.º 41.º-D

Artigo 41.º-B CRP


Modalidades do pedido
O pedido de registo pode ser efetuado pessoalmente, por via eletrónica ou por correio.

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Apresentação/Art.º 60.º CRP


• Os documentos são anotados no diário pela ordem dos pedidos (n.º 1).

Pedidos efectuados por via electrónica:


• São anotados no diário pela ordem da respectiva recepção (art.º 23.º da Port.ª n.º 1535/2008)

Elementos da apresentação /art.º 61.º CRP


• O facto que se pretende registar (alínea c));
• O número da descrição (alínea d));
• As indicações para anotação resultam do pedido de registo (n.º 2)

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Por cada pedido de registo, salvo se for efetuado por via eletrónica, é emitido um documento comprovativo da
apresentação, do qual constam:
• A identificação do apresentante;

• O número de ordem;

• A data e hora da apresentação;

• O facto;

• Os documentos e quantias entregues;

• Pedido de urgência se for caso disso.

Artigo 64.º CRP


Comprovativo da apresentação
Salvo se for efetuado por via eletrónica, por cada pedido de registo é emitido um documento comprovativo da apresentação, do qual
constam a identificação do apresentante, o número de ordem, a data e a hora daquela, o facto, os documentos e as quantias entregues,
bem como o pedido de urgência, se for caso disso.

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Regulamentação do pedido de registo – Portaria n.º 621/2008, de 18 de Julho

Pedido presencial
• O pedido presencial pode ser verbal ou escrito (art.º 2.º, n.º 1):

Pedido verbal
• O apresentante deve assinar o comprovativo da apresentação (art.º 2.º, n.º 7);
• Não dispensa a apresentação das declarações para registo, nos termos do art.º 45.º CRPredial, se
necessárias (art.º 2.º, n.º 9);

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Regulamentação do pedido de registo – Portaria n.º 621/2008, de 18 de Julho

Pedido escrito
• Se o pedido for escrito, efetua-se em impressos aprovados pelo PIRN, disponíveis no sítio www.irn.mj.pt.

Os pedidos de registo efetuados por escrito, não carecem de modelo aprovado, quando efetuados por:
• Entidades públicas;
• Pelos tribunais;
• Pelo Ministério Público;
• Pelos administradores de insolvência; ou
• Pelos agentes de execução.

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Regulamentação do pedido de registo – Portaria n.º 621/2008, de 18 de Julho

O pedido de registo deve conter a indicação

➢ Indicação dos factos - Art.º 5.º, n.º 1


• Os factos são indicados com referência aos prédios, pela ordem resultante da sua dependência ou, se
independentes, pela ordem da sua antiguidade.

➢ Indicação dos prédios - Art.º 5.º, n.º 2


• A indicação dos prédios faz-se pelo número da descrição, freguesia e concelho;
• Se não estiveram descritos: a indicação faz-se pelo número da inscrição matricial, natureza, freguesia e
concelho.

➢ Indicação dos documentos - Art.º 5.º, n.ºs 4 e 5


• Os documentos são indicados pela sua natureza e data.
• A indicação dos documentos só é exigível nos casos em que o pedido se efetue por via postal (n.º 4)

Delfim Costa
Processo de registo

Delfim Costa
Processo de registo

Delfim Costa
Processo de registo

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Regulamentação do pedido de registo /Pedido de registo por via eletrónica – Port.ª n.º 1535/2008, de 30 de
Dezembro/Art.ºs 18.º e sgs.

➢ Os pedidos são formulados e os documentos enviados através do sítio www.predialonline.mj.pt

➢ Os documentos só tem valor probatório se:


• Corretamente digitalizados ;
• Integralmente apreensíveis; e
• Enviados por quem tenha competência para a conferência de documentos com os respetivos originais em
formato papel.

➢ Arquivo de documentos - Advogados, CCIs e Solicitadores ficam obrigados a arquivar os originais dos documentos
enviados (art.º 19.º);

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

Nos termos do n.º 6 e 7 do artigo 42.º, do CRP, tratando-se de prédio não descrito, deve indicar-se em
declaração complementar:
• Nome, estado e residência dos proprietários imediatamente anteriores ao transmitente;
• Se o registo recair sob quota-parte de prédio indiviso não descrito, deve indicar-se o nome, estado e
residência de todos os comproprietários.

“Que relativamente ao prédio não descrito, foi sua primeira ante - possuidora, Maria Landolt de Sousa Vaz, solteira maior,
residente que foi na Avenida Sidónio Pais, freguesia e concelho de Barcelos, e os segundos ante – possuidores, são
desconhecidos há mais de cinquenta anos, em virtudes dos possuidores sempre conhecerem a posse da primeira ante –
possuidora, e que foram feitas todas as diligências e buscas junto das repartições públicas e privadas, nomeadamente
Serviço de Finanças, Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Conservatórias, Cartórios Notariais, bem como, junto de
pessoas mais velhas e idóneas da freguesia, mas, não foi possível obter qualquer informação sobre a extinta matriz, pelo
que se desconhece os artigos da mesma.”

Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo

➢ Nos termos do artigo 36.º, do CRP, têm legitimidade para pedir o registo:
• Os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral,
• Todas as pessoas que nele tenham interesse; ou
• Que estejam obrigadas à sua promoção.

➢ Havendo contitularidade de direitos:


• O meeiro ou qualquer dos herdeiros pode pedir, a favor de todos os titulares, o registo de aquisição de bens
e direitos que façam parte de herança indivisa.

➢ No caso de compropriedade:
• Qualquer comproprietário ou compossuidor pode pedir, a favor de qualquer dos demais titulares, o registo
de aquisição dos respetivos bens ou direitos.

Artigo 36.º CRP


Regra geral de legitimidade
Têm legitimidade para pedir o registo os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral, todas as pessoas que nele
tenham interesse ou que estejam obrigadas à sua promoção.
Delfim Costa
Processo de registo

PEDIDO DE REGISTO - REPRESENTAÇÃO

Artigo 39.º CRP


Representação
1 - O registo pode ser pedido por mandatário com procuração que lhe confira poderes especiais para o ato.
2 - Não carecem de procuração para pedir o registo:
a) Aqueles que tenham poderes de representação para intervir no respetivo título, nos quais se haverão como
compreendidos os necessários às declarações complementares relativas à identificação do prédio;
b) Os advogados, os notários e os solicitadores.
3 - Sem prejuízo do disposto na alínea a), o número anterior não se aplica aos pedidos de averbamento à descrição de
factos que não constem de documento oficial.
4 - A representação abrange sempre a faculdade de requerer urgência na realização do registo, subsiste até à feitura
do registo e implica a responsabilidade solidária do representante no pagamento dos respetivos encargos.
5 - Compete ao respetivo representante legal ou ao Ministério Público requerer o registo quando, em processo de
inventário, for adjudicado a incapaz ou ausente em parte incerta qualquer direito sobre imóveis.

Delfim Costa
Processo de registo

Só podem ser registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem.


Documentos escritos em língua estrangeira podem ser aceites se redigidos em língua inglesa, francesa ou
espanhola e o funcionário competente dominar essa língua
Documentos arquivados nos serviços da Administração Pública podem ser utilizados para a realização de
registos, devendo tais documentos ser referenciados no pedido.

Artigo 43.º CRP


Prova documental
1 - Só podem ser registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem.
2 - Os documentos arquivados são utilizados para a realização de novo registo sempre que referenciados e novamente anotados no diário.
3 - Os documentos escritos em língua estrangeira só podem ser aceites quando traduzidos nos termos da lei, salvo se estiverem redigidos
em língua inglesa, francesa ou espanhola e o funcionário competente dominar essa língua.
4 - [Revogado].
5 - [Revogado].
6 - [Revogado].
7 - Para efeitos de promoção de atos de registo predial através da Internet em que sejam interessadas sociedades comerciais ou civis sob
forma comercial podem os respetivos gerentes e administradores certificar a conformidade dos documentos eletrónicos por si submetidos
com os documentos originais em suporte de papel.
Delfim Costa
Documentos

• Aquisição e hipoteca antes de lavrado o contrato (art.º 47.º)


• Penhora (art.º 48.º)
• Aquisição por venda em processo judicial (art.º 48.º-A)
• Aquisição em comunhão hereditária )art.º 49.º)
• Hipoteca judicial (art.º 50.º)
• Renuncia à indemnização (art.º 52.º)
• Ações e procedimentos cautelares (art.º 53.º)
• Decisões judiciais (art.º 53.º-A)
• Operações de transformação fundiária (art.º 54.º)
• Cancelamento de hipoteca (art.º 56.º)
• Cancelamento do registo de penhora e providências cautelares (art.º 58.º)
• Cancelamento dos registos provisórios (art.º 59.º).

Delfim Costa
Processo de registo
Menções obrigatórias nos documentos que titulem atos sujeitos a registo predial
Artigo 44.º CRP
Menções obrigatórias
1 - Dos atos notariais, processuais ou outros que contenham factos sujeitos a registo devem constar:
a) A identidade dos sujeitos, nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 93.º;
b) O número da descrição dos prédios ou as menções necessárias à sua descrição, bem como a indicação do número, data de emissão e entidade
emitente das certidões de registo que tenham sido apresentadas ou, no caso de certidão permanente, a indicação do respetivo código de acesso;
c) A indicação do registo prévio a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º ou do modo como foi comprovada a urgência prevista na alínea c) do n.º 2 do mesmo
artigo;
d) [Revogada];
e) [Revogada];
f) [Revogada].
g) Sempre que esteja em causa o pagamento de uma quantia, a indicação do momento em que tal ocorre e do meio de pagamento utilizado.
2 - O documento comprovativo do teor da inscrição matricial deve ter sido emitido com antecedência não superior a um ano.
3 - Se o prédio não estiver descrito, deve ser comprovada essa circunstância por certidão passada pela conservatória com antecedência não superior a
três meses.
4 - Da certidão dos atos referidos no n.º 1, passada para fins de registo, devem constar todos os elementos aí previstos.
5 - Para o cumprimento do disposto na alínea g) do n.º 1, caso o pagamento ocorra antes ou no momento da celebração do ato, deve ser consignado no
instrumento:
a) Tratando-se de pagamento em numerário, a moeda utilizada;
b) Tratando-se de pagamento por cheque, o seu número e a entidade sacada;
c) Tratando-se de pagamento através da realização de uma transferência de fundos:
i) A identificação da conta do ordenante e da conta do beneficiário, mediante a menção dos respetivos números e prestadores de serviços de
pagamento;
ii) Quando o ordenante ou o beneficiário não realize a transferência por intermédio de uma conta de pagamento, mediante a menção do identificador
único da transação ou do número do instrumento de pagamento utilizado e do respetivo emitente.
Delfim Costa
Processo de registo
Menções obrigatórias nos documentos que titulem atos sujeitos a registo predial

Artigo 47.º CN
Menções especiais
1 - O instrumento destinado a titular actos sujeitos a registo deve conter, em especial:
a) A menção do nome completo do cônjuge e do respectivo regime matrimonial de bens, se a pessoa a quem o acto respeitar for casada;
b) A advertência de que o registo deve ser requerido no prazo de três meses, se respeitar a actos sujeitos a registo comercial obrigatório que não tenham
sido promovidos e dinamizados pelo notário no uso de competência atribuída por lei;
c) (Revogada.)
d) (Revogada.)
2 - O disposto na alínea a) do número anterior é aplicável às escrituras de habilitação, relativamente ao autor da herança e aos habilitandos, e aos
instrumentos de procuração com poderes para a outorga de actos sujeitos a registo.
3 - Nos instrumentos de constituição de estabelecimento individual de responsabilidade limitada ou de constituição de pessoa colectiva, de alteração dos
respectivos estatutos que determine a modificação da firma, denominação ou objecto social deve ser mencionada a exibição de certificado comprovativo
de admissibilidade da firma ou denominação ou da sua manutenção em relação ao novo objecto, com indicação da sua data.
4 - O testamento público, a escritura de revogação de testamento e o instrumento de aprovação de testamento cerrado devem conter, como menção
especial, a data de nascimento do testador e os nomes completos dos pais.
5 - O instrumento destinado a titular atos sujeitos a registo deve ainda conter, sempre que esteja em causa o pagamento de uma quantia, a indicação do
momento em que tal ocorre e do meio de pagamento utilizado.
6 - Para o cumprimento do disposto no número anterior, caso o pagamento ocorra antes ou no momento da celebração do ato, deve ser consignado no
instrumento:
a) Tratando-se de pagamento em numerário, a moeda utilizada;
b) Tratando-se de pagamento por cheque, o seu número e a entidade sacada;
c) Tratando-se de pagamento através da realização de uma transferência de fundos:
i) A identificação da conta do ordenante e da conta do beneficiário, mediante a menção dos respetivos números e prestadores de serviços de pagamento;
ii) Quando o ordenante ou o beneficiário não realize a transferência por intermédio de uma conta de pagamento, mediante a menção do identificador
único da transação ou do número do instrumento de pagamento utilizado e do respetivo emitente.
Delfim Costa
Processo de registo

DECLARAÇÕES

Principais Complementares
(art.º 45.º) (art.º 46.º)

O pedido de registo deve conter a identificação do Usualmente feitas no verso da requisição de


apresentante, a indicação dos factos e dos prédios a que registo, destinam-se a completar elementos
respeita, bem como a relação dos documentos que o constantes dos documentos que serviram de base ao
instruem. registo quanto às pessoas e aos prédios, ou para
esclarecer divergências entre os títulos, quando
contraditórios entre si ou com a descrição, em
virtude de alteração superveniente.
Delfim Costa
Processo de registo

DECLARAÇÕES PRINCIPAIS
Identificação do apresentante
• A identificação do apresentante é feita pelo nome, número de identificação civil ou documento de
identificação equivalente, residência habitual ou domicílio profissional e do cargo, quando o pedido seja
efetuado por entidades públicas.

Quando o apresentante for advogado ou solicitador, a identificação é confirmada pela indicação do número
da respetiva cédula profissional. Sendo o registo apresentado por câmara de comércio e indústria, é suficiente a
indicação da qualidade dessa entidade, cabendo aos serviços de registo verificar o reconhecimento legal dessa
qualidade. Quando o pedido de registo for apresentado por escrito, a assinatura das entidades oficiais e dos
notários deve ser autenticada com selo branco.

Delfim Costa
Processo de registo

DECLARAÇÕES PRINCIPAIS
Identificação dos factos, prédios e documentos entregues
• Os factos de registo não oficioso são indicados, com referência aos respetivos prédios, pela ordem
resultante da sua dependência ou, sendo independentes, segundo a sua antiguidade.
• A indicação dos prédios faz-se pelo número da descrição, freguesia e concelho ou, quando não
descritos, pelo número da inscrição matricial, natureza, freguesia e concelho a que pertence.
• A indicação das parcelas a desanexar faz-se pelo número da descrição predial e da freguesia e concelho
a que pertence o prédio do qual se pretende desanexar uma ou várias parcelas.

Delfim Costa
Processo de registo

DECLARAÇÕES

Artigo 45.º CRP


Forma das declarações para registo
1 - Salvo disposição em contrário, as declarações para registo, principais ou complementares, devem ser assinadas e datadas e
conter a indicação do número, data e entidade emitente do documento de identificação civil ou documento de identificação
equivalente do signatário.
2 - O disposto no número anterior é dispensado quando o registo seja promovido através da Internet, com recurso a meios
eletrónicos que permitam determinar a identidade do interessado ou do apresentante, nos termos a definir por portaria do
membro do Governo responsável pela área da justiça.

Artigo 46.º CRP


Declarações complementares
1 - Além de outros casos previstos, são admitidas declarações complementares dos títulos:
a) Para completa identificação dos sujeitos, sem prejuízo das exigências de prova do estado civil;
b) Para a menção dos elementos que integrem a descrição, quando os títulos forem deficientes, ou para esclarecimento das suas
divergências, quando contraditórios, entre si, ou com a descrição, em virtude de alteração superveniente.
2 - Os erros sobre elementos da identificação do prédio de que os títulos enfermem podem ser retificados por declaração de todos
os intervenientes no ato ou dos respetivos herdeiros devidamente habilitados.

Delfim Costa
Processo de registo

DECLARAÇÕES

De acordo com o disposto no artigo 38.º do CRP, salvo quando se trate de factos que constem de documento
oficial, as declarações para averbamentos às descrições só podem ser feitas:
• Pelo proprietário ou possuidor definitivamente inscrito ou com a sua intervenção;
• Por qualquer interessado inscrito ou com a sua intervenção, não havendo proprietário ou possuidor inscrito.

Artigo 38.º CRP


Averbamentos às descrições
1 - Salvo quando se trate de factos que constem de documento oficial, os averbamentos às descrições só podem ser pedidos:
a) Pelo proprietário ou possuidor definitivamente inscrito ou com a sua intervenção;
b) Por qualquer interessado inscrito ou com a sua intervenção, não havendo proprietário ou possuidor inscrito;
c) Por qualquer interessado inscrito que tenha requerido a notificação judicial do proprietário ou possuidor inscrito, não havendo
oposição deste no prazo de 15 dias.
2 - A intervenção referida nas alíneas a) e b) do número anterior tem-se por verificada desde que os interessados tenham intervindo nos
respetivos títulos ou processos.
3 - [Revogado].
4 - A oposição referida na alínea c) do n.º 1 é anotada à descrição mediante apresentação de requerimento do proprietário ou possuidor
inscrito.
Delfim Costa
Processo de registo

DECLARAÇÕES

Artigo 39.º CRP


Representação
1 - O registo pode ser pedido por mandatário com procuração que lhe confira poderes especiais para o ato.
2 - Não carecem de procuração para pedir o registo:
a) Aqueles que tenham poderes de representação para intervir no respetivo título, nos quais se haverão como
compreendidos os necessários às declarações complementares relativas à identificação do prédio;
b) Os advogados, os notários e os solicitadores.
3 - Sem prejuízo do disposto na alínea a), o número anterior não se aplica aos pedidos de averbamento à descrição
de factos que não constem de documento oficial.*
4 - A representação abrange sempre a faculdade de requerer urgência na realização do registo, subsiste até à feitura
do registo e implica a responsabilidade solidária do representante no pagamento dos respetivos encargos.
5 - Compete ao respetivo representante legal ou ao Ministério Público requerer o registo quando, em processo de
inventário, for adjudicado a incapaz ou ausente em parte incerta qualquer direito sobre imóveis.

* Não podem fazer declarações complementares

Delfim Costa
Princípios registais

Delfim Costa
Princípios orgânicos do sistema português
Para estudar o sistema português de registo predial, há que observar quer as linhas essenciais do seu
funcionamento, quer as linhas essenciais da sua organização. Vamos começar por apresentar os princípios
orgânicos.

Princípios são postulados ou proposições não escritas, dotados de uma carga valorativa mais acentuada,
diferentemente das regras, que nos dão uma conotação mais voltada ao direito positivado, escrito.
Ambos, porém, são considerados norma jurídica.

Os princípios estão acima das regras, criando-as ou inspirando a sua aplicação.

Delfim Costa
Princípio da instância

Delfim Costa
Princípio da instância

Este princípio é acolhido nos artigos 41º e 42º do CRP, significa que, salvo os casos especialmente previstos
na lei, o registo não se efetua oficiosamente, mas a pedido dos interessados.

O sistema nacional, em que os órgãos públicos não detêm a iniciativa de harmonizar a realidade do direito
substantivo com a realidade regitral ou tabular, confia na iniciativa dos particulares interessados que, nos casos
normais, constitui um modo suficiente de realizar (ou promover a realização) dos fins do instituto.

Delfim Costa
Princípio da instância

Artigo 41.º CRP


Princípio da instância
O registo efetua-se mediante pedido de quem tenha legitimidade, salvo os casos de oficiosidade previstos na lei.

Artigo 42.º CRP


Elementos do pedido
1 - O pedido de registo deve conter a identificação do apresentante, a indicação dos factos e dos prédios a que
respeita, bem como a relação dos documentos que o instruem, nos termos a definir por portaria do membro do
Governo responsável pela área da justiça.
2 - [Revogado].
3 - [Revogado].
4 - [Revogado].
5 - [Revogado].
6 - Tratando-se de prédio não descrito, deve indicar-se em declaração complementar o nome, estado e residência
dos proprietários ou possuidores imediatamente anteriores ao transmitente, bem como o anterior artigo
matricial, salvo se o apresentante alegar na declaração as razões justificativas do seu desconhecimento.
7 - Se o registo recair sobre quota-parte de prédio indiviso não descrito, deve declarar-se complementarmente o
nome, o estado e a residência de todos os comproprietários.
8 - [Revogado].
Delfim Costa
Princípio da instância

Os casos de oficiosidade constituem exceção, uma vez que só existem quando a lei expressamente os prevê.
Entre os casos de oficiosidade:
➢ Art.º 92.º, n.ºs 7 e 8 - a conversão do registo em definitivo determina a conversão oficiosa das inscrições
dependentes e a caducidade das inscrições incompatíveis, salvo se outra for a consequência da
requalificação do registo dependente ou incompatível, ou o cancelamento ou a caducidade do registo
provisório determina a conversão oficiosa da inscrição incompatível.

➢ Art.º 97.º, n.º 1 - O registo da aquisição ou mera posse acompanhada da constituição de outro facto
sujeito a registo ou da extinção de facto registado determina a realização oficiosa do registo desses
factos.

➢ Art.º 101.º, n.º s 4 e 5 - A conversão em definitiva da inscrição de ação em que se julgue modificado ou
extinto um facto registado, ou se declare nulo ou anulado um registo, determina o correspondente
averbamento oficioso de alteração ou cancelamento, bem como a inscrição de aquisição, em processo
de execução ou de insolvência, de bens penhorados ou apreendidos determina o averbamento oficioso
de cancelamento dos registos dos direitos reais que caducam nos termos do n.º 2 do artigo 824.º do
Código Civil.
Delfim Costa
Princípio da instância

Os casos de oficiosidade constituem exceção, uma vez que só existem quando a lei expressamente os prevê.
Entre os casos de oficiosidade:

➢ Art.ºs 148.º, n.º 4 - Proferida decisão final que julgue insubsistente a recusa da prática do ato nos termos
requeridos, o conservador deve lavrar o registo recusado, com base na apresentação correspondente, ou
converter oficiosamente o registo provisório.

➢ Art.º 149.º - No caso de recusa, julgado procedente o recurso hierárquico ou a impugnação judicial, deve
anotar-se a caducidade dos registos provisórios incompatíveis com o ato inicialmente recusado e
converter-se oficiosamente os registos dependentes, salvo se outra for a consequência da requalificação
do registo dependente. Verificando-se a caducidade do direito de impugnação ou qualquer dos factos
previstos no n.º 2 do artigo anterior, é anotada a caducidade dos registos dependentes e são convertidos
os registos incompatíveis, salvo se outra for a consequência da requalificação do registo dependente.
Nos casos previstos no n.º 5 do artigo anterior, a anotação da pendência de qualificação determina a
anotação de pendência de requalificação dos registos dependentes ou incompatíveis.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Este princípio diz-nos que só podem ser registados os factos que estejam conformes com a lei e sejam
baseados em títulos válidos e correctos e ainda que respeitem a sujeitos identificados (que já figurem nos títulos
como completamente identificados ou que possam ser incontroversamente identificáveis) bem como a prédio
determinado.

Impõe que os títulos a ser inscritos no Registo da propriedade sejam submetidos a um prévio exame,
verificação ou qualificação,

CONSERVADOR, faz um juízo sobre a viabilidade do pedido de registo no sentido de o admitir (definitiva ou
provisoriamente) ou de o rejeitar.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Este princípio, definido e concretizado no artigo 68º do CRP,

Artigo 68.º CRP


Princípio da legalidade
A viabilidade do pedido de registo deve ser apreciada em face das disposições legais aplicáveis, dos documentos
apresentados e dos registos anteriores, verificando-se especialmente a identidade do prédio, a legitimidade dos
interessados, a regularidade formal dos títulos e a validade dos atos neles contidos.

Significa que o conservador está estritamente vinculado à lei, devendo apreciar substancialmente a viabilidade do
pedido de registo, verificando quatro elementos ou pressupostos fundamentais: a identidade do prédio, a legitimidade
dos interessados, a regularidade formal dos títulos e a validade dos atos dispositivos neles contidos.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

A identidade do prédio terá de refletir os elementos contidos nos artigos 28º e segs. do CRP (conjugação do registo
com as matrizes prediais), e 42º CRP (indicação dos prédios, que deve ser feita através do número da descrição, da
designação da fração autónoma ou da parcela habitacional, ou quando não descritos pelo número de ordem que
tenham no título mais recente, e referência às menções gerais das descrições principais e subordinadas indicadas nos
artigos 82º e 83º do CRP.

Artigo 28.º CRP


Harmonização
1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, deve haver harmonização quanto à localização, à área e ao artigo da
matriz, entre a descrição e a inscrição matricial ou o pedido de retificação ou alteração desta.
2 - Na descrição dos prédios urbanos e dos prédios rústicos ainda não submetidos ao cadastro geométrico a exigência de
harmonização é limitada aos artigos matriciais e à área dos prédios.
3 - Nos títulos respeitantes a factos sujeitos a registo deve haver harmonização com a matriz, nos termos dos n.os 1 e 2, e
com a respetiva descrição, salvo se quanto a esta os interessados esclarecerem que a divergência resulta de alteração
superveniente ou de simples erro de medição.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Artigo 28.º-A CRP


Dispensa de harmonização
Caso exista diferença, quanto à área, entre a descrição e a inscrição matricial ou, tratando-se de prédio não descrito,
entre o título e a inscrição matricial, é dispensada a harmonização se a diferença não exceder, em relação à área maior:
a) 20 %, nos prédios rústicos não submetidos ao cadastro geométrico;
b) 5 %, nos prédios rústicos submetidos ao cadastro geométrico;
c) 10 %, nos prédios urbanos ou terrenos para construção.

Artigo 28.º-B CRP


Abertura ou atualização da descrição
1 - A área constante da descrição predial pode ser atualizada, no limite das percentagens fixadas no artigo 28.º-A, se o
proprietário inscrito declarar que a área correta é a que consta da matriz.
2 - Se estiver em causa um prédio não descrito, aplica-se o disposto no número anterior, descrevendo-se o prédio com a
área constante da matriz, se o interessado declarar que é essa a área correta.
3 - O recurso à faculdade para proceder à atualização da descrição ou à sua abertura, prevista nos números anteriores,
apenas pode ser efetuado uma única vez.
4 - O exercício da faculdade prevista no número anterior deve ser mencionado na descrição.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Artigo 28.º-C CRP


Erro de medição
1 - Quando exista divergência de área, entre a descrição e o título, no limite das percentagens previstas no artigo 28.º-
A, e não tenha havido recurso à faculdade prevista no artigo anterior, a atualização da descrição pode ser efetuada se
o proprietário inscrito esclarecer que a divergência provém de simples erro de medição.
2 - Quando exista divergência de área, entre a descrição e o título, em percentagens superiores às previstas no artigo
28.º-A, a atualização da descrição é feita nos seguintes termos:
a) Na matriz cadastral, o erro de medição é comprovado com base na informação da inscrição matricial donde conste a
retificação da área e em declaração que confirme que a configuração geométrica do prédio não sofreu alteração;
b) Na matriz não cadastral, o erro a que se refere a alínea anterior é comprovado pela apresentação dos seguintes
documentos:
i) Planta do prédio elaborada por técnico habilitado e declaração do titular de que não ocorreu alteração na
configuração do prédio; ou
ii) Planta do prédio e declaração dos confinantes de que não ocorreu alteração na configuração do prédio.
3 - A assinatura de qualquer proprietário confinante pode ser suprida pela sua notificação judicial, desde que não seja
deduzida oposição no prazo de 15 dias.
4 - A oposição referida no número anterior é anotada à descrição.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Artigo 81.º CRP


Descrições subordinadas
1 - No caso de constituição de propriedade horizontal ou do direito de habitação periódica, além da descrição genérica do prédio ou
do empreendimento turístico, é feita uma descrição distinta para cada fração autónoma ou unidade de alojamento ou apartamento.
2 - As frações temporais do direito de habitação periódica são descritas com subordinação à descrição da unidade de alojamento ou
apartamento.

Artigo 82.º CRP


Menções gerais das descrições
1 - O extrato da descrição deve conter:
a) O número de ordem privativo dentro de cada freguesia, seguido dos algarismos correspondentes à data da apresentação de que
depende;
b) A natureza rústica, urbana ou mista do prédio;
c) A denominação do prédio e a sua situação por referência ao lugar, rua, números de polícia ou confrontações;
d) A composição sumária e a área do prédio;
e) [Revogada];
f) f) A situação matricial do prédio expressa pelo artigo de matriz, definitivo ou provisório, ou pela menção de estar omisso.
2 - Na descrição genérica de prédio ou prédios em regime de propriedade horizontal é mencionada a série das letras correspondentes
às frações e na de empreendimento turístico classificado para fins turísticos esta circunstância, bem como as letras correspondentes
às unidades de alojamento, quando existam.
3 - Na descrição de prédio resultante de anexação ou desanexação de outros são mencionados os números das respetivas descrições.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Se o registo tivesse Não é possível


Não pode haver sido feito efetuar-se o registo
O prédio tem de ser dúvida quanto à ocasionando tal sobre uma coisa
certo e determinado identidade do dúvida ou incerteza ideal ou abstrata
prédio quanto à identidade como é o caso das
do prédio, seria nulo universalidades.

Necessariamente tem de ser aquele e não, possivelmente, qualquer outro.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

No que respeita à legitimidade dos interessados determina-se nos artigos 36.º e segs. Do CRP que, em geral, têm
legitimidade para pedir o registo os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, de um modo geral,
todos aquele que tenham interesse na efetivação do registo.

Artigo 36.º CRP


Regra geral de legitimidade
Têm legitimidade para pedir o registo os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral, todas as
pessoas que nele tenham interesse ou que estejam obrigadas à sua promoção.

Artigo 37.º CRP


Contitularidade de direitos
1 - O meeiro ou qualquer dos herdeiros pode pedir, a favor de todos os titulares, o registo de aquisição de bens e direitos
que façam parte de herança indivisa.
2 - Qualquer comproprietário ou compossuidor pode pedir, a favor de qualquer dos demais titulares, o registo de
aquisição dos respetivos bens ou direitos.

Delfim Costa
Princípio da legalidade
Artigo 38.º CRP
Averbamentos às descrições
1 - Salvo quando se trate de factos que constem de documento oficial, os averbamentos às descrições só podem ser pedidos:
a) Pelo proprietário ou possuidor definitivamente inscrito ou com a sua intervenção;
b) Por qualquer interessado inscrito ou com a sua intervenção, não havendo proprietário ou possuidor inscrito;
c) Por qualquer interessado inscrito que tenha requerido a notificação judicial do proprietário ou possuidor inscrito, não havendo oposição
deste no prazo de 15 dias.
2 - A intervenção referida nas alíneas a) e b) do número anterior tem-se por verificada desde que os interessados tenham intervindo nos
respetivos títulos ou processos.
3 - [Revogado].
4 - A oposição referida na alínea c) do n.º 1 é anotada à descrição mediante apresentação de requerimento do proprietário ou possuidor
inscrito.
Artigo 39.º CRP
Representação
1 - O registo pode ser pedido por mandatário com procuração que lhe confira poderes especiais para o ato.
2 - Não carecem de procuração para pedir o registo:
a) Aqueles que tenham poderes de representação para intervir no respetivo título, nos quais se haverão como compreendidos os necessários
às declarações complementares relativas à identificação do prédio;
b) Os advogados, os notários e os solicitadores.
3 - Sem prejuízo do disposto na alínea a), o número anterior não se aplica aos pedidos de averbamento à descrição de factos que não constem
de documento oficial.
4 - A representação abrange sempre a faculdade de requerer urgência na realização do registo, subsiste até à feitura do registo e implica a
responsabilidade solidária do representante no pagamento dos respetivos encargos.
5 - Compete ao respetivo representante legal ou ao Ministério Público requerer o registo quando, em processo de inventário, for adjudicado a
incapaz ou ausente em parte incerta qualquer direito sobre imóveis.
Delfim Costa
Princípio da legalidade

A regularidade formal dos títulos contém a imposição de que os atos devem obedecer à forma exigida por lei,
prevendo-se, por isso, que só possam ser registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem
(artigo 43.º, nº1 do CRP).

Artigo 43.º CRP


Prova documental
1 - Só podem ser registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem.
2 - Os documentos arquivados são utilizados para a realização de novo registo sempre que referenciados e novamente
anotados no diário.
3 - Os documentos escritos em língua estrangeira só podem ser aceites quando traduzidos nos termos da lei, salvo se
estiverem redigidos em língua inglesa, francesa ou espanhola e o funcionário competente dominar essa língua.
4 - [Revogado].
5 - [Revogado].
6 - [Revogado].
7 - Para efeitos de promoção de atos de registo predial através da Internet em que sejam interessadas sociedades
comerciais ou civis sob forma comercial podem os respetivos gerentes e administradores certificar a conformidade dos
documentos eletrónicos por si submetidos com os documentos originais em suporte de papel.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

A validade dos atos dispositivos contidos no título impõe a verificação da legalidade dos próprios atos
dispositivos, colocando em equação os conceitos de nulidade e anulabilidade dos atos e negócios jurídicos.

Principio da legitimidade de direito.

Artigo 174.º CN
Actos anuláveis e ineficazes
1 - A intervenção do notário não pode ser recusada com fundamento de o acto ser anulável
ou ineficaz.
2 - Nos casos previstos no número anterior, o notário deve advertir as partes da existência do
vicio e consignar no instrumento a advertência que tenha feito.

Delfim Costa
Princípio da legalidade
Legitimidade para pedir o registo

➢ Nos termos do artigo 36.º, do CRP, têm legitimidade para pedir o registo:
• Os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral,
• Todas as pessoas que nele tenham interesse; ou
• Que estejam obrigadas à sua promoção.

➢ Havendo contitularidade de direitos:


• O meeiro ou qualquer dos herdeiros pode pedir, a favor de todos os titulares, o registo de aquisição de bens
e direitos que façam parte de herança indivisa.

➢ No caso de compropriedade:
• Qualquer comproprietário ou compossuidor pode pedir, a favor de qualquer dos demais titulares, o registo
de aquisição dos respetivos bens ou direitos.

Artigo 36.º CRP


Regra geral de legitimidade
Têm legitimidade para pedir o registo os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral, todas as pessoas que nele tenham interesse ou
que estejam obrigadas à sua promoção. Delfim Costa
Princípio da legalidade

ILEGITIMIDADES CONJUGAIS

De acordo com o disposto no artigo 1682º-A do Código Civil, carece do consentimento de ambos os cônjuges,
salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens, a alienação, oneração, arrendamento ou constituição de
outros direitos pessoais de gozo sobre imóveis próprios ou comuns.

Sendo anuláveis, a requerimento do cônjuge que não deu o consentimento, aplicando-se as regras relativas à
alienação de coisa alheia, à alienação ou oneração de bens próprios do outro cônjuge feita sem legitimidade. (artigo
1687º, n.º 1 e n.º 4 do Código Civil).

Delfim Costa
Princípio da legalidade

ILEGITIMIDADES CONJUGAIS

O direito de anulação pode ser exercido nos seis meses subsequentes à data em que o requerente teve
conhecimento do acto, mas nunca depois de decorridos três anos sobre a sua celebração. (artigos 1687º, n.º 2,
do Código Civil)

As ilegitimidades não são iguais para todos os regimes de bens, e o nosso Código Civil permite adoptar um
dos seguintes regimes de bens:
1. Comunhão Geral de Bens;
2. Comunhão de Adquiridos, e
3. Separação de Bens.

O regime supletivo é, desde 01.06.1967, o da comunhão de adquiridos

Delfim Costa
Princípio da legalidade

ILEGITIMIDADES CONJUGAIS

A falta de consentimento inquina o ato com o vicio de anulabilidade, sanável mediante confirmação. (artigos
1687º e 288º, ambos do Código Civil).

Será exigível um instrumento de confirmação. (artigo 262º C. Civil)

São aplicáveis à forma do consentimento conjugal as regras estabelecidas para as procurações. (artigo 117.º
do Código do Notariado) - instrumento público, documento escrito e assinado com reconhecimento presencial da
letra e assinatura ou documento autenticado. (artigo 116º do Código do Notariado).

Delfim Costa
Princípio da legalidade

De acordo com a alíne e), do n.º 1 do CRP, , é-lhe assegurado apenas um ingresso provisório por natureza, a
converter em definitivo depois de sanado o vício ou de caducado o direito de o arguir.

A alienação de bens próprios feita pelo cônjuge proprietário sem o consentimento do outro cônjuge produz os
seus efeitos, sendo, em princípio, tratada como válida enquanto não for exercido o direito potestativo de anular
pertencente ao outro cônjuge ou aos seus herdeiros.

De acordo com o n.º 3 do mesmo artigo, as inscrições, se não forem também provisórias com outro
fundamento, mantêm-se em vigor pelo prazo de cinco anos.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Artigo 10.º CRP


Transferência e extinção
Os efeitos do registo transferem-se mediante novo registo e extinguem-se por caducidade ou cancelamento.

Artigo 11.º CRP


Caducidade
1 - Os registos caducam por força da lei ou pelo decurso do prazo de duração do negócio.
2 - Os registos provisórios caducam se não forem convertidos em definitivos ou renovados dentro do prazo da
respetiva vigência.
3 - É de seis meses o prazo de vigência do registo provisório, salvo disposição em contrário.
4 - A caducidade deve ser anotada ao registo, logo que verificada.

Principio da instancia - iniciativa dos particulares interessados


O direito de anulação pode ser exercido nos seis meses subsequentes à data em que o requerente teve conhecimento do acto, mas nunca depois
de decorridos três anos sobre a sua celebração

Delfim Costa
Princípio da legalidade

VENDA DE PAIS A FILHOS E DE AVÓS A NETOS

Dispõe o artigo 877º do Código Civil, no seu n.º1 e n.º 2 que os pais e avós não podem vender a filhos ou
netos, se os outros filhos ou netos (e seus cônjuges) não consentirem na venda, e que sendo a mesma efetuada
sem o devido consentimento é anulável.

A anulação pode ser pedida pelos filhos ou netos que não deram o seu consentimento, dentro do prazo de
um ano a contar do conhecimento da celebração do contrato ou do termo da incapacidade, se forem incapazes.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

VENDA DE PAIS A FILHOS E DE AVÓS A NETOS

Ao consentimento/confirmação para sanar a anulabilidade do ato é aplicável o disposto no artigo 288º, n.º 3
do Código Civil.
Assim, não intervindo no ato, basta uma declaração a autorizar ou a confirmar, emitida prévia ou
posteriormente ao ato, não carecendo a mesma de forma especial.

O consentimento dos descendentes, quando não possa ser prestado ou seja recusado, é susceptível de
suprimento judicial. (artigo 877º, n.º 1, parte final, do Código Civil).

Principio da instancia - iniciativa dos particulares interessados


O direito de anulação pode ser exercido no prazo de um ano a contar do conhecimento da celebração do contrato ou do termo da incapacidade, se
forem incapazes.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Apresentado um pedido de registo, o conservador, faz um juízo sobre a viabilidade do pedido de registo:

CONSERVADOR

Em consequência do
exame que fez sobre a
viabilidade do pedido
de registo

Lavra-o
Lavra o registo
provisoriamente por Recusa-o.
definitivamente
dúvidas/natureza

Dever-se-á referir que a qualificação deve ser exercida de um modo competente e responsável e também, como
sempre se deve sublinhar, de forma independente e imparcial.
Por isso se diz que, apesar de não ser uma função judicial, deve no entanto exercer-se de modo semelhante e
consiste num juízo de valor, não para declarar um direito duvidoso ou controvertido, mas para incorporar ou não no
Registo uma nova situação jurídica imobiliária.
Delfim Costa
Princípio da legalidade

Por isso, o conservador, vinculado a um princípio de legalidade substancial, deve, no caso de se não verificarem os
pressupostos de legalidade, ou recusar o registo nas circunstâncias enumeradas no artigo 69.º, CRP ou realizá-lo
provisoriamente, por dúvidas, nos restantes casos.

Artigo 69.º CRP


Recusa do registo
1 - O registo deve ser recusado nos seguintes casos:
a) [Revogada];
b) Quando for manifesto que o facto não está titulado nos documentos apresentados;
c) Quando se verifique que o facto constante do documento já está registado ou não está sujeito a registo;
d) Quando for manifesta a nulidade do facto;
e) Quando o registo já tiver sido lavrado como provisório por dúvidas e estas não se mostrem removidas;
f) [Revogada];
g) Quando o preparo não tiver sido completado.
2 - Além dos casos previstos no número anterior, o registo só pode ser recusado se, por falta de elementos ou pela natureza do
ato, não puder ser feito como provisório por dúvidas.
3 - No caso de recusa é anotado na ficha o ato recusado a seguir ao número, data e hora da respetiva apresentação.

Delfim Costa
Princípio da publicidade

Impugnação da recusa da prática do ato de registo


➢ O interessado tem o direito a impugnar a decisão de recusa, quer pela via do recurso hierárquico quer
pela via judicial.
➢ O prazo para a impugnação é de 30 dias a contar da comunicação do despacho de recusa.

Artigo 140.º CRP


Admissibilidade da impugnação
1 - A decisão de recusa da prática do ato de registo nos termos requeridos pode ser impugnada mediante a interposição de recurso
hierárquico para o conselho diretivo do Instituto dos Registos e do Notariado, I.P., ou mediante impugnação judicial para o tribunal da área
de circunscrição a que pertence o serviço de registo.
2 - A recusa de retificação de registos só pode ser apreciada no processo próprio regulado neste Código.

Artigo 141.º CRP


Prazos e legitimidade
1 - O prazo para a interposição de recurso hierárquico ou de impugnação judicial é de 30 dias a contar da notificação a que se refere o
artigo 71.º.
2 - [Revogado].
3 - A interposição da impugnação judicial faz precludir o direito de interpor recurso hierárquico e equivale à desistência deste, quando já
interposto.
4 - Tem legitimidade para interpor recurso hierárquico ou impugnação judicial o apresentante do registo ou a pessoa que por ele tenha sido
representada. Delfim Costa
Princípio da publicidade

Impugnação da recusa da prática do ato de registo

Conservador remete para


impugnação judicial tribunal via eletrónica
(10 dias)

Impugnação apresentada
no Serviço de Registo que
proferiu decisão Conservador repara a
(30 dias) decisão
(10 dias)
interposição de recurso
hierárquico para o conselho
diretivo do Instituto dos
Registos e do Notariado, I.P.
Conservador mantem a
decisão
(10 dias)

A interposição da impugnação judicial faz precludir o direito de interpor recurso hierárquico e equivale à desistência deste, quando já interposto.

Delfim Costa
Princípio da publicidade

Impugnação da recusa da passagem das certidões


recurso hierárquico deferido,
deve ser dado cumprimento à
decisão no próprio dia
Envia para o conselho diretivo (90 dias)
Conservador mantem a do Instituto dos Registos e do
decisão Notariado, I.P.
(5 dias)
recurso hierárquico
indeferido.
(90 dias)

impugnação judicial
Conservador remete para
recurso hierárquico apresentada no Serviço de
tribunal via eletrónica.
indeferido. Registo que proferiu decisão
(5 dias)
(20 dias)

(ver artigo 140.º e seguintes do CRP) Delfim Costa


Princípio da publicidade

Os atos agora impugnados referente aos pedidos de registo, tendo em conta a sua natureza parajudicial ou
jurisdicional, uma vez que têm por finalidade titular ou publicitar de modo autêntico e juridicamente eficaz o estado
civil e os direitos individuais das pessoas singulares e coletivas, não são atos administrativos, e, depois de esgotados
os meios de impugnação graciosa - designadamente o recurso hierárquico (onde, também aqui, apenas se aprecia o
mérito, a juridicidade da decisão assumida pelo conservador), só podem ser sujeitos ao controlo dos tribunais
comuns, mas nunca pelos tribunais administrativos, que para tal são incompetentes em razão da matéria.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Lavra o registo definitivamente

Situação que corresponde à inexistência de quaisquer obstáculos tanto no que respeita à plena suficiência e
validade dos documentos como às circunstâncias de ordem tabular.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Lavra o registo provisoriedade por dúvidas/natureza

A provisoriedade do registo) tem duas vertentes:


1 - A de a lei prever directamente a hipótese, estabelecendo que naquele caso o registo é provisório:
trata-se das provisoriedades por natureza (que, diga-se também, correspondem a situações típicas, habituais e
pretendidas, em que o registo é logo pedido como provisório);
2- Todas as outras situações em que há um obstáculo - seja referente aos próprios documentos, seja ao
facto, seja à situação tabular - que impede que o registo seja lavrado como definitivo (ou “como foi pedido”),
mas que, todavia, não é tão grave que deva determinar a recusa (de harmonia com o previsto no art.º 68.º).

Um último apontamento para dizer que havendo lugar à recusa ou à provisoriedade por dúvidas o
conservador deve justificar essa qualificação através de despacho - fundamentado, mas sucinto, que tem de ser
notificado ao interessado.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Processo de suprimentos de deficiências está previsto no artigo 73.º do CPR.

As deficiência do processo de registo devem ser supridas com base nos documentos apresentados ou já
existentes nos serviço de registo;

Acesso à informação de bases de dados das entidades ou serviços da Adm. Pública;

O serviço de registo deve solicitar os documentos em falta às entidades ou serviços da Adm. Pública, sendo
reembolsado pelo interessado das respetivas despesas;

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Processo de suprimentos de deficiências está previsto no artigo 73.º do CPR.

Comunicação com o interessado, por qualquer meio idóneo:


(Se a deficiência não implicar novo pedido de registo, nem constituir motivo de recusa com fundamento nas
alíneas c) a e) do n.º 1 do art.º 69.º;)

➢ Interessado supre as deficiências – registo definitivo

➢ Interessado não supre as deficiências – registo provisório por dúvidas

Delfim Costa
Princípio da legalidade
Artigo 73.º CRP
Suprimento de deficiências
1 - Sempre que possível, as deficiências do procedimento de registo devem ser supridas oficiosamente com base nos documentos apresentados ou já
existentes no serviço de registo competente ou por acesso direto à informação constante de bases de dados das entidades ou serviços da Administração
Pública.
2 - Não sendo possível o suprimento das deficiências nos termos previstos no número anterior e tratando-se de deficiência que não envolva novo pedido
de registo nem constitua motivo de recusa nos termos das alíneas c) a e) do n.º 1 do artigo 69.º, o serviço de registo comunica este facto ao interessado
por escrito, por correio eletrónico ou sob registo postal, para que, no prazo de cinco dias, proceda a tal suprimento, sob pena de o registo ser lavrado
como provisório ou recusado.
3 - O registo não é lavrado provisoriamente ou recusado se as deficiências em causa respeitarem à omissão de documentos a emitir pelas entidades
referidas no n.º 1 e a informação deles constante não puder ser obtida nos termos aí previstos, desde que o interessado tenha expressamente solicitado
ao serviço de registo, pessoalmente ou por escrito, através de correio eletrónico ou sob registo postal, e no prazo referido no número anterior, que
diligencie pela sua obtenção diretamente junto das entidades ou dos serviços da Administração Pública.
4 - [Revogado].
5 - [Revogado].
6 - Caso os documentos pedidos nos termos do n.º 3 não sejam recebidos pelo serviço de registo até ao termo do prazo legalmente estabelecido para a
emissão do documento pedido com o prazo mais longo de emissão, acrescido de três dias, o registo é lavrado como provisório ou recusado.
7 - A falta de apresentação de título que constitua motivo de recusa, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 69.º, pode ser suprida, com observância
dos números anteriores, desde que o facto sujeito a registo seja anterior à data da apresentação, ou à hora desta se, sendo da mesma data, o título
contiver a menção da hora em que foi assinado ou concluído.
8 - No caso de o registo ser recusado porque o prédio não foi devidamente identificado no pedido, deve ser efetuada nova apresentação, imediatamente
após a última apresentação pessoal do dia em que foi efetuado o despacho de recusa, transferindo-se automaticamente a totalidade dos emolumentos
que foram pagos.
9 - O suprimento de deficiências nos termos dos n.os 2, 3 e 7 depende da entrega das quantias devidas.
10 - Das decisões tomadas no âmbito do suprimento de deficiências não cabe recurso hierárquico ou impugnação judicial
Delfim Costa
Princípio da legalidade

Desistência do pedido

É permitida a desistência do pedido de registo antes de efetuado o registo.

Facto sujeito a registo obrigatório:


• Deficiência que motive recusa;
• Apresentação de documento que comprove a extinção do facto;

Artigo 74.º CRP


Desistências
1 - É permitida a desistência depois de feita a apresentação e antes de efetuado o registo.
2 - Tratando-se de facto sujeito a registo obrigatório, apenas é possível a desistência quando exista deficiência que motive recusa ou
for apresentado documento comprovativo da extinção do facto.
3 - A desistência pode ser requerida verbalmente ou por escrito, devendo no primeiro caso ser assinado o comprovativo do pedido.

Delfim Costa
Princípio da legalidade
Os casos de provisoriedade por natureza estão mencionados nas sucessivas alíneas dos nºs 1 e 2 do artigo 92º
CRP

Artigo 92.º CRP


Provisoriedade por natureza
1 - São pedidas como provisórias por natureza as seguintes inscrições:
a) Das ações e procedimentos referidos no artigo 3.º;
b) De constituição da propriedade horizontal, antes de concluída a construção do prédio;
c) De factos jurídicos respeitantes a frações autónomas, antes do registo definitivo da constituição da propriedade horizontal;
d) De ónus de casas de renda económica ou de renda limitada, antes da concessão da licença de habitação, e de quaisquer factos jurídicos a
elas respeitantes, antes do registo definitivo do ónus;
e) De negócio jurídico anulável por falta de consentimento de terceiro ou de autorização judicial, antes de sanada a anulabilidade ou de
caducado o direito de a arguir;
f) De negócio jurídico, celebrado por gestor ou por procurador sem poderes suficientes, antes da ratificação;
g) De aquisição, antes de titulado o contrato;
h) De aquisição por venda em processo judicial, antes de passado o título de transmissão;
i)De hipoteca voluntária, antes de lavrado o título constitutivo;
j) De aquisição por partilha em inventário, antes de a respetiva decisão homologatória se tornar definitiva;
l) De hipoteca judicial, antes de passada em julgado a sentença;
m) Da hipoteca a que se refere o artigo 701.º do Código Civil, antes de passada em julgado a sentença que julgue procedente o pedido;
n) Da declaração de insolvência antes do trânsito em julgado da sentença;
o) [Revogada];
p) De aquisição efetuada ao abrigo do disposto no Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de agosto, alterado pelas Leis n.os 55-A/2010, de 31 de
dezembro, 64-B/2011, de 30 de dezembro, e 66-B/2012, de 31 de dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de março, antes de
titulado o contrato
Delfim Costa
2 - Além das previstas no número anterior, são ainda provisórias por natureza:
a) As inscrições de penhora, de declaração de insolvência e de arresto, se existir sobre os bens registo de aquisição ou reconhecimento do
direito de propriedade ou de mera posse a favor de pessoa diversa do executado, do insolvente ou do requerido;
b) As inscrições dependentes de qualquer registo provisório ou que com ele sejam incompatíveis;
c) As inscrições que, em reclamação contra a reforma de suportes documentais, se alega terem sido omitidas;
d) As inscrições efetuadas na pendência de recurso hierárquico ou impugnação judicial contra a recusa do registo ou enquanto não decorrer o
prazo para a sua interposição.
3 - As inscrições referidas nas alíneas b) a e) do n.º 1, bem como na alínea c) do n.º 2, se não forem também provisórias com outro fundamento,
mantêm-se em vigor pelo prazo de cinco anos, renovável por períodos de igual duração, a pedido dos interessados, mediante a apresentação de
documento que comprove a subsistência da razão da provisoriedade emitido com antecedência não superior a seis meses em relação ao termo
daquele prazo.
4 - A inscrição referida na alínea g) do n.º 1, quando baseada em contrato-promessa de alienação, é renovável por períodos de seis meses e até
um ano após o termo do prazo fixado para a celebração do contrato prometido, com base em documento que comprove o consentimento das
partes.
5 - As inscrições referidas na alínea a) do n.º 2 mantêm-se em vigor pelo prazo de um ano, salvo o disposto no n.º 5 do artigo 119.º, e caducam
se a ação declarativa não for proposta e registada dentro de 30 dias a contar da notificação da declaração prevista no n.º 4 do mesmo artigo.
6 - As inscrições referidas na alínea b) do n.º 2 mantêm-se em vigor pelo prazo do registo de que dependem ou com o qual colidem, salvo se
antes caducarem por outra razão.
7 - Nos casos previstos no número anterior, a conversão do registo em definitivo determina a conversão oficiosa das inscrições dependentes e a
caducidade das inscrições incompatíveis, salvo se outra for a consequência da requalificação do registo dependente ou incompatível.
8 - Nos casos previstos no n.º 6, o cancelamento ou a caducidade do registo provisório determina a conversão oficiosa da inscrição incompatível,
salvo se outra for a consequência da requalificação desta.
9 - Sem prejuízo do disposto no artigo 149.º, as inscrições referidas na alínea d) do n.º 2 mantêm-se em vigor na pendência de recurso
hierárquico ou de impugnação judicial ou enquanto estiver a decorrer o prazo para a sua interposição.
10 - As inscrições referidas na alínea c) do n.º 1 são convertidas oficiosamente na dependência do registo definitivo da constituição da
propriedade horizontal.
11 - As inscrições referidas nas alíneas a) e j) a n) do n.º 1 não estão sujeitas a qualquer prazo de caducidade.
12 - A inscrição referida na alínea p) do n.º 1, se não for também provisória com outro fundamento, mantém-se em vigor pelo prazo de seis
anos, renovável por períodos de três anos, a pedido dos interessados, mediante apresentação de documento que comprove a subsistência da
razão da provisoriedade emitido com antecedência não superior a 180 dias em relação ao termo daquele prazo Delfim Costa
Princípio da legalidade

Obrigações fiscais /Art.º 72.º

• Os atos sujeitos a encargos de natureza fiscal só podem ser registados desde que se mostrem pagos ou
assegurados os direitos ao fisco.

Presunções:
• Nas transmissões gratuitas considera-se assegurado o imposto de selo desde que esteja instaurado o
respectivo processo de liquidação;
• Se já tiverem decorrido os prazos de caducidade da liquidação ou prescrição, presume-se assegurado o
pagamento dos direitos correspondentes às transmissões operados em inventário judicial, partilha
extrajudicial e escritura de doação.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Artigo 72.º CRP


Obrigações fiscais
1 - Nenhum ato sujeito a encargos de natureza fiscal pode ser definitivamente registado sem que se mostrem pagos ou assegurados
os direitos do fisco.
2 - Não está sujeita à apreciação do conservador ou do oficial de registo a correção da liquidação de encargos fiscais feita nos serviços
de finanças.
3 - O imposto do selo nas transmissões gratuitas considera-se assegurado desde que esteja instaurado o respetivo processo de
liquidação e dele conste o prédio a que o registo se refere.
4 - Presume-se assegurado o pagamento dos direitos correspondentes às transmissões operadas em inventário judicial, partilha
extrajudicial e escritura de doação, bem como relativamente a qualquer outra transmissão, desde que tenham decorrido os prazos de
caducidade da liquidação ou de prescrição previstos nas leis fiscais.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

O princípio da legalidade tem a sua contrapartida na responsabilidade em que incorre quem fizer registar ato
falso ou juridicamente inexistente (artigo 153º do CRP).

Artigo 153.º CRP


Responsabilidade civil e criminal
1 - Quem fizer registar um ato falso ou juridicamente inexistente, para além da responsabilidade criminal em que
possa incorrer, responde pelos danos a que der causa.
2 - Na mesma responsabilidade incorre quem prestar ou confirmar declarações falsas ou inexatas, na conservatória
ou fora dela, para que se efetuem os registos ou se lavrem os documentos necessários.

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Um outro tema que tem sido debatido a propósito da apreciação que o conservador terá de fazer da validade
substantiva do ato é o do chamado duplo controlo de legalidade.

De facto, exigindo em geral a lei que os atos constem de documento autêntico, ou autenticado, torna-se
necessário que quem os autentica faça o controlo da sua legalidade.

Então, se assim é, porquê exigir-se que o conservador também o faça?


Não haverá uma duplicação desnecessária?

Delfim Costa
Princípio da legalidade

Cremos que não.

De facto, a qualificação do notário/autenticador é feita na presença dos outorgantes, cuja identidade e suficiência
de poderes verifica - verificação essa que já não é feita pelo conservador.

Acresce que a atuação notarial ocorre na fase de preparação do documento, sendo para tanto prestada a
correspondente assessoria às partes e sendo a estas - e apenas a estas - que a sua intervenção respeita.

Diversamente, o conservador tem de analisar o caso verificando também tudo quanto ocorreu depois da
respetiva titulação e qualifica a legalidade do ato para efeito da sua inscrição no registo, como órgão que não
autorizou o documento e portanto com possibilidades de qualificar o dito documento de outra perspetiva, mormente
a que respeita a terceiros que nele não intervieram e tendo em conta não só as manifestações das partes, como os
dados resultantes do registo.

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

O nosso sistema de registo predial visa, como já referido, a segurança jurídica do mercado imobiliário e a
proteção de terceiros.

Embora no nosso ordenamento jurídico os bens se adquiram por mero efeito do contrato, (artigo 408.º do C.
Civil), e o título faz prova disso mesmo (artigo 371º do C. Civil), também é inquestionável que o adquirente só
adquire o bem se ele pertencer ao transmitente.

A escritura ou documento particular autenticado não asseguram que o bem pertence ao transmitente. Apesar
da sua força probatória, que só pode ser ilidida invocando a falsidade, esta não comprova que o efetivamente o
transmitente tenha esse direito, nem que o negócio tenha sido validamente celebrado.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Os documentos escritos podem ser autênticos ou particulares.

Autênticos – são os documentos exarados, com as formalidades legais, pelas autoridades públicas, pelo
notário ou outro oficial público provido de fé pública.

Particulares – todos os outros documentos - (artigo 363º do C. Civil)

Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou
oficial público respetivo, só podendo ser ilidida essa força probatória com base na falsidade do mesmo.
(artigo 371º, n.º 1 e artigo 372º, n.º 1, ambos do C. Civil)

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Os documentos particulares devem ser assinados pelo seu autor, ou por outrem a seu rogo, se o rogante
não souber ou não poder assinar, sendo que o rogo deve ser dado e confirmado perante notário, ou outra
entidade com competência notarial, depois de lido o documento ao rogante. (artigo 373º do C. Civil)

Os documentos particulares podem ser autenticados, quando confirmados pelas partes perante o notário,
ou perante entidade com competência notarial.

O documento particular autenticado tem a força probatória dos documentos autênticos. (artigo 377º do C.
Civil).

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

O registo também não assegura que o bem pertence ao transmitente, mas constitui a presunção de que o
direito existe e pertence ao titular inscrito nos precisos termos em que o registo o define.

Artigo 7.º CRP


Presunções derivadas do registo
O registo definitivo constitui presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, nos precisos termos em
que o registo o define.

Pode ser ilidível nos termos do artigo 350,º do C. Civil cabendo o ónus da prova a quem quiser provar o
contrário, impugnando os factos judicialmente e pedindo simultaneamente o cancelamento do registo 8º e 13º do
CRP.

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Este princípio refere que o direito registado não só faz essa prova de que tal direito existe, como se torna
necessário proceder à sua inscrição para a titulação de tal direito.

Artigo 9.º CRP


Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser
titulados sem que os bens estejam definitivamente inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra
a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração
de insolvência e outras providências ou atos que afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou
onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de
transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido
documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Assim, para que possa ser onerado ou transmitido qualquer imóvel, ou direito sobre um imóvel, torna-se
necessária a intervenção do titular (inscrito) desse direito.
O próprio Código do Notariado, no seu artigo 54º impõe as mesmas condições, para factos ocorridos após a
entrada em vigor do Código do Registo Predial. - 1 de Outubro de 1984.

Quem quiser alienar


Este princípio dirige-
É o titular inscrito ou onerar deve
se, principalmente, a
que está legitimado demonstrar que o
quem tem a tarefa de
para dispor do prédio prédio está registado
titular/
a seu favor.

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Artigo 54.º CN
Menções relativas ao registo predial
1 - Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto se mencionem os
números das descrições dos respectivos prédios na conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a
declaração de que não estão descritos.
2 - Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não
podem ser lavrados sem que também se faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de
quem os aliena, ou à inscrição de propriedade do prédio em nome de quem o onera.
3 - O disposto no número anterior não é aplicável:
a) Nos actos de transmissão ou de constituição de encargos outorgados por quem, no mesmo dia e com conhecimento
pessoal do notário, que será expressamente mencionado, tenha adquirido os bens partilhados, transmitidos ou onerados;
b) Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida dos outorgantes ou por extravio ou
inutilização do registo causados por incêndio, inundação ou outra calamidade como tal reconhecida por despacho do
Ministro da Justiça.
4 - A prova dos números das descrições e das referências relativas às inscrições no serviço de registo é feita pela exibição
de certidão de teor, passada com antecedência não superior a um ano, ou quanto a prédios situados em concelho onde
tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta predial, desde que este documento se
encontre actualizado.
5 - A não descrição dos prédios prova-se mediante a exibição de certidão válida por três meses.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Introduzido no nosso
A prova dada ao O título não pode ser lavrado
Ordenamento Jurídico em
documentador passou a ser se o transmitente ou
1/10/1984, contribui de
a autêntica, isto é, a onerante não tiver o registo
forma determinante para a
constante da certidão do a seu favor = registo
segurança das transações
próprio registo indiretamente obrigatório.
imobiliárias.

ATUALMENTE

O Decreto-Lei n.º 116/2008


O registo deve ser pedido no
de 6 de julho introduz ao
prazo de dois meses a contar
CRP O Artigo 8.º-C
da data em que os factos
Prazos para promover o
tiverem sido titulados
registo

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

EXCEÇÕES:

Art.º 9.º, n.º 2, alínea a) – A partilha

Art.º 55.º, alínea a) CN - Nos atos de partilha de herança e, tratando-se de prédios não descritos ou sem inscrição de
aquisição, nos de transmissão de prédios que dela façam parte, se os partilhantes ou transmitentes se encontrarem
habilitados como únicos herdeiros, ou for feita, simultaneamente, a respetiva habilitação;
A causa translativa da propriedade não é a partilha mas sim a sucessão por morte (art.º 1316.º do C. Civil) que se
prova pela habilitação.

A exceção também se aplica à partilha de património conjugal.


(Cfr. Preâmbulo do Decreto-lei n.º 116/2008, de 4 de Julho)
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Artigo 9.º CRP


Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam
definitivamente inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras
providências ou atos que afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de
1984 pode ser titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa
de quem se adquire.

Artigo 55.º CN
Dispensa de menção do registo prévio
A exigência prevista no n.º 2 do artigo anterior é dispensada:
a) Nos actos de partilha de herança e, tratando-se de prédios não descritos ou sem inscrição de aquisição, nos de transmissão de
prédios que dela façam parte, se os partilhantes ou transmitentes se encontrarem habilitados como únicos herdeiros, ou for
feita, simultaneamente, a respectiva habilitação;
b) Nos instrumentos relativos a prédios situados em concelho onde não tenha vigorado o registo obrigatório, que titulem o primeiro acto de
transmissão ocorrido após 1 de Outubro de 1984, se for exibido documento comprovativo ou feita justificação simultânea do direito da pessoa de
quem se adquire.

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

EXCEÇÕES:

Art.º 9.º, n.º 2, alínea a) – A expropriação


A expropriação conduz a uma aquisição originária, pelo que a averiguação do titular apenas é relevante para que
receba a indemnização, ou seja, o que está em causa é apenas o cumprimento de uma obrigação.

Artigo 9.º CRP


Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam
definitivamente inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras providências
ou atos que afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984
pode ser titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem
se adquire.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

EXCEÇÕES:

Art.º 9.º, n.º 2, alínea a) – venda executiva, penhora, arresto, declaração de insolvência e outras providências que
afetem a livre disposição dos bens.
São atos judicialmente determinados e, por isso, é ao juiz/AE do processo que cabe averiguar a legitimação que, no
caso, lhes possa corresponder.

Artigo 9.º CRP


Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam
definitivamente inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e
outras providências ou atos que afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984
pode ser titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem
se adquire.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

EXCEÇÕES:

Art.º 9.º, n.º 2, alínea b) – Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia
os bens transmitidos ou onerados.

Art.º 54.º, n.º 3, a) do CN - Nos atos de transmissão ou de constituição de encargos por quem, no mesmo dia e com
conhecimento pessoal do notário, que será expressamente mencionado, tenha adquirido os bens partilhados,
transmitidos ou onerados.

Esta exceção justifica-se porque facilita a celebração de negócios jurídicos, visto que será praticamente inviável
conseguir-se o registo, no mesmo dia, do 1.º ato a favor do adquirente para que este possa transmitir o direito no
mesmo dia.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Artigo 9.º CRP
Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam definitivamente
inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras providências ou atos que
afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser
titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.

Artigo 54.º CN
Menções relativas ao registo predial
1 - Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto se mencionem os números das descrições dos respectivos prédios na
conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a declaração de que não estão descritos.
2 - Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não podem ser lavrados sem que também se
faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de quem os aliena, ou à inscrição de propriedade do prédio em nome de quem o onera.
3 - O disposto no número anterior não é aplicável:
a) Nos actos de transmissão ou de constituição de encargos outorgados por quem, no mesmo dia e com conhecimento pessoal do
notário, que será expressamente mencionado, tenha adquirido os bens partilhados, transmitidos ou onerados;
b) Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida dos outorgantes ou por extravio ou inutilização do registo causados por incêndio,
inundação ou outra calamidade como tal reconhecida por despacho do Ministro da Justiça.
4 - A prova dos números das descrições e das referências relativas às inscrições no serviço de registo é feita pela exibição de certidão de teor, passada com antecedência
não superior a um ano, ou quanto a prédios situados em concelho onde tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta predial, desde que
este documento se encontre actualizado.
5 - A não descrição dos prédios prova-se mediante a exibição de certidão válida por três meses.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

EXCEÇÕES:

Art.º 9.º, n.º 2, alínea c) – Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.

Art.º 54.º, n.º 3, alínea b) do CN - Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida
dos outorgantes ou por extravio ou inutilização do registo causados por incêndio, inundação ou outra calamidade como
tal reconhecida por despacho do Ministro da Justiça.

Trata-se de uma situação raríssima que deve ser comprovada por atestado médico.

Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Artigo 9.º CRP
Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam definitivamente
inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras providências ou atos que
afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser
titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.

Artigo 54.º CN
Menções relativas ao registo predial
1 - Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto se mencionem os números das descrições dos respectivos prédios
na conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a declaração de que não estão descritos.
2 - Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não podem ser lavrados sem que também se
faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de quem os aliena, ou à inscrição de propriedade do prédio em nome de quem o onera.
3 - O disposto no número anterior não é aplicável:
a) Nos actos de transmissão ou de constituição de encargos outorgados por quem, no mesmo dia e com conhecimento pessoal do notário, que será expressamente
mencionado, tenha adquirido os bens partilhados, transmitidos ou onerados;
b) Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida dos outorgantes ou por extravio ou inutilização
do registo causados por incêndio, inundação ou outra calamidade como tal reconhecida por despacho do Ministro da Justiça.
4 - A prova dos números das descrições e das referências relativas às inscrições no serviço de registo é feita pela exibição de certidão de teor, passada com
antecedência não superior a um ano, ou quanto a prédios situados em concelho onde tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta
predial, desde que este documento se encontre actualizado.
5 - A não descrição dos prédios prova-se mediante a exibição de certidão válida por três meses.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

EXCEÇÕES:

Art.º 9.º, n.º 3 - Título aquisitivo anterior a 1 de outubro de 1984.


Art.º 55.º , alínea b) do C.N. aludem ao mesmo caso, que só formalmente é exceção ao princípio.

Dissemos que antes do Código de 1984 o registo era obrigatório* numa parte do País e facultativo noutra.
Onde era facultativo, o outorgante que queira dispor do prédio, em vez de provar que já está feito o registo a seu
favor, pode juntar o(s) documento(s) comprovativo(s) de que ele está em condições de o ser ou então, simultaneamente
justificar o seu direito. Isto é, demonstra a titularidade do prédio não através do registo, mas sim através dos documentos
(ou da simultânea justificação) que a comprovam.

* onde vigorou o cadastro predial


Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos

Artigo 9.º CRP


Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam
definitivamente inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras
providências ou atos que afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão
posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou
feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.

Artigo 55.º CN
Dispensa de menção do registo prévio
A exigência prevista no n.º 2 do artigo anterior é dispensada:
a) Nos actos de partilha de herança e, tratando-se de prédios não descritos ou sem inscrição de aquisição, nos de transmissão de prédios que dela
façam parte, se os partilhantes ou transmitentes se encontrarem habilitados como únicos herdeiros, ou for feita, simultaneamente, a respectiva
habilitação;
b) Nos instrumentos relativos a prédios situados em concelho onde não tenha vigorado o registo obrigatório, que titulem o
primeiro acto de transmissão ocorrido após 1 de Outubro de 1984, se for exibido documento comprovativo ou feita justificação
simultânea do direito da pessoa de quem se adquire.

Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo

Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo

O princípio do trato sucessivo pretende assegurar a continuidade do registo, e garantir a quem possui uma
inscrição de aquisição ou reconhecimento de direito suscetível de ser transmitido a certeza de que não pode haver
nova inscrição definitiva lavrada sem a sua intervenção.

"Trato sucessivo" é sinal de encadeamento de inscrições de titulares do direito, de maneira que todos os atos
dispositivos tomem um encadeamento perfeito, aparecendo registados como se derivassem uns dos outros.
Através da continuidade, o princípio garante a certeza da história da situação jurídica da coisa desde o início
(descrição), até ao momento de cada novo ato de registo, exigindo e traduzindo um nexo ininterrupto de continuidade
entre os vários sujeitos que aparecem investidos de poderes sobre a coisa.

Trata-se de um princípio fundamental para que se possa alcançar um elevado grua de credibilidade e de certeza.
Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo

O princípio tem consagração expressa no artigo 34º, nºs. 1 e 2 do CRP. Contempla, assim, tanto o ingresso no
registo, como o que tipicamente constitui trato sucessivo, a continuidade do registo com a garantia que lhe é
inerente.

(ninguém pode transmitir o que não tem)

Ressalvada a aquisição originária, o direito do adquirente tem de basear-se no do transmitente.


Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo

O princípio do trato sucessivo previsto no artigo 34,º do CRP, apresenta duas vertentes ou modalidades:

relativa prédios não descritos ou


O da inscrição prévia descritos mas sem inscrição de
aquisição em vigor

Princípio do trato Se existir sobre o prédio registo de


aquisição em vigor, é necessário a
sucessivo intervenção do titular inscrito para
pode ser lavrada nova inscrição, seja
de aquisição, seja de ónus ou
encargos
O da continuidade de
inscrições
Tratando-se de aquisição tem de
haver uma continuidade de
inscrições correspondentes aos “elos
da cadeia” das sucessivas aquisições
derivadas

Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo

Artigo 34.º CRP


Princípio do trato sucessivo
1 - O registo definitivo de constituição de encargos por negócio jurídico depende da prévia inscrição dos bens em
nome de quem os onera.
2 - O registo definitivo de aquisição de direitos depende da prévia inscrição dos bens em nome de quem os
transmite, quando o documento comprovativo do direito do transmitente não tiver sido apresentado perante o
serviço de registo.
3 - A inscrição prévia referida no número anterior é sempre dispensada no registo de aquisição com base em
partilha.
4 - No caso de existir sobre os bens registo de aquisição ou reconhecimento de direito suscetível de ser transmitido
ou de mera posse, é necessária a intervenção do respetivo titular para poder ser lavrada nova inscrição definitiva,
salvo se o facto for consequência de outro anteriormente inscrito.

Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo
Dispensa de inscrição intermédia

O art.º 35.º do CRP dispensa a inscrição intermédia em nome dos titulares ou direitos que façam parte de herança
indivisa.

Artigo 35.º CRP


Dispensa de inscrição intermédia
É dispensada a inscrição intermédia em nome dos titulares de bens ou direitos que façam parte de herança indivisa.

Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo

Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo

Nos termos do artigo 4.º do Código do Registo Predial, os factos sujeitos a registo, ainda que não registados,
podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros, com exceção da constituição de hipoteca cuja
eficácia, entre as próprias partes, depende da realização do registo.

Diz-nos este princípio qual é o resultado, qual é o valor da inscrição registal e qual o efeito útil que produz
tanto para as partes como para com terceiros, mormente no tocante à constituição e à eficácia do direito real a que
o assento de registo se refere.

Artigo 4.º CRP


Eficácia entre as partes
1 - Os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros.
2 - Excetuam-se os factos constitutivos de hipoteca cuja eficácia, entre as próprias partes, depende da realização do registo.

Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo

O registo não é constitutivo de direitos, é apenas declarativo, já que o seu primeiro fim é, precisamente, dar
publicidade à situação jurídica dos prédios, e não atribuir a propriedade à pessoa que nele aparece inscrita como
proprietária, pois a titularidade do direito de propriedade advém da própria validade de aquisição, não da inscrição
do registo, só excecionalmente é constitutivo.

Acresce que o Código Civil estabelece [art.ºs 408º, n.º 1 e 1317.º,a)] que os direitos reais se constituem “por
mero efeito do contrato”.

Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Casos em que o registo é constitutivo

Caso da Hipoteca – segundo o artigo 678.º do C. Civil, para que a hipoteca produza efeitos, mesmo entres as
partes, necessita de ser registada

Artigo 687.º CC
(Registo)
A hipoteca deve ser registada, sob pena de não produzir efeitos, mesmo em relação às partes

A necessidade do registo da hipoteca funda-se nas exigências impostas pela segurança do comércio jurídico,
pois conferindo-se ao credor que goze de hipoteca o direito a ser pago, pelo valor de imóvel, com preferência a
outros credores, impõe-se que, através do registo predial, qualquer pessoa possa ter acesso à situação do prédio,
exigências que se verificam tanto no momento da constituição da hipoteca como para qualquer ato que à
hipoteca se reporte e implique qualquer alteração da mesma, nomeadamente havendo transmissão da hipoteca.

Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Casos em que o registo é constitutivo

Caso da penhora que se realiza através do registo.


O fim da ação executiva é o de conseguir para o credor a mesma prestação, o mesmo benefício, que lhe traria o
cumprimento voluntário da obrigação por parte do devedor. Porém, quando o devedor não cumpre a obrigação,
torna-se necessário que esta se efetive pelo valor que representa no seu património. Para este autor, a penhora
traduz-se num desapossamento de bens do devedor, constituindo um ato que retira da disponibilidade material do
devedor e subtrai, relativamente à sua disponibilidade jurídica, bens do seu património.
De acordo com o artigo 822.º do CC, o exequente adquire pela penhora o direito a ser pago com preferência a
qualquer outro credor que não tenha garantia real anterior.

Artigo 822.º CC
(Preferência resultante da penhora)
1. Salvo nos casos especialmente previstos na lei, o exequente adquire pela penhora o direito de ser pago com
preferência a qualquer outro credor que não tenha garantia real anterior.
2. Tendo os bens do executado sido previamente arrestados, a anterioridade da penhora reporta-se à data do
arresto.
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Casos em que o registo é constitutivo

Serão ainda outros casos, como o do destaque de uma parcela para construção nos termos consentidos
pela lei do loteamento.

Há certos factos em que o registo, se não tem um claro efeito constitutivo do direito, assume pelo menos
uma natureza de pressuposto para o seu exercício.

Do registo do loteamento Do da propriedade horizontal.

Tratar-se-á do que denominamos um efeito constitutivo indireto ou semi-constitutivo.


Afigura-se mais adequado dizer que o sistema registal português é em parte declarativo e em parte
constitutivo.
Delfim Costa
Princípio da oponibilidade

Delfim Costa
Princípio da oponibilidade

Como já referimos, decorre do artigo 7.º do CRP…

Artigo 7.º CRP


Presunções derivadas do registo
O registo definitivo constitui presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, nos precisos termos em que
o registo o define.

Estipula o n.º 1 do artigo 5.º do CRP…


“Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois da data do respetivo registo.”

Este princípio respeita aos efeitos do registo e à sua eficácia para com terceiros.
(oponibilidade erga omnes)

Delfim Costa
Princípio da oponibilidade

Há outras disposições que também respeitam aos efeitos do registo e à eficácia para com terceiros,
designadamente:
- Os art.ºs 17.º, n.º 2 e 122.º do CRPredial;
- E art.º 291º do Código Civil.

Artigo 17.º CRP


Declaração da nulidade
1 - A nulidade do registo só pode ser invocada depois de declarada por decisão judicial com trânsito em julgado.
2 - A declaração de nulidade do registo não prejudica os direitos adquiridos a título oneroso por terceiro de boa fé, se o
registo dos correspondentes factos for anterior ao registo da ação de nulidade.
3 - A ação judicial de declaração de nulidade do registo pode ser interposta por qualquer interessado e pelo Ministério
Público, logo que tome conhecimento do vício.
Artigo 122.º CRP
Efeitos da retificação
A retificação do registo não prejudica os direitos adquiridos a título oneroso por terceiros de boa fé, se o registo dos
factos correspondentes for anterior ao registo da retificação ou da pendência do respetivo processo.
Delfim Costa
Princípio da oponibilidade

Artigo 291.º CC
(Inoponibilidade da nulidade e da anulação)
1. A declaração de nulidade ou a anulação do negócio jurídico que respeite a bens imóveis, ou a móveis sujeitos a
registo, não prejudica os direitos adquiridos sobre os mesmos bens, a título oneroso, por terceiro de boa fé, se o registo
da aquisição for anterior ao registo da acção de nulidade ou anulação ou ao registo do acordo entre as partes acerca
da invalidade do negócio.
2. Os direitos de terceiro não são, todavia, reconhecidos, se a acção for proposta e registada dentro dos três anos
posteriores à conclusão do negócio.
3. É considerado de boa fé o terceiro adquirente que no momento da aquisição desconhecia, sem culpa, o vício do
negócio nulo ou anulável.

Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois de registados.

Delfim Costa
Princípio da oponibilidade

Presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito

Pode ser ilidível nos termos do artigo 350,º do C. Civil cabendo o ónus da prova a quem quiser provar o contrário,
impugnando os factos judicialmente e pedindo simultaneamente o cancelamento do registo 8º e 13º do CRP.

Então podemos dizer que o nosso sistema de registo é um sistema de mera inoponibilidade, sendo o registo
condição de eficácia perante terceiros dos factos a ele sujeitos. Mas do registo deriva a presunção iuris tantum
(relativa), de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, nos precisos termos em que o registo o define.

Delfim Costa
Princípio da prioridade

Delfim Costa
Princípio da prioridade

O princípio da prioridade, consagrado no artigo 6º do CRP, estabelece a prevalência do direito inscrito em


primeiro lugar sobre os que se lhe seguirem com referência aos mesmos bens. A prevalência dá-se em relação
aos direitos inscritos em primeiro lugar sobre os que, por ordem da data do respetivo registo, se lhes seguirem
relativamente aos mesmos bens.

Artigo 6.º CRP


Prioridade do registo
1 - O direito inscrito em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe seguirem relativamente aos mesmos bens, por
ordem da data dos registos e, dentro da mesma data, pela ordem temporal das apresentações correspondentes.
2 - [Revogado].
3 - O registo convertido em definitivo conserva a prioridade que tinha como provisório.
4 - Em caso de recusa, o registo feito na sequência de recurso julgado procedente conserva a prioridade
correspondente à apresentação do ato recusado.

Delfim Costa
Princípio da prioridade

A prioridade do registo determina, assim, ou a exclusão do direito posteriormente registado quando se


trate de direitos incompatíveis, ou a prioridade de graduação nos casos em que se não excluem mutuamente.
A prioridade tem uma importância fundamental no sistema de registo predial: pode determinar seja o total
afastamento das consequências e dos efeitos de inscrições posteriores, seja o grau de preferências que as há-de
regular.

Delfim Costa
Princípio da prioridade

Como se determina a prioridade

É sempre a apresentação com a sua data e número de ordem, que fixa o grau prioritário do registo, nada
importando o momento em que o registo é lavrado, tenha ou não sido deferida a urgência, esteja ou não a
conservatória “em dia”, tenha ou não sido cumprida a “regra de ordem” prevista no nº 1 do art.º 75.º in fine.

Artigo 75.º CRP


Prazo e ordem dos registos
1 - Os registos são efetuados no prazo de 10 dias e pela ordem de anotação no diário, salvo nos casos de urgência.
2 - Em relação a cada ficha, os registos são efetuados pela ordem temporal das apresentações no diário.
3 - Nos casos de urgência o registo deve ser efetuado no prazo máximo de um dia útil, sem subordinação à ordem de
anotação no diário, mas sem prejuízo da ordem a respeitar em cada ficha.
4 - Se a anotação dos factos constantes do pedido não corresponder à ordem da respetiva dependência, deve esta ser
seguida na feitura dos registos.
5 - Sem prejuízo do disposto no n.º 2, fica excluída da subordinação à ordem de anotação no diário a feitura dos
registos a que deva ser aplicado o mecanismo do suprimento de deficiências, nos termos do artigo 73.º
Delfim Costa
Princípio da prioridade

Regra da reserva de prioridade que é obtida através do registo provisório.

Artigo 6.º CRP


Prioridade do registo
1 - O direito inscrito em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe seguirem relativamente aos mesmos bens, por ordem da data
dos registos e, dentro da mesma data, pela ordem temporal das apresentações correspondentes.
2 - [Revogado].
3 - O registo convertido em definitivo conserva a prioridade que tinha como provisório.
4 - Em caso de recusa, o registo feito na sequência de recurso julgado procedente conserva a prioridade correspondente à
apresentação do ato recusado.

Deste modo, é possível aos interessados obter desde o registo provisório (quer por natureza quer por dúvidas) e
se usarem da diligência de o converter atempadamente, uma imediata proteção prioritária do seu direito.

Ou seja: a definição do grau prioritário vai ser dada não quando o registo se converter em definitivo mas logo na
altura em que ainda é provisório.
Delfim Costa
Princípio da prioridade

Uma idêntica reserva de prioridade não já para provisoriedade do registo, mas sim para a hipótese

da recusa em o lavrar - ou melhor, no caso de proceder o recurso contra tal recusa.

Artigo 6.º CRP


Prioridade do registo
1 - O direito inscrito em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe seguirem relativamente aos mesmos bens, por ordem da
data dos registos e, dentro da mesma data, pela ordem temporal das apresentações correspondentes.
2 - [Revogado].
3 - O registo convertido em definitivo conserva a prioridade que tinha como provisório.
4 - Em caso de recusa, o registo feito na sequência de recurso julgado procedente conserva a prioridade correspondente à
apresentação do ato recusado.

Delfim Costa
Princípio da prioridade

Mas para que a situação tabular não iluda quem entretanto consulte o registo, o Código estabeleceu um
“mecanismo” de alerta e de salvaguarda de uma publicidade verídica - insusceptível de que terceiros sejam induzidos
em erro.

A RECUSA É ANOTADA NA FICHA

Artigo 69.º CRP


Recusa do registo
1 - O registo deve ser recusado nos seguintes casos:
a) [Revogada];
b) Quando for manifesto que o facto não está titulado nos documentos apresentados;
c) Quando se verifique que o facto constante do documento já está registado ou não está sujeito a registo;
d) Quando for manifesta a nulidade do facto;
e) Quando o registo já tiver sido lavrado como provisório por dúvidas e estas não se mostrem removidas;
f) [Revogada];
g) Quando o preparo não tiver sido completado.
2 - Além dos casos previstos no número anterior, o registo só pode ser recusado se, por falta de elementos ou pela natureza do ato, não
puder ser feito como provisório por dúvidas.
3 - No caso de recusa é anotado na ficha o ato recusado a seguir ao número, data e hora da respetiva apresentação.
Delfim Costa
Princípio da prioridade

A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO TAMBÉM O É

Artigo 148.º CRP


Efeitos da impugnação
1 - A interposição de recurso hierárquico ou a impugnação judicial devem ser imediatamente anotadas, a seguir à anotação da
recusa ou ao registo provisório.
2 - São ainda anotadas a improcedência ou a desistência da impugnação, bem como, sendo caso disso, a deserção do recurso ou a sua
paragem durante mais de 30 dias por inércia do recorrente.
3 - Com a propositura da ação ou a interposição de recurso hierárquico fica suspenso o prazo de caducidade do registo provisório até
lhe serem anotados os factos referidos no número anterior.
4 - Proferida decisão final que julgue insubsistente a recusa da prática do ato nos termos requeridos, o conservador deve lavrar o
registo recusado, com base na apresentação correspondente, ou converter oficiosamente o registo provisório.
5 - Proferida decisão final de que resulte a insubsistência da qualificação impugnada com fundamento na inobservância do disposto no
artigo 73.º ou na preterição de formalidades essenciais, o conservador deve anotar a procedência da impugnação e inutilizar a
anotação de recusa ou o registo efetuado provisoriamente, com menção de pendência de qualificação.

Estas anotações oficiosas, que passam obrigatoriamente a constar do registo, servem portanto para dar a conhecer
a todos que, com base em determinada apresentação, houve uma recusa e que (se a final for julgada indevida) pode vir
dar lugar a um registo com a prioridade correspondente à dessa apresentação.
Delfim Costa
Princípio da prioridade

Desde então, o artigo 6.º-A do Decreto-Lei n.º 519-F2/79, de 29 de Dezembro, introduzido pelo artigo 18.º do
Decreto-Lei n.º 116/2008, dispõe que «os actos de registo predial podem ser efectuados e os respectivos meios de
prova obtidos em qualquer serviço do registo predial, independentemente da sua localização geográfica» – o que,
embora não tenha representado a abolição do princípio da descentralização geográfica, o atenuou claramente,
isentando os cidadãos de muitos dos incómodos dele resultantes.

Artigo 41.º-B CRP


Modalidades do pedido
O pedido de registo pode ser efetuado pessoalmente, por via eletrónica ou por correio.

Delfim Costa
Princípio da prioridade

O que é primeiro no tempo é melhor no direito.

Não se trata da prioridade da criação do direito no sentido de que o primeiramente constituído prevalece sobre
que o nasceu depois, mas sim na de que o registado em primeiro lugar tem prevalência - ou deve ser graduado
primeiramente.

Delfim Costa
Princípio da fé pública

Delfim Costa
Princípio da fé pública

O princípio da fé pública, inscrito no artigo 7º do CRP, traduz o valor pressuposto e inerente à publicidade do
registo: uma presunção de verdade ou de exatidão do registo que constitui um outro modo de compreensão do
principal dos efeitos substantivos do registo predial.

FÉ PÚBLICA

Presunção de verdade dada aos atos emanados por autoridade pública ou oficial público

Delfim Costa
Princípio da tipicidade

Delfim Costa
Princípio da tipicidade

O princípio da tipicidade significa que os factos sujeitos a registo estão expressamente enumerados na lei -
artigos 2º e 3º do CRP. A subordinação ao sistema de numerus clausus, tradicional na construção do sistema
nacional de registo predial, corresponde, de certo modo, ao sistema substantivo no que respeita à constituição dos
direitos reais.

Artigo 2.º CRP


Factos sujeitos a registo
1 - Estão sujeitos a registo:
a) Os factos jurídicos que determinem a constituição, o reconhecimento, a aquisição ou a modificação dos direitos de propriedade,
usufruto, uso e habitação, superfície ou servidão;
b) Os factos jurídicos que determinem a constituição ou a modificação da propriedade horizontal e do direito de habitação
periódica;
c) Os factos jurídicos confirmativos de convenções anuláveis ou resolúveis que tenham por objeto os direitos mencionados na
alínea a);
d) As operações de transformação fundiária resultantes de loteamento, de estruturação de compropriedade e de reparcelamento,
bem como as respetivas alterações;
e) A mera posse;
f) A promessa de alienação ou oneração, os pactos de preferência e a disposição testamentária de preferência, se lhes tiver sido
atribuída eficácia real, bem como a cessão da posição contratual emergente desses factos; Delfim Costa
g) A cessão de bens aos credores;
h) A hipoteca, a sua cessão ou modificação, a cessão do grau de prioridade do respetivo registo e a consignação de rendimentos;
i) A transmissão de créditos garantidos por hipoteca ou consignação de rendimentos, quando importe transmissão de garantia;
j) A afetação de imóveis ao caucionamento das reservas técnicas das companhias de seguros, bem como ao caucionamento da
responsabilidade das entidades patronais;
l) A locação financeira e as suas transmissões;
m) O arrendamento por mais de seis anos e as suas transmissões ou sublocações, excetuado o arrendamento rural;
n) A penhora e a declaração de insolvência;
o) O penhor, a penhora, o arresto e o arrolamento de créditos garantidos por hipoteca ou consignação de rendimentos e quaisquer
outros atos ou providências que incidam sobre os mesmos créditos;
p) A apreensão em processo penal;
q) A constituição do apanágio e as suas alterações;
r) O ónus de eventual redução das doações sujeitas a colação;
s) O ónus de casa de renda limitada ou de renda económica sobre os prédios assim classificados;
t) O ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola;
u) A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis
situados nas zonas marginais das estradas nacionais ou abrangidos por planos de melhoramentos municipais;
v) Quaisquer outras restrições ao direito de propriedade, quaisquer outros encargos e quaisquer outros factos sujeitos por lei a
registo;
x) A concessão em bens do domínio público e as suas transmissões, quando sobre o direito concedido se pretenda registar
hipoteca;
z) Os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus ou encargos registados;
aa) O título constitutivo do empreendimento turístico e suas alterações.
2 - O disposto na alínea a) do número anterior não abrange a comunicabilidade de bens resultante do regime matrimonial
Delfim Costa
Princípio da tipicidade

Artigo 3.º CRP


Ações, decisões, procedimentos e providências sujeitos a registo
1 - Estão igualmente sujeitos a registo:
a)As ações que tenham por fim, principal ou acessório, o reconhecimento, a constituição, a modificação ou a extinção de algum dos
direitos referidos no artigo anterior, bem como as ações de impugnação pauliana;
b) As ações que tenham por fim, principal ou acessório, a reforma, a declaração de nulidade ou a anulação de um registo ou do seu
cancelamento;
c) As decisões finais das ações referidas nas alíneas anteriores, logo que transitem em julgado;
d) Os procedimentos que tenham por fim o decretamento do arresto e do arrolamento, bem como de quaisquer outras
providências que afetem a livre disposição de bens;
e) As providências decretadas nos procedimentos referidos na alínea anterior.
2 - [Revogado].
3 - [Revogado].

Delfim Costa
Princípio da publicidade

Delfim Costa
Princípio da publicidade

Resulta do artigo 1.º do CRP que o mesmo, tem como finalidade essencial "dar publicidade à situação jurídica
dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico imobiliário".
Na verdade, "os registos existem para dar publicidade“.

Por conseguinte, que a finalidade principal do registo é a segurança do tráfego e só de maneira depois a
segurança dos direitos.

Delfim Costa
Princípio da publicidade

Com efeito, a finalidade primária da publicidade registal parece consistir na proteção do tráfego e na agilização
e facilitação das transações imobiliárias "ao suprir com a garantia dada pela consulta de um registo público, as
complexas indagações sobre a titularidade dos direitos que, de outro modo, seria necessário levar a cabo".

Artigo 1.º CRP


Fins do registo
O registo predial destina-se essencialmente a dar publicidade à situação jurídica dos prédios, tendo em vista a
segurança do comércio jurídico imobiliário.

CARÁTER PÚBLICO DO REGISTO

Delfim Costa
Princípio da publicidade

Artigo 104.º CRP


Caráter público do registo
Qualquer pessoa pode pedir certidões dos atos de registo e dos documentos arquivados, bem como obter
informações verbais ou escritas sobre o conteúdo de uns e de outros.

MEIOS DE PUBLICIDADE E DE PROVA DO REGISTO PREDIAL

CERTIDÕES

Delfim Costa
Princípio da publicidade

O registo prova-se por meio de certidões.


A validade das certidões é de um de um ano podendo ser revalidadas por períodos de igual duração, se a sua
informação se mantiver atual.
As certidões podem ser disponibilizadas em suporte papel e eletrónico (a chamada certidão permanente).

Artigo 110.º CRP


Certidões
1 - O registo prova-se por meio de certidões.
2 - As certidões são válidas por um período de seis meses, podendo ser revalidadas por períodos de igual duração se a sua
informação se mantiver atual.
3 - As certidões podem ser disponibilizadas em suporte eletrónico, nos termos a definir por portaria do membro do Governo
responsável pela área da justiça.
4 - As certidões disponibilizadas nos termos do número anterior fazem prova para todos os efeitos legais e perante qualquer
autoridade pública ou entidade privada, nos mesmos termos da correspondente versão em suporte de papel.
5 - Faz igualmente prova para todos os efeitos legais e perante qualquer autoridade pública ou entidade privada a disponibilização
da informação constante da certidão em sítio da Internet, em termos a definir por portaria do membro do Governo responsável
pela área da justiça.
6 - Por cada processo de registo é disponibilizado gratuitamente, pelo período de três meses, o serviço referido no número anterior,
salvo se o requerente optar pela disponibilização gratuita de uma cópia não certificada dos registos efetuados.
7 - [Revogado]. Delfim Costa
Princípio da publicidade

Competência para a emissão de certidões - As certidões podem ser emitidas por qualquer serviço de registo.

No entanto, as certidões negativas tem de ser confirmadas pelo serviço de registo da área da situação do
prédio, pois é nesta conservatória que existem os elementos de busca designadamente os verbetes reais e pessoais
e os livros índice.

As certidões de documentos e despachos são enviadas pelo serviço de registo da área da situação do prédio,
enquanto estes documentos não se encontrarem digitalizados.

Artigo 110.º -A CRP


Competência para a emissão
1 - As certidões e as cópias não certificadas de registos podem ser emitidas e confirmadas por qualquer serviço de registo.
2 - As certidões negativas de registos têm de ser confirmadas pelo serviço de registo da área da situação do prédio.
3 - Enquanto as condições técnicas não permitirem a sua emissão por qualquer serviço de registo, as certidões de documentos ou
despachos são enviadas pelo serviço de registo da área da situação do prédio.
4 - Para a emissão dos documentos referidos nos números anteriores é competente o conservador e qualquer oficial dos registos.
Delfim Costa
Princípio da publicidade

Modalidades do pedido: Artigo 41.º-B CRP


Modalidades do pedido
• Pessoalmente; O pedido de registo pode ser efetuado pessoalmente, por via eletrónica ou por correio.
• Por via eletrónica;
• Pelo correio;
• Por telecópia; e
• Por via imediata.

Artigo 111.º CRP


Pedido de certidão
1 - As certidões podem ser pedidas verbalmente ou por escrito.
2 - Os modelos dos pedidos de certidões requisitadas por escrito são aprovados por despacho do presidente do Instituto dos
Registos e do Notariado, I. P.
3 - O pedido de certidão pode ser efetuado por qualquer uma das modalidades previstas no artigo 41.º-B.
4 - Os pedidos de certidão devem conter, além da identificação do requerente, o número da descrição, a freguesia e o concelho
dos prédios ou frações autónomas a que respeitem.
5 - Tratando-se de prédio não descrito deve indicar-se a natureza do prédio, a sua situação, as confrontações, o artigo da matriz e
o nome, estado e residência do proprietário ou possuidor atual, bem como dos dois imediatamente anteriores, salvo, quanto a
estes, se o requerente alegar no pedido as razões justificativas do seu desconhecimento.
6 - Se o pedido respeitar a quota-parte de prédio não descrito e indiviso, deve conter o nome, estado e, sendo casado, o nome do
cônjuge de todos os comproprietários.
Delfim Costa
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As certidões de registo devem conter:


• A reprodução das descrições e dos atos de registo em vigor respeitantes aos prédios em causa, salvo se
tiverem sido pedidas com referência a todos os atos de registo;
• A menção das apresentações pendentes sobre o prédio em causa;
• As irregularidades ou deficiências de registo não retificadas;

Artigo 112.º CRP


Conteúdo da certidão
1 - As certidões de registo devem conter:
a) A reprodução das descrições e dos atos de registo em vigor respeitantes aos prédios em causa, salvo se tiverem sido pedidas
com referência a todos os atos de registo;
b) A menção das apresentações pendentes sobre o prédio em causa;
c) As irregularidades ou deficiências de registo não retificadas;
d) Os documentos arquivados para os quais os registos remetam.
2 - Se as condições técnicas o permitirem, podem ser emitidas certidões com referência a determinados atos de registo ou partes
de documentos.
3 - Se for encontrado um prédio descrito que apenas ofereça semelhança com o identificado no pedido, é passada certidão
daquele, com menção desta circunstância, devendo, neste caso, os interessados declarar, nos instrumentos ou termos processuais a
que a certidão se destine, se existe relação entre ambos os prédios.
Delfim Costa
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Tratando-se de certidão negativa, se for encontrado um prédio descrito que apenas ofereça semelhança com o
identificado no pedido, é passada certidão daquele, com menção desta circunstância, devendo, neste caso, os
interessados declarar, nos instrumentos ou termos processuais a que certidão se destine, se existe relação entre
ambos os prédios

Artigo 112.º CRP


Conteúdo da certidão
1 - As certidões de registo devem conter:
a) A reprodução das descrições e dos atos de registo em vigor respeitantes aos prédios em causa, salvo se tiverem sido pedidas
com referência a todos os atos de registo;
b) A menção das apresentações pendentes sobre o prédio em causa;
c) As irregularidades ou deficiências de registo não retificadas;
d) Os documentos arquivados para os quais os registos remetam.
2 - Se as condições técnicas o permitirem, podem ser emitidas certidões com referência a determinados atos de registo ou partes
de documentos.
3 - Se for encontrado um prédio descrito que apenas ofereça semelhança com o identificado no pedido, é passada
certidão daquele, com menção desta circunstância, devendo, neste caso, os interessados declarar, nos
instrumentos ou termos processuais a que a certidão se destine, se existe relação entre ambos os prédios.
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Emissão da certidão:
➢ As certidões são emitidas imediatamente, exceto se do pedido constar um termo inicial diferente.
➢ As certidões negativas são emitidas no prazo máximo de um dia útil.
A passagem da certidão só pode ser recusada quando:
➢ O pedido não contiver os elementos do artigo 111.º;
➢ Se o prédio não estiver sujeito a registo.
➢ Se o pedido for genérico.

Artigo 113.º CRP


Emissão ou recusa de certidões
1 - As certidões são emitidas imediatamente após a receção do pedido, quando deste não conste um termo inicial diferente.
2 - As certidões negativas de registos são emitidas no prazo máximo de um dia útil.
3 - Sem prejuízo de outros fundamentos de recusa de emissão de certidão previstos na lei, a emissão da certidão deve ser recusada
nos casos seguintes:
a) Se o pedido não contiver os elementos previstos nos n.os 4 a 6 do artigo 111.º;
b) Se o prédio não estiver sujeito a registo.

Delfim Costa
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Impugnação da recusa da passagem das certidões


➢ O interessado tem o direito de pedir a condenação na passagem de certidão, quando tenha sido
recusada, quer pela via do recurso hierárquico quer pela via judicial.
➢ O prazo para a impugnação é de 30 dias a contar da comunicação do despacho de recusa.

Artigo 147.º-C CRP


Impugnação da recusa de emissão de certidões
1 - Assiste ao interessado o direito de recorrer hierarquicamente ou de impugnar judicialmente a recusa da emissão de certidão.
2 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, ao recurso hierárquico a que se refere o número anterior é aplicável, com as
necessárias adaptações, o disposto no n.º 1 do artigo 141.º e nos artigos 142.º, 142.º-A e 144.º
3 - No recurso hierárquico a que se refere o presente artigo, os prazos estabelecidos nos n.os 1 e 3 do artigo 142.º-A e no n.º 1 do
artigo 144.º são reduzidos a cinco, dois e 30 dias, respetivamente.
4 - O prazo para a interposição do recurso hierárquico conta-se a partir da comunicação do despacho de recusa.
5 - Ao recurso hierárquico previsto nos números anteriores é aplicável, subsidiariamente, o disposto no Código do Procedimento
Administrativo.
6 - A impugnação judicial prevista no n.º 1 é dirigida ao tribunal administrativo com jurisdição sobre a área da circunscrição da
conservatória e rege-se pelo disposto na legislação processual aplicável.

Delfim Costa
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Impugnação da recusa da passagem das certidões

Conservador remete para


impugnação judicial tribunal via eletrónica
(5 dias)

Impugnação apresentada
no Serviço de Registo que
proferiu decisão Conservador repara a
(30 dias) decisão
(5dias)
interposição de recurso
hierárquico para o conselho
diretivo do Instituto dos
Registos e do Notariado, I.P.
Conservador mantem a
decisão
(5dias)

A interposição da impugnação judicial faz precludir o direito de interpor recurso hierárquico e equivale à desistência deste, quando já interposto.

Delfim Costa
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Impugnação da recusa da passagem das certidões


recurso hierárquico deferido,
deve ser dado cumprimento à
decisão no próprio dia
Envia para o conselho diretivo (30 dias)
Conservador mantem a do Instituto dos Registos e do
decisão Notariado, I.P.
(2 dias)
recurso hierárquico
indeferido.
(30 dias)

impugnação judicial
Conservador remete para
recurso hierárquico apresentada no Serviço de
tribunal via eletrónica.
indeferido. Registo que proferiu decisão
(5 dias)
(20 dias)

(ver artigo 140.º e seguintes do CRP) Delfim Costa


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Ao contrário da impugnação judicial referente aos pedidos de registo, que é intentada junto dos tribunais
comuns, a da impugnação judicial referente aos pedidos de certidões, que é intentada junto dos tribunais
administrativos, por ser um ato administrativo.

Artigo 140.º CRP


Admissibilidade da impugnação
1 - A decisão de recusa da prática do ato de registo nos termos requeridos pode ser impugnada mediante a interposição de recurso
hierárquico para o conselho diretivo do Instituto dos Registos e do Notariado, I.P., ou mediante impugnação judicial para o tribunal
da área de circunscrição a que pertence o serviço de registo.
2 - A recusa de retificação de registos só pode ser apreciada no processo próprio regulado neste Código.

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Certidão permanente do registo predial - disponibilização do acesso à informação, em suporte eletrónico e


permanentemente atualizada

Portaria n.º 1513/2008, de 23 de Dezembro

Artigo 1.º
Certidão permanente de registo predial
1 - Designa-se por certidão permanente de registo predial a disponibilização do acesso à informação, em suporte electrónico e
permanentemente actualizada, dos registos em vigor e das apresentações pendentes, respeitantes a prédio descrito.
2 - O acesso previsto no número anterior efectua-se mediante a disponibilização de um código de acesso, que permite a
visualização da informação através da Internet, durante o prazo de validade da certidão permanente.

Pedido e custos:
Internet em www.predialonline.mj.pt …..………………….…………………………………………………15,00€
Verbalmente, em qualquer serviço de registo, com referência a cada prédio …………..….20,00€
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http://www.predialonline.pt/PredialOnline/

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Informação predial simplificada (IPS) – Portaria n.º 54/2011, de 28 de Janeiro

Consiste na disponibilização permanente em suporte eletrónico do acesso a informação não certificada,


existente sobre prédio descrito, extraída de forma automática da respetiva ficha informatizada.

A informação disponibilizada consiste na indicação de elementos essenciais da descrição, dos titulares do


direito de propriedade e de outros direitos restritivos daquele, na simples menção da existência ou não de
hipotecas, de penhoras e de quaisquer outros ónus ou encargos ou de outros factos registados, bem como de
apresentações pendentes.

Pedido:
Através do sítio na Internet com o endereço www.predialonline.mj.pt. ………………….…….………………6,00€
Verbalmente, em qualquer serviço com competência para a prática de atos de registo predial …….10,00€
Delfim Costa
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Informação predial simplificada (IPS) – Portaria n.º 54/2011, de 28 de Janeiro

Artigo 1.º
Informação predial simplificada
1 - Designa-se por informação predial simplificada a disponibilização permanente em suporte electrónico do acesso a informação
não certificada, existente sobre prédio descrito, extraída de forma automática da respectiva ficha informatizada.
2 - A informação disponibilizada nos termos do número anterior consiste na indicação de elementos essenciais da descrição, dos
titulares do direito de propriedade e de outros direitos restritivos daquele, na simples menção da existência ou não de hipotecas, de
penhoras e de quaisquer outros ónus ou encargos ou de outros factos registados, bem como de apresentações pendentes.
3 - O acesso à informação predial simplificada efectua-se mediante a disponibilização de um código de acesso que permite a
visualização da informação através da Internet.
4 - A disponibilização do código a que se refere o número anterior não equivale à entrega de uma certidão de registo predial e não
dispensa a apresentação desta sempre que a lei a exija.

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Informações/ Ficheiro pessoal


➢ Fins do registo = dar publicidade à situação jurídica dos prédios
➢ Sistema registal de base real e não pessoal;
➢ Não podem ser dadas informações com base no ficheiro pessoal.

As bases de dados do registo predial destinam-se a organizar e manter atualizada a informação respeitante à
situação jurídica dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico, não podendo ser utilizada para
qualquer outra finalidade.

Artigo 106.º CRP


Finalidade das bases de dados
As bases de dados do registo predial têm por finalidade organizar e manter atualizada a informação respeitante à situação jurídica
dos prédios, com vista à segurança do comércio jurídico, nos termos e para os efeitos previstos na lei, não podendo ser utilizada
para qualquer outra finalidade com aquela incompatível.

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Do pedido de registo e dos documentos apresentados pelos interessados são recolhidos diversos dados
pessoais …

Artigo 108.º CRP


Dados recolhidos
1 - São recolhidos para tratamento automatizado os seguintes dados pessoais respeitantes aos sujeitos do registo:
a) Nome;
b) Estado civil e, sendo o de solteiro, menção de maioridade ou menoridade;
c) Nome do cônjuge e regime de bens;
d) Residência habitual ou domicílio profissional;
e) Número de identificação fiscal.
2 - Relativamente aos apresentantes dos pedidos de registo, são recolhidos os dados referidos nas alíneas a), d) e e) do número
anterior e ainda os seguintes:
a) Número do documento de identificação ou da cédula profissional;
b) Número de identificação bancária, se disponibilizado pelo apresentante.
3 - São ainda recolhidos quaisquer outros dados referentes à situação jurídica dos prédios.

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Dados referentes à situação jurídica dos prédios:

Podem ser comunicados a qualquer pessoa, desde que indique o número da descrição predial ou qualquer
outro elemento de busca referente ao prédio, como por exemplo, o artigo da matriz ou o nome da rua onde se
situa o prédio.

Dados pessoais:

Qualquer pessoa tem o direito a ser informada sobre os dados pessoais que lhe respeitem e a respetiva
finalidade.
Os dados pessoais podem ser comunicados aos organismos e serviços do Estado e demais pessoas coletivas de
direito público para a prossecução das respetivas atribuições legais e estatutárias.

Delfim Costa
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Artigo 109.º-A CRP


Comunicação de dados
1 - Os dados referentes à situação jurídica de qualquer prédio constantes das bases de dados podem ser
comunicados a qualquer pessoa que o solicite, nos termos previstos neste Código.
2 - Os dados pessoais referidos no n.º 1 do artigo 108.º podem ainda ser comunicados aos organismos e serviços
do Estado e demais pessoas coletivas de direito público para prossecução das respetivas atribuições legais e
estatutárias.
3 - Às entidades referidas no número anterior pode ser autorizada a consulta através de linha de transmissão de
dados, garantido o respeito pelas normas de segurança da informação e da disponibilidade técnica.
4 - A consulta referida no número anterior depende da celebração de protocolo com o Instituto dos Registos e do
Notariado, I. P., que defina os seus limites, face às atribuições legais e estatutárias das entidades interessadas.
5 - A informação pode ser divulgada para fins de investigação científica ou de estatística, desde que não possam
ser identificáveis as pessoas a que respeita.

Delfim Costa
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Acesso direto aos dados

No âmbito da prossecução das suas funções, podem aceder diretamente aos dados pessoais e à situação
jurídica dos prédios:

Artigo 109.º-B CRP


Condições da comunicação de dados
1 - Podem aceder diretamente aos dados referidos nos n.os 1 e 2 do artigo 109.º-A:
a) Os magistrados judiciais e do Ministério Público, no âmbito da prossecução das suas atribuições;
b) As entidades que, nos termos da lei processual, recebam delegação para a prática de atos de inquérito ou instrução ou a
quem incumba cooperar internacionalmente na prevenção e repressão da criminalidade e no âmbito dessas competências;
c) As entidades com competência legal para garantir a segurança interna e prevenir a sabotagem, o terrorismo, a
espionagem e a prática de atos que, pela sua natureza, podem alterar ou destruir o Estado de direito constitucionalmente
estabelecido, no âmbito da prossecução dos seus fins.
2 - As condições de acesso direto pelas entidades referidas no número anterior são definidas por despacho do presidente do
Instituto dos Registos e do Notariado, I. P.
3 - As entidades autorizadas a aceder diretamente aos dados obrigam-se a adotar todas as medidas necessárias à estrita
observância das regras de segurança estabelecidas na Lei n.º 67/98, de 26 de outubro.
4 - As entidades referidas na alínea a) do n.º 1 podem fazer-se substituir por funcionários por si designados.
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Acesso direto aos dados

Agente de execução - O Código de Processo Civil permite a consulta das bases de dados das conservatórias do
registo predial, pelo AE, para descoberta dos bens.

Artigo 749.º CPC


Diligências prévias à penhora
1 - A realização da penhora é precedida das diligências que o agente de execução considere úteis à identificação ou localização
de bens penhoráveis, observado o disposto no n.º 2 do artigo 751.º, a realizar no prazo máximo de 20 dias, procedendo este,
sempre que necessário, à consulta, nas bases de dados da administração tributária, da segurança social, das conservatórias do
registo predial, comercial e automóvel e de outros registos ou arquivos semelhantes, de todas as informações sobre a identificação
do executado junto desses serviços e sobre a identificação e a localização dos seus bens.
2 - As informações sobre a identificação do executado referidas no número anterior apenas incluem:
a) O nome, o número de identificação fiscal e o domicílio fiscal relativamente às bases de dados da administração tributária;
b) O nome e os números de identificação civil ou de beneficiário da segurança social, relativamente às bases de dados das
conservatórias do registo predial, comercial e automóvel e de outros registos ou arquivos semelhantes ou da segurança social,
respetivamente.
3-…

Delfim Costa
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SIGILO

Os funcionários dos registos e notariado que tenham conhecimento de dados pessoais, registados nas bases de
dados do registo predial, ficam obrigados ao sigilo profissional.

Artigo 109.º-F CRP


Sigilo
1 - A comunicação ou a revelação dos dados pessoais registados na base de dados só podem ser efetuadas nos
termos previstos neste Código.
2 - Os funcionários dos registos e do notariado, bem como as pessoas que, no exercício das suas funções,
tenham conhecimento dos dados pessoais registados nas bases de dados do registo predial, ficam obrigados a
sigilo profissional, nos termos do n.º 1 do artigo 17.º da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos
do
registo

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

O sistema registal português, como já se referiu, encontra-se organizado com base no prédio e tem por
finalidade dar publicidade à situação jurídica dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico
imobiliário.
É através das inscrições registais que se fica a saber a situação jurídica dos prédios. Quanto à sua natureza,
estas podem ser definitivas ou provisórios e, sendo provisórias, podem-no ser por natureza ou por dúvidas ou,
ainda, por natureza e dúvidas.
As inscrições provisórias estão, regra geral, sujeitas a prazo de caducidade.

Ao contrário, as inscrições qualificadas como definitivas não estão, regra geral, sujeitas a qualquer prazo de
caducidade. Porém, quer num caso quer noutro, as inscrições podem cessar os seus efeitos por diversos motivos, o
que vale por dizer que os efeitos do registo estão sujeitos a cessação.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

São diversas as causas pelas quais os efeitos do registo podem cessar. Nos termos do artigo 10.º do C.R.P, os
efeitos do registo cessam por transferência mediante novo registo, por caducidade ou cancelamento.

CAUSAS DE
CESSAÇÃO

NOVO REGISTO CADUCIDADE CANCELAMENTO

Artigo 10.º CRP


Transferência e extinção
Os efeitos do registo transferem-se mediante novo registo e extinguem-se por caducidade ou cancelamento.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

A extinção dos efeitos mediante novo registo ocorre quanto o titular de certo direito inscrito o transmite a
outrem e este o regista a seu favor.
Os prédios, ao longo da sua existência, têm uma dinâmica muito peculiar, própria dos direitos reais. Sobre os
mesmos inscrevem-se quer a constituição dos direitos quer a constituição de encargos, que os tenham por objecto,
mediato ou imediato.
Quando o direito do titular é transmitido para outrem, voluntária ou coercivamente, procede-se a um novo
registo sucedendo este adquirente ao anterior titular e transferindo-se, consequentemente, os efeitos do anterior
registo para o registo a favor do novo titular.

PRINCIPIO DO TRATO SUCESSIVO

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

A segurança jurídica constitui um valor fundamental na área dos negócios jurídicos. Compete ao registo
predial proporcionar e garantir que a mesma seja alcançada. Por isso, e para que o registo predial cumpra uma das
suas finalidades, que é a de informar de forma inequívoca e simples a quem pertence um prédio e que encargos
sobre ele incidem, foi consagrada, no respetivo Código, a caducidade de alguns registos. O instituto da caducidade
torna o registo mais inteligível e compreensível para quem o consulta, na medida em que, quando ocorre a
caducidade do registo, deve esta ser imediatamente anotada. Apenas se dão a conhecer, se nada for pedido em
contrário, os registos que estão em vigor.

Por regra, os registos provisórios caducam se não forem convertidos em definitivos ou renovados dentro do
prazo de vigência, estabelecendo o número 3 do art.º 11.º é de seis meses, salvo disposição em contrário.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Os registos provisórios podem estar sujeitos a diversos prazos de caducidade, desde que a provisoriedade
tenha mais que uma causa, havendo tantos prazos de caducidade do registo provisório quantas as causas
determinantes da sua provisoriedade.

Sendo o registo provisório por diversas causas, caducará quando ocorrer a primeira causa de caducidade,
porquanto os prazos de caducidade correm paralelamente, sem se confundirem no seu percurso, dispondo de
autonomia, se, obviamente, não forem renovados ou convertidos em definitivo.

Assim, decorrido que esteja o prazo mais curto dá-se a caducidade do registo.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Artigo 11.º CRP


Caducidade
1 - Os registos caducam por força da lei ou pelo decurso do prazo de duração do negócio.
2 - Os registos provisórios caducam se não forem convertidos em definitivos ou renovados dentro do prazo da respetiva vigência.
3 - É de seis meses o prazo de vigência do registo provisório, salvo disposição em contrário.
4 - A caducidade deve ser anotada ao registo, logo que verificada.

Artigo 12.º CRP


Prazos especiais de caducidade
1 - Caducam decorridos 10 anos sobre a sua data os registos de hipoteca judicial de qualquer valor e os registos de hipoteca
voluntária ou legal, de penhor e de consignação de rendimentos, de valor não superior a (euro) 5000.
2 - O valor referido no número anterior pode ser atualizado por portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça.
3 - O registo de renúncia à indemnização por aumento do valor e o do ónus de eventual redução das doações sujeitas a colação
caducam decorridos 20 anos, contados, respetivamente, a partir da data do registo e da morte do doador.
4 - Os registos de servidão, de usufruto, uso e habitação e de hipoteca para garantia de pensões periódicas caducam decorridos
50 anos, contados a partir da data do registo.
5 - Os registos referidos nos números anteriores podem ser renovados por períodos de igual duração, a pedido dos interessados.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Os registos qualificados como provisórios produzem todos os efeitos como se tivessem sido qualificados
como definitivos. Entre esses efeitos assume relevância a prioridade do direito inscrito, uma vez que o registo
provisório convertido em definitivo conserva a prioridade que tinha como provisório, como dispõe o art. 6.º do
CRP.
Artigo 6.º CRP
Prioridade do registo
1 - Os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros.
2 - Excetuam-se os factos constitutivos de hipoteca cuja eficácia, entre as próprias partes, depende da realização do registo.

Conversão dos registos provisórios:


A conversão em definitivo do registo consiste na remoção das dúvidas levantadas no despacho de qualificação,
isto é, no afastamento das deficiências que deram causa à provisoriedade por dúvidas ou na remoção dos motivos
que levaram à sua qualificação como provisório por natureza.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Renovação dos registos provisórios por natureza:

A renovação dos registos decorre da verificação de um evento impeditivo da caducidade do registo,


concretamente da manifestação de vontade dos interessados em renovar.

Apenas podem ser renovados os registos expressamente admitidos na lei.

Artigo 92.º CRP


Provisoriedade por natureza

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Exceção à regra quanto ao prazo de caducidade

Mantém-se em vigor pelo prazo de 5 anos, renovável por períodos de igual duração (art.º 92.º, n.º 3):

• As inscrições referidas nas alíneas b) a d) do n.º 1 e c) do n.º 2 do art.º 92.º;

• A renovação efetua-se a pedido dos interessados, mediante apresentação de documento que comprova a subsistência da
razão da provisoriedade emitido com antecedência não superior a 180 dias em relação ao termo daquele prazo.

Inscrição referida na alínea g), se baseada em contrato-promessa de alienação:

• É renovável por períodos de 6 meses e até um ano após o termo do prazo para a celebração do contrato prometido (n.º 4
do art.º 92.º);

• Renovação – efetua-se com base em documento que comprove o consentimento das partes.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Exceção à regra quanto ao prazo de caducidade

Caducidade/Exceção à regra/Renovação/Art.º 92.º, n.ºs 6, 7 e 8


• Inscrições referidas na alínea a) do n.º 2 - mantém-se em vigor pelo prazo de um ano, salvo … (n.º 5 do art.º
92.º);
• Cfr. Qualificação do registo de penhora

Caducidade/Exceção à regra/Renovação/Art.º 92.º n.º 9 e 11


• Inscrições referidas na alínea d) do n.º 2 – mantém-se em vigor na pendência de recurso hierárquico ou de
impugnação judicial ou enquanto estiver a decorrer o prazo para a sua interposição;

• As inscrições referidas nas alíneas a) e j) a n) – não estão sujeitas a qualquer prazo de caducidade (n.º 11);

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Caducidade/Início do prazo

• Registos efetuados provisoriamente por dúvidas – a contar da data da notificação do despacho – art.º
71.º, n.º 1;

• Registos efetuados provisoriamente por natureza, exceto os previstos nas alíneas g) e i) do n.º 1 do art.º
92.º - a contar da data da notificação – art.º 71.º, n.ºs 2 e 3;

• Registos provisórios por natureza nos termos das alíneas g) e i) do n.º 1 do art.º 92.º - a contar da data
em foram confirmados – art.º 93.º, n.º 1, c) – parte final.

Proc.º n.º 317/2002 DSJ-CT in BRN. N.º 4/2004, p. 2

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Caducidade/Prazos especiais/ art.º 12.º


• Hipoteca judicial
10 anos a partir da data do registo – de qualquer valor
• Hipoteca voluntária;
• Hipoteca legal;
• Penhor;
• Consignação de rendimentos;
10 anos - de valor não superior a 5000,00€
• Renúncia à indemnização por aumento de valor
20 anos a partir da data do registo
• Ónus de eventual redução da doação
20 anos a partir da data da morte do doador
• Servidão
• Usufruto
• Uso e habitação;
• Hipoteca para garantia de pensões periódica
Decorridos 50 anos contados a partir da data do registo Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Artigo 12.º CRP


Prazos especiais de caducidade
1 - Caducam decorridos 10 anos sobre a sua data os registos de hipoteca judicial de qualquer valor e os registos
de hipoteca voluntária ou legal, de penhor e de consignação de rendimentos, de valor não superior a (euro)
5000.
2 - O valor referido no número anterior pode ser atualizado por portaria do membro do Governo responsável
pela área da justiça.
3 - O registo de renúncia à indemnização por aumento do valor e o do ónus de eventual redução das doações
sujeitas a colação caducam decorridos 20 anos, contados, respetivamente, a partir da data do registo e da morte
do doador.
4 - Os registos de servidão, de usufruto, uso e habitação e de hipoteca para garantia de pensões periódicas
caducam decorridos 50 anos, contados a partir da data do registo.
5 - Os registos referidos nos números anteriores podem ser renovados por períodos de igual duração, a pedido
dos interessados.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Cancelamento
Os registos também cessam os seus efeitos por cancelamento.

Este ocorre com:


• A extinção dos direitos, ónus ou encargos;
• Em execução de decisão administrativa, nos casos previstos na lei; ou
• Com base em decisão judicial transitada em julgado.

Artigo 13.º CRP


Cancelamento
Os registos são cancelados com base na extinção dos direitos, ónus ou encargos neles definidos, em execução de decisão
administrativa, nos casos previstos na lei, ou de decisão judicial transitada em julgado.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

A extinção dos direitos:

São diversas as causas pelas quais se extinguem os direitos. Verifica-se essa extinção, por exemplo:
• Com a morte do usufrutuário ou usuário;
• No caso do direito de superfície, pela reunião, na mesma pessoa, do direito de superfície e do direito
dos fundos;
• No caso do direito de usufruto, pela reunião, na mesma pessoa, do usufruto e do direito de
propriedade.
• Nestes casos, o registo cancela-se em face dos documentos que comprovem aquela extinção.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

A extinção dos ónus ou encargos:

Os registos são cancelados mediante a prova da extinção dos ónus ou encargos que os oneram. A título
meramente exemplificativo:
• O ónus de inalienabilidade é cancelado desde que se prove o cumprimento das obrigações impostas no
diploma legal que o prevê ou decorra o prazo aí imposto;
• O registo de hipoteca é cancelado com base em documento de que conste o consentimento do credor;
• O registo de penhora, arresto e outras providências cautelares, não estando já a ação pendente, faz-se
em certidão passada pelo tribunal que comprove essa circunstância e a causa. Tratando-se do registo de
penhora resultante de execução fiscal, o cancelamento é efectuado mediante comprovação da não
existência da dívida à Fazenda Nacional.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Decisão judicial

Os registos podem, também, ser cancelados com base em decisão judicial, desde que transitada em julgado.
A questão do cancelamento com base em decisão judicial transitada, apesar de aparentemente simples, nem
sempre tem sido pacífica.
Suscita-se, por vezes, a questão de saber qual o âmbito da decisão judicial que ordena o cancelamento de um
registo.

Será que estamos perante uma ordem judicial que o conservador deve acatar, ou antes perante um título
para registo sujeito a qualificação?

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Decisão judicial

A resposta a esta questão deverá obter-se considerando-se a função do registo predial em articulação com o
princípio da legalidade, consagrado no artigo 68.º (princípio da legalidade), um dos princípios estruturantes do
Código do Registo Predial, e com o princípio constitucional que decorre do n.º 2 do artigo 205.º da Constituição da
República Portuguesa, segundo o qual as decisões judiciais são obrigatórias para todas as entidades públicas e
privadas, e prevalecem sobre as de quaisquer outras autoridades.

O registo predial, na medida em que publicita titularidades, preocupa-se com a validade e a regularidade das
situações jurídicas que são registadas, de modo a que haja harmonia entre a realidade registal e a realidade
substantiva.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Decisão judicial

Por isso, o conservador, em relação a cada registo, tem o dever de exercer a sua atividade qualificadora,
apenas registando o que estiver conforme ao ordenamento jurídico.

Esta atividade é livre e independente, inexistindo qualquer sujeição ao poder hierárquico ou decisão judicial
que tenha sido proferida fora do processo de impugnação das suas decisões.

Naturalmente que a decisão do conservador é impugnável e, se nessa sede, se mantiver a decisão judicial,
não resta alternativa ao conservador senão registar o facto.

Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo

Decisão judicial

A apreciação pelo conservador é feita em relação a todos os documentos, embora quanto aos judiciais lhe
seja vedado qualificar a parte dispositiva da decisão judicial, não podendo intrometer-se no mérito da questão.
Nestes casos, a apreciação encontra-se limitada à regularidade formal dos títulos e só pode levantar
obstáculos de natureza registal que ponham em causa a mencionada harmonização da realidade registal com a
realidade substantiva.

Este é, também, o entendimento da jurisprudência. No Acórdão de 18 de Maio de 1995, da Relação de


Lisboa in C.J.. Ano XX, 1995, Tomo III, p. 122 escreveu-se «não tem o juiz poder para determinar, de modo
vinculativo, a efetivação de um ato de registo predial (…), a intervenção judicial neste campo limita-se a ser a de
suscitar junto dos serviços competentes do registo predial a questão da realização do registo, que aí será
decidido com total autonomia técnica e jurídica».

Delfim Costa
Obrigado
pela Vossa presença.

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