Apontamentos
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Publicidade registal
Publicidade registal
a) Factos sujeitos a registo;
Delfim Costa
Bibliografia
JANUÁRIO, Rui e GAMEIRO, António. Direito Registral Predial . Lisboa: Quid Juris. 2016. ISBN: 9789727247561
GONZÁLEZ, José Alberto R. L. e JANUÁRIO, Rui. Direito Registral Predial – Noções Práticas. 3ª. Lisboa: Quid
Juris. 2007. ISBN: 9789727243501
FIGUEIREDO, David Martins Lopes. Titulação de Negócios Jurídicos sobre Imóveis. 3ª Edição. 3ª Edição-
Reimpressão 2019. Coimbra: Almedina. 2019. ISBN: 9789724074610
JARDIM, Mónica. Escritos de Direito Notarial e Direito Registal. Reimpressão da 1ª Edição. Coimbra: Almedina.
2017. ISBN: 9789724060224
LOPES, Joaquim Seabra. Direito dos Registos e do Notariado. 11.ª Edição. Coimbra: Almedina. 2020. ISBN:
9789724084473
PEREIRA, Fernanda. A Titulação dos Negócios - Aspetos Jurídicos, Fiscais e Registais. Campinas: Librum Editora.
2019. ISBN: 9789895438280
Delfim Costa
Registos
Delfim Costa
DIREITO REGISTRAL?
Antes de entrar propriamente no registo predial, vamos definir o que se pode entender por direito registral.
Assim, podemos defini-lo como o conjunto de normas que regulam os processos e os efeitos decorrentes da
publicidade de determinados direitos, tendo em vista a segurança do comércio jurídico.
Delfim Costa
DIREITO REGISTRAL?
Delfim Costa
O REGITO PREDIAL?
O registo predial tem por função publicar/publicitar os direitos, ónus ou encargos que recaem sobre os
prédios.
O objeto do registo predial é então a situação jurídica do prédio rústico, urbano ou misto, resultante ou não de
uma operação de transformação fundiária ou de uma operação urbanística, mas, em qualquer caso, o bem que está
no comércio jurídico e, portanto, a coisa que é objecto de um direito de propriedade privada.
Delfim Costa
O REGITO PREDIAL?
Efetivamente, além da divulgação da situação jurídica dos prédios, o registo predial visa garantir a segurança
jurídica.
Presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito nos precisos termos em que o registo o define.
(artigo 7.º do CRP)
Delfim Costa
O REGITO PREDIAL?
Delfim Costa
Banco Mundial
«Um registo de propriedade é fundamental para o desenvolvimento de uma economia de mercado que
funcione. Aumenta a segurança jurídica, diminui os custos das transferências dos bens e proporciona um mecanismo
de baixo custo para resolver eventuais disputas sobre os bens».
A) Na medida em que um sistema registral preste uma informação rigorosa, célere, atempada e simétrica,
contribui para um bom funcionamento do mercado e, portanto, contribui para o crescimento económico.
B) Os registos atuam sobre um dos elementos centrais do sistema económico que é o da definição, atribuição
e proteção dos direitos de propriedade.
C) Sem direitos de propriedade não há mercado e sem direitos de propriedade eficientes não há mercados
eficientes e sem estes não há crescimento económico.
Delfim Costa
Evolução e relevância social do Registo Predial
A existência de registos públicos de imóveis é antiga e visou historicamente vários propósitos, desde alguns de
natureza fiscal até outros de natureza política.
O nascimento do registo predial, com a natureza que hoje tem, está ligado à evolução das garantias sobre
imóveis.
Foi a necessidade de melhorar os meios de tornar as hipotecas conhecidas que levou à sua instituição. Do
registo deste tipo específico de direito sobre imóveis passou-se para um registo geral de direitos sobre imóveis.
O ordenamento jurídico tem como uma das suas missões específicas combater a incerteza e a insegurança,
dever que cumpre de duas formas:
➢ a posteriori, através do processo, resolvendo a incerteza atual;
➢ e a priori ou preventivamente, evitando a incerteza futura, procurando dar certeza e segurança às
situações e às relações concretas intersubjetivas, criando meios e instrumentos aptos a produzir tal
certeza e segurança, colocando-os à disposição dos particulares
Delfim Costa
A tutela do tráfico imobiliário tem por base a preocupação de dar a máxima tranquilidade e segurança
possível a quem desembolsa dinheiro para adquirir imóveis ou para o emprestar mediante a garantia de uma
hipoteca, e esta tranquilidade e segurança só se pode conseguir pondo-se à disposição dos terceiros adquirentes
um sistema de Registo ou de publicidade registal que elimine ou diminua, notavelmente, o perigo de adquirir de
quem não seja proprietário, de obter uma hipoteca sobre bens não pertencentes àquele que dá o bem em garantia
ou de adquirir uma propriedade gravada com ónus desconhecidos.
Delfim Costa
A necessidade de dar a conhecer os factos, atos e contratos a quem neles não seja parte nem neles tenha
intervindo motivou que a ciência jurídica tivesse concebido e criado meios instrumentais vocacionados e
estruturalmente orientados para proporcionar esse conhecimento.
É que, sendo a documentação autêntica – sobretudo a cargo da atividade notarial – de essencial importância
para a certeza e segurança dos actos e das relações jurídicas, a verdade é que somente através do título o
conhecimento desses mesmos actos e relações fica circunscrito às partes, ou seja, restringido a quem nele
interveio.
Para que todos os outros (omne gentes) possam igualmente aceder a esse conhecimento – e também para
que o ato lhes possa ser oponível – é necessário que o conteúdo do documento seja publicitado.
Delfim Costa
A necessidade pública de ser conhecida a situação jurídica dos prédios é evidente e de há muito foi
reconhecida.
Ao longo da evolução histórica compreendeu-se ainda que se a esse simples conhecimento fosse adicionada
uma presunção da verdade do que é publicitado e uma garantia de eficácia (para as partes e terceiros) e
consequente oponibilidade – sobretudo para efeitos de maior confiança na contratação – então o “sistema”
publicitário tornar-se-ia mais eficaz, melhorando as próprias condições do comércio jurídico.
Em Portugal, o registo predial moderno foi lançado por um decreto de 26 de Outubro de 1836, que aprovou a
primeira «lei hipotecária». Desde então foram inúmeros os diplomas sobre a matéria - o que demonstra, por um
lado, a falta de ideias consensuais sobre a política legislativa a seguir e, por outro, a enorme relevância do assunto.
Delfim Costa
Em Portugal:
Delfim Costa
Atualmente, vigora o Código do Registo Predial aprovado pelo Decreto-Lei n.º 224/84, de 6 de Julho –
entretanto objeto de muitas alterações.
Nesta evolução da legislação portuguesa sobre registo predial impõe-se, porém, uma referência ao Decreto-Lei
n.º 116/2008, de 4 de Julho de 2008, que, levando mais longe iniciativas legislativas anteriores, introduzindo
importantes alterações quer ao Código do Registo Predial, quer ao Código do Notariado e Código Civil.
Alargou a rede de “balcões únicos” (isto é, a possibilidade de os cidadãos só terem de fazer uma deslocação
para realizarem os actos relativos à constituição e transmissão de direitos reais sobre imóveis), que passou a
abranger serviços de registo, notários, advogados, câmaras de comércio e indústria e solicitadores.
Delfim Costa
Atualmente, vigora o Código do Registo Predial aprovado pelo Decreto-Lei n.º 224/84, de 6 de Julho –
entretanto objeto de muitas alterações.
Nesta evolução da legislação portuguesa sobre registo predial impõe-se, porém, uma referência ao Decreto-Lei
n.º 116/2008, de 4 de Julho de 2008, que, levando mais longe iniciativas legislativas anteriores, introduzindo
importantes alterações quer ao Código do Registo Predial, quer ao Código do Notariado e Código Civil.
CÂMARAS DE
SERVIÇOS DE
NOTÁRIOS ADVOGADOS SOLICITADORES COMÉRCIO E
REGISTO
INDUSTRIA
Delfim Costa
O Decreto-Lei n.º 116/2008 de 04 de julho, alterou a forma de diversos actos, permitindo em alternativa à
escritura pública o documento particular autenticado.
Delfim Costa
Artigo 38.º Decreto-Lei n.º 76-A/2006 de 29 de março
Extensão do regime dos reconhecimentos de assinaturas e da autenticação e tradução de documentos
1 - Sem prejuízo da competência atribuída a outras entidades, as câmaras de comércio e indústria, reconhecidas
nos termos do Decreto-Lei n.º 244/92, de 29 de Outubro, os conservadores, os oficiais de registo, os advogados
e os solicitadores podem fazer reconhecimentos simples e com menções especiais, presenciais e por
semelhança, autenticar documentos particulares, certificar, ou fazer e certificar, traduções de documentos
nos termos previstos na lei notarial.
2 - Os reconhecimentos, as autenticações e as certificações efectuados pelas entidades previstas nos números
anteriores conferem ao documento a mesma força probatória que teria se tais actos tivessem sido realizados
com intervenção notarial.
3 - Os actos referidos no n.º 1 apenas podem ser validamente praticados pelas câmaras de comércio e indústria,
advogados e solicitadores mediante registo em sistema informático, cujo funcionamento, respectivos termos e
custos associados são definidos por portaria do Ministro da Justiça.
4 - Enquanto o sistema informático não estiver disponível, a obrigação de registo referida no número anterior
não se aplica à prática dos actos previstos nos Decretos-Leis n.os 237/2001, de 30 de Agosto, e 28/2000, de 13
de Março.
5 - O montante a cobrar, pelas entidades mencionadas no n.º 3, pela prestação dos serviços referidos no n.º 1,
não pode exceder o valor resultante da tabela de honorários e encargos aplicável à actividade notarial exercida
ao abrigo do Estatuto do Notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/2004, de 4 de Fevereiro.
Delfim Costa
A competência para lavrar escrituras públicas continua a pertencer aos notários.
A competência para exarar termos de autenticação em documento particular pertence (art.º 38.º do Decreto-Lei
n.º 76-A/2006, de 29 de Março):
a) Aos notários (art.º 4.º n.º 2, c) do CN);
b) Às câmaras de comércio e indústria;
c) Aos conservadores;
d) Aos oficiais de registo;
e) Aos advogados; e
f) Aos solicitadores.
Delfim Costa
Noção de registo predial
Conjunto de normas que regulam os processos e os efeitos decorrentes da publicidade dos direitos,
tendo em vista a segurança do comércio jurídico.
Direito registal formal - Define os aspetos técnicos do registo: organização – suportes documentais e
regras do processo registal
Direito registal material - Contempla o ingresso dos factos no registo e define o seu valor e efeitos
Instituto público e jurídico destinado a dar publicidade à situação jurídica dos prédios com vista à
segurança do comércio jurídico imobiliário.
Delfim Costa
Carácter estatal
O registo predial é levado a cabo pelo Estado, por serviços estatais designados por «conservatórias do registo
predial» – que são serviços desconcentrados do Instituto dos Registos e do Notariado (antiga Direcção-Geral dos
Registos e do Notariado).
Descentralização
O registo predial português está organizado descentralizadamente (ou se se preferir, desconcentradamente),
ou seja, há uma conservatória por cada circunscrição territorial, não havendo um registo central. Na sede de cada
concelho há uma conservatória, com competência em toda a área territorial do mesmo concelho; quando o volume
de serviço o justifique, pode haver mais de uma conservatória na área de cada concelho.
Também esta característica do sistema português não é uma necessidade. São concebíveis registos de âmbito
nacional. Mais: tendo em vista as possibilidades conferidas pela informática, parece desejável que se caminhe nesse
sentido.
Delfim Costa
Até à Reforma de 2008, a descentralização implicava que os atos de registo predial tivessem de ser requeridos
e efetuados na conservatória da área de localização do prédio relevante, bem como que as certidões dos factos
registados tivessem de ser requisitadas a tal conservatória.
Desde então, o artigo 6.º-A do Decreto-Lei n.º 519-F2/79, de 29 de Dezembro, introduzido pelo artigo 18.º do
Decreto-Lei n.º 116/2008, dispõe que «os actos de registo predial podem ser efectuados e os respectivos meios de
prova obtidos em qualquer serviço do registo predial, independentemente da sua localização geográfica» – o que,
embora não tenha representado a abolição do princípio da descentralização geográfica, o atenuou claramente,
isentando os cidadãos de muitos dos incómodos dele resultantes.
Delfim Costa
Organização
do
registo
Delfim Costa
Organização do registo - Suportes documentais
Diário – em suporte informático, destinado à anotação cronológica dos pedidos de registo e respetivos
documentos;
Delfim Costa
Organização do registo - Suportes documentais
Ordenação das fichas – são ordenadas por freguesias e, dentro de cada uma delas, pelos respetivos números de
descrição.
Delfim Costa
Organização do registo - suportes documentais
Delfim Costa
Ficheiro real – constituído por verbetes indicadores dos prédios, ordenados por freguesias nos seguintes termos:
• Prédios urbanos, por ruas e números de polícia;
• Prédios urbanos, por artigos de matriz;
• Prédios rústicos, por artigos de matriz;
Ficheiro pessoal – constituído por verbetes indicadores dos proprietários, ordenados alfabeticamente.
Ficam arquivados, eletronicamente, pela ordem das apresentações os documentos que serviram de base à
realização dos registos, bem como o comprovativo do pedido.
Artigo 202º
Noção
1 - Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas.
...
O art. 204º do Código Civil estipula o que se considera coisas imóveis:
Artigo 204º
Coisas imóveis
1 – São coisas imóveis:
a) Os prédios rústicos e urbanos;
b) As águas;
c) As árvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados ao solo;
d) Os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas anteriores;
e) As partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos.
2 – Entende-se por prédio rústico uma parte delimitada do solo e as construções nele existentes que não tenham autonomia
económica, e por prédio urbano qualquer edifício incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro.
3 – É parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de permanência.
Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial
Artigo 2º
Conceito de prédio
1 — Para efeitos do presente Código, prédio é toda a fracção de território, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções
de qualquer natureza nela incorporados ou assentes, com carácter de permanência, desde que faça parte do património de uma
pessoa singular ou colectiva e, em circunstâncias normais, tenha valor económico, bem como as águas, plantações, edifícios ou
construções, nas circunstâncias anteriores, dotados de autonomia económica em relação ao terreno onde se encontrem implantados,
embora situados numa fracção de território que constitua parte integrante de um património diverso ou não tenha natureza
patrimonial.
2 — Os edifícios ou construções, ainda que móveis por natureza, são havidos como tendo carácter de permanência quando afectos a
fins não transitórios.
3 — Presume-se o carácter de permanência quando os edifícios ou construções estiverem assentes no mesmo local por um período
superior a um ano.
4 — Para efeitos deste imposto, cada fracção autónoma, no regime de propriedade horizontal, é havida como constituindo um prédio.
Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial
Artigo 3º
Prédios rústicos
1 — São prédios rústicos os terrenos situados fora de um aglomerado urbano que não sejam de classificar como terrenos para construção, nos
termos do nº 3 do artigo 6º, desde que:
a) Estejam afectos ou, na falta de concreta afectação, tenham como destino normal uma utilização geradora de rendimentos agrícolas, tais
como são considerados para efeitos do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS);
b) Não tendo a afectação indicada na alínea anterior, não se encontrem construídos ou disponham apenas de edifícios ou construções de
carácter acessório, sem autonomia económica e de reduzido valor.
2 — São também prédios rústicos os terrenos situados dentro de um aglomerado urbano, desde que, por força de disposição legalmente
aprovada, não possam ter utilização geradora de quaisquer rendimentos ou só possam ter utilização geradora de rendimentos agrícolas e
estejam ater, de facto, esta afectação.
3 — São ainda prédios rústicos:
a) Os edifícios e construções directamente afectos à produção de rendimentos agrícolas, quando situados nos terrenos referidos nos números
anteriores;
b) As águase plantações nas situações a que se refere o nº1 do artigo 2º.
4 — Para efeitos do presente Código, consideram-se aglomerados urbanos, além dos situados dentro de perímetros legalmente fixados, os
núcleos com um mínimo de 10 fogos servidos por arruamentos de utilização pública, sendo o seu perímetro delimitado por pontos distanciados
50 m do eixo dos arruamentos, no sentido transversal, e 20 m da última edificação, no sentido dos arruamentos.
Delfim Costa
Conceito de prédio, para efeitos de registo predial
Artigo 4º
Prédios urbanos
Prédios urbanos são todos aqueles que não devam ser classificados como rústicos, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte.
Artigo 5º
Prédios mistos
1 — Sempre que um prédio tenha partes rústica e urbana é classificado, na íntegra, de acordo com a parte principal.
2 — Se nenhuma das partes puder ser classificada como principal, o prédio é havido como misto.
Delfim Costa
Finalidade da DESCRIÇÃO
A descrição predial tem por fim a identificação física, económica e fiscal dos prédios;
Cada prédio – uma descrição (princípio da especialidade);
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Finalidade da DESCRIÇÃO
Delfim Costa
Abertura das descrições
As descrições são abertas na dependência
o De uma inscrição.
o De um averbamento.
o Em caso de recusa.
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Menções gerais das descrições
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Descrições da Propriedade horizontal/Direito real de habitação periódica
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
Para a realização de atos de registo deve ser feita prova da inscrição na matriz, da declaração para inscrição,
quando devida, se o prédio estiver omisso, ou da pendência de pedido de alteração ou retificação.
• Acesso direto à informação constante da base de dados ou solicitação oficiosa e gratuita – art.º 31.º, n.º 2;
• A declaração para inscrição na matriz pode ser feita pelos serviços de registo – art.º 31.º, n.º 4;
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
EXCEÇÃO:
Descrição de prédios urbanos e rústicos ainda não submetidos ao cadastro geométrico, a harmonização
limita-se:
• Artigos matriciais;
• Área dos prédios.
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
A atualização da descrição, dentro dos limites fixados no art.º 28.º-A, é possível se o proprietário inscrito declarar
que a área correta é a que consta da matriz, sem ter que dar qualquer outra explicação – art.º 28.º-B, n.º 1;
Se se tratar de prédio não descrito, e existir divergência entre o título e a matriz, dentro dos limites fixados no
art.º 28.º-A, abre-se a descrição com a área constante da matriz, se o interessado declarar que é essa a área correta –
art.º 28.º-B, n.º 2;
Esta faculdade apenas pode, porém, ser utilizada uma única vez pelos interessados, devendo mencionar-se na
descrição o recurso a esta faculdade.
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
EXEMPLO
“Declara-se que relativamente às áreas dos prédios apresentados a registo, as corretas são as constantes na matriz,
pelo que se atualiza as mesmas nos termos do artigo 28º-B do Código do Registo Predial.”
(em declarações complementares)
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
n.º 1 – Divergência de área entre a descrição e o título, no limite das percentagens fixadas no art.28.º-A
A área da descrição pode ser atualizada (em conformidade com a que consta do título) desde que:
a) Não tenha havido recurso à faculdade prevista no art.28.º-B (prévia atualização da descrição em conformidade
com a área constante da matriz); e
b) O proprietário inscrito esclareça que a divergência provém de simples erro de medição (independentemente
de se tratar de matriz cadastral ou não cadastral).
EXEMPLO
“As partes declara-se que relativamente às áreas dos prédios descritos sob a verbas TRÊS e CINCO, as corretas são
as constantes na matriz, pelo que se atualiza as mesmas nos termos do artigo 28º-B do Código do Registo Predial.”
(no título)
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
n.º 2 - Divergência de área entre a descrição e o título, em percentagens superiores às previstas no art.28.º-A.
Nestas situações, para que a descrição possa ser atualizada não basta a invocação da existência de erro de
medição. Torna-se necessário comprovar a efetiva existência desse erro.
Matriz cadastral:
➢ Com base na inscrição matricial donde conste a retificação da área e declaração que confirme que a
configuração geométrica do prédio não sofreu alteração.
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
EXEMPLO
Exmo.(a) Senhor(a)
Conservador(a) da Conservatória
do Registo Predial de Esposende
Investimentos Imobiliários, S. A., NIPC. 500 000 000, com sede social na Rua do Montinho, n.º 12 da União
de Freguesias de Ribeira do Neiva, Azões, Duas Igrejas, Goães, Godinhaços, Pedregais, Portela das Cabras, Rio Mau,
concelho de Vila Verde, aqui representada pelo seu Administrador Nuno António Fernandes Pinto,
1 – A requerente é atualmente, dona e legítimo possuidora, de um prédio urbano sito na Rua do Agrelo, n.º 24 da
União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, inscrito na matriz predial urbana sob o n.º 456 (proveniente
do artigo urbano 123da extinta freguesia de Marinhas).
2 - Encontra-se o mesmo, descrito na Conservatória do Registo Predial de Esposende sob o n.º 2020/MARINHAS, e
inscrito a seu favor pela Ap. 5 de 2003/01/27;
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
Assim, face aos factos expostos e ao abrigo do artigo 28º-C do Código do Registo Predial,
requere-se a Vossa Ex.ª a que se digne proceder à rectificação da descrição n.º 2020/MARINHAS,
no sentido de ficar a constar:
Delfim Costa
Averbamentos à descrição
Prédio urbano de dois pavimentos, destinado a armazéns e actividade industrial, sito na Rua do Agrelo, n.º 24
da União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, concelho de Esposende, inscrito na matriz predial urbana
sob o artigo n.º 456, com e valor patrimonial de € 77.220,00 e com as seguintes áreas:
Área Total: 328,00 m2;
Área Coberta: 224,00 m2;
Área Descoberta: 104,00 m2;
Mais DECLARA, nos termos da 2ª parte, alínea i) da alínea b), n.º 2 do art. 28º-C do Código do Registo Predial,
que o prédio, artigo urbano n.º 456 da União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, concelho de
Esposende, e descrito na Conservatória do Registo Predial de Esposende sob o n.º 2020/MARINHAS, sempre teve a
configuração fundamentada na Planta Topográfica apresentada, não tendo havido quaisquer alteração da sua
configuração.
Junta:
- Planta, nos termos da 1ª parte, alínea i) da alínea b), n.º 2 do art. 28º-C do Código do Registo Predial, assinada por
técnico habilitado.
Pede deferimento.
Esposende, 25 de novembo de 2020
Delfim Costa
Finalidade das INSCRIÇÕES
Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES
Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES
Segundo o artigo 94.º do CRP, do extrato das inscrições constarão obrigatoriamente as seguintes
convenções ou cláusulas acessórias
➢ Reserva de propriedade – art.º 409.º CC;
➢ Venda a retro – art.º 927.º CC;
➢ Cláusulas fideicomissárias – art.º 2286.º CC;
➢ Pessoa a nomear – art.º 452.º CC;
➢ Reserva de dispor dos bens doados ou reversão deles – art.º 959.º e 960.º CC;
Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES
O artigo 95.º do CRP, do extrato das inscrições deve ainda conter menções especiais:
• Na de usufruto ou de uso e habitação e na de direito de superfície, o conteúdo dos direitos e as obrigações
dos titulares e, na parte regulada pelo título, a causa e a duração, quando determinada;
• Na de servidão, o encargo imposto, a duração, quando temporária, e a causa;
• Na de promessa de alienação ou de oneração de bens, o prazo da promessa, se estiver fixado;
• Na de eventual redução das doações, a indicação dos sujeitos da doação;
• Na de penhora ou de arresto, a identificação do processo, a data do facto e a quantia exequenda ou por
que se promove o arresto e ainda, caso a inscrição seja provisória nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo
92.º, o nome, estado e residência do titular da inscrição;
• Na de consignação de rendimentos, o prazo de duração ou, se for por tempo indeterminado, a quantia
para cujo pagamento se fez a consignação e a importância a descontar em cada ano, se tiver sido
estipulada uma quantia fixa;
• Na de constituição de propriedade horizontal, o valor relativo de cada fração, expresso em percentagem ou
permilagem, a existência de regulamento, caso este conste do título constitutivo, e os direitos dos
condóminos neste título especialmente regulados e, na de alteração do título constitutivo, a descrição da
alteração;
• Na de renúncia à indemnização por aumento de valor, a especificação das obras e o montante da
indemnização ou, na sua falta, o da avaliação do prédio; Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES
Delfim Costa
Requisitos gerais das INSCRIÇÕES
Delfim Costa
Averbamentos à INSCRIÇÃO
Nos termos do artigo 100.º do CRP a inscrição pode ser completada, atualizada ou restringida por
averbamento.
O artigo 101.º do CRPestipula os factos que são registados por averbamento às respetivas inscrições.
Delfim Costa
Processo de Registo
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Em concretização de medida constante do programa SIMPLEX, entram em vigor, no dia 21 de Julho, algumas das
medidas de simplificação de atos e procedimentos introduzidas no Código do Registo Predial pelo Decreto-Lei nº
116/2008, de 4 de Julho.
Obrigatoriedade do registo - adota-se um sistema de registo predial obrigatório (e não apenas tendencialmente,
como até agora), potenciando a coincidência entre a realidade física, substantiva e registral, contribuindo, por esta
via, para aumentar a segurança no comércio jurídico imobiliário.
Desde 1 de outubro de 1984 até 21 de julho de 2008 o registo predial era indiretamente obrigatório.
(Principio da legitimação de direitos)
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
1. Os que devam ingressar provisoriamente por natureza, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 92.º;
2. A aquisição sem determinação de parte ou direito;
3. Os factos que incidam sobre direitos de algum ou alguns dos titulares da inscrição de bens integrados em
herança indivisa;
➢ As alterações aos elementos da descrição que devam ser comunicados por entidade pública, nos termos n.º 3 do
artigo 90.º e do n.º 3 do artigo 90.º A.
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
m) O arrendamento por mais de seis anos e as suas transmissões ou sublocações, excetuado o arrendamento rural;
n) A penhora e a declaração de insolvência;
o) O penhor, a penhora, o arresto e o arrolamento de créditos garantidos por hipoteca ou consignação de rendimentos e quaisquer
outros atos ou providências que incidam sobre os mesmos créditos;
p) A apreensão em processo penal;
q) A constituição do apanágio e as suas alterações;
r) O ónus de eventual redução das doações sujeitas a colação;
s) O ónus de casa de renda limitada ou de renda económica sobre os prédios assim classificados;
t) O ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola;
u) A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis
situados nas zonas marginais das estradas nacionais ou abrangidos por planos de melhoramentos municipais;
v) Quaisquer outras restrições ao direito de propriedade, quaisquer outros encargos e quaisquer outros factos sujeitos por lei a
registo;
x) A concessão em bens do domínio público e as suas transmissões, quando sobre o direito concedido se pretenda registar
hipoteca;
z) Os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus ou encargos registados;
aa) O título constitutivo do empreendimento turístico e suas alterações.
2 - O disposto na alínea a) do número anterior não abrange a comunicabilidade de bens resultante do regime matrimonial
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
A obrigação de pedir o registo cessa no caso de este se mostrar promovido por qualquer outra entidade que
tenha legitimidade.
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
O registo deve ser pedido no prazo de 2 meses a contar da data da titulação dos factos;
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
O artigo 8.º -D, do CRP impõe cominações às entidades que, nos termos do artigo 8.º B estão obrigadas a
promover o registo.
Delfim Costa
OBRIGATORIEDADE DO REGISTO
Artigo 151.º CRP
Pagamento das quantias devidas
1 - No momento do pedido deve ser entregue, a título de preparo, a quantia provável do total da conta.
2 - É responsável pelo pagamento dos emolumentos o sujeito ativo dos factos, não obstante o disposto nos números seguintes e na legislação
própria relativamente ao pagamento de emolumentos, taxas e outros encargos devidos pela prática dos atos previstos no presente código.
3 - Sem prejuízo da responsabilidade imputada ao sujeito ativo e ao sujeito da obrigação de registar, e salvo o disposto nos números
seguintes, quem apresenta o registo ou pede o ato deve proceder à entrega das importâncias devidas, nestas se incluindo a sanção
pecuniária pelo cumprimento tardio da obrigação de registar.
4 - Os tribunais, no que respeita à comunicação das ações, decisões e outros procedimentos e providências ou atos judiciais sujeitos a registo, e
o Ministério Público no que respeita à comunicação das apreensões em processo penal que tenha autorizado, ordenado ou validado, são
dispensados do pagamento prévio dos emolumentos e taxas, devendo estas quantias entrar em regra de custas.
5 - Quando o pedido for efetuado pelas entidades que celebrem escrituras públicas, autentiquem documentos particulares que titulem factos
sujeitos a registo, ou reconheçam as assinaturas neles apostas, estas entidades devem obter do sujeito ativo do facto, previamente à titulação
ou ao reconhecimento, os emolumentos e taxas devidos pelo registo.
6 - [Revogado].
7 - [Revogado].
8 - [Revogado].
9 - Quando o preparo não tiver sido feito e não tiver havido rejeição nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 66.º, o serviço de registo notifica
o interessado para no prazo de dois dias proceder à entrega das quantias em falta.
10 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável quando o preparo venha a mostrar-se insuficiente ou quando tenha havido
suprimento de deficiências nos termos do n.º 8 do artigo 73.º.
11 - O pagamento das quantias devidas é feito nos termos previstos na legislação própria relativa ao pagamento de emolumentos, taxas e
outros encargos devidos pela prática dos atos.
Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo
De acordo com o artigo 41.º-B do CRP, o pedido de registo pode ser feito:
• Pessoalmente
Quando o pedido é efectuado presencialmente em serviço de registo;
• Via eletrónica
Regulamentado pela Port.ª n.º 1535/2008, de 30 de Dezembro;
• Correio
Remetido por carta registada – art.º 41.º-D
Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo
Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo
Por cada pedido de registo, salvo se for efetuado por via eletrónica, é emitido um documento comprovativo da
apresentação, do qual constam:
• A identificação do apresentante;
• O número de ordem;
• O facto;
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Apresentação do pedido de registo
Pedido presencial
• O pedido presencial pode ser verbal ou escrito (art.º 2.º, n.º 1):
Pedido verbal
• O apresentante deve assinar o comprovativo da apresentação (art.º 2.º, n.º 7);
• Não dispensa a apresentação das declarações para registo, nos termos do art.º 45.º CRPredial, se
necessárias (art.º 2.º, n.º 9);
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Apresentação do pedido de registo
Pedido escrito
• Se o pedido for escrito, efetua-se em impressos aprovados pelo PIRN, disponíveis no sítio www.irn.mj.pt.
Os pedidos de registo efetuados por escrito, não carecem de modelo aprovado, quando efetuados por:
• Entidades públicas;
• Pelos tribunais;
• Pelo Ministério Público;
• Pelos administradores de insolvência; ou
• Pelos agentes de execução.
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Apresentação do pedido de registo
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Processo de registo
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Processo de registo
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Processo de registo
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Apresentação do pedido de registo
Regulamentação do pedido de registo /Pedido de registo por via eletrónica – Port.ª n.º 1535/2008, de 30 de
Dezembro/Art.ºs 18.º e sgs.
➢ Arquivo de documentos - Advogados, CCIs e Solicitadores ficam obrigados a arquivar os originais dos documentos
enviados (art.º 19.º);
Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo
Nos termos do n.º 6 e 7 do artigo 42.º, do CRP, tratando-se de prédio não descrito, deve indicar-se em
declaração complementar:
• Nome, estado e residência dos proprietários imediatamente anteriores ao transmitente;
• Se o registo recair sob quota-parte de prédio indiviso não descrito, deve indicar-se o nome, estado e
residência de todos os comproprietários.
“Que relativamente ao prédio não descrito, foi sua primeira ante - possuidora, Maria Landolt de Sousa Vaz, solteira maior,
residente que foi na Avenida Sidónio Pais, freguesia e concelho de Barcelos, e os segundos ante – possuidores, são
desconhecidos há mais de cinquenta anos, em virtudes dos possuidores sempre conhecerem a posse da primeira ante –
possuidora, e que foram feitas todas as diligências e buscas junto das repartições públicas e privadas, nomeadamente
Serviço de Finanças, Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Conservatórias, Cartórios Notariais, bem como, junto de
pessoas mais velhas e idóneas da freguesia, mas, não foi possível obter qualquer informação sobre a extinta matriz, pelo
que se desconhece os artigos da mesma.”
Delfim Costa
Apresentação do pedido de registo
➢ Nos termos do artigo 36.º, do CRP, têm legitimidade para pedir o registo:
• Os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral,
• Todas as pessoas que nele tenham interesse; ou
• Que estejam obrigadas à sua promoção.
➢ No caso de compropriedade:
• Qualquer comproprietário ou compossuidor pode pedir, a favor de qualquer dos demais titulares, o registo
de aquisição dos respetivos bens ou direitos.
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Processo de registo
Delfim Costa
Processo de registo
Menções obrigatórias nos documentos que titulem atos sujeitos a registo predial
Artigo 44.º CRP
Menções obrigatórias
1 - Dos atos notariais, processuais ou outros que contenham factos sujeitos a registo devem constar:
a) A identidade dos sujeitos, nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 93.º;
b) O número da descrição dos prédios ou as menções necessárias à sua descrição, bem como a indicação do número, data de emissão e entidade
emitente das certidões de registo que tenham sido apresentadas ou, no caso de certidão permanente, a indicação do respetivo código de acesso;
c) A indicação do registo prévio a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º ou do modo como foi comprovada a urgência prevista na alínea c) do n.º 2 do mesmo
artigo;
d) [Revogada];
e) [Revogada];
f) [Revogada].
g) Sempre que esteja em causa o pagamento de uma quantia, a indicação do momento em que tal ocorre e do meio de pagamento utilizado.
2 - O documento comprovativo do teor da inscrição matricial deve ter sido emitido com antecedência não superior a um ano.
3 - Se o prédio não estiver descrito, deve ser comprovada essa circunstância por certidão passada pela conservatória com antecedência não superior a
três meses.
4 - Da certidão dos atos referidos no n.º 1, passada para fins de registo, devem constar todos os elementos aí previstos.
5 - Para o cumprimento do disposto na alínea g) do n.º 1, caso o pagamento ocorra antes ou no momento da celebração do ato, deve ser consignado no
instrumento:
a) Tratando-se de pagamento em numerário, a moeda utilizada;
b) Tratando-se de pagamento por cheque, o seu número e a entidade sacada;
c) Tratando-se de pagamento através da realização de uma transferência de fundos:
i) A identificação da conta do ordenante e da conta do beneficiário, mediante a menção dos respetivos números e prestadores de serviços de
pagamento;
ii) Quando o ordenante ou o beneficiário não realize a transferência por intermédio de uma conta de pagamento, mediante a menção do identificador
único da transação ou do número do instrumento de pagamento utilizado e do respetivo emitente.
Delfim Costa
Processo de registo
Menções obrigatórias nos documentos que titulem atos sujeitos a registo predial
Artigo 47.º CN
Menções especiais
1 - O instrumento destinado a titular actos sujeitos a registo deve conter, em especial:
a) A menção do nome completo do cônjuge e do respectivo regime matrimonial de bens, se a pessoa a quem o acto respeitar for casada;
b) A advertência de que o registo deve ser requerido no prazo de três meses, se respeitar a actos sujeitos a registo comercial obrigatório que não tenham
sido promovidos e dinamizados pelo notário no uso de competência atribuída por lei;
c) (Revogada.)
d) (Revogada.)
2 - O disposto na alínea a) do número anterior é aplicável às escrituras de habilitação, relativamente ao autor da herança e aos habilitandos, e aos
instrumentos de procuração com poderes para a outorga de actos sujeitos a registo.
3 - Nos instrumentos de constituição de estabelecimento individual de responsabilidade limitada ou de constituição de pessoa colectiva, de alteração dos
respectivos estatutos que determine a modificação da firma, denominação ou objecto social deve ser mencionada a exibição de certificado comprovativo
de admissibilidade da firma ou denominação ou da sua manutenção em relação ao novo objecto, com indicação da sua data.
4 - O testamento público, a escritura de revogação de testamento e o instrumento de aprovação de testamento cerrado devem conter, como menção
especial, a data de nascimento do testador e os nomes completos dos pais.
5 - O instrumento destinado a titular atos sujeitos a registo deve ainda conter, sempre que esteja em causa o pagamento de uma quantia, a indicação do
momento em que tal ocorre e do meio de pagamento utilizado.
6 - Para o cumprimento do disposto no número anterior, caso o pagamento ocorra antes ou no momento da celebração do ato, deve ser consignado no
instrumento:
a) Tratando-se de pagamento em numerário, a moeda utilizada;
b) Tratando-se de pagamento por cheque, o seu número e a entidade sacada;
c) Tratando-se de pagamento através da realização de uma transferência de fundos:
i) A identificação da conta do ordenante e da conta do beneficiário, mediante a menção dos respetivos números e prestadores de serviços de pagamento;
ii) Quando o ordenante ou o beneficiário não realize a transferência por intermédio de uma conta de pagamento, mediante a menção do identificador
único da transação ou do número do instrumento de pagamento utilizado e do respetivo emitente.
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Processo de registo
DECLARAÇÕES
Principais Complementares
(art.º 45.º) (art.º 46.º)
DECLARAÇÕES PRINCIPAIS
Identificação do apresentante
• A identificação do apresentante é feita pelo nome, número de identificação civil ou documento de
identificação equivalente, residência habitual ou domicílio profissional e do cargo, quando o pedido seja
efetuado por entidades públicas.
Quando o apresentante for advogado ou solicitador, a identificação é confirmada pela indicação do número
da respetiva cédula profissional. Sendo o registo apresentado por câmara de comércio e indústria, é suficiente a
indicação da qualidade dessa entidade, cabendo aos serviços de registo verificar o reconhecimento legal dessa
qualidade. Quando o pedido de registo for apresentado por escrito, a assinatura das entidades oficiais e dos
notários deve ser autenticada com selo branco.
Delfim Costa
Processo de registo
DECLARAÇÕES PRINCIPAIS
Identificação dos factos, prédios e documentos entregues
• Os factos de registo não oficioso são indicados, com referência aos respetivos prédios, pela ordem
resultante da sua dependência ou, sendo independentes, segundo a sua antiguidade.
• A indicação dos prédios faz-se pelo número da descrição, freguesia e concelho ou, quando não
descritos, pelo número da inscrição matricial, natureza, freguesia e concelho a que pertence.
• A indicação das parcelas a desanexar faz-se pelo número da descrição predial e da freguesia e concelho
a que pertence o prédio do qual se pretende desanexar uma ou várias parcelas.
Delfim Costa
Processo de registo
DECLARAÇÕES
Delfim Costa
Processo de registo
DECLARAÇÕES
De acordo com o disposto no artigo 38.º do CRP, salvo quando se trate de factos que constem de documento
oficial, as declarações para averbamentos às descrições só podem ser feitas:
• Pelo proprietário ou possuidor definitivamente inscrito ou com a sua intervenção;
• Por qualquer interessado inscrito ou com a sua intervenção, não havendo proprietário ou possuidor inscrito.
DECLARAÇÕES
Delfim Costa
Princípios registais
Delfim Costa
Princípios orgânicos do sistema português
Para estudar o sistema português de registo predial, há que observar quer as linhas essenciais do seu
funcionamento, quer as linhas essenciais da sua organização. Vamos começar por apresentar os princípios
orgânicos.
Princípios são postulados ou proposições não escritas, dotados de uma carga valorativa mais acentuada,
diferentemente das regras, que nos dão uma conotação mais voltada ao direito positivado, escrito.
Ambos, porém, são considerados norma jurídica.
Delfim Costa
Princípio da instância
Delfim Costa
Princípio da instância
Este princípio é acolhido nos artigos 41º e 42º do CRP, significa que, salvo os casos especialmente previstos
na lei, o registo não se efetua oficiosamente, mas a pedido dos interessados.
O sistema nacional, em que os órgãos públicos não detêm a iniciativa de harmonizar a realidade do direito
substantivo com a realidade regitral ou tabular, confia na iniciativa dos particulares interessados que, nos casos
normais, constitui um modo suficiente de realizar (ou promover a realização) dos fins do instituto.
Delfim Costa
Princípio da instância
Os casos de oficiosidade constituem exceção, uma vez que só existem quando a lei expressamente os prevê.
Entre os casos de oficiosidade:
➢ Art.º 92.º, n.ºs 7 e 8 - a conversão do registo em definitivo determina a conversão oficiosa das inscrições
dependentes e a caducidade das inscrições incompatíveis, salvo se outra for a consequência da
requalificação do registo dependente ou incompatível, ou o cancelamento ou a caducidade do registo
provisório determina a conversão oficiosa da inscrição incompatível.
➢ Art.º 97.º, n.º 1 - O registo da aquisição ou mera posse acompanhada da constituição de outro facto
sujeito a registo ou da extinção de facto registado determina a realização oficiosa do registo desses
factos.
➢ Art.º 101.º, n.º s 4 e 5 - A conversão em definitiva da inscrição de ação em que se julgue modificado ou
extinto um facto registado, ou se declare nulo ou anulado um registo, determina o correspondente
averbamento oficioso de alteração ou cancelamento, bem como a inscrição de aquisição, em processo
de execução ou de insolvência, de bens penhorados ou apreendidos determina o averbamento oficioso
de cancelamento dos registos dos direitos reais que caducam nos termos do n.º 2 do artigo 824.º do
Código Civil.
Delfim Costa
Princípio da instância
Os casos de oficiosidade constituem exceção, uma vez que só existem quando a lei expressamente os prevê.
Entre os casos de oficiosidade:
➢ Art.ºs 148.º, n.º 4 - Proferida decisão final que julgue insubsistente a recusa da prática do ato nos termos
requeridos, o conservador deve lavrar o registo recusado, com base na apresentação correspondente, ou
converter oficiosamente o registo provisório.
➢ Art.º 149.º - No caso de recusa, julgado procedente o recurso hierárquico ou a impugnação judicial, deve
anotar-se a caducidade dos registos provisórios incompatíveis com o ato inicialmente recusado e
converter-se oficiosamente os registos dependentes, salvo se outra for a consequência da requalificação
do registo dependente. Verificando-se a caducidade do direito de impugnação ou qualquer dos factos
previstos no n.º 2 do artigo anterior, é anotada a caducidade dos registos dependentes e são convertidos
os registos incompatíveis, salvo se outra for a consequência da requalificação do registo dependente.
Nos casos previstos no n.º 5 do artigo anterior, a anotação da pendência de qualificação determina a
anotação de pendência de requalificação dos registos dependentes ou incompatíveis.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Este princípio diz-nos que só podem ser registados os factos que estejam conformes com a lei e sejam
baseados em títulos válidos e correctos e ainda que respeitem a sujeitos identificados (que já figurem nos títulos
como completamente identificados ou que possam ser incontroversamente identificáveis) bem como a prédio
determinado.
Impõe que os títulos a ser inscritos no Registo da propriedade sejam submetidos a um prévio exame,
verificação ou qualificação,
CONSERVADOR, faz um juízo sobre a viabilidade do pedido de registo no sentido de o admitir (definitiva ou
provisoriamente) ou de o rejeitar.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Significa que o conservador está estritamente vinculado à lei, devendo apreciar substancialmente a viabilidade do
pedido de registo, verificando quatro elementos ou pressupostos fundamentais: a identidade do prédio, a legitimidade
dos interessados, a regularidade formal dos títulos e a validade dos atos dispositivos neles contidos.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
A identidade do prédio terá de refletir os elementos contidos nos artigos 28º e segs. do CRP (conjugação do registo
com as matrizes prediais), e 42º CRP (indicação dos prédios, que deve ser feita através do número da descrição, da
designação da fração autónoma ou da parcela habitacional, ou quando não descritos pelo número de ordem que
tenham no título mais recente, e referência às menções gerais das descrições principais e subordinadas indicadas nos
artigos 82º e 83º do CRP.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
No que respeita à legitimidade dos interessados determina-se nos artigos 36.º e segs. Do CRP que, em geral, têm
legitimidade para pedir o registo os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, de um modo geral,
todos aquele que tenham interesse na efetivação do registo.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Artigo 38.º CRP
Averbamentos às descrições
1 - Salvo quando se trate de factos que constem de documento oficial, os averbamentos às descrições só podem ser pedidos:
a) Pelo proprietário ou possuidor definitivamente inscrito ou com a sua intervenção;
b) Por qualquer interessado inscrito ou com a sua intervenção, não havendo proprietário ou possuidor inscrito;
c) Por qualquer interessado inscrito que tenha requerido a notificação judicial do proprietário ou possuidor inscrito, não havendo oposição
deste no prazo de 15 dias.
2 - A intervenção referida nas alíneas a) e b) do número anterior tem-se por verificada desde que os interessados tenham intervindo nos
respetivos títulos ou processos.
3 - [Revogado].
4 - A oposição referida na alínea c) do n.º 1 é anotada à descrição mediante apresentação de requerimento do proprietário ou possuidor
inscrito.
Artigo 39.º CRP
Representação
1 - O registo pode ser pedido por mandatário com procuração que lhe confira poderes especiais para o ato.
2 - Não carecem de procuração para pedir o registo:
a) Aqueles que tenham poderes de representação para intervir no respetivo título, nos quais se haverão como compreendidos os necessários
às declarações complementares relativas à identificação do prédio;
b) Os advogados, os notários e os solicitadores.
3 - Sem prejuízo do disposto na alínea a), o número anterior não se aplica aos pedidos de averbamento à descrição de factos que não constem
de documento oficial.
4 - A representação abrange sempre a faculdade de requerer urgência na realização do registo, subsiste até à feitura do registo e implica a
responsabilidade solidária do representante no pagamento dos respetivos encargos.
5 - Compete ao respetivo representante legal ou ao Ministério Público requerer o registo quando, em processo de inventário, for adjudicado a
incapaz ou ausente em parte incerta qualquer direito sobre imóveis.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
A regularidade formal dos títulos contém a imposição de que os atos devem obedecer à forma exigida por lei,
prevendo-se, por isso, que só possam ser registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem
(artigo 43.º, nº1 do CRP).
Delfim Costa
Princípio da legalidade
A validade dos atos dispositivos contidos no título impõe a verificação da legalidade dos próprios atos
dispositivos, colocando em equação os conceitos de nulidade e anulabilidade dos atos e negócios jurídicos.
Artigo 174.º CN
Actos anuláveis e ineficazes
1 - A intervenção do notário não pode ser recusada com fundamento de o acto ser anulável
ou ineficaz.
2 - Nos casos previstos no número anterior, o notário deve advertir as partes da existência do
vicio e consignar no instrumento a advertência que tenha feito.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Legitimidade para pedir o registo
➢ Nos termos do artigo 36.º, do CRP, têm legitimidade para pedir o registo:
• Os sujeitos, ativos ou passivos, da respetiva relação jurídica e, em geral,
• Todas as pessoas que nele tenham interesse; ou
• Que estejam obrigadas à sua promoção.
➢ No caso de compropriedade:
• Qualquer comproprietário ou compossuidor pode pedir, a favor de qualquer dos demais titulares, o registo
de aquisição dos respetivos bens ou direitos.
ILEGITIMIDADES CONJUGAIS
De acordo com o disposto no artigo 1682º-A do Código Civil, carece do consentimento de ambos os cônjuges,
salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens, a alienação, oneração, arrendamento ou constituição de
outros direitos pessoais de gozo sobre imóveis próprios ou comuns.
Sendo anuláveis, a requerimento do cônjuge que não deu o consentimento, aplicando-se as regras relativas à
alienação de coisa alheia, à alienação ou oneração de bens próprios do outro cônjuge feita sem legitimidade. (artigo
1687º, n.º 1 e n.º 4 do Código Civil).
Delfim Costa
Princípio da legalidade
ILEGITIMIDADES CONJUGAIS
O direito de anulação pode ser exercido nos seis meses subsequentes à data em que o requerente teve
conhecimento do acto, mas nunca depois de decorridos três anos sobre a sua celebração. (artigos 1687º, n.º 2,
do Código Civil)
As ilegitimidades não são iguais para todos os regimes de bens, e o nosso Código Civil permite adoptar um
dos seguintes regimes de bens:
1. Comunhão Geral de Bens;
2. Comunhão de Adquiridos, e
3. Separação de Bens.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
ILEGITIMIDADES CONJUGAIS
A falta de consentimento inquina o ato com o vicio de anulabilidade, sanável mediante confirmação. (artigos
1687º e 288º, ambos do Código Civil).
São aplicáveis à forma do consentimento conjugal as regras estabelecidas para as procurações. (artigo 117.º
do Código do Notariado) - instrumento público, documento escrito e assinado com reconhecimento presencial da
letra e assinatura ou documento autenticado. (artigo 116º do Código do Notariado).
Delfim Costa
Princípio da legalidade
De acordo com a alíne e), do n.º 1 do CRP, , é-lhe assegurado apenas um ingresso provisório por natureza, a
converter em definitivo depois de sanado o vício ou de caducado o direito de o arguir.
A alienação de bens próprios feita pelo cônjuge proprietário sem o consentimento do outro cônjuge produz os
seus efeitos, sendo, em princípio, tratada como válida enquanto não for exercido o direito potestativo de anular
pertencente ao outro cônjuge ou aos seus herdeiros.
De acordo com o n.º 3 do mesmo artigo, as inscrições, se não forem também provisórias com outro
fundamento, mantêm-se em vigor pelo prazo de cinco anos.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Dispõe o artigo 877º do Código Civil, no seu n.º1 e n.º 2 que os pais e avós não podem vender a filhos ou
netos, se os outros filhos ou netos (e seus cônjuges) não consentirem na venda, e que sendo a mesma efetuada
sem o devido consentimento é anulável.
A anulação pode ser pedida pelos filhos ou netos que não deram o seu consentimento, dentro do prazo de
um ano a contar do conhecimento da celebração do contrato ou do termo da incapacidade, se forem incapazes.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Ao consentimento/confirmação para sanar a anulabilidade do ato é aplicável o disposto no artigo 288º, n.º 3
do Código Civil.
Assim, não intervindo no ato, basta uma declaração a autorizar ou a confirmar, emitida prévia ou
posteriormente ao ato, não carecendo a mesma de forma especial.
O consentimento dos descendentes, quando não possa ser prestado ou seja recusado, é susceptível de
suprimento judicial. (artigo 877º, n.º 1, parte final, do Código Civil).
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Apresentado um pedido de registo, o conservador, faz um juízo sobre a viabilidade do pedido de registo:
CONSERVADOR
Em consequência do
exame que fez sobre a
viabilidade do pedido
de registo
Lavra-o
Lavra o registo
provisoriamente por Recusa-o.
definitivamente
dúvidas/natureza
Dever-se-á referir que a qualificação deve ser exercida de um modo competente e responsável e também, como
sempre se deve sublinhar, de forma independente e imparcial.
Por isso se diz que, apesar de não ser uma função judicial, deve no entanto exercer-se de modo semelhante e
consiste num juízo de valor, não para declarar um direito duvidoso ou controvertido, mas para incorporar ou não no
Registo uma nova situação jurídica imobiliária.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Por isso, o conservador, vinculado a um princípio de legalidade substancial, deve, no caso de se não verificarem os
pressupostos de legalidade, ou recusar o registo nas circunstâncias enumeradas no artigo 69.º, CRP ou realizá-lo
provisoriamente, por dúvidas, nos restantes casos.
Delfim Costa
Princípio da publicidade
Impugnação apresentada
no Serviço de Registo que
proferiu decisão Conservador repara a
(30 dias) decisão
(10 dias)
interposição de recurso
hierárquico para o conselho
diretivo do Instituto dos
Registos e do Notariado, I.P.
Conservador mantem a
decisão
(10 dias)
A interposição da impugnação judicial faz precludir o direito de interpor recurso hierárquico e equivale à desistência deste, quando já interposto.
Delfim Costa
Princípio da publicidade
impugnação judicial
Conservador remete para
recurso hierárquico apresentada no Serviço de
tribunal via eletrónica.
indeferido. Registo que proferiu decisão
(5 dias)
(20 dias)
Os atos agora impugnados referente aos pedidos de registo, tendo em conta a sua natureza parajudicial ou
jurisdicional, uma vez que têm por finalidade titular ou publicitar de modo autêntico e juridicamente eficaz o estado
civil e os direitos individuais das pessoas singulares e coletivas, não são atos administrativos, e, depois de esgotados
os meios de impugnação graciosa - designadamente o recurso hierárquico (onde, também aqui, apenas se aprecia o
mérito, a juridicidade da decisão assumida pelo conservador), só podem ser sujeitos ao controlo dos tribunais
comuns, mas nunca pelos tribunais administrativos, que para tal são incompetentes em razão da matéria.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Situação que corresponde à inexistência de quaisquer obstáculos tanto no que respeita à plena suficiência e
validade dos documentos como às circunstâncias de ordem tabular.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Um último apontamento para dizer que havendo lugar à recusa ou à provisoriedade por dúvidas o
conservador deve justificar essa qualificação através de despacho - fundamentado, mas sucinto, que tem de ser
notificado ao interessado.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
As deficiência do processo de registo devem ser supridas com base nos documentos apresentados ou já
existentes nos serviço de registo;
O serviço de registo deve solicitar os documentos em falta às entidades ou serviços da Adm. Pública, sendo
reembolsado pelo interessado das respetivas despesas;
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Artigo 73.º CRP
Suprimento de deficiências
1 - Sempre que possível, as deficiências do procedimento de registo devem ser supridas oficiosamente com base nos documentos apresentados ou já
existentes no serviço de registo competente ou por acesso direto à informação constante de bases de dados das entidades ou serviços da Administração
Pública.
2 - Não sendo possível o suprimento das deficiências nos termos previstos no número anterior e tratando-se de deficiência que não envolva novo pedido
de registo nem constitua motivo de recusa nos termos das alíneas c) a e) do n.º 1 do artigo 69.º, o serviço de registo comunica este facto ao interessado
por escrito, por correio eletrónico ou sob registo postal, para que, no prazo de cinco dias, proceda a tal suprimento, sob pena de o registo ser lavrado
como provisório ou recusado.
3 - O registo não é lavrado provisoriamente ou recusado se as deficiências em causa respeitarem à omissão de documentos a emitir pelas entidades
referidas no n.º 1 e a informação deles constante não puder ser obtida nos termos aí previstos, desde que o interessado tenha expressamente solicitado
ao serviço de registo, pessoalmente ou por escrito, através de correio eletrónico ou sob registo postal, e no prazo referido no número anterior, que
diligencie pela sua obtenção diretamente junto das entidades ou dos serviços da Administração Pública.
4 - [Revogado].
5 - [Revogado].
6 - Caso os documentos pedidos nos termos do n.º 3 não sejam recebidos pelo serviço de registo até ao termo do prazo legalmente estabelecido para a
emissão do documento pedido com o prazo mais longo de emissão, acrescido de três dias, o registo é lavrado como provisório ou recusado.
7 - A falta de apresentação de título que constitua motivo de recusa, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 69.º, pode ser suprida, com observância
dos números anteriores, desde que o facto sujeito a registo seja anterior à data da apresentação, ou à hora desta se, sendo da mesma data, o título
contiver a menção da hora em que foi assinado ou concluído.
8 - No caso de o registo ser recusado porque o prédio não foi devidamente identificado no pedido, deve ser efetuada nova apresentação, imediatamente
após a última apresentação pessoal do dia em que foi efetuado o despacho de recusa, transferindo-se automaticamente a totalidade dos emolumentos
que foram pagos.
9 - O suprimento de deficiências nos termos dos n.os 2, 3 e 7 depende da entrega das quantias devidas.
10 - Das decisões tomadas no âmbito do suprimento de deficiências não cabe recurso hierárquico ou impugnação judicial
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Desistência do pedido
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Os casos de provisoriedade por natureza estão mencionados nas sucessivas alíneas dos nºs 1 e 2 do artigo 92º
CRP
• Os atos sujeitos a encargos de natureza fiscal só podem ser registados desde que se mostrem pagos ou
assegurados os direitos ao fisco.
Presunções:
• Nas transmissões gratuitas considera-se assegurado o imposto de selo desde que esteja instaurado o
respectivo processo de liquidação;
• Se já tiverem decorrido os prazos de caducidade da liquidação ou prescrição, presume-se assegurado o
pagamento dos direitos correspondentes às transmissões operados em inventário judicial, partilha
extrajudicial e escritura de doação.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Delfim Costa
Princípio da legalidade
O princípio da legalidade tem a sua contrapartida na responsabilidade em que incorre quem fizer registar ato
falso ou juridicamente inexistente (artigo 153º do CRP).
Delfim Costa
Princípio da legalidade
Um outro tema que tem sido debatido a propósito da apreciação que o conservador terá de fazer da validade
substantiva do ato é o do chamado duplo controlo de legalidade.
De facto, exigindo em geral a lei que os atos constem de documento autêntico, ou autenticado, torna-se
necessário que quem os autentica faça o controlo da sua legalidade.
Delfim Costa
Princípio da legalidade
De facto, a qualificação do notário/autenticador é feita na presença dos outorgantes, cuja identidade e suficiência
de poderes verifica - verificação essa que já não é feita pelo conservador.
Acresce que a atuação notarial ocorre na fase de preparação do documento, sendo para tanto prestada a
correspondente assessoria às partes e sendo a estas - e apenas a estas - que a sua intervenção respeita.
Diversamente, o conservador tem de analisar o caso verificando também tudo quanto ocorreu depois da
respetiva titulação e qualifica a legalidade do ato para efeito da sua inscrição no registo, como órgão que não
autorizou o documento e portanto com possibilidades de qualificar o dito documento de outra perspetiva, mormente
a que respeita a terceiros que nele não intervieram e tendo em conta não só as manifestações das partes, como os
dados resultantes do registo.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
O nosso sistema de registo predial visa, como já referido, a segurança jurídica do mercado imobiliário e a
proteção de terceiros.
Embora no nosso ordenamento jurídico os bens se adquiram por mero efeito do contrato, (artigo 408.º do C.
Civil), e o título faz prova disso mesmo (artigo 371º do C. Civil), também é inquestionável que o adquirente só
adquire o bem se ele pertencer ao transmitente.
A escritura ou documento particular autenticado não asseguram que o bem pertence ao transmitente. Apesar
da sua força probatória, que só pode ser ilidida invocando a falsidade, esta não comprova que o efetivamente o
transmitente tenha esse direito, nem que o negócio tenha sido validamente celebrado.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Autênticos – são os documentos exarados, com as formalidades legais, pelas autoridades públicas, pelo
notário ou outro oficial público provido de fé pública.
Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou
oficial público respetivo, só podendo ser ilidida essa força probatória com base na falsidade do mesmo.
(artigo 371º, n.º 1 e artigo 372º, n.º 1, ambos do C. Civil)
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Os documentos particulares devem ser assinados pelo seu autor, ou por outrem a seu rogo, se o rogante
não souber ou não poder assinar, sendo que o rogo deve ser dado e confirmado perante notário, ou outra
entidade com competência notarial, depois de lido o documento ao rogante. (artigo 373º do C. Civil)
Os documentos particulares podem ser autenticados, quando confirmados pelas partes perante o notário,
ou perante entidade com competência notarial.
O documento particular autenticado tem a força probatória dos documentos autênticos. (artigo 377º do C.
Civil).
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
O registo também não assegura que o bem pertence ao transmitente, mas constitui a presunção de que o
direito existe e pertence ao titular inscrito nos precisos termos em que o registo o define.
Pode ser ilidível nos termos do artigo 350,º do C. Civil cabendo o ónus da prova a quem quiser provar o
contrário, impugnando os factos judicialmente e pedindo simultaneamente o cancelamento do registo 8º e 13º do
CRP.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Este princípio refere que o direito registado não só faz essa prova de que tal direito existe, como se torna
necessário proceder à sua inscrição para a titulação de tal direito.
Assim, para que possa ser onerado ou transmitido qualquer imóvel, ou direito sobre um imóvel, torna-se
necessária a intervenção do titular (inscrito) desse direito.
O próprio Código do Notariado, no seu artigo 54º impõe as mesmas condições, para factos ocorridos após a
entrada em vigor do Código do Registo Predial. - 1 de Outubro de 1984.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Artigo 54.º CN
Menções relativas ao registo predial
1 - Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto se mencionem os
números das descrições dos respectivos prédios na conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a
declaração de que não estão descritos.
2 - Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não
podem ser lavrados sem que também se faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de
quem os aliena, ou à inscrição de propriedade do prédio em nome de quem o onera.
3 - O disposto no número anterior não é aplicável:
a) Nos actos de transmissão ou de constituição de encargos outorgados por quem, no mesmo dia e com conhecimento
pessoal do notário, que será expressamente mencionado, tenha adquirido os bens partilhados, transmitidos ou onerados;
b) Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida dos outorgantes ou por extravio ou
inutilização do registo causados por incêndio, inundação ou outra calamidade como tal reconhecida por despacho do
Ministro da Justiça.
4 - A prova dos números das descrições e das referências relativas às inscrições no serviço de registo é feita pela exibição
de certidão de teor, passada com antecedência não superior a um ano, ou quanto a prédios situados em concelho onde
tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta predial, desde que este documento se
encontre actualizado.
5 - A não descrição dos prédios prova-se mediante a exibição de certidão válida por três meses.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Introduzido no nosso
A prova dada ao O título não pode ser lavrado
Ordenamento Jurídico em
documentador passou a ser se o transmitente ou
1/10/1984, contribui de
a autêntica, isto é, a onerante não tiver o registo
forma determinante para a
constante da certidão do a seu favor = registo
segurança das transações
próprio registo indiretamente obrigatório.
imobiliárias.
ATUALMENTE
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
EXCEÇÕES:
Art.º 55.º, alínea a) CN - Nos atos de partilha de herança e, tratando-se de prédios não descritos ou sem inscrição de
aquisição, nos de transmissão de prédios que dela façam parte, se os partilhantes ou transmitentes se encontrarem
habilitados como únicos herdeiros, ou for feita, simultaneamente, a respetiva habilitação;
A causa translativa da propriedade não é a partilha mas sim a sucessão por morte (art.º 1316.º do C. Civil) que se
prova pela habilitação.
Artigo 55.º CN
Dispensa de menção do registo prévio
A exigência prevista no n.º 2 do artigo anterior é dispensada:
a) Nos actos de partilha de herança e, tratando-se de prédios não descritos ou sem inscrição de aquisição, nos de transmissão de
prédios que dela façam parte, se os partilhantes ou transmitentes se encontrarem habilitados como únicos herdeiros, ou for
feita, simultaneamente, a respectiva habilitação;
b) Nos instrumentos relativos a prédios situados em concelho onde não tenha vigorado o registo obrigatório, que titulem o primeiro acto de
transmissão ocorrido após 1 de Outubro de 1984, se for exibido documento comprovativo ou feita justificação simultânea do direito da pessoa de
quem se adquire.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
EXCEÇÕES:
EXCEÇÕES:
Art.º 9.º, n.º 2, alínea a) – venda executiva, penhora, arresto, declaração de insolvência e outras providências que
afetem a livre disposição dos bens.
São atos judicialmente determinados e, por isso, é ao juiz/AE do processo que cabe averiguar a legitimação que, no
caso, lhes possa corresponder.
EXCEÇÕES:
Art.º 9.º, n.º 2, alínea b) – Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia
os bens transmitidos ou onerados.
Art.º 54.º, n.º 3, a) do CN - Nos atos de transmissão ou de constituição de encargos por quem, no mesmo dia e com
conhecimento pessoal do notário, que será expressamente mencionado, tenha adquirido os bens partilhados,
transmitidos ou onerados.
Esta exceção justifica-se porque facilita a celebração de negócios jurídicos, visto que será praticamente inviável
conseguir-se o registo, no mesmo dia, do 1.º ato a favor do adquirente para que este possa transmitir o direito no
mesmo dia.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Artigo 9.º CRP
Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam definitivamente
inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras providências ou atos que
afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser
titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.
Artigo 54.º CN
Menções relativas ao registo predial
1 - Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto se mencionem os números das descrições dos respectivos prédios na
conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a declaração de que não estão descritos.
2 - Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não podem ser lavrados sem que também se
faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de quem os aliena, ou à inscrição de propriedade do prédio em nome de quem o onera.
3 - O disposto no número anterior não é aplicável:
a) Nos actos de transmissão ou de constituição de encargos outorgados por quem, no mesmo dia e com conhecimento pessoal do
notário, que será expressamente mencionado, tenha adquirido os bens partilhados, transmitidos ou onerados;
b) Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida dos outorgantes ou por extravio ou inutilização do registo causados por incêndio,
inundação ou outra calamidade como tal reconhecida por despacho do Ministro da Justiça.
4 - A prova dos números das descrições e das referências relativas às inscrições no serviço de registo é feita pela exibição de certidão de teor, passada com antecedência
não superior a um ano, ou quanto a prédios situados em concelho onde tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta predial, desde que
este documento se encontre actualizado.
5 - A não descrição dos prédios prova-se mediante a exibição de certidão válida por três meses.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
EXCEÇÕES:
Art.º 9.º, n.º 2, alínea c) – Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
Art.º 54.º, n.º 3, alínea b) do CN - Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida
dos outorgantes ou por extravio ou inutilização do registo causados por incêndio, inundação ou outra calamidade como
tal reconhecida por despacho do Ministro da Justiça.
Trata-se de uma situação raríssima que deve ser comprovada por atestado médico.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
Artigo 9.º CRP
Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam definitivamente
inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a declaração de insolvência e outras providências ou atos que
afetem a livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.
3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser
titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.
Artigo 54.º CN
Menções relativas ao registo predial
1 - Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto se mencionem os números das descrições dos respectivos prédios
na conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a declaração de que não estão descritos.
2 - Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não podem ser lavrados sem que também se
faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de quem os aliena, ou à inscrição de propriedade do prédio em nome de quem o onera.
3 - O disposto no número anterior não é aplicável:
a) Nos actos de transmissão ou de constituição de encargos outorgados por quem, no mesmo dia e com conhecimento pessoal do notário, que será expressamente
mencionado, tenha adquirido os bens partilhados, transmitidos ou onerados;
b) Nos casos de urgência, devidamente comprovada, motivada por perigo de vida dos outorgantes ou por extravio ou inutilização
do registo causados por incêndio, inundação ou outra calamidade como tal reconhecida por despacho do Ministro da Justiça.
4 - A prova dos números das descrições e das referências relativas às inscrições no serviço de registo é feita pela exibição de certidão de teor, passada com
antecedência não superior a um ano, ou quanto a prédios situados em concelho onde tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta
predial, desde que este documento se encontre actualizado.
5 - A não descrição dos prédios prova-se mediante a exibição de certidão válida por três meses.
Delfim Costa
Princípio da legitimação de direitos
EXCEÇÕES:
Dissemos que antes do Código de 1984 o registo era obrigatório* numa parte do País e facultativo noutra.
Onde era facultativo, o outorgante que queira dispor do prédio, em vez de provar que já está feito o registo a seu
favor, pode juntar o(s) documento(s) comprovativo(s) de que ele está em condições de o ser ou então, simultaneamente
justificar o seu direito. Isto é, demonstra a titularidade do prédio não através do registo, mas sim através dos documentos
(ou da simultânea justificação) que a comprovam.
Artigo 55.º CN
Dispensa de menção do registo prévio
A exigência prevista no n.º 2 do artigo anterior é dispensada:
a) Nos actos de partilha de herança e, tratando-se de prédios não descritos ou sem inscrição de aquisição, nos de transmissão de prédios que dela
façam parte, se os partilhantes ou transmitentes se encontrarem habilitados como únicos herdeiros, ou for feita, simultaneamente, a respectiva
habilitação;
b) Nos instrumentos relativos a prédios situados em concelho onde não tenha vigorado o registo obrigatório, que titulem o
primeiro acto de transmissão ocorrido após 1 de Outubro de 1984, se for exibido documento comprovativo ou feita justificação
simultânea do direito da pessoa de quem se adquire.
Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo
Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo
O princípio do trato sucessivo pretende assegurar a continuidade do registo, e garantir a quem possui uma
inscrição de aquisição ou reconhecimento de direito suscetível de ser transmitido a certeza de que não pode haver
nova inscrição definitiva lavrada sem a sua intervenção.
"Trato sucessivo" é sinal de encadeamento de inscrições de titulares do direito, de maneira que todos os atos
dispositivos tomem um encadeamento perfeito, aparecendo registados como se derivassem uns dos outros.
Através da continuidade, o princípio garante a certeza da história da situação jurídica da coisa desde o início
(descrição), até ao momento de cada novo ato de registo, exigindo e traduzindo um nexo ininterrupto de continuidade
entre os vários sujeitos que aparecem investidos de poderes sobre a coisa.
Trata-se de um princípio fundamental para que se possa alcançar um elevado grua de credibilidade e de certeza.
Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo
O princípio tem consagração expressa no artigo 34º, nºs. 1 e 2 do CRP. Contempla, assim, tanto o ingresso no
registo, como o que tipicamente constitui trato sucessivo, a continuidade do registo com a garantia que lhe é
inerente.
O princípio do trato sucessivo previsto no artigo 34,º do CRP, apresenta duas vertentes ou modalidades:
Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo
Delfim Costa
Princípio do trato sucessivo
Dispensa de inscrição intermédia
O art.º 35.º do CRP dispensa a inscrição intermédia em nome dos titulares ou direitos que façam parte de herança
indivisa.
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Nos termos do artigo 4.º do Código do Registo Predial, os factos sujeitos a registo, ainda que não registados,
podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros, com exceção da constituição de hipoteca cuja
eficácia, entre as próprias partes, depende da realização do registo.
Diz-nos este princípio qual é o resultado, qual é o valor da inscrição registal e qual o efeito útil que produz
tanto para as partes como para com terceiros, mormente no tocante à constituição e à eficácia do direito real a que
o assento de registo se refere.
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
O registo não é constitutivo de direitos, é apenas declarativo, já que o seu primeiro fim é, precisamente, dar
publicidade à situação jurídica dos prédios, e não atribuir a propriedade à pessoa que nele aparece inscrita como
proprietária, pois a titularidade do direito de propriedade advém da própria validade de aquisição, não da inscrição
do registo, só excecionalmente é constitutivo.
Acresce que o Código Civil estabelece [art.ºs 408º, n.º 1 e 1317.º,a)] que os direitos reais se constituem “por
mero efeito do contrato”.
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Casos em que o registo é constitutivo
Caso da Hipoteca – segundo o artigo 678.º do C. Civil, para que a hipoteca produza efeitos, mesmo entres as
partes, necessita de ser registada
Artigo 687.º CC
(Registo)
A hipoteca deve ser registada, sob pena de não produzir efeitos, mesmo em relação às partes
A necessidade do registo da hipoteca funda-se nas exigências impostas pela segurança do comércio jurídico,
pois conferindo-se ao credor que goze de hipoteca o direito a ser pago, pelo valor de imóvel, com preferência a
outros credores, impõe-se que, através do registo predial, qualquer pessoa possa ter acesso à situação do prédio,
exigências que se verificam tanto no momento da constituição da hipoteca como para qualquer ato que à
hipoteca se reporte e implique qualquer alteração da mesma, nomeadamente havendo transmissão da hipoteca.
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Casos em que o registo é constitutivo
Artigo 822.º CC
(Preferência resultante da penhora)
1. Salvo nos casos especialmente previstos na lei, o exequente adquire pela penhora o direito de ser pago com
preferência a qualquer outro credor que não tenha garantia real anterior.
2. Tendo os bens do executado sido previamente arrestados, a anterioridade da penhora reporta-se à data do
arresto.
Delfim Costa
Princípio da eficácia do registo
Casos em que o registo é constitutivo
Serão ainda outros casos, como o do destaque de uma parcela para construção nos termos consentidos
pela lei do loteamento.
Há certos factos em que o registo, se não tem um claro efeito constitutivo do direito, assume pelo menos
uma natureza de pressuposto para o seu exercício.
Delfim Costa
Princípio da oponibilidade
Este princípio respeita aos efeitos do registo e à sua eficácia para com terceiros.
(oponibilidade erga omnes)
Delfim Costa
Princípio da oponibilidade
Há outras disposições que também respeitam aos efeitos do registo e à eficácia para com terceiros,
designadamente:
- Os art.ºs 17.º, n.º 2 e 122.º do CRPredial;
- E art.º 291º do Código Civil.
Artigo 291.º CC
(Inoponibilidade da nulidade e da anulação)
1. A declaração de nulidade ou a anulação do negócio jurídico que respeite a bens imóveis, ou a móveis sujeitos a
registo, não prejudica os direitos adquiridos sobre os mesmos bens, a título oneroso, por terceiro de boa fé, se o registo
da aquisição for anterior ao registo da acção de nulidade ou anulação ou ao registo do acordo entre as partes acerca
da invalidade do negócio.
2. Os direitos de terceiro não são, todavia, reconhecidos, se a acção for proposta e registada dentro dos três anos
posteriores à conclusão do negócio.
3. É considerado de boa fé o terceiro adquirente que no momento da aquisição desconhecia, sem culpa, o vício do
negócio nulo ou anulável.
Delfim Costa
Princípio da oponibilidade
Pode ser ilidível nos termos do artigo 350,º do C. Civil cabendo o ónus da prova a quem quiser provar o contrário,
impugnando os factos judicialmente e pedindo simultaneamente o cancelamento do registo 8º e 13º do CRP.
Então podemos dizer que o nosso sistema de registo é um sistema de mera inoponibilidade, sendo o registo
condição de eficácia perante terceiros dos factos a ele sujeitos. Mas do registo deriva a presunção iuris tantum
(relativa), de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, nos precisos termos em que o registo o define.
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Delfim Costa
Princípio da prioridade
É sempre a apresentação com a sua data e número de ordem, que fixa o grau prioritário do registo, nada
importando o momento em que o registo é lavrado, tenha ou não sido deferida a urgência, esteja ou não a
conservatória “em dia”, tenha ou não sido cumprida a “regra de ordem” prevista no nº 1 do art.º 75.º in fine.
Deste modo, é possível aos interessados obter desde o registo provisório (quer por natureza quer por dúvidas) e
se usarem da diligência de o converter atempadamente, uma imediata proteção prioritária do seu direito.
Ou seja: a definição do grau prioritário vai ser dada não quando o registo se converter em definitivo mas logo na
altura em que ainda é provisório.
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Uma idêntica reserva de prioridade não já para provisoriedade do registo, mas sim para a hipótese
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Mas para que a situação tabular não iluda quem entretanto consulte o registo, o Código estabeleceu um
“mecanismo” de alerta e de salvaguarda de uma publicidade verídica - insusceptível de que terceiros sejam induzidos
em erro.
Estas anotações oficiosas, que passam obrigatoriamente a constar do registo, servem portanto para dar a conhecer
a todos que, com base em determinada apresentação, houve uma recusa e que (se a final for julgada indevida) pode vir
dar lugar a um registo com a prioridade correspondente à dessa apresentação.
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Desde então, o artigo 6.º-A do Decreto-Lei n.º 519-F2/79, de 29 de Dezembro, introduzido pelo artigo 18.º do
Decreto-Lei n.º 116/2008, dispõe que «os actos de registo predial podem ser efectuados e os respectivos meios de
prova obtidos em qualquer serviço do registo predial, independentemente da sua localização geográfica» – o que,
embora não tenha representado a abolição do princípio da descentralização geográfica, o atenuou claramente,
isentando os cidadãos de muitos dos incómodos dele resultantes.
Delfim Costa
Princípio da prioridade
Não se trata da prioridade da criação do direito no sentido de que o primeiramente constituído prevalece sobre
que o nasceu depois, mas sim na de que o registado em primeiro lugar tem prevalência - ou deve ser graduado
primeiramente.
Delfim Costa
Princípio da fé pública
Delfim Costa
Princípio da fé pública
O princípio da fé pública, inscrito no artigo 7º do CRP, traduz o valor pressuposto e inerente à publicidade do
registo: uma presunção de verdade ou de exatidão do registo que constitui um outro modo de compreensão do
principal dos efeitos substantivos do registo predial.
FÉ PÚBLICA
Presunção de verdade dada aos atos emanados por autoridade pública ou oficial público
Delfim Costa
Princípio da tipicidade
Delfim Costa
Princípio da tipicidade
O princípio da tipicidade significa que os factos sujeitos a registo estão expressamente enumerados na lei -
artigos 2º e 3º do CRP. A subordinação ao sistema de numerus clausus, tradicional na construção do sistema
nacional de registo predial, corresponde, de certo modo, ao sistema substantivo no que respeita à constituição dos
direitos reais.
Delfim Costa
Princípio da publicidade
Delfim Costa
Princípio da publicidade
Resulta do artigo 1.º do CRP que o mesmo, tem como finalidade essencial "dar publicidade à situação jurídica
dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico imobiliário".
Na verdade, "os registos existem para dar publicidade“.
Por conseguinte, que a finalidade principal do registo é a segurança do tráfego e só de maneira depois a
segurança dos direitos.
Delfim Costa
Princípio da publicidade
Com efeito, a finalidade primária da publicidade registal parece consistir na proteção do tráfego e na agilização
e facilitação das transações imobiliárias "ao suprir com a garantia dada pela consulta de um registo público, as
complexas indagações sobre a titularidade dos direitos que, de outro modo, seria necessário levar a cabo".
Delfim Costa
Princípio da publicidade
CERTIDÕES
Delfim Costa
Princípio da publicidade
Competência para a emissão de certidões - As certidões podem ser emitidas por qualquer serviço de registo.
No entanto, as certidões negativas tem de ser confirmadas pelo serviço de registo da área da situação do
prédio, pois é nesta conservatória que existem os elementos de busca designadamente os verbetes reais e pessoais
e os livros índice.
As certidões de documentos e despachos são enviadas pelo serviço de registo da área da situação do prédio,
enquanto estes documentos não se encontrarem digitalizados.
Tratando-se de certidão negativa, se for encontrado um prédio descrito que apenas ofereça semelhança com o
identificado no pedido, é passada certidão daquele, com menção desta circunstância, devendo, neste caso, os
interessados declarar, nos instrumentos ou termos processuais a que certidão se destine, se existe relação entre
ambos os prédios
Emissão da certidão:
➢ As certidões são emitidas imediatamente, exceto se do pedido constar um termo inicial diferente.
➢ As certidões negativas são emitidas no prazo máximo de um dia útil.
A passagem da certidão só pode ser recusada quando:
➢ O pedido não contiver os elementos do artigo 111.º;
➢ Se o prédio não estiver sujeito a registo.
➢ Se o pedido for genérico.
Delfim Costa
Princípio da publicidade
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Impugnação apresentada
no Serviço de Registo que
proferiu decisão Conservador repara a
(30 dias) decisão
(5dias)
interposição de recurso
hierárquico para o conselho
diretivo do Instituto dos
Registos e do Notariado, I.P.
Conservador mantem a
decisão
(5dias)
A interposição da impugnação judicial faz precludir o direito de interpor recurso hierárquico e equivale à desistência deste, quando já interposto.
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impugnação judicial
Conservador remete para
recurso hierárquico apresentada no Serviço de
tribunal via eletrónica.
indeferido. Registo que proferiu decisão
(5 dias)
(20 dias)
Ao contrário da impugnação judicial referente aos pedidos de registo, que é intentada junto dos tribunais
comuns, a da impugnação judicial referente aos pedidos de certidões, que é intentada junto dos tribunais
administrativos, por ser um ato administrativo.
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Artigo 1.º
Certidão permanente de registo predial
1 - Designa-se por certidão permanente de registo predial a disponibilização do acesso à informação, em suporte electrónico e
permanentemente actualizada, dos registos em vigor e das apresentações pendentes, respeitantes a prédio descrito.
2 - O acesso previsto no número anterior efectua-se mediante a disponibilização de um código de acesso, que permite a
visualização da informação através da Internet, durante o prazo de validade da certidão permanente.
Pedido e custos:
Internet em www.predialonline.mj.pt …..………………….…………………………………………………15,00€
Verbalmente, em qualquer serviço de registo, com referência a cada prédio …………..….20,00€
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http://www.predialonline.pt/PredialOnline/
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Pedido:
Através do sítio na Internet com o endereço www.predialonline.mj.pt. ………………….…….………………6,00€
Verbalmente, em qualquer serviço com competência para a prática de atos de registo predial …….10,00€
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Artigo 1.º
Informação predial simplificada
1 - Designa-se por informação predial simplificada a disponibilização permanente em suporte electrónico do acesso a informação
não certificada, existente sobre prédio descrito, extraída de forma automática da respectiva ficha informatizada.
2 - A informação disponibilizada nos termos do número anterior consiste na indicação de elementos essenciais da descrição, dos
titulares do direito de propriedade e de outros direitos restritivos daquele, na simples menção da existência ou não de hipotecas, de
penhoras e de quaisquer outros ónus ou encargos ou de outros factos registados, bem como de apresentações pendentes.
3 - O acesso à informação predial simplificada efectua-se mediante a disponibilização de um código de acesso que permite a
visualização da informação através da Internet.
4 - A disponibilização do código a que se refere o número anterior não equivale à entrega de uma certidão de registo predial e não
dispensa a apresentação desta sempre que a lei a exija.
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As bases de dados do registo predial destinam-se a organizar e manter atualizada a informação respeitante à
situação jurídica dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico, não podendo ser utilizada para
qualquer outra finalidade.
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Do pedido de registo e dos documentos apresentados pelos interessados são recolhidos diversos dados
pessoais …
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Podem ser comunicados a qualquer pessoa, desde que indique o número da descrição predial ou qualquer
outro elemento de busca referente ao prédio, como por exemplo, o artigo da matriz ou o nome da rua onde se
situa o prédio.
Dados pessoais:
Qualquer pessoa tem o direito a ser informada sobre os dados pessoais que lhe respeitem e a respetiva
finalidade.
Os dados pessoais podem ser comunicados aos organismos e serviços do Estado e demais pessoas coletivas de
direito público para a prossecução das respetivas atribuições legais e estatutárias.
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No âmbito da prossecução das suas funções, podem aceder diretamente aos dados pessoais e à situação
jurídica dos prédios:
Agente de execução - O Código de Processo Civil permite a consulta das bases de dados das conservatórias do
registo predial, pelo AE, para descoberta dos bens.
SIGILO
Os funcionários dos registos e notariado que tenham conhecimento de dados pessoais, registados nas bases de
dados do registo predial, ficam obrigados ao sigilo profissional.
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Cessação dos efeitos
do
registo
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Cessação dos efeitos do registo
O sistema registal português, como já se referiu, encontra-se organizado com base no prédio e tem por
finalidade dar publicidade à situação jurídica dos prédios, tendo em vista a segurança do comércio jurídico
imobiliário.
É através das inscrições registais que se fica a saber a situação jurídica dos prédios. Quanto à sua natureza,
estas podem ser definitivas ou provisórios e, sendo provisórias, podem-no ser por natureza ou por dúvidas ou,
ainda, por natureza e dúvidas.
As inscrições provisórias estão, regra geral, sujeitas a prazo de caducidade.
Ao contrário, as inscrições qualificadas como definitivas não estão, regra geral, sujeitas a qualquer prazo de
caducidade. Porém, quer num caso quer noutro, as inscrições podem cessar os seus efeitos por diversos motivos, o
que vale por dizer que os efeitos do registo estão sujeitos a cessação.
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Cessação dos efeitos do registo
São diversas as causas pelas quais os efeitos do registo podem cessar. Nos termos do artigo 10.º do C.R.P, os
efeitos do registo cessam por transferência mediante novo registo, por caducidade ou cancelamento.
CAUSAS DE
CESSAÇÃO
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Cessação dos efeitos do registo
A extinção dos efeitos mediante novo registo ocorre quanto o titular de certo direito inscrito o transmite a
outrem e este o regista a seu favor.
Os prédios, ao longo da sua existência, têm uma dinâmica muito peculiar, própria dos direitos reais. Sobre os
mesmos inscrevem-se quer a constituição dos direitos quer a constituição de encargos, que os tenham por objecto,
mediato ou imediato.
Quando o direito do titular é transmitido para outrem, voluntária ou coercivamente, procede-se a um novo
registo sucedendo este adquirente ao anterior titular e transferindo-se, consequentemente, os efeitos do anterior
registo para o registo a favor do novo titular.
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Cessação dos efeitos do registo
A segurança jurídica constitui um valor fundamental na área dos negócios jurídicos. Compete ao registo
predial proporcionar e garantir que a mesma seja alcançada. Por isso, e para que o registo predial cumpra uma das
suas finalidades, que é a de informar de forma inequívoca e simples a quem pertence um prédio e que encargos
sobre ele incidem, foi consagrada, no respetivo Código, a caducidade de alguns registos. O instituto da caducidade
torna o registo mais inteligível e compreensível para quem o consulta, na medida em que, quando ocorre a
caducidade do registo, deve esta ser imediatamente anotada. Apenas se dão a conhecer, se nada for pedido em
contrário, os registos que estão em vigor.
Por regra, os registos provisórios caducam se não forem convertidos em definitivos ou renovados dentro do
prazo de vigência, estabelecendo o número 3 do art.º 11.º é de seis meses, salvo disposição em contrário.
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Cessação dos efeitos do registo
Os registos provisórios podem estar sujeitos a diversos prazos de caducidade, desde que a provisoriedade
tenha mais que uma causa, havendo tantos prazos de caducidade do registo provisório quantas as causas
determinantes da sua provisoriedade.
Sendo o registo provisório por diversas causas, caducará quando ocorrer a primeira causa de caducidade,
porquanto os prazos de caducidade correm paralelamente, sem se confundirem no seu percurso, dispondo de
autonomia, se, obviamente, não forem renovados ou convertidos em definitivo.
Assim, decorrido que esteja o prazo mais curto dá-se a caducidade do registo.
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Cessação dos efeitos do registo
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Cessação dos efeitos do registo
Os registos qualificados como provisórios produzem todos os efeitos como se tivessem sido qualificados
como definitivos. Entre esses efeitos assume relevância a prioridade do direito inscrito, uma vez que o registo
provisório convertido em definitivo conserva a prioridade que tinha como provisório, como dispõe o art. 6.º do
CRP.
Artigo 6.º CRP
Prioridade do registo
1 - Os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros.
2 - Excetuam-se os factos constitutivos de hipoteca cuja eficácia, entre as próprias partes, depende da realização do registo.
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Cessação dos efeitos do registo
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Cessação dos efeitos do registo
Mantém-se em vigor pelo prazo de 5 anos, renovável por períodos de igual duração (art.º 92.º, n.º 3):
• A renovação efetua-se a pedido dos interessados, mediante apresentação de documento que comprova a subsistência da
razão da provisoriedade emitido com antecedência não superior a 180 dias em relação ao termo daquele prazo.
• É renovável por períodos de 6 meses e até um ano após o termo do prazo para a celebração do contrato prometido (n.º 4
do art.º 92.º);
• Renovação – efetua-se com base em documento que comprove o consentimento das partes.
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Cessação dos efeitos do registo
• As inscrições referidas nas alíneas a) e j) a n) – não estão sujeitas a qualquer prazo de caducidade (n.º 11);
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Cessação dos efeitos do registo
Caducidade/Início do prazo
• Registos efetuados provisoriamente por dúvidas – a contar da data da notificação do despacho – art.º
71.º, n.º 1;
• Registos efetuados provisoriamente por natureza, exceto os previstos nas alíneas g) e i) do n.º 1 do art.º
92.º - a contar da data da notificação – art.º 71.º, n.ºs 2 e 3;
• Registos provisórios por natureza nos termos das alíneas g) e i) do n.º 1 do art.º 92.º - a contar da data
em foram confirmados – art.º 93.º, n.º 1, c) – parte final.
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Cessação dos efeitos do registo
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Cessação dos efeitos do registo
Cancelamento
Os registos também cessam os seus efeitos por cancelamento.
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Cessação dos efeitos do registo
São diversas as causas pelas quais se extinguem os direitos. Verifica-se essa extinção, por exemplo:
• Com a morte do usufrutuário ou usuário;
• No caso do direito de superfície, pela reunião, na mesma pessoa, do direito de superfície e do direito
dos fundos;
• No caso do direito de usufruto, pela reunião, na mesma pessoa, do usufruto e do direito de
propriedade.
• Nestes casos, o registo cancela-se em face dos documentos que comprovem aquela extinção.
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Cessação dos efeitos do registo
Os registos são cancelados mediante a prova da extinção dos ónus ou encargos que os oneram. A título
meramente exemplificativo:
• O ónus de inalienabilidade é cancelado desde que se prove o cumprimento das obrigações impostas no
diploma legal que o prevê ou decorra o prazo aí imposto;
• O registo de hipoteca é cancelado com base em documento de que conste o consentimento do credor;
• O registo de penhora, arresto e outras providências cautelares, não estando já a ação pendente, faz-se
em certidão passada pelo tribunal que comprove essa circunstância e a causa. Tratando-se do registo de
penhora resultante de execução fiscal, o cancelamento é efectuado mediante comprovação da não
existência da dívida à Fazenda Nacional.
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Cessação dos efeitos do registo
Decisão judicial
Os registos podem, também, ser cancelados com base em decisão judicial, desde que transitada em julgado.
A questão do cancelamento com base em decisão judicial transitada, apesar de aparentemente simples, nem
sempre tem sido pacífica.
Suscita-se, por vezes, a questão de saber qual o âmbito da decisão judicial que ordena o cancelamento de um
registo.
Será que estamos perante uma ordem judicial que o conservador deve acatar, ou antes perante um título
para registo sujeito a qualificação?
Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo
Decisão judicial
A resposta a esta questão deverá obter-se considerando-se a função do registo predial em articulação com o
princípio da legalidade, consagrado no artigo 68.º (princípio da legalidade), um dos princípios estruturantes do
Código do Registo Predial, e com o princípio constitucional que decorre do n.º 2 do artigo 205.º da Constituição da
República Portuguesa, segundo o qual as decisões judiciais são obrigatórias para todas as entidades públicas e
privadas, e prevalecem sobre as de quaisquer outras autoridades.
O registo predial, na medida em que publicita titularidades, preocupa-se com a validade e a regularidade das
situações jurídicas que são registadas, de modo a que haja harmonia entre a realidade registal e a realidade
substantiva.
Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo
Decisão judicial
Por isso, o conservador, em relação a cada registo, tem o dever de exercer a sua atividade qualificadora,
apenas registando o que estiver conforme ao ordenamento jurídico.
Esta atividade é livre e independente, inexistindo qualquer sujeição ao poder hierárquico ou decisão judicial
que tenha sido proferida fora do processo de impugnação das suas decisões.
Naturalmente que a decisão do conservador é impugnável e, se nessa sede, se mantiver a decisão judicial,
não resta alternativa ao conservador senão registar o facto.
Delfim Costa
Cessação dos efeitos do registo
Decisão judicial
A apreciação pelo conservador é feita em relação a todos os documentos, embora quanto aos judiciais lhe
seja vedado qualificar a parte dispositiva da decisão judicial, não podendo intrometer-se no mérito da questão.
Nestes casos, a apreciação encontra-se limitada à regularidade formal dos títulos e só pode levantar
obstáculos de natureza registal que ponham em causa a mencionada harmonização da realidade registal com a
realidade substantiva.
Delfim Costa
Obrigado
pela Vossa presença.