REPÚBLICA DE ANGOLA
DIRECÇÃO MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
COLÉGIO BG0007 COMANDANTE DANGEREUX – CATUMBELA
CLASSE: 8ª
TURMA: O
SALA: 13
GRUPO Nº: 3
PERÍODO: TARDE
Professora
______________________
Vicente Tchinda
Catumbela aos, 01 Outubro de 2024
REPÚBLICA DE ANGOLA
DIRECÇÃO MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
COLÉGIO BG0007 COMANDANTE DANGEREUX – CATUMBELA
2
4
10
12 FRANCISCO SANDONGO
13 HELENA MUTECA
15 ISABEL AFONSO
22
39 PAULINA MÁRIO
40 RUFINA SILVA
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INTRODUÇÃO
A Língua Portuguesa foi utilizada como instrumento de hierarquização,
silenciamento e isolamento de línguas africanas, hoje conhecidas como línguas
nacionais angolanas. O presente artigo articula um breve percurso histórico
para fins de análise sobre a resistente presença das línguas nacionais em
território angolano diante de uma política colonial que visou o apagamento
cultural africano por meio do assimilacionismo.
Tal feito era legitimado através do Estatuto do Indigenato e tinha como
premissa a introdução de costumes europeus, no sentido de ocidentalizar a
comunidade angolana. Neste panorama, além de atos de racismo linguístico,
são evidenciadas as resistências que possibilitaram a sobrevivência de
algumas línguas africanas, bem como as mutáveis relações de poder que
fizeram com que a língua portuguesa, instrumento colonial, passasse a ser
chamada de Português Angolano.
3
ORIGEM DAS LÍNGUAS NACIONAIS EM ANGOLA
Como em qualquer país africano, a população de Angola é no essencial
constituída pelos povos africanos residentes no seu espaço. A implantação
geográfica destes povos, hoje designados como etnias, no fim da era colonial
depreende-se do mapa constante desta página; apesar das vicissitudes das
décadas pós-coloniais, esta distribuição espacial continua no essencial
inalterada. Convém reter que, em termos globais, a esmagadora maioria dos
angolanos – da ordem 87% – é de origem banta.
Existem ainda pequenos grupos coissãs. Importa mencionar a existência de
uma população branca, constituída por pessoas que nasceram em Angola no
tempo colonial e optaram por ficar depois da independência, adquirindo a
nacionalidade angolana; o seu número (1 a 2%) poderá depreender-se dos
resultados do censo realizado em 2014. Finalmente há o grupo dos "mestiços",
de ascendência africana e europeia, provavelmente um pouco mais numeroso
do que o dos brancos.
PROMOÇÃO DAS LÍNGUAS NACIONAIS
Durante o período colonial, o uso das línguas indígenas estava
praticamente circunscrito ao ensino do catolicismo. Contudo, a língua
portuguesa não conseguiu fixar-se em todo o território devido à limitada
utilização que as populações africanas dela faziam, principalmente nas zonas
rurais, permanecendo as línguas indígenas, relativamente intactas.
Com a independência do país, algumas dessas línguas adquirem o
estatuto de línguas nacionais, coexistindo com a língua portuguesa como
veículos de comunicação e expressão, teoricamente em pé de igualdade.
Com vista à valorização, utilização e promoção das línguas locais,
o Instituto de Línguas Nacionais de Angola fixou normas ortográficas dos
idiomas chócue (côkwe), quicongo (kikongo), quimbundo
(kimbundu), vambunda, cuanhama (kwanyama) e umbundo (umbundu),
estudando os aspectos fonéticos, fonológicos, morfossintácticos, lexicais e
semânticos.
GRUPOS ÉTNICOS E AS SUAS LÍNGUAS
Ovimbundos
Ambundos
Congos
Chócues
Ganguelas
Cuanhamas e ovambos
1. Ovimbundos
O principal grupo sociocultural de Angola é o dos ovimbunda que se
concentra no centro-sul do país, ou seja, no Planalto Central e algumas áreas
adjacentes, especialmente na faixa litoral a oeste do Planalto Central de
Angola, uma região que compreende as províncias
do Huambo, Bié e Benguela. Os ovimbundos constituem hoje um pouco mais
da terça parte da população, e a sua língua, o umbunda, é por conseguinte a
segunda língua mais falada em Angola (a seguir ao português) com 5,9
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milhões de falantes (37 % da população), segundo o censo da população
angolana realizado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola em 2014.
Por causa da Guerra Civil Angolana, muitos ovimbundos fugiram das
zonas rurais para as grandes cidades, não apenas para Benguela e Lobito,
mas também para Luanda e até para cidades geograficamente periféricas
como Lubango, transportando assim a sua língua para regiões onde esta antes
não era falada.
2. Ambundos
Em termos de importância numérica, o segundo grupo são
os ambundos que representam cerca da quarta parte da população. A sua
língua, o quimbundo era o idioma do antigo Reino do Dongo e do Reino da
Matamba, seus diversos dialectos são o ginga / jinga (njinga),
quimbamba (kimbamba) / bambeiro / bamba (mbamba; pode ser uma língua
separada), ambaca[9] / ambaquista (mbaka), dongo (ndongo) / quindongo
(kindongo) e angolar / negola (ngola).[10] É uma língua relacionada às línguas
songo, sama, bolo, bali.[11]
As variantes são o ginga / jinga (njinga), ambamba (mbamba) bamba /
quimbamba / bao(quimbamba, bambeiro), ambaca (ambaquista) e o angolar. É
uma língua relacionada às línguas songo, sama, bolo e bali. Falada por 7,82%
da população, maioritariamente na região centro-norte ( principais
províncias: Luanda, Malanje, Bengo, Cuanza Sul , Cuanza Norte e uma
pequena parte do Uíge). O quimbundo é uma língua com grande relevância,
por ser a língua tradicional da capital nacional. O quimbundo emprestou muitas
palavras à língua portuguesa e importou desta, também, alguns vocábulos.
Durante o período colonial português, um decreto de 1919 proibiu o uso
de línguas locais nas escolas e tornou obrigatório o português. Isto reduziu
fortemente o uso do quimbundo entre populações educadas e urbanas em
favor do Português. Por outro lado, quimbundo foi aprendido por uma parte
significativa da população portuguesa da região, e muitas palavras em
quimbundo passaram para o cotidiano português falado lá. Nos anos 1960 e
1970, até grupos musicais brancos e racialmente misturados costumavam a
cantar canções em quimbundo, por exemplo, “Monami” e “Kamba iyami”. Em
parte da província de Malanje culturalmente "assimilada", as populações de
ambundos produziram uma mistura de quimbundo e português chamada
ambaca, cujos falantes são chamados ambaquistas.
3. Outras línguas de Angola
Um outro conjunto de povos é, desde os tempos coloniais, classificado
como nhaneca-humbes, mas tão pouco constituem uma etnia abrangente, nem
pela sua identidade social, mas por uma raiz linguística comum, a língua
nhaneca. No sudoeste de Angola existem pequenos povos aparentados
aos hereros, principalmente os mucubais, os himbas e os dimbas. A situação
étnica e linguística actual no extremo sudeste de Angola, especialmente
dos xindongas, na província do Cuando-Cubango, é mal conhecida e constitui
neste momento o objecto de um estudo em curso.
Finalmente existem no sul de Angola grupos residuais de coissãs, povos
distintos dos povos bantos e com as suas línguas específicas. Por último, cerca
5
de 3% da população é caucasiana (maioritariamente de origem portuguesa)
ou mestiça, população que se concentra primariamente nas cidades e tem o
português por língua materna. De referir, ainda, a existência de um número
considerável de falantes das línguas francesa e lingala, explicada pelas
migrações fuga de muito congos angolanos para a República Democrática do
Congo, no início da guerra pela independência, e o seu regresso após a
independência.
LISTA DE IDIOMAS EM ANGOLA
N
Idiomas Número de falantes em Angola
º
1 Chócue/Cokwe/Chokwe 456 000
2 Dimba/Zemba 18 000
3 Francesa 700 000
4 Gciriku 24 000
5 Himba/Herero 20 000
6 Holu 23 100
7 Khongo 20 000
8 Khwedam 200
9 Quibala 2 630
10 Congo 2 000 000
11 Quilari Número desconhecido em Angola
12 Quimbundo 1 700 000
13 !Kung-Ekoka 5 500
14 Cuvale 70 000
15 Kwadi Nenhum nativo conhecido em Angola
16 Kwandu 6 000
17 Kwangali 22 000
18 Lingala 138 000
19 Luba-Kasai 60 000
20 Luchazi/Ganguela-luchazi 400 000
21 Luimbi 43 900
22 Lunda 178 000
23 Luvale 464 000
24 Makoma 3 000
25 Mashi 2 630
26 Mbangala 400 000
27 Mbukushu 4 000
28 Vambunda 135 000
29 Mbwela 222 000
6
N
Idiomas Número de falantes em Angola
º
30 Mpinda 30 000
31 Ndombe 22 300
32 Ngandyera 13 100
33 Ngendelengo 900
34 Nkangala 22 300
35 Nkumbi 150 000
36 !Kung 5 630
37 Nianeca 300 000
38 Niemba 222 000
39 Nyengo 9 380
40 Ovambo (cuanhama/Ndonga) 461 000
41 Português 15 470 000
42 Ruund 98 500
43 Sama 24 000
44 Songo 50 000
45 Suku 30 000
46 Umbundo 6 000 000
47 Yaka/Jaga 200 000
48 Yauma 17 100
49 Yombe 39 400
CONCLUSÃO
Desta maneira, após traçarmos um percurso histórico sobre a validação
e legitimação do português e a consequente invisibilização das línguas
africanas, conclui-se que em Angola há uma presente relação de poder entreas
línguas, pois elas imprimem os rastrosde um passado colonial, ao mesmo
tempo em que se mostram resistentes em ceder a políticas linguísticas que não
respeitem sua identidade, sua história e seu povo.
Na época colonial, as políticas assimilacionistas que vislumbravam um
ostensivo preconceito linguístico contra as línguas angolanas acabaram
causando o isolamento destas línguas. Desta forma, os “arquipélagos
linguísticos” apartados do contato com a língua portuguesa, acabaram
fortalecendo as línguas destas comunidades de fala.
7
Desde o processo de nacionalização do país, é uma ideia latente a
retomada das línguas nacionais por meio do ensino bilíngue nas escolas. A
concretização de tal iniciativa poderia contribuir com a valorização identitária do
povo, ao lado de um Português Angolano que considere e respeite a forma
escrita de palavras originárias das línguas de tronco bantu.
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