SERVIÇOS PÚBLICOS
PROF.: VICTOR LEÃO SAMPAIO LEITE
1. CONCEITO DE SERVIÇO PÚBLICO
CONCEITO AMPLO:
Mário Masagão: “toda atividade que o Estado exerce para cumprir os
seus fins”
José Cretella Júnior: “toda atividade que o Estado exerce, direta ou
indiretamente, para a satisfação das necessidades públicas mediante
procedimento típico do direito público.
Hely Lopes Meirelles: “todo aquele prestado pela Administração ou
por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples
conveniências do Estado.
1. CONCEITO DE SERVIÇO PÚBLICO
CONCEITO AMPLO:
Odete Medauar: “diz respeito a atividade realizada no âmbito das
atribuições da Administração Pública, inserida no Executivo” e
“refere-se a atividade prestacional, em que o poder público
propicia algo necessário à vida coletiva, como, por exemplo, água,
energia elétrica, transporte urbano”.
Edmir Netto de Araújo: “toda atividade exercida pelo Estado,
através de seus Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) para a
realização direta ou indireta de suas finalidades”
1.1. CONCEITO RESTRITO DE SERVIÇO
PÚBLICO
Serviço público é toda atividade executada pelo Estado de
forma a promover à sociedade uma comodidade ou utilidade,
usufruída individualmente pelos cidadãos, visando ao interesse
público, gozando das prerrogativas decorrentes da supremacia
estatal e sujeições justificadas pela indisponibilidade do
interesse público.
1.1. CONCEITO RESTRITO DE SERVIÇO
PÚBLICO
DI PIETRO: serviço público é toda atividade material que a lei atribui ao
Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com
o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob
regime jurídico total ou parcialmente público.
Elementos da definição:
1. subjetivo: o serviço público é sempre incumbência do Estado, a quem cabe
a criação e a definição dos modos de gestão;
2. formal: o regime jurídico é total ou parcialmente público;
3. material: o objetivo é sempre a prestação de atividade de interesse
público.
1.3. SERVIÇO PÚBLICO X OBRA PÚBLICA
A obra pública é uma atividade estanque, com projeto que
determina início e fim das atividades.
O serviço difere da execução de obras porque é uma atuação
constante, configurando comodidade prestada de forma
contínua.
1.4. SERVIÇO PÚBLICO X PODER DE POLÍCIA
Poder de Polícia é uma atuação restritiva do poder público,
diferente da prestação do serviço que é medida ampliativa.
1.4. SERVIÇO PÚBLICO X EXPLORAÇÃO DE
ATIVIDADE ECONÔMICA
Quando o ente estatal atua no mercado, explorando atividade
econômica, submete-se às normas de direito privado, não se
beneficiando das prerrogativas de poder público.
2. PRINCÍPIOS
O serviço público está submetido ao regime de direito público,
o que significa que deve obediência aos princípios de Direito
Administrativo definidos, no texto constitucional, de forma
expressa ou implícita. Sendo assim, o Estado deve respeitar, na
prestação de serviços, os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
2.1. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO
Exigência de que a atividade do Estado seja contínua, não podendo
parar a prestação dos serviços, não comportando falhas ou
interrupções já que muitas necessidades da sociedade são inadiáveis
Consequências: prazos rigorosos nos contratos; teoria da
imprevisão; inaplicabilidade da exceptio non adimpleti contractus
contra a Administração*; reconhecimento de prerrogativas para a
Administração, como encampação; uso compulsório de recursos
humanos da empresa contratada; restrições ao direito de greve etc.
2.2. DEVER DE PRESTAÇÃO PELO ESTADO
Estabelece que o poder público não poderá se escusar da
prestação de serviços públicos, configurando-se poder-dever do
ente estatal, que tem a possibilidade de prestá-lo diretamente
ou mediante delegação a particulares, por contratos de
concessão de permissão.
2.3. MODICIDADE
Determina que as tarifas cobradas para os usuários dos
serviços sejam as mais baixas possíveis, a fim de manter a
prestação do serviço à maior parte da coletividade.
2.3. MODICIDADE
Também chamado de princípio da adaptabilidade, estabelece
que a prestação do serviço público deve, sempre, ser feita
dentro das técnicas mais modernas (§2º, do art. 6º, da Lei n.
8.987/95).
Ligado ao dever de eficiência.
2.5. ECONOMICIDADE
Carrega a noção de prestação do serviço de forma eficiente,
com resultados positivos à sociedade e com gastos dentro dos
limites da razoabilidade.
2.6. GENERALIDADE (UNIVERSALIDADE)
Serviço deverá ser prestado à maior quantidade de pessoas
possível.
2.7. SUBMISSÃO A CONTROLE
Os serviços públicos devem ser controlados pela sociedade,
assim como pela própria Administração Pública, como forma de
garantia dos demais princípios - admitindo-se, inclusive, o
controle efetivado pelos demais poderes, desde que nos limites
definidos pelo texto constitucional.
Dessa forma, o Poder Judiciário pode, quando provocado,
analisar a legalidade na prestação das atividades estatais, bem
como o poder legislativo realiza o controle financeiro.
2.8. ISONOMIA
A prestação dos serviços não pode criar diferenciação indevida
entre os usuários.
É possível a incidência de tratamento desigual na prestação de
serviços públicos àqueles usuários que são diferentes, na
medida de suas diversidades (isonomia material).
A adequação da atividade estatal às constantes necessidades do
cidadão deve ser respeitada (princípio da mutabilidade de
regime).
3. CLASSIFICAÇÃO
PRÓPRIOS (prestados diretamente pelo Estado ou
indiretamente por meio de concessionárias e permissionárias);
IMPRÓPRIOS (não assumidos pelo Estado, mas apenas
autorizados, regulamentados e fiscalizados).
3. CLASSIFICAÇÃO
ADMINISTRATIVOS (os prestados internamente),
COMERCIAIS OU INDUSTRIAIS (os que têm natureza
econômica)
SOCIAIS (previstos no capítulo da CF que trata da ordem
social; não são exclusivos do Estado).
3. CLASSIFICAÇÃO
UTI UNIVERSI: O poder público presta o serviço a toda a
coletividade que o usufrui simultaneamente, não sendo possível
determinar a quantidade utilizada por cada um individualmente.
São custeados pela receita geral decorrente da arrecadação dos
impostos.
UTI SINGULI: Trata-se de serviço prestado a toda a coletividade,
sem distinções discriminatórias; no entanto, na prestação destes
serviços, é possível mensurar o quanto cada usuário fruiu do
serviço e, por isso, a cobrança pode ser feita mediante o pagamento
de taxas ou tarifas.
3. CLASSIFICAÇÃO
ORIGINÁRIOS OU CONGÊNITOS: correspondem a
atividade essencial, própria e privativa do Estado, como a tutela
do direito.
DERIVADOS OU ADQUIRIDOS: correspondem a
atividade facultativa, não exclusiva do Estado, como os serviços
sociais, comerciais e industriais.
3. CLASSIFICAÇÃO
EXCLUSIVOS: telecomunicação, radiodifusão, instalações
elétricas e energéticas, a navegação aérea, aeroespacial e a
infraestrutura aeroportuária; os serviços de transporte
ferroviário e aquaviário; serviços de transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros; portos marítimos,
fluviais e lacustres; gás canalizado.
NÃO EXCLUSIVOS: serviços sociais, abrangendo a saúde, a
educação, a assistência social.
4. FORMAS DE GESTÃO - DIRETA
DIRETA: é aquela realizada pelo próprio Estado (Administração Pública
Direta).
Se houver cobrança em troca da prestação direta, a remuneração terá
natureza tributária de taxa.
A prestação direta pode ser realizada de dois modos:
1. pessoalmente pelo Estado: quando promovida por órgãos públicos da
administração direta;
2. com o auxílio de particulares: os prestadores são selecionados por
procedimento licitatório, celebrando contrato de prestação de serviços.
A responsabilidade pela reparação de danos é do Estado.
4. FORMAS DE GESTÃO - INDIRETA
INDIRETA POR OUTORGA: se houver lei específica nesse sentido, a
prestação de serviços públicos pode ser realizada por meio de pessoas
jurídicas especializadas criadas pelo Estado (é o que ocorre com as
autarquias, fundações públicas, associações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista).
A remuneração paga pelo usuário ao prestador tem natureza de taxa.
A responsabilidade pela reparação de danos decorrentes da prestação de
serviços outorgados é objetiva e direta do prestador, e não da
Administração Direta.
O Estado responde subsidiariamente.
4. FORMAS DE GESTÃO - INDIRETA
INDIRETA POR DELEGAÇÃO OU COLABORAÇÃO: é realizada, após regular
licitação, por meio de concessionários e permissionários, desde que a delegação tenha
previsão em lei específica (concessão) ou autorização legislativa (permissão).
Só pode ocorrer em relação a serviços públicos uti singuli.
A remuneração paga pelo usuário tem natureza jurídica de tarifa ou preço público.
A responsabilidade por danos causados a usuários ou terceiros em razão da prestação do
serviço é direta e objetiva do concessionário ou permissionário, respondendo o Estado
somente em caráter subsidiário.
a responsabilidade patrimonial do prestador de serviços públicos é sempre objetiva por
danos causados a usuários ou a terceiros, não importando se a prestação está a cargo do
próprio Estado, entidades da Administração indireta, concessionários ou permissionários.
5. FORMAS DE REMUNERAÇÃO
TARIFA: também chamada de preço público, é a remuneração
paga pelo usuário quando o serviço público uti singuli é
prestado indiretamente, por delegação, nas hipóteses de
concessão e permissão.
É uma contrapartida sem natureza tributária, motivo pelo qual
pode ser majorada imediatamente por ato administrativo do
poder concedente, sem necessidade de observância do
intervalo de não surpresa característico da anterioridade
tributária
5. FORMAS DE REMUNERAÇÃO
TAXA: é uma contrapartida tributária utilizada nas hipóteses
de prestação direta pelo Estado de serviço público uti singuli.
Também serão remunerados por taxas os serviços públicos
outorgados a pessoas jurídicas da Administração Indireta.
Em razão de sua natureza tributária, somente podem ser criadas
ou majoradas por meio de lei (art. 150, i, da CF) e sua cobrança
está submetida ao intervalo mínimo imposto pelo princípio da
anterioridade (art. 150, III, b e c, da CF).
5. FORMAS DE REMUNERAÇÃO
IMPOSTO: no caso de serviços públicos uti universi, não se
pode falar propriamente em remuneração, mas em prestação
custeada pelas receitas provenientes de impostos. um exemplo
é o serviço de limpeza e conservação de logradouros públicos.
6. DIREITO DOS USUÁRIOS
1. receber serviço adequado;
2. receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de
interesses individuais ou coletivos;
3. obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de
serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente;
4. levar ao conhecimento do Poder Público e da concessionária as irregularidades
de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
5. comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela
concessionária na prestação do serviço;
6. contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos por meio
dos quais lhes são prestados os serviços.
FIM
PROF.: VICTOR LEÃO SAMPAIO LEITE