Energia nuclear
Energia nuclear é a energia liberada
numa reação nuclear, ou seja, em
processos de transformação de núcleos
atômicos. Algunsisótopos de
certos elementos apresentam a
capacidade de se transformar em outros
isótopos ou elementos através de reações
nucleares, emitindo energia durante esse
processo. Baseia-se no princípio da
equivalência de energia
e massa (observado por Albert Einstein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre
transformação de massa em energia. Foi descoberta por Hahn, Straßmann e Meitnercom a
observação de uma fissão nuclear depois da irradiação de urânio com nêutrons.
A tecnologia nuclear tem como uma das finalidades gerar eletricidade. Aproveitando-se
do calor emitido na reação, para aquecer a água até se tornar vapor, assim movimentando
um turbogerador. A reação nuclear pode acontecer controladamente em um reator de usina
nuclear ou descontroladamente em uma bomba atômica. Em outras aplicações aproveita-se
da radiação ionizante emitida.
Método para obtenção da energia elétrica por fonte nuclear
A energia elétrica gerada
por uma fonte nuclear é obtida a
partir do calor da reação do urânio.
A queima nota 1 do combustível
produz calor que ferve a água de
uma caldeira transformando-a
em vapor. O vapor movimenta uma
turbina que dá partida a um
gerador que produz a eletricidade.
A figura esquematiza esta
sequência.
Nos reatores as reações acontecem de maneira controlada, enquanto que nas bombas
atômicas a reação em cadeia nota 2 processa-se integralmente em um tempo muito curto,
liberando de modo explosivo toda a energia armazenada no material fissionávelnota 3 , urânio
ou plutônio.
Um átomo é composto por um núcleo e pelos elétrons que ocupam a região ao redor
do núcleo, que são muito leves e têm carga elétrica negativa. Dentro do núcleo, há dois tipos
de partículas, os prótons e os nêutrons. O número de prótons é sempre igual ao número
dos elétrons, num átomo eletricamente neutro, mas sua carga é positiva. Os nêutrons variam
em número sendo mais numerosos quanto mais pesado for o átomo, e são eletricamente
neutros. No urânio presente na natureza são encontrados átomos, que têm em seu núcleo
92prótons e 143 nêutrons (cuja soma é 235), átomos com 92 prótons e 142 nêutrons (234) e
outros ainda, com 92 prótons e 146 nêutrons (238). Como o número de prótons e elétrons é
sempre igual (92), pode-se dizer que esses são quimicamente iguais e são chamados de
isótopos do mesmo elemento.
Para diferenciá-los, usa-se o símbolo químico do elemento e no canto esquerdo um
número, de acordo com seu peso atômico , da seguinte forma ZU, onde Z é a soma do número
de prótons e o número de nêutrons. No caso do Urânio: 234U, 235U e 238U.
O choque de um nêutron livre com o isótopo 235U causa a divisão do núcleo desse
isótopo em duas partes, e ocasiona uma liberação relativamente alta de energia. Dá-se a esse
fenômeno o nome de fissão nuclear.
Vantagens
A principal vantagem da energia nuclear é a não utilização de combustíveis fósseis.
Considerada como vilã no passado, a Energia Nuclear passou gradativamente a ser defendida
por ecologistas de nome como James E. Lovelock por não gerarem gases de efeito estufa.
Estes ecologistas defendem uma virada radical em direção à energia nuclear como forma de
combater o aquecimento global argumentando que particularmente áreas contaminadas por
acidentes nucleares como a região de Chernobyl se tornam em parques ecológicos perfeitos
com natureza plena e selvagem.5
Em comparação com a geração hidrelétrica, a geração a partir da energia nuclear
apresenta a vantagem de não necessitar o alagamento de grandes áreas para a formação
doslagos de reservatórios, evitando assim a perda de áreas de reservas naturais ou de terras
agriculturáveis, bem como a remoção de comunidades inteiras das áreas que são alagadas.
Outra vantagem da energia nuclear em relação à geração hidrelétrica é o fato de que a energia
nuclear é imune à alterações climáticas futuras que porventura possam trazer alterações no
regime de chuvas.
Já que a maior parte (cerca de 96%) do combustível nuclear queimado é constituída
de Urânio natural, uma grande parte do combustível utilizado nos reatores nucleares é
reprocessado em plantas de reprocessamento como a Urenco no Novo México. Cerca de 60%
do combustível nuclear é mandado diretamente para o reprocessamento. O reprocessamento
visa re-enriquecer o urânio exaurido, tornando possível que ele seja novamente utilizado como
combustível.
A parte do combustível que não é reprocessada imediatamente é armazenada para
reprocessamento futuro, ou é armazenada semi-definitivamente em depósito próprio.
Cerca de 4% do total do combustível queimado é constituído dos chamados produtos de
fissão e da série dos actinídeos, que são originados a partir da fissão do combustível nuclear.
Estes podem incluir elementos altamente radioativos como o Plutônio, Amerício e Césio.
Atualmente esses elementos são separados do urânio que será reprocessado e são
armazenados em depósitos projetados especificamente para armazenamento de elementos
radioativos ou utilizados em pesquisas. O Plutônio tem valor estratégico e científico
particularmente alto por ser utilizado na fabricação de armamentos nucleares e também para
pesquisas relacionadas aos chamados Fast Breed Reactors, que são reatores que operam
utilizando uma combinação de urânio natural e plutônio como combustível. O Plutônio também
é utilizado como combustível de satélites artificiais.
Desvantagens
O rejeito radioativo de usinas nucleares é normalmente baixo, mas representa um
problema pois os elementos contidos no combustível queimado, principalmente os produtos de
fissão, demoram um tempo muito longo para decairem em outros elementos e apresentam alta
radioatividade, portanto é necessário que eles fiquem confinados em um depósito próprio onde
não possa haver nem interferência humana externa nem interferência ambiental (já que a
inteferência ambiental pode causar vazamentos e deslocamento dos elementos).
Mesmo não representando considerável perigo na forma conhecida por "intoxicação
metais pesados", o plutônio mostra-se particularmente tóxico se inalado. Sua toxidade por
inalação supera em cerca de 10.000 vezes sua toxidade por ingestão, e a aspiração de
minúsculas quantidades deste elemento pode levar - a médio prazo - a uma morte por câncer
de pulmão.7 Na década de 80 o físico Ralph Nader afirmou que com apenas um quilograma de
Plutônio-239 seria teoricamente possível a extinção da população humana a longo prazo
(considerado uma dose letal por inalação de poucos microgramas e os danos genéticos com
uma dose mutagênica de poucos nanogramas). 8 9 10 . Essa afirmação só é verdadeira
quando não é considerado que existe uma dose não fatal de plutônio. Em 1989 o físico Bernard
L. Cohen desafiou Ralph Nader, propondo ingerir a quantidade de plutônio que Ralph Nader
usou para fazer essa afirmação. Ralph Nader recusou o desafio 11 12 . Levando em conta
quanto plutonio é realmente absorvido na inalação e o tempo de exposição, é possível calcular
o número de mortes para 2 milhões por libra, ou 0.45 quilos, mostrando o plutônio como menos
tóxico do que o anthrax 13.Em um ano, um reator nuclear de 1200 MW (como p. ex. o de Angra
2) produz 265kg desse material, que tem uma meia-vida de 24.000 anos, e há material de
sobra para se produzirem danos consideráveis às populações humanas e meio ambiente em
geral.
Acidentes nucleares
O acidente no reator de Chernobyl (ex-URSS) contaminou radioativamente uma área de
aproximadamente 150.000km² (corresponde mais de três vezes o tamanho do estado do Rio
de Janeiro), sendo que 4.300km² possuem acesso interditado indefinidamente. Até 180
quilômetros distantes do reator situam-se áreas com uma contaminação de mais de 1,5
milhões de Becquerel por km², o que as deixa inabitáveis por milhares de anos.
Um reator nuclear precisa de resfriamento, mesmo em estado desligado, pois os
processos de decaimento espontâneos desenvolvem uma quantidade de calor que pode
chegar até 10% da força máxima do reator. Caso todos os sistemas de resfriamento falhem, o
reator se esquenta, fazendo com que os metais dos combustíveis entrem em fusão, que
acontece a temperaturas em volta de 2000°C. Nesse caso existe perigo do combustível fundir
um buraco no contêiner de segurança, com a inevitável contaminação radioativa dos arredores
da usina. Para evitar tal caso, uma usina nuclear tem cascatas de sistemas de resfriamento.
A falha de resfriamento pode ser causado por erros humanos, impacto de catástrofes
naturais ou ataques terroristas. Foram falhas de funcionários no caso do acidente da
usinaThree Mile Island perto de Harrisburg, Pennsylvania, E.U.A que levou a destruição
completa do reator e o vazamento de substâncias radioativas com mais de 1,6 · 1015 Bq no dia
28 de março de 1979 (nível 5 na escla INES).
Um terremoto da 8,9 na escala Richter e o subsequente tsunami levou ao acidente
nuclear de Fukushima I (nível 7 na escala INES). A falha de resfriamento fez os níveis de água
nos tanques de de arrefecimento baixar, provocando aquecimento dos combustíveis e a
formação de hidrogênio em 4 dos 6 blocos da central. As seguintes explosões destruiram os
prédios e causaram vazamentos em contêineres de segurança com liberação de materias
radioativos.
Em 1993 uma pessoa demente ultrapassou as barricadas de segurança da usina "Three
Mile Island" com um carro e chegou até o salão de turbinas. Nesse momento o reator estava
em operação sob plena carga. Foi condenada sob acusação de causar ou arriscar a uma
catástrofe e internada em psiquiatria.
Perigos aos funcionários
Principalmente todo funcionário operando na proximidade de substâncias radioativas
está exposto ao risco de contaminação e portanto deve cumprir regras rígidas de segurança
radiológica. Mesmo assim, já aconteceram vários imprevistos na história da energia nuclear,
nem todos classificados pela Agência Internacional de Energia Nuclear (IAEO).15
Um funcionário do instituto de pesquisa nuclear belga em Mol (EURATOM) sofreu um
acidente em 1980 que o expôs a Plutônio-239 e provavelmente o levou a morte porleucemia 8
anos depois. Pesquisas feitas em cachorros, motivadas por esse incidente, demonstraram que
3,24 microgramas de Plutônio-239 absorvidos pelo pulmão resultam em morte por câncer.
Segurança
A Agência Internacional de Energia Atómica alertou que terroristas poderiam vir a
comprar resíduos radioativos, por exemplo de países da ex-URSS ou de países
com ditadurasque usam tecnologias nucleares, tais como Irã ou Coreia do Norte, e construir
uma chamada "bomba suja".
O quão fácil é desviar materiais altamente radioativos é demonstrado pelo exemplo
do acidente radiológico de Goiânia, no Brasil em 1987, onde uma cápsula contendo Césio-137
foi encontrada por moradores em um lixão, contida dentro de uma máquina hospitalar em um
hospital abandonado.
Uma usina nuclear, justamente por lidar com algo potencialmente perigoso e que já
resultou em acidentes no passado, tem normas de segurança tanto nacionais quanto
internacionas que garantem que cada procedimento seja feito de acordo com todos os padrões
de segurança. A Agência Internacional de Energia Atômica é um orgão internacional regulatório
que salva-guarda a construção e uso da energia nuclear no mundo. Os requisitos para a
obtenção de salva-guarda são severos e reconhecidos pela exigência em relação à segurança
e operação de usinas nucleares; sem uma salva-guarda, um país é proibido de realizar a
construção de instalações nucleares. Um dos requisitos para a obtenção de salva-guarda é que
a instalação em questão deve ser supervisionada durante toda a sua existência por um grupo
internacional de supervisores especializados em segurança radiológica e nuclear.
Gases de estufa
Os insumos necessários e auxiliares à produção da energia nuclear, como a fabricação
de recipientes próprios e refinamento do combustível nuclear, ou seja, para operacionalizá-la
de forma geral, leva a uma consequente produção de gases de estufa entre 3 e 6 vezes maior
comparada com a energia hídrica e eólica.
Impacto Ambiental
Os impactos ambientais podem ter variadas origens e terem consequências muito
negativas para todo o equilíbrio dos ecossistemas. Umas das causas deste impacto ambiental
são os resíduos nucleares. Os resíduos nucleares resultam da produção da Energia Nuclear e
nem sempre podem ser reaproveitados. Desta forma é fundamental isolar estes mesmos
resíduos para que não haja qualquer fuga que possa comprometer de alguma forma o
equilíbrio do meio ambiente.
Em muitos casos, estes resíduos são armazenados nas próprias centrais e depois
colocados a grandes profundidades. Também as fugas de radiação provenientes das centrais
e, mesmo, de um armazenamento defeituoso desses resíduos pode contribuir para o
agravamento do desequilíbrio ambiental. Assim, a existência de resíduos nucleares aliados às
fugas de radiação podem causar os mais variados tipos de poluição: Poluição térmica, derivada
da refrigeração das centrais nucleares.
Poluição química, causada pelo tratamento de minérios de urânio e pelo
reprocessamento do combustível irradiado, apesar de nas centrais nucleares este tipo de
poluição praticamente não se verificar; Poluição radioactiva, através da libertação de
radionuclidos (átomos em equilíbrio energético instável por terem protões e/ou neutrões em
excesso) para a atmosfera. Para além destas formas de contaminação do ambiente, há que
realçar os danos causados nos seres vivos, nomeadamente através das mutações
cromossómicas e génicas, que podem comprometer ainda mais todo o equilibro a nível dos
ecossistemas.
Os danos causados no meio ambiente seriam depois agravados se ocorresse algum
acidente nuclear.