Avaliação de Formações

Geológicas
MODULO 3
Propriedades Radioativas das Rochas
Perfil GR
Engº Hajji Badile
Faculdade de Ciências Tecnológicas
Universidade Técnica de Moçambique
Objectivos de Aprendizagem

No final deste modulo os estudantes serão capazes de:

• Definir a radioatividade;
• Indicar os três principais tipos de radiação;
• Descrever os processos de interação da radiação gama com a matéria (rocha);
• Indicar as principais fontes naturais de radiação na formação;
• Compreender o principio de medição de raio gama;
• Apontar a utilidade do perfil de raio gama, em particular como determinar o volume de argila
na formação.

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Estrutura do Átomo

Todos os corpos são formados de átomos. Cada átomo é constituído

de partículas: os prótons de massa igual a 1 U.M.A (unidade de
massa atômica) e carga positiva; nêutrons de massa igual a 1 U.M.A
e nenhuma carga elétrica; os elétrons orbitais de massa na ordem de
1/1840 próton e uma carga negativa.

Os prótons e os nêutrons estão numa região central chamada núcleo,

o seu somatório dá-nos o numero de massa (A); ao passo que o
número atômico (Z), indica a quantidade de prótons no núcleo ou
de os elétrons que giram ao seu redor do núcleo (como os planetas ao
redor do Sol), constituindo a eletrosfera,

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 Radioatividade

Chama-se isótopo aos diferentes estados de um elemento

qualquer onde se observam valores diferentes de “A” (devido a
uma mudança no numero de nêutrons), enquanto o “Z”
permanece inalterado.

O termo nuclide refere-se a cada uma das possíveis

combinações de prótons e nêutrons. Alguns isótopos são
estáveis, i.e., eles não mudam sua estrutura atômica ou seu
estado energético. Por outro lado, isótopos instáveis trocam de
estrutura e emitem partículas atômicas ou energia. Este
processo de emissão de partículas ou energia é denominado de
radioatividade. A radioatividade pode ser induzida ou
natural.
A unidade da radioatividade é eletrão-volt (eV), que é igual à energia cinética adquirida por um eletrão
acelerado por um potencial elétrico de 1 volt. Para os tipos de radiação que iremos abordar, o intervalo de
energias situa-se entre frações de eV e milhões de eletrões-volt (MeV). Outro múltiplo conveniente
para discutir as energias dos raios gama é o quilo-electrão-volt (keV).
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Tipos de Radiação

Existem três tipos básicos de partículas ou energia irradiada, nomeadamente:

1. Radiação Alfa (α): de natureza positiva, possuem 4 vezes a massa do próton. Devido a sua grande
massa, penetram apenas alguns centímetros de ar ou um pedaço de papel. É igual a um átomo de
hélio.

2. Radiação Beta (β): são eletrões de pequena massa, sendo portanto facilmente desviados pelos
campos magnéticos. Podem penetrar vários metros de ar, ou vários milímetros de plástico ou menos
de metais muito leves. É igual a um elétron orbital.

3. Radiação Gama (γ): não são desviados pelos campos magnéticos por não possuírem carga. São
radiações eletromagnéticas, também chamadas de fotões tal como a onda de luz ou de radio.
Dependendo da sua energia, podem ser travados por um fino pedaço de papel de alumínio ou podem
penetrar vários centímetros de chumbo

Como as duas primeiras têm pouca profundidade de penetração numa formação geológica, a radiação
gama é a que tem maior interesse para este contexto. 5
Interação dos Raios Gama com a Matéria

Quando em contacto com os átomos de um material (rocha), os raios γ podem

interagir segundo três processos.

1. Efeito Fotoelétrico 2. Produção de Pares

Os fótons de baixa energia (<10KeV) Absorção de de raios γ por producao
colide com um átomo, transfere toda de pares ocorre a niveis elevados de
sua energia para um elétron orbital energia incidente (>1.02MeV). Este
interno. Parte dessa energia é usada tipo de interacao nao envolve elétrons
para ejetar o elétron do átomo. Esta orbitais, mas sim o núcleo resultando
energia é função de Z. na criação de pósitron e négatron .

3. Efeito Compton
Fóton incidente de energia media (>10KeV e
<1.02MeV) colide com um átomo, parte
deste é usada para ejetar o elétron orbital
externa. A energia restante da energia cria
nova radiação γ de baixa energia que se
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propaga noutra direção.
Serra, 2004
Interação de Raios Gama com a Matéria

Dominado por Dominado por

Produção de

Número Atômico, Z
Efeito Fotoelétrico
Pares

Dominado por
Efeito Compton

Ellis, 2008

Energia do Raio Gama, MeV

Os Raios γ Naturais, por possuírem níveis de energia da ordem de 1.46

MeV, interagem basicamente com a matéria através do Efeito Compton.
 Origem da Radiação Gama (γ) Natural

1.46

Os raios gama naturais tem origem de três fontes distintas:

1. Serie do Urânio (𝑼𝟐𝟑𝟖 )

• ex: argilas orgânicas (selo ou geradora)

2. Serie do Tório (𝑻𝒉𝟐𝟑𝟐 )

• ex: arenitos com fragmentos de rochas
2.62

3. Potássio (𝑲𝟒𝟎 )
• ex: feldspato (Arcóseo – arenito com feldspato), ilita
(Argila em Arenito), mica (Siltito, Rocha Vulcânica)

O K40 emite raio γ de um só nível de energia (1.46MeV), enquanto 1.76

os dois outros, emitem raios γ de vários níveis.

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Intervalo de Radioatividade de Várias Rochas sedimentares

Selley, 2014
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Principio de Medição do Perfil de Raios Gama

Para se obter um perfil deste tipo basta um detector de radioatividade do tipo

Contador Proporcional ou Cintilômetro, deslocando-se a uma velocidade
constante dentro de um poço. No passado eram usados detectores do tipo tubo
Geiger Mueller. Atualmente eles foram substituídos por eficientes cristais, que
emitem luz quando atingidos por um fóton. Os cristais mais comuns são os de
fosforo + iodeto de sódio ativado por tálio, acoplado a um tubo
fotomultiplicador, que amplifica eletronicamente a corrente elétrica em um
milhão de vezes (cintilômetros).
A curva assim registrada, em relação a profundidade, e denominada de curva de
Raios Gama ou, simplesmente, RG ou GR. A sensibilidade dos detectores por
cintilação é função da forma e do tamanho do cristal. Por outro lado, a
intensidade da cintilação emitida pelo cristal é diretamente proporcional a
energia do fóton que o atingiu. Serra, 2004
 Principio de Medição do Perfil de Raios Gama

Atualmente existem duas ferramentas de raios gama:

• Perfil de Raios Gama

(convencional ) GR = detecção de
radioatividade total das
formações: (U + Th + K)

• Perfil de Raios Gama Espetral

GRS = Detecção da radioatividade
total , discriminando cada um dos
seus componentes isoladamente
(U, Th e K)

(Bassiouni, 1994) (Soeiro, 2005)

Aplicação de Raios Gama – Determinação da Litologia

A relação potássio/tório pode ser

usada para indicar o tipo de argila a
tendência do feldspato potássico
para argilas de caulinita medir o
teor de argila de um reservatório no
qual a argila é caulino (isenta de
potássio e não radioativa) ou estão
presentes outros minerais
radioativos, como a mica,
glauconite, zircão, monazite ou
urânio adsorvido em matéria
orgânica.

Selley, 2014
Aplicação de Raios Gama – Ambientes de Deposição dos Sedimentos

As argilas e/ou folhelhos são rochas sedimentares com radioatividades mais elevadas após os evaporitos
potássicos. Elas tem sua radioatividade total da ordem de 75 a 150 unidades API. Todavia, anomalias podem
alterar estes valores, principalmente na presença de matéria orgânica, ou enriquecimentos naturais localizados.
No caso das rochas reservatório – calcário, dolomitos e arenitos – a presença ou não de elementos radioativos
depende bastante de sua origem deposicional.
Aplicação de Raios Gama – Correlação Entre Poços
Aplicação de Raios Gama – Determinação do Volume de Argilas

Os arenitos por terem mais chances de se contaminarem com argilas

são, das três rochas reservatórios principais , as que apresentam mais
alta radioatividade. Pode assim o perfil de raios gama ser utilizado
como um indicador qualitativo e quantitativo do conteúdo argiloso de
uma rocha arenito. Isso no caso em que o potássio seja o principal
contribuinte para a radiação da argila.

Arenito argiloso
Arenito

Folhelho
Exemplo de Cálculo do Volume de Argila

𝟒𝟖 − 𝟏𝟓
𝐕𝐬𝐡 =
𝟗𝟎 − 𝟏𝟓

𝟑𝟑
𝐕𝐬𝐡 =
𝟕𝟓
𝐕𝐬𝐡 = 𝟎. 𝟒𝟒
Problema Proposto

Escolha valores para

Grmax e Grmin e calcule
Vsh no arenito.