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Artigo - Queimadas

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UMA COMPREENSÃO DA CENTRALIDADE DE QUEIMADAS-PB

Anderson Xavier Dos Santos¹

RESUMO

Este artigo se propõe a compreender a área central da pequena cidade de Queimadas-PB,


apontando as principais formas econômicas e de serviços desta, colaborando na reflexão do
seu espaço urbano. Como recursos metodológicos foram introduzidos: pesquisas
bibliográficas, pesquisa “in loco” e mapeamento digital do uso do solo. Os resultados
mostram que a centralidade de Queimadas se restringe em um grau de ocupação intensivo do
uso do solo pelas atividades que a enseja em áreas que não abrange a totalidade da área
central, ou seja, há ruas que se insere em um uso semi-intensivo do solo, com a presença de
atividades comerciais do circuito inferior de baixa influência, tendo as residências como
predominantes nesses usos ocupacionais. Em geral, os conteúdos funcionais na área central
queimadense prevalece uma dinâmica que rompe os limites locais da demanda de sua
hinterlândia para suprir também a procura dos núcleos próximos pela presença de atividades
do circuito superior da economia.

Palavras-chave: Cidade pequena, área central, circuito inferior e superior.

INTRODUÇÃO

A pesquisa se concretizou na cidade de Queimadas (PB), situada na região imediata de


Campina Grande, sendo estabelecida como cidade pequena ou cidade local consoante o
REGIC (Região de influência das cidades, 2018), por apresentar baixa população e pouca
influência na rede urbana paraibana.
A considerar que Queimadas se configura por possuir uma centralidade relativamente
vultosa de equipamentos urbanos que atendem a procura dos demais espaços da cidade, da
hinterlândia e de núcleos urbanos próximos, exercendo o papel de fornecedor de serviços e
comércios variados do circuito inferior e superior fazendo do centro da cidade a principal
artéria de fluxos em sua urbe.
Assim sendo, o objetivo geral da presente produção foi compreender a área central da
pequena cidade de Queimadas-PB, apontando as principais formas econômicas e prestação de
serviços desta, colaborando na reflexão do seu espaço urbano. Os recursos metodológicos
apoiaram-se na revisão bibliográfica pertinente à temática, pesquisa “in loco” e no
mapeamento do uso ocupacional do solo através de parâmetros digitais.
Por meio dos procedimentos metodológicos, foi possível estabelecer a delimitação
específica da área ocupada pelas formas espaciais em cada via pública do centro expandido,
isto é: os estabelecimentos comerciais, residenciais, serviços, clínicas odontológicas, espaços
do sagrado, imóveis públicos e privados e outros serviços, evidenciando a lógica atual do uso
intensivo e semi-intensivo do solo nas diversas artérias que compõem o núcleo da área central
da cidade.

BREVE HISTÓRICO DA CONSTITUIÇÃO DE QUEIMADAS

Dedica-se nesta primeira seção discutir brevemente a evolução histórica do município


queimadense, levando em consideração os primórdios de colonização do meio telúrico até a
consolidação do núcleo urbano e a constituição da centralidade, esta última marca, no
presente, um raio de influência de fluxos e fixos das mais variadas naturezas ao centro
expandido. Essas fases representam a tendência de uma cidade local, conforme Santos (1993),
em mudarem de conteúdo, de funções, principalmente, econômicas, ligado ao processo
histórico.
O resgate temporal que marca a gênese de Queimadas remonta possivelmente o século
XVIII a partir do momento que a família Oliveira Ledo se instala nas dimensões da capitania
da paraíba cujo objetivo era estabelecer fazendas de gado. A data precisa que simboliza a
origem colonial das terras que abrange atualmente a territorialidade queimadense, consoante o
registro de Joffily (1893), compreende o dia 01 de dezembro de 1712 em que marca a
fundação do sítio das Queimadas, tendo o capitão Pascácio de Oliveira Ledo o posseiro a
frente dessas terras. A considerar que vigorava por esta época o sistema de Sesmarias em que
Pascácio de Oliveira Ledo garantiu a concessão dessas terras por desbravar os sertões, cujo
fim era garantir a efetiva posse do interior brasileiro. De acordo com Joffily (1893, p. 53):
O capitão Pascácio de Oliveira Ledo, morador no sertão desta capitania,
tendo pedido uma sorte de terras no olho d’agua que fica ao pé da serra
chamada Bodopitá, que lhe concedeu por data e sesmaria no l.° de Dezembro
de 1712 com largura e comprimento, que na mesma data se declara, cuja data
com esta oferece, a qual sendo-lhe assim concedida, povoou a dita terra,
mettendo-lhe gado de crear, beneficiando-a e fazendo-lhe largar fogo por ser
inculta e muito fechada, e pelas muitas queimadas que fez resultou-lho ficar
por nome o sitio das Queimadas.

As literaturas históricas sobre Queimadas, no entanto, são exíguas e imprecisas


levando em consideração sua evolução histórica e geográfica. Segundo Câmara (1998, p. 63)
o povoado de Queimadas originou-se entre 1875 e 1884 sem precisar o ano de fundação.
Creditar-se que ela se desenvolveu por meio de um ponto de pouso de almocreves.
Deffontaines (1938) citado por Corrêa (2011) ressalta alguns processos importantes para
formações de cidades que inclui cidades criadas como “patrimônios religiosos”, “bocas de
sertão”, pouso de tropas de mulas, e entroncamento de vias de circulação, tipologias estas que
converge com a formação inicial de Queimadas.
Câmara (1998, p. 25) ao mencionar “Queimadas” pela primeira vez em sua obra,
refere-se as inúmeras estradas, de caráter estratégico, que davam fácil acesso à passagem de
alimentos para o interior.
Intensificou-se o comércio da farinha e de outros cereais, graças ao fácil
acesso para o interior através de várias estradas – sertão que passava por
Logradouro, Lucas, Cacimba Nova, Boa Vista, Riacho do Padre etc. Seridó,
por Cuités, Alvinho, Puxinanã, Pocinhos etc. e Queimadas, por Ligeiro,
boqueirão da serra do Bodopitá etc.

A referência acima deixa evidente a relevância do “Boqueirão da Serra de Bodopitá”


como caminho para várias outras localidades. Essas informações revelam que a cidade de
Queimadas não é tão antiga como outras cidades circunvizinhas e que o motivo principal de
sua ascensão foi a localização, pois o citado “Boqueirão da Serra de Bodopitá”, ou seja, essa
abertura natural na serra possibilitou a frequente passagem de fluxos humanos e animais por
esse local.
Aliado a essa abertura na serra veio grande umidade existente no seu sopé e essa
umidade favoreceu a abertura de sulcos no solo para obtenção de água. Esses pequenos
reservatórios eram conhecidos como cacimbas ou olhos d´água. Como a água sempre foi
produto raro nesse município principalmente em épocas de estiagens quando essas fontes se
tornavam verdadeiros oásis para os retirantes, viajantes, almocreves, aventureiros, vaqueiros,
negros forros, “negros do mato” caçadores e comerciantes que por aqui passavam.
Em meados do século XX, Câmara (1998) ressalta algumas autoridades relevantes
pertencentes a Campina Grande e de suas subordinações. E Queimadas, então pertencente a
Campina grande, apresentava autoridades ícones de sua governabilidade à época.

AS CIDADES PEQUENAS E A CENTRALIDADE


Na Geografia, as produções de conhecimentos voltadas as cidades são direcionadas,
em grosso modo, pelos pesquisadores a grandes centros urbanos, salve em parte também as
cidades médias. Os centros de maior porte ganham maior relevância, em detrimento daqueles
que tratam a reflexão dos centros pequenos, por oferecerem um cenário ímpar à atuação do
capitalismo, abrindo espaço para uma gama maior de estudos e discussões. Logo, a motivação
essencial por grandes centros se dá, conforme (Sposito; Silva, 2009, p. 2) por inúmeras
atribuições:

(...) entre elas, podemos citar a magnitude econômica que os maiores centros
exercem na gestão territorial do país. No caso brasileiro, essa referência é explícita
quando se constata que grande parte das pesquisas se baseia na análise de cidades
como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por exemplo. Assim, cidades que
apresentam menor expressão política e econômica são relegadas a um segundo plano
ou nem sequer chegam a ser estudadas.

Nesta segunda seção, vamos perfilar as discussões teóricas direcionadas as cidades


pequenas. Para isso, se faz relevante abordar que a cidade é formada por uma mescla de usos
diferenciados no uso do solo em que vai se constituir as formas espaciais que representa a
área central, as áreas residenciais, as áreas de zoneamento, de lazer, entre outros serviços, que
constrói a organização socioespacial da cidade. Assim sendo, Corrêa (2002), começa fazendo
uma organização das ideias partindo do princípio do uso da terra. O uso da terra vai apresentar
a desigualdade que, por fim, vai gerar a fragmentação, portanto, o espaço urbano ele tem uma
fragmentação porque ele tem um uso desigual que é tanto econômica, como social e oriunda
de fatores físicos, distanciamento etc. As articulações elas iram unir os fragmentos do espaço
urbano que são conhecidas como fluxos, sendo de pessoas, de mercadorias, de decisões, os
investimentos de capital, os deslocamentos de mais-valia etc. É qualquer tipo de fluxo que
irão fazer com que haja essa espécie de articulação entre os fragmentos do espaço urbano .
Carlos (2003) coloca que o modo de ocupação de determinado lugar da cidade se dá a partir
da necessidade de realização de determinada ação, seja de produzir, consumir, habitar ou
viver”. A cidade, portanto, para a autora se caracteriza como um resultado da sociedade por
meio do ritmo histórico entre o que já está presente/materializado, tais como casas, ruas,
avenidas, edificações, praças, e o que o homem ainda não produziu, o natural. A paisagem traz
as marcas de momentos históricos diferentes produzidos pela articulação entre o novo e o
pretérito.

No entanto, segundo ressalta Santos (1999, p. 45), “(...), todavia, se considerarmos


com atenção as estatísticas, como a realidade, vemos perfilar-se outro fenômeno urbano, o das
cidades locais que, a nosso ver, merece tanto interesse quanto o precedente”. Portanto, sem
diminuir a importância dos estudos sobre as grandes cidades, deve-se observar que as
pequenas cidades também necessitam de um olhar voltado sobre elas. As cidades pequenas
não poder ser compreendidas como algo generalizante, no qual todas exercem os mesmos
papéis e funções, sem considerar suas particularidades na atuação do fato urbano, sendo
algumas colocações numeradas conforme Sposito (2009, p. 2) “(...) “polos de atração de
idosos”, ou mesmo tomados como lugares “pacatos e seguros”, o que redunda numa série de
distorções e de equívocos interpretativos, que nada mais são do que a reprodução do senso
comum”. Isto é, os centros pequenos não podem ser tomados de forma equivocada, de meras
intuições sem um embasamento teórico/empírico de suas funções na realidade que a enseja,
visto que as pesquisas direcionadas as cidades pequenas ou cidades locais são fundamentais
para a consolidação dos estudos urbanos, principalmente no que diz respeito a rede urbana.

Na avaliação da rede urbana, o espaço das pequenas cidades ganha qualificativos


relevantes. Desse cenário, pode-se extrair a produção, o consumo, a circulação e os
diversos fluxos que compõem a realidade urbana, bem como podemos apreciar a
influência político-econômica que uma determinada cidade exerce em relação as
suas proximidades e/ou sua região. Então, compreendemos que a dimensão histórica
da rede urbana tende a revelar a lógica dos papéis que uma determinada cidade
assumiu e/ou assume temporal mente na dinâmica das relações capitalistas de
produção. (Sposito; Silva, 2019, p. 8).

Partimos para algumas discussões relevantes em relação ao fenômeno urbano das


pequenas cidades. Santos (1979), ao estudar as cidades pequenas ou melhor, como o autor
afirmara a cidade local, prevê um centro recente de aglomeração responsável em atender as
condições necessárias à manutenção da população. Corrêa (2011, p. 6) compreende a cidade
pequena como

um núcleo de povoamento no qual certa parte da população está engajada em


atividades ligadas à transformação e circulação de mercadorias e prestação de
serviços. A parte da população engajada em atividades agrárias é maior ou
menor e isto pode levar a se pensar em um “continuum” rural-urbano, sem
um rígido limite entre núcleos urbanos e núcleos rurais, nestes casos
podendo-se falar em habitat rural concentrado.

Partindo desse viés teórico obtido das considerações referendadas por Corrêa, a cidade
atinge certos níveis de evolução de aglomeração humana, partindo das pequenas vilas até as
grandes cidades, de acordo com Souza, a elevação de uma vila à categoria de cidade, na
esteira de emancipação do distrito e criação de um novo município (...) é um processo
meramente político. Para caracterizar uma cidade como sendo pequena Fresca (2010) destaca
que a palavra pequena é um adjetivo, que remete à noção de tamanho, dimensão e, no caso
das cidades, a uma associação entre pequeno número de habitantes com pequena área - no
sentido mensurável - ocupada por uma cidade. No entanto Corrêa (2011, p. 7) ressalta que “a
pequena cidade pode ser melhor definida em termos do grau de centralidade do que em
termos de tamanho demográfico”. Para Lefebvre (1999, p. 93), “Não existe cidade, nem
realidade urbana sem um centro. Mais que isso, o espaço urbano, é um espaço onde cada
ponto, virtualmente, pode atrair para si tudo o que povoa as imediações: coisas, obras,
pessoas”.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

A presente análise objetiva apresentar uma reflexão acerca da centralidade interurbana


de Queimadas (Figura 01). Dessa forma, serão apresentadas as áreas da cidade que
influenciam diretamente a população e as que concentram as atividades comerciais, de
serviços, e da gestão pública e privada da cidade.

A área urbana de Peabiru tem pouca influência no que diz respeito aos fluxos
existentes com outras cidades (em relação ao fornecimento de bens e serviços), devido a sua
mínima expressão regional; mas, no que diz respeito às relações entre a área urbana (Figura 2)
e a área rural, verifica-se uma relação estreita, oferecendo ao comércio e aos serviços do
município uma dependência do setor agrícola tendo, desta forma, como principais
consumidores, os moradores das comunidades rurais pertencentes ao município, que se
descolam semanalmente para a área urbana. A área central de Peabiru não representa sozinha
a centralidade, no que diz respeito aos fluxos de mercadorias, produtos e pessoas, pois a
rodovia BR-158, principal via de entrada e saída da cidade, também tem forte expressão
socioeconômica. Assim sendo, delimitamos, nesta pesquisa, as áreas que influenciam
diretamente a população e que concentram as atividades comerciais, de serviços, e da gestão
pública e privada da cidade. A área central de Peabiru está delimitada pelas Ruas Pastor Joel
Dias Vilela, Modesto Saldanha, José Dias Aranha e João Albino Casali, e predomina o uso
misto do solo urbano como: uso residencial, comércio (vestuário, móveis etc.), alimentação
(lanchonetes, sorveterias etc.) e serviços diversificados (bancos, escritórios, casas lotéricas
etc.).

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