Negócio jurídico
Primeira mente para compreender o que é um negócio jurídico, temos que retomar ao assunto
anterior tratado sobre os fatos jurídicos. De modo que, um fato é toda e qualquer ação humana.
Já o fato jurídico é conceituado pela doutrina como todo e qualquer fato/ação humana que tem
repercussão no direito; um fato da vida que tem ocorrência juridicamente.
Dentro do fato jurídico encontramos duas terminologias, que são: fato jurídico e aqui estamos
tratando dele em um sentido estrito e os atos jurídicos. O fato jurídico uma ocorrência material,
fato natural que faz com que o direito ele seja criado, conservado, modificado ou extinguido;
possuindo como exemplo a morte, que tanto é um fato natural, quanto um fato jurídico pois
incide aqui diversas normas jurídicas que podem ser ou não aplicadas.
Então, os atos jurídicos podem ser considerados como um gênero de modo que estes está
relacionado a conduta humana e está podendo ser lícita ou ilícita. Assim, dentre estas condutas
lícitas temos os atos jurídicos e os negócios jurídicos, encaixando-se como subespécies.
Uma das diferenças entre ato jurídico e negócio jurídico é o próprio conceito de ambos. Ato
jurídico é a conduta humana deflagradora de uma consequência previamente estabelecida em
lei. Enquanto que o negócio jurídico é a autorregulação dos interesses privados. Diante disto,
uma das principais diferenças entre ato jurídico e negócio jurídico está na possibilidade de impor
uma condição, um encargo ou um termo no contrato ou outra forma jurídica de averbação de um
direito.
Com isso, o negócio jurídico nada mais é que uma forma de regular as relações jurídicas entre os
particulares. Para falar de validade de um negócio jurídico temos que ater as normas como uma
definidora de hipóteses, então parte-se para a concreção desta norma no mundo fático e a partir
disso temos a incidência da norma no fato, o que os doutrinadores chamam de jurisdicização;
aqui estamos no âmbito da existência do negócio jurídico. Para que de fato haja validade é
necessário o cumprimento dos requisitos elencados nos art. 104 do Código Civil:
ART. 104 E INCISOS DO CC/02. SENILIDADE E DOENÇA INCURÁVEL, POR SI, NÃO É MOTIVO DE
INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DE DIREITO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS INDICATIVOS DE
QUE NÃO TINHA O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO NEGÓCIO JURÍDICO.
Tendo os requisitos sido cumpridos, este negocio jurídico passa a produzir efeitos (âmbito da
eficácia). Este esquema chamado de “Escada Ponteada” foi traçado pelo jurista Pontes de
Miranda. Conforme, estes requisitos, o plano de validade de um negócio jurídico está
relacionado aos requisitos necessários para sua eficácia. O artigo 104 do Código Civil de 2002
estabelece que três elementos são essenciais para sua validade: agente capaz, objeto lícito,
possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei.
A capacidade do agente refere-se à habilidade de exercer direitos e obrigações na vida civil,
diferenciando-se da capacidade de gozo de direitos, que é universal. Com a entrada em vigor do
Estatuto da Pessoa com Deficiência, a incapacidade absoluta é restrita aos menores de 16 anos.
O objeto do negócio jurídico deve ser lícito, possível e determinado ou determinável. Um objeto é
lícito se não contraria a lei, a moral ou os bons costumes. A impossibilidade pode ser física,
como no exemplo exagerado de prometer o sol e o mar em um contrato, ou jurídica, como na
herança de pessoa viva. O objeto também deve ser determinado ou determinável, permitindo a
venda de coisa incerta, indicada pelo gênero ou quantidade.
Quanto à forma, geralmente é livre, podendo ser celebrada de diversas maneiras. No entanto,
em casos específicos, como na compra e venda de imóveis acima de 30 salários mínimos, a
forma é determinada por lei, sendo necessária a escritura pública para validade do negócio.
Atos Nulos
Os atos serão válidos quando, em sua formação, preencherem todos os requisitos jurídicos, ou
seja, competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Por outro lado, os atos serão nulos
quando possuírem vícios insanáveis, ou seja, quando há vício no requisito de finalidade, motivo
ou objeto. A título de exemplo, pensemos no caso de um servidor que cometeu um ato irregular
e, por isso, é removido de ofício como forma de punição. Ora, o ato de remoção tem finalidade
de adequar o número de servidores lotados nas diversas unidades administrativas de um órgão e
não o de punir. Assim, o ato seria nulo, por desvio de finalidade.
Atos Anuláveis ou Inexistentes
Os atos anuláveis são aqueles que possuem falhas corrigíveis, como defeitos nos requisitos de
competência, desde que esta não seja exclusiva, ou na forma, desde que esta não seja essencial
ou substancial ao ato. Essas falhas podem ser corrigidas, desde que não violem o interesse
público ou prejudiquem terceiros. Por exemplo, se uma autoridade fiscal sem competência
determina a desinterdição de um estabelecimento, o ato pode ser validado pela autoridade
competente, desde que a competência não seja exclusiva, não prejudique o interesse público ou
terceiros.
Já os atos inexistentes são aqueles que aparentam ser manifestações de vontade da
Administração Pública, como no caso do usurpador de função, em que alguém que não é
servidor público realiza atos como se fosse. No entanto, esses atos não têm nenhum efeito legal,
distinguindo-se assim dos atos nulos. Além disso, não há prazo para a declaração de
inexistência de um ato, podendo ser reconhecida a qualquer momento, e os efeitos produzidos
por ele são desfeitos imediatamente. Em contraste, a anulação geralmente possui um prazo
determinado. Na esfera federal, os atos administrativos com vícios que levam à nulidade, quando
favoráveis ao destinatário, podem ser anulados em até cinco anos, a menos que haja má-fé
comprovada (Lei 9.784/1999, art. 54).
Assim obtém-se a nulidade relativa que refere-se aos defeitos em um contrato ou ato jurídico
que podem ser contestados por uma das partes envolvidas, mas não necessariamente resultam
na invalidação automática do contrato. Diferentemente da nulidade absoluta, que ocorre quando
há violação de norma imperativa, a nulidade relativa exige que a parte prejudicada conteste o
contrato para que seja anulado. Se a parte afetada não contestar, o contrato permanece válido.
A anulabilidade sem prazo na lei se refere a situações em que um contrato ou ato jurídico é
passível de anulação sem que haja um prazo específico estabelecido pela legislação para
contestação. Isso significa que, se for identificado um vício que torne o contrato anulável, ele
pode ser contestado a qualquer momento, não havendo uma limitação temporal para a ação de
anulação.
Aros praticados por um menores entre 16 e 18 anos pode ser anulável se for comprovado que a
sua idade influenciou na sua capacidade de compreensão e discernimento na época da
realização do ato. Por fim, os negócios jurídicos devem atender a requisitos para sua validade,
como agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou
não defesa em lei. Os atos anuláveis apresentam defeitos sanáveis, como falhas na competência
ou na forma, podendo ser convalidados desde que não prejudiquem o interesse público ou
terceiros. Já os atos inexistentes são aqueles sem efeito legal, como os praticados por
usurpadores de função, podendo ser declarados como tal a qualquer momento, sem prazo
definido. A anulabilidade sem prazo na lei permite a contestação de contratos ou atos jurídicos a
qualquer momento, quando houver vício que os torne anuláveis, sem limitação temporal para a
contestação.