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Carta Ao Primeiro Ministro

A petição pública apresentada pelo recluso Amadeu Oliveira solicita a reversão da demissão do Ministro Carlos Jorge Santos, alegando que a acusação de lavagem de capitais é infundada e que a confiança nas instituições está comprometida. Oliveira pede a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as alegações e a devolução de seu computador portátil, que considera essencial para sua defesa. O documento critica a atuação do Ministério Público e defende a inocência de Santos e de outros envolvidos.

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Carta Ao Primeiro Ministro

A petição pública apresentada pelo recluso Amadeu Oliveira solicita a reversão da demissão do Ministro Carlos Jorge Santos, alegando que a acusação de lavagem de capitais é infundada e que a confiança nas instituições está comprometida. Oliveira pede a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as alegações e a devolução de seu computador portátil, que considera essencial para sua defesa. O documento critica a atuação do Ministério Público e defende a inocência de Santos e de outros envolvidos.

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Ao

Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro,

Dr. Ulisses Correia e Silva

Cadeia de São Vicente, 10 de fevereiro de 2025

ASSUNTO: Petição Pública

I. Injusta e Ignóbil Demissão do Ministro Dr. Carlos Jorge Santos, Por


Falso e Inexistente Crime de Lavagem de Capitais, Supostamente Com
Dinheiros Desviados Do INPS Por Uma Quadrilha de Aldrabões;
II. Quebra de Confiança Dos Cidadãos em Relação as Instituições da
República de Cabo Verde;
III. Devolução do Acesso ao Computador Portátil do Recluso Amadeu
Oliveira ao Abrigo da Alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do Decreto
Legislativo Nº 6/2018, de 31 de outubro;

C/Conhecimento de:

I. Sua Excelência o Sr. Presidente da República, Dr. José Maria Neves;


II. Sua Excelência o Sr. Presidente da Assembleia Nacional, Dr. Austelino
Correia;
III. Exma. Sra. Ministra da Justiça, Dra. Joana Rosa
IV. Exmo. Sr. Diretor Geral dos Serviços Prisionais, Dr. Odair Pedro Dias;
V. Eminente Sr. Bastonário da OACV- Dr. Júlio Martins
VI. Exmo. Sr. Provedor de Justiça, Dr. José Carlos Delgado
VII. Serviço de Inspeção Dos Estabelecimentos Prisionais, Dra. Érica Spencer;
VIII. Líder do Grupo Parlamentar do MPD, Dr. Celso Ribeiro;
IX. Líder do Grupo Parlamentar do PAICV, Dr. João Batista Pereira;
X. Líder da Bancada Parlamentar da UCID, Dr. João Santos Luís;
XI. Presidente do Partido Popular, Dr. Amândio Barbosa Vicente;
XII. Aos Sindicatos, Câmaras de Comércio e do Turismo e Demais Representantes
Dos Trabalhadores e Entidades Patronais;

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Petição de Amadeu Oliveira- Primeiro Ministro-Demissão do Ministro Carlos Jorge
Santos
O Recluso Amadeu Fortes Oliveira, maior, Advogado de Profissão, atualmente a cumprir
pena efetiva na Cadeia de São Vicente, Cidadão de Nacionalidade Cabo-Verdiana, natural
do Concelho de Ribeira Grande de Santo Antão, residente, antes de preso, na Cidade da
Praia,

Vem, ao abrigo do disposto nos Artigos 2º, 8º, 11º e 16º do Regime Jurídico do Exercício
de Petição- RJEDP, aprovado pela Lei Nº33/V/97 de 30 de junho, em conjugação com o
Nº1 do Artigo 59º da CRCV,

Apresentar esta Petição, visando:

I. Exprimir posição diversa da perfilhada pelo Sr. Primeiro Ministro quando


aceitou o pedido de demissão do Sr. Ministro do Turismo e Transportes, Dr.
Carlos Jorge Santos, tendo em conta que é manifestamente falso que exista
qualquer indício ou prova que justificam a constituição do Dr. Carlos Jorge
Santos na qualidade de Arguido por suspeita da prática de qualquer ato ou
omissão suscetível de configurar o Crime de Lavagem de Capitais em
decorrência de desvio e apropriação indevida de dinheiros dos Trabalhadores
e Entidades Empregadoras no INPS;
II. Considerando os factos que já são do conhecimento público, resulta evidente
que o quanto muito, a Procuradoria Geral da República poderia ter ouvido o
Dr. Carlos Jorge Santos como testemunha, mas nunca constituí-lo arguido de
forma tão leviana, quando era evidente que a sua constituição como arguido
por suposto Crime de Lavagem de Capitais, implicaria, necessariamente, a
sua demissão do Governo, pelo que era exigível mais objetividade,
competência, zelo e integridade aos Agentes do Ministério Público antes de
tomarem essa decisão que só vai trazer uma mácula de instabilidade
governativa e infundadas suspeições contra um Homem sério, honesto,
integro e cumpridor como é o Dr. Carlos Jorge Santos;
III. Peticionar ao Sr. Primeiro Ministro no sentido de promover junto dos
Deputados Nacionais a formalização de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, cujo objeto principal será averiguar quando, como e onde o Sr.
Ministro do Turismo, Dr. Carlos Jorge Santos terá ou não praticado atos, por
ação ou por omissão, cuja natureza ilícita, imoral ou criminosa possa

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Petição de Amadeu Oliveira- Primeiro Ministro-Demissão do Ministro Carlos Jorge
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configurar atos de lavagem de capitais ou branqueamento de dinheiro, e qual
foi a origem de tais capitais;
IV. Peticionar ao Sr. Primeiro Ministro no sentido de promover junto dos
Deputados Nacionais a formalização de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito para averiguar atos e omissões ilegais e inconstitucionais
protagonizados por Agentes do Ministério Público no período compreendido
entre 2019 à fevereiro de 2025;
V. Peticionar ao Sr. Primeiro Ministro para, no âmbito do poder constitucional
que lhe é conferido pelo Nº4 do Artigo 226º da CRCV não propor o nome
do Sr. Dr. Luís José Tavares Landim para um novo mandato no Alto
Cargo de Procurador Geral da República;
VI. Alertar Sua Excelência, o Sr. Primeiro Ministro que, independentemente da
precipitação, irresponsabilidade e ligeirosa do Ministério Público, tal situação
nunca teria ocorrido, caso os Serviços Prisionais, superiormente comandados
e dirigidos pela Sra. Ministra da Justiça, Dra. Joana Rosa, não tivessem
esbulhado o computador portátil que o Recluso Amadeu Oliveira vinha
utilizando dentro da cadeia, esbulho esse que foi perpetuado pelo Agentes do
Ministério da Justiça por Abuso de Poder e fora do quadro legal e
constitucional vigente, nomeadamente, em grosseira violação do disposto na
alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do CESPC, tal como já foi denunciado pelo
Dr. Germano Almeida em vários artigos de opinião, incluindo no seu último
artigo intitulado “Dos direitos dos reclusos”, publicado na Edição Nº 908,
página 22, do Jornal “A Nação” e 29 de janeiro de 2025 e que poderá ser
consultado pelo link: https://www.anacao.cv/noticia/2025/01/29/dos-direitos-
dos-reclusos/
VII. Peticionar, rogar, suplicar de joelhos no chão, no sentido da Sua Excelência o
Sr. Primeiro Ministro instar a sua Ministra da Justiça e a Administração
Prisional a restabelecer ao Recluso Amadeu Oliveira o acesso ao uso do seu
computador portátil, tal como estatuído na alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do
CESPC, tendo em conta que o Signatário necessita do seu computador portátil
para provar a inocência das seguintes Entidades:

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Petição de Amadeu Oliveira- Primeiro Ministro-Demissão do Ministro Carlos Jorge
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i. Provar que o Dr. Carlos Jorge Santos não comete nenhum ato de “Lavagem
de Capitais” com dinheiro roubado ou desviado do INPS;
ii. Provar que a Dra. Leonesa Fortes, Ex-Ministra da Economia, Ex-Presidente
do Conselho de Administração do INPS, nos anos de 2008 à 2014, não
protagonizou, não permitiu, nem promoveu o roubo e o desvio de dinheiros
do INPS, para que depois fossem lavados e branqueados em Portugal;
iii. Provar que os cerca de 2.800.000$00 (dois mil e oitocentos contos) que o
Advogado Amadeu Oliveira mandou transferir para a conta do Dr. Carlos
Jorge Santos, em 2014, em Portugal, eram provenientes de dinheiros
pertencentes à Amadeu Oliveira, fruto de várias prestações de serviços
jurídicos e negócios anteriormente realizados em parceria com o seu colega
Advogado Português, Dr. Luís Emílio Borges Rodrigues, não proveniente
de alegado desvio de dinheiros do INPS;
iv. NOTEM BEM: Entretanto, pese embora ser evidente que o Recluso Amadeu
Oliveira continua necessitando do seu portátil para preparar a sua própria
defesa como para demonstrar a inocência de vários amigos, familiares e
parceiros de negócios, por absoluto abuso de poder, o Ministério da Justiça,
através da DSPRS, ordenou o esbulho do computador portátil, precisamente
para dificultar qualquer esclarecimento consistente dos factos e do direito
aplicável;
v. NOTEM MUITO BEM: Estando o Sr. Ministro Carlos Jorge Santos inocente
de qualquer crime, entretanto, não podemos deixar de verificar que este
distinto, sério e honesto Membro do Governo está sendo vítima dos abusos de
poder protagonizado pelo Ministério da Justiça que mandou esbulhar o
computador portátil que poderá ajudar no esclarecimento e prova da sua
inocência;

Com base nos seguintes fundamentos de Facto e de Direito:

CAPÍTULO I

O Forjar De Uma Narrativa Pseudo-Criminosa

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Petição de Amadeu Oliveira- Primeiro Ministro-Demissão do Ministro Carlos Jorge
Santos
1. Para poder incriminar o Signatário Amadeu Oliveira pelo suposto cometimento
dos crimes de Peculato e incriminar o Sr. Ministro Dr. Carlos Jorge Santos (e
muitos outros amigos, familiares e parceiros de negócios) de Lavagem de
Capitais, o Ministério Público, tem tentado fazer vingar uma narrativa Pseudo -
Criminosa que, no essencial, pode ser resumido aos seguintes pseudo – Factos:

I. Que, em 2009, (i) O Arguido Amadeu Oliveira, em conjugação de esforços


com os arguidos (ii) Leonesa Fortes; (iii) Antonino Benjamin Nogueira;
(iv) Dr. Luís Borges Rodrigues, resolveram desviar do INPS cerca de
24.000.000$00, o que viria a acontecer 5 anos depois, ou seja, em junho
de 2014, o que configura um crime de Peculato contra INPS.
II. Segundo a narrativa criada pelo Ministério Público, … Depois de terem
desviado os referidos 24.000.000$00 do INPS, em Junho de 2014, os
Arguidos, em concertação com determinados familiares, amigos, clientes
e parceiros de negócios, passaram outros 5 anos, de 2014 até Dezembro
de 2019 a esconder os tais 24.000.000$00, através de inúmeras
transferências e depósitos bancários entre os arguidos, seus familiares,
amigos, clientes e parceiros de negócio, de modo a que nem o INPS, nem
a justiça pudesse recuperar tal montante supostamente desviado em junho
de 2014, o que configura um Crime de Lavagem de Capitais.
III. Porém, NADA MAIS FALSO!!!

Enquadramento Legal
Conceito De Crime De Lavagem De Capital

2. Este presente Processo Crime tem como base o facto do INPS ter pago a um
Consorcio de Advogados em Portugal a quantia de cerca de 24.000.000$00 (vinte
e quatro mil escudos), em junho de 2014, a título de honorários pela efetiva
cobrança parcial de uma dívida de cerca de 1.500.000.000$00 (um bilião e
quinhentos mil escudos) que o Estado Português devia ao INPS, durante mais de
20 anos, sem que o INPS tivesse conseguido fazer tal cobrança de uma dívida tão
expressiva.
3. Importa ainda realçar que o Arguido Amadeu Oliveira, bem como os demais
elementos integrantes do Consórcio atuaram de forma legítima, devidamente
mandatado pelos órgãos competentes do INPS e a coberto de um contrato legítimo

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Petição de Amadeu Oliveira- Primeiro Ministro-Demissão do Ministro Carlos Jorge
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(-Contrato de Mandato – Memorando de Entendimento)- e que todas as
decisões tomadas no âmbito deste processo foram legítimas, transparentes e
naturais por uma instituição que procura alcançar resultados no exercício das suas
funções.
4. Sendo assim, uma vez produzidos, em janeiro de 2012, o resultado pretendido
(cobrança da dívida), se bem que parcial, o INPS, depois de muitas negociações,
acabou por pagar, em 2014, somente o correspondente a 2,5% do valor efetivo da
cobrança, equivalente a uns honorários de 23 755 332$00.
5. No termos do Artigo 24º da Lei N.º 38/VII/2009 de 27 de abril de 2009 (Lei de
Lavagem de Capitais), o referido crime é estatuído nos seguintes termos:

Artigo 24º
Lavagem de Capitais
Quem converter ou transferir vantagens do crime (infração principal) ou
auxiliar ou facilitar algumas dessas operações, com o fim de dissimular a sua
origem ilícita ou pôr obstáculos a sua confiscação, ou ainda ajudar qualquer
pessoa envolvida na prática da infração principal a furtar-se às consequências
jurídicas dos seus actos, será punido.

Elementos Do Tipo De Crime De Lavagem de Capitais

6. Resulta do enunciado acima transcrito que para se configurar o Crime de


Lavagem de Capitais, torna-se necessário, antes de mais, demonstrar e provar os
seguintes elementos do tipo:

I Provar e demonstrar que o Arguido cometeu um crime anterior


(infração principal - Peculato), donde terá retirado vantagens
económicas ou patrimoniais, de forma ilícita, criminosa e imoral
– o que não é o caso!!!
II Provar e demonstrar que depois de ter cometido o crime anterior,
para esconder as vantagens patrimoniais retiradas do crime anterior,
o Arguido desatou a transferir os valores conseguidos e a fazer a
conversão dessas vantagens em outros bens e direitos.

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III Com o propósito e artimanha de dissimular e esconder a origem
ilícita desse património; ou
IV Para dificultar e obstaculizar o trabalho da justiça, evitando o
confisco de tais bens.

7. Só que no caso concreto dos Autos, nenhum dos intervenientes não cometeu ou
praticou nenhum facto que pudesse configurar os elementos do tipo, posto que:
a) Não se verificando nenhum acto de apropriação indevida ou ilegítima de
dinheiros do INPS;
b) Os honorários recebidos do INPS, pelo Consórcio dos Advogados e
Parceiros foram fruto de relevantes e legítimos serviços prestados, com
base contratual- «Contrato de Mandato»
c) Nunca nenhum dos intervenientes agiu de modo a dissimular ou esconder
a origem dos honorários recebidos, até porque tratou-se de uma prestação
de serviços devidamente contratualizados, havendo prova documental,
onde consta a quantia exata recebida.
d) Por outro lado, nunca algum interveniente tentou obstaculizar o trabalho
da justiça, aliás, muito pelo contrário, sempre o Advogado Amadeu
Oliveira manteve sempre disponível nas suas contas bancárias, valores e
ativos facilmente arrestáveis ou confiscáveis, em montantes mais do que
suficientes para cobrir os tais 24 000 000$00 em causa.
e) Acresce que, nenhum familiar, amigo, cliente ou parceiro de negócio do
Arguido Amadeu Oliveira a quem este tivesse transferido ou depositado
alguma quantia entre 2014 até final de 2019, terá recebido os eventuais
valores como forma e com o propósito de esconder a origem das quantias
recebidas ou com o propósito de dificultar a ação da justiça.
8. Pelo acima exposto e adiantando conclusões, não se vislumbra como e quando se
terá preenchido os elementos essenciais e nucleares do tipo legal do Crime de
Lavagem de Capitais, muito menos do Crime de Peculato.

Inexistência De Infração Principal, Anterior Inexistência Do Crime de Peculato

9. O suposto crime de “Lavagem de Capitais” tem por base o falso pressuposto


que o Arguido Amadeu Oliveira terá conseguido, em comunhão de esforços e

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mediante prévia concertação e combinação com outros 3 co-arguidos, desviar e
apropriar de cerca de 24 000 000$00 do INPS, de forma ilícita e criminosa –
Crime de Peculato previsto no Artigo 366º do CP.

10. Pese embora toda a prova produzida em sentido contrário, o Ministério Público,
no âmbito do anterior Processo de Instrução Crime N.º 08/2018-19, deduziu a
acusação N.º 4/PGR/2022-23 datada de 31 de Outubro de 2022, através da qual
imputou ao Arguido Amadeu Oliveira e mais 3 coo-Arguidos o cometimento do
Crime de Peculato contra o património do INPS.
11. Tendo sido notificado dessa acusação no dia 07 de novembro de 2022, o Arguido
tratou de impugnar, contestar e repudiar tal imputação, requerendo, no dia 14 de
novembro de 2022, a realização da ACP – Audiência Contraditória Preliminar,
visando e requerendo o arquivamento desse processo, por inexistência de atos
suscetíveis de integrar o tipo de crime de Peculato.
12. Tendo a Acusação principal sido impugnada em sede de ACP, o Ministério Público
não pode considerar o Arguido culpado de Peculato, posto que, o Arguido
continua gozando do Direito Fundamental à Presunção da Inocência, consagrada
no N. º1 do Artigo 35º da CRCV, com densificação no Artigo 1º do CPP, o que se
invoca desde já.

Indevida Separação De Processos

16. Sendo certo que o Ministério Público só poderá configurar o Crime de “Lavagem
de Capitais”, na sequência e como consequência da prévia configuração e
comprovação do crime de “Peculato”, então, esses dois crimes deveriam ser
investigados e julgados num único e mesmo processo, e não em separado, por
força do disposto na alínea f) do n.º 2 do Artigo 39º e o n.º 1 do artigo 42.º, ambos
do CPP que estatui que deve haver conexão de crimes e de processo “quando a
prova de um crime e das suas circunstâncias essenciais puder ter influência
decisiva na prova de outro crime”, que “Para todos os crimes determinantes de
uma conexão,… organizar-se-á um só processo”.
17. Entretanto, por ter ocorrido a separação dos processos, neste novo processo, o
Ministério Público finge ignorar e deixa de considerar muitas das provas já
produzidas no âmbito do processo inicial referente ao suposto crime de Peculato.

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Processos Injustos E Não Equitativos

18. Uma vez realizado a referida separação indevida dos processos, em sede deste
novo processo referente ao crime de “Lavagem de Capitais” o Ministério Público
passou a comportar-se e a instruir estes Autos de tal modo como se o Arguido já
estivesse julgado e condenado pelo crime de Peculato contra o INPS, o que ainda
não aconteceu, até porque resulta provado que:
I. É falso que o Arguido Amadeu Oliveira e o Consórcio de Advogados e
Negociadores tenham prejudicado o INPS em cerca de 24 000 000$00;
II. Muito pelo contrário, a ação e o empenho do Arguido Amadeu Oliveira e
graças aos serviços do Consórcio de Advogados, o INPS consegui cobrar
cerca de 950 000 000$00, que não tinha conseguido cobrar havia mais de
20 anos.

Não Dissimulação do Dinheiro e Não Obstaculizaçäo

19. O Arguido Amadeu Oliveira sempre assumiu ter integrado o Consórcio de


advogados que foi constituído em Portugal desde 2009, e de ter partilhado dos
honorários recebidos do INPS entre os integrantes do dito Consórcio.
20. Entretanto, ao constatar a determinação em incriminar os Ex-membros da
Administração do INPS (Leonesa Fortes e António Benjamin Nogueira) e
incriminar o Advogado português Dr. Luís Borges Rodrigues, então, o
Advogado Amadeu Oliveira, ciente de que tinha sido o principal conselheiro da
Administração do INPS e dos Membros do Governo, tratou de assumir, perante a
Procuradoria da República, toda a responsabilidade técnica e financeira dessa
operação, adotando a seguinte postura processual:
I. Prestar todos os esclarecimentos necessários à Procuradoria da
República.
II. Gerir as suas aplicações financeiras de tal modo que ficasse sempre
disponível na sua conta principal junto do BCA valores facilmente
liquidáveis (depósitos à ordem e à prazo, bem como obrigações de
tesouro emitidos pelo Governo de Cabo Verde) que no seu conjunto
somassem mais de 24 000 000$00, de forma a que as autoridades

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judiciais pudessem encontrar um valor suficiente para cobrir um
eventual arresto/ apreensão bancária, como garantia processual dos
23 755 332$00 que o INPS havia pago ao Consórcio de Advogados
naquela cobrança de dívida.
III. Manter os referidos 24 000 000$00 sempre disponíveis, até que se
clarificasse a legalidade, regularidade, moralidade e justeza dos
honorários pagos, o que foi feito.

21. Acontece que, nunca mais a Procuradoria notificou o Arguido Amadeu Oliveira,
até que viria a ser notificado, a 07 de novembro de 2022, da acusação N.º
04/PGR/2022, datada de 31 de outubro de 2022, pelo cometimento de um suposto
crime de PECULATO contra o INPS, mas sem que o INPS tenha apresentado
qualquer queixa ou denúncia a este respeito.
22. Ou seja, estamos perante uma situação em que a PGR acusa um conjunto de
Personalidades por um suposto Crime de Peculato, sem que a Entidade
supostamente prejudicada se sinta prejudicada ou desfalcada, ao ponto de nunca
o INPS ter apresentado qualquer queixa ou denúncia.

NOTEM MUITO BEM: É necessário referir que o Processo teve origem numa Denúncia
Anónima, sem que nunca, até a data de hoje (fevereiro de 2025) o INPS tenha apresentado
qualquer queixa, pese embora as pressões exercidas sobre as sucessivas Administrações.

CAPÍTULO II

A Origem do Dinheiro

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Instituto Nacional da Previdência Social

Acusação Por Peculato-Desvio de 24.000.000$00 do INPS

1. No dia 31 de outubro de 2022, a Procuradoria Geral da República viria a acusar o


Signatário e outros Co-Arguidos do Crime de Peculato, supostamente por ter
desviado cerca de 24.000.000$00 (vinte e quatro mil contos do INPS), Acusação
essa feita com base em:

i. Inserção de falsidades no processo;


ii. Manipulação criminosa da prova documental;
iii. Violação das garantias fundamentais de defesa e do direito ao
contraditório;
iv. Fraude processual;

Suposto Desvio De 24.000.000$00 Do INPS

2. A Procuradoria Geral da República, através do D.C.A.P viria a deduzir Acusação


pelo Crime de Peculato previsto no Artigo 366º do C.P, no dia 31 de outubro de
2022, pela Acusação Nº 04/PGR-DCAP72022, supostamente por o Signatário ser
membro de uma quadrilha de 4 ladrões dissimulados que haviam desviado e
apropriado ilegitimamente de 23.755.332$00 que pertenciam ao INPS-Instituto
Nacional de Previdência Social.

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3. Acontece que, em outubro de 2022, o Advogado (i) já se encontrava preso desde
18 de julho de 2021, (ii) os seus recursos financeiros já estavam congelados, mas
(iii) porém, continuava com acesso a poder utilizar o computador portátil, o que,
a continuar, poderia ajudar na elaboração da sua defesa, possibilidade essa que a
PGR tratou de eliminar.
4. Entretanto, de modo a NEUTRALIZAR qualquer possibilidade de defesa, antes
da PGR mandar notificar o Advogado da dita Acusação, os Serviços Prisionais,
apreendeu e esbulhou o seu computador portátil, por forma a impedir qualquer
defesa.
5. Estando “Neutralizado”, o Requerente, com a ajuda de um Advogado, mal
conseguiu elaborar um medíocre e lacunoso Requerimento de ACP
demonstrando as falsidades que a Procuradoria Geral tinha vertido na Acusação,
pelo que continua precisando do seu computador portátil para demonstrar a
inocência não só dos demais Arguidos como do Dr. Carlos Jorge Santos, como se
demonstra já de seguida:

Crónica De Um Falso Desvio De Milhões

6. Seguindo a descrição e narração dos factos vertidos na Acusação podemos afirmar


que resultam provados os seguintes factos:

Dos Factos Absoluta e Documentalmente Provados

A Origem Da Dívida

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1. Em 1989, foi celebrado entre Cabo Verde e Portugal uma Convenção sobre
Segurança Social;
2. Até 2008, a Segurança Social de Portugal devia à Cabo Verde um valor
superior a € 14.000.000,00 (Catorze milhões de euros), resultante do Não-
Reembolso das despesas que a parte Cabo-Verdiana incorre com Segurados
Portugueses, residentes ou de passagem por Cabo Verde, cujos direitos foram
adquiridos na segurança social em Portugal;
3. Nenhum sinal de vontade de realizar o pagamento foi dado ao longo de
quase 20 anos, nem sequer um passo em relação ao seu prévio reconhecimento,
apesar de todos os esforços realizados por embaixadores, diplomatas, membros do
Governo ou dos Conselhos de Administração do INPS.

Contratação do Consórcio de Advogados


4. Chegado a um volume de dívida insustentável para as finanças do INPS, em
2009, a Administração do INPS, Mandatou o Advogado Amadeu Oliveira, (Ver
Artigos 1157º e seguintes do Código Civil), no sentido deste atuar conforme as
melhores práticas do seu ofício, inclusive, podendo engajar Auxiliares ou fazer
Consórcios com outros Advogados em Portugal, visando a cobrança dessa dívida,
passando o referido Consórcio a ser integrado por : (i) Dr. Luís Borges Rodrigues,
(ii) Dr. Carlos de Sousa e Brito, (iii) Dr. Amadeu Oliveira, (iv) outros Auxiliares e
Colaboradores;
5. Todas essas “Preparações e Tratativas” eram do conhecimento do próprio
GOVERNO de Cabo Verde, e os demais Membros do Conselho de Administração
do INPS foram sendo informados dos principais avanços e recuos do processo;

Reconhecimento e Pagamento Da Dívida


6. Graças ao trabalho desse Consórcio de Advogados, que vinha laborando nesse
assunto específico, desde abril/março de 2009, em agosto/setembro de 2009, a
parte Portuguesa viria a reconhecer a dívida referente ao período de 1989 até
2005.
7. O efetivo pagamento do valor de € 8.617.542,00, equivalente a mais de
950.213.274$00 (Novecentos e cinquenta milhões, duzentos e treze mil, duzentos e

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setenta e quatro escudos) da parte Portuguesa ao INPS, viria a acontecer em
janeiro de 2012; - (Mais de 20 anos após o início da Convenção);
8. Ao longo de quase 3 anos, os integrantes do Consórcio desenvolveram
intensas diligências junto de altas Entidades, sempre de forma muito discreta, mas
com grande eficácia, até que se conseguiu alcançar o objetivo do Mandato que lhe
tinha sido confiado pelo INPS;

Dos Honorários Dos Advogados


9. Como é evidente, uma vez alcançado um bom resultado nessa cobrança parcial
da dívida, eram devidos Honorários ao Consórcio de Advogados de Portugal, tal
como previsto no Contrato designado por “Memorando de Entendimento” em
conjugação com os Nºs 1 e 2 do Artigo 1155º do Código Civil;
10. Entretanto, porque os Honorários dos Advogados não estavam
orçamentados em 2012, foi feita Previsão Orçamental para o ano de 2013 a razão
de 5% do valor recebido, acabando os Honorários por serem pagos somente em
junho de 2014, porém, a razão de somente 2,5% do valor recebido, o que
representa uma grande poupança para os Cofres do INPS;

Posicionamento do INPS
13. NOTEM BEM: - Não foi a Administração do INPS ou o Governo de Cabo
Verde quem terá apresentado essa queixa, posto que os Órgãos de Gestão do INPS
(Tanto os anteriores como os Atuais) já emitiram opinião que não existe nenhuma
irregularidade ou desconformidade;
14. Resulta provado que os honorários a razão de 2,5% do valor efetivamente
recebido pelo INPS foi pago, ao Consorcio de Advogados a coberto e em
cumprimento de uma deliberação unanime Nº 04/2014 de todos os Membros do
Conselho de Administração do INPS, alias como ficou dado como provado no
Ponto 48 da Acusação.

Narrativa Criminosa
15. Entretanto, para se criar uma onda na opinião pública, a 02 de novembro de
2018, é divulgada uma Notícia, com Fuga de Informação e Quebra do Segredo de
justiça, através do Jornal Online “O PAÍS”, visando enlamear a anterior

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Administração do INPS, com o título “INPS: Gestão de Leonesa Fortes sob
suspeita”, por meio da qual se pretende fazer os leitores acreditarem que existem
fundadas suspeitas de que
“A anterior Administração do INPS presidida por Leonesa Fortes terá cometido atos
de gestão danosa, remetendo largos milhares de contos para Lisboa, sem que se
soubesse para que finalidade tal quantia foi transferida para Lisboa”; A dado passo
da notícia o jornal escreveu o seguinte excerto: “internamente, nunca se soube para
que fins seria a ordem de transferência…”

Tomada De Posição Pela Sra. Presidente Seguinte Dra. Orlanda Ferreira

16. Devido a repercussão pública que essa Fuga de Informação com Quebra de
Segredo de Justiça terá provocado no seio da sociedade, os jornalistas
questionaram a Atual Senhora Presidente do Conselho Diretivo, sobre a notícia
veiculada pelo jornal “O País”, tendo a Senhora Presidente, Dra. Orlanda
Ferreira reiterado
i. não haver, no INPS, nenhum registo de desvio de recursos,
ii. informou que as contas do INPS são auditadas anualmente;
A notícia pode ser consultada no site da RTC, no Jornal da Noite do dia 2 de
novembro de 2018, acedendo ao seguinte link:
http://www.rtc.cv/index.php?paginas=13&id_cod=72811

Posicionamento Do INPS

7. Pelo menos, temos a registar que a atual Administração do INPS teve a coragem
de se demarcar das Denuncias feitas, porém, infelizmente, o Ministério Público
fingiu ignorar e desprezar este facto tao relevante com força bastante para
determinar, só por si, o arquivamento deste Processo, caso o Ministério Público
valorasse tal elemento de prova.

Narrativas Incriminadoras

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8. Pelo que ficou acima resumido, será possível qualquer pessoa de entendimento
médio e de boa consciência retirar a conclusão que os honorários eram devidos
como decorrência de grandes e relevantes serviços prestados os INPS.
9. Entretanto, num esforço titânico para forjar uma narrativa criminosa, os
promotores da denúncia anónima (Denúncia anónima feita por encomenda) e os
Digníssimos Senhores Procuradores da República, passaram por um longo
processo argumentativo, sempre visando criar um cenário de crime, qual seja:

I. Inicialmente, dizia-se que o valor (cerca de 24.000.000$00) tinha sido


transferido do INPS para Portugal, sem justificativo algum;
II. Depois, quando ficou demonstrado o justificativo e a razão, que foi o
pagamento de honorários devidos ao Consórcio de Advogados que tinham
ajudado o INPS a receber uma dívida em Portugal, então, vieram alegar que
mesmo assim, os Administradores do INPS, Leonesa Fortes e António
Benjamin Nogueira, não tinham tido «autorização» ou «anuência» do
Governo para fazerem tal contratação do Consórcio de Advogados e
Negociadores, designadamente, da Sra. Ministra de tutela – Dra. Madalena
Neves.
III. Quando ficou demonstrado que o Governo, através da sua Ministra da Tutela
tinha conhecimento, e anuído, então o Ministério Público veio alegar, no
Articulado 125 da Acusação que a Presidente e Administrador Executivo Dra.
Leonesa Fortes e o Dr. Antonino Benjamim Nogueira “atuaram sem
autorização e contra a vontade da Instituição INPS”,- o que é
redondamente falso!!- Até porque essa afirmação entra em contradição com
o que ficou vertido nos Articulados 47 e 48 da mesma Acusação, onde foi
considerado como provado que numa reunião do Conselho de Administração
do INPS, realizada no dia 03 de Junho de 2014, foi deliberado POR
UNANIMIDADE o pagamento dos honorários devidos ao Gabinete do Dr.
Borges Rodrigues.
IV. Quando ficou demonstrado que o pagamento tinha sido legal, a Procuradoria
da República veio alegar, nos Articulados 115 a 123 da acusação que o
Advogado português Dr. Luís Borges Rodrigues nunca tinha sido sequer
advogado, nunca teve escritório de Advocacia e nunca tinha prestado

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qualquer serviço ao INPS, pelo que concluíram que tudo não passou de uma
simulação para desviar dinheiro do INPS;
V. Quando se demonstrou que o Advogado português Dr. Luís Borges
Rodrigues sempre foi Advogado com escritório desde 1980, e que até tinha
prestado outros serviços relevantes ao INPS, passaram a alegar que mesmo
assim, o Advogado Amadeu Oliveira não podia integrar o Consórcio de
Advogados e Negociadores em Portugal, porque já recebia uma avença
mensal como Assessor Jurídico do INPS, pelo que ele não podia ter
participado na repartição dos honorários entre os outros Advogados que
integraram o Consórcio;
VI. Quando ficou demonstrado que o contrato de avença, então em vigor, entre o
INPS e Amadeu Oliveira tinha previsto e permitia o pagamento de 4% sobre
os valores efetivamente cobrados quer fosse dentro ou fora do país, então, a
Procuradoria Geral da República através da DCAP, decidiu promover o
congelamento de todas e quaisquer quantias depositadas em todas e quaisquer
Banco, de modo tão radical, violento e desproporcional que reduziu o
Requerente à uma total penúria, ficando sem recursos para: (i) sequer pagar
a pensão de alimentos aos filhos, (ii) sequer conseguir arcar com despesas de
saúde, (iii) quanto mais contratar e pagar honorários de Advogados que
pudessem patrocinar a sua Defesa
VII. Resulta do que ficou vertido nos pontos 33 à 37, 56 à 107 da Acusação que
“depois dos Arguidos terem se apropriado ilegitimamente dos dinheiros
do INPS”, ao longo de 5 anos, ou seja, de 2014 até 2019, decidiram-se a fazer
dezenas de movimentações bancárias em Portugal e em Cabo Verde, entre si,
e com os seus Amigos, Parceiros de Negócios e Familiares, “com o fito de
esconderem e diluir tais dinheiros”, o que é redondamente falso e fica
impugnado, visto que. (i) entre os Arguidos Dr. Luís Borges Rodrigues e
Amadeu Oliveira, sempre houveram movimentações bancárias entre si, pelo
menos desde 2006, por serem parceiros em muitos outros negócios e
associados em outros processos judiciais, pelo que não se pode extrair a ilação
que toda e qualquer movimentação bancária existente entre si, é resultado de
dinheiros do INPS, (ii) acresce que, se for feito um somatório de todas as
movimentações e valores descritos nos pontos 56 à 105 da Acusação com

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origem na conta do Dr. Luís Borges Rodrigues e que são havidos como sendo
o resultado dos honorários recebidos do INPS, facilmente se conclui que o
valor somado é de longe muito superior aos dito honorários, o que só por si
descredibiliza toda a Acusação;
VIII. Ao longo dos 129 pontos de facto que compõem a Acusação, é ensaiada a
falsa tese de que os Arguidos terão “apropriado ilegal e ilegitimamente de
dinheiros do INPS”, porém, em nenhum momento ou excerto da Acusação,
o Ministério Público:
i. conseguiu especificar ou indicar um único dispositivo legal
referente aos Contratos de Mandato (Artigo 1154º à 1179º do
Código Civil) que foi violado ou incumprido pelos Mandatários
integrantes do Consórcio de Advogados;
ii. não consegue especificar um único dispositivo do Estatuto do
INPS – (Artigo 10º à 14º do Decreto-Lei Nº 61/94 de 21 de
novembro, em vigor entre 2009 à 2014) que foi violado pelos
Administradores Executivos, ora Arguidos, Dra. Leonesa Fortes
e Dr. Antonino Benjamim Nogueira;
iii. não consegue indicar um único dispositivo da Convenção ou do
Acordo Administrativo referente à segurança social celebrado
entre Cabo Verde e Portugal que tenha sido violado ou
desrespeitado, visto que as diligências do Consórcio visaram fazer
com que os Órgãos e Instituições Oficiais funcionassem bem, sem
nunca usurpar, ocupar, substituir, invadir ou exercer as
competências próprias dessas Instituições;
iv. Conclusão Lógica: Daí que, ao classificar o legitimo e legal
recebimento de honorários como sendo “apropriação ilegal e
ilegítima de dinheiros do INPS”, porém sem apresentar qualquer
fundamento claro e preciso, quer de Facto quer de Direito, toda a
Acusação ficou padecendo das nulidades/invalidades, por
inconstitucionalidade, resultantes da violação do Nº5 do Artigo
211º da CRCV, com densificação no Artigo 9º do CPP- Dever de
Fundamentação com Precisão e Clareza;

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IX. Quando ficou demonstrado que o contrato de avença, então em vigor, entre o
INPS e Amadeu Oliveira tinha previsto e permitia o pagamento de 4% sobre
os valores efetivamente cobrados quer fosse dentro ou fora do país, então, a
Procuradoria Geral da República decidiu dividir o processo inicial em dois
Processos de Instrução Crime,
(i) um pelo suposto Crime de Peculato e
(ii) (ii) um outro por Lavagem de Capitais;
X. Entretanto, o Ministério Público de Cabo Verde acionou os acordos de
cooperação judicial com Portugal e pediu (i) a quebra de sigilo bancário em
todos os bancos portugueses onde os arguidos pudessem possuir contas; (ii)
solicitou a audição, de dezenas de cidadãos e altos funcionários públicos
portugueses, para se tentar apurar quais foram os altos funcionários
portugueses que terão auxiliado o Consórcio de Advogados a conseguir fazer,
20 anos depois, a cobrança da dívida, e em que termos e condições eles
prestaram tal auxílio, como se tivesse ocorrido algum ilícito criminal ou
corrupção nesse pagamento;

Identificação dos Arguidos

10. Nos termos da Acusação Nº04/PGR/2022-23 de 31 de outubro de 2022, são


havidos como Arguidos:

i. Leonesa Maria Nascimento Lima, Ex-Presidente do Conselho de


Administração do INPS e que em 2009, mandatou um Consórcio de
Advogados para auxiliar a cobrar uma divida de milhões de euros da parte
portuguesa;
ii. António Benjamim Gonçalves Nogueira, Ex-Administrador do INPS,
que, conjuntamente com a Arguida Leonesa Fortes celebrou o Contrato de
Mandato, em setembro de 2009, e que, posteriormente, votou, à favor da
deliberação unanime que, em junho de 2014, mandou pagar os 2,5% de
honorários ao Consorcio de Advogados;
iii. Amadeu Fortes Oliveira, Advogado, Ex-consultor Jurídico do INPS,
mediante Contrato de Avença, e Advogado integrante do Consorcio de
Advogados e Negociadores que prestou um relevante serviço ao INPS,

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ajudando o INPS a cobrar uma divida de milhões de euros que durante 20
anos o INPS não tinha conseguido cobrar da parte portuguesa;
iv. Luís Emílio Borges Rodrigues, Advogado em Portugal, representante do
Consórcio de Advogados e Negociadores que, em Portugal, prestou
relevantes serviços ao INPS;
11. Ora, sendo verdade que o INPS chegou mesmo de pagar esse valor a um consórcio
de Advogados/ Negociadores que era integrado por Amadeu Oliveira e pelo Dr.
Luís Borges Rodrigues (entre outros), porém, já não corresponde à verdade que
tal pagamento foi ilícito, ilegal, imoral e criminoso, posto que tratou-se do
pagamento de honorários por grandes e relevantes serviços prestados ao INPS.

Neutralizar e Amordaçar Para Falsificar

12. Depois de saber que o Advogado Amadeu Oliveira estava preso, financeiramente
neutralizado e sem acesso ao seu portátil, a Procuradoria Geral, através do DCAP
deleitou-se a inserir dezenas de falsidades na Acusação, como nunca dantes feito
em Cabo Verde.
13. No caso concreto, existe no processo um vasto leque de documentos autênticos
que, só por si, fazem prova plena de largas dezenas de factos que, entretanto,
foram ignorados pelo MP, sem contar com outros inúmeros documentos que estão
armazenados no computador portátil do Recluso Amadeu Oliveira que a Direção
Geral dos Serviços Prisionais mandou apreender, fora do quadro legal vigente,

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com o único propósito de dificultar e impedir que o recluso Amadeu Oliveira
pudesse apresentar uma ampla e consistente Defesa.
14. As falsidades inseridas na Acusação pelo Ministério Público podem ser contadas
a dezenas, porém, bastará referir somente 6 (seis) exemplos por serem as mais
grosseiras e mais percetíveis para qualquer pessoa, sem necessidade de ser Jurista,
bastando ser possuidor de uma justa consciência, e de algum bom senso comum.

VEJAMOS:
Primeira Falsidade
Negar A Qualidade De Advogado Ao Dr. Luís Borges Rodrigues

15. Para tentar fazer vingar a falsa tese de que o Contrato de Mandato vertido no
“Memorando de Entendimento” foi uma Simulação tal como ficou a constar
no ponto 33 à 37, no ponto 111 à 129 da Acusação a PGR conclui que o “arguido
Luís Emílio Rodrigues não era advogado de profissão e nem tinha qualquer
escritório de Advocacia”. Uma afirmação falsa, uma vez que o Dr. Borges
Rodrigues está inscrito na Ordem de Advogados de Portugal desde 15 de março
de 1980, ininterruptamente até hoje, tem a Cédula Profissional n.º 4.439, do
Conselho Regional de Lisboa e nunca sofreu processo disciplinar que pudesse
justificar alguma interrupção, como se prova pela cópia da sua Cédula
Profissional:

16. O Dr. Luís Borges Rodrigues é na verdade um Advogado muito reputado cujos
serviços de assessoria jurídica vão muito além do INPS, incluindo várias entidades
não só em Portugal e outros Países Europeus, como também em Países Lusófonos.

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17. Por exemplo ainda em Cabo Verde atuou como jurista no processo de venda de
equipamentos pesados e geradores elétricos pela sociedade FINASI à Electra de
Cabo Verde.
18. Em São Tomé e Príncipe, atuou nos processos relacionados com a AIRUXOR
Cabo-Verde, um novo banco em São Tomé participada pela AIRLUXOR, etc;

Segunda Falsidade

19. Ao contrário da afirmação de que o Dr. Luís Borges Rodrigues não era advogado
nem tinha escritório, basta dizer que teve os seguintes escritórios:
a) Rua Castilho, N.º 59, 3.º andar direito, teve como colaboradores a Dra.
Ana Figueira Freire, a Dra. Fátima Barros Ferreira, o Dr. Ricardo
Quintela Costa e o Dr. Ricardo Moreira, (2001 até 2009);

b) Rua Castilho, N.º 71 – 2.º direito, onde colaborou com o Eminente


Advogado Dr. Carlos Sousa Brito, (2009/2012) e

c) Estrada da Luz, N.º 90 – 5.º esquerdo, em Lisboa, onde exerce as suas


atividades até os dias de hoje.

20. Como se vê, foi uma boa decisão da Administração do INPS, proceder a
contratação do referido Consórcio que acabou por conseguir alcançar excelente
resultado nessa cobrança internacional, trazendo para dentro dos cofres do INPS
uma quantia tão elevada que quase atinge UM BILHÃO DE ESCUDOS que
ninguém mais tinha conseguido cobrar ao longo de 20 anos de inúmeras tentativas
falhadas.

Terceira Falsidade
Outros Serviços Prestados

21. Tanto que o Dr. Luís Borges Rodrigues sempre foi Advogado e que tinha prestado
outros serviços ao INPS ao longo de vários anos, posto que:

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1. O Domicílio Fiscal, do INPS, em Portugal, entre 2008 até 2021, era
precisamente no Escritório do Dr. Luís Borges Rodrigues, sito na Rua
Castilo, Nº 59- 3º Direito- 1250- 068- Lisboa;
2. No dia 11 de setembro de 2009, o Dr. Luís Borges Rodrigues representou
o INPS perante o Sr. Ministro das Finanças, e quem requereu o benefício
de isenção fiscal sobre o IMT, conforme Petição dado entrada sob o
Nº7300 de 11 de setembro de 2009 e que viria a resultar no Processo Nº
1206, no Gabinete do Ministro e que viria a dar origem ao Processo Nº
3362/09 na Direção de Serviços do Imposto Municipal da Direção Geral
dos Impostos;
3. Por requerimento datado 08 de julho e 2010, no âmbito do mesmo
Processo Fiscal, o Dr. Luís Borges Rodrigues voltou a representar o INPS,
exercendo o direito de audição, perante o mesmo Ministro das Finanças;
4. A 27 de Setembro de 2010, pelo Ofício nº 16.384, o Dr. Luís Borges
Rodrigues, em representação do INPS, foi notificado do Despacho Nº
779/2010-XVIII de 17 de agosto de 2010, proferido pelo Sr. Secretário de
Estado dos Assuntos Fiscais, Dr. Sérgio Vasques, que indeferiu as
pretensões do INPS;

Quarta Falsidade
Particularidades Do Consorciado Dr. Carlos De Sousa e Brito
Eminente Advogado

22. No que se reporta ao Consorciado Dr. Carlos de Sousa e Brito, a Acusação pouco
ou nada se refere, limitando a afirmar no ponto 117 da Acusação que: “O Arguido
Luís Borges Rodrigues não entrou em contacto com qualquer funcionário do
ISS-PT e nem Carlos Abel de Sousa e Brito para tratar de quaisquer assuntos
relacionados com a convenção de segurança social celebrado entre os Governos
de Cabo Verde e de Portugal”, afirmação essa não correspondente com a
realidade, sendo fruto de uma ilação arbitraria, ilógica, não provada e violadora
do Nº2 do Artigo 1º do C.P.P e do Nº1 do Artigo 35º da C.R.C.V (Direito
Fundamental à Presunção da Inocência) que estatui o seguinte: Nº2 do Artigo 1º
do C.P.P: “A presunção da inocência do arguido exige que a prova da sua

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culpabilidade seja feita por quem acusa e pelo Tribunal, na obediência das
regras estabelecidas pelo presente código ou outras leis do processo penal”.
23. Ora, considerando que a data dos factos, de 2009 à 2011, o Dr. Carlos de Sousa e
Brito partilhava o mesmo Escritório de Advocacia com o Arguido Dr. Luís Borges
Rodrigues, colaborando e auxiliando mutuamente nos processos negociais e
judiciais que transitavam naquele mesmo Escritório e partilhando as mesmas
secretárias e demais pessoal auxiliar, como pode e com base em que provas que o
Ministério Público pode verter no ponto 117 da Acusação que “ O Arguido Luís
Borges Rodrigues não entrou em contacto com o Dr. Carlos de Sousa e Brito
para tratar de assuntos relacionados com essa cobrança”???
24. Resulta, pois, evidente que a afirmação vertida no ponto 117 da Acusação
configura ser uma afirmação de um pseudo- facto negativo totalmente arbitrária,
sem fundamento nos factos, violadora das regras da experiência comum, e
violadora do Direito Fundamental à Presunção de Inocência consagrado no Nº1
do Artigo 35º da CRCV com densificação nos Nºs 2 e 3 do Artigo 1º do CPP.

Desempenho e Diligências Realizadas Pelo Dr. Carlos De Sousa e Brito

25. Na verdade, ao contrário do que vem afirmado no ponto 117 da Acusação, tanto
que o Advogado e Ex-Membro do Governo de Portugal, Dr. Carlos de Sousa e
Brito foi contactado e aceitou integrar a equipa do Consórcio que os
aconselhamentos e diligências por ele realizadas foram determinantes nas
seguintes situações:
I. Nos trabalhos e diligências preparatórias ao reconhecimento da divida,
desde março/abril de 2009 até a realização da reunião da Comissão Mista
realizada em 29 e 30 de setembro de 2009
II. Nos trabalhos e diligências preparatórios para a homologação das
decisões da Comissão Mista, o que viria a acontecer em sede da Cimeira
dos dois Presidentes, Dra. Leonesa Fortes e Dr. Edmundo Martinho,
ocorrida em 17 de novembro de 2009
III. Tendo em conta que a divida foi reconhecida em Setembro de 2009,
quando o Governo que estava no poder era do PS (Dr. José Sócrates),
2porém, aconteceu que eleições legislativas a 21 de Junho de 20011 um

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novo Governo, agora do PSD (Dr. Passos Coelho) viria a tomar posse,
tal alternância no poder provocou, como é natural, a mudança de
Governantes e altos Dirigentes, o que dificultou a operação da cobrança,
até porque essa circunstância levou que o Dr. Carlos de Sousa e Brito
fizesse enorme esforço para identificar e contactar os novos Dirigentes
com “poder e sensibilidade” necessários para auxiliarem no processo de
pagamento da divida que tinha sido reconhecida pelo Governo anterior,
mas que se demitiu antes de se efetivar o pagamento
IV. Face a esta circunstância adversa, o Dr. Carlos de Sousa e Brito
empenhou-se na organização, diligências e aconselhamento, visando a
realização, pelo Consorciado Amadeu Oliveira, de uma missão altamente
sensível, mas igualmente importante, à Suíça, para a sede da OIT, com o
Fito de contactar e pedir ajuda a altos Funcionários com responsabilidade
no projeto “SETP- PORTUGAL” e que poderiam sensibilizar o Governo
de Portugal a pagar ao INPS o valor já reconhecido, missão essa que pode
ter sido determinante para o bom sucesso da cobrança

26. Por todo o acima exposto, e sem querer tirar ou diminuir o grande mérito e
empenho do Consorciado Amadeu Oliveira, porém, é inegável que a cobrança
nunca teria sido conseguida sem o empenho, os aconselhamentos e as discretas
diligências do Consorciado Dr. Carlos de Sousa e Brito, que para além de
Advogado tinha sido Membro do Governo de Portugal, desde o tempo do Primeiro
Ministro Sá Carneiro, mas que até então mantinha boas relações tanto dentro do
PSD como dentro do PS, bem como do CDS, até à sua morte ocorrida em outubro
ou novembro de 2012, meses depois dele ter conseguido realizar a cobrança
(janeiro de 2012) à favor de INPS.

Quinta Falsidade
Pagamento Supostamente Clandestino

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Dra. Leonesa Fortes

27. Quando ficou demonstrado que o Governo, através da sua Ministra da Tutela tinha
conhecimento, e anuído, então o Ministério Público veio alegar, no Articulado
125 da Acusação que a Presidente e Administrador Executivo Dra. Leonesa Fortes
e o Dr. Antonino Benjamim Nogueira “atuaram sem autorização e contra a
vontade da Instituição INPS”,- o que é redondamente falso!!- Até porque essa
afirmação entra em contradição com o que ficou vertido nos Articulados 47 e 48
da mesma Acusação, onde foi considerado como provado que numa reunião do
Conselho de Administração do INPS, realizada no dia 03 de Junho de 2014, foi
deliberado POR UNANIMIDADE o pagamento dos honorários devidos ao
Gabinete do Dr. Borges Rodrigues, conforme se prova pela leitura do seguinte
extrato da Ata Nº04/CA/2014.

Acta nº 04 da reunião do Conselho de Administração do dia 03 de junho de 2014;


O Conselho de Administração, reunido na sua reunião ordinária realizada no
dia 03 de junho de 2014, tendo apreciado a proposta de pagamentos de
honorários resultante das negociações encetadas com o gabinete jurídico do Dr.
Borges Rodrigues e, considerando:
i. A necessidade de ultimar o processo referente ao pagamento de
honorários e despesas do gabinete jurídico em Portugal, contactado
para a recuperação das dívidas da Segurança Social ao INPS
resultante da convenção bilateral entre Cabo Verde e Portugal e cujo

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montante já ultrapassava os10 milhões de euros (mais de 1 milhão
de contos CVE);
ii. Quem em resultado do trabalho jurídico promovido pelo gabinete foi
depositado na conta nº 1786561101 do INPS sediada na Caixa
Económica de Cabo Verde no dia 12/01/2012 o valor de
950.2013.274$00 (novecentos e cinquenta milhões, duzentos e treze
mil, duzentos e setenta escudos), equivalente a dívida acumulada no
período de 1989 a 31 de março de 2005;
iii. Que não obstante o reconhecimento do extraordinário trabalho
levado a cabo pelo Gabinete, tendo em conta o valor em causa, a
proposta inicial de honorários apresentada (7%} não mereceu a
aprovação do CA que na sua reunião realizada a 7 de fevereiro de
2013 recomendou e mandatou o executivo do INPS a negociar uma
percentagem que não ultrapassasse os 5%;
iv. Que o processo negocial teve em conta que a dívida recuperada cobre
o período compreendido entre1989 a março de 2005, não totalizando
o período da dívida até 2011, tendo por isso a negociação
culminando com a proposta que ora se apresenta:
O CA apreciou a proposta e deliberou por unanimidade o seguinte:
i. O pagamento dos honorários e despesas devidos ao Gabinete
Jurídico do Dr. Borges Rodrigues equivalente a taxa de 2,5% do
valor cobrado;
ii. O eventual pagamento dos restantes 2,5%, ficam condicionados a
recuperação do valor da dívida ainda por pagar referente ao período
Abril de 2005 a 2011, caso a mesma não seja recuperada
normalmente na sequência da reunião da Comissão Mista
Portugal/Cabo Verde prevista para o próximo mês de julho.
Cidade da Praia, 03 de junho de 2014
O Conselho de Administração
Leonesa Lima Fortes
António B. Nogueira
Ricardina Andrade
Elias Monteiro

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Decisão do INPS e Anuência do Governo

28. A Administração do INPS tinha competência legal, poderes estatutários e


Autonomia Administrativa para contratualizar o Consórcio de Advogados.
29. Apesar do INPS gozar de Autonomia Administrativa, Financeira e Patrimonial,
podendo tomar e executar decisões de gestão de forma autónoma, a Sra.
Presidente do INPS, Dra. Leonesa Fortes, entendeu por bem, no início de 2009,
dar conhecimento e colher o consentimento e da então Ministra da Tutela (Dra.
Madalena Neves), sobre essa iniciativa de se tentar a cobrança por intermédio de
um Consórcio de Advogados- Negociadores.
30. Numa reunião ocorrida em março de 2009, havida entre a Senhora Ministra da
Tutela, Dra. Madalena Neves, a Sra. Presidente do INPS, Dra. Leonesa Fortes foi
dado conhecimento ao Governo das seguintes circunstâncias:

i. Os valores em dívida;
ii. Os 20 anos de mora, sem nenhum reconhecimento da Dívida;
iii. Um resumo das diligências e tentativas que, em vão, tinham sido
realizadas ao longo dos anos;
iv. Foi exposta a intenção do INPS contratualizar um Gabinete de
Juristas e Negociadores Portugueses para auxiliar na Cobrança,
mediante um acordo de Sucess Fee, tendo o Assessor Amadeu
Oliveira sido Mandatado para o efeito;
31. A Sra. Ministra da Tutela recomendou cautelas ao longo desse pretendido
processo de cobrança, para não causar melindre nas boas relações existentes entre
Cabo Verde e Portugal;

Autonomia Administrativa, Financeira e Patrimonial

32. É preciso ressaltar, mais uma vez, que o Estatuto do INPS em vigor entre 2009 à
2014 (Decreto Lei Nº 61/94 de 21 de Novembro) conferia ao INPS
AUTONOMIA ADMINISTRATIVA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL,
podendo
i. Aprovar o seu Plano de Atividades Anuais;

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ii. Aprovar o seu orçamento;
iii. Comprar e alienar património;
iv. Fazer Aplicações Financeiras;
v. Contratar pessoal de Recursos Humanos;
vi. Contratualizar Prestadores de Serviço;
vii. Conceder Patrocínios à Atividades Culturais, Desportivas ou de Cariz
Social;
viii. Praticar os atos inerentes à Gestão corrente.

33. Dentro deste quadro legal e estatutário, a Administração do INPS tinha todos os
poderes legais para contratar, mediante contrato de MANDATO, um ou mais
Advogados para efetivar as cobranças que a Administração achasse pertinente,
quer dentro de Cabo Verde, como em Portugal.
34. No caso concreto, verificando-se que a Administração do INPS agiu sempre (i)
dentro dos seus poderes Estatutários, (ii) conforme os instrumentos internos de
gestão (Plano de Atividades e Orçamento) e (iii) contando com Anuência da
Tutela Governativa – Não pode a Procuradoria Geral da República vir «desfazer»
ou «incriminar» Atos de gestão corrente praticados há mais de uma DÉCADA
(2009 à 2014), sob pena de subversão do quadro legal e institucional vigente à
Época.

Quadro Institucional Vigente (20092014)

35. Nos termos do artigo 11º dos Estatutos 61/94, a Administração e a gestão Corrente
do INPS são atribuídas a dois órgãos distintos, a saber:

a) Concelho de Administração, que é o órgão colegial, nos termos do nº 1 do


artigo 11.º, com os poderes estatuídos no artigo 12.º do Estatuto;
b) Presidente do Conselho de Administração, que é um órgão individual, nos
termos do nº 1 do artigo 11.º, com os poderes estatuídos no artigo 13.º do
Estatuto;
36. Neste quadro estatutário, a maioria dos atos concretos da gestão corrente devem
ser praticados pelo Presidente do CA, sem embargo do dever de informar ao CA
sempre que houvesse desenvolvimentos importantes, em relação a cada assunto.

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Com efeito, nos termos do artigo 13.º do Estatuto, “O Presidente do Conselho de
Administração é o órgão singular que representa o INPS e tem nos termos da
lei e dos presentes estatutos, poderes para a sua gestão corrente, competindo-
lhe especialmente”:

a) Gerir os recursos humanos, materiais e financeiros do INPS


b) Promover à cobrança e à arrecadação de receitas e autorizar a
realização de despesas orçamentadas
c) Representar o INPS em juízo e fora dele

37. Pelo exposto, qualquer sindicância, análise, valoração, emissão de juízos de valor
ou «apuramento de responsabilidades» deverá ter por base, por princípio e
como limite, o acima referido quadro estatutário e legal acima recortado.
38. Neste quadro, não houve algum dispositivo estatutário que fora infringido.

Sexta Falsidade
Particularidade do Consorciado Amadeu Oliveira

39. Resulta falso a afirmação, suposição ou insinuação que o Advogado Amadeu


Oliveira poderá ter recebido duas vezes pela mesma cobrança, no pressuposto de
que já estava obrigado a ir até Portugal fazer tal cobrança de dívida por força de
um Contrato de Avença que tinha com o INPS.
40. No caso específico do Arguido Amadeu Oliveira, pese embora o mesmo ter um
Contrato de Avença Mensal com o INPS, tal Contrato de Avença não obstava nem
impedia que o mesmo integrasse o Consórcio para a cobrança da divida em
Portugal, tendo em conta o seguinte:
i. Desde 01 de setembro de 2008 que o Advogado Amadeu Oliveira tinha
um Contrato de Avença com o INPS, no âmbito do qual dava Assessoria
à Administração do INPS, em determinadas matérias que estavam muito
bem demarcadas na Cláusula Primeira - (Objeto e Âmbito da Prestação de
Serviço em Regime de Avença Mensal);
41. Acontece que, na Cláusula Quarta, o próprio Contrato de Avença elencava um
conjunto de Matérias, Assuntos e Processos que estavam fora do âmbito do
Contrato de Avença, o que significa que se o INPS necessitasse de tais serviços,

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estes seriam prestados pelo Advogado Amadeu Oliveira, mediante contratos de
Mandado Específico, que também ficaram descritos na referida Cláusula de
Exclusão do âmbito do Contrato de Avença, como seria os casos de:

(i) Representação judicial, junto das instâncias judiciais,


(ii) Conceção e elaboração de propostas de Alterações Legislativas;
(iii)Processos de cobrança de dívidas, quando mandatado para o
efeito;

42. Nos termos da alínea e) do Nº1 da Cláusula Quarta, o INPS deveria pagar, em
separado da avença mensal, os serviços prestados pelo Avençado Amadeu
Oliveira, “por atos de efetivação de cobrança de dívidas quando mandatado
para o efeito”;

43. O Nº 3 da Cláusula Quarta do Contrato de Avença, estatuía que os honorários para


a efetivação da cobrança de dívida seriam pagos segundo a Tabela de Honorários
Constante do próprio Contrato de Avença, a razão de 4%, quando os valores em
causam fossem superiores a 15.000.000$00 (Quinze milhões de escudos);
44. É necessário referir que essa Tabela de Honorários não foi fruto de negociação
particular entre o Advogado Amadeu Oliveira e o INPS, mas sim trata-se da
Tabela de Honorários que estava em vigor no INPS, mesmo antes do Advogado
Amadeu Oliveira ser contratado;
45. Daí que não seja inovação alguma o INPS pagar Honorários à Advogados nos
processos de recuperação de Dívida;
46. Nesta ordem de ideias, para evitar que a Cláusula Quarta do Contrato de Avença
seja ignorada ou desprezada, cumpre reproduzir, neste requerimento, uma foto do
documento constante à folhas 1014 até 1025 dos Autos de Instrução Nº
08/PGR/2018, donde resulta documentalmente provado (Artigo 225º do C.P.P)
que qualquer Processo de Cobrança de Dívida seria pago em separado da
avença mensal, conforme uma tabela de honorários previamente estabelecida e
constante do próprio contrato de avença, mas que a PGR prefere fingir ignorar.

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Outros Mandatos de Cobrança de Dívida

47. Aliás, não seria essa a primeira vez que o INPS teria mandatado o Advogado
Amadeu Oliveira para missões de cobrança de dívida, a ser pago em separado
da Avença Mensal, cobrando uma percentagem do valor efetivamente
cobrado.
48. Refere-se que houve alturas em que as solicitações eram tantas que o Advogado
Amadeu Oliveira teve de recorrer a outros colegas para, conjuntamente e mediante
substabelecimento, realizarem as ações pertinentes, visando alcançar o objetivo
proposto;
49. Por exemplo, foi assim quando INPS mandatou o Advogado Amadeu Oliveira
para ir instaurar vários processos de Cobrança na Ilha do SAL e São Vicente,

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tendo o Mandatário recorrido a outros colegas e até contratualizado outros
Auxiliares para o efeito, nomeadamente, o Dr. Daniel Ferrer Lopes, de modo a
levar avante o Mandato;
50. A única diferença é que, no caso concreto, porque as diligências teriam de ser
realizadas em Território Português, impunha-se que a presença de um Advogado
com situação regularizada nesse Estado, pelo que foi uma opção acertada fazer
um Consórcio entre vários advogados e negociadores que pudessem atuar em
Portugal;
51. Daí que, no âmbito desse Consórcio de Advogados e Negociadores, o
Memorando de Entendimento foi assinado por uma Advogado Português Dr.
Luís Emílio Borges Rodrigues com participação do Dr. Carlos de Sousa e Brito
e não pelo Mandatário Amadeu Oliveira que não podia exercer em território
Português;
52. Ora, uma vez realizada a cobrança da dívida, mesmo que tenha sido parcialmente,
eram devidos os honorários aos Membros do Consórcio de Advogados,
independentemente do Contrato de Avença mensal que o Advogado Amadeu
Oliveira tinha com o INPS.
53. Pelo acima exposto, resulta evidente que não corresponde à verdade que o
Advogado Amadeu Oliveira já estaria obrigado à ir fazer a cobrança em Portugal,
por força do Contrato de Avença que mantinha com o INPS, pelo que não se
deveria ter contratado e pago os honorários ao Consórcio dos Advogados em
Portugal.
Dos Crimes Cometidos Por Agentes Do Ministério Público

Edifício da Procuradoria Geral da República

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Das Implicações Criminais

54. Pelo acima exposto, a Procuradoria Geral da República, através do DCAP, ao


deduzir a Acusação Pública Nº 04/PGR-DCAP/2022, com base em tais falsidades,
terá cometido em concurso real, dois crimes a saber:
I. Crime de Prevaricação de Magistrado, estatuído no Nº3 do Artigo 328º
do Código Penal que reza o seguinte: “3. O magistrado do Ministério
Público que, contra o direito e com a intenção ou a consciência de
prejudicar ou beneficiar alguém, promover ato conducente à verificação
da consequência referida no nº1, será punido com pena de prisão de 1 a
5 anos em caso de prática de qualquer outro ato processual, no âmbito
dos poderes que lhe são conferidos por lei”
II. Crime de Inserção de Falsidade em Documento Público, estatuído no Nº1
do Artigo 234º do Código Penal que reza o seguinte: “1. Quem, com a
intenção referida no artigo anterior, omitir, em registo, em documento
público ou particular, declaração ou facto que dele devia constar, nele
inserir ou fizer inserir declaração falsa ou facto falso ou diverso do que
devia ser escrito ou constar será punido com pena de prisão de 1 a 5 anos
ou de 6 meses a 4 anos, consoante o instrumento objeto da falsificação
seja público ou particular”

Não Responsabilização e a Absoluta Impunidade

55. Perante tantos atos ilícitos, imorais e inconstitucionais deveria haver mecanismos
eficazes e transparentes de responsabilização, porém, como é sabido, tal como o
Sistema da “Não-Justiça” foi montado em Cabo Verde, sendo o próprio
Procurador Geral da República
i. Quem preside e comanda o Órgão titular da ação penal que é o
Ministério Público (Nº3 do Artigo 226º da CRCV),
ii. É quem, ao mesmo tempo, preside também o Conselho
Superior do Ministério Público que é o Órgão de Gestão e
Disciplina dos Magistrados do Ministério Público;

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iii. Então, resulta evidente que qualquer queixa ou denúncia feita
por um cidadão contra qualquer Agente ou Magistrado do
Ministério Público enfrentará séries dificuldades e obstáculos.

56. Assim, enquanto houver uma réstia e esperança na integridade técnica e moral das
demais Instituições da República de Cabo Verde, mormente, crença na coragem
e na capacidade de discernimento do Sr. Primeiro Ministro e da Presidência da
República, Qualquer Cidadão Patriota deve optar pela via da Petição, visando
o resgate da ética e da credibilidade da Instituição Procuradoria Geral da
República, visto serem evidentes e abundantes os atos de:

(i) Inserção de falsidades nos processos;


(ii) Fraude processual;
(iii) Atos de prevaricação cometidos por Agentes do Ministério Público,
desde 2019 a esta parte, tendo como Procurador Geral o Dr. Luís
José Landim, em franca e grosseira violação do quadro legal e
constitucional vigente;

Atribuições do Ministério Público

57. A função primordial do Ministério Público, tal como ficou estatuído no Nº1 do
Artigo 225º da CRCV e Nº1 do Artigo 2º da LOMP “defender os direitos dos
cidadãos, a legalidade democrática, o interesse público e os demais interesses
que a Constituição e a Lei determinam”.
58. Nos termos do Nº2 do Artigo 227º da CRCV, os representantes do Ministério
Público devem “atuar com respeito pelos princípios de imparcialidade e da
legalidade”.
59. Acresce que, nos termos da alínea a) do Nº1 do Artigo 30º do Estado dos
Magistrados do Ministério Público, aprovado pela Lei Nº 2/VIII/2011, “Os
Magistrados do Ministério Público têm, especialmente, o dever de desempenhar
a sua função com integridade, seriedade, imparcialidade, igualdade,
competência e diligência”

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60. Dentro deste quadro legal e constitucional acima referido, caso se verificar que o
Ministério Público, através de qualquer um dos seus representantes, vem
assumindo uma prática reiterada de violação sistemática da Lei e da Constituição,
de modo a manipular e defraudar Órgãos de Soberania (Assembleia Nacional e
Tribunais), por forma a violar, de modo grosseiro, direitos, liberdades e garantias
de Cidadãos, mormente Deputados Nacionais e Ministros do Governo da
República haverá sempre cabimento à averiguação que, no presente caso, poderá
ser levado a cabo por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para
apurar a veracidade ou não de tais denúncias antes de qualquer decisão sobre a
renovação ou não do mandato do Dr. Luís José Landim como Procurador Geral
da República.

Situação Embaraçosa Para Cabo Verde

61. Acontece que, é de conhecimento público e notório de que desde a sua nomeação
inicial em 2019, que a escolha e o desempenho do Dr. Luís José Landim vêm
suscitando fortes questionamentos e duvidas, que não podem ser ignoradas ou
menosprezadas no processo de decisão, visando a sua renomeação ou substituição
no cargo de Procurador Geral da República.

Dr. Luís Landim- PGR de Cabo Verde Xanana Gusmão- Ex-Presidente da República de Timor Leste

Expulsão de Timor Leste

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62. Os questionamentos e a perplexibilidade tiveram início logo que se tomou
conhecimento da escolha de tal personalidade, para tão alto cargo, isso em 2019,
tendo em conta que nessa altura já era do conhecimento público em geral do triste
incidente que levou o Presidente do País irmão Timor Leste de expulsar este
Magistrado Cabo-Verdiano do território de Timor Leste por este revelar “falta de
capacidade técnica para atingir os fins para os quais fora contratado”.
63. Acresce que, também é de conhecimento público que no dia 24 de outubro de
2014 o Parlamento Nacional de Timor Leste, através de uma
deliberação/resolução, manifestou o seu apoio incondicional a decisão do
Governo de Timor Leste de expulsar do seu território tal Magistrado Cabo-
verdiano.
64. Refere-se que tais factos foram amplamente noticiados e divulgados na
comunicação social cabo-verdiana e internacional como se pode confirmar por
um artigo publicado pelo jornal online “Santiago Magazine” no dia 18 de março
de 2019 e que ainda pode ser consultado pelo link:
https://santiagomagazine.cv/sociedade/magistrados-em-contramao-pode-ter-
havido-conlui-entre-pgr-e-os-demais-implicados-se-si-e-crime

Crónica De Um Descrédito Anunciado

65. Pelo acima exposto, resulta evidente que quando o Governo do MPD, liderado
pelo Dr. Ulisses Correia e Silva teve a iniciativa, em 2019, de propor o nome do
Dr. Luís José Tavares Landim para o Cargo de Procurador Geral já era previsível
que a instituição “Procuradoria Geral da República de Cabo Verde” seria
mergulhada numa série de ilegalidades, arbitrariedades e inconstitucionalidades
nunca dates visto em Cabo Verde, com laivos de abuso de desvio de poder próprio
de um Estado Fascista e Totalitário que pouco terá de “Estado de Direito
Democrático”.
66. Como se demonstrará já de seguida, somente incidindo no período compreendido
entre 2021 à fevereiro de 2025, determinados Magistrados do Ministério Público,
onde se incluindo próprio Mui Digno Procurador Geral da República, Dr. Luís
José Tavares Landim, cometeram vários atos criminosos, que tiveram como
consequência:

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I. Sequestro de Deputado Nacional, em grosseira violação das garantias de
Imunidade Parlamentar;
II. Manipulação e Defraudação da Assembleia Nacional, visando a suspensão
do mandato de um Deputado Nacional para suposto prosseguimento do
Processo Crime Nº 20/TCPN/2020, a correr trâmites no Tribunal do Porto
Novo, Santo Antão, com base em inserção de falsidade no processo;
III. Inserção de falsidades no processo Nº 08/PGR-DCAP/2018 para incriminar
Ex-Membros do Conselho de Administração do INPS- Dra. Leonesa Fortes
e outros;
IV. Clonagem ilegal do processo, com o fito de violar as garantias fundamentais
constitucionalmente consagrados, de modo a alterar, fraudulentamente, o
Juiz Natural do processo de instrução Nº 08/PGR-DCAP/2018;
V. Manipulação e indução de alteração do elenco governamental, provocando,
artificial e desnecessariamente, a demissão do Ministro Carlos Jorge Santos,
ao constitui-lo arguido por supostos e inexistentes atos de Lavagem de
Capitais;
VI. Tentativa frustrada de forçar o cidadão Arlindo Teixeira a mudar o Defensor
Oficioso e para ser nomeado, em sua substituição, por alguém que nunca
chegou de ser Advogado que não estava disponível, nem desejava assumir
a missão de Defensor Oficioso, em França e grosseira violação do disposto
no Nº4 do Artigo 35º da CRCV, como foi amplamente divulgado pelo Jornal
“Santiago Magazine”, no dia 04 de março de 2021, num apontamento
noticioso intitulado por: “STJ suspende julgamento do caso Arlindo
Teixeira porque PGR exigiu expulsão de Amadeu Oliveira do
Processo”, que ainda pode ser visualizado pelo link:----
VII. Manipulação do Ministério da Justiça, através da DGSPRS, visando o
esbulho do computador portátil do recluso Amadeu Oliveira em grosseira
violação do disposto na alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do CESPC;

67. Entretanto, enquanto os Agentes do Ministério Público, superiormente dirigidos


e comandados pelo PGR, continuam cometendo tais atos ilícitos, imorais, ilegais
e inconstitucionais, os Cidadãos desta República de Cabo Verde seguem perdendo
o resto da pouca confiança que deveriam depositar na Instituições da República.

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VEJAMOS:

Incriminados Por Serem


Amigos e Parceiros De Negócios

Dr. Amadeu Oliveira Ministro Jorge Carlos Santos

68. O Sr. Ministro Dr. Carlos Jorge Santos foi constituído arguido, agora no mês de
janeiro de 2025, por supostos atos de “Lavagem de Capitais”, em virtude de ter
recebido na sua conta bancária, em Portugal, a quantia de 25.000Euros,
proveniente do Gabinete de Advogados do Dr. Luís Borges Rodrigues, em julho
de 2014, transferência essa feita a pedido e por instruções do amigo e parceiro de
negócios Amadeu Oliveira.
69. Entretanto, cerca de 2 anos depois, em 2016, o amigo Carlos Jorge Santos
devolveu parte desse valor ao amigo e parceiro de negócio Amadeu Oliveira, por
transferência bancária, sem se esconder ou outro tipo de dissimulação.
70. Vai daí, verificando essas transferências bancárias, o Ministério Público desata a
constituir o Sr. Ministro Dr. Carlos Jorge Santos como arguido por supostos atos
de “Lavagem de Capitais”, como se o dinheiro que entrou na sua conta em julho
de 204, fosse proveniente do desvio de cerca de 24. 000.000$00 do INPS. - Ora,
nada mais falso!!!
71. Antes de mais, é preciso reafirmar que é redondamente falso que tenha havido
qualquer desvio de dinheiros do INPS e muito menos atos subsequentes de
“Lavagem de Capitais” entre 2014 à 2019.
72. Na verdade, todas as transferências, depósitos, pagamentos e recebimentos de
quantias entre os Advogados, amigos, parceiros de negócios e familiares ocorridos
entre 2014 à 2019, foram atos legítimos, legais e lícitos, não havendo o mínimo

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indício de crime, para além das falsidades inseridas no processo pelos Agentes
do Ministério Público.
73. Com efeito, o valor de 25.000 Euros que foram transferidos para a conta do Dr.
Carlos Jorge Santos era pertencente ao Advogado Amadeu Oliveira que, por não
ter uma “conta-clientes- Escritório de Advocacia” em Portugal, usava, desde
2006 a “conta-cliente do Escritório de Advocacia do seu colega parceiro, Dr.
Luís Borges Rodrigues” como consta de recebimento e pagamento de todos os
seus serviços e negócios prestados ou feitos em território Português.
74. O Cidadão Amadeu Oliveira tinha e continua tendo conta pessoal e familiar no
Barclays Bank de Portugal, porém não dispunha e ainda não dispõe de uma
“conta-profissional-clientes” em Portugal.
75. Sucede que, em 2014, o Advogado Amadeu Oliveira tinha na conta-cliente do seu
parceiro português Dr. Luís Borges Rodrigues largos milhares de euros fruto de
prestações de serviços, honorários e venda de algumas ações societários, tanto de
uma parceria que remonta ao ano de 2006, incluindo os honorários recebidos do
INPS que foram distribuídos entre os Advogados do Consorcio e os Auxiliares
que colaboraram na cobrança da dívida que o INPS detinha em relação ao Estado
Português.
76. É preciso afirmar que o valor dos honorários pagos pelo INPS ao Consórcio de
Advogados em Lisboa representa uma muito pequena parcela do valor global das
transações e serviços prestados, como se demonstra mais à frente.
77. A origem do valor foi sempre lícita e legal, e mesmo que fosse fruto de algum ato
ilícito (o que não é o caso) mesmo assim nem o Dr. Carlos Jorge Santos, nem
outros amigos, familiares e parceiros de negócios teriam forma ou maneira de
saber e ter consciência de eventuais atos supostamente ilícitos alegadamente
praticados pelo Advogado Amadeu Oliveira, pelo que não se vislumbra razões e
fundamentos válidos para o Dr. Carlos Jorge Santos ter sido constituído arguido.
78. No caso concreto, o valor dos honorários recebidos pelo Consórcio de Advogados
pago pelo INPS era devido pela cobrança efetuado ao Estado Português e que
durante 20 anos o INPS não tinha conseguido cobrar.
79. Assim, durante muitos anos, o INPS limitou-se a enviar notas oficiais, invocando
a Convenção e o Acordo Administrativo, porém, em vão, posto que a parte
portuguesa não dava mostrar de querer reconhecer a divida e muito menos pagá-
la.

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80. Para se ter noção do modo de atuar, nada eficaz e pouco produtivo como o INPS
vinha atuando até 2008, basta analisar o seguinte quadro descrevendo as principais
ações visando a referida cobrança, porém, em vão.

Resumo Das Tentativas Falhadas

…………………………….Inicio de Citação……………………………
O Instituto Nacional de Previdência Social- INPS vinha tentando resolver essa questão
há vários anos, conforme o que se segue:

Ano de 1998 e 1999

1.Em 15 de Setembro de 1998, através da nota 127/PCA, foi enviado para o Departamento
de Relações Internacionais de Segurança Social- DRISS, o pedido de reembolso das
despesas resultantes das prestações em espécie outorgadas nos termos da Convenção
sobre a Segurança Social entre Cabo Verde e Portugal, referente ao período de 1990 a
1996. Só em fevereiro de 1999 e após muitas insistências, o INPS teve uma reação do
DRISS, com pedido de alteração da listagem que acompanhou o ofício. A relação foi
corrigida e enviada (Nota 454/PCA, de 26 de fevereiro).

Ano de 2001

2.Em julho de 1999 (Nota 93/PCA, de 16 de julho) e setembro de 2001 (Nota 117/PCA,
de 18 de Setembro) o INPS enviou para o DRISS, o pedido de reembolso das despesas
resultantes das prestações em espécie outorgadas nos termos da Convenção, referente aos
anos 1997/1998 e 1999/2000, respetivamente. Na ocasião o INPS fez questão de
relembrar à outra parte da necessidade de se regularizar as contas apresentadas até então.

3.Através da nota ref: DSFAG/GAT-113-2001 JP, de 04/10/2001, nº 4399, e em resposta


à nossa, o DRISS solicitou a emissão individual dos P/cv-19 (uma para cada
trabalhador/pensionista), acompanhados dos formulários de abertura de direitos (P/CV-
6,7 ou 8), pedido esse que o INPS contrapôs com base no documento assinado em junho
de 1988 “Norma de Procedimentos e adoção de formulários”, fazendo referência ao
capítulo- Reembolso entre instituições, ponto 11.3. (Nota 4339, de 04/10/2001).

4.Em Outubro de 2001 (nota PCA/216, de 23/10) o INPS, na expetativa de uma rápida
resolução do caso, propôs um encontro ao DRISS com data indicativa para a 2ª quinzena

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de Novembro em Lisboa, data essa que foi rejeitada pela parte portuguesa, por alegados
compromissos internos e internacionais, conforme nota ref. DSFAG nº 308/GAB/01, de
26/10/2001.

Ano de 2002

5.Em Outubro de 2002 (29à 31), tal como previsto no artigo 37º do Acordo
Administrativo, realizou-se na Praia, a reunião da Comissão Mista Luso Cabo-Verdiana.

6.Da agenda de trabalho, aprovada pelas partes, constava a fixação do modo de cálculo
dos custos médicos previstos no artigo 10º do Acordo Administrativo, a apreciação das
contas existentes entre as duas partes com vista a sua regularização e a fixação dos
procedimentos a seguir para regularização dos créditos recíprocos.

7.Em finais de Outubro de 2002, o INPS recebeu de Portugal os P/CV-19 respeitante aos
anos de 1989 a 2001. Em tempo, o então DCSS verificou e validou os inventários, porém
nada se avançou no que se reporta ao reconhecimento da dívida e muito menos se
equacionou a questão do pagamento.

Ano de 2003

8.A 24 de Junho de 2003, através da nota 1103 o INPS expediu os formulários P/CV-19
emitidos por centros emissores competentes, conforme o acordado na última reunião da
Comissão Mista, referente aos anos 1989 à 2000, para verificação e validação, de acordo
com as orientações saídas da reunião da Praia.

9.Em Agosto de 2003, o INPS solicitou mais uma vez um encontro para clarificar e
esclarecimentos, visto todo o processo continuar sem nenhuma reação das autoridades
portuguesas, que segundo a comunicação do DRISS de 4 de Setembro de 2003, questões
de agenda de compromissos internacionais inviabilizam o encontro solicitado. No entanto
manifestaram disponibilidade em agendar uma reunião em data a acordar e que permitisse
coordenação e disponibilidade das instituições. Continua-se a aguardar.

10.O INPS enviou, com base na nova proposta, o cálculo dos montantes convencionais
de 1990 à 2000, num total de cerca de 491 mil contos cabo-verdianos, o que não mereceu

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nenhuma reação da Parte Portuguesa que limitou a ignorar a proposta, remetendo-
se ao silêncio.

Ano de 2006 e 2007

10.Os inventários dos meses civis referentes aos anos 2001 à 2005 e 2006 foram enviados
em Março de 2006 e Janeiro de 2007, respectivamente, para o Departamento de Acordos
Internacionais de Segurança Social de Portugal que, mais uma vez não reagiu.

……………………………..Fim de Citação……………………………….

81. Como resulta da leitura do quadro acima referido, impunha-se uma mudança de
estratégia, visto que recorrendo somente aos institutos e mecanismos previsto na
Convenção, o INPS não estava conseguindo alcançar os seus objetivos.
82. Uma vez conseguido a cobrança dessa dívida, então, o INPS teve de pagar os
honorários ao Consórcio de Advogados, em Portugal.

Legítima Aquisição Do Direito De Propriedade Privada Sobre O Valor Dos


Honorários

83. Por decisão legítima do INPS tomada por unanimidade do Conselho de


Administração, conforme a Acta Nº 04/CA-INPS/2014 de 03 de Junho de 2014, o
INPS transferiu para a conta do Escritório do Dr. Luís Borges Rodrigues, em
Lisboa, a quantia de 215. 439,00 (Duzentos e quinze mil, quatrocentos e trinta e
nove euros) equivalente a 23. 755. 332$00 (vinte e três milhões, setecentos e
cinquenta e cinco mil, trezentos e trinta e dois escudos), mediante o discretivo
“Pagamento Serviços Prestados de Consultoria ao INPS”, conforme o próprio
Ministério Público deu como provado nos Pontos 46, 47, 48 e 55 da Acusação Nº
04/PGR/2022.

84. O referido pagamento foi efetuado a título de “Pagamento de Serviços de


Consultoria Efetivamente Prestados ao INPS” e não fruto de qualquer
simulação como pretende a Procuradoria Geral.
85. A partir do momento em que, no dia 11 de Junho de 2014, o referido valor deu
entrada na conta bancária Nº P5000. 330000. 454426. 3138705 do Banco
Comercial Português, titulada pelo Dr. Luís Borges Rodrigues, representante do

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Santos
Consórcio de Advogados em Portugal, o referido valor deixou de ser
propriedade do INPS e entrou na esfera jurídica do Consórcio de Advogados,
cujo os membros integrantes passaram a ser os Co- Proprietários desse valor,
nos termos do disposto no Artigo 1383º do Código Civil que regula o direito de
propriedade no caso de existirem “Consortes”, em conjugação com o Artigo
1302º do mesmo Código Civil que estatui o conteúdo do direito da propriedade
privada, conferindo aos proprietários o direito fundamental de “gozar de modo
pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição das coisas 8e
valores) que lhes pertencem”, dentro dos limites da lei e com observância das
restrições pela lei imposta.
86. No caso concreto, tendo o representante dos Advogados Consortes, Dr. Luís
Borges Rodrigues, recebido o valor na sua conta bancária em Portugal, não havia
nenhuma restrição legal ou limite que o impedisse de fazer a partilha entre os
Consortes, não podendo a Procuradoria Geral da Republica de Cabo Verde tentar
restringir ou limitar o direito fundamental de uso, fruição e disposição do valor
recebido, sob pena de violação dos direitos fundamentais à iniciativa privada e
à propriedade privada consagrados nos Artigos 68º e 69º da CRCV.

Ministro Jorge Carlos Santos

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87. Daí que não seja legitimo, nem constitucional a Procuradoria Geral da República
de Cabo Verde promover a quebra do sigilo bancário, tanto em Cabo Verde como
em Portugal de amigos, familiares e parceiros de negócios, tais como:
I. Carlitos Fortes e outros familiares da Arguida Leonesa Fortes;
II. Dr. Carlos Jorge Santos, Eng.º Amândio Barreto, Helena
Pereira Matos e Dr. Aristides Dias Pereira só porque são amigos
e parceiros de negócios do Arguido Amadeu Oliveira.

88. MEIOS DE PROVA:


i. Tal indevido incriminação de amigos e familiares de Amadeu Oliveira já
começou a ser badalado na comunicação social, numa campanha de
“Assassinato de Carater” como se pode constatar pela noticia divulgada
no Jornal “Expresso das Ilhas” do dia 30 de janeiro de 2025, referente “à
Demissão do Ministro Carlos Jorge Santos”, que pode ser consultado
através do seguinte link: https://www.facebook.com/share/p/1DkrRrqUS/

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Ministro do Turismo pede demissão após ser constituído arguido em


investigação sobre lavagem de capitais

O ministro do Turismo e Transporte, Carlos Santos, anunciou hoje que pediu


demissão ao governo desde a semana passada, na sequência de ter sido constituído
arguido numa investigação relacionada com suspeitas de lavagem de capitais. Aos
jornalistas, Carlos Santos assegurou a sua inocência e afirmou que tomou a decisão

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de deixar o Governo para defender o seu bom nome e evitar qualquer impacto
negativo na administração liderada pelo Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

“Perante a notícia veiculada por um jornal da praça de que fui constituído arguido por um
crime de lavagem de capitais, suspeita grave, venho perante os senhores jornalistas e
perante o país esclarecer o assunto em defesa do meu bom nome”, afirmou o governante
no início da sua intervenção.

Conforme explicou, entre 2014 e 2016, antes de assumir funções governativas, recebeu
na sua conta bancária em Portugal um montante de 25 mil euros, a pedido do advogado
Amadeu Oliveira, que justificou a solicitação com o facto de não possuir conta bancária
em Portugal.

“Uma pessoa das minhas relações, advogado da praça, Amadeu Oliveira, com quem tive
uma relação de amizade e confiança desde os tempos da universidade, sabendo que eu
tinha conta bancária em Portugal, pediu-me se eu poderia receber nesta conta bancária
uma quantia de 25 mil euros, cerca de 2.700 contos de um cliente a quem teria prestado
serviços de advocacia”, explicou.

Segundo o agora ex-ministro, a decisão de aceitar essa transferência foi baseada na


relação de confiança que mantinha com Oliveira e na sua condição de advogado.

“Assim fiz e devolvi o valor através da banca às contas indicadas pelo Dr. Amadeu
Oliveira de pessoas bem identificadas”, acrescentou.

Na semana passada, Carlos Santos foi notificado pela Procuradoria da República e


confrontado com suspeitas de lavagem de capitais relativamente a essa operação bancária.

“Respondi à Sra. Procuradora e fiz chegar cópia dos e-mails trocados na altura com o Dr.
Amadeu Oliveira em que, ainda bem, registei os momentos do depósito e da devolução.
Obviamente estou estupefacto, surpreendido e triste, pois uma mera
transação/empréstimo feito com boa-fé é transformado nesta suspeita”, disse.

Perante a gravidade da suspeição, Carlos Santos afirmou que colocou o seu cargo à
disposição do Primeiro-Ministro ainda na semana passada.

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“Relativamente à minha continuação no Governo, e perante uma suspeita tão grave, já
tinha colocado o cargo à disposição do Sr. Primeiro-Ministro, na semana passada, por
duas razões: para que eu possa defender o meu bom nome e para não permitir que o
Governo seja manchado”, concluiu.

------------------------------------------Fim de Citação-----------------------------------------

89. Essa situação obrigou o Sr. Primeiro Ministro a reagir publicamente, em defesa
da presunção de inocência do Ministro Demissionário, Dr. Carlos Jorge Santos,
como se pode constatar pela noticia divulgada no Jornal “Expresso das Ilhas”, do
dia 30 de janeiro de 2025, que pode ser consultado através do seguinte link:
https://www.facebook.com/share/p/1BA5kd67X8/

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PM aceita demissão de Carlos Santos e apela à presunção de


inocência

O Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, revelou esta tarde que aceitou o pedido
de demissão do ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, na sequência da
sua constituição como arguido num processo judicial e apelou que se respeite o
princípio da presunção de inocência.

“Perante o processo judicial que envolve o Dr. Carlos Santos, Ministro do Turismo e
Transportes, em que é constituído arguido, aceitei o pedido de demissão por ele
formulado”, escreveu Ulisses Correia e Silva, no Facebook.

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O Chefe do Governo assegurou que confia nas declarações do ex-ministro e nos
elementos que este apresentou em sua defesa.

Nesse sentido, apelou que se respeite o princípio da presunção de inocência e que se evite
qualquer tipo de julgamento antecipado.

“Confio nas palavras sinceras do Carlos Santos e nas evidências que ele apresentou
relativamente ao caso em que foi envolvido e apelo a que não se faça julgamento e nem
condenação na praça pública. A constituição de arguido não significa culpabilidade e
muito menos condenação. A justiça será feita nos tribunais”, frisou.

Ulisses Correia e Silva aproveitou para reconhecer o trabalho desenvolvido por Carlos
Santos à frente da pasta do Turismo e Transportes, enaltecendo o seu contributo para a
recuperação do setor após a pandemia e para a melhoria da aviação inter-ilhas.

--------------------------------------Fim de Citação------------------------------------------

Devassa da Vida Privada e Patrimonial de Amigos, Familiares e Parceiros de


Negócio

Modus Operandis

90. É necessário reafirmar que quer internamente, a nível nacional, como


externamente, na cobrança realizada em Portugal, o Arguido Amadeu Oliveira
sempre adotou o mesmo modo de agir que se pode resumir no seguinte:

I. Aceitar os mandatos do INPS para cobrar as dívidas, mediante


pagamento de honorários, conforme estatuído na cláusula quarta do
contrato de Avença;
II. Estabelecer parceria com outros Advogados, mediante consórcios de
Advogados ou parcerias simples com um determinado advogado da
Praça, visando conseguir alcançar um bom resultado na cobrança;
III. O Arguido não era obrigado a revelar ao INPS detalhes de todas as
reuniões, acordos, negociações, tentativas, diligências e esforços levados

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à cabo pelos advogados no seu trabalho de cobrança, mas tão somente
ficou obrigado a apresentar o Resultado.
IV. Uma vez alcançado o resultado pretendido, o Arguido emitia a nota de
cobrança, para efeitos de pagamento dos honorários, em função do valor
efetivamente cobrado;
V. Uma vez recebidos os honorários (muitas vezes, só recebia alguns anos
após o início do processo), os valores recebidos em cada processo eram
repartidos entre os Advogados e parceiros, sem que o Arguido fosse
obrigado a informar ao INPS a parcela que cada Advogado e parceiro
havia recebido pela sua colaboração no processo, sendo a partilha dos
honorários uma questão privada e particular dos parceiros.
NOTEM BEM:

91. Tal procedimento sempre vigorou no INPS, em relação às cobranças, não sendo,
portanto, nenhuma particularidade ou concessão à favor do Arguido, posto que era
esse o procedimento anterior, durante e posterior à sua contratação;

92. Vale acrescentar que nunca, até então, as várias Administrações do INPS com que
o Arguido Amadeu Oliveira colaborou, pediu ou exigiu que o Arguido lhe
informasse a identidade dos seus parceiros ou colaboradores, muito menos exigiu
que o Arguido detalhasse a forma e a proporção como os parceiros repartiam entre
si os honorários recebidos;

Forjar o Crime de “Lavagem de Capitais”

93. Entretanto, mesmo sendo evidente que não existe indício de crime algum, mas
sim, atos contratuais sujeitos e regulados pelo Código Civil, mesmo assim,
verificados os documentos de prova apresentados na Acusação, referente ao
suposto Crime de Peculato, para poder forjar um Crime de “Lavagem de
Capitais” constata-se que, a Procuradoria Geral da República:
I. Procedeu ao levantamento e inventário de todos os imóveis –
terrenos e apartamentos pertencentes aos Arguidos, seus
familiares e parceiros de negócio;
II. Procedeu-se a quebra do sigilo bancário de alguns amigos,
familiares e parceiros de negócios dos Arguidos iniciais, tanto em

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Cabo Verde como em Portugal, num esforço inacreditável no
sentido de forjar uma falaciosa narrativa, segundo a qual boa
parte das movimentações bancárias efetuadas entre os Arguidos,
amigos, familiares e parceiros de negócios, entre 2014 até 2019,
são atos criminosos de “Lavagem de Capitais”.

Vejamos as Origens do Património do Arguido Amadeu Oliveira.

94. Ora, por uma questão de rigor e de verdade, é preciso, antes de mais,
declarar que, ressalvando os exageros e imprecisões, o Arguido Amadeu
Oliveira não vai cair no cinismo e na hipocrisia de vir fingir que é pobre e
que vive na miséria, posto que seria falso!!!
95. Só que, a aquisição dos seus bens, imóveis, móveis e semi-movimentos,
depósitos bancários e aplicações financeiras, feitas individualmente ou em
parcerias com sócios e eventuais participantes em negócios, são o resultado da
atividade normal do Arguido Amadeu Oliveira, como advogado e como
empresário, muito antes de 2024 e muito antes de iniciar a sua colaboração como
Avençado do INPS.
96. É público e notório, até por publicações em jornais, que o signatário Amadeu
Oliveira, para além de ser um advogado, possui alguma atividade empresarial,
tendo participado em projetos de grandes dimensões em Cabo Verde, tais como:
(i) Participou na Construção e Comercialização do Aldeamento Turístico da
Murdeira, na Ilha do SAL, representando tanto a TURIM como a Família
LAMBERTS, onde terá sido bem remunerado, no processo de venda dos
apartamentos no mercado Alemão;
(ii) Participou e assessorou na Construção do Empreendimento Vila Cabral, na
Ilha de Boa Vista;
(iii)Foi advogado permanente e avençado de empresas como Hotel Morabeza,
Hotel Odjo Dágua, TURIM, CONSTUR, SONAGOL Cabo Verde;
(iv) Foi Assessor Jurídico da SDTIBM e Assessor do BAICENTER,
(v) Vendou valiosos Lotes de Terreno na ilha do SAL, por valores superiores a
35.000.000$00;

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(vi) Comprou e vendeu uma vivenda e um apartamento no Aldeamento Turístico
da Murdeira, com lucro;
(vii) Intermediou, através da empresa FINSI, a venda de Maquinarias
pesadas, designadamente, Grupos de Gerados Elétricos à ELECTRA;
(viii) Adquiriu ações na sociedade AIRLUXOR CABO VERDE, tendo sido
advogado também nos processos referentes a essa sociedade, num negócio
de vários milhares de contos


Tudo isso, antes de ser avençado do INPS;

97. Daí que querer indiciar que o Arguido Amadeu Oliveira terá ficado “RICO”
depois de 2014, em virtude de supostos actos de “Enriquecimento Ilícito” à custa
do INPS, constitui uma falácia de todo o tamanho.
98. Todavia, constata-se pelos documentos de prova apresentados pela PGR na sua
acusação que não só o sigilo bancário foi quebrado no período de 2014 à 2019,
como foi solicitado as Certidões dos registos prediais de todos os imóveis,
terrenos e apartamentos adquiridos ou vendidos pelos Arguidos, como se todo o
património que os Arguidos conquistaram ao longo de uma vida de esforço e de
muito trabalho se resumisse aos honorários recebidos belo Consórcio de
Advogado em 2014.

Movimentos Bancários Entre os Consorciados Dr. Borges Rodrigues e Dr.


Amadeu Oliveira

99. Ora, sem querer entrar em detalhes, o Arguido vai dando de barato que existem,
nas suas contas bancárias, vários pagamentos entrecruzados entre os
Consorciados, Dr. Luís Borges Rodrigues e Amadeu Oliveira nomeadamente,
resultantes de:
1) Pagamento de Honorários e Venda das Acções da AIRLUXOR CABO
VERDE, cujo último pagamento, foi feita em 2014, num negócio que
evolveu valores muito superiores;
2) Comissões de venda de Grupos de Gerados Elétricos à ELECTRA,
através da empresa italiana FINASI;

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3) Pagamento de viagens e Hotel, tanto em Cabo Verde, como em Lisboa,
relacionados com serviços de prospeção de mercado;
4) Remessa para Cabo Verde de toda a parte mecânica e Eletrónica do BMW,
TDS, 525;
5) Preparos e honorários do Processo do navio “Ginja Pesca” ainda pendente
na Procuradoria do Sal e no Tribunal do Sal, Processo esse instaurado
contra as Sociedades “Bom Peixe” e “Salmar” pela Sociedade “Ginja
Pesca”.
6) Pagamento de despesas de saúde, incluindo, Hospital de Cruz Vermelha,
em Lisboa, e outras clínicas;
7) Compra e/ou venda de imóveis e de participações sociais em Sociedades
Comerciais e Empresas.

100. Daí que não seja lógico pensar sequer que todos os movimentos existentes
entre os Consorciados, amigos, familiares e clientes são advenientes desses
24.000.000$00 de Honorários recebidos do INPS, pois, sempre existiu mais
VIDA e ACTIVIDADES PROFISSIONAIS do que as questões do INPS, e
mesmo depois de 2014, continuou havendo mais VIDA entre os Consorciados,
amigos, familiares e clientes para além do INPS;
101. Ora, tudo visto, é preciso ter em atenção que 24.000.000$00, quando
contraposto a cobrança de UM MILHÃO DE CONTOS, não se poderá
considerar que seja um valor assim tão elevado para justificar atos de corrupção
internacional, ou atos de desvio de dinheiro do INPS para enriquecimento ilícito
de tanta gente.
102. Na verdade, o pagamento de honorários no valor de 24.000.000$00 para
a cobrança de UM MILHÃO DE CONTOS, afigura-se ser uma despesa adequada
para tamanho encaixe financeiro, até por que há três questões inultrapassáveis, a
saber:
a) Como se explica que a parte Portuguesa tenha levado cerca de 20
anos a pagar a dívida, e veio a pagar somente em 2012, depois das
“Due Diligence” realizadas pelo Consórcio de Advogados e
Negociadores????

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b) Como se explica que depois que o Consórcio de Advogados parou de
intervir, nunca mais, até a data de hoje, o INPS conseguiu cobrar nem
mais um tostão dessa dívida, sendo certo que o remanescente por
cobrar já aumentou, atingindo, atualmente, outro Um Milhão de
Contos???
c) Será que a Atual Administração do INPS vai conseguir cobrar, até
ao final do seu mandato, só por si e sem a ajuda de algum serviço
especializado, o remanescente da dívida???

Garantia e Segurança Do Dinheiro Do INPS

103. Como já ficou dito e repetido várias vezes, o INPS só pagou os honorários
ao Consórcio de Advogados, depois de ter recebido quase Um Milhão De Contos.
104. Tal pagamento de honorários viria a acontecer em 2014.
105. Entretanto, em outubro de 2016, mediante uma denúncia anónima, a
Procuradoria mandou instaurar uma Instrução Crime.
106. O Signatário Amadeu Oliveira viria a tomar conhecimento do processo em
meados de 2017 (salvo erro de memória).
107. Logo que o Signatário tomou conhecimento do processo, tratou de assumir
perante a nova Administração do INPS que o pagamento dos honorários tinha sido
feito de forma legal, tendo o mesmo emitido vários pareceres a defender que o
valor deveria ser de 5% (47.000.000$00) e não somente 2,5% (23.500.000$00)
como tinha acontecido.
108. Mais o Signatário assumiu a responsabilidade técnica e jurídica desse
pagamento dos honorários, acrescentando que, todavia, em face à denúncia
anónima e perante a instauração de uma instrução crime, para garantir e
assegurar o valor pago pelo INPS ao Consórcio de Advogados, ele, Amadeu
Oliveira iria constituir uma reserva financeira superior aos 24.000.000$00
recebidos, junto do BCA, de tal modo que, a qualquer momento, o INPS ou as
instancias judiciais poderiam arrestar ou caucionar o valor em causa.

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Ano de 2017
109. Entretanto, o Sr. Presidente do Conselho Diretivo do INPS, afirmou que
não via necessidade dessa ação, até porque tratava-se de uma denúncia anónima
e não de uma queixa apresentada ao INPS e que todos os documentos e auditorias
internas já realizadas dentro da Instituição não acusavam qualquer irregularidade
ou desvio.
110. Só que, mantendo-se fiel à sua palavra, o Signatário, até a presente data,
(fevereiro de 2025) sempre manteve ativos financeiros superiores a
30.000.000$00 (trinta milhões de escudos), junto do BCA, assegurando, assim,
qualquer responsabilidade financeira resultante do desfecho do processo.

Ano de 2018
111. A 13 de julho de 2018, o Signatário Amadeu Oliveira foi constituído
arguido, perante o Digno Procurador da República, Dr. Patrício Varela, tendo o
Signatário mantido a mesma disponibilidade em garantir e assegurar, junto do
BCA, o valor pago ao Consórcio de Advogados, tendo esse Magistrado reagido,
dizendo que ainda não havia necessidade para tal, porém, o Signatário, mesmo
assim, manteve ativos financeiros disponíveis junto do BCA, para cobrir qualquer
eventualidade.

Ano de 2019
112. A 16 de setembro de 2019, o Signatário Amadeu Oliveira, perante a
morosidade do processo que já levava 3 anos de instrução, apresentou um

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requerimento de prova, da sua livre iniciativa, prestando todos os esclarecimentos
possíveis e imagináveis.

Ano de 2021
113. A 18 de julho de 2021, o Signatário foi preso por ter auxiliado um seu
defendido a se ausentar temporariamente de Cabo Verde, Sr. Arlindo Teixeira.

Ano de 2022
114. A 06 de junho de 2022, foi promovido pela Procuradoria Geral e foi
decretado pelo 1º Juízo Crime do Tribunal da Praia o congelamento não só do
valor em causa de cerca de 24.000.000$00 acrescidos dos juros, mas sim, de todas
as quantias encontradas em todas e quaisquer contas bancárias, de todos e
quaisquer Bancos, sem nenhum limite de valor.

Ano de 2024
115. Derivado desse congelamento selvagem, sem limites de valor e por temo
indeterminado, das quantias encontradas nas contas bancárias dos Arguidos,
independentemente se ser “contas pessoais” ou “conta-escritório de advocacia-
clientes”, a 31 de dezembro de 2024, o Sistema Judicial implantado em Cabo
Verde já tinha congelado mais de 100.000.000$00 (cem milhões de escudos) o
que mostra ser um congelamento excessivo, abusivo, ilegal, imoral e
inconstitucional, tendo em conta que o valor que deveria ser acautelado não
deveria passar de 30.000.000$00, valor esse que, aliás, já estava assegurado pelo
Signatário Amadeu Oliveira, junto do BCA, desde 2017 (salvo erro), até a data de
hoje (fevereiro de 2025).
116. Ora, esse congelamento selvagem e imoral de todo e qualquer valor
depositado nos Bancos, acabou por ser superior ao quadruplo (4vezes mais) do
valor a ser assegurado, o que teve o condão de neutralizar e reduzir o Signatário a
uma situação de total e absoluta penúria material e financeira ao ponto de sequer
ter recursos para:
I. Pagar pensão de alimentos aos 4 filhos;
II. Pagar despesas de saúde, meios de diagnóstico e medicamentos;
III. Pagar custas de processos judiciais e honorários de Advogados;

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IV. Comprar produtos de higiene pessoal e complementos alimentares
na cantina da Cadeia;

Meios de Prova:

117. Tais factos são do conhecimento público e notório, tendo sido alvo de
vários serviços noticiosos de televisão e rádio, como se pode comprovar pela
visualização do serviço noticioso da televisão nacional, designado por “jornal da
noite”, difundido no dia 08 de janeiro de 2025, às 20 horas-ver link:
https://youtu.be/86y780

Desnecessidade De Constituir o Sr. Ministro Dr. Carlos Jorge Santos Como


Arguido, Por Suposto Ato de Lavagem de Capitais

118. Pelo acima exposto, resulta evidente que não havia nenhuma razão ou
fundamento para vir, em janeiro de 2025, constituir o Sr. Ministro Carlos Jorge
Santos como arguido por supostos atos de lavagem de capitais, a não ser que a
intenção fosse a de lhe fazer pedir a demissão do Governo, por razões obscuras e
inconfessáveis.
119. As movimentações bancárias descritas e que incidem sobre
movimentações bancárias realizadas pelos Arguidos entre si, entre familiares,
amigos, clientes e parceiros, abrangendo um período de 5 anos, ou seja, de julho
de 2014 à 2019, ao imiscuir e devassar a vida privada de amigos, familiares e
clientes dos Arguidos é suscetível de consubstanciar uma conduta violadora dos
direitos fundamentais à privacidade dos Arguidos, seus familiares, amigos e
clientes, sobretudo, num cenário em que o Arguido Amadeu Oliveira já tinha
disponibilizado ativos bancários, depositados no BCA, suficientes para garantir o
valor de 24.000.000$00 em causa.
120. Não basta enumerar uma série de transferências de quantias entre amigos,
familiares e clientes dos Arguidos durante 5 anos, para se provar que os Arguidos
pretendiam se apropriar de dinheiro público. O ato de transferir dinheiro de uma
conta para outra, é algo corrente na sociedade moderna em que vivemos,
acontecendo com regularidade todos os dias.

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Direito Fundamental à Livre Iniciativa Privada e à Propriedade Privada

121. Acresce que não se pode olvidar que os integrantes do Consórcio eram
livres de:
i. Repartir os honorários como melhor lhes aprouvesse;
ii. Usar o valor para alavancar outros negócios;
iii. Fazerem ajustes de contas entre si;
iv. Pagar despesas pessoais e/ou familiares;
v. Ter gestos de solidariedade com familiares, amigos e
conhecidos;
vi. Adquirir imóveis e fazer aplicações financeiras;
vii. Enfim, ter livre iniciativa privada e exercer o Direito à
Propriedade Privada, tal como estatuído nos artigos 68.º
e 69.º da CRCV;

122. Como já ficou acima dito e demonstrado, a partir do momento que o INPS
pagou ao consórcio de Advogados os honorários devidos de 24.000.000$00, ao
abrigo do disposto nos artigos 68º e 69º da Constituição da República, os membros
desse consórcio eram livres de repartirem os honorários entre si e de aplicarem
a sua parte como melhor achassem conveniente, sem serem obrigados revelar o
destino que cada um deu à sua parcela.
123. Daí seja natural que, após receberem os honorários do INPS, os membros
do consórcio continuaram com as sua vidas familiar, social e profissional, como
sempre fizeram, realizando aplicações financeiras, alavancando outros negócios,
apoiando familiares, pagando dívidas, tendo gestos de solidariedade com amigos
e familiares, como sempre fizeram antes de 2014.
124. Ou seja, o facto de terem recebido os honorários devidos do INPS, isso
não alterou a sua forma de vida, nem provocou qualquer alteração nas atividades
profissionais dos arguidos.
125. Nesta ordem de ideias, depois de terem recebidos os honorários do INPS,
o que ocorreu em junho de 2014, os arguidos continuaram as suas atividades
habituais, tendo realizado largas dezenas de transferências e depósitos bancários,

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i. sempre usando os seus próprios nomes e identificação completa e
autêntica,
ii. identificando a origem e o destino das transferências e depósitos,
iii. utilizando a via bancária,
iv. sem nunca esconder, camuflar, nem disfarçar por detrás empresas
ou sociedades de fachada, … enfim, agindo com toda a
transparência necessária.

Incriminar Amigos, Familiares E Parceiros Do Arguido Amadeu Oliveira

126. Perante um universo de milhares de movimentações que se estenderam por


5 anos, em Portugal e em Cabo Verde, o Ministério Público tratou de escolher as
movimentações havidas entre os arguidos, seus familiares, amigos mais próximos
e determinados parceiros de negócios, para ventilar a tese de que tais
movimentações destinam-se a «ESCONDER» os valores recebidos do INPS,
como se o INPS não fosse obrigado a pagar os honorários, tal como ficou
contratualmente estabelecido.
127. Ora, não se deve ventilar a falaciosa tese de ter havido atos de «Lavagem
de Capitais», nem em relação aos arguidos iniciais, nem em relação aos amigos,
familiares, clientes e Parceiros de negócios pela não existência dos seguintes
elementos do tipo:

I. Os valores recebidos pelo consórcio, em junho de 2014, do INPS, não era


produto de nenhum crime de Peculato, mas sim eram os honorários
devidos por grandes e relevantes serviços prestados, na cobrança da divida
que o Estado Português devia ao INPS, durante 20 Anos.

II. Mesmo que fosse o produto de algum eventual crime ( o que não é o
caso), para se configurar actos de «Lavagens de Capitais» os
familiares, Amigos clientes e parceiros de negócios teriam de ter
conhecimento do suposto crime inicial, para depois, conscientes da
existência desse crime anterior, mesmo assim, aceitarem
disponibilizar as suas contas bancárias para esconder e dissimular o
dinheiro , (o que não é o caso) tendo em conta que os familiares,
amigos, clientes e parceiros a quem foi transferido ou depositado

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algum valor entre 2014 até 2019 sequer faziam a mínima ideia de
que o INPS tinha pago os referidos honorários ao consórcio de
Advogados, em Portugal, em decorrência de uma cobrança da dívida
que a parte Portuguesa devia, havia mais de 20 Anos.
III. Acresce que, mesmo na hipótese meramente académica dos arguidos
terem desviado cerca de 24.000.000$00 do INPS em Junho de 2014, ( o
que é Falso!!!) mesmo assim os amigos, familiares e clientes não tinham
como tomar conhecimento desse suposto desvio, nem teriam como
suspeitar que os valores que os arguidos Amadeu Oliveira e Dr. Luís
Borges Rodrigues movimentaram tinham origem no INPS, até porque
tanto um como o outro, antes de 2014, já eram possuidores de património
próprio muito superior aos valores transferido para cada amigo, familiar
ou cliente, pelo que os valores transferidos ou depositados não tinham que
ter correlação com os honorários recebidos do INPS, sendo
absolutamente plausível que tais montantes se enquadrassem dentro das
atividades normais e corriqueiras tanto do arguido Amadeu Oliveira
como do Dr. Luís Borges Rodrigues;
IV. Pelo acima exposto, não é razoável, nem possui lógica o Ministério
Público tentar ventilar a falaciosa ilação de que os movimentos bancários
realizados entre os arguidos, seus amigos, familiares e clientes podem
configurar actos de «Lavagem de Capitais», como se alguém estivesse a
querer esconder ou dissimular o valor recebido do INPS pelo consórcio de
Advogados, quando, na verdade, os arguidos:

i. Sempre declararam ter recebido os 24.000.000$00 do INPS;


ii. Sempre declararam as razões e o justificativo de tal pagamento em
virtude de serem o valor dos honorários pela cobrança de uma divida
de Quase UM MILHÃO DE CONTOS que a parte Portuguesa devia
ao INPS, havia mais de 20 Anos e que ninguém tinha conseguido
cobrar antes dos relevantes serviços prestados por esse consórcio de
Advogados;
iii. Sempre declararam que o valor dos honorários foi repartido e dividido
entre os membros e colaboradores desse Consórcio, incluindo os
arguidos Amadeu Oliveira e Dr. Luís Borges Rodrigues;

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iv. Que tanto que nenhum dos arguidos querem esconder ou dissimular
nada de nada, nem desejam dificultar o trabalho da justiça que o
membro do consórcio que possui nacionalidade e residência Cabo –
Verdiana, o Arguido Amadeu Oliveira, precisamente para colaborar
com a justiça, sempre declarou que iria deixar disponível nos Bancos
de Cabo-Verde , sobretudo junto do maior Banco Nacional, o B.C.A
– um conjunto de Ativos Financeiros, composto por valores em
Títulos de Tesouro, Depósitos a prazo e Depósitos a Ordem num total
superior ao valor de 24.000.000$00 recebidos do INPS, de tal modo
que o poder judicial poderia, facilmente, encontrar património que
fosse arrestável/congelável/confiscável, por forma a garantir o valor
em causa, até que toda a questão seja clarificada;
v. Ora, quem atua desta forma e com este nível de transparência, não
pode ser acusado de querer esconder, dissimular ou dificultar seja o
que for, pelo que ofende as regras do Bom senso e agride as regras da
experiência comum de qualquer cidadão, querer imputar aos arguidos,
seus familiares, seus amigos e clientes suposto actos de «Lavagem
de Capitais».

Apreensão Ilegal Do Computador Portátil


Violação Dos Direitos Fundamentais À Defesa

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128. Todos os fatos, nomes, contas bancárias e demais circunstâncias acima
descritas poderiam ser documentalmente provados, caso o Ministério da Justiça,
superiormente dirigida e comandada pela Sra. Ministra Dra. Joana Rosa, não
tivesse mandado esbulhar o computador portátil que o Recluso Amadeu Oliveira
vinha usando.
129. Mesmo estando preso, o Advogado e Deputado Recluso continuava tendo
acesso ao seu computador portátil, ao abrigo do disposto na alínea e) do Nº3 do
Artigo 205º do Código de Execução das Sanções Penais Condenatórias que estatui
que:

Artigo 205º CESPC


“No espaço de alojamento do recluso (cela prisional) são unicamente
permitidos: e) aparelho de rádio, leitor de música ou outro equipamento
multimédia que não possibilite a comunicação eletrónica, até ao máximo de
três equipamentos, incluindo um computador portátil”

130. Assim, inicialmente, o Ministério da Justiça, superiormente dirigido pela


Sra. Ministra Dra. Joana Rosa, através da Direção Geral dos Serviços Prisionais
Autorizou ao Recluso Amadeu Oliveira o acesso e o uso de um computador
portátil dentro da cela prisional, nas seguintes condições:
I. Que o computador portátil fosse adquirido com financiamento e a
custas do Recluso, porém, a compra, a escolha do modelo e a
verificação tinha de ser feito por uma equipa de segurança, integrada
por Oficiais da Cadeia de São Vicente, (i) Dr. Manuel Lopes, (ii) Dr.
Edilson Portugal Dos Reis e (iii) Comandante da Guarda Sr. Carlos
Cruz, o que foi observado!!!
II. Que o Recluso só teria acesso ao portátil das 09H00 até as 17H00,
quando deveria ser entregue no Gabinete de Segurança, o que sempre
foi cumprido!!!
III. Que nunca o Recluso deveria colocar qualquer “palavra passe” ou
código no portátil e nunca deveria fechar o mesmo, de modo a permitir
que o Gabinete de Segurança, acedesse ao mesmo, verificando o
conteúdo e despistar qualquer eventual tentativa de comunicação a
distância.

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131. Acontece que, de forma arbitrária, e em concertação com a Procuradoria
Geral da República, no dia 19 de outubro de 2022, o Ministério da Justiça,
através do Sr. Diretor Geral dos Serviços Prisionais, determinou por Despacho,
que a Direção da Cadeia Central de São Vicente faça a apreensão e o esbulho do
equipamento, com base na falsa alegação de que “o recluso já não precisava dele
para auxiliar na sua Defesa”.
132. Verifica-se, contudo que, 20 dias depois, mais precisamente a 31 de
outubro de 2022, a Procuradoria Geral da República deduziu uma nova Acusação
Nº04/PGR/2022, no âmbito do Processo de Instrução Crime Nº08/PGR/2018,
acusando o recluso Amadeu Oliveira e outros 3 co-arguidos pelo suposto Crime
de Peculato, o que entra em total contradição com a afirmação de que “o Recluso
já não precisava do seu computador para auxiliar na sua defesa”.

Impugnação Imediata

133. Acontece que, logo que o Ministério da Justiça mandou apreender o


portátil, o que aconteceu no dia 19 de outubro de 2022, logo no dia 21 de outubro
de 2022, o arguido tratou de impugnar tal decisão, porém, infelizmente, nunca,
até agora, mereceu qualquer despacho ou resposta.

Reclamação Para o Sr. DGSPRS


134. Entretanto, tendo em conta que o anterior Diretor Geral, Dr. João Delgado,
entrou para a Magistratura Judicial, passando a ser substituído, então, no dia 23
de fevereiro de 2024, foi apresentada uma Reclamação perante o atual Sr. Diretor
dos Serviços Prisionais (Dr. Odair Pedro Dias) que também ficou sem resposta,
pese embora, nos termos do disposto no Artigo 81º do Código de Execução das
Sanções Penais, o Ministério da Justiça não poderia exceder o prazo de 5 dias
para tomar uma decisão que deveria ser comunicada ao Recluso no prazo
máximo de 8 dias.
135. Perante a DENEGAÇÃO da decisão por parte da Direção dos SPRS, o
arguido teve que solicitar ajuda junto da alguns Deputados Nacionais de todos os
3 partidos com assento Parlamentar (MPD, PAICV e UCID), bem como ao Senhor
Provedor de Justiça, Dr. José Carlos Delgado que, tempos depois, mandou
informar ao Deputado Recluso que já tinha esgotado todas as diligências possíveis

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junto do Ministério da Justiça e que tais diligências tinham sido infrutíferas, pese
embora a alínea e) do nº3 do artigo 205º do CESPC ser absolutamente claro a
respeito do Direito do Arguido Preso a ter acesso ao seu portátil, desde que não
tenha acesso à internet.

Deputado António Monteiro Deputada Dora Oriana Pires

Provedor de Justiça Dr. José Carlos Delgado

136. Da parte dos Senhores Deputados, sobretudo, dos Deputados da UCID,


(i) ENG.º António Delgado Monteiro declarou que dos contactos havidos
com a Sra. Ministra da justiça Dra. Joana Rosa, ficaram a saber que o
pedido de apreensão do computador portátil, partiu do Sr. Procurador
Geral da República e que, portanto, ela não iria despachar favoravelmente
até haver um outro posicionamento da parte do Sr. PGR, Dr. José Landim;
(ii) Dra. Dora Oriana Pires declarou que dos vários contatos feitos com o
Sr. Provedor da Justiça, Dr. José Carlos Delgado, este ripostou que já
havia esgotado toda as diligências junto do Ministério da Justiça, mas que
resultava evidente que não havia vontade de repor a legalidade;

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137. Essa decisão de impedir o arguido preso de aceder ao seu computador
portátil, afigura-se abusiva, ilegal e inconstitucional por violar grosseiramente,
por via indireta, o Direito à Defesa, à Audiência e ao Contraditório, tal como
estatuído nos nºs 6 e 7 do Artigo 35º da C.R.C.V., tendo em conta que sem o seu
portátil não consegue facultar ao seu Defensor as informações de que necessita
para contradizer as teses criminosas apresentadas pelo Ministério Público, nem
consegue fornecer os elementos e documentos de Prova de modo a demonstrar e
provar a sua inocência.

Necessidade Do Computador Portátil Para a Defesa do Arguido

138. A Direção Geral dos Serviços Prisionais alega que mandou impedir o
acesso ao computador porque, alegadamente, já “o Recluso não precisa dele
para ajudar na defesa”, o que é falso, para além de que, a Legislação em vigor
confere à qualquer arguido preso o Direito de ter acesso ao portátil,
independentemente de ser ou não necessário à sua Defesa.
139. Além do mais, o Artigo 85.º do Decreto-Legislativo n.º 6/2018, de 31 de
outubro, estabelece os objetos que os reclusos não devem ter na sua posse.
140. E neste elenco de objetos que o recluso não deve ter na sua posse, não
consta o computador portátil, e nem poderia constar, senão não faria sentido o
previsto na al. e) do n.º 3 do Artigo 205.º do Decreto-Legislativo n.º 6/2018, de
31 de outubro.

141. Portanto, a utilização de computador portátil pelo recluso é permitida por


lei.
142. O que o Sr. Diretor Geral da Direção Geral dos Serviços Prisionais e
Reinserção Social acabou de fazer com o seu despacho, foi alterar a al. e) do n.º 3
do Artigo 205.º do Decreto-Legislativo n.º 6/2018, fazendo algo que o nosso
legislador quis, claramente, afastar.
143. Daqui se infere, claramente que, a lei não limita ao recluso a utilização de
computador portátil somente nas situações em que tem a necessidade de preparar
a sua defesa.
144. De maneira que, a necessidade de o recluso utilizar ou não o computador
portátil para a sua defesa, não pode ser, de maneira nenhuma, fundamento para

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retirá-lo a posse do mesmo, sob pena de violação grosseira da al. e) do n.º 3 do
Artigo 205.º do Decreto-Legislativo n.º 6/2018.
145. Razões pelas quais, o despacho proferido pelo Sr. Diretor Geral da Direção
Geral dos Serviços Prisionais e Reinserção Social em 18 de julho de 2022, deve
ser revogado e substituído por outro que permita o recluso Amadeu Oliveira
utilizar o seu computador portátil na sua cela prisional, não só para auxiliar na
preparação da sua defesa, como para estudar e trabalhar, tal como decorre do
Artigo 13º do CESPC em conjugação com o Artigo 232º do mesmo Código.

Repercussão Internacional

146. Essa arbitrária e ilegal decisão de negar ao recluso o direito de aceder ao


computador/portátil é tão grave que mereceu reprovação nos órgãos de
comunicação social internacional, nomeadamente na página 10 da Edição do dia
16 de março de 2024 do jornal português “Público”, num artigo intitulado por:
“KAFKA está a escrever em Cabo Verde”.

--------------------------------Inicio de Citação----------------------------------
Kafka está a escrever em Cabo Verde
Francisco Teixeira da Mota
“O recluso Amadeu Fortes Oliveira, maior, Jurista de profissão, atualmente preso na
Cadeia Central de São Vicente, tendo dado entrada neste estabelecimento prisional no
dia 20 de julho de 2021, vem, por meio deste requerimento, rogar a devolução do acesso
ao computador portátil que lhe foi retirado, atualmente retido no gabinete de segurança
desta prisão”- este requerimento, dirigido ao Diretor dos Serviços Prisionais e de
Reinserção Social (DGSPRS), no dia 23 de fevereiro, ainda não teve resposta e não sabe
quando a terá. Dada as arbitrariedades, sempre cobertas pelo direito, que povoam o
processo judicial deste recluso, a exposição será, provavelmente, respondida assim que
for congeminada uma justificação legal para o punir um pouco mais pelo seu desaforo e
basófia.
Na sua exposição, Amadeu Oliveira explica que, de 08 de julho de 2022 até 19 de outubro
do mesmo ano, esteve, devidamente autorizado e como previsto na lei, na posse do
computador, que só podia funcionar como processador de texto e fora por si comprado,
a mando da DGSPRS, para assegurar a sua não conetividade com o exterior.

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Subitamente, o diretor dos Serviços Prisionais (certamente esquecido da reinserção
social que lhe cabe igualmente superintender) decidiu mandar retirar o computador,
mais tarde justificando essa medida com a desnecessidade do recluso de preparar a sua
defesa processual, uma vez que o processo judicial já estava findo!
Fundamento que, naturalmente, não existe na lei e que custa a crer ter sido invocado não
fora o processo de Amadeu Oliveira denotar uma inaceitável vontade judicial de
esmigalhar um cidadão.
Inaceitável mesmo sendo esse cidadão culpado da prática de crimes. Mesmo sendo
desrespeitador e desafiador do sistema judicial e dos seus agentes. As instituições, em
particular os órgãos de soberania, não podem ter estados de alma, não se podem vingar.
Amadeu Oliveira encontra-se preso a cumprir uma pena de sete anos de prisão pela
prática de um crime de atentado contra o Estado de Direito e de um crime de ofensa a
pessoa coletiva nos termos do acórdão proferido pelo Tribunal da Relação de
Barlavento, no dia 10 de novembro de 2022, na pessoa das Juízas Desembargadoras
Circe da Costa Neves. Maria Das Dores Gomes e Hélder Maurício.
Amadeu Oliveira não é, justificadamente, um personagem particularmente simpático à
justiça cabo-verdiana, uma vez que, desde há anos, dirigia, publicamente, graves
acusações a Magistrados nunca comprovadas. Não será seguramente uma pessoa fácil e
de bom trato, e, suponho, que terá granjeado poucas amizades na classe política daquele
país irmão.
Na comunicação social de Cabo Verde, só encontrei noticias sobre o alvoroço que, em
2020, causou a jovem deputada Mircea Delgado, do Movimento para a Democracia
(MPD), ao, corajosamente, pedir esclarecimentos, no Parlamento, sobre as denuncias de
Amadeu Oliveira sobre o funcionamento da justiça (o vídeo das suas declarações no
Parlamento terá sido censurado- não consegui visiona-lo na Internet)
…,…
Parece, assim, lamentavelmente, que o episódio do computador portátil é só mais um
capítulo de Na Colónia Penal, de Franz Kafka, que Amadeu Oliveira está a escrever
com o seu próprio corpo na Cadeia Central de São Vicente em Cabo Verde.
----------------------------------------------Fm de Citação-----------------------------------------

Necessidade Do Computador Portátil Para a Defesa do Arguido

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147. Irónico é que a Direção Geral dos Serviços Prisionais alega que mandou
impedir o acesso ao computador porque, alegadamente, já o Recluso-Deputado
não precisava mais dele para ajudar na sua defesa, o que é falso, até porque, sem
contar com outros processos em tramitação, somente 20 dias após o esbulho e
apreensão do computador portátil, a própria PGR mandou notificar o
Recluso Amadeu Oliveira, através da Direção da Cadeia, de mais uma
Acusação por suposto Crime de Peculato, alegadamente por desvio de
24.000.000$00 do INPS.
148. A apreensão do computador do recluso Amadeu Oliveira, não só configura
violação do seu direito fundamental a ampla defesa consagrada no Nº7 do Artigo
35º da CRCV, como também constitui uma grosseira violação do direito de
qualquer recluso de ter acesso a um computador (desde que sem conexão com
internet ou qualquer outro meio de comunicação à distância), tal como estatuído
na alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do Código de Execução de Sanções Penais
Condenatórias.
149. A Procuradoria Geral da República como a Administração Prisional
possuem pleno conhecimento de que o recluso Amadeu Oliveira continua
precisando do seu portátil para elaborar a sua defesa no âmbito de outros processos
que até a data de hoje continuam pendentes a espera de julgamento,
designadamente:

I. Processo Nº 58/TCP/2018, a correr trâmites no Tribunal da Praia, em que


Amadeu Oliveira foi acusado de 14 crimes contra a honra e suposta boa
reputação dos Venerandos Juízes do Supremo Tribunal, ainda em fase de
julgamento;
II. Processo Nº 20/TPN/2020, a correr trâmites no Tribunal do Porto Novo-
Santo Antão, em que Amadeu Oliveira foi acusado de 2 crimes contra a
honra e suposta boa reputação do Procurador da República, Dr. Nilton
Moniz, ainda em fase de julgamento;
III. Recurso Crime Nº 185/STJ/2016, a correr trâmites no STJ e no Tribunal
Constitucional referente à condenação do Sr. Arlindo Teixeira, ainda
em fase de recurso, visando a repetição do julgamento;

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IV. Auto de Instrução Nº 08/PGR/2018 em que o Recluso Amadeu Oliveira foi
acusado por suposto Crime de Peculato, alegadamente por ter desviado
cerca de 24.000.000$00 do INPS, ainda em fase de Acusação;
V. Autos de Instrução em que o Ministro Dr. Carlos Jorge Santos, o
Advogado Amadeu Oliveira e Outros, são indiciados por Crime de
Lavagem de Capitais; ainda m fase de instrução;

150. Vejamos, então, a falta que o computador portátil faz na preparação da


defesa técnica de cada um desses referidos Processos:

Os Factos Subjacentes aos 14 Crimes

Palacio do Supremo Tribunal de Justiça

Denúncias Concretas

151. É do conhecimento público e notório que o Advogado, a partir de 2015


publicou uma serie de artigos de opinião, concedeu várias entrevistas e remeteu
um conjunto de mensagens por email, a várias Entidades e Autoridades Oficiais,
incluindo aos próprios Venerados Juízes do STJ formulando sérias, fortes e
fundamentadas denuncias contra o mau procedimento do STJ, designadamente:

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I. Apontando atos de Denegação de Justiça por indevida dilação da
decisão dos recursos e reclamações interpostos pela defesa do Sr.
Arlindo Teixeira;
II. Divulgação nos jornais, pelos venerandos Juízes do STJ, de notícias e
informações falsas sobre o processo do sr. Arlindo Teixeira;
III. Atos de prevaricação de Magistrados;

IV. Manipulação e valoração Arbitraria da prova;

V. Inserção de Falsidades no Processo;

152. Então, fingindo-se ofendidos na sua honra e suposta boa reputação,


determinados Juízes do Supremo Tribunal trataram de instaurar o Processo
Crime Nº 58/TC.PRAIA/2018, por supostos 14 crimes, bem sabendo eles que
todas as denuncias e críticas eram verdadeiras e tinham fundamento no mau
procedimento do STJ.

153. Assim, a instauração desse processo crime, não visou nunca a descoberta
da verdade e responsabilização, mas sim uma forma de coagir, ameaçar e
amedrontar.

Do Ex-Presidente, Dr. Jorge Carlos Fonseca

154. No dia 10 de julho de 2017, o Advogado Amadeu Oliveira remeteu um


email, à Presidência da República, através do Senhor Chefe da Casa Civil,
Dr. Manuel Faustino, com conhecimento do Dr. Benfeito Mosso Ramos,
afirmando que o STJ – Supremo Tribunal de Justiça, andava a condenar um
inocente de forma nunca antes visto em Cabo Verde.

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Presidente da República

Reação de Sua Excelência o Senhor Presidente da República

Dr. Jorge Carlos Fonseca

155. Acontece que, uma semana depois de eu ter remetido o email ao Exmo.
Senhor Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dr. Manuel Faustino,
ocorreu a Cerimónia de Tomada de Posse do Novo Presidente do Conselho
Superior da Magistratura Judicial, Dr. Bernardino Delgado, que teve lugar
no dia 18 de Julho de 2017;

156. A referida Cerimónia foi presidida por Sua Excelência o Senhor Presidente
da República, Dr. Jorge Carlos Fonseca;

157. Na sua alocução, Sua Excelência o Senhor Presidente da República terá


alertado para a necessidade de se averiguar as denuncias que vinham sendo feitas,
dizendo o seguinte:
Para assegurar o respeito e a alta credibilidade de que gozam os magistrados
de Cabo Verde, não se pode deixar que denúncias e queixas apresentadas
pelos cidadãos contra um magistrado caiam em saco roto, o CSMJ tem de
agir rápido nestes casos e tomar pública a decisão. Só assim, um eventual
erro de um não será suscetível de atingir o coletivo. Só a diligência rápida,
mas séria, objetiva e justa, permitirá que a ofensa ao bom nome e
consideração de um magistrado seja reposta, reforçando a confiança do
cidadão na Justiça”',

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158. Não se pode deixar de reconhecer mérito, pertinência, coragem política,
noção de Estado, Diligência, Honestidade e Competência nessa chamada de
atenção formulada por Sua Excelência o Senhor Presidente da República, Dr.
Jorge Carlos Fonseca, que não se mostrou indiferente a uma realidade tão triste;

159. Ademais, sendo Sua Excelência o Senhor Presidente da República o Mais


Alto Magistrado da Nação e o garante do Normal Funcionamento das Instituições
do Estado, outra coisa não se poderia esperar dele, pelo que é de Justiça
reconhecer esse Mérito;

160. Por isso, quando Sua Excelência o Senhor Presidente da República


formulou tal advertência de forma pública, nasceu uma esperança no seio do
Grupo;

161. Entretanto, o que Sua Excelência o Senhor Presidente da República, Dr.


Jorge Carlos Fonseca não esperava era que tanto ele, como toda a Nação Cabo-
Verdiana seriam enganados pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial –
CSMJ – e pelo seu Presidente, Dr. Bernardino Delgado, de modo nunca dantes
visto em Cabo Verde, como se descreverá mais adiante.

LUDIBRIAR O POVO

ENGANAR A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

162. É que, na sequência da Advertência de Sua Excelência o Senhor Presidente


da República, poucos meses depois, o CSMJ anunciou a abertura de um Inquérito
para averiguar as denuncias que estavam sendo feitas;
163. Todavia, na verdade, o CSMJ viria a fingir abrir um processo de inquérito,
só para enganar o POVO e para ludibriar Sua Excelência o Senhor Presidente da
República, mas depois, em maio de 2018, viriam a mandar arquivar o aludido
processo de Inquérito, sem realizar uma única diligência digna desse nome,
incluindo, não chegaram sequer a colher o depoimento do Denunciante, nem dos
Magistrados Visados.

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164. Imagina-se que, como fundamento para mandar arquivar o Processo
de Inquérito, o CSMJ veio alegar que o processo estava sendo arquivado
porque o denunciante tinha sido notificado duas vezes para ir prestar
declarações e como não compareceu, então, o processo seria arquivado!!!!!!

165. Só que, essa informação que foi prestada ao País não corresponde à
Verdade, posto que o denunciante somente terá recebido duas ligações telefónicas
da Inspeção Judicial, para ajustar calendário, sendo que uma das ligações a propor
determinada data, encontrou o Denunciante em viagem na Ilha de São Vicente,
entre 25 à 30 de Abril de 2018, precisamente a tratar da soltura do Sr. Arlindo
Teixeira, o que viria a acontecer no dia 26 de abril de 2018, pelo que justificou
que não conseguiria comparecer no dia 29 de Abril como estava proposto (Mera
proposta telefónica, sem notificação);

166. Entretanto, semanas depois, o país inteiro viria a tomar conhecimento que
o processo teria sido arquivado com o falacioso argumento de que “Amadeu
Oliveira, tendo sido notificado, teria recusado comparecer para prestar
depoimento!!!!!” – Nada mais falso.

Fase Atual do Processo

167. Neste momento, o referido processo continua pendente no Tribunal da


Praia, em fase de julgamento, tendo inclusive o Sr. Procurador Geral, solicitado à
Assembleia Nacional a suspenso do mandato do Deputado Recluso só para efeitos
de realização do julgamento, como se prova pela fotografia da resolução Nº
66/X/2022 de 28 de julho de 2022:

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168. Acontece, porém, volvidos mais de 2 anos após a suspensão do mandato,
ainda o Tribunal não agendou o julgamento, nem a Procuradoria da República
promoveu a realização desse julgamento, pese embora, a CRCV, no Nº1 do Artigo
5º, consagrar o Direito e a Garantia Fundamental de qualquer Arguido “a ser
julgado no mais curto prazo compatível com as garantias de defesa”, o que é
reforçado pelo Nº4 do Artigo 22º da mesma Constituição que consagra a garantia
de que “A justiça não pode ser denegada por insuficiência de meios
económicos ou indevida dilação de decisão”.
169. Ora, se os referidos preceitos constitucionais ainda possuem algum valor
nesta República de Cabo Verde, espera-se que o julgamento seja marcado com a
máxima brevidade possível, tendo em conta que se trata de um processo que já
leva mais de 7 anos de pendência.

Conclusão e Fundamento Nº1

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170. Pelo acima exposto, fica provado que ainda o Recluso Amadeu
Oliveira continua necessitando do seu computador portátil para auxiliar
na elaboração da sua defesa, no âmbito desse Processo Nº 58/TCP/2018
que pode ser julgado a qualquer momento.

Engavetamento Do Processo Porto Novo

Cidade do Porto Novo/Santo Antão

Processo Nº20/T. Porto Novo/2020- Procurador Dr. Nilton Moniz

171. Um outro Processo em relação ao qual o Recluso continua precisando


do seu computador portátil para auxiliar na preparação da sua defesa é o Processo
Nº 20/T.Porto Novo/2020, resultante de uma queixa apresentada pelo Digníssimo
Sr. Procurador da República Dr. Nilton Moniz, desde 2017, e que até agora ainda
não foi julgado, pese embora, o Digníssimo Sr. Procurador Geral da República
Dr. Luís José Tavares Landim ter solicitado à Assembleia Nacional a suspensão
do mandato de Deputado Amadeu Oliveira para esse efeito.

172. Da parte do Sr. Procurador Geral da República Dr. José Luís Landim
foi pedido no sentido da Assembleia dever suspender o mandato com base no

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argumento de que “O Tribunal da Comarca do Porto Novo estaria
aguardando somente a Resolução da Assembleia Nacional para realizar o
Julgamento”, deixando entender que a Procuradoria Geral da República estaria
muito interessada em descobrir a verdade material e obrigar o Advogado, então
Deputado, a fazer prova da verdade das suas denúncias.
173. Nessa ocasião, junho/julho de 2022, uma maioria de 38 Deputados do
MPD e do P.A.I.C.V acabaram por votar no sentido de satisfazer o pedido do Sr.
Procurador Geral da República Dr. José Landim, o que foi satisfeito pela
aprovação da dita Resolução Nº 68/X/2022 da Assembleia Nacional, aprovada a
28 de Julho de 2022.

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Denegação Da Justiça

Desmarcação do Julgamento

174. Verifica-se que inicialmente, por despacho datado de 22 de setembro de


2022, o Tribunal da Comarca de Porto Novo tinha agendado o início do
Julgamento para o dia 26 de outubro de 2022.

175. Acontece que, o Tribunal da Comarca do Porto Novo, depois, viria a


proferir um despacho de adiamento do julgamento “para uma data a ser
designada posteriormente”.

176. Da leitura do despacho judicial de adiamento do julgamento, resulta que o


principal fundamento apresentado pela Meritíssima Juíza para adiar a apreciação
e decisão do processo foi “A Natureza, Quantidade e Abrangência Das
Questões de Facto e de Direito Suscitadas Pela Defesa”.

Desrespeito à Assembleia Nacional

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177. Resulta evidente que é grosseiramente desrespeitoso, indigno e denota ser
uma profunda manipulação institucional, sua Exa: o Senhor Procurador Geral da
República Dr. José Luís Landim, pressionar e levar toda a plenária da Assembleia
Nacional no sentido de ser aprovado a Resolução Nº 68/X/2022, através da qual
se procedeu a suspensão do mandato de Deputado Nacional com o argumento de
que “O Tribunal Judicial da Comarca do Porto Novo estaria aguardando
somente a aprovação da dita Resolução para realizar o Julgamento”, o que
foi satisfeito pela Plenária da Assembleia Nacional, porém, agora, verifica-se que
decorridos mais de 2 anos (julho de 2021 à janeiro de 2025), ainda o referido
Tribunal não dignou em cumprir o seu dever de julgar, nem a Procuradoria Geral
da República promoveu o prosseguimento da Ação Penal como é a sua função, tal
como estatuído no Artigo 225º da CRCV, o que desprestigia e desonra a
Resolução Nº 68/X/2022 da Assembleia Nacional, como viola grosseiramente os
ditames constitucionais, nomeadamente o Nº1 do Artigo 22º, o Nº4 do Artigo 22º
e o Nº1 do Artigo 35º da CRCV.

Conclusão e Fundamento Nº2

178. Pelo acima exposto, fica provado que ainda o Recluso Amadeu
Oliveira continua precisando do seu computador portátil para auxiliar
na preparação da sua defesa técnica no âmbito desse Processo
Nº20/TCPN/2020, a correr trâmites na Comarca do Porto Novo de Santo
Antão, que pode ser submetido a julgamento, à qualquer momento.

Continuação Da Defesa De Arlindo Teixeira

Recurso Nº 185/STJ/2016

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179. É do conhecimento da Administração Prisional que o recluso Amadeu
Oliveira continua precisando do seu portátil porque ele ainda não desistiu de
continuar a patrocinar a defesa do Sr. Arlindo Teixeira, pois por mais incrível que
pareça, ainda o processo do Sr. Arlindo Teixeira não chegou ao fim, apesar de já
ter passado quase 10 anos de (2015 à 2025), sendo certo que ainda falta decidir
um recurso constitucional que poderá determinar a repetição do julgamento do Sr.
Arlindo Teixeira que vai continuar a ter como Defensor Oficioso, precisamente
Amadeu Oliveira.
180. Aliás, mesmo depois de preso, o próprio Supremo Tribunal de Justiça
continuou notificando Amadeu Oliveira dentro da Cadeia na sua qualidade de
Defensor Oficioso de Arlindo Teixeira, como se prova pelos seguintes
documentos:

Sujeição Ilegal, Imoral e Inconstitucional de Arlindo Teixeira á Medidas de


Coação Pessoal

181. Ora, a situação do Sr. Arlindo Teixeira já se vem arrastando desde 31 de


julho de 2015 e mesmo volvidos 9 anos de pendência, ainda o Sistema judicial
de Cabo Verde não conseguir fazer JUSTIÇA a esse nosso emigrante, de
nacionalidade Francesa, que decidiu vir passar 45 dias de férias na sua “Terra-
Mãe”, para, em vez de gozar umas férias, ter tido o azar de cair nas garras da

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nossa maldita Não-Justiça.

182. Desde 2015, o Defensor Oficioso por nomeação do Tribunal, já interpôs


DEZENAS de Recursos Ordinários, Pedidos de Habeas Corpus,
Reclamações e Recursos de Fiscalização Concreta da Constitucionalidade,
Recursos de Amparos Constitucionais, na sua maior parte incidindo sobre a
Ilegalidade e a Inconstitucionalidade de sujeitar e manter o Arguido Arlindo
Teixeira à determinadas Medidas de Coação, designadamente:

(i) Prisão Preventiva,

(ii) Interdição de saída do País,

(iii) Apreensão do Passaporte

(iv) Obrigação de Apresentação 3 vezes por semana, perante as


autoridades Policiais, e

(v) FINALMENTE, a partir de 16 de Junho de 2021, Prisão


Domiciliária. – “Obrigatoriedade de Permanência na
Habitação”

183. Ora, o Defensor Oficioso Amadeu Oliveira nunca aceitou a sujeição de


Arlindo Teixeira à Prisão Preventiva, nem a qualquer outra medida cautelar
de coação pessoal, posto ser evidente que existem fortes razões para crer que
o Sr. Arlindo Teixeira terá, o quanto muito, limitado a agir em Legítima
Defesa, ou ao abrigo das demais causas de Exclusão de Ilicitude e de Culpa,
o que, nos termos do disposto no Nº 3 do Artigo 261º do CPP, impede e proíbe
a qualquer Tribunal sujeitar o arguido a qualquer medida de coação
preventiva;

Da Anterior Atuação do Tribunal Constitucional

Acórdão Constitucional Nº 8/2018 de 26 de Abril de 2018

184. Tendo em conta que, anteriormente, o Supremo Tribunal de Justiça tinha


mantido Arlindo Teixeira sujeito a uma Ilegal, Inconstitucional e Imoral
Prisão Preventiva, o Defensor foi forçado a interpor,

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 Junto do Tribunal Constitucional,
 O Recurso de Amparo Constitucional Nº 03/2017
 Interposto no ano de 2017,
 Tendo o Tribunal Constitucional acabado por proferir o Acórdão
Constitucional Nº 8/2018 de 26 de abril de 2018,
 Através do qual Acórdão Constitucional viria a Declarar a Prisão
Preventiva como sendo manifestamente Inconstitucional,
 Obrigando o Supremo Tribunal de Justiça a soltar o Sr. Arlindo
Teixeira da Prisão Preventiva a que vinha, desde 31 de julho de 2025,
 Por considerar que havia fortes indícios de que Arlindo Teixeira teria
agido ao Abrigo da Legítima Defesa ou ao abrigo do seu Direito
Fundamental de Auto- Defesa, pelo que, não havia como se esquivar
da aplicação do Nº 3 do Artigo 261º do CPP, que proíbe a sujeito do
arguido a qualquer medida de coação;

Soltura de Arlindo Teixeira

185. Perante a decisão do Tribunal Constitucional, os Venerandos Juízes do STJ


foram reforçados a restituir imediatamente o Sr. Arlindo Teixeira à liberdade,
como se comprova pela fotografia do mandato de soltura:

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186. Com efeito, foi vertido no Acórdão Constitucional 08/2018 de Abril de
2018, que serviu de base à libertação do Sr. Arlindo Teixeira, que:

“ ..., ... resultaria óbvio para qualquer observador que o Senhor Arlindo
Teixeira agiu num quadro de Legítima Defesa, que, à luz da lei criminal, para
a qual se remete, é uma das causas de exclusão da ilicitude ou de desculpa,
conforme explicitado pelos artigos 35º, 36º e 41º do respetivo instrumento
codificador, o Código Penal,”

187. Todavia, nessa ocasião, 26 de Abril de 2018, em vez do Supremo Tribunal


de Justiça respeitar o disposto no Nº 3 do Artigo 261º do CPP, e limitar-se a

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soltar Arlindo Teixeira, sem a sua sujeição a qualquer medida de coação,
infelizmente, o Supremo Tribunal de Justiça, atuando, de forma Ilegal,
Inconstitucional e Imoral, colocou Arlindo Teixeira em liberdade provisória,
porém, mediante várias medidas de coação pessoal, mesmo sabendo que era
uma sujeição ilegal, imoral e inconstitucional, por desprezar o Nº3 do Artigo
261º do CPP, que sempre proibiu a aplicação de qualquer medida de coação
pessoal, por haver fortes razões para se crer que o arguido terá agido em
legitima defesa ou outra causa de exclusão de ilicitude ou de culpa;- Violação
do Nº3 do Artigo 261º do CPP- Condições Gerais de aplicação das Medidas
de Coação- que reza o seguinte:

Artigo 261º do CPP

3. “Nenhuma medida cautelar processual será aplicada quando houver


fundadas razões para crer que o facto punível foi cometido ao abrigo de uma
causa de exclusão de ilicitude, ou que existe causa de desculpa, de isenção
ou dispensa da pena ou de extinção da responsabilidade criminal, nos
termos da lei penal”

188. Entretanto, pese embora o Tribunal Constitucional ter mandado soltar o Sr.
Arlindo Teixeira, por haver razões para crer que o mesmo poderá ter agido ao
abrigo do seu direito à legitima defesa, mesmo assim, violando o disposto no
Nº3 do Artigo 261º do CPP, os Venerandos Juízes do STJ tiveram a coragem
de sujeitar o Sr. Arlindo Teixeira à:
(i) Prisão Preventiva;

(ii) Interdição de Saída do País;

(iii)Apreensão do Passaporte;

(iv) Obrigação de Apresentação 3 vezes por semana, perante


Autoridades Policiais, e

(v) FINALMENTE, a partir de 16 de julho de 2021, Prisão


Domiciliária- “Obrigatoriedade de Permanência na Habitação”

Melhor Seria Prisão Preventiva

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Situação de Saúde, Económica e Familiar Precária

189. Não tendo Arlindo Teixeira apoios financeiros e materiais que o permitiria
viver fechado dentro de casa, esta nova Decisão de “PRISÃO
DOMICILIÁRIA” é uma tremenda violência contra um Homem que já se
encontrava colocado numa situação:
i. Sem tratamento médico e sem assistência medicamentosa adequados,
por não beneficiar da Proteção Social em cabo Verde,
ii. Sem suporte familiar e longe dos seus filhos,
iii. Sem recursos para se auto-sustentar e sobrevivendo da caridade de
pessoas conhecidas e do seu Defensor Amadeu Oliveira que, por
vezes, lá vão facultando algumas ajudas financeiras ao arguido,
iv. Sem estabilidade psicológica e metal, ao ponto de estar a ter
recorrentes pensamentos de suicídio, precisamente por estar a
vivenciar um momento de profunda Injustiça e reiterada Denegação
de Justiça,
190. Pelo que, pese embora o absurdo da situação, o Defensor Amadeu Oliveira
não hesita em afirmar que melhor seria manter o Sr. Arlindo Teixeira no
regime de prisão preventiva, mesmo que absurdamente ilegal, posto que, na
cadeia, pelo menos ele teria
i. Três refeições por dia;
ii. Banhos diários e higiene garantidos;
iii. Algum acompanhamento médico;
iv. Algum suporte institucional que não vai ter se continuar
sujeito ao regime de “PRISÃO DOMICILIÁRIA”

191. Na verdade, por ironia do destino, no caso concreto, em termos de uma


decisão mais HUMANA, melhor seria decretar novamente a Prisão
Preventiva do que deixar o Sr. Arlindo Teixeira a degradar-se como homem e
como pessoa, absolutamente desvalido e sem recursos, a viver da caridade de
amigos e do seu Defensor Oficioso;

Exercício do “Direito Fundamental de Resistência Constitucional”

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192. Tendo em conta que a medida de coação de “Obrigatoriedade de
Permanência na Habitação” violava, grosseiramente:

i. O Disposto no Nº 3 do Artigo 261º do CPP;

ii. O Direito Fundamental à Liberdade de Movimentos (Nº 1 do


Artigo 29º e Nº 1 e 2 do Artigo 30º da CRCV) e

iii. O Direito Fundamental à Liberdade de Deslocação e à


Emigração (Nº1 do Artigo 51º da CRCV),

 Então, ao abrigo do disposto no Artigo 19º da Constituição da República, o


Defensor Oficioso Amadeu Oliveira e o seu Defendido Arlindo Teixeira
decidiram resistir e não acatar essa Inconstitucional decisão, tendo a sua
Resistência estribada nos ditames Constitucionais que rezam o seguinte:

Artigo 19º
Direito de resistência
“É reconhecido a todos os cidadãos o direito de não obedecer a qualquer
ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela
força qualquer agressão ilícita, quando não seja possível recorrer à
autoridade pública”.

Da Reclamação Crime Nº 04/STJ/2016

193. O Defensor Oficioso Amadeu Oliveira vinha protestando e criticando o


STJ por não decidir uma outra Reclamação Nº 04/STJ/2016 que fora interposto
desde janeiro de 2016 que incidia sobre a ilegalidade do Despacho do Meritíssimo
Juiz de Ribeira Grande de Santo Antão que havia recebido a Acusação deduzida
contra o Sr. Arlindo Teixeira.
194. Assim, indiferente aos protestos do Defensor Oficioso, o STJ demorou 6
longos anos para proferir, a 27 de maio de 2022, um Despacho que ocupou
somente Uma Única Página, Despacho esse proferido quando o Defensor
Oficioso já estava sujeito á prisão preventiva desde julho de 2021.

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195. Notem Bem: Essa Reclamação Nº 04/STJ/2016 visava contestar a receção
da Acusação deduzida contra o Sr. Arlindo Teixeira e, por consequência visava
contestar a realização do julgamento, em 2016, pelo Tribunal de Ribeira Grande
de Santo Antão e foi interposto em janeiro de 2016.
196. Entretanto, como o STJ não decidiu tal Reclamação em tempo devido, o
pobre coitado do Sr. Arlindo Teixeira acabou por:

I. Ser julgado uma primeira vez em março de 2016, no Tribunal de Ribeira


Grande de Santo Antão, tendo esse julgamento sido anulado;
II. Ser julgado uma segunda vez em junho/julho de 2016, com condenação a
11 anos de prisão, no mesmo Tribunal de Ribeira Grande de Santo Antão;
III. O STJ viria a julgar o recurso interposto e reduzido a pena para 9 anos, em
2017, pelo Acórdão Nº46/STJ/2017;
IV. O Tribunal Constitucional viria a anular a condenação do STJ, em 2019,
determinando a realização de um novo julgamento do recurso, pelo
Acórdão Constitucional Nº29/TC/2019;
V. O STJ voltaria a julgar o recurso em março de 2021, o que foi impugnado
junto do Tribunal Constitucional;
VI. Em junho de 2021, o Defensor Oficioso continuou a protestar contra o STJ
devido a forma ilegal e inconstitucional como estava, havia 6 anos, a
tramitar o Processo de Reclamação;
VII. A 18 de julho de 2021, o Defensor foi detido e sujeito á prisão preventiva
sem o STJ ter despachado a Reclamação de 2016;
VIII. A 16 de novembro de 2021, o Defensor foi acusado pelo Crime de
“Atentado Contra o Estado de Direito” e de “Ofensa Contra Pessoa
Coletiva-STJ”
IX. NOTEM MUITO BEM: Tudo isso e muito mais, sem que o STJ dignasse
a decidir a Reclamação Nº 04/STJ/2026 de janeiro de 2016.
X. Somente a 27 de maio de 2022 é que o STJ viria a despachar a Reclamação
Nº 04/STJ/2016, quando o Signatário já se encontrava na prisão, tendo o
Recluso sido notificado dentro da Cadeia para continuar a praticar os actos
processuais necessários e inerentes à Defesa Oficiosa do Sr. Arlindo
Teixeira;

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Não Decisão
Inutilidade Superveniente Da Lide

197. Infelizmente, a Reclamação Nº 04/STJ/2016 só viria a ser decidido por


uma “Não-Decisão” datado de 27 de Maio de 2022, assinado pelo Venerando Juiz
Presidente em substituição, Dr. Anildo Martins, que estava em substituição do
Venerando Juiz Presidente- Interino, Dr. Benfeito Mosso Ramos que foi o mesmo
Juiz que havia apresentado a queixa crime contra o Defensor Oficioso Amadeu
Oliveira, na sequência da qual queixa, este Defensor acabaria por ser condenado
á 7 anos de prisão efetiva, tendo já cumprido mais de 3 anos encarcerado.
198. Entretanto, para que cada um possa tirar as suas próprias ilações, cumpre
reproduzir neste requerimento a fotografia do aludido Despacho.

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Não-Decisão Da Reclamação Nº 04/STJ/2016

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Notificação Do Defensor Dentro Da Cadeia

199. Acontece que, no dia 13 de junho de 2022 o STJ mandou notificar o


Signatário Amadeu Oliveira na sua qualidade de Defensor Oficioso de Arlindo
Teixeira quando já se encontrava sujeito à prisão preventiva, dentro da Cadeia de
São Vicente e já sem possibilidade alguma de contestar e de continuar a lutar em
defesa dos Direitos, Liberdades e Garantias do Sr. Arlindo Teixeira,
200. Ou seja, o Defensor Oficioso já se encontrava neutralizado!!!
201. De todas as formas, é bom ver que, apesar do STJ ter mantido Amadeu
Oliveira sujeito á prisão preventiva com base nos fundamentos de que:

I. Amadeu Oliveira tinha auxiliado o Sr. Arlindo Teixeira a viajar para


França, usando e abusando da qualidade de Deputado, todavia, agindo
de forma contraditória e paradoxal, em Maio de 2022, esse mesmo STJ
manda notificar o mesmo dentro da Cadeia, na qualidade de Defensor
Oficioso do Sr. Arlindo Teixeira, como se demonstra pelas duas
fotografias que se seguem.

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Notificação do Arguido Dentro Da Cadeia

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202. Para demonstrar que o Sr. Arlindo Teixeira foi condenado em custas pelo
próprio STJ segue fotografia da conta Nº 79/STJ/2022 e que o Recluso Amadeu
Oliveira foi notificado dentro da Cadeia, na sua qualidade de Defensor Oficioso,
segue mais uma prova documental:

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203. Ora, se o Supremo Tribunal continua a notificar o recluso Amadeu Oliveira
dentro da Cadeia como Defensor Oficioso de Arlindo Teixeira, é evidente que ele
continua precisando do seu computador portátil para reagir e responder ao
Supremo Tribunal, no âmbito do Processo do Sr. Arlindo Teixeira.

Conclusão e Fundamento Nº3

204. Pelo acima exposto, fica provado que ainda o Recluso Amadeu Oliveira
continua precisando do seu computador portátil para auxiliar na preparação da
defesa técnica do Recurso do Sr. Arlindo Teixeira que ainda continua pendente
a espera de uma decisão final;

205. É que caso não houver uma reapreciação dessa decisão, então será forçoso
reconhecer razão ao Dr. Germano Almeida, Ex-Magistrado do Ministério Público
e Ex-Deputado Nacional que ajudou a elaborar a nossa Constituição da República
de 1992, tendo este feito publicar no seu Livro intitulado por “Amadeu Oliveira:
- O Inferno da Não-Justiça”, a seguinte crónica:

I. Crónica: “UM ESTADO DE ARBITRARIEDADES”, página 93 à 95 da 1ª


Edição:

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“O Estado de Direito Democrático em nome do qual o Amadeu Oliveira vai ser condenado
a sete anos de prisão, mais coisa menos coisa, é na realidade um “Estado de
arbitrariedades” e seria mais correto e esclarecedor se assim fosse tratado. Não digo um
“Estado totalitário”, porque esses têm regras, leis próprias que lhes permitem agir
legalmente na forma como atropelam os direitos e liberdades e garantias das pessoas,
mas sempre podem dizer, É a lei! Modernamente diz-se, É o sistema! Por exemplo, o
Código Penal Português de antes do 25 de Abril previa a aplicação de medidas de
segurança a cidadãos que o Poder Político achasse conveniente afastar por algum tempo
da sociedade. Nada tinham de justas, essas decisões, porém eram completamente legais.
Mas não é o que passa connosco, neste lugar que só pode ser classificado de “um Estado
arbitrário”.
É que nós temos leis próprias, bonitas, progressivas, copiadas do que de mais moderno e
perfeito existe no mundo, leis que perfeitamente e sem desdouro podem rivalizar com as
dos países que inventaram essas formas superiores de Estado e de governo. Por exemplo,
quando falamos em Democracia e Estado de Direito Democrático, nenhum país nos
supera porque somos atentos, aprendemos depressa o que já foi dito, e com uma
cosmética aqui ou acolá, nacionalizamos o conceito apresentando-o como invenção cabo-
verdiana. Vejamos, por exemplo, o lapidar preceito do nº1 do art 28º da Constituição: “É
inviolável o direito à liberdade”.
Nada na verdade pode ser mais belo, seja o que for que esteja por detrás dessas palavras.
Ma na realidade são só palavras bonitas, as normas que elas deviam conter e traduzir,
normas no sentido imperativo de dever-ser, só as respeitamos quando não contrariam os
nossos próprios desejos que sentimos como sendo superiores a qualquer lei ou princípio
ou regra. É esse Estado que merece o nome de Estado Arbitrário.
O processo do Amadeu Oliveira é um excelente exemplo do que estou dizendo. Vejamos:
arbitrariamente (porque sem ter havido prévio despacho de pronúncia da parte de um juiz),
o procurador-geral pede eu a Assembleia Nacional relegue o deputado ao poder judicial;
arbitrariamente ( primeiro era preciso haver um despacho de pronúncia e depois disso uma
reunião do plenário do Parlamento a autorizar essa detenção), a Comissão Permanente
permite a detenção do deputado; arbitrariamente ( e cometendo um crime de prevaricação
que só não será punido por causa da cumplicidade entre os poderes públicos) um juiz do
Tribunal de Relação de Barlavento ouve-o como arguido, ferra-o na cadeia e entrega o
processo ao Ministério Público para instrução; arbitrariamente o plenário da Assembleia

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Nacional reúne-se para votar a suspensão do deputado, depois de ele estar preso há mais
de um ano; arbitrariamente o acusador declara-o incurso num crime de “atentado contra
o Estado de Direito Democrático”, embora ninguém saiba muito bem o que é isso nem
porquê a estapafúrdia acusação; arbitrariamente (porque desrespeitando todos os prazos
legais) o tribunal constitucional (que na verdade devia ser o exemplo para os gravíssimos
atrasos dos demais tribunais comuns) tem retido sem justificação a apreciação da
constitucionalidade da decisão do Parlamento que permitiu a prisão do deputado.
E finalmente, mas também arbitrariamente, o diretor-geral dos serviços prisionais e
reinserção social ordenou que retirassem ao preso Amadeu Oliveira o computador
pessoal que vinha utilizando “e que o mesmo seja guardado no gabinete de segurança”
porque o preso já não precisa dele…
É de facto uma medida abusiva, próprias daqueles que tendo um micropoder não hesitam
em utiliza-lo para que todos saibam que ele também manda. Tenho observado isso de
manhã cedo à porta do Hospital Baptista de Sousa, o poder exercido sobre as pessoas que
vão para análises pelo porteiro distribuidor de senhas. Deve-se acha-se um diretor geral,
mas continua um porteiro! Num diretor geral brada aos céus tanta arrogância, tanto
mais que viola expressamente a alínea e) do nº3 do art. 205º do código de execução de
penas que diz o seguinte: Posse de objetos no alojamento- nº3: No espaço de alojamento
são unicamente permitidos: e) aparelho de rádio, leitor de música ou outro equipamento
multimédia que não possibilite a comunicação eletrónica, até ao máximo de três
equipamentos, incluindo um computador portátil.
A posse e o uso de um computador portátil por um preso não é, pois, uma concessão, é
antes um direito prescrito na lei. Assim, por mais juristas que haja em cena, não é possível
haver outra interpretação desse ato perverso da parte do diretor-geral que não seja
simples abuso de poder. Abusos de poder esses praticados com a cumplicidade ativa ou
passiva daqueles que têm particular dever de nos defender contra arbitrariedades. E
assim alegremente estamos destruindo e enterrando o nosso Estado de Direito
Democrático”.

Posicionamento Oficial Antes De Amadeu Oliveira

206. Pelo acima exposto já ficou demonstrado que o falso argumento de que “o
recluso Amadeu Oliveira já não precisa do ser portátil para preparar a sua
defesa” não só é falso, como não possui qualquer fundamento legal.

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207. Todavia, a situação de grosseira ilegalidade se revela ser mais grave ainda
tendo em conta que um dos anteriores Diretores Gerais dos Serviços Prisionais e
Reinserção Social (Dr. Jacob Vicente) quando tomou conhecimento do caso, ele
teve a dignidade de admitir que antes de Amadeu Oliveira outros reclusos já
haviam sendo autorizados a usarem os seus computadores portátil,
independentemente de ser para fins processuais ou não e que a aprovação da alínea
e) do Nº3 do Artigo 205º do Código de Execução de Penas e Sanções
Condenatórias que foi aprovado pelo Decreto-Lei Nº 06/2018 foi precisamente
para consagrar na Lei o direito do recluso ter acesso a um computador portátil,
desde que não tenha ligação à internet ou outro meio de comunicação à
distância.
208. Ou seja, até parece que em Cabo Verde existem Leis e uma Constituição
que são aplicados e respeitados somente em relação aos outros reclusos, porém,
quando se trata do recluso Amadeu Oliveira, tudo é feito ao contrário ao ponto de
(i) nem a Procuradoria Geral e (ii) nem a Direção Geral dos Serviços Prisionais
querem aplicar e observar os Direitos, Liberdades e Garantias Fundamentais do
Cidadão Amadeu Oliveira, enquanto Recluso.
209. Ou seja, anteriormente, a Administração Prisional facultava computadores
portátil aos reclusos que o solicitassem, por estar previsto na alínea e9 do Nº3 do
Artigo 205º do CESPC.

Metamorfose Nº1

210. Entretanto, recentemente, mais precisamente no serviço noticioso de 08 de


janeiro de 2025, da televisão nacional emitido pelas 20h00, sua Excelência o Sr.
Procurador Geral da República, Dr. Luís José Landim, veio argumentar que “o
recluso Amadeu Oliveira não pode ter acesso ao portátil, porque seria um
tratamento privilegiado em relação aos demais reclusos que não dispõem de
portátil”, querendo com isso sugerir algum suposto “tratamento favorável”, o que
não merece qualquer provimento:

VEJAMOS:

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Procurador Geral da República

211. Ora, o Recluso Amadeu Oliveira não pode ser prejudicado só porque os
demais Reclusos não pediram, ou não possuem um portátil, tal como nenhum
Cidadão pode ficar sem a sua viatura pessoal, só porque existem, em Cabo Verde,
muitos Cidadãos que não possuem uma viatura própria.
212. Aliás, a seguir o raciocínio do Sr. Procurador Geral, tendo em conta que
existem vários reclusos que nunca tiveram um aparelho de rádio, então mais
nenhum outro Recluso deveria ter acesso a um aparelho de rádio, só porque os
outros nunca solicitaram???
213. Ora, esse tipo de argumento, apresentado 2 anos depois do esbulho do
computador, faz com que os Cidadãos percam toda a confiança nas Instituições
da República.
214. Seguindo essa lógica do Sr. Procurador Geral, então, o Estado e Cabo
Verde, independentemente do Direito de Propriedade Privada ser um Direito e
uma Garantia Constitucional, e o uso de um aparelho de rádio ser um Direito
Subjetivo de cada Recluso, então, o Sr. Procurador Geral deve promover o
esbulho de todos os aparelhos de rádio nas Cadeias, só porque alguns Reclusos
não dispõem de um igual.
215. Claro que, tal procedimento seria um absurdo jurídico, digno de um Estado
Totalitário e Fascista, e nunca de um Estado de Direito Democrático.

Previsível Metamorfose Nº2

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216. Na verdade, o CESPC não deixou qualquer margem para dúvidas
interpretativas, quando, na alínea e) do Nº3 do Artigo 205º consagrou o seguinte
Direito dos Reclusos:

Artigo 205º CESPC


3. “No espaço de alojamento do recluso (cela prisional) são unicamente
permitidos: aparelho de rádio, leitor de música ou outro equipamento
multimédia que não possibilite a comunicação eletrónica, até ao máximo de
três equipamentos, incluindo um computador portátil”

217. Ora, aluno do 8º Ano de escolaridade não terá dúvida alguma depois de ler
tal dispositivo legal.
218. Entretanto, desde outubro de 2022 que o Ministério da Justiça vem
recebendo reclamações, pedidos e contactos de: (i) do recluso interessado; (ii)
Deputados Nacionais; (iii) Ex-Diretor Geral dos Serviços Prisionais; (iv)
Provedoria da Justiça, todos invocando a referida alínea e) do Nº3 do Artigo 205º
do CESPC, porém, em vão, até que já passaram mais de 2 anos.

Diretor Geral dos Serviços Prisionais

219. Infelizmente, como sabemos, em Cabo Verde, os Membros do Governo


nunca demonstram a humildade bastante para reconhecer os equívocos ou falhas
de procedimento, preferindo “entrar numa denegação de fuga em frente”,
saltitando de falácia em falácia, de fundamento vago à desculpas disparatadas,

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somente para não reconhecer razão e direito à um cidadão, ainda por cima quando
se trata de um Recuso.
220. Daí que, seja absolutamente previsível que o Ministério da Justiça, através
da DSPRS possa vir alegar, falaciosamente, uma das seguintes falácias:

I. Pese embora a clareza da Lei, existem outras interpretações que


impedem o acesso ao portátil pelos Reclusos;
II. Que são poucos os Reclusos que querem usar o computador, pelo
que, enquanto os outros não solicitarem esse direito também, o
Recluso Amadeu não pode ter acesso;
III. Que a lei parece clara, mas precisa de ser clarificada ainda mais,
através de regulamentos e despachos interpretativos que,
entretanto, nunca mais serão aprovados, até ao Recluso cumprir a
sua pena na totalidade;

221. Como é evidente, perante uma postura administrativa desse calibre, nunca
um pobre cidadão vai conseguir o acesso aos seus direitos legalmente
consagrados, em face ao “Poderio Arbitrário e Ilegal” do Ministério da Justiça-
Entretanto, depois, os titulares dos Órgãos do Estado aparecem surpreendidos
quando as sondagens da “Afrosondagem” vem demonstrar que os Cidadãos já
não acreditam, nem confiam nas Instituições do Estado!!!

Proibição de Interpretações Restritivas De Direitos

222. É que, num verdadeiro Estado de Direito Democrático, os Direitos,


Liberdades e Garantias dos Cidadãos, (mesmo encontrando-se em situação de
reclusão), não podem ser restringidos pela via da interpretação, como resulta do
disposto nos Nºs 2, 4 e 5 do Artigo 17º da CRCV que reza o seguinte:

Artigo 17º CRCV


(Âmbito e sentido dos direitos, liberdades e garantias)
1) …,…

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2) A extensão e o conteúdo essencial das normas constitucionais relativas aos
direitos, liberdades e garantias não podem ser restringidos pela via da
interpretação.
3) …,…
4) Só nos casos expressamente previstos na Constituição poderá a lei restringir
os direitos, liberdades e garantias.
5) As leis restritivas dos direitos, liberdades e garantias serão obrigatoriamente
de carácter geral e abstracto, não terão efeitos retroactivos, não poderão
diminuir a extensão e o conteúdo essencial das normas constitucionais e
deverão limitar-se ao necessário para a salvaguarda de outros direitos
constitucionalmente protegidos.

223. Daí que, qualquer interpretação que o Ministério da Justiça desejar dar ao
conteúdo da alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do CESPC no pode restringir o direito
do recluso a ter acesso ao seu computador portátil, sob pena de violar o Artigo 17º
da CRCV.

Força Jurídica Dos Direitos


224. De igual modo, é absolutamente previsível que, a falta de um outro
argumento mais convincente, o Ministério da Justiça, superiormente comandada
pela Sra. Ministra Dra. Joana Rosa, através da DGSP possa vir alegar que mandou
retirar o computador ao recluso em virtude de se verificar “Uma Falta de
Regulamentação”, quando é sabido que as normas legais que consagram
Direitos, Liberdades e Garantias aos Cidadãos possuem aplicabilidade direta (sem
necessidade de regulamentação suplementar) e obrigam todas as Entidades
Públicas e Privadas.
225. Ora, essa questão do esbulho do computador portátil do recluso teve
repercussão em vários Órgãos de Comunicação Social Nacional e Internacional,
tendo suscitado, inclusive uma reação de todo em todo infeliz do Sr. Procurador
Geral da República, Dr. Luís José Landim, em que este tentou fazer uma
interpretação restritiva desse direito, como se pode comprovar pela
visualização do serviço noticioso da Televisão Nacional, designado por “Jornal
da Noite”, do dia 08 de janeiro de 2025, que ainda pode ser visualizado pelo link:
https://youtu.be/86y780W

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226. Felizmente que, logo de seguida, o Digníssimo Sr. Procurador Geral foi
justamente repreendido pelo Dr. Germano Almeida, Ex-Procurador da República
e Ex-Deputado Nacional que ajudou a elaborar a Constituição da República de
1992, através de um artigo de jornal, designado por: “Dos direitos dos Reclusos”,
publicado no Jornal “A Nação” de 29 de janeiro de 2025, que ainda pode ser
visualizado pelo link: https://www.anacao.cv/noticia/2025/01/29/dos-direitos-
dos-reclusos/, que apraz reproduzir na integra:

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Dos direitos dos reclusos

Por: Germano Almeida


Há poucos dias, numa entrevista ou declaração a propósito, o senhor procurador-geral da
República desmentiu a afirmação de o deputado preso Amadeu Oliveira se encontrar
doente e necessitado de assistência médica, porque, garantiu, todos os presos têm
assistência médica garantida. E na mesma oportunidade disse também, a concluir, que
“Há pessoas que fazem eco destas reclamações e têm a obrigação de conhecer bem a lei.
Reparem, eu lembro-me que houve uma altura em que as pessoas disseram que lhe foi
retirado o computador, o portátil, que ele tinha direito”, exemplificou, advertindo que
nenhum recluso pode ter direito a um computador, que possa permitir a ligação Wi-Fi.”

Sobre a eventualmente duvidosa doença do deputado preso, realmente nada sei dizer,
afora o que ele escreveu e tomei conhecimento. Não sou médico para opinar a respeito.
Mas já sobre a outra parte, a do computador, estou à vontade para tomar posição,

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sobretudo porque o senhor procurador-geral, necessariamente propositalmente, estou
convencido, distorce a lei, para a seguir lançar desdouro sobre “pessoas que fazem eco
dessas reclamações e têm obrigação de conhecer bem a lei”.

Ora eu sou uma dessas pessoas que tem obrigação de conhecer a lei, ainda que possa não
ser absolutamente muito bem, e também já questionei por mais de uma vez, ainda que
sempre inutilmente, diga-se desde, já, a razão por que o poder mandou abusivamente
retirar o computador portátil ao deputado preso.
Mas, diga-se desde, já que o senhor procurador-geral não tem agido, no caso do deputado
preso, com a lisura que a sua função de fiscal da legalidade lhe impõe e o estado de direito
democrático lhe exige. Por exemplo, e sem ir mais longe, foi ele quem apareceu a pedir
ao Parlamento a suspensão do mandato de deputado de Amadeu Oliveira. Isso, um ano e
meio depois de este se encontrar preso na cadeia da Ribeirinha!

Ora todos nós que temos obrigação de conhecer a lei, sabemos que esse era um ato judicial
que estritamente competia ao juiz da causa exercer, em absoluta exclusividade, enquanto
órgão jurisdicional. Nunca ao ministério público, órgão de fiscalização do rigoroso
cumprimento das leis da República. E, no entanto, o procurador-geral da República
aceitou cumprir esse mais que ilegal encargo, aparentemente para salvar a honra da
Assembleia Nacional gravemente comprometida como tinha ficado no péssimo
tratamento do caso desse deputado.

E também agora desta vez, o senhor procurador-geral volta a não se sair lá muito bem.
Quem ouve ou lê esse pedaço de prosa por ele ditada, pode pensar que tenha alguma sanha
particular contra o deputado preso, quando, em princípio, a sua função é, ou pelo menos
devia ser, de total isenção, para que os cidadãos em geral se sintam, se não protegidos,
pelo menos resguardados de eventuais desacatos de alguns magistrados judiciais, como
foi, aliás, a decisão do desembargador Simão Santos de meter a ferros um deputado, sem
o mínimo respeito pelas leis atinentes, cometendo desse modo um crime de prevaricação,
cuja impunidade parece estar assegurada e garantida, porque sobejamente conhecido e
ignorado pelo ministério público.

Porém, não é disto que queria falar, mas antes da acusação contra aqueles que defendem
o direito de o deputado preso deter na cadeia um computador. Diz o procurador-geral que
“nenhum recluso pode ter direito a um computador, que possa permitir a ligação Wi-Fi”.

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Corretíssimo! Embora seja certo que o deputado AO por muitos meses teve direito a um
computador na cadeia. E também julgo saber que ele não tinha ligação a Wi-Fi. Mas se
por acaso teve, essa responsabilidade deve ser assacada aos serviços prisionais, teria sido
uma falha gravíssima.

Portanto, a questão que se põe é o preso ter direito ou não a um computador. Ora diz a
alínea e) do nr 3 do artº 205º do código de execução de penas: “No espaço de alojamento
(dos presos) são unicamente permitidos: aparelho de rádio, leitor de música ou outro
equipamento multimédia que não possibilite a comunicação eletrónica, até ao máximo de
três equipamentos, incluindo um computador portátil.”
“Que não possibilite a comunicação eletrónica”! Esta é a chave da questão: que o preso
não possa ter contato independente com o exterior. Faz sentido. E assim, conforme as
palavras do deputado Amadeu Oliveira, o computador que ele possuiu e esteve usando na
cadeia até lhe ser retirado, foi por ele próprio pago, porém escolhido e comprado pelos
serviços prisionais que o configuraram de modo a impedir a comunicação eletrónica,
antes de o entregar ao preso. Que por sua vez o entregava todos os dias às 5 horas da tarde
aos serviços prisionais, retomando-o em cada manhã.

Quando o senhor procurador-geral refere que nenhum recluso pode ter direito a um
computador que possa permitir a ligação Wi-Fi e acusa alguns (o meu caso) de ter
obrigação de conhecer a lei referente, não posso deixar de pensar que mais que a ninguém
ele deveria se aplicar essa asserção. É que o ministério público que ele dirige pediu e
obteve a condenação de Amadeu Oliveira a sete anos de prisão, acusado de um crime
contra o estado de direito democrático. O seu crime? Ser deputado da Nação e ter
promovido ou ajudado na evasão de um preso.

Suponhamos por momentos que tenha sido assim e que, não obstante o absurdo, o
ministério público esteve de boa fé em todo esse processo. Ora vivendo nós num estado
dito de direito e ainda por cima dito democrático, e que a vigilância e guarda e garantia
desse estado democrático de direito compete particularmente ao procurador-geral
enquanto fiscal da legalidade, não se compreende que ele interprete “computador” igual
a “computador com wi-fi”. Poder-se-ia dizer que a lei fala em computador e não em
máquina de escrever, pela simples razão de estas terem ficado absoletas. Porque esse
computador tem pouco mais que essa função.

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Creio, por isso, não haver dúvidas de que os poderes constituídos se juntaram para
perseguir o deputado Amadeu Oliveira até nessa questão simples de simplesmente
respeitar uma lei que diz que ele tem direito a ter um computador sem comunicação
eletrónica, isto é, sem wi-fi. Há uns anos atrás um juiz recusou taxativamente cumprir
uma norma legal porque, disse-me abertamente, não concordava com ela. Porém, isso
aconteceu naqueles tempos em que ainda não vivíamos em estado de direito, nem
tínhamos democracia.
---------------------------------------------Fim de Citação------------------------------------------

Dos Pedidos:

227. Pelo acima exposto e com base nos Artigos 2º 8º 11º e 16º do Regime
Jurídico do Exercício das Petições, em conjugação com os Artigos 5º e 6º do
Regime Jurídico dos Inquéritos Parlamentares, o Signatário vem peticionar o
seguinte:
I. Promover junto dos Deputados Nacionais a formalização de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito, cujo objeto principal será averiguar quando, como
e onde o Sr. Ministro do Turismo, Dr. Carlos Jorge Santos terá ou não
praticado atos, por ação ou por omissão, cuja natureza ilícita, imoral ou
criminosa possa configurar atos de lavagem de capitais ou branqueamento
de dinheiro, e qual foi a origem de tais capitais;
II. Como fundamento para a formalização da sugerida Comissão Parlamentar
de Inquérito invoca-se, (i) por um lado, a necessidade e o interesse público
relevante, da Assembleia Nacional aquilatar da legalidade e imoralidade da
conduta de um Ministro do Governo da República de Cabo Verde e (ii) por
outro lado, permite que o Ministro visado faça a demonstração e prova da
integridade, seriedade e moralidade da sua conduta pessoal e profissional, o
que uma Comissão de Inquérito pode realizar num prazo de 90 dias, como
é de Lei, evitando que os juízes de valor feitos na praça pública possa
continuar a erodir e desgastar o seu direito ao bom nome e boa reputação de
que sempre gozou;
III. Roga-se à Sua Excelência o Sr. Primeiro Ministro que, exercendo as suas
faculdades legais de superior hierárquico ou de coordenação do Governo,

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para instar a Sra. Ministra da Justiça a estabelecer e determinar um prazo
máximo de 5 dias para a DGSPRS, decidir e pronunciar sobre as várias
reclamações e pedidos do Recluso Amadeu Oliveira, de modo a ser-lhe
facultado o acesso ao seu computador portátil, tal como estatuído na
alínea e) do Nº3 do Artigo 205º do CESPC;
IV. Roga-se a Sua Excelência o Sr. Primeiro Ministro que, dada a gravidade dos
factos acima narrados que abstenha de voltar a indicar o Dr. Luís José
Tavares Landim para desempenhar a alta função de Procurador Geral
da República;
V. Promover junto dos Deputados Nacionais a formalização de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito para averiguar atos e omissões ilegais e
inconstitucionais protagonizados por Agentes do Ministério Público no
período compreendido entre 2019 à fevereiro de 2025;

Em Anexo: O Livro intitulado por “Amadeu Oliveira: - O Inferno da Não-Justiça”, da


Autoria do Dr. Germano Almeida, 1ª Edição da “Rosa de Porcelana”;

NOTA IMPORTANTE:

Todo o texto deste Requerimento foi integralmente redigido a mão pelo Requerente,
em virtude do Ministério da Justiça ter esbulhado o computador portátil que o Recluso
vinha usando dentro da Cadeia, pelo que o mesmo foi forçado a pedir ajuda à pessoas
amigas para digitalizarem este documento final.

Contacto: Ao cuidado da Direção da Cadeia Central de Ribeirinha, São Vicente,


Telefone: 232 33 83;

Pede e espera deferimento,

Cadeia da Ribeirinha, aos 10 de fevereiro de 2025

Amadeu Fortes Oliveira

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