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Tese FF

Este estudo investiga a experiência de pacientes com Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) durante a pandemia de COVID-19, destacando a importância do acompanhamento em consultas especializadas. Os resultados revelaram diferenças significativas em dimensões sintomáticas e traços de personalidade entre pacientes que perceberam agravamento e aqueles que não perceberam. A pesquisa sugere a necessidade de mais estudos para entender o impacto da pandemia na saúde mental dos pacientes com POC.

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Este estudo investiga a experiência de pacientes com Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) durante a pandemia de COVID-19, destacando a importância do acompanhamento em consultas especializadas. Os resultados revelaram diferenças significativas em dimensões sintomáticas e traços de personalidade entre pacientes que perceberam agravamento e aqueles que não perceberam. A pesquisa sugere a necessidade de mais estudos para entender o impacto da pandemia na saúde mental dos pacientes com POC.

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MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA – TRABALHO FINAL

ANA SOFIA SILVA MENDES

PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA EM CONTEXTO


PANDÉMICO – ANÁLISE DE POPULAÇÃO CLÍNICA

ARTIGO CIENTÍFICO ORIGINAL

ÁREA CIENTÍFICA DE PSIQUIATRIA

Trabalho realizado sob a orientação de:

PROFESSOR DOUTOR ANTÓNIO FERREIRA DE MACEDO


DRA. ANA SOFIA ROCHA RAMOS FERREIRA

ABRIL DE 2021
2
Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal

PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA EM CONTEXTO


PANDÉMICO – ANÁLISE DE POPULAÇÃO CLÍNICA

Ana Sofia Silva Mendes1


Endereço de Correio Eletrónico: [email protected]

Dra. Ana Sofia Rocha Ramos Ferreira1,2,3


Endereço de Correio Eletrónico: [email protected]

Professor Doutor António João Ferreira de Macedo Santos1,2,3


Endereço de Correio Eletrónico: [email protected]

1. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Portugal

2. Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal

3. Departamento de Psiquiatria, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal

3
ÍNDICE

Lista de abreviaturas ————————————————————————————- 5

Resumo —————————————————————————————————— 6

Introdução ————————————————————————————————— 8

Materiais e Métodos ———————————————————————————-— 10

Resultados ————————————————————————————————- 12

Discussão —————————————————————————————————18

Agradecimentos —————————————————————————————— 21

Referências Bibliográficas —————————————————————————-- 22

Anexos —————————————————————————————————— 25

4
LISTA DE ABREVIATURAS

CHUC – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

DSM-5 – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 5ª edição

EE – Escala de Estigma

EVEI – Escala de Vergonha Externa e Interna

HEXACO-60 – A short Measure of the Major Dimensions of Personality

HEXACO-PI-R – The HEXACO Personality Inventory Revised

IOC-R – Versão Reduzida do Inventário Obsessivo de Coimbra

MPS 13-H&F - The Hewitt&Flett Multidimensional Perfectionism Scale-13

OC – Obsessivo-Compulsivo/a (s)

PAO - Perfeccionismo Auto-Orientado

POC – Perturbação Obsessivo-Compulsiva

POO - Perfeccionismo Orientado para os Outros

PSP - Perfeccionismo Socialmente Prescrito

SARS – Severe Acute Respiratory Syndrome

Y-BOCS - Yale-Brown Obsessive-Compulsive Scale

5
RESUMO

Introdução: A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é uma doença psiquiátrica caracterizada pela


presença de Obsessões e/ou Compulsões que interferem significativamente em áreas importantes do
funcionamento do indivíduo. Verifica-se na atualidade uma situação particular a nível mundial, marcada
pela Pandemia COVID-19, especialmente relevante no que concerne aos doentes com POC.

Objetivos: Este estudo pretende investigar a experiência dos doentes com diagnóstico estabelecido de
POC (segundo DSM-5), acompanhados na Consulta de POC do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra (CHUC). Adicionalmente, procura avaliar se os resultados obtidos se coadunam com o
fundamento teórico da doença e com a experiência que tem vindo a ser partilhada pelos clínicos.

Métodos: Estudo observacional no qual doentes acompanhados na Consulta de POC do CHUC foram
convidados a preencher, de forma voluntária e anónima, um questionário online (via Google Forms)
compreendendo categorias de dados sócio-demográficos e relativos à saúde, bem como várias escalas
psicométricas.

Resultados: A análise comparativa entre os doentes com percepção de agravamento clínico versus
sem percepção de agravamento mostrou diferenças estatisticamente significativas para: dimensão
sintomática Indecisão / Lentidão (p=0.025), factor Divulgação da Escala de Estigma (p=0.006),
dimensão da personalidade Emocionalidade / Neuroticismo (p=0.029), Perfecionismo Auto-Orientado
(p=0.001) e Perfeccionismo global (p=0.021). O sexo (p=0.049) e o tempo de seguimento na Consulta
de POC (p=0.001) apresentam diferenças estatisticamente significativas quanto ao grau de
agravamento. Relativamente à noção de impacto na forma como terceiros vêm a doença e o doente,
verificaram-se diferenças estatisticamente significativas para o Perfeccionismo Orientado para os
Outros (p=0.009) e para as dimensões sintomáticas Contaminação / Lavagem (p=0.014), Indecisão /
Lentidão (p= 0.004) e score total (p=0.014).

Discussão e Conclusão: Os resultados obtidos vão ao encontro dos estudos existentes e da


impressão clínica dos profissionais que se dedicam à POC. A presente investigação evidencia a
importância de existência de acompanhamento em Consulta de Subespecialidade. É necessária
investigação adicional para compreender em maior profundidade o impacto da COVID-19 na Saúde
Mental.

Palavras-Chave: Pandemia, COVID-19, Perturbação Obsessivo-Compulsiva.

6
ABSTRACT

Introduction: Obsessive-Compulsive Disorder (OCD) is a psychiatric disease characterized by the


presence of Obsessions and/or Compulsions that significantly interfere in important areas of the
individual's functioning. Currently, there is a particular situation worldwide, marked by the Pandemic
COVID-19, which is especially relevant with regard to patients with OCD.

Objectives: This study aims to investigate the experience of patients with an established diagnosis of
OCD (according to DSM-5), followed up at the OCD Consultation at the Centro Hospitalar e Universitário
de Coimbra (CHUC). Additionally, it seeks to assess whether the results obtained are consistent with the
theoretical basis of the disease and with the experience that has been shared by clinicians.

Methods: Observational study in which patients followed up at the CHUC OCD Consultation were
invited to complete, voluntarily and anonymously, an online questionnaire (via Google Forms)
comprising categories of socio-demographic and health-related data, as well as various psychometric
scales .

Results: The comparative analysis between patients with perception of clinical worsening versus
without perception of worsening showed statistically significant differences for: symptomatic dimension
Indecision / Slowness (p = 0.025), factor Disclosure of the Stigma Scale (p = 0.006), personality
dimension Emotionality / Neuroticism (p = 0.029), Self-Oriented Perfectionism (p = 0.001) and Global
Perfectionism (p = 0.021). Gender (p = 0.049) and the length of follow-up at the POC Consultation (p =
0.001) show statistically significant differences in terms of the degree of worsening. Regarding the notion
of impact and the way that third parties see the disease and the patient, there were statistically
significant differences for Perfectionism Oriented to Others (p = 0.009) and for the symptomatic
dimensions Contamination / Washing (p = 0.014), Indecision / Slowness (p = 0.004) and total score (p =
0.014).

Discussion and Conclusion: The results obtained are in line with existing studies and the clinical
impression of professionals involved in the management of OCD. The present investigation shows the
importance of the existence of a follow-up in a Subspecialty Consultation. Additional research is needed
to further understand the impact of COVID-19 on Mental Health.

Keywords: Pandemic, COVID-19, Obsessive-Compulsive Disorder.

7
INTRODUÇÃO

A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é uma doença psiquiátrica caracterizada pela presença de


Obsessões e/ou Compulsões que interferem significativamente em áreas importantes do funcionamento
do indivíduo1,2.

A Obsessão reflecte uma sobrestimativa do perigo e constante perceção de erro. Surge como um
pensamento intrusivo, egodistónico e ansiogénico. O indivíduo habitualmente tenta resistir sem
sucesso, cedendo à Compulsão - comportamento ou acto mental, estereotipado, sob forma de ritual,
com o propósito de alívio da tensão emocional1,2.

A POC apresenta geralmente um curso crónico e flutuante1,2. Estima-se que a sua prevalência se
aproxime dos 1-3% na população geral3. De salientar a perturbação de ansiedade e a depressão como
comorbilidades mais frequentes da POC, segundo a American Psychiatric Association 2013.

Apesar da sua base etiológica ainda não ter sido completamente elucidada4, existe um consenso no
que concerne à sua natureza multifatorial5. Para esta contribuem fatores genéticos6, fatores ambientais
(nomeadamente uma rigidez do estilo educativo assente na moral, ordem e limpeza exageradas) e
factores neurobiológicos (quer por alterações estruturais corticais, quer funcionais4). As crenças do
indivíduo sobre o mundo7 com subsequente avaliação errónea de perigo e interpretação de eventos,
assumem papel relevante na manutenção da doença4.

A temática Obsessivo-Compulsiva (OC) apresentada pelos doentes é muito diversificada, verificando-se


significativa heterogeneidade clínica; tal justifica a tentativa de alguns autores de identificar dimensões
de sintomas OC – Modelo Multidimensional da POC8 – que podem coexistir.

Admite-se que possam haver variações no conteúdo dos sintomas que refletem preocupações comuns,
numa determinada cultura ou período de tempo 1. Adicionalmente, o contexto cultural influencia a
maneira como os doentes percepcionam e vivenciam os sintomas OC1.

Verifica-se na atualidade uma situação particular a nível mundial marcada pela Pandemia COVID-19,
com reconhecido rebate a nível social, económico e expectável impacto negativo na Saúde Mental,
quer na população em geral, quer através do agravamento de doenças psiquiátricas pré-existentes9-11.
Alguns estudos realizados durante e após a Pandemia SARS em 2003 e Ébola em 2014, apuraram
comportamento sobre-reactivo induzido pelo medo amplamente difundido na população12.

Este contexto pandémico é especialmente relevante no que concerne aos doentes com POC9,13, tendo
já motivado, inclusivamente, a emissão de algumas orientações clínicas14. As dimensões Contaminação
/ Limpeza e Acumulação ganham destaque, sobretudo após assistirmos à desmedida reacção
apocalíptica que inflamou a população no confinamento de Março de 2020. Novos comportamentos

8
como lavagem sistematizada das mãos, desinfeção e distanciamento social, visando a prevenção da
Infeção COVID-19 e promovidos extensivamente por autoridades de Saúde Pública, podem facilmente
confundir-se com os rituais dos doentes com POC9.

Não obstante a parca literatura na área, existem já algumas publicações que afloram esta situação de
cariz excepcional e avizinha-se um interesse crescente na mesma. O estudo de Prestia et al mostra um
agravamento significativo da sintomatologia OC, de acordo com a Yale-Brown Obsessive-Compulsive
Scale (Y-BOCS)15. O estudo multicêntrico de Benatti et al16 verificou um agravamento em 39,8% dos
123 doentes POC da amostra, com surgimento de novas Obsessões e agravamento das prévias.

Por outro lado, surgem alguns estudos que indiciam variabilidade na resposta dos doentes com POC à
Pandemia COVID-19, não passando necessariamente pelo agravamento da patologia de base. Alguns
doentes encontraram uma oportunidade de compromisso e motivação para o seu tratamento 17.

Impõem-se assim novos desafios na prática clínica e na gestão destes doentes, quer do ponto de vista
diagnóstico, quer do tratamento e prevenção bem-sucedida de recidiva.

O presente estudo visa investigar a experiência dos doentes com diagnóstico estabelecido de POC -
segundo os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 5ª edição
(DSM-5) - acompanhados na Consulta de POC do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra (CHUC). Procura adicionalmente avaliar se os resultados obtidos se
coadunam com o fundamento teórico da POC e com a experiência que tem vindo a ser partilhada por
entre clínicos.

9
MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo observacional foi realizado no âmbito do Projeto de Investigação intitulado


PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA EM CONTEXTO PANDÉMICO – ANÁLISE DE
POPULAÇÃO CLÍNICA, aprovado pela Comissão de Ética e Conselho Científico da Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra [vide Anexo 1] e pela Comissão de Ética para a Saúde do CHUC
[vide Anexo 2] (Ref. UID.CEC.ACA.SF.07/2021).

Procedimentos

Os participantes do presente estudo foram em primeira instância contactados por via telefónica para
contextualização do Projecto de Investigação e solicitação da sua participação, de cariz anónimo e
voluntário. Posteriormente, foi enviado aos mesmos um questionário por e-mail, elaborado via Google
Forms, cujo autopreenchimento se iniciava após prestado Consentimento Informado [vide Anexo 3].

Amostra

O estudo contou com a participação de 22 indivíduos com idades compreendidas entre 21 e 73 anos
[idade média 38,27 +- 14,83], seguidos na Consulta de POC do Serviço de Psiquiatria do CHUC.

Instrumentos
O questionário aplicado, elaborado pela Equipa da Consulta de POC do CHUC, incluiu dados
sociodemográficos, dados relativos à saúde e diversas escalas psicométricas (versões portuguesas,
validadas, com qualidades psicométricas adequadas). Expõe-se de seguida a estrutura do mesmo:

• Caracterização sociodemográfica e dados relativos à saúde [vide Anexo 4]


Questões sobre características sócio-demográficas dos participantes, tais como: idade, género,
naturalidade, estado civil, situação profissional, grau de escolaridade, nº de pessoas com quem
habita. Para avaliar dados relevantes de saúde, foram incluídas perguntas como: tempo de
seguimento na consulta POC do CHUC, data do último ajuste de medicação psicofarmacológica,
existência seguimento concomitante em consulta de Psicologia, perspetiva do próprio
relativamente ao agravamento de sintomas numa escala de 0-10.

• Escala de Vergonha Externa e Interna (EVEI)18 [vide Anexo 5]

Instrumento constituído por 8 itens que procura avaliar o sentimento global de vergonha nos
indivíduos, bem como as suas dimensões – vergonha externa e vergonha interna.

10
• Versão Reduzida do Inventário Obsessivo de Coimbra (IOC-R)19 [vide Anexo 6]

A IOC-R contém 19 perguntas e avalia a frequência e grau de perturbação emocional de


sintomas OC. Permite uma abordagem dimensional da doença, subdividindo-se nas seguintes
vertentes: Contaminação/Limpeza, Indecisão/Lentidão, Verificação repetida/Acumulação,
Conteúdos imorais e Pensamento Mágico. A autorização para a utilização desta escala
encontra-se em anexo. [vide Anexo 7].

• The HEXACO-60: A short Measure of the Major Dimensions of Personality (HEXACO-60)20


[vide Anexo 8]
Este instrumento apresenta 60 itens e corresponde à versão curta da HEXACO-PI-R20. Avalia 6
dimensões da personalidade: Honestidade/Humildade (H), Emocionalidade (E), Extroversão (X),
Amabilidade (A), Conscienciosidade (C) e Abertura à experiência (O).

• Escala de Estigma (EE)21 [vide Anexo 9]


Escala de 28 itens onde se encontram diversas abordagens à questão do estigma,
apresentando afirmações às quais os indivíduos deverão indicar o seu grau de concordância. A
análise pode ser feita de acordo com o modelo de 3 factores – Divulgação, Discriminação e
Aspectos positivos.

• The H&F Multidimensional Perfectionism Scale 13 (MPS13-H&F)22 [vide Anexo 10]


Escala de 13 itens que avalia as três dimensões de Perfeccionismo: Perfeccionismo Auto-
Orientado (PAO), Perfeccionismo Socialmente Prescrito (PSP) e e Perfeccionismo Orientado
para os Outros (POO).

Análise estatística
Os dados recolhidos no ano letivo de 2020/2021 foram processados com recurso ao software SPSS
Statistics versão 26. Após a aplicação de testes de normalidade – e, consoante os mesmos - optou-se
pela utilização de testes paramétricos ou não paramétricos. Foi estabelecido um p-value < 0.05 como
indicador de diferença estatisticamente significativa.

11
RESULTADOS

Apresentam-se de seguida os resultados obtidos no presente estudo, tanto no que concerne a


estatística descritiva (Tabelas 1, 2 e 3), como estatística inferencial (Tabelas 4, 5 e 6):

12
Tabela 1 - Variáveis sociodemográficas e relacionadas com saúde
Caracterização socio-demográfica % (n)
Feminino 72.7 (16)
Sexo
Masculino 27.3 (6)
Solteiro 59.1 (13)
Casado / União de facto 36.4 (8)
Estado civil
Separado / Divorciado 0
Viúvo 4.5 (1)
1º Ciclo 4.5 (1)
2º Ciclo 4.5 (1)
3º Ciclo 4.5 (1)
Secundário 22.7 (5)
Escolaridade
Licenciatura 40.9 (9)
Mestrado 13.6 (3)
Doutoramento 0
Outro (ex.curso profissional) 4.5 (1)
Estudante 9.1 (2)
Empregado 72.7 (16)
Situação profissional Desempregado 4.5 (1)
Reformado 9.1(2)
Outro (ex.lay-off) 4.5 (1)
Sozinho 18.2 (4)
A residir
Com outras pessoas 81.8 (18)

Acompanhamento em Consulta de Há < 1 ano 27.3 (6)


POC Há 1 ano ou mais 72.7 (16)
Há < 1 ano 63.6 (14)
Último ajuste medicamentoso
Há 1 ano ou mais 36.4 (8)

Seguimento concomitante em Sim 77.3 (17)


Consulta de Psicologia Não 22.7 (5)
Percepção de agravamento da Sim (≥1 a 10) 59.1 (13)
sintomatologia OC durante a
pandemia Não (0) 40.9 (9)
Percepção de impacto da Sim (≥1 a 10) 40.9 (9)
pandemia na forma como os outros
vêm a doença e o doente Não(0) 59.1 (13)

13
Tabela 2 - Instrumentos psicométricos aplicados
Escalas aplicadas Média ± Desvio Padrão Mínimo Máximo
Contaminação / Lavagem 6.14 ± 4.754 0 15
Indecisão / Lentidão 7.27 ± 4.527 0 14
Verificação repetida / Acumulação 5.95 ± 3.154 0 12
IOC-R
Conteúdos Imorais 2.36 ± 2.665 0 8
Pensamento Mágico 2.45 ± 3.066 0 9
IOC-R_Total 24.18 ± 13.745 4 43
Divulgação 34.36 ± 8.330 14 48
Discriminação 21.05 ± 6.098 10 34
EE
Aspectos positivos 15.86 ± 3.427 10 24
EE_Total 71.27 ± 14.923 42 100
Vergonha Externa 5.45 ± 3.306 0 12
EVEI Vergonha Interna 5.91 ± 4.070 0 14
Vergonha_Total 11.82 ± 8.300 2 36
Honestidade / Humildade 39.64 ± 4.614 33 47
Emocionalidade 38.64 ± 5.242 29 47
Extroversão 27.95 ± 6.952 12 40
HEXACO-60
Amabilidade 31.09 ± 6.746 17 42
Conscienciosidade 37.27 ± 5.800 26 47
Abertura à experiência 31.32 ± 6.300 21 45
PAO 37.23 ± 8.519 22 49

MPS13 - PSP 13.36 ± 4.855 5 23


H&F POO 10.41 ± 2.684 4 14
EMP13_Total 61.00 ± 10.628 44 83

Tabela 3 - Percepção de agravamento clínico em período pandémico e impacto em terceiros


Média ± Desvio Padrão Mínimo Máximo

Percepção de agravamento da
sintomatologia OC durante a pandemia 3.33 ± 0.773 0 10
(0-10)

Percepção de impacto da pandemia na


forma como os outros vêm a doença e o 2.00 ± 0.632 0 8
doente (0-10)

14
Tabela 4 - Análise comparativa entre doentes com percepção de agravamento clínico versus
doentes sem essa percepção
Escalas aplicadas p-value
Contaminação / Lavagem 0.471
Indecisão / Lentidão 0.025 ←
Verificação repetida / Acumulação 0.209
IOC-R
Conteúdos Imorais 0.357
Pensamento Mágico 0.209
IOC-R_Total 0.071
Divulgação 0.006 ←
Discriminação 0.610
EE
Aspectos positivos 0.978
EE_Total 0.096
Vergonha Externa 0.512
EVEI Vergonha Interna 0.357
Vergonha_Total 0.324
Honestidade / Humildade 0.508
Emocionalidade 0.029 ←
Extroversão 0.382
HEXACO-60
Amabilidade 0.541
Conscienciosidade 0.110
Abertura para a experiência 0.648
PAO 0.001 ←
PSP 0.744
MPS13 - H&F
POO 0.471
EMP13_Total 0.021 ←

15
Tabela 5 - Análise comparativa entre doentes com noção de impacto na forma como terceiros vêm
a doença versus doentes sem essa noção
Escalas aplicadas p-value
Contaminação / Lavagem 0.014 ←
Indecisão / Lentidão 0.004 ←
Verificação repetida / Acumulação 0.164
IOC-R
Conteúdos Imorais 0.431
Pensamento Mágico 0.357
IOC-R_Total 0.014 ←
Divulgação 0.870
Discriminação 0.815
EE
Aspectos positivos 0.807
EE_Total 0.813
Vergonha Externa 0.121
EVEI Vergonha Interna 0.145
Vergonha_Total 0.099
Honestidade / Humildade 0.106
Emocionalidade 0.064
Extroversão 0.312
HEXACO-60
Amabilidade 0.960
Conscienciosidade 0.361
Abertura para a experiência 0.902
PAO 0.105
PSP 0.621
MPS13 - H&F
POO 0.009 ←
EMP13_Total 0.428

16
Tabela 6 - Diferenças de parâmetros socio-demográficos e relativos à doença de acordo com grau
de agravamento ou impacto
Parâmetros socio-demográficos e relativos à doença p-value
Sexo 0.049 ←
Residir sozinho ou acompanhado 0.652
Grau de
Agravamento da Tempo de acompanhamento em Consulta de POC 0.001 ←
sintomatologia OC
Seguimento concomitante por Psicologia 1.000
Data do último ajuste de medicação 0.070
Sexo 0.154
Grau de Impacto na Residir sozinho ou acompanhado 0.141
forma como terceiros
Tempo de acompanhamento em Consulta de POC 0.083
vêm a doença e o
próprio doente Seguimento concomitante por Psicologia 0.441
Data do último ajuste de medicação 0.446

17
DISCUSSÃO

A Pandemia COVID-19 continua a marcar a actualidade, sendo-lhe reconhecido um expectável impacto


negativo na Saúde Mental, quer na população em geral, quer nos indivíduos com diagnóstico
estabelecido de doença psiquiátrica9-11. Este contexto pandémico, de cariz excepcional, é
particularmente relevante no que concerne aos doentes com POC9,13.

Em Portugal, aquando do primeiro confinamento de Março de 2020, foi possível testemunhar uma
descomedida reacção em massa, perante um perigo pouco conhecido e invisível a olho nu.
Açambarcamentos vários, conduziram a subsequente especulação e ruturas de stocks de bens de
primeira necessidade, medicamentos, material de desinfeção e equipamentos de proteção individual. É
compreensível a existência de algumas semelhanças entre estes comportamentos e os sintomas da
dimensão de acumulação da POC, o que levanta questões relativas ao impacto da pandemia nestes
doentes.

O distanciamento social, a desinfeção de superfícies e uma frequente lavagem das mãos com técnica
padronizada, compreendem algumas das recomendações de prevenção da infeção, baseadas na
melhor evidência científica, emitidas pelas autoridades de Saúde Pública. Estas medidas protetoras
podem facilmente confundir-se com os sintomas da dimensão Contaminação / Lavagem da POC 9.
Desta forma, comportamentos que, previamente à eclosão da Pandemia, seriam anómalos aos olhos
da sociedade passaram a integrar a nova normalidade. Tal explica o interesse em estudar eventual
agravamento clínico nestes doentes e potencial impacto na forma como terceiros vêm a doença os
comportamentos do próprio doente.

Vários estudos apontam no sentido do agravamento clínico da sintomatologia OC nos doentes com
POC durante a pandemia COVID-19, como o estudo Prestia et al15 e o estudo multicêntrico de Benatti
et al16. A exacerbação da sintomatologia da POC foi bem documentada durante surtos anteriores, como
nos casos da SARS e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Estudos recentes sobre
COVID-19 e a POC relataram a necessidade de monitorar cuidadosamente a potencial recidiva dos
sintomas da POC e sua proporcionalidade à situação actual, para evitar retrocessos23-25.

Porém, alguns estudos indiciam variabilidade na resposta por parte dos doentes POC à Pandemia
COVID-19, não constituindo esta doença mental de base uma sentença para o seu agravamento.
Alguns destes doentes encontraram uma oportunidade de compromisso e motivação para o seu
tratamento17 e outros responderam de forma resiliente.

Comparando os valores obtidos da aplicação da escala MPS13 – H&F na população geral (n=412),
constante da tese de Castro Pinto SM (2016)26 - PAO 30.92 ± 6.861, PSP 14.63 ± 3.264, POO 5.88 ±

18
2.372, EMP13_Total 51.58 ± 8.702 - verificamos que estes são bastante inferiores ao obtidos no nosso
estudo, nos doentes acompanhados na Consulta de POC do CHUC (n=22) - PAO 37.23 ± 8.519, PSP
13.36 ± 4.855, POO 10.41 ± 2.684, EMP13_Total 61.00 ± 10.628. Assim, verifica-se que os níveis de
perfeccionismo nos doentes acompanhados em Consulta de POC do CHUC são bastante mais
expressivos do que os encontrados na população geral. Pode ainda observar-se que as facetas onde a
diferença é mais marcada são o PAO e o POO, particularmente aumentados na nossa amostra. Sendo
o perfeccionismo considerado um processo transdiagnóstico, assume-se como um factor de risco e de
manutenção para várias perturbações psicopatológicas1. Desde o começo do séc. XX que este traço de
personalidade tem sido referido como desempenhando um papel importante na POC1. A relação entre o
Perfeccionismo e os fenómenos OC tem sido fortemente consubstanciada ao longo das últimas
décadas. Portanto, os resultados obtidos no nosso estudo vão ao encontro do fundamento teórico
existente para a doença em questão.

Segundo o modelo dos cinco factores (Big Five) de Costa & McCrae (1992), as diferenças individuais
podem determinar-se através de cinco dimensões principais: Neuroticismo, Extroversão, Amabilidade,
Conscienciosidade e Abertura à experiência20. O instrumento HEXACO-60 pode ser aplicado de forma
relativamente breve e mostra boas correlações com escalas utilizadas para medir os Big Five
(correlação positivas entre as escalas com a mesma designação – Extroversão, Amabilidade,
Conscienciosidade, Abertura à experiência; correlação positiva entre Emocionalidade e Neuroticismo)20.

De todos os estudos realizados, os resultados mais consistentes e proeminentes referem-se às


pontuações elevadas de neuroticismo e níveis mais baixos de extroversão em doentes com POC1. Os
resultados do nosso estudo encontram-se pois em linha com diversos trabalhos prévios (Honestidade /
Humildade: 39.64 ± 4.614, Emocionalidade: 38.64 ± 5.242, Extroversão: 27.95 ± 6.952, Amabilidade:
31.09 ± 6.746, Conscienciosidade: 37.27 ± 5.800, Abertura à experiência: 31.32 ± 6.300)

Os níveis de Emocionalidade / Neuroticismo foram significativamente superiores (p=0.029) nos doentes


com agravamento clínico versus doentes sem agravamento clínico durante o período pandémico. O
neuroticismo avalia a adaptação versus instabilidade emocional, sendo um dos traços mais estudados
pela Psicologia. O aspecto central deste domínio é a tendência para experienciar afectos negativos,
vulnerabilizando perante o stresse1. Os resultados obtidos são assim uma vez mais congruentes com
os modelos teóricos existentes.

O agravamento clínico da sintomatologia OC durante o período pandémico foi significativamente


superior (p=0.001) nos doentes com acompanhamento em Consulta de POC iniciado mais
recentemente (isto é, há 1 ano ou menos). Este resultado é consistente com a experiência clínica dos
profissionais de saúde que trabalham na Consulta de POC do CHUC. A impressão clínica que foi sendo
veiculada entre colegas foi a de que vários doentes estabilizados tinham mantido compensação clínica
durante a pandemia COVID-19, não se sentindo particularmente afectados pela mesma. Por outro lado,

19
vários doentes com POC procuraram ajuda médica pela primeira vez durante este período; alguns
sintomáticos há vários anos, mas com funcionalidade mantida até ao início da pandemia COVID-19,
altura em que o agravamento clínico motivou por fim o recurso a cuidados de saúde. Considera-se que
o presente estudo corrobora a importância desta Consulta de Subespecialidade.

O agravamento clínico da sintomatologia OC durante o período pandémico foi significativamente


superior no sexo feminino (p=0.049), o que pode estar em relação com papéis sociais, não se excluindo
contudo outras possíveis explicações para este achado. Outras variáveis, como o estado civil,
existência de coabitantes no domicílio, alterações terapêuticas ou acompanhamento concomitante em
Consultas de Psicologia, não apresentaram diferença estatisticamente significativa no que concerne ao
agravamento da sintomatologia OC; tal pode, contudo, estar em relação com a dimensão reduzida da
amostra, uma das limitações do presente estudo. Outras limitações adicionais incluem o acesso
diferencial às novas tecnologias, o período de preenchimento do questionário de aproximadamente 20
minutos e dificuldades na compreensão das questões colocadas. Como pontos fortes do estudo, pode
ser destacado o recurso a escalas psicométricas validadas e a análise de população com diagnóstico
estabelecido de POC, permitindo uma maior compreensão da doença e do impacto da pandemia na
mesma.

O presente estudo constitui um contributo para a investigação na área da Saúde Mental, permitindo
aprofundar o conhecimento relativo à POC e impacto da Pandemia COVID-19. São contudo
necessários estudos adicionais na área, preferencialmente com um maior número de participantes e
multicêntricos.

20
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Professor Doutor António Macedo, por ter aceite orientar-me numa área
tão bonita e apaixonante. Obrigada por toda a disponibilidade, conselho, compreensão e experiência.
À minha orientadora, Dra. Sofia Ferreira – agradeço eternamente, com toda a sinceridade que em mim
houver. Reconheço ser impossível retribuir o tanto que representou, num caminho desconhecido,
inesperadamente tortuoso. Foi lado a lado, num apoio, paciência e cuidado extraordinários.
Agradeço às pessoas que, de forma altruísta e despretensiosa, aceitaram participar e responder ao
questionário, possibilitando transformar o uma ideia numa realidade.
Às forças-motrizes desta caminhada:
Agradeço à minha madrinha, Michelle Gouveia, por ser um pilar, pelos conselhos, pelos abraços
apertados, sentidos na distância.
Agradeço à Sofia Valente, por ser força, afeto e segurança, por me ensinar a ser porto em mar alto
revoltoso.
Agradeço à Ana Rita Fernandes, que tempera há anos o meu interesse pela área de Saúde Mental,
pela sinceridade, tempo, amizade, pelas conversas sérias ou de fruição retórica.
Agradeço à Maria João Granjo, amiga e camarada de Medicina que, com extraordinária paciência, me
acompanha a exalação consciente da minha insanidade e dialectos.
Agradeço ao Avô Martinho.
Agradeço à Mãe-Avó Fernanda, que cá me guarda todos os dias, incondicionalmente.

21
REFERÊNCIAS

1. Macedo A. E outros coord., 2016. Perturbação obsessivo-compulsiva: o insustentável peso da


dúvida. Lidel,

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and hoarding. Psychiatry research, 288, 112966. https://doi.org/10.1016/j.psychres.2020.112966

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about the evolutionary origins of obsessive-compulsive disorder. Psychiatry research, 289, 113062.
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25. Fontenelle L. F., Miguel E. C., (2020), The impact of COVID-19 in the diagnosis and treatment of
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26. Castro Pinto, SM., 2016. PERFECCIONISMO, PERTURBAÇÃO PSICOLÓGICA E


NECESSIDADES DE CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL. Universidade do Porto, Portugal.

24
ANEXOS

25
ANEXO 1 – APROVAÇÃO DO CONSELHO CIENTÍFICO DA
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

26
27
ANEXO 2 – APROVAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA PARA A
SAÚDE DO CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE
COIMBRA

28
29
ANEXO 3 – CONSENTIMENTO INFORMADO

30
31
ANEXO 4 – QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-
DEMOGRÁFICA E DADOS RELATIVOS À SAÚDE

32
33
34
35
ANEXO 5 – ESCALA DE VERGONHA EXTERNA E INTERNA (EVEI)

36
37
ANEXO 6 – VERSÃO REDUZIDA DO INVENTÁRIO OBSESSIVO DE
COIMBRA (IOC-R)

38
39
40
ANEXO 7 – AUTORIZAÇÃO DE UTILIZAÇÃO DA VERSÃO
REDUZIDA DO INVENTÁRIO OBSESSIVO DE COIMBRA (IOC-R)

41
42
ANEXO 8 - The HEXACO-60: A short Measure of the Major
Dimensions of Personality

43
HEXACO-60
Nas seguintes páginas encontrará uma série de afirmações sobre si. Por favor, leia-as e decida o quanto concorda
ou discorda com cada uma. Para cada afirmação, coloque um círculo à volta do número que melhor corresponde
ao seu grau de acordo ou desacordo. Use a seguinte escala de avaliação.

1 2 3 4 5
Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo
fortemente nem discordo fortemente

1 Ficaria muito entediado(a) ao visitar uma galeria de arte 1 2 3 4 5

Planeio e organizo as coisas com antecedência, para evitar deixar tudo


2 para a última hora 1 2 3 4 5

3 Raramente guardo rancor, mesmo contra pessoas que me enganaram bastante 1 2 3 4 5

4 No geral, sinto-me razoavelmente satisfeito(a) comigo mesmo 1 2 3 4 5

5 Ficaria assustado se tivesse que viajar em más condições meteorológicas 1 2 3 4 5

6 Eu não usaria a bajulação para obter um aumento ou uma promoção no trabalho,


mesmo quando acho que se o fizesse teria
sucesso 1 2 3 4 5

7 Interesso-me em aprender a História e Política de outros países 1 2 3 4 5

Geralmente exijo bastante de mim quando pretendo atingir um


8 objetivo 1 2 3 4 5

9 As pessoas às vezes dizem-me que eu sou demasiado crítico(a) em relação aos outros 1 2 3 4 5

10 Raramente expresso as minhas opiniões em reuniões de grupo 1 2 3 4 5

11 Por vezes, não consigo deixar de me preocupar com as pequenas coisas 1 2 3 4 5

12 Se soubesse que nunca seria apanhado(a), eu roubaria um milhão de euros 1 2 3 4 5

13 Gostaria de criar uma obra de arte como um romance, uma canção ou uma pintura
1 2 3 4 5

14 Quando estou a trabalhar nalguma coisa, não presto atenção aos pequenos detalhes 1 2 3 4 5

15 Às vezes dizem-me que eu sou demasiado teimoso(a) 1 2 3 4 5

Prefiro trabalhos que envolvem interação social ativa do que trabalhar


16 sozinho(a) 1 2 3 4 5

17 Quando eu sofro uma experiência dolorosa, necessito de alguém para me fazer sentir
confortável 1 2 3 4 5

44
1 2 3 4 5
Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo
fortemente nem discordo fortemente
18 Ter muito dinheiro não é especialmente importante para mim 1 2 3 4 5

19 Acho que prestar atenção a ideias radicais é uma perda de tempo 1 2 3 4 5

20 Tomo decisões baseadas mais na sensação do momento do que após pensar


cuidadosamente 1 2 3 4 5

21 As pessoas acham que eu sou uma pessoa que se irrita com facilidade 1 2 3 4 5

22 Na maior parte dos dias, eu sinto-me animado(a) e otimista 1 2 3 4 5

23 Sinto vontade de chorar quando vejo outras pessoas chorar 1 2 3 4 5

24 Acho que mereço mais respeito do que a média das pessoas 1 2 3 4 5

Se eu tivesse oportunidade, gostaria de ir a


25 um concerto de música clássica 1 2 3 4 5

26 Quando eu estou a trabalhar, às vezes tenho dificuldades por ser muito desorganizado(a) 1 2 3 4 5

27 A minha atitude para com as pessoas que me trataram mal é esquecer e perdoar 1 2 3 4 5

28 Sinto-me uma pessoa impopular 1 2 3 4 5

29 Quando se trata de perigo físico, eu tenho bastante medo 1 2 3 4 5

Se eu quiser alguma coisa de uma determinada pessoa, vou rir-me até das suas
30 piores piadas
1 2 3 4 5

Nunca gostei muito de procurar coisas numa


31 enciclopédia 1 2 3 4 5

32 Eu faço apenas o mínimo de trabalho necessário para ir vivendo 1 2 3 4 5

33 Eu tendo a ser benevolente ao julgar as outras pessoas 1 2 3 4 5

34 Em situações sociais, normalmente sou eu quem dá o primeiro passo 1 2 3 4 5

35 Preocupo-me menos do que a maioria das pessoas 1 2 3 4 5

36 Eu nunca aceitaria um suborno, mesmo que fosse de uma valor muito alto 1 2 3 4 5

37 As pessoas já me disseram que eu tenho uma boa imaginação 1 2 3 4 5

45
1 2 3 4 5
Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo
fortemente nem discordo fortemente
38 Procuro ser sempre preciso(a) no meu trabalho, mesmo que à custa do tempo 1 2 3 4 5

39 Habitualmente, sou bastante flexível nas minhas opiniões quando não concordam
comigo 1 2 3 4 5
A primeira coisa que eu faço quando estou num lugar novo é fazer
40 novos amigos 1 2 3 4 5

41 Sou capaz de lidar com situações difíceis, sem necessitar do apoio emocional de ninguém 1 2 3 4 5

42 Teria bastante prazer em possuir bens de luxo 1 2 3 4 5

43 Gosto de pessoas com pontos de vista não convencionais 1 2 3 4 5

44 Cometo muitos erros, porque eu não penso antes de agir 1 2 3 4 5

45 A maioria das pessoas costuma zangar-se mais facilmente do que eu 1 2 3 4 5

A maioria das pessoas são mais bem-humoradas e dinâmicas do que


46 eu geralmente 1 2 3 4 5

Sinto emoções fortes quando alguém que me é próximo vai estar longe durante muito
47 tempo 1 2 3 4 5

Eu quero que as pessoas saibam que eu sou uma pessoa importante


48 de elevado estatuto 1 2 3 4 5

49 Não me considero uma pessoa artística ou criativa 1 2 3 4 5

50 As pessoas geralmente chamam-me perfecionista


1 2 3 4 5

51 Mesmo quando as pessoas cometem muitos erros, eu raramente digo algo de negativo 1 2 3 4 5

52 Por vezes sinto-me uma pessoa sem valor 1 2 3 4 5

53 Mesmo numa emergência, nunca entro em pânico 1 2 3 4 5

54 Não iria fingir gostar de uma pessoa só para obter favores da mesma 1 2 3 4 5

55 Acho aborrecido discutir filosofia


1 2 3 4 5

56 Prefiro fazer aquilo que me vem à cabeça do que me fixar num plano 1 2 3 4 5

Quando as pessoas me dizem que eu estou errado, a minha primeira


57 reação é começar a discutir com elas 1 2 3 4 5

46
1 2 3 4 5
Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo
fortemente nem discordo fortemente
58 Quando eu me encontro num grupo de pessoas, geralmente sou eu quem fala em nome
do grupo 1 2 3 4 5
Permaneço imperturbável mesmo em situações em que a maioria das pessoas se tornam
59 bastante sentimentais
1 2 3 4 5
Sentir-me-ia tentado(a) a usar dinheiro falsificado, se tivesse a certeza de que nunca me
60 apanhariam 1 2 3 4 5

47
ANEXO 9 – ESCALA DE ESTIGMA (EE)

48
ESCALA DE ESTIGMA
Para cada afirmação, ponha um círculo, à volta do número que melhor corresponde
ao seu grau de acordo ou desacordo. Use a seguinte escala de avaliação.

1 2 3 4 5

1 Tenho sido discriminado nos estudos por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

2 Por vezes, sinto que estão a falar de mim por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

3 Ter tido problemas de saúde mental fez de mim uma pessoa mais compreensiva 1 2 3 4 5

4 Não me sinto mal por ter tido problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

5 Fico preocupado em contar às pessoas que estou a receber tratamento psicológico 1 2 3 4 5

7 As pessoas têm sido compreensivas em relação aos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

8 Tenho sido discriminado pela polícia por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

9 Tenho sido discriminado pelos empregadores por causa dos meus problemas de saúde
mental 1 2 3 4 5

10 Os meus problemas de saúde mental fizeram-me aceitar melhor as outras pessoas 1 2 3 4 5

11 Frequentemente, sinto-me sozinho por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

12 Fico assustado em relação ao modo como as outras pessoas irão reagir se souberem dos
meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

13 Teria tido mais oportunidades na vida se não tivesse tido problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

14 Não me importo que os meus vizinhos saibam que tive problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

15 Se estivesse a concorrer para um emprego, contaria que tive problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

16 Fico preocupado em contar às pessoas que tomo medicações para problemas de saúde
mental 1 2 3 4 5

17 As reacções das pessoas aos meus problemas de saúde mental fazem com que guardo isso
só para mim 1 2 3 4 5

18 Fico zangado com o modo como as pessoas têm reagido meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

19 Não tenho tido quaisquer problemas com as pessoas por causa dos meus problemas de
saúde mental 1 2 3 4 5

20 Tenho sido discriminado pelos profissionais de saúde por causa dos meus problemas de
saúde mental 1 2 3 4 5

49
21 As pessoas têm-me evitado por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

22 As pessoas têm-me insultado por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

23 Ter tido problemas de saúde mental fez de mim uma pessoa mais forte 1 2 3 4 5

24 Não me sinto embaraçado por causa dos meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

25 Evito contar às pessoas sobre os meus problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

26 Ter tido problemas de saúde mental faz-me sentir que a vida é injusta 1 2 3 4 5

27 Sinto a necessidade de esconder os meus problemas de saúde mental, dos meus amigos 1 2 3 4 5

28 Sinto dificuldades em contar às pessoas que tenho problemas de saúde mental 1 2 3 4 5

50
ANEXO 10 - The H&F Multidimensional Perfectionism
Scale 13 (MPS13-H&F)

51
MPS13 – H&F

A seguir temos uma lista de afirmações sobre características ou traços


pessoais. Assinale com um círculo o número que melhor corresponde
ao seu grau de acordo ou desacordo, relativamente a cada uma das
afirmações. Use a seguinte escala de avaliação:

1 2 3 4 5 6 7
Discordo Provavel- Concordo
Discordo Provavelmente Concordo
completa- mente Indeciso completa-
bastante concordo bastante
mente discordo mente
1. Um dos meus objetivos é ser perfeito(a) em tudo o que faço 1 2 3 4 5 6 7
2. Pouco me importa que alguém, das pessoas que me rodeiam, não dê o seu
melhor 1 2 3 4 5 6 7
3. Raramente sinto o desejo de ser perfeito(a) 1 2 3 4 5 6 7
4. Tudo o que eu faça que não seja excelente será julgado de má qualidade pelas
pessoas que me rodeiam 1 2 3 4 5 6 7
5. Faço tudo o que posso para ser tão perfeito(a) quanto possível 1 2 3 4 5 6 7
6. Preocupo-me muito em ter um resultado perfeito em tudo o que faço 1 2 3 4 5 6 7
7. Esforço-me para ser o(a) melhor em tudo o que faço 1 2 3 4 5 6 7
8. De mim, não exijo menos do que a perfeição 1 2 3 4 5 6 7
9. Quando estabeleço os meus objetivos, tendo para a perfeição 1 2 3 4 5 6 7
10. As outras pessoas aceitam-me como sou, mesmo quando não sou bem
sucedido(a) 1 2 3 4 5 6 7
11. Sinto que as outras pessoas exigem demais de mim 1 2 3 4 5 6 7
12. As pessoas esperam mais de mim do que eu posso dar 1 2 3 4 5 6 7
13. É-me indiferente que um bom amigo não tente fazer o seu melhor. 1 2 3 4 5 6 7

52

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