BÍLIS NEGRA
Uarlen Becker
Salvador
2007
PERSONAGENS
DIAS
LOIRA
RUIVO
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BÍLIS NEGRA
Uarlen Becker
Uma sala de autópsias. Um homem vestido de mulher autopsia um cadáver.
DIAS
Pois é. O mundo é assim. Ainda há pouco você respirava. E tem gente que
acredita que hoje mesmo você poderia estar no paraíso. Que história infame! Mas eu
tenho pena de você meu amigo. Devia ter mais pena de mim. Qualquer dia desses eu me
suicido. Ou arranjo alguém para me suicidar. Como você arranjou. Morrer deve ser tão
bom! Você é um homem feliz, teve a sorte de achar pelo caminho um assaltante tosco.
Tosco, mas lhe fez o favor de te matar. Qual foi a banalidade do teu assassinato? Um
relógio, um telefone celular? Um par de tênis, um dente de outro? Teu nariz, tua
esperança? Será que algum dia eu acho um carinha como esse? Se bem que não quero
morrer assim com um tremendo corte horroroso na jugular e uma punhalada. O que será
que te matou, o corte ou a punhalada? Você vai ser enterrado com flores até o pescoço.
Eu acho horrível aquele monte de flores sobre o defunto. Gosto de caixão vazio. Mas
tomara que eu, andando pelas ruas dessa cidade suja e festiva, encontre um bandido
infeliz que me... Que me... Que tente atirar em alguém e a bala pegue em mim. Seria tão
bom se isso acontecesse. Viver cansa sabia? Chega uma hora que a gente não agüenta
mais. Não se tem mais nada para fazer querido. Tudo foi feito e de que adiantou? Aí
fingimos que um pouco de... De alguma coisa habita nossos corpos. Somos tão... Somos
tão... Isso você devia saber muito bem. Ai, droga, você está soltando gases. E eu odeio
usar máscara, sempre borra meu batom.
Abre um pote e retira um grande chumaço de algodão. Introduz no morto.
DIAS
Pronto. Não peida mais. Deixa eu colocar um pouco na boca também para não
arrotar. Odeio quando vocês fazem isso. Orifício apertadinho... Morreu virgem. Até
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agora. É foda, quando não perdemos em vida, perdemos em morte. É uma eterna perda,
uma perda sem fim!
Duas pessoas com máscaras chegam sorrateiramente por trás do homem.
DIAS
Pena que eu sou um covarde, não tenho coragem de me matar. Mas quanto
sangue, odeio quando isso acontece.
Vira-se. É surpreendido pelos dois mascarados. Um dá-lhe um soco. Dias cai. Os dois
se jogam sobre ele. Uma briga patética. Dias consegue pegar seu bisturi e rende os
dois.
DIAS
Parados aí. Parados! O que vocês querem? Bandidos! Que porra! Me sujaram de
sangue! Seus infelizes desgraçados! Filhos de uma puta! Vamos, digam o que querem
antes que eu ligue para a polícia e mande prender os dois.
LOIRA tirando a máscara. Usa uma peruca exageradamente ruiva
Calma! Não precisa chamar a polícia!
DIAS
Ah, não precisa? Diga o motivo.
RUIVO tirando a máscara. Usa uma peruca exageradamente loira
Não somos assassinos, a gente só queria te render.
DIAS
Render-me? E por que queriam me render?
LOIRA
É que a gente ia...
RUIVO
É que somos estudantes. Universitários. Estudamos medicina. A gente queria o
corpo.
LOIRA
É. A gente queria o corpo apenas.
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DIAS
Iriam vender o corpo para seus colegas fazerem autópsia? Que coisa mais
antiquada. Bando de dementes!
RUIVO
Não! Não é nada disso. A gente iria vender o corpo para uma... Para uma... Para
uma exposição!
DIAS
Quê? Estão brincando comigo!
LOIRA
Não, é verdade! Não estamos mentindo. É uma exposição de um estilista famoso
que deseja desfilar sua nova coleção em corpos roubados.
DIAS
Que horror! Um tempo. Andam em círculos. Observam-se. Querem um café?
LOIRA
Eu quero. Você quer?
RUIVO
Quero.
DIAS
Sentem-se. Eu vou servir. Está fresco ainda, fiz pela manhã.
RUIVO E LOIRA sentando-se
Agradecemos.
Dias serve o café com todo cuidado e educação.
LOIRA
O meu com adoçante.
DIAS
Não tenho.
LOIRA
Então me dá amargo mesmo. Obrigada.
DIAS
Por nada. Um tempo. Vocês poderiam me matar?
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RUIVO
O quê?
DIAS
Me matar. É que eu não suporto mais.
LOIRA
Você tem câncer, ou AIDS?
DIAS
Só se mata quem tem câncer ou AIDS? Onde você aprendeu a ser burra desse
jeito, na universidade?
LOIRA
Também não precisa ofender!
DIAS
O que é, vai alterar? Vai alterar? Brandindo o bisturi. Não tem medo de morrer?
RUIVO
Calma, calma! Ela só quer saber por que você quer morrer.
DIAS
É uma questão de escolha. Livre arbítrio, já ouviu falar?
LOIRA
Claro que sim, acho que está na Bíblia. Uma vez eu li a Bíblia. Quer dizer, um
trecho, né? Eu bem que tentei, mas tive medo de continuar.
DIAS
Medo?
RUIVO
Não ligue pra ela. Tudo bem. Você disse que deseja ser morto. Quer que a gente
te mate. Mas antes precisa confiar na gente.
DIAS
Confiar em dois inconseqüentes que chegam aqui me dando um baita susto, me
agredindo feito loucos. Sabiam que invasão de prédio público é crime? E agora querem
que eu confie em vocês.
RUIVO
Como é que nós vamos saber que essa sala não está sendo filmada?
DIAS
Filmada?
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LOIRA
Sim, filmada! Todos os lugares hoje em dia são filmados.
DIAS
Meus queridos, vocês estão vendo alguma câmera por aqui? É claro que nós não
estamos sendo filmados!
RUIVO
Que fedor é esse?
DIAS
Durante a briga vocês o derrubaram.
RUIVO
Mas o que isso tem a ver?
DIAS
O chumaço de algodão soltou. Segura aqui pra mim ô loiraça!
RUIVO
Está úmido.
DIAS
É. São secreções. Nós vivos também temos saliva, esperma, suor, a bílis
amarela, a bílis negra...
LOIRA
Que coisa mais nojenta!
DIAS
É. Está tudo dentro da gente. Vamos, me ajudem a colocar o defunto no lugar
que estava, vamos.
Com muito esforço carregam o corpo e põe-no de volta.
DIAS
Limpem as mãos nesse pano, está molhado em álcool. Um tempo. Então, vão me
matar?
LOIRA
Mas nós não somos assassinos, somos pedófilos, incestuosos, mas assassinos
jamais!
RUIVO
Não quero manchar minhas mãos com sangue.
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DIAS
O que você disse?
RUIVO
Que não queremos manchar nossas mãos...
DIAS
Não, antes, o que ela falou. Vocês são incestuosos? E pedófilos?
RUIVO
Ah, isso são coisinhas que a gente faz. Brincadeiras, quando a gente não tem
nada pra fazer. Mas ela nunca engravidou. Acha que somos otários?
LOIRA
E o lance da pedofilia... Bem... Isso... É sexo com pessoas de dezessete anos.
DIAS
Vocês não precisam de mais nada. Vamos, me matem, eu imploro, me matem.
Me matem. Ajoelha-se e implora. Eu prometo que não conto a ninguém e não tem
nenhuma câmera gravando.
RUIVO
Tá bom, tá bom, mas como nós vamos te matar?
LOIRA
Nós não vamos matar ninguém.
RUIVO
Ele está pedindo.
LOIRA
É só ele pedir que você atende, já está recebendo ordens de um estranho?
RUIVO
Você não entende que faz bem para a alma a gente atender a uma pessoa que
nunca foi ninguém na vida? Um trapo de gente que não irá a lugar nenhum? Um verme
sem pasto que não serve para nada?
DIAS
Espere aí cara, quem te deu ordem para satisfazer seu espírito me matando?
Satisfaça seu espírito com outras coisas mais proveitosas do que minha morte.
LOIRA
Vamos embora. Daqui a pouco amanhece.
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DIAS
Ninguém sai daqui sem antes me matar. Ou eu os denuncio para a polícia. Faço
retrato falado e tudo.
LOIRA
Mas como nós vamos te matar? Com esse bisturi?
DIAS
Jamais! Não quero ser retalhado feito um defunto qualquer!
RUIVO
Eu tenho uma novidade: você já é “um qualquer”!
DIAS
Esse é um de meus grandes dramas: ser um qualquer.
LOIRA
E você tinha pretensões de ser alguém?
DIAS
Um artista, uma celebridade, um político famoso, mas olha aonde eu vim parar!
Retalhando corpos desses infelizes todas as madrugadas! Os familiares me odeiam,
dizem que eu profano corpos! Noutro dia levei uma cusparada na cara! E minhas
olheiras, estão tão profundas!
LOIRA
Deixa eu ver de perto. É. Estão mesmo. Já experimentou tratamento a laser?
DIAS
Não, tenho medo de ficar cego.
RUIVO
Você não deu muita atenção ao motivo que trouxe a gente até aqui.
DIAS
Vocês são dois degenerados, dois inconseqüentes.
RUIVO
Viemos roubar um corpo para vender.
LOIRA
Haverá um desfile de um estilista famoso. O cara é louco. Louco mas com muita
fama e prestígio. A mídia está ansiosa por sua nova coleção e seu novo desfile, que vai
usar modelos mortos. Mas não os tradicionais, os mortos de verdade.
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DIAS
E daí, o que eu tenho com isso?
RUIVO
Eu pensei: você quer ser famoso. Toparia morrer por isso? Imagine: você sendo
fotografado por milhares de pessoas, seu corpo exposto em blogs e sites do mundo
inteiro.
DIAS
Entendi... Sim, entendi... Eu morro, participo do desfile e fico famoso para o
resto da vida!
LOIRA
Para o resto da vida não...
DIAS
É... Para o resto da morte! Vocês são a minha salvação... Finalmente eu terei
algum sentido para a minha vida! Finalmente eu serei alguém, finalmente serei
conhecido e famoso! É a melhor coisa que aconteceu comigo desde que eu nasci!
RUIVO
E como nós vamos te matar?
DIAS
Não sei. Eu queria uma morte fantasiosa. Cinematográfica!
Quase um transe. Um halo de luz. Canta uma música antiga e saudosista. Um clima
noir. No final da música, Dias põe uma mão na cabeça e cai.
LOIRA
O que foi?
DIAS
Aneurisma.
RUIVO
Aneurisma, o que é isso?
LOIRA
É algum problema no rim?
DIAS
São dois! Dois rins! Vem cá rapaz, essa tinta que você usa no cabelo não está
afetando seu cérebro?
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RUIVO
Não. Que besteira é essa agora? Ta todo mundo usando essa tinta, ela protege os
cabelos dos raios infravermelhos. Você não viu na propaganda?
DIAS
Não, não vi nada, mas sei que aneurisma é uma espécie de varize que se forma
no cérebro em algum momento explode inundando o cérebro com sangue.
RUIVO
Céus!
LOIRA
E você queria morrer assim?
DIAS
Cantando. Envolto em aplausos.
RUIVO
Mas aqui você não pode morrer assim, a não ser que queira fantasiar.
LOIRA
Mas os patrocinadores querem mortes realistas.
DIAS
Patrocinadores?
LOIRA
Os patrocinadores do desfile. Querem mortes simples, sem glamour. O glamour
fica por conta deles. Querem vender seus produtos à maneira deles.
RUIVO
Vai se decidir ou não, está quase amanhecendo, temos de ir embora!
DIAS
Calminha aí, não vão a lugar nenhum. Eu tenho que decidir como quero morrer.
LOIRA
Então decida logo. A gente te mata e você desfila a coleção do cara. Nós
ganhamos uma grana, você fica famoso e fim de conversa!
DIAS
Eu não sei se estou disposto a morrer para ter sucesso, eu queria prestígio! E
esse tipo de fama instantânea não dá prestígio!
RUIVO
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Caralho! Para que serve o prestígio? O que importa é o sucesso que você vai
fazer! E todos serão esquecidos mesmo! Quem você pensa que é Getúlio Vargas? Pensa
que vai entrar para os livros de História? O que importa é que vamos realizar seu desejo
e vamos ganhar um bom dinheiro com isso.
DIAS
Dinheiro, dinheiro! Vocês só pensam em dinheiro?
LOIRA
Claro que só pensamos em dinheiro. Pensa que somos de outro planeta?
DIAS
Você toparia ser fotografada nua?
LOIRA
Mas isso é tão banal, uma bunda a mais, um cu a menos...
RUIVO
Por uma boa grana eu toparia. Aliás, por alguma grana e umas aparições na TV...
Já está nu sentado ao lado do defunto autopsiado. Flashes. Dias, que parece ser outra
pessoa, passa uma espécie de óleo pelo corpo do Ruivo. Loira, que também parece uma
outra pessoa, ri sem parar.
RUIVO
Meu corpo estampado nas bancas do centro da cidade, em sites de putaria, em
programas vespertinos para as donas de casa ociosas... Seria demais!
LOIRA
Tem um banheiro nesse lugar?
DIAS
Tem. Saia por aquela porta, é no final do corredor. E nem pense em fugir.
LOIRA
Relaxa! Tudo tem seu preço! Qual é o seu?
DIAS
Vai ao banheiro ou não? Loira sai. Um tempo. Você teria mesmo coragem,
rapaz, de ficar assim nu na frente de estranhos? Não acha indigno?
RUIVO
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Mas eu vou ser conhecido, todo mundo vai saber dos meus talentos. Além do
mais é só você imaginar que está como esse cara aí: morto!
DIAS
Vazio!
RUIVO
E tem alguém por aqui cheio de alguma coisa, a não ser medo e infelicidade?
Tem alguém repleto de outra coisa senão sede e fome?
DIAS
Falando assim até parece que você leu a Bíblia.
RUIVO
Eu já li a Bíblia. Um tempo. Mas isso não vem ao caso. Eu queria te fazer uma
pergunta. Você curte outros caras? Porque se você curte... É só você me dar... Me dar
um negocinho... Um trocado... Que a gente pode até afazer alguma coisa. Claro que eu
não curto essas coisas, o cara quando é homem é homem e acabou, mas todo mundo
precisa de dinheiro... O governo não ajuda ninguém, os santos do altar não ajudam
ninguém, o estudo não ajuda ninguém, ninguém ajuda ninguém, sabe como é a gente
poderia...
DIAS (ameaçador)
Vem cá, tá pensando que eu gosto de homem é rapaz? Não! Eu não gosto de
homem!
LOIRA
O que está acontecendo?
DIAS
Eu gosto é de mulher rapaz!
RUIVO
Mas é que eu pensei...
DIAS
Pensou o quê?
RUIVO
Mas você é um travesti!
DIAS
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Eu, travesti?
LOIRA
Você não é um travesti?
DIAS
Claro que não!
RUIVO
Mas você está vestido de mulher, com essa peruca, esse batom, esse sapato
alto...
DIAS
Eu me visto assim para trabalhar! Essa roupa fica guardada em meu armário,
quando todos vão embora eu me visto assim porque gosto, seus idiotas!
LOIRA
Quer dizer que todos os dias você se veste assim para trabalhar, para retalhar
corpos?
DIAS
Retalhar corpos não, eu sou médico legista! Eu faço autópsias para saber do que
as pessoas morreram. E eu me visto assim porque acho bonito. O universo feminino é
tão surpreendente, tão fantasioso, tão bonito, a moda foi feita para as mulheres! E agora
vem você me cantar!
LOIRA
Você estava cantando ele? Você é viado?
RUIVO
Claro que não!
LOIRA
Se você for não tem problema...
RUIVO
Eu gosto é de mulher!
LOIRA
Vá vestir sua roupa!
RUIVO
Tudo culpa desse desgraçado mentiroso!
DIAS
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Alto lá, e agora você vem me acusar de ser mentiroso? Você estava me cantando
em troca de dinheiro, seu puto escroto! Pois eu tenho dinheiro aqui, qual é o seu preço?
(Retira um maço de notas do cu do defunto) Qual é o seu preço?
RUIVO
Eu não me vendo, seu desgraçado!
DIAS
Todo mundo tem seu preço. Vamos, essa carne deitada nessa mesa vale pouco, a
de vocês vale muito mais. Carne viva tem um preço mais alto. Quem vai patrocinar
vocês? Vamos, diga qual o preço! Quanto cobra por uma chupetinha? Não querem
aparecer na TV? Vão ter que chupar muito, de uma forma ou de outra. Vamos, a carne
de vocês está à venda! A carne de quem não está?
RUIVO
Repete isso que eu vou te socar seu desgraçado!
Ataca Dias, que dá-lhe um soco, Loira corre para separar os dois. É arremessada
contra a parede. Levanta-se e atraca-se com os dois. Quando se separam Ruivo está
coberto de sangue. Segura o pescoço e tenta gritar, mas não consegue. Cai.
LOIRA
Você o matou! Seu puto desgraçado!
DIAS
Eu matei? Você está louca? Quem está segurando o bisturi?
LOIRA
Ele.
DIAS
E você também!
LOIRA
Mas eu não o matei, eu não sou assassina!
DIAS
E eu não sei de nada, quando vi ele já estava caindo todo ensangüentado. Deixa
eu ver se morreu mesmo. É. Está morto. Corte profundo na traquéia e na jugular.
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LOIRA
Ai meu Deus, o que nós fizemos!
DIAS
Eu não fiz nada, vocês que invadiram meu local de trabalho querendo roubar um
corpo.
LOIRA
Estamos fritos! O que vamos dizer?
DIAS
E eu queria tanto morrer! Até pra isso eu sou azarado!
LOIRA
Eu ainda tenho que terminar a faculdade. Eu quero... E tentar fazer sucesso e ter
minha família e ser feliz. Eu queria tanto ser feliz. Eu queria tanto ser famosa, tanto!
DIAS olhando pela janela
Esse último sonho você vai realizar mocinha, já amanheceu, o pessoal do turno
da manhã está chegando. Hoje mesmo você aparece nos noticiários.
LOIRA
É mesmo?
DIAS
Qual emissora você quer que a gente chame primeiro?
LOIRA
A de maior audiência. Tome essa câmera, faça um filme amador e venda bem
caro com exclusividade para a emissora, depois a gente divide a grana. Em seguida você
posta o vídeo na internet.
DIAS
Mas eu não posso ficar vestido assim. Os colegas vão rir de mim!
LOIRA
Espere eu passar meu batom novo, essa cor está na moda, vamos comece a
filmar!
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Dias liga a câmera e começa a filmar. Escurece.
FIM
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