Desde os primórdios da humanidade, a magia esteve presente como forma de
compreender, interagir e influenciar o mundo ao redor. Muito antes da ciência como
conhecemos, nossos ancestrais buscavam nos elementos naturais — como o fogo, o vento,
os astros e os animais — sinais, respostas e formas de proteção.
Nas primeiras sociedades tribais, a magia era inseparável da religião e da medicina. Xamãs,
curandeiros e sacerdotisas conduziam rituais de cura, colheita, proteção e comunicação
com os espíritos. Esses conhecimentos eram considerados sagrados e transmitidos
oralmente, de geração em geração. O uso de ervas, talismãs e cantos cerimoniais era
comum, e o contato com forças invisíveis fazia parte da vida cotidiana.
Com o surgimento das grandes civilizações — Egito, Babilônia, Grécia, Roma — a magia
passou a coexistir com sistemas religiosos e filosóficos mais estruturados. No Egito Antigo,
por exemplo, a magia (heka) era uma força divina legítima, usada por sacerdotes e faraós
para manter a ordem cósmica (Maat). Na Grécia, figuras como as pitonisas de Delfos
mostravam como o oráculo e a visão mágica eram integrados à vida pública.
Durante a Idade Média, com a ascensão do cristianismo na Europa, práticas mágicas foram
frequentemente perseguidas e demonizadas. A Inquisição e os julgamentos por bruxaria
marcaram séculos de medo e repressão. Ainda assim, muitas tradições sobreviveram nas
entrelinhas da cultura popular e nos saberes das mulheres que curavam com ervas ou
faziam rezas, parteiras e benzedeiras.
Com o Renascimento, o interesse pela alquimia, astrologia e hermetismo ressurgiu,
influenciado por fontes clássicas e orientais. Autores como Paracelso e Agrippa marcaram o
início de uma nova era de magia intelectualizada.
No século XX, a magia passou por novas reformulações com o surgimento da Wicca, da
Thelema e de diversas correntes de magia cerimonial, natural e popular. Hoje, a magia é
estudada sob múltiplas óticas: espiritual, psicológica, cultural e histórica. Muitos praticantes
contemporâneos resgatam tradições ancestrais ao mesmo tempo em que adaptam rituais
ao cotidiano urbano e moderno, reforçando a magia como uma prática viva, transformadora
e profundamente ligada ao autoconhecimento.