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Teoria Do Fato Jurídico 07 - Teoria Das Invalidades

O documento aborda a teoria das invalidades e defeitos do negócio jurídico, destacando os pressupostos de validade e as sanções aplicáveis, como nulidade e anulabilidade. Discute também as diferenças entre atos inválidos e inexistentes, além de apresentar um quadro comparativo entre nulidade e anulabilidade, incluindo suas causas e efeitos. Referências bibliográficas são fornecidas para fundamentar os conceitos apresentados.
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Teoria Do Fato Jurídico 07 - Teoria Das Invalidades

O documento aborda a teoria das invalidades e defeitos do negócio jurídico, destacando os pressupostos de validade e as sanções aplicáveis, como nulidade e anulabilidade. Discute também as diferenças entre atos inválidos e inexistentes, além de apresentar um quadro comparativo entre nulidade e anulabilidade, incluindo suas causas e efeitos. Referências bibliográficas são fornecidas para fundamentar os conceitos apresentados.
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Universidade Federal da

Universidade do Estado da
Bahia
Bahia
Faculdade de Direito
Campus IV - Jacobina
Graduação em Direito
Departamento de Ciências
Departamento de Direito
Humanas
Privado
Graduação em Direito
Teoria Geral do Direito
Direito Civil I (DIR007)
Civil II (DIRA86)
Professor: Emanuel Lins Freire Vasconcellos
Teoria das invalidades e defeitos do negócio jurídico

Referências: (1) MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico: plano da validade. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014; (2) LÔBO, Paulo. Direito Civil: parte geral. 8. ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2019.

1. Fatos jurídicos que passam pelo plano da validade: atos jurídicos lícitos lato sensu

Atos jurídicos stricto sensu

Negócios jurídicos

2. Pressupostos de validade

Capacidade do agente (e legitimação, eventualmente)

Vontade livre e desembaraçada (perfeição da manifestação de vontade ou ausência de defeitos invalidantes)

Licitude, possibilidade e determinabilidade do objeto

Forma adequada

3. Invalidade como sanção: aplicada pelo ordenamento jurídico para punir certa espécie de ato
contrário a direito (= ilícito)

Observação: alguns doutrinadores recusam o caráter de ilicitude à invalidade por entenderem que as normas
jurídicas cuja infração resulta em nulidade teriam a natureza de “normas técnicas” (= normas que estabelecem
meios formais, procedimentos para que seja alcançado certo fim), do que resultaria a impossibilidade de tê-la
(a invalidade) como uma sanção em sentido próprio. Também por isso não caberia falar em ilicitude.

4. Considerações preliminares

4.1. Ordem pública: normas cogentes (ato com objeto ilícito ou impossível, por exemplo)

4.2. Ordem privada: prejudicam diretamente as pessoas em seus interesses particulares,


privados, mas que, pelas suas consequências ilícitas, não podem ser admitidos no mundo
jurídico como se fossem perfeitos

5. Graus da invalidade

5.1. Nulidade: sanção mais enérgica, acarretando, em geral, a ineficácia erga omnes do ato
jurídico quanto a seus efeitos próprios, além da insanabilidade do vício (salvo exceções
bem particularizadas)

5.2. Anulabilidade: cujos efeitos são relativizados somente às pessoas diretamente


envolvidas no ato jurídico, o qual produz sua eficácia específica, integralmente, até que

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sejam desconstituídos, o ato e seus efeitos, mediante impugnação em ação própria,


podendo ser convalidado pela confirmação ou decurso do tempo.

6. Divergências terminológicas: nulidade absoluta e nulidade relativa (doutrina francesa)

6.1. Nulidade absoluta: cujo fundamento é de ordem pública (como na ilicitude do objeto) e
que, por essa razão, são tratadas com mais rigor; são insanáveis e, por terem, em geral,
eficácia erga omnes, podem ser alegadas por qualquer interessado, inclusive pelo
Ministério Público, cabendo ao juiz decretá-las de ofício (= sem provocação das partes),
tanto que tome conhecimento do ato ou de seus efeitos. Por isso, seriam absolutas.

6.2. Nulidade relativa: diferentemente, há outras que, por dizerem respeito, mais
especificamente, a interesses privados e pessoais, têm sua eficácia relacionada,
exclusivamente, às pessoas que sofrem diretamente as consequências do ato jurídico, as
quais, por sua vontade, podem sanar o vício; desse modo, seriam relativas a essas
pessoas, mesmo porque somente a elas se reconhece legitimidade para alegá-las em ação
própria ou como defesa.

6.3. Críticas: há hipóteses que a lei estabelece nulidade para interesses de ordem pessoal,
como no caso do legado deixado por pessoa casada a concubino (art. 1.900, V), cuja
legitimação é deferida apenas ao cônjuge e seus descendentes. Por isso, parte da doutrina
que não adota a terminologia francesa diferencia nulidade relativa (ato nulo que só pode
ser atacado pela pessoa diretamente prejudicada) e nulidade absoluta (quando, pela sua
natureza de ordem pública, são alegáveis por qualquer interessado, inclusive o Ministério
Público, e decretáveis de ofício pelo juiz)

6.4. Outra terminologia: nulidades de pleno iure (que podem ser alegadas por qualquer
interessado, inclusive o Ministério Público, e decretadas de ofício pelo juiz) e nulidades
dependentes de alegação (que correspondem às ditas relativas)

7. Ato inválido e ato inexistente

7.1. Ato inválido: quando há defeito em alguma condição requerida para a validade do ato
jurídico
7.2. Ato inexistente: quando lhe falta um elemento essencial à sua formação de tal modo que
não se possa conceber o ato na ausência desse elemento

Críticas: ato inexistente não é categoria jurídica porque se trata de mera situação fática, uma vez que o
ato não chegou a entrar no mundo do direito por não ter se realizado, suficientemente, seu suporte
fático. Além disto, se é inexistente não precisa ser desconstituído porque nunca existiu; pode haver
necessidade de declaração da inexistência, não de desconstituição.
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8. Espécies de invalidade

8.1. Total e parcial: quando alcança todo o ato jurídico (total) ou apenas parte dele é
considerada inválida, permanecendo válido o restante (parcial).

CC, art. 184: “Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o
prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das
obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.”

8.2. Substancial (material) e formal

Substancial: quando resulta de violação de norma de direito material, que diz respeito ao conteúdo, à
matéria de que trata o ato jurídico (como a incapacidade dos figurantes, a ilicitude e impossibilidade do
objeto, os defeitos do ato jurídico e a infração de normas cogentes, exceto as processuais)

Formal: decorre de violação de normas jurídicas sobre forma (normas de direito formal),
independentemente do ramo do direito em que se encontrem situadas (como as processuais, em geral,
as que violam normas do Código Civil sobre forma dos atos jurídicos).

Sanabilidade: a invalidade substancial é praticamente irremovível; a formal é, geralmente, relevável,


e, em qualquer hipótese, removível pela repetição (na nulidade) ou pela confirmação (na anulabilidade)

8.3. De pleno iure (absoluta) e dependente de alegação (relativa)

De pleno iure (absoluta): aquela que se caracteriza pela relevância, em seus fundamentos, de interesse
de ordem pública. Opera ipso iure, pode ser alegada por qualquer interessado e pelo Ministério Público
e é decretável pelo juiz, quando conhecer do ato ou de seus efeitos e a encontrar provada (vide art. 168
do CC).

Dependente de alegação (relativa): aquela que, em face da predominância dos interesses patrimoniais
particulares, somente o interessado tem legitimidade para alegá-la, não sendo possível a sua decretação
pelo juiz sem provocação do figurante (vide art. 177 do CC).

9. Das causas de nulidade (arts. 166 e 167, CC)

Observação 1: há várias situações em que normas jurídicas específicas declaram nulos certos atos jurídicos
(como os arts. 548 e 549, e.g.)

Observação 2: há atos nulos que produzem efeitos, como o casamento putativo (art. 1.561)

10. Das causas de anulabilidade em geral (art. 171, CC)


10.1. Falta de assentimento
10.1.1. Dos pais, tutor ou curador (assentimento assistencial)
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10.1.2. De terceiro (resguardativo)

10.2. Defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores)

10.3. Expressa imposição de lei

11. Quadro comparativo entre nulidade e anulabilidade (Flávio Tartuce)

Negócio nulo (nulidade) Negócio anulável (anulabilidade)


Viola matéria de ordem pública Viola matéria de ordem privada
Ação declaratória de nulidade, imprescritível Ação anulatória, com previsão de prazos decadenciais
Não pode ser suprida nem sanada, inclusive pelo juiz Pode ser suprida, sanada, inclusive pelas partes
(exceção: conversão do negócio jurídico – art. 170, CC) (convalidação livre)
Ministério Público pode intervir. Cabe decretação de Ministério Público não pode intervir, somente os
ofício pelo juiz interessados. Não cabe decretação de ofício pelo juiz
Sentença da ação declaratória tem efeitos erga omnes e ex Sentença da ação declaratória tem efeitos inter partes e ex
tunc nunc

12. Quadro comparativo entre nulidade e anulabilidade (Marcos Bernardes de Mello)

Quanto à Nulidade Anulabilidade

Decretável de ofício pelo juiz (art. 168,


parágrafo único)

Exceção: hipóteses em que o juiz Somente mediante alegação do


Decretabilidade somente poderá decretar a nulidade interessado (art. 177)
mediante alegação de interessados
(como os sócios ou associados no
caso do art. 45, parágrafo único)

Qualquer interessado e MP (art. 168,


caput)

Alegabilidade Somente interessados diretos (art. 177)


Exceção: casos em que somente
interessados podem arguir (art. 45,
parágrafo único)

Insanável. Repetível (quando possível).


Sempre sanável por confirmação (arts.
Sanabilidade Exceção: nulidade de atos
172-3)
colegiados de pessoas jurídicas
(art. 48, parágrafo único)

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Teoria das invalidades e defeitos do negócio jurídico

Imprescritível.
Sempre prescritível em prazos diversos
Prescritibilidade Exceção: espécies de caducidades
previstos em lei (arts. 178-9)
previstas no CC (art. 45, p.u., e 48,
p.u.)

Desnecessária, salvo quando há registro


ou em razão da natureza do ato.
Desconstituição do ato Sempre necessária
Exemplos: nulidade de casamento,
de constituição de pessoa jurídica

Desnecessária, pois a eficácia do nulo é


apenas aparente (em geral não produz
Sempre necessária, porque o ato
Desconstituição dos efeitos efeitos jurídicos, de modo que não há o
anulável produz todos os seus efeitos até
(deseficacização) que desconstituir – e, quando produz,
ser anulado
como na putatividade, são
irremovíveis)
Eficácia Ineficaz, salvo em caso de putatividade Sempre eficaz até ser desconstituído
Desconstitutiva do ato (constitutiva
Natureza da decisão Desconstitutiva do ato e seus efeitos
negativa)

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