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RevistaGDH 05

O documento aborda a evolução dos discos rígidos, desde o IBM 350 de 1956 até os modelos modernos com capacidades superiores a 1 TB. Ele detalha como os HDs funcionam, incluindo a estrutura interna, os mecanismos de leitura e gravação, e a importância da pressão do ar e do design para o desempenho e durabilidade. Além disso, menciona as tecnologias utilizadas para proteger os discos e evitar danos durante o uso.

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O documento aborda a evolução dos discos rígidos, desde o IBM 350 de 1956 até os modelos modernos com capacidades superiores a 1 TB. Ele detalha como os HDs funcionam, incluindo a estrutura interna, os mecanismos de leitura e gravação, e a importância da pressão do ar e do design para o desempenho e durabilidade. Além disso, menciona as tecnologias utilizadas para proteger os discos e evitar danos durante o uso.

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Ano 1 - Nº 5 - Maio

2007 Especial

Tudo o que você sempre quis saber sobre os HDs


(e não tinha coragem de perguntar :) por Carlos E. Morimoto

Sem dúvida, o disco rígido foi um dos


componentes que mais evoluiu na
história da computação. O primeiro disco
rígido (o IBM 350) foi construído em
1956, e era formado por um conjunto de
nada menos que 50 discos de 24
polegadas de diâmetro, com uma
capacidade total de 4.36 MB (5 milhões de
caracteres, com 7 bits cada um), algo
espantoso para a época. Comparado com
os discos atuais, este pioneiro custava
uma verdadeira fortuna: 35 mil dólares.
Porém, apesar de inicialmente,
extremamente caros, os discos rígidos
foram tornando-se populares nos
sistemas corporativos, pois forneciam um
meio rápido de armazenamento de dados.
Foto original: Matt & Kim Rudge's photos
http://www.flickr.com/photos/mattandkim/

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Ano 1 - Nº 5 - Maio
2007 | Especial
Foram produzidas cerca de 1000 unida- De lá pra cá, tivemos uma evolução Para atingir a perfeição necessária, o disco
des do IBM 350 entre 1956 e 1961, notável. Hoje em dia os HDs já ultrapas- é polido em uma sala limpa, até que se
quando a produção foi descontinuada em saram a marca de 1 TB, utilizam grava- torne perfeitamente plano. Finalmente,
favor de versões mais modernas. Esta ção perpendicular e interfaces SATA 300. vêm a parte final, que é a colocação da
foto rara, cortesia do museu digital da São brutalmente mais rápidos que os superfície magnética nos dois lados do
IBM dá uma idéia das suas dimensões: modelos antigos e também mais baratos. disco.
Mesmo com o barateamento da memória
Flash, os HDs ainda continuam imbatí- Como a camada magnética tem apenas
veis na hora de armazenar grandes alguns mícrons de espessura, ela é recoberta
quantidades de dados. por uma fina camada protetora, que oferece
alguma proteção contra pequenos impactos.
Esta camada é importante, pois apesar dos
Como um HD funciona discos serem encapsulados em salas limpas,
eles internamente contêm ar, com pressão
ambiente.
Dentro do disco rígido, os dados são gra-
vados em discos magnéticos, chamados Os discos são montados em um eixo
de platters. O nome "disco rígido" vem também feito de alumínio, que deve ser
justamente do fato dos discos internos sólido o suficiente para evitar qualquer
serem extremamente rígidos. vibração dos discos, mesmo a altas rota-
ções. Este é mais um componente que
Os platters são compostos de duas ca- passa por um processo de polimento, já
madas. A primeira é chamada de subs- que os discos devem ficar perfeitamente
trato, e nada mais é do que um disco presos e alinhados. No caso de HDs com
metálico, feito de ligas de alumínio. Mais vários discos, eles ao separados usando
IBM 350 recentemente, alguns fabricantes passa- espaçadores, novamente feitos de ligas
ram a utilizar também vidro, que oferece de alumínio.
Como você pode ver, o IBM 350 não algumas vantagens, como a maior dure-
era exatamente um "disco rígido" den- za, embora também seja mais difícil de Finalmente, temos o motor de rotação,
tro da concepção que temos hoje em se trabalhar. Os primeiros HDs com dis- responsável por manter uma rotação
dia. O gabinete tinha 1.70m de altura e cos de vidro foram os IBM Deskstar constante. O motor é um dos maiores
quase o mesmo de comprimento e pesa- 75GXP, lançados em 2001. responsáveis pela durabilidade do disco
va quase uma tonelada. Na época ele era rígido, pois uma grande parte das falhas
chamado de "unidade de disco" (termo Independentemente do material usado, o graves provém justamente do motor.
ainda usado hoje em dia por alguns) e podia disco precisa ser completamente plano.
ser acoplado a diversos computadores pro- Como os discos giram a grandes velocida- Os HDs mais antigos utilizavam motores
duzidos pela IBM. O termo "disco rígido" só des e as cabeças de leitura trabalham ex- de 3.600 rotações por minuto, enquanto
surgiu duas décadas depois, junto com os tremamente próximas da superfície mag- que atualmente, são utilizados motores
modelos mais compactos. nética, qualquer variação seria fatal. de 5.400, 7.200 ou 10.000 RPM.

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Nos HDs de notebook ainda são comuns Basicamente temos um eletroímã na Para que o HD possa posicionar a cabeça
motores de 4.200 RPM, mas os de 5.400 base do braço móvel, que permite que de leitura sobre a área exata referente à
RPM já são maioria. Embora não seja o a placa controladora o movimente vari- trilha que vai ser lida, existem sinais de
único, a velocidade de rotação é sem dú- ando rapidamente a potência e a pola- feedback gravados na superfícies do disco,
vidas o fator que influencia mais direta- ridade do ímã. Apesar de parecer sus- que orientam o posicionamento da cabeça
mente o desempenho. peito à primeira vista, esse sistema é de leitura. Eles são sinais magnéticos es-
muito mais rápido, preciso e confiável peciais, gravados durante a fabricação dos
Para ler e gravar dados no disco, são que os motores de passo. Para você ter discos (a famosa formatação física), que
usadas cabeças de leitura eletromag- uma idéia, os HDs do início da década são protegidos através de instruções de
néticas (heads) que são presas a um de 80, com motores de passo, utiliza- bloqueio incluídas no firmware do HD con-
braço móvel (arm), o que permite seu vam apenas 300 ou 400 trilhas por po- tra alteração posterior. Estes sinais elimi-
acesso a todo o disco. O braço de leitura legada, enquanto um Seagate nam os problemas de desalinhamento que
é uma peça triangular, também feita de ST3750640AS (de 750 GB) atual utiliza existiam nos primeiros HDs.
ligas de alumínio, para que seja ao nada menos do que 145.000.
mesmo tempo leve e resistente. O me-
Aqui temos um diagrama mostrando os principais componentes do HD:
canismo que movimenta o braço de lei-
tura é chamado de actuator.

Nos primeiros discos rígidos, eram usa-


dos motores de passo para movimentar
os braços e cabeças de leitura. Eles são
o mesmo tipo de motor usado nos dri-
ves de disquete, onde ao receber um
impulso elétrico o motor move o braço
por uma curta distância, corresponden-
te ao comprimento de uma trilha. O
problema é que eles eram muito susce-
tíveis a problemas de desalinhamento e
não permitiam densidades de gravação
muito altas.

Os discos contemporâneos (qualquer


coisa acima de 80 MB) utilizam um
mecanismo bem mais sofisticado para
esta tarefa, composto por um disposi-
tivo que atua através de atração e re-
pulsão eletromagnética, sistema cha-
mado de voice coil.

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Ao ler um arquivo, a controladora posici- Apesar disso, quando os discos giram à Os discos magnéticos são montados dire-
ona a cabeça de leitura sobre a trilha alta rotação, forma-se uma espécie de tamente sobre o eixo do motor de rota-
onde está o primeiro setor referente a colchão de ar, que repele a cabeça de ção, sem o uso de correias ou qualquer
ele e espera que o disco gire até o setor leitura, fazendo com que ela fique sem- coisa do gênero. É justamente este de-
correto. Este tempo inicial, necessário pre a alguns nanometros de distância sign simples que permite que os discos
para iniciar a leitura é chamado de tem- dos discos. É o mesmo princípio utilizado girem a uma velocidade tão grande.
po de acesso e mesmo em HDs atuais de na asa de um avião; a principal diferença
7.200 RPM fica em torno de 12 milésimos neste caso é que a cabeça de leitura é Embora mais potente e muito mais durável,
de segundo, o que é uma eternidade em fixa, enquanto os discos é que se mo- o motor de rotação usado nos HDs é similar
se tratando de tempo computacional. O vem, mas, de qualquer forma, o efeito é aos usados nos coolers. Nos HDs antigos,
HD é relativamente rápido ao ler setores o mesmo. Como veremos a seguir, os eram usados motores sleeve bearing, o sis-
seqüenciais, mas ao ler vários pequenos HDs não são fechados hermeticamente, tema mais simples e menos durável, que foi
arquivos espalhados pelo HD, o desem- muito menos a vácuo, pois é necessário usado nos HDs de 3600 RPM. Em seguida,
penho pode cair assustadoramente. É por ar para criar o efeito. foram adotados motores ball-bearing, onde
isso que existem programas desfragmen- são usados rolamentos para aumentar a
tadores, que procuram reorganizar a or- Esta foto mostra a cabeça de leitura "flu- precisão e a durabilidade. Nos HDs moder-
dem dos arquivos, de forma que eles se- tuando" sobre o disco em movimento. A nos, é utilizado o sistema fluid-dynamic be-
jam gravados em setores contínuos. distância é tão curta que mesmo ao vivo aring, onde os rolamentos são substituídos
você tem a impressão de que a cabeça por um fluído especial, que elimina o atrito,
Outro dado interessante é a maneira como está raspando no disco, embora na reali- reduzindo o ruído e o nível de vibração.
as cabeças de leitura lêem os dados, sem dade não esteja. Como a cabeça de lei- Aqui temos o mesmo HD da foto anterior com­
tocar na camada magnética. Se você tiver a tura se movimenta rapidamente durante pletamente desmontado, mostrando o interior
oportunidade de ver um disco rígido aberto, a operação do disco, é muito difícil tirar do motor de rotação:
verá que, com os discos parados, as cabe- fotos. Para conseguir tirar esta, precisei
ças de leitura são pressionadas levemente "trapacear", desmontando o actuator e
em direção ao disco, tocando-o com uma suavemente movendo a cabeça da área
certa pressão. Aqui temos o braço de leitu- de descanso para o meio do disco :).
ra de um HD, depois de removido.
Veja que mesmo sem o disco magnético entre
elas, as duas cabeças de leitura pressio­
nam­se mutuamente:

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Assim como a maioria dos modelos de Em qualquer HD, você encontra um pe- Enquanto o HD está desligado, as cabeças
baixa capacidade, este HD utiliza um queno orifício para entrada de ar (geral- de leitura ficam numa posição de descanso.
único disco, mas a maioria dos modelos mente escondido embaixo da placa lógica), Elas só saem dessa posição quando os dis-
utiliza dois, três ou quatro, que são mon- que permite que pequenas quantidades de cos já estão girando à velocidade máxima.
tados usando espaçadores. O HD possui ar entram e saiam, mantendo a pressão in- Para prevenir acidentes, as cabeças de lei-
duas cabeças de leitura para cada disco terna do HD sempre igual à do meio ambi- tura voltam à posição de descanso sempre
(uma para cada face), de forma que um ente. Este orifício é sempre protegido por que não estão sendo lidos dados, apesar
HD com 4 discos utilizaria 8 cabeças de um filtro, que impede a entrada de partícu- dos discos continuarem girando.
leitura, presas ao mesmo braço móvel. las de poeira.
É justamente por isso que às vezes, ao sofrer
Embora usar mais discos permita cons- Devido a isso, a pressão do ar tem uma um pico de tensão, ou o micro ser desligado
truir HDs de maior capacidade, não é certa influência sobre a operação do HD. enquanto o HD é acessado, surgem setores
comum que os fabricantes utilizem mais Os HDs são normalmente projetados para defeituosos. Ao ser cortada a energia, os
de 4, pois a partir daí torna-se muito difí- funcionar a altitudes de até 3.000 metros discos param de girar e é desfeito o colchão
cil (e caro) produzir componentes com a acima do nível do mar. Em altitudes muito de ar, fazendo com que as cabeças de leitu-
precisão necessária para manter todos elevadas, a pressão do ar é menor, com- ra possam vir a tocar os discos magnéticos.
os discos alinhados. Antigamente, era prometendo a criação do colchão de ar.
comum que HDs de alta capacidade (e Para casos extremos, existem HDs pressu- Para diminuir a ocorrência deste tipo de
alto custo :), sobretudo os destinados a rizados, que podem trabalhar a qualquer acidente, nos HDs modernos é utilizado um
servidores, possuíssem 6, ou até mesmo altitude. sistema que recolhe as cabeças de leitura
12 discos, mas eles saíram de moda a automaticamente para a área de descanso
partir da década de 90, devido à baixa Internamente, o HD possui um segundo fil- quando a energia é cortada (tecnologia
demanda. Desde então, os fabricantes tro, que continuamente filtra o ar movi- chamada de auto-parking). A área de des-
padronizaram a produção em torno dos mentado pelos discos. Ele tem a função de canso é também chamada de "landing
HDs com até 4 discos e quem precisa de capturar as partículas que se desprendam zone" e engloba algumas das trilhas mais
mais capacidade compra vários e monta dos componentes internos durante o uso, centrais do disco, uma área especialmente
um sistema RAID. devido a desgaste ou choques diversos. preparada para receber o impacto do "pou-
so" das cabeças de leitura. Uma das tecno-
Aqui temos uma foto de um, preso num
Naturalmente, qualquer HD aberto fora logias mais populares é
dos cantos da parte interna do HD:
de uma sala limpa acaba sendo impreg- a LZT (Laser Zone Tex-
nado por partículas de poeira e por isso ture), desenvolvida
condenado a começar a apresentar bad- pela IBM, onde um la-
blocks e outros defeitos depois de alguns ser é usado para pro-
minutos de operação. duzir pequenas cavi-
dades ao longo da zona
Todo HD é montado e selado num ambi- de pouso, que reduzem
ente livre de partículas, as famosas salas o atrito com a cabeça
limpas. Apesar disso, eles não são her- de leitura.
meticamente fechados.

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Outra técnica consiste em usar "rampas" fei- são perdidos, fazendo com que você sempre Naturalmente, estes ímãs não danificam os
tas de material plástico, posicionadas na área perca as últimas alterações, muitas vezes em dados armazenados (senão não estariam
externa dos discos, que suspendem as cabe- arquivos que acreditava estarem salvos. alí ;). O principal motivo disto é que eles
ças de leitura, evitando que elas toquem os estão instalados numa posição perpendicu-
discos mesmo quando eles param de girar. Por causa de tudo isso, é sempre importante lar aos discos magnéticos. Se você remo-
Esta tecnologia foi inicialmente usada em usar um nobreak em micros de trabalho. A ver os ímãs e colocá-los sobre outro HD,
HDs de notebook, mas recentemente passou longo prazo, os dados perdidos e possíveis verá que no outro dia uma boa parte dos
a ser usada também nos de 3.5" para desk- danos ao equipamento por causa de quedas dados terão sido perdidos.
tops. Ela pode parecer simples, mas na ver- de energia acabam custando muito mais do
dade exige bastante tecnologia, devido à que um nobreak popular. Se você (como todos nós) é do tipo que não
precisão necessária. consegue desmontar um micro sem deixar
Mesmo assim, por melhores que sejam as cair parafusos nos locais mais inacessíveis do
Aqui as rampas de material plástico que condições de trabalho, o HD continua sendo gabinete, tem dificuldades em colocar os pa-
suspendem as cabeças de leitura: um dispositivo baseado em componentes rafusos dos dois lados ao instalar o HD e ain-
mecânicos, que tem uma vida útil muito da por cima nunca acha uma chave de fenda
mais curta que a de outros componentes do magnética para comprar, pode usar estes
micro. De uma forma geral, os HDs para magnetos "roubados" do HD para transformar
desktop funcionam de forma confiável por de qualquer chave de fenda em uma chave
dois a três anos (num PC usado continua- magnética. Basta "encaixar" os ímãs nela
mente). Depois disso, é melhor substituir o quando quiser o efeito. Esses magnetos são
HD por um novo e mover o antigo para outro feitos de uma liga contendo neodímio e, além
micro que não armazena informações impor- de parafusos, permitem levantar objetos um
tantes, pois a possibilidade de defeitos co- pouco mais pesados, como martelos, por ex-
meça a crescer exponencialmente. emplo... ;)
Fala-se muito sobre a vulnerabilidade dos
Apesar de evitar danos físicos, o auto-parking HDs com relação a ímãs. Como os HDs arma-
nada pode fazer para evitar perda de dados zenam os dados em discos magnéticos, colo-
ao desligar o micro incorretamente. Mesmo car um ímã suficiente forte próximo a ele
que todos os arquivos estejam salvos, ainda pode apagar rapidamente todos os dados.
existem dados no cache de disco (criado pelo Existem inclusive "desmagnetizadores", que
sistema operacional usando parte de memó- são eletroímãs ligados na tomada, que
ria RAM) e também no cache do HD, que uti- você passa sobre os HDs e outros discos
liza memória SDRAM (também volátil). Para magnéticos, justamente com a intenção
acelerar as operações de gravação, todos os de apagar os dados rapidamente.
arquivos (sobretudo os pequenos) são salvos
inicialmente nos caches e depois transferidos Entretanto, se você abrir um HD condena-
para os discos magnéticos em momentos de do, vai encontrar dois ímãs surpreenden-
ociosidade. Quando o micro é desligado temente fortes instalados dentro do me-
abruptamente, os dados em ambos os caches canismo que move a cabeça de leitura.

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Naturalmente, você deve tomar cuidado de cache podem ser transferidos
não passá-los sobre discos magnéticos, a quase que instantaneamente,
menos que queira intencionalmente apagá- usando toda a velocidade
los. Se você deixar a chave em contato com permitida pela interface SATA
os ímãs por um longo período, ela continua- ou IDE, enquanto um acesso a
rá magnetizada (por algum tempo) mesmo dados gravados nos discos
depois de retirá-los. magnéticos demoraria muito
mais tempo.
Ao contrário da crença popular, chaves
magnéticas não são perigosas para os Continuando, temos o controla-
HDs, pois os magnetos usados são dor principal, um chip Marvell
muito fracos se comparados aos mag- 88i6525, que é quem executa
netos usados no mecanismo de leitura todo o processamento. Este chip
e no motor de rotação do HD. Os pró- é na verdade um SOC (system
prios discos magnéticos são relativa- on a chip), pois na verdade é
mente resistentes a forças magnéticas um conjunto de vários chips
externas, de forma que ímãs de baixa menores, agrupados dentro do
potência não oferecem grande perigo. mesmo encapsulamento.

Veja que a placa possui apenas três chips. O Por exemplo, este HD é um modelo SATA. A
A placa controladora maior, no canto superior é um Samsung controladora da placa mãe se comunica
K4S641632H-UC60. Você pode notar que com ele utilizando comandos padronizados,
A placa lógica, ou placa controladora é a ele é muito semelhante a um chip de me- que são comuns a qualquer HD SATA. É por
parte "pensante" do HD. Com exceção mória, e na verdade é :). Ele é um chip de isso que você não precisa instalar um driver
dela, o HD é um dispositivo relativamente memória SDRAM de 8 MB, que armazena o especial para cada modelo de HD, precisa
simples, composto por uma série de dis- cache de disco. Até pouco tempo, os HD uti- apenas de um driver padrão, que sabe se
positivos mecânicos. É a controladora que lizavam chips de memória SRAM, mas os comunicar com qualquer HD. Internamente,
faz a interface com a placa mãe, controla fabricantes passaram a utilizar cada vez estes comandos SATA são processados e
a rotação do motor e o movimento das mais chips de memória SDRAM convencio- convertidos nos comandos que irão moder
cabeças de leitura, de forma que elas lei- nal para reduzir o custo de produção. Na a cabeça de leitura, fazer girar os discos até
am os setores corretos, faz a verificação prática não muda muita coisa, pois apesar o ponto correto e assim por diante. O sis-
das leituras, de forma a identificar erros e de ser mais lenta, a memória SDRAM ofere- tema operacional não gerencia diretamente
se possível corrigi-los usando os bits de ce desempenho suficiente para a tarefa. o cache de disco, quem faz isso é a própria
ECC disponíveis em cada setor, atualizar controladora, que esforça para usá-lo da
e usar sempre que possível os dados ar- Assim como no caso dos processadores, o forma mais eficiente possível.
mazenados no cache de disco (já que cache é um componente importante para
acessá-lo é muito mais rápido do que fa- o desempenho do HD. Ele armazena os Naturalmente, tudo isso exige processa-
zer uma leitura nas mídias magnéticas), e dados acessados, diminuindo bastante o mento, daí a complexidade interna do chip
assim por diante. número de leituras. Dados armazenado no controlador.

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Apesar de pequena, a placa controladora A placa controladora é um componente Remover a placa é simples, basta usar uma
de um disco atual é muito mais sofistica- "externo" do HD, que pode ser rapidamen- chave torx para remover os parafusos e de-
da do que um micro antigo inteiro (um te substituído caso necessário. Grande par- sencaixar a placa com cuidado. Na maioria
286 por exemplo). Elas possuem mais te (talvez até a maioria) dos casos onde o dos HDs atuais, a placa é apenas encaixada
poder de processamento e até mesmo HD "queima" devido a problemas na rede sobre os contatos, mas em outros ela é liga-
mais memória, na forma do cache. Os elétrica, ou defeitos diversos, podem ser da através de um cabo flat, que precisa ser
HDs atuais usam de 8 a 32 MB de cache solucionados através da troca da placa con- desconectado com cuidado.
de disco, mais memória do que era usa- troladora, permitindo recuperar os dados Remoção de uma placa lógica
da em micros 386 e 486 e ainda por cima sem ter que recorrer aos caros serviços de
muito mais rápida! :) uma empresa especializada.

Uma curiosidade é que muitos HDs anti- O grande problema é justamente onde en-
gos utilizavam um processador Intel 186 contrar outra placa. Os fabricantes vendem
como controlador de discos. O 186 é, placas avulsas em pequenas quantidades
como você pode imaginar, o "elo perdi- para empresas de recuperação, mas o for-
do" entre o 8088 usados no PC XT e o necimento é muito restrito. Para técnicos
286. Ele é um chip que acabou não sen- autônomos e pequenas empresas, a única
do usado nos micros PCs, mas fez um solução é usar placas doadas por outros
grande sucesso como microcontrolador HDs. Se o HD for um modelo recente, você
para funções diversas. pode simplesmente comprar outro, pegar a
placa emprestada para fazer a recuperação
Concluindo, temos um terceiro chip, es- dos dados e depois devolvê-la ao dono. Mas,
condido na parte inferior esquerda da fo- no caso de HDs mais antigos, a única forma
to. Ele é um Hitachi HA13645, um chip é procurar nos sites de leilão e fóruns em
especializado, que controla o movimento busca de uma placa usada. Existe um ver- Mais uma curiosidade é que os primei-
das cabeças de leitura e também a rota- dadeiro mercado paralelo de venda de pla- ros PCs utilizavam HDs com interfaces
ção do motor. O chip principal envia co- cas avulsas, já que existem muitos casos de MFM ou RLL. Eles utilizavam controlado-
mandos a ele, dizendo que quer acessar HDs inutilizados por problemas na mídia ras externas, instaladas em um slot ISA
o setor X, ou que o motor deve entrar em magnética, onde a placa ainda é utilizável. e ligadas ao HD por dois cabos de da-
modo de economia de energia, por ex- dos. Este arranjo era muito ineficiente,
emplo, e ele os transforma nos impulsos É comum que os fabricantes utilizem a pois a distância tornava a comunicação
elétricos apropriados. Estas funções mu- mesma placa lógica e os mesmos discos muito suscetível a interferências e cor-
dam de um modelo de HD para o outro, magnéticos em vários HDs da mesma famí- rupção de dados. Estes HDs possuíam
por isso os fabricantes preferem usar um lia, variando apenas o número de discos várias peculiaridades com relação aos
chip de uso geral como o Marvell usados. Assim, o modelo de 500 GB pode atuais, como a possibilidade de fazer
88i6525 como controlador principal, mu- ter 4 discos, enquanto o modelo de 250 GB uma "formatação física", onde as trilhas
dando apenas o controlador, que é um possui apenas dois, por exemplo. Nestes de dados eram realmente regravadas, o
chip menor e mais barato. casos, é normal que a placa controladora que permitia recuperar HDs com pro-
de um funcione no outro. blemas de alinhamento.

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Estes HDs jurássicos foram usados nos Esta técnica não permite uma superfície muito uniforme e justamente por isso só fun-
micros XT, 286 e sobreviveram até os ciona em discos de baixa densidade. Ela foi usada até o final da década de 80.
primeiros micros 386, quando foram fi-
nalmente substituídos pelos HDs IDE, A técnica usada atualmente (chamada de sputtering) é muito mais precisa. Nela a
que por sua vez foram substituídos pelos superfície magnética é construída depositando grãos microscópicos de forma incri-
HDs SATA que usamos atualmente, onde velmente uniforme. Quanto menores os grãos, mais fina e sensível é a superfície,
a controladora é parte integrante do HD. permitindo densidades de gravação mais altas.

Hoje em dia, a "formatação física" sobre- A densidade de gravação de um HD é medida em gigabits por polegada quadrada.Os
vive apenas como um vício de lingua- HDs fabricados na segunda metade de 2006, por exemplo, utilizavam em sua maioria
gem. Muitos dizem que "fizeram uma discos com densidade de 100 gigabits (ou 12.5 GB) por polegada quadrada. Neles,
formatação física" ao reparticionar o HD cada bit é armazenado numa área magnética com aproximadamente 200x50 nano-
ou usar um programa que apaga os da- metros (uma área pouco maior que a de um transístor nos processadores fabricados
dos gravados (como o "zero-fill", ou o numa técnica de 0.09 micron), e é composta por apenas algumas centenas de grãos
"dd" do Linux), embora uma coisa não magnéticos. Estes grãos medem apenas alguns nanometros e são compostos por ligas
tenha nada a ver com a outra. de cobalto, cromo, platina, boro e outros materiais raros, muito longe da limalha de
ferro utilizada pelos pioneiros.

Os discos Considerando que os discos giram a 7200 RPM e a cabeça de leitura lê os dados a
mais de 50 MB/s (quando lendo setores seqüenciais), atingir densidades como as atu-
ais é simplesmente impressionante.
A capacidade de um HD é determinada
por basicamente dois fatores: a tecnolo-
Este esquema mostra como funciona o processo de escrita e gravação em um HD:
gia utilizada, que determina sua densi-
dade e o diâmetro dos discos, que de-
termina a área útil de gravação.

A densidade de gravação dos HDs tem


aumentado de forma surpreendente,
com a introdução de sucessivas novas
técnicas de fabricação. Para você ter
uma idéia, no IBM 350 os discos eram
simplesmente pintados usando uma tinta
especial contendo limalha de ferro, um
processo bastante primitivo.

Com o passar do tempo, passou a ser


usado o processo de eletroplating, que é
semelhante à eletrólise usada para ba-
nhar bijuterias à ouro.

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Como você pode ver, a cabeça é com- O grande problema é que, assim como O problema é que a partir dos 100 gigabits
posta por dois dispositivos separados, em outras áreas da informática, a tec- por polegada quadrada, tornou-se muito di-
um para gravação e outro para leitura. nologia avançou até o ponto em que se fícil aumentar a densidade de gravação, o
O dispositivo de gravação é similar a começou a atingir os limites físicos da que acelerou a migração para o sistema de
um eletroímã, onde é usada eletricida- matéria. Num HD, a área referente a gravação perpendicular (perpendicular re-
de para criar o capo magnético usado cada bit armazenado funciona como cording), onde a orientação magnética pas-
para realizar a gravação. Nos primeiros um minúsculo ímã, que tem sua orien- sa a ser feita na vertical, aumentando mui-
HDs, tínhamos um filamento de cobre tação magnética alterada pela cabeça to a densidade dos discos.
enrolado sobre um corpo de ferro. Nos de leitura. Quando ela é orientada em
HDs atuais, os materiais usados são di- um sentido temos um bit 1 e no senti- Estima-se que utilizando gravação longitu-
ferentes, mas o princípio de funciona- do oposto temos um bit 0. A área da dinal, seria possível atingir densidades de
mento continua o mesmo. superfície utilizada para a gravação de no máximo 200 gigabits por polegada, en-
cada bit chamada de "magnetic ele- quanto que utilizando gravação perpendicu-
O dispositivo de leitura, por sua vez, ment", ou elemento magnético. lar seja possível atingir até 10 vezes mais.
faz o processo oposto. Quando ele pas- Isso significa que os fabricantes ainda terão
sa sobre os bits gravados, capta o A partir de um certo ponto, margem para produzir HDs de até 10 te-
campo magnético emitido por eles, rabytes antes de esgotar as possibilidades
através de um processo de indução (no a área de gravação torna-se oferecidas pela nova tecnologia.
HDs antigos) ou resistência (nos atu- tão pequena que a orienta-
ais), resultando em uma fraca corrente, Na gravação perpendicular, a mídia de
que é posteriormente amplificada. ção magnética dos bits pode gravação é composta de duas camadas.
ser alterada de forma alea- Inicialmente temos uma camada de
O dispositivo de gravação é protegido cromo, que serve como um indutor,
por um escudo eletromagnético, que tória pela própria energia permitindo que o sinal magnético gerado
faz com que ele capte apenas o campo térmica presente no ambi- pelo dispositivo de gravação "atravesse"
magnético do bit que está sendo lido, e a superfície magnética, criando um im-
não dos seguintes. Você pode notar
ente (fenômeno de chamado pulso mais forte e, ao mesmo tempo,
que não existe isolamento entre os de superparamagnetismo) o como uma espécie de isolante entre a
dispositivos de leitura e gravação. Isso superfície de gravação e as camadas in-
acontece por que apenas um deles é
que faz com que a mídia feriores do disco.
usado de cada vez. deixe de ser confiável.
Ele poderia (até certo ponto) ser compa-
Note que esta divisão existe apenas A tecnologia usada nos HDs fabricados rado à camada extra usada nos proces-
nos HDs modernos, que utilizam cabe- até a primeira metade de 2007 é cha- sadores fabricados com tecnologia SOI
ças de leitura/gravação MR ou GMR. mada de gravação longitudinal (longitu- (silicon on insulator), onde uma camada
Nos antigos, que ainda utilizavam ca- dinal recording), onde a orientação mag- isolante é criada entre os transistores e o
beças de leitura de ferrite, o mesmo nética dos bits é gravada na horizontal, wafer de silício, reduzindo a perda de
dispositivo fazia a leitura e a gravação. de forma paralela à mídia. elétrons e, consequentemente, o consu-
mo elétrico do processador.

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Sobre a camada de cromo, são depositados os grãos magnéticos. A diferença é que o tamanho físico do HD diminui. Uma ex-
agora eles são depositados de forma que a orientação magnética seja vertical, e não emplo prático disso é a diferença no cus-
horizontal. A cabeça de leitura e gravação também é modificada, de forma a serem to dos HDs de 2.5" para notebooks e os
capazes de lidar com a nova orientação: modelos de 3.5" para desktops.

A partir de um certo ponto de miniaturi-


zação, o custo por megabyte se torna
mais alto que o dos cartões de memória
flash e os HDs deixam de ser viáveis. O
melhor exemplo é o HD de 0.85" apre-
sentado pela Toshiba em 2005, que tinha
como objetivo atender o mercado de
palmtops e smartphones. Ele era tão pe-
queno que podia ser produzido no forma-
to de um cartão SD e possuía um con-
sumo elétrico baixíssimo:

Embora pareça uma modificação simples, o Em seguida, temos a questão do diâmetro


uso da gravação perpendicular em HDs é dos discos. Como vimos, os primeiros HDs
uma conquista técnica notável. Em termos eram gigantescos, e utilizavam discos de
comparativos, seria como se a NASA con- até 24 polegadas de diâmetro. Com o pas-
seguisse enviar uma missão tripulada até sar das décadas, os discos foram enco-
Marte. lhendo, até chegar ao que temos hoje.

O processo de gravação perpendicular foi Mas, como tudo na vida, existem receitas
adotado rapidamente por todos os princi- ideais para o tamanho dos discos magnéti-
pais fabricantes. O primeiro foi a Fujitsu, cos, de acordo com a área onde eles serão
que lançou um HD de 1.8" com gravação utilizados.
perpendicular ainda em 2005. O próximo foi
a Seagate, que em Abril de 2006 anunciou O problema em produzir discos muito com- O problema é que ele seria lançado em
o Barracuda 7200.10, um disco de 3.5" com pactos é que a superfície de gravação fica versões de apenas 2 e 4 GB, com preços
750 GB. Em Agosto de 2006 a Fujitsu anun- exponencialmente menor, permitindo gra- a partir de US$ 150. Com a rápida queda
ciou um HD de 2.5" com 160 GB e em Ja- var menos dados. Apesar disso, os demais no custo da memória flash, logo surgiram
neiro de 2007 a Hitachi anunciou o Desks- componentes continuam custando quase o cartões de 2 e 4 GB que custavam me-
tar 7K1000, um HD de 3.5" com 1 TB que mesmo (ou até mais, dependendo da escala nos, de forma que o mini-HD acabou não
utiliza um design incomum, com 5 platters de miniaturização necessária). Isso faz com encontrando seu lugar no mercado e foi
ao invés dos 4 comumente usados. que o custo por megabyte cresça, conforme descontinuado silenciosamente.

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O interessante é que o oposto também Isso explica por que os HDs com discos Eles foram utilizados no Palm Life Drive
é verdadeiro. HDs com discos muito de 5.25" usados nos primeiros PCs foram (4 GB) e também no iPod Nano (4 e 8
grandes também acabam sendo inviá- rapidamente substituídos pelos de 3.5". GB), mas acabaram perdendo seu espa-
veis, pois acabam sendo bem mais len- O pico evolutivo dos HDs de 5.25" foram ço para os cartões de memória flash. A
tos e mais passíveis de problemas, o os Quantum Bigfoot, produzidos até Hitachi chegou a anunciar o desenvolvi-
que se deve a vários fatores. 1999, em capacidades de até 18 GB. mento de microdrives de 20 GB, utilizan-
Embora eles armazenassem um maior do tecnologia de gravação perpendicular,
O primeiro é a questão da rotação, já volume de dados por platter, a velocida- mas a produção em série acabou sendo
que discos maiores são mais pesados e de de rotação era bem mais baixa (ape- cancelada, pois o preço de venda seria
demandam um maior esforço do motor nas 3600 RPM), os tempos de acesso mais alto que o da mesma quantidade de
de rotação, consumindo mais energia e eram maiores e, ainda por cima, a dura- memória flash.
gerando mais calor e mais barulho. bilidade era menor.
Discos maiores também acabam sendo
menos rígidos, o que impede que se- Os HDs de 3.5" e de 2.5" atuais pare-
jam girados a velocidades muito altas cem ser o melhor balanço entre os dois
e torna todo o equipamento mais sen- extremos. Os HDs de 3.5" oferecem
sível a impactos. Dobrar o diâmetro um melhor desempenho, mais capaci-
dos discos, faz com que a rigidez seja dade de armazenamento e um custo
reduzida em até 75%. por megabyte mais baixo (combinação
ideal para um desktop), enquanto os
O segundo é a dificuldade de produção. HDs de 2.5" são mais compactos, mais
Com o avanço da tecnologia, a mídia silenciosos, consomem menos energia
de gravação precisa ser cada vez mais e são mais resistentes a impactos, Para organizar o processo de gravação e lei-
fina e uniforme. Quanto maior os dis- características fundamentais no caso tura dos dados, a superfície dos discos é di-
cos, mais difícil é recobrir toda a su- dos notebooks. vidida em trilhas e setores. As trilhas são
perfície sem que haja um grande nú- círculos concêntricos, que começam no final
mero de pontos defeituosos. Temos ainda os HDs de 1.8" (mais finos do disco e vão se tornando menores con-
e do tamanho de um cartão PCMCIA), forme se aproximam do centro. É diferente
Como se não bastasse, temos o terceiro que são usados em notebooks ultra-por- de um CD-ROM ou DVD, onde temos uma
motivo, que é o maior tempo de acesso, táteis, além de mp3-players e alguns espiral contínua.
já que com uma superfície maior, as ca- dispositivos de armazenamento portátil.
beças de leitura demoram muito mais Cada trilha recebe um número de endere-
tempo para conseguir localizar os dados Uma quarta categoria são os microdri- çamento, que permite sua localização. A tri-
(justamente devido à maior distância a ves, que utilizam discos de 1" (peque- lha mais externa recebe o número 0 e as
ser percorrida). Se combinarmos isso nos o suficiente para serem produzidos seguintes recebem os números 1, 2, 3, e
com a velocidade mais baixa de rotação, no formato de cartões compact flash) e assim por diante. Para facilitar ainda mais o
acabamos tendo uma redução muito podem ser utilizados em palmtops e acesso aos dados, as trilhas se dividem em
grande no desempenho. mp3-players. setores, que são pequenos trechos de 512
cada um, onde são armazenados os dados.

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Além das trilhas e setores, temos Atualmente, os HDs utilizam o Zoned bit
também as faces de disco. Como vi- Recording (ZBR), que permite variar a
mos, os HDs atuais possuem de 1 a 4 quantidade de setores por trilha, de
discos. Como são utilizadas ambas as acordo com o diâmetro da trilha a ser di-
faces de cada disco, temos um total vidida, permitindo uma organização mais
de 2 a 8 faces e o mesmo número de racional do espaço em disco e, conse-
cabeças de leitura. quentemente, uma maior densidade de
gravação.
Como todas as cabeças de leitura es-
tão presas no mesmo braço móvel, O HD pode ter então 1584 setores por tri-
lha na área mais externa dos discos e
elas não possuem movimentos inde-
apenas 740 na área mais interna, por ex-
pendentes. Para acessar um dado
emplo. Como os discos giram sempre na
contido na trilha 199.982 da face do
mesma velocidade, isso causa um pe-
disco 3, por exemplo, a controladora queno efeito colateral, que é uma consi-
do disco ativa a cabeça de leitura derável variação no desempenho de
responsável pelo disco 3 e a seguir, acordo com a área do disco que está
ordena ao braço de leitura que se diri- sendo lida, proporcional ao número de
ja à trilha correspondente. Não é pos- Esta antiga ilustração da Quantum setores por trilha.
sível que uma cabeça de leitura este- mostra como funciona esta divisão
ja na trilha 199.982 ao mesmo tempo A trilha mais externa de um disco rígido pos- Tocando em miúdos, o desempenho ao
que outra esteja na trilha 555.631 de sui mais que o dobro de diâmetro da trilha ler as trilhas mais externas acaba sendo
outro disco, por exemplo. mais interna e, consequentemente, possui mais que o dobro do obtido ao ler as mais
capacidade para armazenar muito mais da- internas. É por isso que em geral se re-
Já que todas as cabeças de leitura dos. Porém, nos primeiros discos rígidos, as- comenda colocar a partição com a insta-
sempre estarão na mesma trilha de sim como nos disquetes, todas as trilhas do lação do sistema, ou com a partição swap
seus respectivos discos, deixamos de disco, independentemente de seu diâmetro, no início do disco (que corresponde às tri-
chamá-las de trilhas e passamos a usar possuíam o mesmo número de setores, fa- lhas mais externas) para obter o melhor
o termo "cilindro". Um cilindro nada zendo com que nas trilhas mais externas, os desempenho.
mais é do que o conjunto de trilhas setores ocupassem um espaço muito maior
do que os setores das trilhas mais internas. Usando um programa de benchmark que
com o mesmo número nos vários dis-
permita realizar uma leitura seqüencial
cos. Por exemplo, o cilindro 1 é forma-
Tínhamos então um grande espaço desper- de toda a superfície do HD, como o HD
do pela trilha 1 de cada face de disco, Tach, você obterá sempre um gráfico si-
diçado, pois era preciso nivelar por baixo, fa-
o cilindro 2 é formado pela trilha 2 de zendo com que todas as trilhas possuíssem o milar ao da próxima página, onde a taxa
cada face, e assim por diante. A próxi- mesmo número de setores permitido pelas de leitura começa num nível alto (trilhas
ma ilustração mostra como funciona trilhas mais internas, acabando por desper- externas) e vai decaindo até atingir o
esta divisão. diçar enormes quantidades de espaço nas ponto mais baixo no final do teste (ao ler
primeiras trilhas do disco. o conteúdo das trilhas mais internas).

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Correção de erros e
bad blocks
Concluindo, temos a questão da detecção e
correção de erros, que faz parte do processo
de leitura e gravação.

Por melhor que seja sua qualidade, uma mí-


dia magnética nunca é 100% confiável (co-
mo pode confirmar quem já teve o despra-
zer de trabalhar com disquetes ;). Pequenas
falhas na superfície da mídia podem levar a
erros de leitura, sobretudo quando ela pos-
sui uma densidade de gravação de mais de
Queda na taxa de leitura variando de acordo com a localização da trilha (da 100 gigabits por polegada quadrada e gira a
mais externa para a mais interna) 7.200 RPM ou mais, como nos HDs atuais.

Isso não significa que o seu HD vá pifar


Um dos principais motivos do desempe- Um Seagate Barracuda 7200.10 atual, amanhã, mas que são comuns erros na lei-
nho dos HDs não ter crescido na mesma de 750 GB, é bem mais rápido, com tura de um setor ou outro. Obviamente,
proporção da capacidade ao longo das úl- uma taxa média de leitura de 64 MB/s, como todos os nossos dados importantes
timas décadas é que a densidade das tri- mas, apesar disso, como a capacidade são guardados no disco rígido, a possibilida-
lhas aumentou numa escala muito maior é brutalmente maior, ler todos os da- de de erros na leitura de "um setor ou outro"
que a dos setores dentro destas. Ou seja, dos do disco demoraria pelo menos não seria aceitável, principalmente no caso
as trilhas foram ficando mais "finas", mas 3:15 horas! de máquinas destinadas a operações críti-
o número de setores por trilha passou a cas. Imagine se neste "setor ou outro" do
aumentar em escala incremental. Au- No futuro, esta tendência deve se man- servidor de um grande banco, estivessem
mentar o número de trilhas permite au- ter, pois é muito mais simples para os gravados os dados referentes à conta bancá-
mentar a área de armazenamento, mas é fabricantes produzirem cabeças de leitu- ria de um cliente importante, por exemplo.
o número de setores por trilha, combina- ra e sistemas de codificação capazes de
do com a velocidade de rotação do HD lidarem com trilhas mais finas, do que De modo a tornar os HDs uma forma de ar-
que determina a performance. espremer mais dados dentro de cada tri- mazenamento confiável, os fabricantes utili-
lha, já que elementos magnéticos mais zam sistemas de ECC para detectar e corrigir
Um antigo Maxtor 7040A, de 40 MB, por curtos correspondem a um sinal magné- erros de leitura eventualmente encontrados.
exemplo, possuía uma taxa de leitura tico mais fraco e mais difícil de ser cap- O ECC é o mesmo sistema utilizado em pen-
média em torno de 700 KB/s, o que per- tado pela cabeça de leitura. Como um tes de memória destinados a servidores e
mitia ler todo o conteúdo do disco em agravante, temos o problema do super- também em CD-ROMs, onde são usados al-
cerca de um minuto. paramagnetismo, que vimos a pouco. guns bits adicionais para cada bloco de dados.

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Num HD, cada setor armazena, além dos Por serem defeitos físicos na mídia Deste ponto em diante, entram em cena
512 bytes de dados, mais algumas deze- magnética, não existe muito o que fazer utilitários como o scandisk (no Windows)
nas de bytes contendo os códigos ECC. A com relação a eles. O jeito é marcar os e o badblocks (no Linux), que permitem
criação dos bytes de ECC, assim como bad blocks, de forma que eles não se- realizar um exame de superfície, mar-
sua utilização posterior é feita pela placa jam mais usados. cando os setores defeituosos encontrados.
lógica, um processo automático que é Estes setores não são marcados no de-
feito de forma completamente transpa- Os HDs atuais são capazes de marcar au- fect map, mas sim em uma área reservada
rente ao sistema operacional. tomaticamente os setores defeituosos. A da partição.
própria controladora faz isso, independen-
Quando um setor é lido pela cabeça de leitu- temente do sistema operacional. Existe Um grande número de setores defeituo-
ra, juntamente com os dados são lidos alguns uma área reservada no início do disco sos são indício de problemas graves,
dos códigos ECC, que visam apenas verificar chamada "defect map" (mapa de defeitos) como envelhecimento da mídia, defeitos
se os dados que estão sendo lidos são os com alguns milhares de setores que ficam no mecanismo de leitura ou mesmo con-
mesmos que foram gravados, uma técnica reservados para alocação posterior. Sem- taminação do HD por partículas proveni-
que lembra o sistema de paridade antiga- pre que a controladora do HD encontra entes do ambiente. O ideal nestes casos
mente usado na memória RAM. Caso seja ve- um erro ao ler ou gravar num determina- é fazer backup de todos os dados e subs-
rificado um erro, são usados os demais códi- do setor, ela remapeia o setor defeituoso, tituir o HD o mais rápido possível.
gos para tentar corrigir o problema. Na gran- substituindo-o pelo endereço de um setor
de maioria dos casos, esta primeira tentativa "bom", dentro do defect map. Como a alo- Entretanto, mesmo para estes HDs conde-
é suficiente. Estes erros transitórios, que são cação é feita pela própria controladora, o nados, às vezes existe uma solução. É co-
corrigidos com a ajuda dos códigos ECC são HD continua parecendo intacto para o sis- mum a maioria dos setores aparecerem
chamados de "soft errors" e não causam ne- tema operacional. mais ou menos agrupados, englobando
nhum efeito colateral além de um delay de uma área relativamente pequena do disco.
alguns milessegundos na leitura. De fato, é normal que os HDs já venham Se houverem muitos bad clusters em áreas
de fábrica com alguns setores remapea- próximas, você pode reparticionar o disco,
Caso não seja possível corrigir o erro dos, causados por pequenas imperfeições isolando a área com problemas.
usando o ECC, a controladora faz uma na superfície da mídia. Como eles não são
nova tentativa de leitura do setor, pois é visíveis para o sistema operacional, nem Se, por exemplo, você percebesse que a
grande a possibilidade do erro ter sido causam problemas no uso normal, aca- maioria dos defeitos se encontra nos úl-
causado por alguma interferência ou ins- bam passando desapercebidos. timos 20% do disco, bastaria abrir o par-
tabilidade momentânea. Caso o erro per- ticionador, deletar a partição atual e criar
sista, ela fará várias tentativas sucessi- Naturalmente, o defect map é uma uma nova, englobando apenas 80% do
vas, reduzindo a velocidade de rotação área limitada, que corresponde nor- disco. Neste caso, você perderia uma boa
dos discos e comparando o resultado de malmente a uma única trilha. Caso o parte da área útil, mas pelo menos teria
várias leituras, de forma a tentar recupe- HD possua algum problema crônico, a possibilidade de continuar usando a
rar os dados gravados no setor. Este pro- eventualmente os endereços se esgota- parte "boa" do HD (em algum micro usa-
cesso gera aquele ruído característico de rão e os bad blocks realmente passarão do para tarefas secundárias, sem dados
HD sendo "mastigado" e quase sempre a se tornar visíveis. importantes), até que ele dê seus derra-
indica o aparecimento de um bad block. deiros suspiros.

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Entendendo as interfaces: IDE, SATA, SCSI e SAS


Assim como outros componentes, as in- Como você pode imaginar, estes HDs eram um tanto quanto problemáticos, pois a
terfaces usadas como meio de conexão placa era presa por um único parafuso, o que causava problemas de vibração exces-
para os HDs passaram por um longo ca- siva e barulho. Mesmo assim, estes HDs foram relativamente populares na época:
minho evolutivo.

As placas-mãe usadas nos primeiros PCs


sequer possuíam interfaces de disco embu-
tidas. Naquela época, as interfaces IDE ain-
da não existiam, de forma que novas inter-
faces eram vendidas junto com os HDs e
instaladas em slots ISA disponíveis. A pri-
meira interface foi criada pela Seagate,
para uso em conjunto com o ST-506, um HD
de 5 MB. Em seguida foi lançado o ST-412,
de 10 MB. As duas interfaces são chamadas
respectivamente de MFM e RLL devido ao
método de codificação usado. Além da Se- O padrão seguinte foi o ESDI (Enhanced Quantum Plus HardCard
agate, estes HDs e interfaces foram produ- Small Device Interface), criado por um con-
zidos também por outros fabricantes, como sórcio de diversos fabricantes, incluindo a
a Quantum e a Maxtor. Maxtor. As interfaces ESDI ainda eram ins-
taladas em slots ISA, mas trabalhavam a
Em 1985 a Quantum lançou um produto uma velocidade muito maior que as MFM e
bastante peculiar, o "Plus HardCard", que RLL, oferecendo um barramento teórico de
era um HD RLL de 20 MB onde tanto o HD, 3 MB/s. É bem pouco para os padrões atu-
quanto a controladora eram integrados a ais, mas os HDs da época trabalhavam
uma única placa ISA e o "HD" era instalado com taxas de transferências muito mais
diretamente no slot, sem ocupar uma das baixas, de forma que a velocidade acabava
baias do gabinete. sendo mais do que satisfatória.

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As primeiras placas IDE traziam apenas Como você pode ver, estas placas eram con-
uma ou duas portas IDE e eram instaladas figuradas através de um conjunto de jum-

IDE num slot ISA de 16 bits. Mas, logo os fabri-


cantes passaram a integrar também outros
conectores, dando origem às placas "super-
pers, já que na época ainda não existia plug-
and-play :). Os jumpers permitiam configurar
os endereços de IRQ,
ide", que eram usadas na grande maioria DMA e I/O usados, além
Tanto as interfaces MFM e RLL, quanto a dos micros 386 e 486. As placas mais co- de desativar os compo-
ESDI possuem algo em comum, que é o muns incluíam uma porta IDE, uma porta nentes individualmente.
fato da controladora fazer parte da inter- FDD, duas Se você precisasse de
face, e não ao próprio HD, como temos portas se- duas portas paralelas, por
hoje em dia. Naturalmente, integrar a in- riais, uma exemplo, utilizaria duas
terface ao HD oferece diversas vanta- paralela, placas e configuraria uma
gens, pois elimina os problemas de sin- além do e delas para usar o IRQ 5 e
cronismo causados pelo uso de cabos o conector endereço de I/O 378 e a
longos e simplifica todo o design. do joystick. outra para usar o IRQ 7 e
Não demorou para que os fabricantes o endereço de I/O 278.
percebessem isso. Surgiu então o padrão Controladora super IDE
IDE "Integrated Drive Eletronics" (que
indica justamente o uso da controladora
A partir de um certo ponto, os fabricantes passaram a integrar os controladores dire-
integrada), desenvolvido pela Quantum e
tamente no chipset da placa mãe, dando origem às placas com conectores integrados
Western Digital.
que conhecemos. A exceção ficou por conta do conector do joystick, que passou a ser
Os primeiros HDs e interfaces IDE chega- integrado nas placas de som. Uma curiosidade é que o conector inclui também os pi-
ram ao mercado em 1986, mas inicial- nos usados por dispositivos MIDI (como teclados musicais), que também são ligados
mente não existia um padrão bem defi- no conector do joystick, através de um adaptador:
nido, o que fez que os primeiros anos
fossem marcados por problemas de
compatibilidade entre os produtos dos di-
ferentes fabricantes.

Em 1990 o padrão foi ratificado pelo


ANSI, dando origem ao padrão ATA.
Como o nome "IDE" já estava mais difun-
dido, muita gente continuou usando o
termo "IDE" e outros passaram a usar
"IDE/ATA" ou simplesmente "ATA", fa-
zendo com que os dois termos acabas-
sem virando sinônimos.

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Inicialmente, as interfaces IDE suportavam apenas a conexão de HDs. Devido a isso, os Existem casos de placas mãe com 4 portas
primeiros drives de CD utilizavam interfaces proprietárias, incorporadas à placa de som, ou IDE (permitindo usar até 8 drives) e também
mesmo controladoras SCSI. Na época eram comuns os "kits multimídia", que incluíam o controladoras IDE PCI, que incluem duas por-
CD-ROM, placa de som, caixinhas e microfone. tas adicionais, que podem ser usadas em
casos onde você precise usar mais do que 4
Para solucionar o problema, foi desenvolvido o protocolo ATAPI (AT Attachment Packet Inter- drives IDE no mesmo micro.
face) que tornou-se rapidamente o padrão, riscando as interfaces proprietárias do mapa. É
graças a ele que você pode comprar um drive de CD ou DVD e instalá-lo diretamente em Para diferenciar os dois drives instalados
uma das portas IDE, sem ter que comprar junto uma placa de som do mesmo fabricante :). na mesma porta, é usado um jumper,
que permite configurar cada drive como
Na placa-mãe você encontra duas portas IDE (primária e secundária). Mesmo com a popu- master (mestre) ou slave.
larização das interfaces SATA, as portas IDE ainda continuam sendo incluídas nas placas
recentes e devem demorar ainda mais alguns anos para desaparecerem completamente. Dois drives instalados na mesma porta
compartilham o barramento oferecido por
Cada uma das portas permite instalar dois drives, de forma que podemos instalar um total ela, o que acaba sempre causando uma
de 4 HDs ou CD­ROMs na mesma placa pequena perda de desempenho. Por isso,
quando são usados apenas dois drives
(um HD e um CD-ROM, por exemplo), é
preferível instalar cada um em uma das
portas, deixando ambos jumpeados como
master. Ao adicionar um terceiro, você
poderia escolher entre instalar na primei-
ra ou segunda porta IDE, mas, de qual-
quer forma, precisaria configurá-lo como
slave, mudando a posição do jumper.

Usar cada drive em uma porta separada


ajuda principalmente quando você preci-
sa copiar grandes quantidades de dados
de um HD para outro, ou gravar DVDs, já
que cada drive possui seu canal exclusivo
com o chipset.

No Windows, os drives são simplesmente


identificados de forma seqüencial. O HD
instalado como master da IDE primária
apareceria no Windows Explorer como
"C:" e o CD-ROM, instalado na IDE secundária
como "D:", por exemplo.

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Se você adicionasse um segundo HD, instalado como slave da primeira IDE, ele pas- As mais recentes suportam também o
saria a ser o "D:" e o CD-ROM o "E:". Multiword DMA, que é um modo de aces-
so direto, onde o HD ou CD-ROM podem
No Linux, os drives recebem endereços fixos, de acordo com a posição em que forem transferir dados diretamente para a me-
instados: mória, sem que o processador precise se
envolver diretamente na transferência. O
uso do DMA melhora bastante o desem-
Master = /dev/hda penho e a responsividade do sistema,
IDE primária evitando que o micro "pare" enquanto
Slave = /dev/hdb um programa pesado está sendo carre-
gado, ou durante a gravação de um CD,
Master = /dev/hdc por exemplo.
IDE secundária
Slave = /dev/hdd Apesar disso, o Multiword DMA não che-
gou a ser muito usado, pois não era dire-
tamente suportado pelo Windows 95, e
os drivers desenvolvidos pelos fabri-
O cabo IDE possui três encaixes, um que é ligado na placa mãe e outro em cada dis- cantes freqüentemente apresentavam
positivo. Mesmo que você tenha apenas um dispositivo IDE, você deverá ligá-lo no problemas de estabilidade. Para piorar,
conector da ponta, nunca no conector do meio. O motivo para isto, é que, ligando no muitos drives de CD e HDs antigos não
conector do meio o cabo ficará sem terminação, fazendo com que os dados venham funcionavam quando o DMA era ativado.
até o final do cabo e retornem na forma de interferência, prejudicando a transmissão.
A solução veio com o padrão ATA-4, ratifi-
cado em 1998. Ele nada mais é do que o
Como de praxe, as interfaces IDE/ATA passaram por um longo caminho evolutivo. As padrão Ultra ATA/33 (o nome mais popu-
interfaces antigas, usadas em micros 386/486 e nos primeiros micros Pentium supor­ larmente usado) que é usado em placas
tam (de acordo com seu nível de atualização), cinco modos de operação, que vão do
para micros Pentium II e K6-2 fabricadas
PIO mode 0, ao PIO mode 4:
até 2000. Nele, a taxa de transferência
máxima é de 33 MB/s e é suportado o
PIO mode 0 3.3 MB/s modo UDMA 33, que permite transferên-
cias diretas para a memória também a
PIO mode 1 5.2 MB/s 33 MB/s. É graças a ele que você pode
PIO mode 2 8.3 MB/s assistir a filmes em alta resolução e DVDs
no seu PC sem falhas
PIO mode 3 11.1 MB/s
Você pode fazer uma experiência, desati-
PIO mode 4 16.6 MB/s vando temporariamente o suporte a
UDMA para o seu DVD-ROM para ver o
que acontece.

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No Linux, use o comando "hdparm -d0 /dev/dvd" (como root). No Windows, acesse No caso do HD, não existe muito com o
o gerenciador de dispositivos, acesse as propriedades do drive e desmarque a opção refe- que se preocupar, pois os fabricantes
rente ao DMA. são os primeiros a adotar novos modos
de operação, de forma a manter seus
Tente agora assistir a um DVD. Você vai perceber que tanto o vídeo quanto o som ficam produtos. Se você tem em mãos um HD
cheios de falhas, tornando a experiência bastante desagradável. Isso acontece por que, antigo, que só suporta UDMA 33, por
com o UDMA desativado, o processador precisa periodicamente parar o processamento do exemplo, pode ter certeza de que a
vídeo para ler mais dados no DVD. Quanto mais rápido o processador, mais curtas são as taxa de transferência oferecida por ele
falhas, mas elas persistem mesmo num processador de 2 ou 3 GHz. é baixa, o que torna desnecessário o
uso de uma interface mais rápida em
Para reverter, use o comando "hdparm -d1 /dev/dvd" ou marque novamente a opção do primeiro lugar.
DMA, no caso do Windows.
Ao contrário dos HDs, os drivers de CD
Depois que o problema do DMA foi finalmente resolvido, os fabricantes se concentraram e DVD ficaram estagnados no UDMA 33,
em aumentar a velocidade das portas. Surgiram então os padrões ATA-5 (Ultra ATA/66), pois como eles trabalham com taxas de
ATA-6 (Ultra ATA/100) e ATA-7 (Ultra ATA/133), que é o usado atualmente. transferência muito mais baixas, os pa-
drões mais rápidos também não trazem
Eles suportam (respectivamente), os modos UDMA 66, UDMA 100 e UDMA 133, além de
vantagens. É possível que alguns fabri-
manterem compatibilidade com os padrões anteriores.
cantes eventualmente passem a lançar
drives "ATA/133", usando a interface
Taxa de transferência:
mais rápida como ferramenta de mar-
Modo de Operação
keting, mas isso não faria diferença
ATA-4 (Ultra ATA/33, UDMA 33) 33 MB/s alguma no desempenho.
ATA-5 (Ultra ATA/66, UDMA 66) 66 MB/s Como de praxe, devo insistir na idéia de
ATA-6 (Ultra ATA/100, UDMA 100) 100 MB/s que a velocidade da interface determina
apenas o fluxo de dados que ela pode
ATA-7 (Ultra ATA/133, UDMA 133) 133 MB/s transportar e não a velocidade real do
dispositivo ligado a ela. Um CD-ROM de
52x lerá as mídias a no máximo 7.8
As portas ATA/133 usadas nas placas atuais são uma necessidade por dois motivos. O pri- MB/s, independentemente da velocidade
meiro é que os HDs atuais já superam a marca dos 70 ou 80 MB/s de taxa de transferência ao da interface. Funciona como numa
ler setores contínuos e a interface precisa ser substancialmente mais rápida que o HD, para auto-estrada: se houver apenas duas
absorver também as transferências feitas a partir do cache, que são bem mais rápidas. O pistas para um grande fluxo de carros,
segundo motivo é que só a partir das interfaces ATA/100 foi introduzido o suporte a HDs IDE haverão muitos congestionamentos,
com mais de 137 GB (decimais) de capacidade, como veremos em detalhes a seguir. que acabarão com a duplicação da
pista. Porém, a mesma melhora não
Para que os modos mais rápidos sejam utilizados, é necessário que exista também será sentida caso sejam construídas
suporte por parte do HD e que o driver correto esteja instalado. mais faixas.

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Continuando, junto com as interfaces Ultra Ao usar um cabo antigo, de 40 vias, a placa Para usar o cable select é preciso colocar os
ATA/66, veio a obrigatoriedade do uso de ca- baixa a taxa de transmissão da interface, pas- jumpers dos dois drives na posição "CS". Con­
bos IDE de 80 vias, substituindo os antigos sando a utilizar o modo UDMA 33. sulte o diagrama presente no topo ou na late­
cabos de 40 vias. Eles são fáceis de distinguir ral do drive para ver a posição correta
dos antigos, pois os fios usados no cabo são Veja que no caso dos CD-ROMs e DVDs, ainda
muito mais finos, já que agora temos o dobro é comum o uso dos cabos de 40 vias, sim-
deles no mesmo espaço: plesmente por que, como vimos, eles ainda
utilizam o modo UDMA 33. Entretanto, se você
precisar instalar um HD junto com o drive óp-
tico, é interessante substituir o cabo por um
de 80 vias, caso contrário o desempenho do
HD ficará prejudicado.

Outra exigência trazida pelo novos padrões é


o uso de cabos com no máximo 45 centíme-
tros de comprimento, já que acima disso o ní-
vel de interferência e atenuação dos sinais
passa a prejudicar a transmissão dos dados. O Os HDs IDE de 2.5", para notebooks utilizam
padrão ATA original (o de 1990) permitia o uso um conector IDE miniaturizado, que possui
de cabos de até 90 centímetros (!) que não 44 pinos. Os 4 pinos adicionais transportam
são mais utilizáveis hoje em dia, nem mesmo energia elétrica, substituindo o conector da
para a conexão do drive de CD/DVD.
fonte usado nos HDs para desktop.
A adição dos 40 fios adicionais é uma his- Mais uma mudança introduzida pelos cabos
tória interessante, pois eles não se desti- Existem ainda adaptadores que permitem
de 80 vias é o uso de cores para diferenciar os
nam a transportar dados. Tanto os conec- instalar drives de 2.5" em desktops. Eles
três conectores do cabo. O conector azul deve
tores, quanto os encaixes nos drives conti- podem ser usados tanto em casos em que
ser ligado na placa mãe, o conector preto é li-
nuam tendo apenas 40 pinos, mantendo o você precisa recuperar dados de um note-
gado no drive configurado com master da in-
mesmo formato dos cabos anteriores. Os book com defeito, quanto quando quiser
terface, enquanto o conector do meio (cinza) é
40 cabos adicionais são intercalados com usar um HD de notebook no seu desktop
usado para a conexão do segundo drive, caso
os cabos de dados e servem como terras, presente. para torná-lo mais silencioso.
reduzindo o nível de interferência entre
eles. Este "upgrade" acabou sendo neces- Os cabos de 80 vias também suportam o uso Estes adaptadores são muito simples e
sário, pois os cabos IDE de 40 vias foram do sistema cabe select (nos de 40 vias o su- baratos de fabricar, embora o preço no va-
introduzidos em 1986, projetados para porte era opcional), onde a posição dos drives rejo varie muito, já que eles são um ítem re-
transmitir dados a apenas 3.3 MB/s! (master/slave) é determinada por em qual co- lativamente raro:
nector do cabo eles estão ligados, eliminando
Os cabos de 80 vias são obrigatórios para o uso a possibilidade de conflitos, já que instalar
do UDMA 66 em diante. A placa mãe é capaz dois drives configurados como master na
de identificar o uso do cabo de 80 vias graças mesma interface normalmente faz com que
ao pino 34, que é ligado de forma diferente. ambos deixem de ser identificados no setup.

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Graças a isso, o cabo SATA é bastante fino, Existem três padrões de controladoras
contendo apenas 7 pinos, onde 4 são usa- SATA, o SATA 150 (também chamado de

SATA dos para transmissão de dados (já que


você precisa de 2 fios para fechar cada
um dos dois circuitos) e 3 são terras, que
SATA 1.5 Gbit/s ou SATA 1500), SATA
300 (SATA 3.0 Gbit/s ou SATA 3000) e
também o padrão SATA 600 (ou SATA
As interfaces IDE foram originalmente de- ajudam a minimizar as interferências. 6.0 Gbit/s), que ainda está em desen-
senvolvidas para utilizar o barramento ISA, volvimento. Como o SATA utiliza dois
usado nos micros 286. Assim como no bar- canais separados, um para enviar e ou-
ramento ISA, são transmitidos 16 bits por tro para receber dados, temos 150 ou
vez e utilizados um grande número de pi- 300 MB/s em cada sentido, e não 133
nos. Como é necessário manter a compatibi- MB/s compartilhados, como no caso das
lidade com os dispositivos antigos, não exis- interfaces ATA/133.
te muita margem para mudanças dentro do
padrão, de forma que, mesmo com a intro- Os nomes SATA 300 e SATA 3000 indi-
dução do barramento PCI e do PCI Express, cam, respectivamente, a taxa de transfe-
as interfaces IDE continuam funcionando rência, em MB/s e a taxa "bruta", em
fundamentalmente da mesma forma. megabits. O SATA utiliza o sistema de co-
dificação 8B/10B, o mesmo utilizado pelo
Mesmo quando foram introduzidas as inter- barramento PCI Express, onde são adici-
faces UDMA, a única grande mudança foi a onados 2 bits de sinalização para cada 8
introdução dos cabos de 80 vias, desenvol- Cabo e conector em um HD com interface SATA bits de dados. Estes bits adicionais subs-
vidos de forma a permitir taxas de transmis- tituem os sinais de sincronismo utilizados
são maiores, sem contudo mudar o sistema Os cabos SATA são bem mais práticos que nas interfaces IDE/ATA, simplificando bas-
de sinalização, nem mudar os conectores. os cabos IDE e não prejudicam o fluxo de tante o design e melhorando a confiabili-
ar dentro do gabinete. Os cabos podem ter dade do barramento. Desta forma, a con-
A partir de um certo ponto, ficou claro que até um metro de comprimento e cada por- troladora transmite 3000 megabits, que,
o padrão IDE/ATA estava chegando a seu ta SATA suporta um único dispositivo, ao devido à codificação correspondem a
limite e que mudanças mais profundas só contrário do padrão master/slave do apenas 300 megabytes. Ou seja, não é
poderiam ser feitas com a introdução de IDE/ATA. Por causa disso, é comum que as um arredondamento :).
um novo padrão. Surgiu então o SATA (Se- placas mãe ofereçam 4 portas SATA (ou
rial ATA). mais), com apenas as placas de mais baixo As controladoras SATA 300 são popu-
custo incluindo apenas duas. larmente chamadas de "SATA II", de
Assim como o PCI Express, o SATA é um forma que os dois termos acabaram vi-
barramento serial, onde é transmitido No final, o ganho de desempenho permiti- rando sinônimos. Mas, originalmente,
um único bit por vez em cada sentido. do pela maior freqüência de transmissão "SATA II" era o nome da associação de
Isso elimina os problemas de sincroniza- acaba superando a perda por transmitir um fabricantes que trabalhou no desenvol-
ção e interferência encontrados nas in- único bit por vez (ao invés de 16), fazendo vimento dos padrões SATA (entre eles o
terfaces paralelas, permitindo que sejam com que, além de mais simples e barato, o SATA 300) e não o nome de um padrão
usadas freqüências mais altas. padrão SATA seja mais rápido. específico.

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Da mesma forma, o padrão de 600 MB/s chama-se SATA 600, e não "SATA III" ou "SATA No caso dos micros antigos, uma opção é
IV". Mesmo os próprios fabricantes de HDs não costumam usar o termo "SATA II", já que instalar uma controladora SATA. As mais ba-
ele é tecnicamente incorreto. ratas, com duas portas e em versão PCI, já
custam menos de 20 dólares no exterior e
Outra curiosidade é que muitas placas mãe antigas, equipadas com controladoras SATA tendem a cair de preço também por aqui,
150 (como as baseadas no chipset VIA VT8237 e também nas primeiras revisões dos tornando-se um ítem acessível, assim como
chipsets SiS 760 e SiS 964), apresentam problemas compatibilidade com HDs SATA 300. as controladoras USB. Note que o uso do
Por causa disso, a maioria dos HDs atuais oferecem a opção de usar um "modo de com- barramento PCI limita a velocidade da con-
patibilidade" (ativado através de um jumper), onde o HD passa a se comportar como um troladora a 133 MB/s (um pouco menos na
dispositivo SATA 150, de forma a garantir a compatibilidade. prática, já que o barramento PCI é comparti-
lhado com outros dispositivos), mas isso não
Veja a s instruções impressas na etiqueta de um HD da Samsung: chega a ser um pro-
blema ao utilizar
apenas um ou
dois HDs.

Existem ainda conversores (chamados de


bridges), que permitem ligar um HD IDE di-
retamente a uma porta SATA, mas eles são
mais difíceis de encontrar e geralmente
mais caros que uma controladora SATA PCI:

Inicialmente, os HDs e placas mãe com interfaces SATA eram mais caros, devido ao
tradicional problema da escala de produção. Todo novo produto é inicialmente mais
caro que a geração anterior simplesmente por que a produção é menor. A partir do
momento em que passa a ser produzido em quantidade, os preço cai, até o ponto em
que a geração anterior é descontinuada.
Com o lançamento do SATA, os HDs e
A partir do momento em que os HDs SATA se popularizaram, o preço caiu em relação controladoras IDE/ATA passaram a ser
aos IDE. Atualmente os HDs IDE são produzidos em escala cada vez menor e por isso chamadas de "PATA", abreviação de "Pa-
se tornaram mais caros e mais difíceis de encontrar do que os HDs SATA. rallel ATA", ressaltando a diferença.

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As controladoras SCSI (pronuncia-se "iscâzi") são as tradi- Além da diferença na velocidade, as antigas
controladoras de 8 bits permitiam a
SCSI
cionais concorrentes das interfaces IDE. O primeiro padrão
SCSI (SCSI 1) foi ratificado em 1986, na mesma época em conexão de apenas 7 dispositivos, enquanto
que os primeiros HDs IDE chegaram ao mercado e consis- as atuais, de 16 bits, permitem a conexão
tiam em controladoras de 8 bits, que operavam a 5 MHz, oferecendo um barramento de de até 15.
dados de até 5 MB/s.
Diferentemente do que temos numa
Em 1990, foi lançado o padrão Wide SCSI (SCSI 2). A freqüência continuou a mesma, mas interface IDE, onde um dispositivo é
as controladoras passaram a utilizar um barramento de 16 bits, que dobrou a taxa de jumpeado como master e outro como
transmissão, que passou a ser de 10 MB/s. slave, no SCSI os dispositivos recebem
números de identificação (IDs) que são
Em seguida surgiram os padrões Fast SCSI (8 bits) e Fast Wide SCSI (16 bits), que opera- números de 0 a 7 (nas controladoras de 8
vam a 10 MHz e ofereciam taxas de transferência de, respectivamente 10 MB/s e 20 MB/s.
bits) e de 0 a 15 nas de 16 bits. Um dos
A partir daí, surgiram os padrões Ultra SCSI (8 bits, 20 MHz = 20 MB/s), Wide Ultra SCSI (16 IDs disponíveis é destinado à própria
bits, 20 MHz = 40 MB/s), Ultra2 SCSI (8 bits, 40 MHz = 40 MB/s) e Wide Ultra2 SCSI (16 controladora, deixando 7 ou 15 endereços
bits, 40 MHz = 80 MB/s). Veja que até a evolução foi bastante previsível, com um novo pa- disponíveis para os dispositivos.
drão simplesmente dobrando a freqüência e, consequentemente, a taxa de transferência
do anterior. O ID de cada dispositivo é configurado
através de uma chave ou jumper, ou (nos
A partir daí, o uso de controladoras de 8 bits foi abandonado e surgiram os padrões Ul- mais atuais), via software. A regra básica é
tra160 SCSI, onde a controladora operava a 40 MHz, com duas transferências por ciclo, re- que dois dispositivos não podem utilizar o
sultando num barramento de 160 MB/s e no Ultra 320 SCSI, que mantém as duas transfe- mesmo endereço, caso contrário você tem
rências por ciclo, mas aumenta a freqüência para 80 MHz, atingindo 320 MB/s. um conflito similar ao que acontece ao
tentar instalar dois HDs jumpeados como
master na mesma porta IDE :).
Controladora de 8 Bits Controladora de 16 Bits
Modelo A maioria dos cabos
(Narrow SCSI) (Wide SCSI)
SCSI possuem
SCSI 1 5 MB/s 10 MB/s apenas 3 ou 4
Fast SCSI (SCSI-2) 10 MB/s 20 MB/s conectores, mas
existem realmente
Ultra SCSI (SCSI-3) 20 MB/s 40 MB/s cabos com até 16
Ultra2 SCSI (SCSI-4) 40 MB/s 80 MB/s conectores, usados
quando é realmente
Ultra160 SCSI - 160 MB/s necessário instalar
Ultra320 SCSI - 320 MB/s um grande número
de dispositivos.

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No barramento SCSI temos também o As impressoras e scanners SCSI também A velocidade de gravação também é relati-
uso de terminadores, que efetivamente ganharam algumas batalhas, mas acaba- vamente baixa, em torno de 12 MB/s (cerca
"fecham" o barramento, evitando que os ram perdendo a guerra para os dispositi- de 43 GB reais por hora) e cada fita custa
sinais cheguem à ponta do cabo e retor- vos USB. US$ 80, o que dá um custo de US$ 0.50 por
nem na forma de interferência. Na maio- GB. Como hoje em dia um HD de 300 GB
ria dos casos o terminador é encaixado As unidade de fita já foram o meio mais custa (no Brasil) menos de R$ 250, a unida-
no dispositivo, mas em alguns casos bas- popular para fazer backup de grandes de de fita simplesmente perde em todos os
ta mudar a posição de uma chave. Tam- quantidades de dados, utilizando as fa- quesitos, incluindo confiabilidade e custo por
bém existem casos de cabos que trazem mosas fitas DAT. Como a fita precisa ser megabyte. Ao invés de utilizar a unidade de
um terminador pré-instalado na ponta. gravada e lida seqüencialmente, o mais fita, acaba sendo mais prático, rápido e ba-
comum é gerar um arquivo compactado rato fazer os backups usando HDs externos.
em .tar.gz, .tar.bz2, ou mesmo em .rar,
contendo todos os arquivos do backup e
gravá-lo na fita, de forma seqüencial. Um
arquivo muito grande pode ser dividido
em vários volumes e gravado em fitas
separadas. O grande problema é que é
preciso ler e descompactar todo o arqui-
vo para ter acesso aos dados.

O problema com as unidades de fita é


que, embora as fitas sejam relativamen-
Terminador SCSI
te baratas, as unidades de gravação são Exabyte VXA­320
Note que estou usando o termo "dispositivos" vendidas por preços salgados. Confor-
e não "HDs", pois (embora raro hoje em dia) me os HDs foram crescendo em capaci- Chegamos então na questão dos cabos. O
o padrão SCSI permite a conexão de diversos dade e caindo em custo, eles passaram SCSI permite tanto a conexão de
tipos de dispositivos, incluindo CD-ROMs, im- a oferecer um custo por megabyte mais dispositivos internos, quanto de dispositivos
pressoras, scanners e unidades de fita. baixo, fazendo com que os sistemas externos, com o o uso de cabos e
RAID e servidores de backup se popula- conectores diferentes
Os gravadores de CD SCSI foram populares rizassem roubando o mercado das uni- para cada tipo. As
nos anos 90, pois o barramento SCSI ofere- dades de fita. controladoras de
ce transferências mais estáveis que as anti- 8 bits utilizam
gas portas ATA-2 e ATA-3, usadas até então. Um drive VXA-320 da Exabyte, por ex- cabos de 50
Naquela época ainda não existia burn-free, emplo, custa US$ 1.250 e utiliza fitas de vias, enquanto
de forma que qualquer interrupção no fluxo apenas 160 GB. É comum que os fabri- as as 16 bits
de dados causava a perda da mídia. Com o cantes dobrem a capacidade, dizendo utilizam cabos
surgimento das interfaces IDE com suporte que as fitas armazenam "320 GB com- de 68 vias. Este da
a UDMA, a briga se equilibrou e os gravado- primidos", mas a taxa compressão varia foto é um HD Ultra320 SCSI,
res de CD IDE invadiram o mercado. de acordo com o tipo de dados. que utiliza o conector de 68 pinos.

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As controladoras SCSI são superiores às in- As controladoras Ultra160 e Ultra320 seri-

SAS
terfaces IDE em quase todos os quesitos, am subutilizadas caso instaladas em slots
mas perdem no mais importante, que é a PCI regulares (já que o PCI é limitado a
questão do custo. Como a história da infor- 133 MB/s), de forma que elas tradicional-
mática repetidamente nos mostra, nem mente utilizam slots PCI-X, encontrados
sempre o padrão mais rápido ou mais avan- apenas em placas para servidores. Isto Com a introdução do Serial ATA, o barra-
çado prevalece. Quase sempre, um padrão significa que mesmo que você quisesse, mento SCSI perdeu grande parte de seus
mais simples e barato, que consegue suprir não poderia instalar uma atrativos, já que o SATA oferece uma gran-
as necessidades básicas da maior parte dos controladora Ultra320 de parte das vantagens que antes eram
usuários, acaba prevalecendo sobre um pa- em seu desktop. atribuídas ao SCSI e, ao mesmo tempo, ofe-
drão mais complexo e caro. Apenas mais rece um sistema de cabeamento mais sim-
recente- ples.
De uma forma geral, o padrão IDE tornou-se mente
o padrão nos desktops e também nos servi- passaram Para preencher a lacuna, surgiu o SAS (Se-
dores e estações de trabalho de baixo custo, a ser fabri- rial Attached SCSI), um barramento serial,
enquanto o SCSI tornou-se o padrão domi- cadas controla- muito similar ao SATA em diversos aspec-
nante nos servidores e workstations de alto doras PCI-Express. tos, que adiciona diversas possibilidades in-
desempenho. Em volume de vendas, os HDs teressantes voltadas para uso em servido-
SCSI perdem para os IDE e SATA numa pro- Como de praxe, vale lembrar que a velocida- res. Ele preserva o mesmo conjunto de co-
porção de mais de 30 para 1, mas ainda as- de da interface não corresponde diretamente mandos e por isso é compatível a nível de
sim eles sempre representaram uma fatia à velocidade dos dispositivos a ela conecta- software. Não estou falando aqui do Win-
considerável do lucro líquido dos fabrican- dos. Os 320 MB/s do Ultra320 SCSI, por ex- dows e programas como os que utilizamos
tes, já que representam a linha "premium", emplo, são aproveitados apenas ao instalar em desktops, mas sim de aplicativos perso-
composta pelos HDs mais caros e de mais um grande número de HDs em RAID. nalizados, complexos e caros, utilizados em
alto desempenho. grandes servidores.
Existem muitas lendas com relação ao SCSI,
É comum que novas tecnologias sejam inici- que fazem com que muitos desavisados Assim como o SCSI conviveu com o padrão
almente usadas em HDs SCSI sendo somente comprem interfaces e HDs obsoletos, achan- IDE por mais de duas décadas, o SAS está
utilizadas nos discos IDE depois de tornarem- do que estão fazendo o melhor negócio do destinado a concorrer com o SATA, com
se mais baratas. Isto acontece justamente por mundo. Um HD não é mais rápido simples- cada um entrincheirado em seu respectivo
causa do mercado de discos SCSI, que prioriza mente por utilizar uma interface SCSI. É bem nicho: o SATA nos micros domésticos e ser-
o desempenho muito mais do que o preço. verdade que os HDs mais rápidos, de 15.000 vidores de baixo custo e o SAS em servido-
RPM, são lançados apenas em versão SCSI,
res maiores e estações de trabalho.
Além do custo dos HDs, existe também a mas como os HDs ficam rapidamente obsole-
questão da controladora. Algumas placas tos e tem uma vida útil limitada, faz muito As versões iniciais do SAS suportavam ta-
destinadas a servidores trazem contro- mais sentido comprar um HD SATA convenci- xas de transferência de 150 e 300 MB/s.
ladoras SCSI integradas, mas na grande onal, de 7.200 ou 10.000 RPM, do que levar Recentemente foi introduzido o padrão de
maioria dos casos é necessário comprar pra casa um HD SCSI obsoleto, com 2 ou 3 600 MB/s e passou a ser desenvolvido o pa-
uma controladora separada. anos de uso. drão seguinte, de 1.2 GB/s.

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A evolução é similar à do padrão SATA (no-
te que as velocidades são as mesmas), po-
rém o SAS tende a ficar sempre um de-
grau à frente.

A maior velocidade é necessária, pois o SAS


permite o uso de extensores (expanders),
dispositivos que permitem ligar diversos
discos SAS a uma única porta. Existem dois
tipos de extensores SAS, chamados de "Ed-
ge Expanders" e "Fanout Expanders". Os
Edge Expanders permitem ligar até 128
discos na mesma porta, enquanto os Fa- Extensor SAS hotswap
nout Expanders permitem conectar até 128
Edge Expanders (cada um com seus 128
discos!), chegando a um limite teórico de Nestes casos, seria utilizado um sistema RAID, onde parte do espaço e armazenamen-
até 16.384 discos por porta SAS. to é destinado a armazenar informações de redundância, que permitem restaurar o
conteúdo de um HD defeituoso assim que ele é substituído, sem interrupção ou perda
Este recurso foi desenvolvido pensando so- de dados. Ao contrário das controladoras RAID de baixo custo, encontradas nas placas
bretudo nos servidores de armazenamento. mãe para desktop, que executam suas funções via software, as controladoras SAS ti-
Com a popularização dos webmails e outros picamente executam todas as funções via hardware, facilitando a configuração (já
serviços, o armazenamento de grandes que deixa de ser necessário instalar drivers adicionais) e oferecendo um maior de-
quantidades de dados tornou-se um pro- sempenho e flexibilidade.
blema. Não estamos falando aqui de alguns
poucos gigabytes, mas sim de vários teraby- Outra pequena vantagem é que o SAS permite o uso de cabos de
tes ou mesmo petabytes de dados. Imagine até 6 metros, contra apenas 1 metro no SATA. A maior distância é
o caso do Gmail, por exemplo, onde temos necessária ao conectar um grande número de extensores, já que
vários milhões de usuários, cada um com eles são grandes e os últimos tendem a ficar fisicamente afasta-
mais de 2 GB de espaço disponível. dos do servidor.

Os extensores SAS normalmente possuem As controladoras SAS incluem normalmente


a forma de um gabinete 1U ou 2U, destina- 4 ou 8 portas e são instaladas num slot PCI-
dos a serem instalados nos mesmos hacks X, ou PCI Express. Nada impede também
usados pelos próprios servidores. Em mui- que você instale duas ou até mesmo três
tos, os discos são instalados em gavetas controladoras no mesmo servidor caso
removíveis e podem ser trocados "a quen- precise de mais portas. Algumas placas-
te" (hotswap), com o servidor ligado. Isto mãe destinadas a servidores já estão vindo
permite substituir rapidamente HDs defei- com controladoras SAS onboard, reduzindo
tuosos, sem precisar desligar o servidor. o custo.

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Assim como a maioria das controladoras que você dificilmente iria querer utilizar um em seu desktop, de qualquer forma. O princi-
SAS, esta Adaptec da foto utiliza um único pal diferencial é que eles são certificados para operação contínua e possuem garantias
conector SFF 8484, ao invés de 4 conecto- maiores, geralmente de 5 anos.
res separados. Ele simplifica um pouco a
instalação, mas na prática não muda muita A maior parte dos HDs de alto desempe-
coisa, pois o conector dá origem aos 4 ca- nho, com rotação de 15.000 RPM, que an-
bos separados da mesma forma: tes só existiam em versão SCSI, estão
sendo lançados também em versão SAS.
Nos próximos anos é de se esperar que o
SAS substitua gradualmente o SCSI, assim
como o SATA já substituiu o IDE quase que
completamente nos micros novos.

Não existe nada de fundamentalmente diferente, que impeça que estes drives de alto
desempenho sejam lançados também em versão SATA, o problema reside unicamente
na questão da demanda.

Por serem caros e possuírem capacidades reduzidas (devido ao uso de discos de 2.5"),
os HDs de 15.000 RPM acabam não sendo muito adequados para o público doméstico.
Você dificilmente pagaria R$ 1500 por um HD de 73 GB (como Seagate Cheetah
Um detalhe interessante é que o pa- 15K.4), por mais rápido que ele fosse, quando pode comprar um HD SATA de 300 GB
drão SAS oferece compatibilidade re- por menos de R$ 250. Esta brutal diferença de custo acaba sendo justificável apenas
troativa com os HDs SATA, permitindo no mercado de servidores de alto desempenho e workstations, onde, literalmente,
que você use HDs SATA convencionais "tempo é dinheiro".
como uma forma de cortar custos, sem
ter que abrir mão da possibilidade de
usar os extensores.
Carlos E. Morimoto.
A relação, entretanto, não é recíproca:
embora o conector seja o mesmo, HDs É editor do site www.guiadohardware.net, au-
SAS não são reconhecidos caso insta- tor de mais de 12 livros sobre Linux, Hardware
e Redes, entre eles os títulos: "Redes e Servi-
lados numa porta SATA convencional,
dores Linux", "Linux Entendendo o Sistema",
pois eles utilizam comandos específi-
"Linux Ferramentas Técnicas", "Entendendo e
cos, que vão bem além do conjunto Dominando o Linux", "Kurumin, desvendando
suportado pelas controladoras SATA. seus segredos", "Hardware, Manual
Completo"e "Dicionário de termos técnicos de
De qualquer forma, os HDs SAS são
informática". Desde 2003 desenvolve o Kuru-
mais caros e não oferecem vantagens min Linux, uma das distribuições Linux mais
em termos de desempenho, de forma usadas no país.

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