Valthor Vharghoss, o Filho das Marés Congeladas
Raça: Tiefling (Levistus)
Classe: Druida (Círculo do Mar)
I. Um Acordo Congelado
Valthor nasceu de um pedido desesperado, selado no gelo e nas profundezas de um inferno aprisionado.
Seus pais, Kaelen e Nymira Vharghoss, eram piratas de renome sinistro. Comandavam o navio Espólio do Silêncio, uma
embarcação envolta em lendas — dizia-se que ela podia desaparecer na névoa como um sussurro e emergir em qualquer costa
onde houvesse sangue e ouro. Eles navegavam os mares da Costa da Espada caçando navios mercantes, coletando relíquias
proibidas e desafiando tempestades que afundariam qualquer outro capitão.
Em uma dessas expedições ao norte, nas águas traiçoeiras do recife amaldiçoado de Shimmerdeep, o navio foi atacado por
algo que transcendia o entendimento humano: um Aboleth, criatura psíquica e imemorial, movida por um desejo antigo de
recuperar uma herança esquecida. Seu verdadeiro alvo era um colar antigo que Nymira carregava — um talismã passado por
gerações, pertencente a seu pai, Daemonhar Vharghoss, um bruxo que selou um pacto incompleto com Levistus, o
arquidiabo aprisionado sob as geleiras de Stygia.
Grávida e cercada pela morte, Nymira caiu de joelhos sobre o convés ensanguentado. O mar rugia, os relâmpagos rasgavam os
céus, e o Aboleth erguia sua mente sobre os sobreviventes restantes. Nymira apertou o colar, invocando o nome proibido:
Levistus. Ela pediu uma única coisa: que seu filho vivesse, ainda que tudo ao redor fosse consumido.
O mundo congelou.
Literalmente. A tempestade parou. As gotas de chuva estagnaram no ar como esmeraldas suspensas. O mar endureceu como
vidro sob o casco. O navio, a tripulação, a criatura e a mãe foram selados em uma geleira encantada, um túmulo cristalino
navegando à deriva no tempo. O pacto havia sido selado. O preço: a alma e o futuro do menino.
II. Uma Nova Vida em Mar Aberto
Meses depois, já ao sul das Ilhas da Névoa, o iceberg foi avistado por um grupo de aventureiros a bordo da Estrela Errante, um
navio sem bandeira que cruzava o mundo buscando mistérios perdidos. Aqueles aventureiros eram conhecidos como Ventos
da Lua Nova, uma companhia eclética, leal entre si, com fama de enfrentar perigos que os reinos preferiam ignorar.
A bordo estavam:
● Theren Galanodel, um elfo bardo de Evereska, estrategista e líder nato, cuja voz encantava multidões e silenciava
monstros.
● Mara Colmash, uma humana clériga de Selûne, renascida como navegadora após abandonar os templos e abraçar a
liberdade dos mares.
● Durgan Martelofrio, um anão das montanhas de Sundabar, forjador de armas e iguarias igualmente lendárias.
● Zindra Ashael, uma meio-drow erudita e arcana, obcecada por fenômenos aberrantes.
● Rook, o kenku que lia os ventos com olhos de tempestade e memórias roubadas de outros.
Zindra, ao inspecionar o gelo, identificou a estagnação mágica e advertiu: algo preso ali havia desafiado os limites naturais. Ao
derreterem cuidadosamente uma porção da geleira, descobriram o corpo congelado de Nymira — ainda envolta em seus trajes
de pirata, com um bebê vivo em seus braços, intocado pelo frio. Sua pele era de um azul pálido, quase translúcido, os olhos de
um verde-mar profundo, os chifres finos como cristais de gelo, e sua cauda enrolava-se como uma corrente de bruma.
Theren o nomeou Valthor, palavra élfica ancestral que pode ser traduzida como "nascido do inverno eterno". Decidiram criá-lo
como filho do navio, com Mara assumindo o papel de mãe e Theren, de pai. O colar permaneceu guardado sob os cuidados de
Zindra, mas aos cinco anos Valthor começou a ter sonhos com uma voz sussurrando entre blocos de gelo e gritos abafados
por correntes.
III. Mar, Trovão e Sangue
Valthor cresceu livre, selvagem, rindo nas cordas do Estrela Errante enquanto enfrentava ondas maiores do que ele. Aprendeu
a nadar antes mesmo de correr, e a escalar mastros como quem escala árvores. Em terra firme, acompanhava os Ventos em
expedições a masmorras esquecidas, templos submersos e fortalezas abandonadas.
Visitou Luskan, duelou com filhos de corsários em Águas Profundas, sobreviveu a um ataque de yuan-ti em Porto Nyanzaru e
quase foi devorado por um dragão marinho ao largo de Chult. Mostrava afinidade crescente com o mar, conjurando pequenos
redemoinhos, congelando poças d’água ou atraindo raios com as mãos. Era um prodígio, mas um que carregava uma sombra.
Dentre as aventuras, destacou-se o confronto com Sarion Darkwake, um jovem mago da tempestade de Luskan que invejava
os dons de Valthor. Após uma disputa em um ritual arcano, Sarion foi humilhado e jurou vingança. Anos depois, tornou-se
capitão do navio Garra Espectral, uma embarcação mercenária ligada a piratas e cultistas de Tharizdun. Sarion agora caça
Valthor, desejando roubar seu amuleto e oferecê-lo a entidades mais sombrias que Levistus.
Outro inimigo surgiu mais perto de casa. Mirkha dos Olhos Cinzentos, uma ex-membro dos Ventos da Lua Nova, foi banida
por tentar tomar o colar de Valthor para usá-lo em um ritual profano. Ela acreditava que poderia usar o artefato para abrir
uma passagem direta para Stygia e roubar poder de Levistus antes que o tiefling amadurecesse. Desde então, persegue
Valthor como uma sombra — disfarçada, manipulando vilas, mercenários e agentes do submundo.
IV. Chamado das Profundezas
Aos 17 anos, durante uma expedição aos pântanos gelados da Montanha Careca, Valthor se afastou e caiu num lago coberto
por névoa. Em vez de afundar e congelar, foi puxado por correntes mágicas até uma caverna submersa onde encontrou um
espírito em forma de serpente-marinha prateada, conhecida em lendas antigas como Shael’vyr, a Guardiã da Corrente
Silenciosa.
Ali, no coração do frio, pedras antigas pulsavam com energia. O Círculo do Mar, uma ordem druídica extinta na região, o
reconheceu através da essência de Shael’vyr e o acolheu. Aprendeu a ouvir os segredos dos oceanos, a guiar marés e
tempestades, e a dominar o poder bruto da água. Mas algo mudou: o colar de sua mãe brilhou com mais intensidade. Sonhos
com gritos abafados, gelo estilhaçando e correntes arrastando sua alma se tornaram frequentes.
V. Partida e Segredos
Aos 19, Valthor se despediu dos Ventos da Lua Nova. Agradeceu a Mara e Theren — os únicos pais que conheceu — e partiu.
Voltou à Montanha Careca, atraído por algo que não conseguia nomear. Ele busca quebrar o ciclo. Libertar-se. Ou, talvez,
aceitar o preço de sua existência e transformar sua maldição em redenção.
VI. Ganchos para o Mestre
● Sarion Darkwake deseja o amuleto para criar um artefato capaz de controlar tempestades.
● Mirkha dos Olhos Cinzentos está infiltrada em uma vila próxima, controlando uma seita disfarçada.
● O Aboleth congelado começa a se mover sob o gelo. Algo o está despertando.
● Clérigos de Selûne alertam Mara: ela viu Valthor morrer em uma visão profética.
● Shael’vyr envia um recado cifrado a Valthor: "A corrente escolhe, mas não carrega os fracos."
● Levistus oferece uma escolha: servir como arauto e libertar seu pai biológico aprisionado em Stygia.
“O mar me criou, o gelo me moldou… mas só eu decido a quem minha alma pertence.”
— Valthor de Stygia