Seven Sleepless Nights
DOMINGO
BALLYLAGGIN, CORK
SHANNON LYNCH
Enrolada no casaco mais quente que eu tinha, soprei nas minhas mãos cobertas por luvas e
tentei aquecer o que eu sabia serem dedos azulados. Era primavera, e a frente fria vinda do
norte estava severa. Ainda assim, não havia outro lugar onde eu preferisse estar.
Com os olhos brilhando e toda animada, minha melhor amiga Claire pulava ao meu lado,
torcendo pelo time de rúgbi da escola. Eu sabia exatamente qual número ela estava
interessada, pois gritava e torcia por Gibsie, o famoso flanqueador do Colégio Tommen.
Quanto a mim?
Bom, eu só tinha olhos para o número 13.
O capitão do time.
O jogador da seleção irlandesa.
O prodígio em pessoa.
Jonathon Kavanagh.
Meu Johnny.
Era a primeira vez que eu o via desde que ele foi convocado para o Six Nations. A agenda
dele durante o torneio foi insana, o que significava que mal passamos tempo juntos desde
fevereiro. Claro, a gente trocava mensagens e se ligava todos os dias, mas não era a
mesma coisa. Eu sentia falta dele na escola.
Sentia falta dele em casa.
Sentia falta dele na minha vida. Às vezes, acho que até sentia falta dele mesmo quando
estava com ele.
— Essa é sua deixa pra aplaudir — disse Claire, me cutucando de lado. — Aplaude, Shan.
O jogo acabou. Seu namorado acabou de marcar o try da vitória.
— Hã? Ah… Bom trabalho! — eu gritei, levantando rapidamente e aplaudindo furiosamente
junto com todos os outros torcedores do Tommen. Na verdade, eu nem sabia direito o que
estava acontecendo, mas o jogo tinha acabado, Johnny ainda estava de pé, com pouco
sangue na camisa, então pra mim isso era uma vitória.
Meu coração batia descontroladamente quando um garoto do time adversário fez sinal para
Johnny sugerindo trocar de camisa. Mesmo com meu conhecimento mínimo de rúgbi, eu
sabia que isso não era comum em jogos escolares, mas Johnny apenas assentiu e tirou a
camisa antes de entregá-la para o outro jogador.
Um coro de gritos femininos surgiu ali perto, tão alto que precisei tapar os ouvidos. Enojada
e queimando de ciúmes, soltei um suspiro e saí da nossa fileira, seguindo Claire pelas
escadas em direção ao campo.
Quando cheguei ao último degrau da arquibancada, Johnny já estava vindo direto na minha
direção, os olhos azuis fixos no meu rosto.
— Ah, não — resmungou Claire, levantando as mãos. — Vocês vão se agarrar, não vão?
Aff, e eu acabei de almoçar… — Balançando a cabeça, ela saiu correndo e gritou: —
Gerard, vem me salvar! — enquanto se afastava.
Como um reflexo automático, levantei a mão de forma desajeitada e acenei pra ele, o
coração disparado no peito enquanto eu o via diminuir a distância entre nós.
Muito bem, idiota.
Acena pro garoto que salvou sua família.
Acena mesmo.
Aff.
Ignorando os fãs e os repórteres ao redor, Johnny veio direto em minha direção, saltou o
muro com um só movimento ágil e só parou quando estava bem na minha frente.
— Oi, Shannon — ele disse com um sorriso, passando um braço enlameado pela minha
cintura e me puxando contra seu peito.
Aquele peito grande, forte e musculoso…
— Oi, Johnny — eu murmurei, arrepiando quando coloquei as mãos em sua barriga e senti
o calor da pele dele mesmo por baixo das luvas. — Você voltou.
— Eu sempre volto pra você, Shannon, como o rio — ele respondeu, com a voz grossa e
rouca enquanto levantava meu queixo com os dedos e aproximava os lábios dos meus. —
Tudo é por você, baby.
No momento em que nossos lábios se tocaram, algo dentro de mim se acalmou. Tudo
voltou a fazer sentido no meu mundo porque Johnny Kavanagh tinha voltado pra mim.
Ignorando os gritos, assobios e flashes das câmeras ao nosso redor, retribuí o beijo com
tudo o que eu tinha dentro de mim.
— Eu senti tanto a sua falta, Johnny — gemi contra sua boca enquanto sua língua duelava
com a minha, engolindo meus suspiros ofegantes. As mãos dele eram ásperas e calejadas
de anos jogando, mas ele ainda me segurava com uma delicadeza que só o Johnny
possuía.
— Eu senti tanto a sua falta, Shan — ele respondeu com urgência, enquanto o braço em
volta da minha cintura se apertava ainda mais. — Você não faz ideia… Cristo, estar com
você é como voltar pra casa.
— Você está em casa, Johnny.
— Não é isso que eu quis dizer.
Sim, eu sabia exatamente o que ele queria dizer.
— Parabéns pelo jogo, aliás — murmurei contra a boca dele, os lábios se movendo sobre
os dele. — Você, uh, você foi…
— Bom? — ele sugeriu, se afastando um pouco e me olhando com aquele sorriso maroto.
— É — soltei o ar trêmulo e sorri para ele. — Mais do que bom.
— Que bom — o sorriso dele se alargou, as covinhas aparecendo de forma adorável. —
Vamos — disse ele, passando um braço pelos meus ombros e me encaixando ao lado dele
— Vamos pra casa, Shan.
— Ah, eu tenho boas notícias sobre isso — respondi, enlaçando a cintura dele com o braço.
— É mesmo?
— É. — Sorri pra mim mesma. — Sua mãe mandou dizer que sente muito por não estar em
casa quando você chegou, mas que foi arrastada pra um evento da associação de pais na
escola do Ollie, e que vai te ver mais tarde à noite.
O passo de Johnny vacilou, e ele virou pra mim com os olhos arregalados.
— E você só me conta isso agora?
Ri enquanto ele balançava a cabeça em descrença.
— Vamos logo — disse ele, agora mais ansioso, praticamente me arrastando em direção à
sede do clube. — Estou com o carro.
Estávamos cantando no carro, totalmente envolvidos no momento, enquanto o limpador do
para-brisa trabalhava no máximo pra afastar a chuva. Os vidros estavam todos embaçados,
mesmo com o aquecedor no máximo, e eu sentia a umidade nos ossos — mas nunca me
senti tão livre e despreocupada.
Sem conseguir evitar, me inclinei e beijei a pele nua do pescoço dele. Fui recompensada
com um rosnado baixo, e então a mão dele pousou na minha coxa, os dedos entrelaçados
com os meus.
É isso, decidi com um suspiro satisfeito. Isso é amor.
“Fans”, do Kings of Leon, explodia no som do carro enquanto Johnny, ainda com o uniforme
do jogo, colocava o carro na quinta marcha e pisava fundo no acelerador.
Com o coração batendo descontrolado no peito, tentei — e falhei — focar nas paisagens
borradas de campos e casas que passavam voando pela janela. Só havia um destino em
mente.
Meu quarto.
Ele dirigia de forma imprudente, rápido demais, e mesmo assim, eu não conseguia parar de
sorrir.
Embriagada por hormônios e liberdade, soltei o cinto de segurança, me inclinei por cima dos
bancos e deslizei minha mão para dentro da cintura do shorts dele.
— Shan — ele gemeu, levantando o quadril quando fechei a mão em torno dele. — Porra.
— Quer que eu pare? — sussurrei em seu ouvido, mordiscando o lóbulo da orelha. —
Hmm?
— Porra nenhuma, Shan, não para — ele gemeu, movendo os quadris no ritmo da minha
mão enquanto eu acariciava sua ereção. — Nunca para, baby. Nunca.
Menos de dez minutos depois, estávamos de volta ao meu quarto. A porta fechada, as
roupas espalhadas pelo chão, e a versão metal da música “Wicked Game” da banda HIM
tocando alto no som.
As letras melancólicas preenchiam meus ouvidos, abafando o som do meu coração
acelerado, enquanto minhas costas batiam no colchão — logo antes do corpo dele cair
sobre o meu.
Ele tinha o porte de um lutador, o corpo moldado para a violência, mas só me mostrava
amor. Com mãos grandes como pás, ele segurava meu rosto com uma delicadeza que eu
aprendi a confiar.
Era um sentimento extraordinário, estar tão apaixonada tendo vivido tão pouco da vida. Mas
não importava. Com ele, eu tinha alcançado meu auge. Nunca me desviaria. Nunca me
perderia.
Johnny Kavanagh era o garoto com quem eu devia estar.
Nunca tive tanta certeza de algo na vida.
Ele era a outra metade de mim.
E eu o amava. Com tudo o que havia em mim.
Tomada por esse sentimento, deixei minhas pernas se abrirem
sentindo o corpo dele encaixado entre minhas pernas, a parte mais dura dele se movendo
contra a parte mais sensível de mim.
Ele estava duro, espesso, pressionando contra mim; cada músculo do corpo impressionante
dele estava tensionado em antecipação enquanto ele provocava minha entrada com a
ponta do seu membro grosso.
— Te amo, Shan — ele sussurrou contra meus lábios antes de empurrar fundo dentro de
mim. — Te amo mais do que tudo no mundo, baby.
— Também te amo, Johnny — eu gemi, agarrando seus ombros largos e me deliciando com
o fato de que, mesmo sendo tão menor que ele, quando nossos corpos se encaixavam, era
perfeito. Nós nos encaixávamos perfeitamente. Era tudo certo.
Ele estava me dando tudo o que eu precisava — e mais. Com os lábios, me dava amor.
Com as mãos, me mostrava o quanto me desejava.
Quando ele estava dentro de mim, nossos movimentos eram uma mistura frenética de dor e
prazer, uma combinação intoxicante de sexo e amor. A conexão entre nós era mais
profunda do que qualquer palavra poderia expressar. Pode ter levado um tempo até
entendermos, mas uma vez que entendemos, eu sabia — confiava — que seria o amor de
uma vida inteira. Que ele seria o amor da minha vida.
JOHNNY KAVANAGH
Eu estava tão absurdamente apaixonado por essa garota que tinha certeza de que ninguém
no maldito planeta já tinha sentido o que eu sentia quando ela estava perto de mim.
Na verdade, a Shannon nem precisava estar por perto pra dominar todos os meus
pensamentos e decisões. Minha felicidade estava ligada à dela. Não importava o quanto eu
fosse longe no rúgbi, ou o quão bem-sucedido eu me tornasse — se Shannon não estivesse
feliz, eu também não estaria.
Estar dentro dela, sentir as paredes quentes do seu corpo se apertando ao meu redor, me
puxando cada vez mais fundo, pro único lugar onde eu queria estar — isso era tudo. As
mãos dela no meu corpo, me tocando, agarrando minha pele, exigindo que eu desse tudo
de mim… era o paraíso.
E eu estava mais do que disposto a dar tudo de mim pra ela.
Eu teria continuado dizendo o quanto eu a amava, se não me fizesse parecer uma vadia
sensível demais, então, em vez disso, eu mostrei com meu corpo.
Beijando-a profundamente, me movi por cima, empurrando mais fundo dentro dela, sentindo
como se quisesse me perder naquela garota e nunca mais voltar.
Foda-se o rúgbi.
Foda-se a escola.
Naquele momento, o céu podia desabar ao meu redor que eu não sairia dali.
Eu não queria estar em nenhum outro lugar.
Horas depois, estávamos deitados abraçados na cama dela, assistindo Fair City — escolha
dela, não minha.
— Estou ansiosa pelo verão — Shannon disse. — Menos chuva, menos frio, noites mais
longas, sem escola, mais tempo com você…
O sorriso dela vacilou, e as palavras foram morrendo aos poucos. E eu sabia o motivo.
Era porque não teríamos mais tempo juntos.
Porque eu estava prestes a ir embora de novo.
Porque eu não estaria em casa nesse verão.
E quando setembro chegasse, eu não estaria mais por perto.
Merda.
— Shan…
— Tá tudo bem — ela se apressou em dizer, apertando minha mão. — Eu tinha esquecido
por um instante. Mas agora lembrei.
Dava vontade de socar minha própria garganta de tanta raiva que eu sentia de mim mesmo
pelas escolhas que fiz.
— Me desculpa — murmurei, me virando de lado pra olhar pra ela. — Shan…
— Você não tem do que se desculpar — ela respondeu com a voz baixinha. — As coisas
são assim. Eu sabia no que estava me metendo.
— É, mas mesmo assim, me desculpa — falei, colocando uma mecha do cabelo dela atrás
da orelha. — Por tudo ter que ser assim. Por ser tão difícil estar comigo. Eu sei que não é
fácil. Eu sei que não estou te dando um relacionamento de adolescente normal. — Suspirei,
frustrado. — Eu queria poder. Queria te dar o mundo.
— Eu não quero o normal, Johnny — ela respondeu. — Eu só quero você.
Graças a Deus por isso.
— E eu só quero você de volta — sussurrei.
Ela me deu um sorriso radiante.
— Então a gente vai dar um jeito.
— É… — Eu esperava que sim. — Porque eu não vou te perder.
Nunca.
— Falando em desistir… — disse ela, sentando-se de repente e pegando o controle remoto
para desligar a TV — dos números, no caso.
Ela continuou, se inclinando na beirada da cama para pegar a mochila da escola:
— Tô falando de matemática. — Franziu o nariz, colocou a mochila na cama e me lançou
um olhar adorável de cachorrinho pidão. — Será que o Capitão Fantástico me salva mais
uma vez?
Fingindo um suspiro exagerado, assenti:
— Última vez, Lynch.
SHANNON LYNCH
Com “Iris”, do Goo Goo Dolls, tocando baixinho no meu som, eu ouvia atentamente cada
instrução que Johnny me dava. Afinal, ele era o mais próximo de um gênio da matemática
que eu já conheci pessoalmente — e isso incluindo todos os professores das escolas por
onde passei.
— Onde tá sua régua, Shan?
— No estojo — respondi, cuspindo o lápis que estava equilibrando entre os lábios, enquanto
tentava desesperadamente resolver a equação 2.B da lição de casa.
— Que porra é essa?
— Hm?
— Shan?
— O quê?
— Shannon, olha pra mim.
Com as sobrancelhas franzidas, tirei os olhos da folha e olhei para o Johnny.
Ele estava pálido como um fantasma, segurando meu estojo numa mão, e boquiaberto com
o que estava na outra.
— Que porra é isso, Shannon? — ele perguntou com a voz gelada.
— Eu… — Travei. Encarei o teste de gravidez na mão dele e fiquei paralisada. — Eu não
sei.
Johnny me olhou, incrédulo.
— Você não sabe?
— Não — balancei a cabeça e peguei o teste, completamente confusa. — Eu não…
— Não mente pra mim — Johnny cortou, passando a mão pelos cabelos. — Por favor,
Shannon, não mente pra mim. Não agora. Não com uma coisa dessas.
— Eu não tô mentindo — rebati, me levantando da cama dele e recuando, os olhos ainda
grudados naquele bastão na minha mão. — Isso não é meu.
— Você tá grávida — ele sussurrou, ainda sentado na minha cama, rodeado pelos livros. —
E não me contou.
— Não, Johnny, eu não tô grávida — balancei a cabeça.
— Você passou mal antes de eu ir pro acampamento no mês passado — ele acusou,
claramente frustrado. — Você vomitou!
— Eu sempre vomito — rebati, revirando os olhos sem conseguir evitar. — Você sabe
disso. Eu não consigo controlar.
— Para de mentir pra mim.
Soltei uma risada de puro espanto.
— Eu não tô mentindo.
— Shannon, você tá com um maldito bebê na barriga! — Johnny sibilou, ficando roxo de
raiva enquanto pulava da cama e começava a andar de um lado pro outro no quarto,
gesticulando. — Pelo amor de Deus, você tá com o meu filho dentro de você. Isso não é
brincadeira, baby!
— Do que você tá falando?! — gritei, entre risadas nervosas, olhando pra ele em choque. —
Eu não tenho um bebê dentro de mim!
— Ah, não tem? — Furioso, ele arrancou o teste da minha mão, olhou rapidamente, soltou
um gemido alto e começou a balançá-lo no ar feito um lunático. — Eu não acredito que você
ia me deixar ir embora sem me contar — cuspiu. — O que você achou que eu ia fazer? Te
deixar aqui sozinha com meu filho pra ir jogar rúgbi? Você tá maluca? — Ele balançava a
cabeça, passando a mão pelo cabelo. — Você me conhece mesmo?
— Johnny, eu nunca vi isso na minha vida!
— Tava no seu estojo — ele rosnou, enfurecido.
— Eu sei — respondi, atordoada — mas não é meu!
— Você tá mentindo pra mim — ele disparou. — De novo, Shan!
— Eu não tô! — quase gritei, jogando longe o que percebi que era um teste usado e coberto
de xixi. — Eca, meus lápis! — gemi, e meus olhos se arregalaram. — Meu Deus… quem é
que tá grávida?
— Você, Shannon — Johnny piscou, escandalizado. — Você tá grávida!
— Não, eu não tô! — rebati, já no meu limite com essa loucura. — A gente não vai ter um
bebê, então se acalma!
— Meu Deus! — ele resmungou, esfregando o rosto com a mão. — Você não ia nem ficar
com ele, né? — Gemeu, mordendo os próprios dedos, andando de um lado pro outro. — É
por isso que você não me contou!
— Tá no seu corpo!
— Você tá tendo um ataque de pânico — falei calmamente. — Você precisa respirar… e me
ouvir.
— Eu vou te manter comigo! — ele rosnou, sem ouvir nada, marchando até a porta do meu
quarto. — E essa coisa aí dentro também!
— Onde você vai? — chamei atrás dele, tentando conter o riso com a mão. — Johnny?
— Comprar uma maldita aliança! — ele gritou por cima do ombro. — E talvez esconder as
facas, porque acho que vou ficar sem pau, baby!
Ele bateu a porta do meu quarto com força, e eu desabei de volta na cama, com a mente
girando.
Menos de um minuto depois, a porta se abriu com tudo de novo, e ele entrou como um
homem com uma missão. Marchando até mim, que ainda estava sentada na cama, Johnny
se ajoelhou e encostou a orelha na minha barriga.
— O que você tá fazendo? — perguntei, rindo.
— Tô tentando entender com o que eu tô lidando aqui — ele murmurou. — Jesus!
— Ai meu Deus, para — para! — empurrei a cabeça dele, rindo tanto que mal conseguia
respirar. — Eu vou fazer xixi de tanto rir!
— Incontinência — Johnny choramingou, abraçando minha cintura e se agarrando à minha
barriga. — Isso é um sintoma de gravidez! — Um gemido dramático escapou dele. — Ah,
merda, Shan, me desculpa por ter colocado um bebê aí dentro!
— Você colocou o quê nela?
O medo de Deus tomou conta de mim quando meus olhos encontraram a Sra. Kavanagh
parada na porta do meu quarto.
— Me desculpa, mãe. Me desculpa mesmo…
— Eu vou cortar seu pinto fora, seu fedelho miserável!
Mais rápido que um gato, Johnny pulou para o outro lado da cama no mesmo momento em
que a mãe dele se lançou pra cima dele.
— Como você pôde fazer isso comigo, Jonathon?! — a mãe dele gritou.
— Não me mata! Eu preciso estar vivo pro meu bebê, mãe —!
— Não fui eu! Não sou eu! — comecei a gritar, correndo para salvar meu namorado da
colher de pau que a mãe dele estava tentando usar como arma. — Edel, espera — eu não
tô grávida!
Mãe e filho congelaram no lugar.
— Você não tá? — perguntaram juntos.
Balancei a cabeça.
— Não. Eu não tô.
— Então de quem diabos é isso?! — Johnny exigiu, ainda agitado.
— Primeiro de abril — zombou uma voz familiar na porta do meu quarto. — Melhor
investimento de dois euros na loja de pegadinhas, Johnny, meu chapa. Você devia ter visto
sua cara. Impagável.
— Tadhg Lynch — murmurei, estreitando os olhos. — Seu pestinha.
— Linguagem — repreendeu a Sra. Kavanagh, abaixando a colher de pau e discretamente
guardando-a no bolso do avental. — Essa pegadinha foi horrível, Tadhg. Eu quase
estrangulei o pobre do Johnny.
— Desculpa, Dellie.
— Ah, Jaysus — Johnny suspirou, claramente aliviado, caindo de costas na minha cama e
apertando o peito. — Graças a Deus por isso. Estou tão aliviado que nem consigo ficar
bravo.