Apostila 9 p1
Apostila 9 p1
Importância da
rotulagem de
alimentos para a
segurança alimentar 1
Professora Flávia Mira Leis
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Importância da rotulagem de alimentos para a segurança alimentar 1
1 Introdução 3
1.1 A rotulagem de alimentos no contexto atual 3
1.1.1 O que é rótulo e para que ele serve? 5
1.1.2 O que se espera da rotulagem? 5
2 Legislação pertinente 7
2.1 Normas básicas sobre alimentos 8
2.2 Rotulagem de alimentos embalados 9
2.2.1 Que informações o rótulo deve conter? 9
2.3 Água mineral 14
SUMÁRIO 2.4 Alimentos que contenham corante amarelo tartrazina 15
2.5 Alimentos que contém glúten 17
2.6 Alimentos que contém organismos geneticamente modificados 17
2. 7 Produtos de origem animal 19
2. 8 Carnes de aves e miúdos 20
2.9 Ovos 20
2.10 Dispensa e obrigatoriedade de registro sanitário 21
3 Embalagem 21
Referências 25
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Documentário Muito além do peso. Disponível em: População Brasileira (BRASIL, 2012). Segundo o
<http://www.muitoalemdopeso.com.br/sobre.html> Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), nas últimas
décadas, a venda de alimentos industrializados no
1 INTRODUÇÃO mundo aumentou 92%, atingindo US$2,2 trilhões em
2012 (IDEC, 2013).
1.1 A rotulagem de alimentos no
contexto atual É inquestionável o papel da industrialização de
alimentos neste contexto. Os processos tecnológicos
O Brasil passou por grandes transformações trouxeram muitos benefícios como a conservação de
sociais nas últimas décadas. Os processos de alimentos, permitindo o aumento da validade dos
industrialização e urbanização e a entrada da mulher mesmos, o enriquecimento pela adição de vitaminas
no mercado de trabalho, por exemplo, provocaram e minerais, a eliminação de micro-organismos
mudanças no estilo de vida da população, incluindo patogênicos e a praticidade no preparo e consumo
alterações no padrão alimentar (BRASIL, 2012; de alimentos pré-preparados. Mas de que forma
MOREIRA; PEREIRA, 2008; MARTINEZ, 2006). isso vem influenciando nossos hábitos alimentares e
nossa saúde?
Com grande parte das refeições sendo
realizadas fora de casa e as opções acabam incidindo Estas mudanças são responsáveis pela
em alimentos industrializados, de mais fácil e rápida situação de saúde e estado nutricional das populações
preparação (MARTINEZ, 2006; GRACIANO et al, e as consequências apontam para um novo cenário
2000 apud CASAES; TANCREDI, 2012). Entre os anos de problemas relacionados à alimentação e nutrição
de 2002 e 2009 houve um aumento de 24% dos como obesidade, diabetes e alergias alimentares
gastos com alimentação fora do domicílio em todas (MONDINI; MONTEIRO, 1994; MONTEIRO;
as faixas de renda, o que está associado ao aumento MONDINI; COSTA, 2000; MARTIN; MATSHUSHITA;
de alimentos industrializados (CONSEA, 2010). SOUZA, 2004).
No entanto, tais opções como refrigerantes, A estimativa é de que 63% das 57 milhões
sanduíches, salgados e salgadinhos também de mortes ocorridas no mundo em 2008 foram
apresentam em sua composição altos teores de provocadas por doenças não transmissíveis, incluindo
gorduras, sódio e açúcar, bem como baixo teor de doenças cardiovasculares (48%), câncer (21%),
micronutrientes e alto conteúdo calórico (BRASIL, doenças respiratórias crônicas (12%) e diabetes
2012; LOBANCO, 2007). Soma-se a isto a grande (3,5%) (IDEC, 2013).
diversidade desses alimentos, sua alta palatabilidade
e baixo custo (MONTEIRO; MONDINI; COSTA, 2000). Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF 2008/2009), o excesso de peso (sobrepeso
Estudos feitos sobre consumo alimentar e obesidade) acomete quase metade dos adultos
permitem verificar que o aumento expressivo no brasileiros, sendo a prevalência de obesidade de
consumo de produtos industrializados ocorreu em 12,5% nos homens e 16,9% nas mulheres. Entre as
detrimento do consumo de carboidratos complexos, crianças de 5 a 9 anos, no período compreendido
legumes, verduras e frutas. De acordo com o entre os anos de 1989 a 2009, as prevalências de
documento da Política Nacional de Alimentação e obesidade foram multiplicadas por quatro entre os
Nutrição, o consumo de frutas e hortaliças, que se meninos (de 4,1% para 16,6%) e, aproximadamente,
mantém estável na última década, ainda é metade por cinco entre as meninas (de 2,4% para 11,8%).
do valor recomendado pelo Guia Alimentar para a No caso dos adolescentes, 6% dos sexo masculino
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existem irregularidades nos rótulos dos alimentos o consumidor ao erro, comprometendo, inclusive,
quando avaliados considerando-se a legislação sua saúde. Marins et al (2008) identificaram como
específica e as recomendações de saúde. Estas problemas relacionados ao entendimento do
estão relacionadas com a rotulagem geral, com a consumidor, além da falta de confiança, a relação
rotulagem nutricional, a declaração da presença de entre o conteúdo com as propagandas realizadas
glúten, de substâncias alergênicas etc. Em um artigo pela indústria, as informações sobre a presença de
de revisão, baseado na produção acadêmica sobre ingredientes que possam causar disfunções e o uso
a rotulagem de alimentos no Brasil entre os anos de linguagem técnica, o que dificulta o entendimento.
de 1987 e 2004, Câmara et al (2008) constataram
que a principal inadequação estava relacionada aos Analisando os estudos que têm sido feitos e
valores declarados nas informações nutricionais, já estudando a legislação sobre rotulagem, observamos
considerando a tolerância da Anvisa na variação de que grande parte das informações necessárias para
20% dos mesmos. garantir a fidedignidade dos rótulos e o cumprimento
das determinações previstas em legislação são
Quando se avalia a adequação dos rótulos de extremamente técnicas, científicas, ficando
produtos para fins especiais, a exemplo de produtos basicamente detidas pelas indústrias e profissionais
diet e light, estudos realizados por Garcia e Carvalho que atuam na área de alimentos. Elas não chegam
(2011) e Câmara et al (2008) verificaram inadequação ao consumidor, o maior interessado.
em 85% e 100% das amostras, respectivamente. No
primeiro estudo citado, por exemplo, as irregularidades Se todo o processo envolvido na regulação
dizem respeito aos critérios estabelecidos pela e controle dos alimentos visa garantir a saúde da
legislação para declaração do atributo light no que se população, como envolvê-la e fazer com que ela
refere ao valor energético, quantidade de nutriente e se aproprie das informações? O consumidor bem
presença de substância laxativa. informado e consciente pode contribuir muito no
cumprimento das determinações legais através da
Irregularidades em relação à conservação, fiscalização. Estudos apontam para a necessidade
lista de ingredientes, propaganda e lote foram de investimentos em políticas públicas que visem
observados por Costa et al (2012). São elas a auxiliar o consumidor a se apropriar das informações
ausência de declaração da função de aditivos e da disponíveis nos rótulos dos alimentos, para contribuir
forma de conservação após aberto, declarações de no cumprimento efetivo da legislação vigente (COSTA
ser rico em cálcio e de presença de proteína, bem et al, 2012; MARINS et al, 2008).
como declarações do tipo “nova fórmula baseada em
estudo científico”, que podem levar o consumidor ao A Consumers International3 (CI) e suas
engano, entre outras. organizações-membro, entre elas o IDEC, organizaram
um quiz internacional sobre a rotulagem de alimentos
No que se refere à compreensão do consumidor industrializados para demonstrar as dificuldades que
sobre as informações disponibilizadas nos rótulos – os consumidores enfrentam para escolher alimentos
ainda que, segundo Silva (2003), a rotulagem não saudáveis. O objetivo do projeto foi demonstrar os
signifique intenção de compra, já que apenas 23,6% benefícios dos rótulos que apresentam informações
dos indivíduos entrevistados modificaram seus hábitos nutricionais claras e consistentes na parte frontal
alimentares em função das informações contidas nos da embalagem. Os resultados identificaram que
rótulos – e de acordo com Marins et al (2008), os menos da metade dos consumidores saberia avaliar
consumidores não confiam no que está declarado 3 Federação internacional que reúne institutos de defesa do
no rótulo. As informações disponíveis podem induzir consumidor de vários países. Para saber mais acesse: <http://www.
consumersinternational.org>.
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embalados s1600/r%C3%B3tulo+1.jpg>.
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- Identificação do lote;
- Prazo de validade;
Figura 3: Lista de ingredientes de geleia de goiaba. Fonte: LEIS
- Instruções sobre o preparo e uso do alimento, (2013).
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embalado.
Nos alimentos importados, devem também constar
Exemplos: o nome ou razão social e endereço do importador,
pelos mesmos motivos citados anteriormente.
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O rótulo também deve conter o prazo de vinhos de frutas e vinhos espumantes de frutas;
validade. bebidas alcoólicas que contenham 10% (v/v)
ou mais de álcool; produtos de panificação e
De acordo com o item 6 da RDC 259 de confeitaria que, pela natureza de conteúdo,
2002, a não ser que um Regulamento Técnico sejam em geral consumidos dentro de 24 horas
específico indique alguma forma específica, o prazo seguintes à sua fabricação; vinagre; açúcar
deve ser declarado com as seguintes expressões: sólido; produtos de confeitaria à base de açúcar,
aromatizados e ou coloridos, tais como: balas,
“prazo de validade” ; “consumir antes de...” ; “válido
caramelos, confeitos, pastilhas e similares;
até...” ; “validade...” ; “val:...” (como no exemplo
goma de mascar; sal de qualidade alimentar
acima); “vence...” ; “vencimento...” ; “vto:...” ;
(não se aplica para sal enriquecido), alimentos
“venc:....” ; “consumir preferencialmente antes de...”
isentos por Regulamentos Técnicos específicos.
acompanhadas: (ANVISA, 2002a, p. 9).
- do prazo de validade;
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Para aqueles alimentos que requerem tratar de especiarias e de ervas aromáticas. Porém, a
reconstituição, descongelamento ou qualquer embalagem que contiver as unidades pequenas deve
tratamento que deve ser dado pelo consumidor apresentar a totalidade da informação obrigatória
para o uso correto do produto, as instruções devem exigida.
ser claras, de modo que seja garantida a correta
utilização do alimento. Agora que já vimos o que os rótulos devem informar
ao consumidor, vejamos aquelas informações que não
podem constar: quaisquer informações que possam
induzir o consumidor a erro, ou fazê-lo adquirir e
consumir o produto pensando que está adquirindo
benefícios que o mesmo não pode oferecer. Segundo
a resolução RDC no 259 de 2002, item 3, podemos
dividi-las da seguinte forma:
No painel principal ainda devem constar a - Que “[...] atribua efeitos ou propriedades que
denominação de venda do alimento, sua qualidade, não possuam ou não possam ser demonstradas,
pureza ou mistura. Exemplos: “leite em pó integral”, como alegar que o consumo do produto pode reduzir
“leite em pó parcialmente desnatado” ou “leite em o risco de doença” . (ANVISA, 2002a, p. 3).
pó desnatado”. Ainda de acordo com a RDC 259
de 2002, “[...] o tamanho das letras e números - Destacar “[...] a presença ou ausência de
da rotulagem obrigatória, exceto a indicação dos componentes que sejam intrínsecos ou próprios
conteúdos líquidos, não pode ser inferior a 1mm” . de alimentos de igual natureza, exceto nos casos
(ANVISA, 2002a, p. 10). previstos em Regulamentos Técnicos específicos”
(ANVISA, 2002a, p. 3). Exemplo clássico do óleo
As unidades pequenas, segundo a mesma vegetal: “Óleo sem colesterol”. O correto é: “Óleo
resolução, cuja superfície do painel principal para sem colesterol, como todo óleo vegetal”.
rotulagem, depois de embaladas, for inferior a 10
cm2 podem apresentar apenas a denominação de - Ressaltar, “[...] em certos tipos de alimentos
venda e a marca do produto, a não ser quando se processados, a presença de componentes que sejam
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informações relativas a propriedades terapêuticas, alérgicas à tartrazina, como asma, bronquite, rinite,
expressões que supervalorizem a água, eventuais náusea, broncoespasmos, urticária, eczema e dor
características ou ainda qualquer designação de cabeça. Mesmo tendo encontrado uma baixa
suscetível de causar confusão ao consumidor. incidência de sensibilidade na população, optou-se
por informar a presença da substância nos rótulos de
A cápsula de metal ou outro dispositivo empregado produtos, a fim de evitar possíveis confusões entre
para vedar as embalagens de água mineral e potável reações alérgicas e os efeitos colaterais ao princípio
de mesa são considerados como extensão do rótulo. ativo do medicamento. Assim, desde a década de
80 a agência Food and Drug Administration (FDA),
2.4 Alimentos que contenham órgão de controle do governo dos Estados Unidos,
corante amarelo tartrazina exige que o corante tartrazina seja listado no rótulo
de todos os produtos que o contenham, de modo que
Resolução RDC no 340 de 13 de dezembro os consumidores sensíveis possam evitá-lo. Em 2001,
de 2002 – Determina que as empresas fabricantes tornou obrigatória, em alguns medicamentos de uso
de alimentos que contenham na sua composição o em humanos, a presença da seguinte advertência:
corante tartrazina (INS 102) devem obrigatoriamente
declarar na rotulagem, na lista de ingredientes, o Este produto contém FD&C Yellow Nº. 5
nome do corante tartrazina por extenso (tartrazina) que pode causar reações do tipo
alérgica (incluindo asma bronquial) em certas
Art. 1º As empresas fabricantes de alimentos pessoas susceptíveis. Embora a incidência de
que contenham na sua composição o corante sensibilidade a FD&C Yellow Nº. 5 (tartrazina)
tartrazina (INS 102) devem obrigatoriamente na população em geral seja baixa, esta é
declarar na rotulagem, na lista de ingredientes, frequentemente observada em pacientes que
o nome do corante tartrazina por extenso. também possuem hipersensibilidade à aspirina.
(ANVISA, 2002b, p. 2). (ANVISA, 2007).
A tartrazina, também conhecida como E102, Ainda de acordo com informe técnico, em
é um pigmento sintético que confere a cor amarelo- 2002 a Anvisa publicou uma resolução, da qual não
limão. É bastante utilizada na indústria farmacêutica, se menciona o número, determinando o uso da
em cosméticos, medicamentos e também alimentos. advertência em medicamentos contendo o corante
De acordo com a PROTESTE (2011, s/p), tartrazina (Amarelo FD&C nº. 5): “Este produto
contém o corante amarelo de TARTRAZINA que pode
[...] é o corante que provoca mais reações causar reações de natureza alérgica, entre as quais
alérgicas (crises de asma, urticária, dermatites, asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas
eczema), principalmente em asmáticos, pessoas ao Ácido Acetil Salicílico [sic]” (ANVISA, 2007).
com intolerância ao ácido acetilsalicílico ou Por meio de uma consulta pública, também propôs
que sofram de urticária; possíveis resíduos a inclusão de uma advertência em alimentos. Foi
de substâncias potencialmente cancerígenas; feita uma discussão científica sobre a utilização do
suspeito quanto à hiperatividade e déficit de
corante amarelo tartrazina quanto aos seus aspectos
atenção.
fisiológicos, bioquímicos, tecnológicos e de segurança
de uso. Participaram especialistas e representantes
Segundo informe técnico no 30 de 24 de
de diversas áreas de interesse, incluindo médicos,
julho de 2007 da Anvisa (ANVISA, 2007), estudos
instituições nacionais de pesquisa, representantes
realizados nos Estados Unidos e na Europa desde
de diversas associações como a Associação Brasileira
a década de 70 demonstraram casos de reações
de Engenharia de Alimentos e Associação Brasileira
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Segundo a RDC 259 (ANVISA, 2002a), os - Portaria nº 503/1998. Inclusão da goma gelana
aditivos alimentares devem ser declarados na lista (INS 418) na lista de aditivos da Legislação Brasileira
de ingredientes, ao final, da seguinte forma: função com as funções de estabilizante, espessante e
principal no alimento; nome completo ou número gelificante, em quantidade suficiente para obter o
INS, ou ambos; os aromatizantes podem ou não efeito desejado (q.s.p.).
ser seguidos da classificação, conforme previsto em
regulamento técnico específico. - Portaria nº 376/1999. Inclusão dos aditivos INS
461 Metilcelulose e INS 464 Hidroxipropil Metilcelulose
Vejamos como a informação é disponibilizada no na Legislação Brasileira nas funções espessante e
rótulo: estabilizante.
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de Fabricação e Suas Funções” , contendo a tabela em sua composição qualquer um dos ingredientes
de aditivos e os procedimentos para sua consulta. que contenham glúten devem ser evitados pelos
celíacos. Daí a necessidade de se constar nos rótulos
- Resolução RDC nº 234/2002. RT sobre aditivos a advertência “contém glúten” ou “não contém
utilizados segundo as boas práticas de fabricação e glúten” .
suas funções.
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produzidos a partir de organismos geneticamente produzido com a utilização de OGM apresentar mais
modificados, sem prejuízo do cumprimento das de 1% do produto. Assim, os rótulos dos produtos
demais normas aplicáveis. (embalados ou vendidos a granel) e dos recipientes
devem apresentar as seguintes expressões:
Portaria no 2.658 de 22 de dezembro de
2003 – Regulamento para o emprego do símbolo - ‘(nome do produto) transgênico’
transgênico.
- ‘contém (nome do ingrediente ou
Os Organismos Geneticamente Modificados ingredientes) transgênico(s)’
(OGM) são definidos como toda entidade biológica
- ou ‘produto produzido a partir de (nome do
cujo material genético (DNA/RNA) foi alterado por
produto) transgênico’
meio de qualquer técnica de engenharia genética
de uma forma que não aconteceria pelas técnicas
Deve constar na lista de ingredientes a espécie
de cruzamento naturais/tradicionais. Através de
doadora do gene:
tecnologia, genes individuais selecionados são
transferidos de um organismo para outro, inclusive
entre diferentes espécies. Desta forma, plantas
geneticamente modificadas estão sendo criadas para
Figura 15: Lista de ingredientes de amido de milho. Fonte: LEIS
o cultivo de matérias-primas e alimentos. O objetivo (2013).
é proteger as plantações, introduzindo códigos
genéticos resistentes a doenças causadas por insetos No caso de alimentos e ingredientes de origem
ou vírus, ou por um aumento da tolerância aos animal, se os animais forem alimentados com ração
herbicidas (BRASIL, 2013). contendo ingredientes transgênicos, conforme o ∙
Decreto no 4.680 de 24 de abril de 2003, o alimento
A utilização dos OGM ainda é uma questão deve apresentar no rótulo:
muito polêmica no mundo. O debate gira em
torno de questões éticas específicas relacionadas, - ‘(nome do animal) alimentado com ração
principalmente, com os efeitos destes no meio contendo ingrediente transgênico’
ambiente e sua utilização na indústria agroalimentar.
Alguns os defendem e outros os condenam. Até - ‘(nome do ingrediente) produzido a partir
então, por ser ainda considerada uma técnica de animal alimentado com ração contendo
nova, existem, também, muitas dúvidas quanto às ingrediente transgênico’ .
consequências para a saúde humana relacionadas à
Os alimentos e ingredientes alimentares que não
ingestão desses alimentos (CAVALLI, 2001).
contêm organismos geneticamente modificados
Por este motivo, o trabalho com a precaução tem nem são produzidos a partir destes, e que tenham
sido desenvolvido, buscando defender a sociedade de similares transgênicos no mercado, podem apresentar
danos advindos da utilização dos OGM. Para atender na rotulagem a declaração: “(nome do produto ou
aos interesses do consumidor temos: ingrediente) livre de transgênicos”.
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dos alimentos contendo mais de 1% de OGM em sua - Na denominação de venda do produto deve-
composição: se observar o disposto em Regulamento Técnico de
Identidade e Qualidade ou RIISPOA.
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carimbo da Inspeção Federal, a declaração A RDC comunica que essas informações podem ser
“alimento para animais”. complementadas com ilustrações, de forma a facilitar
a sua compreensão, mas ressalta que as receitas
2. 8 Carnes de aves e miúdos culinárias não são caracterizadas como instruções
mínimas obrigatórias para controle da Salmonella.
Resolução RDC no 13 de 2 de janeiro de 2001
– Aprova o Regulamento Técnico para Instruções 2.9 Ovos
de Uso, Preparo e Conservação na Rotulagem de
Carne de Aves e Seus Miúdos Crus, Resfriados ou Resolução RDC no 35 de 17 de junho de
Congelados. 2009 – Dispõe sobre a obrigatoriedade de instruções
de conservação e consumo na rotulagem de ovos e
Esta RDC tem como objetivo alertar o dá outras providências
consumidor sobre os riscos de contaminação
por Salmonella sp. em aves e seus miúdos crus, A resolução aplica-se aos entrepostos que
resfriados ou congelados. Ainda que haja controle embalem ovos destinados ao consumo humano, e
nas indústrias, os processos utilizados não garantem considera como ovo “[...] o ovo em casca produzido
a eliminação completa deste micro-organismo, uma por aves domésticas de qualquer espécie, destinado
vez que a Salmonella, nestes produtos, devido às ao consumo humano” e como entreposto de ovos
suas características próprias para consumo, só tem “[...] o estabelecimento destinado ao recebimento,
sua eliminação efetiva com a utilização de calor. Daí classificação, acondicionamento, identificação e
a importância de se ter um controle rigoroso com distribuição de ovos, dispondo ou não de instalações
a matéria-prima crua para evitar a contaminação para sua industrialização”.
de outros alimentos, seja pelo próprio produto
cru, ou pelo contato de utensílios ou das mãos dos Conforme descrito no documento,
manipuladores.
Este Regulamento possui o objetivo de
Assim, as informações mínimas obrigatórias estabelecer a obrigatoriedade de incluir na
previstas no item 4 desta RDC (além dos dizeres rotulagem de ovos as instruções de conservação
e consumo, que auxiliem o consumidor no
exigidos para os alimentos em geral e específicos)
controle do risco associado à presença de
que devem constar em destaque, obrigatoriamente,
Salmonella sp neste alimento. (ANVISA,
são as seguintes expressões, conforme exemplo de
2009, sem grifo no original).
filé de peito:
As instruções são:
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• matérias-primas alimentares;
Figura 18: Alerta para o consumo de ovo cru em embalagem de
ovo. Fonte: LEIS (2013). • alimentos in natura;
Observe que a referida legislação não proíbe o • aditivos alimentares inscritos na Farmacopeia
consumo de ovos crus e não obriga o armazenamento Brasileira;
em refrigeração. Os ovos apresentam validade e, na
maioria dos casos, a validade em refrigeração indicada • aditivos alimentares utilizados de acordo com as
na embalagem é o dobro daquela sob refrigeração. Boas Práticas de Fabricação;
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consumo reciclado, em que são obrigadas a obterem - Embalagem primária ou envoltório primário: É
registro antes de serem comercializadas. a embalagem que está em contato direto com os
alimentos.
As empresas que fabricam embalagens que
entram em contato direto com alimentos devem estar - Embalagem secundária ou pacote: É a embalagem
devidamente licenciadas junto ao órgão de vigilância destinada a conter a(s) embalagem(ns) primária(s).
sanitária local e devem observar o atendimento aos
respectivos regulamentos. - Embalagem terciária ou embalagem: É a
embalagem destinada a conter uma ou várias
De acordo com o item 2 Resolução RDC nº 91, de embalagens secundárias .(ANVISA, 2002, p. 2).
11 de maio de 2001,
Quanto à classificação, podem ser:
embalagens e materiais que entram em
contato direto com alimentos (destinados - Rígidas: caracterizam-se por sua dureza
a contê-los, com a finalidade de protegê- (Recipientes metálicos, Vidros, Plásticos rígidos)
los de agente externos, de alterações e de
contaminações, assim como de adulterações); - Semirrígidas: possuem menos dureza do que as
rígidas (Garrafas e recipientes plásticos, Laminados,
equipamentos que entram em Papel cartão)
contato com os alimentos: na elaboração,
fracionamento, armazenamento, comercialização - Flexíveis: possuem baixa dureza (Plásticos
e consumo, incluindo recipientes, máquinas,
–filmes, sacos, pouches; Celulose regenerada
correias transportadoras, tubulações, acessórios,
– celofane; Alumíno – folha; Papel). (SANTOS;
válvulas, utensílios e similares. (ANVISA, 2001,
YOSHIDA, 2011, p. 36).
p. 2).
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protegerem o alimento e não transmitirem a ele Portaria no 177, de 1999 – Aprova o Regulamento
nenhum de seus componentes, se comuniquem, Técnico “Disposições Gerais Para Embalagens
interajam com o consumidor, com a cadeia produtiva e Equipamentos Celulósicos em Contato com
e com o próprio produto (CAVALCANTI; CHAGAS, Alimentos” .
2006 apud MENDES, 2010).
RDC no 130 de 2002 – Altera o subitem 2.10 do
Surgem então novos conceitos de embalagens. item 2 da Portaria nº 177/99, de 04 de março de
Em um monitoramento realizado por Mendes 1999.
(2010) sobre embalagens ativas, a partir de artigos
científicos e documentos de patentes, essas têm RDC no 129 de 2002 – Aprova o Regulamento
funções que vão além de proteger o alimento, como Técnico sobre Material Celulósico Reciclado.
a absorção de compostos que podem deteriorar os
alimentos e também a liberação de outros compostos RDC no 217, de 2002 – Aprova o Regulamento
que aumentem a vida de prateleira ou auxiliem Técnico sobre Películas de Celulose Regenerada em
no monitoramento da vida de prateleira. Já as Contato com Alimentos.
embalagens inteligentes são aquelas que comunicam
ao consumidor sobre as características e a história dos RDC no 218, de 2002 – Aprova o Regulamento
alimentos, incluindo quaisquer alterações ocorridas Técnico sobre Tripas Sintéticas de Celulose
no produto. Regenerada em Contato com Alimentos.
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Resolução no 105, de maio de 1999 – Aprova o Instrução Normativa no 9, de 2002 – Dispõe sobre
Regulamento Técnico “Disposições Gerais para as embalagens destinadas ao acondicionamento de
Embalagens e Equipamentos Plásticos em contato produtos hortícolas in natura.
com Alimentos”.
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